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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL Tema: Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural Autor: Jobe Domingos Mavaieie Vilankulo, Maio 2014

Tese Analise do impacto do hivsida na seguranca alimentar e nutricional das familias rurais do distrito de xai xai

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Tema:

Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas

Famílias Rurais do Distrito de Xai-Xai

Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural

Autor:

Jobe Domingos Mavaieie

Vilankulo, Maio 2014

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Jobe Domingos Mavaieie

Tema:

Análise Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas

Famílias Rurais do distrito de Xai-Xai

Relatório apresentado no Departamento

de Sociologia Rural para obtenção do grau

de Licenciatura em Comunicação

e Extensão Rural

Supervisora:

dr. Lúcio Muchanga

Co-supervisor

dr. Rosário Conhece

UEM-ESUDER

Vilankulo

2014

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ÍNDICE

Conteúdos……………...…………..…………….……………….……………….páginas

Declaração de honra………………………………………….……………...……..………i

Dedicatória…………..……………………………………………………….…………....ii

Agradecimentos………………………………………………….... ………...…...……...iii

Lista de abreviaturas……………………………………………………………………...iv

Lista de figuras ……………………. ………………………..…………………....,….....vi

Lista de tabelas…………………………………………..…………….............................vi

Lista de gráficos………………………………………..……………...…………….......vii

Lista de anexos…………………………………………...…………………....……......viii

Glossário………………………………………...…...…………………........……...……ix

Resumo……………………..…………………………………………..…………………x

I. INTRODUÇÃO……….……………………………………………………..…...........1

1.1.Problema……...…………………………………………………………..…………...2

1.2.Justificativa………………………………………………………………….………...2

1.3.Objectivos…………………………………………………………………….…….....3

Geral:……...……………………………………………………………………………....3

Específico………………………………………………………………………….……...3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………...………4

2.1. Historial do HIV/SIDA………………………………………………….…………...4

2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA…………………………………….…………..5

2.1.2. Estágios de HIV e SIDA………………………………………………….………..6

2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África…………..….6

2.1.3.1. Analfabetismo………………………………………………………………….…6

Page 4: Tese Analise do impacto do hivsida na seguranca alimentar e nutricional das familias rurais do distrito de xai xai

2.1.3.2. Pobreza………………………………………………………..……………….....6

2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA…………………………………..……………...…..7

2.5. Agricultura na África subsaariana……………………………….…………………...7

2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura……………………………………..…..8

2.6. Segurança alimentar e nutricional…………………………………………………...10

2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN)....10

2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional………………….....12

2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA......13

III.METODOLOGIA…………………………………………………………………..15

3.1. Descrição da área de estudo………………………………………………………...15

3.1.1. Situação geográfica………………………………………………………………..15

1.2. Amostra…………………………………………………………………….....17

3.3. Técnicas de Recolha Dados…………………………………………………………18

3.4. Análise de dados………………………………………………….………………....19

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………….20

4.1. Características gerais dos agregados familiares………………………………….….20

4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN……………………….……24

4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção………………………….…..24

4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família.…..25

4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares).…..26

4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar………………….....27

4.2.6. Consumo alimentar (No de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou Morte

no AF…………………………………………………………………………………….28

4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados

familiares…………………………………………………………………………………29

Page 5: Tese Analise do impacto do hivsida na seguranca alimentar e nutricional das familias rurais do distrito de xai xai

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ………………………………………..30

5.1. Conclusões………………………………………………………………………......30

5.2. Recomendações…………………………………………………………………......31

5.3. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA……………………………………………....33

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i

DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu Jobe Domingos Mavaieie, declaro por minha honra que o presente trabalho de

culminação do curso na categoria de estágio profissional é da minha autoria, e nunca foi

apresentado em nenhuma outra instituição. Declaro também por minha honra que os

dados usados correspondem a realidade.

Vilankulos________de_________________________ de 2014

___________________________________

(Jobe Domingos Mavaieie)

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ii

DEDICÁTORIA

Dedico este trabalho a toda minha família, especialmente ao meu pai Domingos

Francisco Mavaieie e sua esposa Avelina Matavel.

Aos meus eternos heróis vai a minha especial dedicatória, pelos conhecimentos vitalícios

que me foram administrados. A minha mãe Lídia Francisco Matsove (Em memória).

Aos meus Irmãos, Mónica, mano Luís e sua esposa, constância, Bonita, Felismina,

Bianna, Daniel, Elisinha, Rosinha, Leonel, mano Levi, e primos.

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iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, o meu Supremo mestre.

Agradeço a UEM-ESUDER pela formação que me concedeu e ao meu supervisor dr.

Lúcio Muchanga e co-supervisor dr. Rosário Conhece, pela paciência que sempre tiveram

comigo para a efectivação do vertente trabalho.

Agradeço a todos meus colegas de curso especialmente: Gizela Uamusse e Graciete

Novela pela inestimável ajuda que deram nos momentos de crise.

A vizinha Ornilda, aos colegas Amândio Maposse, Miller Mamuquel, Arsénio Madope,

Geraldo Sitóe, pela sua atenção nos momentos em que mais precisei deles para

assimilação dos conteúdos científicos abordados durante a longa e inesquecível jornada

académica.

Agradeço aos meus colegas do grupo (Stélio Manjate, Santana Carlos e Alda Manhique e

Dalmácia Maria) pela amizade, irmandade, camaradagem e pelos frenéticos debates que

nos caracterizou para a consolidação dos meus conhecimentos, vai ai o meu muito

obrigado.

Aos meus Irmãos da vida Jubaido Nhabique, Imercio Pelembe, Shinoka Mabote, José

Matsimbe, Edson Bie, Crescência Dava, Quitéria, Mahite, Crimildo Sambuco e Edson

Madiva. Pelas suas qualidades inestimáveis e pelo alto nível do espírito de fraternidade e

amizade que demonstraram em todas as circunstâncias do meu percurso académico vai aí

o meu muito obrigado por tudo.

A família Chirindza, a mãe da Cíntia, dona Admira, Lau e ao Milton por tudo quanto

fizeram por mim e pelo altruísmo denotado endereço a minha eterna gratidão por tudo.

Aos Serviços Distritais da Mulher e Acção Social de Xai-Xai e Serviços Distritais de

Actividades Económicas de Xai-Xai, em especial a chefe da repartição de produção

Agrícola Bele e ao técnico de extensão rural afecto em chicumbane.

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iv

LISTA DE ABREVIATURAS

ASS – África Subsaariana

ESUDER – Escola Superior de Desenvolvimento Rural

INSAN – Insegurança Alimentar e Nutricional

INSIDA – Inquérito Nacional de prevalência, Risco Comportamento e Informação sobre

MINAG – Ministério da Agricultura

MONASO – Rede Moçambicana de Organizações contra SIDA

LISTA DE SIGLAS

AF’s – Agregados Familiares

CM – Circuncisão Masculina

CNCS – Conselho Nacional de Combate ao SIDA

DPSG – Direcção Provincial da Saúde de Gaza

DPA – Direcção Provincial da Agricultura

ECA – Economic Commision for Africa

EN1 – Estrada Nacional Número 1

FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

GCC – Gestores de Casos comunitários

HIV – Vírus de Imunodeficiência Humana

ILO – International Labour Organization

INE – Instituto Nacional de Estatística

o HIV e SIDA em Moçambique

MAE – Ministério da Administração Estatal

NPCS – Núcleo Provincial de Combate ao Sida

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v

ODI – Oversea Development Institute

ONUSIDA – Programa conjunto das Nações Unidas para HIV/SIDA

PEN – Plano Estratégico Nacional de HIV e SIDA

PMA – Programa Mundial da Alimentação

PVHS – Pessoa Vivendo Com HIV e SIDA

RSA – South Africa Republic

SAN – Segurança Alimentar e Nutricional

SDAE - Serviços Distritais das Actividades Económicas

SDMSAS – Serviços Distritais da Mulher Saúde e Acção Social

SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional

SIDA – Síndroma de Imunodeficiência Adquirida

SPSS – Statistical Package for the Social Science

UEM – Universidade Eduardo Mondlane

UNAIDS – Programa das Nações Unidas para o SIDA

UNESCO – Organização das Nações Unidas Para a Educação, a Ciências e a Cultura

UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância

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vi

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura no 1: Ligações cíclicas entre o HIV/SIDA, pobreza e a INSAN………………....12

Figura no 2: mapa do distrito de Xai-Xai………………………………………………...15

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela no 1: Determinação do tamanho da amostra……...………………………………18

Tabela no2: Sexo dos afectados por HIV/SIDA ……………. ……………. …………. .20

Tabela no3: Estado civil dos afectados por HIV/SIDA ………………….….…..............20

Tabela no 4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal……………………...23

Tabela no5: implicações do HIV/SIDA com a área de Produção ………………….……24

Tabela No6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente….26

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vii

LISTA DE GRÁFICOS

Página

Gráfico no 1: Composição etária dos Membros do agregado familiar…………………..21

Gráfico no 2: Nível de escolaridade dos entrevistados…………………..…………….…22

Gráfico no 3: Produção de milho antes e depois de do AF estar afectado..........................25

Gráfico no

4: Meses médios que o AF possui reservas alimentares antes e depois de

afectado pelo HIV/SIDA..……………………………………………………………….26

Gráfico no

5: Dinheiro que o AF Fazia antes e depois de ter um membro doente ou

morto………………………………………………………………………..……………27

Gráfico no 6: Consumo alimentar………...………………………………………………28

Gráfico no7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro…..29

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viii

LISTA DE APÊNDICES

Página

Inquérito usado na pesquisa………………………………………………………….…….I

Output de teste de medias……………………………………………………………….IV

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ix

GLOSSÁRIO

Agregado familiar: Uma ou mais pessoas ligadas ou não por laços de parentesco que

vivem na mesma casa, em comunhão de mesa, e partilham a maior parte das despesas da

casa. O termo família também é utilizado no sentido de «agregado familiar».

Chefe do AF: É a pessoa responsável pelo agregado

Epidemia: Uma doença, geralmente infecciosa, que se espalha em curto período de

tempo numa determinada área geográfica.

Família Afectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa

doente ou que tenha morrido devido à SIDA.

Família infectada pelo HIV/SIDA: agregado familiar com pelo menos uma pessoa que

tem vírus de HIV.

Família rural: é uma unidade de produção que considera que o acesso a terra é

indispensável para a obtenção de um resultado agrícola em espécie e, eventualmente em

dinheiro.

HIV: O vírus da imunodeficiência humana - que enfraquece o sistema imune e conduz à

SIDA

Nutrição: refere-se a forma como o organismo transforma e utiliza os alimentos e a sua

relação com a saúde, hábitos, costumes e práticas alimentares. A alteração do estado

nutricional é geralmente conhecida por malnutrição.

Reserva alimentar: refere-se ao armazenamento de quantidades volumosas de alimentos

para a satisfação das necessidades de consumo alimentar no agregado familiar.

Segurança alimentar e nutricional: refere-se a acesso físico e económico aos alimentos

de todas as pessoas, em todos os momentos à alimentação suficiente com vista a garantir

uma vida activa e saudável.

Segurança alimentar: ocorre quando não há problemas de acesso aos alimentos em

termos qualitativos ou quantitativos e não há preocupação que os alimentos venham a

faltar.

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x

RESUMO

É cada vez mais evidente que a epidemia do HIV/SIDA afecta todos sectores da

sociedade. Os seus impactos são multidimensionais e sistemáticos, o que poderá ameaçar

os esforços de redução da insegurança alimentar em Moçambique. A epidemia é

exacerbada pelas disparidades de género, bem como pelo fraco acesso aos serviços sócias

e a informação. O aumento de doenças e mortes devido ao HIV/SIDA em jovens e

adultos afecta famílias e comunidades inteiras, agrava os problemas de acesso a

alimentos. O presente trabalho analisa o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e

nutricional das famílias rurais do distrito de Xai-Xai. O presente trabalho usou método

quantitativo e qualitativo para a recolha de dados. Os dados quantitativos foram colhidos

com base no inquérito dirigido a 47 AFs com algum membro doente ou que perdeu a vida

nos últimos dois (2) anos. Os dados qualitativos foram colhidos com base na observação.

Os dados foram analisados usando o pacote estatístico SPSS que permitiu gerar

frequências e comparações com teste t. Também foi usado Excel que permitiu a geração

de gráficos e tabelas. Os resultados do estudo mostram que a maior parte dos AFs tem

agricultura como ocupação principal. Devido a doença ou morte parte considerável (59%)

de AFs reduziu as suas áreas de cultivo e outros (13%) abandonaram completamente a

actividade agrícola. A produção de milho reduziu consideravelmente, o que afectou

negativamente a renda proveniente da agricultura. A maior parte dos AFs reduziu o

número de refeições e crianças passaram a trabalhar mais. O estudo deixa como

recomendação fundamental a integração da componente de SAN em todos os projectos

que visam mitigar o impacto do HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de

infecção pelo HIV, diminuir a progressão do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos

infectados.

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Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de

Xai-Xai.

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I. INTRODUÇÃO

O Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma questão fundamental para o

desenvolvimento da África Subsaariana (ASS), devido a expansão da doença e do número

de mortes na idade mais produtiva e reprodutiva (15 aos 49 anos de idade). O SIDA afecta

todos os grupos e sectores socioeconómicos, desde agricultores de subsistência e

trabalhadores de outros sectores, provocando a redução dos recursos humanos, o que causa

a redução da produção e produtividade (ONUSIDA, 2008).

Calcula-se que a ASS, tenha o mais alto nível de HIV e SIDA no mundo (2/3 da

população infectada encontra-se na ASS, onde vivem apenas 11% da população do

mundo); quer dizer que vivem na ASS, 22.5 milhões de pessoas infectadas entre adultos e

crianças. Acredita-se que 15 milhões de pessoas perderam a vida devido a doença, mais de

11 milhões perderam parentes e ocorrem mais de 7.000 infecções por dia nesta região de

África (MEGAS, 2008; UNISIDA, 2011).

A África Austral é o epicentro da epidemia global do HIV e SIDA, onde até 2005 a

seroprevalência era superior a 15% (MEGAS, 2008). A Suazilândia é o país com maiores

índices na região com uma taxa que se estima em 25.9% (UNAIDS, 2009) seguido de

Botswana, Zimbabwe, Namíbia e África do Sul (ILO, 2004; SHOBER, 2005). Apesar de

haver melhorias na redução de infecções, a situação continua bastante preocupante porque

em muitos países o número de infecções ainda não se estabilizou.

Em Moçambique a prevalência de HIV é de 11.15%, e geograficamente a província de

Gaza é a mais infectada com cerca de 23.35% e a província de Niassa a menos infectada

com cerca de 3.8% (INSIDA, 2009).

De acordo com a FAO (2013), em países muito afectados tal como Moçambique, os

programas nacionais de redução da pobreza e da insegurança alimentar e nutrição, devem

incorporar entre outros aspectos, medidas específicas de prevenção do HIV, assistência

nutricional e mitigação dos efeitos do SIDA.

Esta pesquisa procura compreender o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e

nutricional no seio das famílias cuja sua subsistência depende da actividade agrícola, tendo

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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 2

um enfoque particular para a população de posto Administrativo de Chicumbane e

Chongoene, no distrito de Xai-Xai.

1.1. Problema

O HIV/SIDA tem um efeito multiplicador negativo, com consequências drásticas para a

força produtiva. Por um lado, HIV/SIDA tem efeito directo na redução da produção e da

produtividade, acabando por diminuir a oferta nacional dos alimentos, ou seja, a sua

disponibilidade e acesso. Por outro lado, reduz a capacidade produtiva dos infectados que

acabam por ter menos produção directa, menos receitas e por consequência, menor

consumo e absorção de alimentos, numa fase em que as necessidades nutricionais são

grandes.

Com a situação supracitada surgi a seguinte questão:

Qual é o impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional das famílias

rurais do distrito de Xai-Xai?

1.2. Justificativa

Dado que os AFs afectados pelo HIV/SIDA têm produções mais baixas e qualidade de

dieta mais pobre, quando comparadas com os AFs não afectados pelo HIV/SIDA, devido a

incapacidade laboral e à baixa produtividade, a realização deste trabalho ganha

importância, na medida em que, visa analisar, compreender questões inerentes ao

HIV/SIDA e SAN a nível dos AFs, contribuindo para reforçar as capacidades das famílias

de encontrar soluções locais para a sua protecção e o atendimento de pessoas tornadas

vulneráveis a insegurança alimentar e nutricional pelo HIV/SIDA. A nível académico

servirá de referência para outros estudos similares que serão desenvolvidos na mesma linha

de investigação.

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Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de

Xai-Xai.

Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 3

1.3. Objectivos

Geral:

Analisar o Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nas famílias

rurais no distrito de Xai-Xai.

Específicos:

Descrever as principais características dos agregados familiares afectados pelo HIV

e SIDA;

Identificar os efeitos do HIV e SIDA na produção, renda e bem-estar do AF;

Descrever as estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos

agregados familiares.

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Xai-Xai.

Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 4

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Historial do HIV/SIDA

O SIDA (Sindroma de Imunodeficiência Adquirida) é um conjunto de infecções

devastadoras causadas pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV). O vírus ataca e

destrói células brancas do sangue que são essenciais ao sistema imunológico do organismo

(INSIDA, 2009). Até ao momento não existe vacina e cura para a doença apesar de

pesquisas estarem a decorrer (ARAÚJO at al., 2012).

JACKSON (2004), afirma que os primeiros casos do SIDA no mundo foram detectados

nos anos de 1950 e 1960, a partir de amostras de sangue de pessoas que haviam falecido de

uma deficiência imunológica desconhecida. Primeiramente o vírus atingiu uma população

móvel e sexualmente activa que o disseminou. INSIDA (2009) afirma que a epidemia do

SIDA foi reconhecida pela primeira vez em todo mundo em 1981, sendo reconhecida como

epidemia mais destrutiva da actualidade.

Em 2004, cerca de 42 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo; dos quais 37

milhões tinham idades compreendidas entre os 15 - 49 anos de idade (MÓNICA, 2007).

Actualmente, estima-se que 33.3 milhões de pessoas estejam a viver com a epidemia

(ONUSIDA, 2009).

A África Subsaariana (ASS) registou um crescimento mais explosivo da epidemia desde

a década de 1990, em 2009 a ASS tinha 22.5 milhões de pessoas vivendo com HIV e SIDA

(PVHS), o que representa 2/3 da população mundial que vive com HIV e SIDA, por outro

lado, foi a região que apresentou os primeiros casos de óbitos (UNAIDS, 2011).

Na ASS a pobreza, a desigualdade entre os sexos e a vulnerabilidade as catástrofes

naturais geram um meio ambiente que exacerba os impactos do HIV e SIDA (ONUSIDA,

1999a). Esta região conta com uma proporção maior de pessoas pobres no mundo, e onde

os padrões de vida caíram em geral nos últimos anos. De alguns anos para cá, a

preocupação com o impacto do HIV e SIDA na ASS com relação ao desenvolvimento

sustentável é crescente (ILO, 2004). Na década 1980 a Uganda foi reconhecida como a

capital mundial de SIDA (JACKSON, 2004).

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Xai-Xai.

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Em 2007 existiam na África Austral 11.3 milhões de PVHS e a prevalência do HIV

ultrapassava 15% em países como Botswana, Suazilândia, Lesoto, Namíbia, África do Sul,

Zâmbia, Zimbabwe e Moçambique (CNCS, 2004; UNESCO, 2007; CRUSH et al., 2011)

Em Moçambique o HIV e SIDA tornou-se um problema de saúde pública grave,

estimando-se que cerca de 11.15% da população vive com HIV e SIDA, dos quais 13.1%

são mulheres e 9.2% são homens. Estima-se que em Moçambique 1,6 milhões de pessoas

vivem com HIV e SIDA e que cerca de 440 infecções pelo vírus de HIV ocorrem

diariamente e aproximadamente 510.000 crianças menores de 18 anos tornam-se órfãs de

HIV e SIDA anualmente (INSIDA, 2009; MONASO, 2010).

Na provincial de Gaza, a prevalência média de HIV e SIDA é de 25.1% (INSIDA,

2009). O número de casos de HIV/SIDA é maior nos distritos de Chibuto, Manjacaze,

cidade de Xai-Xai, Chókwè, Guijá, Bilene e no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013).

As mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV e geralmente a

uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e económico

desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e fisiológica a

infecção pelo HIV e morrem também jovens (JACKSON, 2004; UNESCO, 2007). As

pessoas infectadas são economicamente activas nos primeiros anos de vida, sendo

responsáveis de famílias (INSIDA, 2009).

O distrito de Xai-Xai apresenta o índice de prevalência de 27%, o HIV/SIDA é a segunda

causa de consulta e primeira causa de internamento no distrito de Xai-Xai (DPS-G, 2013).

2.1.1. Vias de transmissão do HIV/SIDA

O principal modo de transmissão do HIV na África Subsaariana é através de relações

sexuais penetrativos, particularmente as relações heterossexuais não protegidas. Estima-se

que estes representam 93% dos casos entre os adultos, seguida de transmissão vertical (da

mãe para o bebé antes ou durante o nascimento e durante a fase de amamentação) e das

transfusões de sangue (ONUSIDA, 1999b). Em Moçambique, mais de 90% de casos de

transmissão do vírus de SIDA ocorre por relações sexuais (relações sexuais com múltiplos

parceiros sem protecção) (INSIDA, 2009).

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Análise do Impacto do HIV/SIDA na Segurança Alimentar e Nutricional nas Famílias Rurais do Distrito de

Xai-Xai.

Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 6

2.1.2. Estágios de HIV e SIDA

O comportamento social difere entre estágios da epidemia de HIV e SIDA. Podemos

diferenciar dois estágios:

O estágio de HIV – Constitui a primeira fase após a infecção pelo vírus, durante este

período as pessoas não se apercebem da transmissão de HIV e tem poucos sintomas.

O estágio de SIDA - Um período quando muitas pessoas têm sintomas e o problema não

pode ser mais ignorado (BARNETT & WHITESIDE, 2006). É a fase final da infecção com

HIV. Nesta fase destrói-se o sistema Imunológico, reduzindo a capacidade do organismo

combater doenças e infecções. Os sintomas incluem a rápida perda de peso, tosse seca,

diarreia durando mais de uma semana, febres recorrentes, gânglios linfáticos inchados,

erupções cutâneas, perda de memória, depressão, demência e fadiga crónica, portanto, estes

sintomas podem estar associados a outras doenças (FAO, 2004).

2.1.3. Principais factores impulsionadores da epidemia do HIV em África

2.1.3.1. Analfabetismo

A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o

estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens

culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um factor

propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como

um todo (FAO 2000).

Segundo a UNESCO (2007), a alfabetização abre os olhos das pessoas a entender que o

HIV mata, e eles devem mudar de atitude e acreditar nisso. Muitas pessoas que vivem nas

zonas rurais não compreendem as mensagens de prevenção porque são analfabetas, sendo

este caso mais visível nas mulheres do que nos homens em todo o mundo. Em

determinados países como por exemplo Moçambique, o analfabetismo atinge duas vezes

mais as mulheres do que os homens.

2.1.3.2. Pobreza

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Xai-Xai.

Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 7

A pobreza contribui para a vulnerabilidade face ao SIDA uma vez que um regime alimentar

pobre, más condições de habitação e higiene tornam as pessoas portadoras do HIV mais

vulneráveis às doenças relacionadas com a SIDA. A pobreza incita as mulheres a

sobreviverem e a satisfazerem as necessidades das suas famílias praticando relações

sexuais não protegidas (UNAIDS, 2006)

2.1.4. Impacto social do HIV/SIDA

Os mais afectados pelo HIV/SIDA são o grupo populacional que está na idade produtiva

(15-49 anos), o que leva a um empobrecimento dos agregados familiares e perda de

conhecimento devido a morte dos mais velhos sem deixar muitas vezes os conhecimentos

aos mais novos, conduzindo assim ao decréscimo da produtividade agrícola (BARRETO,

2000).

Dado que a deterioração do estado de saúde devido ao SIDA é bastante lenta, muitas

famílias esgotam todas as suas poupanças antes do doente morrer, perdem rendimentos,

devido aos custos da assistência médica à pessoa infectada sendo maior em famílias que

têm mais do que uma pessoa doente. Além da redução do rendimento do agregado familiar,

os sobreviventes, tratando-se da mulher e filhos, poderão perder o acesso às suas terras,

casa, machambas e outros bens, devido ao apoderamento das terras pela família do marido

falecido agravando assim a sua condição de sobrevivência, e poderá resultar no

agravamento da vulnerabilidade da mulher e das crianças (ONUSIDA, 1999).

2.5. Agricultura na África subsahariana

Na África subsahariana (ASS) a produção agrícola é principalmente de sequeiro e os

sistemas de produção são altamente dependentes das zonas agroecológicas de acordo com a

mudança na intensidade de precipitação e evapotranspiração. As principais culturas da ASS

são milho (Zea mays L.), mapira (Sorghum bicolor), arroz (Oryzae sativa L), feijão nhemba

(Vigna unguiculata L.) e amendoim (Arachis Hypogaea L.), sendo o milho a principal fonte

de carboihidractos e feijões fonte de proteína (FAO, 2007).

Na ASS a pobreza é acentuada nas zonas rurais. A principal actividade económica dos

pobres nas zonas rurais continua a ser agricultura, e fortalecer esse sector pode fazer com

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que o rendimento per capita aumente de nível. A maioria dos que perdem a vida por SIDA

encontra-se na idade produtiva (UNAIDS, 2001). A FAO (2007), afirma que soluções

eficazes contra o HIV e SIDA contam com intervenção no sector agrário. Este sector apoia

tanto na prevenção assim como na diminuição de consequências do HIV e SIDA.

A agricultura nos países em desenvolvimento gera uma média de 29% do PIB e emprega

65% da força de trabalho (BANCO MUNDIAL, 2008). A maior parte dos agricultores são

de subsistência e são pessoas mais vulneráveis, tendo em vista o seu baixo nível de

educação. A crónica vulnerabilidade causada pelo HIV e SIDA agravou os impactos da

crise de alimentos em 2002 (ILO, 2004).

Para Moçambique agricultura é um pilar da economia nacional. Contribui com 25% do

PIB. Cerca de 80% da população activa do país está empregue no sector agrário. A maior

parte da população (70%) depende da agricultura como fonte de sobrevivência. O sector é

dominado pelo sector familiar com cerca de 3,7 milhões de pequenas explorações com uma

área de 1.1 ha/família. O desenvolvimento da agricultura é fundamental para reduzir a

pobreza, pois 80% do rendimento das famílias rurais provem do sector (MINAG, 2011).

Cerca de 95% do total da produção agrícola é proveniente de pequenas explorações,

enquanto os restantes 5% são atribuídos agricultores comerciais, que se concentram nas

culturas de rendimento. Os agricultores moçambicanos têm fraco conhecimento de técnicas

de produção e de práticas comerciais avançadas. Essa situação é agravada pela baixa

cobertura dos serviços de extensão. Em 2008 apenas 8.3% dos agricultores tiveram acesso

aos serviços de extensão (MINAG, 2010).

2.5.1. Implicações do HIV/SIDA na agricultura

Cerca de 80% da população de alguns países africanos depende da agricultura de

subsistência, em particular 84% das mulheres activas estão engajadas no sector agrário

(FAO, 2004). Em contra partida, o maior número de infectados e afectados são mulheres

(INSIDA, 2009). O HIV afecta negativamente a quantidade e qualidade da produção

agrícola devido ao tempo que estas gastam a cuidar de doentes e dependência da força de

trabalho (UNAIDS, 2000 & KWADWO et al., 2010).

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De acordo com Banco Mundial (2008), Cerca de 95% das pessoas que vivem e morem

infectados por HIV e SIDA estão nos países em desenvolvimento e a maioria são pobres

pertencentes ao mundo rural. Os impactos da epidemia nas populações rurais pobres são

muito inter-relacionados, podendo ser sentidos, mais dramaticamente na pobreza extrema,

insegurança alimentar, má nutrição, redução da força de trabalho e perda de conhecimento

essencial que é transmitido de geração em geração, este ciclo devastador tem de ser

quebrado porque o sector agrícola tem um papel crucial para os países em desenvolvimento

(FAO, 2007).

O SIDA afecta a agricultura, directa e indirectamente alterando o fornecimento de

trabalho, bens, padrões de agricultura e outras actividades, bem como as comunidades

como um todo e a economia em geral. O aumento da prevalência do HIV e SIDA, aumenta

a pobreza, pode paralisar a produção agrícola em diversos países, agravando o problema da

fome (UNAIDS, 2001; ODI, 2005).

As previsões sobre os impactos da doença na produção rural africana indicam uma

redução drástica da força de trabalho no campo: Estima-se que até 2020 Namíbia e

Botswana terão uma redução da força de trabalho em 26% e 23% respectivamente. O HIV

e SIDA reduzirá as economias africanas e aumentará a fragilidade das comunidades rurais

em relação a alimentação devido a queda da produção de subsistência e morte prematura da

população rural (ONUSIDA, 1999a).

Altas taxas de mortalidade associadas ao HIV e SIDA, levam a perda de transferência de

conhecimento da agricultura dos progenitores que perdem a vida antes de passar os

conhecimentos aos seus filhos e o sistema tradicional de educação da comunidade a ser

quebrado pela doença. Além disso com a morte de membro da família que trabalha, os

filhos assumem o papel de chefe de família, afectando negativamente a segurança alimentar

da família (CARTER, 2009).

Estudos feitos em famílias rurais na Tailândia e em famílias urbanas da Costa do

Marfim constataram que a produção agrícola e a renda caíram entre 52 e 67 %

respectivamente para as famílias afectadas por SIDA (ABIA, 2003). Outro estudo realizado

em Quénia concluiu que a área cultivada diminuiu em 26% com a morte do chefe do AF e

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um declínio no rendimento (ECA, 2006). Na Zâmbia a morte do pai de uma família

conduziu a redução da renda do AF em 80% (ONUSIDA, 2009).

O HIV e SIDA, compromete a inter-relação entre famílias, tais como a troca de mão-de-

obra ou a partilha de animais de carga. Os agricultores mais ricos e as propriedades

comerciais, vê frustrada a sua capacidade para contratar trabalhadores para cultivar grandes

áreas devido a escassez da mão-de-obra, sendo obrigadas a reduzir as suas áreas de trabalho

(FAO, 2007).

O HIV induziu a mudança dos sistemas agrários das famílias rurais afectadas, substituiu

as culturas de rendimento por culturas alimentares que exigem menor esforço, por exemplo

o abandono da cultura de café a favor de mandioca e banana, substituíram algodão por

amendoim e milho em Zimbabwe (KWADWO et al., 2010).

A perda da base do conhecimento da sociedade e enfraquecimento dos sectores de

produção destrói o capital social, inibe o desenvolvimento do sector público, privado e de

todos os sectores da sociedade, prejudicando o crescimento económico (TENGLER, 2007).

2.6. Segurança alimentar e nutricional

Segundo SETSAN (2006a), segurança alimentar é a possibilidade de acesso físico e

económico a todo tempo aos alimentos para que se tenha uma vida activa e saudável com a

observância dos seus três pilares da SAN que são:

Disponibilidade dos alimentos relativos a produção própria, remessas, compra e oferta;

Acesso aos alimentos concernentes a venda, reservas alimentares e poder de compra;

Utilização e uso dos alimentos respeitante a educação nutricional, saneamento do meio e

dos alimentos, doenças endémicas.

E estar-se-á em insegurança alimentar e nutricional se um dos três pilares não for

observado.

2.6.1. Ligação entre o HIV/SIDA e a Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN)

Como sintetizam GILLESPIE & HADDAD (2001), o HIV/SIDA e a pobreza, em

grande parte relacionam-se com a insegurança alimentar, e interagem num ciclo vicioso. A

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pobreza aumenta a exposição ao HIV/SIDA, bem como ao impacto do mesmo. Na vertente

inversa, o HIV/SIDA cria empobrecimento e, com o aumento da pobreza a curto e médio

prazo pode reduzir as várias formas de activos: humanos, sociais, financeiros, físicos,

naturais, informacionais e políticos.

Mas, segundo WHITESIDE (2002), a ênfase até recentemente era dada no

empobrecimento financeiro e do rendimento, pois as famílias e as nações tornavam-se mais

pobres como resultado da doença e morte de seus membros e cidadãos.

Ainda segundo WHITESIDE, a SIDA afecta rendimentos e recursos familiares e a

pessoa doente precisa de cuidados, medicamentos, tratamentos e possivelmente uma

especial dieta alimentar, aumentando despesas extras. Também quando alguém morre, o

funeral torna-se num escoamento adicional dos recursos e, um segundo impacto, é

percebido se a pessoa que morreu está na fase adulta, e sua doença e eventual morte reduz

o rendimento familiar tornando susceptível o impacto do HIV/SIDA na família, a longo

prazo.

Uma outra visão sobre a relação entre HIV/SIDA e pobreza é o facto de a SIDA

intensificar a pobreza e aumentar desigualdades a todos níveis, partindo da família até a

economia global. Esta epidemia destrói os esforços para redução da pobreza, distribuição

do rendimento e activos, produtividade e crescimento económico (SETSAN, 2006a).

WHITESIDE (2002) alerta que, como a doença reduz o rendimento e torna a

produtividade mais baixa na prática de agricultura para o auto-sustento, e surgem mudanças

que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de alimentos em famílias afectadas

reduz entre 15% a 30%. A qualidade da dieta em PVHS é importante para melhorar a

sobrevivência, mas torna-se cada vez mais difícil de se obter por causa da doença.

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Figura no1: Ligações Cíclicas entre o HIV/SIDA, Pobreza e a INSAN

Fonte: CASTELO, 2010

Legenda:

Primeiro ciclo:

Segundo ciclo:

Segundo CASTELO (2010), a relação entre HIV/SIDA, pobreza e INSAN obedece o

seguinte ciclo:

Primeiro Ciclo - O HIV/SIDA pode gerar pobreza e posteriormente insegurança alimentar.

Se numa família estável o chefe do AF for infectado e adoecer, considerando que este é o

membro economicamente activo da família, haverá ruptura de rendimento debilitando a

situação económica do seu lar (a curto prazo pode não se verificar caso haja poupanças),

mas a médio prazo esta família pode confrontar-se com falta de recursos para atender as

necessidades básicas (fase de pobreza).

Deste modo, posteriormente podem se enfrentar problemas de cumprimento dos pilares da

SAN que são: a disponibilidade de alimentos; o acesso aos alimentos; a utilização dos

alimentos; e a estabilidade na disponibilidade.

Segundo Ciclo – o HIV/SIDA é a causa última gerada pela pobreza aliada a insegurança

alimentar. Devido a fraca possibilidade de cumprimento de necessidades básicas incluindo

a falta de alimentos, as pessoas tornam-se mais expostas ao risco à medida que vão a

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procura de melhores condições de vida para a satisfação de seu estado actual de pobreza.

São exemplos disso, o sexo comercial, as actividades comerciais interprovinciais ou

internacionais que necessitam da deslocação das pessoas em distâncias.

2.6.2. Impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional

A medida que as taxas de HIV/SIDA continuam a aumentar em todo o mundo, a doença

exerce um impacto cada vez maior na segurança alimentar e nutricional. Quando o HIV

atinge um agregado familiar e as pessoas ficam doentes, é imediatamente afectada a

capacidade da família para trabalhar, sustentar-se e obter os cuidados necessários. Com a

evolução da doença nos indivíduos, vão-se esgotando os recursos das famílias afectadas

pelo HIV/SIDA, que se vêem obrigadas a vender bens para pagar despesas médicas (FAO,

2007).

Um estudo feito no Malawi para examinar o potencial impacto do HIV/SIDA no acesso

a alimentos, reportou que em agregados familiares com um infectado ou que recentemente

observou-se a morte, aumentaram as despesas em artigos não alimentares como em

cuidados médicos, transporte e funerais (MUSUKU & SITOLE, 2009).

De acordo com O’DENEL (2004), o impacto do HIV/SIDA no agregado familiar pode

resultar em doenças crónicas, ou morte de dos membros da família ou ainda ter que apoiar

os órfãos como resultado dessa morte. De acordo com a FAO (2007), para os de órfãos da

SIDA a insegurança alimentar e nutricional constitui preocupação principal porque estão

privados de uma família alargada, não são capazes de produzir alimentos para consumo

próprio ou gerar rendimentos, nem agora nem muito provavelmente, no futuro, uma vez

que lhes faltam a educação de base e as aptidões agrícolas.

Um estudo feito na Zâmbia encontrou que em agregados familiares que vivenciaram a

doença ou morte de um membro adulto devido ao HIV/SIDA reduziram as suas despesas

em bens alimentares em 67% (MUSUKU & SITOLE, 2009).

2.7. Estratégias de sobrevivência dos agregados familiares perante ao HIV e SIDA

Quando a pessoa que sustenta a família perde a vida por HIV e SIDA, os agregados

familiares confrontam-se com uma redução da quantidade de alimentos. Na Tanzânia,

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Burkina Faso, Etiópia e meio rural de Uganda certos agregados familiares reduzem o

número de refeições quando são confrontados com restrições alimentares, outros dedicam-

se a venda de produtos (lenha, bebidas caseiras e gado) para a geração de rendimentos.

Alguns agregados afectados contrataram mão-de-obra e uso da tracção animal para

satisfazer as suas necessidades, na Zâmbia os AF substituíram pratos caros por locais

(ONUSIDA, 1999a).

Alguns agregados na África oriental optaram pela diversificação dos produtos agrícolas,

uns destinados a subsistência e outros para a comercialização. Por outro lado, registou-se

uma redução de áreas de cultivo devido a carência de mão-de-obra (ONUSIDA, 1999a).

Em Malawi os AF fazem frente aos impactos do HIV através de biscatos e algumas

mulheres tiveram que se sujeitar a prostituição para atender as necessidades básicas, já em

Zimbabwe os AF optaram pela venda de produtos agrícolas. Em Burkina Faso e Tanzânia

as crianças foram retiradas da escola para compensar as perdas de rendimento do AF e da

mão-de-obra e também passaram a cuidar de doentes (UDESA, s/d)

As estratégias comuns consistem na redistribuição do trabalho no seio do AF, abandono

da escola pelas crianças, a diversificação da produção agrícola do AF e a redução das áreas

de cultivo, redução de consumo de alimentos e a venda de bens, particularmente gado,

bicicleta e rádio (CARTER, 2009).

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III.METODOLOGIA

O trabalho foi elaborado em três momentos: o primeiro compreende o período de Julho

a Agosto de 2013 que consistiu na revisão de literatura. O segundo momento, de Outubro a

Dezembro do mesmo ano, onde se realizou a recolha de dados (trabalho de campo) na

província de Gaza, distrito de Xai-Xai, Posto administrativo de Chicumbane e Chongoene,

concretamente com as PVHS das associações Tsembeka e Teba e por fim analise e

redacção de dados obtidos no campo.

3.1. Descrição da área de estudo

3.1.1. Situação geográfica

A área de estudo localiza-se na provincial de Gaza. Esta por sua vez, situa-se na zona sul

de Moçambique e tem uma superfície de 1.908 Km2, uma população de 116.343 habitantes

e uma densidade populacional de 106 Hab/Km2 (MAE, 2005). O distrito de Xai-Xai fica

situado no extremo sul de Moçambique e é limitado pelo oceano Indico, a norte pelos

distritos de Chibuto e Chókwè a Este pelo distrito de Bilene e a Oeste pelo distrito de

Mandlakaze.

Figura no2: Mapa do Distrito de Xai-Xai

Fonte: MAE, (2005)

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3.1.2. Clima

O distrito é influenciado pelos anticiclones dos oceanos, Índico e atlântico, pela célula

continental de alta pressão durante a época fresca e, pela depressão continental de origem

térmica durante a época quente (MAE, 2005).

Ainda pela sua localização, o distrito encontra-se na zona de influência de sistemas

frontais que transporta massas de ar polar marítimo que podem originar chuvas e

aguaceiros na época fresca, aguaceiros e trovoadas na época quente (Idem).

1.1.3. Morfologia e recursos hídricos

O distrito de Xai-Xai está dividido em duas unidades morfológicas: o planalto arenoso

(serra) e o vale. A serra é caracterizada por dunas arenosas muito onduladas, de altitude

irregular, em direcção ao norte, e interrompidas por lagos fechados permanentes, 3 a 5km

em direcção ao mar. O vasto vale do Limpopo é, em geral, plano, descendo gradualmente

de 11m, no norte, para o nível do mar. A zona de transição entre a serra e o vale é baixa e

húmida (MAE, 2005).

O Limpopo é o principal rio permanente. A qualidade da água vária com a precipitação

recebida a norte da bacia hidrografia. Na estação seca a sua água é salgada devido à

intrusão salina (MAE, 2005).

1.1.4. Relevo e solos

O distrito de xai-xai estende-se por dois grandes tipos fisiográficos que são a planície

aluvionar do Limpopo vale e um planalto circundante arenoso (serra) de origem eólica

(MAE, 2005). Os solos da serra são predominantemente arenosos, grosseiros muito

profundos. As cores variam de laranja a acastanhados, de esbranquiçados a vermelhos.

1.1.5. Analfabetismo e escolarização

Com quase metade da população alfabetizada, predominantemente homens, o distrito de

Xai-Xai tem uma taxa de escolarização normal, constatando-se que dos 53% dos seus

habitantes frequentam ou já frequentaram escola primária (INE, 2007).

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1.1.6. Segurança alimentar

De acordo com SETSAN (2012), o distrito produz geralmente duas colheitas por ano. A

produção da colheita principal é insuficiente para cobrir as necessidades de alimentos

básicos, que só são satisfeitas com a segunda colheita, com rendimentos não agrícolas ou

com outros mecanismos de sobrevivência.

Nos períodos de escassez, as famílias recorrem a uma diversidade de estratégias de

sobrevivência que incluem a participação em programas de "comida pelo trabalho" a

recolha de frutos silvestres, a caça. As famílias com homens activos recorrem, ainda, ao

trabalho remunerado na RSA e na Cidade de Maputo, para além de outras fontes de

rendimento, nomeadamente, a venda de bebidas tradicionais (SETSAN, 2013).

Segundo SETSAN (2012), as reservas alimentares por agregado familiar de cereais e

mandioca são de 3 meses em média. Estima-se que 5% da sua população, sobretudo os

camponeses de menos posses, idosos e famílias chefiadas por mulheres, estão em situação

vulnerável (INE, 2008).

1.2. Amostra

De acordo com Gil (2008), as pesquisas sociais de um modo geral abrangem um

universo de elementos tão grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade.

“É por essa razão que nestas pesquisas se usam amostras, ou seja, uma pequena parte dos

elementos que compõem o universo”.

Para a efectivação do presente trabalho inquiriu se 47 agregados familiares afectados pelo

HIV/SIDA

Para a selecção dos AFs usou-se uma amostragem não probabilística ou dirigida. Segundo

MARIOTTI et al., (2008); MULENGA (2010) nesse método a escolha dos elementos para

pertencer a amostra não depende de alguma probabilidade, portanto, não se aplicam formas

estatísticas para o cálculo da amostra. Os sujeitos a fazerem parte da amostra foram

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escolhidos de forma intencional1 pelo pesquisador de acordo com as características de

interesse da pesquisa que neste caso são AFs afectados pelo HIV/SIDA.

Tabela no1: Distribuição do Tamanho da Amostra Pelos Postos Administrativos

Posto administrativo No de AFs Amostra

Chicumbane 250 25

Chongoene 220 22

Total 470 47

3.3. Técnicas de Recolha Dados

3.3.1. Pesquisa Bibliográfica:

Consistiu na consulta de documentos oficiais (Programas das Nações Unidas e Políticas

de Legislação referentes ao HIV/SIDA e SAN) do Governo de Moçambique através do

Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA (CNCS) e do Ministério da Saúde.

Consultou-se também os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o

HIV/SIDA e foram pesquisadas obras literárias e artigos científicos sobre o assunto, para

além de uma pesquisa na Internet.

3.3.2. Entrevista semi-estruturada

Para MARCONI & LAKATOS (2009), o método de entrevista semi-estruturada permite

que o pesquisador combine perguntas fechadas e abertas. Portanto, o pesquisador segue um

conjunto de perguntas guias definidas, mas ele o faz em um contexto de uma conversa

“informal”. Esse método tem finalidade exploratória e é utilizado para a obtenção de

informação de forma mais detalhada.

1 Amostragem intencional é aquela em que os elementos do subgrupo da população devem apresentar uma

característica típica (GIL, 2008).

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Consistiu em entrevistas a agregados familiares com pelo menos (1) um membro doente

ou que perdeu nos últimos dois (2) anos devido ao HIV e SIDA. Este focalizou a área de

produção, consumo alimentar, reservas alimentar e estratégia de sobrevivência.

Os pontos focais da SDMSAS, foram as personagens mais importantes; estes deram o

panorama geral da situação do HIV e SIDA no distrito de Xai-Xai, por outro lado, foi

possível identificar as associações ligadas as PVHS.

3.3.4. Observações participantes

Segundo MARTINS (2007), nessa técnica de pesquisa qualitativa, os pesquisadores

emergem no mundo dos sujeitos observados, tendendo a entender o comportamento real

dos informantes, suas próprias situações e como constroem a realidade em que actuam. É

uma estratégia que combina ao mesmo tempo a participação activa com os sujeitos.

O pesquisador durante os dias de estudo procurou compreender com detalhe o dia-a-dia

das famílias afectadas pelo HIV e SIDA, o seu estilo de vida, instrumentos de trabalho que

usam, meios de sobrevivência, relação do AF, ligação entre doentes e outros membros, sua

ocupação, Isto foi possível vivendo/convivendo com as comunidades e as famílias

afectadas durante dias de trabalho de campo.

3.4. Análise de dados

Para análise de dados do inquérito usou-se o pacote estatístico SPSS (versão 16.0). O

SPSS é um software ou pacote apropriado para a elaboração e análises estatísticas de

matrizes de dados (PESTANA & GAGEIRO, 2008). O software permitiu gerar relatórios

tabulados, gráficos e dispersões de distribuições utilizados na realização de análises

descritivas de variáveis. No presente trabalho as principais análises feitas foram:

frequências e teste student. Para além do SPSS alguns dados foram processados no

Microsoft Excel, para gerar gráficos e tabelas.

Teste student, foi aplicado para testar se existe diferenças significativas no período antes e

depois da doença ou morte no AF a um nível de significância de 5%.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Características gerais dos agregados familiares

Os resultados dispostos nas tabelas e gráficos abaixo são referentes às características gerais

dos AFs afectados por HIV/SIDA.

4.1.1. Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA

Tabela no2 Sexo dos membros afectados por HIV/SIDA

Sexo Frequência Percentagem

Masculino 17 36%

Feminino 30 64%

Total 47 100%

Os resultados da tabela acima mostra claramente que a maior parte (64%) dos entrevistados

são mulheres. Estes resultados estão em consonância com a UNICEF (2007), que refere

que as mulheres são normalmente as mais infectadas e afectadas pelo HIV/SIDA e

geralmente a uma idade mais jovem em relação os homens devido o seu status social e

económico desigual aos dos homens assim como devido a sua vulnerabilidade biológica e

fisiológica a infecção pelo HIV.

4.1.2. Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA

Tabela no

3 Estado Civil dos membros afectados por HIV/SIDA

Casado Solteiro Viúvo Divorciado

H M H M H M H M Total

Fr 14 11 6 4 1 8 2 1 47

% 30% 22% 11% 8% 3% 18% 5% 3% 100%

De acordo com os dados da tabela 3, cerca de 52% dos entrevistados são casados (30%

homens e 22% mulheres) e 48% dos entrevistados não são casados (21% viúvos dos quais

18% são mulheres e 3% são homens, 19% solteiros dos quais 8% são mulheres e 11%

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homens, 8% divorciados dos quais 5% são homens e 3% mulheres. Estes dados mostram

que 48 porcento dos entrevistados não está unido com os seus parceiros e com maior

probabilidade de praticarem o sexo ocasional sem o uso de preservativo.

4.1.3. Composição etária dos Membros do agregado Familiar

Gráfico no 1: Composição etária dos Membros do agregado Familiar

Como ilustra a gráfico no 1, a maioria dos entrevistados referiu que os seus agregados

familiares eram constituídos maioritariamente por crianças com 39%, seguidos de adultos

com 30%, e idosos que constituíam apenas 4%. Este achado corrobora com a situação da

pirâmide etária de Moçambique, onde a maior parte da população é constituída por crianças

(INE, 2003).

Neste inquérito foram consideradas crianças indivíduos com idades entre 0-15 anos, jovens

entre 16-29 anos, adultos 30-59 anos de idade e idosos 60 ou mais anos.

4.1.4. Nível de escolaridade dos membros afectados pelo HIV/SIDA

Com base nos dados do gráfico no 2, o nível de escolaridade é baixo porque a maioria dos

entrevistados tem um nível primário do primeiro grau, tendo a maioria frequentado a 1ª

39%

30%

27%

4%

Composição etária dos membros do agregado familiar

Criancas

jovens

adultos

idosos

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Xai-Xai.

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classe e uma pessoa com este nível não sabe ler o que lhe torna difícil a mudança de

comportamento e existe uma minoria na 7ª classe.

Segundo AGUNDA & SUNDARARAJAN (2004), a alfabetização contribui para a

consciencialização das pessoas em relação ao perigo do HIV – SIDA, e a mudança de

comportamento. Sem educação as pessoas acreditam que elas não podem ou que existe

pouca probabilidade de elas contraírem a doença. Mas ainda por falta de educação faz com

que as pessoas tenham crenças místicas acerca da doença.

Gráfico no 2: Nível de escolaridade dos entrevistados

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a

Entr

evi

stad

os

classe dos entrevistados

Nivel de escolaridade

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4.1.5. Tamanho do agregado familiar e ocupação principal do AF

Tabela no 4: Tamanho do agregado Familiar e ocupação Principal

Variável Categoria No AFs Percentagem

Tamanho do

AF

1-3 Membros

4-7 Membros

8- 12 Membros

6

29

12

13%

62%

25%

Presença de

alguém doente

Sim

Não

42

5

89%

11%

Principal

ocupação

Agricultura

Comércio

Emprego formal

35

7

5

75%

14%

11%

Os resultados da tabela acima, revelam que os AFs são compostos maioritariamente (62%)

por 4 – 7 membros, com uma média de 6 membros. Estes resultados mostram uma

evolução do tamanho dos AFs comparados com os dados do INE (2007) onde o tamanho

médio de AFs no distrito de Xai-Xai era de 5 membros.

Ainda de acordo com os resultados da tabela no

4, 89% de AFs têm um membro doente e

que pelo menos 11% dos AFs perdeu um membro nos últimos dois (2) anos. A morte dos

membros do agregado familiar afecta a mão-de-obra para actividades agrícolas e o

processo de transmissão de conhecimentos de geração em geração.

Para 56% dos entrevistados a presença de um membro doente no AF influencia a vida

de pelo menos duas pessoas que tem que cuidar do doente. Esses resultados conferem com

os resultados do estudo da FAO (2007) que referem que um caso de HIV e SIDA na família

influencia na vida de até outros 4 membros. A existência de membros do AF que assiste o

doente afecta negativamente os programas da família sobretudo nas actividades agrícolas,

pois, reduz a disponibilidade da mão-de-obra familiar. Dados da tabela acima ainda

mostram que 75% dos agregados familiares tem agricultura como actividade principal.

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4.2. Impactos do HIV e SIDA na produção agrícola e SAN

Nesta secção estão apresentados resultados do impacto do HIV/SIDA na produção

agrária e segurança alimentar e nutricional no que tange a: áreas de produção (tabela 5),

produção milho (gráfico 3), reservas alimentar (gráfico 4) renda e consumo alimentar

(gráfico 5 e 6 respectivamente).

4.2.1.Implicações do HIV/SIDA com a área de Produção

Os resultados do estudo revelam que o HIV e SIDA têm implicações negativas com relação

a áreas agrícolas. Cerca de 59% de AFs entrevistados referiu ter reduzido a área de cultivo,

e 13% abandonou completamente a actividade agrícola. As razões referidas por aqueles que

cultivaram menos área ou abandonaram a actividade agrícola, estavam relacionadas com

doença no agregado familiar, falta ou insuficiência de mão-de-obra. Cerca de 72% dos

entrevistados referiu ter cultivado uma área menor ou abandonado actividade agrícola, o

que nos sugere que o agregado familiar provavelmente se encontre em vulnerabilidade

alimentar.

Tabela no5: área de Produção reduzida (machamba)

Área reduzida No AFs Percentagem

<2

1

9 32%

2

1

8 28%

>2

1

11 40%

Total 28 100%

A tabela no 5 acima mostra que dos AFs que reduziram as suas áreas 68% reduziu pelo

menos a metade da área inicial2. A redução de áreas e abandonos da actividade agrícola,

tem a ver com a capacidade física de realizar actividades agrícola durante muitas horas por

parte do doente, e por outro lado, a necessidade de assistir o doente por parte dos membros

2 De acordo com o TIA (2007), as famílias rurais tem parcelas de terra que variam de 0,5 a 3 hectares.

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do AF.A questão de redução de áreas de cultivo foi encontrada também em outros estudos

em Quénia pela ECA (2006) que refere que as áreas reduziram em 26% com a morte do

chefe do AF e houve um declínio no rendimento.

4.2.3. Produção de milho antes e depois de ter membro doente ou morte na família

Tabela No6: comparação da produção de milho antes e depois de ter membro doente

No AFs Percentagem

Reduziu 31 78%

Aumentou 3 7%

Mantém 6 15%

Total 40 100%

O estudo mostra que os AFs foram afectados negativamente pela presença de membro

doente ou pela morte com relação a produção de milho. Cerca de 78% correspondente a 31

entrevistados referiu que a produção de cereais milho reduziu, contra 7% que referiu que

aumentou.

Com relação a quantidade de milho produzido antes e depois da presença de doente ou

morte de um membro do AF, os resultados do estudo apresentados no gráfico no3 mostram

que, antes, a maior parte dos AFs (65%) produzia acima de 6 sacos de 50 kg por campanha,

enquanto que, actualmente a maioria (70%) tira abaixo desse valor (acima de 6 sacos de

50kg). O teste t mostra que existe diferença estatisticamente significativa3 quanto a

quantidade de cereais produzidas antes e depois de ter um membro doente/morto no AFs.

Gráfico no 3: Produção de milho antes e depois de ter membro doente/morte na família

3 (t=8,640; p=0,000 < 0,05)

3%

32% 35%

17% 13%

43%

27%

17%

5% 8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

< ou = 4 Sacos 5 - 6 Sacos 7 - 12 Sacos 13 - 15 Sacos > 16 Sacos

Re

spo

nd

en

tes

Quantidade de Milho em sacos de 50kgs

Antes

Depois

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4.2.4. Meses que a família consome a sua própria produção (Reservas alimentares)

Gráfico no4: Meses que a família consome a sua própria produção

Antes maior parte (70%) dos AFs entrevistados tinha reservas alimentares produção que

garantia consumo de 3-5 meses e depois da doença/morte apenas 23% possuem reservas

alimentares nessa escala. Com a doença/morte no agregado familiar houve um acréscimo

de 30% das famílias que estão na escala mais critica (< 1 mês) de reservas alimentares

(vide o gráfico no4).

Estes resultados corroboram com o WHITESIDE (2002), que alerta que como a doença

reduz o rendimento e torna a produtividade mais baixa na prática de agricultura para o

auto-sustento, e surgem mudanças que aumentam a insegurança alimentar, o consumo de

alimentos em famílias afectadas reduz entre 15% a 30%. Em contrapartida, a qualidade da

dieta em PVHS é importante para melhorar a sobrevivência, mas torna-se cada vez mais

difícil de se obter por causa da doença.

2% 9%

70%

19%

32% 34%

23%

11%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

<1 mes 1-2 meses 3-5 meses >6 meses

Re

po

nd

en

tes

Meses que o AFs possui reservas alimentares

Antes

Depois

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4.2.5. Implicações do HIV/SIDA na Renda do Agregado Familiar

Gráfico no5: Renda do AF antes e depois da doença ou morte

O gráfico no5 mostra que, antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua

maioria (60%) tinham rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém,

do momento, só (30%) tem rendimento acima de 1.000,00 MT por campanha. A redução

da produção agrícola e da mão-de-obra influenciar para este acontecimento.

Os impactos ligados a redução da renda incluem, entre outros, o baixo poder de compra, a

redução do número de refeições. Cerca de 59% referiu ter reduzido a compra de produtos

básicos, e 62% dos inquiridos reduziu o número de refeições.

O teste t4 mostra que existe diferença estatisticamente significativa quanto ao dinheiro que

o AF fazia antes e que faz actualmente.

Este tipo de resultados, foram também encontrados na Tanzânia onde os AFs afectados

reduziram o número de refeições (ONUSIDA, 1999).

4 (t=9,473; p=0,000 < 0,05)

8%

32%

24%

19%

11%

5%

38%

24%

16% 14%

5% 3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

<500 500-1000 1000-2000 2000-4000 4000-6000 >6000

Res

po

nd

ente

s

Dinheiro que o AF fazia antes e depois da doença/morte

Antes Depois

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4.2.6. Consumo alimentar (No

de refeições por dia) Antes e Depois da Doença ou

Morte no AF

Gráfico no6: Consumo Alimentar Antes e Depois da Doença ou Morte no AFs

Antes da doença ou morte nos AFs o consumo alimentar era aceitável para 64% dos

entrevistados, bom para 20% e pobre para 16%. Agora o consumo alimentar é pobre para

maior parte (63%) e aceitável apenas para19% (vide no gráfico no6). Estes resultados

convergem com os resultados do estudo da FAO (2007), no Quénia que refere que quando

um membro da família adoece ou morre, o rendimento médio do agregado familiar

diminui, os custos de saúde aumentam, pois, á medida que os rendimentos caem e os e os

custos de cuidar do paciente aumentam, o consumo de alimentos sofre uma queda.

Neste trabalho foi considerado consumo alimentar: pobre ao AF com o máximo de uma

refeição por dia, aceitável AF com duas refeições por dia e bom AF com mais que duas

refeições por dia.

16%

63% 64%

19% 20% 18%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Antes Depois

Re

spo

nd

en

tes

Niveis de consumo alimentar

Pobre

Aceitavel

Bom

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4.3. Estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA adoptadas pelos agregados

familiares

Os resultados apresentados no gráfico abaixo, referem se as estratégias de sobrevivência

adoptadas pelos AFs face a doença o perda de um membro.

Gráfico no7: estratégias adoptadas pelas PVHS para Fazer Face a Perda de Membro

Para fazer face às necessidades de dinheiro, a maioria (53%) AFs recorreram a venda de

bens, dos quais 27% referiu ter vendido bicicleta, 19% rádio e 13,5% criação. Os resultados

convergem com os do estudo de (CARTER, 2009) que refere que os AFs com membros

doentes venderam gado, bicicleta e rádio.

A diversificação de actividades de renda, a retirada das crianças das escolas, a redução

do número de refeições e a opção por outras actividades de renda pelos AFs podem ser

classificados como sendo estratégias de mitigação dos impactos do HIV e SIDA mais

comuns na área de estudo. Esses resultados estão em consonância com os estudos da

ONUSIDA (1999) realizados em outros país tais como: Tanzânia, Burkina Faso, Etiópia e

Uganda, que também como estratégias de mitigação os AFs reduziram o número de

refeições, outros dedicam-se a pequenas actividades de geração de renda e contratam a

mão-de-obra. Na mesma linha de pesquisa o CARTER (2009), conclui que as estratégias

comuns consistem na redistribuição de trabalho no AF, abandono da escola pelas crianças,

redução das áreas agrícolas, redução de consumo de alimentos e venda de bens.

53%

19%

11% 10% 7%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Res

po

nd

ente

s

Estratégias

venda de bens

Reducao do numero derefeicoes

retirada de criancas na escola

pequenas actividades degeracao de renda

outras

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V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Com base nos resultados do estudo pode-se concluir o seguinte:

Os AF inquiridos são maioritariamente (64%) chefiados por mulheres, algumas

delas que perderam maridos por doenças relacionadas ao HIV, e outras foram

abandonadas pelos seus maridos.

A taxa de analfabetismo é de 38%, sendo que a maior parte dos que não sabem ler e

escrever (88%) são mulheres.

Os AFs são compostos maioritariamente (62%) por 4 – 7 membros, com uma média

de 6 membros.

A principal ocupação dos AFs é agricultura de subsistência. Devido a presença de

membro doente ou morte no AF, 59% reduziu as suas áreas de cultivo e 13%

tiveram que abandonar completamente a actividade agrícola. Cerca de 82% reduziu

o tempo gasto na machamba.

Antes da doença ou morte, maior parte (65%) produzia acima de 7 sacos de 50 kg

de milho por campanha, actualmente 70% tira abaixo desse valor.

Cerca de 70% dos AF consumia a sua própria produção entre 3-5 meses, mas depois

da doença apenas 15% consome durante esse intervalo.

Devido a presença de membro doente ou morte no AF, consumo alimentar baixou

consideravelmente de 20% para 63% de AFs com consumo alimentar pobre.

Antes dos AFs serem afectados pelo HIV e SIDA, na sua maioria (56%) tinham

rendimentos que iam acima de 1.000,00 MT por campanha. Porém, do momento,

maior parte (58%) tem rendimento abaixo de 1.000,00 MT por campanha, facto que

afectou negativamente a compra de produtos básicos para a garantia da SAN.

Para fazer face ao HIV e SIDA os agregados afectados optaram por vender bens,

diversificar actividades de renda, retirada de crianças das escolas e a redução do

número de refeições.

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5.2. Recomendações

De acordo com as conclusões recomenda-se o seguinte:

Aos agregados familiares;

Dado que a agricultura é a principal ocupação e fonte de renda para a garantia da segurança

alimentar e nutriconal dos AFs, o estudo recomenda:

Que os AF’s se organizem em associações e que elaborem pequenos projectos de geração

de renda. Exemplo: criação de frangos;

Que adoptem técnicas de menor esforço e que requer pouca mão-de-obra. Exemplo: hortas

caseiras (produção de couve e alface em vasos);

Que os AFs diversifiquem as culturas, de forma a garantir a satisfação das necessidades

nutricionais. Exemplo: hortícola, criação de animais de pequeno porte;

Que diversifiquem as actividades de renda de forma a compensar a actividade agrícola.

Exemplo combinar agricultura com comércio, pecuária, pesca;

Ao Governo;

Integração da componente de SAN em todos os projectos que visam mitigar o impacto do

HIV/SIDA, de modo a reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV, diminuir a progressão

do HIV/SIDA e aumentar a resistência dos infectados. A integração da SAN nos projectos

de HIV/SIDA não significaria apenas uma vida longa para os seropositivos, mas permitir

que muitos seropositivos continuassem com vidas activas e produtivas, contribuindo para o

rendimento familiar, prestando cuidados para as famílias e acrescentando o bem-estar geral

das suas comunidades.

Às ONGs;

O estudo mostra que as ONGs desenvolvem actividades específicas a PVHS, como criação

de galinhas, produção de plantas medicinais e ligação Hospital – doentes, que continuem a

promove-las;

Que continuem a promover o associativismo no seio desse grupo de forma a concentrar

esforços e facilitar a elaboração de projectos e o seu financiamento;

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Aos pesquisadores;

Recomenda-se que sejam feitos mais estudos que abranjam uma amostra maior e que possa

cobrir todo distrito, até mesmo província ou todo país.

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Jobe D. Mavaieie Licenciatura em Comunicação e Extensão Rural página 33

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UNAIDS (2011). How to get to zero: Faster. Smarter.Beter.Genebra. Suíça.

UNESCO (2007). Estratégia da UNESCO em Resposta ao HIV/AIDS.

WHITESIDE, A (2002). Poverty and HIV/AIDS in Africa.

Page 52: Tese Analise do impacto do hivsida na seguranca alimentar e nutricional das familias rurais do distrito de xai xai

I

Apêndice 1

FICHA DE INQUÉRITO

O presente inquérito tem como objectivo a recolha de informação sobre o

impacto do HIV/SIDA na segurança alimentar e nutricional nível dos agregados

familiares, para a elaboração do Trabalho de Fim de Curso em Comunicação e

Extensão Rural na Universidade Eduardo Mondlane, Escola Superior de

Desenvolvimento Rural.

Toda a informação fornecida será tratada com confidencialidade

Posto administrativo __________________ Aldeia _______________

Data__________________ No do entrevistador_________

1.DADOS GERAIS

1.1.Nome do entrevistado:_______________________________________________

1.2.Sexo [1] M___ [2] F ___

1.3.Idade: ________

1.4.Estado civil:

[1] Solteiro/a __ [2] casada/a__ [3] separado/a__ [4] viúva/o___

1.5.Sabe ler e escrever?

[1]Sim___ [2]Não___

1.5.1.classe_________

1.6.composição do agregado familiar

1.6.1.Número de membros do AF______

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II

1.6.1.2. crianças_____ jovens_______ adultos______ idosos______

1.6.2.Quantos estão doentes (HIV/SIDA) _______

1.7.Principal ocupação do chefe do agregado familiar

[1] Agricultura [2] Comércio [3] Emprego formal [4] outras_________________

2.ACTIVIDADES DE RENDA DA FAMÍLIA

2.1.Quais são as actividades de renda família?

[1] Machamba____ [2] Comércio____ [3] Emprego formal___ [4]

outras___________________________________________________________________

2.1.1.Se for machamba, que culturas produzem?

[1] Mapira [2] milho [2] mandioca [3] feijão nhemba [4] amendoim [5] outras

________________________________________________________________________

3. ÁREA DE PRODUÇÃO

3.1 A área de produção quando comparada com a de há 2 anos atrás houve aumento ou

redução?

[1] aumento [2] redução [3] manteve

Se houve redução a que se deveu?

[1] construção de casas______ [2] redução de mão -de- obra____ [3] cuidar dos

doentes______

[4]outras______________________________________________________________

4.PRODUÇÃO DE MILHO E DURAÇÃO DAS RESERVAS ALIMENTARES

4.1.Qual é a quantidade (em sacos) de milho produzida antes e depois da doenca ou

morte no AF? [1]antes____________ [2]depois_______

4.2.Qual é a duracao das reservas alimentares no AF antes e depois da morte?

[1]Antes____ [2]Depois____

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III

5.CONSUMO ALIMENTAR

5.1.Quantas refeições que o AF passa(va) por dia antes e depois de sér afectado?

[1].Antes___ [2]Depois___

Qual era/é a renda do AF antes depois da doenca ou morte ?

[1]Antes______ [2]Depois____

6. ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA

4.1.Quais são as estrategias de de sobrevivencia adoptadas pelos AF’s face a doenca ou

morte.

[1]venda de bens____

1.1 Qual bem?

A) Radio___ b)Biscicleta _____ c) Criação____ d) 0utros____

[2]Reducao de numero de refeicoes___

[3]retirada de criancas na escola___

[4]pequenas actividades de geracao de renda___

[6]outras___

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IV

Apêndice 2.

Tabela no

1 área Machamba Reduzida depois da Doença ou Morte no Agregado

Familiar

Área reduzida Frequência Percentagem

<2

1

9 32%

2

1

8 28%

>2

1

11 40%

Total 28 100%

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IV

Apêndice 2

Output de teste de médias

Tabela no 1: Output do teste de média da renda do AF antes e depois da morte/doença

Paired Samples Test

Paired Differences

t df Sig. (2-tailed)

Mean Std. Deviation Std. Error Mean

95% Confidence Interval of the

Difference

Lower Upper

Pair 1 Renda antes do HIV - Renda

depois do HIV 1.286E3 826.103 135.810 1011.050 1561.923 9.473 36 .000

Tabela no 2: output do Teste de media da quantidade do milho produzido antes e depois da doença ou morte no agregado familiar

Paired Samples Test

Paired Differences

t df Sig. (2-tailed)

Mean Std. Deviation Std. Error Mean

95% Confidence Interval of the

Difference

Lower Upper

Pair 1 Produção antes de HIV - Produção

depois de HIV 4.675 3.422 .541 3.580 5.770 8.640 39 .000