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Araçatuba Talita Rustichelli [email protected] N a maioria das vezes a literatura precisa ir até o público para fis- gá-lo definitivamente. Projetos para proporcionar o acesso à leitura têm sido popularizados no mundo todo, como o BookCrossing (em português, cruzamento de livros), que sur- giu nos Estados Unidos e che- gou a outros países, inclusive ao Brasil. A ideia deste projeto, por exemplo, é distribuir livros em bancos de praças e outros lo- cais, para que as pessoas pos- sam levar, ler e depois colocar de volta em circulação nas ruas, a fim de que outros pos- sam fazer o mesmo. Em Araçatuba, para forta- lecer o hábito da leitura, a Se- cretaria de Cultura do municí- pio implantou o projeto "Pon- tos de Leitura". Em lugares es- tratégicos da cidade, são dispo- nibilizados gratuitamente li- vros, revistas, jornais e afins, para que a população possa ler, levá-los, trocá-los ou devolvê- los, sem necessidade de nenhu- ma burocracia. Ontem, o pronto-socorro municipal localizado no bairro São João ganhou um Ponto de Leitura. "Não é necessário fa- zer nenhum cadastro, tanto pa- ra utilizar quanto para doar. Quem quiser doar, basta deixar o material na estrutura que es- tá identificada com uma placa", explica o secretário de cultura, Hélio Consolaro. A autônoma Aliete Olivei- ra Cruz, 49 anos, ficou conten- te ao saber do projeto e ficou estimulada a fazer doações. En- quanto aguardava uma amiga ser medicada no pronto-socor- ro, pegou um livro e embar- cou na leitura. "Eu não conhe- cia o projeto e era inesperado encontrar livros disponíveis aqui. É ótimo porque ajuda a colocar a mente para funcio- nar e incentiva as pessoas que estão ali em um momento 'ocioso' a lerem". Na semana passada, outro novo ponto foi instalado na Praça João Pessoa, em parceria com uma comerciante apaixo- nada pela leitura, Madalena Carlini, 69, e com a empresa Chade & Cia, que cedeu a es- trutura, uma geladeira com porta de vidro e sem motor. A estrutura foi chumbada no lo- cal no dia 28 de abril e os li- vros começaram a ser doados e disponibilizados a partir do dia 29. SONHO Madalena, que procurou a Secretaria de Cultura para propor uma parceria e foi res- ponsável pela mobilização de alguns dos doadores, conta que tem neste projeto a realiza- ção de um sonho antigo. "Mi- nha vontade é ver as pessoas lendo, aproximá-las do mundo da leitura. Adoro ler e creio que quem se aproxima real- mente desse universo fica fasci- nado", afirma. Segundo Consolaro, a ci- dade possui outros três pontos de leitura: um no pronto-socor- ro municipal do bairro Santa- na, um na Prefeitura (sala de espera da Secretaria da Fazen- da) e outro na recepção da Se- cretaria de Cultura. "A ideia é expandir ainda mais o projeto, levando-o a outros bairros da cidade. Interessados em apoiar com doações de livros ou estru- turas podem procurar a Secre- taria", diz. Diferente do projeto araça- tubense Pontos de Leitura, o BookCrossing não se limita a ação de "libertar" livros na rua. Os livros são registrados no site (no Brasil, /www.bookcrossing.com.br) e re- cebem um número de identifica- ção, o que permite uma forma de rastreamento. Depois, o doador avisa quando e em que parte da cida- de irá deixar o livro. O objeti- vo é que alguém o recolha e, através do número de identifi- cação, registre no site que o en- controu. A inscrição no site é gratuita. Derivado do BookCros- sing, no Brasil foi implantando o Livro de Rua (www.livroderua.com.br), cuja proposta é circular os li- vros também em áreas carentes e ainda instalar as "bibliotecas da liberdade" nesses locais. Assim como o projeto araçatubense "Pontos de Leitu- ra", qualquer pessoa pode le- var quantos livros quiser, sem necessidade de fazer cadastro e sem a obrigação de devolver os exemplares. Porém, o úni- co compromisso é passar o li- vro adiante ou deixar em lu- gar público. O projeto teve início em 2009 no Rio de Janeiro, sob coordenação do Instituto Ciclos do Brasil, e se expandiu para outras cidades, como São Pau- lo, onde chegou neste mês de abril, Belo Horizonte e Brasília. Em Brasília, há também o projeto Parada Cultural, a partir da iniciativa de um comercian- te, que instalou inicialmente uma pequena biblioteca em seu açougue. Outras minibibliotecas estão disponíveis em pontos de ônibus da cidade.BN Em Brasília, comerciante instalou biblioteca em seu açougue INCENTIVO À LEITURA Não é necessário se cadastrar para participar do projeto Espetáculo Único compromisso é passar o livro adiante ou deixar em lugar público Paulo Gonçalves/Folha da Região - 04/05/2011 Projeto “Pontos de Leitura” ganha novos espaços, na praça João Pessoa e pronto- socorro do bairro São João; ideia é distribuir exemplares para que as pessoas criem o hábito de ler Pianista e artista plástica apresentam hoje, em Birigui, um espetáculo musical e vi- sual que mostra a obra do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. A apresentação será no teatro do Sesi, com entrada franca. C3 C1 Araçatuba, quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ponto de leitura

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Page 1: Ponto de leitura

Araçatuba

Talita Rustichelli

[email protected]

Na maioria das vezes aliteratura precisa iraté o público para fis-

gá-lo definitivamente. Projetospara proporcionar o acesso àleitura têm sido popularizadosno mundo todo, como oBookCrossing (em português,cruzamento de livros), que sur-giu nos Estados Unidos e che-gou a outros países, inclusiveao Brasil.

A ideia deste projeto, porexemplo, é distribuir livros embancos de praças e outros lo-cais, para que as pessoas pos-sam levar, ler e depois colocarde volta em circulação nasruas, a fim de que outros pos-sam fazer o mesmo.

Em Araçatuba, para forta-lecer o hábito da leitura, a Se-cretaria de Cultura do municí-pio implantou o projeto "Pon-tos de Leitura". Em lugares es-tratégicos da cidade, são dispo-nibilizados gratuitamente li-vros, revistas, jornais e afins,para que a população possa ler,levá-los, trocá-los ou devolvê-los, sem necessidade de nenhu-ma burocracia.

Ontem, o pronto-socorromunicipal localizado no bairroSão João ganhou um Ponto deLeitura. "Não é necessário fa-zer nenhum cadastro, tanto pa-ra utilizar quanto para doar.Quem quiser doar, basta deixaro material na estrutura que es-tá identificada com uma placa",explica o secretário de cultura,Hélio Consolaro.

A autônoma Aliete Olivei-ra Cruz, 49 anos, ficou conten-te ao saber do projeto e ficouestimulada a fazer doações. En-quanto aguardava uma amigaser medicada no pronto-socor-ro, pegou um livro e embar-cou na leitura. "Eu não conhe-cia o projeto e era inesperadoencontrar livros disponíveisaqui. É ótimo porque ajuda a

colocar a mente para funcio-nar e incentiva as pessoas queestão ali em um momento'ocioso' a lerem".

Na semana passada, outronovo ponto foi instalado naPraça João Pessoa, em parceriacom uma comerciante apaixo-nada pela leitura, MadalenaCarlini, 69, e com a empresaChade & Cia, que cedeu a es-

trutura, uma geladeira comporta de vidro e sem motor. Aestrutura foi chumbada no lo-cal no dia 28 de abril e os li-vros começaram a ser doadose disponibilizados a partir dodia 29.

SONHO

Madalena, que procuroua Secretaria de Cultura parapropor uma parceria e foi res-ponsável pela mobilização dealguns dos doadores, contaque tem neste projeto a realiza-ção de um sonho antigo. "Mi-nha vontade é ver as pessoaslendo, aproximá-las do mundoda leitura. Adoro ler e creioque quem se aproxima real-mente desse universo fica fasci-nado", afirma.

Segundo Consolaro, a ci-dade possui outros três pontosde leitura: um no pronto-socor-ro municipal do bairro Santa-na, um na Prefeitura (sala deespera da Secretaria da Fazen-da) e outro na recepção da Se-cretaria de Cultura. "A ideia éexpandir ainda mais o projeto,levando-o a outros bairros dacidade. Interessados em apoiarcom doações de livros ou estru-turas podem procurar a Secre-taria", diz.

Diferente do projeto araça-tubense Pontos de Leitura, oBookCrossing não se limita aação de "libertar" livros na rua.Os livros são registrados no site(no Brasil, /www.bookcrossing.com.br) e re-cebem um número de identifica-ção, o que permite uma formade rastreamento.

Depois, o doador avisaquando e em que parte da cida-de irá deixar o livro. O objeti-vo é que alguém o recolha e,através do número de identifi-cação, registre no site que o en-

controu. A inscrição no site égratuita.

Derivado do BookCros-sing, no Brasil foi implantandoo Livro de Rua (www.livroderua.com.br),cuja proposta é circular os li-vros também em áreas carentese ainda instalar as "bibliotecasda liberdade" nesses locais.

Assim como o projetoaraçatubense "Pontos de Leitu-ra", qualquer pessoa pode le-var quantos livros quiser, semnecessidade de fazer cadastroe sem a obrigação de devolver

os exemplares. Porém, o úni-co compromisso é passar o li-vro adiante ou deixar em lu-gar público.

O projeto teve início em2009 no Rio de Janeiro, sobcoordenação do Instituto Ciclosdo Brasil, e se expandiu paraoutras cidades, como São Pau-lo, onde chegou neste mês deabril, Belo Horizonte e Brasília.

Em Brasília, há também oprojeto Parada Cultural, a partirda iniciativa de um comercian-te, que instalou inicialmenteuma pequena biblioteca em seuaçougue. Outras minibibliotecasestão disponíveis em pontos deônibus da cidade.BN

Em Brasília,

comerciante

instalou

bibliotecaem seu açougue

INCENTIVO À LEITURA

Não é

necessáriose cadastrar

para participar

do projeto

Espetáculo

Único compromisso é passar o livroadiante ou deixar em lugar público

Paulo Gonçalves/Folha da Região - 04/05/2011

Projeto “Pontos de Leitura”ganha novos espaços, na

praça João Pessoa e pronto-socorro do bairro São João;ideia é distribuir exemplarespara que as pessoas criem

o hábito de ler

Pianista e artista plásticaapresentam hoje, em Birigui,um espetáculo musical e vi-sual que mostra a obra docompositor brasileiro HeitorVilla-Lobos. A apresentaçãoserá no teatro do Sesi, comentrada franca. C3

C1 Araçatuba, quinta-feira, 5 de maio de 2011