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Reflexões sobre a Sociedade da Informação.
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O Contexto Contemporâneo
A Sociedade da Informação
MBA em Negócios JurídicosDisciplina: Gestão da Informação e do Conhecimento em Negócios Jurídicos
Prof. Leonardo Barbosa de Moraes
AS SOCIEDADES PÓS-INDUSTRIAIS
Na segunda metade do último século vários acontecimentos de importância histórica transformaram o cenário social da vida humana.
Durante a década de 1960 e princípio da década de 1970 vários sociólogos renomados formularam uma interpretação da sociedade moderna que denominaram de teoria da sociedade pós-industrial.
• Tais sociólogos afirmavam que as sociedades do mundo ocidental ingressaram em uma nova era da sua história e que tais transformações exigiam novas teorias para melhor compreendê-las (KUMAR,1995).
• Essas teorias tinham como foco principal a evolução da sociedade para uma economia de serviços e uma ‘sociedade do conhecimento’; além das mudanças sociais e políticas conseqüentes.
Composição da força de trabalho1900-1999
• Essas sociedades seriam pós-industriais e teriam vários nomes, dentre eles: sociedade da informação, pós-fordismo e pós-modernismo.
• O expositor mais eminente da sociedade da informação foi o sociólogo americano Daniel Bell.
• Já em 1973, em The coming of Post-Industrial Society, Bell já definira o ‘conhecimento teórico’ como a fonte de valor e de crescimento da sociedade do futuro.
• Posteriormente ele elabora melhor esse conceito sob a égide das novas tecnologias de informação e suas aplicações.
Hazel Henderson afirmou: “o microprocessador revogou finalmente a teoria do valor do trabalho”.
T. Stonier argumentou que “a informação superou a terra, o trabalho e o capital como insumo mais importante nos sistemas modernos de produção”.
Alvin Toffler previu mudanças nas esferas da informação, social, técnica, biológica, de poder e psicológica.
Algumas visões dos teóricos da Sociedade da Informação
Os mais utópicos esperam uma nova sociedade: “mais sã, sensível e sustentável, mais decente e mais democrática do que tudo que até agora conhecemos”(TOFFLER); uma sociedade que “elimina a necessidade social primária da guerra...” onde “nenhum ditador pode sobreviver por muito tempo...”, onde nascerá uma “democracia do consenso” e será uma era de abundancia e democrática, onde todos terão uma vida de cultura e lazer (STONIER). “A sociedade da informação se tornará uma sociedade sem classes, isenta de poder dominante, tendo como núcleo comunidades voluntárias” (MASUDA).
Algumas visões dos teóricos da Sociedade da Informação
UMA VISÃO DAS MUDANÇAS
OUTRA VISÃO: OS PARADIGMAS TECNO-ECONÔMICOS
Conceito que permite o entendimento das transformações estruturais enfrentadas periodicamente pelas sociedades: PTE – Paradigma Tecno-Econômico.
Explica as diferentes dinâmicas e padrões de geração, uso e difusão de tecnologias e outras inovações associadas que provocam transformações em toda economia e na sociedade.
3 características dos fatores-chave: amplas possibilidades de aplicação, demanda crescente e queda persistente de seu custo unitário.
Uma definição ‘clássica’(Freeman)*
Um paradigma econômico e tecnológico é um agrupamento de inovações técnicas,
organizacionais e administrativas inter-relacionadas cuja vantagens devem ser
descobertas não apenas em uma nova gama de produtos e sistemas, mas também e
sobretudo na dinâmica da estrutura de custos relativos de todos possíveis insumos
para a produção. Em cada novo paradigma, um insumo específico ou conjunto de
insumos pode ser descrito como o ‘fator-chave’ desse paradigma caracterizado pela
queda dos custos relativos e pela disponibilidade universal. A mudança
contemporânea de paradigma pode ser vista como uma transferência de uma
tecnologia baseada principalmente em insumos baratos de energia para outra que
se baseia predominantemente em insumos baratos de informação derivados do
avanço da tecnologia em microeletrônica e telecomunicações.
* conceito elaborado por Carlota Perez, Christopher Freeman e Giovanni Dosi
FASE PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO
Início e término 1770/80 a 1830/40 1830/40 a 1880/90 1880/90 a 1920/30
Descrição mecanização força a vapor e ferrovia
energia elétrica, engenharia pesada
Fator-chave1 algodão e ferro fundido carvão e transporte aço
Setores alavancadores do crescimento
têxteis e seus equipamentos, fundição e moldagem de ferro, energia hidráulica
máquinas e navios a vapor, máquinas e ferramentas, equipamentos ferroviários
engenharia e equipamentos elétricos, engenharia e equipamentos pesados2
Infra-estrutura canais, estradas ferrovias, navegação mundial energia elétrica
Outros setores crecendo rapidamente
máquinas a vapor, maquinaria
aço, eletricidade, gás, corantes sintéticos, engenharia pesada
indústria automobilística e aeroespacial, rádio e telecomunicações, metais e ligas leves, bens duráveis, petróleo e plásticos
Países líderes Grã-Bretanha, França e Bélgica
Grã-Bretanha, França, Bélgica, Alemanha e EUA
Alemanha, EUA, Grã-Bretanha, França, Bélgica, Suíça e Holanda
Países em desenvolvimento Alemanha e Holanda Itália, Holanda, Suíça,
Austria-Hungria
Itália, Austria-Hungria, Canadá, Suécia, Dinamarca, Japão e Rússia
FASE QUARTO QUINTO
Início e término 1920/30 a 1970/80 1970/80 a ?
Descrição produção em massa, "fordismo" tecnologias da informação
Fator-chave1 petróleo e derivados microeletrônica, tecnologia digital
Setores alavancadores do crescimento
automóveis e caminhões, tratores e tanques, indústria aeroespacial, bens duráveis, petroquímicos
equipamentos de informática e
telecomunicações, robótica, serviços info intensivos, softwares
Infra-estrutura auto-estradas, aeroportos, caminhos aéreos
redes e sistemas, 'information highways'
Outros setores crecendo rapidamente
fármacos, energia nuclear, microeletrônica, telecomunicações
biotecnologia, nanotecnologia, atividades
espaciais
Países líderesAlemanha, EUA e outros paíse da CEE, Japão, Rússia, Suécia e Suíça
Japão, EUA, Alemanha, Suécia, outros países da
CEE, Taiwan e Coréia
Países em desenvolvimento
Países do Leste Europeu, Brasil, México, Argentina, Coréia, China, India, Taiwan
Brasil, México, Argentina, India, Indonésia,
Turquia,Venezuela, Egito
O PTE DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
O novo PTE é baseado em um conjunto interligado de inovações em computação eletrônica, engenharia de software, sistemas de controle, circuitos integrados e telecomunicações, que reduziram drasticamente os custos de armazenagem, processamento, comunicação e disseminação da informação.
O avanço desse PTE vem exigindo novos formatos e estratégias empresariais e de outras instituições, que demandam uma carga cada vez maior de informações econhecimentos para exercer suas atividades.
FASE Fordismo Tecnologias da informaçãoInício e término 1920/30 a 1970/80 1970/80 a ?
Principais inovações técnicasmotores à explosão, prospecção,
extração e refino de petróleo e minerais e produção de derivados
microeletrônica, tecnologia digital, tecnologias da informação
Principais inovações organizacionais sistema de produção em massa, "fordismo", automação
camputadorização, sistematização e flexibilização, interligações em redes, 'just
in time', inteligência competitiva
Lógica da produção quanto ao uso do fator-chave intensiva em energia e materiais
intensiva em informação e conhecimento, preservação ambiental
e de recursos
Padrões de produção preponderantes
aumento significativo da oferta de bens e serviços, padronização, hierarquização,
departamentalização, veloz obsolescência de processos e produtos,
cultura do descartável, concorrência individual e formação de cartéis
transmissão e acesso rápidos a enormes volumes de informação, customização, interligação em redes, cooperativismo,
aceleração da obsolescência dos processos, bens e serviços, experiencias
virtuais, aceleração do processo de globalização com maior hegemonia dos
EUA
Setores alavancadores de crescimento
indústria de automóveis, caminhões, tratores e tanques, indústria petroquímica, ind´sutria aeroespacial, indústria de bens
duráveis
informática e telecomunicações, equipamentos eletrônicos, de
telecomunicações e robótica, serviços de informação e tele-serviços
Infra-estrutura auto-estradas e aeroportos info-vias, redes, sistemas e softwares dedicados
Outras áreas crescendo rapidamente microeletrônica, energia nuclear, fármacos, telecomunicações
biotecnologia, atividades espaciais, nanotecnologia
Principais setores atingidos negativamente pelas mudanças, sofrendo importantes transformações
setores produtores de materiais naturais, formas e vias de transporte tradicionais
setors intensivos em energia, minerais e outros rec não renováveis, meios de
comunic convencionais
Forma de intervenção e políticas governamentais
controle, planejamento, propriedade, regulação, welfare state
monitoração e orientação, coordenação de informações e de ações e promoção de interações,
desregulação
CARACTERÍSTICAS
A informação é a sua matéria prima: são tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informações para agir sobre as tecnologias, como nas revoluções tecnológicas anteriores.
Penetrabilidade dos seus efeitos: como a informação é uma parte integrante de toda atividade humana, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados pelo novo meio tecnológico.
Lógica das redes: morfologia bem adaptada à crescente complexidade de interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder criativo dessa interação. A rede pode ser implementada em todos os tipos de processos e organizações.
Flexibilidade: processos, organizações e instituições podem ser modificadas pela reorganização de seus componentes, com grande capacidade de reconfiguração.
Crescente convergência de tecnologias.
OS IMPACTOS DAS MUDANÇAS
Uma revolução tecnológica centrada nas TICs impõe ao mundo uma nova base material, tecnológica, da atividade econômica e da organização social, impactando assim:
EconomiaCulturaSociedade
SINTOMAS
A “ACELERAÇÃO” DO TEMPOO “ENCURTAMENTO” DO ESPAÇOAUMENTO EXPONENCIAL DA QUANTIDADE
DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS
O mundo torna-se uma grande rede - sem separação entre o público e o privado, o trabalho e o lazer.
Novos Produtos, processos e insumosNovos mercadosNovas formas de organização
Outras características*a crescente complexidade dos novos conhecimentos e tecnologias utilizadas pela sociedade;
a aceleração do processo de geração de novos conhecimentos e de fusão de conhecimentos, assim como a intensificação do processo de adoção e difusão de inovações, implicando ainda mais veloz redução dos ciclos de vida de produtos e processos;
a crescente capacidade de codificação de conhecimentos e a maior velocidade, confiabilidade e baixo custo de transmissão, armazenamento e processamento de enormes quantidades dos mesmos e de outros tipos de informação;
*(LASTRES & ALBAGLI,1999)
o aprofundamento do nível de conhecimentos tácitos (não codificáveis e específicos de cada unidade produtiva e seu ambiente), implicando a necessidade do investimento em treinamento e qualificação, organização e coordenação de processos;
as mudanças fundamentais nas formas de gestão e organização empresarial, gerando maior flexibilidade e maior integração das diferentes funções da empresa, (pesquisa, produção, administração, marketing, etc.) assim como maior interligação de empresas e destas com outras instituições, estabelecendo-se novos padrões de relacionamento entre os mesmos;
as mudanças no perfil dos diferentes agentes econômicos, assim como dos recursos humanos, passando-se a exigir um nível de qualificação muito mais amplo dos trabalhadores.
[...]
Alguns dados interessantes...
• 1943 - Em parceria com a marinha Norte-Americana, a IBM construiu o Mark I, totalmente eletromecânico, com 17 m de comprimento, 2,5 m de altura e 5 toneladas.
• 2010 - Mobilidade e conexão interplanetária. • Mais capacidade de processamento e armazenamento, poder de
comunicação e leveza...
O preço médio de um circuito integrado caiu de U$50 em 1962 para U$ 1 em 1971.
Em 1971 cabiam 2300 transistores em um chip do tamanho da cabeça de uma tachinha. Em 1993 cabiam 35 milhões e em 2008, 234 milhões.
O custo médio de processamento da informação caiu de aproximadamente U$ 75 por cada milhão de operações, em 1960, para menos de um centésimo de centavo de dólar em 1990.
247 bilhões – emails enviados por dia (média), dos quais 200 bilhões eram spam.1.4 bilhões – número de usuários com conta de email no mundo1.73 bilhões – número de usuários na Internet (Set/2009). 234 milhões – número de sites (Dez/2009).126 milhões – número de blogs4 bilhões – Fotos no Flickr (Out/2009), 30 bilhões – fotos postadas no Facebook por ano.12.2 bilhões – Videos vistos no YouTube nos US (Nov/2009). 2.6 milhões– Qtdade de códigos maliciosos em 2009 (viruses, trojans, etc.) ,921.143 – de novos códigos maliciosos adicionados pela Symantec em Q4 2009.
Números da Internet no mundo em 2009...
CRESCIMENTO VERTIGINOSO DA INTERNET NO BRASIL: NO FINAL DE 2001, ESTIMAVA-SE QUE CERCA DE 8 A 10 MILHÕES DE PESSOAS ESTIVESSEM NAVEGANDO NA INTERNET, 12 MILHÕES NO FINAL DE 2002, 32 milhões em 2005, 39 milhões em 2007*, 62,3 milhões em 2009;
Segundo pesquisa da eMarketer, a marca histórica de um bilhão de usuários internet foi atingida em Dezembro de 2005.
EXPLOSÃO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO (B2C): NO BRASIL, O COMÉRCIO NA REDE MOVIMENTOU, US$ 93 MILHÕES EM 1998; US$ 211 MILHÕES EM 1999, US$ 400 MILHÕES EM 2000, US$ 3,5 BILHÕES EM 2003.
R$ 139,5 BILHÕES DE NEGÓCIOS ENTRE EMPRESAS (B2B) EM 2004.
FONTES: IBM, IDC, EDUCASE RNP/MCT, INTERNET.BR, * Ibope/Net ratings (Set/07)
Objetivos organizacionais
Tecnologia Década
The Back Office Automatização de
processos básicos
Mainframes e microcom-putadores
60 / 70
The Front Office
Satisfação das
necessidades de
informação
PC 80
The Virtual Office
Influência na
estratégia do
negócio
Internet 90
Mudanças organizacionais x TI
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5
Evolução dos usuários de Internet no Brasil
Em 1993 as matérias primas não representavam mais do que 2% a 3% do custo de produção dos componentes microeletrônicos (depois disso jáhouve um avanço na miniaturização).
Um acordo entre o governo americano e a indústria automobilística, em 1997, estipulou a redução a um terço do consumo de combustível e emissão de CO2, e teve como conseqüência a redução de 50% na massa média dos veículos. Portanto, 50% menos de ‘matéria’.
Cada vez mais “as coisas têm menos coisas”...
DESMATERIALIZAÇÃO
• NENHUMA OUTRA TECNOLOGIA FOI ASSIMILADA TÃO RAPIDAMENTE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA– Ver gráfico a seguir.
• COMPARE:– UMA EDIÇÃO DO THE NEW YORK TIMES EM UM DIA
DA SEMANA CONTÉM MAIS INFORMAÇÃO DO QUE O COMUM DOS MORTAIS PODERIA RECEBER DURANTE TODA A VIDA NA INGLATERRA DO SÉC. XVII...
– CERCA DE MIL LIVROS SÃO PUBLICADOS NO MUNDO POR DIA...
38
16
10
5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Radio TV TV cabo Internet
Tempo p atingir 50 milhões de usuários
Os anos 90 caracterizam-se por rápidas mudanças em design e mix de produtos eletrônicos, além do fortalecimento das características relacionadas ao novo paradigma técnico-econômico: velocidade, capacidade de armazenamento, flexibilidade, networking e forte convergência entre as tecnologias de computação com as tecnologias de telecomunicações.
MUDANÇAS QUE IMPACTARAM O AMBIENTE ORGANIZACIONAL
O QUE MUDOU, AFINAL?
A informação e o conhecimento sempre constituíram importantes alicerces dos diferentes modos de produção.
O que torna a informação especialmente significante nos dias atuais é sua natureza digital, com importantes reflexos na crescente capacidade de codificação do conhecimento, no aumento da velocidade de transmissão e na confiabilidade, além da redução drástica dos seus custos de armazenamento, processamento e comunicação e disseminação.
O QUE MUDOU, AFINAL?
• O que é específico nesse novo paradigma também é a ação de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como fonte principal de produtividade.
NAS ANÁLISES ECONÔMICAS...
• A informação é um ativo, e assim deve ser gerenciada.
• São extremamente importantes esforços explícitos para geração de novos conhecimentos como também sua introdução e difusão no sistema produtivo. Esse é um processo que conduz ao surgimento de inovações, considerado fator-chave para o processo de desenvolvimento.
• CASTELLS, M. - A Era da Informação: Economia,Sociedade e Cultura – vol. 1: A Sociedade em Rede. 6ª Ed.São Paulo: Paz e Terra, 1999.
• KUMAR, K. – Da Sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna : novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1997.
• LASTRES, H. M. M.; FERRAZ, J. C. Economia da Informação, do Conhecimento e do Aprendizado, In: Informação e Globalização na Era do Conhecimento.Rio de Janeiro: Campus, 1999.
• MORAES, L. B. de. O fim de uma Era - As transformações do Séc. XX. Notas de aula.
BIBLIOGRAFIA