Comunicação, Linguagem e Perturbações Do Desenvolvimento Da Linguagem 1

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Perturbações da Comunicação, Linguagem, Leitura e escrita

I. Comunicação e linguagem

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Linguagem

“A linguagem está em todo o lado, como o ar que respiramos, ao serviço de um milhão de objectivos humanos” (Miller, 1981)

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Funções da linguagem (Crystal, 1997)

Comunicar Expressar emoções Interagir socialmente Diferentes manipulações (e.g., jogos ou

tradições orais) Tentar controlar o ambiente Registar factos Pensar Expressar a nossa identidade

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Psicolinguística

Processos psicológicos envolvidos na linguagem:

– Utilização - Compreensão, produção e recordação da linguagem

– Aquisição da linguagem

– Interacção da linguagem com outros sistemas psicológicos

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Complexidade dos processos

envolvidos - Evidências

“Debaixo da língua”

Deficit após lesão cerebral (e.g., afasias)

Aquisição da linguagem

Aprendizagem de uma língua estrangeira

Dislexia de desenvolvimento

Dislexia adquirida

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PSICOLOGIA COGNITIVA

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

O QUE É A LINGUAGEM?

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Linguagem vs. Comunicação

O ser humano pode, à semelhança de outras espécies, comunicar de diferentes maneiras (ex. gesto, olhar, frase, choro..)

A comunicação é universal a todas as espécies animais

Comunicação = processo de troca de informação

codificação (formulação utilizando um código),

transmissão

descodificação (compreensão)

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Linguagem vs. Comunicação

Linguagem - forma particular de comunicação, i.e., uma entre várias formas de comunicação

Linguagem não serve apenas para comunicar – serve também de suporte ao pensamento

Nota: não significa que não há pensamento sem linguagem, ex. afasias

Comunicação pela linguagem - fala ou escrita

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Propriedades da linguagem Criatividade (ou Produtividade) - com um nº

finito e reduzido de unidades produz-se e compreende-se um conjunto infinito de enunciados; a combinação e ordenação das unidades linguísticas é governada por um conjunto de regras e de princípios;

Arbitrariedade – a relação entre a mensagem veiculada e os símbolos usados é arbitrária; símbolos são convencionados porque são representações do real partilhadas por uma dada comunidade linguística

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Linguagem

Exclusiva da espécie humana;

Importância fundamental para a humanidade – fala é o principal meio/via de comunicação entre os seres humanos;

A linguagem escrita é considerada uma das mais importantes invenções da humanidade e a sua utilização passou a desempenhar um papel fundamental na vida dos cidadãos;

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Percepção da fala vs. Leitura

Em várias tarefas pode não fazer muita diferença o modo de apresentação da mensagem – Oral vs. Escrita – Ex. “vou sair, só volto às 9h00”

Mas fala e escrita têm processos específicos, i.e., não partilhados

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Percepção da fala vs. Leitura

Fala Universal Antiga Voz/audição Interlocutor tem de

estar presente Efémera Contexto determinado

pelas circunstâncias Estímulo dinâmico

Escrita Histórica Recente Grafismo/visão ou

tacto Interlocutor pode estar

ausente Permanente Contexto escolhido

pelo Emissor/Receptor Estímulo estático

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Percepção da fala vs. Leitura

Fala Palavra falada -

sequência temporal Fala é um sinal mais

ambíguo Fala é uma cadeia

contínua As exigências

colocadas à memória são maiores – as palavras produzidas já não estão acessíveis

Escrita Palavra escrita -

sequência espacial Na escrita, as palavras

são representadas por uma sequência ortográfica precisa (ex. escrevemos IGREJA e não igreija)

As palavras são separadas por espaços

O leitor pode ser reter-se numa palavra e pode voltar atrás

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Percepção da fala vs. Leitura

Fala A fala contém várias

pistas quanto à estrutura da frase e intenção de significado – ex. entoação, acento,... – Pistas prosódicas

Adquirida naturalmente por imersão num ambiente linguístico

Escrita As pistas para a

estrutura das frases são dadas pela pontuação – menos informativa do que as pistas prosódicas

Aprendida a partir de um ensino formal

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Linguagem

Alguns conceitos importantes...

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Linguagem Oral (Fala)

Código em que os sons da fala são utilizados para codificar significado

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FONOLOGIA (sons e regras de

combinação dos sons em palavras)

SEMÂNTICA (significados)

Nível do significado

Semântica – estudo dos significados codificados pela linguagem

Que componentes contribuem para o significado de uma frase? – Lexemas ou itens lexicais – itens de vocabulário que estão

na base das palavras, ex. run e ran

– Palavras

– Morfemas – unidades mínimas que contribuem para o significado, ex. pés = pé + -s, infelizmente = in + feliz + mente; morfologia estuda os morfemas e as suas regras de combinação

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– Organização das palavras na frase (conjunto de regras hierárquicas que governam a combinação de palavras) – sintaxe

– Organização dos morfemas nas palavras e nas frases - Morfologia

Flexão (e.g., plural)

Derivação (e.g., desenvolvimento, desenvolver, desenvolvido)

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GRAMÁTICA

Linguagem

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sons

significados

léxico

morfologia

sintaxe

gramática

Nível do som

Fonética – Fonética articulatória

movimentos dos orgãos que constituem o aparelho articulatório (laringe, faringe, palato, maxilar, língua e lábios) implicados na produção dos sons da fala (vogais vs. consoantes)

– Fonética acústica –propriedades físicas do sinal acústico (frequência, amplitude, intensidade e duração) Não existe correspondência de um para um entre

propriedades físicas do sinal acústico e os sons da fala

As pausas entre as palavras que constituem uma frase não correspondem a pausas no sinal acústico – ex. ouvir uma língua estrangeira desconhecida

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Nível do som

Fonologia –fonemas que compõem uma língua e o conjunto de regras de para a sua combinação e organização (e.g., sílabas, morfemas e palavras) – Fonema – unidade mínima da fala que introduz diferenças de

significado;

pode não corresponder a uma unidade acústica isolável –

Ex. consoantes oclusivas

Co-articulação falta de invariância acústica

Fonema – entidade abstracta

Pode não corresponder a uma letra do alfabeto – a

correspondência gráfica do fonema é o grafema

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Linguagem

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sons

significados

léxico

morfologia

sintaxe

gramática

Fonética

Fonologia

articulatória

acústica

Nível do contexto

Contexto influencia – Forma lexical, gramatical e fonética

escolhida para transmitir um significado

– conteúdo a transmitir

– significado derivado pelo receptor

(Ex. Pode abrir a janela?)

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Nível do contexto

Pragmática – Relação entre a linguagem e o contexto em que

é utilizada – Estuda as diferentes funções comunicativas – ex.

pedir para executar uma acção, pedir uma informação, dar uma ordem, expressar uma emoção...

– Estuda a forma como o contexto ou a relação que temos com o interlocutor influenciam o conteúdo do que vamos dizer

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Linguagem

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sintaxe

FONOLOGIA

sons

SEMÂNTICA

significados

léxico

morfologia gramática

Fonética

Fonologia

articulatória

acústica

PRAGMÁTICA

contextos

funções comunicativas

conversação

discurso

Desenvolvimento Linguístico

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Sons vegetativos

(0-6 semanas)

Arrulhos

(6 semanas)

Palreio

(16 semanas aos 6 meses)

Riso

(16 semanas )

Balbucio

(6-10 meses)

Sons da fala

1. Sons vocálicos

2. Consoantes

/g/ e /k/

Reduplicação silábica

e.g., CVCVCV

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Período

Pré-Linguístico

(ver Ingram, 1989 e

Jusczyk, 1997)

Enunciados de 1 palavra

(10-18 meses)

Primeiras combinações

(18 meses)

Frases complexas

(depois dos 2 anos e meio)

Frases simples /

Discurso telegráfico

(2 anos )

Surto Lexical

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Período

Linguístico

(Brown &

Bellugi,1964)

Idade e ritmos de aquisição

Primeiras semanas/meses – fronteiras cronológicas entre períodos de aquisição

Mais tarde as fronteiras tornam-se menos precisas - Diferenças individuais :

– no ritmo de aquisição

– no estilo linguístico

– sujeito a influências biológicas e ambientais

– diferenças interculturais e interlinguísticas

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Pré-requisitos p/ a aquisição da linguagem

Integridade das aferências sensoriais (surdez congénita ou

adquirida até aos 3 anos compromete a aquisição da

linguagem)

Adequação cognitiva

Integridade das eferências (aparelho articulatório/

fonatório)

Estimulação ambiental

Vontade de comunicar

Integridade das áreas de linguagem do HE

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Forças motrizes do desenvolvimento linguístico

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Que factores estão na origem do desenvolvimento linguístico?

Como é que uma criança se torna competente do ponto de vista linguístico?

Que processos são inatamente especificados e que factores devem estar presentes?

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Imitação

Cçs aprendem imitando a linguagem adulta Papel importante: Na pronúncia Aquisição e escolha de vocabulário NÃO SE APLICA A TODOS OS PROCESSOS EVIDÊNCIAS erros não ouvidos (e.g., sobregeneralizações:

cãos, fazi) incapazes de imitar se não dominarem um

determinado tipo de construção gramatical Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 34

Aprendizagem por reforço e condicionamento

Estudo da interação adulto – bebé/criança: – Não se ignoram estruturas incorretas

Feeedback indirecto - e.g., repetição enunciados incorretos, questões (Saxton, 1997) vs. Estruturas corretas – continuação da interação verbal (Messer, 2000)

Eficácia do feedback? Demasiado intermitente ou eficaz pelo contraste entre correto e incorreto (Saxton, 1997)

Mas

– Correções mais dirigidas à veracidade e significado dos enunciados – raramente à estrutura gramatical

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Aprendizagem por reforço e condicionamento

palavras são compreendidas antes de produzidas (Harley, 2001)

Padrão de aquisição das flexões verbais e nominais irregulares – forma em U (Brown, 1973) – Aprendem-se regras e exceções às regras – regras e não associações particulares

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Mecanismo Inato

Chomsky (1965) – exposição à língua é INSUFICIENTE – cç tem um conhecimento de regras /

capacidade linguística inata

– Regras não são adquiridas por exposição Imput degenerado – e.g., frases incorrectas,

incompletas, ausência de pausas entre as palavras

Pobreza do estímulo – n.º insuficiente de construções gramaticais p/ deduzir regras linguísticas

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Como é que a criança aprende a falar?

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Pobre?

Degenerado?

Chomsky (1965, 1968, 1986):

Mecanismo de aquisição da linguagem

(Language Acquisition Device)

Gramática Universal

Mecanismo Inato

Princípios e parâmetros que restringem a aquisição da linguagem

Princípios universais que impõem limites nas variações linguísticas – limita a gramática adquirida

A aquisição da língua materna especificação dos parâmetros – Ex., línguas c/ ou s/ obrigatoriedade do

pronome Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 39

Mecanismo Inato

Características que se encontram na maioria das línguas:

– Universais substantivos - ex., categoria nominal vs. categoria verbal

“David” – cç surda s/ exposição à linguagem gestual: 1 tipo de gestos para nomes e 1 outro p verbos (Goldin-Meadow, Butcher, Mylander & Dodge, 1994)

– Universais formais - forma global das regras sintácticas que manipulam as categorias substantivas – ex. nem todas as ordens para S, V e O são admitidas

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Mecanismo Inato

Evidências: – Línguas pidgin e línguas crioulas:

Línguas pidgin - línguas simplificadas criadas por falantes de diferentes línguas

– Sintaxe simples

Línguas crioulas – Línguas pidgin que se tornaram línguas maternas pelos filhos dos falantes de pidgin

– Sintaxe rica

– Criação espontânea

– Tb existem na linguagem gestual

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Mecanismo Inato

Evidências genéticas: – Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem

(PDL) têm uma base genética – Prevalência: 7% (1% perturbação grave)

Formas familiares de PDL (Talllal et al. 1991), defeito genético no cromossoma 7 de uma família (Fisher et al., 1998)

Concordância em gémeos monozigóticos > gémeos dizigóticos (e.g., Bishop et al., 1995)

Defeitos idênticos entre familiares ou gémeos (e.g., Bishop et al., 1995)

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Em debate…

Será que o que é inato é específico da linguagem?

Que processos em concreto são inatos?

Como é que controlam o desenvolvimento linguístico?

– Ex. identificar os genes implicados no desenvolvimento linguístico, que processos controlam e como

Talvez o imput linguístico seja muito mais rico

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Em debate…

– comportamentos complexos resultam da interacção de vários processos (e.g., Elman, 1993; 1999)

– talvez não sejam necessárias especificações linguísticas inatas nem feedback para a aquisição gramatical

– Hip: imput contém a informação necessária

Como é o discurso dirigido à criança?

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Discurso dirigido à cç

Degenerado? Motherese / Child-Directed Speech (CDS) – Discurso restringe-se ao aqui e agora

– Discurso simplificado Frases curtas

Palavras são fonologicamente mais simples (e.g., popó)

Vocabulário restrito

– Mais pausas, melhor segmentado

– Mais redundância

– Mais lento

– Prosódia acentuada

– Mais repetições

(e.g., Dockrell & Messer, 1999; Messer, 1980; Garnica, 1977)

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FACILITA

1.Descoberta do significado das

palavras

2.Compreensão da estrutura

sintáctica

Desenvolvimento Fonológico

Como evolui a percepção e a produção dos sons da fala?

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Desenvolvimento Fonológico

Sucking Habituation Paradigm

Ritmo de sucção

– Preferência por estímulos novos

– Habituação – ↓ ritmo de sucção

– Alteração do E - ↑ ritmo de sucção

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Expe ri m e n t er ( h e a d p h o n es )

V i ew in g H ol e V id eo c ame ra

In f an t

C ar e g i ver

( h e a d p h o n es )

S peak e r S peak e r

The Headturn

Preference

Procedure

Desenvolvimento Fonológico

Desenvolvimento Fonológico

À nascença distinguem sons linguísticos de não linguísticos

Recém-nascidos preferem a voz da mãe (DeCasper & Fifer, 1980)

Recém-nascidos preferem padrão prosódico da língua materna e distinguem línguas com base em pistas prosódicas

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Desenvolvimento Fonológico

1-4 meses: sensíveis a diferenças acústicas utilizadas nas distinções fonéticas (e.g., Eimas,

Miller & Jusczyk, 1987)

– percepção categorial do vozeamento, ponto e

modo de articulação (e.g., Eimas, Siqueland, Jusczyk &

Vigorito, 1987)

– Percepção é provavelmente inata

Modificada com a exposição à língua –sensibilidade a contrastes fonéticos ausentes na língua materna

perde-se (6-12 meses) (e.g., Kuhl et al. 2008; Werker & Tees, 1984)

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Desenvolvimento Fonológico

Bebés de 8 meses capazes de utilizar informação

estatística (PT) na segmentação dos enunciados em

palavras (Saffran et al., 1996; Saffran, 2001)

8 meses – sensíveis a pistas importantes na def. das fronteiras sintácticas (e.g., Hirsh-Pasek et al., 1987):

– preferência por cadeias de fala onde as pausas introduzidas respeitam fronteiras sintácticas

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Desenvolvimento Fonológico

Reportório de sons mais restrito do que durante o balbucio

Domínio progressivo dos contrastes (Jakobson, 1968); contrastes mais comuns aprendidos primeiro (/p/ (ñ vozeado) vs. /b/ (vozeado)

A aprendizagem dos contrastes fonéticos ñ explica tds aspectos do desenvolvimento fonológico

– Podem produzir o contraste numa palavra e não serem capazes de o produzir noutras

Utilizam regras fonológicas p transformar plvs em formas que conseguem produzir (Menn, 1980; Smith,

1973)

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Desenvolvimento Fonológico

Exemplos de plvs simplificadas – Omissão da última consoante – ex. “DOMI” em vez de

“DORMIR”

– Redução de encontros consonânticos – ex. “POBE” em vez de “POBRE”

– Redução de rima complexa – ex. “DOMI” em vez de “DORMIR”

– Omissão de sílabas átonas – ex. “BOLETA” em vez de BORBOLETA

– Repetição de sílabas – ex. “CIGAGO” em vez de “CIGARRO”

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P/ uma descrição da evolução articulatória no PE ver

trabalhos de Castro e col. – ex. Castro & Gomes (2000)

Desenvolvimento Semântico

O que determina os significados que as cçs atribuem às palavras?

Como é q estes significados convergem p os dos adultos?

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Desenvolvimento Semântico

Alguns processos poderão ser inatos – ex.

categorizar objectos (Quinn & Eimas, 1986)

1.ª palavras emergem qdo está presente 1 exemplar da categoria – Mapping Problem

– Adultos enfatizam as plvs +

importantes e as cçs prestam

mais atenção a estas partes

da fala (Gleitman & Wanner, 1982)

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Desenvolvimento Semântico

Como as cçs ligam os nomes aos objectos? Princípios lexicais (e.g., Golinkoff, Hirsh- Pasek, Bailey & Wenger, 1992)

– Whole object assumption - transmitem-se significados apontando exemplos/exemplares e.g., Ninio, 1980)

– Restrição taxonómica - plv refere-se a 1 categoria de objectos semelhantes ( e.g., Markman, 1980)

– Mútua exclusão – cd objecto só pode ter uma designação ( e.g., Markman & Wachtel, 1988)

Mais tarde – Definição explícita

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Atenção partilhada (joint attention)

Pistas sintácticas – syntatic bootstrapping: – Isto é um… (Substantivo)

– O cão está a …. (Verbo)

Cçs usam estrutura das frases e o que estão a percepcionar p interpretar significados

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Desenvolvimento Semântico

Sign atribuído pela cç: 1. Sign. pode coincidir c/ o do adulto;

2. Sobregeneralização – sentido mais lato do que o do adulto ex., porta

– Características percetivas salientes – forma, cor , textura

– funções

1. Significado ainda ñ está compreendido – compreensão e produção

3. Subgeneralização – significados mais restritos: ex., redondo só p bolas

1. Significado é incompleto

4. Ñ coincidir – desaparecem rapidamente (e.g., Bloom, 1973)

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Desenvolvimento Semântico

Erros de sobregeneralização tendem a desaparecer 2 ½

O que é isto?

Rápido desenvolvimento de vocabulário

Princípio da complexidade semântica – plvs c/ significados + simples são adquiridas 1º

– 1º substantivos, depois verbos (dependem mais do contexto linguístico)

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Desenvolvimento Semântico

Desenvolvimento Sintáctico

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Desenvolvimento Sintáctico

Hip. de continuidade - Conhecimento gramatical presente desde as etapas mais precoces

– Cçs ligam plvs às categorias gramaticais

– Combinam as plvs segundo regras gramaticais

(e.g., Bloom, 1994; Pinker, 1994)

Hip. de Descontinuidade – 1as combinações de plvs ñ são governadas por regras gramaticais adultas

(e.g., Bowerman, 1973; Maratsos, 1983)

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Como é que as crianças descobrem as categorias gramaticais a que as palavras pertencem?

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NOME?

VERBO?

ADVÉRBIO?

ADJECTIVO?

Hipóteses Explicativas

A) Semantic bootstrapping theory (Pinker, 1985,

1989)

Conhecimento das principais categorias sintácticas é inato (ex., nomes referem-se a objectos e verbos a acções)

B) Perspectiva Semântica/Construtivista Macnamara (1972)

plvs são focadas em função do conteúdo + ordem das plvs é ignorada

liga plvs ao contexto para descobrir significados

descobre os papéis que as plvs desempenham nas frases

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Hipóteses Explicativas

C) Análise distributiva

adquirem categorias/regras sintácticas com muito pouco conhecimento semântico

– Ex.1, flexões de género – a lua, o sol (Levy, 1983; 1988)

procuram e extraem regularidades sintácticas - regularidades estatísticas sobre como as palavras se tendem a agrupar/organizar – ex. artigo + substantivo

O imput é rico e as capacidades computacionais do ser humano são elevadas (Maratsos, 1988; Elman, 1990)

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Desenvolvimento gramatical

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Desenvolvimento gramatical

1. Cçs usam um conj. restrito de plvs em posições relativamente fixas – Produções são limitadas (e.g., Messer, 2000) e

pouco flexíveis (e.g., Pine & Lieven, 1997)

– Hip. – o conhecimento gramatical e semântico subjacente a estas produções iniciais é pouco (E.G., Tomasello, 2000)

– Reflectem o que é ouvido mais frequentemente, ex. “música gira”

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Desenvolvimento gramatical

2. Discurso telegráfico – palavras de conteúdo; plvs com funções estritamente gramaticais e flexões/derivações morfológicas ausentes (Brown & Bellugi, 1964; Brown & Fraser, 1963)

– Mais característico da língua inglesa

Metodologias de avaliação

Mean Length of Utterance (MLU) (Brown, 1973) – nº médio de morfemas presentes num enunciado

Flexão de pplvs - com função de nome ou de verbo (Berko, 1958)

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Aquisições da linguagem ao longo do tempo

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Compreen-são verbal

3 plvs no mínimo

25 plvs no mínimo; ordens simples

Vocab. variado; ordens complexas

Vocab. Extenso; relações causais; Histórias simples

Abstrac-ções; relações entre plvs

Expressão verbal

1ª plv Plvs isoladas; combina-ções de 2 plvs

Frases telegráficas; EME≈2 ou 3

Frases gramaticais; EME ≈ 5

Frases complexas; poucos erros gramaticais; def. de plvs

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Aquisições da linguagem ao longo do tempo

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Articulação Balbucio Vogais; 50% inteligível

Consoantes labiais; 75% inteligível

Oclusivas; 95% inteligível

Fricativas; 100% inteligível

Pragmática Referência e volição

Comunicativo; gosta de histórias; fala sozinho

Fala muito; anuncia intenções e respeita a vez na interacção verbal

Descreve o passado; gosta de rimas

Aprende a manipular através da linguagem

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Desvios articulatórios observados

em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos

Desvio Idade Exemplo

Coalescência, omissão de síl.

Até aos 3 FICO por frigorífico

Substituição por harmonia

Até aos 3 MANANA por banana

Apagamento nasal

Até aos 3 COBOIO por comboio

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Desvios articulatórios observados

em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos

Desvio Idade Exemplo

Redução de ditongo

Até aos 3 XALE por Xaile

Omissão de Consoante

Até aos 3 CENOUA por Cenoura

Omissão de Sílaba Átona

Até aos 3 ou 4 (menos freq.)

BOLETA por BORBOLETA

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Desvios articulatórios observados

em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos

Desvio Idade Exemplo

Substituição por desvozeamento

Até aos 3 ou 4 (menos freq.)

PIXAMA em vez de Pijama

Por plosivização e troca

Até aos 3 ou 4 (menos freq.)

DEBRA por Zebra

De ponto de articulação

Até aos 3 ou 4 (menos freq.)

SAPÉU por chapéu

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Desvios articulatórios observados

em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos

Desvio Idade Exemplo

Semivocalização da líquida

Até aos 4 FRAUDA por Fralda

Redução de rima complexa

Até aos 4 ou 5 (menos freq.)

BACO por Barco

Redução de encontro consonântico

Até aos 4 ou 5(mesmo freq.)

PATO por Prato

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Desvios articulatórios observados

em cçs portuguesas dos 3 aos 5 anos

Desvio Idade Exemplo

Adição de /e/ Até aos 5 FELOR por Flor

Troca de ordem Até aos 5 DROMIR por Dormir

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Castro e Gomes (2000, p. 70)

Perturbações do desenvolvimento da linguagem (PDL, antes PEL; em Inglês, respetivamente, DLD e SLI)

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Perturbações da linguagem

1. Primárias (disfunção das redes neuronais necessárias à aquisição)

Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem

(PDL, antes PEL; em Inglês, DLD, antes SLI))

2. Secundárias

Atraso cognitivo, surdez, autismo,

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem

Perspetiva histórica

Primeiras descrições no início do séc. XIX

– Defeitos na produção e compreensão da linguagem e capacidade cognitiva preservada

Identificação das áreas da linguagem em pacientes com perturbações adquiridas (Broca e Wernicke)

Até meados do séc. XX: PDL ≈ perturbações adquiridas (e.g., afasia congénita)

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Perspetiva histórica

60’s:

– Crianças com PDL não têm lesões neurológicas

– crianças com lesões focais raramente exibem a longo prazo defeitos severos

– Desenvolvimentos no domínio da linguística sobre a estrutura gramatical da fala

– Linguagem como uma entidade cognitiva discreta

Finais do séc. XX

– Avanços da genética e estudo da estrutura e função do cérebro: Influência de fatores genéticos (Bishop, 2006); relação complexa e difícil de

prever

Início do séc XXI

– Influências ambientais atuam como fator protetor: intervenção

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem

Difícil consenso quanto aos critérios de diagnóstico:

• Considerável heterogeneidade do quadro clínico

• Evolução/mudança do quadro clínico com a idade

Em geral:

Capacidade linguística atrás da capacidade cognitiva

Aspetos gramaticais da linguagem particularmente vulneráveis

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem

1. Critérios qualitativos – ex.:

- Avaliação por especialistas

- Compromete vida familiar, escolar e social (DSM)

2. Critérios quantitativos - ex.:

- Atraso da linguagem vs. idade cronológica: 12 meses (Tallal, 1991); 1,5 - 2 d.p. (Bishop & Rosenblom,

1987)

- QI nv – QIv> 1 d.p.

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características Cognitivas

Defeito linguístico no quadro de um desenvolvimento cognitivo normal

– QI nv – QIv> 1 d.p. (ICD-10, OMS, 1996)

Risco de exclusão de um elevado número de crianças

Diferentes combinações de instrumentos de avaliação conduzem a padrões diferentes (ex., vocabulário mais relacionado com capacidade cognitiva global; medidas de conhecimento morfosintáctico mais discrepantes)

QI não verbal abranda com idade e diferencial QI nv – Qiv diminui

Padrão de defeito linguístico e risco genético semelhantes entre cç com PDL

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Avaliação com testes estandardizados da produção e compreensão linguística

DIFICULDADES METODOLÓGICAS

Que nível de discrepância é indicativo de perturbação significativa?

– Critério arbitrário:

1 score < 1 d.p. pode não interferir com desempenho diário e educativo;

vários scores em diferentes testes < 1 d.p. ou 1 score < 2 d.p. podem ser preocupantes

Critérios mais exigentes excluem mais crianças

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Clínicos

Impacto na vida diária:

– Dificuldades na produção narrativa

– Impacto no desempenho escolar

Investigadores

Defeitos específicos no domínio da gramática

Perfis comportamentais distintos

Necessidades terapêuticas diferentes

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Caracterização global: Atraso na aquisição das primeiras palavras e frases

Erros de produção e fraca consciência fonológica sobretudo no pré-escolar

Vocabulário restrito e dificuldade a encontrar a palavra (ex. , “coisa/coiso”)

Erros gramaticais , ex., concordância e conjugação verbal

Estruturas gramaticais simples e erros nas complexas (dificuldade na compreensão de questões, de frases negativas, de frases passivas)

Fraca memória verbal: pseudopalavras, palavras, e frases

Dificuldades de compreensão de enunciados longos (ex., discurso)

Dificuldades em elaborar uma narrativa

Dificuldades na compreensão de expressões abstratas , idiomáticas ou ambíguas

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Razões para “preocupação”/avaliação

1. Aos 18 meses não compreende ordens simples – Ex., “Dá a bola”

2. Aos 2 anos não diz nenhuma plv

3. Aos 3 não formula frases de 3 plvs

4. Aos 4 produz essencialmente frases que não se submetem às regras gramaticais

5. Aos 5 persistem omissões ou alterações frequentes na articulação, em particular consoantes sibilantes ou líquidas

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Sintaxe e Morfologia Defeitos ao nível da gramática são um característica distintiva das

PDL: isolados ou associados a defeitos ao nível da fonologia e semântica

Omissão de morfemas gramaticais na produção espontânea - discurso telegráfico - e erros de concordância

Persistência de erros em crianças mais velhas são indicativos de PDL

Dificuldade: – avaliação da gramaticalidade de frases

– compreensão de estruturas gramaticais complexas: passivas; frases complexas, compostas por mais do que uma oração (ex., subordinadas: O meu André não lhe disse que temos aí um holandês que trouxe material novo…? , in Cintra e Ciunha, 1999, p. 399)

Têm conhecimento da gramática mas aplicam-no de forma inconsistente como suj. normais em tarefas exigentes

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Fonologia (Speech Sound Disorders)

EUA (Shriberg et al., 1999): prevalência 3.8%; co-ocorrência com outras PDL 1.3%

Mais rapidamente identificados por pais e professores

Defeitos no processamento fonológico

– Discriminação e categorização de sons e de contrastes fonéticos (ex. /ba/ e /da/)

– Dificuldades na produção de sons

– Dificuldades na memorização de novas sequências de sons

– Dificuldades na manipulação de sons – consciência fonológica

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Semântica

Vocabulário pobre

Dificuldade em reter/aprender palavras novas

Dificuldade em reter as características semânticas de palavras novas

Erros de nomeação: ex., “faca” em vez de tesoura OU “uma coisa que corta”

Cç mais velhas - o que sabem acerca de cada plvr e não tanto o n.º de plvrs

Não entendem piadas, linguagem figurativa, expressões idiomáticas

Dificuldade com relações entre palavras e orações de uma frase

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características linguísticas

Pragmática

Imatura qualitativamente anormal (como no caso das perturbações do espectro autista)

Dificuldade na aplicação de regas de pragmática (i.e., interação social) – Iniciar e manter os tópicos de uma conversa

– Solicitar uma clarificação

– Respeitar a vez

– Adequar o estilo comunicativo ao contexto social

Dificuldade em entender a mente e as emoções dos outros a partir do contexto

Dificuldade com inferências ou com expressões não literais

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Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem Características emocionais, comportamentais e sociais Menos amizades na adolescência e idade adulta

Mais problemas de comportamento e no infringir de regras em adolescentes diagnosticados com PDL no pré-escolar

Baixa auto-estima

PDL é um forte preditor de outras perturbações de desenvolvimento (ex. deficit de atenção e de hiperatividade, perturbações emocionais)

1/3 das crianças referenciadas para avaliação por perturbação socio-emocional e 50% dos referenciados para serviços clínicos de psiquiatria tinham PDL não diagnosticadas (ex., Cohen et al., 1998) MAS tx de perturbações psiquiátricas é baixa

– Padrão mais do que severidade estão associados a determinadas doenças psiquiátricas (Snowling et al. 2006)

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Classificação

Clínica Global (Expressiva vs. Mista)

Neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)

Na base do defeito cognitivo

subjacente (defeito de processamento

de sons da fala, memória fonológica,

etc)

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Classificação Neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)

1. Defeito grave de compreensão verbal

Agnosia auditivo-verbal

Defeito fonológico-sintáctico

2. Defeito predominante da expressão/ articulação

Dispraxia do discurso

Defeito de programação fonológica

3. Defeito predominante a nível léxico-semântico

Defeito semântico-pragmático

Defeito léxico-sintáctico

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1. Defeito grave de compreensão verbal

Agnosia auditivo-verbal

– Perturbação do processamento fonológico compromete aquisição da linguagem

– “Surdez verbal”

– Comunicação essencialmente não verbal (gestos, mímica facial, prosódia)

– Discurso limitado, disfluente, mal articulado ou inexistente (mutismo)

– Grave perturbação da comunicação

– QI normal (por definição)

– Benéfico o uso de métodos alternativos de comunicação (ex., linguagem gestual, computadores ou outros instrumentos)

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1. Defeito grave de compreensão verbal

Agnosia auditivo-verbal Diagnóstico diferencial

– Autismo e Afasia Adquirida com Epilepsia (S. Landau Kleffner) – em ambos há regressão da linguagem No espectro autista – alterações do comportamento,

da sociabilidade e dos interesses (aversão ao afecto, ao contacto ocular, resistência à mudança, bizarrias de comportamento, ecolália, alterações do pragmatismo não verbal

Na Afasia Adquirida com Epilepsia – alterações do EEG sono

Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 97

1. Defeito grave de compreensão verbal

Defeito fonológico-sintáctico

Discurso disfluente, frases curtas, pausas, anomia, má articulação parafasias fonémicas – grau variável de ininteligibilidade

Vocabulário limitado

Discurso telegráfico – omissão de morfemas gramaticais – e erros de concordância

Compreensão verbal razoável mas defeito detectável na avaliação

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2. Defeito predominante da expressão/ articulação

Dispraxia do discurso – Dificuldade na programação da linguagem – Discurso muito disfluente, escasso, produzido com esforço – Deficiente produção fonológica (pode chegar aos

mutismo) – Constituído por frases curtas ou palavras isoladas – Compreensão verbal mantida – Podem aprender a ler e a escrever porque a perturbação é

essencialmente ao nível da linguagem oral – Podem manter-se ininteligíveis – Beneficiam de métodos alternativos de comunicação e de

linguagem gestual

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2. Defeito predominante da expressão/ articulação

Defeito de programação fonológica

Variante fluente da dispraxia verbal c/ melhor prognóstico

S/ equivalente nas afasias dos adultos

Discurso fluente, frases longas bem moduladas, mas pouco ou nada inteligível (defeitos de articulação, erros de sequenciação, substituições de fonemas) – “espanholas”

Compreensão verbal mantida

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3. Defeito predominante a nível léxico-semântico

Síndroma Léxico-Sintáctico Perturbação da evocação de nomes (uso de

expressões/termos genéricos – “coisa”, “isto”, “aquilo” - e circunlóquios;

Dificuldade em elaborar uma sequência narrativa

Discurso por vezes disfluente com pausas e hesitações frequentes

Produção sintáctica imatura

(semelhante à afasia anómica e de condução do adulto)

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3. Defeito predominante a nível léxico-semântico

Defeito semântico-pragmático

Discurso fluente - dificuldades fonológicas e sintácticas assinaláveis (bem articulado, inteligível, frases gramaticalmente correctas)

Hiper-verbal, com pouco conteúdo (Cocktail chatters)

Volume, tom de voz, prosódia e débito alterados

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3. Defeito predominante a nível léxico-semântico

Defeito semântico-pragmático (Cont.)

Compreensão literal e tangencial (dif. de compreensão de metáforas, humor e expressões idiomáticas)

Insistência em determinados tópicos

Fraca sintonia com a resposta do outro

Pragmatismo não verbal mantido (Imp.: p/ distinção de perturbações dp espectro autista)

Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 103

3. Defeito predominante a nível léxico-semântico

Defeito semântico-pragmático (Cont.)

Podem aprender a ler

Formas puras s/ outras alterações de comportamento

Ou

Patologias associadas – Hidrocefalia

– Perturbações do espectro autista

Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 104

Epidemiologia

Difícil de estabelecer - Ø estudos epidemiológicos:

1. Variedade de critérios de diagnóstico

2. Evolução do quadro clínico com a idade

3. Estudos diferem qto a inclusão ou exclusão de crianças com outras condições de co morbilidade

De um modo geral:

7% das crianças com idade entre os 3 e os 6 anos

1% considerado grave

Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 105

Epidemiologia

Tomblin et al., 1997: - Estudo epidemiológico com cçs de 5 anos (Iowa)

- A bateria não incluiu medidas de fonologia (IMPORTANTE!) e de habilidade pragmática – podem afetar mais o desempenho escolar e o relacionamento interpessoal

- 7.4% PDL – 2 em 5 testes d.p. superior a 1.25 (critério mais lato do que ICD-10: d.p. 1.12): - 1 ano mais tarde 46% das diagnosticadas em T1 não cumpriam critérios

de diagnósticos: falsos positivos? dificuldades transitórias?

- Apenas 29% das cçs detetadas no estudo tinham sido sinalizadas pelos pais ou por clínicos

- rapazes > raparigas

Isabel Leite Mestrado em Educação Especial 106

Resumo

I. Comunicação e linguagem:

1. Definições

2. Propriedades da linguagem

3. Linguagem oral vs. escrita

4. Conceitos: fonologia, semântica, gramática, pragmática

II. Desenvolvimento linguístico

1. Idades e ritmos de aquisição

2. Forças motrizes do desenvolvimento

3. Desenvolvimento fonológico, semântico e gramatical

4. Alguns referenciais do processo de aquisição da linguagem e exemplos de desvios observados em crianças portuguesas dos 3 aos 5 anos

III. Perturbações do desenvolvimento da linguagem (PDL):

1. PDL primárias e secundárias

2. Critérios de diagnóstico qualitativos e quantitativos

3. Caracterização global: sintaxe e morfologia; fonologia; semântica; pragmática; características emocionais, comportamentais e sociais

4. Classificaçãpo neurolinguística (Rapin & Allen, 1983, 1987)

1. Defeito de compreensão verbal: agnosia auditivo-verbal; defeito fonológico-sintático

2. Defeito de expressão/articulação verbal: dispraxia do discurso; defeito de programação fonológica;

3. Defeito a nível léxico/semântico: defeito semântico-pragmático; defeito léxico-sintáctico

5. Epidemiologia das PDL

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