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Ricardo Castro – Itepes – fsdb - Manaus

Teologia contextual metodologia

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Ricardo Castro – Itepes – fsdb -

Manaus

•não é somente o dado revelado presente na Bíblia e, especialmente, no Novo Testamento, “memória cristã”, a saber, a Tradição objetiva. O texto contém a Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja (Dei Verbum 10).

TEXTO

•Sua constituição varia conforme os diferentes lugares e períodos da história. Precisa ser analisado em cada caso, em sua complexa realidade, formada pelas condições sociais, políticas, culturais e religiosas. O contexto abrange toda a realidade cultural circunstante.

CONTEXTO

•O teólogo, a comunidade eclesial a que o teólogo pertence e a serviço da qual é chamado. O interprete é a comunidade de fé local, como povo de Deus que vive sua experiência de fé em comunhão diacrônica com a Igreja Apostólica e em comunhão sincrônica com todas as Igrejas locais na unidade da fé e do amor. O diacrônico é a ligação com a realidade histórica do passado, o oposto é o sincrônico que é a história presente que analisa o fenômeno do passado.

INTERPRETE

O triângulo hermenêutico

• Consiste na interação mútua de texto, contexto e interprete, tal como acabamos de descrever, isto é, na interação da memória cristã, realidade cultural circunstante e Igreja Local. O contexto age no interprete por meio da apresentação de problemas específicos e influi na pré-compreensão da fé, com a qual o interprete lê o texto. Este por seu turno age no interprete cuja leitura do texto oferecerá uma diretriz à prática cristã e assim por diante. Como se pode bem ver, a interação de texto e contexto, ou seja, da memória e da cultura, acontece, exatamente, no interprete, isto é, na Igreja local.

Texto Mt 13, 31-33

31. Em seguida, propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que um homem toma e semeia em seu campo.

32. É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos.

33. Disse-lhes, por fim, esta outra parábola. O Reino dos céus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa.

1. Qual o contexto da parábola?

2. Elabore uma rápida interpretação do texto. Atualização qual seu significado para nós hoje?

Contaram-me de um homem que, cansado com a cidade, resolveu mudar-se para a

região montanhosa onde vivera quando menino. Tinha saudade das matas! Mas qual

não foi a sua tristeza ao ver que os homens, com seus machados e serras haviam

cortado as árvores. As encostas das montanhas estavam agora peladas e tristes,

sem pássaros, sem borboletas, e os antigos riachinhos, sem as matas que os

protegessem, haviam secado. Pois ele disse para si mesmo: “Essa será a minha

missão, pelo resto da minha vida: sairei todos os dias com um saco de sementes das

árvores que aqui havia e irei pelas encostas nuas plantando de novo. Se, de cada dez

sementes que eu plantar uma vingar, estarei recompensado. E assim ele fez. Viveu

mais dez anos. Morreu feliz! Da janela de sua casinha ele olhava para as montanhas –

e ele parecia vê-las sorrir, quem sabe cantar de felicidade! As árvores que ele

semeara estavam crescendo, os pássaros haviam voltado, os bichos estavam de

volta. Existirá maneira mais linda de morrer? Contei essa estória para as crianças de

Caldas, município de Minas, onde está Pocinhos do Rio Verde. Em tempos idos aquela

região foi coberta de araucárias, os pinheiros do Paraná. Onde estão os milhões de

pinheiros do Paraná que formavam florestas? A ganância e a falta de amor pela terra

os transformaram em dinheiro e tristes pastos sem árvores. Contei e sugeri que elas,

crianças, como parte de suas atividades escolares, deveriam plantar um pinhão num

saquinho, regá-lo, e cuidar da mudinha, até que ela estivesse no tamanho certo.

Chegaria então o dia em que todas elas, com suas professoras, seus pais e todo

mundo que quisesse, iriam plantá-las nos campos nus. Sugiro que as pessoas

religiosas, ao invés de prometerem sacrifícios e repetições de rezas a Deus – Deus

não gosta de sacrifícios e quanto às rezas, sempre as mesmas, ele já as sabe de cor;

não precisando de nossas repetições – bem que poderiam prometer plantar árvores…

Acho que Deus, Jardineiro Supremo, haveria de aprovar. Acho que isso teria de ser

atividade obrigatória em toda escola…

Rubem Alves

O saber e a condição humana

A humanidade se constrói e se identifica com uma realidade local, com um contexto e uma cultura

condição humana - se compreende primeiramente situando-o no universo, na terra, na criação e não na

separação

saber quem somos é inseparável de saber onde estamos, de onde viemos e para onde vamos.

O grande desafio é harmonizar, remembrar, integrar nossa humanidade. Compreendendo que o ser humano é

multidimensional e complexo.

CONTEXTO E CRIAÇÃO

fazer teologia a partir da terra

Compreender a natureza como

“criação

Compreender a natureza mediante um conhecimento

comunicativo

a simpatia e a sabedoria

Renunciar - relação de sujeito-objeto,

dominadora e predatória

fé cristã - engajada não só social, mas

também ecologicamente.

Refazer a interpretação

bíblica da criação

CONTEXTO E CULTURA

fazer teologia a partir da cultura

O que é cultura? Qual sua função

principal?

Dar as resposta ao ser humano sobre si

mesmo, sobre a natureza e sobre o

outro.

Cultura - símbolos, rituais, mitos –

sentidos e significados para a

existência.

A revelação de Deus ocorre através da

cultura (linguagem humana)

Jesus Cristo é encarnação humana

de Deus, culturalmente

localizado. Ele é judeu.

CONTEXTO E HISTÓRIA

fazer teologia a partir dos processos históricos (sociedade, economia e política)

Fazer teologia a partir dos processos históricos

(sociedade, economia e política)

A história é um ato criativo de

Deus, através do qual Deus se manifesta e continua se

manifestando para nós. O

ponto culminante da história será sempre esse do evento de Jesus

Cristo.

Como cristãos não refletimos somente

sobre as ações grandiosas de Deus no Primeiro Testamento,

mas também refletindo sobre o supremo ato criador de Deus em Jesus Cristo e outros

sinais dos tempos que continuam a

caracterizar o mundo e a experiência humana.

• A (re)construção da memória e da identidade passa a ser o objetivo central dos projetos de história oral contemporâneos, como forma de se ater à “história do tempo presente” (MEIHY) e de identificar o processo histórico em sua dinamicidade: “Ela é sempre uma história do presente, reconhecida como uma história viva (MEIHY, 2002, p. 15).

Contexto História - Texto

Lembrar um acontecimento, fato marcante de minha vida

e, ou da comunidade

Quando aconteceu?

Qual era a situação política, econômica?

Lugar, situação familiar?

Aspectos culturais/linguísticos

Elementos teológicos

Texto bíblico, tradição

Lucas, 21. Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra. 2. Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria. 3. Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade. 4.Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, 5. para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. 6. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. 7. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. 8. Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. 9. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. 10.O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: 11. hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. 12.Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. 13. E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: 14. Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina).

O método contextual da teologia – o que é?

Os eventos da cultura, mundo, fontes de reflexão teológica

Experiência humana e a tradição cristã precisam ser

lidas juntas e dialeticamente.

Sagrada Escritura e a

tradição

Experiência humana – cultura –mudanças culturais

• A teologia tem sempre que ser feita formalmente ou discursivamente?

• Qual é a forma que deve tomar a teologia que nasce a partir do contexto?

• Quem é qualificado a fazer esta teologia?

• E que legitimidade tem essas pessoas para fazer teologia?

Quem faz teologia?

o teólogo - a pessoa comum que está em contato com a vida. A reflexão tem que ser feita a partir dos sujeitos e

agentes da cultura e da mudança cultural – o povo é o

melhor contextualizador

Teologizar em contexto é

dar a luz a uma teologia

enraizada na cultura e na

história.

O papel do teólogo (a) é aquele

da parteira, da facilitadora. Sua

tarefa é articular mais

claramente o que o povo

expressa, aprofundando esses

elementos, enriquecendo com a

tradição cristã, ampliando o

horizonte teológico.

Contextualização

teologia é um diálogo

constante entre o povo que é

sujeito da cultura e a

transformação cultural. É o

povo que possui um lugar

proeminente na reflexão e

compreensão da fé cristã

desde um contexto particular.

teologia contextual

centrada na Criação

Redenção.

A teologia contextual centrada na criação as experiências humanas são, de modo geral, boas. Sua

perspectiva é da graça que se constrói sobre a natureza. Esta é capaz de ser usada na construção e aperfeiçoada na relação

sobrenatural com Deus

Na teologia, centrada na criação, o mundo criado é sacramental. É o lugar onde Deus revela sua divindade. A revelação não é um evento separado da vida (superação

do dualismo: sagrado e profano)

A revelação se dá na vida diária

Lucas 13,6-9

• Ler, reler – traduzir na linguagem atual a partir do contexto

Identidade cultural/religiosidade popular e mudança social

• A identidade cultural é o primeiro lugar (lócus) para a construção de verdadeiras teologias contextuais; Esta consciência apreciativa básica da importância da cultura como fonte teológica é uma iminente e valida para fazer teologias contextuais particular.

• Cuidado com o romantismo cultural (cultura fóssil). Um fato primário sobre as culturas é que estas não são estáticas. Como vias de percepção, organização e tratamento da realidade, as culturas são realidades que estão sempre mudando, se adaptando, sempre caminhando.

• Se a teologia tem que ser contextual, está não pode centrar-se numa cultura que não existe mais. A cultura é um fator, mas não deve ser o único levado em conta. Uma forte, mas realista identidade cultural é necessária para a teologia que realmente fala ao contexto e sua particularidade.

Identidade cultural – base para a formação da identidade cristã.

- Quem sou culturalmente?

- Quem sou como cristão?

Consciência apreciativa básica

- É bom ser o que sou