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Ciadania e Inclusão

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Revista do Ministério da Ciência e Tecnologia

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E sta publicação é um resumo do trabalho do Minis-tério das Comunicações nos últimos dois anos. É também uma das formas que encontramos de in-formar à sociedade sobre o que está sendo feito

em prol dos consumidores que utilizam os serviços de te-lecomunicações, e como o dinheiro dos impostos está sen-do investido pelo Governo Federal neste ramo tão impor-tante para o Brasil.

A principal novidade é a TV Digital que vai chegar aos lares dos brasileiros, a partir de dezembro de 2007, de for-ma gratuita e com acesso irrestrito para a toda a popula-ção. Preparamos uma reportagem especial contando todos os detalhes desta nova tecnologia que vai revolucionar para sempre a forma de ver TV em nossas casas. Ainda neste ano vamos contar com a digitalização do rádio, que vai depu-rar perfeitamente o som e fazer renascer a indústria do se-tor no Brasil.

Outro projeto em pleno andamento é o Programa de In-clusão Digital. Estamos conectando todos os 5.565 municí-pios do país à internet banda larga (alta velocidade), permitin-do acesso gratuito a serviços como IPTV e Voip – televisão e telefonia via internet. Mais importante ainda é a conexão nas 142 mil escolas públicas federais, estaduais e municipais. Há escolas pelo país afora que sequer têm energia elétrica.

Também estão sendo conectadas as tribos indígenas e comunidades quilombolas, que muitas vezes ainda permane-cem isoladas sem quase nenhuma infra-estrutura. Outra boa notícia é a aplicação, pela primeira vez desde a privatização das empresas telefônicas, do FUST (Fundo de Universaliza-ção de Serviços de Telecomunicações). Como relatamos nes-ta publicação, foi uma longa batalha para usar estes recursos. Dos oito projetos apresentados, o primeiro já começou a ser implantado em entidades voltadas a pessoas com defi ciência. Esperamos que a próxima vitória seja a aprovação pelo Con-gresso Nacional da proposta do Telefone Social, que reduz pela metade o preço da assinatura básica da linha de telefo-ne fi xa para milhões de brasileiros de baixa renda.

Projetos como esse e muitos outros são as novidades que mostraremos nas páginas seguintes, e que certamente vão de alguma forma mudar a vida de todos nós. Afi nal, estamos no século das grandes transformações tecnológicas e uma das mais rápidas acontece com as comunicações. Esperamos, acredita-mos e trabalhamos para que estas mudanças ajudem a cons-truir um mundo melhor para nossas famílias, nossos fi lhos, e para o nosso querido Brasil.

ED I TOR IAL

Comunicação para integrar e crescer

Hélio CostaMinistro das Comunicações

e Senador da República licenciado

Revista do Ministério das Comunicações

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Ministro de Estado das ComunicaçõesHélio Costa

Chefe da Assessoria de Comunicação Social

Francisco Câmpera

Coordenador Editorial e GráficoGino Carneiro

EditorasAdriana Aviz Zélia Ferreira

Reportagem e RedaçãoAugusto Henriques

Carla GouvêaCristina Ellery

Danyella ProençaEider Moraes

Rafael Bitencourt

EstagiáriosAnna Karla de Medeiros Dantas

Dora Maria Severo AraújoFabrício Fernandes

Herivelto ReisRenato Dias de OliveiraRodrigo Sales de FariasVitor Borsari Jerônimo

Fotógrafos Anderson SchneiderFabrício Fernandes

Projeto Gráfico e EditoraçãoWender Alves Paderes

Esta revista é uma publicação do Ministério das Comunicações

Endereço: Esplanada dos Ministérios

Bloco “R” - CEP 70044-900 • Brasília-DF

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OuvidoriaE-mail: [email protected]

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Assessoria de Comunicação SocialE-mail: [email protected]

Telefone do Ministério das Comunicações(61)3311-6000

ÍND ICE

06 CIDADES DIGITAIS - Cidade de Tiradentes (MG) disponibiliza sinal de internet gratuita para todos

20 FUST - Telefones especiais facilitam a vida de deficientes auditivos

22RÁDIO DIGITAL O rádio brasileiro

terá, em 2008, o modelo digital nas transmissões

EX

PE

DIE

NTE

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ÍND ICE

34 TECNOLOGIA 3G - Terceira geração de telefonia celular vai chegar a todos os municípios do Brasil

10 CIDADES DIGITAIS Projeto oferece internet gratuita a mais de 500 mil pessoas em BH

27 MC trabalha para levar o serviço de telefonia fixa a 22 milhões de famílias de baixa renda

26 Projeto Giga cria rede de alta capacidade de tráfego, com flexibilidade, qualidade e velocidade

12 Gesac democratiza ainda mais o acesso à rede mundial de computadores

24 Telecentros vão agilizar e economizar nos processos de diagnósticos médicos

36 Hélio Costa esclarece dúvidas sobre projetos do Ministério das Comunicações

28 As rádios comunitárias levam cidadania à população e a comunidades isoladas

16 TV DIGITAL - Tecnologia vai mudar a maneira como o brasileiro assiste à televisão

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38 Atletas patrocinados pelos Correios ganham ouro no Pan 2007

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Projeto leva sinal de internet sem fio gratuitamente para toda a cidade histórica de Tiradentes

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CIDADES DIGITAIS

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Cidade conectada

Cidade conectada

Você já imaginou como seria uma cidade inteira conectada à internet sem fio? Com acesso gratuito nas praças, parques, escolas, hospitais e delegacias? É difícil, sobretudo em um país onde mais de 70% da população nunca acessou a rede. Mas essa cidade existe. E fica no interior do Brasil. A cidade barroca de Tiradentes (MG) foi escolhida para sediar um dos projetos-piloto do Programa Cidade Digital.

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CIDADES DIGITAIS

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Atualmente, Tiradentes comemo-ra a implementação da segunda etapa do projeto, que é a expansão da rede de internet por toda a cidade, o que gerou uma situação curiosa. Tomba-da pelo Patrimônio Histórico Nacio-nal, a cidade é uma das poucas do Brasil onde o centro histórico parece ter sido congelado no tempo. Nesse mesmo lugar, contudo, qualquer um pode abrir um laptop e se conectar ao mundo. “Tiradentes serve como mo-delo para podermos implantar o mes-mo projeto em outras cidades turísti-cas com menos de 15 mil habitantes. Normalmente, as grandes empresas ou companhias telefônicas não se in-teressam em investir em municípios menores. Por isso o governo vai co-nectar todos os municípios do Brasil à internet banda larga. A prioridade será a conexão nas escolas públicas fede-rais, estaduais e municipais”, afirma o ministro Hélio Costa.

A experiência tem dado resultados tão bons que sobram exemplos na pe-quena cidade, com cerca de sete mil habitantes. Aos 8 anos, Larissa dos San-tos Reis pode dar seu testemunho du-rante horas, principalmente se for para convencer o pai Geraldo, que trabalha como caseiro, e a mãe Roseli, profes-sora da rede municipal, a comprar um computador.

Se o alvo forem os professores, para deixá-la na sala de informática depois

da aula, os argumentos não acabam. “A Larissa gosta e tem tanta habilidade que estamos juntando dinheiro para com-prar um computador para ela e para o irmão no fim do ano”, diz Roseli. “Se não fosse a escola, a minha filha nun-ca teria acesso a esse mundo novo”. De acordo com Hérice Glayse Concei-ção, diretora da Escola Municipal Ma-rília de Dirceu, de 1ª a 4ª série, onde

A coordenadora do projeto Tira-dentes Digital, Karine Adriane de Oli-veira, está entusiasmada com os re-sultados. A venda de computadores aumentou, a quantidade de pessoas na rua diminuiu significativamente e o número de usuários dobrou em um ano. “Eu nunca imaginei que isso fos-se acontecer”, diz Karine. “Virou uma febre na cidade”. A doceira Célia Ma-ria Campos, 65 anos, por exemplo, am-pliou seu negócio. Antes de ter aces-so à internet, ela produzia de 30 a 40 potes de doces por mês. Com o aces-so à rede, ela criou seu próprio site, aumentou a produção para 150 potes e ainda envia encomendas para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Pau-

Cidade assiste a boom de usuários, de acessoslo. “Temos uma van que toda semana vai até BH carregada de produtos”, con-ta Célia. “Levam os meus doces e mer-cadorias de outros moradores”. A ser-vidora pública Fabíola Alvez, 20 anos,

acha difícil enumerar as facilidades para sua vida. A internet facilitou os estudos no curso técnico em Gestão Empresa-rial, o trabalho na prefeitura e ampliou sua visão de mundo. “Eu não tenho cos-tume de comprar jornais todos os dias, mas agora eu consigo me manter infor-mada em tempo real. Estou viciada em notícias”, diz.

Além da conexão gratuita em todos os pontos da cidade, o Ministério das Co-municações distribuiu dez computado-res por escola, no total de 40 máquinas. Também haverá mais 40 computadores em postos de saúde, telecentros, no cen-tro de turismo e outros órgãos públicos. O projeto inclui ainda o telecentro insta-lado pelo MC em convênio com a Pre-

Além de escolas,o projeto também

beneficia postosde saúde,

telecentros e pontos de turismo

Larissa estuda, os computadores cria-ram um novo ritmo na escola. Cerca de 80% dos professores estão termi-nando o curso Educação e Informáti-ca para aproveitar ao máximo a nova ferramenta. Ao todo, são 25 computa-dores na escola – 10 doados pelo Mi-nistério das Comunicações e 15 pelo Ministério da Educação, considerados suficientes para os 380 alunos.

Universo da informática incentivou ainda mais o interesse dos alunos pelos estudos

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ResultadosTiradentes foi a primeira cida-

de do país a operar com a tecnolo-gia Wireless Mesh, rede de comuni-cação sem fio que, em Tiradentes, é gratuita em todos os pontos da cida-de. A principal diferença da internet

e vendas no segmento de informáticafeitura Municipal de Tiradentes. Além da prefeitura, são parceiros do MC os ministérios da Educação e da Saúde; a Universidade Federal de Ouro Preto e empresas privadas como a TVA, que oferece cursos de informática em CDs auto-explicativos e programas de edu-cação a distância. Passou o período pi-loto. Agora estão sendo colocadas mais duas antenas, porque há horas em que o congestionamento é muito grande e dificulta o acesso. O objetivo da pre-feitura de Tiradentes é acabar com to-dos os buracos na conexão.

O êxito do projeto Cidade Digital já ultrapassou as frontei-ras do Brasil e chegou à Ásia. Em uma visita rápida a Tiradentes e Belo Horizonte, o vice-prefeito de Almaty (Cazaquistão) anun-ciou que pretende implantar na cidade o mesmo projeto minei-ro, pois as necessidades de lá são muito parecidas com as brasilei-ras. “Gostamos muito do que vi-mos”, disse ele. Seis outras cida-des vão receber o projeto-piloto das Cidades Digitais. Por meio de um convênio com a Funda-ção Euclides da Cunha, da Uni-versidade Federal Fluminense, no valor de R$ 9 milhões, serão incluídas as cidades de Almenara (MG), Lavrinhas (SP), Garanhuns (PE), Cacique Double (RS), Ci-dade de Goiás (GO) e Pindora-ma (TO). Atualmente, o projeto funciona nas cidades de Tira-dentes, Ouro Preto, Belo Hori-zonte (MG) e em Piraí, no Rio de Janeiro.

País exportamodelo de inclusão

para a Ásia

Nas escolas de Tiradentes, os computadores deram um novo ritmo ao aprendizado

Uso da internet facilita a participação em cursos

e as vendas de mercadorias online

paga é que as operadoras de telefo-nia só levam acesso até os pontos lu-crativos. No caso do governo, não. O projeto do MC é levar internet ban-da larga a todos os municípios brasi-leiros, principalmente àqueles mais pobres e distantes.

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Quando decidiram mudar a capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizon-te, Afonso de Lima Júnior, então governa-dor interino de Minas Gerais, declarou: “Belo Horizonte tornou-se o cérebro de Minas”. Passados mais de cem anos, BH é hoje um dos cérebros do Brasil e uma das poucas capitais do país a usar a tecno-logia em ampla dimensão. A Rede Muni-cipal de Informática (RMI), por exemplo, interliga 10 mil computadores nos órgãos da prefeitura, laboratórios de informática em escolas municipais e centros de saú-de, por meio de fibra ótica. Foi justamen-te essa experiência que levou o Ministério das Comunicações a assinar uma parceria com a prefeitura da capital mineira para testar a tecnologia WiMax. Isso significa banda larga de alta capacidade, tanto de velocidade quanto de alcance, em cone-xão sem fio feita por antenas. E o mais importante: o custo é menor do que o da internet por satélite e a qualidade, maior. O projeto será ampliado para todas as ca-pitais do país.

Quase meio milhão de moradores estão sendo beneficiados pelo progra-ma BH Digital. O MC distribuiu qua-tro mil terminais para o atendimento a 256 pontos, associações de bairro, igre-jas e organizações não-governamentais, 100 escolas, 50 órgãos da administração municipal e telecentros. Aos poucos, o ministério, em parceria com a prefeitu-ra de BH e diversas empresas privadas, tem construído uma grande rede de in-clusão digital na capital. O projeto teve início em 2005 e tem como objetivo co-brir 95% da área da cidade, deixando

de fora apenas as regiões de preserva-ção ambiental. O custo total do BH Di-gital está estimado em cerca de R$ 4,3 milhões, contrapartida de 19% da prefeitura.

Mas Belo Horizonte não é a única cidade no estado a se moder-nizar. Em outra parceria, nesse caso com o governo de Minas Gerais e o Ministério do Desenvolvimento So-cial e Combate à Fome, o MC par-ticipa do Cidadão.Net. Esse projeto foi criado há três anos e dá acesso às novas tecnologias da informação e da comunicação às comunidades do Norte de Minas, Vale do Jequitinho-nha, Vale do Mucuri, parte do Vale do São Mateus e região central de Minas. Já são 110 telecentros – centros com computadores e acesso gratuito à rede – em 104 municípios.

O telecentro do projeto Cidadão.Net é um espaço equipado com cerca de 10 computadores novos, conectados em rede e com acesso à internet via sa-télite e aplicativos em software livre, par-ceria com a Universidade Federal de Mi-nas Gerais (UFMG). Essa foi a forma que os governos encontraram para capacitar os cidadãos e permitir que cada brasilei-ro, independentemente da classe social, tenha condições de processar e produzir conhecimentos usan-do as novas tecnologias.

BH Digital leva interneta meio milhão de pessoas

Caroline Queiroz e Nilson Rocha são agentes fundamentais para o sucesso da inclusão digital em Minas Gerais

CIDADES DIGITAIS

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Dois testemunhos de uma revoluçãoImplementadores atuam ativamente em programas de inclusão digital e falam sobre este avanço e seus benefícios em Minas Gerais

“Há quatro anos a maioria dos mu-nicípios do Norte e Nordeste de Minas Gerais não possuía qualquer estrutura de acesso ao computador e à internet. Os telecentros trouxeram, além des-se acesso, uma oportunidade para as pessoas ampliarem seus horizontes e buscarem a melhoria de suas vidas. O que acho legal no projeto é a presença constante da comunidade, seja como usuário do telecentro, multiplicador (educador.net) ou membro do Comi-tê Gestor do Telecentro. Atuar no Ci-dadão.Net desde a sua concepção é uma grande satisfação para mim, pois

posso participar de ações que me fa-zem acreditar cada vez mais que a in-clusão digital é realmente necessária e traz grandes benefícios. No entanto, os benefícios trazidos pela inclusão di-gital só podem ser identificados a mé-dio e longo prazos, pois existe um mo-mento, que deve ser respeitado, para a comunidade conhecer as tecnologias e aprender a utilizá-las. Somente de-pois elas conseguem enxergar o uso significativo do computador e da inter-net. Essa é a melhor parte: sentir que as pessoas da comunidade estão com-preendendo, aos poucos, o verdadei-ro significado da inclusão digital, que é aliar o uso das tecnologias à habili-dade de ter boas idéias, compartilhar com a comunidade e colocá-las em prá-tica. Mas a comunidade só descobrirá o valor do uso significativo das tecno-logias se existir uma ação contínua de mobilização e capacitação das pesso-as envolvidas. Assim, coordenar o Ci-dadão.Net tem sido uma experiência fascinante, pois me permite participar de uma política pública séria e com-prometida com a melhoria de vida de muitas pessoas.”

“Vai fazer um ano que estou no programa e já visitei mais de cem pontos do Gesac. E percebi que ele está revolucionando a forma de pen-sar e agir de muitas comunidades, proporcionando o crescimento e fa-zendo com que elas tenham uma nova visão do mundo. Vi também que vários pontos adotaram o uso de ferramentas livres, que proporcionam a utilização de máquinas muitas ve-zes inutilizáveis por muitos softwa-res. Assim, fazemos a meta-recicla-gem e economizamos recursos. A grande maioria dos pontos que vi-sitei usa também a internet para co-mercialização dos produtos artesa-nais. Eles criam sítios para mostrar a cultura e pontos turísticos da co-munidade, envolvem os jovens com trabalhos de desenvolvimento social, entre muitas outras coisas. Um dos pontos mais legais que conheci foi na Escola Estadual Silviano Brandão, de Ensino Fundamental e Médio. A

Associação de Pais, Alunos e Mes-tres tem parceria com os professo-res para que todos os alunos façam pesquisas depois da aula. Eu fiquei surpreso com a galerinha da 3ª sé-rie fazendo o minicurso de compu-tação. O que mais chama a atenção é que tudo isso ocorre em um dos bairros mais violentos de Belo Ho-rizonte. A visita mais emocionante de todas foi em um ponto na cida-de de Jequitinhonha. Lá tem um se-nhor de 68 anos aprendendo a usar o computador, telefone pela inter-net e todas as outras ferramentas. Pa-rei para conversar com ele um pou-co e ele me disse que estava doido para aprender porque queria conver-sar com a filha. Ela mora em outra cidade e eles não se falam há mui-to tempo.”

Nilson Rocha, implementador do Gesac em Belo Horizonte e nas regiões

Norte e Nordeste de Minas Gerais

Caroline Queiroz, coordenadora do Programa Cidadão.Net. e gerente da Secretaria de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas Gerais (Sedvan)

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Militares da Marinha, que ser-vem no posto da Ilha de Trindade, agora têm acesso à internet banda larga. Para eles, que estão a 1.167 quilômetros de Vitória (ES), a possi-bilidade de navegar na rede 24 ho-ras por dia não é luxo. Ao contrário, é uma necessidade, pois garante a atualização mais rápida dos dados meteorológicos, aperfeiçoa a segu-rança nacional e dá aos soldados a oportunidade para concluir seus es-

Programa viabiliza conexão banda larga à rede para escolas, comunidades indígenas, quilombolas, postos militares e regiões carentes

avançado de Salvamento Marítimo. Na ilha, encontra-se o único local do Brasil em que ainda se pode reconhe-cer um cone vulcânico, formado pelo acúmulo de lavas e outros materiais. O local não oferece condições para o turismo, mas é de primordial impor-tância para as investigações científi-cas. A internet facilita significativa-mente essas pesquisas.

Tudo isso é possível por meio do programa Gesac (Governo Eletrônico

tudos à distância. A internet é, tam-bém, um canal de comunicação para matar um pouco da saudade da fa-mília. “Ficávamos até quatro meses sem notícias“, conta o capitão Flá-vio Rocha, encarregado pela Seção de Logística do Comando do 1º Dis-trito Naval.

Além dos militares, a Ilha de Trin-dade abriga o projeto Tamar (que pre-serva as tartarugas marinhas, ame-açadas de extinção) e é um posto

GESAC: passaporte para a cidadaniapela internet

GESAC: passaporte para a cidadania pela internet

INCLUSÃO DIGITAL

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“Estamos fazendouma verdadeira

revolução, levandopara todos os cantos

do país a internetem alta velocidade”

mais que conse-guem comerciali-zar seus produtos pela rede; índios que têm a chan-ce de trocar expe-riências com ou-tras tribos, entre tantos outros be-neficiados. Cada ponto do Gesac alimenta, em mé-dia, seis compu-tadores.

Atualmente, por volta de 2,1 mil municípios são beneficiados com o acesso. A previsão é que todos os 5.565 municípios sejam atendidos e cerca de 20 mil pontos estejam ins-talados até 2008. A novidade dessa ampliação será a conectividade, que

Pescadores lançam osanzóis na rede mundial

Dos 9.462 habitantes do muni-cípio de Morpará, no agreste baia-no, cerca de 40% são de baixa ren-da. Apenas 1.793 tinham acesso à energia elétrica. Nesse cenário, te-levisão é um eletrodoméstico raro; acesso à internet, então, é algo de outro planeta. Aos poucos, o gover-no busca modificar essa realidade. O MC conectou um telecentro na cidade e o Banco do Brasil doou dez computadores para o projeto realizado pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) junto às comunidades pesqueiras.

Em Morpará, 300 pessoas - en-tre pescadores do São Francisco e seus familiares - foram capacitadas e cadastradas para ter acesso à rede. Trata-se de uma revolução, porque o serviço de internet mais próximo da cidade ficava no município de Xique-Xique, a 90 quilômetros de

Em Morpará, comunidade vende produtos e obtém empréstimos bancários no telecentro

distância. Com a internet, os pesca-dores conseguem entrar em contato com outros órgãos públicos, se ins-crever ou solicitar outros programas sociais, além de vender seus produ-tos e até conseguir empréstimos ban-cários. Também passaram a ser co-muns pesquisas sobre o preço do peixe, o ecossistema oceânico, so-bre as condições do tempo e sobre políticas do governo, como o segu-ro-defeso (pagamento de um salário-mínimo por mês durante o período de reprodução das espécies, quando a pesca fica proibida).

Esse mesmo projeto que tan-to beneficia Morpará está presente em todos os estados brasileiros, por meio do Projeto Maré, da Seap. En-tre as dezenas de telecentros espa-lhados pelas comunidades pesquei-ras, estão o do Cururupu, no litoral do Maranhão, onde a conexão só é possível por meio da energia solar; Cabo Frio (RJ); Laguna (SC); Lagoas (MS); Belém (PA); Paranaguá (PR) e em Nísia Floresta (RN). Todas as co-munidades passam por capacitação e aprendem a usar as ferramentas de informática.

poderá ser ADSL, por satélite, cabo, rede sem fio e até mesmo por rede elétrica. A cha-mada conexão sa-telital, bem mais cara, será direcio-nada para as regi-ões mais remotas do país. “Estamos fazendo uma ver-dadeira revolução

no Programa de Inclusão Digital no Brasil, levando para todos os cantos do país a conexão à internet em alta velo-cidade”, explica o ministro Hélio Cos-ta. “A prioridade absoluta é a conexão em escolas públicas e, em seguida, os hospitais, postos de saúde, delegacias e os demais órgãos públicos”.

– Serviço de Atendimento ao Cida-dão), por meio do qual o Ministério das Comunicações tem investido cerca de R$ 37 milhões por ano na instala-ção de pontos de inclusão digital.

A exemplo desse projeto, em tor-no de 3,3 mil pontos de acesso do Gesac estão espalhados por todo o país. Os personagens são crianças e jovens que nunca tiveram acesso ao computador e que, agora, aprendem com a internet; empresários infor-

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Quem tentou acessar o site www.indiosonline.org.br no fim de abril se deparou com o seguinte recado: “Pre-zados visitantes, nosso site teve um enor-me acesso, causando uma sobrecarga no nosso provedor. Estamos resolvendo esse problema de lentidão e quedas suces-sivas. Pedimos desculpas”. Até aí tudo bem. Não é raro encontrar mensagens como esta em páginas da internet. A di-ferença é que esta é uma página constru-ída e abastecida pelos próprios índios. O grande número de acessos inesperados vem de outras tribos e de pessoas que querem conversar por chat ou e-mail, ou mesmo conhecer parte da cultura de sete etnias: Kiriri, Tupinambá, Pataxó-Hãhãhãe e Tumbalalá, na Bahia; Xucu-ru-Kariri e Kariri-Xocó, em Alagoas; e os Pankararu, em Pernambuco.

O site foi construído por essas sete nações indígenas como um canal de di-álogo, encontro e troca. Eles montaram o projeto e conseguiram a conectivida-de com o Ministério das Comunicações, por meio do Gesac. Hoje, há mais de 20 antenas Gesac espalhadas em aldeias no Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Paraíba, Pernambuco e Tocantins. “Usa-mos a internet para trabalhar o que é pre-cário para a comunidade: saúde, água, educação”, explica Carmem Pankara-ru, coordenadora do Fórum Permanen-te de Presidentes de Conselhos Distritais de Saúde Indígena. “Produzimos trocas legais e estamos sendo mais valorizados pelos não-índios”, diz.

“A internet valoriza a cultura indí-gena, porque ela é divulgada na rede. Também é uma forma de melhorar a comunicação, pois a maioria das re-servas é distante dos grandes centros”, diz o ministro das Comunicações, Hé-lio Costa.

De acordo com Carmem Pankara-ru, toda a conexão tem sido usada da melhor forma possível. Os índios estão capacitados a passear pelo mundo vir-tual, usam sites de busca, produzem e divulgam reportagens, lêem jornais e se

Aldeia virtual integranações indígenas

atualizam diariamente. Os jovens são os mais beneficiados. Há uma grande preocupação com a gravidez na ado-lescência, com a Aids e a saúde indíge-na em geral. Além disso, as diferentes etnias passaram a trocar informações com outras tribos. “Estamos abrindo o nosso horizonte. Às vezes, o que es-tamos perdendo é forte em outra co-munidade”, diz Carmem. Os cerca de seis mil índios, por exemplo, que vi-vem na terra Pankararu, mantêm viva sua cultura. O desafio é ajudar os que deixaram sua terra, como cerca de 1,2 mil Pankararus. Aproximadamente 500 deles vivem na favela do Real Parque, próxima ao rio Pinheiros, em São Pau-lo. Os demais estão espalhados por ou-tras favelas da capital paulista. “O ín-dio que sai da terra não deixa de ser índio. Ele precisa ser forte para sobre-viver em meio ao branco”, conta Car-mem Pankararu. “A nossa cultura é o

que nos mantém vivos”, afirma.Os índios acreditam na força en-

cantada (força espiritual) que traça todo o trabalho do ano, a safra, a produção agrícola e a colheita. Eles continuam fazendo seus artesanatos e usando suas ervas medicinais. Mas, com a internet, é possível confirmar as previsões, ven-der o artesanato na Europa e comprar antibióticos. “A tecnologia, que chegou em nossas aldeias, hoje nos proporciona

No município de Barreirinhas (MA), com um dos mais baixos IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, funciona um dos primeiros ter-minais de acesso à internet pela rede elétrica. Um aparelho converte o sinal de acesso para a rede elétrica, que de-pois é transformado por outra máqui-na parecida com um modem. Pronto: a cidade que antes era excluída – por-que levar cabeamento de internet não dá lucro - passará a ser o centro das atenções com o cabeamento de fibra óptica acoplado na rede elétrica. Essa nova forma de levar internet para os lares brasileiros, escolas e hospitais ainda faz parte do projeto-piloto Vila Digital, que custará R$ 1,2 milhão e terá duração de dois anos. “Precisamos testar todas as tecnologias disponíveis, seja satélite, cabo, rádio e agora até a rede elétrica. Nosso objetivo é levar a internet e o desenvolvimento a todas

Conexão à rede pela energia

INCLUSÃO DIGITAL

as localidades do Brasil”, afirma Helio-mar Medeiros, diretor de inclusão digi-tal do ministério.

Com a Vila Digital, o município de 40 mil habitantes - que é a porta de en-trada do Parque dos Lençóis Maranhen-ses, mas que tem pouca infra-estrutura - terá 150 pontos de presença Gesac. Es-ses pontos estarão distribuídos entre es-colas, postos de saúde, órgãos públicos, residências e pequenas empresas. Na Vila Digital, será testada a PLC (Power-Line Communication), tecnologia que usa as redes de transmissão de energia elétrica para transmitir dados, cuja ve-locidade de tráfego pode atingir 2 mi-lhões de bites por segundo (2 Mbps). Uma diferença enorme se comparado aos 56 mil bites por segundo (56 Kb/s) do acesso discado. Outra vantagem é a simplificação do acesso. Em um hospi-tal, por exemplo, é possível trocar um computador de uma sala para outra, se

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A Associação Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira (SP), participou pela primeira vez, em julho de 2006, de uma licita-ção. E ganhou. Hoje, eles forne-cem 4.840 caixas de banana nani-ca, o que equivale a 97 toneladas, para a merenda escolar de estudan-tes de Suzano (SP). É uma vitória para a comunidade, que tem na plantação da banana seu principal produto de sobrevivência. A região abriga 70 famílias de descendentes de escravos de Ivaporunduva, dis-tante cerca de 290 km da capital. Por causa da distância, essa comu-nidade ficou escondida e sem co-municação com o restante do Bra-sil durante décadas. Desde 2004, contudo, o quilombo tem no pon-to Gesac um dos únicos canais de comunicação, o que permite a in-tegração com outras comunidades quilombolas, com os governos lo-cal e federal e novos mercados con-sumidores.

Atualmente, no entanto, um dos desafios é construir com as comuni-dades quilombolas um projeto de re-des de comunicação, com produção de conteúdos em multimídia, além de facilitar o uso de ferramentas para que eles mesmos criem emissoras comunitárias de rádio e televisão. Dando seus primeiros passos, a rede Mocambos já integra 27 comunida-des, entre quilombos e pontos que trabalham com a cultura afro-brasi-leira . O projeto abrange São Pau-lo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambu-co e Rio Grande do Sul.

“Poderemos expandir essa rede em breve, com o apoio do Gesac, Serpro (Serviço Federal de Proces-samento de Dados), Fundação Pal-mares e Instituto Sócio-Ambiental,”, diz Antônio Carlos Santos Filho, co-ordenador da rede Mocambos e da Casa de Cultura Tainã, localizada em Campinas.

Antônio Carlos, conhecido como TC, cresceu em um quilom-bo junto com os seus tios. Hoje

Rede Mocambos reúne 27 comunidades quilombolas

seu trabalho é dedicado a melho-rar as condições de vida das comu-nidades afro-descendentes. Para isso, a Rede Mocambos desenvol-ve ações de geração de renda, ma-nejo sustentável de recursos natu-rais e apropriação de tecnologias de informação e comunicação, como ele mesmo diz. O estímulo ao debate e à formulação de po-líticas públicas que assegurem o desenvolvimento das comunida-des negras também faz parte do trabalho. “Estamos capacitando os jovens, incluindo de fato os exclu-ídos”, diz TC. Mas sua principal bandeira é a titulação das terras quilombolas. “A conexão à inter-net vai nos permitir agilizar esse processo”, afirma.

O Ministério das Comunica-ções pretende incluir digitalmente 15 quilombos até o fim do ano. As comunidades poderão se comuni-car por rádio, telefonia fixa e inter-net. A iniciativa também beneficia-rá doze pontos que trabalham com a cultura afro-brasileira, espalhados por sete estados.

TC acredita que cerca de 400 pessoas serão incluídas digital-mente em cada quilombo. Isso sem falar nos pontos de cultura em áreas urbanas, que já tiveram o processo de instalação conclu-ído. A estrutura necessária para a comunicação, como é o caso dos computadores, vem das parcerias do Programa Gesac com entidades públicas. As comunidades quilom-bolas recebem doações de máqui-nas usadas, que passam por um processo conhecido como meta-reciclagem. Os membros das co-munidades são capacitados, por meio de oficinas, e passam a traba-lhar na montagem e manutenção dos equipamentos. Cada comu-nidade contará com um servidor e até dez computadores. Com a conclusão do projeto, o Ministé-rio das Comunicações estima que cerca de 10 mil pessoas sejam in-cluídas digitalmente.

uma integração com o mundo, ajudan-do a divulgar nosso artesanato através do nosso chat, quando teclamos com os visitantes”, diz Aratykum Pankararu. “O artesanato indígena transformou-se em uma fonte de rentabilidade. O pro-jeto Índios Online, construído a partir da necessidade de comunicação entre as mais variadas etnias indígenas, abriu uma nova linguagem para o mundo, início de uma nova era.

Conexão à rede pela energia

O acesso à internet permite aos índios vender o artesanato que produzem e comprar antibióticos

preocupando apenas com a existência de uma tomada.

O principal objetivo é reduzir cus-tos em obras para uma nova rede de comunicação, pois 98% das residên-cias do Brasil têm acesso à rede elétri-ca. O acesso via satélite, hoje presen-te em todos os pontos Gesac, deverá ser concentrado nas regiões em que os cabos não chegam. Além de Barreiri-nhas, também estão em fase de plane-jamento para os testes na rede elétrica o bairro Restinga, em Porto Alegre, e Candiota (RS); o bairro Bexiga (SP) e Pi-renopólis (GO). Além do MC, também integram o projeto a Eletrobrás (Cen-trais Elétricas Brasileiras), Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil), Cemar (Companhia Energética do Ma-ranhão), Prefeitura de Barreirinhas e a APTEC (Associação de Empresas Pro-prietárias de Infra-estrutura e Sistemas Privados de Telecomunicações).

elétrica

15Revista do Ministério das Comunicações

Page 16: Ciadania e Inclusão

Todos os brasileiros, pobres ou ri-cos, terão acesso à TV Digital. Os tes-tes já começaram em São Paulo e, a partir de dezembro, as emissoras ini-ciam suas transmissões comerciais. A nova tecnologia digital é superior ao modelo atual, o analógico, porque a imagem é mais definida, parecida com uma tela de cinema, e ainda conta com um som limpo, sem ruídos.

Outras inovações vão conquistar de vez o telespectador: a interativida-de, a mobilidade e a portabilidade. Na primeira, o cidadão se comuni-cará com a emissora de TV usando acessórios como o controle remoto. Ele poderá, por exemplo, ver o jogo

de futebol por diversos ângulos no mesmo canal. Ao mesmo tempo, será possível participar de enquetes, fazer perguntas, acessar e-mails e comprar a camisa do time sem se levantar do sofá. A TV poderá ser operada como um computador, com acesso à inter-net e, no futuro próximo, o telespec-tador terá a possibilidade de montar a própria programação. O cidadão dei-xará de ser mero espectador para ser um participante ativo.

E a portabilidade e mobilidade? Com a TV Digital, pode-se ver o mes-mo jogo pela tela do celular, sem pagar nada por isso. Também é possível assis-tir à programação em movimento, no

interior de veículos, por exemplo.“O Brasil começa a entrar na era digital com o melhor sistema do mundo, le-vando para toda a população uma TV de qualidade e gratuita”, explica o mi-nistro das Comunicações, Hélio Cos-ta. “O desenvolvimento tecnológico e a indústria nacional vão dar um salto nos próximos anos. A TV Digital está contribuindo decididamente para o crescimento tecnológico e econômi-co do país”.

TV aberta e gratuita

Essa é uma das grandes vitórias do novo sistema. A TV Digital, que

TV DIGITAL

Novas formas de assistir televisão oferecem alta definição, interatividade, portabilidade e mobilidade

16 Revista do Ministério das Comunicações

Page 17: Ciadania e Inclusão

Desde que o presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva assinou o decreto 5.820, em 29 de junho de 2006, que estabelece o prazo de 10 anos para que toda transmissão terrestre do Bra-sil seja digital, o país tem caminhado rapidamente para cumprir esse pra-zo. No início de abril, dez emissoras de televisão aberta da capital paulista assinaram contratos de consignação dos canais de TV Digital com o Mi-nistério das Comunicações.

Algumas dessas emissoras já ini-ciaram as primeiras transmissões expe-rimentais e outras já se preparam para testar o sistema antes de 2 de dezem-bro, quando serão iniciadas as trans-missões comerciais de seus canais.

O estado de São Paulo foi esco-lhido para começar a implementação porque é o maior do país, com 12% da população brasileira, e concentra a maioria das geradoras das principais redes de TV. Numa segunda etapa, o cronograma de consignação de ca-

nais digitais será estendido,

O que diz o decreto que criou a nova TV

progressivamente, a todo o país. Até dezembro de 2009, todas as capitais brasileiras terão canais digitais. E, até dezembro de 2013, a tecnologia che-gará a todos os municípios.

A partir de julho de 2013, o Minis-tério das Comunicações somente ou-torgará a exploração de TV em tecno-logia digital. O sistema analógico será desativado em de junho de 2016.

O Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social (BNDES) vai investir R$ 1 bilhão no processo de digitalização das emissoras. Os recur-sos serão destinados à modernização da infra-estrutura, produção de softwa-res, equipamentos e produção de novos conteúdos digitais. Além disso, serão fi-nanciadas pesquisas para o desenvolvi-mento do primeiro chip nacional para conversores da TV Digital. “Este finan-ciamento é de grande importância para o setor, porque vai permitir um salto significativo que coloca o Brasil com-petitivamente próximo a todos os paí-ses de primeiro mundo”, afirma Hélio Costa. O ministro ainda defende uma linha especial de crédito para as TVs públicas e educativas.

Cada celular será um receptor móvel de TV Digital, com acesso à internet

“Estamos como melhor sistema

do mundo”, garante o ministro

Hélio Costa

estará completamente implementa-da no Brasil em nove anos, mantém as características da televisão brasilei-ra: aberta e gratuita. A escolha do mo-delo, no entanto, não foi fácil. Cerca de 1,4 mil pesquisadores de 90 enti-dades de ensino e de pesquisa, divi-didos em 22 consórcios, trabalharam arduamente por dois anos, financia-dos pelos ministérios das Comunica-ções e da Ciência e Tecnologia. Nes-se período, foram avaliados os três padrões existentes no mundo – o dos Estados Unidos, o da União Européia e o japonês. Os pesquisadores tam-bém criaram duas tecnologias nacio-nais: a utilização do MPeg 4 (todos os padrões empregavam o MPeg 2) - responsável pela compressão de ima-gens, e o Middleware – que assegura a interatividade.

Com base nos estudos, depois de 38 reuniões e consultas públicas, o governo definiu que a base do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD-T) seria o padrão japonês, desde que incorpora-das as tecnologias produzidas por aqui, que ainda incluem o sistema de transmissão e o robuste-cimento do sis-tema. Hoje, o Bra-sil possui não só um

padrão diferente dos outros três, mas o mais avançado do mundo. Por isso, uma equipe do governo, coordenada pelo Mi-nistério das Comunicações, tem visitado outros países para apresentar o modelo nipo-brasileiro de TV digital.

O novo sistema também será um importante instrumento de inclusão social e digital. Hoje, no Brasil, exis-tem cerca de 55 milhões de televi-sores com tecnologia analógica, em aproximadamente 43 milhões de do-micílios. E, em aparelhos celulares, o país já superou a marca dos 100 mi-lhões de unidades. No futuro, cada celular poderá ser um receptor mó-vel de TV Digital, com acesso à inter-net. Num período de 5 a 10 anos, o mercado deverá movimentar em tor-no de R$ 100 bilhões em investimen-tos na substituição de televisores, ce-lulares, aparelhos portáteis com TV,

sistemas de transmissão e na produ-ção de conteúdo.

A indústria nacional será imen-samente beneficiada. Além disso, a produção de conteúdo no Brasil vai estimular a cultura e a educação. Os fabricantes asseguram que, quando o sistema for ao ar, o consumidor bra-sileiro será atendido de forma econô-mica e tecnicamente consistente.

17Revista do Ministério das Comunicações

Page 18: Ciadania e Inclusão

quer mais que o Brasil seja visto pe-los industriais estrangeiros como um país que, apesar da grande revolução da TV Digital, só contribui com a fa-bricação de caixas de papelão. Em um esforço de fomentar o desenvolvimen-to econômico, o governo encaminhou a Medida Provisória nº 352 ao Con-gresso. A MP, já transformada em lei, cria incentivos fiscais para chips, dis-plays (telas) e terminais de acesso à TV Digital. Os projetos de aquisição de

Governo financiará compras de conversores

Quem continuar recebendo o sinal analógico terá nove anos para adquirir o aparelho

bens de capital e de insumos estão isen-tos de PIS/Pasep; Cofins e IPI (Imposto de Produtos Industrializados). Isto sig-nifica uma economia de US$ 3,5 bi-lhões para as empresas - além de de-dução de 50% de IPI e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das despesas com desenvolvimento tecnológico e pesquisas. gresso. A MP, já transformada em lei,

cria incentivos fiscais para chips, dis-plays (telas) e terminais de acesso à TV Digital. Os projetos de aquisição de

tecnológico e pesquisas.

Nos próximos nove anos, os sinais analógicos e digitais serão transmitidos simultaneamente. Nes-sa transição, o consumidor que qui-ser acompanhar a nova tecnologia terá duas opções: trocar de aparelho ou comprar um conversor e adaptar sua atual TV. Esse conversor é uma caixinha, chamada de terminal de acesso, parecida com a que existe atualmente nas TVs a cabo. No pri-meiro momento, o conversor fará a transição entre o sistema analógico e o digital. Essa é a garantia que o governo dá, com a preocupação que teve o presidente Lula, de que nenhum cidadão brasileiro ficará sem receber o sinal da te-levisão, inclusive os mais modestos, que têm apenas um pe-queno televisor em casa.

Para a popula-ção de baixa renda, o terminal de aces-so será financiado pelo governo fede-ral por meio de li-nhas de créditos do Banco Popular, Cai-xa Econômica Fede-ral e Banco do Bra-sil. Entretanto, quem não quiser comprar o conversor poderá continuar assistindo a sua televisão analó-gica pelos próximos nove anos.

O governo fede-ral está decidido: não

TV DIGITAL

18 Revista do Ministério das Comunicações

omeçar em: Para popu-lação de baixa renda, o terminal de acesso será....

Page 19: Ciadania e Inclusão

A legislação só prevê benefícios para a produção dos conversores na Zona Franca de Manaus (AM), em-bora o ministro Hélio Costa defenda a fabricação em todo o território na-cional. Mas os fabricantes de outros estados podem produzir telas de cris-tal líquido, de plasma e outras novas tecnologias. Além da redução dos im-postos mencionados, as empresas de telecomunicações e informática tam-bém serão beneficiadas pela Lei de Inovação Tecnológica (a antiga MP do Bem). Esta lei permite a redução de mais tributos, como a dedução no Imposto de Renda do valor investido em pesquisas e desenvolvimento.

Os investimentos de R$ 5,7 milhões do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações) no desenvolvi-mento genuinamente nacional do Ginga, software responsável pela interatividade do Sistema Brasilei-ro de TV Digital (SBTVD), come-çam a dar seus primeiros frutos. A primeira fábrica brasileira especia-lizada na produção do programa já está em funcionamento em João Pessoa (PB) e Natal (RN).

O programa é considerado um dos melhores do mundo é já tem encomendas para o mundo intei-ro. “Este é o caminho para o Brasil crescer verdadeiramente - desenvol-ver tecnologia nacional de ponta que tenha condições de competir no mercado internacional. Nós do Ministério das Comunicações esta-mos muito felizes em ter apoiado este projeto por meio do Funttel”, afirmou o ministro das Comunica-ções, Hélio Costa.

Diversas plataformas

A empresa também deverá de-senvolver versões do Ginga para diversas plataformas, como IPTV, cabo e satélite. “A continuidade do desenvolvimento tecnológico do software é uma prioridade do Funttel”, afirma o diretor de Indús-tria, Ciência e Tecnologia do mi-nistério, Igor Vilas Boas.

O pedido de registro do nome fantasia – Mopa, que significa “su-cesso” entre os pesquisadores – foi feito nesta semana. A empresa já tem dois clientes (CCE e Aiko) e venderá implementações Gin-ga para fabricantes de converso-res. Quarenta engenheiros que participaram da fase de pesquisa fazem parte do quadro. Os protó-tipos do Ginga foram desenvolvi-dos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio de Ja-neiro (PUC-RJ).

Tecnologia genuinamente

nacional

O Set Top Box poderá ser fi nanciado por linhas de créditos do Banco Popular, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil

Na hora de comprarAntes de adquirir um novo televisor, o importante é observar se o apa-

relho possui alta definição e se já vem ou não com o conversor para o Sis-tema Brasileiro de TV Digital.

HDTV (High definition TV): Alta definição. Tem resolução de até 1920 pontos por 1080 pontos na vertical. As de LCD têm uma boa resolução a partir de 1 024 por 768 pixels. No caso de plasma, a resolução começa a partir de 852 por 480 pixels.

HDTV Ready: Pronto para TV Digital. Possuem melhor qualidade na imagem, mas vão precisar de um decodificador para o Sistema Brasilei-ro de TV Digital.

Todo brasileiro terá condições de adquirir um

terminal de acesso para a TV Digital

19Revista do Ministério das Comunicações

Page 20: Ciadania e Inclusão

Telefones exclusivos para pessoas especiais

O FUST será usado pela primeira vez em quase mil instituições de portadores de deficiência; cerca de três milhões de pessoas serão beneficiadas pelo programa apresentado pelo MC

Uma vitória inédita do Ministério das Comunicações vai permitir que o Governo Federal aplique R$ 700 mi-lhões do Fust (Fundo de Universaliza-ção dos Serviços de Telecomunicações)

em projetos de inclusão digital. O pri-meiro que saiu do papel será a insta-lação de telefones especiais em cerca de 800 instituições de assistência a de-ficientes auditivos. O Termo de Obri-gação, aprovado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em agosto, já foi assinado pela agência e pelas operadoras de telefonia.

Trata-se de uma antiga reivindica-ção das entidades de apoio aos porta-dores de deficiências, que desde 2000 lutam pelo acesso à comunicação. O problema é que o Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU) só obriga as companhias de telefonia fixa a insta-lar linhas em instituições que já tenham o equipamento, e muitas delas não têm condições de comprar o aparelho de-vido ao alto custo. Para beneficiar os portadores de necessidades especiais, o Ministério das Comunicações, além de instalar os aparelhos, vai pagar a as-sinatura básica dessas linhas.

Esta será a primeira vez, desde a criação do fundo, em 2000, que o Fust será usado. Nos últimos seis anos, to-dos os ministros que passaram pelo MC tentaram, sem sucesso, a libera-ção desses recursos. Agora, os proje-tos foram formatados de acordo com

as recomendações do TCU (Tribunal de Contas da União), antes de serem apresentados à Casa Civil.

“Trata-se de uma grande vitória para o ministério. Só agora, oito anos após a instituição do Fust, conseguimos co-meçar a utilizar os recursos. O Plano de Metas inclui também mais oito pro-jetos em diversas áreas. Estamos traba-lhando para concretizá-los também”, comemora o ministro das Comunica-ções, Hélio Costa.

Em outubro do ano passado, Hélio Costa entregou um estudo ao presiden-te do TCU, ministro Guilherme Palmei-ra, no qual detalhou o uso de R$ 755 milhões, entre 2007 e 2010, em oito projetos básicos. “É a primeira vez que se apresenta uma proposta concreta de destinação dos recursos com a aprova-ção do TCU. O nó foi desfeito, agora o caminho está aberto para novos in-vestimentos.”

Os recursos serão aplicados pela Anatel e vão atender às instituições du-rante cinco anos. Este ano, o orçamen-to federal destinou R$ 7 milhões para projetos de universalização. Os benefi-ciados foram escolhidos pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Pre-sidência da República (SEDH).

FUST

20 Revista do Ministério das Comunicações

Page 21: Ciadania e Inclusão

O músico Maurício Farias tinha seis anos quando ficou surdo devido à catapora. Hoje, aos 32 anos, o silên-cio não o incomoda mais. Ele superou as maiores dificuldades, aprendendo a tocar um instrumento musical com o mesmo nome de sua deficiência: sur-do. Atualmente, ele é integrante da banda Surdodum, a única de deficien-tes auditivos no Brasil. Maurício leva uma vida normal, tem namorada, es-tuda Pedagogia e não perde uma boa estréia no cinema.

A deficiência auditiva só é um pro-blema se a bateria do celular acabar, porque ele não pode correr para o pri-meiro telefone público e mandar uma mensagem de texto. “A telefonia aqui em Brasília não atende aos especiais. Se eu esquecer o celular em casa, a minha mãe fica desesperada”, conta, aos risos. Quando Maurício Farias fica sem celular, costuma pedir ajuda para fazer as suas ligações, anotando o re-cado em um papel. “Será muito bom quando houver telefones especiais para deficientes em todos os lugares. Será uma liberdade”, diz o músico.

Liberdade será maior, afirma

deficiente auditivo

Nos próximos cinco anos, o MC vai investir pelo menos R$ 1,4 bilhão para levar internet banda larga a todo o Brasil, incluindo as 142 mil escolas públicas do país, podendo chegar a 180 mil institui-ções, incluindo as APAEs, por exemplo. A proposta é levar a tecnologia também a hospitais, bibliotecas, delegacias e ou-tros órgãos públicos, utilizando recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações).

O governo vai investir R$ 880 mi-lhões no projeto, com recursos do Fust e do Orçamento da União. As operadoras de telefonia vão entrar com R$520 mi-lhões, que elas deixariam de gastar com a instalação de PSTs (pontos de serviços de telefonia) e usariam para levar inter-

net de alta velocidade a 142 mil escolas em todo Brasil.

Pelo contrato de concessão com o governo, as operadoras teriam que montar os PSTs a partir do meio deste ano, mas estes postos são considerados ultrapassados, caros e ineficientes. O governo vai desobrigar as empresas de telefonia, mas em contrapartida elas fi-carão responsáveis pela conexão à in-ternet nas escolas. O Ministério das Co-municações calcula que, em 5 anos, o projeto alcance 100% das escolas de ensino público.

“Com a banda larga nas escolas, também vamos integrar outros servi-ços públicos, como postos de saúde, associações comunitárias e delegacias

Ministério busca saída paraexpandir acesso em banda larga

de polícia. E vamos continuar investin-do e apoiando as entidades de ensino e apoio aos deficientes”, disse o dire-tor de Universalização de Telecomuni-cação, Átila Souto.

Cerca de 70% das escolas do Brasil tem condições de serem contempladas com o projeto no primeiro ano. Em três anos, será possível atingir 90% dos es-tudantes das escolas públicas. O quarto ano será o mais caro, porque há locais que não têm sequer energia elétrica. São localidades isoladas que não têm infra-estrutura nenhuma, como o Vale do Je-quitinhonha e o sertão do Nordeste. O ministério entende que, em pleno Sécu-lo XXI, não há porque universalizar ape-nas a telefonia fixa.

Maurício Farias: “Será muito bom quando houver telefones especiais em todos os lugares”

21Revista do Ministério das Comunicações

Page 22: Ciadania e Inclusão

Tecnologia no dialO rádio brasileiro incorpora, a partir de 2008, o modelo digital; além do som de qualidade superior, será possível transmitir imagens e textos

No dia 25 de setembro, o rádio brasileiro completou 85 anos com energia renovada, contrariando to-das as expectativas de que desapa-receria com a chegada da televisão, lá atrás, nos anos 60. A responsável por essa injeção de ânimo é a nova tecnologia digital, em teste no Brasil há dois anos, que deverá começar a fazer parte da vida dos brasileiros no início de 2008. Essa tecnologia permi-

tirá o renascimento das emissoras AM (Amplitude Modulada), que passarão a ter a qualidade das FM (Freqüência Modulada) sem os chiados inconve-nientes. Isso porque as ondas analó-gicas sofrem influência de fatores ex-

ternos, enquanto o sinal digital não é afetado. Já as FM serão ouvidas com som de CD. As emissoras OM (On-das Curtas) também vão passar por transformações profundas. Os canais de áudio poderão ser multiplicados e a digitalização permitirá a transmis-são de imagens e textos.

Atualmente, 16 emissoras testam duas tecnologias de rádio digital: o sistema americano Iboc (In-band on-channel), que usa a freqüência AM e FM para a transmissão digital; e o sistema europeu, que utiliza canais diferentes para FM (DAB - digital au-dio broadcasting) e AM (DRM - digital radio modiale). Em busca do melhor modelo, o Ministério das Comunica-ções está ouvindo todos os setores – representantes do governo, da in-dústria de equipamento, de univer-sidades, de emissoras e da socieda-de civil – no Conselho Consultivo do Rádio Digital, a exemplo do que fez na TV Digital.

A expectativa é de que, ainda nes-te ano, o MC tenha uma proposta para orientar o governo na escolha do pa-drão de Rádio Digital. Não há preferi-dos, mas há uma exigência: o modelo escolhido deverá transferir tecnologia. O governo decidiu que a definição de rádio digital tem que obrigatoriamen-te levar em conta o desenvolvimento da indústria eletrônica do Brasil. Essa definição deve ser feita o mais rapida-mente possível, para que o segmen-to possa se preparar para a fabrica-ção de transmissores e aparelhos de rádio digital. “Nós não podemos fi-car escravos de uma tecnologia que não dominamos. Não queremos ficar apenas comprando equipamentos já montados”, afirma o ministro das Co-municações, Hélio Costa.

O Ministério dasComunicaçõesouviu todos os

setores em buscado melhor modelo

para o país

RÁDIO DIGITAL

22 Revista do Ministério das Comunicações

Page 23: Ciadania e Inclusão

Inovações e novidades para atrair mais ouvintes

Outra grande revolução do rádio será no conteúdo. Além de fortalecer o jorna-lismo, presente nas rádios desde os anos 30, as emissoras vão investir em novas programações para conquistar um maior número de ouvintes. E é justamente por permitir essa série de inovações que o rá-dio digital é tão esperado. Os novos apa-relhos deverão ter telas de cristal líquido, capazes de receber informações por escri-to e imagens. Nada como a televisão, mas dados sobre o trânsito, gráficos, previsão do tempo e clipes, por exemplo. Há ain-da outras vantagens, como a possibilida-de de recuperar o início de um programa que foi sintonizado na metade.

No momento, por meio do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), o MC está avaliando uma série de projetos-pi-loto para investir em pesquisas de de-senvolvimento do rádio digital. Um de-les deverá ser implantado em Santa Rita do Sapucaí (MG), cidade que se tornou um pólo de alta tecnologia, a ponto de ser considerada uma espécie de Vale do Silício brasileiro.

O que é o rádio digital?Ao contrário do sinal analógico,

no rádio digital os sinais de áudio são digitalizados antes da transmissão, o que permite uma qualidade melhor e a multiplicação de canais.

As emissoras de rádio têm preferência por algum padrão?

Pelo padrão americano, por ser o único que atende aos sistemas AM e FM, e que permite que um mes-mo aparelho digital receba ondas de rádio analógicas e digitais. Ele tam-bém apresenta o menor custo de im-plementação. Neste caso, ninguém precisa se preocupar em trocar logo de aparelho. Os atuais não precisa-

rão ser aposentados de uma hora para outra. De acordo com a pro-posta do MC, o período de transi-ção pode levar de 15 a 20 anos e, pelo menos até 2023, a população poderá receber o modelo atual de transmissão analógica.

O sinal digital chegará a todo o país?

Sim, a todo o território nacional.

O rádio digital, vai captar o sinal analógico?

Há modelos híbridos, conforme o sistema a ser escolhido, que rece-bem os dois tipos de sinal, sem que um interfira no outro.

Saiba mais sobre a nova tecnologiaSaiba mais sobre a nova tecnologia

23Revista do Ministério das Comunicações

Page 24: Ciadania e Inclusão

cional Rio Solimões (UNI-SOL), ligada à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que prevê a instalação de cin-co telecentros no estado. Um deles fica-rá na Faculdade de Ciências da Saúde da UFAM, em Manaus, e os outros quatro nos municípios de Itacoatiara, São Ga-briel da Cachoeira, Humaitá e Benjamim Constant. “Estamos desenvolvendo vários projetos para a implantação do progra-ma de Telemedicina, que é um exemplo de como a tecnologia pode ser a solu-ção de problemas recorrentes”, afirmou o diretor de Inclusão Digital do MC, He-liomar Medeiros.

A Telemedicina vai permitir que um médico busque uma segunda opinião com um especialista, em videoconferên-cia, no telecentro instalado na universi-dade ou em qualquer outro lugar do país e do mundo. É um avanço significativo da saúde pública. O projeto permite que exames importantes, e muitas vezes sim-ples, sejam feitos em postos de saúde e enviados por internet aos hospitais, la-boratórios e universidades para serem diagnosticados. Os resultados, que nes-ses casos levam semanas, poderão ser

conhecidos no mesmo dia. Ganham a população, porque mais pessoas pode-rão ser atendidas de maneira mais rápi-da e eficiente; e o governo, com redu-ção nos custos do SUS (Sistema Único de Saúde).

No futuro, os prontuários médicos dos pacientes estarão na internet e po-derão ser acessados por qualquer médi-co em todo o Brasil. O MC já instalou os pontos de presença nos locais onde serão montados os telecentros e repas-sou R$ 790 mil à UNI-SOL para a com-pra dos equipamentos. Além de melho-rar o atendimento à saúde da população amazonense, os telecentros conectados à internet banda larga deverão servir de apoio aos alunos do Projeto Rondon, que se deslocam de todas as regiões do país para o Norte.

Conexão com a saúdeTelecentros com salas para consultas via internet vão agilizar diagnósticos médicos

Médica atende paciente a distância por meio da internet

Há cidades tão entranhadas no co-ração do Brasil que qualquer viagem à capital do estado leva horas ou dias de barco. São Gabriel da Cachoeira (AM) é uma delas. Os 1,6 mil quilômetros até Manaus são feitos entre três e qua-tro dias de viagem. Isso quer dizer que, quando um dos cerca de 30 mil mo-radores adoece, ele leva pelo menos 72 horas sacolejando dentro de uma embarcação até chegar a um hospital em Manaus.

Os mesmos riscos sofrem as cen-tenas de turistas que invadem a cida-de, principal acesso ao Pico da Nebli-na, ponto mais alto do Brasil. Por suas próprias características, São Gabriel da Cachoeira será um dos primeiros mu-nicípios do Norte do país a receber te-lecentros com sala de Telemedicina. O Ministério das Comunicações firmou con-vênio com a Fundação de Apoio Institu-

Conectar as instituições de saúde à internet é uma das prioridades do gover-no para 2007. A proposta do Ministério das Telecomunições, elaborada em par-ceria com o Ministério da Saúde, é utili-zar R$ 360 milhões dos recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para conexão de 1.700 centros de saúde, ambulatórios e hospitais. Com isso, cerca de 20 milhões de pessoas serão beneficiadas.

O projeto vai permitir ao governo a otimização dos recursos da área, am-pliando os programas PSF (Saúde da Fa-mília) e PACS (Agentes Comunitários de Saúde), do Ministério da Saúde. As pes-soas que vivem em locais de difícil aces-so, por exemplo, terão seus exames ana-lisados por um especialista, sem que ele precise se deslocar de sua cidade. Isso vai ajudar a resolver o problema de fal-ta de médicos no interior e nas perife-rias das grandes cidades.

Investimentos de R$360 milhões para conectar

unidades de saúde

TELEMEDICINA

24 Revista do Ministério das Comunicações

Page 25: Ciadania e Inclusão

http://www.redepovosdafloresta.org.br

Os ministérios das Comunicações e do Meio Ambiente uniram-se em um acordo de comunicação ambiental. Os ministros Hélio Costa e Marina Silva assinaram com o representante da As-sociação de Cultura e Meio Ambien-te e da Rede Povos da Floresta, Paulo Jobim, um acordo para levar internet e educação ambiental a 150 popula-ções tradicionais e indígenas de 13 es-tados. São brasileiros que moram em Unidades de Conservação espalhadas em regiões remotas de difícil acesso. “O governo pretende fortalecer a Rede Povos da Floresta, uma malha digital de monitoramento, vigilância e educa-ção, além de incentivar aquelas popu-lações a somarem-se ao poder público na gestão ambiental do país”, diz o as-sessor técnico do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Costa.

Por esse convênio, os novos tele-centros deverão ser instalados no meio da floresta, no seio das comunidades, como ocorre em dois casos no Acre. As iniciativas beneficiam o povo Ya-wanawa, às margens do Rio Gregó-rio, próximo ao município de Tarao-

A rede como instrumento de educação ambiental

Internet vai levar conhecimento para populações tradicionais e indígenas de 13 estados brasileiros

aka; e o povo Ashaninka, no entorno do município de Taumaturgo. A cone-xão será dada pelo Ministério das Co-municações, por meio do Gesac, em grupos de 20 comunidades, que pre-cisam ter inscrição no Cadastro Nacio-nal de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

Atualmente, um terço das 150

que são os responsáveis pela doação dos computadores. Para as que já têm acesso à internet, a ferramenta é usa-da principalmente para a educação ambiental e cursos a distância. Mas para manter o acesso é preciso me-recê-lo. O governo passou a fiscali-zar todos os pontos para evitar des-perdício, retirando aqueles que não são usados.

Integração e sustentação

Segundo um dos representantes dos povos indígenas do Acre, Fran-cisco Ashaninka, a chegada da in-ternet é a primeira ação de peso em favor da Rede Povos da Floresta, cria-da em 2003. “Será uma oportunida-de concreta para que as comunida-des indígenas adquiram informações, compartilhem entre si e as forneçam ao poder público, em favor de uma política integrada e sustentável”, diz Ashaninka, para quem a internet tra-rá ainda maior celeridade aos enten-dimentos das comunidades com os governos.

Cento e cinquenta comunidadesparticipam do

projeto a distância via satélite

comunidades beneficiadas já pos-suem o telecentro instalado. As ou-tras aguardam sua documentação e convênios com estados e municípios,

INCLUSÃO DIGITAL

25Revista do Ministério das Comunicações

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Vinte universidades e centros de pesquisa no Brasil estão se comunican-do por uma rede de 750 quilômetros de extensão, com um objetivo bem defini-do: desenvolver pesquisa para a próxi-ma geração de internet. É a maior rede de comunicação usada pela comunida-de de pesquisa e desenvolvimento no país, com capacidade interurbana de 10 gigabits por segundo. Não foi por acaso que o projeto ganhou o nome de “Projeto Giga”, que uniu governo, empresas privadas e pesquisadores em busca de uma rede de alta capacidade de tráfego, flexibilidade e qualidade de transmissão em tempo real, por re-des IP (Protocolo de Internet) e WDM (multiplexação ótica por comprimen-to de onda).

A próxima geração deverá usar co-nexões em Gigabit Ethernet por fibras ópticas de longa distância e em múlti-plos feixes de luz. A tecnologia é ca-paz de oferecer ao usuário comum um acesso 400 vezes superior à conexão ADSL atual. O investimento total é de R$ 55 milhões. “Queremos e vamos desenvolver a tecnologia nacional para concorrer em condições de igualdade no mercado internacional”, afirmou Hélio Costa.

Criado há três anos, o Projeto Giga já tem resultados práticos para mostrar. Em abril de 2007, seis empresas brasileiras – Padtec, Asga, Digitel, Optolink, Plêiades e Lithustech – receberam as novas tec-nologias para a produção de equipamen-tos, desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimen-to em Telecomunicações (CPqD) e pela Rede Na-cional de Ensino e Pesqui-sa (RNP). As pesquisas fo-ram financiadas pelo Fundo para o Desenvolvimento Tec-nológico das Telecomunicações

(Funttel) e tiveram apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). As opera-doras Telefônica, Telemar, Embratel, In-telig e Pegasus cederam as fibras ópticas sem ônus. “É muito importante partici-par de eventos que mostram a evolução da pesquisa nacional e a apresentação de resultados concretos. O Projeto Giga é uma das iniciativas que o governo de-senvolve com a estruturação de redes temáticas. Verificar que os seus produ-tos estão chegando à ponta da linha de produção é muito gratificante”, disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Sér-gio Rezende.

Parceria oportuna

Agora, as seis beneficiadas pode-rão produzir amplificadores ópticos

Projeto Giga une governo, empresas e pesquisadores

Rede tem alta capacidade de tráfego, com flexibilidadee qualidade de transmissão em tempo real

com tecnologia de ponta, como: AGC híbrido; sistemas DWDM de 16 canais de até 10 GB/s; sistemas Cross-Connect Óptico – Fase 1/Hardware; além de equipamentos complementares, como equalizadores dinâmico de potência óp-tica e analisadores diagrama de olho. Essas novas tecnologias tornam as em-presas brasileiras mais competitivas, capazes de oferecer equipamentos ex-tremamente avançados às operadoras de telecomunicações e energia, além de atuar na evolução das redes ópticas no Brasil. O CPqD fica com os royal-ties. “A parceria é muito oportuna, cria competitividade, gera emprego e ren-da no país. Acredito que os royalties são uma forma muito efetiva de pere-nizar as atividades de pesquisas. E re-munerar por meio de receitas a incor-poração de novas tecnologias é, talvez, a forma mais saudável de continuar o desenvolvimento de novos produtos no Brasil”, diz o presidente da empre-sa Padtec, Jorge Salomão.

É bom lembrar que essas redes óp-ticas de alta velocidade garantem um retorno mais rápido do investimento inicial em implantação de fibra e equi-pamentos ópticos, com economia de médio prazo, se comparadas ao mode-lo atual. O novo modelo permite, ain-da, formar parcerias com empresas de energia (como a Petrobrás) para com-partilhar fibras ópticas e, assim, redu-zir custos de infra-estrutura.

Nova tecnologiavai oferecer a todosos usuários comunsacesso 400 vezes

superior à conexãoADSL atual

FUNTTEL

26 Revista do Ministério das Comunicações

Page 27: Ciadania e Inclusão

A assinatura básica do telefone cus-ta, em média, R$ 40. Isto quer dizer que uma pessoa que ganha um salário míni-mo precisa trabalhar três dias para man-ter um telefone fixo em casa. Não é di-fícil deduzir que quem ganha o mínimo dificilmente terá um aparelho em casa. Pelos dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), há 27 milhões de brasileiros que não têm telefone porque não podem pagar por um.

Atento a esta realidade, o Ministério das Comunicações propôs a criação do Telefone Social ao presidente Lula, que abraçou a idéia e encaminhou a propos-ta ao Congresso. Agora, a proposta está nas mãos dos deputados e senadores. “As três maiores operadoras - Telemar/Oi, Brasil Telecom e a Telefônica - re-cebem R$ 1,7 bilhão só com assinatu-ra básica por mês. Chegou o momen-to de investirmos na telefonia popular”, diz o ministro das Comunicações, Hé-lio Costa.

Pelo projeto, a assinatura do Telefo-ne Social custará aproximadamente me-tade da assinatura básica, R$ 13,90, sem impostos. Ainda prevê 120 minutos de franquia e descontos nas ligações feitas à noite e nos fins de semana. Nesses perío-dos, a população de baixa renda poderá

se conectar à internet por várias horas pa-gando apenas um pulso. A proposta ten-ta dar continuidade à universalização da telefonia fixa, prometida desde a privati-zação do sistema Telebrás. Em 2000, o Brasil possuía 40 milhões de linhas fixas de telefone. Hoje, a quantidade continua a mesma. Com um detalhe, o número de residências no Brasil cresceu.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a proporção de mo-radias com linha fixa - que em 2002 era de 52,9% - caiu para 48,8% em 2005. A proporção de residências com celu-lar, contudo, subiu de 7,8% para 23,6%, entre 2002 e 2005. Hoje, o Brasil tem mais de 100 milhões de celulares. Des-ses, mais de 80% são pré-pagos, o que significa que os aparelhos móveis subs-tituíram o telefone fixo. Mas a preocupa-ção do governo é que um minuto do pré-pago custa R$ 1,25 - quatro vezes mais do que o custo de um minuto no telefo-ne fixo. Quem tem dificuldade para ar-car com custos de alimentação não pode esbanjar R$ 1 por telefonema. Por isso, o governo está desenvolvendo vários pro-jetos para que a população tenha alter-nativa, como o Telefone Social.

Telefone social, assinatura mais barata Cerca de 3 milhões de usuários da

internet discada estão economizando na conta telefônica desde agosto des-te ano. Essa foi a data que começou a funcionar um pla no alternativo de acesso discado à rede no qual o con-sumidor pagará R$ 7,50 por 600 minu-tos conectados. De acordo com cálcu-los do Ministério das Comunicações, a economia será de 85% no acesso discado em horário comercial e cer-ca de dois milhões de pessoas passa-rão a acessar a internet diretamente por esse pacote. Os mais beneficia-dos serão as pessoas de baixa renda, justamente porque são elas que não têm condições de pagar com uma co-nexão banda larga.

Para optar por esse benefício, o usuário precisa ser assinante do plano básico de sua operadora, aquele que dá direito a 200 minutos de ligação. Esses 200 minutos não fazem parte das dez horas de internet do pacote. Com o pla-no alternativo, continuam os descontos previstos de meia-noite às 6h; das 14hs de sábado às 6h de segunda-feira; e nos feriados. Nesses períodos, conhecidos como modulação horária, o consumi-dor paga um minuto para cada acesso que faz por tempo indeterminado. Ou seja, o consumidor não terá apenas seis horas de acesso à internet, mas, se usá-la nesses períodos promocionais, terá muito mais do que isso.

Novos usuários

Uma pesquisa da Associação Bra-sileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 64% dos compra-dores de computadores no país, no ano passado, adquiriram as máquinas pela primeira vez. Isso significa cerca de 600 mil novos usuários que nunca tiveram acesso aos computadores e que hoje têm condições de se conectar à rede. Esse plano só foi possível devido a um acordo entre o governo, as operadoras e a Associação Brasileira das Conces-sionárias de Telefonia Fixa (Abrafix) e faz parte do programa PC Conectado, da Presidência da República.

Pacote de 600 minutos de ligações

custa apenas R$ 7,50

27Revista do Ministério das Comunicações

TELEFONIA

Page 28: Ciadania e Inclusão

A cidadania nas ondas do rádio

Emissoras são mecanismos democráticos de informação

Aldeias indígenas, quilombos, as-sentamentos e comunidades afastadas ou isoladas da comunicação tiveram seu primeiro edital específico para rádios co-munitárias divulgado no início de abril. A expectativa do Ministério das Comuni-cações é conceder licenças em 194 loca-lidades, distribuídas em 20 estados bra-sileiros, até o fim de 2008. Apenas 50 entidades atenderam ao Aviso de Habi-litação nº 01/2007, elaborado especifi-camente para essas regiões com o intui-to de aumentar a abrangência das rádios comunitárias no Brasil.

A rádio comunitária é um tipo espe-cial de emissora de rádio FM e sua ante-na alcança, no máximo, o raio de um qui-lômetro. Por ser uma pequena estação de rádio, ela foi criada justamente para ser um canal de comunicação da comunida-de onde está sediada. É um espaço aberto para os moradores discutirem suas dificul-dades, divulgarem projetos culturais, de educação, saúde e quaisquer outras ações que melhorem a vida em sociedade.

As licenças concedidas pelo Minis-tério das Comunicações fazem parte de um projeto maior. Uma parceria inédi-ta com o Ministério do Meio Ambiente (ver pág. 25) vai levar internet e educação ambiental a 150 populações tradicionais e indígenas de 13 estados brasileiros. O

A rádio comunitária é uma peque-na estação de rádio com freqüência FM (Freqüência Modulada), de baixa po-tência (25 Watts) e alcance limitado ao raio de um quilômetro a partir de sua antena de transmissão. Por serem um mecanismo democrático de infor-mação local, essas emissoras não po-dem ter fins lucrativos ou vínculos de qualquer tipo, seja com partidos políti-cos ou com instituições religiosas. Por isso, a lei proíbe propaganda comer-cial, a não ser sob a forma de apoio cultural de estabelecimentos localiza-dos na sua área de cobertura. A autori-zação para rádio comunitária é conce-dida por dez anos, com a possibilidade de renovação por igual período. Essas emissoras não podem ser transferidas de dono nem utilizar a programação de qualquer outra emissora simultane-amente, a não ser quando houver uma determinação do Governo Federal. Elas também não podem discriminar sexo, raça, crença ou religião.

MC também trabalha em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, por meio do programa “Luz para Todos”, para le-var energia elétrica a todas as 194 regi-ões selecionadas. Essas parcerias têm o objetivo de ampliar a democratização da mídia. As aldeias e tribos têm prioridade para a liberação de licenças.

No Brasil, há cerca de três mil enti-dades autorizadas a executar o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Essas rá-dios são uma espécie de voz para as co-munidades mais carentes. Por isso, as es-tações de rádio comunitárias devem ter uma programação pluralista, sem qual-quer tipo de censura, e devem ser aber-tas à expressão de todos os habitantes da região atendida. A programação diária de uma rádio comunitária deve conter infor-mação, lazer, manifestações culturais, ar-tísticas, folclóricas e tudo aquilo que pos-sa contribuir para o desenvolvimento da comunidade, sem discriminação de raça, religião, sexo, convicções político-partidá-rias e condições sociais. De acordo com a legislação que criou o serviço, a pro-gramação deve respeitar sempre os valo-res éticos e sociais da pessoa e da famí-lia, prestar serviços de utilidade pública e contribuir para o aperfeiçoamento profis-sional nas áreas de atuação dos jornalis-tas e radialistas.

RÁDIO COMUNITÁRIA

Entidades beneficiadas não podem ter fins lucrativos e também estão proibidas de veicular propaganda comercial

28 Revista do Ministério das Comunicações

Page 29: Ciadania e Inclusão

O ministro das Comunicações, Hé-lio Costa, defende que as rádios co-munitárias tenham acesso a linhas de crédito, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social), para o processo de digitalização do sistema. Ele quer as-segurar que essas rádios não tenham dificuldades de se adaptarem à fase de migração da tecnologia analógica para digital, em razão dos custos do novo sistema.

“É essencial que as rádios comuni-tárias sejam incluídas em todo o pro-cesso. Essa é uma das razões pela qual estamos levando em consideração a transferência tecnológica e o desenvol-vimento de pesquisas no Brasil. Dessa forma, poderemos produzir aqui equi-pamentos com custos viáveis para as rá-dios comunitárias, educativas e univer-sitárias”, afirma Hélio Costa.

Para o ministro, a definição do sis-tema de rádio digital tem que, obrigato-riamente, levar em conta o desenvolvi-mento da indústria eletrônica do Brasil. “Nós não podemos ficar escravos de uma tecnologia que não dominamos.

Não queremos ficar apenas compran-do equipamentos já montados. Tere-mos que ter a chance de poder fazer equipamentos”.

Como o período de transição do sistema analógico para o digital pode levar de 15 a 20 anos, o ministro res-salta que o interesse da sociedade deve ser levado em conta na escolha do pa-drão digital. Segundo o ministro, o pa-drão escolhido deve avaliar a possibi-lidade da população usar um aparelho

Ministro defende financiamento público para digitalização das emissoras comunitárias

Objetivo é facilitar a migração de pequenos e médios radiodifusores para a tecnologia digital

híbrido, ou seja, compatível com as duas tecnologias.

Avanço Entidades sociais em quase mil lo-

calidades no Brasil tiveram a oportu-nidade de inscrever-se para operar o serviço de radiodifusão comunitária. Nos últimos dois anos, já foram pu-blicados quatro avisos de habilitação, que é o expediente pelo qual o Minis-tério das Comunicações disponibiliza os canais e chama os interessados a entrarem com seus processos. Foram dois avisos em 2006 e dois em 2007, incluindo a grande São Paulo. Além disso, foram distribuídos 26.340 car-tilhas e 13.310 manuais de orienta-ção para abrir uma rádio comunitária. “Esse é um meio importantíssimo para promover melhoria nas condições de vida da população, por meio da infor-mação, cultura, entretenimento e la-zer. A ampliação dessas emissoras no país é uma das prioridades do Gover-no Federal no setor de telecomunica-ções”, disse o ministro.

Ministério dasComunicaçõesquer facilitar o

acesso ao modelo digital por meio

de linhas de crédito especiais

29Revista do Ministério das Comunicações

Page 30: Ciadania e Inclusão

Pesquisa do IBGE revela que rádios comunitárias superam comerciais

Como obter uma autorizaçãoO que é necessário para se habili-tar?

A entidade interessada deve enca-minhar um formulário próprio, chama-do “Demonstração de Interesse”, para o Ministério das Comunicações, em Brasília. A entidade receberá o núme-ro do seu processo e deverá aguardar o aviso de habilitação, publicado no Diário Oficial da União. Esse aviso in-dica as localidades com canal dispo-nível para o serviço. Após a publica-ção desse aviso, as entidades têm um prazo máximo de 45 dias para apre-sentarem toda a documentação desti-nada à seleção das que podem rece-ber a licença.

Qual a documentação necessária?Estatuto registrado; ata da cons-

tituição e eleição dos dirigentes, re-gistrada; prova de que seus diretores são brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos; comprovação da maioridade dos diretores; decla-ração assinada de cada diretor, com-prometendo-se ao fiel cumprimento das normas estabelecidas para o ser-viço; manifestação em apoio à ini-ciativa, formulada por entidades as-sociativas e comunitárias, legalmente constituídas e sediadas na área pre-tendida para a prestação do serviço, e firmada por pessoas naturais ou ju-rídicas que tenham residência, domi-cílio ou sede nessa área.

Como são escolhidas as vencedoras?A Secretaria de Serviços de Co-

municação Eletrônica (SSCE) confere se as entidades cumpriram as exigên-cias. Caso exista apenas uma com pro-cesso regular, o MC solicita o proje-to técnico da estação. Para as regiões com mais de uma interessada em situ-ação regular, a SSCE propõe uma asso-ciação entre elas e, caso não exista a possibilidade técnica de coexistência dessas emissoras e/ou não haja acordo, é escolhida a entidade que tiver maior apoio da comunidade. Em caso de em-pate, o MC realizará um sorteio.

Quais são os procedimentos nas fases finais da análise?

Após a aprovação do projeto téc-nico das entidades selecionadas, a SSCE elabora um relatório final ex-plicando as razões para a seleção das aprovadas e também para o indefe-rimento dos demais proponentes. O processo da entidade seleciona-da, juntamente com o relatório, se-gue para a Consultoria Jurídica do Ministério das Comunicações. Lá é feita a análise final, que vem acom-panhada de um parecer. O proces-so é, então, encaminhado ao minis-tro das Comunicações para a outorga da autorização.

Quem autoriza a execução do servi-ço de rádio comunitária?

O ministro das Comunicações é quem autoriza, mediante portaria pu-blicada no Diário Oficial da União. A divulgação também é feita pela inter-net, na página do Ministério das Co-municações (www.mc.gov.br). A por-taria traz informações como o nome da entidade, seu endereço, o prazo da autorização e a freqüência de opera-ção da rádio.

A rádio autorizada a funcionar já pode entrar no ar?

Ainda não. O Congresso Nacio-nal precisa analisá-las. Se o Congres-so não avaliar em 90 dias, a entidade pode requerer a emissão da licença provisória ao Ministério das Comu-nicações.

A autorização vale por quanto tem-po?

Por dez anos, podendo ser pror-rogada apenas se a entidade executar o serviço de forma apropriada.

Quais são os equipamentos neces-sários?

Deverá ser montado um estúdio com um toca-discos de vinil e um de CD, um gravador-reprodutor de fitas cassete (tape-deck), uma mesa de áu-dio e um microfone. Esses equipamen-tos são conectados a um transmissor, que deve ser homologado pela Ana-tel e conectado a uma antena com al-tura inferior a 30 metros.

30 Revista do Ministério das Comunicações

Ações do Ministério das Comunicações foram determinantes para o resultado

O último mapeamento dos municí-pios brasileiros na área de cultura, reali-zado pelo Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), trouxe um dado inédito: as rádios comunitárias estão pre-sentes em maior número de municípios do que as emissoras comerciais. Confor-me a pesquisa, divulgada em setembro de 2007, quase metade dos municípios (48,6%) possui rádios comunitárias. As emissoras comerciais FM aparecem em 34,3% das localidades, enquanto as AM chegam a apenas 21,2%.

Atualmente, existem 2.916 entida-des autorizadas a executar o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Para ampliar ainda mais sua abrangência na transição para o sistema digital, o ministro Hélio Costa defende que o serviço tenha aces-so a linhas de crédito especiais por meio do BNDES (Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social). “O in-centivo e a ampliação das rádios comu-nitárias legais é uma das prioridades do ministério. Elas são importantes para a melhoria das condições de vida da po-pulação, por meio da informação, cultu-ra e lazer. É essencial que sejam incluí-das no processo de digitalização”, afirma. Nos últimos dois anos, foram publicadas quatro convocações públicas, incluindo pela primeira vez a cidade de São Paulo, para que os interessados solicitem o ser-viço. Entidades sociais em quase mil lo-calidades se inscreveram para operar a ra-diodifusão comunitária.

A questão das rádios comunitárias é tratada pelo ministério de forma aberta e democrática, justamente para evitar a pro-liferação de rádios não autorizadas. Por isso, o governo conta com a ajuda da so-ciedade no combate às rádios ilegais. A idéia é que cada cidadão ajude na identifi-cação das emissoras que prestam serviços importantes para a comunidade, incenti-vando-as a buscarem a regularização. Há preocupação também com as rádios não autorizadas, principalmente com aque-las que operam próximas aos aeroportos e que interferem na comunicação entre pilotos e a torre de controle, podendo cau-sar graves acidentes. As orientações para montar, passo a passo, uma rádio comu-nitária estão disponíveis na página do MC na internet (www.mc.gov.br).

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ON D A S C U R TA SEmissoras pirata

interferemnos aeroportos

O comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, entregou ao ministro Hélio Costa gravações que revelam que rádios ilegais estão inter-ferindo na comunicação entre os pilo-tos e controladores de vôo, principal-mente em São Paulo. Por isso, Hélio Costa solicitou que a Agência Nacio-nal de Telecomunicações (Anatel) e a Polícia Federal intensificassem a fisca-lização. Ele também pediu ao Minis-tério Público para responsabilizar cri-minalmente quem insistir em manter as rádios ilegais. “Ninguém tem o di-reito de colocar a vida de outras pes-soas em risco. A rádio comunitária existe para quem realmente quer aten-der a sua comunidade.” Hélio Costa ainda chamou movimentos sociais, como a Confederação Nacional das Associações de Moradores, para aju-darem numa campanha de esclareci-mento sobre os perigos das emissoras ilegais e incentivarem a legalização das rádios. “Se souberem de uma rá-dio irregular que preste um serviço importante para a comunidade, va-mos incentivar o responsável a trazer a documentação para o ministério”. Os procedimentos necessários para abrir uma rádio comunitária podem ser vis-tos no site www.mc.gov.br.

Depois do sucesso da TV Digital, agora é a vez do rádio digital. A digi-talização do sistema vai permitir o re-nascimento da indústria e das emis-soras. Nos últimos dez anos o setor sofreu uma drástica queda, o que vem acontecendo também com as estações de rádio, principalmente as pequenas, que perdem espaço para as novas mí-dias, como a internet. O maior bene-ficiado será o consumidor, o ouvin-

Nova tecnologia viabiliza preços e qualidade melhores

te, que vai receber um som perfeito em qualquer parte do Brasil. Ele ain-da vai ter acesso a equipamentos me-lhores com preços mais baratos. Os testes estão sendo realizados há dois anos junto à Anatel (Agência Nacio-nal de Telecomunicações). O som da FM vai ficar igual ao de um CD; a AM ficará como a atual FM; e os freqüen-tes chiados nas OC (Ondas Curtas) vão acabar de vez.

Governo amplia Programa de Inclusão Digital

Mais de 70% dos municípios do Brasil se cadastraram no Ministério das Comunicações para receber os kits de computadores e equipamentos para a instalação de telecentros comunitários. A adesão foi total em vários estados. Em Minas Gerais, que é o estado com o maior número de municípios (853), 75% já se inscreveram. “Vamos uni-versalizar o acesso à tecnologia e in-formação a todas camadas da popula-

ção. A prioridade absoluta é a conexão nas escolas públicas”, afirmou o coor-denador geral de projetos especiais do MC, Carlos Roberto Paixa. Todos os te-lecentros serão conectados à internet em alta velocidade. As inscrições con-tinuam abertas. Os municípios interes-sados em receber os kits ainda podem se inscrever na página do ministério (www.mc.gov.br) ou pelo endereço eletrônico [email protected].

Os carros lançados a partir de 2008 já poderão sair de fábrica com rádios digitais. Esta foi a proposta do Ministério das Comunicações à in-dústria automobilística, que apóia a idéia. Os fabricantes aguardam ape-nas a definição do sistema para im-plantar a mais recente novidade tec-nológica. Para o ministério, a grande revolução na transmissão de rádio digital no Brasil vai ocorrer na me-dida em que os rádios dos carros forem digitalizados. O lançamento direto da fábrica vai estimular a in-dústria, a economia e a geração de empregos. E o consumidor vai ter o que há de melhor no mundo a pre-ços acessíveis.

Em 2008, rádio digital direto de

fábrica de veículosA democratização plena da in-

clusão digital só é possível com os softwares livres. Por isso, o Minis-tério das Comunicações promove todos os meses a capacitação de usuários e multiplicadores nos tele-centros espalhados pelo Brasil. Os treinamentos são realizados em as-sociações, escolas, entidades públi-cas e comunitárias, com o objetivo de ensinar os programas de softwa-re livre, como a produção de jor-nais online. Os cursos buscam in-tegrar a criança, o adolescente e suas famílias à comunidade com atividades de informática, pesqui-sas, debates, reforço escolar e de-mais oficinas.

Ministério estimula

software livre

31Revista do Ministério das Comunicações

Page 32: Ciadania e Inclusão

ON D A S C U R TA S

O Brasil acaba de produzir o primeiro celular com tecnologia nacional. Ele possui o sistema trifaixa, da geração 2,5, que se adapta a todos os sistemas mundiais e per-mite a conexão à internet e o uso automá-tico do roaming internacional. O aparelho foi desenvolvido pelo LSI (Laboratório de Sistemas Integráveis), da Universidade de São Paulo. O trabalho do LSI é um exem-plo que deve ser incentivado, o que explica todo o apoio às pesquisas nacionais dadas pelo MC. “O caminho para conquistarmos a independência tecnológica no Brasil é in-vestir permanentemente em pesquisas de ponta. Só assim atingiremos a prosperida-de plena em nosso país”, afirma o diretor de Indústria, Ciência e Tecnologia do MC, Igor Vilas Boas de Freitas.

O consumidor será prioridade em todas as ações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Ministério das Comunicações. “Me-lhorar os padrões de atendimento aos cidadãos é dever e prioridade da agência”, disse o presidente da Ana-tel, Embaixador Ronaldo Sardenberg, durante sua posse, em julho de 2007. Para o ministro das Comunicações, Hélio Costa, o consumidor vai ga-nhar na gestão de Sardenberg. “Nós vamos trabalhar em conjunto. O go-verno defende uma agência forte, ágil e independente”, afirmou.

Todos os municípios e escolas públicas do País terão internet ban-da larga. Segundo projeto do Minis-tério das Comunicações, serão inves-tidos R$ 880 milhões com recursos do Fust e do Orçamento da União, e as operadoras de telefonia outros R$ 520 milhões. O investimento privado

MC e Anatel fortalecem os meios de defesa do

consumidor

O consumidor será prioridade em todas as ações da Agência Nacional de Telecomunicações Anatel) e do Minis-tério das Comunicações. “Melhorar os padrões de atendimento aos cidadãos é dever e prioridade da agência”, disse o presidente da Anatel, Embaixador Ro-naldo Sardenberg, durante sua posse, em julho de 2007. Para o ministro das Comunicações Hélio Costa, o consu-midor vai ganhar na gestão de Sarden-berg. Nós vamos trabalhar em conjunto. O governo defende uma agência forte, ágil e independente”, afirmou..

Os programas do Ministério das Comunicações ampliam o acesso da população à internet. Em julho de 2007, foi divulgada uma pesquisa do Ibope/NetRatings mostrando que há 33 milhões de brasileiros conectados à rede - é o maior número já registra-do no país. A pesquisa mostra tam-bém que o Brasil está à frente de pa-íses como França, Estados Unidos e Japão quando se trata de tempo de navegação por internauta. Estima-se que, até o fim deste ano, o número chegue perto dos 40 milhões. Hélio Costa afirma que esses números vão crescer ainda mais. “Temos muitos projetos em andamento, como o que leva a conexão para todas as escolas públicas do país”, lembra.

Acessos à internet batem recorde no país

Celular com tecnologia

nacional

Conexão banda larga para todo o Brasil

MC e Anatel fortalecem os

meios de defesa do consumidorO ministro das Comunicações, Hé-

lio Costa, quer democratizar ainda mais o acesso à telefonia celular. Para isso, propõe a redução das tarifas para celu-lares pré-pagos, que representam cerca

de 80% dos usuários no país, e o au-mento da validade dos créditos de 90 dias para um ano. A ligação de um pré-pago chega a custar cinco vezes mais do que de um pós-pago. Para viabili-zar a proposta, as operadoras podem receber a contrapartida da redução de impostos. O ministério defende outra importante mudança na telefonia ce-lular. Atualmente, o usuário da telefo-nia rural também paga quando recebe a ligação de um celular, encarecendo bastante a conta no final do mês. É pre-ciso uma alteração técnica e regulató-ria para adotar nas zonas rurais o mes-mo critério de cobrança nas cidades: paga quem liga.

Redução de tarifas para celulares pré-pagos

virá porque o governo desobrigou as empresas de instalar os Postos de Servi-ços de Telefonia, considerados caros e ineficientes. Em troca, elas ficaram obri-gadas a investir na conexão à internet. O Ministério da Comunicações calcula que em três anos será possível alcançar 90% dos estudantes das escolas públi-

cas e, em cinco anos, todas as 142 mil escolas públicas federais, estaduais e municipais estarão conectadas, inclu-sive onde sequer tem energia elétrica. Também serão integrados outros ser-viços públicos, como postos de saú-de, associações comunitárias e dele-gacias de polícia.

32 Revista do Ministério das Comunicações

Page 33: Ciadania e Inclusão

Um grupo de 379 funcionários dos Correios, que foram perseguidos entre março de 1997 e março de 1998, já está podendo voltar ao trabalho ampa-rado numa lei específica que permitiu a revisão de cada caso. A Comissão de Anistia, formada por três funcionários dos Correios e um do Ministério das Comunicações, tem acelerado a aná-lise dos processos para atender à Lei

Funcionários dos Correios são anistiados11.282/2006. A expectativa é anistiar outras 100 pessoas até o final do ano. Esses funcionários foram demitidos por participar de movimentos grevistas em 1997 e estão retornando ao trabalho desde 2006. Os Correios asseguram a contagem do tempo de serviço, a pro-gressão salarial e o pagamento das con-tribuições previdenciárias desses servi-dores desde as dispensas ou suspensões

contratuais. “Essa anistia veio na hora certa. Eu estava há mais de oito anos desempregado, só fazendo bicos, vi-vendo aos trancos e barrancos. E o pior quase ninguém sabe: até hoje essa gre-ve não foi julgada pela Justiça. Nem a justificativa de greve abusiva eles ti-veram em 98 para dispensar a gente”, diz o operador de triagem carioca Pau-lo César Correa Pinheiro.

Atualmente, há quatro transmis-sores de TV Digital instalados no país e dois deles saíram da fábrica da Li-near, no Vale da Eletrônica, no sul de Minas Gerais. Os outros dois são im-portados. Além disso, outras empre-sas da região prometem transmissores para os próximos meses. A STB nego-cia a instalação de transmissores para duas emissoras paulistas. E, até mar-ço de 2008, a JWSat também entrega-rá seus primeiros equipamentos para TV Digital. O professor Adonias Cos-ta da Silveira, coordenador dos pro-

Minas Gerais sai na frente em TV Digital

“Exporta Fácil”, dos Correios, foi o tema central de um encontro que reuniu os países sul-americanos em Washington (EUA). O BID ( Banco Interamericano de Desenvolvimento) vai financiar a implan-tação de um projeto piloto de exporta-ções envolvendo o Peru, Uruguai, Equa-dor e Argentina, de acordo com as metas da IIRSA (Integração da Infra-estrutura Re-gional Sul-Americana). O “Exporta Fácil” simplifica as exportações feitas por meio dos serviços postais, facilitando às micro

Ministro representa o Brasil nos EUA

O Centro Nacional de Pesquisa (CNPq) recebeu R$ 3,7 milhões do Ministério das Comunicações para ampliar e modernizar o projeto Casa Brasil. Coordenado pela Casa Civil, cada unidade do projeto possui um telecentro, com computadores, sala de leitura, auditório, estúdio multi-mídia e laboratório de ciências e in-

jetos em TV Digital do Instituto Na-cional de Telecomunicações (Inatel), lembra que a instituição está muito à frente na transmissão de TV Digital. “Uma rede de TV fez a transmissão dos jogos Pan-Americanos com equi-pamentos de modulação e codificação feitos pelo Inatel, em parceria com fa-bricantes da região, e muitas empre-sas já estão procurando”, afirma. O projeto de TV Digital foi desenvolvi-do pelo Inatel, em parceria com a Li-near, com recursos do Governo Fe-deral, por meio do Funttel.

Casa Brasil recebe investimentosformática para uso gratuito. Cerca de R$482,8 mil desse total serão destina-dos para o pagamento de coordenado-res e bolsistas do projeto “Auxílio Fi-nanceiro a Estudantes”. A proposta visa apoiar todos os projetos que melhorem e ampliem o Programa de Inclusão Di-gital, especialmente os voltados para a educação e cultura.

e pequenas empresas o acesso ao merca-do internacional para remessas no valor até US$ 20 mil por pacote. “O modelo busca acabar com a burocracia e reduzir os custos, resultando na geração de em-pregos e crescimento da economia local. Com esta fórmula, o pequeno exportador torna o seu produto mais competitivo no mercado exterior”, diz Hélio Costa. Em 2007, o “Exporta Fácil” deve ultrapassar US$ 200 milhões em encomendas, bene-ficiando mais de 10 mil empresas.

Os 3,5 mil estudantes de escolas rurais e urbanas de Andradas (MG) pas-saram a estudar e a participar mais da sociedade com o programa de “Incen-tivo à Leitura”, do jornal “Andradas Hoje”. Cada aluno recebe gratuitamen-te toda semana um exemplar para par-ticipar de atividades de leitura na esco-la. O objetivo é despertar o interesse nos estudantes para o hábito da leitu-ra e assim ajudar na sua formação. O resultado tem surpreendido e o inte-resse pelos estudos e as notas aumen-taram. “A educação deve ser priorida-de em todos os projetos e patrocínios do governo. Um apoio simples como este faz diferença nas escolas públicas do interior do Brasil, porque é mais um estímulo ao estudo”, afirmou o minis-tro das Comunicações Hélio Costa. O programa, que tem o apoio dos Cor-reios, funciona como um projeto-pilo-to, que poderá ser estendido para ou-tros municípios do país.

Correios apóiam programa que

incentiva a leitura

33Revista do Ministério das Comunicações

Page 34: Ciadania e Inclusão

Aos 65 anos, o chaveiro Nivaldo Vieira carrega dois celulares por onde anda. Não esquece nenhum, nunca. O número mais antigo o acompanha até a cama e passa a noite inteira ligado ao lado da cabeceira. Para ele, não há in-venção melhor: com o celular, aumen-tou em mais de 80% a quantidade de clientes. Poucos vão até o quiosque e quase ninguém tem o número fixo do chaveiro, mas qualquer um o encon-tra pelo celular. Isso nem sempre foi assim. Nas décadas de 70, 80 e início dos anos 90, para sustentar os dois fi-lhos e a esposa, Nivaldo fazia malaba-rismos. Vendia seus serviços a órgãos públicos, pregava cartazes, distribuía cartões e levava sempre uma ficha te-lefônica no bolso quando ia socorrer alguém. Mesmo assim perdia serviços e dinheiro. “O celular é a minha prin-cipal ferramenta de trabalho, a minha renda deu um salto. Ele funciona mui-

Telefonia celular vai chegar a todos os municípios do Brasil

Terceira geração vai disponibilizar o sinal para interligar o Brasil

to mais que o telefone fixo”. Apesar de milhões de brasileiros, como Nivaldo, dependerem diariamente do celular, as vantagens ainda não chegaram a 40% dos municípios.

As localidades pequenas e distan-tes são as mais prejudicadas. Por isso, o Ministério das Comunicações defen-deu a antecipação da licitação da ter-ceira geração de telefonia celular (3G), que a Anatel (Agência Nacional de Te-lecomunicações) vai realizar em novem-bro deste ano. Outra mudança proposta foi a inclusão da obrigação de prestação do serviço de telefonia móvel nos muni-cípios com menos de 30 mil habitantes nos dois primeiros anos. Com isso, o mi-nistério quer ampliar a cobertura na lici-tação das freqüências e garantir acesso mais rápido para os usuários. “Vamos le-var a telefonia celular a todos municípios do Brasil. Eu conheço dezenas de mu-nicípios que não estão cobertos, princi-palmente os que têm menos de dez mil habitantes”, diz Hélio Costa.

A terceira geração vai democrati-zar ainda mais a telefonia celular, e tam-bém disponibilizar novos serviços para

Estudo mostra que o uso do celular ajuda a populaçãoQuando se fala das vantagens do

celular para o desenvolvimento do País, sempre aparecem as perguntas: a tele-fonia incentiva o crescimento? Ou o crescimento estimula a compra de ce-lulares? Um estudo publicado na edi-ção de 10 de maio da revista The Eco-nomist esclarece a dúvida. O celular gera crescimento. Por quase uma dé-cada o pesquisador e economista da Universidade Harvard, Robert Jensen, acompanhou de perto os pescadores na ilha de Kerala, no sudoeste da Índia. Até 1997, quando não havia nenhum meio de comunicação no mar, de 5% a 8% dos peixes eram descartados por exces-so de mercadoria nas feiras, enquanto que muito próximo dali compradores

voltavam para casa sem mercadoria. Essa rotina só existia porque os comerciantes tinham medo de levar seus peixes a ou-tros mercados, gastar com combustível e ter que voltar para casa sem vender nada. Em 14 de janeiro de 1997, por exemplo, 11 pescadores na praia de Badagara tive-ram que devolver os peixes ao mar. Na-quele mesmo dia, no entanto, havia 27 compradores para os peixes descartados há 15 quilômetros dali.

A partir de 1997, à medida que os celulares passaram a fazer parte das co-munidades pesqueiras, o desperdício di-minuiu e cerca de 35% dos pescadores passaram a procurar novos mercados. “In-formação é o que faz os mercados fun-cionarem, e os mercados melhoram as

condições de vida”, disse Robert Jen-sen à revista. A área de cobertura che-ga até a 25 quilômetros da costa, as-sim, antes de chegar para vender, os pescadores ligam para várias regiões e descobrem onde está o melhor preço. Quando o estudo estava para terminar, toda a ilha já tinha cobertura celular. O desperdício tinha caído a zero e to-das as sardinhas da costa tinham preço parecidos. O lucro do pescador cres-ceu em 8% e o preço para os consumi-dores caiu 4%. Com o lucro, em dois meses, os pescadores conseguiam pa-gar o celular. “Esse estudo comprova como os celulares melhoram efetiva-mente a condição de vida das pesso-as”, diz Jensen.

Nivaldo Vieira aumentou a clientela

os consumidores. O aparelho pode ser transformado num mini-computador, além de outras vantagens tecnológicas, como transmitir imagem em tempo real com alta velocidade; ver televisão; bai-xar músicas da internet; receber e en-viar e-mails e realizar videoconferências. Como se vê, será uma nova revolução tecnológica.

No mundo, já existem cerca de 60 re-des de terceira geração espalhadas pelos Estados Unidos e por mais de 25 países da Europa e Ásia. E o Brasil terá em todos os seus municípios a melhor tecnologia disponível atualmente no mundo.

TECNOLOGIA 3G

34 Revista do Ministério das Comunicações

Page 35: Ciadania e Inclusão

1ª Geração Celulares analógicos.

2ª Geração

Celulares com tecnologias TDMA, CDMA e GSM. Velocidade de 10 Kbit/s

Geração 2,5 ou 2,5GÉ a 2ª geração com serviços adicionais. Velocidade: 64 – 144 Kbit/s

3ª Geração ou 3GPermite a transmissão de som, imagens e vídeos. Velocidade: 144 Kbit/s - 2 Mb/s

Evolução tecnologica

Soluções para bloquear o sinal

em presídiosAs operadoras de telefonia celu-

lar não podem ser responsabilizadas pela fragilidade do sistema público de segurança. O bloqueio do sinal dos celulares, durante a crise da se-gurança pública nos estados de São Paulo e Espírito Santo, em 2006, foi falho e teve elevado custo para a po-pulação que vive e trabalha nas vizi-nhanças desses prédios, geralmente comunidades mais pobres, sem tele-fone fixo e que dependem do celu-lar para tudo. No entanto, a Lei nº 10.792/03 obriga as penitenciárias a instalarem ferramentas capazes de impedir a comunicação entre celula-res e a Anatel já aprovou os proce-dimentos para que isso fosse feito. Esses dispositivos legais e procedi-mentos técnicos estão disponíveis às instituições de segurança públi-ca para quando quiserem efetiva-mente implantar um sistema eficaz de bloqueio.

Ministério das Comunicações quer incluir metas mais abrangentes de cobertura na licitação das freqüências e acesso mais rápido para os usuários

35Revista do Ministério das Comunicações

Page 36: Ciadania e Inclusão

O M I N I S T R O R E S P O N D EO volume de processos que tramita no Ministério das Comunicações é imenso e contínuo. A demanda de trabalho exige esforços, determinação e foco para que todas as questões sejam resolvidas com eficiência, transparência e agilidade. Entretanto, algumas dúvidas podem surgir. Muitas perguntas chegam ao ministério sobre os inúmeros projetos desenvolvidos. O ministro Hélio Costa responde aquelas que se apresentam com uma freqüência maior e aproveita também para esclarecer e analisar questões que envolvem as TVs pública e digital, rádios comunitárias, interatividade, convergência, entre outros importantes assuntos de interesse nacional.

Como funciona a autorização das rádios comunitárias?

Hélio Costa: Nós trabalhamos praticamente 12 horas por dia e, há dois anos, estamos vivendo com mais de 40 mil processos. Desses, 10 mil são pedidos de rádios no país. Só que não temos engenheiros e advo-gados suficientes para analisar tudo isso. Temos que analisar cada pedi-do para que cada um represente a co-munidade. Além disso, há processos que são simplesmente esquecidos e, quando eu vou ver por que estão pa-rados, os técnicos mostram que falta o cumprimento de exigências e nin-guém responde. Estamos fazendo um esforço concentrado para agilizar o mais rápido possível.

Por que há 40 mil processos acumulados?

Hélio Costa: Porque, no fim de 2002, o governo fechou as 11 dele-gacias do ministério nos estados, com a intenção de acabar com o MC. No dia seguinte, chegaram duas carretas com 40 mil processos. Não tínhamos onde guardá-los. Só agora terminamos um galpão para catalogá-los. Fazemos tudo o que nós podemos, mas o nú-mero de funcionários é insuficiente. É

uma situação difícil, mas estamos re-solvendo.

Mas o senhor concorda que essa demora incentiva as rádios comuni-tárias irregulares e o ministério é obrigado a fechá-las?

Hélio Costa: Há muita gente que acha mais fácil comprar um transmissor de R$ 700 sem autorização. Isso causa uma série de dificuldades e coloca em risco até o tráfego aéreo. Mas não é o ministério que fecha as rádios. A com-petência de fiscalização é da Anatel, provocada pelo Ministério Público. O Ministério das Comunicações não fe-cha, só abre rádios legais.

Há uma grande controvérsia sobre a TV pública. Qual é a idéia do senhor para essa TV?

Hélio Costa: À medida que nós

conseguimos implantar a TV Digital no país, que começa a funcionar em julho em São Paulo, nós vamos liberar 10 canais. Esses canais normalmente são mantidos como reserva no siste-ma analógico e não vamos mais pre-cisar deles. Seis serão destinados à TV pública. Já temos a TV Senado; a TV Câmara; a Radiobrás, que é do Execu-tivo. O projeto está sendo formatado pela Secom (Secretaria de Comunica-ção Social da Presidência da Repúbli-ca). Então vamos criar as TVs Cultural e da Cidadania, além de uma exclu-siva para a educação. A primeira vai abrigar as TVs comunitárias e univer-sitárias que hoje funcionam em canal pago. Estamos democratizando esses canais, que representam diretamente a comunidade.

O que representa a TV Digital para o Brasil?

Hélio Costa: Uma verdadeira re-volução. Nós temos uma pesquisa fei-ta em São Paulo que mostra que ape-nas 15% das imagens são aceitáveis do ponto de vista de qualidade. Os ou-tros 85% são imagens deformadas que chegam ao televisor com defeito, fan-tasmas, cores prejudicadas, por exem-plo. A TV Digital corrige isso. Ou são 100% de imagem perfeita e som esté-reo ou não se tem nada. Ela, por si só, é uma extraordinária ferramenta de comunicação porque vai oferecer in-teratividade.

“A convergência éuma realidade na

qual computadores,televisão e telefones possuem cada vez

mais funções”

36 Revista do Ministério das Comunicações

Page 37: Ciadania e Inclusão

Por que o padrão japonês foi escolhido?

Hélio Costa: Nós fizemos todos os testes e quem passou no teste foi o padrão japonês. Ele foi o único que atendeu à exigência do decreto de que deveria ha-ver transferência de tecnologia, garantia de uma TV aberta e gratuita para toda a população, interatividade e portabilida-de. Além disso, não houve cobrança de royalties e ferramentas brasileiras foram incorporadas, assegurando assim o de-

senvolvimento tecnológico nacional. A decisão passou por um comitê com re-presentantes da sociedade e outro inte-grado por onze ministros, que se basea-ram nas pesquisas de 22 consórcios. Esses consórcios reuniram cem universidades, como USP, UFMG e Mackenzie, envol-vendo mais de mil técnicos, professores, cientistas e engenheiros.

O Brasil não tem uma legislação específica sobre convergência digital,o que tem inibido investimentos. O que está sendo feito nesse sentido?

Hélio Costa: A convergência é uma realidade na qual computadores, TV e telefones possuem cada vez mais fun-ções compartilhadas. Com certeza, pre-cisamos organizar melhor esse processo no Brasil, que no mundo envolve cerca de um trilhão de dólares anuais. Cria-mos um Conselho Consultivo das Co-municações, onde vamos discutir com a Casa Civil, Fazenda, Cultura, Esportes, e Educação sobre convergência digital e como vamos fazer a proposta para o Congresso. O governo quer manter a sintonia com o mercado para continu-

“O que estamospropondo estáperfeitamentenos níveis doque é feito emoutros países”

ar estimulando investimentos, visando o crescimento da economia de nosso país. “Em setembro de 2007, organi-zamos a Conferência Nacional Prepa-ratória de Comunicações, em parceria com o Congresso Nacional e a Anatel. O evento envolveu ministérios, universi-dades, empresas e movimentos sociais, e serviu como base para a realização de uma grande Conferência Nacional pre-vista para 2008.”

Qual é o grande projeto do ministério?

Hélio Costa: Além da TV Digital, que será implantada neste ano, a Rádio Digital será definida em 2007, alavan-cando a indústria e revitalizando todas as freqüências, como a AM. Porém, o que eu considero mais importante é a conexão de banda larga à internet nas 142 mil escolas públicas federais, esta-duais e municipais. Este projeto come-ça em 2007 e esperamos, em três anos, atingir 90% dos estudantes do ensino público. Ao mesmo tempo, vamos le-var a internet banda larga a todos os 5.565 municípios do país.

Hélio Costa afi rma que o modelo de TV Digital permite transferência tecnológica, mobilidade e evita a elitização dos serviços

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Page 38: Ciadania e Inclusão

Equipes patrocinadas pela ECT conquistam 33 medalhas para o Brasil

Missão cumprida. Esse é o sentimen-to que tiveram os atletas da natação brasi-leira, porque o esporte foi o que ganhou mais medalhas para o Brasil. Foram 12 de ouro, seis de prata e nove de bronze. O sucesso foi tão grande que, em meio à eu-foria da festa, era possível ouvir que 2007 foi o Pan da natação. E foi mesmo!

Os jogos serviram para revelar o ta-lento de Thiago Pereira, que agora é um novo ídolo brasileiro. Ele conquistou so-zinho um terço do total das medalhas de ouro do Brasil e superou a lenda do americano Mark Spitz, que em Winni-peg, em 1967, havia ganhado cinco de ouro. Thiago superou ainda a marca do nadador brasileiro Djan Madruga, que em San Juan, em 1979, subiu seis vezes ao pódio. Foi um grande feito, mas ne-nhuma das medalhas de Madruga bri-lhava como o ouro. Rebeca Gusmão é outra grande estrela. Ela conseguiu a pri-meira medalha de ouro do país na na-tação feminina nos 50 metros e cravou um novo recorde pan-americano nos 100 metros livres.

“Essa geração que está aí é melhor do que a passada”, atesta Coaracy Nu-nes, presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). “Te-mos um grupo de sete a oito nadadores capazes de conquistar medalhas nos Jo-gos Olímpicos de Pequim”.

Rumo às Olimpíadas

Se os nadadores tivessem feito nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, os mesmos tempos que conseguiram no Pan, o Brasil teria conquistado quatro medalhas olímpicas – uma de ouro, duas de prata e outra de bronze. A me-dalha de ouro seria de César Cielo nos 50 metros livres. Cielo ficou a apenas dois décimos de segundo do recorde mundial de Alexander Popov. Para a CBDA, essa foi a competição mais im-portante para a história do esporte. Para os Correios – que desde 1991 são pa-

trocinadores oficiais da CDBA – tam-bém. Além do sucesso na natação, que ganhou 27 medalhas, outros esportes aquáticos também se destacaram: ma-ratona aquática (2), saltos ornamen-tais (2), pólo aquático (1) e nado sin-cronizado (1).

Os excelentes resultados se devem a um longo trabalho e muito investimento. Os Correios aplicaram nestas equipes R$ 7,8 milhões nos últimos anos. “É o me-lhor investimento que fizemos, pois to-dos ganham: o Brasil, o esporte, a edu-cação, e a empresa”, disse o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

QUADRO DE MEDALHAS Prova Atleta Tempo Colocação

no PanComparação Atenas 2004

50 metros livre César Cielo 21s84 Ouro Ouro

100 metros livre César Cielo 48s79 Ouro 5° lugar

200 metros costas Thiago Pereira 1min58s42 Ouro 6° lugar

200 metros peito Thiago Pereira 2min13s51 Ouro Nem faria a final

100 metros borboleta Kaio Márcio 52s05 Ouro 4° lugar

200 metros borboleta Kaio Márcio 1min55s45 Ouro Bronze

200 metros medley Thiago Pereira 1min57s79 Ouro Prata

400 metros medley Thiago Pereira 4min11s14 Ouro Prata

Revezamento 4x100 livre Equipe brasileira 3min15s90 Ouro 7° lugar

Revezamento 4x200 livre Equipe brasileira 7min12s27 Ouro 4° lugar

50 metros livre Rebeca Gusmão 25s05 Ouro 6° lugar

100 metros livre Rebeca Gusmão 55s17 Ouro 8° lugar

Equipes patrocinadas pela ECT conquistam 33 medalhas para o BrasilEquipes patrocinadas pela ECT conquistam 33 medalhas para o BrasilEquipes patrocinadas pela ECT conquistam 33 medalhas para o Brasil

Natação brilha no PanEquipes patrocinadas pela ECT conquistam 33 medalhas para o Brasil

CORREIOS

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Page 39: Ciadania e Inclusão

Show de ouro no futsalBastou uma chance para o Futsal

mostrar o seu valor no Pan-America-no do Rio de Janeiro. Pela primeira vez, o esporte – que não é uma mera ramificação do futebol – esteve no calendário dos jogos das Américas. O problema é que ele só entrou por uma concessão do mexicano Mário Vázques Rama, presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Ameri-cana), e pode ficar de fora na compe-tição em Guadalaraja (México), em 2011. Se isso ocorrer, o futsal bra-sileiro terá a única medalha de ouro em jogos do Pan. Independentemen-te da decisão, pelo sucesso que fez a competição, o esporte definitivamen-te caiu nas graças do público brasi-leiro e dos países que participaram da disputa.

O ouro foi conquistado pela equi-pe brasileira numa partida contra a Ar-gentina, num placar de 4 a 1. Com a vitória, o Brasil se redimiu de dois fra-cassos nos últimos mundiais, em 2000 e 2004, quando foi superado pela Es-panha na decisão e na semifinal. “O Pan e o Mundial, no ano que vem, podem nos marcar de alguma forma e apagar 2000 e 2004”, afirmou Ales-sandro Rosa Vieira, mais conhecido como Falcão, o ala brasileiro consi-derado o melhor do mundo. “É uma grande geração que não pode ficar marcada assim, temos grandes chan-ces de reverter isso.”

E os Correios acreditaram nesse po-

tencial. Desde 2004, a equipe é patro-cinada pela empresa, que anualmente investe R$ 4,5 milhões no esporte. Des-de o inicio dessa parceria, o futsal já conquistou oito medalhas de ouro em vários campeonatos, como o Torneio Pré-mundial, Gran-Prix, Jogos Sul-ame-ricanos e, agora, o Pan. Assim como no futebol de campo, os jogadores brasi-leiros são destaques no universo do fut-sal: o ala Falcão foi considerado pela Fifa como o melhor jogador do mun-

Próxima meta da seleção do Brasil é conquistar o campeonato mundial

do. “O futsal é amplamente disputado no Brasil. Em qualquer bairro, parque, escola ou comunidade há uma quadra para jogar. Os jovens precisam de es-tímulo para crescer, se desenvolver”, disse o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Os atletas se tornam re-ferências saudáveis e positivas para a juventude.

Artilheiro

Na campanha vitoriosa da seleção brasileira no Pan do Rio, Falcão foi o grande destaque. Completou 198 gols com a camisa da seleção, foi o artilhei-ro da competição e protagonizou lan-ces que lembram, e muito, o futebol arte. Fez jus ao título de melhor joga-dor do mundo de futsal, dado pela Fifa depois da Copa do Mundo de Taipei, em 2004. “Enquanto eu não tiver um título de importância, como o Mun-dial ou o Pan, eu não posso me sentir o melhor do mundo”, disse ele, antes do ouro nos Jogos do Rio de Janeiro. Agora, Falcão, você pode!

Seleção brasileira, ouro no Pan do Rio 2007, é referência mundial no esporte

Falcão foi considerado pela Fifa o melhor jogador do mundo

39Revista do Ministério das Comunicações

CORREIOS

Page 40: Ciadania e Inclusão

A participação da delegação bra-sileira nos Jogos Parapan-Americanos, realizados em agosto no Rio de Janei-ro, foi um sucesso. O Brasil desbancou 26 países e foi o primeiro na classifica-ção geral, deixando para trás a potência mundial dos esportes, os Estados Uni-dos. Em sete dias de competição, nos-sos atletas conquistaram 228 medalhas. Mas não foi só nos esportes que o Bra-sil fez bonito no Parapan. O evento foi marcado pela inclusão digital, garan-tida pela infra-estrutura montada pelo Ministério das Comunicações, que le-vou em conta o bem-estar dos portado-res de necessidades especiais.

Durante todos os dias de compe-tição, a Empresa de Correios e Tele-grafos (ECT) manteve o mesmo apoio logístico que garantiu o sucesso dos jogos Pan-Americanos. O Ministério das Comunicações instalou três tele-centros. O da Vila Parapan-Americana contou com 21 computadores, impres-sora braile, impressora multifuncional e quatro telefones. Os outros dois - no Complexo do Rio Centro e no Está-dio Olímpico João Havelange - foram equipados com cinco computadores, uma impressora multifuncional e qua-tro telefones.

Os 1.300 atletas e as equipes téc-nicas tiveram acesso à internet gra-tuita e ao serviço de telefonia es-pecial. “Esses atletas merecem todo apoio para mostrarem ao mundo seu talento, o esforço que fazem para su-perar seus próprios limites. Assim como fizemos no Pan, também as-seguramos o direito à comunicação no Parapan”, defende o ministro Hé-lio Costa.

Parapan leva ouro namodalidade inclusão

Apoio do ministério e da ECT viabiliza o acesso à internetdurante os jogos

Recursos tecnológicos

Todos os computadores receberam um software de leitura de tela, desen-volvido pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica-ções) com recursos do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações). O aplicativo permite a narração automática dos tex-tos e ações dos usuários, beneficiando os deficientes visuais.

A intenção é utilizar a ferramen-ta em todos os programas de inclusão digital do governo. “Os recursos do Funttel devem ser direcionados a pro-jetos realmente importantes, como é o caso do leitor de telas. Trata-se de uma grande conquista para pessoas com de-ficiência visual ou com baixa visão”, afirma o diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia do Mi-nistério das Comunicações, Igor Vilas Boas de Freitas.

Outra novidade foi o uso de tele-fones especiais, equipados com tecla-

O Ministério das Comunicações instalou três telecentros, com 21 PCs, impressoras braile e multifuncional, e quatro telefones

CORREIOS

dos que permitem a comunicação de deficientes auditivos. O uso dos no-vos recursos tecnológicos foi acom-panhado de perto por técnicos do Mi-nistério das Comunicações. Também apoiaram a iniciativa o Ministério do Esporte, o Comitê Paraolímpico Bra-sileiro, a operadora de telefonia Oi e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aplicabilidade De acordo com Hélio Malavazi,

diretor de Tecnologia de Serviços do CPqD, o investimento total no proje-to foi de R$ 5 milhões. O aplicativo foi desenvolvido para ser utilizado mesmo em computadores bem simples, que te-nham pelo menos um processador de 500MHz, Windows 2000 ou XP, me-mória de 250MB e mínimo de 30MB de disco livre para instalação. O software poderá ser encontrado nos portais do CPqD e da Secretaria Especial dos Di-reitos Humanos.

40 Revista do Ministério das Comunicações

Page 41: Ciadania e Inclusão

QUADRO DE MEDALHASClassificação País Ouro Prata Bronze Total1º Brasil 83 68 77 228

2º Canadá 49 37 26 112

3º Estados Unidos 37 44 36 117

4º México 37 43 37 117

5º Cuba 28 22 12 62

6º Argentina 7 16 30 53

7º Venezuela 6 11 15 32

8º Peru 3 2 0 5

9º Colômbia 2 6 10 18

10º Jamaica 1 2 2 5

11º Porto Rico 1 1 2 4

12º Equador 1 0 1 2

13º Chile 0 1 1 2

Costa Rica 0 1 1 2

15º Panamá 0 1 0 1

Uruguai 0 1 0 1

17º Paraguai 0 0 1 1

El Salvador 0 0 1 1

19º Bahamas 0 0 0 0

Bermudas 0 0 0 0

Granada 0 0 0 0

Guatemala 0 0 0 0

Haiti 0 0 0 0

Honduras 0 0 0 0

Nicarágua 0 0 0 0

República Dominicana 0 0 0 0

Suriname 0 0 0 0

A delegação brasileira deu um show no Parapan. Das 228 meda-lhas, 108 foram conquistadas apenas na natação. Clodoaldo Silva bateu inacreditáveis oito recordes mun-diais e dois parapan-americanos. Um marco surpreendente para o atle-ta que conheceu a natação apenas aos 16 anos, quando passava por uma reabilitação. André Brasil, que conquistou oito medalhas na nata-ção, bateu sua própria marca mun-dial nos 100 metros borboleta para a classe S10. Daniel Dias e Adriano Lima também garantiram oito meda-lhas cada um.

O Brasil superou a Argentina no futebol duas vezes: no de cinco e no de sete jogadores. No atletis-mo, Lucas Prado e Odair dos San-tos conquistaram três ouros cada. Alexander Whitaker brilhou doura-do no halterofilismo do Brasil. Mau-rício Pommê e Carlos Jordan con-quistaram o ouro no tênis de mesa. As judocas brasileiras Carla Cardo-so e Ana Luiza Farias ganharam as medalhas de ouro e bronze na ca-tegoria de 48 quilos. “Treinei mui-to para chegar até aqui. Enfrentei adversidades duríssimas e, agora, é pensar nas Olimpíadas de Pequim”, diz Carla, que garantiu uma vaga ao Brasil nos Jogos de 2008.

Aulas de cidadania

Durante o Parapan, o que se viu foram aulas de cidadania e inclu-são. Alunos de escolas públicas e particulares revezaram-se na pla-téia e alguns puderam vivenciar a realidade dos atletas do Parapan. As crianças da terceira série da Escola Municipal Montese, de Duque de Caxias (RJ), por exemplo, jogaram tênis de mesa amarrados em cadei-ras e cobriram os olhos para jogar futebol. “Tudo para mostrar como é um jogo adaptado”, disse uma das professoras.

Atletas se superam nas competições

Estudantes puderam vivenciar a realidade dos atletas do Parapan

41Revista do Ministério das Comunicações

CORREIOS

Page 42: Ciadania e Inclusão

Há seis anos, a família não tem no-tícias de Ranara Lorrane Alves de Melo. Ela sumiu aos 11 anos, quando ia pegar um ônibus de volta para Taguatinga (DF), onde morava com o pai. Filha de pais se-parados, Lorrane fazia o mesmo percur-so todos os fins de semana. Ela passava o sábado com a mãe no Recanto das Emas (DF) e voltava no início da tarde de do-mingo para a casa do pai, o chaveiro Mar-cos Aurélio Pinheiro. Em 25 de novembro de 2001, às 14 horas, ela se despediu da mãe e saiu. Nunca mais foi vista. Os pais não querem mais falar no assunto, prefe-rem chorar em silêncio. Marcos diz ter feito tudo que podia para encontrar a fi-lha, que criou dos seis meses aos 11 anos, mas nada adiantou. “Eu já espalhei carta-zes pela cidade inteira, levei a foto dela para jornais, revistas e até para a televisão. Não agüento mais”, desabafa.

Marcos não é o único a sofrer com a dor da saudade e da incerteza. Mais de

40 mil crianças e adolescentes desapare-cem todos os anos no Brasil e cerca de 10% delas nunca são encontradas. Para criar mais um canal de socorro, os Cor-reios vão incluir fotos de pessoas desapa-recidas nos telegramas, em uma parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Hu-manos. “Essa é uma campanha importan-tíssima para a sociedade. O telegrama é de tal modo popularizado que circulam pelo país mais de 15 milhões de formu-lários por ano”, justifica o ministro das Comunicações, Hélio Costa. “Tenho cer-teza de que, nos próximos meses, já te-remos boas notícias para os pais e mães que, lamentavelmente, ainda estão à pro-cura de seus filhos”.

Atualmente, há cerca de 1.085 ca-sos de desaparecimento registrados no cadastro da Rede Nacional para Identi-ficação e Localização de Crianças Desa-parecidas. Cerca de 75% são de adoles-centes. As crianças com idades entre 7 e 11 anos somam 15%, os outros 10% são de menores de 6 anos. A campanha foi inspirada em ações de entidades norte-americanas que há 15 anos divulgam fo-tos de desaparecidos nas caixas de leite.

Telegrama de esperançaCrianças desaparecidas terão as fotos estampadas

em 15 milhões de telegramas distribuídos pelos Correios

Caixas de coleta: 25.379Pontos-de-venda: A expressão cor-reta é Postos de Vendas de Produ-tos (que, em geral, são bancas de re-vistas), 10.680Centros de distribuição: 926Centros de Tratamento de Cartas e Encomendas: 56Terminais de Carga Aérea e de Su-perfície: 7 Veículos leves: 5.135Motocicletas: 14.645Bicicletas: 22.775Carteiros: 52.472Funcionários: 107.496Domicílios visitados/dia: 45 milhões visitados regularmente (não, neces-sariamente, todos os dias)Faturamento em 2006: 8.831 mi-lhõesPrevisão de faturamento em 2007: 10 bilhõesVolume do tráfego de objetos anual: 8.612 milhões, representando cerva de 32 milhões de objetos/dia.

OS CORREIOS EM NÚMEROS

Caixas de coletaPARA AUMENTAR A SEGURANÇA

- Nunca deixe seu filho sozinho em casa, rodoviárias, consultórios, lojas e outros estabelecimentos;

- Não permita que ele brinque sozi-nho na rua;

- Não se distraia olhando vitrines ou experimentando roupas.

- No horário dos afazeres domésticos, esteja atento e saiba sempre onde ele está;

- Procure conhecer os amigos de seu fi-lho e os pais deles;

- Redobre a atenção quando sua casa ou prédio estiver em reforma;

- Nunca permita que ele seja fotografa-do na escola ou em casa se não sou-ber a procedência do fotógrafo;

- Jamais preencha formulários sem sa-ber qual é a finalidade;

- Ao levar seu filho à escola, observe-o e oriente-o para que só saia de lá

em sua companhia ou na de outro conhecido;

- Solicite à direção da escola que jamais entregue seu filho a qualquer pessoa sem autorização;

- Quando contratar os serviços de al-guém, procure informações detalha-das e exija carta de referência;

- Ensine a criança o nome dela com-pleto, o nome dos pais, o endereço e o telefone;

- Oriente seu filho a jamais aceitar pre-sentes, doces ou caronas de qual-quer pessoa;

- Ensine que não deve dar informações sobre ele ou a família a estranhos;

- Providencie a carteira de identidade da criança;

- Saiba o grupo sangüíneo e o RH da criança.

Fonte: Movimento Nacional de Crianças Desaparecidas

Na versão dos Correios, todos os telegra-mas terão três fotografias: duas de desa-parecidos na cidade onde o telegrama é entregue e uma terceira de pessoas que sumiram em outros estados. Até o fim do ano, os Correios vão usar etiquetas ade-sivas com as fotografias. Mas, a partir de 2008, todos os formulários sairão da grá-fica com as três fotos estampadas. Quem quiser divulgar a foto de uma criança ou adolescente desaparecido deve procurar a Secretaria Especial de Direitos Huma-nos, por meio do Disque 100.

CIDADANIA

42 Revista do Ministério das Comunicações

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Quem não tem comprovante de renda sabe a dificuldade que é abrir uma conta bancária. É tão difícil que não existe banco em regiões onde moram apenas pessoas sem renda ou com ganhos muito baixos. Preocupa-dos com a ausência de agências ban-cárias em 1.750 municípios, a Em-presa de Correios e Telégrafos (ECT) resolveu usar sua rede de atendimen-to para prestar os serviços financei-ros básicos. O sucesso foi tão grande que nos últimos cinco anos, o Ban-co Postal abriu mais de 6,2 milhões de contas correntes. Somente no ano passado foram abertas cerca de 4,5 mil contas por dia e mais de 240 mi-lhões de transações foram realiza-das. Agora, qualquer pessoa, apenas com a carteira de identidade, pode ter uma conta em banco. E os clien-tes do Banco Postal têm acesso à con-ta corrente e poupança, empréstimos, financiamentos e cartões de créditos. Além disso, quem antes precisava se deslocar, às vezes, por 200 quilôme-tros até outras cidades para receber sua aposentadoria, agora não preci-sa mais. No Banco Postal é possível sacar o benefício.

A abertura do Banco Postal nos municípios que não tinham sequer uma agência bancária ganhou uma dimensão tão grande, que passou a ser uma condição para estímulo da economia local. Esse é um dos moti-vos pelos quais os Correios querem ampliar a cesta de produtos e servi-ços bancários oferecidos pelo Banco Postal, como a oferta de microcrédi-to, planos de previdência privada e seguros populares. Por isso o ministé-rio está discutindo uma nova parceria com o Bradesco, que ganhou a licita-ção para prestar o serviço com os Cor-reios até 2009. “Queremos ser mais

Serviço bancário dos Correios beneficia população de baixa renda

BANCO POSTAL

O Banco Postal vai chegar a todas as unidades com novas ofertas de produtos

do que meros correspondentes ban-cários”, afirmou o presidente da em-presa, Carlos Henrique Custódio.

Segundo ele, a idéia é que todas as 5,6 mil agências próprias dos Cor-reios e outras 1,5 mil agências fran-queadas sejam instalações do Banco Postal. Carlos Henrique explica que pelo menos 10% do que for captado com a licitação serão depositados em um fundo de microcrédito para finan-ciar pequenos negócios. Além disso, o Banco Postal poderia oferecer cré-

dito consignado espécie de emprés-timo com débito em conta corren-te e juros menores ao do mercado. Há ainda uma boa notícia para os funcionários dos Correios que traba-lham no Banco Postal. No novo mo-delo, pós-licitação, eles poderão mi-grar para a categoria de bancários e receber maior participação nos lucros da instituição.

Pelo mundo

O Japão possui a maior rede de correspondentes do mundo. O servi-ço postal do Japão possui US$2 tri-lhões em depósitos, 125 milhões de correntistas e detém 20% de todos os ativos financeiros do país, além de fi-nanciar 56% por cento de toda a in-fra-estrutura do Japão. O La Post da França tem 43,7 milhões de corren-tistas com US$200 bilhões de dólares em depósitos. O Deutsche Postbank na Alemanha tem 13 mil pontos de atendimento com US$43 bilhões de dólares em depósito. Na Holanda, o ING Postbank tem oito milhões de correntistas, pouco mais de US$22 bilhões em depósito e controla 30% do mercado de poupança em instru-mentos de pagamentos.

A abertura do banco em

municípios que não tinham sequer

uma agência bancária serviu de estímulo para as economias locais

Em cinco anos foram abertas mais de 6 milhões de contas correntes

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