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ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES
EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO E A ATIVIDADE EMG DO MÚSCULO
VASTO LATERAL DE CICLISTAS DURANTE CONTRA-RELÓGIO DE 20 KM
LONDRINA 2011
ERICK HENRIQUE PEREIRA ECHES
EFEITO DA INGESTÃO DE CAFEÍNA SOBRE A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO E A ATIVIDADE EMG DO MÚSCULO
VASTO LATERAL DE CICLISTAS DURANTE CONTRA-RELÓGIO DE 20 KM
Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Ms. Ademar Avelar A. Jr.
LONDRINA 2011
11 novembro 2011
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Pai e minha Mãe
que me educaram e abriram minha mente para
que eu pudesse seguir os meus passos.
Dedico também à minha familia, que sempre
esteve do meu lado, me dando força e apoio
para que eu pudesse ser o que sou hoje. Às
varias pessoas que estiram e/ou estão
presentes em minha vida me ajudando a seguir
em frente. Aos vários professores que me
passaram seus melhores conhecimentos. E
também aos meus colegas de classe, a todos
aqueles que ficaram do meu lado por quatro
anos e a outros que foram se juntando a nós no
decorrer do tempo. Todos foram muito
importantes para que minha carreira acadêmica
pudesse chegar até este ponto, e se Deus
quiser alcançar “montanhas” ainda maiores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar a vida, sem ele eu não
seria, o que com a cabeça levantada digo que sou hoje, um Profissional da
Educação Física.
Agradeço a todos meus professores que me passaram uma visão
diferente de mundo, e dividiram comigo todo o seu melhor conhecimento. Em
especial à alguns que com seus grupos de pesquisa e/ou estudo me orientaram na
minha vida acadêmica e científica, Edilson Serpeloni Cyrino, Leandro Ricardo
Altimari e Mathias Roberto Loch, os três me ajudaram a crescer muito como
profissional.
Agradeço ao meu orientador de TCC, aos mestres e mestrandos,
que me apoiaram e me deram auxilio sempre que eu necessitei. Em especial ao
Ademar Avelar de Almeida Júnior, Alex Silva Ribeiro, Danilo Rodrigues Pereira da
Silva e David Ohara, que sempre estiveram presentes quando eu mais precisava.
Agradeço aos AMIGOS que fiz durante minha a graduação, tenho
certeza que eles sempre estarão presentes em meu pensamento, e se Deus assim
quiser, sempre nós seremos amigos. Amigos como Bruna Gonçalves Garcia,
Edcarlos Aparecido Vacário, Fernanda dos Santos Neri, Karina Lemos dos Santos,
Luciano Cabral, Fabiana Silveira Costa, Isaias da Silva Ramos, Cristina de Souza
Lima, Elisa Jacomassi dos Santos, Rafael Ferreira, Thaisa Costa Dias, Veronica
Siqueira, Adriana Ribeiro, Caetano Vasconcelos, Carla Cristine, Bruna da Silva,
Dayane Novaes, Jéssica Campos, Ana Paula Almeida, Mariana Souza, Júnior Elias
Bento, dentre outros, que talvez esqueci de citar aqui, mas não menos importantes.
Agradeço aos meus pais e minha familia por acreditar em meu
potencial, e me apoiar para eu chegar onde estou, e com certeza ir muito além
disso. Em especial agradeço à minha irmã Elisabete Cristina Pereira Eches, que
acreditou muito em mim, e me apoiou para que eu sempre realizasse meus desejos
e tivesse ambições na vida acadêmica, e me ajudou financeiramente quando eu não
tinha condições para isso. Sem ela talvez eu não teria conseguido terminar a
gradução do jeito que terminei.
Agradeço à Universidade Estadual de Londrina, por me proporcionar
um excelente curso de graduação.
“Muitas pessoas passam por sua vida, algumas são
importantes, outras nem tanto, porém existem
aquelas que deixam marcas, e para sempre serão
lembradas.” (Autor desconhecido).
ECHES, Erick Henrique Pereira. Efeito da ingestão de cafeína sobre a percepção subjetiva de esforço e a atividade EMG do músculo vasto lateral de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km. 2011. Trinta e nove (39) páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Educação Física Bacharelado) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.
RESUMO
O propósito do presente estudo foi investigar o efeito da ingestão de cafeína sobre a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a atividade eletromiográfica (EMG) do músculo Vasto Lateral (VL) de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km. Participaram deste estudo 13 atletas de ciclismo, com no mínimo dois anos de experiência competitiva. Os sujeitos envolvidos no experimento foram submetidos a dois testes Contra-relógio em que pedalaram em prova simulada utilizando ciclossimulador modelo CompuTrainer DYNAFIT™ (RacerMate®, Seattle, WA, USA) a distância equivalente a 20 km, no menor tempo possível, com escolha livre de cadência e relação de engrenagens, com três dias de intervalo entre as mesmas na condição ingestão de cafeína (CAF – 6 mg.kg-1 de peso corporal) e placebo (PLA - maltodextrina), que foram preparados e embalados em cápsulas. Todos os sujeitos passaram pelas duas situações aleatoriamente. A ingestão de CAF e ou PLA foi de caráter duplo-cego, com 60 min com de antecedência ao teste. Os sujeitos foram submetidos à mensuração de parâmetros antropométricos. Além disso, foram analisadas as seguintes variáveis: atividade EMG do músculo VL e a PSE utilizando a escala de Borg (9-20) a cada 2 km do Contra-relógio. Não foram encontradas diferenças significantes entre as duas condições para a PSE e para a EMG, houve um aumento na PSE com o passar do tempo, porém sem diferenças entre as condições, e a EMG se manteve constante em 25% durante todo o protocolo nas duas condições. Os resultados demonstraram não haver diferenças na PSE e na EMG após a ingestão de 6 mg.kg-1 de cafeína por ciclistas durante Time Trial de 20 km. Conclui-se que a ingestão de CAF (6 mg.kg-1 de peso corporal), 60 min antes de um teste Contra-relógio de 20 km, não foi suficiente para melhorar a PSE e a atividade EMG do músculo vasto lateral. Palavras-chave: Desempenho. Eletromiografia. Ergogênico nutricional.
ECHES, Erick Henrique Pereira. Effect of caffeine intake on the rating of perceived exertion and EMG activity of vastus lateralis muscle of cyclists during 20 km time trial. 2011. Thirty-nine (39) pages. Conclusion course work (Bachelor Physical Education) – State University of Londrina, Londrina, 2011.
ABSTRACT The aim this study was to invetigate the effect of caffeine ingestion on rating of perceived exertion (RPE) and electromyoghaphic actity (EMG) of vastus lateralis muscle (VL) of cyclists during 20 km time trial. Participated in the study 13 athletes of cycling, with at least 2 (two) years of competitive experience. The subjects involved in the experiment were subjected to two tests Time Trial race who cycled in model simulated using CompuTrainer DYNAFITTM ciclossimulator( RacerMate®, Seattle, WA, USA) at a distance equivalent to 20 km in the shortest possible time, with free choice of cadence and gear ratio, with three days between the same condition in the intake of caffeine (CAF – 6 mg.kg-1 body weight) and placebo (PLA – maltodextrin), which were prepared and packaged in capsules. All subjects were randomly, counter-balanced between the two situations. The ingestion of CAF and/or PLA was double-blind character, 60 minute in advance. The subjects underwent measurement anhropometric parameters. In addition, it was analyze the following variables: EMG activity of VL muscle and PSE using the Borg sacle (9-20) each 2 km Time Trial. There were not significant differences between the two conditions for PSE and EMG, there was an increase in PSE over time, but no differences between the conditions, and EMG remained constant at 25% during the entire protocol in both condition. The results showed no differences in PSE and EMG after ingestion of 6 mg.kg-1 caffeine for cyclists during 20 km Time Trial. It is concluded that ingestion of CAF (6 mg.kg-1 body weight) 60 min before a test Time Trial 20 km, was not enough to improve the PSE and the EMG activity of vastus lateralis muscle. Key-words: Performance, Electromyoghaphy. Nutritional ergogenic.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Localização anatômica para a colocação de eletrodos no músculo Vasto
Lateral de acordo com a padronização de Hermens et al. (2000). ........................... ......21
Figura 2 – Delineamento Experimental .................................................................... ......23
Figura 3 – Atividade EMG do músculo VL durante o Time Trial de 20 km. ............. ......25
Figura 4 – Percepção subjetiva de esforço (PSE) durante o Time Trial de 20 km .. ......26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAF – Cafeína
EMG – Eletromiografia de Superfície
FC – Freqüência Cardíaca
FCmáx – Freqüência Cardíaca Máxima
IMC – Índice de Massa Corporal
PLA – Placebo
PSE – Percepção Subjetiva de Esforço
SNC – Sistema Nervoso Central
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
CR – Contra-relógio
VL – Vasto Lateral
VO2máx – Consumo Máximo de Oxigênio
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 OBJETIVO ................ ............................................................................................. 13
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 14
3.1 Cafeína e Exercício Físico ................................................................................... 14
3.2 Eletromiografia de Superfície (EMG) ................................................................... 16
3.3 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) ............................................................... 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................ .................................................................... 19
4.1 Amostra.................. ............................................................................................. 19
4.2 Antropometria ...................................................................................................... 19
4.3 Teste Pré-experimental ....................................................................................... 19
4.4 Eletromiografia de Superfície .............................................................................. 20
4.5 Análise e Processamento do Sinal EMG ............................................................. 21
4.6 Mensuração da Percepção Subjetiva de Esforço ................................................ 22
4.7 Suplementação .................................................................................................... 22
4.8 Delineamento Experimental ................................................................................. 22
4.9 Tratamento Estatístico ......................................................................................... 24
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 25
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 27
7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
APÊNDICES .............................................................................................................. 37
ANEXOS .................................................................................................................... 39
11
1 INTRODUÇÃO
A cafeína é uma substância que está presente em vários produtos
consumidos diariamente, como o guaraná, o mate, o chocolate, o café, alguns
refrigerantes e chás (USDA, 2007). Jacobs e Bell (2004) relatam que o efeito
ergogênico da cafeína sobre o desempenho físico é muito discutido, uma vez que a sua
ingestão parece mascarar a percepção de esforço, aumentando a capacidade de tolerar
o desconforto associado à fadiga durante o exercício físico.
A fadiga pode ser definida como o decréscimo na capacidade de manter
um determinado esforço ou, ainda, a diminuição da capacidade de gerar trabalho,
levando o organismo à redução do desempenho motor (FITTS, 1994). Durante o
esforço voluntário, a fadiga se apresenta como um fenômeno complexo a ser estudado,
particularmente, por envolver uma análise multifatorial, visto que para o seu
desencadeamento, aparentemente, não existe a ação específica de apenas um agente
em um determinado local envolvido no processo de contração muscular (FITTS, 1994).
Desse modo, os componentes periféricos centrais têm recebido grande atenção por
parte de alguns investigadores, uma vez que ambos parecem contribuir de maneira
significante no processo de instauração da fadiga (AMANN; DEMPSY, 2008)
Nesse sentido, a ingestão de cafeína, previamente a realização do
exercício, principalmente aeróbio, parece aumentar o recrutamento das fibras
musculares, o que pode postergar a fadiga periférica (BAZZUCCHI et al. 2011).
Assim, uma das estratégias mais adotadas atualmente no sentido de
retardar o aparecimento da fadiga, aprimorando, portanto, a capacidade de realizar
trabalho físico, tem sido o uso de cafeína de forma aguda, previamente à realização de
exercícios aeróbios e anaeróbios (BACKHOUSE et al. 2011, BAZZUCCHI et al. 2011).
Altimari et al. (2006) relatam que a hipótese sustentada para o efeito ergogênico da
cafeína durante o exercício anaeróbio, esta relacionada ao efeito direto desta
substância em alguma porção do sistema nervoso central, afetando a percepção
subjetiva de esforço e/ou a propagação dos sinais neurais entre o cérebro e a junção
neuromuscular. Adicionalmente, a cafeína pode agir diretamente sobre o músculo,
12
maximizando a sua capacidade para realização de exercícios físicos de alta intensidade
e curta duração.
Desse modo, fica evidente a importância de se investigar uma possível
ação da cafeína sobre a fadiga central a partir da resposta da Percepção Subjetiva de
Esforço (PSE), bem como sua ação na fadiga periférica a partir da quantificação das
ativações musculares exigidas durante o exercício físico, quantificadas pela
Eletromiografia de Superfície (EMG). Nas últimas décadas, a EMG tem sido
amplamente utilizada como um indicador fisiológico da fadiga muscular (fadiga
periférica) em diferentes tipos de esforços (SELVANAYAGAM et al., 2011). A EMG
estuda a função muscular por análise do sinal elétrico gerado nas membranas
excitáveis sendo considerado uma técnica de extrema relevância para o estudo da
fisiologia neuromuscular (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985).
13
2 OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi investigar o efeito da ingestão de cafeína sobre
a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a atividade eletromiográfica (EMG) do
músculo Vasto Lateral (VL) de ciclistas durante Contra-relógio de 20 km.
14
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Cafeína e Exercício Físico A cafeína (1,3,7 – Trimetilxantina) é um alcalóide pertencente ao grupo
das drogas classificadas como as metilxantinas e é derivada da xantina, a cafeína
também é quimicamente relacionada a outras xantinas como a teofilina (1,3 –
dimetilxantina) e a teobromina (3,7 – dimetilxantina) que se diferenciam pela potência
de suas ações farmacológicas sobre o sistema nervoso central (SNC) (GEORGE,
2000). Este ergogênico pode ser encontrado em muitos alimentos e bebidas
consumidos pela da população como no guaraná, no mate, no chocolate, no próprio
café, e também em alguns refrigerantes e chás (USDA, 2007).
A absorção da cafeína pelo intestino delgado se processa rapidamente,
após a administração oral, alcançando concentrações plasmáticas máximas entre 30 e
120 min. Na realização da maioria dos estudos, tem-se utilizado um período de
aproximadamente 60 min, entre a sua ingestão e a realização do exercício em questão,
afim de que ela atue ergogênicamente, melhorando o desempenho (ALTIMARI et al.,
2006). A cafeína pode exercer influência sobre os sistemas nervoso, cardiovascular e
muscular (KALMAR; CAFARELLI, 2004).
As altas concentrações dessa substância no organismo duram cerca de 3
h, e destaca-se que a cafeína parece não atuar negativamente nas funções
gastrointestinais, quando consumida juntamente com outras substâncias como a água e
o carboidrato, visto que a modulação de uma substância não interfere na outra
(SINCLAIR; GEIGER, 2000). Adicionalmente pode ter sua absorção e seu carreamento
melhorado na corrente sanguínea, quando ingerida conjuntamente com carboidrato, em
virtude de que uma substância confere benefícios diferentes da outra, potencializando-
as (GRAHAM, 2001).
A cafeína, quando consumida em baixas dosagens, pode atuar
provocando aumento do estado de vigília, diminuição da sonolência, alívio da fadiga,
aumento da respiração, aumento da liberação de catecolaminas, aumento da
freqüência cardíaca, aumento no metabolismo e diurese. Quando consumida em altas
15
dosagens (acima de 15mg/kg), pode provocar efeitos adversos como nervosismo,
insônia, tremores e desidratação (KALMAR E CAFARELLI, 2004).
Nas doses utilizadas em estudos com humanos, o mecanismo primário da
cafeína, aparentemente, é a sua ação no antagonismo do receptor de adenosina
(KALMAR e CAFARELLI, 2004). A adenosina é um neuromodulador endógeno com
efeitos inibidores sobre a excitabilidade central.
Estudo conduzido por Pinto e Tarnopolsky (1997) revelou que a cafeína
parece atuar sobre o retículo sarcoplasmático aumentando sua permeabilidade ao
cálcio, tornando este mineral prontamente disponível, e dessa forma, facilitando a
estimulação-contração do músculo esquelético, e conseqüentemente aumentando a
eficiência da contração.
A muito tempo a cafeína vem sendo estudada como estimulante para a
prática de exercícios físicos, principalmente aqueles de média e longa duração
(ALTIMARI et al., 2006). Todavia a sua real eficácia não esta totalmente comprovada,
visto que os diversos estudos encontrados na literatura apresentam algumas limitações
quanto às padronizações metodológicas utilizadas nos experimentos.
Altimari et al. (2006), em estudo de revisão, sugerem que a cafeína, como
agente ergogênico, pode potencializar o desempenho em exercícios de média e longa
duração, caracterizados como aeróbios. Outros autores também relataram que os
melhores resultados encontrados, em todos os estudos verificados, foram aqueles em
que a ingestão de cafeína se deu na ordem de 3 à 6 mg/kg de massa corporal.
Desde 2003, a cafeína não faz parte das substâncias classificadas, pelo
COI (Comitê Olímpico Internacional), como Ilegais. Logo após essa data, ela foi incluída
na listagem de substâncias que estão em constante monitoramento pela Agência
Mundial Anti-Doping (WORLD ANTI DOPING AGENCY, 2004).
Com base nos efeitos da cafeína, Kalmar e Cafarelli (2004). Conduziram
um importante estudo, onde fizeram uma revisão da fadiga central em indivíduos após o
consumo desta substância. Levantaram uma hipótese que cafeína induz força muscular
com a ausência de despolarização da membrana, e potencializa a contração muscular
e a produção de força tetânica. Estes efeitos foram atribuídos à interação direta do
cafeína com os canais de cálcio do retículo sarcoplasmático. Outra hipotese deste
16
estudo, foi a atuação da cafeína sobre o SNC. Os resultados indicaram uma ação
antagonista aos receptores de adenosina, diminuindo a taxa de disparo dos neurônios
centrais, o que pode provocar uma melhora no desempenho, já que a cafeína inibira os
receptores dessa substância.
Testando a hipótese de que a suplementação de cafeína poderia melhorar
a função neuromuscular, durante contração isométrica voluntária máxima na contração
de cotovelo, Bazzucchi et al (2011) encontraram um aumento no desempenho e na
contração dinâmica máxima de curta duração e na velocidade de contração muscular.
O efeito placebo da cafeína sobre os ciclistas foi testado, por Beedie et al.
(2006) submeteram seis indivíduos bem treinados no ciclismo, a um teste de Contra-
relógio de 10 km. Os pesquisadores disseram aos indivíduos que eles iriam consumir
cafeína na quantidade de 4,5 mg/kg de massa corporal, 9 mg/kg e um terceiro teste
com placebo, entretanto em todos os testes eles fizeram o uso de placebo. Assim os
autores encontraram que esses sujeitos realizaram os testes com maior potência na
condição de possível ingestão de cafeína de 9 mg/kg, comparada com as outras duas
condições. Os sujeitos relataram que seu desempenho melhorou, quando consumiram
a maior concentração de cafeína, comparado as menores concentrações. Os resultados
sugerem que indivíduos dessa modalidade, podem ter seu rendimento melhorado pelo
simples fato de acreditaram que estão consumindo cafeína.
Os resultados encontrados nos diversos estudos analisados sugerem que
a ingestão de cafeína pode atuar aumentando o desempenho, principalmente de
atletas, em exercícios caracterizados como aeróbios de média e longa duração. Para
tanto a ingestão desse ergogênico deve ser em torno de 3 à 6 mg/kg.
3. 2 Eletromiografia de Superfície (EMG)
Nas últimas décadas, a EMG tem sido amplamente utilizada como um
indicador fisiológico da fadiga muscular de forma isolada em diferentes tipos de
esforços (BASMAJIAN; DE LUCA, 1985; HUNTER et al., 2002). A EMG estuda a função
muscular por análise do sinal elétrico gerado nas membranas excitáveis, detectada pela
17
colocação de eletrodos na pele sobre um músculo, sendo considerada uma técnica de
extrema relevância para o estudo da fisiologia neuromuscular (BASMAJIAN; DE LUCA,
1985). A captação do sinal eletromigráfico é influenciada pelo número de unidades
motoras ativas e pela taxa de descarga dos potenciais de ação dos neurônios motores.
A excitabilidade das fibras musculares por meio do controle neural
representa um fator importante na fisiologia muscular. Esse fenômeno pode ser
explicado por um modelo de membrana semipermeável, descrevendo as propriedades
elétricas do sarcolema. Um equilíbrio iônico entre os espaços interior e exterior de uma
célula muscular forma um potencial de repouso. Quando ocorre uma excitação
muscular, entram em atuação as bombas de sódio e potássio, ocorrendo uma
despolarização da membrana e assim caracterizando um potencial de ação (McARDLE
et al. 1998). A partir daí os sinais eletromiográficos podem ser coletados.
Estudos com EMG estão cada vez mais sendo realizados, em razão de
que esta técnica tem o potencial de identificar os sinais elétricos gerados por
membranas excitadas do músculo, assim sendo capaz de analisar dentre outros
fenômenos a fadiga muscular e o comportamento muscular (KREMENIC et al. 2009).
O sinal eletromiográfico pode ser alterado por diversos fatores, dentre eles
destacamos o uso de algumas substâncias, como a cafeína. A cafeína tem o potencial
de aumentar o desempenho muscular, fazendo com que o recrutamento das fibras
musculares seja maior (BAZZUCCHI et al. 2011). Essa substância atua diretamente no
drive motor central, inibindo a ação da adenosina (KALMAR; CAFARELLI, 2004),
considerando os resultados encontrados no estudo de Amann e Dempsey (2008) de
que a fadiga muscular periférica é regulada por mecanismos centrais, a suplementação
de cafeína poderia aumentar o desempenho em virtude do melhor ou maior
recrutamento de unidades motoras, reduzindo a fadiga muscular periférica.
Estudos com ciclistas estão tendo atenção especial nos últimos anos, por
meio de EMG para quantificar a fadiga muscular periférica em diversas situações desta
modalidade (KREMENIC et al. 2009; CARPES et al. 2011).
18
3.3 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)
A PSE é uma escala desenvolvida por Borg (1982), capaz de mensurar a
fadiga de acordo com a percepção do sujeito na realização de determinada atividade.
Qualquer resposta de percepção em relação ao exercício envolve a ação de detecção e
interpretação de sensações que chegam ao corpo durante o exercício (NOBLE et al.,
1996), sendo considerada como um fenômeno complexo (ST CLAIR GIBSON et al.,
2003).
Vários estudos têm sido conduzidos com a utilização desta escala. E uma
meta-análise realizada por Doherty e Smith (2005), na qual foi analisada a ingestão de
cafeína sobre a PSE, que ficou em média 5,6% menor nos indivíduos que consumiram
cafeína quando comparados àqueles que consumiram substâncias placebo. Além de ter
sido encontrado um aumento médio de 11,2% do desempenho daqueles que fizeram
uso da cafeína. Isto demonstra que a cafeína tem a capacidade de atuar atenuado a
PSE, e melhorando o rendimento físico.
Da mesma maneira, em uma pesquisa conduzida por Astorino et al.
(2011), foi verificado um melhor desempenho quando o consumo de 5mg.kg-1 de
cafeína foi comparado a 2mg.kg-1 ou placebo, com uma diminuição da PSE. Resultado
similar foi relatado em outro estudo, onde ciclistas realizaram 90 min de exercício à 70%
do VO2máx,após a ingestão de cafeína (BACKHOUSE et al., 2011).
Recentemente um estudo foi desenvolvido para validar a equação da PSE
em treinamento com pesos (BUCKLEY; BORG, 2011). Os resultados indicaram que a
escala, junto com sua equação, pode ser utilizada em exercícios resistidos, da mesma
maneira que vem sendo utilizada em exercícios aeróbios.
Pontanto o uso da PSE pode ser uma importante estratégia para mensurar
a fadiga muscular, visto que é de fácil aplicação, baixo custo e bastante precisa. Com
isso fazer uso desta escala pode ser importante para o estudo da fadiga.
19
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Amostra
Treze ciclistas, do sexo masculino, na faixa etária entre 17 e 38 anos, com
no mínimo dois anos de participação competitiva, de todas as especialidades na
modalidade, com nível competivivo estadual, foram selecionados voluntariamente para
participar deste estudo. Como critério de inclusão os sujeitos deveriam estar livre de
lesões (últimos seis meses) e ter experiência na modalidade. O projeto foi divulgado
nas associações de ciclismo, lojas especializadas em ciclismo e durante as
competições realizadas na cidade de Londrina - PR. Após serem convenientemente
informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais seriam
submetidos, os participantes assinaram o Termo de Concentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (ANEXO A). Este estudo é parte de um estudo maior que foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (processo
234/2009) (ANEXO B).
4.2 Antropometria
A massa corporal foi medida em uma balança de plataforma digital e a
estatura determinada em um estadiômetro com precisão de 0,1 cm, de acordo com os
procedimentos descritos por Gordon et al. (1988). Os indivíduos foram avaliados
descalços, vestindo apenas shorts. O índice de massa corporal (IMC) foi determinado
pelo quociente massa corporal/estatura2, sendo a massa corporal expressa em
quilogramas (kg) e a estatura em metros (m).
4.3 Teste pré-experimental
Previamente a execução dos testes experimentais, todos os participantes
20
foram submetidos a um teste incremental máximo para obtenção dos parâmetro de
potência máxima e limiares fisiológicos dos atletas. Após um aquecimento de dois
minutos a 100 W, a sobrecarga passou a ser incrementada na ordem de 50 W a cada
dois minutos até a exaustão voluntária ou incapacidade de manter a cadência mínima
estipulada (70 rotações por minuto) por mais de 5 s. A potência alcançada do último
estágio completo somada ao produto do percentual do tempo de permanência no
estágio de exaustão pelo incremento padronizado (50 W) foi considerada a potência
máxima (AMANN et al., 2006)
4.4 Eletromiografia de superfície
Para normalização da atividade eletromiográfica durante o teste contra-
relógio de 20 km foi realizado um teste de torque-velocidade (T–V test) (Rouffet et al.,
2008). Após um aquecimento 10 min a 100 W, cada sujeito executou dois tiros máximos
com duração de 8 s cada, com intervalo de 5 min entre as tentativas. A carga imposta
durante o teste foi de 7,5% da massa corporal de cada voluntário. Os participantes
foram orientados para permanecerem na posição sentado durante toda a realização do
teste. A atividade eletromiográfica de cada músculo foi analisada entre o segundo e
oitavo segundo de cada tiro máximo e o maior pico de amplitude encontrado, expresso
em RMS (root mean score), foi utilizado como fator de normalização (ROUFFET et al.,
2008).
A atividade eletromiográfica foi monitorada continuamente durante os
testes nas diferentes condições experimentais. Para a coleta dos dados, foi utilizado um
eletromiógrafo de oito canais, modelo TeleMyo 2400 T G2 (NORAXON Inc. USA). A
frequência de amostragem para os registros eletromiográficos foi de 2000 Hz. O fator
de rejeição do modo comum (CMRR) foi maior que 95 dB. O músculo analisado foi o
vasto lateral (VL). As coletas foram realizadas de acordo com a ISEK (Merletti, 1999).
Eletrodos ativos modelo TeleMyo 2400 (NORAXON Inc. USA), com distância
intereletrodos (centro a centro) de dois centímetros, foram fixados após realizada a
preparação do local, com tricotomia, e assepsia, com álcool e curetagem para reduzir a
21
impedância da pele. O eletrodo de referência foi posicionado sobre o crista ilíaca. A
localização dos pontos anatômicos para colocação dos eletrodos obedeceu às
padronizações propostas pelo SENIAM (HERMENS et al., 2000).
Para o músculo VL foi utilizado como referência o ponto localizado a dois
terços da distância entre a espinha ilíaca ântero-superior e a borda lateral da patela
(Figura 1).
Figura 1. Localização anatômica para a colocação de eletrodos no músculo vasto lateral de acordo com a padronização de Hermens et al. (2000).
4.5 Análise e processamento do sinal EMG
Os valores médios em RMS (µV) a cada período de 30 s foram utilizados
para a análise dos sinais eletromiográficos do músculo VL (CAMATA et al., 2009). Os
dados foram processados por meio do ambiente de simulação matemática MatLab 7.0
(MathWorks®, South Natick, MA, USA). Para obtenção dos valores expressos em RMS,
os sinais EMG brutos foram submetidos à filtragem digital, utilizando filtro passa-banda
de 20 Hz e 500 Hz (BASMAJIMAN ; DE LUCA, 1985)
22
4.6 Mensuração da percepção subjetiva de esforço (PSE)
Todos os indivíduos foram instruídos para auto-relatarem o esforço
percebido de acordo com a escala de 6-20 pontos de Borg (1982), a cada 2 km de
exercício. A partir desses dados foram determinados, o intercepto no eixo y (y-
intercepto), o coeficiente de determinação (R2) e o coeficiente angular (inclinação) entre
o tempo e os valores individuais de esforço percebido atribuídos durante cada teste,
obtido mediante análise de regressão linear.
4.7 Suplementação
Após a realização dos procedimentos descritos anteriormente, os
participantes foram divididos aleatoriamente, de forma balanceada, para executar um
teste contra-relógio em duas condições, após 60 min da ingestão de CAF ou placebo
(PLA), separadas por pelo menos 72 h. A administração oral de 6 mg.kg-1 de massa
corporal de CAF ou PLA (maltodextrina) foi feita na forma de cápsulas
4.8 Delineamento experimental
Um delineamento cruzado, aleatorizado, balanceado, duplo cego, placebo-
controlado com familiarização foi utilizado nesta investigação. Inicialmente, os sujeitos
compareceram ao laboratório para tomarem conhecimento da proposta do estudo e, na
sequência, assinaram o TCLE. Adicionalmente foram estabelecidos os horários para
uma nova visita ao laboratório, para a execução de medidas antropométricas e de um
teste pré-experimental visando a familiarização dos sujeitos aos equipamentos e ao
protocolo experimental.
Após a realização dos procedimentos descritos anteriormente, os
participantes foram divididos, para executar um teste contra-relógio nas duas condições
de suplementação, separadas por pelo menos 72 h. A temperatura ambiente e a
23
umidade relativa do ar foram monitoradas e mantidas entre 21 e 24°C e 40 e 60%,
respectivamente, durante a realiação de todos os testes.
Os testes foram realizados em ciclossimulador, modelo Velotron™
(RacerMate®, Seattle, WA, USA), com capacidade de carga de até 1500 watts. O
ciclossimulador foi calibrado antes da realização de cada teste, conforme orientações
do fabricante.
Nos dias e horários pré-agendados, os sujeitos compareceram ao
laboratório e foram submetidos a teste de circuito fechado (closed-loop), no qual
pedalaram em prova simulada uma distância equivalente a 20 km (Time Trial), no
menor tempo possível, com escolha livre de cadência e relação de engrenagens. Todos
os voluntários receberam feedback sobre a distância percorrida durante o teste closed-
loop por meio de visualização em monitor. Antes, durante e/ou após os testes foram
analisadas as seguintes variáveis: atividade eletromiográfica do músculo vasto lateral
(VL), a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a frequência cardíaca. O delineamento
experimental utilizado é ilustrado na Figura 2.
Figura 2. Delineamento experimental. Obs: CR = Contra-relógio e TCLE = termo de consentimento livre e esclarecido.
TCLE Agendamento
das visitas
Antropometria Teste pré
experimental
CR 20km Cafeína
Grupo A (n=7)
CR 20km Placebo
Grupo B (n=6)
CR 20km Cafeína
Grupo B (n=6)
CR 20km Placebo
Grupo A (n=7)
Sujeitos n=13
72 horas
Visita 1
Visita 2
Visita 3 Visita 4
72 horas
24
4.9 Tratamento Estatístico
Os dados foram processados no pacote estatístico STATISTICATM, versão
6.0 (STATSOFT INC, OK, USA). A normalidade dos dados foi analisada pelo teste de
Shapiro-Wilk. O teste de Levene foi utilizado para a análise da homogeneidade das
variâncias. Análise de variância two-way (ANOVA) para medidas repetidas, para
comparações de grupos e condições, foi utilizada para as comparações entre as
condições (CAF e PLA) nos diferentes momentos do teste contra-relógio de 20 km. O
teste post hoc de Bonferroni foi utilizado quando uma razão F significante foi
encontrada para o efeito principal ou interação. Para todas as análises foi aceito um
nível de significância de 5%.
25
5 RESULTADOS Na Tabela 1 são apresentadas as características antropométricas dos
sujeitos, o volume de treino semanal e a potência máxima obtida durante o teste
incremental máximo.
Tabela 1. Características antropométricas, volume de treino, potência máxima e FCmáx obtida em teste incremental máximo (n = 13). Variáveis Média DP IC 95% Peso (kg) 71,0 9,1 63,2-77,4 Estatura (cm) 176,0 5,9 171,2-178,3 IMC (kg/m2) 23,1 2,3 21,5-24,4 Volume de Treinamento (km.semana-1) 253,0 141,6 148,9-347,4 Potência máxima (watts) 345,0 41,6 305,5-364,4 A atividade EMG do músculo VL é apresentada na figura 3. Nenhuma
diferença significante foi encontrada entre as condições CAF e PLA ao longo do teste
de 20 km (P > 0,05).
Figura 3. Atividade EMG do músculo VL durante o Time Trial de 20 km.
26
A PSE dos sujeitos durante Contra-relógio de 20 km é apresentada na
figura 4. Não foram encontradas diferenças significantes entre as duas condições (CAF
e PLA) durante todo o período do Time Trial de 20 km (P > 0,05). Porém a PSE se
elevou conforme a distância pedalada passava a ser maior nas duas condições, dentro
do mesmo grupo (P < 0,05).
Figura 4. Comportamento da PSE ao longo do teste de 20 km, nas condições cafeína (CAF, n = 13) e placebo (PLA, n = 13). *P < 0,05 vs. 2 km; †P < 0,05 vs. 4 km; ‡P < 0,05 vs. 6 km; §P < 0,05 vs. 8 km; €P < 0,05 vs. 10 km; #P < 0,05 vs. 12 km; **P < 0,05 vs. 14 km; ††P < 0,05 vs. 16 km; ‡‡P < 0,05 vs. 18 km. Efeito significante do tempo (P < 0,001).
27
6 DISCUSSÃO Como visto, diferenças na PSE e na EMG não foram encontradas após a
ingestão de cafeína quando comparado com os sujeitos que realizaram a ingestão de
placebo. O mesmo ocorreu no estudo de Hunter et al. (2002), que também não
encontraram diferenças nas variáveis EMG e PSE em teste Time Trial de 100 km.
Ressaltase que, a ativação muscular durante o teste foi de
aproximadamente 25%, não sofrendo alterações significativas em nenhum momento,
assim como outros resultados disponíveis na literatura (HUNTER et al., 2002), isso
sugere a ausência de fadiga periférica durante os testes. Porém, não podemos
confirmar essa hipótese uma vez que durante os testes a PSE foi gradativamente
maior, ou seja, a intensidade de exercício não pode ser considerada constante.
Analisando assim, podemos dizer que talvez tenha ocorrido fadiga periférica.
Entretanto, para se obter melhores conclusões acerca desses mecanismos, são
necessários estudos futuros que façam o uso instrumentos mais precisos para a
verificação da fadiga. Existem alguns efeitos da cafeína sobre o sistema nervoso central,
relatados em várias pesquisas. Dentre eles podemos citar um dos mais aceitos, onde a
cafeína mostra uma afinidade aos receptores de adenosina, e sua molécula liga-se com
esses receptores inibindo a ação da adenosina, que causa a fadiga, promovendo um
aumento na liberação de neurotransmissores excitatórios e aumento na excitabilidade
corticomotora (KALMAR; CAFARELLI, 2004; CERQUEIRA et al., 2006). Essa ação
direta sobre o sistema nervoso central possibilita a utilização da cafeína em objetivos
distintos, como na tentativa de esclarecer mecanismos de fadiga ou ainda potencializar
o desempenho esportivo (KALMAR; CAFARELLI, 2006). Porém os nossos resultados
mostraram que nos exercícios estudados, a cafeína não conseguiu melhorar o
desempenho físico dos sujeitos.
A PSE é uma escala desenvolvida por Borg (1982), que visa quantificar a
percepção do sujeito para uma determinada tarefa, normalmente quanto maior o tempo
em exercício ou maior a intensidade, maior será a percepção dos sujeitos perante a
atividade. Esta escala de percepção subjetiva mostrou-se sensível ao nosso protocolo
28
de exercício, onde a PSE dos sujeitos foi maior conforme maior distancia percorrida.
Também encontramos em uma revisão evidencias que após a ingestão de cafeína a
PSE passa a ser menor com o tempo em exercício (DOHERTY; SMITH, 2005),
mostrando um possível efeito ergogênico dessa substância.
O músculo vasto lateral é um músculo que integra o quadríceps femoral,
assim ele pode ser utilizado como um importante instrumento de medida da ativação
neuromuscular, em atividades que envolvam membros inferiores, por meio de EMG. O
músculo quando em atividade gera um sinal elétrico em suas membranas excitáveis, e
a EMG é um método que permite a análise desses aspectos (BASMAJIAN; DE LUCA,
1985). Como visto em nossos resultados, os sinais EMG foram captados, e
permaneceram com uma quantificação de ativação de aproximadamente 25% durante
todo o teste, não sofrendo mudanças significantes durante todo o período, e não
mostrando alguma possível fadiga periférica no músculo Vasto Lateral.
Outros estudos, assim como o nosso, também tentaram relacionar alguns
possíveis efeitos da cafeína sobre o desempenho em, em protocolos fechados. Dentre
eles podemos citar o de estudo de Cohen et al. (1996), onde os autores procuraram
demonstrar os efeitos da ingestão de 5 e 9 mg.kg-1 de massa corporal de cafeína, sobre
o desempenho de corredores profissionais em uma corrida de 21km. Neste estudo não
foram verificadas melhoras no desempenho comparando as duas doses de cafeína com
o placebo. Já em um delineamento de 20 km de corrida, os sujeitos melhoraram um
pouco seu rendimento, porém sem diferenças significantes, isso ocorreu logo após
ingestão de 6 mg.kg-1 de cafeína 60 minutos antes do exercício (BERGLUND;
HEMMINGSSON, 1982). Em estudo conduzido por Bruce et al. (2000), verificou-se uma
melhora no desempenho de remadores competitivos, após a ingestão de 6 ou 9mg/kg
de cafeína, remando por uma distância de 2000 metros. Os pesquisadores sugeriram
que a cafeína teve algum efeito sobre os centros cerebrais dos sujeitos, e por isso
houve uma melhora no desempenho, principalmente nos primeiros 500 m.
Boa parte dos estudos encontrados na literatura, que procuram investigar
os efeitos da ingestão de cafeína sobre desempenho, utilizam-se de tarefas até a
exaustão. Entre eles podemos citar o de Altimari et al. (2008), onde ciclistas realizaram
dois testes com cargas constantes, na condição placebo e na condição cafeína (6
29
mg.kg-1). Os autores encontraram que após a ingestão de cafeína o tempo para o início
da fadiga muscular foi maior. De forma similar Greer et al. (2000), submeteram
indivíduos a pedalarar a 80% do VO2máx até a exaustão. Os autores encontraram a
melhora no desempenho do atletas após o consumo de 6 mg.kg-1 de cafeína.
No entanto estudos com protocolos até a exaustão são difíceis de serem
extrapolados para situações reais competitivas, visto que em competições são
estipulados tempos ou distâncias para o término das provas. O nosso estudo conseguiu
se esquivar desta limitação, tornando os nossos resultados mais aplicáveis a situações
reais de competição. Como a cafeína (6 mg.kg-1) não se mostrou eficaz em Contra-
relógio de 20 km, em ciclistas treinados, talvez a utilização desde ergogênico, para este
tipo de prova, não seja a melhor opção para um possível aumento do desempenho.
Futuros estudos devem testar a ação da cafeína em protocolos com diferentes
distâncias da testada em nosso estudo.
Durante os protocolos abertos, normalmente os indivíduos devem manter
uma taxa de trabalho fixa até a exaustão. Dessa forma, o fato de não haver final
definido dificulta o planejamento de estratégias de pacing (HUNTER, 2002). Quando o
sujeito não necessariamente precisa se manter em uma intensidade fixa, isso permite
criar estratégias durante a prova com objetivo de terminar em menor tempo possível. A
reprodutibilidade da estratégia de pacing também tem sido demonstrada
(JEUKENDRUP et al., 1996). Devido a grande maioria dos estudos que procuraram
investigar a efetividade da cafeína possuir característica aberta, julgamos que investigar
o efeito da substância em testes que realmente tenham proximidade com a condição
real, em competições, onde o final é pré-determinado seja muito relevante. Isso
fortelece a importância dos nossos resultados.
O planejamento da estratégia de pacing é mediado centralmente. Nesse
sentido, por meio de sua ação direta sobre o sistema nervoso a cafeína poderia
influenciar e modificar a estratégia de pacing durante as contra-relógio de 20 km. Esse
tipo de comportamento deveria ser observado por um comportamento diferente da
potência, velocidade e/ou rpm durante os testes. Porém, nossos resultados não
mostraram qualquer influência da cafeína sobre o planejamento do pacing. Isso
confirma os resultados de Hunter et al. (2002), onde o desempenho consistente entre
30
as condições mostrou que a estratégia parece não sofrer influência da cafeína. As
variáveis potência e velocidade, que representam o desempenho durante o teste,
sofreram apenas efeito do tempo de teste. No final do teste, na distância 20 km, foram
apontadas diferenças significativas quando comparadas ao restante do exercício, o que
já havia sido demonstrado em estudo anterior onde a estratégia de pacing durante
contra-relógio de 30 min variou minimamente apenas nos últimos 30 s de teste
(CHAFFIN et al., 2008). Conhecer a estratégia de pacing e sua relação com as
respostas fisiológicas pode auxiliar pesquisadores e cientistas do esporte na busca de
otimizar o rendimento de atletas, melhorando seus programas de treino. Talvez os
sujeitos do nosso estudo utilizaram esta estratégia, e por isso os resultados nas duas
conduções não foram diferentes, entanto outros mecanismos devem ser melhor
estudados para confirmar esta hipótese.
31
7 CONCLUSÃO
A partir dos resultados apresentados podemos concluir que a ingestão de
cafeína (6 mg-kg-1 de peso corporal) não foi suficiente para alterar a atividade EMG do
músculo VL. Além disso, a cafeína não retardou o aumento da PSE durante Contra-
relógio de 20 km em ciclistas.
32
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37
APÊNDICE
38
APÊNDICE A
CRONOGRAMA
ANO 2010
2011
DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV
AÇÃO MÊS
1º
MÊS 2º
MÊS 3º
MÊS 4º
MÊS 5º
MÊS 6º
MÊS 7º
MÊS 8º
MÊS 9º
MÊS 10º
MÊS 11º
MÊS 12º
MÊS
REDAÇÃO DO PROJETO SELEÇÃO DA AMOSTRA
ENCONTROS COM ORIENTADOR
APLICAÇÃO DOS TESTES QUALIFICAÇÃO DO TCC
COLETA DE DADOS REDAÇÃO FINAL DO TCC/
DEFESA DO TCC
39
ANEXOS
40
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL
1. Nome do participante: ........................................................................................................................................................... Documento de Identidade Nº :..............................................Sexo: ( ) M ( ) F Data de Nascimento:............/............/........... Endereço:.........................................................................................Nº:......................Apto:....................Bairro:.......................... CEP:......................... Cidade:...................Telefone:................................E-mail:.......................................................................
1. II – DADOS SOBRE A PESQUISA 1. Título do Protocolo de Pesquisa: Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico de ciclistas em exercícios de circuito aberto (open-loop) e fechado (closed-loop) de longa e curta duração 2. Pesquisador: Dr. Leandro Ricardo Altimari Função: Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos da Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte – UEL.
3. Avaliação do Risco da Pesquisa: Sem Risco (x) Risco Mínimo ( ) Risco Médio ( ) Risco Baixo ( ) Risco Maior ( )
O estudo não oferece risco a saúde, uma vez que pesquisas que já utilizaram cafeína não relatam qualquer tipo de desconforto após uso da substância na concentração que será utilizada neste estudo (6 mg.kg-1 de peso corporal).
1. Duração da Pesquisa: O experimento será conduzido em 1 (uma) fase, sendo realizada somente coleta de dados. 2. III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO
PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO:
1. Justificativa e objetivo: Nos últimos anos, a cafeína (CAF) tem sido muito utilizada antes da realização de exercícios físicos de curta e longa duração com propósito de diminuir a sensação de cansaço, melhorando o desempenho físico. Entretanto não sabemos ainda os reais efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico em exercícios realizados até a exaustão (quando não se consegue continuar fazendo exercício) e em exercícios de percurso onde os sujeitos têm que fazer o percurso no menor tempo possível.
Assim, o objetivo do presente estudo será investigar os efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho físico e os possíveis fatores que controlam a sensação de cansaço em exercícios de curta e longa duração realizados até a exaustão e em exercícios de percurso em ciclistas. 2. Procedimentos que serão adotados durante a pesquisa: Os sujeitos envolvidos no experimento serão submetidos a diferentes situações experimentais: 1) Determinação da aptidão cardiorespiratória; 2) Testes de tempo, em que terão de pedalar em prova simulada com distância equivalente a 1 e 40 km, no menor tempo possível, em três condições, com três dias de intervalo entre as mesmas: ingestão de cafeína (CAF), placebo (PLA) e controle (C). Todos os sujeitos passarão pelas três situações. A CAF será ingerida 60 minutos antes dos testes. Será oferecida cafeína pura (CAF – 6 mg.kg-1 de peso corporal) e PLA (maltodextrina) preparados e embalados em cápsulas gelatinosas; 3) Teste de exaustão, onde serão instruídos a pedalar até a exaustão voluntária durante prova simulada com distância equivalente a 1 e 40 km. Assim como no teste de tempo, os sujeitos irão executar o teste em três condições: ingestão de CAF, PL e C. Os procedimentos para a ingestão de cafeína dos sujeitos serão idênticos aos já descritos no protocolo anterior. Os sujeitos realizarão medidas de peso, estatura, avaliação do estado nutricional para verificar o quanto consomem de cafeína. Antes, durante e/ou após os testes de exaustão e tempo de 1 e 40 km serão analisadas as seguintes variáveis: recrutamento e fadiga dos músculos da perna, função pulmonar, sensação de cansaço, estado de humor, lactato no sangue e batimento cardíaco.
V – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR
SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA 1. Benefícios esperados da pesquisa: Esperamos que os resultados deste estudo possam dar condições de entender melhor os fatores que levam ao cansaço e melhoram o desempenho físico em exercícios realizados até a exaustão e em exercícios de percurso. Este aspecto se torna importante para o esporte e seus praticantes, uma vez que muitos atletas de ciclismo fazem uso indiscriminado desta sustância por não terem informações da verdadeira efetividade da cafeína sobre o desempenho durante as competições. Se confirmada a efetividade da cafeína na melhora do desempenho físico, os indivíduos envolvidos no experimento serão orientados por uma nutricionista para utilizar o produto caso tenham intenção de utilizá-lo durante os treinamentos e/ou competições após o termino do experimento. 2. Exposição dos resultados e preservação da privacidade dos voluntários: Os resultados obtidos nesse estudo serão submetidos a publicação, independente dos resultados encontrados, contudo sem que haja a identificação dos indivíduos que prestaram sua contribuição como sujeitos da amostra que serão mantidos em sigilo respeitando a privacidade conforme normas éticas. 3. Despesas decorrentes da participação no projeto de pesquisa: Os voluntários estarão isentos de qualquer despesa ou ressarcimento decorrente desse projeto de pesquisa, uma vez que o financiamento deste é oriundo de fomento externo. 4. Liberdade de consentimento: A permissão para participar desse projeto é voluntária. Portanto, os sujeitos estarão livres para negar esse consentimento ou parar de participar em qualquer momento desse estudo, se desejar, sem que isto traga prejuízo à continuidade da assistência. 5. Questionamentos: Os sujeitos envolvidos no experimento terão acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa. Quaisquer perguntas sobre os procedimentos experimentais utilizados nesse projeto são encorajadas. Se houver qualquer dúvida ou questionamento, por favor, nos solicite informações adicionais.
VI – PARA CONTATO Prof. Dr. Leandro Ricardo Altimari Centro de Educação Física e Esporte, Universidade Estadual de
Londrina, Rod. Celso Garcia Cid, km 380, Campus Universitário – 86051-990 – Londrina, PR – Brasil. Email: altimari@uel.br
Telefone: 3371-4238 ou 9116-4602
VII – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.
Londrina, ________ de __________________de 2011.
______________________________________ Assinatura do participante
44
ANEXO B - CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA.
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