CHIKUNGUNYA - adcon.rn.gov.br

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Dra Melissa Falcão

Infectologista Vigilância Epidemiológica de FSA-BA

CHIKUNGUNYA r

Chikungunya

O nome deriva de uma palavra em Makonde - dialeto de um grupo étnico do sudeste da Tanzânia e do norte de Moçambique.

Significa “aqueles que se dobram”

Arquivo Pessoal

O vírus

Isolado pela primeira vez em 1952 na Tanzânia.

Outros surtos ocorreram na África e na Ásia.

Em 2004 surto nas ilhas do Oceano Índico, de 2004 a 2006 aproximadamente 500 mil casos (tx de ataque de 38 a 63%).

Em outubro de 2013 grande epidemia em diversas ilhas do Caribe.

Três genótipos distintos, a do oeste africano, leste/centro/ sul africano e asiático.

O asiático está presente no Caribe, AmericaCentral e Oiapoque.

Aspectos gerais

Família: Togaviridae.

Gênero: Alphavirus

.

Transmissores: Aedes aegypti e albopictus.

Afeta todas as idades e ambos os sexos.

Fatores de risco para gravidade: Recém-nascido, idosos, gestante e co-morbidades.

Situação epidemiológica 2015

FSA/BA

Distribuição dos casos suspeitos de Chikungunya, Dengue e Zika, por semana epidemiológica. Feira de

Santana/BA, 2015*.

Impacto da epidemia

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1/2014 5/2014 9/2014 1/2015 5/2015 9/2015 2/2016 6/2016

GEORGE AMÉRICO

0

10.000

20.000

30.000

40.000

1/2014 5/2014 9/2014 1/2015 5/2015 9/2015 2/2016 6/2016

TOMBA

UPA João Pessoa – Atendimento mês

Epidemia Itabuna - BA

Arquivo Pessoal

disseminação do vírus

Thérèse Couderc, Marc Lecuit, Chikungunya virus pathogenesis: From bedside to bench

Infecção pelo vírus chikungunya

A maioria das pessoas infectadas desenvolvem sintomas ( até 70%)

Período de incubação é de 3 a 7 dias (variando de 1 a 12 dias)

Período de viremia por até 10 dias ( início 2 dias antes dos sintomas)

Pode evolui em 3 fases:

- Aguda: 7 a 10 dias;

- Subaguda: 10 dias até 3 meses;

- Crônica: mais de 3 meses

Taxa de cronificação maior que 50% (> 3 meses).

Baixa letalidade (1 em cada 1000)

Fatores associados com persistência da artralgia

Idade > 45 anos

Intensidade da dor articular na fase aguda

Osteoartrite prévia

Cirurgia/trauma articular prévio

Sexo feminino > masculino

S. Ali Ou Alla, B. Combe / Best Practice & Research Clinical Rheumatology 25 (2011) 337–346

Fase aguda

❌Febre alta (>39°C) de início súbito, duração de 1 a 7 dias.

❌Intensa poliartralgia ( > 90%).

❌Acomete grandes e pequenas articulações, as mais

acometidas são as distais.

❌Edema comumente associado com tenossinovite.

❌Exantema de 2 a 5 dias após o início da febre (50%), pode ser

pruriginoso. Maculopapulares em

tronco, extremidades, face, região palmar e plantar.

FASE

AGUDA

Mialgia

CefaléiaAsteniaConjuntivite não purulenta

Dor retrorbitária

Calafrios

Naúseas, vômitos

Diarréia

Dor abdominal

Linfoadenomegalias

Úlceras orais

Fase subaguda e crônica

❌Persistência principalmente da dor articular com ou sem edema e musculoesquelética.

❌Normalmente poliarticular e simétrico, mas pode ser assimétrico e monoarticular.

❌Comportamento flutuante/ Pode haver recorrência de febre e rash cutâneo.

❌Padrão inflamatório - piora da dor após períodos de repouso, como ocorre na rigidez matinal.

❌Pode evoluir para artropatia destrutiva.

❌Tempo indeterminado de duração.

IMPORTANTE DIFERENCIAR A ARTRITE DE ARTRALGIA

Fase subaguda e crônica

Fenômeno de Raynaud

Arquivo Pessoal

Dor neuropática

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO

Queimaduras

Arquivo Pessoal

Alópecia

Arquivo Pessoal

Fase subaguda e crônica

DEPRESSÃO

DISTÚRBIO DO SONO

ALTERAÇÃO DA MEMÓRIA

CEFALÉIA

FADIGA

TURVAÇÃO VISUAL

PRURIDO

Arquivo Pessoal

Entre 07/2014 e 03/2015 foi realizado inquérito domiciliar em 1.929 residentes do bairro George Américo, epicentro da epidemia.

A incidência de casos de CHIK foi 21,4% (412), sendo 67,7% do sexo feminino e a mediana de idade foi 42 anos.

Características Clínicas e Epidemiológicas da Chikungunya. Feira de Santana-

Bahia, 2014-2015

Juarez P. Dias1,5; Maria G Teixeira,1,6; Maria C. N. Costa1,7; Eloisa B. Santana2,8; Cristina

S. B. Goes3,9; Martha S. I. Carvalho1,10; Márcio S. Natividade1,11; Enny S. Paixão1,12; Goya

P. F. Santos4,13; Florisneide R. Barreto1,14

Distribuição percentual dos sinais e sintomas apresentados pelos indivíduos da

amostra, que referiram ter tido ou estar com Chikungunya (n=412). Feira de

Santana-Bahia. Jul/2014 – Mar/2015.

Características Clínicas e Epidemiológicas da Chikungunya. Feira de Santana- Bahia, 2014-2015

Principais articulações acometidas na fase crônica pelos indivíduos da

amostra, que referiram estar na fase crônica da Chikungunya

Características Clínicas e Epidemiológicas da Chikungunya. Feira de Santana- Bahia, 2014-2015

Manifestações cutâneas

Arquivo Pessoal

Manifestações cutâneas

Arquivo Pessoal

Manifestações cutâneas

Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

• Derrame articular.

• Edema na tela subcutânea

envolvento toda

circunferência do joelho.

• Cisto de Baker.

• Entesopatia do

gastrocnêmio medial. Arquivo Pessoal

Manifestações articulares

Paciente sexo feminino, 40

anos, sem comorbidades, com

início dos sintomas em 09/2014.

Arquivo Pessoal

Chikungunya na gestante

❌Não está relacionada a efeitos teratogênicos.

❌Raros relatos de abortamento espontâneo.

❌Pode haver transmissão transplacentária quando no período intraparto (tx de transmissão de 49%).

❌Tipo de parto não altera a taxa de transmissão.

❌Não detectado Chik no leite materno.

❌É importante o acompanhamento diário das gestantes com Chikungunya.

Chikungunya no RN

Risco de manifestação grave.

É considerada transmissão vertical quanto os sintomas ocorrem durante a primeira semana de vida, na ausência de evidência de picada de mosquito.

Assintomático no nascimento e torna-se sintomático entre 4 e 7 dias.

Comprometimento do SNC é grave e frequente (1/3 dos casos).

Pode haver hipovolemia com choque.

Fotos RN

Arquivo Pessoal

Fotos RN

Arquivo Pessoal

Complicações da chikungunya

Laboratório

Alterações inespecíficas

Leucopenia com linfopenia < 1000 cels/mm³

Trombocitopenia > 100.000 cels/mm³

VHS e PCR geralmente elevadas

Elevação discreta das enzimas hepáticas

Elevação discreta CPK

Diagnóstico diferencial

Na suspeita de chikungunya -responder as perguntas

Em que fase se encontra ? (aguda, pós-aguda, crônica)

Apresenta alguma manifestação não articular? Sinal clínico de gravidade, formas atípicas ou complicadas ?

Apresenta fatores de risco de formas graves ? (doenças crônicas, extremo de idade, gestante)

Qual o estado hemodinâmico e de hidratação do paciente?

Manejo na fase aguda

Repouso:

🛌 Afastar do trabalho.

🛌 Repouso relativo das articulações afetadas.

Uso de mosquiteiros e repelentes na fase de viremia.

Em caso de edema retirar anéis.

Hidratação abundante por via oral (prevenir desidratação).

A depender da capacidade da unidade de atendimento realizar

hemograma completo, VHS e PCR quantitativo.

Não há necessidade de exames radiológicos nesta fase.

Encaminhar para internação os casos graves

Manejo na fase aguda

❌ Primeira opção : - Novalgina 1g, VO de 6/6 hs ou Paracetamol

750 mg, VO de 6/6 hs (dose máxima de 4 g/dia).

❌ Segunda opção: - Tramadol 50 a 100 mg a cada 4 ou 6 hs

(dose máxima 400 mg/dia) ou paracetamol + codeína 30 a 60 mg a

cada 4 a 6 hs (dose máxima 360 mg/dia).

❌ Antihistamínico - oral ou tópico

- Compressa de gelo

NÃO USAR CORTICOIDE NA

FASE AGUDA E EVITAR USO DE

AINE

Manejo na fase subaguda

AINE por 7 dias❌ Diclofenaco sódico 50 mg 8/8 hs❌ Ibuprofeno 600 mg 6/6hs

Corticosteróide

Oral - Prednisona 0,5 mg/Kg/dia (máx. 40 mg/dia)

Intra-articular

Relaxante muscular

Gabapentina ( máx.1.200 mg/dia) ou amitriptilina (25 a 50 mg/dia)

Fisioterapia motora

Acupuntura

Imobilização Ex: Munhequeira

Manejo na fase crônica

Metrotexate (15 a 20 mg/semanal).

Leflunomida (20 mg/dia).

Hidroxicloroquina (6 mg/Kg/dia, máx 600mg/dia).

Sulfassalazina (2g/dia).

Imunobiológicos.

Manejo clínico da dor na chikungunya

DOR LEVE DOR MODERADA DOR INTENSA

Dipirona 1 g 6/6 h ou

paracetamol 750 mg 6/6

h

Dipirona 1 g 6/6 h e

paracetamol 750 mg 6/6 h

em horários alternados

Dipirona 1 g 6/6 h ou

paracetamol 750 mg 6/6 h

associado a opióide.

Tramadol 50 mg 6/6h ou

Codeina 30mg 6/6h ou

Oxicodona 10 mg 12/12hReavaliação em 1

semana

Persiste com dorSuspende a medicação

Anti-inflamatórios

Outras terapias

AINE por 7 dias

Diclofenaco sódico 50 mg 8/8 hs

Ibuprofeno 600 mg 6I6hs

*

Nimesullida, cetoprofeno, naproxe

no,

Anti-inflamatórios

esteroides

Prednisona 0,5

mg/Kg/dia

* Dor moderada a

intensa, poliarticular, deb

ilitante não responsiva a

AINE e analgesico.

Compressa de gelo

Fisioterapia motora

Acunpuntura

Relaxante muscular

Amitriptilina/Gabapenti

na

NÃO SIM

SIM

Cloroquina

Metrotexate

Imunobiológico

Ausência de diretrizes + Falta de

conhecimento sobre a doença

pelo profissional

Consequências ...

Arquivo Pessoal

Desafios

ALTA TAXA DE CRONIFICAÇÃO → ANTIVIRAL.

FALTA DE DIRETRIZES → MANEJO INADEQUADO.

IMPACTO SOCIAL E ECONÔMICO → ALTO CUSTO PARA SUS E PREVIDÊNCIA SOCIAL.

DIFICULDADE DE CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA → BARREIRA DE ACESSO AO INSS E ERRO DIAGNÓSTICO.

Obrigada !

melissa.falcao@hotmail.com