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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
A CAPOEIRA COMO CONTEÚDO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: uma possibilidade viável
Autor: Jorge Luiz de Freitas1
Orientadora: Daniela Isabel Kuhn 2
Resumo
A presente pesquisa é resultado de estudo realizado durante a participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE-2009) promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná. O objetivo central foi Investigar e analisar as implicações da inclusão da Capoeira enquanto conteúdo da Educação Física em ambiente escolar, bem como as contribuições desta prática aos alunos e aos professores da rede pública de ensino. Apresentou a seguinte questão norteadora: De que forma é possível trabalhar a Capoeira como conteúdo das aulas de Educação Física na escola? Para tanto foi realizada uma pesquisa com abordagem qualitativa. O estudo demandou a inclusão de uma investigação bibliográfica acerca do histórico de surgimento e evolução da Capoeira até sua chegada aos meios escolares. Foram estudados também os fenômenos da evolução paradigmática da Educação frente à Educação Física, como o Paradigma da Complexidade, a fim de respaldar possíveis considerações sobre o processo metodológico da Capoeira como disciplina escolar. Ainda como referencial teórico, focou-se o professor e seu compromisso com a aprendizagem do aluno. Participaram desta pesquisa alunos da Escola Estadual República Oriental do Uruguai, que cursaram a 5ª série no ano de 2009, além de toda a equipe pedagógica da referida instituição de ensino público. Os dados levantados no decorrer da prática docente foram relacionados à posição dos diferentes autores consultados. Após análise foi possível verificar que a Capoeira apresenta-se como uma atividade viável de educação em ambiente escolar. O estudo enfatiza a necessidade urgente de uma profunda reflexão crítica da ação dos docentes da disciplina de Educação Física, visando a elaboração de novas metodologias que possam formar cidadãos transformadores e críticos, conscientes de seu papel, conforme as exigências da sociedade.
Palavras-chave: Capoeira; Educação Física; Prática Docente; Paradigma da Complexidade.
1 Mestrado em Educação (PUC-Pr), Especialização em Magistério Superior (IBPEX), Licenciatura em Educação Física (PUC-Pr), leciona na Escola Estadual República Oriental do Uruguai. 2 Mestrado em Artes (UNICAMP), Bacharelado e Licenciatura em Dança (UNICAMP), Professora do curso de Bacharelado em Educação Física da UTFPR.
2
1 Introdução
A pesquisa sobre a temática que envolve a Capoeira enquanto prática
pedagógica e ainda conteúdo da Educação Física não pode ser considerada uma
tarefa simples ou tranqüila a ser executada. Talvez, por ser este mesmo o objetivo
da pesquisa científica: provocar a chamada entropia3, a qual abala as ordens pré-
estabelecidas (e aceitas) gerando desordens para privilegiar o estabelecimento de
uma “nova” ordem, agora re-significada, refletida, re-interpretada, não estagnada.
Assim, o autor deste artigo, buscando sempre compartilhar sua experiência
de dezoito anos trabalhando com Capoeira na Escola, onde a figura do “Professor
Piriquito-Verde” (seu apelido na Capoeira) sempre foi marcante, publicou quatro
livros sobre o tema aqui proposto e ainda, no ano de 2006, obteve título Mestre em
Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná-PUC/Pr.
Neste sentido deve-se salientar que este trabalho tem como base os estudos
feitos no período da participação no Programa de Mestrado supra-citado, portanto
seu conteúdo constitui parte da Dissertação4 concluída como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre. Sendo assim, é na perspectiva de incentivar cada vez
mais a presença da Capoeira em ambiente escolar é que o autor pretende continuar
a encaminhar seus estudos.
Para tanto cabe lembrar que a Capoeira se trata de algo além de
simplesmente um conjunto de movimentos corporais de ataque e defesa; ela
evidencia na sua história, nos seus cânticos, nos seus rituais, importantes
contradições que marcam uma sociedade. Conhecida historicamente também como
arma de escravos em busca de liberdade, a Capoeira traçou um longo e desafiante
3 Originalmente, "entropia" surgiu como uma palavra cunhada do grego de em (en - em, sobre, perto de...) e sqopg (tropêe - mudança, o voltar-se, alternativa, troca, evolução...). O termo foi primeiramente usado em 1850 pelo físico alemão Rudolf Julius Emmanuel Clausius (1822-1888). O conceito de entropia foi introduzido na Ciência há mais de 150 anos, mas somente a partir de meados do Século XX é que se difundiram suas aplicações por diversas áreas do conhecimento. Numa visão mecanicista, a ênfase está unicamente no que se ordena e se desconsidera a desordem causada pela ordenação. É como se ignorássemos, por exemplo, o problema do lixo ao arrumarmos nossa casa.
4 Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado, Linha de Pesquisa Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores, da PUC-PR.: FREITAS, J.L. A prática pedagógica da disciplina de Capoeira na Educação Superior e sua contribuição para a formação do futuro docente. Dissertação (Mestrado em Educação). Pontifiíca Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2006.
3
percurso até chegar às universidades e ser pautada como conteúdo da Educação
Física.
Com o intuito de transpor ainda mais os limites da Capoeira, optou-se então
pela verificação de sua importância enquanto estratégia viável de educação por
meio das aulas de Educação Física.
Campos (1990) afirma que a Capoeira na escola pode ser ministrada de
várias formas: Capoeira luta, Capoeira dança e arte, Capoeira folclore, Capoeira
educação, Capoeira como lazer e Capoeira como filosofia de vida. Para Falcão
(1995), a inclusão da Capoeira nas instituições de ensino representa uma situação
inusitada; o que causa admiração é que a sua prática há algumas décadas atrás era
uma ação marginal, passiva de penalidades previstas no Código Penal Brasileiro. E
hoje, fazendo parte da Educação Física, a Capoeira desenvolve inúmeros valores
positivos, como o respeito à pessoa humana.
O professor Edvaldo Boaventura (apud CAMPOS, 1990) cita que a
aproximação entre o currículo e a cultura há de ser sempre uma preocupação
dominante para os educadores. E a educação, para que seja realmente nacional, há
de refletir valores, condicionamentos e ingredientes culturais.
Barbieri (apud CAMPOS, 1990, p.43) apresenta a importância da Capoeira
como educação e chama atenção para a relação entre a unidade e a totalidade:
Essa relação é um caminho para se observar a Capoeira diacronicamente e nele se dá o encontro entre vários elementos, tais como o exercício físico, a música, a poesia, o canto, o ritmo, a criatividade, a determinação, a coragem, a liderança, o diálogo, a comunicação e outros elementos não menos importantes, contribuindo principalmente para o desenvolvimento do auto-conhecimento.
Portanto, acredita-se que a Capoeira na escola serve de alicerce para a
busca da cultura e de um maior conhecimento do ser humano e sua relação com a
sociedade. Acredita-se ainda que a inclusão da Capoeira como conteúdo da
Educação Física servirá para que o aluno, além de conhecê-la como atividade física,
possa perceber que toda mensagem corporal, se traduzida e interpretada por
profissionais conscientes de seu papel, torna-se sinal evidente da importância desta
na formação de cidadãos críticos e responsáveis.
Contudo, para que esta prática se torne freqüente, percebe-se um grande
entrave, pois até em conseqüência da formação do professor em Educação Física
4
que muitas vezes não tratou do tema Capoeira ou mesmo da falta de cursos de
formação continuada que a contemple, são raros os professores que se aventuram a
ministrar aulas de Capoeira na Escola. Existem ainda aqueles que acabam refletindo
em sua prática os modelos aos quais foram submetidos em sua vida escolar, num
eterno repetir de discursos e técnicas.
O grande desafio na entrada do século XXI focaliza-se na formação de
profissionais que superem o acúmulo de saberes para transformá-los, contextualizá-
los e adaptá-los à realidade do hoje.
No que tange à Capoeira enquanto conteúdo da Educação Física pesa ainda
a questão da novidade. A especificidade do tema e principalmente, do medo que
isso acarreta, já que toda inovação gera certa exposição e nem sempre estamos
preparados para isso.
Ramal (1997, p. 11) comenta que numa possível troca de experiências entre
professor e aluno, duas posturas são impensáveis:
Aquele velho medo de errar. O erro deve ganhar novo valor. Aquele que nunca erra nunca é, porque não teve coragem de experimentar uma prática nova, está parado no velho paradigma que já não atende nossos objetivos educacionais. O erro, apesar de frustrante, acena para a possibilidade de um futuro acerto e, portanto, de uma futura melhora na ação pedagógica. *Aquele velho medo de dizer não sei. A prática da troca de saberes pede do professor que ele se livre daquela armação de ‘senhor dos conteúdos’. É importante que o profissional esteja bem preparado, sim, pois ele será sempre um referencial para o aluno. Mas não é mais necessário saber tudo, ter as respostas na ponta da língua – até porque, na Era da informação, isso é praticamente impossível. Bom mesmo é que o professor também se fascine, junto com o aluno, pela pesquisa e pelo novo. Uma postura nesse estilo, desarmada e aberta, nos aproxima muito mais daqueles que orientam e possibilita que sejam construídas relações afetivas mais verdadeiras.
Para tanto, a partir de vinte de dezembro de 1996, com a aprovação da nova
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (2006) – Lei n. 9394/96, a Educação
brasileira sofreu novas e significativas mudanças, com destaque para a liberdade
atribuída aos Conselhos de Educação, às escolas e aos professores, a fim de que
pudessem organizar e estruturar o ensino. Acredita-se que a nova LDB surgiu, nesse
momento, como ponto de referência às mudanças necessárias à Educação brasileira
com possibilidade de novos projetos, mais ousados e com característica participante.
5
A autonomia proporcionada pela LDB para que novos conteúdos fossem
incluídos na proposta pedagógica, possibilitou a opção pela Capoeira como um dos
conteúdos a serem abordados pela Educação Física.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), em relação à Educação Física
também apontam a Capoeira como proposta de conteúdo, uma vez que ela se
encontra no bloco dos esportes, jogos, lutas e ginásticas. Nesse contexto, mostram-
se pertinentes as colocações de Campos (2001, p. 87):
O ensino/aprendizagem da Capoeira não deve ser voltado apenas para o aspecto técnico de aprender determinada forma de luta e de esporte. O ensino dos golpes deve ser acompanhado da transmissão de todos os elementos que envolvem a sua cultura, história, origem e evolução, ao tempo em que se estimulará a pesquisa, debate e discussão, para que o educando tenha uma participação efetiva na Capoeira como um todo. O professor deve estimular constantemente esta prática, oportunizando aos alunos vivenciarem todos os momentos da aula/prática.
Também neste sentido, não se pode deixar de lembrar da Lei nº 10.639/03
que ao determinar a inclusão de História da Cultura Afro-Brasileira e Africana no
currículo escolar do ensino médio e fundamental na rede pública e particular de
ensino, também traz a Capoeira como possibilidade de conteúdo da Educação
Física.
Neste contexto, após observar todos os elementos aqui comentados e ainda
atuar diretamente no chamado “chão da escola” e presenciar no dia-a-dia
profissional a necessidade de novas práticas e principalmente novas posturas
docentes especificamente na área da Educação Física, a fim de valorizar cultura
brasileira e também diversificar as aulas com componentes também culturais, por si
só justificam esta pesquisa.
Assim, na esperança de poder auxiliar e lançar novas idéias de como
trabalhar a Capoeira enquanto conteúdo da disciplina de Educação Física e também
por ser este um saber relativamente novo quando articulado a valores didático-
pedagógicos formais, buscou-se investigar de que forma é possível trabalhar a
Capoeira como conteúdo das aulas de Educação Física na escola.
Investigar e analisar as implicações da inclusão da Capoeira enquanto
conteúdo da Educação Física em ambiente escolar, bem como as contribuições
desta prática no que tange a formação continuada de professores da rede pública de
ensino, foram alguns dos objetivos propostos. Para tanto foi produzido um vídeo
6
objetivo sobre a importância da Capoeira quando trabalhada em ambiente escolar,
dando suporte aos profissionais da Educação Física que tenham interesse em incluir
a Capoeira como conteúdo de suas aulas.
1.1 A Educação Física, e o Paradigma da Complexidade
O conhecimento é, com efeito, uma navegação que se efetiva num oceano de incerteza salpicado de arquipélagos de certeza (MORIN, 2002, p.61).
Durante os estudos feitos no decorrer do Mestrado em Educação
desenvolvido na PUC-Pr, no ano de 2006, junto à disciplina de Paradigmas da
Educação ministrada pela Professora Doutora Marilda Aparecida Behrens5, foi
possível perceber que muitas propostas teóricas podem servir de auxílio à
sustentação de práticas pedagógicas para a Educação Física e vários são os
paradigmas educacionais existentes capazes de garantir uma ação condizente com
as atuais vertentes do ensino.
Neste período também se observou que há uma co-existência, quase
sobreposta de várias abordagens, o que demonstra que cada profissional tende a re-
significar as teorias científicas e associá-las às suas concepções histórica e
socialmente construídas. Assim, devido a informações como estas, obtidas durante
os estudos feitos na disciplina em questão é que credita-se ao Paradigma da
Complexidade subsídios que tornam possível uma prática pedagógica significativa.
Sobre o Paradigma da Complexidade recorremos a Morin (1986, p.127)
quando afirma que “o verdadeiro problema do conhecimento (entendido como teoria
e prática, discurso e postura/atitudes) é saber distinguir e relacionar, evitando
separar e confundir”. Nessa perspectiva, toda interpretação de fatos históricos, ou
sociais, ou políticos, ou econômicos que se pretenda correta, só pode ser complexa,
dialógica. Não existe uma única verdade, afirmada como dogma, como doutrina,
mas múltiplas possibilidades, a partir das várias perspectivas adotadas. 5 Importante pesquisadora da área da Educação com 12 livros publicados sobre os Paradimas Educacionais e a Formação de Professores.
7
Morin (1997, p.30) fala ainda em exercitar um estilo de pensamento
ecocêntrico e cosmológico que privilegie a síntese, a cooperação e cumplicidade
entre homens e coisas, a sabedoria intuitiva, o imaginário, o poético, enfim, o
intercâmbio entre vida e idéias, a transdisciplinaridade, a migração de conceitos e
categorias.
Moraes (2004, p.20) também apresenta as idéias de Edgar Morin quando
defende a complexidade, afirmando:
Se queremos formar indivíduos intelectual e humanamente competentes e bem formados, capazes de aceitar desafios, construir e reconstruir teorias, discutir hipóteses, confrontá-las com o real, formar seres em condições de influenciar na construção de uma ciência no futuro ou participar dela, então necessariamente, o paradigma educacional precisa ser revisto. Isso porque o modelo convencional de ensino adotado pela maioria das escolas, não estimula o pensamento divergente, a criatividade, a criticidade, não gera ambientes para descobertas científicas, para o desenvolvimento de um trabalho cooperativo, além de uma série de outros valores que necessitam ser resgatados nos novos ambientes de aprendizagem.
Segundo Behrens (2006, p.19),
O paradigma da complexidade reforça os princípios e referenciais teóricos e práticos que foram propostos para o paradigma emergente. Os paradigmas inovadores são fortemente enfocados na visão de totalidade, de interconexão, de inter-relacionamento, na superação da visão fragmentada do universo e na busca da reaproximação das partes para reconstituir o todo nas variadas áreas do conhecimento.
Vemos que numa abordagem conservadora em todas as áreas educacionais,
o conhecimento ficou fragmentado de tal forma que nas suas aplicações práticas, as
modalidades e os exercícios físicos passaram a ser tão específicos a ponto de
fugirem ao caráter de complexidade. Complexidade esta que não podemos pensar
só em termos de unidades de todas as vertentes possíveis (afetivo-social,
intelectual, física, etc.), mas que também devemos pensar no interior de cada
vertente.
Se pensarmos sobre este contexto tomando como base as aulas de
Educação Física observaremos que é comum a preparação ou o trabalho com
braços, considerando as musculaturas, gastrocnêmios, quadríceps, abdominais,
8
lombares, músculos da cintura escapular e demais, sem que se perceba a
interdependência segmentar existente entre eles, pois a unidade existe também no
corpo.
No paradigma da complexidade, se defende fundamentalmente a análise do
todo. A tendência é considerar a unidade do homem levando em consideração sua
relação com os demais e a combinação bio-psico-social distinguindo uma das outras
sem separá-las da visão global do indivíduo.
É preciso aqui, no entanto, que não se reduzam ou simplifiquem os
pressupostos da complexidade propostos por Morin (2001), já que disso incorreria
um ato inibidor que limita o processo de conhecimento.
Morin (apud MARTINELLI, 2003, p.35) acredita que temos obsessão pelo
simples e que a pesquisa obstinada pelo simples desembocou no complexo.
Contudo, enquanto seres humanos não poderíamos deixar de ser mais
complexos, e Morin (2002, p. 59-60) define de forma belíssima a complexidade
humana:
O ser humano é um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e insustentável. Sorri, ri, chora, mas sabe que também conhece com objetividade; é sério e calculista, mas também ansioso, angustiado, gozador, ébrio, extático; é um ser de violência e de ternura, de amor e de ódio; é um ser invadido pelo imaginário e pode reconhecer real que é consciente da morte, mas não pode crer nela; que secreta o mito e a magia, mas também a ciência e a filosofia; que é possuído pelos deuses e pelas idéias, mas que duvida dos deuses e critica as idéias; nutre-se dos conhecimentos comprovados, mas também das ilusões e de quimeras. E quando, na ruptura de controles racionais, culturais, materiais, há confusão entre o objetivo e o subjetivo, entre o real e o imaginário, quando há hegemonia de ilusões, excesso desencadeado, então o Homo demens submete o Homo sapiens e subordina a inteligência racional a serviço de seus monstros.
Assim, quando falamos em educação a Teoria da Complexidade se torna
pertinente, pois seu propósito não é encontrar todas as explicações ou informações,
mas buscar, religar e respeitar todas as dimensões de um ser ou de um fato.
Partindo desses princípios podemos pensar em uma educação para o futuro,
pautada em questões que Morin (2002, p.36) chama de condição humana,
aprendizagem cidadã, enfrentamento de incertezas, compreensão humana e
identidade terrena, e acrescenta:
9
Trata-se de um trabalho que deve ser empreendido pelo universo docente, o que comporta evidentemente a formação de formadores e a auto-educação dos educadores. Com efeito, apenas a auto-educação dos educadores efetiva com ajuda dos educandos será capaz de responder à grande questão deixada por Karl Marx: “Quem educa os educadores?”. Por meio dela, creio ser possível operar a ressurreição de uma missão que freqüentemente acabava por se dissolver na profissão (...). No fundo, essa missão é uma missão das luzes, portadoras de um saber que ajuda a compreender e abraçar a complexidade do real (...) este saber que abraça deve ressuscitar uma cultura que não é pura e simplesmente a cópia da antiga cultura, mas sim a sua integração em conexão com a cultura das Humanidades e das Ciências (p.36).
Daí a importância em tratar o professor como um “eterno aprendiz”.
Aprendizado que não está presente apenas em pilhas de livros, mas na vida, no
cotidiano, na relação professor/aluno, entre outras.
O professor é o alicerce das reflexões sobre o conhecimento. Essas reflexões
provocam reformas e quando o professor privilegia a busca pela reforma de seu
pensamento, também estará promovendo reformas no seu modo de ensino e
fazendo proliferar ao seu redor o “gérmen da reflexividade” (MARTINELLI, p. 107).
A reflexão não compartimentada não deve ser confundida com olhar tudo de
forma superficial, mas sim descobrir e realçar as interações resultantes da união dos
conhecimentos separados.
O conhecimento historicamente acumulado pode apoiar a construção de sua
formação quando unido ao apoio de seus mestres orientadores e companheiros de
aprendizado (MARTINELLI, 2003).
Morin (2000) sugere que a formação de professores tenha em vista um
educador que consiga conceber o ser humano em sua grandeza e em sua
pequenez. Entendendo-se também como este ser humano: imperfeito,
multidimensional. Um ser humano que vive num grande sistema dependente da
responsabilidade individual e coletiva sobre ele.
De acordo com Behrens (2006, p.21), “o professor necessita reconhecer que
a complexidade não é apenas um ato intelectual, mas também o desenvolvimento
de novas ações individuais e coletivas que permitam desafiar os preconceitos, que
lacem novas atitudes para encarar a vida, que gere situações de enfrentamento dos
medos e das conquistas”.
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Freire&Freire (apud BEHRENS, 2006, p.24) afirmam que a prática
educacional não é o único caminho para a transformação social, mas sem ela esta
transformação jamais aconteceria.
Para Furguson (1992, p. 265), “só se pode ter uma nova visão da sociedade,
dizem os visionários, se for modificada a educação da geração mais jovem”.
Por fim, com o advento do século XXI, ao que Moraes (1997, p.209) chama
de Era das Relações, é preciso aceitar os desafios, como compreender que a
evolução humana encaminha-se para a comunicação com o eu, com o outro, com a
natureza e com o mundo.
Neste sentido, Morin (2001, p.11) comenta sobre a importância de se
“transmitir não o mero saber, mas uma cultura que permita compreender nossa
condição e nos ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar
aberto e livre”.
É necessário então pensarmos em que tipo de educação estamos propondo
aos futuros cidadãos do século XXI. Para tanto, reuniram-se em Paris, no ano de
1997, educadores de todo o mundo tentando responder a este questionamento.
Jacques Delors propôs um relatório em que destacou quatro pilares como base da
educação para o século que já se iniciou:
§ 1°- Aprender a conhecer: que trata de uma relação com o domínio
dos instrumentos do conhecimento. Há também a preocupação com o
desenvolvimento de um processo de aprendizagem através da descoberta, do
vivenciar com prazer. Desenvolver o prazer e o gosto pelo estudo significa despertar
a curiosidade intelectual transmitindo as bases para que o aluno continue a aprender
ao longo de toda a sua vida.
De acordo com Santos (apud LIBÂNEO, 2002, p.67):
Um dos grandes desafios que se põe ao desenvolvimento do currículo é o
de contemplar experiências de aprendizagem que permitam construir
estratégias que ajudem o aluno a utilizar de forma consciente, produtiva e
racional o seu potencial de pensamento e que permitam torná-lo consciente
das estratégias de aprendizagem a que recorre para construir (reconstruir)
os seus conceitos, atitudes e valores.
11
Aprendendo a conhecer podemos aprender a aprender, nos beneficiando com
as oportunidades que a educação nos oferece, a fim de re-inventar o pensar. Um
pensar consciente e emancipatório.
§ 2°- Aprender a fazer: Aprender a conhecer e aprender a fazer são
indissociáveis, embora esta segunda aprendizagem esteja mais ligada à educação
profissional. Contudo, aprender a fazer também significa uma ampliação de
competências no âmbito das experiências sociais e não só do trabalho,
possibilitando o enfrentamento de novas situações e privilegiando a aplicação da
teoria na prática.
Aprender a fazer se define como ter capacidade de fazer escolhas, pensar
criticamente e não confiar ou depender apenas de modelos existentes (DELORS,
2000).
§ 3°- Aprender a viver juntos: Nesta abordagem, observamos o
desenvolvimento da compreensão do outro ao mesmo tempo em que há uma
preparação para gerir conflitos.
Aprender a viver juntos é um dos grandes desafios do século XXI. É o desafio
da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício da fraternidade como
caminho para o entendimento. Então este pilar da educação se mostra fundamental
no mundo atual, haja vista a competitividade cega e as injustiças a que estamos
sujeitos.
Por isso, é preciso promover a descoberta do outro, descobrindo-se a si
mesmo, para sentir-se na situação do outro e compreender suas reações. Estas
necessitam ser ações permanentes visando uma formação mais cidadã.
§ 4°- Aprender a ser: Esta aprendizagem sugere uma autonomia
intelectual e uma visão crítica da vida, para desenvolver a capacidade de ação em
diferentes circunstâncias. Aprender a ser significa contribuir para o desenvolvimento
mental, corporal e espiritual. Neste sentido, a aprendizagem precisa ser integral,
sem negligenciar nenhuma potencialidade inerente a cada indivíduo.
A chamada globalização, que não é apenas econômica, mas política, social e
cultural preconiza a preocupação com a formação dos indivíduos, bem como sua
preparação para uma melhor convivência neste mundo globalizado.
O homem necessita ser solidário, democrático e aberto à relação com novas
culturas. Neste caso, “a competitividade em educação subordina-se aos fins maiores
12
de solidariedade e de justiça, pois não contempla apenas o indivíduo, mas também
orienta para projetos coletivos” (BARROS, 2006, p.36).
O Relatório de Jacques Delors (2000, p.99) apresentado após reflexões sobre
os pontos que norteariam a educação no século XXI, lembra que é dever da
educação trilhar o caminho para o bem viver em um mundo cada vez mais complexo
e agitado.
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito
e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade
pessoal, espiritualidade. Todo ser humano deve ser preparado,
essencialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e para formar os seus próprios juízos de
valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes
circunstâncias da vida.
Assim, cabe à educação preparar pessoas, criar um referencial de valores e
de meios para que estas se compreendam e atuem em sociedade.
Por fim, é fundamental pensar que a educação seja dotada de mecanismos
que levem o aluno ao encontro do “eros” comentado por Morin e que este contagie
tanto docentes quanto discentes efetivando o aprendizado mútuo, cooperativo,
integral, em todos os sentidos, como pede o Relatório de Jacques Delors (2000)
pautado nos quatro pilares da educação.
1.2 A Capoeira na Educação Física
A Capoeira pode ser considerada uma das atividades humanas culturalmente
construídas que mais atende as vertentes curriculares atuais da Educação Física,
seja em relação à ginástica, à dança, aos jogos ou aos esportes. Assim, podemos
nos referir à Capoeira como meio de Educação Física, idéia reforçada por Lussac
(1996, p.37):
Da parte psicomotora, pode-se falar que a Capoeira desenvolve a coordenação motora, explorando a sua lateralidade, a percepção do próprio corpo e o seu relacionamento com outros corpos (pessoas); desenvolve também o equilíbrio estático e dinâmico e a percepção espaço-temporal, conjugando com o ritmo (instrumental e canto), que também cadencia a velocidade e intensidade dos movimentos a serem desenvolvidos. Junto
13
com a respiração diafragmática que é aperfeiçoada pelo canto, pro exemplo, o perfeito controle da respiração (educando-a inconscientemente) entre harmonia através da motivação contínua, com movimentos diferentes e alternados. A resistência muscular, força, capacidade aeróbica e anaeróbica, agilidade, equilíbrio, impulsão e flexibilidade são amplamente trabalhados com um grande número variações, através dos movimentos, tanto que nesta arte a criatividade e expressão corporal são fundamentais.
Outro fator no qual a Capoeira interfere é em relação ao desenvolvimento
afetivo-social, na medida em que sua prática leva inevitavelmente ao
estabelecimento de relações sociais com o grupo no qual se está inserido.
O aluno, ao praticar a Capoeira, o faz em sua amplitude, se movimentando,
criando, pensando em como se sair melhor, inovando situações e estimulando seu
companheiro a fazer o mesmo e ainda se expressam juntos, brincam juntos, jogam,
se comunicam, interagem entre si, ensinam e aprendem um com o outro.
Por intermédio da roda de Capoeira é possível que haja a relação com o
companheiro, estabelecendo um conhecimento de suas possibilidades, vantagens e
limitações, numa quase negociação - o que é fundamental para o desenvolvimento
do respeito mútuo e da humildade - atributos essenciais para uma vida social
saudável. O sentido de coletivo e individual que a roda da Capoeira proporciona.
As interações sociais desenvolvem, ainda, o senso de cooperação, de
liderança, de responsabilidade e participação, fatores que contribuem para alargar o
diálogo inter-social entre agentes sociais que talvez não tivessem essa oportunidade
em outra ocasião de suas vidas. Afinal, na roda de Capoeira, todos são brancos e
todos são pretos, todos são ricos e todos são pobres: são todos iguais.
Nesse sentido, cabe a contribuição de Rocha (1994, p, 58): “ainda podemos
destacar aquele misterioso e inexplicável sentido que cada indivíduo carrega dentro
de si no momento de entrar na roda e que não há pesquisa que se concentre neste
detalhe que possa nos trazer tantas revelações”.
Acreditamos que a Capoeira, então, se solidifica cada dia mais e justifica sua
existência como conteúdo da Educação Física, seja ela aplicada nas escolas ou em
centros que visam o puro desenvolvimento esportivo, como apresenta Santos (1993,
p. 119):
Numa concepção didática consideramos a Capoeira uma atividade física completa, pois atua de maneira direta e indireta sobre os aspectos cognitivos, afetivo e motor. Sendo encarada como lúdica e instrucional, articula atividades de desenvolvimento visomotor com desenvolvimento
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artístico e social levando a criança a estabelecer relações a partir dela própria, fato que torna a Capoeira multidirecional, uma vez que permitirá, desde que adequadamente conduzida, desenvolver na criança noções de equilíbrio e disciplina.
Porém, alguns aspectos ainda travam ou tencionam a chegada da Capoeira
no meio escolar e dentre eles citamos os seguintes:
- a visão técnica da Capoeira, percebida apenas como uma luta de academia
e não como possível ação educativa e cultural;
- o preconceito em relação à Capoeira, devido a sua trajetória histórica;
- o não conhecimento das contribuições da Capoeira para o desenvolvimento
motor, cognitivo e afetivo-social do praticante;
- a noção superficial de que é preciso ser “Mestre” em Capoeira para poder
ensiná-la com propriedade.
Reconhecer, perceber a Capoeira como uma atividade essencialmente rica
em aspectos educativos e culturais não é, realmente, tarefa fácil para o acadêmico
de Educação Física, pois o mesmo traz a sua própria experiência enquanto aluno da
fase escolar, durante a qual seus professores ousavam pouco e não desafiavam a
ordem já estabelecida.
Segundo Rocha (1994), o preconceito em relação a algumas práticas pode
levar o estudante que está em uma universidade cursando Educação Física a
desvalorizar atividades que, sem ele perceber, dizem muito de seu dia a dia e do seu
passado. Atividades folclóricas, rítmicas, culturais, musicais etc, são pouco
valorizadas pelas universidades e pelos estudantes.
Ensinar a Capoeira na escola acaba sendo um grande desafio. Incluí-la ao
processo educativo, da mesma forma que outras modalidades esportivas já tão
conhecidas, é trabalho complicado. Pois somos acomodados, logo nos vem à
cabeça questões como: Mudar para que se ninguém reclamou até agora?
O professor luta contra o fenômeno da mídia televisiva, que mostra a toda
hora, corpos bem definidos, esportes sendo praticados visando à competição, dando
abertura, ainda, a manifestações estrangeiras que são lançadas nestes países, com
tecnologias avançadas e com a “marca cultural” de origem bem definida, as quais
engolimos a seco, muitas vezes em detrimento de nossa própria cultura.
15
Se pensarmos também no fator receptividade do aluno, que é sempre
imprevisível, a parte histórica, a estrutura da aula diferente, a utilização de
instrumentos musicais, tudo isso tornaria a aula de Educação Física diferente
demais, chamaria atenção, revelaria outros valores. Acreditamos que seria um bom
começo no processo de transformação da prática pedagógica tradicional ainda
enraizada em nosso cotidiano profissional.
Uma das grandes preocupações de professores de Educação Física sobre
como dar aulas de Capoeira na escola decorre do fato de acharem que não foram
preparados tecnicamente para tal. Então, talvez isso signifique que também não
tenham sido bem preparados para dar aulas de basquete, futebol, vôlei, natação e
etc., já que o princípio do ensino da Capoeira na Educação Física é o mesmo que
para tais atividades.
O professor de Educação Física deve entender que seu papel, antes de tudo,
é a formação de cidadãos conscientes de seu papel social e para tanto é
fundamental que ele seja criativo, crítico, transformador, autônomo e sabedor da
importância do Educar afim de que essas condições também sejam valorizadas em
seus alunos.
1.3 Estratégias de ação
A vivência como docente da Educação Física fez com que fosse possível a
observação da postura profissional de muitos colegas em relação à prática. Ainda
que muitos professores tentem buscar novos métodos e técnicas que possam tornar
a aprendizagem mais significativa e menos autoritária, alguns professores mesmo
com a evolução histórica, social e científica, mantêm suas metodologias intactas,
sem se importar com melhoria na ação pedagógica.
A experiência como docente da graduação do Curso de Educação Física
também permitiu ao autor deste trabalho a observação de que os professores recém
saídos da faculdade, parecem ainda mais obsoletos quanto à prática docente do que
os profissionais que já deixam transparecer um certo descaso pela educação
demonstrando falta de comprometimento.
Pode-se dizer então que o cotidiano escolar é hoje um misto de
diferenciações e convergências, repleto de relações formais e informais, internas e
16
externas e assim mesmo se constroem processos de produção, de transmissão e re-
significação do conhecimento, refletidos na prática pedagógica dos docentes.
Utilizando-nos do Paradigma da Complexidade pensamos que “a educação
tem papel relevante no movimento de reconstrução do futuro do universo, pois
precisa propiciar meios para soterrar o paradigma conservador vigente e com ele o
processo de injustiça, a visão individualista e competitiva, a violência e o desrespeito
aos direitos humanos.” (BEHRENS, 2006, p. 16)
Esse processo desafiador envolve a necessidade de provocar tanto o docente
da Educação Física quanto os alunos a re-pensarem suas condições de
participantes sociais. E estas seriam as principais ações propostas neste trabalho.
De acordo com o Paradigma da Complexidade, sem estas reflexões pode haver
sérias restrições para a efetivação de uma prática educacional transformadora.
Neste contexto, ao “promover a Educação”, o professor deixa de ser estático
frente a mecanismos de manipulações impostas pela falta de leitura e pelo
comodismo aliados à falta de criatividade durante a prática docente, sendo tais
mecanismos normalmente o grande suporte de alguns professores.
Para que estes suportes se desestruturem, ao menos no que diz respeito à
Capoeira no meio escolar, seguem neste trabalho as estratégias de ação do Projeto
de Intervenção Pedagógica para implementação na escola pública paranaense,
elaborado sob orientação da Professora Ms. Daniela Isabel Kuhn (UTFPR), como
parte de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional-2009 - PDE,
integrante do Plano Integrado de Formação Continuada, da SEED-PR.
PLANO DE AÇÃO
1ª
ETAPA
Pesquisa Acadêmica
Levantamento fontes de pesquisa que servirão de base para a estruturação conceitual do Projeto de Intervenção Pedagógica, bem como para a construção do referencial teórico que o subsidiará.
2ª
ETAPA
Produção do Projeto de Intervenção Pedagógica
Produção propriamente dita da proposta de intervenção, ou seja, de acordo com as leituras feitas na primeira etapa do plano de ação, serão textualmente organizadas as estratégias de ação.
3ª
Socialização com professores da
Divulgação e discussão sobre o Projeto com os professores de Educação Física da Rede Estadual
17
ETAPA
Rede Estadual de Ensino – via GTR
através do GTR - Grupo de Trabalho em Rede, Programa da SEED-PR, envolvendo professores em curso na modalidade à distância.
4ª
ETAPA
Implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola
Aplicação do Projeto junto aos alunos. O projeto ralizou-se na Escola Estadual República Oriental do Uruguai, situada no Bairro Capão da Imbuia em Curitiba. Foram ministradas aulas de Capoeira com alunos de 5ª série, como conteúdo didático das aulas da disciplina de Educação Física.
5ª
ETAPA
Produção didático-
pedagógica
Elaboração e produção de um DVD contendo material áudio-visual sobre as experiências vivenciadas no decorrer das aulas de Capoeira junto à Educação Física.
Cabe lembrar que o programa em questão objetiva através de atividades
teórico-práticas orientadas pelos professores das Instituições de Educação Superior,
obter como resultado a produção de conhecimentos e mudanças qualitativas na
prática escolar da escola pública paranaense.
Neste contexto, este projeto que visou, de acordo com as Diretrizes
Curriculares para a Educação Básica do Estado do Paraná, pensar a escola
contemporânea como espaço de conjugação de conhecimento das mais diversas
áreas. Nela, a Capoeira, conteúdo estruturante da Educação Física, apresenta-se
como manifestação corporal e histórica que, em si, recompõe e unifica a relação
com o conhecimento, propondo elos múltiplos entre razão e sensibilidade; entre
pensamento e ação; entre individualidade e sociabilidade; entre expressão pessoal e
articulação do conjunto.
Segundo o Livro Didático Público (SEED, 2006, p. 156) da disciplina de
Educação Física, falar sobre a Capoeira como manifestação da Cultura Corporal
significa traçar o que tal conteúdo foi desde a sua constituição até a atualidade, para
refletir sobre as possibilidades de recriá-las por meio de uma intervenção consciente.
Assim, a pesquisa em questão propôs inicialmente analisar como o conteúdo
Capoeira é tratado nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná a fim
de apontar avanços e limites, bem como potencializar reflexões que contribuam com
a ação docente em relação à Capoeira na escola.
18
Contudo, esta foi apenas a fase inicial das chamadas “estratégias de ação”
uma vez que o objetivo final era a produção de material multimídia, ou seja, a
produção de um DVD que foi disponibilizado aos professores da Rede Estadual de
Ensino. Para tanto, este projeto foi estruturado conforme as determinações do
Programa PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional e dividiu-se em cinco
momentos: a pesquisa acadêmica, a produção do Projeto de Intervenção
Pedagógica, a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola,
socialização com professores da rede e a produção didático-pedagógica.
A partir da realização de leituras sobre a História da Capoeira, sua origem e o
desenvolvimento até os dias atuais, as várias vertentes como: dança, arte, luta,
expressão corporal e cultural entre outras. Também foram pertinentes leituras sobre
as produções científicas já existentes e relevantes para o processo de chegada da
Capoeira ao meio escolar.
Seguindo a proposta do Programa - PDE foi elaborado uma produção
didático-pedagógica, que constitui um material didático a ser utilizado pelo Professor
- PDE para implementação na escola, desenvolvido junto aos alunos. O programa
faz indicação para diversas produções didático-pedagógicas, desde que,
mantenham relação com as ações em curso no âmbito da SEED-PR neste caso,
optou-se pela produção de um DVD (material multimídia).
Lembramos que este projeto também foi socializado e discutido com os
professores de Educação Física da rede estadual através do GTR - Grupo de
Trabalho em Rede, Programa da SEED-PR, envolvendo professores da rede pública
em curso na modalidade à distância.
De posse dos dados obtidos através das leituras realizadas sobre o tema,
tentamos associar a teoria (referencial teórico) com a prática (aulas de Educação
Física com o conteúdo Capoeira), numa proposta de análise e relação entre os fatos.
A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola ocorreu no
momento seguinte, quando foi aplicado juntamente com os alunos. A realização do
projeto ocorreu na Escola Estadual República Oriental do Uruguai, situada no Bairro
Capão da Imbuia em Curitiba, com alunos de 5ª série. A escolha destas turmas se
deu de forma aleatória, pois as atividades práticas relacionadas à Capoeira podem
ser realizadas em qualquer grau de escolaridade ou idade.
19
Ressaltamos a riqueza desse momento, pois foi o ápice do projeto, onde
ocorreram não só as aulas de Capoeira pura e simplesmente, mas a discussão e
reflexão da temática com os alunos, onde eles puderam obter e produzir
conhecimento através da prática corporal da Capoeira. Ainda durante as atividades
os alunos puderam conhecer, vivenciar, compreender as dimensões históricas,
sociais e culturais da Capoeira para assim poder ressignificá-la, transformá-la,
praticá-la e repraticá-la dotados desses significados históricos.
Nas aulas de Capoeira junto à Educação Física objetivamos ainda, que fosse
possível o desenvolvimento da consciência crítica, promovendo o acesso às
possibilidades reflexivas, contidas na vivência da pluralidade da Capoeira para então
desenvolver, segundo as necessidades expostas pelas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica do Paraná, o ritmo e a musicalização, a coordenação motora, o
equilíbrio, as valências físicas, a expressão corporal, a espontaneidade de
movimentos, a canalização positiva da agressividade, o respeito mútuo, o
sentimento de coletividade e o reforço da identidade cultural brasileira. Enfim, os
20
alunos tiveram a oportunidade de analisar, discutir e projetar ações que visassem
um melhor desenvolvimento pessoal e melhor qualidade de vida.
Foi possível também, contar com o apoio de professores de outras áreas e/ou
disciplinas escolares dando suporte para evidenciar efetivamente o potencial positivo
da Capoeira como conteúdo da Educação Física. O que pode ser observado no
depoimento da professora Karime Gaertner Farhat, Diretora da escola onde o projeto
foi implantado:
O projeto no início, para a escola era apenas uma grande promessa de um bom trabalho. O professor tinha boas ideias e a escola estava aberta a sua proposta. No entanto, para a nossa surpresa o trabalho tomou uma proporção muito grande. Os alunos ficaram muito empolgados com as aulas. Se divertiam aprendendo a Capoeira, os toques dos instrumentos, os golpes, enfim. Era muito bonito ver o envolvimento de todos ali, durante as aulas. (...) Observei que até nossa outra professora de Educação Física também se interessou em ministrar aulas de Capoeira aos seus alunos. Ela assistia e participava das aulas do professor Jorge e depois repassava o que tinha aprendido aos seus próprios alunos. (...) Acredito mesmo ter sido extremamente proveitoso aos alunos da escola este projeto tão bem desenvolvido.
1.3.1 Discussão dos dados
Visando ampliar a compreensão desta pesquisa, optou-se pela adoção de
métodos referentes à pesquisa qualitativa tentando uma análise dos significados e
características apresentadas pelos sujeitos participantes, em lugar de dados
somente quantitativos, conforme Triviños (1987, p.120):
Por um lado a pesquisa qualitativa compreende atividades de investigação que podem ser denominadas específicas. E por outro, estas atividades podem ser caracterizadas por traços comuns, o que a torna uma ‘expressão genérica’. Esta é uma idéia fundamental que pode ajudar a ter uma visão mais clara do que pode chegar a realizar um investigador que tem como objetivo atingir uma interpretação da realidade do ângulo qualitativo.
No entanto, a fim de obter mais exemplos concretos da aceitação ou não por
parte dos alunos em relação às aulas de Capoeira e às atividades propostas pelo
professor no decorrer das aulas de Educação Física, foi elaborado um questionário
com duas perguntas, onde os mesmos responderam a primeira questão: Você
gostou das aulas de Capoeira que teve durante a aula de Educação Física? Após
21
responderem de forma clara se sim ou se não, foi solicitado que os alunos
justificassem ou explicassem sua resposta. Neste questionário obtivemos o seguinte
panorama:
4%77%
19%SIM
NÃO
INDIFERENTES
Gráfico 01: Percentual de inquiridos
O total de alunos a receberem a questão chegou a 96, porém apenas 72
alunos entregaram a questão respondida. Destes, 14 não responderam a questão
objetiva e apenas explicaram suas idéias, mesmo assim foi possível observar que as
aulas de Capoeira para estes alunos não foi penosa, eles apenas acreditam que foi
como um conteúdo que “normalmente” é aplicado como nas aulas de Vôlei ou
Futebol. Já para os únicos 3 alunos que disseram não terem gostado das aulas de
Capoeira a justificativas são idênticas nas três situações podendo ser apresentadas:
Não gostei porque é chato!
Todos os outros 55 alunos que entregaram a questão respondida afirmam
terem gostado das aulas de Capoeira e suas justificativas são variadas, como
podemos verificar nos seguintes exemplos:
Achei muito legal, desenvolveu muito nosso corpo. Gostei sim o professor ensinou coisas que eu não sabia por isso eu acho que deve continuar!
Porque tem muitas coisas que a gente aprendeu que vamos levar para a vida, muitas brincadeiras, músicas e danças legais, eu acho que é isso.
Porque é uma coisa interessante e diferente para mim, e que quase nenhum professor em nenhuma
22
escola ensina pra nós.
Porque é legal, eu gosto dos movimentos, piruetas, etc. Eu gostaria de ter aula de capoeira de novo.
É interessante observar que na fala de grande parte dos alunos existe a
expectativa ou o desejo de que novas aulas de Capoeira possam ser ministradas na
escola, numa evidência clara da viabilidade desta atividade em ambiente escolar.
Também podemos verificar que alguns alunos referem-se ao fato de nunca terem
tido, na escola, a Capoeira como conteúdo da disciplina de Educação Física. O que
nos é alarmante, pois esta atividade faz parte da expressão cultural brasileira e já
merecesse destaque nos currículos escolares apenas por este motivo, mesmo
assim, em 1988, ou seja, há mais de vinte anos, a partir da criação dos PCN's a
Educação Física passou a contemplar mais esta modalidade de esporte, jogo,
folclore, arte, cultura com legitimação. É pena verificarmos que na prática a teoria é
outra.
Felizmente algumas posturas docentes tem mudado e muitos são os alunos
que podem ter a oportunidade de vivenciar a Capoeira na escola. Até porque, de
acordo com Monteiro (2000, p. 22-24) a Capoeira é uma das atividades humanas
culturalmente construídas que mais atende as vertentes curriculares atuais da
Educação Física, seja em relação à ginástica, à dança, aos jogos ou aos esportes. O
que pode ser justificado no seguinte quadro:
Atividade ginástica Devido a sua diversidade gestual facultar movimentações riquíssimas o que toca à originalidade, variabilidade e exigência neuromotora.
Segmentos corporais Trabalhos de diversas formas (sentido, intensidade, direção, contração, etc. como estimuladores de valências físicas).
Atividade rítmica O fato de todos terem de tocar os diversos instrumentos de percussão faz com que todos se beneficiem de uma percepção rítmica. E ainda, as sequências de movimentos aprendidas, inseridas no compasso rítmico, tem efeito similar ao das sequências coreográficas da dança, em termos de controle neural.
Dança Seu exercício é comandado pelo ritmo dos instrumentos e a ela afetos, ritmo esse que deverá ser respeitado para uma correta organização do jogo.
Jogo A constituição própria da Capoeira (o jogo da Capoeira) Brincadeira O caráter lúdico se evidencia favorecendo a integração do sujeito no todo
comunitário, onde ele terá que se afirmar como único e como parte do todo. Esporte Haja vista a mercantilização já ter atingido todos os setores sociais. Apesar
de incipiente o fator esportivo já se faz presente em competições de Capoeira.
Fonte: (MONTEIRO, 2000, p. 22-24)
23
Foi interessante observar no depoimento de um dos alunos que este, durante
as aulas de Capoeira, conseguiu aprender coisas que vai “levar para a vida”. Talvez
porque o aluno, ao praticar Capoeira, o faz em sua plenitude, se movimentando,
criando, pensando em como se sair melhor, inovando situações e estimulando seu
companheiro a fazer o mesmo e ainda se expressam juntos, brincam juntos, jogam,
se comunicam, se interagem, ensinam e aprendem um com o outro e levam a para a
vida mesmo.
É possível ainda que haja relação com o companheiro, estabelecendo um
conhecimento um conhecimento de suas possibilidades, vantagens e limitações,
numa quase negociação. Atributos essenciais para uma vida social saudável. As
interações sociais desenvolvem, também, o senso de cooperação, de liderança, de
responsabilidade e participação, fatores que contribuem para alargar o diálogo inter-
social entre agentes sociais que talvez não tivessem esta oportunidade em outra
ocasião em suas vidas. Afinal, na roda de Capoeira, todos são brancos e todos são
pretos, todos são ricos e todos são pobres: todos são iguais e por isto podemos
respeitar a individualidade de cada um.
1.4 Considerações Finais
A Capoeira como conteúdo da disciplina de Educação Física não é um
assunto que possa ser considerado de fácil análise e discussão. Mesmo assim, a
realização deste trabalho foi um desafio e constituiu uma experiência extremamente
positiva, por algumas razões como:
• pelo extenso aprendizado;
• pela estimulante visão do futuro do processo ensino-aprendizagem,
especificamente a nível dos papéis do professor, do aluno, da aprendizagem
e da escola;
• pela possibilidade de propiciar contribuições, espera-se que válidas e úteis, à
um tema recente, até certo ponto, no campo da Educação Física;
• pelas perspectivas de pesquisa futura, já que a Capoeira enquanto disciplina
da Educação Física ainda dá seus primeiros passos e consequentemente,
ainda há muito a ser explorado.
Vale comentar que a experiência de mais de 20 anos como docente em
escolas públicas e privadas da cidade de Curitiba, fez com que este pesquisador
24
observasse e tentasse viabilizar muitos métodos e técnicas que objetivavam tornar a
aprendizagem mais significativa e menos autoritária. Durante estes anos muitos se
pôde verificar em relação à pratica dos colegas de profissão. Professores de
Educação Física que mesmo com a evolução histórica, social e científica, se
mantinham com as mesmas posturas profissionais, sem se importar com a busca de
melhorias na ação pedagógica. Alguns, recém saídos da graduação, pareciam ainda
mais obsoletos quanto à prática docente do que os profissionais que já deixavam
transparecer certo descaso pela educação demonstrando falta de comprometimento.
O cotidiano do docente é hoje um misto de diferenciações e convergências,
repleto de relações formais e informais, internas e externas e assim mesmo se
constroem processos de produção, transmissão e re-significação do conhecimento,
refletidos na prática pedagógica dos docentes. O nos fica claro é que o docente,
assim como o aluno, é sujeito de sua própria história, ou seja, não há como deixar
de articular sua atuação a fatores subjetivos como seu modo de ver o mundo, de
pensar e de sentir, que são condicionados pelas diferentes histórias de vida e pelos
contextos onde ensinam e aprendem.
Contudo, na concepção do pesquisador deste estudo, quando se é professor
se é também “construtor de mentes”, afinal contribuir para a sua formação implica
em influenciá-lo profundamente com palavras e ações. Daí a importância de não
resistir às mudanças, de ser capaz de motivar, animar e incentivar o aluno,
cultivando otimismo e entusiasmo pelo aprender. É preciso que o professor tenha
consciência de que a Educação não se faz num processo individual e sim escutando
a opinião do aluno, questionando-a quando necessário e aceitando-a da mesma
forma, mas sempre dando vez a inter-relação primando por uma aprender mútuo.
Com esta pesquisa, espera-se não só estimular e encorajar muitos
profissionais da Educação Física a abordarem a Capoeira como conteúdo em suas
aulas, pois é sim viável, mas conseguir sensibilizar colegas sobre a importância da
mudança e da transformação na ação docente, onde a própria ação refletida mereça
ser vivenciada para novamente ser transformada. Afinal, não existem soluções para
a eternidade, mas soluções para determinados momentos, viáveis a determinadas
situações, onde as características essenciais do processo de ensino como o tempo
de aprendizagem individual de cada aluno, a condição social destes, considerações
cotidianas e externas ao ambiente de aprendizagem e a valorização da realidade
entre outras, devem ser respeitadas e levadas em conta.
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Espera-se que esta pesquisa possa mobilizar pessoas ao envolvimento com a
Capoeira, sejam alunos ou professores e que não limitemos a entrada da Capoeira
na escola a um modismo passageiro ou que seja “agarrada” apenas por uma
minoria, para que a Capoeira possa ser levada a sério e realmente mostre sua
eficácia e, assim ocupar o lugar que lhe compete frente às ferramentas da
Educação.
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