Direito, HermenÊutica e InterpretaÇÃo

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DIREITO,

HERMENÊUTICA E

INTERPRETAÇÃO.

“No início de toda a ação está a palavra e no início de todo o empreendimento está o pensamento” (Eclesiástico, 37:16).

“Um texto, depois de ter sido separado do seu emissor e das circunstâncias concretas

da sua emissão, flutua no vácuo de um espaço infinito de interpretação possíveis.

Por conseqüência, nenhum texto pode ser interpretado de acordo com a utopia de um sentido autorizado definido, original e final. A linguagem diz sempre algo mais do que o seu inacessível sentido literal, que já se perdeu desde o início da emissão textual”. (Umberto Eco, Les limites de l`interprétation, 1992, p. 8).

“Pode-se interpretar até o silêncio” (Autor desconhecido).

  “Todo ponto de vista é a vista de um ponto.

 (...) Ler significa reler e compreender, interpretar.

Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.

 Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita”. (Leonardo Boff, A águia e a galinha, metáfora da condição humana, Ed. Vozes).

I – DIREITO E HERMENÊUTICA: Um breve início...

1. O que se convencionou chamar de DIREITO não significa apenas ORDEM, CONJUNTO DE

NORMAS. Também o direito é um “corpo” de informações e conceitos que tornam avaliável e

inteligível aquele conjunto de normas ou aquela ordem, até porque estes aparecem no

próprio processo de realização social das normas ou da ordem.

 2. A HERMENÊUTICA faz parte desse corpo de conceitos e valores, ao passo que na relação entre a ORDEM/NORMA e sua aplicação aos problemas concretos, acha-se a INTERPRETAÇÃO. A ordem não pode ser entendida sem a inteligibilidade que a hermenêutica lhe confere, sendo esta elaborada em função de uma ordem.

3. Segundo Margarida Lacombe o tema da hermenêutica e da interpretação jurídica remetem-nos ao processo de aplicação da lei, efetivado pelo Judiciário. Nessa ótica, só faz sentido a interpretação da lei tendo em vista uma problema que requeira uma solução legal.

4. É no momento interpretativo que se coloca o problema da chamada VERDADE JURÍDICA. Esta é sempre algo aproximativo e, sobretudo passível de contestação ou de revisão, seja através de reexame oficial (INSTÂNCIAS), seja através do REPENSAR da DOUTRINA.

5. Daí porque a hermenêutica não se prende a uma verdade definitiva mas sim sobre significações que, em princípio, esclarecem a relação HOMEM/COISAS, HOMEM/NORMAS e NORMAS/VALORES.

 

 II – A HERMENÊUTICA NA MITLOGIA GREGA

 

6. Na mitologia grega, HERMES, era um deus de muita agilidade e sapiência. Ao nascer, desfez-se sozinho da bandagem que o envolvia e ganhou as estradas.

7. Ele logo furtou um rebanho de Apolo, prendendo no rabo das ovelhas um ramo que, arrastado ao chão, apagava seus rastros. Ao ser indagado por seu pai Zeus sobre o ocorrido, depois de alguma relutância, concordou em FALAR A VERDADE, todavia, NÃO TODA A VERDADE ou NÃO A VERDADE POR INTEIRO.

 

8. Dessa forma, Hermes tornou-se o mensageiro predileto dos deuses: aquele que detém o conhecimento e que é capaz de decifrar corretamente as mensagens divinas. Conhecedor e intérprete das vontades ocultas.

10. O verbo hermeneuein, usualmente traduzido como “interpretar”, e o substantivo hermeneia, como “interpretação”, significa transformar aquilo que ultrapassa a compreensão humana em algo que essa inteligência consiga compreender.

 

III - DIREITO, HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO.

 11. O trabalho do HERMENEUTA NÃO PODE SE RESUMIR a detectar o fato e encaixar a uma lei geral e abstrata, como se o elo entre a premissa

maior (norma) e a premissa menor (fato) conferisse uma solução necessária, mediante uma

operação puramente formal.  

12. Assim, o direito deve ser compreendido enquanto VALOR, além da NORMA encontrar-se relacionada a uma situação HISTÓRICA, daí porque segundo GADAMER, o processo de interpretação e aplicação das leis corresponde a uma situação hermenêutica.

 

13. A visão hermenêutica atual é aquela que privilegia a busca do conhecimento de algo que não se apresenta de forma clara. E o direito, por ser CIÊNCIA HUMANA OU CIÊNCIA DO ESPÍRITO (GADAMER) não foge à regra. A hermenêutica jurídica refere-se a todo um processo de interpretação e aplicação da lei, que implica na compreensão de fenômeno que requer solução.

14. O direito apresenta-se jungido (ligado/unido) à própria hermenêutica, na medida em que a sua EXISTÊNCIA, enquanto SIGNIFICAÇÃO, depende da concretização ou da APLICAÇÃO da lei em cada CASO JULGADO, que por sua vez depende da interpretação.

 

15. Conforme pontua Pasqualini o sistema (conjunto de normas) não é apenas um sol que fornece calor (material de trabalho) para a hermenêutica sem nada receber em troca, ele (sistema) ilumina, mas também é ILUMINADO: “A ordem jurídica, enquanto ordem jurídica, só se põe presente e atual no mundo através da LUZ TEMPORALIZADA DA HERMENÊUTICA.

16. São os intérpretes que fazem o “sistema sistematizar” e, por conseguinte, o “significado significar”. Através da interpretação ocorre uma recriação do universo jurídico a partir do próprio sistema.

17. A concretização da norma é feita mediante a construção interpretativa que formula a partir da e em direção à compreensão. Assim, define-se interpretação como a ação mediadora que procura compreender aquilo que foi dito ou escrito por outrem.

 18. O direito consiste na realização de uma prática que envolve o método hermenêutico da compreensão e a técnica argumentativa.

19. A argumentação aqui é a técnica que visa ao acordo sobre a escolha do significado que pareça mais adequado, acordo este fundamentado em provas concretas e opiniões amplamente aceitas.

 20. Segundo HEIDEGGER hermenêutica é o estudo do compreender. COMPREENDER significa compreender a SIGNIFICAÇÃO do mundo, ao hermeneuta interessa INTERPRETAR O MUNDO COMO LINGUAGEM. Diz ainda o citado autor:

 “A Hermenêutica é sempre uma compreensão de sentido: buscar o ser que me fala e o mundo a partir do qual ele me fala; descobrir atrás da linguagem o sentido radical, ou seja, o discurso”. 

21.MAXIMILIANO leciona que a hermenêutica ter por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito. O hermeneuta possui somente esse papel? Cabe uma reflexão. Seria uma mera extensão do legislador? E o papel criativo?

 

HERMENÊUTICA e INTERPRETAÇÃO significam a mesma coisa? Sim e não.

22. A interpretação jurídica consiste na aplicação dos ensinamentos da hermenêutica. A primeira fornece as técnicas, os instrumentos, os meios adequados (teórica) à boa realização da segunda (prática). SERGIO GOMES assinala que uma não se confunde com a outra, todavia, a hermenêutica não pode perder a interpretação de vista, sob pena de perder o sentido, DISTINGUIR UMA DA OUTRA NÃO IMPLICA EM SEPARÁ-LAS.

 

23. LUIZ FERNANDO COELHO aponta uma série de problemas cuja solução é incumbência da hermenêutica jurídica, a saber:

a) Qual o sentido da lei?

 b) De que maneira se pode deduzir de uma norma geral, a norma particular para a regulamentação de um caso particular?

 c) Qual é a lei que o intérprete deve eleger, quando mais de uma é aplicável à mesma situação particular e concreta?

 d) Que solução deve ser dada, quando a aplicação de uma norma a um caso concreto, a qual parece inequivocamente regulá-lo, produz efeitos contrários aos visados por ela?

e) Quando a aplicação da norma ao caso concreto produz resultados que o juiz, em sua consciência, reputa injustos, ainda que visados pela norma, que critérios deve prevalecer, o respeito à norma ou o sentimento do juiz?

 

UMA ÚLTIMA PERGUNTA:

24. O que é mais importante, preservar a norma em nome da segurança e estabilidade das relações jurídicas e da própria ordem jurídica, ou promover a justiça de situações particulares, em nome da equidade e do sentimento do “justo”?

25. O objeto da Hermenêutica Jurídica, segundo CARLOS MAXIMILIANO, um dos primeiros autores pátrios a escrever sobre o tema, é o estudo dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito.

  

26. A busca do referido SENTIDO e ALCANCE justifica-se na medida em que as leis positivas são formuladas em termos gerais, consolidam princípios e fixam normas em linguagem clara e precisa (CRÍTICA – Limongi França Esforço alcançar aquilo que o legislador, por vezes, não manifestou a necessária clareza e segurança), porém, ampla sem descer a minúcias/detalhes (Maximiliano).

  26. A busca do referido SENTIDO e ALCANCE justifica-se na medida em que as leis positivas são formuladas em termos gerais, consolidam princípios e fixam normas em linguagem clara e precisa (CRÍTICA – Limongi França Esforço alcançar aquilo que o legislador, por vezes, não manifestou a necessária clareza e segurança), porém, ampla sem descer a minúcias/detalhes (Maximiliano).

27. Assim, tal objeto por si só justifica-se, uma vez que antes da relação entre o CASO ABSTRATO/CASO CONCRETO – NORMA JURÍDICA/FATO SOCIAL (APLICACÃO DO DIREITO), imperioso um trabalho preliminar que consiste em (a) descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva, o (b) respectivo alcance e sua (c) extensão, ou seja extrair da norma tudo o que na mesma contém, vale dizer, INTERPRETAR.

28. Dessa forma, conclusão (corolário lógico) que a Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar ou “a parte da Ciência Jurídica que tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos que devem ser utilizados para que a interpretação se realize. (materialize) (Maximiliano)” Em França é a teoria da interpretação das leis.

 

II - Diferenciação de Hermenêutica e interpretação

 

29. Por muito tempo e infelizmente ainda ocorre na atualidade, alguns autores entendem que Hermenêutica e interpretação são sinônimos.

30. A diferenciação aqui ganha contorno de relevância na medida em que não basta “descobrir” e “examinar em separado” um por um os métodos de interpretação, necessário o ENFEIXE LÓGICO em um COMPLEXO HARMÔNICO. Daí a intervenção da HERMENÊUTICA.

 

31. A HERMENÊUTICA procede à necessária SISTEMATIZAÇÃO dos processos aplicáveis para determinar o sentido e alcance das expressões do Direito.

32. Urge ressaltar, em linguagem metafórica, que a Hermenêutica pavimenta (perquire e ordena - Limongi França) os caminhos que a interpretação percorrerá, ou seja, como define Maximiliano, A INTERPRETAÇÃO É A APLICAÇÃO DA HERMENÊUTICA: que por sua vez descobre e fixa os princípios que rege a interpretação.

 

 III - O que é aplicação do Direito. Prática.

  33. APLICAÇÃO DO DIREITO segundo Carlos Maximiliano consiste no enquadrar um caso concreto em a norma jurídica adequada. O seu OBJETO é, portanto, descobrir o modo e os meios de amparar juridicamente um interesse humano.

CÍRCULO HERMENÊUTICO.

“Os fatos... já sempre são fatos interpretados.

 (...) inexistem puros fatos em si, senão fatos revelados pela luz de sua significação humana” (Karl-Otto Apel in Transformation der Philosophie).

“(...) quem, com efeito, diz que são verdadeiros todos os discursos, TORNA TAMBÉM VERDADEIRO O DISCURSO OPOSTO AO SEU e, por isso, não-verdadeiro – seu, enquanto quem diz que são todos falsos diz ele mesmo que também o seu próprio é falso”. (Aristóteles in Metaphysica, Livro IV).

 

I – DA UBIQÜIDADE (ONIPRESENÇA) DO CÍRCULO HERMENÊUTICO.

34. A análise histórica demonstra que a hermenêutica, em diferentes períodos e por

distintas razões, funcionou como mera colaboradora das ciências, todavia, o direito, no

seu centro vivo, só se reconhece e perfaz como exegese (interpretação).

 

35. A interpretação, portanto, parece ser mais que uma técnica neutra de soletrar significações, a hermenêutica MEDIA a tudo e a todos, é uma língua universal que o mundo inteiro utiliza.

 36. A mente dos pesquisadores e aqui interessa dos OPERADORES JURÍDICOS não se confunde com uma tela em branco onde o mundo exterior, sem nada suprimir, acrescenta ou distorce, diretamente transfere a sua exata fisionomia, deve-se levar em conta sempre uma moldura axiológica (valores). Cada um carrega consigo valores cuja força faz a força propulsora de seus pensamentos, atividades, pesquisas, teorias.

37.Por muito tempo prevaleceu às idéias de Dilthey para quem a “natureza (ciências exatas) nós a explicamos; a vida da alma (ciências sociais), nós a compreendemos)’’, todavia, como todo pré-conhecimento nasce de uma pré-compreensão, não faz sentido opor o método de uma ciência a outra. Daí ser necessário superar a dicotomia de Dilthey entre “explicar” e “compreender”, conforme assinala Gadamer compreender e explicar estão imbricados de modo indissolúvel.

38. Nós juristas precisamos considerar mais a fundo o fenômeno da ubiqüidade do processo de interpretação. A hermenêutica não está circunscrita a um determinado campo do conhecimento, trata-se de uma república ilimitada ou como diz Pasqualini onde a noite jamais ensombra o dia. Ela está em todos os lugares ao mesmo tempo, o cientista, o crítico literário, o tradutor, o escritor, o médico, todos, de acordo com o seu nicho profissional, têm em comum a experiência mediadora e hermenêutica da compreensão. Afinal, COMPREENDER É INTERPRETAR ou usando as palavras de Gadamer no sentido que “A interpretação não é um ato tardio e complementar à compreensão, porém, compreender é sempre interpretar e a interpretação, por conseguinte, uma forma explícita de compreensão”.

39. A interpretação configura o núcleo essencial do pensamento humano, daí porque pensar é interpretar. A própria consciência requer um permanente, contínuo, atento processo de auto-interpretação. Pasqualini diz que viver é, pois, interpretar e interpretar-se.

II – Da condição de possibilidade do círculo hermenêutico.

 

40. É preciso lembrar que no direito, ninguém dá a última palavra (interpretação): o fim sempre constitui um novo e eterno começo, até porque quando descobrirmos todas as respostas às perguntas já serão outras. Um texto seja normativo, seja literário, nem pode ser comparado a um animal doméstico mansamente acomodado aos pés do intérprete, nem com uma besta selvagem totalmente rebele às aproximações da exegese. Isso em suma quer dizer que parcialmente conhecemos o texto (normativo) e parcialmente o interpretamos, ou como diz a Bíblia, Coríntios 13,9: Porque parcialmente conhecemos, parcialmente profetizamos.

45. Desse modo, havendo boas e más interpetações, deve-se perseguir as melhores, as que promovam o máximo de integração com o mínimo de conflito entre os elementos constitutivos do sistema, disso não podendo abrir mão o intérprete.

46. Pasqualini aduz que em cada ato interpretativo, estão presentes, em distintos níveis de densidade, não só os apontados princípios, normas e valores jurídicos, mas, antes, junto á consciência dos operadores do Direito, a tradição histórica, doutrinária e jurisprudencial.

 

47. Segundo Gadamer compreender é, então, um caso especial da aplicação de algo geral a uma situação concreta e particular.

 

48. Existe uma corrente denominada DESCONSTRUTIVISTA que mantém um ponto de vista, mesmo depois de ter afirmado que todos os pontos de vista (interpretação) não estão corretos. Para ser coerente com as suas próprias idéias necessário seria a saída honrosa com base na idéia aristotélica que já não tem ponto de vista porque renunciou em definitivo a tarde de pensar.

49. Os significados que decorrem de uma interpretação devem passar pelo crivo da intersubjetividade, do diálogo, não sendo por outro motivo que na ótica dos juristas, muitas são as interpretações e pouquíssimas as escolhas.

 50. Deve-se sempre buscar a melhor interpetação e aqui cabe esclarecer que a melhor não significa dizer a única, exclusiva, excludente possibilidade de interpretação, a melhor pressupõe a variedade, o múltiplo, a possibilidade de escolha, consagrando, pois, o princípio da pluriinterpretabilidade do sistema. Para arrematar vale a lição Ernst Tugendhat no sentido que a palavra melhor é usada para expressar uma preferência, e preferir significa decidir-se, em uma pluralidade de possibilidades, por uma das alternativas, escolhendo-a.

51 Quando o intérprete abandona a procura pelo melhor, abandona a própria tarefa alicerçadora da fala hermenêutica, condenando-se ou a autocontradição ou ao silencia infinito.

 52. De mais a mais, toda interpretação consciente é guiada por motivos, mais ainda, por escolhas, de modo que quem escolhe entre uma e não outra pressupõe que a opção escolhida é melhor que a outra. Como assegura Pasqualini a procura da melhor interpretação é, por assim dizer, a verdade da hermenêutica, até porque em assim não agindo o hermeneuta não pode sucumbir ao “vale-tudo” (cético) ou ao “tudo-ou-nada” (dogmático), uma vez que são concepções autocontraditórios, até porque nesses dois casos não haveria mais hermenêutica.

53. Interpretar é valorar, e isso decorre invariavelmente da escolha, a busca pelo melhor. É preciso lembrar que quem interpreta HIERARQUIZA (Juarez de Freitas), ou seja, busca as melhores leituras, escolhe, imprime uma escala axiológica. Como diz Pasqualini os intérpretes já sempre se colocam a si mesmos e às suas leituras na balança ética e hierarquizadora dos valores.

 

54. Nesse sentido, a cada dia, as hierarquizações estão quebrando-se, sem que o próprio imperativo da hierarquização seja abalado, até porque para desfazerem-se as velhas, novas são necessárias, eis aí o motivo da vitalidade da hierarquização axiológica, ser verticalizador do sempre finalístico dever-ser jurídico.

III – Das conclusões preliminares

 55. Dessa forma, tomando como ponto de partida o círculo hermenêutico que enlaça sujeito (operadores jurídicos) e objeto (sistema jurídico), chega-se a algumas conclusões preliminares:

a) A hermenêutica tem o dom da ubiqüidade é o mediador de todas as mediações;

b) Os intérpretes fazem o sistema sistematizar e o significado significar, motivo pelo qual, interpretar é também interpretar-se;

c) Direito e hermenêutica se apresentam indissociáveis, não se pode falar do trabalho da interpretação, sem falar da estrutura do sistema jurídico, daí porque o sistema não é só a totalidade das normas, mas, a totalidade hermenêutica que oferta significação as normas, princípios, valores;

d) Havendo infinitas possibilidades interpretativas, conclusão é que teremos boas ou más interpretações, daí porque importante escolher a melhor, nunca entrar no jogo dos extremos dogmático-cético, tudo-ou-nada e vale-tudo;

e) A hierarquização axiológica constitui em forma autêntica da condição de possibilidade do agir hermenêutico, entre as opções deve ocorrer a hierarquia, daí porque interpretar é hierarquizar;

f) A busca da (s) melhor (es) exegese(s) se revela espiral ou espiraliforme, o sistema a cada leitura ou releitura, expande-se a partir de si mesmo;

g) Tanto a vinculação como a discricionariedade são facetas indissociáveis do agir hermenêutico, uma espécie de justo-meio, onde uma relativiza e revela a importância da outra, obtendo um campo focal completo e harmonioso, somente a elasticidade produz verdadeira resistência.

 

Bibliografia:

PASQUALINI, Alexandre. Hermenêutica e sistema jurídico. Livraria do Advogado. p. 15-56.

 

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