45
PARECER TÉCNICO ÁGUA SUBTERRÂNEA Processo: 15960/2014 Protocolo: 0403691/2016 Dados do Requerente/ Empreendedor Nome: EIMCAL – Empresa Industrial de Mineração Calcária Ltda. CPF/CNPJ: 17.335.274/0002-15 Endereço: Rodovia MG 424 Bairro: Zona Rural Município: Prudente de Morais Dados do Empreendimento Nome/Razão Social : EIMCAL – Empresa Industrial de Mineração Calcária Ltda. CPF/CNPJ: 17.335.274/0002-15 Endereço: Rodovia MG 424 – MINA TAQUARIL Distrito: Zona Rural Município: Prudente de Morais Responsável Técnico pelo Processo de Outorga Nome do Técnico: Paulo Fernando Pereira Pessoa CREA : 30578 53025/D Dados do uso do recurso hídrico UPGRH: SF5: Bacia do rio das Velhas das nascentes até jusante da confluência com o rio Paraúna Bacia Estadual: Rio das Velhas Bacia Federal: Rio São Francisco Latitude: 19°30’59” Longitude: 44°06’58” Dados do poço Empresa perfuradora: Ano da Perfuração: Profundidade (m): Diâmetro (mm): Tipo de Aqüífero: Litologia: Teste de bombeamento Ano do Teste: Executor do Teste: Duração (h): NE (m): ND (m): Vazão (m³/h): Análise Físico-química da Água: SIM[ X ] NÃO[ ] Análise Bacteriológica da Água: SIM[ ] NÃO[ ] Porte conforme DN CERH nº 07/02 P[ ] M[ ] G[ X] Finalidades Rebaixamento de Nível D’água para fins de Mineração Modo de Uso do Recurso Hídrico 10 - CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA FINS DE REBAIXAMENTO DE NÍVEL DE ÁGUA EM MINERAÇÃO Uso do recurso hídrico implantado Sim [ X ] Não[ ] Recalque [ X ] Gravidade [ ] Responsável Técnico pelo Empreendimento Paulo Fernando Pereira Pessoa CREA 53025/D Adriana de Jesus Felipe Analista Ambiental SUPRAM CM 1251146-5 MASP RÚBRICA / / DATA Wagner da Silva Sales Superintendente SUPRAM CM RUBRICA / / DATA

Processo 15960 2014 eimcal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Processo: 15960/2014 Protocolo: 0403691/2016 Dados do Requerente/ Empreendedor

Nome: EIMCAL – Empresa Industrial de Mineração Calcária Ltda. CPF/CNPJ: 17.335.274/0002-15

Endereço: Rodovia MG 424

Bairro: Zona Rural Município: Prudente de Morais

Dados do Empreendimento Nome/Razão Social : EIMCAL – Empresa Industrial de Mineração Calcária Ltda. CPF/CNPJ: 17.335.274/0002-15 Endereço: Rodovia MG 424 – MINA TAQUARIL

Distrito: Zona Rural Município: Prudente de Morais

Responsável Técnico pelo Processo de Outorga Nome do Técnico: Paulo Fernando Pereira Pessoa CREA :

30578 53025/D

Dados do uso do recurso hídrico UPGRH: SF5: Bacia do rio das Velhas das nascentes até jusante da confluência com o rio Paraúna

Bacia Estadual: Rio das Velhas Bacia Federal: Rio São Francisco

Latitude: 19°30’59” Longitude: 44°06’58”

Dados do poço Empresa perfuradora: Ano da Perfuração: Profundidade (m): Diâmetro (mm):

Tipo de Aqüífero: Litologia:

Teste de bombeamento Ano do Teste: Executor do Teste:

Duração (h): NE (m): ND (m): Vazão (m³/h):

Análise Físico-química da Água: SIM[ X ] NÃO[ ] Análise Bacteriológica da Água: S IM[ ] NÃO[ ]

Porte conforme DN CERH nº 07/02 P[ ] M[ ] G[ X] Finalidades

Rebaixamento de Nível D’água para fins de Mineração Modo de Uso do Recurso Hídrico

10 - CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA PARA FINS DE REBA IXAMENTO DE NÍVEL DE ÁGUA EM MINERAÇÃO

Uso do recurso hídrico implantado Sim [ X ] N ão[ ] Recalque [ X ] Gravidade [ ]

Responsável Técnico pelo Empreendimento Paulo Fernando Pereira Pessoa CREA 53025/D

Adriana de Jesus Felipe Analista Ambiental SUPRAM CM

1251146-5 MASP

RÚBRICA / / DATA

Wagner da Silva Sales Superintendente SUPRAM CM

RUBRICA / / DATA

Page 2: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Dados da Captação/ Bombeamento Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov dez

Vazão Liberada(m³/h)

206 206 206 206 206 206 206 206 206 206 206 206

Horas/Dia 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24

Dia/ Mês 31 29 31 30 31 30 31 31 30 31 30 31

Volume(m³) 153264 143376 153264 148320 153264 148320 153264 153264 148320 153264 148320 153264

Observações:

PRAZO DE VALIDADE ATÉ 29 DE OUTUBRO DE 2018

Condicionantes:

VER PARECER

Análise Técnica Todas as informações contidas neste parecer foram fornecidas pelo empreendedor através de formulário e

relatório técnico sob responsabilidade técnica de Paulo Fernando Pereira Pessoa, CREA nº MG – 53025/D.

I. INTRODUÇÃO

A requerente EIMCAL - Empresa Industrial de Mineração Calcária Ltda. solicita autorização para captação

de água subterrânea para fins de rebaixamento de nível d’água, na Mina Taquaril, no município de Prudente

de Morais – MG.

Para subsidiar o pedido de outorga em questão foram elaborados estudos hidrogeológicos para

caracterização do desaguamento das cavas Taquaril e Pedra Bonita e possíveis impactos nas

disponibilidades hídricas subterrâneas porventura causadas pelo rebaixamento.

Os estudos visaram a obtenção de informações sobre quantitativos de desaguamento e impactos

associados à operação futura do empreendimento, bem como verificar o nível da água do aquífero

constituído por rochas carbonáticas do Grupo Bambuí.

As cavas Taquaril e Pedra Bonita são contíguas e a vida útil estimada situa-se entre os anos 1 a 20 para a

primeira e 1 a 14 para a última. Nesse sentido foram definidos três domínios a saber:

• Domínio 1: localizado a leste do empreendimento, é drenado pelo córrego Palmeira. Seu curso

principal segue no sentido sudeste, sendo afluente do Sistema Cárstico Sumidouro;

• Domínio 2: situado a oeste do empreendimento, é drenado pelo córrego Forquilha, cujos caudais

escoam para norte. Tem uma de suas cabeceiras drenando toda a porção das cavas. Outra

cabeceira tributária refere-se ao córrego Olhos D’água. Ambas as drenagens são afluentes da

margem direita do rio Jequitibá;

• Domínio 3: localizado a sul, é drenado por três córregos (Santo Antônio; Capão da Represa; e,

Araçás) tributários do ribeirão da Mata.

Page 3: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

II. CONTEXTO GEOLÓGICO

A contextualização geológica esclarece as questões de arcabouço estratigráfico e estrutural afetas ao

domínio de interesse, para fins de construção do modelo hidrogeológico conceitual e numérico. As

considerações apresentadas neste tópico são embasadas em estudos anteriores, como o Projeto Vida

(CPRM, 2003) e em características de campo levantadas por HIDROVIA (2010).

A área de estudos localiza-se no sudeste do Cráton São Francisco, no compartimento formado pelas rochas

supracrustais sedimentares pelíticas e carbonáticas da Formação Sete Lagoas (membros Lagoa Santa e

Pedro Leopoldo) e da Formação Serra de Santa Helena, ambas do Grupo Bambuí. Estas unidades estão

posicionadas sobre infracrustais gnáissicas do embasamento cristalino, que afloram parcialmente na

porção mais a oeste da área (Figura 4.1). Sobre estas ocorrem delgadas coberturas recentes.

Page 4: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Representação esquemática da estratigrafia do Grupo Bambuí. Fonte: CPRM (2003).

II.1. Complexo Belo Horizonte

As ocorrências desta unidade gnáissica migmatítica indiferenciada (Complexo Belo Horizonte) na porção

oeste da área de estudo e região se constituem em “janelas estruturais” do embasamento cristalino, em

contato brusco e discordante (discordância angular) com os sedimentos e coberturas do Grupo Bambuí.

Localmente, as mesmas se apresentam muito intemperizadas, não tendo sido observados afloramentos,

exceto saprolitos que guardam informações sobre a sua composição mineralógica original, quartzo-

feldspática, e estrutura gnáissica.

Em campo, a diferenciação desta unidade das demais unidades do Grupo Bambuí é possível através da

análise do seu relevo e da sua cobertura de solos característicos. O relevo é mais irregular e amarrotado,

embora arrasado, e a cobertura de solos espessa possui coloração predominante vermelho rosada, textura

argilosa siltosa. O domínio desta unidade também pode ser caracterizado pela maior densidade de

nascentes e drenagens.

Descritos em outros locais, fora da área de estudo, os afloramentos desta unidade exibem litotipos de

composição granito-gnáissica e migmatítica, com padrões texturais e estruturais variando de rochas

bandadas fortemente foliadas a incipientes e isotrópicas. São rochas comumente leucocráticas a cinza

claro, com muito quartzo e feldspato, pouca biotita ou quase ausente; granulação variando de fina a grossa,

com faixas do tipo “augen gnaisse”. Esta unidade gnáissica foi intensamente afetada por injeções básicas

que provocaram o aparecimento de um enxame de diques de rochas básicas.

Page 5: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

II.2. Grupo Bambuí

II.2.1. Membro Pedro Leopoldo – Fácies Calcária Impura

O Membro Pedro Leopoldo é uma unidade de composição calcária impura, sendo mapeado na porção

oeste da área de estudo local, disposto sobre rochas cristalinas do embasamento e sob as rochas calcárias

do Membro Lagoa Santa. Embora não observado em campo, o seu contato com o gnaisse é apontado

como sempre tectônico, geralmente por falha de descolamento. Os tipos litológicos que compõem o

Membro Pedro Leopoldo são calcissiltitos e/ou microesparitos/esparitos, micritas, subordinamente

calcarenitos muito finos, margas e milonitos protoderivados, os quais são agrupados em litofácies A, B, C

e D, descritas além da área de estudo.

II.2.2. Membro Lagoa Santa - Fácies Calcária

O Membro Lagoa Santa é a unidade principal da área de estudo local, constituída por estratos de rochas

calcárias. Esta é dominante em toda a parte central e boa parte da porção leste da área de estudo. Ao

contrário das demais unidades, devido a sua natureza composicional, os seus estratos podem ser

observados através de afloramentos naturais e nas cavas abertas. Os estratos de rochas calcárias ocorrem

sobrepondo as rochas do Membro Pedro Leopoldo, a oeste, e são sotopostos por fragmentos isolados de

domínios de rochas da Formação Serra de Santa Helena, na parte nordeste, e por coberturas detrito

lateríticas, na porção sudeste. Os contatos dos estratos calcários do Membro Lagoa Santa com os estratos

do Membro Pedro Leopoldo e Formação Serra de Santa Helena se dão através de falha de deslocamento.

II.2.3. Formação Serra de Santa Helena – Fácies Siliciclástica

A Formação Serra de Santa Helena, de natureza predominantemente siliciclástica fina, é mapeada na área

de estudo sobrepondo-se aos calcários do Membro Lagoa Santa, ocorrendo também pequena quantidade

sobre gnaisses do embasamento. Esta formação é dividida em três subunidades, com a porção basal

englobando filitos, ardósias intercaladas com margas e calcários; a mediana com siltitos e quartzitos finos

intercalados com filitos e o topo com siltitos e quartzitos finos intercalados com filitos. Na área de estudo

local a sua maior ocorrência fica na porção nordeste, porém, não foram observados ao longo dos trabalhos

de campo afloramentos que representem esta unidade. A sua forma de contato com as unidades inferiores

é normalmente através de passagem brusca, de natureza tectônica.

II.3. Coberturas Recentes

II.3.1. Depósitos Detrito-Lateríticos

Na área de estudos são mapeadas faixas de coberturas detrito-lateríticas pouco consolidadas, de contornos

irregulares e espessuras variáveis (>2 m) e situadas em cotas acima de 800 metros, a maior parte

sobrepondo a unidade calcária do Membro Lagoa Santa e uma menor parte sobrepondo a unidade calcária

impura do Membro Pedro Leopoldo. Estas formas de cobertura sotopõem-se direta e discordantemente,

formando grandes cordões preservados e descontínuos, com contatos aproximados devido ao alto grau de

intemperismo na área. Os tipos de sedimentos destes depósitos superficiais são muito diversificados quanto

Page 6: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA à sua composição e distribuição, sendo formados por cascalho fino, areia, material síltico-argiloso e porções

limonitizadas sob a forma de finas camadas ou em porções limonitizadas que se apresentam ou em finas

camadas ou em concreções e blocos.

II.3.2. Depósitos Aluvionares

Os depósitos aluviais constituem dois tipos principais: o mais atual, de planícies de inundação, corresponde

a aluviões recentes dos rios em curso; e, o outro tipo corresponde a terraços aluviais que se sotopõem aos

mais recentes. São constituídos de argilas, areias e cascalho.

II.4. Geologia Estrutural

Em termos estruturais, Magalhães (1988) define três domínios estruturais na região, de acordo com a

variação na intensidade da deformação de leste para oeste. A área de estudos fica posicionada no domínio

2, intermediário entre os domínios 1, mais deformado, a leste, e o domínio 3, menos deformado, a oeste.

De acordo com as observações de campo do responsável técnico pelos estudos, os elementos estruturais

apontaram para uma baixa intensidade de deformação, com estratos de calcário sub-horizontalizados ou

próximos e localmente inclinados com mergulho voltados para leste.

As estruturas deformacionais observadas são principalmente sistemas de fraturas, bastante proeminentes,

localmente penetrativas, que cortam os estratos primários. Condicionadas pelo ambiente tectônico e

natureza competente do calcário, estas se resumem a uma fábrica estrutural rúptil. Demais estruturas,

descritas, notadamente as falhas de acamamento ocorrem predominantemente de forma localizadas,

interestratos, ao longo dos contatos litológicos, não tendo sido observadas em campo.

As sequências de estratos de rochas do Grupo Bambuí na área de estudo são interpretadas como mais

delgadas que os seus domínios a leste, sentido do eixo do vale do rio das Velhas. Estas sequências são

sotopostas pelas rochas cristalinas do embasamento, que constituem o seu assoalho e afloram a oeste,

corroborando com a colocação acima.

A investigação estrutural do assoalho do embasamento, obtido através de balanceamento estrutural das

seções geológicas transversais, interpreta falhas normais visando compensar os desníveis do Complexo

Basal. Os blocos do embasamento ocorrem em cotas inferiores, à medida que se caminha para leste. Em

alguns locais a existência de uma etapa extensional (atuante antes da inversão tectônica), tendo sido

caracterizadas falhas de rejeito normal com mergulho acentuado para leste, as quais são associadas

estruturas de crescimento que teria se dado durante a sedimentação inicial das sequências pelíticas-

carbonáticas do Grupo Bambuí. Evidências destas falhas normais em superfícies sobre a cobertura

sedimentar seriam reveladas pelo trend NNW-SSE, com destaque para o lineamento (falha) de Pedro

Leopoldo, que corresponde à principal zona extensional, onde o rejeito é considerável, marcado por

desnível superior a 300m, com o bloco alto situado a oeste.

Na área de calcário a geomorfologia, o relevo, a hidrografia e a cobertura de solos são típicos de ambientes

cársticos, predominando, contudo, domínios de coberturas de solos, comparativamente aos afloramentos

contínuos de calcários. Os domínios de coberturas de solos são formados por superfícies suaves,

levemente onduladas, com afloramentos calcários isolados e feições de vales e de lagoas secas e dolinas.

Os domínios de afloramentos de calcários são formados por superfícies irregulares, rugosas, que se

Page 7: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA sobressaem no relevo, onde ocorrem paredões ou escarpas verticais, que guardam um expressivo acervo

de feições de dissolução.

III. CONTEXTO HIDROGEOLÓGICO

As unidades geológicas descritas anteriormente constituem o meio pelo qual circulam as águas

subterrâneas. Neste sentido, os litotipos predominantes em cada unidade denotam, em função de suas

propriedades hidráulicas naturais, uma maior ou menor capacidade de condução e armazenamento das

águas subterrâneas. A definição de unidades hidrogeológicas e de seus valores típicos de condutividade

hidráulica e recarga constitui parte do entendimento para a construção do modelo conceitual e numérico.

Para o domínio de interesse do estudo hidrogeológico, foram identificadas 4 diferentes unidades

hidrogeológicas, quais sejam: Aquifugo Cristalino; Aquífero Sete Lagoas; Aquitardo Santa Helena; e,

Aquífero de Cobertura. Na Tabela 5.1, abaixo, apresenta-se uma síntese descritiva destas unidades

hidrogeológicas.

Fonte: CPRM (2003)

III.1. Definição de Valores Típicos de Condutividad e Hidráulica e Recarga

Diante das referidas unidades hidrogeológicas, os valores típicos de condutividade hidráulica podem ser

obtidos a partir da compilação de dados de trabalhos semelhantes, de levantamentos da literatura pertinente

e das experiências da HIDROVIA com trabalhos em sistemas hidrogeológicos em ambientes de rochas

calcárias.

Page 8: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Quanto à recarga, cumpre ressaltar que a única fonte de alimentação do sistema de fluxo subterrâneo da

área de estudos é proveniente da precipitação pluviométrica total. Dessa maneira, será admitida para o

modelo conceitual a existência de zonas de recarga onde os valores poderão ser percentualmente avaliados

em relação à precipitação média plurianual, que é da ordem de 1.227 mm/ano. Assim, em função dos

diferentes tipos de materiais geológicos, admite-se que os valores percentuais para a recarga poderão

variar de 2% a 35% da precipitação media plurianual.

III.2. Dinâmica de Circulação e Interação Hídrica

O domínio de interesse do modelo conceitual de fluxo das águas subterrâneas da área de estudos pode

ser descrito e entendido em função das zonas de circulação de água existentes. Tais zonas representam

as áreas de recarga e descarga, bem como as áreas de fluxo intermediário do sistema aquífero.

III.2.1. Zonas de Recarga

As zonas de recarga dos aquíferos são aqui entendidas como aquelas que apresentam em superfície, a

exposição dos materiais que se caracterizam por sua maior capacidade de condução e armazenamento de

água, sendo definidas assim pelos terrenos justapostos à presença de rochas carbonáticas fraturadas;

pelos compartimentos dos platôs elevados onde há presença de calcários sob as delgadas coberturas de

solo e zonas de cobertura detrítico-lateríticas.

Em geral, as próprias exposições rochosas que vem aumentando a partir dos processos de lavra tornam-

se paulatinamente, superfícies de maior potencial a infiltração das águas meteóricas. Nestes termos, os

terrenos que se correlacionam à presença desses materiais podem mesmo estar situados em áreas

distantes daquelas onde se situa o empreendimento. No entanto, as formas existentes de conexão hídrica

no meio aquífero cárstico possibilita a profusão de recargas laterais induzidas pela elevada frequência de

estruturas; tais como fraturas alargadas por dissolução do material carbonático, na forma de cavernas e

condutos disseminados por todo o ambiente de ocorrência de calcários puros da Formação Sete Lagoas –

Membro Lagoa Santa. Como o embasamento encontra-se aflorante na porção do extremo oeste da área,

acredita-se que apenas uma pequena fração da recarga incidente nestas porções possa fazer parte do

cômputo geral dos volumes infiltrados para o interior do sistema, sendo a maior parte proveniente de trechos

situados ao longo de toda uma faixa de ocorrência de calcários puros em torno de NNW-SSE, prosseguindo

rumo noroeste e sudeste, além de uma faixa potencial situada nas porções sul-sudeste, próximo a

Matozinhos.

Por sua natureza argilo-arenosa representa importante papel na autodepuração de possíveis

contaminantes que estejam em superfície. Em função de sua relativa maior porosidade representada pelas

argilas, constitui-se em um meio aquitardo onde é maior a capacidade para armazenar água, em detrimento

a sua baixa capacidade de condução, o que significa a liberação constante de poucas quantidades de água

em profundidade.

Esse compartimento representa a zona de recarga dos aquíferos inferiores. A circulação é lenta e está

condicionada pelo meio intersticial dos materiais presentes. Em geral, cumprem importante papel no

contexto da circulação das águas que infiltram e alimentam os demais aquíferos em profundidade. Suas

zonas de descarga (epicarste) ou se manifestam diretamente para os aquíferos carbonáticos subjacentes,

ou ainda na forma de pequenas nascentes situadas geralmente nos sopés das vertentes.

Page 9: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Localmente, a presença de encostas desenvolvidas sobre a Formação Serra de Santa Helena, configuram-

se como zonas de escoamento superficial concentrado, como no caso de alguns pontos de abrangência do

Condomínio Quintas da Fazendinha, sendo estes trechos constituídos por materiais diferenciados, na forma

de metapelitos, os quais induzem a ocorrência de aportes para as zonas de baixios já no contato com os

calcários, absorvendo de modo indireto parte desses fluxos. Quando afloram materiais mais resistentes da

Formação Serra de Santa Helena, como cálcio-filitos intercalados, aparecem nascentes de contato

(cabeceira do córrego Palmeira). As poucas dolinas existentes neste domínio representam pontos de

absorção de água para o sistema profundo, onde há uma convergência dos aportes meteóricos em

profundidade, às vezes de forma lenta pela presença de depósitos argilosos situados em fundos de dolinas.

III.3.2. Zonas de Circulação Intermediária

As zonas de circulação intermediária são definidas pela ocorrência de compartimentos existentes junto às

zonas mais deprimidas do relevo e, em princípio, estão relacionadas às porções das seções hidrogeológicas

representadas pelos caminhamentos dos fluxos subterrâneos mais curtos e de menores descargas, onde

se processam as nascentes no meio poroso oriundo das alterações dos pelitos. Na maioria dos casos,

verifica-se, nesses trechos, a existência de nascentes perenes ou ainda intermitentes nos sopés de suaves

encostas, cujos aportes não atingiram o nível de base regional, mas sim os níveis de base intermediários

representados pelas calhas dos tributários locais (Cabeceiras dos Córregos Palmeira, Capão da Represa

e Forquilha).

Correspondem àquelas nascentes de pequena vazão, cuja qualidade natural das águas é decorrente do

pouco tempo de permanência no meio aquífero. Esses mananciais apresentam águas com concentração

baixa a média de sais dissolvidos, dadas as condições da dinâmica aquífera localizada, no espaço e no

tempo. Em geral podem ser atribuídas a esse sistema as formas de circulação de descarga para os níveis

imediatamente subjacentes, ou seja, entre as camadas superficiais de solos e os materiais que constituem

os aquíferos livres do meio poroso representado pelas rochas de alteração pelítico-carbonáticas

subjacentes. Acredita-se que não seriam afetados pelos procedimentos de rebaixamento do nível d’água

do aquífero cárstico.

III.3.3. Zonas de Descarga

Diante da conformação estrutural que se desenha para o domínio de interesse, em função dos materiais e

dos compartimentos delineados pelo perfil geológico apresentado podem ocorrer descargas naturais, tanto

de ordem regional, ainda que indiretamente para o rio das Velhas ou mesmo, para o ribeirão da Mata,

principalmente junto às porções situadas ao sul, próximo a Araçás.

Essas descargas podem ocorrer em parte, diretamente ao longo dos talvegues dos cursos d’água Forquilha

e Capão da Represa, em seus trechos de baixo curso. As descargas locais que se desenvolvem ao longo

das zonas intermediárias de fluxo foram caracterizadas anteriormente como sendo as zonas de aquíferos

pobres existentes em níveis suspensos, vinculados aos materiais imediatamente subjacentes do meio

poroso dos metapelitos, junto às porções de cabeceira das calhas de drenagem que conformam tais

microbacias tributárias.

Page 10: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA As descargas regionais apresentam-se potencialmente junto aos níveis de base relativos às cotas de 760

m de altitude, para o ribeirão da Mata em Capim Branco (4 km), e de 670 m de altitude para o topo do

aquífero cárstico sob a depressão da calha do rio das Velhas situada no extremo leste (16 km).

Aparentemente, em face à distribuição das cotas de nível da água dos poços piezométricos existentes no

entorno da área, observou-se que os fluxos subterrâneos, em princípio, direcionam-se rumo à porção oeste

e norte do empreendimento, satisfazendo a ideia descrita junto às zonas de descarga potenciais.

IV. INVENTÁRIO DE PONTOS D’ÁGUA

Os dados básicos disponíveis e utilizados na elaboração desse estudo consistiram de acervos cartográficos

e hidrogeológicos afetos à área de abrangência do empreendimento.

Um dos estudos de maior destaque realizados na área de abrangência dos estudos refere-se ao Projeto

Vida, mapeamento geológico em escala 1:50.000 desenvolvido pelo atual Serviço Geológico do Brasil

(CPRM), entre os anos de 1991 e 1993, revisado e reeditado em 2003.

IV.1. Rede Piezométrica

De acordo com o monitoramento hidrométrico nos domínios das cavas Taquaril e Pedra Bonita existem

piezômetros instalados que vêm sendo monitorados periodicamente desde novembro de 2011 a fim de

caracterizar a dinâmica de circulação das águas subterrâneas e suas possíveis interações com as águas

superficiais frente a sazonalidade climática da região.

Identificação UTM E UTM N do Ponto (m) (m) PZ_01A 593930 7841890 PZ_02A 592452 7842366 PZ_03 592802 7841335

PZ_04A 593385 7842250 PZ_05A 593458 7841315 PZ_07 593182 7841581

Pontos de medidores de nível d’água presentes dentro dos limites do modelo. Nota: Dados disponibilizados pela ICAL.

IV.2. Cadastro de Nascentes

O inventário de nascentes foi realizado pela HIDROVIA ao longo do mês de setembro de 2010. Foram

cadastradas dez nascentes e uma dolina com água nos arredores das minas Taquaril e Pedra Bonita.

Nome UTM E UTM N Cota

Data

Tipo

Q (L/s)

(m) (m) (m)

NA_01 590507 7841035 815 8/9/2010 Nascente 0,5 NA_02 589865 7841505 792 8/9/2010 Nascente - NA_03 594582 7843114 791 9/9/2010 Nascente 0,4 NA_04 594323 7842410 801 9/9/2010 Nascente 0,5 NA_05 592138 7842060 781 9/9/2010 Nascente 0,6 NA_06 593931 7839963 813 9/9/2010 Nascente 0,01

Page 11: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA NA_07 593186 7839911 780 9/9/2010 Nascente 0,01 NA_08 591482 7840476 808 10/9/2010 Nascente 0,01 NA_09 590786 7840380 817 10/9/2010 Nascente 0,01 NA_10 588910 7842160 799 10/9/2010 Nascente 0,15 DO_11 593646 7840391 797 9/9/2010 Dolina -

Relação de pontos de nascentes inventariadas na área do limite do modelo. Nota: Dados coletados em campo pela Hidrovia

IV.3. Cadastro de Pontos de Captação

Na área de estudos foram considerados os poços tubulares cadastrados no banco de dados do IGAM

(14 pontos), aqueles inventariados pela HIDROVIA (6 pontos) e os disponibilizados pela ICAL (3 pontos).

Os três poços disponibilizados pela ICAL, no presente texto denominados Poço_01_PedraBonita,

Poço_02_Taquaril e Poço_03_Calcinação, possuem vazão outorgada de 7, 16 e 2,5 m³/h,

respectivamente, e são utilizados para consumo nas dependências da empresa.

A partir da simulação de desaguamento das cavas Taquaril e Pedra Bonita, serão identificados os

possíveis impactos na vazão de cada um.

Relação de poços tubulares na área ativa do modelo

Nome

UTM E UTM N Cota Fonte

(m) (m) (m)

PC_3100003140 596890 7839380 740 IGAM PC_3100002080 592760 7839543 808 IGAM PC_3100017930 593106 7839780 776 IGAM PC_3100004590 592674 7839912 804 IGAM PC_3100003150 595580 7840560 758 IGAM PC_3100003150 594285 7841115 801 IGAM PC_3100003140 593985 7841750 831 IGAM PC_3100003150_A 596285 7841895 755 IGAM PC_3100003150_B 593800 7842580 805 IGAM PC_3100003150_C 594690 7842860 777 IGAM PC_3100003150_D 593900 7843205 853 IGAM PC_3100003150_E 594355 7843640 749 IGAM PC_3100003250 592025 7844020 757 IGAM PC_3100003230 591000 7844185 730 IGAM PC_1034 595622 7840696 754 HIDROVIA PC_393 590912 7843118 771 HIDROVIA PC_1314 591149 7843763 762 HIDROVIA PC_1562 591149 7843763 764 HIDROVIA PC_574 594734 7843775 747 HIDROVIA PC_64 590947 7844256 747 HIDROVIA Poço_01_PedraBonita 593208 7841815 - ICAL Poço_02_Taquaril 592392 7841850 - ICAL Poço_03_Calcinação 592718 7842955 - ICAL

Page 12: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Fonte: Banco de dados IGAM (2014); HIDROVIA (2010).

Mapa de distribuição dos pontos de ocorrência de águas subterrâneas na área de estudos.

Nota: Dados compilados de HIDROVIA (2010) e IGAM (2014).

V. SISTEMA DE REBAIXAMENTO

A metodologia empregada consistiu em estimar, através de modelo hidrogeológico numérico, as vazões de

retirada de água necessárias para o desaguamento das minas em questão e avaliar os impactos nas

nascentes localizadas na região em estudo. Para tanto foram realizadas simulações, considerando a

evolução de cenários de lavra referentes ao planejamento de 2014 a 2033, conforme dados disponibilizados

pela ICAL.

V.1. Previsão de Vazões de Desaguamento

Para estimar as vazões de retirada de água necessárias para o desaguamento das minas Taquaril e Pedra

Bonita foram realizadas simulações do modelo, sendo atribuídas às regiões de escavação células de dreno

para promover o rebaixamento e quantificar tais vazões. Além disso, às regiões de cava foi atribuído valor

elevado para a condutividade hidráulica (1,0 cm/s) com o intuito de representá-las como espaço de alta

capacidade de fluxo e garantir que desaguem.

A partir disso, as vazões de desaguamento passam a ser calculadas internamente pelo modelo, conforme

o estabelecimento de zonas de balanço hídrico (zone budget) coincidentes com os cenários de evolução

de lavra. As previsões de desaguamento solicitadas para as simulações de cenários são correspondentes

Page 13: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA aos planejamentos de lavra entre os anos 1 e 20. Observa-se que as cotas de fundo começam a variar

apenas a partir do ano 4 para Taquaril e do ano 5 p ara Pedra Bonita .

O avanço até esses anos é apenas lateral, mas haver á necessidade de desaguamento a partir de 1

para Taquaril e de 2 para Pedra Bonita.

Cotas de Fundo da

Vazão de

Vazão de Vazão de

Cenários

Cotas de Fundo da

Desaguamento

Cava Pedra

Bonita Desaguamento Desaguamento de Lavra

Cava Taquaril (m)

(m)

Taquaril (m³/h) Pedra Bonita

TOTAL (m³/h) (m³/h)

Ano 1 810 830 42,6 4,3 47,0 Ano 2 800 820 58,7 2,3 61,0 Ano 3 790 810 73,7 46,6 120,4 Ano 4 780 800 119,6 33,2 152,8 Ano 5 770 780 107,5 75,4 182,9 Ano 10 750 750 117,5 27,2 144,6 Ano 14 730 700 66,9 15,0 81,9 Ano 20 700 - 39,4 14,8 54,3

Valores de condutividade hidráulica utilizados na calibração final do modelo.

Fonte: Dados disponibilizados pela ICAL em Fev/2014. Vazões calculadas pelo modelo numérico

Previsão de desaguamento ao longo da vida útil das minas. Fonte: modelo hidrogeológico numérico.

V.2. Plano de utilização da água proveniente do rebai xamento/desaguamento

Page 14: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Em vista da necessidade de avaliar os possíveis efeitos do desaguamento das minas sobre os locais que

potencialmente possam servir como receptores dessas águas do bombeamento, há de se elencar algumas

opções passíveis de funcionarem adequadamente a tais propósitos.

Para a execução do desague da água armazenada no fundo das cavas Pedra Bonita e Taquaril duas

bombas elétricas submersas serão instaladas, uma em cada Mina.

Toda a água bombeada será enviada para um reservatório existente na EIMCAL, com as seguintes

dimensões 14,30m x 20m x 2,30m, totalizando 658 m3 e/ou uma bacia flutuante a ser construída, com as

dimensões de 40m x 40m x 4m, totalizando 25.600 m3.

Os controles serão executados através de sensores de nível, instalados no reservatório, indicando o volume

nível alto, acionando automaticamente uma bomba que fará a distribuição. As proposições de uso são

descritas a seguir.

V.2.1. Uso industrial

Utilização de parte da água bombeada a ser aproveitada internamente no processo industrial (caminhão

pipa, umectação de vias, consumos diversos, etc.);

V.2.2. Reposição em cursos d’ água

Desaguamento de parte dos volumes bombeados diretamente sobre as calhas de drenagem vizinhas às

cavas. Neste caso, de acordo com as 4 estações de monitoramento das descargas nos córregos Forquilha

montante e jusante, Capão da Represa e Palmeiras, faz-se uma análise de viabilidade para esses

ambientes lóticos;

As estimativas de descarga são apresentadas a seguir, uma vez que as réguas com leitura de mais de um

ano de monitoramento, não puderam consolidar uma curva-chave confiável, dado que as descargas foram

medidas apenas na data de instalação das mesmas.

Valores de condutividade hidráulica utilizados na calibração final do modelo

Como se observa na tabela acima, os valores de vazão para alguns trechos das referidas drenagens

não apresentam volume escoado na maior parte do per íodo (córrego Palmeiras). Por outro lado, os

demais cursos d’água denotam valores de descarga que podem ser indicativos de volumes que escoam

livremente ao longo do ciclo hidrológico, sugerindo desse modo, o potencial de servirem como mananciais

favoráveis ao recebimento de uma parte dos volumes bombeados.

Page 15: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Como os máximos de rebaixamento de nível d’água do aquífero apontaram vazões em torno de 180 m3/h

(50 L/s), no período em que as maiores vazões de desaguamento prevalecerem, o fracionamento desses

volumes será plenamente viável de serem adicionados em uma ou duas das referidas drenagens, como

por exemplo, 25 L/s para a calha do córrego Forquilha e os outros 25 L/s para a calha de drenagem do

córrego Capão. No primeiro caso, para o córrego Forquilha, como se observa uma homogeneidade dos

valores descarregados ao longo do ano, individualmente para o ponto a jusante e montante, torna-se

imprescindível que novas medições sejam realizadas nas referidas seções onde estão instaladas as réguas

para que se tenham vazões aferidas pela curva-chave, com medições em épocas úmidas e de estiagem.

Outra questão que merece destaque refere-se às oscilações climáticas nestes dois últimos anos, onde um

déficit hídrico generalizado tem sido observado em todo o território nacional.

Naturalmente, em vista de uma avaliação local das distâncias que se projetam entre as zonas de

bombeamento nas referidas cavas e os pontos de desaguamento específicos entre cada uma das

drenagens, uma análise custo-benefício se faz premente, embora em termos de capacidade de suporte ao

recebimento dos volumes a serem desaguados, tais calhas apresentem-se viáveis para tal finalidade.

Do ponto de vista aplicado, tais ações são corriqueiramente adotadas no que tange ao desaguamento de

cavas de mineração, seja de ferro seja de calcário, ou outros, como cobre, manganês, corpos sulfetados,

níquel, ouro, etc., a depender do ambiente aquífero (variação das vazões bombeadas) e dos pontos

elegíveis ao desaguamento.

Uma vez projetados os volumes que deverão ser lançados em um corpo hídrico superficial, o novo regime

que se estabelecerá deve se pautar no equilíbrio entre as vazões máximas médias e mínimas de cada

período extremo do ciclo hidrológico, seja na estiagem, seja no período das chuvas. Desse modo, o que se

observa é, de fato, um aumento nas disponibilidades hídricas superficiais, culminando em uma descarga

menos oscilatória, sazonalmente.

Do ponto de vista da qualidade das águas, os efeitos potenciais são invariavelmente positivos, pois a

qualidade das águas bombeadas do aquífero têm constantemente elevados padrões físico-químicos e boa

aceitabilidade pelo ambiente receptor.

V.2.3. Disponibilização a terceiros

Aproveitamento dos volumes de desaguamento como suprimento extraordinário que se mostre viável ao

consumo humano e ou animal, considerando-se os potenciais candidatos a este consumo, através da

disponibilização de parte da descarga de uma água de boa qualidade, que se direcionasse para um

reservatório ou dois, por exemplo, servindo uma fração ao Condomínio Quintas da Fazendinha ou para a

Comunidade Araçás, ambos situados nas vizinhanças do empreendimento.

Neste último caso, naturalmente, um entendimento prévio entre as partes cumpre ser efetivado,

principalmente no que tange à responsabilidade pela manutenção da qualidade da água disponibilizada e

por sua distribuição, considerando-se ainda o período em que os interessados ou as partes envolvidas

estariam em acordo para viabilizar um plano de gestão do recurso hídrico subterrâneo que estará sendo

produzido pelo processo de rebaixamento/desaguamento das minas.

Page 16: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

V.3. Previsão de impactos em recursos hídricos

V.3.1. Previsão de impactos em nascentes

Em termos gerais, o responsável técnico, realizou a calibração do modelo numérico com base nas cotas

observadas em campo e, a partir dos valores calculados na calibração, sendo executada portanto, a

comparação de evolução de cotas simuladas ao longo dos anos, tendo como fator de interferência o

aprofundamento da lavra e o aumento das taxas de bombeamento.

Neste contexto, para a avaliação dos impactos, foi considerada a diferença entre os valores de cota de nível

da água calculados na simulação dos cenários de lavra em regime estacionário e os valores de cota

calculados na calibração do modelo em regime estacionário, em metros.

Os valores encontrados a partir desse procedimento, não tem significado quantitativo, apenas sugerem a

expansão do cone de rebaixamento, implicando em impacto nas disponibilidades hídricas nos pontos

considerados, que pode ocorrer da seguinte maneira:

• Supressão total da nascente em função de sobreposição com a área interferida;

• Supressão total da nascente em função da geração de cone de interferência permanente; e,

• Alteração da cota de surgência da nascente e alteração de vazões em função da depressão e

recuperação parcial do cone de interferência.

Partindo-se destes preceitos e considerando 8 nascentes utilizadas na calibração na área de interesse,

verificou-se que do total de nascentes avaliadas, apenas 3 apresentaram impacto considerável .

Page 17: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Para efeito desta avaliação, como nascentes impactadas consideram-se aquelas que apresentaram

diferenças de cota maiores que o valor absoluto de erro médio, correspondente ao erro absoluto médio

obtido na calibração do modelo.

A partir do ano 3 as nascentes NC05 e NC07 poderão sofrer impacto referente ao rebaixamento das

minas Taquaril e Pedra Bonita e a nascente NA04 pode rá sofrer impacto a partir de 4. As três

nascentes citadas correspondem às mais próximas ao empreendimento em questão. Impactos

Ano 1

Ano 2 Ano 3 Ano 4

Ano 5

Ano 10

Ano 14

Ano 20 Nascentes

NC01 - - - - - - - - NC03 - - - - - - - - NC04 - - - x x x x x NC05 - - x x x x x x NC07 - - x x x x x x NC08 - - - - - - - - NC09 - - - - - - - - NC10 - - - - - - - -

Nascentes impactadas ao longo da vida útil das minas Taquaril e Pedra Bonita

Fonte: análise de valores gerados pelo modelo hidrogeológico numérico.

V.3.2. Previsão de impactos em poços

A partir da simulação dos cenários de desaguamento das minas Taquaril e Pedra Bonita, foi possível avaliar

qualitativamente os impactos que poderão ocorrer nos três poços de captação de água de serviço utilizados

hoje pela ICAL.

Neste contexto, a avaliação dos impactos considerou a diferença entre as vazões bombeadas e as

outorgadas ao longo da vida do empreendimento. Os valores encontrados a partir desse procedimento, não

tem significado quantitativo, apenas sugerem a expansão do cone de rebaixamento, implicando na emersão

gradual da seção filtrante dos poços analisados.

Previsão de impactos nos poços de captação de água de serviço.

Page 18: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Fonte: análise de valores gerados pelo modelo hidrogeológico numérico.

O poço denominado Poço_01_Pedra Bonita poderá perder toda sua capacidade de bombeamento a partir

do ano 5, devido à possível emersão completa da sua seção filtrante. Este resultado era esperado, uma

vez que o poço localiza-se entre as cavas Taquaril e Padra Bonita e, por conseguinte, na região de

interferência dos cones de rebaixamento, conforme observado após o ano 20.

Interferência dos cones de rebaixamento no Poço_01_Pedra Bonita - Ano 20.

Fonte: modelo hidrogeológico numérico.

O Poço_02_Taquaril poderá perder gradativamente sua capacidade de bombeamento a partir do ano 4,

podendo alcançar cerca de 75% de impacto ao final do empreendimento.

Page 19: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

O poço denominado Poço_03_Calcinação não apresentou impacto relacionado ao rebaixamento nas

minas, mantendo assim, sua capacidade de bombeamento inalterada durante a simulação dos cenários,

para o ano 20.

Interferência dos cones de rebaixamento no Poço_03_Calcinação - Ano 20.

Fonte: Modelo Hidrogeológico Numérico.

V.3.3. Impactos possíveis – resumo

Os resultados da modelagem mostraram a evolução do desaguamento necessário para o avanço dos

cenários de lavra. As vazões de desaguamento das cavas Taquaril e Pedra Bonita em conjunto tendem a

ser crescentes até o ano 5, que reflete as condições de produção máxima de água subterrânea

(desaguamento da ordem de 183 m³/h). A partir deste ponto, a necessidade de desaguamento passa a ser

cada vez menor, pois a espessura saturada do aquífero diminui com o tempo, implicando em perda de

carga hidráulica e de produção de águas subterrâneas.

Apesar de terem tempos de vida útil diferentes, a avaliação do desaguamento das minas em questão foi

analisada a partir do sistema Taquaril/Pedra Bonita, uma vez que a proximidade das cavas faz com que o

rebaixamento em uma delas interfira no rebaixamento da outra.

Com relação às nascentes, verificou-se que do total de 8 nascentes avaliadas, 3 poderão apresentar

impacto em algum momento da vida útil das minas. Estes pontos são os mais próximos às regiões de cava

e correspondem às nascentes NC04, NC05 e NC07. O resultado sugere a expansão radial do cone de

rebaixamento, implicando em impacto que pode ocorrer da seguinte maneira: i) supressão total da nascente

em função de sobreposição com a área interferida; ii) supressão total da nascente em função da geração

de cone de interferência permanente; e, iii) alteração da cota de surgência da nascente e alteração de

vazões em função da depressão e recuperação parcial do cone de interferência.

Com relação aos pontos para captação de água de água subterrânea, verificou-se que dos 3 avaliados, 2

poderão apresentar impacto em algum momento da vida útil das minas. Estes são os mais próximos às

regiões de cava e correspondem ao Poço_01_PedraBonita e Poço_02_Taquaril. Os resultados sugerem a

Page 20: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA expansão do cone de rebaixamento, implicando na emersão gradual da seção filtrante dos poços

analisados.

A modelagem hidrogeológica numérica fornece apenas uma expectativa das vazões de rebaixamento,

podendo ser necessárias novas simulações de acordo com o surgimento de novos dados de

monitoramento.

VI. REDE DE MONITORAMENTO

Observa-se que foram instaladas réguas para monitoramento em alguns pontos dos cursos d’água na

área de influência do empreendimento a fim de se verificar as descargas durante o ano. Os pontos

monitorados são os prováveis locais de descarga da água bombeada do rebaixamento.

PT01 – Córrego Palmeiras jusante - Visão da seção medidora

Visão jusante Visão a 3 m distante da seção medidora

Page 21: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

PT02 – Córrego Forquilha jusante Visão montante Visão jusante

Local da medição Vista da régua instalada

Page 22: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

PT03 – Córrego Forquilha montante Visão montante Visão jusante

4 – Córrego do Capão da Represa Vista Capão da Represa Local da medição VII. DOLINAMENTOS E OCORRÊNCIA DE CAVIDADES

VII.1. Contextualização

A área abrangida pelo projeto apresenta relevo de morfologia suave, com vertentes alongadas,

côncavo-convexas (CARSTE, 2014). A paisagem cárstica pode ser classificada em dois tipos

principais, de acordo com a sua cobertura superficial, conforme Quinlan (1967): áreas de carste

exumado, correspondente às porções onde o calcário ocorre exposto, e áreas de carste coberto, áreas

em que a rocha se encontra coberta por manto de alteração.

Page 23: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Esta classificação embasou o mapeamento de duas unidades geomorfológicas principais na área,

formadas por conjuntos paisagísticos diferenciados, sendo elas: áreas com formas residuais calcárias

e o carste coberto.

As feições cársticas superficiais observadas podem ser reunidas em dois grupos principais, quanto à

sua forma de ocorrência:

• Depressões fechadas, que ocorrem na área por meio de dolinas, sobre a cobertura

pedológica local, nas áreas de carste coberto; e

• Formas calcárias, que ocorrem nos afloramentos da área, tanto em pequena escala (lapiás)

quanto em maior escala (torres e pilares cársticos) (CARSTE, 2014).

Os maciços e paredões cársticos se apresentam como massas rochosas individualizadas com uma

morfologia escarpada, parcialmente encobertas por solos e vegetação, possuindo, em geral, apenas

uma de suas bordas aflorantes. Foram registradas sete ocorrências de paredões na área, estando os

menores situados na porção sudeste, em geral, perpendiculares à maior inclinação da vertente.

Os lapiás constituem-se de sulcos e reentrâncias, de dimensão milimétrica a métrica, geralmente

correspondentes a microformas horizontalizadas, controladas estruturalmente por planos de foliação

da rocha. Ocorrem em grande volume na maioria dos afloramentos rochosos presentes em toda a

área do projeto.

As torres cársticas são estruturas de formato alongado e verticalizado, similares a colunas rochosas,

enquanto que os corredores cársticos são feições altas e estreitas, cuja gênese possivelmente está

associada a processos de dissolução ao longo de estruturas da rocha. Ambos foram observados junto

a depósitos de talus, próximos aos maciços exumados, em geral, bastante alterados por processos

intempéricos.

VII.2. Dolinamentos

As dolinas constituem-se de depressões fechadas, com formas circulares ou elípticas que se formam

na superfície, em função da dissolução de rochas mais solúveis em subsuperfície. Não apresentam

ocorrência expressiva na área do projeto, sendo identificadas, ao todo, apenas seis. Estas possuem

dimensões variadas, desde ordem centimétrica a métrica, apresentam formato suavizado, estão

preenchidas por água de forma perene ou somente durante o período chuvoso.

De acordo com os dados apresentados pela HIDROVIA, a superfície potenciométrica gerada no último

período de calibração em regime transiente corresponde à data de novembro de 2013 (período

chuvoso), reflete uma fase anterior a qualquer desaguamento realizado nas cavas Taquaril e Pedra

Bonita.

Page 24: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Médias mensais da estação Ponte Raul Soares (anos 1971 a 2007) utilizadas na calibração do modelo

(Hidrovia, 2016).

As dolinas D2,D3 e D6 encontram-se posicionadas em regiões cujas superfícies topográfica e

potenciométrica intersecionam entre si. Desta forma, a existência de tais dolinamentos poderia ter

alguma relação com o nível d’água subterrâneo, sendo portanto, necessário monitoramento continuo

do nível d’água subterrâneo. A dolina denominada D6 apresenta-se preenchida no período seco,

necessitando portanto de monitoramento efetivo da variação da cota do nível d’água.

Page 25: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Superfície potenciométrica gerada na calibração do modelo em regime transiente de nov/2013

A dolina D5 encontra-se posicionada fora da topografia fornecida pela EIMCAL, não tendo sido

verificada em relação à superfície potenciométrica gerada pelo modelo numérico.

VII.3. Cavidades

Para o estudo de cavidades realizado pela CARSTE foram consideradas as que possuíam projeção

horizontal maior que 5 metros. Para as que apresentam projeção inferior a classificação encontra-se

em andamento.

O estudo foi realizado em três campanhas de geoespeleologia entre 2013 e 2016, onde observaram

a dinâmica hidrológica das cavidades, avaliando a presença de água de percolação e condensação

e corpos hídricos.

Geomorfologia cárstica da área da EIMCAL (Carste, 2014).

As 164 cavernas do projeto EIMCAL consideradas neste estudo se localizam no compartimento do

Planalto Cárstico Palmeira. Sobre o posicionamento altimétrico das cavernas, este variou de 653 m

(ICMAT-0011) a 898 m (ICMAT-0009), resultando em amplitude altimétrica de 245 metros. A maior

parte das cavernas está entre as cotas 801 a 850 (66,5%). Os valores superiores a 851 metros

representam 28% do total de cavernas. O valor de cavernas inserida na classe altimétrica de 750 a

800 metros corresponde 0,4% do total.

Page 26: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Ocorrência de cavernas por classes hipsométricas

Sobre o posicionamento na vertente, 37% das cavernas estão posicionadas na média vertente,

enquanto 34% estão inseridas nas porções mais altas do relevo. A menor porção das cavernas está

posicionada em baixa vertente (14%).

A maior parte das cavernas do estudo apresenta inserção associada a porções escarpadas do relevo,

especialmente afloramentos de calcário que, de forma geral, relacionam-se a rupturas de declive na

paisagem. Sobre o posicionamento dessas escarpas, a maioria das cavidades (62%) ocorre em

escarpas perpendiculares à maior inclinação da vertente. A segunda maior ocorrência (22%) está

associada a cavernas que não estão relacionadas a escarpas de inserção como em cavernas que

desenvolve em talus, aquelas inseridas no topo do maciço (ICMAT-0047, ICMAT-0064, ICMAT-0117,

RT-0101 e ICMAT-0122 são alguns exemplos) e cavernas onde a entrada está ao nível do solo com

entrada associado a pequenos buracos. Por outro lado, cavernas desenvolvidas em escarpas

paralelas a maior inclinação da vertente corresponde a 14% da amostragem, enquanto cavernas em

anfiteatro (ICMAT-0032, RT-0014 e ABISMO-0008) reproduzem 2% do valor total.

Das cavidades inseridas em escarpas, a porcentagem de 54% destas apresenta continuidade superior

a 30 metros, enquanto em 46% dos casos, as escarpas apresentam-se descontinuas ou com

apresentam continuidade inferior a 30 metros.

Em relação às feições morfológicas de inserção das cavernas, 63,4% da amostra se localiza em

maciços cársticos aflorantes na área de estudo, enquanto 30,5% estão associadas à ocorrência de

paredões. Cavernas inseridas em afloramentos menores representam 11,6% (19 cavernas) e aquelas

relacionadas a corredores cársticos correspondem a 0,3% do total. Cavidades desenvolvidas em talus

e no interior de corredores cársticos são de ocorrência mais restrita (0,3% e 0,1%, respectivamente).

18

109

46

0

20

40

60

80

100

120

Abaixo de 750

metros

De 750 a 800

metros

De 801 a 850

metros

Acima de 851

metros

me

ro d

e c

av

ern

as

Altitude (m)

Page 27: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Cadastro das cavidades maiores que 5 metros da área de estudo da EIMCAL. Sistema de

Coordenadas SAD69 / Zona 23S.

Cavidade X Y Cavidade X Y

AB-0001 592606 7842311 ICMAT-0016 592715 7842500

ABISMO-0003 592367 7842256 ICMAT-0017 593161 7841984

ABISMO-0004 592568 7842653 ICMAT-0018 593259 7842285

ABISMO-0005 593249 7842356 ICMAT-0019 593152 7841959

ABISMO-0006 592998 7842413 ICMAT-0020 592590 7842918

ABISMO-0007 593838 7842055 ICMAT-0021 593125 7841920

ABISMO-0008 593783 7841998 ICMAT-0022 593087 7841864

ABISMO-0010 593790 7842010 ICMAT-0023 593133 7841197

ABISMO-0013 593223 7842272 ICMAT-0024 593104 7841854

ABISMO-0014 593826 7842030 ICMAT-0025 592799 7843448

ABISMO-0016 592955 7842437 ICMAT-0026 593129 7842299

ABISMO-0017 592953 7842434 ICMAT-0027 593868 7842035

ABISMO-0018 592865 7842549 ICMAT-0028 593763 7841966

ABISMO-0020 592606 7842311 ICMAT-0029 593836 7841969

ABISMO-0023 593315 7842307 ICMAT-0030 593118 7842302

ICMAT-0001 593360 7842390 ICMAT-0031 593828 7841966

ICMAT-0002 593318 7842345 ICMAT-0032 593244 7841195

ICMAT-0003 593616 7840478 ICMAT-0033 593402 7842013

ICMAT-0004 593608 7840496 ICMAT-0034 593194 7841230

ICMAT-0005 593668 7840451 ICMAT-0035 593409 7841995

ICMAT-0006 593081 7842445 ICMAT-0036 593098 7841223

ICMAT-0007 592894 7840986 ICMAT-0037 593288 7841796

ICMAT-0008 593258 7842391 ICMAT-0038 594224 7841008

Page 28: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

ICMAT-0009 593294 7841964 ICMAT-0039 593262 7842076

ICMAT-0010 592884 7842676 ICMAT-0040 593244 7841165

ICMAT-0011 593296 7842410 ICMAT-0041 592582 7843550

ICMAT-0012 592342 7842292 ICMAT-0042 592776 7843437

ICMAT-0013 593206 7842005 ICMAT-0043 592586 7843541

ICMAT-0014 592528 7842690 ICMAT-0044 592599 7842888

ICMAT-0015 593193 7842001 ICMAT-0045 592517 7842832

ICMAT-0046 592573 7842907 ICMAT-0077 593362 7842342

ICMAT-0047 592593 7842838 ICMAT-0078 593362 7842010

ICMAT-0049 592539 7842818 ICMAT-0080 593350 7842009

ICMAT-0050 592493 7842774 ICMAT-0081 593158 7841975

ICMAT-0051 592537 7842804 ICMAT-0082 593298 7842061

ICMAT-0052A 592349 7842279 ICMAT-0083 593342 7841991

ICMAT-0053 592428 7842451 ICMAT-0084 593189 7841969

ICMAT-0054 592458 7842408 ICMAT-0085 593166 7841979

ICMAT-0055A 593255 7842087 ICMAT-0086 592587 7842172

ICMAT-0056 592511 7842697 ICMAT-0087 592931 7841015

ICMAT-0057 593355 7842407 ICMAT-0088 593034 7841331

ICMAT-0058 593013 7842720 ICMAT-0089/0093 592813 7841366

ICMAT-0059 592983 7842695 ICMAT-0091 592996 7842422

ICMAT-0060 593236 7842360 ICMAT-0092 592995 7842425

ICMAT-0061 592666 7842507 ICMAT-0094 592793 7841405

ICMAT-0062 592556 7842746 ICMAT-0095 593252 7842074

ICMAT-0063 592609 7842560 ICMAT-0097 593308 7842356

ICMAT-0064 593362 7842083 ICMAT-0098 593221 7842334

ICMAT-0065 593830 7842099 ICMAT-0099 592652 7842880

Page 29: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

ICMAT-0066 593360 7842079 ICMAT-0101 593814 7841967

ICMAT-0067 593837 7842054 ICMAT-0102 592528 7842865

ICMAT-0068 593432 7842040 ICMAT-0103 593818 7842034

ICMAT-0069 593806 7842023 ICMAT-0104 592834 7841102

ICMAT-0070 593425 7842018 ICMAT-0105 592824 7841178

ICMAT-0071 593757 7841990 ICMAT-0106 593795 7842006

ICMAT-0072 593409 7842031 ICMAT-0107 593137 7842394

ICMAT-0073 593214 7842193 ICMAT-0108 593165 7841935

ICMAT-0074 593252 7842094 ICMAT-0109 593066 7842395

ICMAT-0075 592435 7842377 ICMAT-0110 592577 7842552

ICMAT-0076 593246 7842110 ICMAT-0111 592602 7842337

ICMAT-0112 592616 7842563 ICMAT-0136 593382 7842016

ICMAT-0113 592697 7842577 ICMAT-0137 593387 7842011

ICMAT-0114 592649 7842576 ICMAT-0138 593351 7841979

ICMAT-0115 592563 7842564 ICMAT-0140 592865 7841173

ICMAT-0116 592561 7842568 RT-0006 593153 7841209

ICMAT-0117 592595 7842163 RT-0007 593163 7841170

ICMAT-0118 591984 7841757 RT-0009 593103 7841144

ICMAT-0121 592652 7841152 RT-0010 593142 7841204

ICMAT-0122 592290 7841458 RT-0011 594262 7841056

ICMAT-0123 593819 7842293 RT-0014 593141 7841172

ICMAT-0124 592930 7840705 RT-0018 592629 7842886

ICMAT-0125 593811 7842047 RT-0019 592598 7842874

ICMAT-0126 593778 7841982 RT-0027 592500 7842718

ICMAT-0127 593861 7842066 RT-0033 592464 7842330

ICMAT-0128 593344 7842348 RT-0045 593819 7842031

Page 30: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

ICMAT-0129 593304 7842314 RT-0047 593817 7842038

ICMAT-0130 592693 7843500 RT-0053 592402 7842248

ICMAT-0131 593108 7841261 RT-0055A 593255 7842087

ICMAT-0134 593273 7842141 RT-0076 593830 7842012

ICMAT-0135 593291 7842028 RT-0091 593146 7841181

RT-0100 593724 7841918 RT-0092 592948 7841080

RT-0101 593778 7841974 RT-0095 592282 7841500

VII.3.1. Dinâmica Hidrológica

A área do Projeto EIMCAL compreende o interflúvio de três micro-bacias hidrográficas pertencentes à

bacia do rio das Velhas, sendo elas: micro-bacia do Córrego Forquilha a norte, micro-bacia do Córrego

Palmeira a leste, e micro-bacia do Ribeirão Araçás, a sul.

O carste da área de estudo apresenta recarga autogênica, sobre os calcários do Membro Lagoa Santa,

da Formação Sete Lagoas. Acredita-se que a recarga ocorra por meio de infiltração direta nas áreas

de afloramentos, e por drenagem difusa na área de carste coberto, já que essas superfícies se

encontram dissecadas (Carste, 2013).

As cavidades foram estudadas em períodos sazonais distintos; na época seca (maio de 2013, junho a

julho de 2014 e abril de 2016) representando 35,98% das cavernas do projeto, e úmida (de novembro

de 2015 a março de 2016), correspondendo a 64,02% das cavernas estudadas.

As análises foram divididas em época seca e úmida de modo a considerar a diferenciação sazonal e

permitir uma comparação mais assertiva em relação aos dados hidrológicos.

As cavidades estudadas no período úmido mostraram maior incidência de feições hidrológicas. Em 43

cavidades foram observadas feições hidrológicas no período úmido enquanto que no período seco

apenas sete cavidades apresentaram algum processo hidrológico durante a campanha. No período

úmido, 62 cavernas visitadas (época úmida), e 52 (época seca) apresentaram ausência de feições

hidrológicas.

Em 124 cavernas visitadas durante as campanhas de campo (89 na época úmida e 35 na época seca),

constatou-se a presença de características naturais e contexto ambiental de inserção que sugerem a

existência de processos hidrológicos durante eventos pluviais e/ou no período chuvoso.

Os indicativos de processos hidrológicos intermitentes visualizados no interior das cavidades estão

relacionados, primordialmente às características morfológicas das cavernas, inclinação da entrada e

presença de feições morfológicas que facilitem a entrada de águas pluviais de forma direta. A presença

de gretas de contração, por exemplo, visualizadas nas cavidades ICMAT-005 e ABISMO-0017 podem

sugerir algum fluxo ou acumulação temporária de água, gerando o encharcamento de argila e posterior

processo de ressecamento.

A configuração da entrada, com desníveis que vertem para o interior da cavidade pode contribuir para

a geração de fluxos temporários. As entradas das cavidades ICMAT-0002, ICMAT-0013, ICMAT-0023

Page 31: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

são exemplos de configuração morfológica que facilitam a circulação de água de forma intermitente

no interior das cavernas, sobretudo no período chuvoso.

O impacto direto das águas meteóricas pode ser observado em cavidades que possuem claraboias e

ou cavidades que se desenvolve em abismos, cuja entrada apresenta desenvolvimento vertical com

desnível abrupto. Ademais, cavidades que tem gênese relacionada a depósitos de talus apresentam,

na maioria dos casos, aberturas no contato entre os diversos blocos que formam a caverna,

colaborando para a entrada de água.

Page 32: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Indicativos de feições hidrológicas e características das cavernas que facilitam a entrada de água; A:

Gretas de contração no conduto paralelo ao principal no ABISMO-0017; B: Entrada da ICMAT-0002;

C: Claraboia na ICMAT-0039; D: Contexto declivoso de entrada da ICMAT-0019; E: Cavidade em

talus – ICMAT-0027; F: Entrada em abismo do ABISMO-0010.

VII.3.1.1. Período Seco

As principais feições encontradas nas cavidades estudadas durante o período seco foram gotejamento

(5 das 7 cavernas onde foram visualizadas feições hidrológicas), condensação (3 das 7 cavernas) e

escoamento (3 das 7 cavernas). Sumidouro temporário e drenagem temporária foram visualizados,

respectivamente, nas cavidades ICMAT-0020 e AB-0001.

Em relação às feições hidrológicas encontradas durante as campanhas de campo no período seco,

foram visualizados gotejamentos nas cavidades ICMAT–0009, ICMAT-0010, ICMAT-0025, ABISMO-

0017 e ABISMO-0018. Estes ocorrem de maneira pontual, na maioria dos casos através de

espeleotemas. Gotículas de condensação foram comumente encontradas nas cavernas ICMAT-0009,

ICMAT-0010 e ICMAT-0017.

Page 33: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Gotejamento observado em espeleotemas nas cavernas ICMAT-0009 (A) e ABISMO-0018 (B).

No ABRIGO-0001 foi visualizado um estreito canal seco oriundo das porções mais altas (a sul) da

vertente onde há uma ravina paralela à direção do maciço de inserção. Provavelmente há um

direcionamento dos fluxos de vertente ao longo desta feição erosiva formando escoamento temporário

e infiltração no interior da cavidade localizada nas porções mais baixas e suavizada da vertente.

ABRIGO-0001. A: Canal de escoamento inativo observado durante a visita de campo (linha

tracejada). Nas porções mais altas da vertente (na direção S) há ravinamento que se estende na

direção do paredão, concentrando fluxos que desaguam no interior da cavidade.

Page 34: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

As cavernas ICMAT-0010, ICMAT-0025 e ICMAT-0035 também apresentaram escoamento. Na

ICMAT-0010 o canal é observado no piso da caverna, contudo no momento da visita, esta feição não

estava ativa. Há também marcas horizontalizadas nas paredes, recobrindo espeleotemas e rocha, a

cerca de 1,5 m do piso, e podem indicar um antigo nível d'água da caverna. De maneira particular, a

ICMAT- 0025 apresenta em sua porção central, escorrimento de água na parede, indicando percolação

de água no interior do maciço. Há indícios que a mesma se encontra parcialmente inundada em

períodos chuvosos. De maneira semelhante, há escoamento oriundo de uma reentrância observada

nas paredes da ICMAT-0035.

Em relação ao escoamento concentrado, foi observado somente um pequeno fluxo na porção norte

da área. Este apresentava, durante a vistoria, uma vazão aproximada de 1 L/s, e penetrava totalmente

no interior da caverna ICMAT-0020, que constitui um sumidouro para o mesmo. Há marcas do nível

do sumidouro, sendo esse um aspecto hidrológico importante desta caverna.

VII.3.1.2. Período úmido

A feição hidrológica com maior incidência nas cavidades estudadas durante o período úmido foram

gotejamentos. Estes ocorrem majoritariamente de forma generalizada no interior das cavernas. As

cavidades ICMAT-0026, ICMAT-0052, ICMAT-0064, ICMAT-0092, ICMAT-0111, ICMAT-0114

apresentaram destaque em relação à abundância destas feições. Em alguns casos, como nas

cavernas ICMAT-0049, ICMAT-0130 e ICMAT-0105 observam-se a formação de poças no piso

geradas pela acumulação de água originadas dos gotejamentos. Pequenas formas arredondam no

piso, preenchidas por água foram encontradas na ICMAT-0130 também associadas aos gotejamentos.

Escoamento foi observado em apenas 3 cavidades, a saber: ICMAT-0049, ICMAT-0064 e ICMAT-

0115.

Feições hidrológicas visualizadas nas cavidades visitadas no período úmido.

A cavidade ICMAT-0046 apresentou água em seu nível inferior. A mesma se desenvolve em quatro

níveis conectados por rupturas em declive moderado. O pequeno lago, aparentemente perene, ocorre

no nível mais inferior na porção distal sudeste da cavidade. Neste nível há diversas aberturas no terço

41

1 24 3

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Gotejamento Lagoa Perene Condensação Poça Escoamento

me

ro d

e F

eiç

õe

s

Hid

roló

gic

as

Page 35: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

inferior da parede com diversas marcas escurecidas na parede indicando níveis de água pretéritos.

Nesta porção os sedimentos apresentam coloração acinzentada, resultado da maior acumulação de

água neste ambiente.

Mapa topográfico da cavidade ICMAT-0046.

VII.4. Análise de impactos do rebaixamento nas cavid ades

A partir do cenário apresentado anteriormente, observa-se que a quase totalidade das cavernas do

projeto EIMCAL apresenta fluxos hídricos pontuais e pouco expressivos, como gotejamentos e

pequenos escoamentos de água, originados por processos de infiltração e percolação de água a partir

do teto, ou mesmo via reentrâncias junto às paredes. Portanto, a dinâmica hídrica das cavernas é

influenciada, primordialmente, pela dinâmica hidrológica epígea, tendo como principal agente a

atuação de águas meteóricas. Desta forma, a entrada de água para o interior das cavernas está

relacionada ao escoamento superficial por processos de vertente.

Page 36: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Esquema ilustrativo sobre as principais formas de recarga dos fluxos subsuperficiais que percolam

até as cavernas.

A configuração morfológica da entrada, as características de inserção, presença de feições

morfológicas, entre outras, também podem contribuir para a entrada de água e influenciar as

características hidrológicas visualizadas durante as campanhas de campo nos períodos úmido e seco.

Para a caverna ICMAT-0046, onde foi encontrado um pequeno lago aparentemente perene com

influência da variação do nível freático, recorreu-se ao cruzamento das informações de altitudes das

bases topográficas e o nível freático aferido em modelo de fluxo de água subterrâneas, apresentado

em HIDROVIA (2014), para a verificação da influência das águas subterrâneas na dinâmica hidrológica

da mesma. Esse modelo foi construído baseado no regime transiente, sendo que este expressa o

comportamento médio do sistema aquífero local. A calibração do modelo em regime transiente

corresponde à data de novembro de 2013 e reflete uma fase anterior a qualquer desaguamento

realizado nas cavas Taquaril e Pedra Bonita (HIDROVIA, 2016).

Os valores de altitude variam de 785 metros a 797,4 metros, sendo que a base de referência (a partir

da qual foram calculados os demais valores) apresenta altitude de 796 metros. O nível freático no local

apresenta variações pequenas e se mantem a 775 metros. A partir dessas informações, não há

indicação da correlação direta entre a água subterr ânea e aquela encontrada na caverna ICMAT-

0046, descartando, a princípio, a influência freáti ca na dinâmica hidrológica da mesma.

Possivelmente trata-se de um nível suspenso, algo co mum em áreas cársticas.

Diante desta constatação, acredita-se que, possivelmente a água encontrada tem origem pluviométrica

e está inserida em um sistema que aparentemente envolve o sumidouro encontrado nas porções mais

altas da vertente na ICMAT-0020. A água que infiltra nesta cavidade, percorre o maciço de inserção

por dutos internos e possivelmente ressurge nas porções inferiores da ICMAT-0046, como observado

durante o estudo.

Ainda existe a possibilidade de esse sistema estar conectado a uma pequena lagoa existente na

porção inferior da vertente, a oeste da entrada da ICMAT-0046. Durante a visita no período úmido,

esta estava parcialmente preenchida por água e observou-se a exfiltração da água no sopé do maciço.

O cenário visualizado indica aparentemente uma área onde predominam processos de acumulação e

infiltração da água. Trata-se se uma área rebaixada em relação ao entorno, que recebe águas de

escoamento das porções mais altas da vertente e pelo escoamento das regiões topograficamente mais

elevadas.

Page 37: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Espacialização das cavidades e indicação da presença e/ou indicativos de feições hidrológicas nas

cavidades visitadas durante o período úmido.

Espacialização das cavidades e indicação da presença e/ou indicativos de feições hidrológicas nas

cavidades visitadas durante o período seco.

Page 38: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Lagoa encontrada na porção norte da área de estudo nas proximidades das cavidades ICMAT-0046

e ICMAT-0020.

Page 39: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Surgência de água observada na baixa vertente nas proximidades da pequena lagoa.

A hipótese apresentada deve ser confirmada por estudos específicos que identifique os fluxos

existentes em subsuperficie. Recomenda-se o uso de traçadores para a identificação de interconexão

subterrânea de modo a confirmar a comunicação subterrânea entre sumidouros e surgências na área

cárstica investigada.

Com relação as formas exocársticas foram mapeadas diversas dolinas na área de investigação. O

estudo realizado por Hidrovia (2016) abarca a relação entre essas feições e a variação do nível freático

e demonstra que as dolinas nomeadas de D2, D3 e D6 encontram-se posicionadas em regiões cujas

superfícies topográfica e potenciométrica são coincidentes, portanto pode haver influência do nível

freático no preenchimento das mesmas (HIDROVIA, 2016). Considerando essas ponderações,

realizou-se uma análise do entorno das feições supracitadas em relação a presença de cavernas e ao

contexto hidrológico na qual se inserem.

Sobre a Dolina D2 não foram identificadas cavernas nas proximidades imediatas.

A partir do que foi apresentado, nota-se que não há influência direta do nível freático nas

cavidades localizadas nas proximidades de dolinas que possuem conexão com a superfície

potenciométrica. De forma geral, apesar da proximidade das dolinas, as mesmas estão localizadas

em contextos ambientais distintos estando associadas a paredões e maciços existentes nas

adjacências.

As cavernas consideradas no presente estudo inseridas no projeto EIMCAL, são secas e as feições

hidrológicas existentes nas cavidades são originarias da precipitação pluviométrica que percorrem os

vazios na zona vadosa da vertente e podem ter conexão com o ambiente cavernícola. A percolação

se dá por meio de fraturas ou pela porosidade dos sedimentos eluvionares que recobrem os maciços

existentes na área.

Desta forma, independentemente do rebaixamento do n ível freático resultado da expansão

vertical da mina, não haverá alteração em processos dependentes das chuvas ou do

escoamento superficial via vertentes.

Page 40: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

No caso da cavidade ICMAT-0046, que apresentou água em seu nível inferior, aparentemente sem

interferência do nível freático, recomenda-se estudo hidrogeológico específico para melhor

compreensão das conexões hidráulicas entre cavidades (ICMAT-0020) e feições morfológicas

externas (lagoa existente no entorno).

Como ressaltado em Hidrovia (2016) existe a necessidade de monitoramento do nível freático em

dolinas que apresentam conexão com a superfície potenciométrica, a saber: D2, D3 e D6.

Page 41: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

VIII. MAPA DE LOCALIZAÇÃO CONFORME SIAM (Grupo Bambuí)

Page 42: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

IX. VISÃO GERAL DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO

Cava Taquaril

Page 43: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

Page 44: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA Em vista do exposto, sugere- se o deferimento do requerido na modalidade de autorização com a vazão de

206 m3/h e tempo de bombeamento de 24 horas , com validade até outubro de 2018, com as seguintes

condicionantes:

1. Instalar sistema de monitoramento de vazões e realizar leituras semanais nos equipamentos

instalados, armazenando-as na forma de planilhas, que deverão ser apresentadas a SUPRAM CM

quando da renovação da outorga ou sempre que solicitado. PRAZO: 90 (noventa) dias a partir

do recebimento do AR do Certificado de Outorga;

2. A empresa deverá garantir a reposição de vazões a terceiros quando verificados impactos em

poços e demais captações no raio de influência da mina. PRAZO: a partir do recebimento do

AR do Certificado de Outorga;

3. Manter o monitoramento das vazões dos pontos de monitoramento superficiais com a

periodicidade quinzenal. PRAZO: a partir do recebimento do AR do Certificado de Outorga;

4. Manter o monitoramento dos níveis de água nos piezômetros já instalados com periodicidade já

executada. PRAZO: a partir do recebimento do AR do Certificado de Outorga;

5. A empresa deverá comunicar oficialmente à SUPRAM CM qualquer interferência nos recursos

hídricos identificada e não prevista, por ventura causada pela execução do rebaixamento, bem

como a ocorrência de dolinamentos no leito de cursos d’água e na área de influência da mina.

Deverá comunicar também caso se verifique vazão medida em qualquer dos pontos monitorados,

inferior à vazão média obtida da série histórica para o correspondente período do ano decrescida

do desvio padrão neste período, eventos atípicos de fluxos de água no interior da mina e

modificações do regime hídrico decorrentes do rebaixamento. PRAZO: a partir do recebimento

do AR do Certificado de Outorga;

6. Executar o monitoramento da qualidade das águas nos pontos de monitoramento de água

superficial e subterrânea, de acordo com a rede instalada com periodicidade semestral e com a

legislação ambiental vigente. PRAZO: a partir do recebimento do AR do Certificado de

Outorga;

7. Comunicar oficialmente a SUPRAM CM qualquer modificação no plano de lavra que resulte em

alterações no sistema de drenagem da mina. PRAZO: a partir do recebimento do AR do

Certificado de Outorga;

8. Apresentar relatórios de consolidação anuais das atividades desenvolvidas no sistema de

rebaixamento da mina, incluindo dados de monitoramento das vazões de bombeamento,

atualização das frentes de desaguamento, contendo balanço hídrico da área de influência da mina,

dados da rede de monitoramento instaladas, interpretados e correlacionados, contemplando

análise e avaliação dos dados obtidos. PRAZO: a partir do recebimento do AR do Certificado

de Outorga;

9. A empresa deverá apresentar modelo matemático hidrogeológico atualizado, incluindo proposta

para adensamento da rede de monitoramento (caso seja detectada a necessidade, com os dados

obtidos no modelo). PRAZO: na formalização do processo de renovação da p ortaria;

10. Caso a água proveniente do rebaixamento seja disponibilizada aos Condomínios Quintas da

Fazendinha e Comunidade Araçás, apresentar plano de monitoramento de vazão e qualidade de

água a ser utilizada nas unidades, bem como comprovação do aceite de tais comunidades no

Page 45: Processo 15960 2014 eimcal

PARECER TÉCNICO

ÁGUA SUBTERRÂNEA

recebimento da água para compor sistema de abastecimento. PRAZO: 60 (sessenta) dias antes

de iniciar o fornecimento às unidades;

11. Manter o limite do raio de proteção das cavidades existentes no perímetro das áreas de influência.

Executar monitoramento efetivo das mesmas, comunicando à SUPRAM CM qualquer intervenção

ou modificação detectada durante o rebaixamento. PRAZO: a partir do recebimento do AR do

Certificado de Outorga;

12. Apresentar proposta de monitoramento referente ao nível d’água nas dolinas existentes no

empreendimento e detectadas em seu entorno e de adensamento da rede superficial em

substituição aos pontos considerados secos. PRAZO: 60 (sessenta) dias a partir do

recebimento do AR do Certificado de Outorga;

13. Apresentar estudo de detalhamento para as cavidades ICMAT - 0020 e ICMAT - 0046

evidenciando ou não a existências de conecções hidráulicas entre as mesmas e com as feições

morfológicas externas (lagoa existente no entorno). PRAZO: 90 (noventa) dias a partir do

recebimento do AR do Certificado de Outorga;

14. Efetuar ou atualizar o cadastro referente ao uso do recurso hídrico no Cadastro Nacional de

Usuários de Recursos Hídricos – CNARH/ANA, por meio do site http://cnarh.ana.gov.br, conforme

Resolução Conjunta SEMAD/IGAM n° 1844/2013, bem como protocolar na SUPRAM CM

documento comprobatório do cadastramento. PRAZO: 60 (sessenta) dias a partir do

recebimento do AR do Certificado de Outorga;

15. Apresentar PUA – Plano de Utilização da Água conforme DN CERH 37/20112011 e 48/2014.

PRAZO: de acordo com os prazos estabelecidos nas DNs .