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Amizade e fraternidade

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A474

Alves, Silvio Dutra

Amizade e Fraternidade./ Silvio Dutra Alves. –

Rio de Janeiro, 2016.

32p.; 14,8x21cm

1. Teologia. 2. Comunhão. 3. Verdade

I. Título.

CDD 242

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Sumário

1 – Introdução..........................................................

4

2 - Amizade e Fraternidade...............................

7

3 - Dias de Poucos Amigos................................

9

4 - O Amigo de Deus.............................................

11

5 - O Cuidado Mútuo dos Cristãos uns

com os Outros.........................................................

13

6 - O Amigo da Nossa Alma..............................

19

7 - Imperfeitos Mas Não Inimigos...............

20

8 - Textos Bíblicos Sobre Amizade no

Original Grego e Hebraico...............................

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4

1 - Introdução

A condição de amizade é ditada e antecedida

pelos nossos afetos.

Se amamos o bem e a verdade das Escrituras somos amigos de Deus, mas se amamos o

mundo, o mal e a mentira, nos tornamos

inimigos de Deus.

Assim, o afeto é um imã que nos liga às coisas ou

pessoas que nos apegamos de modo íntimo, e às quais damos acesso à participação da nossa vida.

Então, se pretendemos ser amigos de Deus

devemos cuidar em vigiar quanto a evitar as

coisas que ele abomina, e em guardar os seus mandamentos, uma vez que Jesus define como

seus amigos somente aqueles que assim

procedem.

Sabendo que vivemos nos dias difíceis para os quais fomos alertados por nosso Senhor Jesus

Cristo e seus apóstolos, importa ter uma

vigilância e esforço redobrados para que se

possa manter um testemunho genuinamente cristão em meio a uma sociedade que se afirma

cristã, e que todavia, em grande parte anda na

contramão de tudo aquilo que é ordenado pela

Palavra de Deus.

Não é incomum ver-se aqueles que se afirmam

cristãos e a quem caberia fazer a luz de Jesus

brilhar diante dos homens para que o nome de

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Deus seja glorificado, aprovando e praticando

coisas que Ele abomina.

Jesus deu o seguinte testemunho:

“19 E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e

os homens amaram antes as trevas que a luz,

porque as suas obras eram más.

20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a

luz, e não vem para a luz, para que as suas obras

não sejam reprovadas.

21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a

fim de que seja manifesto que as suas obras são

feitas em Deus.” (João 3.19-21)

Esta condição apontada por Ele, que se encontra

no mundo desde a sua criação, tem apresentado

nestes últimos dias uma característica muito distinta que é a da multiplicação da iniquidade

da comunhão de trevas e luz.

Isto consiste em que até mesmo muitos daqueles que têm vindo para a luz, têm aprovado e praticado coisas que são vis e enganosas,

relativas às trevas, considerando-as como luz,

enquanto Deus as considera e sempre

considerou como uma abominação.

Esta mistura é uma ampliação daquela mesma aprovação e prática do povo de Israel no

passado, quando aprovou e praticou as obras

abomináveis das nações de Canaã, apesar de

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terem sido advertidos solenemente por Deus

para que não o fizessem.

Este tipo de amizade entre luz e trevas, ou de

trevas com trevas, é fundamentado na mentira e no engano, e está destinado a ser destruído e

extinto pelo juízo de Deus.

Mas, os laços de amizade que se fundamentam

na verdade, no amor e na justiça serão

preservados e mantidos para sempre, adentrando a própria eternidade, depois de

termos deixado este outro lado do céu.

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2 - Amizade e Fraternidade

A palavra amizade vem da raiz latina amicus,

mas esta remonta à palavra grega filos, que

significa aquele que ama ou gosta de algo ou alguém.

Em Jesus, o crente é chamado a amar até mesmo

os seus inimigos. Então, apesar de ser considerado um inimigo, o crente que ama é na

verdade um amigo, pois todo aquele que ama o

seu próximo, ora e trabalha para a salvação e edificação de sua alma, é o melhor tipo de amigo

que se pode ter neste mundo.

Neste sentido Jesus é o amigo de todos os homens, pois ama os pecadores e deseja que

achem a salvação.

Agora, é óbvio que no sentido de amizade de

intimidade e comunhão é impossível que esta

seja estabelecida quando uma das partes

envolvidas não o deseja, ou então o deseje sob a condição de jugo desigual, a saber, de

comunhão das trevas com a luz, o que é

impossível à citada comunhão.

Daí Jesus definir como seus amigos íntimos,

somente aqueles que guardam os Seus

mandamentos, porque são estes que são nascidos do Espírito Santo, e tendo a Sua

habitação podem partilhar da comunhão

espiritual com o Senhor, o qual é espírito.

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A rigor, não se pode chamar de verdadeira

amizade aquela que é fundamentada no mal,

porque neste não pode existir verdadeiro amor,

pois o que caracteriza uma amizade verdadeira é o amor.

Assim, há amigos íntimos, amigos não

próximos, e em nossos dias até amigos virtuais,

como os das redes sociais, que apesar de não se

conhecerem pessoalmente, em alguns casos, podem manter laços de amizade pelo interesse

comum de desejar o bem um do outro.

Agora, devemos considerar que a amizade não é

algo que seja necessariamente permanente,

pois é possível que alguém assuma uma posição

diferente e contrária a quem antes amava, por motivo justificável ou não. A Bíblia está repleta

de exemplos relativos a isto, inclusive de amigos

que se tornaram até mesmo traidores.

Todavia, a par de toda a prudência que devemos

ter, é necessário cumprir a ordenança bíblica de

que no que depender de nós devemos ter paz com todas as pessoas, e não abrigar mágoas e

ressentimentos em nosso coração, mesmo em

relação aos que nos têm ofendido.

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3 - Dias de Poucos Amigos

Uma verdade dura e triste. Mas é verdade e não

há como negá-la.

Ninguém deve se admirar e nem se culpar

caso não tenha muitos amigos, por ser um servo

fiel de Cristo, e disposto a amar o Seu próximo dando bom testemunho da verdade e justiça

evangélicas.

Nosso Senhor profetizou que nestes nossos

últimos dias o amor de muitos se esfriaria por causa da multiplicação da iniquidade.

E onde falta o verdadeiro amor, não pode existir

uma verdadeira amizade.

Isto significa que não é possível ser amigo fiel e

verdadeiro, quando o amor de Deus está ausente

nos nossos corações.

Somente pessoas espirituais podem

compartilhar as mesmas aspirações pela causa

da justiça e da verdade divina, porque podem

amar com o amor de Deus, que cobre multidão de pecados, e que tudo sofre, perdoa e suporta

com paciência, e que nos leva a dar a nossa vida

por aqueles aos quais amamos.

Esta é a razão de muitos cristãos fiéis, piedosos e

espirituais, se sentirem como se fossem estranhos no ninho; e muitas vezes como

solitários vagando no meio de uma grande

multidão.

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Temos o mandamento de sermos

fraternalmente amigos.

Mas isto falhará onde os cristãos ao nosso redor

não forem amigos de Cristo, ou seja, que não guardem os Seus mandamentos e não honrem a

Sua Palavra.

Por isso, não se culpe caso não consiga manter

relacionamentos fraternos de amizade duradoura, quando o seu caso é de um Ló

vivendo em Sodoma e Gomorra.

É melhor ser fiel a Deus do que negá-lo e a Sua

Palavra como o preço a ser pago para ter “amigos”.

Não se deve vender a verdade, negociá-la, por

uma aparente paz em relacionamentos.

Cristo nunca pagou este horrível preço, nem

seus apóstolos, e nem têm pago todos os que lhe são fiéis.

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4 - O Amigo de Deus

"Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem

elegi, descendente de Abraão, meu amigo,"

(Isaías 41.8)

"E ele foi chamado amigo de Deus." (Tiago 2.23)

Abraão foi chamado de amigo por Deus, porque ele era assim. O título somente declara um fato.

O Pai dos crentes foi, além de todos os homens

"o amigo de Deus", e a cabeça desta raça

escolhida de crentes a quem Jesus chama de seus amigos.

Eu acho que ouvi você dizer: "Sim, de fato foi um

alto grau em que Abraão chegou, tão alto que

não posso atingir. Seria inútil para nós sonhar em ser considerados amigos de Deus." Meus

irmãos, eu lhes suplico, não pensem assim! Nós,

também, podemos ser chamados de amigos de

Deus. Deixe-me ler para vocês as palavras de nosso Senhor no capítulo 15 de João, "Vós sois

meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já

não vos chamo servos, porque o servo não sabe

o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos

tenho dado a conhecer.” (João 15.14,15)

Isto está, então, ao seu alcance! Jesus mesmo

nos convida a viver e a agir e a ser seus amigos!

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Certamente, nenhum de nós irá negligenciar

qualquer realização graciosa que fica na região

do possível. Nenhum de nós irá se contentar

com uma medida escassa da Graça, quando podemos ter vida em abundância. Eu creio que

você não é tão tolo a ponto de dizer: "Se eu puder

chegar ao céu apenas com a pele dos meus dentes, eu não me importo sobre o que eu sou

na estrada." Isso seria falar mal e, se você falar

assim, eu receio que você nunca chegará ao céu!

Aquele que está sendo preparado para Glória está sempre com fome de uma maior medida de

Graça. Aquele que é nascido de Deus deseja o

amor de seu Pai, enquanto é ainda uma criança

e não tem ideia do que espera por ele quando chegar à maturidade. Deixe-me ter tanto do Céu

ainda agora, quanto eu possa ter! Sim, deixe-me

ser amigo de Deus!

Há grande diferença entre ser "salvo como pelo

fogo" e de ter "uma entrada abundante

concedida a nós” para o Reino de Deus. Vamos então desfrutar o céu na estrada para o Céu!

Tradução e adaptação do Pr Silvio Dutra, de

parte da introdução do sermão de nº 1962, de autoria de Charles Haddon Spurgeon.

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5 - O Cuidado Mútuo dos Cristãos uns

com os Outros

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos

em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo

auxílio de toda junta, segundo a justa

cooperação de cada parte, efetua o seu próprio

aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Ef 4.15,16)

A união da Igreja vem de Cristo, e toda igreja é de Cristo. A partir dele elas fluem, e elas

crescem nele. Isto é consolidado em união por

ofícios e ordenanças. Sobre ambos, o apóstolo

tinha se referido antes: "consolidado pelo auxílio de toda junta." Ofícios e ordenanças pela virtude

que procede de Cristo. Eles são consolidados e

adequadamente acompanhados por oficiais e

ordenanças. Como eles devem proceder? "pelo auxílio de toda junta, segundo a justa

cooperação de cada parte, efetua o seu próprio

aumento para a edificação de si mesmo em

amor." O grande negócio da igreja não é o nosso número de membros, mas o crescimento que

procede da graça em Cristo. E o modo pelo qual

isto é feito é pelo trabalho de cada parte, de

acordo com a medida de cada um, para a edificação de si mesmo em amor. O que é, então,

o alvo da igreja? É o trabalho de cada membro,

de acordo com a sua medida, para o aumento da

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graça em si mesmo e nos outros, de acordo com

o princípio do amor. Isto todos nós sabemos;

mas somos lentos na sua aplicação.

Não é necessário que cada um seja um pregador,

mas cada um tem uma medida; e onde existe

qualquer medida, há algum trabalho. Se este

não for encontrado em nós, o ajuste e a consolidação da nossa igreja, como o apóstolo o

chama, não irá nos aproveitar. E, realmente,

parece-me que as igrejas nestes dias não cumprem este teste. Os cristãos não são

"adequadamente unidos pelo auxílio de toda

junta, segundo a justa cooperação de cada

parte", que deve crescer e aumentar no amor. Isso é perdido. Quero saber de todos os irmãos e

irmãs o que têm feito para responder a esta

regra e dever, - o que eles têm feito para

aumentar o corpo em todas as partes. Alguns eu posso dizer... o que eles têm feito para destruir e

puxar para baixo, ao contrário deste princípio

apontado.

Para chegar mais perto, vou mostrar-lhe onde

repousa a regra deste cuidado da igreja. É o

trabalho mútuo e cuidado de todos os membros

da igreja para o bem temporal, espiritual, e eterno de todos e de cada membro,

provenientes de união e amor, - a operação

mútua de todos os membros da igreja. Este é o

cuidado sobre o qual eu gostaria de lhes falar.

Ele procede originalmente de união; eles são

unidos no amor. Sobre isto o apóstolo falou

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amplamente, 1 Cor 12, comparando os membros

da igreja com os membros de um homem, cujo

cuidado e assistência mútua são para a unidade

do mesmo corpo. Não há nenhum de nós, que conheça o que concerne ao cuidado mútuo de

todos os membros. Você acredita ser da igreja de

Deus? Sim. Então, a Escritura diz que somos membros, e que deve haver o mesmo cuidado

espiritual de todos os membros mutuamente,

assim como ele existe no corpo natural. Mas

será que é assim? Quão ignorante é uma mão em relação à outra, um membro com o outro! Eu

coloco este princípio, que todos vocês são

membros uns dos outros em todas as

congregações.

Ninguém é tão grande ou tão sábio, mas é um

membro; ninguém é tão pobre e miserável, mas é um membro. E se nós não cuidarmos de todo o

corpo, de acordo como as oportunidades e

ocasiões que temos, devemos procurar fazê-lo

diligentemente. De fato, não há cuidado sem amor. O apóstolo nos diz que o amor "é o vínculo

da perfeição", Col 3.14. Isto é o perfeito ajuste e

consolidação da igreja. Tome um feixe de varas,

algumas longas e algumas curtas, algumas retas e algumas tortas. Enquanto houver uma firme

amarra sobre elas, você pode levá-las onde

quiser: remova essa amarra, e tudo aparecerá

torto. Se essa amarra, - isto é, a nossa perfeição, - for solta, a fraqueza de cada um vai aparecer,

um muito longo, um muito curto, um torto, e

um reto, e não há como mantê-los juntos. Toda

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a ordem no mundo nunca manterá uma igreja

unida, se a amarra (vinculo) do amor for

perdida.

Há duas coisas que eu gostaria de lhes dizer – que eu descobri no meu ministério pela

experiência. Eu descobri que a consolidação

da igreja era a maior facilidade ou alívio que um

homem poderia certamente desejar ou alcançar. Eu tenho conhecido isto. E eu tenho

vivido para ver a consolidação da igreja, da qual

muitos têm se queixado que isto é o fardo mais

insuportável. Nada mais é a razão disto, senão a decadência do amor. De modo que qualquer

pessoa que vai cumprir o seu dever tem um peso

insuportável sobre si. Digo-lhes abertamente,

que meus temores são de que, caso fôssemos reunir igrejas novamente, como fizemos há

trinta anos, teríamos apenas uma pequena

colheita. O que deve nos unir e nos manter no

amor está perdido. Leia 1 Coríntios 13. Eu lhes peço que creiam que a Escritura é a palavra de

Deus. Nós podemos amar aqueles que são

amáveis, mas o amor "suporta todas as coisas e

crê em todas as coisas". Eu temo que apenas seis de nós creiam que isto é um dever. Se ouvirmos

qualquer coisa de um irmão ou irmã, e usamos

o que ouvimos para agravá-lo com a próxima pessoa que encontrarmos. Isso é amor?

Este cuidado referido é isto? Isto é para o bem

temporal, e espiritual, e eterno de todos os

crentes?

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Seu bem temporal é primeiro cuidar dos pobres,

o que eu penso que será bem atendido, sendo

colocado no caminho de Deus.

Seu bem espiritual, pelo qual podemos manter este cuidado, é realizado de duas maneiras: -

pela prevenção do mal, por um lado, e pela

recuperação do mal, com a promoção da graça,

e confirmação na mesma, por outro lado.

Devemos evitar o mal nos outros. Há duas maneiras com que podemos fazê-lo - pelo

exemplo, e pela exortação.

Se um número considerável de igrejas se

envolvesse com esforço na busca de uma

santidade exemplar e utilidade em todas as coisas, isto preveniria muitos males em outros.

Algumas coisas são problemáticas na igreja,

mas ainda assim, a santidade exemplar e a

utilidade nos crentes são ótimos meios para impedir o mal em outros.

A exortação deve ser assim também. Exortar uns

aos outros para edificação. Nós somos criaturas

necessitadas quanto a este dever.

Necessitamos de três coisas: necessitamos de amor, necessitamos de habilidade,

necessitamos de uma consciência santa para

nós mesmos. Nada pode conquistar essas coisas

senão a graça de Deus, e se não tivermos essas coisas, não podemos fazê-lo. Nossa recuperação

de qualquer um desses males é uma grande

parte deste cuidado.

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Vou lhes dizer sobre dois defeitos:

1. Se não fizermos isto, para admoestar os outros, nós não o faremos com aquela

humildade, que evidencia o amor, com aquela

ternura, que é requerida de nós. Eu não teria nenhuma pessoa chamando a atenção de outra,

senão o ofensor e o ofendido – com esta

profissão de amor.

2. Necessitamos de sabedoria, porque isso é

muito certo, uma fraca gestão neste ponto tem

mimado muitas coisas nesta congregação, - falando, refletindo, queixando-se, mesmo entre

pessoas carnais. A sabedoria vem do exercício

constante da mente renovada pelo Espírito

Santo, e equipada com os princípios da luz e da vida espiritual, em pensamentos e meditações

sobre as coisas espirituais, provenientes da

fixação das nossas afeiçoes por elas, com um

senso de um gosto espiritual , apreciando e se deleitando nelas, e será isto que nos capacitará

para este dever.

Traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra de um

sermão de John Owen.

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6 - O Amigo da Nossa Alma

Não há amigo como Jesus Cristo, pois não nos

oferece bens, fama, riquezas, influência, nem sequer benesses e confortos mundanos, que são

meras coisas passageiras.

Ele não leva em conta qualquer que seja a nossa

condição ou situação neste mundo. Não lhe

importa a cor da nossa pele, se somos sábios ou ignorantes, ricos ou pobres, de temperamento

brando ou agitado, uma vez que não nos ama de

forma interesseira e nem é nosso amigo por

conveniência.

É a Sua própria vida e pessoa que nos oferece.

Chama-nos a ter íntima comunhão com Ele em

espírito, visando tão somente ser o amigo e

amado da nossa alma.

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7 - Imperfeitos Mas Não Inimigos

“Rom 5:10 Porque, se nós, quando inimigos,

fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já

reconciliados, seremos salvos pela sua vida;”

“Rom 7:16 Ora, se faço o que não quero, consinto

com a lei, que é boa.

Rom 7:17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu,

mas o pecado que habita em mim.

Rom 7:18 Porque eu sei que em mim, isto é, na

minha carne, não habita bem nenhum, pois o

querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.

Rom 7:19 Porque não faço o bem que prefiro,

mas o mal que não quero, esse faço.

Rom 7:20 Mas, se eu faço o que não quero, já não

sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em

mim.

Rom 7:21 Então, ao querer fazer o bem, encontro

a lei de que o mal reside em mim.

Rom 7:22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

Rom 7:23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente,

me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos

meus membros.

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Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem

me livrará do corpo desta morte?

Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,

com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,

segundo a carne, da lei do pecado.”

Nós podemos ver destacado nas duas porções

retrocitadas da epístola de Paulo aos Romanos,

uma clara alusão à nossa condição perante

Deus, por estarmos em Jesus Cristo.

Veja que ele diz no verso décimo do quinto

capítulo de Romanos que éramos inimigos de Deus quando estávamos no mundo sem Cristo.

Mas, por meio dele e da sua cruz fomos

reconciliados de tal maneira que a citada

inimizade já não mais existe, de modo que agora somos amigos de Deus.

Todavia, na porção mais extensa de Romanos 7.16-25 ele explica detalhadamente que apesar

de não sermos mais inimigos de Deus no

tocante à nossa personalidade, à nossa mente, à

nossa vontade, temos ainda uma natureza carnal corrompida, chamada pecado, que se

opõe à Deus e à sua vontade.

Não é fácil entender isto, porque há duas

naturezas em permanente conflito no cristão.

Uma nova recebida do alto, pela fé em Cristo,

que o dispõe a buscar e a fazer o que é puro e

santo.

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E uma velha, que se associava à nossa mente e

vontade para nos afastar de Deus e da sua

vontade, quando éramos seus inimigos.

De fato, antes de recebermos a nova natureza,

não amávamos ao Senhor e aos seus

mandamentos, conforme revelados por ele na Bíblia.

Agora, estando em Cristo, apesar de amarmos o

que é puro e santo, e desejarmos sinceramente fazer somente aquilo que lhe é agradável, somos

dotados ainda de um velho homem que deve ser

crucificado diariamente, porque seus desejos

não são puros e santos, conforme emanados de nossa velha natureza pecaminosa.

Então, com a nossa mente renovada estamos dispostos a servir a Deus e à sua Lei, mas o

princípio operativo do pecado que está ligado à

nossa natureza terrena se levanta e se opõe

tenazmente à natureza celestial que recebemos por meio da fé.

Daí decorre a luta constante que há entre o

Espírito Santo e a carne.

Podemos dizer então que esta luta existe

somente naqueles que não são mais inimigos de Deus, pois diz o apóstolo: “quando éramos

inimigos”, denotando por conseguinte que já

não o somos mais.

Não fiquemos, portanto, desanimados por

nossas eventuais falhas, porque sabemos que

temos uma natureza terrena decaída que estará

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ligada a nós até o dia da nossa morte; e que por

mais que nos despojemos dela, sempre haverá

alguma influência da mesma nos levando a

desejar e a nos inclinarmos para práticas que não estão conformadas ao caráter de Cristo.

Confessemos nossas faltas. Mortifiquemos o pecado. Aproximemo-nos com confiança de

Deus, porque ele é nosso amigo e somos

também seus amigos, e ele sempre estará

disposto a nos ajudar com toda a sua paciência, longanimidade e misericórdia, conforme a

promessa que nos fez segundo a Nova Aliança

que temos celebrado com ele por meio do

sangue de Jesus.

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8 – Textos Bíblicos Sobre Amizade no

Original Grego e Hebraico

1 – sod (hebraico) – intimidade, assembleia, conselho (no sentido de ajuntamento);

2 – philadelfia (grego) – amor fraternal;

3 – philos (grego) - amigo;

1 – sod (hebraico) – intimidade, assembleia,

conselho (no sentido de ajuntamento)

Jó 19.19 Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram

contra mim.

Jó 29.4 como era nos dias do meu vigor, quando o íntimo favor de Deus estava sobre a minha

tenda;

Salmo 25.14 A intimidade do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes faz saber o seu

pacto.

Salmo 55.14 Conservávamos juntos tranquilamente, e em companhia andávamos

na casa de Deus.

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Salmo 64.2 Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do ajuntamento dos que praticam a

iniquidade,

Salmo 83.3 Astutamente formam conselho contra o teu povo, e conspiram contra os teus

protegidos.

Salmo 89.7 um Deus sobremodo tremendo na assembleia dos santos, e temível mais do que

todos os que estão ao seu redor?

Salmo 111.1 Louvai ao Senhor. De todo o coração darei graças ao Senhor, no concílio dos retos e

na congregação.

Provérbios 3.32 Porque o perverso é abominação para o Senhor, mas com os retos está o seu

segredo.

Provérbios 11.13 O que anda mexericando revela segredos; mas o fiel de espírito encobre o

negócio.

Provérbios 15.22 Onde não há conselho, frustram-se os projetos; mas com a multidão de

conselheiros se estabelecem.

Jeremias 23.22 Mas se tivessem assistido ao meu concílio, então teriam feito o meu povo ouvir as

minhas palavras, e o teriam desviado do seu

mau caminho, e da maldade das suas ações.

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Ezequiel 13.9 E a minha mão será contra os profetas que veem vaidade e que adivinham

mentira; não estarão no concílio do meu povo,

nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e

sabereis que eu sou o Senhor Deus.

Amós 3.7 Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo

aos seus servos, os profetas.

2 – philadelfia (grego) – amor fraternal

Romanos 12.10 Amai-vos cordialmente uns aos

outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros;

I Tessalonicenses 4.9 Quanto, porém, ao amor fraternal, não necessitais de que se vos escreva, visto que vós mesmos sois instruídos por Deus a

vos amardes uns aos outros;

Hebreus 13.1 Permaneça o amor fraternal.

I Pedro1.22 Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor

fraternal não fingido, de coração amai-vos

ardentemente uns aos outros,

II Pedro 1.7 e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amor.

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3 – philos (grego) - amigo

Mateus 11.19 Veio o Filho do homem, comendo e

bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor

de vinho, amigo de publicanos e pecadores.

Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras.

Lucas 7.34 veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor

de vinho, amigo de publicanos e pecadores.

Lucas 11.5 Disse-lhes também: Se um de vós tiver

um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,

Lucas 11.6 pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que

lhe oferecer;

Lucas 11.8 digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por

causa da sua importunação, se levantará e lhe

dará quantos pães ele precisar.

Lucas 12.4 Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.

Lucas 14.10 Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando

vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais

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para cima. Então terás honra diante de todos os

que estiverem contigo à mesa.

Lucas 15.6 e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque

achei a minha ovelha que se havia perdido.

Lucas 15.9 E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque

achei a dracma que eu havia perdido.

Lucas 15.29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi

um mandamento teu; contudo nunca me deste

um cab1 Porque todo o que a si mesmo se exaltar

será humilhado, e

Lucas 16.9 Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que,

quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

Lucas 21.16 E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;

Lucas 23.12 Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em

inimizade um com o outro.

João 3.29 Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve,

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regozija-se muito com a voz do noivo. Assim,

pois, este meu gozo está completo.

João 11.1 Ora, estava enfermo um homem chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e

de sua irmã Marta.

João 15.13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.

João 15.14 Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

João 15.15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas

chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de

meu Pai vos dei a conhecer.

João 19.12 Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este,

não és amigo de César; todo aquele que se faz rei

é contra César.

Atos 10.24 No outro dia entrou em Cesareia. E Cornélio os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais íntimos.

Atos 19.31 Também alguns dos asiarcas, sendo amigos dele, mandaram rogar-lhe que não se

arriscasse a ir ao teatro.

Atos 27.3 No dia seguinte chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com bondade, permitiu-

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lhe ir ver os amigos e receber deles os cuidados

necessários.

Tiago 2.23 e se cumpriu a escritura que diz: E

creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus.

Tiago 4.4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo

constitui-se inimigo de Deus.

III João 1.14 Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face.

III João 1.15 Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos nominalmente.

4 – Outros versículos sobre amigo e amizade

Salmo 35.14 Portava-me como o faria por meu

amigo ou meu irmão; eu andava encurvado e

lamentando-me, como quem chora por sua

mãe.

Salmo 41.9 Até o meu próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava, e que comia do meu

pão, levantou contra mim o seu calcanhar.

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Salmo 88.18 Aparte de mim amigos e companheiros; os meus conhecidos se acham

nas trevas.

Provérbios 17.17 O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão.

Provérbios 17.18 O homem falto de entendimento compromete-se, tornando-se

fiador na presença do seu vizinho.

Provérbios 19.6 Muitos procurarão o favor do liberal; e cada um é amigo daquele que dá

presentes.

Provérbios 18.24 O homem que tem muitos

amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.

Provérbios 22.11 O que ama a pureza do coração, e que tem graça nos seus lábios, terá por seu

amigo o rei.

Provérbios 27.6 Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos.

Provérbios 27.9 Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra

doçura no conselho cordial.

Provérbios 27.10 Não abandones o teu amigo, nem o amigo de teu pai, nem entres na casa de

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teu irmão no dia da tua adversidade. Mais vale o

vizinho perto do que o irmão longe.

Provérbios 27.17 Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo.

Isaías 41.8 Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão, meu

amigo.

Miqueias 7.5 Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro; guarda as portas da tua boca

daquela que repousa no teu seio.

Mateus 11.19 Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor

de vinho, amigo de publicanos e pecadores.

Entretanto, a sabedoria é justificada pelas suas

obras.