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Infecções Cirúrgicas
Conceito
• Constitui resposta às lesões provocadas por microrganismos;
• Alterações inflamatórias locais + manifestações sistêmicas;
• Modificação do equilíbrio bactérias – meio ambiente – hospedeiro;
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Introdução
• Pode ocorrer entre 0 e 30 dias após a cirurgia;
• > 1 ano em procedimento envolvendo prótese;
• Responsável por até 80% da mortalidade do doente cirúrgico.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Quais as conseqüências?
• Aumento do tempo de internação;
• Utilização de antibióticos;
• Empregos de exames complementares;
• Maior custo;
• Maior risco de resistência microbiana;
• Maior permanência em UTI;
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Histórico
• 1840 - Horace Wells – Gás hilariante
- Willian Morton – Éter
- James Simpson – Clorofórmio
- Semmelweis – Médicos x Obstetrizes
(Viena) (10%) (1%)
Ácido clórico
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Histórico
• 1860 – Lister – Ácido carbólico
• 1870 – Koch – “Apresentação dos
microrganismos”
• 1880 – Fleming – Penicilina
• Antes de Semmelweis e Lister: 90%
Após Semmelweis e Lister: 10%
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Mecanismos de Proteção
• Barreira física – integridade pele / mucosas;
• Secreções mucosas, sucos digestivos, etc;
• Flora endógena;
• Reação inflamatória.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Causas e Fatores de risco
• Fatores bacterianosDuração do procedimentoTipo de feridaPacientes de UTIsAntibioticoterapia precedenteRaspagem pré-operatóriaNúmero bacteriano, toxinas, resistência.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
A influencia dos métodos de remoção de pêlos na ferida cirúrgica
• 1.013 pacientes submetidos a operações eletivas;
• Randomizados em raspagem ou usado máquinas na noite anterior ou na manhã da operação;
• Avaliados por 30 dias;• Raspagem aumenta em 100% a taxa de
infecção em feridas limpas quando comparado a remoção por máquina;
Alexander et al. Arch Surg, Mar 1983; 118: 347 - 352
A influencia dos métodos de remoção de pêlos na ferida cirúrgica
• Remoção extensa dos pêlos não é necessária;
• Deve ser realizado com máquinas elétricas com pentes descartáveis;
• Na hora do procedimento;• Sem traumatizar a pele.
Alexander et al. Arch Surg, Mar 1983; 118: 347 - 352
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO CIRÚRGICA
LANÇAMENTO ESTADUAL
PROVITAE
Outros7%
Neurologia2%
Obstetricia20%
Ortopedia7%
Ginecologia6%
Cardiologia5%
Oncologia2%
Cirurgia Geral51%
Fonte: http://cnes.datasus.gov.br, janeiro de 2006
• Institute for Healthcare Improvement (IHI), EUA
• Intervenções em grande escala podem prevenir até 100.000 mortes em um ano
• Equipes de resposta rápida aos primeiros sinais de deterioração do paciente
• Atendimento rápido ao infarte agudo do miocárdio Prevenir eventos adversos associados a drogas
• Prevenir infecção associada a cateter central
• Prevenir infecção cirúrgica
• Prevenir pneumonia associada a ventilação mecânica
PREVENÇÃO DE INFECÇÃO CIRÚRGICA
• Uso apropriado de antibióticos
• Remoção adequada de pêlos
• Manutenção da glicemia perioperatória para pacientes de grandes cirurgias cardíacas
• Estabelecimento de normotermia perioperatória
ESTRATÉGIA DE AÇÃO
PRO – profilaxia antimicrobiana
VI – vigilância epidemiológica
T – tricotomia
A – anti-sepsia das mãos do cirurgião e pele do paciente
E – esterilização de materiais
TRICOTOMIA
• Ênfase na não realização de tricotomia sempre que possível
• Em caso de extrema necessidade, realizar técnica sem lâmina (uso de tricotomizador)
Anti-sepsia
• Ênfase na degermação das mãos da equipe da cirúrgica com o uso de soluções anti-sépticas degermantes a base de iodóforos ou clorohexidina
• Ênfase no preparo da pele do paciente : pele escrupulosamente limpa (com sabão ou solução degermante) e aplicação de anti-séptico à base de iodóforos ou clorohexidina em veículo alcoólico.
Causas e Fatores de risco
• Ferida localBoa técnica cirúrgica é a melhor forma de evitar infecção;Manipulação adequada dos tecidosgarantia de suprimento vascular satisfatórioControle do sangramentoPrevenção de hematomas / seromasDebridamento completo de tecidos necrosadosRemoção de corpo estranho desnecessário
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Causas e Fatores de risco
• Ferida localFios monofilamentares têm menor taxa de ISCSucção fechada x sutura do espaço mortoDrenagem aberta só em feridas infectadas
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Causas e Fatores de risco
• PacienteIdadeComorbidadesEsteróidesObesidadeMá nutriçãoOxigênioTemperaturaControle da glicose
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Oxigênio suplementar de Peri-operatório e o risco da infecção
cirúrgica da ferida • Estudo controlado, duplo-cego,
randomizado• 300 pacientes entre 18 e 80 anos
submetidos à cirurgia colorretal eletiva em 14 hospitais espanhóis Março / 2003 a Outubro / 2004
• 143 pacientes: FiO2 30% perioperatório 148 pacientes: FiO2 80% perioperatório
Belda et al. JAMA, October 26, 2005 - Vol 294, No. 16
• ISC: 24.4% - FiO2 30% 14.9% - FIO2 80% (P=.04).• ISC 39% menor no FIO2 80% (risco relativo [RR],
0.61; intervalo da confiança de 95% [CI], 0.38-0.98)
• Pacientes que recebem o oxigênio inspirado suplementar tiveram uma redução significativa no risco ISC
• Oxigênio suplementar parece ser uma intervenção eficaz para reduzir ISC nos pacientes que submetem-se a cirurgia retal ou cólon.
Belda et al. JAMA, October 26, 2005 - Vol 294, No. 16
Oxigênio suplementar de Perioperative e o risco da infecção cirúrgica da ferida
Causas e Fatores de risco
• Manter normotermia e FiO2 >80% na SO e na RPA reduz taxa de ISC;
• Controle glicêmico no perioperatório até 2º PO reduz taxa ISC.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Lesão da Barreira Física
• Quanto maior a lesão da barreira física, maior vulnerabilidade à ação patogênica das bactérias;
Grande queimado Politraumatizado
Perfuração intestinal Feridas cirúrgicas
Cateter venoso Sonda vesical
Sonda nasogástrica
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Secreções
• Obstrução ao fluxo / alteração da acidez / deficiência da ação imunológica de secreções, maior vulnerabilidade à ação patogênica das bactérias;
ApendiciteDiverticulite Colangite
ITU Foliculite Sepse
Abscesso subcutâneo
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Alteração da Flora Endógena
Proliferação da flora exógena
Grande quantidade de toxinas
Antibioticoterapia / imunossupressão
Flora endógena X Flora exógena
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
ISC
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
O que aumenta o risco de ISC?
• Grau de contaminação
• Tempo de cirurgia;
• Tamanho da incisão;
• Momento de indicação da cirurgia;
• Maior utilização bisturi elétrico;
• Grau de contaminação;
• Sutura com pontos próximos e apertados;
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
O que aumenta o risco de ISC?
• Retardo no retorno a consciência;
• Retardo em deambular;
• Remoção tardia de SVD, drenos, acesso venoso.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Hospitais coladoradores na diminuição da ISC
Dellinger et al. Am J Surg; July 2005 - Vol. 190, Issue 1, Pages 9-15
Profilaxiaantimicrobianaadequada
DiminuiDiminuiççãoão ISC ISC emem 27%27%
(de 2.3% para 1.7%)(de 2.3% para 1.7%)
Tax Tax >> 3636OO CCGlicoseGlicose < 200mg/ dL< 200mg/ dL
OxigenaOxigenaççãoão adequadaadequada
“Timing”e duração
Remoçãoapropriadade pêlos
O que fazer quando ainda não há infecção?
• Internação no dia da cirurgia ou anterior;
(exceção: preparo cólon / desnutrição)
• Banho antes da cirurgia (cabelo seco);
• Tricotomia minutos antes da cirurgia;
• Anti-sepsia com Iodopovidona ou Clorexidina;
• Assepsia com colocação dos campos estéreis.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
O que fazer quando ainda não há infecção?
• Compensar doenças de base (DM, HAS, etc);
• Reduzir excesso de peso;
• Correção do estado nutricional
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
O que fazer quando há infecção?
• Preparar bem o paciente em curto espaço de tempo;
• Controle do foco infeccioso com intervenção cirúrgica precisa.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Infecções Cirúrgicas
• Principio básico: controle da fonte;
• Drenagem da infecção / correção da causa;
(drenagem abscesso, debridamento de tecido morto, derivação intestinal, desobstrução, etc);
• Antibioticoterapia e suporte sistêmico: complementares
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Infecções do tecido frouxos
• Exemplo: abscesso subcutaneo;• Porção central semi-liquida: pus;• Drenagem e evacuação do pus;• Feriadas >6h + contaminação significativa
(suja, mordedura) ou presença de tecido necrótico: não fechar;
• Antibióticos para simples lacerações das extremidades: não reduz risco de infecção.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Abdome agudo inflamatório
Procedimento Antibiótico Dose ao Dx Intervalo
Duração
Apendicite edematosa ou
úlcero-flegmonosa
Cefoxitina 2g 1g 6/6h 24h
Clorafenicol 2g 1g 6/6h 24h
Metronidazol + Gentamicina ou
Ceftriaxone
0,5g 0,5g 8/8h
240 mg 3-5mg/kg EV DU
2g 1g 12/12h
>5dias e leucograma
normal + 72h sem
febre
LEVIN, A.S.S. – Antimicrobianos – Uma guia de consulta rápida - 2006
Abdome agudo inflamatório
Procedimento Antibiótico Dose ao Dx Intervalo
Duração
Apendicite perfurada,
abscesso local ou peritonite
Metronidazol ou Clorafenicol +
Gentamicina ou Ceftriaxone
0,5g 0,5g 8/8h
2g 1g 6/6h
240 mg 3-5mg/kg EV DU
2g 1g 12/12h
>5dias e leucograma
normal + 72h sem
febre
Diverticulite Idem
Cobertura para Enterococcus:
Cocos G+
Coleção intra-abdominal
Ampicilina 2g 2g 6/6h
LEVIN, A.S.S. – Antimicrobianos – Uma guia de consulta rápida - 2006
Pâncreas e Vias biliares
Procedimento Antibiótico Posologia Duração
Colecistite aguda ou colangite
Ceftriaxone +
Metronidazol ou
Ampicilina +
Gentamicina+
Metronidazol
1g EV 12/12h
0,5g EV 8/8h
2g EV 6/6h
3-5mg/kg EV
0,5g EV 8/8h
leucograma normal + 72h sem
febre
LEVIN, A.S.S. – Antimicrobianos – Uma guia de consulta rápida - 2006
Infecções relacionadas a próteses
• Maioria dessas infecções impõe a remoção do dispositivo ofensivo;
• Antibioticoterapia intensa + remoção do dispositivo infectado + recolocação de um novo dispositivo não-infectado sob cobertura antibiótica + tratamento antibiótico prolongado: alternativa
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Febre Pós-Operatória
• Comum no pós-operatório;
• Nem sempre associado a infecção;
• Associado antibioticoterapia empírica;
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Febre Pós-Operatória
• Causas não-cirúrgicas
ITU
Infecção trato respiratório
Infecção intra-venosa
Outro: IAM, TEP, TVP, AVC, Hemorragia intra-craniana, reação transfusional, desidratação
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Febre Pós-Operatória
• Causas cirúrgicas
Infecção ferida
Infecção intra-abdominal
- Requer tratamento cirúrgico
- Antibiótico isolado: sem benefício
- Cirurgião: médico mais habilitado ao diagnóstico.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Febre Pós-OperatóriaDiagnóstico
• Anamnese + exame físico cuidadosos;• Checar cateter venoso, dreno, FO, SVD,
SNG;• Rx Tórax: atelectasias, derrames pleurais,
pneumonia;• Hemocultura e Gram de secreções
suspeitas;• Métodos complementares: USG, TC, RNM.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Infecções Intra-abdominais
• Mortalidade: 5-50%;
• O resultado é melhorado com diagnóstico e tratamento precoces;
• Conduta inicial: apoio cardiorrespiratório + antibioticoterapia + intervenção cirúrgica;
• Antibioticoterapia inicialmente empírica.
Sabiston - Tratado de Cirurgia, 17º Edição
Infecções Intra-abdominais
Cobertura Aeróbica
Gentamicina
Amicacina
Cefotaxima
Ceftriaxone
Ceftazidim
Cefepima
Cobertura Anaeróbica
Clindamicina
Metronidazol
Clorafenicol
Sepse Abdominal
• Alta taxa de mortalidade e morbidade;
• Fundamentos básicos:
Medidas gerais de reanimação
Eliminação do foco
Limpeza da cavidade
Prevenção da reincidência da infecção
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Sepse Abdominal
• Ressecar foco: medida mais segura;
• Anastomose deiscente ou sutura: insucesso;
• Exteriorização da deiscência;
• Drenagem percutânea por USG ou TC: 90% de sucesso;
• Lavagem peritoneal: Maingot x Condon;
• Antibióticos intraperitoneais x sistêmicos.
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007
Sepse Abdominal
• Debridamento peritoneal: desfazer loculações (retirada de fibrina com gaze umedecida, por exemplo);
• Reoperações programadas: hérnia, fístulas, eviscerações, etc
Mitteldorf C. Rassaln S. Birolini D.; Infecção e Cirurgia. 2007