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TABACO GENÉRICO José Manuel Almendros

O Brasil planeja implantar maços de tabaco

genéricos, sem personalidade, como já

acontece na Austrália. Cerca de 200.000

brasileiros morrem cada ano devido a

doenças relacionadas com o tabaquismo.

Embora o Brasil seja o maior exportador

mundial de tabaco, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), dependente

do Ministério de Saúde defende a

comercialização de maços de tabaco sem

diferenciação por marcas ou símbolos. Apenas uma menção ao fabricante, com o

tipo de letra o mais pacato possível, será o que

vai permitir o fumante reconhecer a marca.

Trata-se assim de evitar que fumantes em

potência sejam atraídos pelo desenho do maço.

As fábricas de tabaco, por sua parte, se opõem à

medida, pois implica a perda da imagem da

marca no mercado. Porém, a proposta ainda tem que chegar ao

Congresso e, para isso acontecer, algum

deputado deveria apresentar um projeto de lei a

respeito, coisa que, segundo a ANVISA, ainda

não aconteceu. Aliás, a agência reconhece que

também é necessária uma consulta pública. Os maços genéricos supõem mais uma

batalha da guerra declarada pelo governo

federal ao tabaco após a promulgação em 2011

de uma lei federal que proíbe o consumo em

locais fechados e públicos como restaurantes.

A proibição chegou acompanhada da retirada

de qualquer publicidade em pontos de venda de

produtos relacionados com o tabaco. Outra lei

proíbe o fabrico, comercialização, distribuição e

propaganda de produtos, nacionais ou

importados, que imitem a forma de um cigarro e

que estejam destinados ao público infantil ou

juvenil. Outro passo mais além é que não se poderá

acender cigarro nenhum nas arquibancadas dos

estádios onde terá lugar a Copa do Mundo.

Ainda mais, há um debate aberto na sociedade e

no mundo científico sobre os aditivos

permitidos no tabaco que são consumidos. São

mais de 600, usados para disfarçar o mau sabor

e mau cheiro e que supõem mais de 10% do

conteúdo de um cigarro.

No marco da sua cruzada contra o

tabaquismo, o governo também acha que o

planejado aumento de impostos contribuirá a

reduzir o número dos aproximadamente 20

milhões de pessoas, fumantes no país, 500.000

delas adolescentes. De acordo com cálculos da

Organização Mundial da Saúde, para cada

10% que sobe o preço do tabaco o número de

consumidores desce entre 3% e 5%. Mas a política fiscal tem suas contrapartidas;

aproximadamente 30% dos cigarros

comercializados no Brasil provêm do mercado

negro, pois assim se evita pagar impostos sobre

o produto, razão pela qual a carga fiscal não é

completa. Todo o anterior é o final de um caminho

começado pelo Brasil em 2005 quando ratificou

ante Nações Unidas o Convênio Marco para o

Controle do Tabaco, que implicava implantar

um conjunto de medidas destinadas a reduzir a

demanda de cigarros. No entanto, o Brasil é o maior exportador

mundial de tabaco desde 1993 e o segundo

maior produtor depois da China. A produção

nacional fica concentrada em três estados do Sul

(Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). A

União Europeia foi o principal mercado da safra

de tabaco brasileiro nos anos 2011 e 2012. 40%

das exportações de 2012 tiveram como destino a

UE. Esse ano o Brasil bateu o recorde de vendas

internacionais de cigarros: vendeu a mais de

100 países por valor total de 3.260 milhões de

$US.