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BIORREMEDIAÇÃO AREAS CONTAMINADAS
Servio Tulio CassiniProf. Titular Departamento Engenharia Ambiental
DEA CT UFES
Vitoria, ES. 7 e 8 Abril 2016
BIORREMEDIAÇÃO AREAS CONTAMINADAS
1. Introdução e Conceitos Gerais. Os Ambientes do solo e água. (60 min)2. Microbiologia Basica (60 min)
Diversidade Microbiana, Principais Grupos Microbianos, Caracteristicas gerais e aplicadas
3. Metabolismo Microbiano (120 min)Enzimas, Tipos de Metabolismo, Energia e Biomassa, Nutrientes, Ciclagem Elementar, Enzimas, Meios de cultivo.
4. Biodegradação (120)Conceitos. Estruturas químicas poluentes. Recalcitrancia. Rotas de Biodegradação. Cinética de Biodegradação. Exemplos Numericos
5. Métodos de Estudo ( 120)Conceitos e aplicações. Estruturas químicas associadas. Isolamento e Caract de microrganismos.Isolamento e Caracterização de Microrganismos ambientais. Respirometria Aeróbia. Respirometria Anaerobia. Perda de Substrato. Avaliação Biomassa. Metodos Moleculares. Monitoramento de áreas.
6. Tecnologias de Biorremediação ( 60)Atenuação Natural. Bioestimulação, Bioaumento, Bioventilação, FitorremediaçãoCompostagem ou Biopilhas, Landfarming, Biorreatores ( pump and treat)
7. Gerenciamento Areas Contaminadas ( 120)Manual CETESB.
8. Estudos de Caso (120)Petroleo, Sacolas Plasticas, Barreiras reativas, Biosurfactantes, Fitorremediação
11. Discussão. Avaliação. Encerramento. (60)
BIORREMEDIAÇÃOA biorremediação é a exploração da diversidade seres vivos na remoção ou
transformação de contaminantes em produtos que podem ser integrados aos ciclos biogeoquímicos.
É a utilização de organismos que transformam ou acumulam compostos químicos de alto risco, para eliminar os poluentes ou contaminantes presentes em amostras ambientais.
Processos de Remediação: Processos de remoção ou atenuação de contaminantes ambientais por processos físicos ou químicos. Exemplos: processos oxidativos avançados com o emprego de Ozonio, Peróxidos, Permanganatos etc. Esta via remove contaminantes específicos mas pode originar outros no meio reacional.
BiorremediaçãoProcesso ou combinação de tecnologias visando a remoção ou atenuação de um poluente ou contaminante presente em um ambiente impactado, utilizando microrganismos, plantas ou produtos derivados desses seres vivos.
PROCESSOS
MICRORGANISMOS
PLANTAS
ENZIMAS
REDUÇÃO OU ATENUAÇÃO DO
IMPACTO AMBIENTAL
BiorremediaçãoComparando Custos
Biorremediação: Brasil (até)2015Empresas com interface ambiental (IPT 2015): • 230 empresas (remediação, sondagens e laboratórios de análises ambientais.) • 44% consultorias ambientais, 18% laboratórios e 14% consultorias jurídicas. • Geralmente PME com faturamento anual de 340 milhões de reais (2012).• Média 51 profissionais/empresa, faturamento médio por empresa é de 18 milhões de reais anuais,
lucratividade de 13% e investimento em P&D também de 13% do total faturado (2012).
Empresas com Departamentos (2015): 145 (Geralmente SMA)
Órgãos Públicos Ambientais ( F, E, M): 5 (F, 48 E e 423 M
Grupos de Pesquisa (CNPq 2016): 143 (Busca: Biorremediação)
Patentes mundiais ( espacenet 2015): 456 ( 64% petroleo)
Patentes INPI (2005-2012): 19 (Biorremediação)
Conceitos e Definições
Biodegradação: Modificação de moléculas por meio de quebras ou remoção, visando a sua remoção ou atenuação no meio ambiente.
Atenuação natural: Processo de biorremediação “in situ” onde os microrganismos naturais processam os contaminantes orgânicos, promovendo a sua remoção ou atenuação ambiental.Decomposição: Biodegradação de produtos ou substratos naturais. Ex. celulose, amido, proteínas, por ação microbiológica
Biotransformação: Modificação parcial de moléculas orgânicas até compostos intermediários que podem ser metabolizados.
Mineralização: Modificação total de moléculas orgânicas até produtos minerais. Ex. glicose CO2
Biodisponibilidade: Característica de uma molécula de entrar em rotas metabólicas. Depende de fatores diversos tais como solubilidade, cargas, pH, estrutura molecular etc.
Bioacumulação: Propriedade de certas moléculas orgânicas de acumular em tecidos ( animais e vegetais)
Biomagnificação: Acumulação de determinadas moléculas ou compostos na cadeia trofica
Xenobióticos: Qualquer produto não natural (artificial) introduzido no ecossistema. Estrutura molecular não natural.
Persistencia / Recalcitrancia: Qualquer composto que apresenta uma baixa biodegradabilidade natural (<20%)
Bioestimulação: Utilização de microrganismos ou produtos para aumentar eficiência de atenuação natural
Bioaumento : Inoculação de microrganismos específicos para incremento da atividade de biodegradação
Assimilação: Incorporação de moléculas (orgânicas ou Inorganicas) na célula por meio de rotas metabólicas específicas.
MICRORGANISMOS
FONTE ENERGIA
ACEPTORES ELETRONS
UMIDADE
NUTRIENTES TEMPERATURA
AUSENCIA TOXIDEZ
REMOÇÃO METABOLITOS
AUSENCIA PREDATORES
BIORREMEDIAÇÃO
PRINCIPAIS REQUISITOS PARA BIORREMEDIAÇÃO
Poluição x Contaminação
Hidrocarbonetos◦ Alifaticos, Aromaticos, Poliaromaticos, BTEX,
Pesticidas◦ Organoclorados, Organofosforados, Herbicidas
Solventes◦ Eter, cloroformio, Hexano, Benzeno,
Oleos e Graxas◦ Bifenilas, aromaticos,
Matéria Orgânica (Esgotos) Gases (VOC) – hidrocarbonetos de cadeia curta
Apesar de sinônimos, Poluição é um termo mais abrangente enquanto contaminação refere-se aos componentes, compostos químicos específicos ou à presença de microrganismos no meio.
• Cerca de onze milhões de substâncias químicas sintéticas são conhecidas em todo o mundo, sendo aprox. três mil produzidas em larga escala (2010).
• Como somente 40 a 50 substâncias químicas são contempladas pelos padrões de potabilidade da água na maioria dos países incluindo o Brasil, a presença dessas substâncias na água, no solo e no ar representam uma importante fonte de contaminação da cadeia alimentar não avaliada pelos órgãos de controle de qualidade.
• (FONTANELE et al., 2010)
Compostos Quimicos Sintéticos
Diferentes classes de poluentes emergentes que afetam o metabolismo humano (animal)
Poluentes ou Contaminantes EmergentesUm "contaminante emergente" é um produto químico ou material que se caracteriza pela percepção, potencial ou real, como ameaça para a saúde humana ou para o ambiente ou pela falta de normas de saúde publicados. Um contaminante pode também ser "Emergente", devido a uma nova estrutura que pode interferir no metabolismo humano ou do meio ambiente. Um desses novos contaminantes emergentes relacionado pela EPA é o perfluorooctanossulfonatos (PFOS) e o ácido perfluorooctanóico (PFOA), devido a sua potencial ação resdual no meio ambiente. PFOS e PFOA são extremamente persistentes no ambiente e resistente a processos típicos de degradação ambientais. Como resultado, eles são amplamente distribuídos entre os níveis tróficos superiores e são encontrados em solo, ar e águas subterrâneas globalmente. A toxicidade, mobilidade e potencial de bioacumulação de PFOS e PFOA representam potenciais efeitos adversos para o ambiente e a saúde humana.
PFOS é um perfluoralquil sulfonato that is commonly used as a simple salt or is incorporated into larger polymers (EPA 2009c). PFOA is a perfluoralquilcarboxilate produziido como sal amoniacal (EPA 2009c).
Biorremediação e Remediação
Vantagens• Limpeza “in situ” eliminando riscos e custos de transporte• Compostos orgânicos são oxidados até compostos não impactantes• Processos naturais• Mínimo de Área e perturbação ambiental• Ampla diversidade de atuação ( diversidade microbiana)• Aceitação publica• Não há consumo de água • Pode ser combinado com outros sistemas de tratamentos
Desvantagens• Certos resíduos, especialmente metais pesados não podem ser processados• Monitoramento exaustivo• Variabilidade ambiental• Possibilidade de toxicidade para populações microbianas• Técnicas em desenvolvimento
RESIDUO CONTAMINANTE
AMBIENTAL
CO2 ou CH4
BIOMASSA
Redução ou Atenuação da Contaminação
ambiental
50/50
Geralmente a distribuição entre processos metabólicos é 50/50. Entretanto no caso de contaminantes pode haver uma alteração deste quadro com maior ou menor formação de biomassa e energia. Além disto deve-se considerar também a geração de compostos recalcitrantes.
Processos de Biorremediação do
Solo
CO2 (CH4) + H2O +
BIOMASSA
Agua
Microrganismos
Nutrientes
Ambiente
O2 / Anaerobiose
SOLO ATMOSFERA
FASE LIQUIDA
Poluição e ContaminaçãoAntropogênica
“ O DESTINO FINAL DE TODA CONTAMINAÇÃO É A FASE LIQUIDA”
PARAMETROS DE QUALIDADE DE ÁGUAS
QuímicasFísicas Biológicas
sólidos Gases Inorgânicos Orgânicos Microrganismos
“IMPUREZAS”
Contaminantes Organicos, Micropoluentes e Recalcitrantes
A matéria orgânica no solo
Carbono ( C) H ( Hidrogênio ) O (Oxigênio) N (Nitrogênio) S (Enxofre) P ( Fósforo)
C H O N SP
Hidrocarbonetos CH Alifaticos e Aromaticos
Carboidratos CHO grupo aldeido cetonas alcool
Proteinas CHONS grupo amino carboxil
Fosfo-Lipideos CHOP grupos complexos
Fórmula Empírica Geral Biomassa: C5H7O2N
Lipideos CHO grupos ester eter carboxil alcool
Materia Orgânica e Biomassa
Acidos Nucleicos
CO2
Ciclo do Carbono na Biosfera: O que está faltando?
Equilíbrio da Ciclagem do Carbono
Fotossíntese / Quimiossíntese
Biomassa / Matéria Orgânica
Respiração / Combustão
CO2 CH4
CO2
BIOMASSAMAT ORGANICA
FRAÇÃO RECALCITRANTE (HUMUS)
POLUENTES CONTAMINANTES INDUSTRIAIS / URBANOS
“Ciclagem natural” do CNPSCH4
Materia Orgânica e Biomassa
Matéria Orgânica
CO2/ CH4
Biomassa
Recalcitantes
Respiração
Células vivas
Material Humificado (escuro)
Origem e Conversões da Matéria Organica no Ambiente
Resíduos Orgânicos “Naturais”
Resíduos Orgânicos Contaminantes
Microrganismos e Enzimas
N, P, S
Fonte de Carbono Orgânico
(Nutrientes)
Respiração
Assimilação Conversão em Biomassa
CO2/CH4
Matéria Orgânica
50 a 60 %
Como ficaria este esquema no caso de Metabolismo Autotrofico?
Metabolismo Heterotrófico (Aeróbio)
R.Y. Stainer et al. 1986 The Microbial World 5th ed. Prentice Hall, NJ
C/N = 4 a 8
Elemento % Total (PMS) Elemento % Total (PMS)
Carbono 40 a 55 Sódio 1,0
Nitrogênio 5 a 14 Magnésio 0,1 a 0,5
Oxigênio 20 Cloro 0,1 a 0,5
Hidrogênio 8 Ferro 0,1 a 0,5
Fósforo 1 a 3 Calcio 0,1 a 0,5
Enxofre 0,1 a 1 Outros (µ) 0,1 a 0,3
Potássio 1
PMS= Peso matéria seca
Composição Elementar da Biomassa Microbiana
• Geração de Biomassa requer nutrientes em ordem de Prioridades: C >N> P outros• Composto Orgânico Natural: Glicose (C6H12O6) PM = 180 g /mol• Fórmula Empírica Geral Biomassa: C5H7O2N• Relação C:N Biomassa 5:1• Para geração de Biomassa a partir de glicose necessita-se adicionar Nitrogênio. • Quantidade dependerá da disponibilidade de Carbono orgânico.
Calcular a necessidade de Nitrogenio (N) para geração de biomassa a partir de 100 g de glicose, prevendo-se 100% carbono disponivel e 50% para geração de biomassa.
A Relação C: N: P
• Considerações: 100 g glicose• Carbono % moléculas orgânicas. Glicose (C6H12O6) PM = 180 g /mol. 6 x 12 = 72 g mol = 40% C
orgânico.• Considerando 100% disponibilidade = 40 g• Considerando 50% assimilação biomassa = 20 g• Considerando 0% Nitrogênio presente no meio• Considerando relação CN da biomassa = 5:1Temos:A cada 5g de C necessita-se 1 g de N. Para 20 g de C necessita-se de 20/5 = 4 g de N. Ou seja, para o
processamento ambiental de 100 g de Glicose, necessita-se da presença de 4 g de N associado ao processo.
De onde provem este N ( fontes e formas)?
Calculo Demanda C para geração Biomassa
Ex.2: Supondo um vazamento de 500 L de acetato de etila (CH3COOCH2CH3) em solo, calcular a demanda minima de N para a sua biodegradação por atenuação natural.
Carbono Orgânico Total (Cot)
Carbono Organico Dissolvido (COD)
Carbono Organico Particulado (COP)
Carbono Organico Coloidal (COC)
COD : Moléculas menores tais como acidos orgânicos, sacarideos, etc.
COC : Moléculas de > PM :`Peptideos e Polissacarídeos. ( fração transiente)
COP : O COP-detrital também é conhecido como seston orgânico, material orgânico em suspensão, detrito orgânico particulado, detrito particulado ou biodetrito, resultante da degradação da biomassa mais fibras e material complexado.
Biomassa
Detritos
Sedimentos
Orgânicos
Dinamica do Carbono Organico em Sistemas Aquáticos
Carbono Orgânico Volátil (VOC, AGV ) Partição Liquido/Gás
(Lei de Henry)
Matéria Orgânica geralmente contém cerca de 40 a 60% Carbono Organico (Corg). Geralmente utiliza-se a média 58%, Ou seja, do valor de carbono orgânico (Corg)
multiplicado por 1,724 Exemplos: 300 mg de carbono orgânico representa 517 mg Matéria Orgânica O Corg geralmente tem100% de disponibilidade para o metabolismo considerando
moleculas simples. No caso de moléculas recalcitrantes este valor vai de 50 a 70% e deve ser informado ou consultado.
Geralmente 50% do Cdisp é assimilado e convertido em biomassa
Carbono Orgânico e Matéria Orgânica
Argila + Mat. Org. + Biomassa = Fração coloidal do solo
SoloAmbiente heterogêneo formado pela desintegração
de rochas-mãe
Particulas Inorgânicas
• Argila• Silte• Areia
Particulas Orgânicas
• Biomassa• Matéria
Orgânica
Poluição/Contaminação solo urbano (Cetesb)
Propriedades do solo
Composição granulometrica
Classes Texturais
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
10
40
50
60
70
80
90
100
20
30
102030405060708090100
Argiloso(muito fino)
Argiloso(fino)% ar
gila
% limo
% areia
ArenoargilosoAreno-
limo-argiloso
Areno-limosoareia
Barrentoarenoso Barrento grosso Limoso
(puro)
barrento
Limoso-argila
Barro fino
barro limoso
Caolinita Montmorilonita
ilita
Part. solo
Argilas Silicatadas
Propriedades Gerais de Coloides• Tamanho < 1,0 µm• Superficie ativa alta (interna e externa)• Carga residual negativa• Capacidade de Troca Cationica (CTC)• Tipos: Argilas
Matéria OrgânicaBiomassa
Caracteristicas do Solo• Textura – Diversas combinações de Areia Silte e Argila• Estrutura
Com o desenvolvimento do solo as particulas tendem a se juntar formando agregados. O Elemento cimentante destes agregados e o material produzido por microrganismos do solo.Importancia dos agregados - Propriedades Fisico-quimicas – Oxigênio, umidade, retençao de nutrientes etc
Luvisol escuro Podsolico Ferrico
HumicoCernozem escuro
Perfis de alguns tipos de solos
Interações de moléculas de água com superfície de argilas, cátions e anions no solo.
Super-ficie da Argila Solução do solo
água
Argilas Silicatadas e sua interação com ions da soluçao do solo
Características dos colóides Orgânicos do Solo
Humus•Material orgânico altamente polimerizado•Elevada Recalcitrancia e estrutura omplexa•Componentes: C= 40-50% N= 1 a 5%•Carga Residual Negativa – Elevada CTC•Efeito benéfico para as propriedades do solo
Ilustraçao da determinaçao da Capacidade de Troca Cationica (CTC) de um solo
CTC = Capacidade de Troca Catiônica (+)
Alguns valores representativos da capacidade de troca cationica nos diversos tipos de solos (pH = 7,0)
Material do soloCapacidade de Troca Cationica (CEC)Material do Solo Capacidade Troca
CATIÔNICA (CTC)Cmols Kg-1
Mat. Orgânica (Húmus) 100-300Vermiculita ( Argila) 100-150Smectita (Argila) 100-150Caolinita (Argila) 2-16Óxidos Hidratados 2-8