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42 42 42 42 42 PRÊMIO PROTEÇÃO BRASIL 2007 42 Foi buscando atender ao item 10.2.9.2 da NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletrici- dade) que a Cemig - Companhia Energética de Minas Gerais, de Belo Horizonte/MG, estruturou seu case Implantação de Vestimentas em Tecido Resistente à Chama Conforme Definido pela Norma Regulamentadora NR-10. O trabalho foi vencedor do Prê- mio Proteção Brasil na categoria Melhor Case de Segurança em Eletricidade. A norma, que estabe- lecia como medida de proteção individual vestimentas de trabalho adequadas às atividades, contem- plando condutibilidade, inflamabi- lidade e influências eletromagnéti- cas, deveria passar a vigorar a partir de dezembro de 2006. A partir desta data os empregados expostos aos riscos de arco elétri- co e fogo repentino só poderiam trabalhar com o uso desse equipa- mento. Mas o prazo para implan- tação foi prorrogado por nove meses por não existir uma meto- dologia que fornecesse com fidelidade o valor da energia incidente para as operações realizadas no sistema elétrico brasileiro. Após a publicação do documen- to a Cemig criou um Grupo de Trabalho, chamado GT de Vestimentas, com o objetivo de estudar, avaliar e resolver o proble- ma, proporcionando uma prote- ção responsável e confortável para seus colaboradores expostos a esses riscos. O engenheiro de Segurança do Trabalho da Com- panhia, Francis Albert Fonseca Nascimento, lembra que a maior dificuldade encontrada pelo grupo foi mensurar o valor exato do calor irradiado pelo arco elétrico, para fornecer a proteção adequa- da. “Tivemos limitação com rela- ção a ensaios de arco elétrico para verificar a resposta da roupa e o desafio de conseguir uma vesti- menta de baixa gramatura, mas alto ATPV (valor de desempenho térmico do arco elétrico)”, recor- da. Além de estudar a vestimenta adequada para os funcionários, o grupo também pesquisou as atividades que necessitavam de proteção para a face, além de outros Equipamentos de Proteção Individual utilizados, como o cinto pára-quedista que deve suportar o arco elétrico. DISCUSSÕES Formado por especialistas de Segurança e Engenharia de seis setores da Cemig, o Grupo estabe- leceu algumas etapas para o andamento do trabalho. Primeiro foi apresentado um histórico sobre o assunto, tipos de tecidos ofereci- dos pelo mercado, normas interna- cionais e metodologias para cálculo da energia incidente. Numa segunda fase os técnicos de Segurança do Trabalho da empre- sa identificaram as atividades sujeitas ao risco de arco elétrico ou fogo repentino, utilizando como base o histórico de aciden- tes da área. A definição do grau de proteção adequado para os em- pregados expostos, com a avalia- ção de aspectos ergonômicos, foi o próximo passo, seguido da definição do número de mane- quim dos trabalhadores identifi- cados e da elaboração da especi- ficação técnica e codificação das Demetrio Venicio Aguiar Introdução das faixas retrorefletivas de acordo com o MTE foi um dos requisitos da nova vestimenta peças do uniforme da Cemig. “Logo na primeira etapa foi apre- sentada a informação de que em nível mundial os acidentes com arco elétrico correspondem a, aproximadamente, 80% dos acidentes do setor”, relata o engenheiro. O grupo concluiu que as ativida- CEMIG Vestimenta adequada para o setor elétrico

Vestimenta Cemig

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42 42 42 42 42 PRÊMIO PROTEÇÃO BRASIL 200742

Foi buscando atender ao item10.2.9.2 da NR-10 (Segurança emInstalações e Serviços em Eletrici-dade) que a Cemig - CompanhiaEnergética de Minas Gerais, deBelo Horizonte/MG, estruturouseu case Implantação deVestimentas em Tecido Resistenteà Chama Conforme Definido pelaNorma Regulamentadora NR-10.O trabalho foi vencedor do Prê-mio Proteção Brasil na categoriaMelhor Case de Segurança emEletricidade. A norma, que estabe-lecia como medida de proteçãoindividual vestimentas de trabalhoadequadas às atividades, contem-plando condutibilidade, inflamabi-lidade e influências eletromagnéti-cas, deveria passar a vigorar apartir de dezembro de 2006. Apartir desta data os empregadosexpostos aos riscos de arco elétri-co e fogo repentino só poderiamtrabalhar com o uso desse equipa-mento. Mas o prazo para implan-tação foi prorrogado por novemeses por não existir uma meto-dologia que fornecesse comfidelidade o valor da energiaincidente para as operaçõesrealizadas no sistema elétricobrasileiro.

Após a publicação do documen-to a Cemig criou um Grupo deTrabalho, chamado GT deVestimentas, com o objetivo deestudar, avaliar e resolver o proble-ma, proporcionando uma prote-ção responsável e confortável paraseus colaboradores expostos aesses riscos. O engenheiro deSegurança do Trabalho da Com-panhia, Francis Albert FonsecaNascimento, lembra que a maiordificuldade encontrada pelo grupo

foi mensurar o valor exato docalor irradiado pelo arco elétrico,para fornecer a proteção adequa-da. “Tivemos limitação com rela-ção a ensaios de arco elétrico paraverificar a resposta da roupa e odesafio de conseguir uma vesti-menta de baixa gramatura, masalto ATPV (valor de desempenhotérmico do arco elétrico)”, recor-da. Além de estudar a vestimentaadequada para os funcionários, ogrupo também pesquisou asatividades que necessitavam deproteção para a face, além deoutros Equipamentos de ProteçãoIndividual utilizados, como o cintopára-quedista que deve suportar oarco elétrico.

DISCUSSÕESFormado por especialistas de

Segurança e Engenharia de seissetores da Cemig, o Grupo estabe-leceu algumas etapas para oandamento do trabalho. Primeirofoi apresentado um histórico sobreo assunto, tipos de tecidos ofereci-dos pelo mercado, normas interna-cionais e metodologias paracálculo da energia incidente. Numasegunda fase os técnicos deSegurança do Trabalho da empre-sa identificaram as atividadessujeitas ao risco de arco elétricoou fogo repentino, utilizandocomo base o histórico de aciden-tes da área. A definição do grau deproteção adequado para os em-pregados expostos, com a avalia-ção de aspectos ergonômicos, foio próximo passo, seguido dadefinição do número de mane-quim dos trabalhadores identifi-cados e da elaboração da especi-ficação técnica e codificação das

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Introdução das faixas retrorefletivasde acordo com o MTE foi um dosrequisitos da nova vestimenta

peças do uniforme da Cemig.“Logo na primeira etapa foi apre-sentada a informação de que emnível mundial os acidentes comarco elétrico correspondem a,aproximadamente, 80% dosacidentes do setor”, relata oengenheiro.

O grupo concluiu que as ativida-

CEMIG

Vestimenta adequadapara o setor elétrico

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des sujeitas ao risco de arcoelétrico estavam representadas nasáreas de Geração, Transmissão eDistribuição. Depois de definido ograu de proteção adequado e anumeração dos empregadosexpostos, a Companhia estipulouos requisitos técnicos para avestimenta. As especificaçõespassam por não permitir a propa-gação da chama depois de cessa-da a fonte de calor, não provocar aemissão de gases tóxicos, nãoprovocar irritação na pele dousuário, entre outras exigências.

“O resultado final culminou comum produto de altíssima qualidadee de caráter inovador para o setorelétrico brasileiro”, pontua oengenheiro. Entre as alterações nanova vestimenta estão a supressãodos bolsos frontais e laterais dacalça, já que a empresa considerouque eles poderiam servir como umrepositório indevido de conecto-res, chaves, cigarros, isqueiros eoutros materiais, botões da camisacom vista coberta, para possibilitaro reparo com linha comum,introdução das faixas retrorefle-tivas, conforme estabelece o MTE(Ministério do Trabalho e Empre-go), e identificação da abrangênciade autorização para empregados,através de tarja em cor específicacontendo o nome do empregadoe tipo sangüíneo.

Como pontos positivos a partirda implementação da vestimenta,Nascimento destaca o fornecimen-to de proteção aos trabalhadoresexpostos ao risco de arco elétricopara a redução do efeito térmicoem caso de acidentes, a maiorintegração do setor elétrico brasi-leiro na questão de Saúde eSegurança do Trabalho e o desen-volvimento de pesquisas na áreado fenômeno do arco elétrico. ”ACemig propôs um projeto cujoobjetivo é o desenvolvimento deuma metodologia, com programascomputacionais e um conjunto dedefinições para procedimentos,para análise dos riscos provocadospela proximidade a arcos elétricosem seus sistemas de geração,transmissão e distribuição”, revela.De acordo com o engenheiro,essa ferramenta auxiliará na formu-lação de normalização internasobre as atividades de seus técni-cos, bem como na análise daadequação dessa normalizaçãocom respeito a sistemas brasileirose internacionais.

Finalizando, o engenheiro chama

a atenção que em 2005 a exigên-cia de uso de vestimenta emtecido resistente à chama passou avigorar, mas sem fundamento oumétodo científico para fundamen-tar o cálculo de energia incidente.De lá para cá, estudos vem sendofeitos para criar um método paracálculo da energia incidente,verificando seus efeitos sobre ocorpo humano. “Com isso,observamos que mesmo forne-cendo a vestimenta, devemosprivilegiar ações de engenhariaque permitam trabalhar comsistemas desenergizados, redu-ção do tempo de atuação daproteção e métodos de trabalhopara evitarmos a ocorrência doarco elétrico, pois é um transi-tório não linear e modelado quetem muitos véus a serem desven-dados”, chama a atenção.

Melhor Case de Segurança em Eletricidade

PERFIL

Empresa: Cemig - CompanhiaEnergética de Minas GeraisLocalização: Belo Horizonte/MGCase: Implantação de Vestimentasem Tecido Resistente à Chama Con-forme Definido pela Norma Regula-mentadora a NR-10Prêmio: Melhor Case de Segurançaem EletricidadeÁrea de atuação: Geração, transmis-são e distribuição de energia e ser-viços e distribuição de gás naturalGrau de risco: 3Colaboradores: 10833Sesmt: 8 engenheiros de Seguran-ça do Trabalho, 14 médicos do Tra-balho, 1 enfermeira do Trabalho, 12técnicos de enfermagem, 9 assisten-tes sociais, 7 psicólogos e 59 técni-cos de Segurança do Trabalho.CIPA: 614 representantes do empre-gado e do empregador nas 81 CIPAse 216 designados.Certificações: OHSAS 18001, ISO9001 e ISO 14001