87
LIVRETO DE BOLSO EVANARTE 2011

Livreto de bolso - Evanarte 2011

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

LIVRETO DE BOLSO

EVANARTE 2011

Page 2: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 2

SUMÁRIO

SOMOS ARTISTAS CRISTÃOS ............................................ 4

FAZENDO ARTE ................................................................ 5

FAZENDO DIFERENTE ....................................................... 6

UM NOVO OLHAR ............................................................. 7

ESTRUTURA ..................................................................... 8

CONTATOS ....................................................................... 9

DIRETORIA 2011 .............................................................. 11

EQUIPE 2011 ................................................................... 13

AGENDA 2011 ................................................................. 17

CLUBE DO LIVRO E SESSÃO DE ARTE .............................. 22

PEQUENO GRUPO .......................................................... 23

RETIRO ........................................................................... 24

FÉ – FESTIVAL EVANARTE ............................................... 25

GRUPO DE E-MAILS E BLOG ............................................ 26

PEÇAS .................................................................................... 27

A CRUZ .............................................................................. 28

O OUTRO LADO ................................................................. 34

OS DOIS FUNDAMENTOS ................................................. 41

A VIDA DE LÉO ................................................................... 49

O CORAÇÃO DE MARIAZINHA ........................................... 57

O FILHO PRÓDIGO ............................................................. 66

ANOTAÇÕES................................................................... 82

Page 3: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 3

Sobre o Evanarte

Page 4: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 4

Somos artistas cristãos A arte só cumpre o seu papel quando está atenta aos questionamentos do mundo. Como grupo de teatro, acreditamos que devemos usá-la para glorificar a Deus. Temos a plena convicção de que, ao passo que o teatro incita transformação, o evangelho tem o poder de revolucionar uma sociedade. Falamos do evangelho que valoriza o ser humano, que abençoa, que compreende, que perdoa, que acolhe, que não se orgulha, que respeita o diferente. Buscamos um teatro limpo, forte, de qualidade, que encanta e faz pensar. A arte livre de sujeiras e preconceitos. É essa união que queremos levar ao palco e às nossas vidas. Somos felizes por sermos amados pelo Deus criador, que nos fez criativos. Fazemos arte porque queremos mostrar um pouco do que experimentamos nessa revolução que Cristo faz em nós. Bruno Rafael Gueiros e Duda Martins EVANARTE

Page 5: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 5

Fazendo arte Desde a década de 80 o Evanarte começou a fazer arte por todo canto. E nesse tempo, o sonho de unir valores cristãos às artes cênicas tornou-se realidade para os jovens da Igreja Presbiteriana das Graças. Hoje, cerca de 30 missionários-artistas compõem o Evanarte, que leva teatro em todas as direções. É, são muitos os lugares, mas uma só missão: expressar o amor de Deus através da arte. Duas décadas de experiência valeram a pena. O grupo se desenvolveu tecnicamente, adquiriu equipamentos de som e iluminação com novas tecnologias, e utiliza recursos de maquiagem e efeitos especiais em suas apresentações. Roteiros, laboratórios, ensaios, coreografias, cenografia, iluminação, som, figurino, maquiagem... A lista é grande e o desejo continuar a missão é maior ainda. Por isso o Evanarte segue. Com mais de trinta espetáculos totalmente escritos e produzidos por seus artistas, o grupo se apresenta desde os lugares mais remotos Nordeste adentro, até os maiores teatros de Pernambuco. Espetáculos de bolso, com produção itinerante (O Outro Lado, O Coração de Mariazinha, Os Dois Fundamentos) ou mesmo grandes produções, como Jota-Ó (Teatro Guararapes, Santa Isabel e Beberibe), Água da Vida (Teatro da UFPE, Apolo e Armazém) e Eliom (Teatro Barreto Júnior). Só em 2010, o grupo acrescentou mais dois novos espetáculos ao seu currículo e subiu ao palco – ou às ruas – em mais de 30 apresentações entre escolas, igrejas, auditórios e teatros.

Page 6: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 6

Fazendo diferente O Evanarte busca levar uma arte diferente. Uma arte que além de ser bela e entreter, também questione o público sobre os valores do mundo e o leve à reflexão e a um olhar mais crítico sobre o que é exposto na sociedade. Cultura e valores eternos. Isso é o que permeia as experiências do grupo. "Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro". Isaías 45.6

Page 7: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 7

Um novo olhar O Evanarte acredita que a arte pode transformar a sociedade. Nesse processo, observam-se três etapas: expressão, reflexão e mudança. Queremos mostrar o amor de Deus e queremos nos expressar, traduzindo nossas vivências e os valores cristãos em arte. Para mostrar um novo agir e uma nova atitude para os espectadores, nos espelhamos na clareza do evangelho e na vida de Cristo. Quando se depara com novos posicionamentos e com os princípios bíblicos, o público é levado à reflexão e passa a ter um novo olhar sobre as suas atitudes e sobre a sua vida pessoal e social. Essa perspectiva confronta muitas realidades vividas hoje pela sociedade. Por último, vem a mudança de vida. O cristianismo puro e abençoador começa a dirigir a conduta das pessoas.

Page 8: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 8

Estrutura O Evanarte é dividido nas seguintes áreas:

Elenco Equipe de som e iluminação Equipe de figurino Equipe de maquiagem Equipe de produção Equipe de mídia

O Evanarte é um grupo da Igreja Presbiteriana das Graças, sendo sustentado com verbas mensais e especiais, voltadas para os projetos de produções artísticas. A prática da vida cristã, impactante e abençoadora, é meta do Evanarte.

Page 9: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 9

Contatos

EVANARTE [email protected] www.evanarte.blogspot.com www.twitter.com/evanarte Bruno Rafael Gueiros (81) 8831 0016 [email protected] Márcio Ordonho (81) 9910 9894 [email protected]

Page 10: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 10

Equipe

Page 11: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 11

Diretoria 2011 PRESIDENTE Bruno Rafael Gueiros Eleito pelo grupo, responde pelo grupo, responsável pelo grupo, pastoreia o grupo, dialoga com o conselho e ministérios da IPG, preside a Diretoria, gere e administra.

VICE Márcio Ordonho Eleito pelo grupo, auxilia o presidente nas suas atribuições, substituto imediato do presidente.

TESOUREIRO Niã Rocha / Jennifer Fernandes Indicado pela presidência, controle financeiro, prestação de contas.

CONSELHEIRO Alexandre Araújo Indicado pela presidência, responsável pela parte doutrinária, incentiva e cuida do aprofundamento teológico, zela pelo testemunho e pelas mensagens expostas.

DIRETOR DE SOM E ILUMINAÇÃO Lucas Maia Indicado pela presidência, coordena a equipe de som e iluminação, planeja e executa trilhas sonoras e planos de iluminação para os espetáculos, responsável pela manutenção, preservação, reposição e aquisição de equipamentos de som e luz.

DIRETOR ARTÍSTICO Álcio Lins Indicado pela presidência, responsável pela capacitação técnica, planeja e realiza oficinas e treinamentos.

Page 12: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 12

DIRETOR DE EXPRESSÃO CORPORAL Isabel Melo Sena Indicado pela presidência, responsável pela área de coreografia e preparação corporal, planeja coreografias para os espetáculos.

DIRETOR DE MAQUIAGEM Jannine Lima e Álcio Lins Indicado pela presidência, coordena a equipe de maquiagem, planeja e elabora maquiagens para os espetáculos, responsável pela organização, reposição e preservação do material de maquiagem.

DIRETOR DE FIGURINO Isabel Melo Sena e Nathália Sena Indicado pela presidência, planeja e elabora figurinos para os espetáculos, responsável pela organização, reposição e preservação dos figurinos.

Page 13: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 13

Equipe 2011 Agnes Lages (16/7) [email protected] Alcio Lins (11/7) [email protected] Alexandre de Andrade (22/2) [email protected] Ana Patricia Rabelo (26/11) [email protected] Bruna Ximenes (2/1) [email protected] Bruno Brito (12/5) [email protected] Bruno Gueiros (10/6) [email protected] Camilla Choi (31/5) [email protected] Carla Landim (17/9) [email protected] Carlos Enrique (30/8) [email protected] Danielle Sena (3/4) [email protected] Duda Martins (9/5) [email protected] Eduardo Santos (15/4) [email protected]

Page 14: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 14

Eduardo Peixoto (12/1) [email protected] Esther Melo (7/6) [email protected] Fabiana Gomes (24/9) [email protected] Fabiane Figueiredo [email protected] Fernanda Acioly (20/6) [email protected] Gabriela Diniz [email protected] Gabriela Sandres (13/4) [email protected] Gleise Danielle (9/12) [email protected] Haline de Oliveira (8/11) [email protected] Hugo Regis [email protected] Isabel Sena (29/8) [email protected] Jennifer Elizabeth (17/3) [email protected] Jessika Brito (6/3) [email protected] Joyce Figueiredo (18/5) [email protected]

Page 15: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 15

Lais Moreira (29/3) [email protected] Lilian Mendonca (24/6) [email protected] Livia Lins (28/8) [email protected] Lucas Maia (16/1) [email protected] Marcio Ordonho [email protected] Mateus Amaral (13/12) [email protected] Mauricio Irmão (16/8) [email protected] Nathália Sena (13/10) [email protected] Nia Banks [email protected] Priscila da Costa (6/5) [email protected] Rafael Wanderley (10/1) [email protected] Thiago Macedo (3/7) [email protected]

Page 16: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 16

Agenda

Page 17: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 17

Agenda 2011 Datas definidas

qua 19 de jan de 2011 Peça "O Outro Lado" - Acampamento Voluntários de Cristo sex 21 de jan de 2011 Peça "Mariazinha" - PIB Boa Vista sáb 22 de jan de 2011 Peça "Mariazinha" - Igreja Getsêmani Beberibe - Rúbia 87470742 sáb 29 de jan de 2011 Peça "O Outro Lado" - Episcopal Rio Doce (Othon - 88904336) sex 11 de fev de 2011 Retiro no Monte Moriah sáb 12 de fev de 2011 Retiro Monte Moriah dom 13 de fev de 2011 Retiro Monte Moriah dom 20 de fev de 2011 Retomada oficial dos ensaios sáb 26 de fev de 2011 Oficina - Beberibe (Eliane 86218884) dom 6 de mar de 2011 Feriado de Carnaval - não haverá ensaio qui 7 de abr de 2011 Reunião da Diretoria sáb 9 de abr de 2011 Ensaio Geral EJC

Page 18: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 18

sex 15 de abr de 2011 23º Encontro de Jovens com Cristo - IPGraças sáb 16 de abr de 2011 23º Encontro de Jovens com Cristo - IPGraças dom 17 de abr de 2011 23º Encontro de Jovens com Cristo - IPGraças sáb 30 de abr de 2011 Clube do Livro sáb 21 de mai de 2011 Clube do Livro qui 26 de mai de 2011 Reunião da Diretoria sex 3 de jun de 2011 FÉ - Festival Evanarte sáb 4 de jun de 2011 FÉ - Festival Evanarte dom 5 de jun de 2011 Planejamento - Celebração da Graça sáb 18 de jun de 2011 Clube do Livro qui 23 de jun de 2011 Reunião da Diretoria qui 30 de jun de 2011 Congresso de Adoração - Oficina de Maquiagem e Pantomima - IBCor (Keila) sex 1 de jul de 2011 Congresso de Adoração - Oficina de Maquiagem e Pantomima - IBCor (Keila)

Page 19: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 19

sáb 2 de jul de 2011 Congresso de Adoração - Oficina de Maquiagem e Pantomima - IBCor (Keila) dom 3 de jul de 2011 Congresso de Adoração - Oficina de Maquiagem e Pantomima - IBCor (Keila) qui 7 de jul de 2011 Reunião da Diretoria dom 10 de jul de 2011 Celebração da Graça - Teatro Guararapes sáb 16 de jul de 2011 Clube do Livro sex 29 de jul de 2011 Vigília de Oração sáb 20 de ago de 2011 Clube do Livro ter 23 de ago de 2011 Reunião da Diretoria sex 26 de ago de 2011 Congresso de Missões IPG sáb 27 de ago de 2011 Congresso de Missões IPG dom 28 de ago de 2011 Congresso de Missões IPG sex 9 de set de 2011 Viagem Missionária - Caiçarinha da Penha sáb 10 de set de 2011 Viagem Missionária - Caiçarinha da Penha

Page 20: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 20

dom 11 de set de 2011 Viagem Missionária - Caiçarinha da Penha sáb 24 de set de 2011 Clube do Livro qui 29 de set de 2011 Reunião da Diretoria sáb 1 de out de 2011 Eleição Diretoria 2012 dom 16 de out de 2011 Ensaio ECC sex 21 de out de 2011 Encontro de Casais com Cristo IPG sáb 22 de out de 2011 Encontro de Casais com Cristo IPG dom 23 de out de 2011 Encontro de Casais com Cristo IPG qui 27 de out de 2011 Reunião da Diretoria sáb 12 de nov de 2011 Clube do Livro ter 15 de nov de 2011 Reunião da Diretoria sáb 26 de nov de 2011 Prêmio Jorge Santana Jr dom 11 de dez de 2011 Encerramento das Atividades do Ano

Page 21: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 21

Acrescente os novos eventos confirmados aqui: _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________

Page 22: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 22

Clube do Livro e Sessão de Arte

O Clube do Livro é a forma que o Evanarte encontrou para investir tempo em leitura e produção de conhecimento. A cada mês, vamos nos dedicar à leitura de um livro diferente. E uma vez por mês, vamos nos reunir para discutir o que achamos, o que gostamos nele, se concordamos ou não com o autor, e por fim, exercitar o nosso intelecto. Lista dos livros para 2011: - A Arte e a Bíblia (Francis Schaeffer) - Cristianismo Criativo? (Steve Turner) - A arte não precisa de justificativa (H. R. Hookmaaker) - Viciados em mediocridade (Frank Schaeffer) - Cristo e a criatividade (Michael Card) - O escândalo do comportamento evangélico (R. J. Sider) - Fé cristã e cultura contemporânea - O Coração do Artista (Rory Noland) - Perseverança - Jesus quer salvar os cristãos - Cristãos ricos em tempos de fome - Cristianismo básico - O Evangelho e a Cultura A Sessão de Arte, por sua vez, vai possibilitar que o Evanarte introduza seu censo crítico na chamada "sétima arte". A cada dois meses, o Evanarte vai organizar uma mini sessão de cinema para posteriormente discutir o filme. Nessa discussão, tanto aspectos técnicos quanto o conteúdo do filme estarão na berlinda. Essas atividades visam gerar conteúdo para o grupo e dar solidez a nossa cosmovisão cristã, a partir da qual produzimos arte.

Page 23: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 23

Pequeno Grupo

O Evanarte preza que seus integrantes participem de um pequeno grupo. É importante a convivência com os irmãos e momentos de comunhão, com estudo da Bíblia e oração. Por isso, Evanarte se reune ordinariamente uma vez por semana com esse intuito. O Pequeno Grupo é também tempo de dividir as dificuldades, compartilhar as alegrias e encorajar uns aos outros.

Page 24: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 24

Retiro

Desde 2009, o Evanarte instituiu um retiro como marco inicial para suas atividades a cada ano. Além de momentos de comunhão, oração e estudo bíblico, o final de semana também conta com oficinas de teatro e reuniões de planejamento do grupo. O retiro também é a oportunidade para os interessados em participar do ministério durante o ano.

Page 25: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 25

FÉ – Festival Evanarte

O Fé existe desde 2009 com a proposta de unir os artistas cristãos da cidade. Criamos no FÉ um espaço aberto para o diálogo, para a troca, para o aprendizado e para a comunhão. Um evento feito para pensar e repensar. Pensar o que cabe a nós, artistas cristãos. Repensar o que estamos fazendo, enquanto igreja de Cristo. O FÉ funciona como um congresso de artes. Diversos grupos de igrejas do Recife participam. A idéia é que tenhamos contato com mais pessoas e que troquemos experiências sobre o trabalho com arte. Para isso, compomos a programação do evento com palestras, oficinas e apresentações.

Page 26: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 26

Grupo de e-mails e blog

A Internet é um meio muito importante para o Evanarte. O grupo de e-mails é o principal responsável pela nossa comunicação interna. Todos os avisos, datas, escalas, eventos, reuniões etc, são comunicadas através do grupo de e-mails. É também um espaço para discussões e edificação, através de textos e comentários. Já o blog funciona como um veículo externo, a partir do qual todas as pessoas podem ficar a par do que o Evanarte está fazendo, podem conhecer mais o grupo, sua visão, sua história, sua equipe, seus integrantes e também um canal para divulgarmos nossos eventos, apresentações e atividades.

Page 27: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 27

Peças

Page 28: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 28

A CRUZ (2008) Apresentador: Licença, desculpe interromper.... É que eu to querendo oferecer um negócio... É coisa rápida, não se preocupe, são só alguns minutinhos.... Bem, pessoal. Eu estava passando por aqui, vi uma movimentação grande, tinham uns loucos pulando ali na frente. Foi aí que eu pensei: esse é o lugar ideal pra eu oferecer o que eu tenho. Esse símbolo que eu carrego comigo, teve uma importância muito grande na minha vida, e eu sei que ele pode ser muito importante na vida de vocês também. É por isso que eu vim hoje oferecer ele a vocês: EIS AQUI UMA CRUZ! QUEM VAI QUERER? (Mauricinho se levanta falando no celular) Ah, mas já? O senhor aí, que está em pé! Será que lhe interessaria ter essa cruz em sua vida? (o Mauricinho desliga o celular, contrariado, e diz seu texto) Ah, desculpe, eu não queria interromper uma ligação tão importante... Na verdade, essa cruz não pode ser comprada. O preço que deveria ser pago já foi pago. Essa cruz vale muito mais do que bens materiais. Riquezas e poder acabam tornando o homem cego, pela ganância e vaidade. Mas essa cruz traz uma série de valores pra sua vida. Não valores monetários, mas valores que podem te transformar. Valores como paz, amor, alegria. Sim, alegria! Quando alguém entende a mensagem dessa cruz e resolve tê-la em sua vida, há uma grande festa no céu! (Festeira interrompe e diz seu texto)

Page 29: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 29

Muitas pessoas acham que a alegria está nos prazeres que o mundo oferece. Mas nem se dão conta, que tudo passa. Que essa alegria que o mundo dá, é passageira, é temporal. Essas pessoas preferem os prazeres que logo acabam, dando lugar sempre à tristeza. Mas eu não desisto... (Torcedor interrompe e diz seu texto) É... O homem é tão corrompido, que até uma simples diversão, como um jogo de futebol, pode se tornar uma obsessão. Pode se tornar idolatria. Aquela emoção e êxtase duram 90 minutos, e nada mais. Doação. Amor. O mundo parece que faz questão de esquecer isso. A maior prova de amor do mundo! E o homem faz questão de esquecer. A bíblia diz que Deus deu seu único filho para que ninguém morresse. O que você precisa para ter essa cruz é somente entender que ela é o símbolo de uma ALIANÇA. Uma aliança de Deus para com os homens. (Encalhada interrompe e diz o texto) Nós, muitas vezes, achamos que é possível estabelecer uma relação de troca com Deus. Se Deus me der isso, eu faço aquilo. Quando na verdade, deveríamos ser gratos por tudo que ele tem nos dado. Não estamos aqui hoje? Não estamos respirando? Não temos comida? Tudo isso é bondade do Pai. Não podemos depender dos homens. As pessoas às vezes colocam o significado das suas vidas nos relacionamentos amorosos. Mas sempre se frustram. Mas eu não desisto....

Page 30: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 30

(Mística interrompe e diz o texto) Tantas idéias, pensamentos, fantasias... É cada vez mais comum as pessoas se prenderem às filosofias deste mundo, mas a mensagem desta cruz vai muito além. A mensagem desta cruz traz o verdadeiro significado à palavra fé. Essa cruz não é um amuleto. O significado dessa cruz é muito mais que um simples objeto. A mensagem desta cruz é uma mensagem de esperança. Mas eu continuo a minha jornada, eu não desisto! Eis aqui uma cruz! Quem vai querer? Quem sabe alguém mais atrás... Quem sabe você de óculos! Você que tirou os óculos! (Tímido diz o seu texto) Muitas pessoas simplesmente não conseguem tomar uma decisão. Convicção também é uma atitude imprescindível para quem quer ter sua vida transformada por essa cruz... (A chata levanta e diz que se o apresentador não for embora, ela vai) Não precisa ir embora. Eu mesmo vou. Pode até parecer engraçado, mas eu tenho certeza que você se parece com alguma dessas pessoas que falaram agora. Quando eu resolvi vir até aqui, hoje, eu queria que vocês começassem a se questionar sobre alguns aspectos das suas vidas. São muitos os motivos e desculpas que as pessoas apresentam para não receber essa cruz nas suas vidas. As prioridades da sua existência precisam ser revistas. O que você tem feito da sua

Page 31: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 31

vida? Quais são as coisas mais importantes pra você? O que tem impedido você de se aproximar de Deus? Com essa cruz que está aqui, há uma história. “É, claro!” Você pode dizer... Essa cruz é o símbolo da religião ocidental, é o ícone da igreja. Essa cruz estava nas caravelas portuguesas que chegaram ao Brasil, essa cruz está nos cemitérios do mundo inteiro. Essa cruz representa morte. Mas enquanto o mundo olha pra essa cruz e diz morte, hoje ela vem até você e grita VIDA! Há dois mil anos atrás o filho de Deus, se fez homem e veio ao mundo. Ele morreu por mim e por você cravado numa cruz. Uma cruz, que era sinônimo de humilhação, de sofrimento e dor. Mas ele tornou a vida. Deixando essa cruz vazia. E essa cruz desde então é símbolo de esperança. Esse mesmo homem, que ressuscitou depois de morrer nessa cruz, certa vez disse: “se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me”. É por isso que eu nunca desisto: EIS AQUI UMA CRUZ! QUEM VAI QUERER? Música: Quebrantado FIM

Page 32: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 32

Música Quebrantado (Vineyard) B Eu olho para cruz F# e para a cruz eu vou G#m do seu sofrer participar E da sua obra vou cantar B meu salvador F# na cruz mostrou G#m o amor do pai E o justo Deus B pela cruz, me chamou G#m gentilmente me atraiu e eu F# sem palavras me aproximo E quebrantado por seu amor B imerecida vida F# de graça recebi

Page 33: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 33

G#m por sua cruz E da morte me livrou B trouxe-me a vida F# eu estava condenado G#m mas agora pela cruz E eu fui reconciliado C#m B/D# E impressionante é o seu amor C#m B/D# E me redimiu e me mostrou F# o quanto é fiel

Page 34: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 34

O OUTRO LADO Texto Original: Álcio Lins (1995) Adaptação: Alexandre Andrade e Bruno Gueiros (2009) Ouve-se uma batida de carro. As cortinas se abrem e revelam um menino deitado numa maca. Uma música de terror anuncia a chegada da Morte e dos demônios. O menino acorda e começa a passar mal, enquanto a Morte e os demônios entram em cena. (Um dublê ocupa o lugar da maca, acobertado pelos demônios) No final da música, depois de passar mal e desmaiar no chão, o menino acorda novamente e vê seu próprio corpo na maca. MENINO — Aaaaa!! MORTE — Péssima noite. MENINO — Meu Deus! MORTE — Não, eu não sou Deus; mas vou considerar isso como sendo um elogio. MENINO — Quem é você? MORTE — Eu? Sou a conseqüência dos seus erros. MENINO — Como? MORTE — O salário do pecado não é a morte? Você acaba de me receber com juros e correção. MENINO — Isto é algum tipo de brincadeira? MORTE — Não sou de brincadeiras, mas alguns homens adoram brincar comigo. A sensação do perigo os excita, eles se acham imortais.

Page 35: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 35

MENINO — Deve haver algum engano, eu sou muito jovem para morrer, é injusto. MORTE — Eu já ouvi este discurso antes, garoto, poupe-me desta ladainha. Abaixo de Deus e sobre a Terra talvez não haja criatura mais justa do que eu. Não faço distinção entre raça, sexo, nível social ou idade; da mesma forma que matei os recém-nascidos em Belém, me fiz presente aos primogênitos no Egito. MENINO — Eu sou rico. Quanto quer para me deixar aqui? MORTE — Se é algum tipo de piada, eu não gostei. Por quem me tomas? Acaso você não sabe que desta vida nada se leva? De que me serviria seu dinheiro? MENINO — Não tem piedade, desgraçada? MORTE — Por acaso vocês tiveram piedade de mim? Deus me criou, mas vocês me conceberam; quiseram conhecer o bem e o mal; não se contentaram com o que tinham; comeram do fruto proibido e eu nasci, persona non grata, escória, e foi então que resolvi me vingar. MENINO — Vingança? MORTE — Sim, não só da humanidade, mas de Deus… Chocado? Sabe, mesmo estando submetida ao poder do Criador, eu esperava pacientemente o dia em que eu realizaria o meu intento. Você me parece assustado. MENINO — Louca! MORTE — Eu, louca! Você gasta sua vida em pecado e eu é que sou louca. Passei meses, anos, séculos, até à chegada do grande dia; o Criador havia mandado Seu Filho ao mundo como homem, Ele era carne e na carne eu poderia tocar. E no dia da

Page 36: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 36

crucificação, eu, a Morte, havia triunfado sobre o Filho do Homem; ceifado Sua vida. Eu, a Morte, era maior do que Deus… Tola eu fui; no terceiro dia, Ele me venceu; venceu a morte e hoje está vivo para sempre, eternamente, e como se não bastasse a humilhação de ter me mostrado quão insignificante eu era, naquela hora, eu soube que Deus havia mandado seu Filho ao mundo para que todo aquele que Nele cresse não morresse, mas tivesse a vida eterna, ao seu lado na Glória. Uma simples questão de escolha. Só que você já fez a sua. MENINO — Deus… Senhor… Tu, que és mais forte que a Morte, não permita que ela me leve. MORTE — Chega! Agora é tarde, você teve tempo bastante para buscar a Deus enquanto era vivo; agora você está morto… Vamos? MENINO — Eu não vou. MORTE — Sabe o que aguarda você, não é? Mas se não vai por bem, vai por mal. Demônios, peguem-no! Uma mulher entra com uma capa branca e um ar angelical. Quando os demônios percebem sua presença, se afastam com medo. Ela chega junto ao menino, que está ajoelhado chorando. MENINO — Deus ouviu as minhas preces, você é um anjo, não é? Veio me ajudar? DIABO — Bem, quanto a ser um anjo, pode se dizer que sim, ou que pelo menos já fui um; porém, quanto a ajudar, só quando me convém e nunca, nunca de graça. MENINO — Você é o… DIABO — Sim, eu sou exatamente quem você está pensando.

Page 37: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 37

MENINO — Mas… DIABO — Mas? MENINO — Você é bonito, e os chifres e o rabo? DIABO — (Dá uma gargalhada) Sou o Diabo, não uma vaca. Se realmente eu fosse tão feio quanto me pintam, acha mesmo que atrairia a tantos? MORTE — O que fazes aqui? Eu já estava levando-o. DIABO — Morte, a patética criatura que pensou poder subjugar o Filho do Homem. MORTE — Com que direito zombas de mim? Que eu saiba foste tu quem tentou seduzir o Cristo no deserto com riquezas e poder, usando da tua lábia sem sucesso; tentativas tolas de um tolo. DIABO — Ainda estás aí? (olha com desprezo) Podes ir ceifar novas vidas que desta pobre alma me encarrego eu. MORTE — Divirta-se com teu novo brinquedinho, mais um para tua coleção. (sai) DIABO — Desculpe a nossa amiga Morte; ela é um tanto… como poderei dizer?… amarga! MENINO — O que você vai fazer comigo? DIABO — Calma, os homens são engraçados, tem mais medo de mim que amor a Deus. Esquecem de amar a Ele de todo o coração, toda alma, toda força e entendimento. MENINO — Por que não fala logo o que vai fazer comigo?

Page 38: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 38

DIABO — Para que tanta ansiedade? Você tem a eternidade para descobrir, e acredite... isso é muito tempo. MENINO — Desgraçado! DIABO — Sou! MENINO — Você não passa de um monte de excremento! DIABO — Muito obrigado (com deboche e ironia) MENINO — Canalha! DIABO — Cão, capeta, diabo, belzebu... Os demônios ficam agitados e encobrem a mutação do Diabo, que se transforma em homem. DIABO — Já me deram nomes melhores! Mas prefiro ser chamado por meu nome angelical, pelo qual engano a todos: Lúcifer! O anjo de luz. MENINO — Você é responsável pela minha ruína, minha e a de todo o mundo. DIABO — Eu? Tenho a minha parcela de culpa, não nego. Porém, eu apenas mostro um caminho; vocês é que decidem se vão trilhar ou não. Eu apenas ofereço a libertação do senhorio do Criador; vocês é que decidem se vão continuar submissos a Deus e livres do pecado, ou se querem ser livres de Deus e escravos do pecado. Ainda assim, vocês podem suportar meus ataques, não há tentação maior que as forças do homem. Por essa razão, mesmo já tendo nascido pecadores, vocês não são isentos da responsabilidade de terem se rebelado contra Deus. Portanto, não me use como justificativa para os seus atos maléficos. MENINO — Mas eu sempre fui bom…

Page 39: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 39

DIABO — Bom? O que você chama de bondade? Nenhum ato humano pode expiar o crime de terem os homens se rebelado contra Deus. Acaso poderia um assassino se desculpar perante um tribunal usando um ato de caridade para expiar o seu crime de assassinato? Se num tribunal humano, que é falível, os homens não acatariam essa desculpa, quanto mais no justo tribunal divino? Nenhum ato humano pode ser visto como bom, aos olhos de Deus. Vocês nada fazem para obedecer o Criador, fazem apenas para satisfazer seus próprios sentimentos e anseios humanos. MENINO — Deve haver alguma maneira de me livrar de tudo isto. DIABO — Bem, para você não há mais! Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito de baixo do céu. Se você estivesse vivo, poderia se submeter ao senhorio daquele que morreu em seu lugar como expiador da pena capital que pesava sobre você. Mas você está morta! O sangue dele não vai mais limpar os seus pecados. MENINO — Você mente, deve haver alguma maneira… DIABO — Mentira sempre foi uma boa filha; contudo, pela primeira vez na minha longa vida estou falando a verdade para um homem… e sabe o que é mais engraçado? É que vocês, humanos, preferem acreditar nas minhas mentiras a ouvir as verdades de Deus, mesmo que seja o diabo que as tenha dito! Bem, vou indo… MENINO — Você vai me deixar? DIABO — Claro, não tenho tempo a perder com quem já está perdido! Tenho outras vidas para afastar de Deus; outras almas para conduzir ao inferno… MENINO — Eu pensei que...

Page 40: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 40

DIABO — Pensou? Pensou errado! Você não será perdoado, nem escapará da ira divina… Eles virão te buscar. Demônios, seus covardes, saiam das sombras e peguem-no! Os demônios entram e levam o dublê. Em seguida, o menino acorda na cama, e percebe que tudo não passou de um sonho. Ele ora, e se arrepende da vida que tem levado, longe de Deus. FIM

Page 41: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 41

OS DOIS FUNDAMENTOS Texto original: Jorge Santana Jr. (1993) Adaptação: Bruno Gueiros (2011) Um construtor entra em cena e analisa as condições do terreno. Ele pretende construir uma casa naquele espaço. CONSTRUTOR – Eu sou um construtor. E vim para edificar minha casa, um lugar para morar. Procuro terra firme, rocha eterna, para aqui começar, alicerces fortes, pois para mim, não importa o tempo, pouco a pouco, num monumento para a glória de Deus eu vou morar. Os alicerces estão juntos no centro do palco e ao começar a música da casa forte, eles caminham pelo palco. Um após o outro, os alicerces vão à boca de cena e dizem o seu texto para a platéia. À medida que os alicerces falam, eles vão formando as colunas da casa, no centro do palco. SANTIDADE - Fujam da imoralidade, pois qualquer outro pecado que um homem comete é fora do corpo, mas aquele que pratica a imoralidade, peca contra o próprio corpo. Acaso vocês não sabem que não são de vocês mesmos? E que o corpo de vocês é templo do Espírito Santo? E que vocês foram comprados por preço de sangue? Por isso, fujam da imoralidade e glorifiquem ao Pai com seus corpos. TEMOR A DEUS – Quem teme ao homem, arma cilada contra si mesmo; mas o que teme ao Senhor está seguro. O Senhor conduz à vida. Aquele que o teme ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará, pois o Senhor se compadece daqueles que o temem. O temor ao Senhor é o princípio da sabedoria. Servi ao Senhor com tremor e alegrai-vos nele com temor. LOUVOR – Louvem ao Senhor! Louvem ao Senhor em todo tempo. Louvem durante a tempestade e quando chegar à primavera. Louvar ao Senhor é reconhecer as maravilhas que ele tem feito em sua vida em todos os momentos, nos bons e

Page 42: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 42

naqueles que julgamos serem maus tempos. Você pode louvá-lo com a sua voz, com instrumentos musicais, com danças! Todo ser que respira, louve ao Senhor! HUMILDADE – Humilhem-se na presença do Senhor e ele exaltará a vocês. Ser humilde é aceitar um lugar de serviço, é preocupar-se com as necessidades e interesses dos outros. Tenhamos o mesmo sentimento de Cristo, que assumindo a forma de servo se humilhou até a morte. Porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a Sua graça. FÉ – A fé é a certeza das coisas que se esperam; é não precisar ver pra crer. É confiar por completo naquele que morreu em seu lugar. É saber que Deus tem o melhor e que sempre fará o melhor para cada um de nós. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará. AMOR - Não amem de palavra, mas de fato e de verdade! Tenham o amor fraternal que não finge, mas amem de coração uns aos outros. O amor cobre multidão de pecados, no amor não existe medo, antes, o perfeito amor lança fora o medo. Aquele que não ama, não conhece a Deus, porque Deus é amor. Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, de nada valerá. Ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, nada serei. Sim, sem amor, eu nada serei. ORAÇÃO - Você sabe o que significa oração? Oração é o privilégio de podermos conversar com Deus. É poder colocar diante Dele todas as nossas angústias e agradecê-lo pelas bênçãos recebidas. Orem uns pelos outros. Se tem alguém entre vocês doente, faça uma oração, se tem alguém alegre, faça uma oração de ações de graça! O Senhor não despreza a oração do justo, mas faça tudo para honra e glória do Senhor. GRATIDÃO – Dê graças por tudo, porque esta é a vontade de Deus. Agradeça o pão de cada dia, agradeça a Deus pela saúde, pelo emprego, pelos amigos e até mesmo pelas dificuldades,

Page 43: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 43

porque elas nos fazem amadurecer. Tudo isto e muito mais são bênçãos que o Senhor derrama sobre nossas vidas. E nunca, nunca esqueça de agradecer a Deus pelo maior de todos os sacrifícios. O sacrifício de Cristo na cruz para nos libertar do pecado. Renda graças ao Senhor porque Ele tem cuidado de você. Feliz o homem que reconhece os feitos do seu criador. O construtor vai até o centro palco e comanda os alicerces, que erguem o telhado da casa, formando uma construção com paredes “humanas”. CONSTRUTOR – Venham, minha esposa querida e minha filhinha. Venham ver nosso lindo lar. ESPOSA – Ah, querido! Você me faz tão feliz. Agradeço a Deus pela nossa família abençoada e pelo lar que ele nos deu. FILHA – Adorei essa casa nova! Vocês são os melhores pais do mundo! A família entra na casa e os elementos da natureza começam a agir sobre ela, percorrendo o palco. SOL – Eu sou o grande luzeiro que governa o dia! Meus raios são como flechas que além de alegria também podem trazer agonia. Sou o Sol, sou a luz, sou o fogo, que quando insiste em estar presente, traz um calor persistente, que queima, destrói, suga a seiva, seca a vida. Terra morta, morte à vida! VENTO – Uiva, vento! Uiva! Uiva, vento! Uiva! Vento forte que arranca os galhos, derruba as árvores, agita o mar, levanta as casas, só as rochas não consegue abalar. CHUVA – Chove, chuva! Chove! Eu sou a chuva que se transforma em tempestade. Venho para arrasar toda a cidade e tudo que nela há. Venho com força e violência, com toda impaciência, para tudo derrubar.

Page 44: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 44

RIO – Corre, rio! Corre! Corre, rio! Corre! Agita as tuas águas, transborda as tuas margens, mostra a tua força, penetra na terra alheia e afoga o que te rodeia. Todos os elementos correm ao redor da casa e saem de cena, mas a casa permanece de pé. A família sai da casa e todos juntos dizem: TODOS - Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, firme para sempre. As cortinas fecham e a peça volta à formação inicial, com os alicerces ao centro. As cortinas se abrem e o construtor entra novamente, dessa vez para construção da casa fraca. CONSTRUTOR - Eu sou um construtor. E vim para edificar minha casa, um lugar para morar. Procuro qualquer terra, qualquer pedra, o que quero é logo começar. Os alicerces não importam, pois tenho pressa, não posso esperar. Confio em mim mesmo e não preciso de ninguém para me ajudar. A música começa e os alicerces começam a caminhar pelo palco. Novamente, um a um, todos dizem seu texto para a platéia e vão para o centro do palco, onde posteriormente formarão os pilares da casa. MURMURAÇÃO – Ai que vida chata! Nada acontece! Estou cheia de tudo! Que saco! Como está quente aqui! E esse refletor na minha cara! Tira isso daqui. Minha filha, que cabelo desarrumado! Vá se ajeitar. Eu, chata? Chata é você. Com essa roupa ridícula você não arruma nem um sapo, quanto mais um namorado! Ai, que vida chata! IMORALIDADE – Ahhhh! Mulheres! Sabem o que é melhor do que uma mulher? Duas, três, quatro… Um harém! Quem me dera ser um daqueles xeiques árabes, cheios de mulheres. Eu traço qualquer uma. Pode ser branca, negra, verde, azul, gorda,

Page 45: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 45

magra, alta ou baixa. O importante é ser mulher! Por isso, garotas, fiquem atentas, pois eu estou solto! BEBIDA – E viva a cachacinha! E viva a cachacinha! Que venha a número um, a número dois, até a 51, que é uma boa idéia! Que venha a boa, que desça redondo, que venha até a do pirata! Eu bebo para comemorar e bebo para esquecer as amarguras da vida. Bebo simplesmente para esquecer que estou bêbado e bebo para curar minha ressaca do dia anterior. E viva a cachacinha! GLUTONARIA – Um filé bem passado, com cuscuz ensopado! Uma lasanha a bolonhesa coberta com queijo ralado! Melhor ainda, churrasco de maminha argentina! Carne chinesa acebolada! Feijoada com toque de pimenta! Acarajé e vatapá! Hum… Sushi! Pizza! Hambúrguer! Sarapatel! Que delícia! Patê com bolacha! Torta de chocolate! Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e um pão com gergelim! Ah, eu não como para viver; eu vivo para comer! SOBERBA – Vocês? Vocês não são nada! Eu chego aqui, dirigindo meu carro importado, com este terno italiano, relógio de ouro no pulso. Se tenho tudo isso é porque sou competente. Agora, vocês? Olhem só para vocês. Pobres coitados! Miseráveis por natureza, classe média por profissão! Nada são e nada serão, por que não quiseram ser. O sabor do caviar, viajar pelo mundo, ser cliente especial em bancos, dinheiro! Isso vocês nunca terão. Ralé! Mundiça! ANSIEDADE – Ai! Estou tão ansiosa! Será que tudo na minha vida vai dar certo? Será que vou conseguir me casar? E se me casar, será que vou ter filhos? E se tiver, serão todos meninos ou meninas? Ai! Estou tão nervosa! E amanhã? Será que vou passar no teste de digitação? E se o computador falhar? E se eu quebrar um dedo? Pior! E se eu quebrar a mão toda? Ai! Será que vai dar tudo certo na minha vida? Será?

Page 46: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 46

VAIDADE – Linda, mais que demais; eu sou linda, sim! Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? Claro que não! Mas sabe de uma coisa? Até que vale a pena tanto sacrifício para manter a forma e realçar a beleza. Eu sou mesmo de arrasar, não é? Também, cabeleireiro, massagista, manicure, pedicure e tratamento para pele! Academia? Três horas por dia! Eu morro de medo de ficar velha! Se tudo isso já faz um efeito nas feias, imagine em mim que nasci bonita da cabeça aos pés! INVEJA – Eu não suporto olhar para Camila. Ela tem tudo que deveria ser meu. Tem dinheiro, tem roupas, anda num carro maravilhoso! E o namorado dela, então? Ai, ele deveria estar comigo. Eu invejo tudo o que ela tem. A família, as amigas, a casa onde ela mora! Mas ela que me aguarde; um dia, tudo o que ela tem vai ser meu. O construtor vai até o centro do palco e os alicerces levantam o telhado. A casa fica ameaçando cair, mas mesmo assim o construtor chama a família. CONSTRUTOR – Ô, mulé! Vem logo ver a casa que eu construí para nós. E mantenha essa pirralha de bico fechado! Eita, gritaria danada! ESPOSA - Casa? Chama esse barraco de casa? Você é muito cara de pau! Gasta nosso dinheiro com bebida e mulher e vem construir esse lixo pra gente morar! Eu joguei pedra na cruz, mesmo, para ter um traste como você como marido! FILHA - Parem de brigar! Eu odeio vocês e odeio morar nesse lugar. Que inferno! A família entra na casa e os elementos entram em cena, rodeando a casa. SOL – Eu sou o grande luzeiro que governa o dia! Meus raios são como flechas que além de alegria também podem trazer agonia. Sou o Sol, sou a luz, sou o fogo, que quando insiste em

Page 47: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 47

estar presente, traz um calor persistente, que queima, destrói, suga a seiva, seca a vida. Terra morta, morte à vida! VENTO – Uiva, vento! Uiva! Uiva, vento! Uiva! Vento forte que arranca os galhos, derruba as árvores, agita o mar, levanta as casas, só as rochas não consegue abalar. CHUVA – Chove, chuva! Chove! Eu sou a chuva que se transforma em tempestade. Venho para arrasar toda a cidade e tudo que nela há. Venho com força e violência, com toda impaciência, para tudo derrubar. RIO – Corre, rio! Corre! Corre, rio! Corre! Agita as tuas águas, transborda as tuas margens, mostra a tua força, penetra na terra alheia e afoga o que te rodeia. Os elementos começam a correr e a casa, que não está firme tomba. Todos os alicerces e a família caem no chão. Algum alicerce se levanta e começa a cantar a música “Espera no Senhor”, enquanto começa lentamente a ajudar os atores que estão no chão a se levantarem. Quando ficam em pé, todos dão as mãos e cantam juntos a música. FIM

Page 48: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 48

Música Espera no Senhor (Gerson Cardozo) Cm G/B Am Bem aventurado aquele que teme ao Senhor Dm G E confia perpetuamente em Teu poder Dm G E medita de dia e de noite A/F G/B C Noite e dia sem fim Cm G/B Am Sua casa edificada sobre a rocha Dm G Não existe vendaval pra destruir Dm G E a família que habita dentro dela Fm/G C Bb° No Senhor espera Dm G F/A G/B Espera no Senhor sem desistir Cm G/B A Gm/A Na certeza que ele não falha Dm G Tudo ele já preparou Em Gm/A Seu amor nunca mudou Dm G Espera no senhor sem desistir Fm/G Cm Seu amor nunca mudou

Page 49: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 49

A VIDA DE LÉO Bruno Rafael Gueiros (2008) As cortinas abrem e revelam um banco de praça no centro do palco. Léo entra puxando uma mala muito pesada e a coloca na frente do banco. Cansado, ele deita no banco e dorme. Ouve-se um estrondo. Blecaute. Léo acorda e acende uma lanterna. Depois de procurar desesperadamente a mala no palco inteiro, ele se coloca na boca de cena e diz para a platéia: Léo – Como foi que eu deixei isso acontecer? Acabei de perder a minha vida! Blacaute. Léo sai. Na casa de Léo. Justo, um senhor de meia idade, está lendo jornal na cadeira de balanço. Com uma enorme mala branca atrás. Lúcio, amigo de Léo entra apressado, arrastando uma mala muito pesada também: Lucio – Seu Justo, seu Justo! Justo – Calma, Lucio. Assim você põe os bofes pra fora. Lucio – Seu Justo, é que aconteceu uma desgraça. Justo – Lucio, você só traz más noticias, mas que coisa! Lucio – Mas é que dessa vez eu tenho que contar, é uma tragédia. Justo – Tá bom! Agora fale logo! Diga o que houve com Léo. Lucio – Como é que o senhor sabe que foi com o Léo? Justo – Eu apenas sei. Agora conte!

Page 50: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 50

Lucio – (falando para a platéia) O Léo perdeu a vida! Justo – Eu sabia que isso iria acontecer... Lucio – Pois é seu Justo... O tanto que eu falei a ele para tomar conta da vida dele. Entra Léo. Léo – Pai, você não sabe a desgraça que aconteceu... Lucio – Uma desgraça! Léo – Sim, foi uma tragédia! Justo – Parem com isso! Eu já sei o que aconteceu, meu filho. Mas como você foi deixar isso acontecer? Como pode perder a sua vida? Léo – Eu não sei, pai... Lucio – Mas o que mais me preocupa é que... Vocês conhecem as leis... Vocês sabem o que acontece agora, não é? Justo – É verdade. Quem perde a vida, Léo, está fadado a morte. Lucio – É! Pra quem perde a vida, só resta a morte! Léo – O quê? Eu vou ter que morrer? Justo – Calma, Léo... Calma. Léo – Como fui deixar isso acontecer? (desesperado) Peraí, gente. Va-vamos ter calma. Me deixem explicar tudo... A verdade é que eu tirei um cochilo no banco da pracinha e roubaram a minha vida. Eu não iria ser tão descuidado a ponto

Page 51: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 51

de perder a minha própria vida assim, do nada! Só pode ter sido isso: alguém roubou a minha vida! Lucio – É, mas eu sempre te avisei, não foi, Léo? Eu sempre disse: Léo, cuidado com a tua vida. Cuidado. Um dia você perde ela, Léo. Eu disse! Justo – Não adianta vir com esse discurso agora, Lucio. Desse jeito você não ajuda Léo. Só planta mais desesperança. Lucio – Eu não quero bancar o advogado do diabo, seu Justo. Mas o senhor vai concordar comigo que o seu filho é muito esquecido, e já faz algum tempo que ele só guarda coisas ruins na vida dele. Coisas que tornaram a vida dele muito mais pesada. Quer ver? Léo, você sempre foi meu amigo. Crescemos juntos, eu sei tudo sobre você. Acho que eu te conheço mais do que você mesmo, não é verdade? Mas antes de mim, quem foi o seu grande amigo? Quem foi que você disse que era a pessoa mais especial do mundo e que nunca falharia com ela, quem foi? Léo fica pensativo. Justo se entristece. Léo – Eu não sei... Lucio – Eu não disse, seu Justo! Ele se esqueceu de você. Ele escolheu guardar a negligência na vida dele. E o senhor sabe, a negligência pesa... Léo – Como eu pude me esquecer... (com raiva) Agora, você é um verdadeiro amigo da onça, hein, seu Lucio Ferraz? Lucio – Ora, Léo. Eu apenas abri os seus olhos. Cada um vê o que quer. Você vai concordar comigo, que o mundo oferece muitas coisas para colocarmos em nossas vidas, mas cada um escolhe o vai levar. Cada um sabe o peso do que carrega. Léo (para Justo) – Mas é bem verdade que eu te amo, pai. Um pouco de afeto eu guardei na minha vida. Pai, você sabe o que

Page 52: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 52

eu suportei na escola e na vida inteira. Lucio, quando o pessoal da escola zombava de você, era eu quem te defendia. E você agora vem me acusar de guardar coisas pesadas na minha vida? E você sabe, Pai. Eu sempre defendi os meus amigos. Pra dizer a verdade, eu nem creio que eu tenha perdido a minha vida, e se perdi acho que eu tenho o direito de tê-la de volta, porque eu sempre fui muito bom com ela. Eu posso ter guardado algumas coisas ruins, mas também guardei algumas coisas que você ensinou, também guardei coisas boas e leves. Lucio – Só para lembrar que lei é lei. Quem perde a vida, tem que morrer. Eu também sinto muito, Léo. Mas você nunca foi cuidadoso com a sua vida, e desculpe se lhe contradigo, mas foram muitas coisas ruins que você guardou na vida, você carregou uma vida muito pesada... Léo – E quem é você para dizer o que eu fui ou não? Ana entra com uma mala muito pesada também. Ana – Ele não é ninguém, mas eu sou! Eu namorei o Léo durante anos. E posso dizer que se hoje ele perdeu a vida, é porque fez por merecer... Léo – O que você faz aqui, Ana? A gente já não namora há muito tempo! Você não tem nada que se meter na minha vida, ou na perda da minha vida! Lucio – Fui eu quem chamei ela, Justo. Chamei porque talvez ela possa nos dizer a razão de Léo ter perdido a sua vida. Talvez ela possa listar alguns pesos que fizeram com que a vida Léo fosse tão pesada, e que contribuíram para que ele a perdesse. Ana – Eu não sei se foi a razão, mas posso dizer que não é a primeira vez que Léo se descuida da vida dele. Vocês sabem que quando não conseguimos mais suportar o peso da nossa própria vida, é muito fácil perdê-la. Léo nunca ligou para as leis da vida, seu Justo. Enquanto namorávamos, ele simplesmente fazia

Page 53: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 53

questão de esquecer tudo de leve que deveria carregar. Ele escolheu por carregar o que o mundo ofereceu de mais pesado à ele. Mas não se dava conta que a vida dele ia aos poucos se desfazendo... A prova cabal disso, é que Léo foi infiel, e isso com certeza contribuiu para que a vida dele tivesse uns bons quilinhos a mais. Lucio – Pois é, seu Justo. Léo ignorou as pessoas ao redor para poder satisfazer os seus desejos. E como todos sabemos, quando a infidelidade une-se a imoralidade, a vida fica com um peso quase impossível de suportar. Léo – Mas Aninha, eu te amava. Eu ofereci a minha vida para você! Ana – Eu nunca iria carregar um peso daqueles, Léo. Se você não agüentou seus próprios erros, ninguém no mundo seria capaz de agüentá-los por você. Justo – Você não percebe, meu filho. Sua traição não foi à Ana, foi a mim. Você parece ter se esquecido de tudo que lhe ensinei. Esqueceu todas as leis da vida. Se entregou a tudo e a todos, mas não zelou para que sua vida guardasse os bons frutos, a confiança, a fidelidade, a esperança, o amor... Ana – E tem mais, seu Justo. Eu poderia passar horas apenas citando as coisas pesadas que Léo carregou na vida dele, mas prefiro fazer ele mesmo se lembrar disso. Você lembra daquela moça que trabalhou aqui na sua casa, seu Justo? Dona Joana. Pois é, lembra que ela foi embora porque sumiu o dinheiro que estava na mesa reservado para o pão? Pois bem, seu filho, Léo, disse ter visto ela roubar, mas na verdade ele mesmo foi o ladrão da história. Foi ele quem roubou aquele dinheiro. Léo começa a reconhecer seus erros. Léo – Como pude... foi por isso que minha vida ficou mais pesada desde aquele dia. Coloquei a injustiça na minha vida.

Page 54: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 54

Lucio – Pois é, Léo. A gente não faz idéia do peso da injustiça, não é? Léo – Mas eu também ajudei as pessoas como você me ensinou, pai. Até hoje eu dôo dinheiro a esse hospital aqui da esquina. Eu sempre que posso ajudo as pess... Lucio – Deixe esse seu discurso de lado Léo. Comparado aos tocos e os subornos que você já recebeu, esse dinheiro que você doa ao hospital não é nem um décimo do que você já conseguiu extorquindo as pessoas. Léo – Por isso que a cada dia minha vida estava mais pesada. Eu também coloquei a MENTIRA nela. Ana – É, Léo. Faça um balanço da sua vida. Eu acho que se somar todo o peso que você depositou, você já vai ter uma enorme parcela de... Léo – Culpa! Por isso eu não conseguia mais suportar o peso da minha vida! Lucio – Todos sabem, Léo. Até você. A culpa é um peso muito grande para qualquer pessoa carregar. Léo chora. Léo – Me desculpe, pai! Me perdoe, porque nunca enxerguei a minha vida como você queria. Me desculpe, porque só guardei em minha vida tudo o que leva a morte... Sempre carreguei um peso muito grande que eu mesmo pus dentro da minha vida. Mas pai, eu também guardei algumas coisas boas na minha vida. Olhe para mim! Eu sou um jovem, um homem crescido, formado. Se colocarmos a minha vida numa balança, vão haver mais coisas boas do que ruins. Eu posso ter errado, mas mereço ter a minha vida de volta.

Page 55: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 55

Justo – Não se pode recuperar o que já se perdeu desse modo, Léo. As coisas boas que você guardou na vida, não eliminam, nem eximem as coisas ruins. As coisas leves, não fazem mais leves o que é pesado. As suas obras não podem comprar a sua vida de volta. O pagamento por tudo de errado que você fez, é a morte. Léo – Tudo bem, pai... Eu sei que eu errei e agora sei que perdi minha vida porque só guardei o peso dos meus erros nela... Justo – Meu filho, você está condenado à morte! Lucio e Ana riem discretamente. Justo – Mas eu te amo, Léo. E é por você, que eu dou a minha vida. (Justo entrega a mala grande e branca agora com uma luz acesa, para Léo) Justo – E eu a dou para que você não morra, mas viva para sempre. Você agora tem uma nova vida Léo. Cuide dela. Guarde apenas as coisas boas, guarde tudo que lhe ensinei: justiça, fidelidade, esperança, amor... Nessa sua nova vida, tudo é novo. Todos os seus erros e todo o peso que você guardou, agora são velhos. Viva a minha vida Léo, carregue a minha vida, porque ela é leve. E eu levarei a sua morte. Blecaute. Todos acendem suas lanternas, exceto Justo. Léo – (Para a platéia) Que amor tão grande é este, a ponto de entregar sua vida por mim? (Para Lúcio e Ana) E vocês, o que fazem aqui? Vocês já plantaram a desesperança no passado, mas agora não eu não vivo mais a minha antiga vida. Eu agora vivo a vida do meu pai. Luzes acendem.

Page 56: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 56

Lucio e Ana – Mas o Justo deveria estar morto! Justo – Vocês estão enganados. Eu estou vivo, porque mesmo carregando a morte, não havia peso algum sobre mim. Saiam, porque onde brilha a minha vida, a escuridão não pode chegar. Lucio e Ana pegam as suas vidas com muita dificuldade por serem pesadas, e deixam, sem querer, abrir a mala, de onde cai a antiga vida de Léo. Eles saem contrariados e com raiva. Léo abraça sua nova vida, e sai abraçado ao seu pai. FIM

Page 57: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 57

O CORAÇÃO DE MARIAZINHA Adaptação: Álcio Lins (2008) Texto original: Marise Peixoto e Flávia Peixoto (1997) Mariazinha era uma menina muito alegre. - Bom dia sol! - Bom dia Mariazinha. - Bom dia passarinho! (Efeito de passarinhos.) - Bom dia Mariazinha. - Bom dia formiguinha que vai passando. - Bom dia Mariazinha. - Bom dia platelmintos! - Blu, blu, blu. Era uma garotinha tão doce, que não sei como não dava formiga, tão sapeca. Gostava muito de pular, pular, pular... Desculpe, me empolguei. E pulando Mariazinha foi crescendo, crescendo. De repente ela começou a ouvir um som diferente (TUMTUM, TUMTUM, TUMTUM). - Mas o que será esse som? (TUMTUM, TUMTUM, TUMTUM.) Mariazinha percebeu então que estava ouvindo o som do seu coração e logo o pegou e o colocou em suas mãos. - Ah! Como é feliz o meu coração! Como eu gosto do meu coração! E Mariazinha jogava o coração de uma mão para outra. E abraçava o seu coração. E beijava o seu coração. Um dia Mariazinha pensou.

Page 58: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 58

- Meu coração é muito especial. É preciso que alguém tome conta dele! Já sei! Vou entregá-Io aos meus pais. Só eles poderão tomar conta do meu coração. E Mariazinha entregou seu coração a seus pais. E os pais de Mariazinha alisavam o coração de Mariazinha. Beijavam o coração de Mariazinha. Abraçavam o coração de Mariazinha. Mostravam para todo mundo o lindo coração de Mariazinha. Mas, o tempo foi passando e o pai de Mariazinha começou a chegar tarde todas as noites em casa. A mãe de Mariazinha ficava com muita raiva. - Isso são horas? Você não tem vergonha na cara Roberval? - Deixa de exagero mulher! - Exagero! Você está cheirando a álcool e também a perfume barato cabra safado... - Não vem não! - Você é um bruto! - E você uma chata! E quanto mais os pais de Mariazinha brigavam, mais 'machucavam o coração de Mariazinha. Assim o coração de Mariazinha era jogado de um lado para o outro. Até que um dia os pais de Mariazinha resolveram se separar. E eles começaram a brigar pelo coração da garota. - Eu vou ficar com o coração de Mariazinha. - Não, sou eu quem vai ficar. Até que a mãe de Mariazinha ficou com o coração dela e o pai levou um pedaço com ele. Mariazinha Ficou tão triste. Seu coração já não era mais o mesmo.

Page 59: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 59

- Mas o que é que eu vou jazer agora? Meu coração está tão machucado. Estou tão triste! Assim o tempo foi passando e Mariazinha já não pulava tão forte. Seu coração estava sem um pedaço. ( HUM-HUM, HUM-HUM, HUM-HUM) O tempo foi passando, os hormônios foram agindo e Mariazinha se tornou uma grande mulher, Quer dizer não tão grande assim. E Mariazinha cresceu e arrumou três amigas, Maria do Bairro, Maria Mercedes e Marimar. Elas só viviam juntas. Eram tão queridas! Eram mesmo inseparáveis ou ... , quase inseparáveis. Certo dia, quando as amigas estavam conversando, surgiu diante dos olhos de Mariazinha um belo rapaz. Ele era incrível! Um Gato! Brad pito Seu sorriso colgate, seu olhar penetrante, seu caminhar atraente. Tinha gestos de um verdadeiro príncipe da praia do Pina. Mariazinha quando olhou aquele monumento, ficou logo apaixonada. Puxou Maria do bairro e comentou: - Ele é lindo! É demais! O rapaz se aproximou de Mariazinha e logo ficou encantado. - Que garota! Que avião! Ela é um sonho. Então começaram a namorar. Mariazinha então pensou: - Vou entregar meu coração para ele. Com certeza ele vai cuidar bem dele. E Mariazinha entregou o seu coração para o rapaz cuidar.

Page 60: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 60

E ele beijou o coração de Mariazinha, acariciou o coração de Mariazinha. - Mariazinha você quer ir ao cinema comigo? - Claro! Mas, tem uma condição, minhas amigas devem ir comigo também, porque nós somos inseparáveis. O rapaz concordou e foram todos ao cinema. Enquanto assistiam um filme de suspense, Maria do Bairro, vulgo a Usurpadora, conhecida assim por ter roubado os namorados de todas as meninas do bairro, começou a olhar para o namorado de Mariazinha. - Nossa! Como o seu cabelo é macio. Que sorriso! E o rapaz que até então era apaixonado por Mariazinha, começou ceder aos encantos de Maria do Bairro. - Ah! Não sei por que você ainda guarda o coração de Mariazinha. Por que você não o devolve à ela e vamos dar uma voltinha? O rapaz olhou para Mariazinha e devolveu o coração dela, indo embora com Maria do Bairro. Mariazinha ficou Perplexa. Como pode seu namorado desprezar assim o seu coração? Mariazinha ficou triste e seu coração saltitava com menos alegria. ( PLOFT PLOFT, PLOFT PLOFT, PLOFT PLOFT) E as amigas de Mariazinha consolavam Mariazinha, abraçavam Mariazinha, e diziam a ela o quanto gostavam dela. Mariazinha então, resolveu entregar seu coração para sua amiga'! - Deixa ver, “pim, pam, pum, cada bala mata um ...”

Page 61: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 61

Para sua amiga Maria Mercedez cuidar. Mariazinha confiou seu coração a sua grande amiga. O tempo foi passando, passando, quando Mariazinha resolveu arrumar um emprego. Contou a suas amigas que precisava trabalhar e ia fazer um teste No circo. Maria Mercedez logo disse que, apesar de não precisar, também gostaria de trabalhar. Mariazinha falou então para ela que assim que estivesse trabalhando e abrisse outra vaga no circo, indicaria o nome da amiga. No dia de pegar o resultado do teste, Mariazinha foi com suas amigas inseparáveis, ou, quase inseparáveis. O diretor da empresa fez muitos elogios a Mariazinha, porém ... - Você foi muito boa no teste Mariazinha, mas sua amiga Maria Mercedez saiu-se melhor porque além de falar inglês, espanhol, francês, ela chupa cana e assobia ao mesmo tempo Mariazinha ficou sem acreditar. - Como pode Maria Mercedez? Você sabia que eu precisava desse emprego. E agora? Maria Mercedez nem ligou para Mariazinha, o. que ela queria mesmo era curtir o emprego e o seu novo chefe, muito alegre jogou o coração de Mariazinha no chão indo embora com o seu agora patrão. Ma riazinha ficou inconsolável. Seu coração estava ainda mais machucado. E o coração de Mariazinha pulava cada vez mais desanimado. ( BRUFF, BRUFT,……) O que é isso Mariazinha!!!!! Marimar tentou animar sua amiga, mas Mariazinha estava inconsolável.

Page 62: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 62

- Quer saber, nunca mais eu entrego o meu coração a alguém. Primeiro foram meus pais que quebraram o meu coração, depois meu namorado que desprezou o meu coração e agora minha grande amiga que machucou e traiu meu coração. Marimar então pegou o coração de Mariazinha e disse: - Que nada Mariazinha, dê-me aqui seu coração que vou apresentar a ele os prazeres da vida. E Marimar começou a apresentar o mundo a Mariazinha. Começou a correr o mundo com Mariazinha. E um certo dia a levou ao show de Betinho e Mariazinha conheceu o seu ídolo. - Betinho, eu sempre quis conhecer você. Eu sou sua fã. E Betinho pegou o coração de Mariazinha e começou a dançar com ele, a pular com ele, e dançava, dançava. Enquanto isso, Mariamar se afastou de Mariazinha e foi curtir os prazeres da vida. Betinho achou aquela fã muito inconveniente e jogou o coração de Mariazinha no chão. Foi quando duas figuras muito estranhas cruzaram o seu caminho. Marina Depressões olhou para Mariazinha então falou: - Girl! Como você está abatida Olha, toma um gole disso aqui que você vai melhorar. E Mariazinha tomou. - Toma mais minha filha que para suportar esta vida é preciso beber o mé. Mariazinha tomou a garrafa até acabar

Page 63: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 63

- Pôxal E agora Depressões? Acabou o mé. - Vou procurar mais, fica aí com a Marina Ilusões que eu já volto. E Marina Depressões saiu e deixou o coração de Mariazinha com Marina. Ilusões. - E aí girl, qual é a sua? - Tô viajando garota. (Efeito do avião.) - Viajando? - É. Já fui até a Austrália, passei pela África e voltei para cá só pra ficar para você estrelinha.(Efeito do avião) - Que bom! - Toma, experimenta isso aqui. - O que é isso? - Você quer viajar comigo? - Quero. - Então toma. E Mariazinha tomou aquela droga, esquecendo da campanha que diz, DIGA NÃO ÀS DROGAS, e ficou anestesiada. - Que legal! (Efeito do avião.) - Tá viajando? - Tô, quero mais. (Efeito do avião.) - Ah! Assim não dá. Só pagando. - Mas eu não tenho dinheiro. (Efeito do avião.) - Sinto muito, mas eu já fui legal com você. Agora só pagando. E Marina Ilusões foi embora e jogou o coração de Mariazinha nos seus pés. Mariazinha mal podia caminhar. Seu coração ficou todo machucado, partido, ferido e doente. Mariazinha com seu coração na mão começou a chorar. - Por favor coração não morra. Por favor coração volte a sorrir, eu preciso de você. Por favor coração .... estou tão cansada.

Page 64: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 64

E quando Mariazinha já não tinha mais forças, alguém chegou perto dela e perguntou porque estava tão triste. Mariazinha pegou seu coração e mostrou para aquela pessoa que parecia querer ajuda-lá. - Mariazinha, só uma pessoa pode lhe ajudar. Mariazinha, entrega o teu coração ao Senhor Jesus, confia Nele e seu coração se renovará. Entrega o teu coração ao Senhor, confia Nele e o mais Ele fará. E Mariazinha naquele dia resolveu entregar seu coração a Jesus e orou: - Senhor Deus já não tenho mais força para cuidar do meu coração. Sinto um vazio muito grande. Ajude-me senhor a manter meu coração inteiro. Música: O que bem quiseres (João Alexandre) O Senhor com carinho pegou o coração de Mariazinha, o abraçou e começou a cuidar dele. Juntou todos os pedaços que faltavam e como um vazo na mão do oleiro, transformou o coração de Mariazinha num novo coração. E assim, naquele dia, Mariazinha entendeu que feliz é o coração cujo Deus é o Senhor. FIM

Page 65: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 65

Música O que bem quiseres (João Alexandre) A Bm7 Aº A7+ Eis aqui meu coração Bm7 A9 Bº Machucado, envelhecido pela vida F#m G#m Ele, que já foi feliz, F#m F# Bm7 Hoje é só cicatriz, rancor G#º Ausência e dor, A9 B7 D Bm7/b5 A7+ Sofrer sem fim, temor em mim A9 Bm7 Cº A7+ Tens, ó Deus, meu coração F#m G#º A9 Dº Pra fazer dele o que bem quiseres F#m Fm7/b5 A Só o calor de Tuas mãos A7+ F#m7 A9 Aº O fará reviver, reluzir, renascer Bm7 G#º A7+ Sob o Teu bem querer, Senhor

Page 66: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 66

O FILHO PRÓDIGO Texto original: Alexandre Andrade e Renato Barros (1994) Adaptação: Lívia Lins e Bruno Gueiros (2009/2011) CENA 1 - AS EMPREGADAS Das Dores entra em cena e começa a cantar, logo em seguida Das Neves entra e atrapalha a cantoria dela DAS NEVES – Das Dô! Das Dô! Eita, mulher preguiçosa. DAS DORES – Oi, Das Neves, me chamou? DAS NEVES – Chamei, sim. Das Dô, minha filha, se apresse que Dona Arleta ta já chegando e hoje é daqueles dias que a gente tem que organizar as coisas que Seu Aroldo leva lá pra aquele bando de marginais pra jantar com eles. DAS DORES – Mas já?! Olhe, eu não sei como é que um homem tão bom como Seu Aroldo gosta de gastar dinheiro ajudando aquele monte de ladrão e marginal. Sinceramente, dizem por aí que até mulher da vida aparece por lá, pra Seu Aroldo dar comida, existe uma coisa dessas?! DAS NEVES - Pois é, se eu fosse dona Arlete abria era os zóio. Eu que não queria marido meu andando com um mói de gente pilantra e desocupada. Agora, enquanto os outros comem de graça, a gente aqui trabalhando o dia inteiro. Existe isso não. DAS DORES – Apoi né que tu tem razão. Só sobra pra classe assalariada, sei não. Ainda bem que Seu Aroldo paga tudo em dia pra gente... DAS NEVES - É verdade! É INSS, IPTU, IPVA, IBGE, IPSEP. Eita, homem bom! DAS DORES - Ô Das Neves, eu só não entendo uma coisa: como é que um homem tão bom desse pode ter uns filho tão complicado como aqueles dois. DAS NEVES - Apoi num é! André, o todo metido a crente, outro dia aprontou uma comigo que quase dou-lhe na cara. Me pergunte por quê. DAS DORES - Por quê?

Page 67: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 67

DAS NEVES – Eu fui servir a sopa na hora da janta. A sopa quente, mulher, queimando minha mão, aí o peste pega e diz “parada aí!”. Agora me pergunte pra quê? DAS DORES – Pra quê? DAS NEVES – Pra orar. Ah não, mulher, o menino ora o tempo todo. Ora pra dormir, ora pra comer, ora até pra descomer. Me poupe! DAS DORES - Menina, que absurdo, né?! Mas eu ainda prefiro André. Pior é Abelardo. Aquilo é os pés da besta minha filha. Outro dia ele aprontou uma comigo que eu quase dou-lhe na cara. Me pergunte por quê. DAS NEVES - Por quê? DAS DORES - Porque ele com essa mania de ouvir música nas alturas, quase mata dona Arlete do coração. A mulher estava com dor de cabeça, os vizinhos reclamando e como sempre só sobra pra quem? quem? Pra classe assalariada, a classe C. Tive que sair na chuva pra comprar um remédio pra a mulher. Agora me pergunte pra que esse estardalhaço todinho desse Abelardo. DAS NEVES – Pra quê? DAS DORES – E eu sei lá! Sei não... Entra Dona Arlete com as compras nas mãos e pede ajuda as duas empregadas. DAS NEVES – Tá vendo, é muito serviço, num dá não. DAS DORES – Tá bom da gente avisar que o tempo de escravidão já passou. As duas simulam um açoitamento no tronco. Arlete volta e vê as duas brincando. ARLETE – Posso saber o que é isso? DAS NEVES – Nada não, Dona Arlete, a gente já ta indo. As três saem de cena e entra Abelardo e Lipe. CENA 2 – ABELARDO E LIPE

Page 68: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 68

ABELARDO - Aí Lipe! Essa festa vai bombar meu irmão. Já falei com todo mundo, Pig, Dudu, Lucas. Escobar disse que a gente não vai se arrepender. LIPE - Ô Abelardo, que viagem é essa, meu irmão? Teu pai sabe que você vai pra essa festinha, meu querido, sabe? ABELARDO - Lógico... que não, né, Lipe! Além do mais, eu não vou, nós vamos. Ele pensa que eu vou pra reunião lá na igreja! LIPE – Nós? Mas era só o que me faltava... Me inclua fora dessa! Tô fora dessas suas roubadas, Aberlardo. Cansei! E tem mais, já ouvi dizer que esse Escobar não vale nada. ABELARDO - Hã? O que é isso Lipe? Tá doido, vai amarelar? Tá querendo me dizer que você vai pra igrejinha? Fala sério, não custa nada a gente experimentar outras coisas, vai. E outra, eu é que cansei daquele bando de mané que tem na igreja, daquelas mesmices de sempre. LIPE – Pois é, mas eu não vou perder meu tempo experimentando coisinhas novas não meu amigo. Já fiz muita besteira e acho que você devia cair fora também. ABELARDO – O que foi que aconteceu contigo, Lipe? Endoidou? Não era você mesmo que gostava de pular um pouco a cerca? LIPE – Pois é, mas agora eu não to mais a fim de viver desse jeito não. Escuta aqui cara, sábado passado me convidaram para assistir uma peça e eu fui. Cara, que benção! Rapaz, quando a peça começou, eu vi minha vida sendo representada naquele palco... Meu irmão, eu fui tocado e tive minha vida transformada, velho. Aí decidi parar com as besteiras que tava fazendo e sugiro que você faça o mesmo. ABELARDO – Lipe, to te estranhando. Que história é essa de ser tocado e se transformar, cara? Quer dizer que tu mudou de time foi? Resolveu sair do armário? LIPE – Deixa de palhaçada, Abelardo. Você sabe que não é disso que eu to falando. ABELARDO – Que tanta besteira é essa agora, Lipe? Você se deixou se levar por uma peça de teatro! LIPE- Eu queria que você tivesse assistido aquela peça...

Page 69: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 69

ABELARDO – Você tá doido, meu irmão? E eu lá quero saber de peça de crente! LIPE- Bom, Abelardo, eu vou ter que ir. Vou ver o pessoal da igreja e vou orar por você! Mas pense direito, velho... ABELARDO – Ah não, Lipe. Espera aí, cara. LIPE – Tchau, Abelardo. Se cuida! Qualquer coisa, estamos aí... ABELARDO – Lipe ta parecendo meu irmão, o fanático dessa casa. Vou é curtir um pouco do meu sonzinho pra relaxar... CENA 3 – A FAMÍLIA ANDRÉ- Abelardo, você pode abaixar esse som, pois estou lendo a Bíblia? ABELARDO- Ih, chegou o crente da família pra encher meu saco! Faz o seguinte, coloca algodão no ouvido e se tranca no banheiro que ta tudo certo. Vai empurrando o irmão pra fora da cena. Liga o som novamente e André volta. ANDRÉ – Abelardo, meu querido, você está surdo? Já falei pra baixar o som. Que inferno, só pode ser provação uma coisa dessas! ABELARDO – Que inferno o quê, rapaz. Será que eu não posso escutar meu som em paz, não? ANDRÉ – Pode. Desde que seja baixo. André sai de cena. ABELARDO – Saco! Liga novamente o som. ANDRÉ- Ô seu imbecil, será que vou ter que encher sua cara de porrada pra você entender? ABELARDO – Hum, tá com raivinha, tá? O crentinho vai bater no irmão, olha que isso é pecado, amor.

Page 70: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 70

ANDRÉ – Escuta aqui, Abelardo, se você prefere viver na bagaceira eu não tenho nada a ver, mas atrapalhar meu momento de leitura da bíblia é passar dos limites. ABELARDO – Eu sei qual é a sua leitura, seu cabra safado. São aquelas revistinhas que você esconde embaixo da cama. É mulher melancia, pêra, maça, abacaxi, hortifrutigranjeira... ANDRÉ – Cala a boca! ABELARDO – Sabe qual é teu problema, André? Você precisa arrumar mulher, rapaz. Parece mais um donzelo. Agora, arrumar mulher de verdade! Faça um esforcinho pra sair do caritó, meu filho. ANDRÉ – Deus me perdoe, mas você me tira do sério Abelardo! ABELARDO – Ô, coitado! Com essa raiva toda, sabe pra onde você vai André? Você vai pra o inferno e de flecheiro! ANDRÉ – Eu vou de flecheiro pra tua cara! André e Abelardo começam a brigar e Arlete chega com as empregadas. ARLETE – O que é que está acontecendo aqui?! DAS NEVES – Eu explico dona Arlete, é esse teu filho Abelardo, isso aí é um marginal, maloqueiro, bandido... ABELARDO – Cala a boca, mocréia! DAS DORES – Êeeeeepaaaaaaa, mocréia não! Agora quem vai encher tua cara de porrada sou eu. Começa uma bagunça com todos gritando ao mesmo tempo até que Arlete pede para as empregadas se retirarem. ARLETE – Chega! Das Dores e Das Neves, me deixem resolver o problema com os meus filhos. Abelardo, você de novo?! ANDRÉ - É, mãe! Abelardo não tem mais limites. ABELARDO - Cala a boca, donzelo. ARLETE – Abelardo, você está um problema, filho! ABELARDO – Não, mãe. Eu estava aqui em paz, escutando meu som, aí vem esse mané aí... ANDRÉ – Você é muito imbecil. ABELARDO – Donzelo!

Page 71: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 71

ANDRÉ – Donzelo, não! Donzelo, não! Aroldo entra em cena irritado. AROLDO – Posso saber o que está acontecendo nesta casa? Estou ouvindo essa gritaria desde o elevador! ARLETE – É Abelardo meu amor, como sempre... não sei mais o que fazer com esse menino. AROLDO – Abelardo, você de novo? ABELARDO- Pronto, como sempre sobrou pra mim! Sempre Abelardo, sempre Abelardo! AROLDO – Deixe de sua ironia, você sabe que está errado! ABELARDO – Porque eu estou errado? Eu tava na minha! Esse donzelo é que veio encher o saco... AROLDO- Abelardo, cale a boca! A partir de agora você está de castigo! Uma semana sem sair de casa! ANDRÉ - Um mês! AS EMPREGADAS – Um ano, Seu Aroldo! ABELARDO – É tudo culpa de Abelardo, não é? Pois Abelardo já tem a solução. Eu vou sair de casa! TODOS – O quê? Como? Sair de casa? ABELARDO – Oh, que lindo! Parece um jogral, é por isso que eu amo vocês... É isso mesmo, sair de casa! André entrega uma mochila cheia para Abelardo como se esperasse esse momento. ANDRÉ – Finalmente! Achei que esse dia nunca ia chegar! Vá e não volte tão cedo! AROLDO – André, vá para o seu quarto agora! ARLETE – Abelardo, meu filho, você está nervoso... ABELARDO – Não mãe, é isso mesmo. Já decidi e pronto. Escobar entra em cena ESCOBAR- Aí, Bebé, vamos nessa! A galera já ta esperando! AROLDO- Quem é esse sujeito?

Page 72: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 72

ABELARDO- Qual é, pai? Esse é o Escobar, meu brother! Diga aí Escobar. AROLDO- Abelardo, meu filho, venha cá! ESCOBAR- Vamos nessa, Bebé! AROLDO- Ô meu amigo, por favor, eu estou querendo falar com meu filho! ABELARDO- Peraí pai, o Escobar é de casa! Fica a vontade, Escobar! AROLDO- Abelardo, meu filho, você sabe o que está querendo? É isso mesmo que você quer fazer? ABELARDO- É pai! Eu tô cheio disso; "a culpa é de Abelardo", "foi o Abelardo", "Abelardo tá bêbado, tá revoltado"! ARLETE- Aroldo, você vai deixar? AROLDO- Arlete, eu não posso fazer nada, não posso prender Abelardo em casa. ABELARDO – E podem ficar tranqüilos que eu já pensei em tudo. Eu já sei como vou me virar. AROLDO – Você vai trabalhar, Abelardo? ABELARDO- Trabalhar?! Não, não. O negócio é o seguinte: eu quero a grana que o senhor colocou na poupança pra meus estudos. AROLDO – Como?! Nós guardamos esse dinheiro para o seu futuro, Abelardo. É isso mesmo que você quer, meu filho? ABELARDO – É pai, é isso mesmo que quero. AROLDO – Meu filho, o mundo aí fora vai lhe proporcionar muita coisa boa, prazeres, aventuras... Mas ele sempre vai cobrar algo em troca. Pense com cuidado no que você vai fazer, Abelardo. E não se esqueça de uma coisa: se algum dia você precisar de um amigo, lembre de seu Deus, de seu Criador! E nunca se esqueça de sua família. Nós te amamos e estaremos sempre te esperando voltar pra casa. ABELARDO- Valeu pai, brigadão! Mas por favor o dinheiro que to com pressa. Aroldo tira o cartão da carteira e entrega a Abelardo. ABELARDO – Valeu, vou nessa! Adeus pessoal, até nunca mais! ESCOBAR – Vamos nessa, Bebé!

Page 73: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 73

Aroldo e Arlete se ajoelham para orar. Blecaute. Aroldo e Arlete saem. PANTOMIMA 1 – Esbanjando o dinheiro. Abelardo e Escobar mudam o visual, compram roupas novas, carro e gastam dinheiro com prostitutas. CENA 4 – A FESTA Abelardo e Escobar permanecem em cena. A cena agora é uma festa que acontece na casa de Pé-de-cana. As figurantes da pantomima permanecem em cena dançando. Todos bebem, dançam e distribuem drogas. ESCOBAR – Bebé, chega aí, fica a vontade... Essa aqui é a casa de Pé-de-Cana, gente fina... ABELARDO – Valeu Escoba, era de uma festinha dessas que eu estava precisando e digo mais, não importa o quanto isso vai custar, eu pago tudo, faço questão. ESCOBAR – É assim que se fala, moleque. Espera aí que eu vou buscar uma bebida pra gente. Sheyla se aproxima de Abelardo enquanto ele fica observando a festa. SHEYLA – Então você é o famoso Bebé? ABELARDO – Eu? Que nada, famoso por quê? SHEYLA – Chutou o pau da barraca, saiu de casa....(com malícia) ta cheio da grana. ABELARDO – Pois é, tava de saco cheio. E você quem é? SHEYLA – Meu nome é Sheyla, a seu inteiro dispor. ABELARDO – Opa, rapaz, que maravilha (Abelardo abraça Sheyla). Escobar volta junto com Pé-de-Cana

Page 74: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 74

ESCOBAR – E aí Bebé, toma (entrega a cana pra Abelardo) Tô vendo que você já conheceu Sheylinha, rapaz. Esse aqui é Pé-de-cana. Pé-de-cana, Bebé. ABELARDO – E aí rapaz, beleza?! PÉ-DE-CANA – Beleza pura, Bebé. ESCOBAR - Aê galera, esse aqui é o Abelardo, vulgo Bebé. Ele ta chegando agora e está pagando tudo! Todos aplaudem. Abelardo ainda não bebeu nada. PÉ-DE-CANA – Então Bebé, está curtindo a festa? ABELARDO – Com certeza. PÉ-DE-CANA – Pois não parece, rapaz, ainda não bebeu nada. ESCOBAR – Ô Bebé, que isso? Tô te estranhando! ABELARDO – Ah, não, pô, calma que hoje eu vou beber até cair (todos riem e ele bebe e tosse) ESCOBAR – Ei pô, se não agüenta pra quê veio?! ABELARDO – Pera aí rapaz, que negócio forte. O que é isso?! SHEYLA – É uma bebida que Pé-de-cana faz em casa. PÉ-DE-CANA – Ô Sheylinha, pera aí, não entrega não! Gostou, Bebé? ABELARDO – Ô! PÉ-DE-CANA – É uma mistura que eu faço de pinho sol com vodka que é uma maravilha, rapaz. Entra Zé Baseado escondendo um pacote de cocaína. ZÉ BASEADO – Aê Escobar, trouxe a parada, mas preciso da grana urgente que os caras estão me cobrando. ESCOBAR – Ah moleque, isso não é problema. Ô Bebé, desenrola uma grana aí pra eu pagar uma parada aqui. ABELARDO – Claro, claro, pega aqui minha carteira. Abelardo entrega a carteira pra Escobar. Assim que Zé Baseado pega a grana, mostra a cocaína.

Page 75: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 75

ABELARDO – O que é isso, rapaz?! Que parada é essa, ta maluco?! ZÉ BASEADO – Tá maluco o que?! Tá maluco o que? Zé Baseado ameaça Abelardo com uma arma. ESCOBAR – Calma galera, que isso. Relaxa aí Zé, o cara ta pagando tudo. Zé Baseado solta o pescoço de Abelardo e ele fica meio desorientado. ZÉ BASEADO – Quem é esse donzelo?! ESCOBAR – Pega leve Zé. Ô, Bebé, que é isso, vai amarelar agora, pô?! Saiu da casa do papai pra ficar só na cervejinha? ABELARDO – Não, que é isso... Sobe som enquanto eles consomem a droga. ESCOBAR – Bebé, chega aí. ABERLARDO – Que foi dessa vez? ESCOBAR – Nada, relaxa. Agora chegou o melhor momento da noite. A gente tem um lugar aqui nessa casa que se chama “cantinho do amor”. To vendo que você e Sheylinha se deram bem e tal, sabe como é, né?! ABELARDO – Claro meu irmão, deixa comigo... Sheylinha, amor! Abelardo e Sheylinha saem de cena. Som de garrafas quebrando e risadas. O som vai abaixando o volume, a luz vai diminuindo a intensidade e todos vão caindo pelo chão, bêbados. Clipe de Simple Plan: “Crazy”. O telefone toca. Pé-de-cana atende.

Page 76: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 76

PÉ DE CANA - Oi, mãe! Como é que ta a viagem?! O quê?! Voltando agora pra casa?! Não, não, nenhum problema mãe. Tá tudo sob controle, a casa arrumada... Desliga o telefone. PÉ-DE-CANA – Bora, todo mundo acorda! Minha mãe ta chegando... Rápido, rápido! Todos saem de cena. CENA 05 – A POLÍCIA Abelardo e Escobar entram em cena. ABELARDO – Escoba, tenho uma parada pra te contar. ESCOBAR – Que foi brother? ABELARDO – Tô sem grana velho, acabou tudo nessas festinhas da gente. ESCOBAR – Como é rapá? Tá maluco velho. ABELARDO – Pois cara, uma hora a grana acaba. ESCOBAR – Que droga.....só tem um jeito Bebé, tu vai ter que entrar nas paradas. ABELARDO – Que parada? ESCOBAR – Tu vai ter que vender uns bagulhos aí pra.... ABELARDO – Como é? Tá doido, velho, vender droga? Tô fora, irmão. ESCOBAR – Tá fora o que rapá, ta fora o que??? Tu vai ter que trabalhar pra se garantir meu velho, ta pensando o que, que eu vou sustentar vagabundo é?? ABELARDO – Calma Escobar, calma... ESCOBAR – Calma nada, calma nada... A Polícia invade o local. Abelardo foge e após ser ameaçado com armas pelos policias, Escobar denuncia o caminho por onde fugiu Aberlado. Os policiais executam Escobar.

Page 77: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 77

Os policiais tiram o corpo de Escobar do palco e começa uma perseguição à Abelardo, que consegue escapar. PANTOMIMA 2 – A QUEDA Zé Baseado ameaça Abelardo com uma arma, Abelardo entrega os objetos pessoais a ele. Sheylinha discute com Abelardo e eles brigam. Abelardo cai no chão em prantos. Ao ver uma mulher passando, ele rouba a sua bolsa. VÍDEO – Bronca Pesada - Cardinot CENA 06 – O ARREPENDIMENTO Abelardo está em cena, atordoado, sujo, sem dinheiro e encontra Lipe no caminho. Sem saber que era Lipe, ele pede um trocado e Lipe reconhece o amigo. LIPE- Abelardo? Abelardo, é você? ABELARDO - Hã? ... Como você sabe meu nome? Quem é você? Eu não sei de nada, não foi culpa minha... LIPE- Abelardo, calma, sou eu, Lipe. ABELARDO - Lipe? Não acredito velho, é você mesmo. (os dois se abraçam) LIPE – Abelardo cara, o que foi que aconteceu contigo, por onde você andou? Por que a polícia ta atrás de você cara? ABELARDO – Lipe, velho, Escobar me enganou cara, eu to ferrado, perdi tudo. A grana do meu pai... gastei só com porcaria, drogas, mulheres... Lipe, eu to sendo procurado pela polícia... LIPE - Abelardo, teu pai está tão preocupado com você. Nós temos orado por você... E sua mãe cara... Ela sente tantas saudades e você em quatro anos nunca deu notícias. ABELARDO – Lipe, velho, é melhor você ir embora se não vai sobrar pra você também! LIPE – Não Abelardo, eu não vou deixar você aqui nesse estado. Volta pra casa, tua família te espera. ABELARDO- Eu to pedido cara, to morrendo de vergonha de tudo que fiz... Daria tudo pra voltar ao passado, mas aquele

Page 78: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 78

Abelardo que você conheceu, morreu! Eu o matei... Minha família nunca iria me aceitar de volta! LIPE- Todo mundo naquela casa te ama, cara. Tenho certeza que seu pai vai te receber de volta... Abelardo, te coloca diante de um espelho. Vê quem você era, e quem você se tornou! MÚSICA: Olhos no Espelho (João Alexandre) ABELARDO - Eu vou voltar cara, vou voltar pra minha casa, pra minha família... LIPE – Vamos, eu vou com você. CENA 07 – ABELARDO VOLTA PRA CASA Aroldo ora ajoelhado na sala de casa. AROLDO – Deus, como tenho sofrido! Como é difícil ver um filho se perder. Tem misericórdia de Aberlado, pai. Muda o coração dele. Faz Abelardo perceber que o único refúgio seguro é ao teu lado. Senhor, traz o teu filho ao arrependimento. Traz Abelardo de volta pra casa. Abelardo chega pela platéia. Aroldo avista Abelardo e vai ao seu encontro. AROLDO – Abelardo, meu filho, é você! ABELARDO – Pai! AROLDO – Meu filho, que saudade! ABELARDO – Pai, perdão. Me desculpa, pai. Eu estou tão envergonhado do que fiz. Me perdoa. Eu fui tão egoísta. Mas eu quero pagar por tudo de errado que eu fiz. Me ajuda, pai. Me deixa ser um simples empregado teu... AROLDO – Abelardo, você é meu filho. E eu te amo. Arlete entra. ARLETE – Abelardo, meu filho! Como eu orei para que esse dia chegasse!

Page 79: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 79

AROLDO – Arlete, ligue para todos os nossos parentes e amigos. Vamos dar uma festa. O nosso filho voltou! Todos saem de cena. Das Neves entra varrendo a sala. André chega com roupa de executivo. DAS NEVES – Oi, André! Já soube da novidade? ANDRÉ – Novidade? DAS NEVES – É. Seu irmão Abelardo voltou pra casa. E tem mais, seu pai disse que vai dar uma festa... ANDRÉ – Como é?! Aroldo entra e Das Dores sai de cena. ANDRÉ – Pai, que história é essa? AROLDO – É verdade, André! Seu irmão voltou pra casa. Não é maravilhoso? ANDRÉ – Claro que não, pai. Eu não entendo. Abelardo sai de casa, abandona a família, gasta todo o dinheiro que o senhor tinha guardado pra ele com tudo que não presta e você recebe ele de braços abertos e ainda vai dar uma festa! Pra mim o senhor nunca fez nada... AROLDO – André, tudo que é meu é seu. E você pode se alegrar todos os dias por tudo que temos. O seu irmão foi pelo caminho errado, mas se arrependeu. Ele vai responder perante a justiça e vai pagar pelos erros dele. Mas ele percebeu que estava indo pelo caminho errado e voltou pra casa. André, meu filho, temos que nos alegrar por Abelardo. Seu irmão estava perdido e foi achado. Estava morto, mas reviveu. FIM

Page 80: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 80

Música Portas abertas (Grupo Logos) Intro.: (A/B B/C# B7/4 B7/4/C# B7/4/D B7/D#) E G#/C C#m B/C# Fº Ontem deixou sua casa e saiu pelo mundo F#m D7M B/D# A/C# Cº De coração lá no fundo eu não entendi C#m C#m7M C#m7 C#m6 Tudo o que fiz, o que ele quis, meus braços abertos ficaram E A/E E A/E F#m7 B A/B E ainda estão assim, e vão continuar, até um dia vê-lo regressar E G#/C C#m B/C# Fº Posso pensar no que o mundo lhe tem preparado F#m D7M B/D# A/C# Cº Sei provações tem passado e tudo por quê? C#m C#m7M C#m7 C#m6 E A/E Falsos amigos por aí, conselhos vazios, mais cheios de palavras vãs E A/E F#m7 B Que grande ilusão, mentiram ao seu jovem coração E F#m E/G# E/A A B/A G#m7 C#m7 F#m7 B E Mas... nunca é tarde não, sai da escuridão, há um novo dia, nova manhã E F#m E/G# E/A A B/A G#m7 C#m7 F#m7 B A/E E B7/4 B7/4/C# B7/4/D B7 A mesma casa tem portas abertas, pessoas certas, amigos e irmãos E G#/C C#m B/C# Fº Parece sonho mas nem a distância me engana F#m D7M B/D# A/C# Cº O coração de quem ama não pode esquecer

Page 81: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 81

C#m C#m7M C#m7 C#m6 Seus passos fracos, tropeções, seus olhos rebrilham e choram; E A/E E A/E F#m7 B Pai, eu sei que errei, mas vim para acertar, permita-me de novo aqui ficar E G#/C C#m B/C# Fº Pai só lamento que onde passei via muitos F#m D7M B/D# A/C# Cº Filhos sem rumo, sem teto e carentes de amor C#m C#m7M C#m7 C#m6 Que o Senhor lhes dê a mão, lhes mostre de novo o caminho E A/E E A/E F#m7 B Para um renascer, um novo proceder, na mais perfeita e bela comunhão E F#m E/G# E/A A B/A G#m7 C#m7 F#m7 B E Mas... nunca é tarde não, sai da escuridão, há um novo dia, nova manhã E F#m E/G# E/A A B/A G#m7 C#m7 F#m7 B A/E E B7/4 B7/4/C# B7/4/D B7 A mesma casa tem portas abertas, pessoas certas, amigos e irmãos

Page 82: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 82

Anotações

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 83: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 83

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 84: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 84

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 85: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 85

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 86: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 86

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 87: Livreto de bolso -  Evanarte 2011

L i v r e t o d e b o l s o – E v a n a r t e 2 0 1 1 | 87

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________