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Christiane Barbosa Eluan
Educação, requisito básico para melhorar o nível de renda do
brasileiro
Orientador: Nelsom Magalhães
Rio de janeiro
2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Educação, requisito básico para melhorar o nível de renda do
brasileiro
OBJETIVOS:
Identificar a correlação entre o nível de escolaridade e o nível de renda , as
deficiências da educação em possibilitar melhoria no rendimento do
brasileiro, quais as necessidades de melhorias na educação e como
implementar as melhorias na educação, de modo que possamos
compreender o papel da educação como um fator de progresso e melhoria
na qualidade de vida da população.
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores Antonio Lourenço, Ângela Venturini, Helena
Castro,Luiz Gustavo Vasconcelos, Marcelo Saldanha, Marta Relvas, Sheila
Rocha e Nelsom Magalhães por me conduzirem no caminho de
humanização da minha formação;
As colegas de turma Maria Elisabete Campos, Maria Margarete
Campos e Marilena Boamorte de Azevedo pela convivência fascinante e
pelo companheirismo que tanto me foi caro ao longo do curso.
4
DEDICATÓRIA
Ao meu marido Carlos Alberto, que se revelou um companheiro
brilhante, cúmplice das minhas aspirações e desejos, parceiro de projetos e
sonhos e que muito me incentivou na confecção e término deste trabalho.
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RESUMO
Este trabalho permitirá ao leitor a verificação da relação entre a
educação (anos de estudos) e os rendimentos do brasileiro, retratada pela
apresentação de dados retirados de pesquisas efetuadas com periodicidade
definida, em todas as regiões do país e uma análise com um olhar
diferenciado sobre estes números.
Também auxiliará em um dos maiores desafios que enfrentamos na
área da educação, que é fazer com que o público em geral tenha acesso às
informações produzidas por um dos sistemas de avaliação implementados
neste país, o Saeb – Sistema de avaliação da educação de base.
Todos nós, profissionais ou não da Educação, sabemos o quanto ela
é importante para o desenvolvimento do país e da sociedade como um todo.
Não há como negar o quanto o desenvolvimento econômico do país
depende desta. E também não há mais como deixar de enxergar que por
trás do desenvolvimento econômico, poderá vir o desenvolvimento social de
uma nação.
Após anos de estudos, pode-se comprovar que a educação é um dos
pilares fundamentais do desenvolvimento de uma nação. O que antes era
comprovação de modelos econômicos, virou realidade em vários países que
resolveram assumir seu déficit educacional e tratar este assunto como
ordem de dias, anos e décadas.
Poderíamos citar vários casos de países bem-sucedidos nesta grande
tarefa, mas o que nos importa é lançar um olhar sobre o nosso país,
entender a nossa realidade e buscar caminhos que nos mostrem que
estamos seguindo pela melhor direção, respeitando nossas diferenças
regionais.
Além da visão do salto quantitativo, também possibilitará ao leitor
identificar onde estamos sendo bem sucedidos ou não na gigantesca tarefa
de transformar este país de iletrados em homens e mulheres íntimos das
letras e com educação suficiente para estarem inseridos no tempo atual.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I – DEFINIÇÕES 08
CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E DESCRIÇÃO DE
TODOS OS OBJETIVOS 13
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES 15
ANEXO I 29
CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES 30
BIBLIOGRAFIA 34
7
INTRODUÇÃO
A organização deste trabalho procura ser estruturada de uma forma
simples, de modo que os assuntos sejam introduzidos e imediatamente
assimilados.
Fazemos usos de conceitos e de dados estatísticos com a clara
intenção de buscar respaldo do que está sendo desenvolvido em uma
realidade concreta.
Está organizado em quatro capítulos. No primeiro, fazemos uma
abordagem dos conceitos de educação sob a perspectiva da pedagogia e
sob a perspectiva econômica e como estas duas visões se relacionam.
Qual o elo de ligação entre realidades aparentemente tão distintas.
Ainda no primeiro, também fazemos a definição do que é rendimento
e esclarecemos com qual parcela da população iremos trabalhar dado o seu
rendimento.
No segundo capítulo, apresentamos o problema central deste
trabalho, quais as nossas preocupações e quais os objetivos a serem
atingidos.
No terceiro capítulo, apresentamos as hipóteses, os dados para
verificações, análise de cada um destes e como eles nos mostram a
comprovação das hipóteses.
Neste capítulo, fazemos o uso de alguns recursos metodológicos para
melhor estruturação do trabalho no que diz respeito ao modo de
compreensão da construção do conhecimento.
Procuramos também usar recursos estatísticos para termos melhor
base de utilização dos dados do sistema de avaliação efetuado pelo MEC.
Os dados têm como fonte a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio) – IBGE e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação
de Base)-2001 – MEC.
No quarto capítulo, tratamos das conclusões. Procuramos
desenvolvê-las em paralelo com a verificação se os objetivos a que nos
propomos no início deste trabalho foram atingidos.
Identificamos necessidades de melhorias e finalmente, fazemos
algumas sugestões sobre como implementá-las.
8
CAPÍTULO I – DEFINIÇÕES
Neste capítulo trataremos dos conceitos básicos que direcionam
nosso trabalho e como, através da relação que se estabelece entre eles,
poderemos desenvolver o tema em questão.
Para cada um destes conceitos, procuraremos utilizar duas visões a
cerca deles, a visão pedagógica e a visão econômica. Tal recurso funcionará
como um facilitador visto que as áreas de conhecimentos se relacionam e a
integração entre elas permite o desenvolvimento de muitas idéias e
pesquisas.
Inicialmente, faremos a abordagem do conceito de educação sob a
ótica pedagógica e sobre a ótica econômica. Dentro da ótica pedagógica,
procuraremos utilizar idéias de diferentes autores, com o objetivo de
complementar tal conceito, visto que cada um deles tem uma forma
específica de tratar o assunto. Com isto pretendemos expressar a ausência
de preferência por correntes de pensamento e buscar a complementação de
tal conceito na diversidade de idéias.
Posteriormente, apresentaremos o conceito de rendimento.
Terminaremos este capítulo estabelecendo correlações entre os
conceitos acima mencionados.
1.1– EDUCAÇÃO
1.1.1 - Visão pedagógica sobre o conceito de educação:
De acordo com Luckesi (1), a educação é um tipo de atividade que se
caracteriza fundamentalmente por uma preocupação, por uma finalidade a
ser atingida. Dentro de uma sociedade, não se manifesta como um fim em
si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação
social.
Maturana (2) procura abordar o tema sob duas classes diferentes de
fenômenos, a formação humana e a capacitação. Segundo o autor, A
formação humana tem a ver com o desenvolvimento da criança como
pessoa capaz de ser co-criadora com outros de um espaço humano de
convivência social desejável. Já a capacitação tem a ver com a aquisição de
9
habilidades e capacidades de ação no mundo no qual se vive, como
recursos operacionais que a pessoa tem para realizar o que quiser viver.
Libâneo(3) aborda o assunto separando cada conceito de uma forma
única e mostrando como eles se interrelacionam. De acordo com este autor,
educação corresponde a toda modalidade de influências e inter-relações que
convergem para a formação de traços de personalidade social e do caráter,
implicando uma concepção de mundo, ideais, valores, modos de agir, que se
traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios de ação
frente a situações reais e desafios da vida prática. Instrução se refere à
formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimentos
sistematizados. O autor menciona que há uma unidade entre educação e
instrução, embora sejam processos diferentes.
1.1.2 – Visão econômica sobre o conceito de educação
Para melhor expormos tal assunto, faremos um retrospecto no
pensamento econômico, de modo que possamos compreender a formação
deste conceito.
Em linhas gerais, com Adam Smith(4), temos o desenvolvimento do
pensamento econômico tratando a economia como a junção de fatores de
produção, sendo eles terra, capital e trabalho. Já no início, a visão de
trabalho estava intimamente ligada com a capacidade de saber fazer, de
conhecer uma atividade, podendo ser como um todo ou somente em uma
parte específica.
A partir de então, a nossa preocupação será em como juntar as
coisas e relacionar educação e trabalho. Podemos fazer isto observando
como se dá a evolução histórica da humanidade. Inicialmente, os
conhecimentos eram passados de pai para filho. Posteriormente, vieram as
corporações, onde os conhecimentos eram tratados em cada corporação.
Nestes locais, os mais experientes passavam conhecimentos para os outros
e também formavam os sucessores .
10
A educação estava bem longe dos trabalhadores. Era própria dos
mais abastados que participavam de outro modo nas atividades da
sociedade da época.
Com o advento da Revolução Industrial, muita coisa mudou na forma
da sociedade se organizar, entre elas a forma de educar as pessoas, sejam
elas trabalhadores ou não.
Iremos tratar especificamente da educação dos trabalhadores. O que
podemos observar é que, por uma série de aspectos tratados pela História,
as corporações são desativadas e o trabalhador se relaciona como indivíduo
e não mais como uma corporação. Então, cria-se um vazio de formação, ou
seja, se não temos mais as corporações, não temos como preparar os
trabalhadores para as indústrias.
Surge então a necessidade de criar o “espaço escola“ como aquele
local que deveria fazer às vezes da corporação e ir pouco mais adiante. Isto
porque, a partir de então, o trabalhador precisaria se organizar em linha de
produção, aprender a conviver com outros, com as diferenças de produção
de cada um, a saber especialmente “sobre aquele pedaço da produção que
lhe dizia respeito”.
Deste modo, historicamente, podemos observar como a educação se
aproxima dos trabalhadores e como desde já, assume seu caráter de
formação humana e de capacitação já mencionados na visão pedagógica
do tema.
Atualmente, de acordo com conceito exposto por Delfim Netto (5) , o
capital humano é o nível de educação médio da população, sua saúde, do
seu “saber fazer”, da sua capacidade inventiva e empresarial e do progresso
do conhecimento, o que significa investimento (privado e público) na
pesquisa .
Deste modo, podemos compreender a educação como um
componente do capital humano que participa do processo produtivo na
sociedade.
11
1.2 – RENDIMENTO
Mais uma vez, observando Smith (5), o conceito é inicialmente
desenvolvido como a parcela de remuneração do trabalho pela sua
participação na produção de mercadorias, o salário.
Mais recentemente (vide conceitos formulados pelo Ibge, para a
PNAD), desenvolveu-se o conceito de rendimento, que engloba além do
salário, outras fontes de renda que o indivíduo pode ter. Porém, por uma
questão metodológica, estaremos observando aquela parcela da população
para a qual o salário é a única fonte de rendimento. Ou seja, rendimento
será igual a salário.
1.3 – Estabelecimento de relações entre os conceitos.
Já observamos que a capacitação, o saber fazer, o aprendizado de
uma habilidade estão embutidos no processo de educação. Que um
indivíduo capacitado, detentor de conhecimentos é um dos produtos do
processo de educação.
Rendimento é a remuneração do trabalhador quando participa de
algum processo de produção. Esta remuneração é dada com base nos
conhecimentos que este trabalhador detém, no seu saber fazer particular, na
sua capacidade de inventar, de criar.
Existem algumas relações dadas pela sociedade e que, como recurso
metodológico, deveremos aceitá-las como dadas. Tal recurso será
fundamental para o desenvolvimento deste trabalho, ao qual compete
verificar como se dão as relações entre educação e rendimento e não como
se estabelecerão tais relações de mercado.
Dado que, quanto mais conhecimentos o trabalhador possuir, maior
será o rendimento por ele auferido quando participar do processo de
produção. Em linhas gerais, quanto maior for a sua qualificação, maior será
o seu rendimento.
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS PARA
APRESENTAÇÃO DE CONCEITOS NO CAPÍTULO I
(1) Ver Filosofia da Educação (1994), Cipriano Carlos Luckesi, pp 30-31
(2) Ver Formação Humana e Capacitação (2000), Humberto Maturana e
Sima Nisis de Rezepka, pp 11
(3) Ver Didática (1994), José Carlos Libâneo, pp 22-23
(4) Ver A Riqueza das Nações (1985), Adam Smith, pp 41-44
(5) Ver Meio Século de Economia Brasileira, in Economia Brasileira
Contemporânea (2005), Antonio Delfin Netto, pp 229
(6) Ver A Riqueza das Nações (1985), Adam Smith, pp 77- 80
13
CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E
DESCRIÇÃO DE TODOS OS OBJETIVOS
Neste capítulo, prosseguimos o trabalho, apresentando qual o
problema que o norteia, cuja compreensão será buscada durante o seu
desenvolvimento e quais os objetivos a serem atingidos com a sua
conclusão.
Durante muitos anos, sempre pairaram no consciente coletivo da
nação questionamentos que diziam respeito aos motivos para se estudar e
também sobre os retornos obtidos caso as pessoas frequentassem a escola.
Tais questões sempre foram alimentadas por um desconhecimento da
realidade e que acabava causando confusão, que são os baixos salários
praticados no Brasil.
Mas o que durante muito tempo se ignorou, por conveniência ou não
é que os salários se relacionavam com a qualificação do trabalhador, com
os seus anos de estudos, enfim, com a educação que este recebeu durante
sua vida.
Então, ao longo deste trabalho, nos preocupamos com o seguinte
problema que é identificar qual a relação entre a educação e o rendimento
do brasileiro.
Ou seja, verificar como estas variáveis, ao mesmo tempo tão distintas
e tão íntimas podem se relacionar. e o que está por trás desta relação.
Além de entender a relação acima descrita, teremos como objetivo
identificar a correlação entre o nível de escolaridade e nível de renda, em
uma tentativa de responder as questões do consciente da nação.
Identificar as deficiências da educação em possibilitar melhoria no
rendimento do brasileiro, não para apontar culpado, mas com a intenção de
compreender o que está acontecendo neste universo.
Identificar as necessidades de melhorias na educação, não para
desvalorizar o que já foi feito, mas com a clara intenção de fornecer
subsídios para aqueles que realmente se preocupam com este assunto.
14
Identificar como implementar as melhorias na educação, com o
objetivo de auxiliar na escolha dos caminhos que se apresentam em uma
imensa diversidade.
15
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO DAS HIPÓTESES
Neste capítulo, apresentamos cada uma das hipóteses formuladas
para o desenvolvimento deste trabalho, dados que permitem a sua
verificação e fazemos a análise destes. Os dados serão apresentados em
tabelas.
3.1 – 1ª hipótese: Se há maior nível de educação, maiores serão
os salários.
Inicialmente, iremos tratar dos dados relativos aos rendimentos.
Posteriormente, iremos tratar dos dados relativos aos anos de estudos.
Rendimento médio mensal real das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por por grandes regiões e sexo - Brasil - 1993 / 2003
Rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade (R$)Ano Grandes Regiões
Brasil Norte* Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste
1993 373 325 207 453 439 4252003 438 326 247 535 524 488
* Norte UrbanaFonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1993/2003
Na tabela acima, podemos verificar que os rendimentos aumentam
em uma década de intervalo. É óbvio que muitas coisas podem interferir
neste aumento dos rendimentos do brasileiro no intervalo de tempo acima
mencionado, mas nos interessa saber duas coisas:
· O que ocorreu com a educação no Brasil neste mesmo intervalo de
tempo?
· Por que o aumento de rendimento foi maior no sudeste quando
comparado com as demais regiões?
16
Estes questionamentos serão respondidos na página 17 .
Abaixo temos uma tabela de anos de estudos, em 1993 e 2003, total
Brasil e abertura por sexo. Além disto, temos os anos de estudo da
população ocupada durante a semana da realização da pesquisa.
Número médio de anos de estudo das pessoas de 10 anos ou mais de idade, total e ocupadas da semana de referência, por grupos de idade - Brasil - 1993 / 2003 Nº médio de anos de estudos das pessoas de 10 anos ou mais de idade
Ano Ocupadas na semana de referência Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total 1993 5,0 4,9 5,1 5,5 5,2 5,9 2003 6,4 6,3 6,6 7,1 6,7 7,7
20 a 24 anos 1993 6,5 6,1 6,8 6,5 5,9 7,3 2003 8,5 8,1 8,9 8,6 8,0 9,5
25 anos ou mais
1993 5,1 5,1 5,0 5,6 5,4 5,9 2003 6,3 6,0 6,3 6,9 6,5 7,4
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1993/2003
Observando a tabela acima, podemos constatar que, no total Brasil,
os anos de estudo aumentaram. Isto vem mostrar o esforço que o país tem
feito nos últimos anos no sentido de educar sua população. Obviamente,
iremos observar alguns problemas decorrentes de tal esforço, mas o que
nos interessa em um primeiro momento é verificar como está a média de
anos de estudo da população brasileira.
Ainda no total Brasil, verificamos que as mulheres têm investido mais
na educação que os homens.
Com relação à faixa etária, observamos que o maior esforço tem sido
na faixa de 20 a 24 anos, que é em tese, quando o indivíduo deverá está
terminando o nível superior.
Observando a população ocupada durante a pesquisa, verificamos
que quem está ocupado, apresenta um número médio de estudo maior que
o do total Brasil, vindo a explicitar que quanto maior o número médio de
17
estudos do indivíduo, mais atraente ele é no mercado de trabalho, ou
simplesmente, “consegue trabalho que tem mais anos de estudo”.
Então, para o questionamento sobre o que ocorreu com a educação
no Brasil neste mesmo intervalo de tempo, podemos responder que os anos
de estudo da população aumentaram .
Porém, ainda nos falta entender o porquê do aumento dos
rendimentos da região sudeste se dar em um patamar mais elevado que o
das outras regiões do país. Também neste questionamento, sabemos que a
região sudeste apresenta um perfil diferente das outras regiões, que é mais
industrializada .
Porém, centraremos nosso objetivo em procurar respostas no que diz
respeito aos anos de estudo da população.
A seguir, apresentamos uma tabela com a média dos anos de estudo
da população por grandes regiões do Brasil .
Média de anos de estudo da população de 10 anos ou mais de idade, total e ocupada,por sexo, segundo as grandes regiões - 2003
Média de anos de estudos da população de 10 anos ou mais de idade, por sexo
Grandes Total OcupadaRegiões Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
Brasil 6,4 6,3 6,6 7,1 6,7 7,7Norte 6,3 6,1 6,5 7,1 6,6 7,8
Nordeste 5,0 4,7 5,4 5,4 4,8 6,2Sudeste 7,1 7,1 7,1 8,0 7,7 8,5Sul 6,9 6,8 6,9 7,5 7,2 7,8Centro-oeste 6,6 6,4 6,9 7,4 6,9 8,2
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003
De acordo com a tabela acima, podemos verificar que a maior média
de anos de estudos está na região sudeste do país.
Então para o questionamento sobre os motivos para o aumento de
rendimento ser maior no sudeste quando comparado com as demais
regiões, podemos responder que isto se explica pelo maior média de anos
de estudos apresentada pela população desta região.
18
Logo, continua sendo confirmada a hipótese original que se há maior
número de anos de estudos, maiores serão os rendimentos. Isto se
comprova no aumento dos rendimentos versus número médio de anos de
estudos da população e no maior rendimento por região do país versus
média de anos de estudos por região .
3.1 – 2ª hipótese: Educação - Aumento na quantidade com queda
na qualidade
Os dados apresentados anteriormente nos mostram que há um
aumento no rendimento e na educação do brasileiro. Porém, nos interessa
saber como se deu este aumento na educação, ou seja, como está a
distribuição da população pelos níveis de escolaridade. Além disto, também
é importante saber como isto se deu ao longo dos anos, para que se tenha
uma idéia do fator tempo.
A questão do tempo é importante partindo da constatação que a
partir de algum momento da sua história, o país passou a sentir a
necessidade de que sua população tivesse mais anos de estudos.
A seguir apresentamos tabela sobre a composição educacional da
população brasileira.
Evolução da composição educacional da população com 15 anos ou mais de idade no Brasil -- 1960 -2000
Sem Ensino Ensino Ensino escolaridade Fundamental Médio Superior
Ano (%) (%) (%) (%)1960 47,5 36,4 14,3 1,81965 43,2 41,7 13,4 1,71970 37,5 47,4 13,5 1,71975 26,9 61,6 7,7 3,81980 27,5 59,0 9,3 4,31985 26,1 60,1 8,6 5,31990 18,7 63,9 11,3 6,11995 17,7 64,0 11,6 6,72000 16,0 62,2 14,4 7,5
Fonte: Barro e Lee (2000)
Esta tabela nos mostra o esforço feito pelo país no sentido de suprir o
déficit educacional. Independente da questão ideológica que envolve esta
questão, isto pode ser explicado pelo seguinte aspecto: em capítulo anterior
já foi exposto o porque da necessidade de uma população com níveis de
19
educação elevados, ou seja, que a educação é um dos pilares básicos de
sustentação do desenvolvimento de uma nação. Se havia projetos de lançar
o Brasil na relação de países desenvolvidos, isto seria impossível com uma
população constituída por metade de pessoas sem escolaridade, ou seja
analfabetas.
Se o país tinha projetos de desenvolvimento de todos os setores da
economia, a questão que surgiu foi como fazê-lo diante de uma população
que irá trabalhar nestes setores e não sabe ler.
Então o país acordou para um problema crônico que tinha e fazia de
conta que não sabia, a falta de educação de sua população.
Se observarmos o salto efetuado nestes quarenta anos de história,
podemos verificar que quase metade da população do país está localizada
na parcela do ensino fundamental. Que mais que triplicou o percentual de
pessoas na faixa do ensino superior.
Porém também podemos verificar que as coisas não correm tão bem
quanto poderíamos imaginar diante de um salto tão grande. Isto porque
ainda é muito pequena a parcela de pessoas com ensino superior.
A parcela de pessoas no ensino médio quase não mudou em
comparação com as outras e com sua própria evolução. Isto nos mostra que
colocamos as pessoas na escola, que lhes damos o ensino fundamental,
mas que elas não evoluem para o ensino médio e conseqüentemente não
irão para o ensino superior. Muitos fatores podem influenciar esta situação,
mas o que nos interessa é lançar um olhar sobre os aspectos educacionais,
mais precisamente, sobre a qualidade do que tem se ensinado.
Ou seja, o fato de verificarmos a confirmação de aumento na
quantidade de pessoas com educação não necessariamente significa que a
qualidade do ensino também esteja aumentando na mesma proporção ou
naquela considerada adequada pelos sistemas de avaliação de desempenho
da educação.
A seguir apresentamos tabela com dados do Censo Escolar realizado
pelo MEC nos anos de 2002, 2003 e 2004.
20
Resultados Finais do Censo Escolar - MEC Dados das matrículas iniciais
2002 2003 2004
Creche 1.152.511 1.237.558 1.348.237
Pré-escola 4.977.847 5.155.676 5.555.525
Ensino Fundamental 35.150.363 34.438.479 34.012.434
Ensino Médio 8.710.584 9.072.942 9.169.357 Fonte:MEC / INEP
De acordo com a tabela acima, também podemos observar o aumento
das matrículas ao longo destes três anos, demonstrando o aumento
quantitativo da educação.
Mas precisamos verificar como está a qualidade da educação do país.
Para tratar desta parte da hipótese, utilizamos o recurso metodológico
apresentado a seguir.
Inicialmente, faremos uso do seguinte artifício metodológico;
imaginaremos a construção do conhecimento como uma escada, onde para
cada degrau que se sobe, se faz necessário ter passado pelo anterior. O ato
de subir está todo interligado e dependente de cada degrau. Se tentarmos
subir de dois em dois degraus, por exemplo, podemos até em algum
momento conseguir efetuar tal atividade, mas o processo de subir a escada
poderá ser comprometido sob dois aspectos. Poderemos está muito
cansados para continuar ou simplesmente poderemos cair, nos
machucarmos e não mais conseguirmos subir a escada.
Se tentarmos chegar ao topo sem passar pelos degraus iniciais;
também não será possível efetuar tal atividade, pois subir uma escada é um
ato que depende de todos os degraus da escada.
Sendo assim, passaremos a tratar da construção do conhecimento
que permeia o processo educativo como uma escada, onde tudo está
intimamente relacionado.
Poderemos ir um pouco mais além. Podemos fazer a seguinte
abstração: imaginar a educação como a escada e os níveis de escolaridade
21
como os degraus. Feito uso destes recursos metodológicos, devemos lançar
mão de alguns recursos estatísticos para não comprometer a análise dos
dados e a conclusão deste trabalho.
Por se tratar de um universo muito amplo e pelo pouco tempo que
dispomos, se faz necessário selecionar uma amostra deste universo.
Esta amostra foi selecionada utilizando os seguintes critérios:
· Primeiro, procurar um segmento que seja efetivamente representativo
no universo da educação no Brasil;
· Segundo, que este segmento tivesse uma importância crucial para o
processo educativo. Ou seja, que para cada aluno chegar a um nível
razoável de escolaridade tivesse que passar por ele.
Então, o segmento a ser analisado foi o do ensino fundamental, por
atender aos critérios acima mencionados.
A fonte de dados utilizada é o SAEB – Sistema de avaliação da
educação básica implementado pelo MEC e que muito pode nos dizer sobre
o que anda acontecendo pelo universo do ensino fundamental.
Esta avaliação possue uma certa periodicidade e avalia duas áreas de
conhecimento, língua portuguesa e matemática. Além disto, também
procura avaliar outras variáveis que afetam a educação, tais como as
condições sócio-econômicas do local, fatores regionais.
Porém iremos centrar nossa atenção sobre os dados que dizem
respeito ao desempenho dos alunos em língua portuguesa e matemática.
Após a análise dos dados, no anexo I, apresentaremos algumas
observações efetuadas pelo Saeb , que tem um caráter qualitativo e
exploratório e muito pode nos fornecer subsídios para compreender o que
está acontecendo no universo educacional brasileiro.
Primeiro apresentaremos dados referentes ao ano de 2001, que é o
ano utilizado pelo MEC para refazer a metodologia de trabalho desta
avaliação. Os dados referem-se à 4ª série e à 8ª série do ensino
fundamental. Além dos dados, também anexaremos a este trabalho os
quadros que explicam as construções de competências, que muito nos
auxiliam a compreender a terminologia utilizada pelo MEC e que são
determinantes na análise das estatísticas apresentadas.
22
Abaixo, apresentaremos o quadro de construção de competências
elaborado pelo MEC para este sistema de avaliação.
Quadro de Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura
de textos de gêneros variados em cada um dos estágios para a 4ª série do ensino fundamental
Não desenvolveram habilidades de leitura. Não foram alfabetizados Muito Crítico adequadamente. Não conseguem responder aos itens da prova. Os
alunos neste estágio não alcançaram o nível 1 da escala do Saeb.
Não são leitores competentes, lêem de forma truncada, apenas frasesCrítico simples. Os alunos neste estágio estão localizados nos níveis 1 e 2 da
escala do Saeb.
Começando a desenvolver as habilidades de leitura, mas ainda aquémIntermediário do nível exigido para a 4ª série . Os alunos neste estágio estão localiza-
dos nos níveis 3 e 4 da escala do Saeb
São leitores com nível de compreensão de textos adequados à 4ª série.Adequado Os alunos neste estágio estão localizados no nível 5 da escala do Saeb
São leitores com habilidades consolidadas, algumas com nível além Avançado do esperado para a 4ª série . Os alunos neste estágio estão localiza -
dos no nível 6 da escala do SaebFonte: MEC / Inep / Daeb
No quadro anterior temos o que cada estágio do quadro de percentual
dos alunos da 4ª série quer dizer.
Quais as competências e habilidades que têm ou não de acordo com
o estágio em que estão localizados.
A seguir, apresentaremos o quadro por estágio de construção de
competências em língua portuguesa.
Percentual de alunos da 4ª série do ensino fundamental por estágio de
construção de competências em Língua Portuguesa - Brasil - 2001
Estágio População %
Muito crítico 819.205 22,2
Crítico 1.356.237 36,8
Intermediário 1.334.838 36,2
Adequado 163.188 4,4
Avançado 15.768 0,4
Total 3.689.236 100,0Fonte: MEC / Inep / Daeb
23
O quadro anterior nos mostra uma situação bem grave, onde a
qualidade ficou muito aquém do necessário determinado pelo MEC. 95,2 %
dos alunos avaliados pelo Saeb se encontram fora do estágio adequado
para a 4ª série do ensino fundamental. É elevado o percentual de alunos que
não são leitores competentes. Porém é preocupante o percentual daqueles
que não conseguem ler. Poucos estão no estágio adequado.
Diante deste quadro, preocupante é a realidade que o cerca. Ela nos
diz que nossos alunos da 4 ª série do ensino fundamental não dispõem das
habilidades e competências necessárias para lidar com a língua materna.
Se não conseguem lidar com a língua materna terão imensa
dificuldade em compreender a sociedade em que vivem e também em se
fazer serem compreendidos.
Terão dificuldades em seguir os estudos, porque a medida que os
anos de estudos avançam, maior compreensão da língua portuguesa lhes
será exigida.
A partir de então, já começamos a ter subsídios para entender o
quadro sobre os percentuais de escolaridade Apresentado por Barros e Lee-
(2000) e o porquê de poucos ingressarem no ensino médio
A seguir, apresentamos o quadro para matemática
Percentual de alunos da 4ª série do ensino fundamental por estágio de construção de competências em Matemática - Brasil - 2001
Estágio População %Muito crítico 462.428 12,5Crítico 1.467.777 39,8Intermediário 1.508.517 40,9Adequado 249.969 6,8Avançado 546 0,0Total 3.689.237 100,0Fonte: MEC / Inep / Daeb
Para melhor compreensão do quadro anterior, temos as legendas de
cada estágio e quais as respectivas competências e habilidades.
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Quadro de Construção de competências e desenvolvimento de habilidades na resolu-ção de problemas em cada um dos estágios para a 4ª série do ensino fundamental
Não conseguem transpor para uma linguagem matemática específica, coman-dos operacionais elementares compatíveis com a 4 ª série ( Não identificam
Muito Crítico uma operação de soma ou subtração envolvida no problema ou não sabem o significado geométrico de figuras simples). Os alunos neste estágio não alcan-çaram o nível 1 da escala do Saeb.
Desenvolvem algumas habilidades elementares de interpretação de problemas aquém das exigidas para a 4ª série ( Identificam uma operação envolvida no
Crítico problema e nomeiam figuras planas mais conhecidas). Os alunos neste está-gio alcançaram os níveis 1 ou 2 da escala do Saeb
Desenvolvem algumas habilidades de interpretação de problemas, porém insu-ficientes ao esperado para os alunos da 4 ª série (identificam, sem grande
Intermediário precisão, até duas operações e alguns elementos geométricos envolvidos no problema). Os alunos neste estágio alcançaram os níveis 3 ou 4 da escala do Saeb
Interpretam e sabem resolver problemas de forma competente. Apresentam as habilidades compatíveis com a 4ª série (reconhecem e resolvem operações
Adequado com números racionais, de soma, subtração, multiplicação e divisão, bem como elementos e características próprias das figuras geométricas planas).Osalunos neste estágio alcançaram os níveis 5 ou 6 da escala do Saeb.
São alunos maduros. Apresentam habilidades de interpretação de problemas num nível superior ao exigido para a 4ª série (reconhecem, resolvem e sabem
Avançado transpor para situações novas, todas as operações com números racionaisenvolvidas num problema, bem como elementos e características das figuras geométricas planas). Os alunos neste estágio alcançaram o nível 7 da escalado Saeb.
Fonte: MEC / Inep / Daeb
Analisando os dados da avaliação para matemática, a realidade
encontrada não difere muito daquela da língua portuguesa. 93,2 % dos
alunos avaliados pelo Saeb se encontram fora do estágio adequado para a
4ª série do ensino fundamental. A grande maioria não consegue lidar com a
resolução de problemas de modo adequado.
Os dados anteriormente apresentados nos mostram que a qualidade
da educação na 4 ª série do ensino fundamental está aquém da necessária
para que os alunos possam efetuar atividades tanto referentes à língua
portuguesa quanto à matemática.
Prosseguiremos nossa análise com os dados referentes a 8 ª série do
ensino fundamental. A seguir , apresentamos os dados para língua
portuguesa. Primeiro, apresentaremos o quadro de legendas dos estágios.
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No quadro abaixo, o MEC esclarece o que cada estágio quer dizer,
qual o grau de compreensão que os alunos detém no estágio e qual o nível
na escala Saeb em que estão localizados.
Quadro de Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura de textos de gêneros variados em cada um dos estágios para a 8ª série do ensino fundamental
Não são bons leitores. Não desenvolveram habilidades de leitura exi-
Muito Crítico gíveis para a 8 ª série. Os alunos, neste estágio não alcançaram o nível
1 ou não desenvolveram as habilidades do nível 1 da escala do Saeb
Ainda não são bons leitores. Apresentam algumas habilidades de leitura
mas aquém das exigidas para a série (textos simples e textos informati-
Crítico vos).Os alunos, neste estágio, alcançaram os níveis 2 ou 3 da escala do Saeb.
Desenvolveram algumas habilidades de leitura, porém insuficientes parao nível de letramento da 8ª série (gráficos e tabelas simples, textos nar -
Intermediário rativos e outros de baixa complexidade). Os alunos , neste estágio, al-cançaramos níveis 4 ou 5 da escala do Saeb.
São leitores competentes. Demonstram habilidades de leitura compatí -Adequado veis com a 8ª série (textos poéticos de maior complexidade, informati -
vos, com informações pictóricas em tabelas e gráficos). Os alunos,neste estágio, alcançaram os níveis 6 ou 7 da escala Saeb.
São leitores maduros.Apresentam habilidades de leitura no nível de le -Avançado tramento exigível para as séries iniciais do ensino médio e dominam
alguns recursos linguistícos-discursivos utilizados na construção de gê-neros. Os alunos, neste estágio, alcançaram o nível 8 da escala do Saeb.
Fonte: MEC / Inep / Daeb
A seguir, apresentaremos o quadro de distribuição dos alunos nos estágios
de construção de competências para língua portuguesa.
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Distribuição de alunos nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa - 8 ª série - Saeb 2001 - Brasil
Estágio População %
Muito crítico 146.040 4,9
Crítico 602.904 20,1
Intermediário 1.944.369 64,8
Adequado 307.056 10,2
Avançado 1.903 0,1
Total 3.002.272 100,0Fonte: MEC / Inep / Daeb
Na 8ª série, apesar de haver algumas melhorias, a qualidade do
ensino deixa muito a desejar, isto porque 89,8% dos alunos estão em
estágios fora do adequado. Estágios que indicam que a situação do ensino
da língua da língua portuguesa está aquém do desejado.
Porém, precisamos enxergar as melhorias ocorridas, pois elas podem
funcionar como um dos caminhos a serem percorridos para que os alunos
da 4 ª série do ensino fundamental também venham a se localiza no estágio
adequado.
Como progresso identificamos que o percentual de alunos no estágio
muito crítico é de 4,9 %. Se comparado ao da 4ª série, é 77,93 % inferior .
Ou seja, há menos alunos no estágio muito crítico.
Além disto, podemos verificar que há um grande percentual de alunos
no estágio intermediário, ou seja mais da metade dos alunos estão neste
estágio. Isto significa que é elevado o percentual onde há grandes chances
deles atingirem o estágio adequado.
Outro ponto a ser ressaltado é que, embora seja muito baixo o
percentual de alunos localizados no estágio adequado, ele é 57 % superior
ao da 4ª série do ensino fundamental.
Muito embora possa parecer que estamos comparando os estágios do
ensino fundamental de forma incorreta, pois a 4ª serie é diferente da 8ª
série.
27
Os mais puristas nos diriam que é preciso comparar cada série em
relação a sim mesma. Mas fazemos isto com base na perspectiva de que
quem chega a 8ª série está caminhando na escada de construção de
conhecimentos. Ou seja, ao longo do processo de construção de
conhecimento, houve um mínimo de melhorias e elas precisam ser
enxergadas.
A seguir prosseguiremos com a apresentação dos dados para matemática
da 8ª série do ensino fundamental.
Distribuição de alunos nos estágios de construção de competências Matemática - 8 ª série - Saeb 2001 - Brasil
Estágio População %Muito crítico 19.021 1,4Crítico 423.750 31,3Intermediário 849.276 62,8Adequado 55.430 4,1Avançado 4.215 0,3Total 1.351.692 100,0Fonte: MEC / Inep / Daeb
Em matemática, os resultados também não são diferentes, há um
elevado percentual de alunos em estágios que não são adequados, nos quais
os alunos têm sérias dificuldades para lidar com esta disciplina.
Mais da metade dos alunos se encontra no estágio intermediário, o
que nos mostra um percentual 34,87 % superior ao da 4 ª série .
Outro dado que reflete uma perspectiva diferente é o percentual de
alunos do estágio adequado. Na 8 ª série é , aproximadamente, 66 % inferior
ao da 4ª série.
Após a apresentação do quadro sobre o percentual por estágio,
prosseguiremos com o quadro legenda para matemática , na 8ª série do
ensino fundamental.
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Quadro de Construção de competências e desenvolvimento de habilidades matemá-ticas na resolução de problemas em cada um dos estágios para a 8ª série do ensino fundamental
Não conseguem responder a comandos operacionais elementares compatí-veis com a 8ª série (resolução de expressões algébricas com uma incógnita;
Muito Crítico características e elementos das figuras geométricas planas mais conheci-das). Os alunos, neste estágio, alcançaram os níveis 1 ou 2 da escala dosaeb.
Desenvolvem algumas habilidades elementares de interpretação de proble -mas, mas não conseguem transpor o que está sendo pedido no enunciado para uma linguagem matemática específica, estando portanto aquém do exi-
Crítico gido para a 8ª série (resolvem expressões com uma incógnita, mas não inter-pretam os dados de um problema fazendo uso de símbolos matemáticos específicos; desconhecem as funções trigonométricas para resolução de problemas). Os alunos, neste estágio, alcançaram os níveis 3 ou 4 da escalado saeb
Apresentam algumas habilidades de interpretação de problemas, porém nãodominam, ainda, a linguagem matemática específica exigida para a 8ª série
Intermediário ( resolvem expressões com duas incógnitas, mas não interpretam dados deum problema com símbolos matemáticos específicos nem utilizam proprie-dades trigonométricas). Os alunos, neste estágio, alcaçaram os níveis 5 ou6 da escala do Saeb.
Interpretam e sabem resolver problemas de forma competente; fazem usocorreto da linguagem matemática específica. Apresentam habilidades com -
Adequado tíveis com a série em questão. (Interpretam e constroem gráficos;resolvem problemas com duas incógnitas utilizando símbolos matemáticos específicose reconhecem as funções trigonométricas elementares). Os alunos, nesteestágio, alcançaram os níveis 7 ou 8 da escala do Saeb.
São alunos maduros. Demonstram habilidades de interpretação de proble -mas num nível superior ao exigido para 8ª série (interpretam e constroem
Avançado gráficos; resolvem problema com duas incógnitas utilizando símbolos mate -máticos específicos e utilizam propriedades trigonométricas na resoluçãode problemas). Os alunos, neste estágio, alcançaram o nível 9 da escala doSaeb.
Fonte: MEC / Inep / Daeb
Após a apresentação dos dados do Saeb , podemos atestar a
veracidade da segunda hipótese, ou seja houve um aumento na quantidade
de alunos na escola, porém a qualidade do ensino está aquém da desejada
ou da considerada necessária pelos padrões do MEC.
29
ANEXO I – DADOS SOBRE A ESCOLARIDADE DOS
PROFESSORES – SAEB – 2001
· “Os professores dos alunos no estágio muito crítico, na sua maioria
(58 %), tinham no máximo oito anos de escolaridade”;
· Para este percentual com, no máximo oito anos de escolaridade, a
maioria estudou em Escolas Normais. Não passaram por cursos de
licenciatura plena;
· Verificou-se que em torno de 32% dos alunos com desempenho
adequado, estudam com professores que possuem nível superior
(pedagogia), assim como 32% estudam com professores com
escolaridade de nível médio, com formação específica para o
magistério;
· 37 % dos alunos da 4ª série com desempenho adequado na rede
pública estudavam com professores de língua portuguesa com
formação específica para o magistério;
· Em todo o Brasil,o percentual de professores com formação superior
completa ministrando aulas em classes de 1ª a 8ª séries é de 50 %.
No nordeste, onde está a maior incidência de alunos com
desempenho muito crítico, a escolaridade dos professores está
abaixo da média nacional”.
Com relação aos diretores, o Saeb nos mostra:
· “ 88,8% dos alunos com desempenho adequado estudam em escolas
dirigidas por diretores com curso superior, enquanto entre os alunos
com desempenho muito crítico este número e de 63,7%.
Com relação aos salários, temos as seguintes informações:
· Os professores dos alunos com desempenho muito crítico tinham
vencimentos que se distribuíam majoritariamente, entre R$ 181,00 e
R$ 720,00. Destes, 34 % ganhavam entre R$ 181,00 e 360,00 e
outros 31,48% recebiam entre R$ 361,00 e R$ 720,00. Há ainda 11%
que recebiam salário mínimo vigente em 2001.
30
CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES
Após a apresentação dos conceitos do que é educação de acordo
com a visão pedagógica e com a visão econômica, do que são rendimentos,
das hipóteses e suas respectivas verificações, encerraremos este trabalho
pontuando cada objetivo atingido.
Quando apresentamos os dados de anos de estudo e de rendimentos,
foi possível constatar que há uma forte correlação entre o nível de
escolaridade e o nível de renda.
Se aumentar o número médio de anos de estudo, a renda do
trabalhador também se eleva. Isto porque os rendimentos decorrem da
qualificação do trabalhador, das suas habilidades e competências para tratar
de determinado processo de trabalho.
Porém ainda nos falta esclarecer como é que a educação e a escola
participam desta relação entre renda e anos de estudos.
De acordo com a evolução histórica da civilização ocidental , como foi
explicitado quando tratamos do conceito de rendimentos, quem qualifica o
trabalhador para o mercado de trabalho é a escola, que o educa e trabalha o
desenvolvimento de habilidades e competências. Então, em linhas gerais, é
através da educação recebida nas escolas que o indivíduo se prepara para o
mercado de trabalho, para ter os rendimentos que o possibilitem ter uma
vida digna e proporcionar o mesmo aos seus.
Porém, de acordo com os dados apresentados e coletados pelo
Sistema de avaliação da educação de base, as coisas não estão correndo
de acordo com o esperado, ou seja, a escola tem falhado no seu papel de
educar os indivíduos para participar do mercado de trabalho. Os alunos,
quando concluem os estudos, o fazem apresentando uma série de
deficiências primárias no trato de duas disciplinas básicas, que são: língua
portuguesa e matemática.
Tratando deste modo, nos parece que tudo o que tem sido feito pela
educação está sendo desconsiderado. Mas o que nos interessa tratar neste
momento é como a educação pode possibilitar melhorias no rendimento do
brasileiro. Se os alunos não conseguem se expressar ou compreender sua
língua materna, não poderão estabelecer comunicações com a sociedade na
31
qual estão inseridos e no mercado de trabalho que sustenta tal sociedade. É
óbvio que terão inúmeras dificuldades.
Se os alunos não conseguem resolver problemas matemáticos,
também não conseguirão atuar em uma sociedade que tem no sistema de
conta e números uma das suas principais linguagens e simbologia. Mais
uma vez, torna-se claro que estes alunos estão excluídos deste mercado de
trabalho por não disporem das competências e habilidades necessárias . É
por isto, que anteriormente mencionamos que a educação tem falhado em
assegurar melhoria no rendimento dos indivíduos. Podemos ir até um pouco
mais adiante; a educação não tem criado as condições básicas para que os
indivíduos possam integrar o mercado de trabalho.
Uma vez que já verificamos que a educação não tem possibilitado
melhor renda ao brasileiro, prosseguiremos com o objetivo de esclarecer
quais as necessidades de melhoria na educação para que isto seja possível.
Muita coisa precisa ser feita. Isto pode ser verificado nos sistemas de
avaliações efetuados pelo MEC. Mas o primordial não tem sido feito. Que é
a discussão séria destes assuntos.
A sociedade como um todo ainda não entendeu ou faz de conta que
não entende a dimensão do problema. Este é um problema que diz respeito
a todos. Pode parecer piegas, mas da educação depende muita coisa.
Sabemos que o país precisa de investimentos nas mais diversas
áreas para crescer,que precisa de planejamento, de uma série de coisas.
Mas o que nos interessa neste momento é saber se a educação tem
feito a sua parte. Temos uma cultura nacional de justificar nossas falhas
pelas dos outros. Temos o hábito de confundir as coisas na tentativa de
justificar nossas deficiências. Porque é complexo e doloroso fazer autocrítica
e aceitar a crítica como algo que pode nos auxiliar.
As necessidades de melhorias na educação são muitas e não temos
a pretensão de tratar de todas elas, pois este, mais uma vez, é um universo
muito amplo. As nossas conclusões dizem respeito aquelas questões
diretamente relacionadas com o aspecto pedagógico.
O Saeb identifica diferentes necessidades. Trata do aspecto regional,
sócio-econômico de cada região. Mas, vamos lançar um olhar apenas
32
naquilo que diz respeito à educação. Tratando da escolaridade dos
professores e seus salários.
De acordo com os levantamentos efetuados pelo MEC e registrados
no Saeb, “o estudo das características dos professores e sua prática
pedagógica permanecem como aspectos fundamentais das análises sobre a
qualidade da educação básica.” Partindo desta constatação efetuada nos
levantamentos, não mais é possível tirar o foco desta questão e transferir
responsabilidades para terceiros.
Todas as informações retiradas do Saeb (vide anexo I) nos dão
subsídios para tocar em um ponto que nos é muito caro e ao mesmo tempo
muito delicado, que é a formação dos nossos professores.
Sendo assim, uma das necessidades de melhorias na educação está
na formação dos professores. É preciso mudar a nossa cultura e sermos
menos paternalistas neste assunto. Não podemos mais efetuar o seguinte
pacto: Nós, enquanto sociedade, não temos interesse na educação, não
queremos gastar muito dinheiro com esta; então iremos fazer vista grossa
para todas as falhas daqueles que cuidam da educação.
Uma outra melhoria a ser efetuada que, há muito é de conhecimento
público e que o Saeb só veio a respaldar diz respeito ao salário dos
professores. Se precisamos de professores qualificados, é preciso
remunerá-los à altura.
Outra necessidade de melhoria diz respeito ao trabalho efetuado para
redução das taxas de repetência. O Saeb identifica que estes programas
não vão bem, mas não identifica claramente o que está ocorrendo. Isto pode
ser compreendido pelo próprio Saeb, que é uma avaliação de contexto
macro e que como tal cumpre sua função de identificar aonde as coisas não
vão bem.
Sendo assim, fez o que dele se esperava, identificou que há
necessidade de se rever os programas para redução da taxa de repetência.
Finalmente, iremos tratar de como estas melhorias podem ser
efetuadas.
O primeiro grande ponto é de conhecimento público e até mesmo está
explicitado na forma de lei. Diz respeito à exigência do artigo 62, da Lei de
33
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que trata do aumento do
grau de formação dos professores da educação básica.
Entendemos que isto deva ser feito não somente por força da lei.
Sabemos que é assunto delicado, mas cabe aos professores, quando se
sentirem desvalorizados por esta determinação, que voltem suas atenções
para a questão tratada com grande mestria por Edgar Morin, que já remetia
a Karl Marx, e que trata do assunto sobre quem educará os educadores.
Muitas coisas são registradas por este mestre e que podem nos auxiliar. Ele
deposita nos professores a responsabilidade por conduzir a reforma. O que
é perfeito, pois se queremos promover a reforma tão necessária na
educação, é melhor que esta seja conduzida por professores que por
burocratas legisladores.
Outro aspecto que acreditamos influenciar bastante o contexto
abordado diz respeito à formação dos diretores das escolas. De acordo com
dados do Saeb, tal formação também atua como variável na formação do
processo de qualidade da educação no Brasil. Então, é necessário que os
diretores também recebam atenção neste sentido.
Finalizando, se faz necessário um trabalho mais profundo, que é a de
dedicação integral ao estudo das classes de repetência do ponto de vista
pedagógico, buscar saber o que realmente está acontecendo. Este estudo
irá responder qual a melhor forma de se fazer as classes de repetência e
como conduzí-las.
34
BIBLIOGRAFIA
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monografia passo a passo... siga o mapa da mina. Rio de Janeiro. Wak
Editora, 2002.
CENSO ESCOLAR DE 2002 – MEC
CENSO ESCOLAR DE 2003 – MEC
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35
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Suas Causas. Volume I. São Paulo. Nova Cultural. 1985.
36
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: Educação, requisito básico para melhorar o nível de
renda do brasileiro
Data da Entrega: _______________________________________________
Auto Avaliação: Como voçê avaliaria este trabalho?
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
____________________________________________________________ .
Avaliado por:_____________________________Grau_________________.
________________, _____de____________________de______________.
Recommended