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Leandro Campos Alves.
Metáforas da vida. Primeira Edição.
Poesias e Crônicas.
2015
Leandro Campos Alves.
1
Metáforas da vida.
2
Diagramação e Capa:
Leandro Campos Alves
http://www.escritor-leandro-campos-alves.com/
https://pt-br.facebook.com/escritorleandroalves
https://plus.google.com/102197220554470500971
Revisão:
Rosilene Alessandra de Souza Alves.
Todos os direitos são reservados. Publicado de acordo
com original registrado e averbado na biblioteca nacional.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de
qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico,
inclusive por meio de processos xerográficos, sem permissão
expressa do autor (Lei número 9.610, de 19.02.98).
Leandro Campos Alves.
3
Metáforas da vida.
4
Reflexão:
Um dia, nós nascemos para o mundo e nunca
imaginamos os caminhos que Deus preparou para as nossas
vidas.
Em caminhos tortuosos e batalhas para sobrevivência,
crescemos alimentando sonhos e pensamentos, então nós
traçamos o nosso possível Destino.
Mas que Destino é este?
Destino traçados em pensamentos, porém antes mesmo
de nascermos já se torna contraditório sua existência, pois nos é
dado por Deus o nosso livro da vida, que traz nele o nosso
caminho, a nossa índole, enfim, a nossa própria vida na Terra.
Podemo-nos fazer nossas escolhas para andar sobre estas
ordens divinas, mas com certeza, nós a cumpriremos a risca,
mesmo que seja através do amor ou da dor.
Algumas pessoas acreditam em destino, outros na força
do pensamento, e existem aqueles que acreditam no fruto do
trabalho. Eu resumo todas estas forças em minha vida apenas
em um nome.
Deus.
A Ele agradeço o meu caminho e ofereço mais este
trabalho.
São os meus sonhos, meus pensamentos, “o tudo e o
nada”, mas com certeza o trabalho da minha vida que surge
novamente para humanidade.
Agradeço também a todos os meus amigos e familiares.
Em especial a minha parceira de caminhada que está
sempre ao meu lado, revisando meus textos e minhas obras.
Que Deus esteja com todos.
Leandro Campos Alves.
5
Obstáculos se tornam pedregulhos em nossas vidas,
quanto acreditamos no amanhã e regamos nossa esperança com
a força da fé, e o apoio de Deus.
Leandro Campos Alves.
Metáforas da vida.
6
Torre de Babel.
O vento é o nosso polinizador de vidas,
o responsável por levar a vida,
dar a vida,
conduzir a vida.
E com o seu veludo e delicado aconchego,
ele leva sementes e pedalas aos quatro cantos do mundo.
E hoje como vento,
lembro-me dos desbravadores do velho continente.
que em mar revolto,
deixo em seu rastro suas sementes, origens e culturas.
E foram transmissores da herança da torre de Babel,
que por onde passaram,
deixaram sua língua mãe.
Como ato de homenagem a nossa origem,
faço o mesmo caminho,
mas tendo como caravelas, as letras, versos e poemas.
E por elas eu agradeço,
e deixo o meu sincero apresso,
ao velho continente,
e a nação portuguesa,
que deu vida a nossa gente,
e fez nascer este nosso continente.
Meu muito obrigado,
por nos deixar como legado.
A cultura de sua gente.
Leandro Campos Alves.
7
As Mãos que Afagam.
São minhas aquelas mãos.
As mãos que afagam o seu sono,
que segura e protege seu tombo.
São minhas aquelas mãos.
As mãos que apoiam seu caminho,
que acalenta seu coração,
que te dá o porto seguro,
mostrando qual é a sua direção.
Filho pequeno ou grande,
são minhas aquelas mãos.
Que te acolhe por onde você ande,
e se fecha em oração,
pedindo pra ti proteção.
São minhas aquelas mãos.
As mãos que lhe dá o pão,
são as mesmas que lhe dá correção.
Deixa-nos também na tristeza profunda,
por corrigir a nossa criação.
São minhas aquelas mãos.
Que a noite te abençoa,
no gesto de devoção;
pedindo a Deus criador,
sua vigília em proteção.
Metáforas da vida.
8
São minhas aquelas mãos.
Que se une a voz a trovar,
para entoar graças ao pai,
enquanto te ponho a ninar.
Agradecendo com muito amor,
por ser teu protetor.
São minhas aquelas mãos.
Pois se palavras um dia faltar,
são elas que vão lhe mostrar,
que por onde tu andares,
nunca vou deixa de ti amar.
São minhas aquelas mãos.
Que doa a ti toda segurança,
minha eterna criança.
São minhas aquelas mãos...
Poema publicado na antologia:
Além do Olhar.
ISBN: 978-85-8290-025-3
2014.
Leandro Campos Alves.
9
Peteca do Destino.
Quando te ganhei,
esposei em meus lábios o sorriso.
E da surpresa da vida,
então chorei.
Alegria em ter-lhe em minhas mãos,
logo o seu feltro abriu.
O aroma de sua juventude exalou-se pelo ar.
E suas firmes cerdas eu pus a admirar.
Com imenso cuidado,
fui impulsionando os primeiros tapas.
Pondo-a em movimento suavemente,
a minha pequena peteca.
Que tão majestosamente,
cortava o ar lentamente.
O tempo foi se passando,
o cansaço junto a ele chegando.
Logo os golpes foram se fortificando.
As cerdas macias e firmes,
foram se deformando.
O cheiro de novo acabou,
e a fúria dos tapas,
deformou e a maltratou.
Metáforas da vida.
10
Com a cólera do tempo,
em um golpe certeiro,
fui carrasco daquele brinquedo.
Ceifei-lhe as penas de seu corpo.
Deixando espalhado ao chão,
o tempo de sua duração.
E da minha podre ação.
Em um único jogo,
admirei, adorei e maltratei,
a minha pequena peteca.
Enfim lhe pus a sentença,
de enterrá-la longe de minha nobre presença.
Suas partes foram transpostas,
para o cemitério do lixo.
E ali ficaram então expostas,
para seu destino final.
Metáfora tão igual,
A nossa reles vida mortal.
Somos como tal,
a peteca do destino.
Nascemos com cheiro único,
e com choro de menino.
Mas os tapas do destino,
transforma-nos de menino,
para homens feitos,
alegres ou sofridos.
Leandro Campos Alves.
11
Logo nossa pele se encrua,
os traços de nosso algoz,
faz-se em nossa face,
deixando marca de nossa idade,
e da nossa verdadeira realidade.
O destino faz de nossa vida,
sua peteca então.
E no final do tempo de nossa duração,
arqueará o bater de nosso coração.
Transpondo a sua sentença,
do final de nossa vida então.
Metáforas da vida.
12
Celeiro de Minas.
Cravada no seio de Minas,
entre as montanhas da Mantiqueira,
fica minha pequena cidade,
com toda sua diversidade.
Mesmo trazendo neste livro,
a minha filosofia interior,
não posso deixar de mencionar,
o celeiro de cultura,
que flora na minha pequena cidade,
isso eu digo e mostro a pura realidade,
desta minha Liberdade.
Num espaço tão pequeno,
talvez não encontremos tantos escritores,
pintores ou compositores,
Como também vários oradores.
Que em verso declaramos,
o amor por este espaço,
que nos une em um só laço,
que pode ser e sangue ou amizade,
ou quem sabe,
de uma longa fraternidade,
a este pequeno território,
que eu apresento neste oratório.
Leandro Campos Alves.
13
Sigo em traços estes versos,
fazendo aqui justa homenagem,
aos que nasceram em minha Liberdade.
Celeiro da mata mineira,
digo com a autoridade,
daqueles que ainda estão aqui,
ou que retornaram ao pai,
mas que nos deixaram versos para eternidade.
Autores, Poetas, Artistas e Pintores.
Não me lembrarei de todos,
mas do meu convívio,
faço justa homenagem,
a todos que tiveram a coragem,
de arriscar neste meio,
sem temer as criticas,
daqueles que vivem na libertinagem.
Lembro-me de Maria Ângela,
muitos não a conheceram,
partiu ainda jovem senhora,
mas que a ela recordo agora.
Poetisa e boêmia,
deixou-nos cheio de saudade.
Admirável pintora,
foi na escola também nossa diretora.
Metáforas da vida.
14
Dos que foram bem me lembro,
de meu amigo José Nilton,
companheiro e aventureiro,
mas nunca forasteiro.
Por Varginha foi adoto,
até uma rua seu nome foi dado,
ao contrário de nossa cidade,
que em algumas vezes foi tão criticado.
Entro agora na homenagem,
dos vivos amigos escritores.
Pois começo a falar,
de uma amiga que aprendi admirar.
" Letícia de Barros" esta é a poetisa,
que muitas vezes nos dispusemos,
em discussões e conflitos,
em nossa adolescência.
Mal sabia eu do futuro,
e do laço do destino absurdo,
Éramos confrontantes,
mas hoje da literatura somos amantes.
A ela me retrato,
a minha amiga,
deixo este relato.
Leandro Campos Alves.
15
Digo agora com ressalva,
da poetisa Deuseli Campos,
que ainda pequenina,
declarou em seu poema,
sua dor pela seca do sertão,
como se fosse uma pequena oração,
esta foi sua primeira consagração.
Desta eu poderia escrever em verso e prosa,
toda sua vida,
mas me contenho na modéstia,
em reter meus sentimentos,
pois eu digo que muitos sabem de nossa vida,
pois trato aqui de minha irmã querida.
Liberdade não só cria os autores,
mas também é celeiro de pintores.
Mostro os passos do meu amigo Deny Carvalho,
de Zé Alvinho e tantos outros,
que em tela em gravite o a óleo,
enche-nos de ternura,
ao ver as suas pinturas.
Celeiro da zona da mata,
minha cidade que se fortalece,
e aos poucos desabrocha e cresce,
na cultura de seus autores e escritores.
filhos desta terra amada,
e por nós admirada e repeitada.
Metáforas da vida.
16
Por isso a estes aqui apontados,
deixo meu respeito e meu afago,
em nome da nossa cultura,
homenageio-os neste verso,
não só a estes conhecidos,
mas também aqueles desconhecidos.
Este poema foi redigido dia 31 de março de 2011, e hoje
nos deixou na saudade, prematuramente a nossa amiga Poetisa
Letícia de Barros.
Leandro Campos Alves.
17
Louco Carrossel.
A vida é como um carrossel.
Louco carrossel.
Com o nosso nascimento adquirimos direito ao seu passe.
Embarcamos neste brinquedo com o nosso primeiro choro.
E na roda da vida, aprendemos amar, alimentar e caminhar neste
labirinto do destino.
Mas algumas vezes o caminho nos surpreende.
Como em um blecaute, o carrossel ameaça algumas vezes a
parar, porém em outras voltas seguintes, ele se põe rapidamente
a girar.
Carrossel da vida.
Louco carrossel.
Algumas pedras em seu caminho, o faz trepidar.
Deixando-nos cambaleando em seu lombo, como se fôssemos
cair.
Mas com desejo pela vida, seguramos firmes no destino, e como
crianças esperançosas deste carrossel nós não queremos apear.
Da morte sempre tentamos escapar.
As voltas podem ser longas, como nossas lembranças do
passado.
Mas podem andar rápido demais, como nossos momentos
de felicidades.
Mas quem diria?
Somos deste carrossel, meros passageiros, construindo nossa
história.
Metáforas da vida.
18
A idade nos bate à porta.
Amadurecemos e envelhecemos.
Mas o carrossel ainda se põe a girar.
Carrossel da vida.
Louco carrossel.
Ontem ainda era uma criança vivendo num mundo de utopias e
alegrias,
as utopias quase não existem mais.
Mas quem diria?
Ainda sentimos a tal alegria.
Um dia sei que o carrossel irá parar talvez por uma quebra
repentina, que poderá ceifar a nossa vida prematuramente.
Ou quem sabe pela longevidade de nossa própria idade.
Que o fará girar até seu envelhecimento, deixando-o parar
lentamente.
Que mal lubrificado seu ruído anuncia o suspiro de sua
despedida, levando consigo a nossa humilde vida.
Carrossel da vida.
Louco carrossel.
Quero em sua sela, deixar a minha história.
Mesmo que seja por minha humilde oratória.
Ou através dos amigos e familiares.
Que contarão nossa história de vida,
mesmo que ela não seja tão comprida.
Leandro Campos Alves.
19
Carrossel da vida.
Louco Carrossel.
Em seu lombo ainda queremos ficar,
viver e muito amar.
Por isso a todos vamos saudar.
Abraçar e admirar.
Procurando no destino da vida,
o nosso lugar encontrar.
Antes que a dama da noite chegue,
e não nos deixe mais sonhar.
Carrossel da Vida.
Louco carrossel.
Como neste carrossel da vida, lembro-me de um menino
que eu conheci em minha juventude, que encaixa bem neste
texto.
Na minha juventude em plena sala de aula vivenciei um
diálogo alterado de um professor, afirmando que o jovem amigo
tinha que viver entre os índios, pois se nem falar ele sabia
direito, quem diria escrever alguma coisa?
O professor ainda fez questão de completar falando que
lugar de quem não escreve certo é em aldeia indígena, pois lá
todos são analfabetos mesmo e praticamente selvagens.
Aquele diálogo deixou em um silêncio profundo toda sala
de aula, senti vergonha ao vivenciar aquela situação em plena
adolescência. Período este de nossas vidas que se desponta a
vaidade e namoricos desta idade.
O queimor em meu rosto por aquela situação era grande,
mas como o carrossel, a vida tinha continuar.
Metáforas da vida.
20
Aquele jovem amigo tinha as suas dificuldades, não por
desleixo, mas por um presente do destino que deixou à porta a
tal de dislexia.
O tempo passou, o jovem se fez homem feito, e pela ironia
do destino, o carrossel da vida novamente lhe presenteou.
Ontem sentenciado a passar a vida entre índios e andarilhos
da vida, na volta deste carrossel do destino, as palavras brotaram
em sua vida, os textos tomaram formas e dissertações
respeitáveis, e hoje, vinte poucos anos após, quem poderia
afirmar não ser o destino irônico?
A sentença foi quebrada, e este jovem amigo abençoado
por Deus, encontrou em sua vida o caminho menos provável
para escrever a sua história, e quebrar paradigmas.
Ele se transformou em escritor com obras publicadas,
conhecido no meio literário, respeitado por acadêmicos e
leitores do país e de alguns países latinos americanos. Sua
ascensão firme e constante, baseada na lealdade e na amizade.
Carrossel da vida.
Louco carrossel.
Este jovem senhor, que Deus me deu a prazer de seu
convívio, me mostrou que nada se faz impossível diante das
dificuldades e dos sonhos. Vale apena sonhar e lutar por aquilo
que acreditamos.
A história verídica nos mostra que a vida realmente é um
carrossel, e o destino somos nós que construímos.
Leandro Campos Alves.
21
Resposta Divina.
O nosso caminho é penoso e distante,
nosso corpo sente dor e cansaço,
e ao longe enxergamos nosso destino e seguimos viagem.
Muitas vezes,
olhamos para o horizonte de nossas vidas e clamamos ajuda a
Deus.
O sol arde sob nossas cabeças,
clamamos o calor.
Para piorar vem o vento do Norte,
trazendo em seu rastro areia e folhas secas.
Ah! Destino cruel!...
Blasfemamos gritando aos céus.
Onde está tu, Senhor?
O corpo arde,
a pele queima e o nosso destino ainda está longe.
A vida segue e seguimos com ela.
Nossos passos se arrastam pelo chão,
deixando na trilha a mostra de nosso cansaço.
O sol agora se põe entre as nuvens.
Agora não mais arde a pele queimada.
Sinto o frescor da brisa, mas por pouco tempo.
A chuva começa descer das nuvens,
e suas gostas caem sobre meu corpo surrado.
A água se mistura ao pó da viagem,
a poeira se transforma em lama em meu corpo.
Metáforas da vida.
22
Oh! Senhor!...
Esqueceste-se de mim?
Digo angustiado pela falta de sorte.
Clamo novamente diante do cansaço e da dor.
Ouça Senhor o meu clamor.
Caminho com vento forte batendo às minhas costas,
e com a água fria descendo dos céus.
Ah! Destino cruel.
Ando léguas e horas,
consigo atravessar o meu destino da vida.
Chego irado em casa e clamando a Deus.
Por que me deixaste sofrer?
Durmo salvo e sonho,
digo talvez não...
Não seja sonho esta minha nova visão.
Com o cansaço do destino vejo-me falando com Deus.
Que afaga minha alma e fala baixinho.
Filho meu...
Ouça o que digo e preste atenção.
Quem falou que te deixei sofrer em sua caminhada?
Que não abrandei seu calor,
e retirei sua dor?
Estive sempre contigo.
E você não acreditou,
ainda clamou-me a sua falta de sorte.
Que pela sua pouca fé,
você não viu que ao seu lado Eu estava.
Leandro Campos Alves.
23
Seu destino era longo,
quando cansado estava e o meu nome clamou,
suavemente soprei as suas costas,
empurrando-o ao encontro de seu caminho final.
Teve sede e calor,
ordenei as nuvens para cobrir o sol e te dar sombra,
mandei a chuva para matar sua sede e hidratar sua pele.
Novamente o meu nome blasfemou.
Mesmo assim aqui estou,
trazendo a ti todo meu amor,
e assegurando que mesmo não acreditando em minha proteção,
estarei sempre ao seu lado,
meu filho amado.
Reflexão desta Oração.
Algumas vezes em nossas vidas clamamos nossa falta de sorte,
blasfemamos o nome de Deus, porém não sentimos sua
presença.
Quando deparamos com os pedriscos do destino em nosso
caminho, não percebemos que as grandes pedras foram
removidas.
Como o vento que sopra do Norte em nossas costas, ele poderia
estar em sentido contrário, trazendo sua força como obstáculo, e
em seu encalço a areia direto aos nossos olhos.
Metáforas da vida.
24
Como a chuva que cai no momento certo, refrescando e
hidratando nossa pele surrada pelo sol.
Ela poderia não vir, deixando-nos com sede e calor.
Leandro Campos Alves.
25
Algumas vezes na vida, olhamos para o que temos a
ganhar no futuro, e o que ganhamos no passado, porém
esquecemos-nos de olhar para cima ou para dentro de nossos
sentimentos, e ver quem realmente é nosso promissor, para
podermos agradecer as nossas vitórias. Então eu não podia
deixar de referencia as graças conceptas a mim, por esta força
maior, que nos protege, reprime, e nos ama.
Ao nosso Deus eu agradeço na forma do dom por mim
concepto.
Minha Prece ao Senhor.
Nos dias de aflição,
sinto o frio de minha alma,
dentro do meu coração.
Corro para minha humilde canção,
em busca da face do senhor,
para acalentar meu viver,
e deixar mais alegre o meu ser.
Oh! Senhor meu pai,
acolhe-me em sua sombra,
traz-me o puro amor,
retirando de meu peito esta dor.
Tenho sede do saber,
de seus conselhos para minha alma absorver.
Junto ao desejo,
de em Cristo crer.
Metáforas da vida.
26
Lembro-me de seus ensinamentos,
que a todo instante,
consola os meus lamentos.
Pois oh! Pai eterno...
Cristo cuide dos filhos seus,
e não deixa-nos a mercê dos filisteus.
Busco então sua face Senhor,
clamando o perdão,
na essência de meu puro coração.
Escute o meu clamor,
que sobe aos céus,
em seu louvor.
Pois Pai justo e eterno,
dê-me seu afago,
para tirar este gosto amargo,
daqueles pecados,
que ainda não foram julgados,
por ti oh! Senhor.
Pai eu te peço não só em meu nome,
mas em nome de todos os homens,
que se esqueceu de ti em suas preces.
Leandro Campos Alves.
27
Também peço por aqueles incrédulos,
que não te agradecem a vida,
que a nós foi concedida,
pelo seu poder,
que nos fez viver.
Ainda lhe digo,
para estarmos contigo,
e termos seu ombro amigo,
não só em hora de paz e amor,
mas também no conflito e na dor.
Pai em preces eu peço,
e também agradeço,
o conforto cedido por ti o Senhor.
Agradeço não só em meu nome,
mas em nome do mundo inteiro,
e digo oh! Meu companheiro,
sou grato pelo seu imenso amor.
Fazendo de minha alma sua moradia,
deixando-me em sua companhia.
Como em toda oração,
despeço com a grande emoção,
por levar a ti este louvor,
a casa de meu Senhor,
o meu bom pastor.
Poema publicado na antologia:
Nasce um poeta.
ISBN 978-85-64706-46-0
Metáforas da vida.
28
Menção de Despedida. Minha homenagem a poetiza.
Letícia de Barros 1972 a 2014
Hoje a perda bate a porta.
Perda dolorosa.
Perda nobre.
Que dói e vai deixar muita saudade,
a todos os amigos de nossa Liberdade.
A poesia hoje está em luto,
mas os anjos estão em festa.
Para receber a poetisa,
minha nobre amiga Letícia.
Sua vontade de viver,
é o exemplo que temos que ter.
Amiga leal.
Filha amada.
Irmã companheira.
Esposa cúmplice e parceira.
A saudade será eterna.
Mas peço a Deus que derrame todo seu amor,
e dê conforto para abrandar a dor,
a todos os seus familiares.
Pois em fé vos digo...
Leandro Campos Alves.
29
“ Ainda que eu andasse pelo vale da sombra morte,
não temerei mal algum,
pois tu estás comigo,
a tua vara e o teu cajado me consolam”.
Durma em paz amiga,
e que Deus lhe acolha em seus braços,
harpeando sons líricos,
para recebê-la
em sua nova morada.
Metáforas da vida.
30
TEMPO.
Gostaria de ter o poder sobre o tempo,
tempo saudoso,
tempo virtuoso,
mas cruelmente maldoso.
Ah passado distante da vida real,
presente indiscreto,
e futuro incerto.
Juventude perdida,
num laço da vida,
que me lembro da sua partida.
Ah tempo, Tempo, tempo...
Que na cronologia passa rápido demais,
e nos deixa apenas as lembranças,
nelas as antigas esperanças.
Hoje homem, mulher ou criança,
para nós ontem o tempo passou,
em seu rastro ele nem nos saudou.
Deixando um gosto da vida,
vivida,
porém mal curtida.
Ah tempo que não se tem controle,
carrasco dos homens.
Ao passar por nós,
deixa-nos a melancolia saudosa da nossa juventude.
Leandro Campos Alves.
31
Com a lembrança dos nossos amigos,
que certamente mais que amigos, irmãos,
companheiros e amores de nossa vida.
Que um dia fizeram parte de nós,
mas que esse tempo algoz,
decepou-nos,
amordaçou-nos,
enterrou em nossas próprias lembranças.
Nossos juramentos de amizades eternas,
feitas ainda quando crianças.
Ah tempo impetuoso.
Em seu caminho segue ceifando suas vitimas,
sem olhar para trás,
deixando o seu sinal tubuloso,
e marcas nas suas frontes,
dos obstáculos da idade,
que não somos capazes de transpô-los,
deixando-nos sequelas.
Das saudades talvez,
ou do passado outra vez...
Ah tempo. Tempo... Tempo...
Poema Publicado na antologia:
Nasce um Poeta.
ISBN 978-85-64706-46-0
Metáforas da vida.
32
Vida.
Não sei se vivo a vida,
ou se é ela que vive em mim,
sendo apenas minha grande amiga,
ou quem sabe outrora,
minha própria inimiga.
Sou instrumento de seus desejos,
que sendo ela moleca, e sorrateira,
algumas vezes se faz de zombeteira.
Acordo em minutos e vejo,
que também tenho desejos.
Porém a vida corriqueira,
mim leva em seus braços,
deixando meu ser no caminho
de seus entre laços.
Mostrando ser ela,
não só aquela companheira,
mas sim...
Dona de minha reles alma,
sendo a senhora verdadeira,
de minha vida estradeira,
neste mundo abstrato,
de nossos próprios atos.
Vida bem vivida,
ou apenas construída.
Ela tem os seus encantos,
impõe medo aos profanos.
Leandro Campos Alves.
33
Mas é ela grande amiga,
e sabe à hora até de nossa partida.
Penso em sonhos hilariantes,
e vejo a vida erguida,
na base de minha história,
que deixo na minha memória.
Penso e reflito firme,
Sou eu que vivo a vida,
ou a vida que vive em mim.
Assim levo o meu viver,
até o fim do meu ser.
Poema publicado na antologia:
Além do Olhar.
ISBN: 978-85-8290-025-3
2014.
Metáforas da vida.
34
Bodas.
Não quero o seu sacrifício,
quero a sua felicidade.
Por isso eu me realizo,
com a nossa cumplicidade.
Digo isso com a certeza,
porque não vejo só a sua beleza.
Temos uma afinidade,
que foge a realidade,
das razões da nossa sociedade.
Nossa amizade é de alma,
e isso me acalma.
Quero muito bem a você,
por isso lhe dedico este poema,
com este belo tema.
Você não é só uma simples mulher,
esposa, mãe ou companheira.
Você é a pessoa,
que escolhi como minha metade,
para toda eternidade.
Leandro Campos Alves.
35
Por isso além de te amar,
quero deixar em versos meu registro,
o tamanho de nosso amor,
que sobrevive após tantos anos de casados,
sempre juntos e ligados.
Por este forte laço,
deixo este poema,
para ficar eternizado.
Poema publicado na antologia:
Além do Olhar.
ISBN: 978-85-8290-025-3
2014.
Metáforas da vida.
36
Essência Feminina.
Toda mulher é bem mais que esperamos,
não é apenas um belo corpo,
como nós homens a enxergamos.
Por isso é que não as entendemos,
as mulheres que contemplamos.
Por nossa brutalidade,
composta pela nossa falta de sensibilidade.
Nós as olhamos como presas,
esta é a pura realidade,
de nossa natureza.
Mas a mulher na verdade,
quer ser vista por suas qualidades,
e não pela sua sensualidade.
Quando o homem souber,
os segredos que envolvem uma mulher.
Ele terá alcançado,
a alma do desejo da mulher de fato.
Mulher no singular,
expressa a afeição,
que sentimos em nosso coração.
Ela possui a face maternal,
mas sabe também doar seu amor carnal.
Leandro Campos Alves.
37
Essência feminina,
mulher que nos domina.
Ao decifrarmos seus enigmas,
notaremos a nossa ignorância,
e como é simples entendê-las,
basta esquecer a nossa arrogância.
Arrogância de homens brutos,
porque não usar a franqueza,
e aceitar que somos xucros,
infelizmente é parte de nossa natureza.
Esta é a nossa fraqueza.
Mulher só quer...
Ser amada.
Contemplada.
Cuidada.
E admiradas.
Mas jamais maltratas.
Essência feminina,
isso me atrai e domina...
Poema publicado na antologia:
Além do Olhar.
ISBN: 978-85-8290-025-3
2014.
Metáforas da vida.
38
Nostalgia
Hoje sinto Saudades...
A nostalgia tomou conta de mim, ao olhar uma criança
inocentemente brincando na rua, correndo de um lado para o
outro ao redor da bicicleta de seu amiguinho.
Esta criança me arremeteu aos meus quatro anos ou pouco
mais.
O menino peralta e obediente corria com os passinhos curtos
da liberdade me dando a certeza de que ele estava com os passos
do aprender a correr.
Em sua alegria e perseguição a bicicleta de seu amigo, o
menino era supervisionado por sua avó.
Minhas lágrimas rolaram a minha face queimada pelo sol e
pelo tempo, e meu coração ficou pequeno diante da saudade e
das lembranças.
Voltei na lembrança da minha infância.
Saudades do tempo que nada tinha que preocupar ou pensar,
onde a única obrigação era acordar cedo para brincar e comer.
Saudades do tempo que ficou pra trás.
Lembro-me do amanhecer de meus sonhos, despertados pelo
beijo materno e o aroma do café quentinho vindo da cozinha.
A que café...
Pão com manteiga natural e café com leite, até do leite que
pouco gostava hoje me deu saudades.
Após o café eu corria para o quintal, meu quintal de alegrias,
meu parque encantado de diversão.
Naquela época lembro-me de meus pais ainda jovens que
lutavam para vencerem, e traziam o amor aos filhos com afago e
beijos.
Saudades que me aperta o peito e me leva à infância.
Leandro Campos Alves.
39
Infância que eu e meus irmãos ficávamos protegidos do
mundo, e vivíamos no mundo da infância, no mundo encantado
de nossas imaginações. Não precisávamos de muito para
viajar em nossas brincadeiras.
Uma batata e quatro palitos viravam vacas e boizinhos.
Uma lata de sardinha vazia virava um belo caminhão trucado,
e porque não nos lembrarmos da lata de “tomate elefante”, que
depois de descartada por nossa mãe, virava uma bola de futebol,
coitado de nossos dedos e calçados!...
A saudade que me embriaga na solidão da noite...
Com frutos de café, tínhamos ovelhas e carneiros, todos
coloridos e de tamanhos diversos. Cada um tinha sua fazenda, e
aquela lata de sardinha virava um caminhão de boi, que
carregava nossas criações de uma fazendinha a outra.
Mas as distâncias de nossas fazendas eram longas, na mesma
proporção de nossos sonhos.
Lembro-me do caminhãozinho de sardinha viajando pelas
estradas no terreiro de terra, ou subindo nas mesmas feitas no
barranco que ficava ao fundo de nosso quintal.
Éramos belos construtores e engenheiros dos sonhos.
A que saudades...
Naquela época eu sentia o aroma da juventude de meus pais.
Imagina, hoje não sinto nem mesmo o aroma de minha
própria juventude!...
O passado nos deixou suas marcas, e minha infância apenas
as lembranças.
Ah! Se eu pudesse parar o tempo naquela época e eternizar
minha infância.
Parar o tempo no exato momento em que estaríamos
protegidos debaixo das asas de nossos pais, e sentindo o abraço
amigo e protetor de meus irmãos.
Quantas saudades, que ternura!
Metáforas da vida.
40
Uma simples criança fez nascer a lembrança que há tempos
estava escondido em meus pensamentos.
Hoje não posso dizer que os sentimentos fraternos da infância
acabaram com a maturidade, sei que os sentimentos existem,
porém tenho a certeza também que o passado enterrou na nossa
infância a inocência de nosso mundo colorido.
Ah! Maturidade maldita...
Ah! Maturidade cruel...
Maturidade que acabou com nossos sonhos e projetos.
Maturidade que mata o tempo e faz nossa vida passar, sem
mesmo vê-la chegar.
Ah! Saudade!
“Saudade do colo de mãe”.
“Saudade do abraço de pai”.
“Saudade de sentir o calor fraterno nas noites frias de inverno,
todos debaixo do mesmo cobertor, comendo pipoca e vendo
tevê”.
Saudades...
Saudades de embrearmos naquele mundo que hoje não existe
mais...
Saudade de brincar com aquele menino que me trouxe estas
lembranças, como se tivesse sua idade.
Simplesmente Saudade...
Leandro Campos Alves.
41
Carta a Humanidade.
Algumas vezes apontamos as falhas dos outros.
Mas que falhas?
Se não conseguimos encontrar as nossas próprias.
Somos errantes sim!
Mas devemos aprender com nossos erros, e não lhes ocultar nas
sombras dos outros.
A vida é mesmo engraçada.
Ou quem sabe irônica?
Não sentimos remorso nenhum e nem dor, ao tocarmos na ferida
de um amigo.
Porém, escondemos as nossas feridas aos olhares da sociedade
para que não sejas tocada.
Humanos!
Quem somos nós?
Juízes outrora Deuses, capazes de julgar e considerarmos
perfeitos.
Humanos!...
Quem nós somos?
Quando sentimos ameaçados, esbravejamos, encantoamos em
nossos medos.
Mas na contramão do amor.
Quando ameaçamos o próximo, crescemos na embacia da
retidão.
Será que somos o espelho da justiça?
Metáforas da vida.
42
Humanos!
Como amamos?
Se amar é apontar as falhas do próximo,
esquecemos que é o próximo que nos ama.
Humanos!...
Sois justos?...
São Deuses?...
Sois perfeitos?...
Humanos!...
Quem nós somos?
A dor que hoje tu levas ao amigo,
poderá ser a mesma dor que sentiras,
quando este mesmo amigo lhe der o conforto de seu amor.
Humanos!...
Quem nós somos?...
Poema publicado na antologia:
Nasce um Poeta.
ISBN 978-85-64706-46-0
Leandro Campos Alves.
43
Acróstico para Álvares de Azevedo.
Alma de poeta,
Livre como uma criança.
Viveu no Rio de Janeiro
Álvares de Azevedo.
Romancista, poeta e cronista,
Eis que morreu cedo.
Saudoso menino Paulista.
Deixou vários poemas e manuscritos,
E só uma por ele preparada para ser publicada.
Após sua morte nasceu a “Lira dos vinte anos”.
Zanzando em seu cavalo um tombo levou.
E após a uma cirurgia sem anestesia.
Visivelmente ele se desfaleceu.
E com seus vinte anos, Azevedo morreu.
Dedico a este grande poeta,
Os versos acrósticos aqui redigidos.
Metáforas da vida.
44
O Sol e a Lua, amantes perfeitos.
A névoa do amanhecer arde a pele dos homens e ofusca a
visão do dia.
No passar dos minutos, os raios solares vem quebrando esta
frigidez e, embrenhado entre as montanhas quebra o frio do
rastro da noite.
O Sol vem de manso clareando o dia e aquecendo a terra,
mesmo sendo nosso astro rei, ele guarda sua tristeza pela
distância de sua amada, afastando do seu redor qualquer
companhia celestial, isolando-se no celeste azul do dia, mas nos
brinda com o calor de seu corpo.
Algumas vezes o Sol lamenta e deixa suas lágrimas caírem
ao chão, entretanto para não mostrar sua tristeza, ele se abranda
e tampa seu rosto com a lírica tristeza cinzenta das nuvens.
Companhias estas que raras vezes ele admite no feltro celeste de
seu manto.
As suas lágrimas descem em formas de gotas de chuvas,
porém mesmo triste o Sol nos abraça com o seu calor e a sua
claridade.
Ao cair do dia, para presentear sua amada e mostrar seu
amor eterno, o astro rei brônzea o céu com sua cor tonalizada,
de saudade e paixão.
Amor por alguém que nunca viu.
Amor que o faz ficar acordado em noites árticas, tomando a
noite pelo dia, na forma de presentear sua amada, pelo descanso
do Sol da meia-noite.
Por sua vez, sua amada retribui o seu imenso amor, se
sacrificando algumas vezes ao tomar seu brilho e calor, pelo
eclipse diurno.
Seus braços nunca se encontram e tornam-se amantes de
sonhos.
Leandro Campos Alves.
45
A escuridão veste o corpo celeste, que ao invadir
tristonhamente o céu, a dama da noite se anuncia com seu brilho
ofuscante, tornando-a amada e amante, que quebra o frio da
vida, trazendo aos amantes humanos o exemplo do calor do
amor.
Amor este que não se pode doar ao seu amado.
Mas abraçando a donzela da noite amada, o céu reveste
astros e planetas com focos luminares pequenos, pois seus
brilhos não podem ofuscar a mais bela amante, a rainha do
corpo celeste noturno.
E na contraposição do frio e da tristeza que a noite traz, os
homens se encantam pelo amor erudito dos astros, e por mesmo
diante de tão crua realidade, inspira e aquece o amor eterno.
Lua e Sol se amam.
Enquanto o Sol aquece a terra, para deixar o calor
atravessar a noite e aquecer sua amada.
Da mesma forma, a lua muitas vezes se enche de luz, com a
intenção de atravessar o dia e encontrar seu amado. Deixando-
nos vê-la nua ao nascerem os primeiros raios de seu amante no
horizonte matinal.
A lua timidamente ao oriente, enquanto seu amante nasce
robustamente no ocidente.
Dois astros amantes, que aquece nossos corpos e nossos
corações.
Mas totalmente em lados opostos.
O Sol nos mostra o calor de nossos corpos, o astro que nos
dá a vida.
Enquanto a Lua nos traz o calor dos amantes, mesmo na
escuridão e na fria brisa de suas noites, são nelas, que a
humanidade se entrelaça no queimor da paixão.
Dois amantes, dois astros, dois amores impossíveis.
Metáforas da vida.
46
Que tem seus desejos complementados, nos braços dos
homens.
O romance nasce através dos olhares perdidos, dos afagos
recebidos e das palavras bem ditas.
Como o Sol, astro forte e masculino que nos abraça e
aquece com seu calor maestrino do universo, a Lua por sua
sensibilidade feminina nos reflete seu amor e embeleza as noites
frias de outono, completando-se um ao outro.
Que seria do dia sem a noite, ou da noite sem o dia?
Como o romance entre Romeu e Julieta, a metáfora do
amor que mesmo que o mundo se acabe, eles se abraçarão em
única explosão de sentimentos. E assim, a noite e o dia se
tornarão o breu do nada, o breu do fim, o breu de um romance
relâmpago, a vida em seu apogeu.
Leandro Campos Alves.
47
Pétalas de Outono.
Ao ver-te.
Meu peito sucumbiu à paixão.
Ao falar-te.
Aumentou o palpitar deste pobre coração.
Seu cheiro suave abraçou-me,
Você carinhosamente envolveu-me.
Senti por ti o desejo aumentar minha emoção.
Minha vida então a pus em suas mãos.
Perpetuei-te e admirei-te.
Com zelo a ti entreguei-me.
E ao amor então cedemo-nos.
Se mil vidas eu tivesse,
Mil vidas eu te daria.
E você novamente eu amaria.
Como as raras pétalas de Outono.
O amor que se perpetua hoje é raro.
Metáforas da vida.
48
Perda.
A noite desce no horizonte,
e faz-me ver como sinto sua falta.
Eu procuro em minhas lembranças,
o vestígio do nosso amor.
Mas qual amor?
Se lhe magoei, humilhei e lhe deixei.
Naquele dia vi suas lágrimas clamarem meu carinho,
o meu abraço e meu calor.
Senti você suplicar um pouquinho só do nosso amor.
Porém não me importei com a sua dor.
Ignorei seus sentimentos,
dei-lhe as costas e parti,
e hoje aqui estou com meu lamento.
Abraçado com a noite solitária,
embriagando-me de saudades.
Pela falta da minha cara metade.
O tempo passa e não te esqueço,
dói-me a perda, mas eu mereço.
Não dei o devido valor,
ao tamanho do nosso amor.
À noite e as farras,
os colegas e os bares.
Foram a minha perdição e sentença.
Perdoe-me por fazê-la sofrer.
Hoje sei que fui seu carrasco,
e mereço ter como companhia,
a solidão das noites frias.
Leandro Campos Alves.
49
Reflexão.
Nós nos perdemos em nossos pensamentos,
relembrando muitos momentos,
quem sabe apenas por saudades,
ou em busca de nossas felicidades.
Confuso nós lembramo-nos do passado,
família, amigos e amores eternos.
Que aperta nossos peitos cansados,
pela lembrança de nosso passado.
Porém devemo-nos lembrar,
que o presente por Deus nos foi dado.
E a vida nós devemos celebrar,
e nossas famílias e amigos abraçar.
Por sermos por eles amados,
até mesmo podemos dizer,
que por eles somos admirados.
A nossa alegria está no agora,
o futuro amanhã será nosso passado,
e a morte poderá estar ao nosso lado,
na qual um dia a encontraremos de fato.
Então por que viver desolado,
com saudades do tempo errado,
e deixar nossa vida passar,
sem amar quem vive ao nosso lado?
Metáforas da vida.
50
O passado foi o tempo lembrado,
o futuro até foi citado,
porém devemos viver o presente,
vivendo ele intensamente e amando eternamente,
para que no amanhã saudemos novamente,
este tal passado,
que por nós sempre é recordado.
Até mesmo considerado melhor que o presente citado,
este tal tempo passado...
Leandro Campos Alves.
51
Caminhante da Paz.
Eu sou um caminhante desta vida,
o que leva a palavra amiga,
que conforta o aflito,
e acalma o seu conflito.
Mas eu sou,
o andante sem destino,
o amigo que está contigo,
que conforta o seu amor ferido.
Eu sou,
a parte do tempo perdido,
a conciliação do amor rompido,
escuta o que eu digo,
eu sempre a quero comigo.
Mas eu sou,
aquele que você não vê,
mesmo assim em mim você crê,
pois sou a essência de seu viver.
Sou a sua prova vencida,
e o verdadeiro sentido da vida.
Pois eu sou,
aquele que lhe traz conforto,
aquele que escuta o seu lamento,
que rogaste neste exato momento.
Metáforas da vida.
52
Sou o destino das escrituras,
o juiz justo desta sentença,
para o pecado da demência,
e o perdão para o inocente,
deste mundo decadente.
Sou aquele que lhe ama,
mas não se engana,
desta palavra de amor,
pois sou dele o único semeador.
Sou simplesmente a essência,
da vida ou da morte,
também sou aquele que dará clemência,
pela sua obediência,
meu filho e filha querida.
Recebam agora as minhas bênçãos,
em forma desta oração,
que abrandou seu coração,
neste momento de reflexão.
Leandro Campos Alves.
53
O que é o amor?
Dizem que amar é sentir o palpitar galopante do coração do
parceiro na hora do apogeu.
O apogeu do clímax da paixão.
Com os corpos suados,
lábios molhados,
as pernas bambas,
e a respiração descompassada,
e nossa alma descansada.
Mas ao contrário do que diz o coração,
amar não é apenas sexo.
Luxuria, cheiro e tesão.
Quando ficamos a bailar nos braços um do outro,
em caricias e afagos melados,
jogando roupas e palavras para todos os lados.
Imaginamos que estamos amando.
Porém ao sair daquele momento,
e deixar o prazer acalmar,
o coração diminuir seu palpitar,
e as palavras calarem.
E espaço para nossa razão começar a falar.
Compreendemos que muitas vezes apenas viramos para o lado e
dormimos,
ou quem sabe nem isso...
Apenas ignoramos nossos sentimentos e saímos.
Metáforas da vida.
54
Vestimos peça a peça a roupa que ficou espalhada pelo chão,
sem lembrarmos-nos da paixão,
dos beijos e abraços.
Deixamos a parceira sem ver o que sente seu coração.
Saciado pelo ato,
de amar ou do pecado.
Damos as costas e partimos,
e isso é um fato.
Quanto o amor nasce o tesão morre.
Mas e com o desejo, o que ocorre?
O que é o amor?
Palavras, luxúria, desejo ou excitação.
Ou apenas momentos de prazer,
entre a relação dos seres humanos.
Que se esquece de sentir o que fala o coração.
A relação passa em minutos,
o êxtase dura apenas alguns segundos.
E o amor?
Será que é apenas uma tapinha na bunda,
um beijo corrido,
e um até amanhã que nunca chega?
Desejo, amor, sexo ou paixão,
quiçá podemos dizer?
Que é parte da própria desilusão?
Leandro Campos Alves.
55
A marca do desejo mostrado na cama,
lençóis desarrumados,
corpos despreparados,
roupas penduradas e espalhadas.
E nossos sentimentos dês-ritmados.
E no amanhã o desencontro,
sexo apenas sexo.
Este é o amor que hoje vivemos?
Ou sempre foi assim,
e nunca percebemos?
Amor, o que é o amor?
Meu peito arde de dor,
minha razão dormente me ignora,
mas sei,
que amar é mais que podemos dar.
Amar é o complemento da excitação.
É o conjunto da paixão.
É o sentimento morto no passado,
que acho necessário,
tê-lo no peito ao acordar.
Do lado da mulher,
que um dia me fez sonhar,
chorar, sorrir e amar.
Amar, apenas Amar...
Metáforas da vida.
56
Valores.
Meu peito arde.
Arde pela vida confusa,
pelos amores conturbados,
pelos valores trocados.
Meu peito arde.
Pela desilusão,
pela falsa paixão.
Ou quem sabe?
Arde pela minha própria agonia,
ao ver o mundo se perdendo,
e tudo se corrompendo.
Valores hoje são trocados,
o que um dia foi certo,
hoje vejo que é errado.
Por outro lado,
o errado é infame,
parece normal e aplausível,
certo e compreensivo.
Mundo de desencontros,
mundo de sonhos perdidos,
mundo de amores trocados,
mundo que não conheço mais.
Será que o amor significa ódio?
E odiar é o mesmo que amar?
Leandro Campos Alves.
57
Hoje desabafo nas letras,
desabafo em lágrimas,
desabafo em minha solidão.
Meu peito arde.
Meus sonhos morrem,
e o mundo continua seu ciclo.
Porém onde estão os valores da vida?
Valores que estão morrendo pela evolução do homem,
valores são sepultados e com eles,
a alegria parte.
Meu peito hoje está em luto,
meus sonhos mortos pelos valores do mundo.
Minhas lágrimas caem pela falta da boêmia.
Mas ainda acredito que os valores renascerão,
e descobriremos o verdadeiro sentido de amar.
E dos galanteios a corte dos amores,
a serem conquistados com ramalhete de flores.
Mas hoje meu peito arde...
Metáforas da vida.
58
Não tenha medo de seus projetos, Seja o construtor de sua própria história.
Leandro Campos Alves.
59
A Viagem.
A vida é um mar de alegria, diga-se de passagem: ainda
mais quando estamos acompanhados por pessoas extrovertidas
que carregam em sua natureza a alegria de viver, pelo qual tudo
é motivo de piadas.
Eu tenho o prazer de ter em meu convívio uma destas
pessoas, que só me faz rir com suas artimanhas e contos de
passagens por ele vividas.
Para mostrar como as coisas acontecem, contarei um
causo que começou durante uma viagem de passeio.
Eram minhas férias, e algumas vezes eu acompanhava-o
em alguns leilões agropecuários. Porém outras vezes estávamos
na roça com nossas famílias, à beira do fogão à lenha, tomando
uns aperitivos, “cachaça Mineira mesmo”, e comendo angu com
torresmo.
Mas voltando à viagem, logo nos primeiros raios de sol,
ouvi seu andar pelo corredor da casa de minha mãe em direção
ao meu quarto, e no meio da cozinha ele trovou meu nome.
___Acorda!! Já está na hora do almoço.
Isso às seis horas da manhã.
Quis tomar um café, mas ele me avisou que nós
buscaríamos outro amigo no sítio de seus pais e lá tomaríamos
café. Logo que chagamos ele foi à beira do fogão à lenha e
começou a esquentar a comida, nesta hora eu já estava varado de
fome.
Enquanto seu amigo acordava, ele me deu um prato
fundo e chamou para comer.
Acreditem, sete horas da manhã e ele estava comendo
arroz com feijão e carne de porco na gordura, com a fome que
eu estava acompanhei-o naquele banquete.
Metáforas da vida.
60
Eu já estava satisfeito e achei que ele já tinha terminado,
quando este amigo me avisou que rebateria a fome com um
prato de macarrão.
Neste meio tempo juntou-se a nós um senhor de idade
meio avançada, que nos acompanharia durante aquela viagem.
Todos de barriga cheia, pé na estrada.
O ¨papo¨ corria solto na viagem, entre uma conversa e
outra, saia um piada e um conto, quando o assunto tomou um ar
de seriedade, pois aquele senhor avisou-nos que tinha comprado
uma fazenda, que ficava no percurso do nosso caminho, e
combinamos de passar por ela para conhecê-la.
A estrada era cheia de curvas, aclives e declives, quanto
deparamos com uma longa reta, e à margem direita da estrada,
uma fazenda com terra que se perdia no horizonte.
Neste momento aquele senhor pediu para meu amigo
parar o carro, pois ele estava apertado e queria mijar.
Ao encostar o carro descemos os três, mas cada um
virado para um lado, quando ouvimos um longo suspiro de
nosso amigo.
____ Aaaaaahhhhh!... Como é bom mijar no que é da
gente.
Fiquei surpreso, realmente era uma bela fazenda aquelas
terras, e agora sabíamos a quem pertencia.
Então perguntamos em coro.
___ A fazenda do senhor é aqui, parabéns, uma bela
terra.
Rindo ouvimos sua resposta e nossa tréplica.
___ A fazenda não é minha.
___Mas o senhor mesmo acabou de falar “como é bom
mijar no que é da gente”.
___Rsrsrs, pois é!...
Leandro Campos Alves.
61
___ Acabei de mijar na minha botina. Na minha idade
não conseguimos mais mijar para frente, completou nosso
companheiro de viagem.
A vida é feita de pequenas passagens, basta sabermos
tirar aproveito delas.
Metáforas da vida.
62
A História do “Bata ti Bata tá.”
A história do “bata ti bata tá” aconteceu na década de
setenta.
Seu protagonista era uma criança com muita maturidade
apesar de seus seis anos de idade. Ele parecia um homenzinho.
Suas brincadeiras deste muito novo eram maduras e seus amigos
eram na maior parte todos senhores de idade avançada, talvez
por este fato este jovem tenha adquirido uma educação
primorosa para sua idade.
Seu nome era Giovane.
Um dia ele estava brincando no quintal de sua casa, e
normalmente suas brincadeiras eram muito silenciosas, mal se
ouvia seus tropeços, deixando ali reinar a quietude e a paz
naquelas tardes.
Enquanto Giovane brincava sozinho, Virginia sua mãe,
cuidava de Léo seu irmão mais novo, mas repentinamente todo
aquele silêncio foi quebrado pelos pequenos passos a galope que
indicavam a corrida desenfreada de Giovane.
Virginia ao ouvir seus passos olhou para trás e viu
entrando pela cozinha o pequenino com os olhos estatelados,
dizendo:
___ Mamãe! Mamãe! O “bata ti bata tá” não quer
parar! Ajuda mamãe!
Virginia assustada tentou entender que história era aquela
de “bata ti bata tá”.
Ela nunca tinha escudado este termo até então.
Giovane muito assustado tornou a pedir ajuda por mais
duas vezes, sempre mostrando com o dedinho indicador à
direção da garagem.
Leandro Campos Alves.
63
Foi então que percebendo que sua mãe não o entendia,
Giovane pegou-a pela mão e a conduziu até o jipe que estava na
garagem, mostrando-a o limpador do para brisas que estava
ligado.
Não era preciso mais nenhuma explicação, eis que se
mostra a origem daquele termo. “Bata ti Bata tá”.
Virginia escutou que ao deslizar suas palhetas do
limpador de para-brisas no vidro seco fazia o barulho, bata ti
bata tá.
Depois daquela tarde tenho por mim descoberto, que as
palhetas que limpam o vidro dos carros, não chamam mais
limpadores, e sim, “Bata ti Bata tá”.
Copla do romance Instinto de Sobrevivência.
Metáforas da vida.
64
O Causo da Pescaria.
Peço licença para contar um causo a vocês.
Um causo real, que aconteceu comigo mesmo,
imaginam?
Mas antes quero defender as sogras do país, pois que
fama ruim elas “pegaram”, coitadas!...
São pessoas maravilhosas que não merecem a fama que
levam, e defendo-as por amor mesmo, pois sogra é uma pessoa
amiga, amada, companheira e conselheira. Não tenho vergonha
de declarar a minha paixão por elas. Imaginem que amo de
paixão a sogra de minha esposa.
Mas falando em sogra vou contar o causo acontecido
comigo.
Dizem que existem pessoas friccionadas em pescarias, e
isso eu “agaranto”, pois aqui em casa temos dois, ou para ser
franco digo um, pois o outro passou do ponto de friccionado,
para um fanático ele não serve.
Os dois são.
O meu sogro e meu menino mais velho.
Imaginem que meu menino, quanto era “piquititinho” já
era apaixonado por uma pescaria, se eu achasse na rua uma poça
d’água, e arrumasse uma vara de pescar para ele, com certeza
ele ficaria o dia inteiro tentando pescar algum peixe.
Ah! Coitadinho!...
Mas digo que ele ficaria sem nenhum problema na maior
alegria e não se chatearia momento algum por estar pescando
ali, em uma poça d’água sem peixe.
Mas pesando bem... Ele arrumaria uma briga danada
comigo sim, mas na hora de tirá-lo daquela pescaria.
Leandro Campos Alves.
65
Para ver como são doidos pelo esporte da pescaria, mas
só pelo esporte mesmo, pois nunca vi meu menino comer um
peixe, ele não gosta.
Isso porque meu filho era ainda novinho, agora imagina
o fanatismo do meu sogro.
Um dia aconteceu uma história engraçada aqui em casa.
Havia três meses que não nos víamos, e ele veio nos
visitar, chegando em nossa casa no cair da tarde de sexta-feira.
Quando o carro parou em frente à nossa casa, minha
sogra desceu toda alegrinha morrendo de saudades,
cumprimentando a todos. Meu sogro também todo alegre, assim
que pôs os pés para fora do carro, falou:
-- Vamos pescar?
Meu menino pulou no colo dele e já queria entrar no
carro para ir pescar, porém a noite já estava caindo e foi um
custo tirar esta ideia da cabeça do menino.
No sábado de manhã, logo que o sol raiou ouvi passos
dentro de casa, mas como era sábado, resolvi dormir mais um
pouquinho, e deixei para me levantar às oito horas.
Assim que entrei na cozinha para tomar café, vi sobre a
mesa uma tralha de pescaria, acreditam?
Por algum motivo não fiquei surpreso. Meu menino veio
todo alegrinho chamando para ir pescar com eles.
Bem que gosto de pescar, mas em pleno sábado, logo ao
amanhecer, e de certa forma eu já sabia que antes do anoitecer
eles não sairiam da beira do rio.
Pensei em não ir, porém vendo a felicidade no olhar de
meu filho, não tive como negar.
Os dias estavam frios, eram meados do inverno, eu tinha
certeza que se fôssemos ao rio seria um tédio para mim. Pois
não pegaríamos nada. Já que tínhamos que ir pescar, convidei
Metáforas da vida.
66
meu sogro a ir num pesqueiro, assim o dia ficaria mais
agradável.
Aqui começa a história...
Logo que chegamos ao pesqueiro, às nove da manhã, o
local estava fechado.
Meu sogro então saiu de fininho e logo voltou
acompanhado por um jovem.
Eu conheci o rapaz e não acreditei no que vi, pois meu
sogro descobriu onde morava o dono do pesqueiro, e não perdeu
tempo e foi acordá-lo.
O rapaz com olhar vermelho e rosto inchado abriu o
pesqueiro com alegria e muito cordial. Como eu tinha amizade
com o rapaz, ele quis saber quem era o doido que havia o
acordado, então eu apresentei meu sogro e ficamos ali na
lanchonete conversando e passando o tempo, enquanto meu
sogro e meu filho foram para a beira do lago.
Começaram a chegar pessoas na lanchonete, mas
ninguém estava com intuito de pescar, eu fui até a lagoa, mas
como estava ruim para pescaria, retornei à lanchonete e logo em
meu rastro veio meu sogro indagando ao dono do pesqueiro se
na lagoa teria realmente peixe.
A resposta foi positiva:
__ Tem sim, mas ainda está meio cedo, e neste horário
no frio, eles demoram mesmo um pouquinho para começar a
puxar.
Imaginem falar isso para meu sogro, de pescaria ele sabe
tudo.
Na hora do almoço, eu fui para casa almoçar, mas meu
menino e meu sogro preferiram ficar pescando e comer qualquer
coisa no pesqueiro.
Leandro Campos Alves.
67
Já que está ruim mesmo, eu esperei o cair da tardinha
para voltar ao pesqueiro, assim eu pescava um pouquinho e logo
voltaríamos para casa.
Ao entrar no pesqueiro, achei estranho o movimento, o
bar estava lotado, e ao redor da represa somente os dois
pescadores.
Fui até eles e proseamos um pouco, vi que realmente os
peixes deveriam estar com frio mesmo, pois até aquele momento
não havia nem puxado no anzol.
Um senhor de meia idade passou por nós com sua vara
na mão, e andando ao redor da represa tentava também pescar
algum peixe.
Estava esfriando muito e chamei o sogro e o meu menino
para irmos embora, porém meu sogro falou que queria ficar só
mais um pouco, pois a hora de pescar era ao cair da tarde.
Voltei à lanchonete e continuei a conversa agradável
com o dono do estabelecimento. Do local em que eu estava, eu
tinha uma visão privilegiada do local da pesca, pois imaginem
que a lagoa tinha uns cem metros de largura e mais ou menos
uma légua de comprimento.
Logo a noite veio e com ela os dois pescadores se
juntaram a nós, meu menino com olhar brilhante de alegria, e
meu sogro reclamando um “bocado”.
Ele chegou falando ao dono do pesqueiro:
___ Rapaz eu acho que os peixes foram dar um passeio,
pois durante todo dia nem puxar no anzol eles puxaram. Tem
certeza que aí tem peixe?
___Lógico. Respondeu o meu amigo com certo ar de
zombeteiro.
Meu sogro não ficou muito contende com a resposta e
retrucou que apostava que não tinha peixe na lagoa, deveriam
estar todos mortos com o frio.
Metáforas da vida.
68
Meu amigo afirmou:
___ Peço para o senhor não me chamar de mentiroso,
pois isso eu não sou. Ontem mesmo nós fizemos a despesca do
local, e tenho certeza que após passar a rede na lagoa, eu mesmo
soltei uma tilápia nela, e o senhor não a pescou por falta de
sorte.
Meu sogro fechou a cara e depois começou a rir, acho
que ele queria na realidade era dar uns pescoções no dono do
pesqueiro, imaginem afirmar ter peixe numa lagoa daquele
tamanho e afirmar que tinha uma tilápia apenas!...
Começamos a rir.
Como eu conhecia o dono do pesqueiro e vi sua alegria a
abrir o estabelecimento pela manhã, eu tinha ter percebido que
havia algo de errado, ele fez de propósito aquela pegadinha, no
final começamos a rir.
Bem feito ao meu sogro e para nós, quem mandou
acordar um jovem trabalhador naquele horário.
Na volta para casa, já eram entorno de oito horas da
noite, começamos a rir.
Um peixe era o cardume total da represa...
Se precisarem de um pescador podem procurar outros,
lembram que eles não servem.
Até hoje uma lagoa, represa, rio, ou qualquer lugar que
possa ter peixe, se torna uma área de lazer pesqueira, não
importa se têm milhões de peixe, ou apenas um peixinho
solitário, este é o verdadeiro sentido da pescaria e dos amantes
dela.
Leandro Campos Alves.
69
Veneno para ratos.
A vida nos presenteia com algumas pérolas e causos, que
por momentos esquecemos no passado em algum instante no
tempo, mas num piscar de olhos nos lembramos destes
momentos que nos trouxera muita alegria e paz.
Eu lembro-me deste caso que aconteceu num dia como
outro qualquer, era o cair da tarde e o início de uma noite de
verão. Eu e meu futuro cunhado estávamos esperando a Ave
Maria tocar para encontrarmos alguns amigos e jogarmos
conversa fora.
Boa prosa, boa companhia e muito causo acompanharia
nosso “happy hour”.
Para não deixar a conversa vazia e meus amigos leitores
sem saber o que significa tocar Ave Maria irei explicar. Nas
cidades interioranas de nossas Minas Gerais ainda se conserva a
tradição de tocar nos alto falantes das igrejas a Ave Maria ao
cair das dezoito horas em ponto, e como todo bom mineiro, meu
cunhado só toma qualquer bebida que contém álcool depois
deste horário. Mesmo sendo feriado, finais de semana ou festas.
Mas voltando ao causo.
Estávamos numa mercearia que mais parecia um grande
mercado, pois tudo ali se encontrava: tudo mesmo, até pinico de
louça ainda existe lá para vender.
O proprietário daquele recinto era um senhor de seus
setenta anos, forte e altivo, com seus cabelos grisalhos, porém
de poucas palavras. Mesmo sendo amigo daquele senhor que
começo a tratá-lo por Antônio, eu só ouvia sua voz quando lhe
perguntavam alguma coisa.
Metáforas da vida.
70
Antônio sempre era objetivo e direto em nossas
indagações. Mesmo parecendo ele ser de pouquíssimos amigos,
era um senhor muito querido por todos.
Antônio sempre tinha a sua companhia auxiliando nos
negócios, seu filho caçula, que ao contrário do pai, era muito
falante e extrovertido.
Mas nesta noite em questão, em meio as nossas
conversas, pedidos de cervejas e tira gostos, entravam clientes
na mercearia e saía outros tantos.
Assim foi por longo tempo, mas um em especial nos
chamou a atenção, pois conhecíamos de longas datas e sabíamos
que ele era muito sacana e gostava de aprontar com todos.
Seu nome era João.
Tão logo entrou na mercearia cumprimentando a todos,
nos avisou que ele ensinar-nos-ia a comer carneiro ensopado,
mas esta é outra história que nem sei se terei coragem de contar.
Mas como sabíamos que boa coisa não viria dele,
começamos observá-lo quando ele aproximou-se do balcão para
fazer seu pedido.
Ao cumprimentar seu Antônio, João lhe perguntou se
tinha na mercearia remédio para ratos, pois sua casa esta cheia
deles.
Seu Antônio gentilmente respondeu que sim, porém
tinha ele saber o que tinha os ratos de João, se era dor de
barriga, dor de cabeça ou outra doença.
Achei um pouco de graça desta resposta, João merecia o
trocadilho, mesmo já tendo escutado em outras oportunidades
este dito.
A risada da turma foi geral na mesa em que estávamos,
foi quando João nos olhou e chamou Antônio de bobo, alegando
que além de velho agora ele estava fazendo piadinhas.
Leandro Campos Alves.
71
João desta vez com olhar sério afirmou novamente que
ele não queria remédio para seus ratos, e sim, veneno, pois para
falar a verdade os ratos nem seus não eram e sim intrusos de sua
casa.
Antônio buscou na prateleira um frasco plástico e
respondendo a João afirmou que tinha sim.
Antônio pôs o frasco sobre a mesa e pergunto se João
iria levar.
A resposta de João foi imediata.
“Não seu bobo, eu vou trazer meus ratos para comer
aqui...”
Sabíamos que João não sairia da mercearia sem dar seu
troco, foi uma algazarra geral depois daquela resposta e, o
senhor Antônio saiu de fininho deixando seu filho no seu lugar.
Assim vivemos a vida, aproveitando os pequenos
momentos.
Metáforas da vida.
72
Venda do Sítio.
Peço licença para contar um causo entre dois compadres
amigos.
Causo esse real como tantos outros que relato aqui, esta é
a minha vida, a vida de um jovem caminhante do destino.
Neste causo pela primeira vez, vou relatar a conversa
entre eles.
Um dos compadres é um jovem senhor bem sucedido na
vida, sendo ele um forte pecuarista que desde menino faz
negócios e barganhas, em sua região ele é conhecido por Pedro.
O outro compadre é um senhor de mais idade, que tem
seu sítio alguns hectares de eucalipto plantado, casa e curral
bem montados, além de ter em seu plantel quarenta vacas
leiteiras.
Um belo dia Pedro encontrou seu compadre em uma
estradinha rural de sua cidade. Cordialmente eles se
cumprimentaram e perguntaram de suas famílias
reciprocamente.
Logo após os comprimentos Pedro ouviu seu compadre
lhe pedir conselho, que foi mais ou menos assim:
___Compadre Pedro, eu queria mesmo falar “cocê”, ou
melhor, lhe pedir um conselho amigo.
___ Pode falar compadre.
___ “Ocê lembra do senhor Chiquinho?” Aquele que
mora na “corva”.
___ Conheço sim compadre, por quê?
___ Compadre Pedro, ele me procurou e me ofereceu o
dobro do valor que vale o meu sítio do Queimado, eu levei até
um susto ao ouvir o valor, e estou pensando bem na
Leandro Campos Alves.
73
possibilidade de vender, é muito dinheiro, o que o senhor acha
compadre Pedro?
___”Vixi”!... Acho melhor o senhor não vender não, pois
a fama de mau pagador dele é muito grande.
___ Mas compadre Pedro é muito dinheiro, eu nunca
tinha imaginado que minha terra valeria tanto.
___Mas mesmo assim, acho melhor o senhor conversar
com a comadre e pensar bem!
Assim eles se despediram e cada um voltou para seus
fazeres, ressaltando que Pedro morava em uma cidade vizinha,
mas como todo bom boiadeiro, ele é conhecido por toda região.
Os dias passaram e seis meses depois na mesma
estradinha rural, os compadres se encontraram para um conversa
casual.
___ E aí compadre Pedro? Tudo bem com você e sua
família?
___ Graças a Deus sim, e você e a comadre como estão?
___”Estamo bem”.
___Mas falando nisso, foi bom ver o compadre aqui.
Falou Pedro.
___E o sítio na Queimada, o senhor vendeu?
___ Vendi sim compadre Pedro, foi a venda mais bem
feita que eu fiz até hoje. Nunca imaginei vender aquele sítio por
tanto dinheiro.
___ Mas me fala uma coisa aqui compadre, o senhor
Chiquinho pagou direitinho?
___ Este é o único probleminha, ele não me pagou até
hoje, e eu já passei o registro da terra para ele.
___Bem que lhe aconselhei a não vender o sítio
compadre, e agora?
Metáforas da vida.
74
___ Não tem “poblema” compadre Pedro, receber eu não
recebi, mas vendi bem toda vida o sítio, sou muito esperto
“memo”, não acha compadre Pedro?
Se a situação não fosse real seria no mínimo sarcástica
para Pedro.
Belo negociante esse compadre de Pedro, vocês não
acham?...
Leandro Campos Alves.
75
Fraternidade.
A nossa infância marca muito nossas vidas, e agora trago
um pedacinho desta história, um causo que ficou em nossas
memórias, pois éramos quatro irmãos muito unidos, e se alguém
incomodasse um de nós, todos se uniam contra o mesmo.
Tínhamos um acordo entre nós estipulados pela união
fraternal em que preferíamos que nossos amigos nos
machucassem, mas nunca a um de nossos irmãos.
Nós morávamos em uma casa de laje com a fachada para
a rua e em seu terreiro havia um pequeno barranco cuja sua
superfície era de nível com a laje.
Nesta pequena planície existia uma área com um
limoeiro e uma mexeriqueira, todas frutíferas e uma pequena
horta, lugar onde eu e meu irmão cultivávamos alguns legumes.
Um belo dia, meu irmão chegou em casa trazendo
consigo um amigo e este vinha gritando com ele e gesticulando
muito, como se o chamasse para briga, que logo veio a
acontecer.
Mesmo sendo uma briga de adolescentes, começaram a
ter agressões corporais, e meu irmão por sua vez tentou em
várias vezes escapar, mas as tentativas foram em vão.
Ao longe ouviu meu irmão gritar, fui então ao seu
encontro para ver o que estava acontecendo, foi quando me
deparei com a confusão, sendo ainda pequeno e percebendo que
não adiantaria entrar naquela briga, pedi para o agressor parar
com aquilo, mas meu pedido foi ignorado.
Então decidi que ajudaria meu irmão de alguma forma.
Subi o barranco até a horta e peguei vários limões que
estavam no chão, jogando-os sobre a laje de nossa casa, pois lá
de cima ficaria fácil jogá-los no agressor.
Metáforas da vida.
76
Tão logo subi na laje, comecei a bombardear o agressor
com as minhas munições, não se errava um limão, todos
pegavam em cheio no alvo.
Mas com tantos acertos, logo percebi que já estavam
acabando, sobrando somente um chuchu que estava entre os
limões.
Sem pestanejar peguei o chuchu e o fiz também de
munição, lancei-o como última esperança de ajudar o meu
irmão.
O tiro foi certeiro como tantos outros e, a briga acabou
em um único golpe, para a minha surpresa só errei o alvo, pois
desta vez acertei em cheio o peito de meu irmão.
O agressor desmanchou-se em risadas estridentes e saiu
caçoando e agradecendo-me, dizendo que nem mesmo ele faria
melhor.
Após passar a dor, eu e meu pobre irmão começamos a
rir daquele acerto.
Ele me pediu que da próxima vez acertasse os limões
nele e deixar o chuchu para seu oponente.
Ou deixá-lo apanhar, pois os golpes doeriam menos do
que aquele chuchu.
Copla do romance Instinto de Sobrevivência.
Leandro Campos Alves.
77
O Peralta.
Lembro bem que em minha infância, trabalhávamos
deste muito cedo, cada um em casa tinha seus afazeres, e como
não poderia ser diferente até mesmo meu irmão caçula,
Tiãozinho, tinha as suas obrigações.
Ele ajudava nosso pai no labor de nosso sitio, e o causo
aconteceu num dia que nosso pai não pode ir trabalhar e pediu
ao seu irmão, “nosso tio Francisco”, que fosse em seu lugar.
O dia passou como outro qualquer, mas um fato marcaria
aquela tarde para sempre.
As horas passaram e ao anoitecer meu irmão já havia
chegado e foi estudar, foi quando meu pai ouviu seu outro irmão
e sua cunhada chamá-lo, pois estavam à procura de Francisco,
seu irmão que havia saído cedo para o sítio e até aquele
momento não havia retornado.
Então eles decidiram ir ao sítio para ver o que estava
acontecendo, acreditando que talvez pudesse ser algum animal
doente e provavelmente este era o motivo do atraso.
Estranhamente lá chegando puderam observar ao longe
que as luzes estavam acessas, e as vacas estavam quase todas no
curral parecendo que ainda não tinham sido ordenhadas, pois
elas mugiam e seus bezerros presos nos estábulos replicavam
seus sinais.
Eles passaram entre os animais no curral confirmando
suas suspeitas, pois as vacas ainda não tinham sido ordenhadas,
começaram a chamar por Francisco, que logo na segunda
chamada, respondeu.
Sua voz vinha de dentro do estábulo, porém visualmente
não havia ninguém lá dentro, meu pai desconfiou que seu irmão
Metáforas da vida.
78
pudesse ter passado mal e caído no silo, então todos se dirigiram
em uma rápida caminhada para o local referido.
Lá chegando viu dentro daquele deposito cilíndrico,
construído verticalmente por uma perfuração no solo com
medidas de aproximadamente quatro metros de diâmetro por
cinco metros de profundidade, a figura de Francisco.
Ele estava muito bem por sinal, só tinha a aparência
furiosa de um animal preso. No momento em que foi
encontrado ele estava sobre um cume de silagem, na qual em
sua tentativa de fuga amontoou-as em um canto, chegando à
altura próxima à abertura da borda do silo.
Eram meados de setembro estes depósitos são feitos para
armazenarem extratos vegetais de milho triturados, que servirão
para alimentação dos animais na época da seca, sendo que à
medida que o trato é tirado o silo vai aprofundando-se ao
encontro de sua base de construção, necessitando muitas vezes
do auxílio de uma escada para entrar no mesmo.
Exatamente por este motivo, meu pai achou estranho
quando viu a escada em descanso na horizontal sobre a
extremidade do silo.
E se seu irmão estava lá dentro, como ele conseguiu tirar
a escada?
Francisco sempre foi um homem humilde, com um forte
caráter e muito honesto, no entanto um tanto explosivo, estava
sempre disponível quando precisassem dele, porém não aceitava
desentendimento por menores que fossem sem questionamento e
réplica, chegando a brigar literalmente por suas ideologias.
Temperamento este por se dizer igual à de seu sobrinho,
que com ele estava.
Meu pai desceu a escada no silo para que Francisco
pudesse ser retirado, então meu pai perguntou a Francisco como
ele conseguiu fazer a artimanha de se prender lá dentro.
Leandro Campos Alves.
79
Em fúria Francisco começou a falar sobre o causo,
chamando meu pai pelo nome.
¨ Carlos você tem que corrigir este seu filho, porque ele é
muito bom de serviço e prestativo quando ele quer, porém tem
uma personalidade impossível. Acredita você que eu desci no
silo para encher os balaios de trato, deixando-o aqui do lado de
fora para puxar os mesmos cheios por esta carretilha que fica
fixa no espigão do telhado, isto era entorno das quinze horas,
quando eu menos esperava nos desentendemos feio, eu queria
até dar um corretivo nele. Entretanto quando fui pegar as
ferramentas e encostá-las para subir as escadas, percebi uma
sombra se locomovendo atrás de mim, mas pena que percebi
isto um pouco tarde.
Tiãozinho quando viu que eu ia subir e lhe dar uns
tabefes, ele aproveitou o meu descuido e retirou rapidamente a
escada, ainda por cima falou que estava fazendo aquilo para que
eu pudesse refrescar a cabeça, e que a noite seria uma boa
conselheira.
Achei no início que ele não teria coragem de me deixar
preso aqui, mas com o passar das horas descobri que ele já tinha
até ido embora.
Em certo ponto tenho que admitir que o moleque tenha
caráter e personalidade, apesar de tudo. ¨
No momento que Francisco se encontrava já do lado de
fora, ainda trêmulo com a pele vermelha e ofegante como um
touro, eles tiveram um acesso de risos.
Carlos pediu ao seu irmão desculpas em nome de seu
filho, prometendo-lhe que falaria com Tiãozinho sobre o
assunto, no mesmo tempo que contou outra passagem que
aconteceu no sítio e teve com personagem principal o próprio
filho arteiro.
Copla do Romance Instinto de Sobrevivência.
Metáforas da vida.
80
Pneu em Fuga.
Tínhamos um comércio na década de oitenta, e o causo
que passo a contar agora aconteceu mais ou menos assim.
Meu pai adquiriu uma camionete para seu comércio, e
ela fazia a nossa alegria com o seu temperamento, pois parecia o
veículo ter vida própria e um gênio difícil às vezes.
Um belo dia já à tardinha, meu pai precisou fazer uma
grande entrega, carregando a camionete com sua carga máxima,
me chamando para ir ajudá-lo a entregar a mercadoria e estava
junto de nós um amigo chamado Batista.
Para chegar ao destino desta entrega nós percorreríamos
uma estrada rural, com suas curvas sinuosas, com aclives e
declives normais para uma região montanhosa.
O sol ia se pondo no horizonte deixando a tarde ainda
mais bela, os campos estavam verdejantes, com gados
murmurando sobre as suas pastagens, as seriemas ao longe
repicavam seu cantar anunciando a complementação da beleza
natural da região, que aos olhos dos viajantes das cidades de
pedra, viam-se nestas cenas as verdadeiras obras criadas com
maestria pelas mãos de Deus, para a alegria dos filhos seus.
Com esta paz que nos envolviam, entre uma conversa e
outra, e várias gargalhadas originadas das piadas contadas por
Batista, ultrapassou por nós em grande velocidade uma roda
solitária de carro montada e cheia.
Nós percebemos a presença do objeto sem direção certa,
quando notamos um vulto que passou à direita da camionete, foi
neste momento que Batista comentou...
“___Quem poderia ser o bobo que acabou de perder
aquela roda?”
Leandro Campos Alves.
81
E completou falando para irmos atrás dela e pegá-la,
porque algum dia ela poderia nos ser útil ou servir para algum
conhecido, ou quem sabe nós pudéssemos encontrar seu dono.
Ao andar aproximadamente oitenta metros percebemos
que mais cedo do que nós pensássemos, acharíamos o dono
daquela roda.
Ao encostar a camionete com intuito de recolher o objeto
perdido, o surpreendente aconteceu.
Com o contrapeso da carga do veículo nós não notamos
que a roda era da própria camionete que se soltou ao entrar em
um buraco.
Porém ao parar o carro para recolher a roda ás margens
da estrada, o veículo com a falta de inércia admitida com a
velocidade, arriou-se para a direita na parte traseira, foi aí que a
ficha caiu e percebemos que os bobos éramos nós mesmos, e
aquela roda era da nossa camionete.
Anteriormente estávamos rindo da falta de sorte alheia e
não notamos que só havia o nosso veículo naquele trajeto.
Mas nada disso nos tirou a alegria, muito ao contrário,
só aumentava o prazer da vida fazendo de cada caso uma piada a
ser lembrada e contada a todos.
Copla do Romance Instinto de Sobrevivência.
Metáforas da vida.
82
Camionete Quase Zero.
Na vida muitas pessoas passam pela gente, algumas nos
marcam profundamente em seus gestos e sua forma de viver, e
outros tantos nem percebemos a sua estadia em nossas vidas.
Como aquelas que nos marcam, lembro-me bem do
senhor Sebastião.
Homem honesto de poucas palavras e rígido em suas
decisões, a vida deste senhor muito lhe pregou peças, de um
homem bem sucedido em poucos meses desceu a escada da
necessidade, levando consigo esposa e filhos.
Mas dificuldades nunca lhe impuseram medo, pelo
contrário, pois através delas é que ele se arribava na sociedade
para lutar por melhores dias, e este foi o fato que o levou a viver
uma cena inusitada, na qual fui espectador.
Após tantas lutas e dificuldades, senhor Sebastião e sua
esposa conseguiram montar seu próprio negócio pequeno no
início, mas eram deles.
A loja vendia produtos agrícolas, e em poucos meses
Sebastião levou para trabalhar com ele seu filho Léo e um
amigo da família chamado Batista.
Os dias passaram, e o pequeno mercado estava
crescendo, foi aí que Sebastião sentiu a necessidade de comprar
um veículo para fazerem as entregas, que quase na totalidade
delas eram feitas na zona rural.
O dinheiro era curto, mas o sonho era imenso, então
Sebastião começou a procurar um veículo utilitário para os
negócios.
Com ajuda de alguns amigos ele localizou o que
procurava, e no mesmo dia foi ver o veículo e efetuar a compra.
Leandro Campos Alves.
83
Por telefone Sebastião anunciou a compra a seu filho e
esposa, todo alegre parecendo uma criança, explodia de alegria
ao falar sobre o estado de conservação do carro.
Ele anunciou que o carro era quase zero, estava com
ótimo motor e pintura intacta, e ao anoitecer já estaria de volta,
era para todos aguardar a sua chegada para conhecer o carro e
dar a primeira volta com ele.
Eu que já estava ali até aquele momento resolvi esperar
mais um pouco para matar a curiosidade, foi então que ouvi um
barulho estridente se anunciando no início da rua.
Saí do comércio para ver o que era e comigo saíram Léo
e Batista, deparamos com um veículo vindo a alguns metros de
nós, com apenas um farol e de cor azul com uma faixa rosa nas
laterais, começamos a rir e a caçoar do pobre motorista, pois
quem era louco de ter um carro rosa, assim pensamos todos.
À frente da loja tinha uma bifurcação onde a rua dobrava
a direita em uma subida, e o motorista daquele veículo logo
sinalizou que entraria à direita, e assim o fez.
Nossa alegria estava completa, pois o veículo além de
barulhento e da cor um pouco chamativa, parecia um burro
xucro que ninguém poderia domar, pois nos deu a impressão
que ele tinha vida própria ao vê-lo teimando a seguir em frente.
O fato se deu quando seu motorista forçou a
convergência à direita e ironicamente a carroceria do carro se
deslocou em linha reta parando em frente do lugar onde
observávamos aquela hilariante cena.
Não sabíamos se ríamos ou corríamos para ajudar aquele
pobre coitado.
Só que a nossa surpresa maior foi quando vimos sair do
carro a pessoa que estávamos esperando com o carro quase zero,
pois o motorista era o próprio Sebastião, que rindo falou...
É...
Metáforas da vida.
84
O carro é quase zero, faltam apenas alguns pequenos
ajustes vocês não acham!
Copla Romance Instinto de Sobrevivência.
Leandro Campos Alves.
85
Pedido de Socorro.
Um dia estava pescando eu, meu irmão mais velho e meu
pai.
Entre um peixe e outro, nosso pai nos presenteava com o
conhecimento de uma face fraternal e patriarcal que ainda
desconhecíamos e que se despontava do fundo de sua alma.
Em um exato momento da pescaria nós começamos a
ouvir a voz do pescador misterioso que estava às margens do rio
ao sul.
Pois este pescador ao entrar em combate contra um
peixe, em uma guerrilha entre o homem e o anfíbio,
encontrando-se ambos em territórios diferentes e tendo como elo
somente uma fina corda de nylon, que lhes servia como cabo de
guerra, este começou a gritar motivado pelo contentamento da
captura.
Ao fisgar o peixe em questão, que como um árduo
oponente lutava bravamente para escapar, ele não importou mais
em ficar em silêncio, deixando assim o barulho de seus gritos
ecoarem pelas calhas às margens ribeiras.
Então meu irmão reconheceu que se tratava de Assis,
um adolescente conhecido da família com idade
aproximadamente quatro anos a menos que a minha.
Estranhamente ele estava pescando sozinho, pois não
tinha contigo nenhuma companhia adulta.
Sua voz e seu sotaque eram inconfundíveis, pois havia
neles um leve repicar de sua gagueira.
Assis em sua gritaria anunciava o tamanho de sua presa,
gritando...
¨ Pe... pe... peguei um grande... ¨
Metáforas da vida.
86
¨ Pe... pe... peguei um grande... ¨
Durante um bom tempo se ouvia o barulho das águas
sendo cortadas pelo nylon, esticando-se em confluência das
ondas com o movimentar do peixe, ao mesmo tempo em que se
ouvia Assis.
Nós então paramos com a nossa pescaria, para prestar
mais atenção naquela bagunça que acontecia a poucos metros
dali.
Esta batalha entre o peixe e Assis já durava uns quinze
minutos, quando de repente à voz de Assis foi substituída por
um grande barulho, que indicava ser a queda de alguma matéria
nas águas do rio.
De início imaginava que se tratava do pedaço de um
barranco que havia se soltado das margens, ou até mesmo de um
animal silvestre submergindo nas águas, mas
surpreendentemente o barulho anunciava que chegou ao final
aquele combate.
Combate este que teria somente um vencedor e, pela
lógica seria o homem, mas o improvável aconteceu e o mais
frágil saiu vitorioso, que além do escape teve como troféu a
companhia de seu oponente dentro de seu território.
O peixe pequenino e valente ao escapar levou Assis
consigo.
A origem do barulho ouvido antes era exatamente o
menino caindo no rio, que imediatamente começou a pedir
socorro, pois ele ainda não sabia nadar.
Nós éramos as pessoas mais próximas de Assis e fomos
ao seu auxílio para salvá-lo.
O menino se debatia agarrado aos galhos secos de uma
árvore emersa as águas e gritava pedindo socorro do seu jeito
peculiar...
¨ So...So...Socorro...¨ , ¨ So...So...Socorro...¨.
Leandro Campos Alves.
87
Nós assistíamos aquela cena e fomos pegos por um
acesso de risos antes de seu salvamento.
Pedimos para Assis que falasse em carreirinha, só assim
poderíamos sair daquela situação de êxtase e risadas.
Porém só conseguimos retira-lo daquela situação, após
amarra-lo pela cintura com um cipó e trazê-lo até a margem
salvo e molhado, recebendo o seu abraço e agradecimento.
___De,de,de,Deus abençoe vo,vo,vocês.
Copla Romance Instinto de Sobrevivência.
Metáforas da vida.
88
Empréstimo Bancário.
A vida é mesmo engraçada, e muitas vezes reclamamos
de nossas provas e nos esquecemos de lembrar os bons
momentos que ela nos dá.
Todas as minhas crônicas e contos têm na sua origem um
pouco de verdade e das passagens da minha vida e de meus
familiares. Sou uma pessoa de sorte, pois vivo no meio de
pessoas alegres, e eles não desanimam ao depararem com os
obstáculos da vida, e relato um pouquinho desta história para
terem noção como as histórias acontecem.
Há alguns anos atrás em plena mudança política do país,
podemos lembrar de que o governo federal bloqueou todas as
poupanças do país com objetivo de inibir o crescimento da
inflação. E é exatamente neste período de nossa história que
muitos empresários, autônomos e grandes e pequenos
fazendeiros quebraram, e foi neste período que esta história
ocorreu.
Em nossa região não existem grandes latifundiários ou
grandes fazendas, mas existem muitos pecuaristas e pequenos
sitiantes, e esta história aconteceu exatamente com um pequeno
fazendeiro.
Senhor Antônio era um fazendeiro bem sucedido, tirava
na época seus dois mil litros de leite e mantinha na invernada
entorno de duzentas cabeças de boi.
Com a economia fraca, o leite barato e a cada dia os
custos de produção aumentando, o senhor Antônio foi
aconselhado a vender quase todas suas criações e depositar o
valor da venda na poupança, pois o dinheiro especulativo estava
rendendo mais que o produtivo.
Leandro Campos Alves.
89
Com os cálculos no papel provando que se o dinheiro de
seu patrimônio realmente estivesse na poupança renderia mais
que sua receita mensal bruta, senhor Antônio não perdeu tempo
e vendeu quase todas suas cabeças de boi e a metade de seu
gado leiteiro. Recebendo o pagamento à vista, ele então
depositou tudo na poupança.
Senhor Antônio tinha certeza de sua liberdade financeira,
a sua alforria da labuta diária do sitio havia acabado naquele dia.
O tempo passou e alguns meses após senhor Antônio
começar a viver de rendas, houve a eleição no país que elegeu
para presidente o candidato Fernando Collor de Melo. A
história começou mudar aqui, pois logo após a posse do
presidente eleito teve como um de seus primeiros atos políticos
para acabar com a inflação, a mudança do nome da moeda com
a exclusão de três zeros e complementando o seu plano
econômico, ele reteve todas as poupança, quase matando o
Senhor Antônio do coração, ao ver que não poderia nem mesmo
retirar seus rendimentos.
A despesa do sitio era alto e os custos de pouca produção
não cobriam seus gasto, a economia do país passava por um
momento delicado da nossa história.
Todos pensavam que aquele período seria uma moratória
curta, pois com a moeda estável e a economia dando seus
primeiros passos à estabilidade, muitos começaram a negociar
em longo prazo com taxas de juros altos, muitas pessoas ainda
não tinham assimilado o que estava acontecendo em nosso país.
Senhor Antônio começou a passar por dificuldades
financeiras, que até então nunca tinha passado. Com a
valorização do gado leiteiro e com poucas economias que
mantinham em sua casa, ele não conseguiria repor nem a metade
de seu rebanho. Senhor Antônio já estava pensando em vender a
fazenda e lagar mão de tudo que gostava.
Metáforas da vida.
90
Foi quando este nosso amigo em comum, que vamos
chamar de Geraldo, soube das dificuldades do compadre e
resolveu ir visita-lo.
Chegando à fazenda já ao cair da tarde, eles começaram
a falar da vida, das dificuldades e da situação que o Senhor
Antônio e sua família estavam passando.
No meio da conversa Geraldo aconselhou o compadre a
fazer um empréstimo bancário, pois mesmo com juros elevados,
ainda existia uma política de financiamento aos pequenos
pecuaristas com juros baixos.
Foi quando Senhor Antônio falou para Geraldo, que ele
já tinha ido ao banco tentar este empréstimo, porém o gerente do
banco lhe pediu garantias, podendo ser as terras ou o gado. Mas
como todos sabem senhor Antônio não possuía mais tantos
animais assim, e sua terra era herança e não tinha registro delas.
“A falta de registro antigamente no interior era muito
comum, pois as heranças passavam de pai para filho com o
poder da palavra e do acordo entre os herdeiros.”
Com isso, não havia outra solução, a não ser vender as
terras.
A conversa estava acontecendo na porta da sala do
casarão, e dali Geraldo enxergava as terras de seu amigo ao
longe, foi daí que Geraldo teve uma ideia mirabolante para
ajudar ao amigo.
Para que o amigo tivesse direito ao empréstimo, ele
deveria dar alguns bens de garantia, e com certeza algum
funcionário do banco iria à fazenda para ver a veracidade do
empréstimo.
Geraldo então começou a contar seu plano:
___ Compadre, eu vou contar-lhe uma coisa, pois acabei
de ter uma ideia que será a salvação do amigo. Daqui da
varanda da casa do amigo, vejo bem a extensão de suas terras, e
Leandro Campos Alves.
91
observei que tem muitos cupinzeiros espalhados pelo pasto, e
eles serão a sua salvação.
Incrédulo senhor Antônio não estava entendendo nada
daquela conversa, e como aqueles cupinzeiros iriam ajudá-los a
conseguir o empréstimo bancário.
Será que o Banco aceitaria aqueles cupinzeiros como
garantia bancária?
Mas Geraldo foi logo explicando.
___ Compadre, o banco vai mandar um funcionário aqui
fechar o contrato com o amigo, e sei que ainda tem alguns
nelores no pasto. Então o senhor vai fazer o que eu vou te
explicar: amanhã o compadre vai mandar seus filhos pintar de
cal todos os cupinzeiros, mas principalmente os grandes. Porém
o compadre manda pintar aqueles que estão no último pasto que
daqui avistamos. Logo em seguida, o senhor vai pegar seus bois
e deixá-los fechados naquele pasto, junto dos cupinzeiros
pintados de branco. Vá ao banco e faça o pedido do empréstimo,
porém marque horário para receber o funcionário do banco em
sua casa, mas deixe claro que só no cair da tarde o senhor
poderá recebê-lo para fechar o contrato. Assim quando o
funcionário pedir para ver o gado que estará dando com garantia
para o empréstimo, o senhor mostra os bois no pasto, e se ele
pedir para ver de perto o gado, fale para ele que o compadre vai
pedir para seus meninos buscar no pasto. E avise-o que os bois
são bravos e só conseguem lidar com eles montado em cavalos.
Então peça aos seus meninos para buscarem os bois maiores,
mas não todos, pois tem que deixar alguns no pasto no meio dos
cupinzeiros, para dar a impressão de estarem todos andando.
Meio à contragosto, mas sem alternativa, assim Senhor
Antônio procedeu.
Metáforas da vida.
92
Na semana seguinte tudo estava pronto, os cupinzeiros
pintados e os bois soltos em seu meio que visto de longe dava a
real impressão de estarem todos os animais pastando.
O empréstimo no banco estava tudo quase aprovado,
faltava apenas a avaliação da garantia.
No dia marcado o funcionário da agência bancária
chegou à fazenda e começaram a conversa final do
financiamento.
Geraldo presenciava toda negociação.
Era numa tarde de inverno e estavam todos na varanda
do casarão já começando o cair o dia.
A conversa estava boa e fluindo tudo para o fechamento
do contrato, o funcionário do banco então perguntou sobre o
gado.
Neste momento Senhor Antônio mostrou da varanda o
gado no pasto, eram muitas cabeças que deixou o funcionário do
banco admirado, ao ver um fazendeiro com tanto animais,
solicitar empréstimo para comprar mais bois.
Porém sem malícia na mente, o funcionário do banco
pediu para que o senhor Antônio mandasse buscar alguns bois
para avaliação, pois não seria necessário ver todos, já que ali da
varanda ele já tinha uma noção da quantidade.
Assim tudo foi feito, no curral preso estavam dez
cabeças de nelore, de bom porte e saudável.
Mas o funcionário do banco começou a fazer muitas
perguntas ao senhor Antônio, como por que retirar empréstimo
no banco com um rebanho pronto para venda?
Todas as perguntas eram feitas apenas para efeito de
curiosidade do funcionário.
Geraldo estava acompanhando toda negociação, porém
ele já estava ficando aflito ao ouvir as respostas de seu
Leandro Campos Alves.
93
compadre, Geraldo conhecia bem seu amigo e percebeu que
aquele monte de pergunta estava deixando-o nervoso.
Com tantas curiosidades e perguntas recebidas, Senhor
Antônio foi ríspido e direto em sua resposta final, deixando até
mesmo Geraldo de boca aberta.
Assim ele respondeu:
___Aqui seu moço, me deixa te falar uma coisa. O
senhor está vendo aquele morro lá longe e o outro atrás dele.
Pois é, é tudo meu. E o senhor está vendo bem aquele punhado
de ponto branco no pasto. Pois é. São bois como estes presos
no curral. E são todos meus. E o senhor quer saber de uma
coisa. Se seu banco quiser me emprestar o dinheiro bem.
Porém se não quiser, problema de vocês, pois eu vendo meus
bois e junto o dinheiro que preciso.
Geraldo ficou branco ao ouvir seu próprio compadre
falar aquilo, ou era um blefe, ou ele mesmo estava acreditando
em sua própria mentira.
Em fim, algumas vezes a própria mentira de tão bem
fala, que até mesmo o mentiroso acredita na própria mentira.
Para sorte do Senhor Antônio, o jovem bancário pediu desculpas
pelo incômodo e aprovou os cupinzeiros como garantia do
empréstimo.
Assim é a vida, e assim acontecem os fatos e os causos
ao meu redor.
Metáforas da vida.
94
Senhor Bom Jesus do Livramento, a origem da Fé.
Como podemos afirmar que existe apenas uma doutrina que
nos dá as chaves do paraíso?
Como podemos apontar erros nas doutrinas que não
pertencemos e esquecer-se da balança da justiça? Apontamos os
erros, mas esquecemos das qualidades.
A fé é a única religião existente no mundo.
A fé que temos na vida eterna.
A fé no amor.
A fé em Cristo.
A fé em Deus.
O homem por livre arbítrio divino tem a necessidade de
achar seu lugar no mundo, o lugar que lhe dá a paz, que lhe
mostra a paz.
Por este motivo Jesus Cristo abriu o evangelho da salvação
para todas as Nações, começando pelos seus apóstolos, que
pertenciam a varias etnias. A única exigência que Jesus fez aos
seus escolhidos para levar o evangelho aos quatro cantos do
mundo, é abandonar tudo e segui-lo para com Ele aprender o
Novo Evangelho.
Instituiu os mandamentos em dois, amar a Deus sobre todas
as coisas, e amar ao próximo como a si mesmo.
As outras referências e doutrinas criadas no passar do
tempo e gerações, foram apenas doutrinas para diferenciar
religiões, e convicções pessoais de cada profeta. Digo profeta,
pois cada religião que nasce em cima do evangelho, faz parte de
um projeto maior, com único objetivo. “Rebanhar os filhos de
Deus espalhados no mundo”.
Leandro Campos Alves.
95
Todas as doutrinas estão na conformidade de um único
corpo, o corpo da unidade em Deus.
Como possuímos uma diversidade, exatamente esta
diversidade humana, como poderá existir apenas uma doutrina
no mundo, se o próprio Messias escolheu etnias diferentes para
transmitir o evangelho? Assim sendo, o que seria dos filhos de
Deus que não se encontram nela?
Eles ficariam perdidos no mundo ou a mercê da
condenação eterna?
Deus é perfeito em sua onipotência, onipresença e em sua
benevolência. Por isso mandou seu filho ao mundo para nos
trazer seus ensinamentos e abrir o evangelho aos povos que não
são de sua linhagem.
Por isso não devemos apontar falhas ou erros doutrinais nas
instituições religiosas, porém devemos aplaudi-las e reverenciá-
las, por fazerem parte deste projeto maior da evangelização dos
homens.
Todos aqueles que forem ao Pai em nome de seu Filho,
encontra o caminho da paz almejada.
Nesta linha de pensamento Cristão, quero abraçar e
reverenciar um dos maiores movimentos religiosos que conheço
até hoje em nossa região.
O movimento de fé.
O movimento Cristão.
O movimento da evangelização.
Na zona da mata Mineira, exatamente a cento e quarenta
quilômetros de Juiz de Fora, está localizada Liberdade, uma
pequena cidade interiorana, com aproximadamente seis mil
habitantes, que no mês de Setembro acolhe mais de sessenta mil
romeiros, vindos de toda região do país.
Metáforas da vida.
96
Não são turistas, mas Romeiros que buscam o
refortalecimento da fé diante daquele grandioso movimento
religioso.
O Jubileu do Senhor Bom Jesus do Livramento.
Neste período do jubileu o ar de Liberdade muda, a fé
invade e refortalece até mesmo os corações mais duros, não há
como não afirmar que até mesmo fieis de outras doutrinas não
absorve aquele movimento de fé Cristã.
Para terem uma ideia do que é este movimento, vos trago
um pouco da história do surgimento da imagem do Senhor Bom
Jesus do Livramento.
Os mais antigos anciãos do município nos contaram esta
história, que seus pais lhes contaram e que por sua vez, os pais
de seus pais lhes contaram, e assim por algumas gerações. Pois a
imagem data com mais de duzentos anos.
No inicio Liberdade ainda não tinha este nome, era
conhecido por Livramento, um pequeno distrito ainda
pertencente ao município de Baependi.
Naquele período houve um grande incêndio que alastrou
plantações e matas nativas inteiras, não deixando quase nada em
pé.
No arraial da Vargem, numa devassidão coberta de fuligem
de cinzas a única árvore virtuosa que salvou daquele incêndio,
foi um pé de cedro, o cedro do milagre que ficou frondoso na
devassidão de cinzas.
O cedro, o inicio da lenta, o inicio dos milagres a escolha.
Leandro Campos Alves.
97
Assim começa a sua história:
A origem da imagem encontra registro apenas em lendas
contadas pelos habitantes da cidade, e do pedaço do tronco do
cedro, que ainda enraizado na terra e na lenda, se tornou o altar
mor da pequena capela que nasceu naquele descampado,
tornando-se um vilarejo e receberia o nome de Vargem da
Imagem.
Segundo a lenda, apareceu no povoado, um velho peregrino
disposto a fazer a imagem de Bom Jesus, satisfazendo o desejo
dos moradores.
Esse peregrino solicitou apenas algumas ferramentas, um
pedaço de madeira para talhar a imagem, e um compartimento
fechado onde pudesse trabalhar sozinho. Ele trabalharia de
portas fechadas e só abriria a porta para receber alimentação,
pois aquele senhor metódico e sistemático só apresentaria a
imagem depois de pronta.
Entre os habitantes foi um presente aquela oferta, muitos
não viam a hora de ter uma imagem que recordasse sua fé, para
outros nem tanto, pois muitos não acreditaram que um senhor de
idade tão avançada e com corpo franzino fosse capaz de
tamanha façanha.
Mas ao peregrino, os habitantes do vilarejo de Livramento
resolveram dar a chance do feito, afinal ele tinha a idade de
ancião, e provavelmente saberia o que estava falando.
Com tudo arrumado e combinado, faltava a matéria-prima,
uma madeira macia e fácil para talhar a imagem, foi então que
todos lembraram do cedro milagroso, e nada mais que justo dar
um final nobre à árvore.
A madeira foi cortada e levada para um barracão que servia
de paiol. Ali aquele senhor foi condicionado ao lado das
Metáforas da vida.
98
ferramentas e do tronco do cedro e foi posto uma cama para o
descanso do peregrino.
Os dias passaram e no inicio o peregrino recebia as
atenções e as alimentações necessárias para sua sobrevivência.
Mas quis o destino ou o poder de Deus, fazer com que todos
esquecessem o peregrino escultor, deixando à mercê da sorte e
da fome.
Como um relâmpago de lembranças, aquela amnésia
coletiva se perdeu e a lembrança do peregrino escultor voltou
com toda força entre os moradores de Livramento. Ocasionando
uma comoção geral, sentimento de dó e preocupação entre os
moradores.
Sem perder mais tempo, os populares foram ao paiol que
estava aquele senhor e começaram por ele chamar, sem obter
nenhuma resposta, tudo lá dentro era silêncio.
A presença da morte estava próxima, o cochicho “ele está
morto, ele está morto”, tomou conta daquele pedaço de chão.
Algumas pessoas que lá estavam resolveram olhar por entre
as frestas do paiol, e se assustaram, pois era certo que aquele
senhor não estava lá, porém no meio do paiol era visível a
presença de um jovem senhor, seminu, com aproximadamente
dois metros de altura.
Todos pediam para ele abrir a porta, porém inerte aos
pedidos, aquele jovem senhor não se movia um milímetro se
quer.
Talvez fosse uma reação movida pelo medo, o medo de
estar no local que não lhe pertencia.
Depois de muito chamar e não obter nenhuma resposta,
ficando claro que não tinha nenhum indício da presença do
velho peregrino, e ao contrário, era certo que ali acuado só
estava àquele jovem senhor, os moradores do povoado
Leandro Campos Alves.
99
resolveram arrombar a porta do paiol, pois ela estava trancada
por dentro.
Ao pôr a porta ao chão, o espanto e a comoção foi geral
entre os presentes, muitos choraram ao reconhecer aquele jovem
que ali estava e outros se prostraram ao chão em oração. O
milagre foi concebido em Livramento.
Todos esperavam encontrar aquele idoso senhor ali morto,
porém não tinha nem vestígio dele. As poucas ferramentas que
ele solicitou para talhar uma imagem estavam no chão do paiol.
E aquele jovem senhor, era o milagre em vida.
Aquele vulto inerte aos pedidos feitos anteriormente para
abrir a porta, era o presente de Deus ao povoado de Livramento.
Pois se tratava da Imagem com tamanho natural de Jesus Cristo
em seu flagelo, a imagem da recordação, a imagem da fé, o
milagre entre os homens.
Seus detalhes talhados na imagem surpreenderam a
todos, e surpreende até aos dias de hoje.
A imagem é o tamanho da perfeição, e muito perguntam
até hoje como pode um idoso talhar um tronco com mais de
duzentos quilos com tamanha originalidade, levando em
consideração que suas ferramentas eram arcaicas e
ultrapassadas, e o mistério maior, como o velho escultor pintou
a imagem com as cores naturais humanas, se não tinha este
material com ele, além de cada gota de sangue ser formado por
um pequeno rubi.
Toda esta riqueza de detalhes, o sumiço do velho escultor,
além da porta que estava cerrada por dentro, foi dando a origem
ao mistério, origem da história.
E até hoje corre a lenda pela região, que o escultor da
imagem só poderia ser o carpinteiro José, pai de Jesus Cristo.
Como se tantas histórias não fossem suficientes para dar
base ao mistério da imagem, algumas pessoas maliciosas e sem
Metáforas da vida.
100
respeito a fé, furtaram algumas pedras de rubi, porém no lugar
que o rubi foi surrupiado ao invés de ficar a marca da madeira
raspada como em qualquer obra de arte, no local da retirada da
pedra se criou uma pequena crosta, como se o ferimento se
regenerasse cobrindo com a cicatrização comum aos homens.
E mesmo hoje com a evolução da ciência, se descobriram
que a imagem não poderia durar tanto tempo assim sem se
romper, pois pela posição de seus pés, que se encontram
esculpida na posição de contra passo, o ponto de gravidade da
imagem não possui um vértice sólido, deixando assim todo o
peso da imagem em uma superfície menor que oitenta
centímetros quadrados.
Este é o mistério da fé, a lenda da imagem, o folclore, ou a
história do milagre de Deus naquele vilarejo.
Hoje a cidade mudou o nome por convenções políticas da
emancipação, recebendo assim o nome de Liberdade em
homenagem à praça da liberdade da Capital Mineira, pedido
feito pelo governador da época.
Porém leva na imagem sua origem matriarcal e, no
povoado da Vargem da Imagem as raízes da fé.
Esta história foi percorrendo gerações e territórios, os
milagres pela fé humana a Cristo foram surgindo aos milhares, e
aproximadamente duzentos anos após o feito, a fé daquela
cidade fica inabalada.
Como dizer que apenas uma religião nos leva ao reino dos
céus, diante deste movimento de fé?
Convido a todos a conhecerem a Liberdade e participarem
da grandiosa festa do Jubileu do Senhor Bom Jesus do
Livramento, que acontece todos os anos no dia quatorze de
setembro.
Leandro Campos Alves.
101
Biografia.
Leandro Campos Alves é natural da cidade Mineira de
Liberdade.
Cronista, Poeta e Escritor romancista que desponta na
literatura brasileira.
Publicou em 09/2013 a o romance “Instinto de
Sobrevivência” pelo Clube de Autores e o Ebook pela Editora
Saraiva; participou da Antologia “Além do Olhar” pela Editora
Sucesso em 01/2014; em 27 de fevereiro de 2014 publicou a
nova forma literária de redigir romances, “O Lamento de
José”, pelo Clube de Autores e o Ebook pela Editora Saraiva;
em outubro de 2014 participou da Antologia “Nasce um Poeta”
pela Editora SAMPA.
Foi jurado da segunda amostra de Raízes de poesias em
Aiuruoca MG em 12/2013.
Têm em seu currículo várias entrevistas, entre elas, a do
Divulga Escritor, Conexão Portal PB, Pensando Fora da Caixa,
elaboradas pela Jornalista Shirley M. Cavalcante, de João
Pessoa Paraíba, reeditada na edição especial de natal de 2013,
Revista Literária da Lusofonia - Divulga Escritor, e divulgada
em Portugal.
Em abril de 2014, participou da edição especial
comemorativo de um ano da Revista Literária da Lusofonia -
Divulga Escritor, com artigo sobre o romance Lamento de José.
Participou de uma nova reportagem para Revista Gota
D’água, Edição 10 de Janeiro 2014. Revista circulante para os
funcionários da Companhia de Saneamento do Estado de Minas
Gerais.
Em setembro de 2014, participou da entrevista feita pela
Escritora Roberta Kelly, para o portal Literatura entre Amigos,
São Paulo Capital.
Metáforas da vida.
102
Colaborador de várias comunidades literárias no país e
outras em países latino americanos, integrante e colaborador da
”Social Rearde Writer Artist” no Brasil, Milan e Roma; Recanto
das Letras; Beco dos Poetas e Poetas e Escritores do Amor e da
Paz.
Em Junho de 2014, iniciou os trabalhos como Colunista
do projeto Divulga Escritor, de João Pessoa Paraíba.
Escritor do Clube dos Autores desde 2013, em 2014
firmou contrato com a Editora publique/Saraiva.
Para conhecer o autor acesse os links:
http://www.escritor-leandro-campos-alves.com/
https://pt-br.facebook.com/escritorleandroalves
https://plus.google.com/102197220554470500971
Deixo meu abraço e meus agradecimentos a todos os
amigos e leitores.
Que Deus esteja com todos.
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