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Brasscom - Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação Rua Funchal 263, conj. 151, Vila Olímpia, São Paulo, SP, CEP 04551-060 C:\Users\Katia\Dropbox (Brasscom)\Documentos (Novo)\DOC-2017\Brasscom-DOC-2017-006 (Consulta Pública IoT)\Brasscom- DOC-2017-006 (Consulta Pública IoT) v43.docx 1/53 Contribuições da Brasscom à Consulta Pública – Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT) São Paulo, 06 de fevereiro de 2017 Introdução A presente consulta pública possui foco na coleta de informações para o desenvolvimento da Internet das Coisas e as nossas respostas procuraram contribuir pontualmente com tal propósito. Contudo, estaríamos nos limitando a um fragmento do que cremos que deva ser de fato endereçado nesse processo, ou seja, o desenho de uma estratégia digital para o País. A incorporação de máquinas e equipamentos ao universo da Internet é apenas a ponta mais visível de uma transformação maior e complexa. A incorporação de sensores, atuadores, gateways, a demanda crescente por endereços IP, o uso de faixas de frequência, são questões operacionais que possuem seus desafios, mas insuficientes para compreender o fenômeno que se impõe sobre os países no ingresso efetivo da Era Digital. Máquinas e equipamentos serão fontes geradoras de dados, que, combinados e analisados, trarão informações relevantes que, por sua vez, levarão a ações práticas sobre tais fontes ou produzirão impactos sobre outras. A coleta e transmissão de dados não faria sentido sem uma capacidade de análise e atuação sobre a informação gerada. A Internet das Coisas é apenas uma face de uma moeda que se completa com outras expressões que surgem como Big Data, Analytics e Cloud. Para além das questões referentes à coleta e tratamento dos dados em si, outras questões importantes surgem quanto à segurança desses processos, a titularidade da informação, a privacidade quanto aos dados pessoais e os limites éticos para o uso da informação. O debate sobre privacidade de dados é mais amplo do que o ecossistema de Internet das Coisa e passa, necessariamente, por todos os aspectos da economia digital. Ao Estado cabe criar o ambiente de negócios fértil e favorável ao surgimento de novas empresas e projetos de tecnologia. Não cabe ao Estado a escolha de tecnologias, padrões ou o estabelecimento de obrigações que direcionem rumos técnicos ao mercado. O estímulo ao desenvolvimento deve vir pela demanda de soluções que enderecem preocupações de políticas públicas, mas com liberdade para que a iniciativa privada defina sua arquitetura. Naturalmente o Estado em suas contratações deve sempre se assegurar de que não fique preso a soluções proprietárias excludentes ou não interoperáveis com outras tecnologias. Apenas estimular a incorporação de sensores a máquinas e equipamentos ou facilitar a comunicação entre eles é posicionar o foco da atenção nas margens do desafio e é esse um desafio que se apresenta ao Estado brasileiro, como um indutor de todo esse processo. Os instrumentos de estímulo devem se focar na geração da capacidade de desenvolver soluções e endereçar problemas. Entendemos pelo exposto que o foco da presente consulta deva estar na incorporação de maior inteligência digital aos diversos setores da economia (que entendemos por bem denominar por

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Contribuições da Brasscom à Consulta Pública – Plano Nacional de

Internet das Coisas (IoT)

São Paulo, 06 de fevereiro de 2017

Introdução

A presente consulta pública possui foco na coleta de informações para o desenvolvimento da

Internet das Coisas e as nossas respostas procuraram contribuir pontualmente com tal propósito. Contudo,

estaríamos nos limitando a um fragmento do que cremos que deva ser de fato endereçado nesse processo,

ou seja, o desenho de uma estratégia digital para o País. A incorporação de máquinas e equipamentos ao

universo da Internet é apenas a ponta mais visível de uma transformação maior e complexa.

A incorporação de sensores, atuadores, gateways, a demanda crescente por endereços IP, o uso de

faixas de frequência, são questões operacionais que possuem seus desafios, mas insuficientes para

compreender o fenômeno que se impõe sobre os países no ingresso efetivo da Era Digital. Máquinas e

equipamentos serão fontes geradoras de dados, que, combinados e analisados, trarão informações

relevantes que, por sua vez, levarão a ações práticas sobre tais fontes ou produzirão impactos sobre outras.

A coleta e transmissão de dados não faria sentido sem uma capacidade de análise e atuação sobre a

informação gerada. A Internet das Coisas é apenas uma face de uma moeda que se completa com outras

expressões que surgem como Big Data, Analytics e Cloud.

Para além das questões referentes à coleta e tratamento dos dados em si, outras questões

importantes surgem quanto à segurança desses processos, a titularidade da informação, a privacidade

quanto aos dados pessoais e os limites éticos para o uso da informação. O debate sobre privacidade de

dados é mais amplo do que o ecossistema de Internet das Coisa e passa, necessariamente, por todos os

aspectos da economia digital.

Ao Estado cabe criar o ambiente de negócios fértil e favorável ao surgimento de novas empresas e

projetos de tecnologia. Não cabe ao Estado a escolha de tecnologias, padrões ou o estabelecimento de

obrigações que direcionem rumos técnicos ao mercado. O estímulo ao desenvolvimento deve vir pela

demanda de soluções que enderecem preocupações de políticas públicas, mas com liberdade para que a

iniciativa privada defina sua arquitetura. Naturalmente o Estado em suas contratações deve sempre se

assegurar de que não fique preso a soluções proprietárias excludentes ou não interoperáveis com outras

tecnologias.

Apenas estimular a incorporação de sensores a máquinas e equipamentos ou facilitar a

comunicação entre eles é posicionar o foco da atenção nas margens do desafio e é esse um desafio que se

apresenta ao Estado brasileiro, como um indutor de todo esse processo. Os instrumentos de estímulo devem

se focar na geração da capacidade de desenvolver soluções e endereçar problemas.

Entendemos pelo exposto que o foco da presente consulta deva estar na incorporação de maior

inteligência digital aos diversos setores da economia (que entendemos por bem denominar por

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“transformação digital”), ou seja, na capacidade não apenas de coletar dados, mas também analisá-los e de

fato atuar sobre as informações geradas agregando valor aos dados.

1.1 Pesquisa e Desenvolvimento

Objetivo: mapear o ecossistema de comunicação M2M e IoT no que diz respeito à pesquisa e

desenvolvimento, vislumbrando possíveis ações de estímulo ao seu desenvolvimento tecnológico.

1.1 - Diante de um cenário novo e ainda incerto, qual deveria ser o papel do Estado no desenvolvimento do

ecossistema de M2M e IoT?

O nosso entendimento é que o Estado deve ter o papel de indutor e fomentador de políticas para

o desenvolvimento de IoT/M2M. Atualmente os desenvolvimentos relacionados a Internet das Coisas são

realizados de forma independente e de acordo com os interesses dos diferentes atores. Existem diferentes

mecanismos que podem ser utilizados para pesquisa e desenvolvimento: Lei do Bem, Lei de Informática e

FUNTTEL.

Embora não sejam específicas para IoT, e que não sejam suficientes para a demanda da indústria

por financiamento, existem algumas políticas/ações/linhas de fomento a projetos de P&D que contemplam

IoT no seu escopo, a saber:

● Embrapii - Unidade CESAR (*)

● BNDES FUNTEC - Foco Manufatura avançada e sistemas inteligentes. (*)

● BNDES FINAME - para aquisição de máquinas e equipamentos.

● Lei de Informática

● Lei do Bem

● Chamadas públicas de Fundações de Amparo à Pesquisa estaduais (FAPESP, FACEPE,

FAPEAM, …)

● Chamadas públicas de cooperação internacional. Exemplo: H2020 (EUB-02-2017: IoT

Pilots)

● FNE Inovação, do BNB (http://www.bnb.gov.br/programa-de-financiamento-a-

inovacao-inovacao3 )

(*) recursos não reembolsáveis

1.2 - Existem ações não adotadas ainda pelo Estado Brasileiro, mas que poderiam impulsionar ainda mais

PD&I nos setores relacionados à comunicação M2M e IoT?

Alguns elementos são fundamentais quando tratamos do desenvolvimento de Internet das Coisas.

Ressaltamos aqui dois:

a adoção de padrões internacionalmente aceitos e

interoperabilidade,

Ambos são pilares críticos para a geração de escala na indústria e nos serviços, conferindo liberdade

aos usuários quanto à escolha do fornecedor que melhor atendam aos seus interesses.

Para a inserção do Brasil no ecossistema internacional de Internet das Coisas é crucial a participação

ativa dos atores nacionais no processo de discussão e elaboração de padrões internacionais. Várias são as

entidades de padronização relevantes nesse cenário, a exemplo da International Organization for

Standardization (ISO), da International Electrotechnical Commission (IEC), do Internet Engineering Task Force

(IETF), do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) e tantos outros, a depender da prática, e dos

temas a serem tratados.

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A simples exposição aos debates em tais organizações, sobre proposições técnicas, regulatórias e

de padronização, contribui positivamente para estimular a agenda de desenvolvimento tecnológico local.

Soluções simples como a possibilidade de dedução das despesas associadas a essa participação do

total dos impostos a pagar poderia canalizar recursos das empresas para esse envolvimento. Tais estímulos

poderiam ser multiplicados caso houvesse comprovadamente a incorporação de soluções locais aos padrões

finalizados ou mesmo a liderança e coordenação de grupos de trabalho por parte de empresas aqui

estabelecidas.

Em resumo é fundamental considerar o uso de padrões abertos, ter participação ativa nos fóruns

de padronização, adotar padrões internacionais estabelecidos, afastando possibilidade de geração de

soluções particulares e limitadas localmente, sem possibilidade concreta de expansão internacional.

Adicionalmente, a criação de incentivos fiscais poderia induzir o desenvolvimento do ecossistema

de IoT.

Segundo pesquisa da CNI realizada em abril/20161, as principais barreiras apontadas à adoção de

tecnologias digitais pela indústria são as seguintes:

Entendemos ser prioridade a formação de quadros técnicos nas diversas engenharias e demais

ciências exatas. As políticas públicas precisam estar direcionadas para o enfrentamento destes desafios,

começando por programas de capacitação de pessoal em larga escala, através de chamadas públicas para

universidades e centros de pesquisa.

1.3 - O Brasil aparece no Relatório do Índice Global de Inovação 2015 (Cornell University, INSEAD, e WIPO)

na posição 70 de 141 países. O estudo aponta um cenário preocupante com relação ao percentual de

graduações em ciência e engenharia em relação ao total de graduações, ocupando a posição 94. Os

1 http://www.portaldaindustria.com.br/cni/publicacoes-e-estatisticas/estatisticas/2016/05/1,88118/sondesp-66-industria-4-0.html

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impactos do conhecimento e das tecnologias geradas (que incluem patentes, papers e citações) posicionam

o país em 72º lugar. Já Índice Global de Talento Competitivo 2015-2016 (INSEAD, ADECCO and HCLI) coloca

o Brasil em 67º lugar entre 109 países, com o subíndice de quantidade equivalente de pesquisadores em

tempo integral por milhões de habitantes na posição 53. Quais os principais motivos para a atual atratividade

dos cursos nas áreas de ciência e engenharia? Que iniciativas poderiam melhorar este cenário?

Existem vários diagnósticos disponíveis sobre a qualidade geral do sistema público e privado de

ensino no País, e clara deficiência na formação do capital humano exigido pelos desafios do novo século

digital. A ausência no ensino fundamental, médio e superior de qualidade não poderá ser compensada

apenas por medidas complementares.

Porém é necessário entender a dinâmica da sociedade, a educação atual não responde mais às

demandas exigidas na era digital, a saber:

Os processos de ensino e aprendizagem tradicionais não respondem mais às demandas do

mundo contemporâneo;

As tecnologias digitais transformaram as relações – Criar e inovar é o grande ativo das

organizações e da sociedade;

A realidade dos alunos é intensamente mediada pelas tecnologias, versus a escola que ele

encontra no seu dia a dia;

Desafio – Escola capazes de responderem às demandas do século XXI e aos interesses dos

alunos.

Trata-se de um processo que passa pela modernização da grade curricular, tornando-a não apenas

atual, mas instigante, com investimento na formação de professores, com estímulos claros à constante

evolução profissional – com plano de carreira e remuneração adequados.

É nítido que o ensino de ciências exatas, carece de professores atualizados sob o aspecto didático.

A matemática e a física são ainda vistas como matérias “não divertidas” pois permanecem descoladas do dia

a dia, sem aplicações práticas. A infraestrutura escolar também é deficiente na medida em que não existem

laboratórios para aplicação dos conhecimentos.

Em adição a falta de formação adequada, as áreas de ciência, parecem pouco atrativas pois:

o mercado de trabalho é extremamente pequeno e restrito, uma vez que a maior parte da

pesquisa é feita por órgãos públicos com limitações orçamentárias;

exige-se altíssima qualificação, o que é difícil e demorado;

a remuneração não é compatível com o esforço exigido.

Para sanar tais deficiências será necessário ampliar o mercado de trabalho e, consequentemente, a

média salarial. A medida mais barata e eficaz é o fomento da pesquisa pela iniciativa privada, o que pode

ser obtido com:

melhor, mais seguro e ágil sistema de registro de marcas e patentes;

incentivos fiscais;

ambiente regulatório estável, incentivando as empresas e investirem e terem seu retorno

garantido. Neste sentido, a regulamentação do Código de Ciência e Tecnologia se faz urgente.

Os cursos de engenharia deveriam ser reformulados para estimular a vivencia prática ao longo do

curso e assim atrair um maior número de alunos. Por exemplo, no CESAR existe um programa de verão, no

qual as empresas oferecem problemas reais, para que alunos de graduação prototipem soluções em apenas

6 semanas. Para a edição de janeiro 2017, 676 alunos de diversos estados brasileiros se candidataram para

apenas 16 vagas. Aproximar alunos, academia e empresas é fundamental e produz resultados a curto prazo.

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Para além de uma formação básica adequada, consideramos que há espaço para despertar maior

interesse dos alunos pela tecnologia da informação, por exemplo com a introdução de linguagens de

programação no ensino médio, ao estimular o uso de plataformas de prototipação para construção de

sistemas embarcados simples e objetos conectados.

Seria importante que mais alunos tivessem conhecimento do setor, através de maior número de

eventos direcionados, a exemplo das jornadas de programação (hackatons) ou o movimento makers, que

poderiam ser disseminados como as feiras de ciências através dos editais do Ministério da Educação (MEC)

ou do Ministério de Ciências, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC).

Por fim vale destacar a falta de internacionalização no ensino, e a grande deficiência dos estudantes

em aprender outras línguas, especialmente o inglês, tão essencial para o mercado de trabalho.

1.4 - Quais as oportunidades e barreiras existentes nas políticas públicas atuais de incentivo à PD&I, no

âmbito do ecossistema de IoT?

Temos diversos polos em várias regiões (Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, etc)

que cooperam mais com instituições estrangeiras do que entre si. A não promoção desta integração

promove a duplicação de esforços e vazios não preenchidos nacionalmente. Neste sentido, a

regulamentação do Código de Ciência e Tecnologia se faz urgente.

Em relação as barreiras podemos listar diversas, como:

● Ausência de legislação clara sobre o tema;

● A aprovação de uma lei de proteção de dados pessoais com a redação atualmente prevista

nos PLS 330/2013 e 4060/2012 acerca de transferência de dados pessoais, consentimento

(etc.), que poderão impor barreiras digitais ao comércio, prejudicando o desempenho do

Brasil na economia digital;

● Tributação excessiva; taxas como FUST, FISTELL e FUNTELL que podem incidir sobre IoT, além

das que incidem sobre as operações de telecomunicações;

● Incidência de Imposto de importação (II) nos produtos de IoT, em especial, os utilizados para

prototipação. Em virtude dos preços elevados apenas uma pequena parcela da população

consegue ter acesso aos produtos ou tecnologias IoT. Para o desenvolvimento e expansão

em larga escala no País, sugere-se a inserção na lista de Ex-Tarifários os produtos

relacionados ao Ecossistema de IoT;

● Falta de informações aos gestores do setor público para disseminação das aplicações de

Internet das Coisas e seus benefícios;

● Ausência de suporte aos gestores públicos para realizar a contratação de projetos de IoT (ex.:

suporte para uma licitação).

1.6 - Existem problemas na relação entre indústrias e provedores incumbentes de soluções e serviços de

TICs, no que tange suas relações com o ecossistema de startups no Brasil? Que medidas devem ser

consideradas para aproximar esses atores, aproveitando-se suas principais forças, isto é, capacidade de

inovação das Startups em setores dinâmicos como IoT e capacidade de atuar em escala da indústria e

provedores de serviços incumbentes?

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O movimento de aproximação de incumbentes de startups é recente. Há pouco mais de um ano

surgiram nas aceleradoras os programas de aceleração corporativa, que tentam direcionar o processo de

criação de novas empresas/soluções inovadoras para as necessidades de incumbentes patrocinadoras. A

aceleração corporativa já era praticada por algumas empresas, ligadas diretamente aos seus negócios

principais (Wayra, Oxigênio, etc).

O modelo pode acelerar o crescimento de startups, porém não tem se mostrado efetivo na criação

de soluções disruptivas. Aparentemente o problema é conjuntural e não estrutural.

Portanto, é fundamental que recursos de fomento sejam direcionados para aceleração de

startups, através de aceleradoras corporativas ou não, com soluções para setores com demandas

desproporcionalmente maiores que as soluções existentes - como exemplo, o setor de saúde - intensivos

em serviço e pouco limitados por barreiras protecionistas.

1.7 - Há demanda para linhas de financiamento de pesquisa para P&D de produtos e aplicações para

soluções de comunicação M2M e Internet das Coisas? Em que áreas? Cite necessidades e oportunidades de

P&D.

Sim, existe demanda para linhas de financiamento de P&D para Internet das Coisas, quer seja por

uma abordagem de negócio, com foco na integração de produtos existentes para suportar uma determinada

oportunidade de negócio, quer seja por uma abordagem tecnológica, com foco no desenvolvimento de

produtos e serviços transversais direcionados para nichos que ainda não foram dominados por alguma

empresa.

Na abordagem de negócios, que consiste em trazer conectividade à produtos não conectados,

principalmente os intensivos em serviços, existem inúmeras oportunidades que poderiam ser exploradas nas

diversas verticais (saúde, utilities, etc…), como por exemplo: o atendimento homecare de doentes crônicos,

realizado através de dispositivos não conectados com cuidadores e/ou família para interpretar as medidas

e acionar profissionais especializados. Com o aumento da expectativa de vida, esse cenário não é escalável

sem a interligação de todos esses dispositivos com serviços de análise de dados on-line e real time para

acompanhamento e acionamento de serviços especializados.

A abordagem tecnológica que consiste em descobrir nichos para produtos e/ou serviços ainda

não ofertados, estão presentes nas áreas de segurança e novas interfaces, pois existem inúmeros problemas

ainda não resolvidos. A janela de oportunidade para gateways multi-protocolo de Internet das Coisas parece

estar se fechando, com diversas empresas lançando seus gateways.

Desse modo, considerando ambas as abordagens, as áreas mais promissoras para investimentos

de P&D são protocolos dispositivos, padrões, segurança e interfaces multi-modais.

1.8 - Quais as instituições de pesquisa nacionais que possuem estudos relacionados ao ecossistema de

Internet das Coisas de forma relevante?

Existem soluções de M2M e IoT há algum tempo no País. O CESAR, em 2006, instrumentou um

veículo da Troller para monitorar seu desempenho sob condições adversas e melhorar a fabricação de partes,

a fim de tornar o veículo mais resistente em competições como o Rally Paris-Dacar. Mais ou menos na

mesma época, o CESAR também instrumentou Pivôs Centrais de Irrigação, para conseguir uma melhor

eficiência no uso de água em plantações extensivas no centro-oeste do Brasil.

O conhecimento evoluiu e sabemos hoje que um ecossistema capaz de desenvolver soluções

completas em IoT precisa ao menos das seguintes capacidades técnicas:

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● Sistemas embarcados/desenvolvimento de hardware

● Inteligência artificial

● Conectividade

● Segurança e privacidade

● Sistemas de informação

● Big data e machine learning

1.9 - Como poderia ser realizado o incentivo à criação de um ecossistema de empresas nascentes (startups)

com elevado grau de inovação em IoT, através de apoio estatal (p.ex., o financiamento dos projetos ou

simplificação das obrigações sobre tais empresas), reduzindo o risco à inovação?

É suficiente direcionar chamadas e recursos através das aceleradoras credenciadas em programas

como por exemplo o StartUp Brasil para soluções na IoT nas verticais com maior potencial de ganho, a

exemplo: transporte, saúde e agronegócio. Incentivar a exposição de capacidades e cooperação dos

diferentes ambientes de inovação existentes, a fim de facilitar a busca da startup por partes de solução ou

conhecimento.

Para as stratups o custo Brasil – tributos, infraestrutura, etc – ainda é um grande impeditivo ao

sucesso do negócio. Para estas empresas nascente é fundamental que os compromissos fiscais sejam

simplificados tais como as ME do simples.

O aprimoramento da responsabilidade civil sobre o investimento, ou seja, limitado a

responsabilidade apenas ao capital investido, é um dos pontos que merecem atenção e que se resolvido

estimulará o ecossistema.

1.10 - Considerando iniciativas e o ambiente de pesquisa e desenvolvimento, existem outras questões

relevantes que devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

É preciso incentivar também a formação de empreendedores e visão de negócios. Nos ambientes

de inovação existente privilegia-se a formação de técnicos e engenheiros. A formação de empreendedores

e de negócios é estimulada, mas não sistematizada. Qualquer levantamento de ecossistemas deveria

considerar, além das capacidades técnicas, as capacidades relacionadas ao desenvolvimento do

empreendimento, como vendas, negociação, marketing, finanças etc.

2. Recursos Humanos

Objetivo: mapear a capacidade técnica e as principais lacunas na mão-de-obra brasileira, para atuar nos

diversos setores que envolvem soluções de comunicação M2M e IoT.

2.1 - A Comunicação M2M e a Internet das Coisas afetarão a educação em sentido amplo. As aplicações

dessas tecnologias em diversas áreas dependerão de habilidades profissionais variadas e nos obriga a

revisitar os processos educacionais de maneira holística e questioná-los do ponto de vista da melhoria que

essas tecnologias podem representar. Considerando este contexto:

- Aponte qual(is) o(s) perfil(is) de profissional que será(ão) mais demandado(s) para o desenvolvimento do

ecossistema de IoT;

Considerando que o futuro mercado de M2M e IoT, demandará necessidades de hardwares

específicos para capturas e ofertas de informações que interajam entre si; softwares ajustados para a

interpretação das informações que chegarão de maneira desestruturas e de variadíssimas formas; e que a

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quantidade de informações geradas e a serem processadas é exponencialmente crescente e continuará

assim por longos períodos, pergunta-se: Qual profissional dará conta destas demandas?

O perfil do profissional demandado necessariamente passará por:

● Visão holística do processo;

● Habilidade para atuar em tecnologias de hardwares e softwares;

● Noções de tecnologias de comunicação, interoperabilidade, frequência e redes;

● Capacidade de análise de um grande volume de dados desconexos e extrair resultados a partir

deste volume;

● Capacidade de identificação de soluções a problemas diversos a partir dos dados disponíveis.

- Quais são as principais barreiras do nosso atual processo educacional para a formação de novos

profissionais para o mercado de IoT.

O sistema atual de educação está baseado na oferta de demandas de qualificação profissional

passadas, enquanto deveria estar focar na resolução de problemas atuais e futuros, ou seja, há uma

desconexão do ensino com a realidade da sociedade e do mundo dos negócios e este é um dos entraves a

formação adequada dos profissionais que atuarão neste mercado. Aproximar academia, centros de pesquisa,

empresas, demandantes e o próprio governo ajuda no entendimento das dificuldades e no

compartilhamento das soluções. Neste sentido a regulamentação do Código de Ciência e Tecnologia, Lei nº

13.243/2016 é um instrumento para agilizar, desburocratizar e unir os agentes citados.

2.2 - Qual o impacto (positivo ou negativo) que a IoT pode provocar na força de trabalho?

Com o advento de tecnologias, como a IoT, o surgimento de oportunidades profissionais, novos

mercados e a contínua modificação quantitativa e qualitativa da interação homem-máquina, trarão

mudanças radicais na estrutura e na essência do trabalho. O avanço tecnológico certamente trará um

conjunto de novas oportunidades em quase todos os campos de aplicabilidade: cidades inteligentes,

dispositivos wearable, sensores e itens interconectados, indústria de manufatura inteligentes e a

customização das necessidades individuais, graças à enorme quantidade de equipamentos conectados,

softwares e dados tratados que estarão disponíveis para os mais diversos usos. A tecnologia deve ser

considerada uma fonte de crescimento econômico, geração de emprego e oportunidades, isto se as

instituições e os governos implementarem as mudanças que visem a criar uma espécie de ponte entre o

nível de educação e qualificações que os trabalhadores precisam, e o progresso/desenvolvimento da

tecnológico.

Segundo estudo elaborado pelo IDC a pedido da CISCO, publicado em maio de 2016, a geração de

empregos advindos deste novo fenômeno será de aproximadamente 448.780 empregos diretos em 2019,

porém 36%, ou seja, 161.561 não serão preenchidos, devido à escassez de mão de obra qualificada.2

No nosso particular caso 31% dos alunos que ingressam nos cursos superiores relacionados as

áreas de Ciências, Matemática e Computação concluem a graduação, ou seja, há um grande contingente de

interessados (pois se matricularam nos cursos) e que ao longo do período de duração se evadem, não

trazendo retorno para si e para a sociedade, reter este aluno é um desafio, e que daria resposta imediata a

esta escassez.

2 http://www.cisco.com/assets/csr/pdf/IDC_Skills_Gap_-_LatAm.pdf

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Além das oportunidades de emprego que serão geradas e não aproveitadas, quer seja pela

insuficiência em quantidade de profissionais, quer seja por sua capacitação técnica e comportamental, há

uma perda de massa salarial decorrendo do não aproveitamento da oportunidade.

2.3 - Quais os potenciais benefícios da IoT para empregados e/ou empregadores?

As soluções de IoT no local de trabalho podem melhorar a produtividade, aumentar a segurança

no ambiente de trabalho, reduzir custos e garantir ao mesmo tempo uma melhor satisfação e engajamento

dos funcionários. Vários estudos demonstram consistentemente que os empregados engajados têm

menores taxas de rotatividade, o que reduz drasticamente os consideráveis custos de recrutamento,

entrevistas e treinamento.

Fonte: Censo da Educação Superior, Inep/Deed

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A Internet das Coisas pode facilitar o engajamento dos empregados de várias formas. Os dados

gerados a partir de dispositivos conectados no local de trabalho podem ser personalizados, e permitir que

as empresas possam aprender acerca das condições de trabalho dos seus funcionários e quais os tipos de

ambientes e condições ideais, conectá-los com colegas de trabalho, equipes e projetos que otimizem seus

talentos.

Os benefícios da IoT têm o potencial de ser verdadeiramente inovadores. Como por exemplo, de

permitir o ajuste do horário de um funcionário preso no trânsito, automatizar tarefas importantes.

De acordo com Robert Cohen, do Instituto de Estratégia Econômica, há aspectos de destaque

acerca do significado da IOT para a produtividade e emprego:

1. Processo e mudanças arquitetônicas - como fazemos nosso trabalho, e como a organização é

estruturada – irá trazer novas eficiências e aumentar a produtividade e produção.

2. Novos trabalhos serão criados para gerenciar operações com IoT de forma mais eficiente.

2.5 - O atual arranjo entre governo, universidade e empresas é adequado para a capacitação e formação de

mão de obra aplicável à IoT?

Aspectos a serem considerados em relação ao emprego e a formação da força de trabalho e que

merecem atenção:

● As operações dos sistemas de IoT trabalharão 24 horas x 7 dias x 365 das, ou seja, são

ininterruptas. A CLT deverá ser aprimorada em pontos específicos visando a criar

oportunidades de emprego frente a esta nova realidade – Proposta Brasscom de normatização

do trabalho na Era do Conhecimento;3

● No ano de 2016 a Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP tiveram em torno

de 18 milhões de participantes, ou seja, há grande interesse pela área de exatas, e um

contingente de pessoas motivadas e dentre estes um grande número de “foras de série”.

Aproveitar e sequenciar este trabalho inicial a fim de que os jovens continuem com o interesse

nas áreas de exatas é um desafio e uma grande oportunidade;

● Facilitar a aproximação de empresas e escolas visando a colaboração e atuação conjunta à

problemas da vida real;

● Facilitar o intercâmbio de pessoas e “coisas”, exemplo: vistos para pesquisadores e

trabalhadores; fast track na importação de bens e insumos destinados a pesquisa e

desenvolvimento;

● Pesquisadores dedicados à pesquisa nas empresas. Neste sentido, a regulamentação do

Código de Ciência e Tecnologia se faz urgente.

● Destinar recursos do PRONATEC para capacitação em línguas;

● Desenvolver programa de atualização tecnológica para professores, em parceria com a

iniciativa privada, alinhado a velocidade da economia digital e o aprendizado dos docentes.

3 http://brasscom.org.br/brasscom/Portugues/detPosicionamento.php?codPosicionamento=840

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3. Oferta Tecnológica e Composição de Ecossistemas

Objetivo: identificar qual o contexto atual da indústria brasileira de TIC, mapeando suas competências e

oportunidades para o desenvolvimento do setor aplicado a IoT no Brasil.

3.1 - Considerando o setor de TICs no Brasil, que empresas apresentam produtos ou serviços que podem

ser utilizados no desenvolvimento ou formação de um ecossistema local de IoT?

São muitas as empresas que apresentam produtos ou serviços que podem ser utilizados no

desenvolvimento ou formação de um ecossistema local de IoT. Dentre estas destacamos os associados da

Brasscom:

Accenture (https://www.accenture.com/br-pt/)

Algar Tech (http://www.algartech.com/pt-br/)

Amazon ( https://www.amazon.com/)

Atos (http://br.atos.net/pt-br/home.html)

BRQ (http://www.brq.com/)

Capgemini (https://www.br.capgemini.com/)

CI&T (http://www.ciandt.com/br-pt)

Cisco (http://www.cisco.com/c/pt_br/index.html)

Cognizant (https://www.cognizant.com/)

Dataprev, (http://portal.dataprev.gov.br/)

Dell(http://www.dell.com.br/)

Embratel (http://portal.embratel.com.br/embratel/)

EMC2 (https://www.emc.com/pt-br/index.htm)

Equinix (http://www.equinix.com/)

Facebook (https://www.facebook.com/)

GFT (http://www.gft.com/)

Globalweb (https://www.globalweb.com.br/)

HPE (https://www.hpe.com/br/pt/home.html)

IBM (http://www.ibm.com/br-pt/),

Indra (http://www.indracompany.com/pt-br)

Infosys (https://www.infosys.com/)

Intel (http://www.intel.com.br/content/www/br/pt/homepage.html)

Linx (http://www.linx.com.br/)

Locaweb (http://www.locaweb.com.br/default.html)

Microsoft (https://www.microsoft.com/pt-br/)

Oracle (https://www.oracle.com/index.html)

Prodesp (http://www.prodesp.sp.gov.br/)

Promon Logicalis (http://www.br.promonlogicalis.com/)

Resource(http://www.resourceit.com/pt/)

SAP (http://www.sap.com/index.html)

Scopus (http://www.scopus.com.br/)

Serasa Experian (https://www.serasaexperian.com.br/)

Spread (http://www.spread.com.br/)

Stefanini (https://stefanini.com/pt/)

Take.net (http://take.net/)

Tata (http://www.tcs.com/worldwide/br/pt/Pages/default.aspx)

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Tech Mahindra (http://www.techmahindra.com/pages/default.aspx)

TIVIT (http://www.tivit.com.br/)

TOTVS (https://www.totvs.com/)

Unisys (http://www.unisys.com/)

3.2 - Que instituições de pesquisa, no Brasil, desenvolvem tecnologias ou soluções que poderão ser

relevantes na constituição do ecossistema de IoT no Brasil?

São diversos os institutos no Brasil que desenvolvem tecnologias IoT, em especial os associados

institucionais da Brasscom:

Cesar (www.cesar.org.br)

BandTec (http://tecnologia.bandtec.com.br/lp-faculdade-bandtec)

Csem (http://www.csembrasil.com.br/)

FITEC (http://www.fitec.org.br/pt/inicio/)

Inatel (http://www.inatel.br/home/)

Inpe (http://www.inpe.br/)

UFPE (https://www.ufpe.br/ufpenova/)

Unesp (http://www.unesp.br/)

Unicamp (http://www.unicamp.br/unicamp/)

Mackenzie (http://up.mackenzie.br/upm/)

USP (http://www5.usp.br/)

Também é importante destacar o conjunto de Universidades e Institutos de Pesquisa

credenciados junto ao CATI (Comitê da Área de Tecnologia da Informação) do MCTIC.

3.4 - Que alianças internacionais, no contexto da IoT, são relevantes para o desenvolvimento da IoT no Brasil?

Na maioria dos países a Internet das Coisas está sendo construída através da iniciativa privada.

Os Estados não estão definindo padrões de protocolos para IoT. Existem algumas iniciativas de alianças entre

empresas para definições de padrões, como: AllSeen Alliance, iPSO Alliance OneM2M Alliance, Open

Interconnect, IoT Eclipse, OMA - Open Mobile Alliance, IEEE, ZigBee Alliance, Bluetooth SIG, WiFi Alliance,

LoRa Alliance, Weightless, Open Connectivity Foundation (OCF), etc. Algumas operam nas camadas de

comunicação/protocolos, outras nas definições de padrão para comunicação entre as aplicações e outras

tentam definir padrões para várias camadas.4 Sendo todas de interesse para o desenvolvimento de IoT no

Brasil.

No contexto brasileiro, é importante o alinhamento com os fóruns e padronização que fomentem

o desenvolvimento e a adoção de padrões abertos, aqueles que qualquer empresa pode ter acesso e não

precise pagar royalties para utilização em seus produtos. Isso permite a rápida inserção de produtos de

empresas brasileiras nos ecossistemas em desenvolvimento em todos os domínios de aplicação e amplia o

mercado potencial desses produtos para fora das fronteiras nacionais. Além da adoção de protocolos de

reconhecimento mútuo quanto à certificação sobre qualidade e segurança, evitando perda de tempo e

recursos com a realização de processos de certificação de um mesmo produto em mais de um país.

3.5 - Identifique quais são os subsetores da cadeia de TIC mais relevantes para o desenvolvimento de IoT.

A cadeia de TIC é composta por diversas organizações como instituições de ensino e de ciência e

tecnologia, públicas e privadas, empresas desenvolvedoras de soluções de hardware e de software,

4 http://www.postscapes.com/internet-of-things-alliances-roundup/

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fornecedoras de infraestrutura de hardware e telecomunicações, integradoras, prestadoras de serviço e

usuários, entendemos que a importância de cada uma muda ao longo da maturidade e difusão da IoT.

Também podemos destacar os seguintes subsetores:

● Sensores;

● Banda larga;

● Storage;

● Computação em nuvem;

● Data centers;

● Big data;

● Analytics;

3.6 - Que nichos de mercado apresentam potencial para desenvolvimento de players locais?

De forma simplificada podemos dividir o plano de oportunidades com dois eixos, sendo o eixo

serviço-produto e o global-local. Estes dois eixos dividem o espaço de oportunidades em 4 áreas a saber:

1- Serviço local

2- Serviço global

3- Produto local

4- Produto global

Considerando que produto contempla a existência hardware; e a de serviço, intensidade em

software e/ou pessoas, podemos citar como exemplo de cada quadrante: 1- Easy Taxi, 2- Netflix, 3- Chip do

boi 4- Tokens de segurança da DataBlink.

No Brasil a capacidade de desenvolvimento de produtos é limitada. As elevadas barreiras

comerciais e o lento e burocrático processo de importação desestimulam o uso de partes e componentes

fabricados fora do país, essenciais, para construção de produtos sofisticados. Por outro lado, existem

ambientes de inovação, criados e amadurecidos, intensivos em software. Se colocarmos os incentivos

corretos, podemos direcionar esta capacidade de desenvolvimento de software para a construção de serviço

local, com potencial de se tornarem serviço global.

3.7 - Em quais aplicações o Brasil pode ser competitivo em semicondutores?

A expressão "competitivo em semicondutores" permite mais de uma interpretação: unidades

industriais para produção dos waffers e empresas de design de chips.

As chances do Brasil ser competitivo em unidades industriais são extremamente baixas, pois os

investimentos são enormes, a escala para tornar-se uma produção viável é muito maior do que o mercado

nacional, e os custos do Brasil inviabilizam a competição pelos mercados externos, como podemos ver no

caso da Ceitec, empresa industrial para produção de waffers com tecnologia completamente ultrapassada,

no qual foram aportados R$ 670M desde o ano 2000, e o faturamento da empresa em 2016 fora de R$ 4,3M

com prejuízo anual de 31,2M5.

Entretanto, o Brasil tem uma rede de empresas de design de chips, resultantes do programa CI

Brasil,6 que poderiam ser competitivas com investimento relativamente baixo, e com simplificação de

5 Fonte: http://www.baguete.com.br/noticias/22/03/2016/ceitec-cresce-mas-ainda-da-prejuizo

6 http://www.ci-brasil.gov.br/

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processos de importação e adequações tarifárias. Atualmente, uma empresa de design de chips, durante o

processo de desenho do componente, precisa pagar imposto de importação sobre cada lote de waffers de

testes que é produzido em unidades industriais estrangeiras. O processo de design de chips precisa ser

aprimorado para se tornar menos custoso para as empresas.

É importante por isto, ressaltar que o tempo e investimento requeridos são altos para tornar o

Brasil competitivo em termos industriais na fabricação voltada para a IoT. O desenvolvimento da cadeia

industrial competitiva para este setor poderá demorar vários anos. Ao invés de se esperar a criação e

consolidação de indústrias neste setor no País, é preferível o investimento em serviços de software aliados

à criação de produtos conectados, com nível de qualidade competitivo para o mercado internacional, que

podem ser concebidos no Brasil, mas produzidos no exterior.

Devido a diversos fatores, a estratégia de países desenvolvidos é de terceirizar a fabricação na

Ásia, onde a cadeia de produção de eletrônicos é mais competitiva em termos de custo e logística. Para

viabilizar tal estratégia, a tributação de importação deve ser repensada para empresas que atuem em IoT.

Tomando-se como exemplo as empresas tecnológicas mais valiosas do mundo, que concebem produtos

nos EUA, mas praticamente toda a produção do hardware é terceirizada para o exterior. Aliados a isto há um

forte ecossistema de software em torno do hardware destas empresas.

3.8 - Em quais nichos de equipamentos eletrônicos o Brasil pode desenvolver tecnologia local em

hardware/software embarcada?

O Brasil tem potencial para desenvolver localmente diversos nichos, desde que tenhamos uma

política adequada. Especialmente em software, o País conta com empresas competitivas que podem

competir em qualquer nicho e mercado. Contudo, a política deverá ser indutora do desenvolvimento no

Brasil, mas sem criar barreiras ou obstáculos à entrada de tecnologia de ponta no País.

Visto que as modernas cadeias de valor de TICs em geral, e de equipamentos eletrônicos em

particular, são globalmente distribuídas e altamente especializadas, com diferentes atores em múltiplos

países sendo responsáveis pela concepção do produto, fornecimento de diferentes tipos de componentes,

montagem eletrônica e mecânica, e integração de sistemas. Por exemplo, os chamados Electronic Contract

Manufacturers (ECMs), sua especialização é a fabricação de placas de circuito eletrônico com alta eficiência,

seja qual for a aplicação. Sendo que a aplicação específica nos produtos modernos é definida em sua maior

parte por software.

O desenvolvimento e expansão do IoT no País precisa de tecnologia moderna, devendo para isso

ser aberto e permeável à prestação e fornecimento de produtos e serviços, independentemente de sua

origem. Somente num cenário de livre acesso à tecnologia de ponta se pode ambicionar e tentar garantir o

desenvolvimento e crescimento do IoT, de modo a permitir o acesso da economia e indústria local à melhor

tecnologia.

3.9 - Em que área o Brasil pode desenvolver softwares de maior valor agregado, como software-ferramentas

e/ou com elevado potencial de exportação?

O Brasil pode desenvolver soluções de software baseadas em inteligência artificial e análise de

dados focados em verticais com grande mercado interno, complexo (diversos atores da cadeia de valor) e

com pressões por recursos escassos. Por exemplo, no segmento de saúde, o País possui o maior sistema

público do mundo, que combinado com sistema privado sofisticado proporciona um portfólio de problemas

relevantes, que poderiam ser resolvidos com soluções de IoT, e posteriormente exportados.

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Outra abordagem possível, seria agregar soluções de software e hardware a produtos que

atualmente são desconectados, como detalhado pelo CESAR no manifesto do Poetas.IT7, agregando novas

funcionalidades e permitindo a exportação dos produtos conectados. Por exemplo, o setor de móveis de

escritório que atualmente são desconectados, as mesas e cadeiras não possuem nenhuma capacidade de

interação com pessoas e/ou sistemas de informação. Apenas como um exercício mental, suponhamos que

as mesas terão sensores de proximidade e luminosidade. Esses sensores integrados a uma solução de

software, que irá permitir o gerenciamento da luminosidade em cada posição de trabalho (que é um uma

condição regulamentada pelo governo no Brasil e em outros países do mundo), o gerenciamento inteligente

das posições de trabalho, bem como a localização dos trabalhadores, uma demanda de diversos contextos.

Dessa forma, a indústria de móveis de escritório teria um produto conectado, intensivo em serviços, que

poderia concorrer globalmente.

Em ambas abordagens, o fator crítico de sucesso é a falta de capacidade de inovar e produzir

componentes (sensores e atuadores) em escala que nos permita competir em cadeias globais de

fornecimento. Logo, precisamos desburocratizar e desonerar a importação destes componentes, para

permitir o florescimento de uma indústria de produção de sub-sistemas eletrônicos e o desenvolvimento de

soluções compostas de hardware e software, intensivos em serviços, com capacidade de competir

globalmente.

3.10 - Considerando a oferta tecnológica e a composição do ecossistema de IoT, existem outras questões

relevantes que devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

A IoT pode trazer diversos benefícios para a indústria de manufatura, flexibilizando e aumentando

a eficiência da produção, mas pode também provocar enorme mudança nos produtos em si, permitindo que

se tornem inteligentes, conectados e compartilhados. IoT na manufatura avançada pode resultar na redução

de custos de uma parte inferior a 20% do PIB. Olhar para a IoT como uma oportunidade de criar produtos

intensivos em software, que serão plataformas para serviços inovadores é apostar nos outros 63% do PIB,

em setores que permitem mais criatividade, dependem de conhecimento local e geram mais empregos.

O Imposto de Importação (II) constitui atualmente uma clara barreira à adoção de produtos de

IoT no País, especialmente os voltados à prototipação, restringindo o acesso a estas tecnologias, portanto

sugere-se a inserção dos produtos relacionados ao Ecossistema de IoT na lista de Ex-Tarifários.

4. Investimento, Financiamento e Fomento

Objetivo: mapear fontes de investimento, canais de financiamento e iniciativas de fomento, existentes ou a

serem estruturadas, com o propósito de incentivar o desenvolvimento do setor aplicado a IoT no Brasil.

4.1 - O acesso a crédito ainda é muito oneroso para as empresas brasileiras, com taxas de juros elevadas.

Além disso, a quantidade e o valor de investimentos de capital de risco ainda são baixos – no Brasil este tipo

de investimento representa apenas 0,01% do PIB, enquanto outros países têm volumes muito superiores em

termos relativos como os EUA que investe 0,18%, a Índia 0,12%, e a China 0,07% do PIB. Quais as fontes e

modelos de financiamento disponíveis hoje no país, que atendem ao ecossistema de IoT?

O acesso a recursos para investimento será sempre crítico a qualquer setor. O fundamental para

que haja um setor financeiro saudável no País é a estabilidade macroeconômica, que parte do controle

7 Fonte: POETAS.IT (Políticas e Estratégias para Tecnologias, Aplicações e Serviços para a Internet de Tudo), disponível em http://poetas.it.cesar.org.br/

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efetivo sobre os gastos públicos e níveis baixos de inflação que propiciem taxas de juros e câmbio

competitivas. Partindo do pressuposto de que caminhamos para a solução dos problemas enfrentados no

presente contexto nacional, abre-se a oportunidade para avaliarmos o acesso a recursos por parte da

indústria de tecnologia em especial.

O modelo internacional de acesso a recursos melhor conhecido pelo setor é o do investimento de

risco, amplamente utilizado no chamado Vale do Silício na Califórnia (EUA). Raras são as empresas de

tecnologia americanas que não começaram apoiadas por venture capital. É natural que assim seja, posto

que empresas nascentes pouco têm a oferecer como garantias que permitam acesso a fontes de

financiamento tradicionais. O aporte necessariamente deve vir acompanhado pela anuência do investidor

da real possibilidade de perda total de seu investimento inicial.

Soluções inovadoras e disruptivas virão justamente de startups, com elevado grau de risco de

insucesso. Essa será a porta de entrada para as empresas que deverão fazer a diferença na Era Digital. Em

matéria especial sobre IoT publicada no Valor Econômico (“Definição de jogo”, caderno Empresas do dia

23/12/2016), Irecê Fraga, chefe do departamento de Tecnologia da Informação e Comunicações do BNDES,

explica:

"Para promover algo de tamanha capilaridade na economia, pode-se ter certeza de que o BNDES

vai mobilizar os recursos que forem necessários’, diz. ‘Uma coisa que já identificamos é que 50% das soluções

de IoT não virão dos players que já estão no mercado, e sim de pequenos startups. De alguma forma, teremos

de direcionar recursos para o fomento ao nascimento de empresas relacionadas a IoT, como por meio de

um fundo de private equity. Como um banco de desenvolvimento, nossa aposta é de que haja

desenvolvimento tecnológico’, sinaliza Irecê. ”

A consolidação de uma indústria de capital de risco faz-se assim fundamental no País, posto que

torna o setor menos dependente de subsídios financeiros providos pelo Estado. Entendemos, contudo, que

a estrutura hoje existente de fomento a incubadoras, aceleradoras e programas voltados a startups criados

pelo governo desempenha papel importante – como um estágio necessário até que se consolide a indústria

de capital de risco com a escala necessária ao País. Entendemos também que esse modelo não pode ser

sustentado por bolsas e recursos a fundo perdido sem o compromisso claro de produzir uma solução que

chegue ao mercado – esse cenário cria o incentivo contrário de impedir o amadurecimento da própria

indústria de capital de risco.

Recentemente a Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP) publicou, em

conjunto com a Consultoria KPMG, a Consolidação de Dados sobre a indústria de capital de risco. 8Apesar

do senso comum sugerir que as crises política e econômica, nos levariam a uma crise igualmente profunda

no setor, os números indicam o contrário, apontando o crescimento da indústria de Private Equity e Venture

Capital nos últimos quatro anos. “ Entre 2011 e 2015 esse montante saiu de R$ 64 bilhões para R$ 153

bilhões. Parte significativa do aumento nos últimos anos se deveu à valorização do dólar perante o real, de

47% em 2015. Contudo “(...) alguns gestores conseguiram captar novos recursos, mesmo no cenário adverso

da economia”. Outra notícia positiva apontada pelo relatório está nas perspectivas positivas da indústria de

venture capital. Apesar de 85% do capital comprometido total e disponível estar concentrado nos gestores

que possuem capital acima de R$ 1 bilhão, a maior quantidade de gestores (23%) está entre aqueles com

capital comprometido de até R$ 50 milhões – típico do venture capital.

Apesar de claramente termos um setor em expansão, há entraves que precisam ser endereçados.

Vários fundos têm origem de capital no exterior e são limitados na participação em empresas nacionais –

como o caso do setor de saúde e farmácia. O próprio processo de abertura e encerramento de empresas

ainda é um entrave ao surgimento de startups nacionais, assim como a complexidade inerente às legislações

8 http://www.abvcap.com.br/Download/Estudos/3484.pdf.

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tributária e trabalhista. Empresas nascentes tipicamente carecem de estrutura operacional e recursos que

permitam fazer frente a tais demandas.

4.2 - Como você avalia a eficácia dessas fontes e modelos de financiamento no estímulo à inovação do País,

bem como na introdução de novos serviços e produtos no mercado nacional? O que poderia ser melhorado?

Como descrito na resposta anterior, o subsídio financeiro estatal não pode seguir lógica distinta do

modelo de investimento privado em capital de risco. O Estado não pode garantir recursos subsidiados com

pouco ou nenhum compromisso pelo sucesso da empresa no mercado. Lógicas distintas implicam no

solapamento do modelo de investimento no risco. Iniciativas como recursos aplicados em fundos de

investimento, com mandatos específicos para investir em projetos de tecnologia fazem muito sentido nesse

contexto.

Para além do verificado internacionalmente no setor, os processos locais exigidos pelo Estado, para

atestar a aderência aos mecanismos do Processo Produtivo Básico (PPB), mostraram-se burocráticos e lentos,

não atendendo a dinâmica atual dos negócios.

A expressão Internet das Coisas guarda em si uma profusão de modelos e propostas de negócio

em sua maior parte inovadoras, com alto grau de risco. Em vários setores coexistirão opções conflitantes até

o momento em que haja um alinhamento maior em torno de padrões consistentes. Esse processo inovativo

é fundamental e um maior leque de empresas traz uma diversidade maior de opções. Ocorre que nesse

estágio as empresas carecem de estruturas complexas e pessoal burocrático preparado para lidar com as

exigências presentes no arcabouço regulatório atual. Empresas nascentes simplesmente não possuem

condições mínimas para atender às exigências de um modelo de incentivos tal como se apresentam hoje.

Também não possuem suporte financeiro para arcar com riscos de terem incentivos negados, com efeito

retroativo, após anos operando como beneficiárias.

Insistimos assim na importância do desenvolvimento do setor de investimento de risco, através de

medidas importantes como:

a) Alinhamento maior entre práticas internacionais em investimentos de capital de risco e

legislação local;

b) Maior segurança jurídica com diminuição do risco de eventuais obrigações

trabalhistas/tributárias da empresa investida recair sobre seus investidores (em particular os

minoritários);

c) Adoção de um regime de contratação de mão-de-obra mais simples para as empresas

emergentes na área de tecnologia de informação;

d) Alíquotas reduzidas para ganho de capital nos setores de venture capital e seed money para

investimentos em empresas emergentes de base tecnológica;

e) Abertura para participação do capital estrangeiro nos diversos setores da economia;

f) Maior investimento no processo de registro de patentes, pois o tempo para aprovação de

pedidos no Brasil é significativa longo.

4.3 - Considerando fontes de investimento, financiamento e fomento, existem outras questões relevantes

que devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

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Naturalmente não se trata de questão exclusivamente restrita ao setor, mas o peso do Estado

através de sua carga tributária é inibidor do desenvolvimento de negócios no País. Para além dos valores

absolutos, como o caso dos tributos associados aos serviços de conexão prestados pelas operadoras (ICMS),

também há conflitos associados à clara definição do ente arrecadatório pertinente.

Como um dos instrumentos de fomento do Estado, sugerimos a criação de uma regra

determinando o reinvestimento em IoT de uma porcentagem do ganho de efetividade decorrente da adoção

de soluções nos serviços públicos. Por exemplo: A utilização de soluções de IoT em iluminação pública

proporcionou economia da ordem de R$1.000.000,00. Algo em torno de 5 a 10% deste valor deve,

obrigatoriamente, ser reinvestido em outras soluções de IoT.

4.4 - As estruturas de Venture Capital e Seed Capital existentes no Brasil são adequadas quando se considera

a dinâmica de ecossistemas de inovação presentes em outros países?

O Brasil evoluiu significativamente nas últimas décadas no fomento ao capital de risco (venture

capital e seed capital), mas permanecem desafios importantes a serem enfrentados em relação aos custos e

impostos associados a tais atividades e, principalmente, em relação às dificuldades enfrentadas na operação

diária das empresas nascentes (tributária, legal ou trabalhista). Existe um ecossistema importante de

incubadoras e aceleradoras no País, mas o aporte de recursos em empresas inseridas em seus programas

continua desafiador. Ver também 4.1 e 4.2.

5. Demanda

Objetivo: identificar os desafios e oportunidades nacionais nos quais a Internet das Coisas pode

ter impacto significativo, tanto na esfera pública, quanto na privada. Adicionalmente, entender o potencial

econômico que a Internet das Coisas pode trazer para nossa sociedade, por meio do mapeamento dos

principais casos de uso.

Demanda pública

5.1 - Quais são as possíveis aplicações de IoT no Brasil na esfera pública, analisando todos os possíveis

setores e ambientes de aplicação?

O Estado exerce importante papel no desenvolvimento da IoT, seja na formação de mão-de-obra

orientada ao mercado (como a criação de FabLabs), quanto por meio do uso de seu poder de compra,

revolucionando a forma como provê serviços públicos ao cidadão.

As cidades inteligentes estão bem posicionadas para explorar uma gama crescente de soluções

que prometem proporcionar melhorias relevantes em termos de mobilidade, segurança, energia, saúde,

educação, logística e governo. Por exemplo, ao analisar os dados coletados por sensores o Estado poderá

induzir a prestação de serviços em torno do ecossistema urbano para a melhoria da mobilidade, gestão de

recursos hídricos e de dejetos, gestão energética, dentre outras questões relevantes do cotidiano das

cidades.

Qualquer cidade que coletar dados (sensor capturando, dados abertos, etc.) poderá alavancar o

uso desses dados para tomar decisões em tempo real, visando fornecer melhores serviços aos cidadãos e

reduzir custos. Por exemplo, é possível reduzir o congestionamento e a poluição, otimizando a infraestrutura

de transporte. O uso de IoT permitirá a redução drástica do consumo de energia através da implantação de

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da iluminação inteligente. Poderá também proporcionar respostas rápidas a incidentes de segurança pública

através da captura e análise dos dados de sensores e de vigilância. O poder de transformar operações e

serviços através do uso inteligente de soluções IoT é limitado apenas pela imaginação e pela economia.

A Saúde também é outra área sensível aos avanços de IoT e receberá grande parte dos aportes de

investimentos para a gestão eficiente de recursos hospitalares (leitos, medicamentos etc.), para a melhoria

da gestão e análise dos dados produzidos por imagens, scanners, diagnósticos e outros dados digitalizados

de pacientes do Sistema Público de Saúde.

Outros segmentos impactados pela IoT:

a) centros de monitoramento de emergências integrados com serviços policial, bombeiros, guarda

civil e de previsão meteorológica para coordenação de ações preventivas;

b) monitoramento de frota de transporte público com otimização de rotas, acompanhamento do

comportamento do motorista, e monitoramento de veículos para aumento da eficácia de manutenção e

ações preventivas;

c) monitoramento de rede de abastecimento de água por meio de sensores para detecção precisa

de pontos de falha ou vazamentos de forma a antever problemas;

d) monitoramento de rede de abastecimento de energia e implementação de smart grids; e

e) integração dos meios de transporte público para incremento e agilidade de locomoção dos

cidadãos por meio de indicação de conjunção dos meios mais eficientes para alcance de destino.

Segundo estimativas da Cisco, a Internet das Coisas gerará para os governos no mundo todo ganho

superior a US$ 4 trilhões até 2022, valores constituídos por economias de custos, ganho de produtividade e

novas receitas. Na estimativa de potenciais de ganhos, 12 países lideram essa lista, o Brasil aparece no 10º

lugar com um ganho de US$ 70 bilhões até 2022.

Ganhos no Setor Público por País (Bilhões US$)

EUA 585,5 Reino Unido 173,4 Brasil 70,3

China 291,5 Índia 116,2 Rússia 56,3

França 182,6 Japão 109,2 México 34,4

Alemanha 177,8 Canadá 92,8 Austrália 25,9

Cisco Consulting Services

5.2 - Qual o impacto potencial estimado de IoT na economia, considerando os principais usos para o setor

público no Brasil?

Não há dados precisos sobre o impacto de IoT na economia brasileira, mas de acordo com a

estimativa da Mckinsey, o impacto econômico da Internet das Coisas até 2025 mundialmente poderá atingir

US$ 11 trilhões de dólares, nos mais diversos setores.

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Estes números serão possíveis através da melhoria de processos, aumento de produtividade e

incremento de competitividade internacional.

5.3 - Quais barreiras na esfera pública existentes atualmente nas diferentes áreas de aplicação de IoT que

poderiam ser superadas com seu uso?

Algumas das barreiras detectadas em vários países estão relacionadas a falta de clareza das políticas

e da regulamentação relativas, entre outros aspetos, com a segurança, proteção de dados pessoais e

privacidade, tributação, (etc.), assim como a insuficiência de financiamento no estágio inicial de projetos

piloto de IoT.

Governos em todo o mundo veem resultados encorajadores dos projetos pioneiros de cidades

inteligentes, e cada vez mais estão identificando objetivos específicos para projetos de IoT, como por

exemplo:

Em 2015, a Administração Obama anunciou uma iniciativa de Cidades Inteligentes que investirá

mais de US $ 160 milhões para alavancar mais de 25 novas colaborações tecnológicas para

ajudar as comunidades locais a lidar com desafios-chave como a redução do

congestionamento do tráfego, a luta contra o crime, e melhorar a prestação de serviços da

cidade.

O desafio da Cidade Inteligente do USDOT’s focou em cidades de pequeno e médio porte nos

EUA.

O Departamento de Segurança Interna (DHS) dos Estados Unidos anunciou planos para investir

US$ 50 milhões ao longo de cinco anos para desenvolver tecnologias de ponta de resposta de

emergências.

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O Governo da Índia lançou a missão de cidades inteligentes e identificou 109 cidades, em todo

país, para projetos inteligentes através do uso de tecnologia.

Existem 158 municípios envolvidos em projetos de cidades inteligentes em toda a Itália.

Além da aplicação em cidades inteligentes, podemos destacar a substituição de processos manuais

e monitoramento ineficaz por soluções automatizadas e online, contribuindo para melhor planejamento, na

agilidade na tomada de decisões e economia eficaz e real de recursos públicos.

Um exemplo são os processos de licitações, que foram criadas com o objetivo de permitir ao Estado

gastar a menor quantidade de recursos possíveis, contudo, a ineficácia deste sistema é enorme quando

comparada aos processos de IoT, que pode não só lhe informar com precisão qual é a necessidade de

compras do Estado, como também a possibilidade de se fazer predição. Ademais, o procedimento licitatório

é lento e burocrático. Contudo, IoT pode evitar ou até mesmo acabar com a necessidade de se realizar

compras de emergência, ou ainda permitir que a compra seja feita sem sobrepreço.

5.4 - Considerando o mapeamento e geração da demanda por soluções de IoT, existem outras questões

relevantes no setor público que devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

Existem aspectos sensíveis para a viabilidade do modelo de IoT às demandas públicas:

a) segurança jurídica para a coleta e tratamento de dados públicos e privados;

b) modelos de contratação e/ou parceria em linha com a sofisticação das soluções existentes,

levando em consideração não apenas o valor, mas também outros critérios como performance, melhor

tecnologia disponível, benefícios sociais dentre outros;

c) segurança jurídica na contratação, dotada de matriz de riscos, limitação de responsabilidades,

remuneração adequada, juntamente com sistema de garantias apto ao recebimento de grandes

investimentos;

d) políticas públicas menos restritivas ao ingresso de tecnologias internacionais;

e) sistema de fomento, com possível transferência de recursos inter-federativos para viabilizar

projetos em grandes conglomerados urbanos.

Demanda privada

5.5 - Considerando as verticais de aplicação de IoT mapeadas e listadas abaixo, dê exemplos de casos de

uso em cada uma delas.

Saúde

a) Monitoramento remoto de pacientes;

b) Monitoramento de dados sobre estado geral de pacientes integrados em Unidades de Terapia Intensiva;

c) Quartos inteligentes com interação com o paciente fazendo uso de Inteligência Artificial;

d) Monitoramento e otimização da disponibilidade de equipamentos de diagnóstico (tomógrafos e

equipamentos de Raio-X móveis, por exemplo);

e) Monitoramento de equipamentos de acondicionamento de medicamentos como freezers e geladeiras,

por exemplo; e

f) Rastreamento de medicamentos (controle de estoques, gestão inteligente de datas de validade etc.).

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Agricultura

a) Irrigação de Precisão;

b) Controle de pragas;

c) Monitoramento de solo;

d) Controle automatizado da qualidade de alimentos;

e) Rastreamento da semente à colheita para otimização de produtividade;

f) Rastreamento de alimentos (frutas, verduras e carnes) para controle de qualidade e de procedência;

g) Uso inteligente de agro defensivos etc.

Infraestrutura

a) Prédios inteligentes com controle automatizado do uso de energia, água, climatização, elevadores etc.;

b) Controle de conforto de ambientes;

c) Escritórios inteligentes etc.

Petróleo e Gás

a) Garantia de segurança de trabalhadores em situação de risco (monitoramento remoto de trabalhadores);

b) Uso de sensores e equipamentos para manutenção e trabalhos em áreas de alta profundidade e difícil

acesso (com condições precárias de luminosidade, alta pressão, corrosão de materiais etc.);

c) Monitoramento da qualidade e higidez de ativos; d) manutenção preditiva de equipamentos; etc.

Automotivo

a) Monitoramento do comportamento do motorista;

b) Monitoramento dos veículos para aumento da eficácia de manutenção;

c) Manutenção preventiva; etc.

Bens de Consumo e no Varejo

a) Engajamento com cliente por meio de monitoramento de comportamento de compras;

b) Monitoramento em lojas físicas (por meio de conectividade com pontos de acesso Wi-Fi ou iBeacons, por

exemplo) do comportamento do comprador para melhor atendimento, controle de estoque e supply chain;

c) Monitoramento de condições de calor, ventilação e ar condicionado em lojas físicas (conjugação com

serviços de meteorologia);

d) Utilização de análise de dados ou serviços de previsão meteorológica para previsão de demanda de

produtos em curto, médio e longo prazo; etc.

Energético

a) Monitoramento de linhas de transmissão para identificação precisa de pontos de falha;

b) Serviços analíticos de previsão meteorológica para previsão de quedas de energia;

c) Smart grids e Smart meters para melhoria de previsão de falhas e aumento nos índices de disponibilidade

de serviço;

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d) Monitoramento e uso racional de recursos pelos usuários intermediários e finais; etc.

Logística

a) Frotas conectadas para otimização de rotas;

b) Monitoramento de carga para identificação de danos durante o trajeto e adoção de ações corretivas

imediatas;

c) Monitoramento do comportamento do motorista;

d) Monitoramento dos veículos para aumento da eficácia de manutenção;

e) Manutenção preditiva;

f) Compartilhamento de ativos (caminhões, carretas e barcas) para a sua otimização e redução de custos;

g) Identificação do conteúdo e adequação sanitária e de outra natureza das cargas etc.

Aeroespacial

a) Rastreamento de peças e componentes na composição de aeronaves;

b) Manutenção preditiva;

c) Utilização de dados gerados em tempo de operação de aeronaves para melhoria de serviço de

manutenção ou retrofit com time de engenharia para correção de falhas em tempo de projeto; etc.

Eletrônicos Avançados

a) Transformação de eletrodomésticos em coisas conectadas (melhoria no atendimento, no processo de

manutenção com redução de custos decorrentes de manutenção inadequada etc.); etc.

Mineração

a) Garantia de segurança de trabalhadores em situação de risco (monitoramento remoto de trabalhadores,

equipamentos e controle de insalubridade de ambientes);

b) Monitoramento de saúde de ativos;

c) Manutenção preditiva de equipamentos;

d) Automatização e maior eficiência na cadeia de armazenamento e transporte de minérios em todas as

etapas do ciclo logístico Mina-Ferrovia-Porto-Navio; etc.

Telecomunicações e Mídia

a) Serviços de telecomunicação podem ser providos através de diversas verticais – a conectividade é vital

para as soluções;

b) Monitoramento de SIM cards; etc.

Serviços Bancários

a) Manutenção preditiva de ATMs;

b) Engajamento com cliente por meio de monitoramento de dispositivos móveis;

c) Monitoramento em agências por meio de conectividade em pontos de acesso wi-fi ou ibeacons, por

exemplo, do comportamento do comprador para melhor atendimento, controle de estoque e supply chain;

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d) Monitoramento de condições de calor, ventilação e ar condicionado em agências (conjugação com

serviços de meteorologia);

e) Controle de segurança por biometria e Inteligência Artificial;

f) Automatização da prestação de serviços e redução do tempo de espera de clientes por meio do

provimento de serviços digitais remotos.

Cidades Inteligentes

a) Centros de monitoramento de emergências integrados com serviços policial, bombeiros, guarda civil e de

previsão meteorológica para coordenação de ações preventivas;

b) Monitoramento de frotas conectadas de transporte público para otimização de rotas, monitoramento do

comportamento do motorista, monitoramento dos veículos para aumento da eficácia de manutenção

preditiva;

c) Monitoramento da rede de abastecimento de água por meio de sensores que detectam com precisão

pontos de falha ou que possam mesmo antever pontos de problema;

d) Monitoramento da rede de abastecimento de energia e implementação de smart grids;

e) Integração dos meios de transporte públicos para incremento na agilidade de locomoção dos cidadãos

por meio de indicação da conjunção dos meios mais eficientes para alcance de destino; etc.

Indústria 4.0

O conceito da Indústria 4.0 é amplo e envolve não apenas a fábrica, mas toda a cadeia de

abastecimento, iniciando nos fornecedores de insumos até os clientes e consumidores finais. Todas as

questões de logística, produtividade, eficiência, satisfação dos clientes etc. devem ser tratadas e modo

integrado e de acordo com os preceitos dos chamados Sistema Físico Cibernético ou CPS em inglês, no qual

a digitalização de equipamentos, redes de abastecimento, dentre outros, se alinham com todos os preceitos

de IoT;

A IoT na Indústria pode garantir:

a) Maior segurança aos trabalhadores em situação de risco através do monitoramento remoto;

b) Prover o monitoramento da saúde de ativos;

c) Possibilitar a manutenção preditiva de equipamentos;

d) Otimizar rotas de frotas conectadas;

e) Monitorar carga para identificar eventuais danos durante trajetos e ações de correção imediatas;

monitoramento do comportamento do motorista; monitoramento de veículos para eficácia de manutenção;

manutenção preditiva;

f) Robotização das etapas de manufatura;

g) A inclusão das impressoras 3D para o aumento da produtividade e redução de custos.

Escritórios e Residências inteligentes

a) O termo inteligente pressupõe a sensorização do ambiente de forma a permitir a coleta de dados sobre

temperatura, luminosidade, ocupação, dentre outros, de forma a possibilitar a geração de soluções de IoT.

b) A Inteligência Artificial também pode ser utilizada para a gestão de rotinas administrativas e segurança

remota entre outras aplicações.

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Pequenas e Médias Empresas

Não há particularidades a empresas de menor porte que justifiquem a exploração de uma vertical

específica. Isto porque tais empreendimentos submetem-se às mesmas situações que empresas de maior

porte (prédio inteligente, manutenção preditiva, logística otimizada etc.).

Vale ressaltar que automatização dos processos irá reduzir custos para pequenas e médias

empresas contribuindo para o aumento da competitividade.

5.6 - Existe alguma vertical adicional relevante de aplicação de IoT além das previamente mapeadas?

Além das oportunidades destacadas nos itens anteriores, IoT também poderá ser utilizada como

ferramenta de controle e fiscalização. Um sistema integrado de informações que gere os subsídios para a

realização de uma licitação e, posteriormente, seja compartilhado com o TCU, tornará a fiscalização acerca

da aplicação dos recursos muito mais eficazes.

5.7 - No âmbito global, quais as principais lacunas de atuação (“white-spaces”) onde o IoT poderia

proporcionar importantes mudanças?

Na agricultura de precisão em larga escala, trânsito e transportes, saúde, prevenção de desastres

naturais, grandes eventos, cidades inteligentes, utilities.

5.8 - Qual o impacto potencial estimado de IoT na economia, considerando os principais usos para o setor

privado no Brasil?

Há diferentes tipos de impactos a partir da introdução da IoT na economia. Diversos serviços irão

surgir com base nos dados coletados, por exemplo empresas especializadas em camadas intermediárias do

tratamento e armazenamento de dados etc. É preciso incentivar o desenvolvimento desses novos serviços

nas cadeias em torno dos dados para dar competitividade ao Brasil no cenário global.

Além disso, com IoT os sensores coletam, comunicam, analisam e atuam sobre as informações,

oferecendo novas formas de criar valor para as empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações - seja

criando novos negócios e fluxos de receita ou oferecendo uma experiência mais eficiente para os

consumidores.

É importante ressaltar que o maior valor proporcionado pela tecnologia IoT reside nas informações

criadas, através da coleta e interpretação do grande volume de dados e informações de forma precisa, com

granularidade e escala, melhorando serviços de utilidade pública, saúde, segurança, entre tantos outros.

Estrategicamente implantado, o Data Analytics pode ajudar as organizações a traduzirem dados digitais em

insights que podem ser usados para desenvolver novos produtos, ofertas e modelos de negócios. IoT pode

fornecer uma linha de visão para o mundo fora dos limites das empresas, e ajudar estrategistas e tomadores

de decisão a entender seus clientes, produtos e mercados mais claramente. Além de proporcionar outros

benefícios - incluindo oportunidades para integrar e automatizar os processos de negócios de maneiras

nunca antes possíveis.

O Brasil atualmente utiliza aplicações de IoT em diferentes setores da economia com o objetivo de

auxiliar na otimização dos processos e no crescimento econômico. Como exemplo, um dos maiores

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produtores de soja do País está investindo em software e no poder da análise de dados para aumentar a

eficiência de técnicas de controle de danos, reduzir custos e aprimorar as técnicas agrícolas9.

Outra dimensão em que haverá impacto será na composição das ofertas de emprego. Com a

sensorização, haverá mudança nas oportunidades do mercado de trabalho. Algumas profissões deixarão de

existir (por exemplo, o funcionário responsável pelo monitoramento do consumo de água e energia em

residências) mas outras diversas profissões surgirão, criadas em torno de serviços ligados a dados a exemplo

do cientista de dados, o técnico e o engenheiro de privacidade e segurança da informação etc.

A Cisco estima que a Internet das Coisas pode adicionar 352 bilhões de dólares à economia

brasileira até o final de 2022. Desse total, 70 bilhões de dólares se relacionariam a projetos no setor público

e outros 282 bilhões de dólares a partir da iniciativa privada.10

5.9 - Quais barreiras na esfera privada existentes atualmente nas diferentes áreas de aplicação de IoT que

poderiam ser superadas com seu uso?

A IoT pode aumentar a eficiência operacional e reduzir custos, aumentando assim a

competitividade, embora esta não seja uma peculiaridade da esfera privada, podendo ser aplicável a

empresas de qualquer natureza, pública ou privada.

5.10 - Considerando o mapeamento e geração da demanda por soluções de IoT, existem outras questões

relevantes no setor privado que devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

Em diversas questões serão necessárias alterações para garantir segurança ao setor privado:

Ampliação dos códigos de IP;

Alterações legislativas no que tange a lei de concessões de serviços públicos;

Aperfeiçoamento da legislação de licitação, possibilitando retorno compartilhado da economia

gerada;

Aprovação de leis principiológicas que estimulem o investimento do capital privado no

ecossistema de IoT;

Reforma tributária para eliminar ou reduzir impostos ou simplificar o formato de recolhimento,

como é o caso concreto do Imposto de Importação, ICMS, FUST, FUNTEL (etc.)

6. Aspirações

Objetivo: Obter uma visão sobre quais deveriam ser as aspirações iniciais para o desenvolvimento de IoT no

Brasil.

6.1 - Considerando a situação atual de IoT no Brasil, quais deveriam ser as aspirações para o país a médio e

longo prazo?

Em médio prazo a criação do ambiente regulatório-econômico que permita uma forte expansão

da infraestrutura de IoT. No médio/longo prazo a adoção massiva pelo setor público das soluções de IoT

visando ganho de eficiência, redução de custos e, consequentemente, redução do custo Brasil e da carga

tributária.

9 Qual o “x” da questão com relação a dados? – BSA – The Software Alliance. Disponível em http://data.bsa.org/wp-

content/uploads/2015/10/BSADataStudy_br.pdf. 10 http://computerworld.com.br/iot-pode-agregar-us-352-bilhoes-economia-brasileira-ate-2022

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6.2. - Quais países possuem aspirações para IoT que podem ser usadas como referência pelo Brasil?

Os Estados Unidos, Reino Unido, Singapura e Coreia do Sul estão trabalhando de forma agressiva

em planos que podem servir como referência. Recentemente a Malásia publicou sua estratégia nacional de

IoT.11

7. Gerenciamento de Infraestrutura

Objetivo: mapear as questões críticas para o gerenciamento da infraestrutura de IoT, em todas as suas

camadas, com o objetivo de garantir a confiabilidade dessa estrutura através do comissionamento,

monitoramento, aprovisionamento e configuração dos dispositivos sensores e atuadores, elementos de rede

e infraestrutura computacional, suportando toda a operação.

7.1 - Na sua visão, quais aspectos devem ser desenvolvidos no que diz respeito à gestão de inventário, no

ecossistema IoT? Justifique sua contribuição com casos de uso.

O Governo deve concentrar seus esforços na criação do ambiente regulatório moderno, não

burocrático, com o objetivo de preservar os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, com

interferência mínima nos modelos de negócios de IoT, evitando tornar-se proprietário de uma infraestrutura

de IoT cuja mudança e atualização é muito rápida.

8. Suporte a Aplicação e Serviços

Objetivo: mapear as questões relevantes nesta camada que provê abstrações de alto nível para uma ampla

gama de dispositivos de internet das coisas, acelerando o desenvolvimento de aplicações de alto valor

agregado através de serviços que contemplam: Gerenciamento de dispositivos; Padronização de API para

monitoramento e atuação em dispositivos; Configuração de dispositivos virtuais (dispositivos cujo estado

atual é o resultado da agregação ou transformação de estado de múltiplos dispositivos físicos); Geração de

eventos e alertas de valor agregado; Gerenciamento de histórico de eventos e comandos, entre outros. Além

de propiciar a interoperabilidade entre aplicações.

8.1 - A interoperabilidade é a capacidade de um sistema ou aplicação de se comunicar de forma transparente

(ou o mais próximo disso) com outro sistema ou aplicação (semelhante ou não). Pode-se dizer que a

interoperabilidade pressupõe a comunicação entre sistemas e, consequentemente, troca de dados. No

contexto do desenvolvimento e implantação da tecnologia IoT, qual é a importância de haver ou não

interoperabilidade entre as aplicações? Justifique e dê exemplos, se possível.

A interoperabilidade é essencial para IoT e está imersa em um ecossistema onde a conectividade

(sensorização), coleta, armazenamento, análise de dados e a criação de valor devem funcionar como

camadas integradas de modo com que o dado coletado pelo sensor possa se transformar em algo que tenha

sentido ou valor. A plataforma, que pode ser baseada em Nuvem, precisa permitir que os microsserviços ou

APIs relativos a cada uma das camadas relacionadas não apenas conversem entre si, mas também sejam

capazes de se conectar e conversar (web services, barramentos específicos etc.) com outros sistemas que

possam eventualmente estar fora dela. Não obstante, esta plataforma e cada um dos serviços devem estar

11 http://mimos.my/iot/National_IoT_Strategic_Roadmap_Book.pdf

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em conformidade com aspectos de segurança, privacidade (mascaramento de dados, criptografia etc.) que

garantam que os dados se mantenham seguros e íntegros.

A importância é total pois fomentará a competitividade e concorrência entre os provedores, uma

vez que sem o monopólio decorrente da adoção de um sistema que não seja interoperável, os produtos e

serviços terão sempre de oferecer o máximo pelo menor preço. Ademais, permitirá que governo e empresa

adquira a melhor parte da infraestrutura de cada provedor. Exemplo disto é o que ocorreu com a indústria

de DVD players, quando existia a adoção de diferentes tipos de sistema (americano, europeu, etc).

8.2 - As aplicações IoT podem ser desenvolvidas sem necessariamente utilizar a camada de suporte a

aplicações e serviços. Na sua visão essa camada será comum na maioria dos casos de uso ou será

considerada como um overhead desnecessário? Se sim, quais as principais facilidades que tal camada

deveria ter? Quais oferecem oportunidades para desenvolvimento local? Justifique e dê exemplos.

A camada de suporte a aplicações e serviços para IoT é comum na maioria dos casos. Dentre as

facilidades, ela permite oferecer serviços de provisionamento e mesmo controle de versões, a fim de que as

soluções tenham um ciclo de desenvolvimento ágil tanto no aspecto de produção de código quanto na

escalabilidade e rapidez entre testes, homologação e produção. Esta camada também deve possuir soluções

de gerenciamento de APIs que permitam integração nativa entre os microsserviços e aplicações necessárias

às soluções de IoT concebidas.

Entendendo-se como desenvolvimento local o fomento de soluções IoT dentre várias empresas de

TI, esta camada pode beneficiar o mercado uma vez que a interoperabilidade e comunicação dos serviços e

aplicações estariam garantidos. No entanto, não se deve esquecer que é necessário um nível de flexibilidade

tal que as aplicações possam ser transportadas desta camada para alguma plataforma equivalente sem que

isto impacte as soluções de um modo que as inviabilize fora da camada em que foram construídas.

8.3 - Já existem diversas ofertas comerciais de soluções para a camada de suporte a serviços e aplicações

de IoT de código fechado e algumas iniciativas de código aberto. Na sua visão, qual destes dois modelos

terá maior adoção?

Não parece fazer sentido a adoção de um modelo rígido e excludente. Ao mesmo tempo em que

iniciativas de código aberto podem facilitar a adoção de soluções em IoT, haja vista o baixo custo de

investimento para manutenção, por outro lado há soluções mais especializadas e aplicativos com maior

profundidade de dedicação e enfoque para nichos de negócios específicos, os quais são desenvolvidos com

fins comerciais e que tiveram aporte de investimento em P&D ou aplicação de conhecimentos das empresas

que justificam a sua remuneração.

Mesmo aplicações de código fechado tendem a ser comercializadas e disponibilizadas em modelo

de serviços (pay-per-use), que envolve investimentos significativamente mais baixos que os modelos por

licenciamento. Um modelo híbrido entre códigos aberto e fechado parece atender de modo muito mais

compreensivo as demandas do mercado, ressaltando que muitas plataformas e camadas de suporte já

implicam na oferta de aplicações pagas ou de código aberto no mesmo ambiente de desenvolvimento.

Nestes termos, o mais importante é promover plataformas e soluções baseadas nos padrões

utilizados pela indústria, permitindo que as soluções interajam mais facilmente.

Em suma, parece-nos que independente do código a ser utilizado esta deverá ser uma escolha

guiada pelo mercado e não decidida pelo Estado.

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8.4 - Na sua visão, todas as funcionalidades desejáveis para a camada de suporte a aplicações e serviços

deveriam ser providas por uma única solução? Caso contrário, como você vê a interoperabilidade entre

soluções?

Não há necessidade de que todas as funcionalidades sejam providas por uma única solução, porque

inviabilizaria a integração entre sistemas importantes legados de alguns consumidores de IoT. Caso esta

restrição existisse, muitos destes consumidores teriam de migrar suas soluções legadas para a referida

camada, o que em determinadas situações seria impossível. A abordagem mais racional seria o

provisionamento de ferramentas de integração (web services, barramentos etc.) que viabilize a

interoperabilidade das operações, inclusive fora da camada de suporte.

Assim, é fundamental assegurar que os provedores operem nos padrões utilizados pela da

indústria, o que permitirá aos consumidores, no futuro, incrementar capacidade ou substituir componentes

individuais sem ter que substituir a solução inteira.

8.5 - Em geral essa camada se vale de infraestrutura computacional em nuvem. Na sua visão, essa nuvem

seria pública, privada ou mista? O quanto IoT será significativa no crescimento deste mercado? Existem

oportunidades de oferta nacional de IaaS / PaaS / SaaS para atender as demandas de IoT?

A Nuvem pode ser pública, privada ou mista de acordo com as necessidades específicas de cada

usuário. Ainda há setores, como o bancário por exemplo, que relutam em migrar suas soluções, ou ao menos

as mais críticas, para nuvens públicas. No entanto, algumas indústrias se mostram mais flexíveis aos modelos

públicos e adotam este formato sem qualquer receio. As soluções que apresentam dificuldades de migração

para nuvens públicas em geral não se referem a casos de IoT, que têm como premissa fácil escalabilidade e

rápido provisionamento, elementos que são melhor atendidos por nuvens públicas.

Os serviços de computação em nuvem pública são mais acessíveis, comparando custos, do que os

serviços oferecidos por provedores de nuvem privada. Além disso, os provedores de nuvem pública

oferecem ambientes altamente seguros, confiáveis, econômicos e compatíveis, além de um ecossistema de

parceiros muito grande, permitindo que as equipes das empresas experimentem e construam facilmente

soluções de IoT em larga escala.

Em relação a ofertas de Infraestrutura, Plataformas e Software como serviço, o Brasil já tem presença

sólida de empresas que provêm estas ofertas com capacidade de atender tal demanda, uma vez que, em

geral são empresas que cobrem a mesma demanda em nível global.

8.6 - Uma das áreas da computação que mais tem evoluído nos últimos 5 anos é Machine Learning. Na sua

visão que facilidades a camada de suporte a serviços e aplicações deve prover, neste contexto, para viabilizar

o desenvolvimento das aplicações? Dê exemplos com base em casos de uso.

Como dito em itens anteriores, a presença de uma camada ou plataforma que permita rápida e fácil

integração entre APIs e aplicações é importante para o desenvolvimento de soluções de IoT. Isto posto,

Machine Learning também deve ser encarado como um serviço a ser disponibilizado nos mesmos moldes

para que se concretize sua integração com, por exemplo, serviços também em nuvem e na mesma camada

de Big Data, Analíticos etc. Um exemplo poderia ser uma camada que contenha um microsserviço que facilite

conectividade com sensores (mensageria, segurança e armazenamento embutidos) e que possa se integrar

com um serviço de armazenamento de dados que também esteja facilmente conectado com um serviço de

machine learning que proveja resultados baseados nestes dados captados e armazenados.

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8.7 - Qual o impacto do Machine Learning para IoT e quais oportunidades existem para o desenvolvimento

local?

Machine Learning é um dos aspectos ou serviços de aplicações a serem explorados em IoT. A

presença de uma solução que possa aumentar a eficácia na tomada de decisões a partir de dados coletados

por sensores é atrativa. Quando se fala em Indústria 4.0, por exemplo, e considerando-se o que hoje

chamamos de “sistema de engajamento” com dados ao invés do antigo “sistema de registros”, soluções de

Machine Learning podem auxiliar a indústria a não somente predizerem falhas em equipamentos como

também com antecedência já decidirem pela melhor abordagem para tratamento desta falha.

Construir a capacidade de Machine Learning do zero pode ser bastante dispendioso, difícil e

desafiador. As empresas que não possuem esta capacidade, podem aproveitar de serviços de Machine

Learning existentes para avançarem no desenvolvimento da solução IoT, ao invés de investir tempo e

dinheiro para descobrir como desenvolver infraestrutura de Machine Learning.

8.8 - Além do Machine Learning, que outras áreas da computação oferecem oportunidades para

desenvolvimento local, no ecossistema de IoT? Que dificuldades devem ser superadas para tal?

Inteligência Artificial é outra área a se prestar atenção. A replicação do modo de pensar humano

em modelos computacionais permite maior nível de sofisticação em soluções de IoT, por exemplo, ao invés

de se instalar um sensor de temperatura em uma caldeira com algum gatilho de alarme estabelecido para

superaquecimento, simplesmente pode-se lançar mão de uma solução cognitiva à qual apenas solicite que

mantenha a caldeira em seu melhor nível de eficiência e ela será capaz de tratar alarmes e ações de modo

autônomo. Hoje a dificuldade reside em se encontrar empresas que já possam soluções cognitivas maduras

e estabelecidas no modo de plataforma (e nuvem) para que possam ser acopladas nativamente a outros

serviços, incluindo serviços IoT de mensageria, dentre outros, como mencionado.

No Brasil, as aplicações de inteligência artificial já são bastante diversas e os jovens cientistas

brasileiros são considerados internacionalmente promissores. O neurocientista Miguel Nicholelis é

reconhecido em todo mundo pelo desenvolvimento do exoesqueleto humano e muito premiado por suas

pesquisas sobre biotecnologia. No Ministério da Transparência (antiga Controladoria Geral da União - CGU),

um sistema de IA capaz de mapear o risco de servidores públicos federais envolverem-se em casos de

corrupção possui um alto índice de assertividade. No projeto, 18 bancos de dados fornecem 4,4 mil atributos

únicos sobre os funcionários públicos.12

8.9 - No contexto de analytics, que facilidades a camada de suporte a serviços e aplicações deve prover, para

viabilizar o desenvolvimento das aplicações? Dê exemplos com base em casos de uso.

A camada de suporte deve ser abrangente o suficiente para contemplar serviços de APIs de analytics

que possam facilmente se conectar aos demais serviços. Voltando-se à questão 1, dentro deste ecossistema

de IoT, os dados necessitam de soluções analíticas para que sejam criados valor e complexidade de

integração da camada analítica com as demais para viabilizar a criação de soluções. Um caso de uso poderia

ser o monitoramento de um equipamento, coleta de telemetria de variáveis que sejam importantes para, a

partir de uma solução analítica de dados históricos, prever eventual falha de funcionamento. Se a

sensorização do equipamento não for facilmente integrada com a coleta e armazenamento de dados bem

como a capacidade analítica para a solução final fica sem valor.

12http://www.tirio.org.br/info/40652/inteligencia-artificial-no-ambiente-de-trabalho-deve-ser-adotada-nao-

temida?mc_cid=745f5486c3&mc_eid=ab51151fc0

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8.10 - No contexto de manipulação de dados espaço-temporal, onde os dispositivos informam o local e o

tempo da informação, que facilidades a camada de suporte a serviços e aplicações deve prover, para

viabilizar o desenvolvimento das aplicações? Dê exemplos com base em casos de uso.

A camada de suporte deve apresentar um serviço/API que permita que estes dados de local e tempo

possam trafegar dentro do mesmo protocolo de envio de dados de telemetria ou afins. Não obstante, o

formato do pacote de dados a trafegar por este protocolo também deve ser flexível o suficiente para que a

carga destes dados não seja grande (IoT demanda pacotes leves para envio de dados) e para que a

intepretação de todos os dados enviados possa ser a mesma.

8.11 - Considerando aspectos de suporte a aplicações e serviços, existem outras questões relevantes que

devem ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

É primordial que suporte e o desenvolvimento de aplicações sejam estabelecidos em ambiente e

plataformas seguras. Neste sentido, este serviço ou implementação de aspecto de segurança, desde a

conectividade até o analítico, deve ser nativo às camadas de suporte.

10. Gateways e Dispositivos

Objetivo: mapear as questões relevantes às capacidades e funcionalidades dos dispositivos e gateways, o

que inclui entender os elementos que o compõe, como modem, processador, firmware, memória, sensores

e atuadores, considerando restrições como custo, consumo energético, e largura de banda.

É útil posicionarmos estes dois elementos (dispositivos e gateways) dentro da arquitetura de alto

nível facilmente identificável em qualquer projeto IoT: Aquisição (feita pelos módulos sensores, também

chamados de devices ou dispositivos); Agregação (o principal papel dos Gateways), Transporte (o papel das

redes) e Análise (o papel do hardware e, principalmente, do software nos datacenters privados e nas nuvens

públicas).

10.1 - Em sua opinião, quais os principais desafios a serem vencidos no que diz respeito as tecnologias para

o desenvolvimento de dispositivos e gateways no ecossistema de IoT? Qual espaço para empresas nacionais

atuarem neste segmento?

Há espaço para empresas nacionais atuarem no segmento de montagem e comercialização de

gateways e dispositivos similares, especialmente quando focadas para solução de desafios locais. Há,

também, empresas multinacionais que fabricam esses dispositivos e os distribuem no País. As companhias

locais têm potencial para desenvolver soluções próprias com componentes disponíveis no mercado, ou

mesmo desenvolver componentes específicos. Um dos maiores desafios, é a formação de recursos humanos

com a qualificação técnica necessária.

O espaço de mais fácil acesso à atuação de empresas nacionais no campo de dispositivos, sensores

e gateways é no desenvolvimento do software necessário para o a aplicação desses elementos em cada

segmento. Além da necessária criatividade, abundante localmente, não há, de fato, desafios à atuação local,

exceto pela disponibilidade de recursos para formação de desenvolvedores e pelo acesso aos últimos

componentes e módulos de hardware disponíveis no mercado global.

O segundo espaço de atuação é no desenvolvimento do hardware dos dispositivos sensores,

baseando-se em microcontroladores e chips sensores existentes, customizados por vertical de IoT. Neste

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caso, o desafio segue na fabricação do hardware, principalmente no tocante ao capital necessário à

montagem em escala dos dispositivos.

O terceiro espaço de atuação para empresas nacionais seria em relação ao desenvolvimento local

do hardware de gateways, mas este apresenta-se mais desafiador, tanto em termos de capital quanto em

termos da necessária Gestão de Ciclo de Vida (o produto deve ter fornecimento estável e padronizado por

muitos anos), indicando que o caminho mais usual neste espaço será a importação de gateways prontos ou

a fabricação local de gateways desenhados no estrangeiro, ou por empresas licenciadas ou por subsidiárias

locais dos fabricantes globais.

10.2 - No que diz respeito a microcontroladores de pequena capacidade e baixo consumo (ex.: ARM Cortex-

M, Quark Intel), que arquiteturas se mostram mais interessantes ou à prova de futuro e por quê? Há espaço

para desenvolvimento de novas arquiteturas de processadores em âmbito nacional?

Há situações que requerem maior grau de processamento local de informações, para tomada de

decisões mais rápida; há outras situações que requerem maior velocidade de conexão com a rede, para que

o processamento de informações seja centralizado e leve em consideração múltiplas fontes de dados; e há

outras situações que requerem na ponta um menor consumo de energia, especialmente em lugares remotos,

de difícil acesso, onde é complexo realizar a substituição de baterias ou em que não haja fonte de energia

conectada à rede. Neste sentido, há espaço no mercado para várias soluções que usem microcontroladores

e processadores diversos, ligados a componentes de padrões abertos.

Sabemos que a fabricação de microprocessadores e microcontroladores é desafiadora no Brasil,

sendo possível seguir o exemplo de empresas de microcontroladores sem fábrica, ou seja, que focam no

design de chips, não na sua fabricação. Este seria um caminho menos desafiador para empresas locais.

10.3 - No que diz respeito a baterias de longa duração e elementos de captação energia, que tendências

tecnológicas são vislumbradas para o curto e médio prazos, e quais seus potenciais impactos no ecossistema

de IoT? Há espaço para desenvolvimento de novas tecnologias de sistemas de geração, armazenamento e

captação de energia em âmbito nacional?

As soluções existentes de baterias de longa duração (feitas de Lítio, magnésio, Fosfato e outras

combinações de componentes) devem competir, num futuro próximo, com soluções ambientais de

capitação de energia (solar, mecânica, eólica, biológica, etc). Isto criará um ecossistema virtuoso que

fomentará o desenvolvimento de soluções que permitiriam a instalação de sensores em áreas remotas, onde

a longevidade da bateria é essencial, a implementação de redes de comunicação de maior alcance, ou

mesmo maior capacidade de armazenamento local para aumentar a velocidade de processamento de dados

e a tomada de decisões. O uso de sensores para captação de informações ambientais depende de energia,

seja ela proveniente de baterias ou de mecanismos renováveis. Há muito o que se desenvolver na área de

energia renovável e bastante espaço para a criação e o experimento de novas soluções. E a área de IoT ainda

é carente de soluções de energia de longa duração, uma barreira que, quando ultrapassada, nos levará a um

novo patamar de ideias e soluções.

A incidência de energia solar no Brasil é muito superior comparado com os países do hemisfério

norte. Este é apenas um dos motivos pelos quais deve-se fomentar o desenvolvimento de energy harvesting

devices (dispositivos que coletam do ambiente a energia necessária para seu funcionamento) e energy

harvesting gateways. A captação através de dispositivos piezoelétricos é apenas uma das possíveis áreas a

explorar: as passadas de uma pessoa ou o apertar de um botão, podem gerar a energia requerida para um

dispositivo/sensor transmitir dados.

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10.4 - Levando em consideração a multiplicidade de aplicações que podem ser implantadas, quais famílias

de sensores (MEMS, PFOE, Ópticos, etc) apresentam maiores oportunidades de desenvolvimento local?

Justifique com exemplos.

Com conhecimento técnico adequado, a indústria nacional pode desenvolver diversos tipos de

sensores, porém é recomendável que sigam o modelo de documentação disponível no mercado.13

Com destaque para o desenvolvimento de módulos sensores: o chip sensor propriamente dito,

microcontrolador, eletrônica de comunicação "SAN" (Sensor Area Network), eletrônica de suporte, software

embarcado.

Quanto ao desenvolvimento de componentes sensores em si, assim como microcontroladores e

microprocessadores, a fabricação local sofre com o desafio inerente ao capital e a escala requeridas para

tornar a operação economicamente viável, especialmente em face da oferta global existente, a preços muito

competitivos.

10.5 - Os sistemas operacionais embarcados de código livre e demais bibliotecas já se encontram em

maturidade suficiente para atenderem os casos de uso de IoT ou ainda há gaps? Considere na sua resposta

questões como suporte a novos protocolos de rede e mecanismos de segurança, assim como sua aderência

à estratégia de uso/adoção

O Brasil possui um dos maiores parques de desenvolvimento de software livre do mundo, sendo

capaz de suprir a demanda de eventuais novos desenvolvimentos e soluções na área de IoT. Em particular,

os sistemas operacionais embarcados de código livre, junto com suas bibliotecas, estão maduros e possuem

mecanismos de segurança para suportar a maior parte das aplicações corriqueiras de IoT. O surgimento de

novos protocolos e padrões de rede e comunicação não chega a ser um grande desafio, pois em sua maioria

tendem a seguir convenções também abertas, com raras exceções. A evolução do padrão LTE para NB-iot e

principalmente o estabelecimento do padrão 5G são o futuro em que temos de focar para a próxima década.

10.6 - O papel dos Gateways é relevante na maioria dos casos de uso de IoT ou a tendência mais proeminente

é os dispositivos terem acesso direto a Internet? Considere em sua resposta aspectos tais como a capacidade

de processamento, processamento distribuído, interação entre dispositivos e autonomia para a tomada de

decisão.

Os gateways têm papel relevante na implementação da Internet das Coisas, pois servem de

agregadores de informações, processadores concentrados de algoritmos de análise e provedores de

respostas mais imediatas e não necessariamente conectados a um centro de dados do outro lado da Internet.

Certas aplicações necessitam de respostas mais imediatas e não podem ser subjugadas a uma conexão

remota, sob risco de atrasos e perda do sentido. Ao mesmo tempo, a quantidade de sensores que provêm

as informações para tomada de decisão pode ser grande o suficiente para que cada um em si tenha que ter

um custo baixo e não ser dotado de grande capacidade de processamento local, principalmente se a

informação resultante tiver de ser gerada com base em várias informações distintas, provenientes de

sensores de vários tipos, tamanhos e capacidades. Assim, é esperado que os gateways façam o papel de

agregadores e supridores de informações mais relevantes e compactadas para grandes centros de dados,

que armazenam históricos e transmitem regras de funcionamento à ponta da solução.

13 www.memsindustrygroup.org/sdp

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Acreditamos que a maioria dos casos de uso beneficia-se do elemento gateway, mas, como em

muitas áreas, não há uma arquitetura que seja ao mesmo tempo certa e única

Para efeito de comparação, tome-se o caso dos celulares, que só são viáveis como produto porque

são pequenos, leves e tem duração de bateria razoável. Isto só é possível porque não precisam se comunicar

diretamente com a rede telefônica, apenas com a estação rádio base mais próxima, que, por sua vez,

incumbe-se de várias tarefas lógicas e também das transmissões de longa distância. Se o celular tivesse que

assumir as funções da estação rádio base e ter o alcance típico de uma delas, ele seria inviavelmente caro,

pesado e sua bateria teria curta duração.

Assim também é com os dispositivos sensores, quanto mais exigir-se deles, menos viáveis se

tornam. Aos dispositivos sensores é mais adequado um projeto simples, pequeno, de baixo consumo, com

conectividade de baixa potência e curto alcance para ingressar em uma SAN (Sensor Area Network),

deixando ao gateway a agregação, a carga de processamento imediato local e a interação rápida com outros

sensores e atuadores na mesma SAN, daí sim, a comunicação WAN com a nuvem ou com o datacenter

privado.

10.7 - Na sua visão, qual tendência é prevalente: dispositivos/gateways dotados de menor capacidade de

processamento ou dispositivos/gateways com maior potencial para tomada de decisão de forma autônoma?

Justifique com exemplos.

A tendência da tecnologia hoje é a de que os gateways possuam maior capacidade de

processamento com maior potencial para tomada de decisão local, de forma autônoma, mas mesmo assim

conectados a um centro de dados que dite regras de funcionamento, parâmetros de uso e disponibilize o

armazenamento dos dados históricos e o fornecimento de capacidade de análise ainda maior para a solução

como um todo.

Como mencionamos no item imediatamente acima, haverá espaço para ambas arquiteturas (com

e sem agregação e inteligência na borda), mas acreditamos que a maioria dos casos se beneficiará do

gateway e, em alguns casos, ele será mesmo indispensável.

Como exemplo de caso de uso que exige um gateway podemos mencionar a área de logística, com

caminhões monitorados, pois não haverá cobertura de rede móvel em muitos pontos do trajeto e os

sensores e atuadores do veículo deverão estar ligados a um gateway instalado no veículo para que este

armazene dados, tome decisões e reaja a eventos emergenciais (independente de conexão à nuvem ou ao

datacenter) e, quando conectado novamente, descarregue os dados coletados.

10.8 - Em relação aos protocolos de comunicação entre dispositivos, quais dos protocolos disponíveis são à

prova de futuro? Neste contexto, qual é o nível de maturidade necessária à um padrão aberto para que ele

alcance a adoção mundial no cenário IoT?

Não existe tecnologia à prova de futuro. A adoção de padrões abertos é fruto de benefícios das

interações entre o mercado e seus consumidores. A hiperconvergência e a alta conectividade das interações

tecnológicas ao redor do planeta clamam por soluções interoperáveis e abertas. A adoção de protocolos de

comunicação entre dispositivos deve endereçar as necessidades e apoiar o desenvolvimento de novas

tecnologias. Os protocolos de camada de rede como IPv4 têm se revelado insuficientes para o grande

crescimento em número de dispositivos, evoluindo para o protocolo IPv6. Na camada de ligação/enlace de

dados, os padrões Ethernet e xDSL são exemplos de protocolos duradouros. Na camada de transporte são

amplamente utilizados o TCP, UDP e IP e na de aplicações o HTTP, POP3, SNMP, FTP, DHCP. Naturalmente,

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haverá uma consolidação de protocolos, mas não a unificação, posto que os protocolos podem ser tão

diversos quanto as áreas de aplicação.

A International Telecommunication Union, ITU, define diversos padrões. Para a comunicação entre

dispositivos receptores, temos o Wi-Fi, WiMax, Bluetooth como os mais perenes. O que se espera é que o

padrão 5G seja a grande aposta futura por ser apoiado pelos maiores fabricantes de tecnologia. É o padrão

que provê mais insumos à fragmentação virtual e otimização de uso das redes. As redes 5G devem oferecer

uma capacidade exponencialmente maior que as redes atuais, com menor latência, conectividade ubíqua,

maior confiança, disponibilidade e segurança. Além disso, essas redes virtuais, organizadas por software,

devem movimentar um grande ecossistema, encorajando a inovação e criação de valor para negócios mais

sustentáveis.

Esse é um outro fator favorável à adoção de arquitetura de IoT que inclua gateways, além do papel

de computação e armazenamento local, distribuído, cabe ao gateway atuar como um tradutor universal de

protocolos e de interfaces físicas ou sem fio.

10.9 - Considerando o volume de dados e os protocolos existentes, quais são os avanços tecnológicos

necessários para memórias de Gateways e dispositivos, para que estas atendam as questões de segurança

e autonomia demandadas pelas aplicações em IoT?

Para incrementar a segurança de dispositivos remotos, que não possuem vigilância pessoal, como

um computador portátil, por exemplo, é necessário o desenvolvimento de novos algoritmos de criptografia

que desafiem o status quo e que trabalhem com diversas situações de ameaça. Há que se ter prevenção por

ataques colaterais pela coleta de dados de alguns sensores da rede por exemplo, ou pela observação de

comportamento de dispositivos em uma cadeia de solução. Outro aspecto é a otimização desses novos

algoritmos para aparelhos com pouco uso de bateria, ou seja, induzir o uso menor de ciclos de

processamento para criptografar e descriptografar informações, o que prescinde de novas técnicas

matemáticas ainda em estudo. As memórias e dispositivos de armazenamento de gateways devem ter uma

combinação de mecanismos de hardware, firmware e software para maior proteção e autonomia, uma vez

que podem ser deixados isolados e sem manutenção direta por maiores períodos de tempo.

O foco do design dos dispositivos sensores deve ser a eficiência energética e o tamanho. Ao

gateway cabe a responsabilidade quanto à segurança, capacidade de armazenamento local, análise de

escopo menor e de resposta imediata, além da comunicação de dados. Nesse sentido é benéfico o aumento

das capacidades de processamento e memória dos gateways, com capacidades semelhantes a

computadores, mas com características de resistência ambiental bem superiores e ciclo de vida (produção

estável, sem alterações ao longo do tempo) superior aos computadores tradicionais.

10.10 - Qual o potencial dos Smartphones atuarem como Gateways para os dispositivos IoT? Esse cenário

será comum? Se sim, em quais casos de uso?

Os smartphones já são utilizados hoje como gateways para diversas aplicações, desde coleta de

dados de saúde e aplicações para o bem-estar, até manutenção preventiva de veículos e eletrodomésticos.

As aplicações da Indústria 4.0 e a aviação, por exemplo, ainda não têm a penetração e o uso adequado

desses dispositivos móveis em seu dia-a-dia. Pode-se, por exemplo, conectar o sistema de automação

residencial a um smartphone para controle integrado de funções, mas ele não tem condições de ser um

atuador e coletor de informações em tempo real a todo momento se não estiver sempre conectado à rede

doméstica. Por ser um dispositivo móvel, o smartphone pode servir para aplicações que também sejam

móveis, e a rede doméstica prescinde de um agregador para operação integrada. Aplicações na área de

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agricultura e pecuária também prescindem de gateways fixos para coleta de dados sensoriais de plantações,

animais e agregados. Há espaço para o uso de smartphones como agregadores. Mas, em geral, as aplicações

de IoT vão requerer gateways específicos e diferenciados.

11.Segurança e Privacidade

Objetivo: abordar como lidar com as questões relacionadas à segurança geral do ecossistema de IoT, bem

como das informações e privacidade dos dados em um ambiente que, a cada dia, estará mais conectado

utilizando mais informações potencialmente relacionadas com indivíduos, em nome da melhoria das

prestações de serviços, pertinentes as suas liberdades individuais – v.g. localização, saúde, bens adquiridos.

11.1 - A partir do momento que um dispositivo se conecta à Internet com dados do seu usuário e transmite

informações/se comunica com outros dispositivos, várias ameaças surgem:

[...]

Com base neste contexto, quais os desafios para a implementação dessas camadas de capacidade de

segurança em dispositivos M2M/IoT? Em sua opinião, existe no contexto de M2M/IoT a necessidade de

novos mecanismos de segurança devido a particularidades desses novos ambientes? Se sim, existe

oportunidade para desenvolvimento local? Poderia citá-los juntamente com os cenários de uso?

O desafio consiste justamente no desenvolvimento de uma camada ou plataforma que trate

questões de segurança de aplicação, rede e dispositivos conectados de forma integrada. Existe a demanda

por novos mecanismos de segurança, para atendê-la serão necessárias APIs (RESTful, por exemplo) que

permitam à camada de aplicação gerenciar dispositivos com base em credenciais de acesso e autorização

que fornece aos dispositivos. Uma vez que os dispositivos ou as fontes de dados podem ser diversos, esta

abstração da camada de segurança baseada em credenciais padronizadas permite que tanto a captação de

dados quanto a interação com sensores ocorram de modo seguro. Esta arquitetura também permite que se

enderecem aspectos de diagnóstico de estado dos sensores, determinação de problemas de conectividade

entre aplicação e sensores (inclusive com determinação de falhas de rede) e armazenamento de dados

provenientes dos sensores.

Desta forma, a segurança e privacidade são elementos essenciais das soluções IoT, e devem ser

cuidadosamente considerados durante a fase de design e arquitetura e não apenas adaptados

posteriormente. Os dispositivos devem ser autorizados e autenticados pela plataforma baseada em nuvem

em cada transação, que deve exigir que todos os seus clientes (dispositivos conectados, aplicações de

servidor, móveis ou usuários humanos) usem uma autenticação forte. Toda a comunicação deve ser

criptografada por padrão.

Assim, é indiscutível a importância da segurança no desenho de qualquer arquitetura digital,

passível de ataques e ameaças. Contudo, a questão induz ao estabelecimento de uma configuração

eventualmente válida ao “ambiente M2M/IoT” de maneira ampla. Não cremos adequado o estabelecimento

de modelo ou arquitetura únicos, posto que não se trata de uma configuração homogênea em sua

implementação, com recursos distintos nas pontas, na forma de comunicação entre seus elementos e mesmo

níveis distintos de criticidade dos dados e informações tratados. Justamente pela grande diversidade de

arquiteturas e soluções possíveis, entendemos ser importante a priorização dos recursos destinados à

Ciência & Tecnologia e Educação para as áreas basilares de apoio ao desenvolvimento de uma economia

digital, notadamente as ciências exatas (engenharias, matemática e física) e a pesquisa como alavanca para

manter-se atualizado e competitivo.

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11.2 - Quanto à criptografia, embora ela seja técnica fundamental para se manter a segurança e a

privacidade em dispositivos M2M/IoT, a grande maioria dos dispositivos possui limitações técnicas e de

capacidade de processamento que dificultam a utilização de soluções de criptografia robustas. Desse modo,

quais algoritmos e soluções de criptografia devem ser incentivados em dispositivos M2M/IoT para garantir

eficiência e segurança no ecossistema?

Há que se relembrar, que tal qual explanado no item 1, é necessária a integração entre a camada

de dispositivos com as camadas de rede e aplicação para garantia total de segurança.

As informações coletadas pelos dispositivos conectados dependerão da análise analítica para que

estes dados sirvam de base para a tomada de decisões, que irão gerar novas informações e assim

sucessivamente. A confiabilidade neste sistema interligado/conectado será proporcional ao nível de

segurança e inviolabilidade que o sistema prover, ou seja, mais segurança, mais informação compartilhada

e em volumes crescentes. Segurança e inviolabilidade das informações passa a ser peça chave e a base neste

processo.

11.3 - Conceitualmente, o ecossistema de IoT exige a cooperação e compartilhamento de informações entre

seus agentes, em especial para se ter uma rápida divulgação de vulnerabilidades de software que possam

comprometer a segurança de toda a rede. Como desenvolver um ambiente de cooperação entre os agentes

do ecossistema de M2M/IoT? Em especial, como prevenir os riscos de ataques de negação de serviço

massivos implementados através de redes de dispositivos M2M/IoT?

Uma vez que as camadas de sensores, rede e aplicações estejam integradas, é possível imaginar

uma arquitetura de credenciamento e autorização onde o acesso à camada de aplicações, por exemplo,

passe por um serviço de subscrição, no qual os dispositivos tenham que ser validados com identificadores e

chaves únicos dentro da camada de rede. A aplicação só poderia ser invocada por meio de dispositivos

devidamente autorizados e credenciados por ela. Uma camada de rede que possa associar os dispositivos

corretos à aplicação, que processará os dados enviados na rede, filtra cada requisição de acesso por meio

de validação do dispositivo como fonte segura de dados. Um ambiente integrado por si só representa um

ambiente cooperativo para detecção de falhas de segurança com respectivas ações de correção.

Os dispositivos devem ser autorizados e autenticados pela plataforma baseada em nuvem em cada

transação, e a plataforma deve exigir que todos os seus clientes (dispositivos conectados, aplicações de

servidor, móveis ou usuários humanos) usem uma autenticação forte. Todas as comunicações devem ser

criptografadas por padrão.

11.4 - No que tange a privacidade e proteção de dados pessoais, além das vulnerabilidades já mencionadas

é importante ter em mente que o ecossistema de M2M/IoT poderá potencializar os negócios com big data,

em especial com empresas interessadas em monetizar bases de dados, seja para fins publicitários ou outras

destinações. Essas bases de dados podem possuir dados pessoais individualizados ou dados

agregados/anonimizados sobre indivíduos. Nesse cenário, ciente da coleta e comunicação de dados

potencializada pelo desenvolvimento do ecossistema de M2M/IoT, qual a abordagem legal, existente ou a

ser implementada, necessária para proteger a privacidade e os dados pessoais dos indivíduos? Como deve

ser tratada a coleta de dados de sensores IoT? Existem experiências estrangeiras que lidam com o binômio

desenvolvimento e proteção à privacidade dos indivíduos no ecossistema M2M/IoT? Os projetos de lei em

trâmite no Congresso Nacional referentes a proteção de dados pessoais (PL 4060/2012 da Câmara dos

Deputados, PL 330/2013 do Senado e PL 5276/2016 de Autoria do Executivo) possuem regras adequadas

para lidar com esse cenário e ao mesmo tempo possibilitar o desenvolvimento do ecossistema de M2M/IoT?

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É possível desenvolver dispositivos M2M/IoT com “políticas de privacidade” embarcadas, de modo a

possibilitar a comunicação entre dispositivos com políticas compatíveis?

Na sua contribuição considere os seguintes perfis de indivíduos:

- Que admitem o uso de dados dos dispositivos associados à sua identidade;

- Que só admitem o uso de dados do dispositivo se desassociados de sua identidade;

- Que não admitem o uso de dados do dispositivo associados e desassociados de sua identidade.

A proteção à privacidade, assim como a segurança da informação, são temas de grande importância

na medida em que se avança no desenvolvimento do ecossistema de IoT no Brasil.

Muitos países têm enfrentado a temática de um arcabouço legal e regulatório para o universo de

IoT. A título de exemplo, o Federal Trade Commission (FTC), nos Estados Unidos, afirmou no estudo “Internet

of Things – Privacy & Security in a Connected World” que é prematuro, na fase atual, elaborar legislação

que restrinja IoT a determinados limites (incluindo-se uma legislação específica que verse sobre proteção

de dados pessoais) entendendo que se deve permitir o crescimento deste ecossistema, incentivando

empresas e usuários a trabalharem em conjunto para desenvolver melhores práticas para este mercado,

incluindo-se, práticas relacionadas à privacidade. Ressalte-se que o exercício de elaboração destas melhores

práticas em diferentes setores da economia demonstrou resistir ao teste do tempo e surpreendeu ao

transformarem-se em eficientes regimes de proteção aos usuários.

Corroboramos com o entendimento exposto pelo FTC, pois a edição de regulamento específico

para a Internet das Coisas está fadada a criar uma norma que nascerá obsoleta, em virtude da velocidade da

evolução deste ecossistema, gerando como consequência a drástica limitação ou mesmo paralisação do

processo de inovação de IoT no Brasil. Ademais, tendo em vista a natureza transetorial de IoT, será muito

difícil que uma legislação – ainda que primordialmente principiológica – consiga tratar da maneira

apropriada os desafios e especificidades de cada setor da economia.

Outrossim, nossa percepção é que a palavra chave para garantir o equilíbrio do binômio

desenvolvimento e proteção à privacidade dos indivíduos deste ecossistema é a confiança. Neste sentido,

cabe-nos ressaltar que as empresas estão cada vez mais proativas ao buscar a proteção dos dados gerados

por dispositivos de IoT com vistas a garantir a segurança de seus usuários, conquistando e/ou mantendo a

relação de confiança com eles. A meta destas empresas tem sido elaborar melhores práticas de privacidade

e proteção de dados, em constante evolução, para os usuários que utilizarão os produtos e serviços de IoT.

Para tanto, as empresas têm dado ênfase à inovação técnica buscando tecnologias que aprimoram

a privacidade para permitir que indivíduos gerenciem e controlem seus dados pessoais de forma mais

intuitiva e eficaz, transformando a aplicação dos princípios Privacy by Design e Security by Design em

questões fundamentais no desenvolvimento de produtos e serviços. Estas medidas proativas são adotadas

com o intuito de demonstrar aos usuários que as empresas estão conscientes em relação aos seus anseios.

O princípio de Privacy by Design permite alcançar a proteção de dados pessoais através de

controles, iniciando-se no momento em que se desenha o modelo de negócio, o sistema de informação

e/ou a infraestrutura física da empresa, garantindo o direito fundamental à proteção dos dados pessoais.

Baseia-se na ideia de que as empresas devem promover a privacidade do consumidor em toda a organização

e em todas as fases do desenvolvimento de seus produtos e serviços, ou seja, as companhias devem adotar

medidas proativas e preventivas que permitam que os responsáveis e encarregados pelo tratamento dos

dados cumpram os princípios e deveres da norma sobre proteção de dados pessoais, e reduzam o risco no

tratamento destas informações.

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O conceito de Security by Design, derivado do alinhamento do princípio da Privacy by Design com

a segurança, nasce da necessidade de desenvolver softwares que visem tornar os sistemas livres de

vulnerabilidades e impermeáveis aos ataques, quando possível, através de medidas como testes contínuos,

garantias de autenticação e aderência às melhores práticas de programação, ou seja, preceitua que os

softwares sejam projetados, do início ao fim, para serem seguros.

Apesar de inicialmente demonstrar-se como um conceito extremamente técnico, atrelado ao

desenvolvimento e arquitetura de softwares quando de sua criação, o conceito de Security by Design

atualmente assume uma visão holística, abarcando toda a operação das organizações, tanto públicas quanto

privadas, que lidam com coleta, processamento e armazenamento de dados de indivíduos.

Outro elemento crucial adotado pelas empresas para auxiliá-las a conseguir a confiança dos

usuários no tocante à privacidade/proteção de dados no ecossistema de IoT é a criptografia, visto que à

medida que todos os ambientes ao nosso redor se tornam conectados (p.ex., casa, carro, etc), demonstra-

se premente criar mecanismos de segurança para os dados gerados e trafegados em dispositivos e nas

plataformas que os suportam.

A criptografia apresenta-se como instrumento central para garantir a privacidade/proteção dos

dados no desenvolvimento deste ecossistema, não podendo ser delimitada ou tolhida por regras que podem

vir a prejudicar este processo de evolução da IoT no Brasil como, por exemplo, a obrigatoriedade de

construção de backdoors. Logo, é preciso permitir que as empresas desenvolvam sistemas de segurança

com criptografia, capazes de prover as garantias necessárias aos usuários, mantendo assim sua confiança

em relação aos produtos e serviços de IoT. Ademais, ratificamos o entendimento de que o Estado deve

promover os padrões utilizados pela indústria que permitem um maior nível de interação entre as distintas

soluções de forma seguram, afastando qualquer obrigação de adoção a padrões específicos.

Com relação aos projetos de lei sobre proteção de dados pessoais em tramitação no Congresso

Nacional, entendemos que ainda não se mostram totalmente adequados para garantir o desenvolvimento

de IoT no Brasil, podendo, na prática, apresentar obstáculos intransponíveis para tal objetivo, caso venham

a ser aprovados na forma como atualmente estruturados.

Neste sentido, especificamente em relação ao ecossistema de IoT, abordamos a seguir os itens que

nos geram maior preocupação, considerando-se os textos atualmente em tramitação, que entendemos

podem frear ou mesmo paralisar o desenvolvimento deste ecossistema no País.

Dado Pessoal

Entendemos que de modo a viabilizar o potencial da nova economia baseada em dados,

decorrência da adoção em larga escala dos dispositivos de IoT, os projetos de lei em tramitação devem ter

a definição de “dado pessoal” alterada prevendo que deverão ficar sujeitos à lei somente os dados que

inequivocamente possam ser utilizados para identificar a pessoa natural, podendo assim afetar a sua

privacidade, devendo ser excluídos desta definição todos os demais.

Um conceito amplo de dado pessoal poderá inibir o desenvolvimento da economia digital e da

inovação baseada em dados, na medida em há diversas situações no universo de IoT em que não é necessária

e/ou possível a identificação precisa do titular para o tratamento dos dados coletados por um aplicativo de

IoT, como, por exemplo, sensores em postes de iluminação nas ruas que “entenderão” apenas que um

indivíduo (não-identificável) está se aproximando para acender a luz.

Consentimento expresso

Outra questão que se apresenta como um desafio para o crescimento de IoT no Brasil é o requisito

de consentimento expresso para a coleta e tratamento de dados pessoais.

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Considerar somente o consentimento expresso, específico e reiterado para cada operação como

única forma legítima de proteção aos usuários, gera o risco de criar obstáculos no tratamento de dados em

larga escala, ou seja no uso de Big Data, extremamente utilizado e necessário para o desenvolvimento do

ecossistema de IoT e o oferecimento de soluções inovadoras ao usuário final, em desencontro com as

práticas adotadas internacionalmente na construção de uma legislação que atenta tanto para a proteção de

dados quanto para a preservação do desenvolvimento econômico ao mesmo tempo.

Como reiteradamente exposto ao longo de nossas contribuições à esta consulta pública, as

aplicações da Internet das Coisas ainda estão em seu estágio inicial, tanto de desenvolvimento, quanto no

que diz respeito a familiarização e acesso da sociedade a suas funcionalidades. Neste sentido, enfatizamos

que a modalidade de consentimento expresso seria impraticável em uma série de aplicações da IoT. A título

de exemplo, existem diversas aplicações para o uso em automóveis, permitindo o gerenciamento de vagas

de estacionamento em locais públicos e/ou privados, garantindo o controle de acesso e tráfego mais

eficiente.

Logo, não nos parece razoável exigir do usuário a modalidade de consentimento expresso para

utilização destes benefícios que não serão exclusivos para um cidadão, mas sim para usufruto de toda a

sociedade.

Demonstra-se fundamental, portanto, que o desenvolvimento de produtos e serviços de IoT não

estejam condicionados tão somente a questões jurídicas de forma unilateral, cabendo à legislação preservar

meios de manter e fomentar o desenvolvimento e a inovação neste ecossistema.

Responsabilidade no ecossistema de IoT

Ademais ressaltamos que a estrutura legal para a responsabilidade na coleta e tratamento de dados

pessoais é mais um ponto crucial para o desenvolvimento de IoT no Brasil. Entendemos que para viabilizar

o florescimento desse ecossistema, a responsabilidade em relação aos dados coletados deve se resumir ao

dever de guarda e a responsabilização direta frente ao usuário.

Desta forma, caberá única e exclusivamente a esta entidade toda e qualquer responsabilidade em

relação à coleta e tratamento destes dados, independente da cadeia produtiva que esteja por trás de sua

atividade. Ou seja, trata-se de responsabilidade direta frente ao usuário em relação a qualquer dano sofrido

por este pelo tratamento indevido ou não-autorizado de seus dados. A adoção da responsabilidade direta

permitirá que novos e diversos atores participem da complexa cadeia de atividades, sem que isso traga uma

exposição e enfraquecimento dos direitos dos titulares dos dados.

Transferência Internacional de Dados

Alcançamos aqui o último ponto e tema central para o efetivo desenvolvimento de um ecossistema

de IoT que poderá ser negativamente impactado na hipótese de criação de barreiras legais para sua

execução.

Fluxos internacionais de informação são extremamente necessários para a manutenção dos mais

diversos tipos de atividade econômica e, em especial, para o ecossistema de IoT que tem dentre suas

características intrínsecas, ser um ecossistema de abrangência global.

Todavia, a restrição dessas operações pode ser igualmente danosa e acreditamos que se vestem

de maior segurança jurídica as medidas que visem regular as práticas já adotadas comercialmente entre as

empresas para a transferência de dados, principalmente, tendo em vista a possibilidade de que sejam

tratadas de forma diferente em um país estrangeiro, que não tenha legislação específica, ainda que existam

proteções ao abuso que o controlador dos dados coletados pelos aplicativos de IoT venha a exercer com

relação a tais dados.

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Desse modo, acreditamos que seria mais adequado para o pleno desenvolvimento do ecossistema

de IoT – considerando-se especialmente o uso do Big Data e do Data Analytics –, e a consequente inserção

do País na economia digital, um mecanismo que estabeleça que a parte responsável pela coleta dos dados

possa garantir que, na transferência para terceiros, independente da jurisdição, estes sejam tratados de

maneira apropriada. Assim, a empresa que coleta os dados fica responsável pela implementação de

mecanismos que obriguem a empresa terceira a tratar os dados em conformidade com seus compromissos

de privacidade, mediante a instauração de procedimentos de auditoria para assegurar a adoção de tais

medidas.

Em linhas gerais, um cenário ideal se desenha na possibilidade de as empresas responsáveis pelos

dados serem incumbidas de zelar pela integridade das ações de transferências de dados e serem

responsabilizadas caso ocorra a transferência para empresas que não sigam/adotem política de proteção

equivalente.

Assim, evita-se a criação de obstáculos legais e administrativos desnecessários, na mesma medida

em que as empresas envidam esforços para garantir a integridade dos dados.

Com a adoção desta solução o local de armazenamento dos dados deixa de ser tão relevante, pois

o que se torna fundamental no presente caso é o compromisso assumido pela empresa responsável pela

coleta dos dados quando da transferência destes para terceiros.

Uma outra proposta que visa auxiliar a troca de informações entre empresas que pertençam a

diferentes grupos econômicos seria a adoção de sistemática similar à da APEC – CPBR, Asia Pacific Economic

Cooperation - Cross Border Privacy Rules, que adota princípios simples e claros para organizações públicas

e privadas. Essa proposta é adotada de forma transnacional, com o fim de garantir a proteção dos dados

pessoais transferidos entre as economias, organizações públicas e privadas participantes da APEC, sem

prejuízo da legislação nacional ou do direito persecutório de cada país.

Este modelo se mostra particularmente interessante porque sua integridade e das organizações

participantes é garantida por uma terceira parte, neutra e técnica, que verifica a adoção de políticas e práticas

de privacidade básicas do sistema, de forma a certificar sua confiabilidade, estabelecendo parâmetros

básicos de privacidade. Esta terceira parte, inclusive, pode suportar eventual arbitragem internacional entre

países e organizações.

Delimitados os itens de maior impacto para o ecossistema de IoT contidos nos diversos projetos

de leis que versam sobre proteção de dados pessoais, faz-se necessário abordar outros dois tópicos que

merecem atenção quando analisados sob a ótica do universo da segurança e da proteção de dados pessoais,

quais sejam: o Big Data (grande volume de informações que serão produzidas pelos aplicativos de IoT) e o

Data Analytics (tecnologia de processamento rápido de grande volume de informações). Isto porque, os

dados oriundos de dispositivos de IoT aumentarão os esforços analíticos e, quando usados

estrategicamente, o Data Analytics poderá ajudar as empresas a traduzir os dados digitais em insights

significativos que poderão ser usados para desenvolver novos produtos, serviços e modelos de negócios,

além de auxiliar o Estado a atuar de maneira assertiva na elaboração e implantação de políticas públicas

(p.ex., programas de combate à dengue e zika, monitoramento de regiões para definição de campanhas de

vacinação, etc), gerando bem-estar social.

Contudo, os benefícios do Big Data e do Data Analytics somente poderão ser usufruídos em sua

totalidade na hipótese de uma futura legislação sobre proteção de dados pessoais compreender sua

importância, possibilitando a contextualização do tratamento de dados pessoais em prol do bem-estar da

sociedade.

Por fim, é importante registrar a necessidade de o Brasil elaborar um robusto Plano Nacional de

Segurança Cibernética, tendo como objetivo melhorar a resiliência cibernética do Estado (em especial nos

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setores de infraestrutura crítica, como energia, telecomunicações, transporte, etc.), do setor privado e da

sociedade. Com os bilhões de dispositivos conectados que o País vem ganhando a cada ano, a elaboração

desta Política apresenta-se como essencial para que possamos dar continuidade ao processo de

desenvolvimento do ecossistema de IoT de forma sustentável. Entendemos que o processo de elaboração

desta Política deverá ser democrático, contando com a participação de todos os setores da sociedade e sua

plena implementação deverá ser realizada para possibilitar a total migração da sociedade brasileira para o

universo dos dispositivos conectados

11.5 - Para se criar um ambiente de inovação disruptivo, algumas premissas devem ser atendidas, como o

não confinamento de recursos e a liberdade de aplicação de dados, por exemplo. Estas tratam,

respectivamente, do uso de um mesmo dispositivo e de informações para fins diferentes dos originalmente

previstos. Dentre elas pousam questões de segurança sobre as duas primeiras premissas.

Vamos explicar seus significados: Os recursos não podem estar confinados. Não confinar recursos

significa utilizar um mesmo dispositivo para aplicações diversas. Por exemplo, a mesma câmera que

monitore a segurança nas ruas também pode medir iluminação, otimizar tempo de semáforo por contagem

de carros em uma via, pode estar acessível ao cidadão para monitorar seu carro estacionado, existência de

vaga de estacionamento, presença de taxi livre ou mesmo para verificar se um ônibus se aproxima do ponto

para o qual alguém se desloca.

Deve haver liberdade na aplicação dos dados, sem que isso implique em violações a privacidade e aos dados

pessoais dos indivíduos. Um equipamento monitor de pressão arterial é utilizado com frequência para

verificação de doenças coronarianas. Os dados são utilizados apenas por seu médico e depois descartados.

Ocorre que pode haver diversos outros indivíduos interessados no conjunto de informações cardíacas

agregadas e anonimizadas da população e, por isso, dispostas a oferecer contrapartida pela informação, o

mesmo sendo válido para centros de pesquisas e universidades para elaboração de estudos científicos.

Entretanto, a mesma informação poderia vir a ser utilizada por seu plano de saúde, sua seguradora

implicando em graves violações a privacidade e proteção de dados pessoais dos indivíduos.

Neste contexto, questiona-se:

- Quais os limites de segurança e privacidade na premissa de não confinamento de recursos para que seja

fomentado o ambiente de inovação?

- Como fomentar um ambiente de compartilhamento de informações de modo a aprimorar os padrões de

segurança em IoT?

- Quais padrões e modelos de anonimização de dados devem ser implementados de modo a possibilitar o

não confinamento de dados em IoT?

- Até que ponto a premissa de liberdade na aplicação dos dados pode ser utilizada de maneira virtuosa para

o conjunto da sociedade?

Estas perguntas podem ser respondidas de modo único e amplo. É necessário lembrar-se que a

tecnologia á apenas o meio, o recurso para implementação de soluções IoT. Em geral, a viabilidade

tecnológica não é um problema para implementação das soluções, tendo em vista que sensores podem ser

desenvolvidos para aplicações inéditas, dados podem ou não ser criptografados/mascarados e os acessos a

estes dados são controlados por premissa de visualização e consumo.

Isto posto, na hipótese acima de confinamento, é possível que uma câmera possa tanto servir a um

monitoramento de cerca geoespacial virtual (segurança) quanto para leitura de um QRCODE que identificará

unicamente um dispositivo colocado à sua frente. A limitação do hardware é relativa, é possível ter, por

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exemplo, um microcontrolador compartilhando dados de temperatura ambiente, mas aberto a ser

conectado a outros tipos de sensores sem grandes esforços operacionais. Não obstante, o acesso aos dados

pressupõe uma camada de segurança que os exponha apenas a entidades autorizadas a este acesso e,

portanto, o consumo destes dados é muito mais submetido à análise do caso de uso específico do que a

limitações de uma plataforma de armazenamento por exemplo.

Em outras palavras, o acesso aos dados pode ser autorizado a qualquer um, o que vai nortear este

acesso e deverá seguir políticas de privacidade, necessidade ou mesmo observação de preceitos éticos e de

transparência. Sobre os aspectos de virtuosidade na aplicação dos dados, trata-se de um aspecto muito mais

condicionado aos casos de uso desenhados do que ao que eventualmente a tecnologia passivamente seja

colocada a viabilizar.

A tecnologia blockchain é um bom exemplo de segurança e compartilhamento de informações na

rede com foco na confiança dos participantes. Com a criação de redes de compartilhamento de informações

criptografadas baseadas em blockchain com controles de acesso, abre-se a possibilidade de segurança e

confiabilidade caminharem juntas de maneiras sem precedentes.

12.Papel do Estado

Objetivo: identificar oportunidades e desafios no papel do estado, no que diz respeito ao modelo de

governança de IoT no Brasil e ao direcionamento de modelos de negócio, com o objetivo de alavancar o

desenvolvimento do ecossistema de M2M/IoT.

12.1 - Diante de um cenário novo e ainda incerto, qual deveria ser o papel do Estado no desenvolvimento

do ecossistema de M2M e IoT?

Nos encontramos em um claro estágio de mudanças nos paradigmas tecnológicos. Não é possível

apontar as soluções que se estabelecerão como padrões de mercado, e o Estado não escapa a essa lógica,

sua função é criar as bases para o fomento de uma economia do conhecimento, com elevado investimento

em capital humano, que por sua vez trará a energia inventiva necessária ao desenho de novas soluções.

A Internet das Coisas é, antes de mais nada, uma manifestação da própria expansão da Internet.

Um forte pilar que sustentou a expansão da rede mundial foi justamente o controle mínimo por parte dos

Estados quanto a sua evolução. Ao Estado cabe reduzir os entraves burocráticos às empresas, eliminar as

distorções impostas ao mercado de trabalho, incentivar a formação técnica, estimular os mercados de

capitais o fomento ao capital de risco e usar seu poder de compra para impulsionar, via contratação, o

desenvolvimento de soluções no País – sem a imposição de barreiras ou eliminação da concorrência. Ao

Estado caberia fomentar o ambiente de negócios e ao mercado cabe a definição das áreas e setores.

12.2 - Em que áreas ou fases o Estado deverá exercer uma coordenação das ações para desenvolvimento do

ecossistema de IoT?

Um elemento crítico na execução de uma estratégia de Estado é a coesão em suas iniciativas. A

Internet das Coisas é fundamentalmente um conceito que permeia quaisquer setores e atividades

econômicas ou mesmo serviços sociais. O governo brasileiro por sua vez estrutura-se em áreas econômicas

e/ou serviços independentes, muitas vezes não coordenados pela natureza de suas funções ou divisões

políticas. Uma estratégia nacional precisa passar necessariamente pela discussão de sua governança e

formatação institucional.

Faz sentido nesse cenário que esta estratégia nacional não esteja subordinada unicamente a um

ministério específico, mas institucionalmente apoiada na Presidência da República e/ou Casa Civil, como um

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sinal claro de que não se limita a um governo ou orientação política. A fragmentação de iniciativas

seguramente enfraquecerá quaisquer esforços que venham a ser criados por cada ministério na esfera única

de sua competência. Tal governança também deve ser oxigenada com a participação ativa do setor privado,

ator fundamental na execução dos esforços na área e de maneira consultiva apoiando a iniciativa.

Para além de posicionar tal processo em uma esfera elevada e central de gestão do Estado, é

fundamental sedimentar esse esforço em uma estrutura institucional concreta. O estabelecimento de uma

posição clara dentro da estrutura da Casa Civil ou Presidência, em seu organograma, com escopo e recursos

detalhados, é crítico para que se torne algo amalgamado como prioridade de Estado.

A título de exemplo citamos a área de educação que na carência de uma estratégia nacional

coordenada à um determinado objetivo atua em todas as frentes, não priorizando vocações, oportunidades

e tendências. Ainda na área de educação a pesquisa, desenvolvimento e inovação também não dialoga e

produz sinergia com esta estratégia. Exemplos de sucesso de ações desenvolvidas com coordenação

centralizada e única demonstram que é possível e faz toda a diferença, a citar: PróAlcool – desenvolvimento

de um combustível alternativo ao petróleo e renovável; e a Embraer – desenvolvimento de uma indústria de

escala global de pesquisa, desenvolvimento, inovação e produção de aviões.

12.4 - Cabe ao Estado desenvolver ou adaptar instrumentos fiscais visando o desenvolvimento e

comercialização de produtos que se encaixam nas distintas camadas da IoT, conforme arquitetura

apresentada? Por quê? De que forma os instrumentos atuais podem obstruir o desenvolvimento?

A definição de mecanismos fiscais de incentivos pontuais não produzirá efeito se o ambiente de

negócios como um todo não operar de forma saudável. Nada adianta o estímulo à produção de sensores se

a carga fiscal aplicada a serviços providos por Cloud inibe o ecossistema. Antes de selecionar pontualmente

setores e verticais para incentivos específicos a equipamentos, é fundamental ter clareza quanto à carga

tributária impactará todo o ecossistema de tecnologia – do hardware, aos serviços e ao software. O conflito

de atribuições entre as esferas administrativas de governo (ISS vs. ICMS) e o elevado patamar das alíquotas

aplicadas aos serviços como telecomunicações e energia são exemplos de elementos fortemente inibidores

de qualquer desenvolvimento do setor. O Imposto de Importação sobre produtos com tecnologia de ponta

constitui um grande inibidor para o desenvolvimento e crescimento dos DataCenters , que carecem de alto

investimento em tecnologia para permitir seu funcionamento com segurança, eficiência e determinado nível

de latência.

Segundo estudo feito pela Frost & Sullivan em 2012, o total de tributos que incide sobre o

investimento para construção de um Datacenter chega a 21,7%. Com o total gasto com impostos seria

possível realizar as etapas de Espaço e Físico e Infra de Telecom.

É fundamental o fomento da infraestrutura de processamento e armazenagem, com incentivos para

atração de investimentos em Datacenters, pois são eles que garantem o pleno funcionamento do sistema.

12.5 – Existem questões sobre como o Estado assegura a preservação dos direitos de propriedade intelectual

(patentes e registros de software) que desfavorece o desenvolvimento da IoT, no Brasil?

O desenvolvimento local de tecnologia se ressente de uma organização melhor estruturada para

proteger seus ativos intelectuais. Segundo dados do próprio Instituto Nacional de Propriedade Intelectual

(INPI), o número de solicitações é crescente nas suas diversas modalidades. O backlog de pedidos de

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patentes já ultrapassa a marca de 220 mil processos (dado de 2015). Um desafio hercúleo para uma

organização com pouco menos de 200 examinadores dedicados.

O resultado prático desse quadro é o uso de jurisdições alternativas para registro de patentes, a

exemplo dos Estados Unidos. Gera-se assim um desincentivo por parte da indústria em procurar proteger

seus ativos no País, o que retira do processo empresas de menor porte, incapazes de arcar com os custos

associados ao registro internacional.

Gera-se assim uma grande insegurança jurídica justamente entre aqueles atores com capacidade

de inovar, mas sem o porte necessário para os custos de registro e manutenção de patentes.

Faz-se necessário priorizar as entidades de proteção intelectual na alocação de recursos e pessoal.

Deve ser meta de Estado ter nessa estrutura um corpo técnico de excelência e reconhecido

internacionalmente.

12.6 - Existem barreiras de entrada que dificultam a localização da produção de soluções tecnológicas para

IoT, no Brasil? Se sim, exemplifique.

Entendemos que a manufatura local dos componentes não deveria ser o objetivo principal de uma

estratégia digital para o País, mas de fato são grandes os desafios daqueles que pretendem atuar como

fabricantes locais.

Se o Brasil pretende ser uma plataforma para fabricação de soluções de hardware em IoT, seria

fundamental existir um processo de ingresso de insumos de produção e saída de produtos para exportação

confiável, rápido e eficiente. O setor exige ciclos de produção e entrega extremamente competitivos e não

é incomum ciclos de entrega em 24, 48 e 72 horas. Hoje é muito complicado assegurar o atendimento desses

prazos a partir do país ou mesmo para desembaraço e entrega nas unidades industriais aqui instaladas.

Para além do ponto específico do desembaraço aduaneiro, é crítico que sejam endereçados os

problemas de infraestrutura e de toda logística ligada à atividade manufatureira.

Ademais, o País também não é atrativo para a produção local em virtude dos custos trabalhistas,

de energia, entre outros (que são comumente chamados como “Custo Brasil”) que acabam por não tornar o

Brasil atrativo para produção local. Por último, vale a pena destacar também o elevado custo para a

importação de qualquer bem/produto, em virtude do valor elevado do imposto de importação.

Segundo estudos feitos pela Frost & Sillivan em 2012, o Brasil é o país com maior custo para

construção de um datacenter e também o que tem maior carga tributária, conforme dados dispostos a baixo:

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O mesmo ocorre para os gastos com manutenção de datacenter, no Brasil os custos chegam a ser

46% mais caros do em países vizinhos, e 38,8% mais caro do que nos Estados Unidos, que se configura como

principal mercado de TIC.

12.7 - A Internet das Coisas vai afetar diferentes setores, de diferentes formas, em diferentes momentos. Os

governos irão se beneficiar enormemente. A Cisco identifica quatro potenciais alavancas de economia no

setor público: produtividade dos funcionários, redução de custos, melhoria da experiência do cidadão e

aumento das receitas. A análise estima que mais de 25% de um valor estimado de US$ 19 trilhões do valor

do mercado global disponível até 2022 pode ser realizado pelo setor público. Para usufruir desses benefícios

– e ao mesmo tempo fomentar o mercado, dando escala aos fornecedores de soluções –, o Governo pode

se tornar um demandante de soluções que utilizem a Internet das Coisas.

Entendemos claramente que papel do Estado deve ser o indutor e fomentador desta nova

economia, principalmente ao exigir que ofertas de serviços incorporem cada vez mais inteligência,

racionalidade e eficiência. Nesse sentido, a exploração de Parcerias Público-Privadas (PPP) devem ser

estimuladas, trazendo recursos da iniciativa privada para adicionar valor às demandas do Estado.

O uso de infraestruturas compartilhadas por diversos entes públicos, quer dos ativos urbanos e

mobiliário público, quer das bases de dados controladas pelo próprio Estado, implicará em economias

significativas por parte do poder público. A monetização dos ativos de dados do governo, poderá trazer um

incremento e disponibilizar recursos ao Estado. Não considerando ainda todo potencial de geração de

benefícios à sociedade.

12.8 - Os municípios são os espaços onde os benefícios com implantação do ecossistema de M2M/IoT são

descritos como os mais imediatos. Os estados, por sua vez, podem usufruir desse ambiente na melhoria da

prestação dos seus serviços. Já a União tem desafios, sobretudo logísticos, em que a aplicação de tecnologia

e inteligência de dados é fundamental para tornar mais eficientes setores como energia, transporte e saúde,

por exemplo.

Questão não foi compreendida.

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12.9 - Quais são as principais áreas de aplicações de IoT que podem melhorar os serviços públicos ou a

gestão pública nas diferentes esferas?

Todos os setores econômicos e sociais se beneficiarão com o emprego de soluções baseadas no

monitoramento, coleta e na análise de dados de forma rápida e em larga escala. A aplicação das novas

tecnologias é viável em quaisquer setores. O crítico é a definição das prioridades em termos de políticas

públicas, voltadas às funções primordiais do Estado – a exemplo das áreas de saúde, educação, segurança

pública, mobilidade urbana, saneamento básico, etc.

12.12 - Na busca pelo desenvolvimento do ecossistema de IoT, qual deveria ser o papel das parcerias

público-privadas (PPPs)?

Uma importante ferramenta nesse processo de desenvolvimento são as Parcerias Público-Privadas.

Elas podem permitir a agregação de maior inteligência aos processos tradicionais de gestão pública. A título

de exemplo, o Município em parceria com o Estado poderia oferecer, via edital, a exploração da iluminação

pública com a agregação de outros serviços, como controle de trânsito e segurança pública, em um processo

único de contratação. Aos entes estatais interessa principalmente a prestação dos serviços, mas a agregação

de tecnologia pode e dever ser requisito importante na seleção de projetos, para além dos custos associados

à implementação.

12.15 - De que forma as soluções demandadas pelo governo devem ser especificadas, buscando, na medida

do possível, aproximar a demanda brasileira da que seria uma demanda em um mercado internacional,

facilitando uma posterior exportação dos bens e serviços?

É fundamental que as demandas governamentais sigam aos padrões estabelecidos

internacionalmente, evitando-se assim a criação de soluções especificas que só podem ser utilizadas no País,

e que ao não seguir padrões estabelecidos restringe as empresas a um mercado muito menor e encarece

seu desenvolvimento. Uma das características intrínsecas do sistema de IoT é ser um ecossistema de

abrangência global.

13. Assuntos Regulatórios

É sabido que o desenvolvimento e o avanço da IoT no Brasil exigirão um grande trabalho de

colaboração entre os distintos entes governamentais e a indústria, assim como investimentos substanciais

em tecnologia e infraestrutura. Entretanto, um dos pontos mais sensíveis nesta discussão, que poderá auxiliar

ou estagnar o florescimento/evolução da IoT, é a questão da regulação.

A IoT é uma tecnologia emergente e, como tal, está constantemente apresentando novos modelos

de negócio e desafios ao longo do seu desenvolvimento. Outrossim, deve-se ressaltar a extensa e não-

taxativa gama de aplicações que alcança e auxilia os mais diversos setores da economia, por exemplo, do

setor de saúde ao setor de entretenimento; assim como os diferentes tipos de interações (que abarcam

interações entre dispositivos e pessoas e dispositivos com outros dispositivos). Desta forma, verifica-se que

não é possível enquadrar a IoT em uma regulamentação específica. Por esta razão, é primordial que o Brasil

ofereça um ambiente regulatório flexível que garanta total suporte para o desenvolvimento da Internet das

Coisas e crescimento da economia digital, harmonizando-se com os regulamentos já existentes.

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Cumpre ressaltar que uma proposta de regulamentação específica para IoT poderá causar sua

fragmentação, dificultando a interoperabilidade entre dispositivos e a agregação de dados entre distintas

plataformas. Aqui faz-se necessário salientar que alguns setores da economia (energia, financeiro,

transporte, entre outros) já possuem regras – de natureza consumerista, regulatória, etc. – aplicáveis à IoT

que asseguram sua operação e conformidade. Ou seja, defende-se aqui a harmonização da regulação

vigente nestes diferentes setores da economia brasileira aos respectivos produtos e serviços de IoT. Tal

medida nos parece suficiente para guiar o desenvolvimento deste mercado ao longo dos próximos anos,

afastando a necessidade de edição de regulamentação própria.

Propor a regulamentação de algo dinâmico e inovador como IoT pode paralisar sua evolução no

País. Não se deve olvidar que boa parte das aplicações que auxiliarão o desenvolvimento da economia, assim

como da própria sociedade, ainda não foram inventados. Logo, a criação de um arcabouço regulatório

universal e estático, que se apresente como uma fotografia do período no qual foi criado, poderá tornar-se

mais onerosa do que se imagina, ao inibir e/ou privar a inovação e a fusão de setores, ensejando a criação

de novos setores da economia, além dos benefícios para a sociedade.

É importante ressaltar que a propositura de uma regulamentação específica deve estar baseada em

decisões e recomendações fundamentadas em rigorosa análise econômica e empírica, tendo como objetivo

resolver questões específicas e persistentes que afetem e prejudiquem determinado setor da economia. Da

mesma forma, esta decisão também deverá estar embasada em evidências e não em especulação. Quer

dizer, a intervenção do Estado deverá ocorrer apenas quando o próprio mercado não conseguir solucionar

uma questão prejudicial e persistente.

Contudo, não é este o cenário que se delineia no Brasil. Pelo contrário, os produtos e serviços de

IoT são utilizados em uma miríade de setores da economia e o seu ecossistema ainda está em

desenvolvimento. Ou seja, não são identificados pressupostos que possam ensejar a necessidade de criação

de uma regulamentação própria para IoT.

Com relação aos padrões a serem utilizados neste ecossistema, nosso entendimento é que os

mesmos devem ser voluntários e guiados pela indústria à medida que novos produtos e práticas que

atendam às necessidades dos usuários são desenvolvidos. Da mesma forma, as normas técnicas, de

interoperabilidade e de segurança não devem vir do Estado, mas sim, devem ser determinadas pelas

empresas e pelo mercado.

Em suma, sugere-se a harmonização do arcabouço regulatório existente nos diferentes setores da

economia as aplicações de IoT por entendermos ser prematuro e prejudicial propor uma regulamentação

específica para este ecossistema.

Objetivo: Identificar as possíveis questões regulatórias (incluindo questões fiscais e tributárias) que

necessitam de criação ou alteração de legislação ou regulamentos para que os negócios que envolvam

comunicação M2M/IoT possam se desenvolver.

13.1 - Segundo o Decreto n. 8.234/2014, são considerados “sistemas de comunicação máquina a máquina

os dispositivos que, sem intervenção humana, utilizem redes de telecomunicações para transmitir dados a

aplicações remotas com o objetivo de monitorar, medir e controlar o próprio dispositivo, o ambiente ao seu

redor ou sistemas de dados a ele conectados por meio dessas redes”. As atividades inerentes a um sistema

IoT, de ponta a ponta, abrangem tanto serviços de telecomunicações quanto serviços de valor adicionado

(“SVA”), nos termos da Lei Geral de Telecomunicações (Lei n. 9.472/97 – LGT), assim definidos:

- Serviços de telecomunicações como o “conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação”,

entendendo-se, por telecomunicação, a “transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios

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ópticos ou qualquer processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou

informações de qualquer natureza” (LGT, art. 60);

- Serviços de Valor Adicionado (SVA) como a “atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações

que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento,

apresentação, movimentação ou recuperação de informações” (LGT, art. 61)

Por exemplo, os serviços de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento veicular, são compostos por: (i)

um serviço de telecomunicações que dá suporte à conexão entre os equipamentos embarcados nos veículos;

e (ii) um serviço de valor adicionado correspondente ao rastreamento propriamente dito e análise dos dados

gerados pelos equipamentos embarcados nos veículos.

As dúvidas surgem quando a comunicação não fica restrita à IoT, permitindo adicionalmente o uso de

serviços de telecomunicações pelos proprietários das “coisas”. Partindo do exemplo anterior, seria o caso de

um sistema de rastreamento que também disponibilizasse a conexão à internet para comunicação do

usuário do veículo com outros usuários dos serviços de telecomunicações. Nesse caso, a empresa de

Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento atuaria como uma revendedora de serviço de

telecomunicações, o que demandaria a obtenção das autorizações necessárias junto aos órgãos

competentes.

Nesse contexto, questiona-se:

● Esse enquadramento regulatório é adequado? Ele traz problemas ou limitações para os sistemas

IoT?

A conectividade é inerente ao mundo de IoT, mas esta conectividade não como objetivo primordial

o estabelecimento de comunicação da forma como conhecemos hoje (exclusivamente entre pessoas), mas

sim a comunicação entre objetos conectados. Todavia a regulamentação pátria foi feita em um outro

contexto e cenário, no qual não existia o potencial de conexão máquina-a-máquina como passamos a

conhecer a partir do desenvolvimento da tecnologia da IoT. Neste sentido, a avaliação do Ministério está

correta em relação ao desafio do equivocado enquadramento dos dispositivos de IoT como revenda de

telecomunicações, pois não se trata de oferta de conectividade como objeto da comunicação entre pessoas,

mas sim oferta de conectividade para comunicação entre dispositivos conectados.

No exemplo utilizado pelo Ministério, a empresa de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento

deverá, obrigatoriamente, solicitar uma outorga para prestação de serviços de telecomunicações à Agência,

sujeitando-se a todos os requisitos e obrigações dispostos nos regulamentos em vigor sobre o tema.

Neste sentido, é fundamental que sejam feitos ajustes no ambiente regulatório das

telecomunicações de modo a garantir a oferta de produtos, equipamentos e serviços baseados na oferta de

conectividade para IoT, para que esta oferta não seja configurada como uma revenda de telecomunicações.

O que se defende é a revisão da regulamentação, evitando a criação de uma outorga específica

para IoT, mas que a conectividade atrelada à IoT não seja considerada/caracterizada como uma revenda de

serviços de telecomunicações, ou seja, que a regulamentação seja flexibilizada para as ofertas de IoT. Desta

forma afastamos barreiras que possam prejudicar o pleno desenvolvimento do ecossistema, e contribuímos

para o processo de inovação e surgimento de novos modelos de negócios.

A definição de IoT presente no Decreto n. 8.234/2014 é suficiente e adequada ou ela impede

o desenvolvimento de alguma atividade?

O Decreto hoje traz a seguinte definição:

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“Art. 1º Para fins do disposto no art. 38 da Lei nº 12.715, de 17 de setembro de 2012, são

considerados sistemas de comunicação máquina a máquina os dispositivos que, sem intervenção humana,

utilizem redes de telecomunicações para transmitir dados a aplicações remotas com o objetivo de monitorar,

medir e controlar o próprio dispositivo, o ambiente ao seu redor ou sistemas de dados a ele conectados por

meio dessas redes.”

Entendemos ser recomendável a supressão do termo “sem intervenção humana” do texto do

Decreto. O universo de IoT não é e nem será único, sob uma mesma arquitetura de sistema ou topologia de

rede. A ausência completa do elemento humano no processo de controle e atuação sobre o sistema pode

não ser válido a toda situação.

Entendemos que a manutenção do termo levará apenas aos sistemas completamente

automatizados os benefícios de uma política pública de estímulo ao setor, excluindo todos os demais.

Também poderá levar à insegurança jurídica, dificultando a implementação de sistemas de IoT no mercado.

● Há a necessidade de se estabelecer um enquadramento regulatório de acordo com o nível de

interação humana nos dispositivos M2M/IoT?

Não acreditamos que o nível de intervenção humana seja critério técnico para se estabelecer o

enquadramento do M2M / IoT. Alguns sistemas necessariamente demandarão maior grau de atuação

humana, outros tenderão a operar autonomamente. Às vezes é salutar que um mesmo sistema possua essa

flexibilidade.

A título de exemplo, um agricultor pode programar seu sistema de irrigação para atuar sobre a

lavoura sempre que determinados parâmetros (umidade do ar e do solo, temperatura, exposição à radiação

solar etc.) forem atingidos ou simplesmente ser informado sobre tais variáveis e decidir ele sobre como

proceder.

● A figura do Mobile Virtual Network Operator (“MVNO”), prevista atualmente na regulamentação

setorial, deve ser tratada para verificar a necessidade de cobrir eventuais lacunas na atuação dos

agentes em sistemas IoT, levando em consideração os impactos na regulação?

O MVNO é um modelo de oferta de serviços de telecomunicações nos mesmos moldes das

operadoras tradicionais, sem a existência de uma infraestrutura de rede própria. Os sistemas de IoT se

valerão, na medida em que fizer sentido, das empresas que possuírem melhores ofertas comerciais.

Não deveria ser condição necessária a eventuais prestadores de serviços e aplicações baseadas em

IoT a obtenção de qualquer licença para prestação de seus serviços.

● Faz sentido ter um arcabouço regulatório especifico para IoT/M2M?

Não deveria haver regulação específica para IoT. Da mesma maneira, os serviços de

telecomunicações hoje existentes deveriam passar por um processo de desregulamentação profundo. O

foco regulatório deveria se concentrar na oferta de infraestrutura.

● O conjunto de dispositivos que requeiram conectividade deveria ter um arcabouço regulatório

próprio, visto que as complexas obrigações das operadoras e os diretos e deveres dos usuários dos

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serviços de telecomunicações muitas vezes são inconsistentes no cenário de conectividade de

máquinas?

Não deveria haver regulação específica para IoT, conforme destacado na questão anterior.

● O eventual roaming internacional permanente (p.ex., chips de dispositivos operando no Brasil mas

conectados permanentemente à operadoras de outros países) deveria passar a ser permitido?

Sim, a eliminação de barreiras à troca internacional de dados é fundamental para expansão da

Internet das Coisas. O roaming internacional é uma opção que deve ser aberta aos prestadores, cuja adoção

efetiva naturalmente estará sujeita a uma racionalidade econômica subjacente.

● A permissão de utilização comercial das faixas de radiofrequência dos “espaços brancos” (White

spaces) seria uma alternativa para a comunicação entre dispositivos M2M/IoT?

A Internet das Coisas não se caracteriza por um modelo único para topologia de rede,

desconectado do que já está implementado. Raríssimos serão os casos em que redes exclusivas sejam

necessárias, por conta da criticidade da operação ou demandas de segurança.

A Internet das Coisas não terá um único meio de comunicação, mas provavelmente uma

combinação de bandas múltiplas, aliando banda estreita e larga a depender do modelo a ser usado. Também

serão distintas as demandas quanto à disponibilidade de rede, em alguns casos muito alta, e em outros com

longos períodos sem comunicação.

Dada a complexidade e heterogeneidade das redes e demandas, cremos ser importante a abertura

da possibilidade de uso de qualquer meio, sem o estabelecimento de faixas ou blocos de frequência

eventualmente exclusivos à Internet das Coisas.

A arquitetura do sistema indicará qual topologia de rede fará mais sentido ou qual combinação de

redes seria mais apropriada. Além disso, o aumento de dispositivos e dados exigirá maior capacidade técnica

para lidar com a comunicação quase constante e armazenamento de dados. Assegurar a disponibilidade e

o acesso a um espectro adequado - licenciado ou não-licenciado, fixo, terrestre ou por satélite - para facilitar

as capacidades de rede sem fios tornar-se-ão cada vez mais importantes. Não há a necessidade de criação

de categorias específicas para a implementação dos serviços de Internet das Coisas.

Deve-se ressaltar, ainda, que a necessidade de aumentar a capacidade técnica pode implicar em

preocupações com a neutralidade da rede, uma vez que o aumento da utilização dos dados representa uma

oportunidade para o estrangulamento e para as práticas de gestão da rede. O Estado deve assegurar que a

demanda por maior capacidade seja gerenciada de forma a manter uma Internet livre e aberta.

● Em relação a utilização das faixas de radiofrequência de radiação restrita pelo ecossistema de

M2M/IoT, há necessidade de avaliar alterações regulatórias, considerando seus impactos setoriais?

Respondido no item anterior.

13.4 - A questão de interoperabilidade está intimamente ligada à forma de sua validação ou certificação. O

modelo de certificação para IoT deve garantir que toda a solução seja interoperável garantindo ao usuário

final a fruição do serviço/aplicação que escolheu. Dentre as formas de certificação, compulsória ou

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voluntária, em sua opinião, qual se mostra mais adequada ao desenvolvimento do ecossistema de IoT no

Brasil? Justifique.

Os processos de certificação e homologação são práticas consolidadas e seguramente

permanecerão como regra. Contudo, um maior alinhamento do País às práticas internacionais tornaria

menos oneroso trazer soluções ao Brasil. A implementação efetiva de Mutual Recognition Agreements

(MRA) para as diversas soluções de IoT seguramente reduzirá o tempo de chegada a mercado de produtos

e serviços e seus custos associados.

13.5 - Considerando aspectos regulatórios e de legislação, existem outras questões relevantes que devem

ser observadas para um completo diagnóstico da IoT no Brasil?

A competitividade do setor passa por diversos campos e tratamos de forma difusa ao longo da

contribuição. Em verdade não são temas exclusivos ao IoT, mas abarcam a competitividade do País como

um todo. Listamos algumas áreas críticas que não podem ser esquecidas nesse processo:

Estímulo ao interesse pelas ciências exatas e tecnológicas nos ensinos fundamental e médio;

Formação de mão-de-obra técnica versada nos desafios trazidos por uma economia digital;

Estímulo à participação do País em organismos internacionais de padronização;

Simplificação da legislação trabalhista;

Profunda reforma tributária e fiscal, com simplificação dos processos e diminuição do número

de impostos e contribuições;

Redução da carga tributária total;

Reconhecimento efetivo dos certificados internacionais de homologação e certificação;

Diminuição da carga regulatória sobre os serviços de telecomunicações atuais;

Uso intensivo das Parcerias Público-Privadas na expansão do uso de IoT.

13.6. Qual impacto a carga tributária do Brasil pode ter sobre o ecossistema de Internet das Coisas?

A carga tributária no País é elemento crítico em decisões de investimento. Não apenas o peso

absoluto dos impostos é elevado, como a diversidade de impostos e contribuições de toda a sorte tornam

complexa a simples apuração do que é devido. Muitas vezes há inclusive conflitos de competências,

notadamente entre estados e municípios. Não por outra razão, muitos investimentos somente se justificam

no País se subsidiados de forma significativa.

Uma profunda reforma tributária, com simplificação no número de tributos e alguma diminuição

da carga total é importante para a economia como um todo. No tocante ao IoT em especial, os incentivos à

manufatura local, aplicáveis ao setor, trazem os cálculos dos custos tributários a patamares mais razoáveis,

mas os recentes painéis contra o Brasil, em fase final na Organização Mundial do Comércio (OMC) geraram

dúvidas quanto a sua continuidade.

A conectividade ou os serviços de conexão e rede são especialmente importantes e uma área que

demanda profunda análise e revisão tributária. Segundo a consultoria Teleco14, o País tem a maior carga

tributária no mundo para o setor, atingindo uma média de 43,6%. Em alguns estados, as cargas em

telecomunicações ultrapassam os 60% do valor total cobrado nas contas apresentadas aos usuários finais.

Nesse momento de crise econômica, vários estados chegaram mesmo a aumentar suas alíquotas de ICMS

sobre telecomunicações.

14 http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialtrib/pagina_1.asp

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Não parece razoável o estímulo efetivo ao setor sem que as condições de contorno no campo

tributário e fiscal sejam alteradas.