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TRANSPARÊNCIA E BUROCRACIA: UMA ANÁLISE DESSA RELAÇÃO NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
Autores: Gouveia Junior, Antonio – e-mail: agouveiajunior@gmail.com
Ubaldine, Diego Torquato – e-mail: diegothor1@hotmail.com
Resumo
O objetivo deste trabalho foi analisar portais de transparência de municípios paraibanos, sob a
ótica da administração pública gerencial prevista no Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado (Teoria da Burocracia). O modelo burocrático weberiano foi alvo de muitas
críticas, fazendo com que alguns países iniciassem processos de reforma administrativa,
principalmente nos anos de 1990. O escopo da pesquisa engloba as 67 prefeituras de
municípios paraibanos com população até 5.000 (cinco mil) habitantes. O índice de
transparência do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB) foi utilizado na pesquisa.
Pode-se constatar que os portais de transparência dos municípios analisados podem melhorar
em muitos quesitos. Porém, mesmo com desobrigatoriedade prevista na LAI, houve uma
evolução entre 2014 e 2016. Observou-se ainda que, passados mais de 20 anos da proposta do
Plano, o paradigma burocrático weberiano ainda é o predominante.
Palavras-chave: Transparência; teoria da burocracia; Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado; cidadão; administração pública.
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Introdução
A deterioração dos serviços públicos, o agravamento da crise fiscal e a inflação
provocada eram características do cenário existente no Brasil durante os anos 1980. Uma crise
que fez com que a administração pública precisasse ser repensada. A saída foi propor uma
reforma do aparelho do Estado capaz de estabilizar e assegurar o crescimento da economia,
bem como combater as desigualdades sociais. Um dos pilares centrais desse esforço foi a
reconstrução da administração pública em bases modernas e racionais.
Em 1995, foi apresentado o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE). O modelo de administração pública burocrática, com princípios na teoria da
burocracia de Weber, dava lugar a um modelo de administração pública gerencial. A intenção
técnica por trás da reforma era a de corrigir imperfeições no modelo racional-burocrático
outrora implementado, que focava em demasia em padrões hierárquicos rígidos e no controle
de processos, deixando de lado seus resultados.
Fez-se necessária, portanto, a atualização da administração pública no sentido de torná-
la gerencial. Isso consiste em adotar conceitos modernos de administração e eficiência,
pautar-se no controle de resultados, e descentralizar as ações com vistas a alcançar o cidadão,
tornando-o cliente privilegiado dos serviços prestados pelo Estado. Nesse sentido, pensou-se
em repassar à sociedade em geral a maior quantidade possível de informação, o que
contribuiria para melhor transparência dos negócios do Estado e promoveria a participação
cidadã. Seria um avanço frente à impessoalidade da burocracia weberiana, onde a
transparência administrativa sempre esbarrou e, consequentemente, o acesso às informações
da gestão pública.
No entanto, a proposta da reforma de tornar os negócios públicos mais transparentes
esbarrava no aspecto legal. A lei 12.527/2011 (lei de acesso à informação) prevê que os
municípios com menos de 10.000 (dez mil) habitantes estão desobrigados a publicar na
internet algumas informações referentes aos atos e fatos da gestão pública, somente o que for
referente à execução orçamentária e financeira deve ser divulgado, obrigatoriamente. Logo,
essa medida vai de encontro aos preceitos do PDRAE.
Diante disso, cabe questionar se a transparência das contas públicas existente hoje está
em consonância com o que preconizava o PDRAE. E ainda, se mesmo sob a subordinação ao
princípio da legalidade existente na administração pública, baseado na teoria da burocracia, os
entes públicos realizam ações (divulgar suas contas em portais de transparência), sem que
sejam obrigados, por lei, a fazê-lo.
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O objetivo deste trabalho foi analisar portais de transparência de municípios paraibanos,
sob a ótica da administração pública gerencial prevista no PDRAE (teoria da burocracia). É
no esclarecimento desse fato que reside a relevância deste artigo, uma vez que a literatura
científica carece de explicações e o conteúdo aqui trazido pode servir de base para a decisão e
ação de gestores públicos.
Não foi localizado na literatura nenhum outro trabalho que se propusesse a analisar a
relação entre a transparência e a teoria da burocracia. Com isso, buscou-se preencher a lacuna
no conhecimento existente. Enquanto contribuição teórica, a pesquisa buscou explicar as
transformações na administração pública brasileira pela flexibilização dos princípios da teoria
da burocracia, de forma a propiciar atos de gestão com foco no cidadão, incorporando o
arcabouço científico da cultura organizacional e da teoria institucional, bem como seguindo
uma tendência de Estados mais desenvolvidos em questões de transparência e accountability.
Por sua vez, verificar a aplicação dos preceitos previstos no PDRAE, no que se refere à
transparência das contas públicas, naqueles entes públicos que não estão obrigados a divulgar
algumas informações em portais de transparência na internet, e ainda assim o fazem, com
possíveis explicações na teoria institucional, constitui importante contribuição empírica da
pesquisa. E ainda, analisar a evolução dos indicadores de transparência, conforme os preceitos
da administração pública gerencial.
A pesquisa foi apresentada em cinco partes, a saber: introdução, revisão de literatura,
metodologia, resultados e discussões e conclusão. Na revisão de literatura foi desenvolvida
uma revisão teórica sobre a Teoria da Burocracia e o Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado, as Relações Estado e Sociedade no Brasil (Nova Gestão Pública, Nova
Governança Pública e Governo Aberto) e transparência e participação social. Logo após,
descreve-se a metodologia da pesquisa, principalmente quanto à coleta e tratamento dos
dados. Finalmente, os dados são analisados e são apresentadas as conclusões.
Revisão de literatura
Teoria da Burocracia e o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
A Teoria da burocracia proposta por Max Weber em nada tem a ver com o conceito
popular e pejorativo de burocracia, que a relaciona com algo moroso, emperrado e ineficiente.
Pelo contrário, a ideia da burocracia é que as organizações evitem arbitrariedades. Segundo
Leite (2016), o desenvolvimento da burocratização está intimamente ligado à ampliação da
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atividade capitalista, cujas necessidades administrativas não podiam ser satisfeitas pelos
meios tradicionais e demandam o que Weber chama de “espírito normal da burocracia
racional”, ou seja, o formalismo e a tendência dos burocratas à execução materialmente
utilitarista das suas tarefas administrativas.
A compreensão da Teoria da burocracia de Weber é o ponto de partida para discussão
sobre a história e funcionamento da administração pública brasileira. Mesmo com as várias
tentativas de reformas do Estado, a burocracia weberiana, de acordo com Peters (2009)
continua sendo a principal fundação intelectual quando se pensa sobre governo e seu
funcionamento. Ainda é o paradigma vigente, não foi plenamente superado, bem como
permanece na mira de todos os críticos e reformistas.
O paradigma dominante nas ciências sociais e na teoria das organizações é o
funcionalista. Andion (2012) relacionou a trajetória da Administração Pública no Brasil com o
modelo de paradigmas de Burrell e Morgan (2008). Embora tenha havido mudanças
paradigmáticas, o desenvolvimento do campo teórico da Administração Pública no Brasil se
deu, majoritariamente, dentro do paradigma funcionalista, pois, no desenvolvimento do
campo, predominou uma concepção sistêmica e sincrônica do mundo social orientada para a
consecução de objetivos e manutenção do status quo pelas noções de equilíbrio, integração,
ordem e estabilidade.
O conhecimento técnico se tornou indispensável para a administração burocrática. Para
Weber (1966), ele se constitui na principal marca da superioridade do modelo burocrático, por
meio do desenvolvimento da moderna tecnologia e dos métodos econômicos na produção de
bens. Outras qualidades do modelo abordam a ordem de natureza impessoal e o poder
vinculado às regras e funções oficiais hierarquizadas, com o devido uso da coerção
regulamentada. De acordo com Leite (2016), o poder da “autoridade institucional” afasta o
viés personalista do modelo de burocracia weberiano, com isso, busca alcançar tecnicamente
o máximo de rendimento do trabalho.
O Estado brasileiro, sustentado na administração pública burocrática, durante muito
tempo deu ênfase na esfera produtiva, desviando-se das suas funções precípuas. Esse era o
modelo de desenvolvimento adotado, que passou por várias crises. De acordo com Bresser-
Pereira (1995), nos anos 1990, a redefinição do papel do Estado se tornou um tema de alcance
universal. No Brasil, a reforma era inadiável, o governo não conseguia atender com eficiência
a sobrecarga de demandas a ele dirigidas.
A capacidade de implementar as políticas públicas estava limitada pela rigidez e
ineficiência da máquina administrativa. Segundo Bresser-Pereira (1995), a reforma do
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aparelho do Estado tem a finalidade de tornar a administração pública mais eficiente e mais
voltada para a cidadania. O papel do Estado passa a ser de promotor e regulador do
desenvolvimento econômico e social, buscando ainda o controle social e a participação da
sociedade.
A proposta prevista no PDRAE consiste em: “fazer a transição da administração pública
burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle interno, para uma
administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão”.
Essa mudança ou “rompimento” com a administração pública burocrática não significa que
seus princípios serão negados, mas sim flexibilizados, com foco no controle, que sai dos
processos para os resultados.
Anteriormente, para garantir a impessoalidade, dificulta-se a transparência
administrativa. Com a implantação de uma gestão de caráter gerencial no Estado brasileiro,
Bresser-Pereira (1995) propõe, entre outras coisas, “um compartilhamento adequado das
informações contidas em bancos de dados dos diversos organismos do aparelho do Estado,
bem como um serviço de comunicação de forma a poder repassar à sociedade em geral e aos
próprios órgãos do governo, a maior quantidade possível de informação, contribuindo para
melhor transparência e maior eficiência na condução dos negócios do Estado”.
A proposta de administração pública gerencial vê o cidadão como cliente dos seus
serviços. De acordo com PDRAE, haveria transparência na implementação das diversas ações
do governo, possibilitando o acompanhamento e avaliação, bem como a disponibilização das
informações não privativas e não confidenciais para a sociedade, promovendo a participação e
controle da administração pública pelos cidadãos.
As relações Estado e Sociedade no Brasil
O modelo burocrático weberiano foi alvo de muitas críticas, fazendo com que alguns
países iniciassem processos de reforma administrativa, principalmente nos anos de 1990. Foi
quando surgiu a Nova Administração Pública (NAP), que, segundo Secchi (2009), veio pra
suprir a ineficiência, morosidade, estilo autorreferencial e descolamento das necessidades dos
cidadãos, o que era considerado inadequado para o contexto institucional contemporâneo.
A NAP se define inovadora, flexível e com foco nos resultados. Para Coelho (2012),
alguns conceitos centrais, como eficiência, eficácia, efetividade e competitividade devem
qualificar esse modelo de gestão. A produtividade, a descentralização e a accountability são
exemplos de valores da NAP destacados por Secchi (2009), que ainda apontou a transparência
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da Administração Pública como uma de suas principais características.
O contexto paradigmático da implantação do PDRAE de 1995 se deu no período em
que vigorava, segundo Andion (2012) a corrente da NAP. Em alguns países, inclusive no
Brasil, a reforma não conseguiu realizar todas as mudanças propostas. Segundo Diniz (2001),
existem críticas relacionadas à NAP, principalmente, quanto ao seu viés administrativo e
economicista e por desconsiderar a dimensão política e institucional das reformas. Aos
Estados só restava a opção de se adaptar às exigências da globalização, não existindo
nenhuma capacidade de reação deles, tratados como meros objetos passivos das forças
externas.
Para trazer as dimensões política e institucional das reformas, bem como superar as
limitações da NAP e proporcionar melhores serviços aos cidadãos e à sociedade, surgiu a
proposta do Novo Serviço Público (NSP). Segundo Andion (2012), o NSP surge como um
contraponto às correntes Estadocêntrica e da NAP, trazendo novos princípios e diferentes
abordagens teóricas. O cidadão deixa de ser apenas cliente do serviço e passa a ser visto como
um agente de transformação social, por meio da coprodução do bem público, por exemplo.
As consequências atuais das mudanças oriundas da reforma administrativa ocorrem em
um contexto em que prevalece o NSP, o qual coloca o cidadão como protagonista na
prestação do serviço público. Era essa a intenção do PDRAE, bem como alcançar o cidadão
na forma de cliente privilegiado e provocar transformações na abordagem paternalista com a
qual o Estado brasileiro tradicionalmente tratou seus cidadãos.
Mesmo sendo recente e inovador, o NSP, segundo Denhardt e Denhardt (2003), possui
em sua essência um conjunto de ideias, das quais, pode-se destacar o reconhecimento da
accountability, que não é uma coisa simples, pois não se trata apenas da prestação de contas
em termos financeiros e de resultado. Faz-se necessário incluir também, os valores
comunitários e os interesses dos cidadãos. No Brasil, foi marcante a criação de novos espaços
de participação da sociedade civil na esfera pública e um reforço à mobilização social,
fortalecendo o regime democrático.
A partir do momento que o modelo de gestão vigente não é mais suficiente para lidar
com os novos problemas que se apresentam, de acordo com Fontes Filho (2014), faz-se
necessário propor reformas, de modo que a gestão pública se adeque à dinâmica e exigência
da sociedade. A complexidade dos problemas é tamanha que eles não se adequam aos limites
de uma única área de política. Segundo Ferlie et al. (2011) envolvem várias organizações,
públicas e privadas, exigindo uma resposta ampla e sistêmica, cruzando as fronteiras
organizacionais e engajando os cidadãos.
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A solução para esses novos problemas passa por um modelo estatal baseado em redes,
parcerias e a inclusão de atores não estatais ao processo. O modelo da Nova Governança
Pública (NGP), segundo Osborne (2006), é o mais adequado àquela situação, pois se
caracteriza pelo fortalecimento dos relacionamentos institucionais com a sociedade; a
formação das redes interorganizacionais, internas e externas, ao governo para prover serviços
públicos; apoia-se por relações de confiança ou contratos relacionais; e a visão do Estado
como organismo plural.
Outra proposta bastante atual é o governo aberto. Segundo Ramírez-Alujas (2011), ele
surge como um novo paradigma e modelo de relacionamento entre governos, administrações e
sociedade: transparente, multidirecional, colaborativo e orientado para a participação dos
cidadãos, tanto no monitoramento, quanto na tomada de decisão pública. Os princípios do
Governo Aberto (Open Government) são: a transparência e abertura; a participação; e a
colaboração. É uma nova forma interativa de criação de valor público e mudança para um
novo tipo de colaboração cidadã e inovação aberta mediante a integração sistemática dos
atores no processo de governar e administrar os assuntos públicos (Bommert, 2010).
Transparência e accountability
A transparência é um requisito fundamental para o governo aberto. De acordo com o
Memorando sobre Transparência e Governo Aberto de Obama (2009), um governo
transparente fornece informações sobre o que está fazendo, disponibiliza suas fontes e bancos
de dados e publica os planos de ação pelos quais pode ser responsabilizado perante a
sociedade. Isso encoraja e promove a responsabilização perante os cidadãos e o controle
social permanente, reforçando a confiança, a coesão social e o fortalecimento institucional.
Por questões conceituais e para melhor entendimento, faz-se necessário distinguir
transparência ativa e passiva. Segundo Yazigi (1999), a transparência passiva refere-se à
necessidade de o Estado fornecer aos cidadãos as informações por eles solicitadas. Somente
aquela informação solicitada será disponibilizada ao requerente. Complementarmente, a
transparência ativa ocorre quando o Estado age de modo proativo e disponibiliza as
informações consideradas de interesse público, para que qualquer cidadão interessado possa
consultar quando quiser.
No Brasil, há um déficit de accountability, de acordo Pereira, Silva e Araújo (2014),
pois é um conceito em construção com recentes instrumentos que criaram condições para o
seu desenvolvimento, como a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, por exemplo. Abrucio e
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Loureiro (2003) registraram que o termo accountability foi incluído nas discussões sobre
transparência e responsabilização na melhoria da eficiência da ação governamental. No
entanto, a indiferença da população com relação à política pode inviabilizar o processo de
accountability na construção de mecanismos institucionais para garantir o controle público
das ações governamentais.
A Lei nº 12.527/2011 (LAI – Lei de acesso à informação) em seu art. 8º, §1º, determina
que os entes públicos devem divulgar em local de fácil acesso, no âmbito de suas
competências, informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas,
no que se refere a: registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones
das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; registros de quaisquer repasses
ou transferências de recursos financeiros; informações concernentes a procedimentos
licitatórios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos
celebrados; dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de
órgãos e entidades; e respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
O art. 8º, §4º da LAI dispõe que os municípios com população de até 10.000 (dez mil)
habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet de informações de
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, independentemente de
requerimentos – transparência ativa. No entanto, permanece a obrigatoriedade de divulgação,
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira, conforme
previsto na LRF. Em caso de descumprimento, impedirá que o ente da Federação receba
transferências voluntárias e contrate operações de crédito, até que a situação seja regularizada.
Além da criação de dispositivos legais, a exemplo da LRF, que trouxe a previsão de
prestação de contas em meios eletrônicos de ampla divulgação, com acesso público, aos
instrumentos de transparência da gestão fiscal, também houve aumento dos instrumentos de
transparência administrativa. De acordo com Raupp e Pinho (2012), os estudos sobre governo
eletrônico e accountability provocaram o aprimoramento das ferramentas institucionais, bem
como estimularam o compromisso com a transparência pelos gestores.
Dessa forma, segundo Greenwood et al (2017), legitimar uma prática passa pela
conformidade com questões normativas – concernentes às regras normativas que imbuem
obrigação na vida social; regulatórias – ligadas à capacidade de inspecionar a conformidade
de outrem às normas estabelecidas; e cultural-cognitivas – que dizem respeito aos
entendimentos compartilhados que balizam o pensamento e ação das pessoas.
Adicionalmente, Abrucio e Loureiro (2003) registraram que o governo eletrônico é o
instrumento com maior potencial para elevar a eficiência governamental no Brasil. Pinho e
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Sacramento (2009) apontaram que transparência das ações governamentais contribui com a
redução da corrupção na esfera pública, bem como pode estreitar a relação entre Estado e
sociedade civil, gerando outra dimensão de accountability. Pereira (2002), também recordou
que os entes públicos estão cada vez mais compelidos a agir sob os imperativos das boas
práticas de governança e de transparência perante os cidadãos/contribuintes. Por isso, os
gestores demonstram maior preocupação e cuidado na divulgação dos atos de gestão e
prestação de contas, principalmente nos municípios.
Entretanto, segundo Teixeira et al (2015), apenas a apresentação dos dados não permite
uma interação com os usuários, que não se sentem estimulados a buscar informações, seja
pela dificuldade de localizar o que desejam saber ou pelos termos técnicos empregados nos
canais. Adicionalmente, Raupp e Pinho (2009) relataram que alguns relatórios e
demonstrativos divulgados por força de lei têm o entendimento prejudicado, em razão da
linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos.
Metodologia
O presente estudo pretende analisar portais de transparência de municípios do Estado da
Paraíba sob os preceitos da administração pública gerencial, prevista no PDRAE. O método
empregado para o desenvolvimento desta pesquisa foi o comparativo que verificou as
diferenças e semelhanças dos índices analisados para alcançar o objetivo estabelecido
inicialmente. Para Beuren (2013), a metodologia da pesquisa pode ser classificada em três
tipologias: quanto aos objetivos, como exploratória, descritiva e explicativa; quanto aos
procedimentos, como estudo de caso, levantamento, pesquisa bibliográfica, documental,
participante e experimental; e quanto à abordagem do problema, como pesquisa qualitativa e
quantitativa.
Esta pesquisa se caracterizou quanto aos objetivos como descritiva, porque demonstrou
os parâmetros formulados e os dados apurados nos índices de transparência dos municípios
paraibanos; e como explicativa, visto que elucidou a variação dos níveis de transparência dos
portais eletrônicos. Os procedimentos usados foram de natureza bibliográfica e documental,
com o uso, principalmente, de artigos científicos, dissertações, teses e legislações. E ainda,
por meio de consultas aos portais eletrônicos de governos.
Quanto à abordagem do problema, a pesquisa se classifica como qualitativa, visto que
analisa as informações disponibilizadas para identificar fatores que influenciaram os índices,
além de averiguar se há correlação desses com a faixa populacional, bem como quantitativa,
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pois demonstra os resultados sobre a transparência dos municípios, conforme os critérios
adotados para pontuá-los. O quadro 1 sintetizou a metodologia usada nesta pesquisa:
Quadro 1 – Metodologia da Pesquisa
Método: comparativo
Michel (2015) afirma que o método comparativo decorre da investigação de
indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, visando destacar diferenças e
similaridades dos elementos investigados, assim possibilitando confrontá-los
levando em conta suas particularidades e relações.
Objetivos: descritiva/explicativa
Segundo Gil (2008) a pesquisa descritiva possui a finalidade de apresentar as
caracteristicas de determinada populacao/fenômeno ou o estabelecimento de
relacoes entre variaveis e a pesquisa explicativa pretende identificar os fatores que
podem vir a determinar ou contribuir para a ocorrencia dos fenomenos.
Procedimentos: bibliográfica/documental
Para Gil (2008) a pesquisa bibliografica essencialmente recorre as contribuicoes
dos diversos autores a respeito de determinado assunto e a pesquisa documental
usufruir de materiais que nao passaram por um tratamento analitico, ou que ainda
podem ser reelaborados conforme os objetivos da pesquisa.
Abordagem do problema: qualitativa/quantitativa
Conforme Michel (2015) tem-se como propósito da pesquisa qualitativa colher e analisar dados descritivos, obtidos diretamente da situação estudada; dando ênfase
ao processo mais que ao resultado e expressando a perspectiva dos participantes. Já
a pesquisa quantitativa emprega a quantificação nas modalidades de coleta e
tratamento de informações, por meio de técnicas estatísticas mais simples
(percentual, média, desvio-padrão) até as mais complexas (coeficiente de
correlação, análise de regressão, e outras).
Amostra:
não probabilística e intencional
De acordo com Beuren (2013) os metodos nao probabilisticos utilizam do
raciocinio, sendo assim os criterios para estabelecer a amostra sujeitam-se apenas
pela seleção do pesquisador e intencional limita-se a escolher amostras baseadas
em informacoes disponiveis, sendo que o pesquisador carece previamente de
conhecimento da populacao selecionada. Fonte: Elaborado pelos autores.
O escopo da pesquisa correspondeu à 30% dos municípios do Estado da Paraíba. A
amostra não probabilística e intencional engloba as 67 prefeituras municipais com população
até 5.000 (cinco mil) habitantes, conforme estimativa de habitantes divulgada em 2017 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), selecionada com base no critério usado
na pesquisa do IBGE de Indicadores Sociais Municipais - uma análise dos resultados do
universo do Censo Demográfico 2010. Na hierarquização dos municípios, com base nos
portes populacionais, a primeira classe definida foi a dos municípios com até 5.000 (cinco
mil) habitantes. A escolha dessa amostra também reside no fato de se tratar de municípios
com baixa capacidade técnica, operacional e financeira, o que justificaria - além da
desobrigação legal – a maior probabilidade de não se encontrar qualquer tipo de portal da
transparência ou prestação de contas na internet.
O índice de transparência utilizado neste estudo foi desenvolvido pela Associação
Contas Abertas e adaptado pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE/PB), através
da composição de um grupo de trabalho e da capacitação dos avaliadores pela Controladoria
Geral da União (CGU). Esse índice leva em conta uma situação estática, apresentando uma
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sinalização quanto às boas práticas de transparência e ao acesso à informação, logo não
corresponde a uma comprovação de irregularidade, mas oferece uma indicação de
regularidade. A métrica avalia e pontua três temas: conteúdo, série histórica e frequência de
atualização e usabilidade. O quadro 2 traz o detalhamento dos temas analisados:
Quadro 2 – Métrica do índice de transparência
Temas/Parâmetros
1. CONTEÚDO
1.1. Instrumento de Planejamento
1.2. Procedimentos licitatórios
1.3. Contratos
1.4. Convênios/termos de Parceria/Contratos de repasse/termo de cooperação
1.5. Receitas (classificação até o 5º nível)
1.6. Despesas
1.7. Informações agregadas (do item 1.6.)
1.8. Informações sobre quadro de pessoal
2. SÉRIE HISTÓRICA E FREQUÊNCIA DE ATUALIZAÇÃO
2.1. Série histórica (inclusive o ano em curso, em sequência)
2.2. Atualização (tempo para atualização da despesa)
3. USABILIDADE
3.1. Interação
3.2. Delimitação temporal das consultas
3.3. Consultas às Informações dos itens 1.6 e 1.8
3.4. Extração dos dados Fonte: TCE/PB (2016)
O Portal da Transparência de cada prefeitura municipal deve disponibilizar informações
quanto aos três temas: Conteúdo = 8 itens; Série Histórica e Frequência de Atualização = 2
itens; e Usabilidade = 4 itens. O cálculo do índice de transparência é realizado a partir da
somatória da pontuação de cada item dos três temas e, após, obtida uma média. Ainda são
observados pontos específicos da LRF, LAI e do Decreto nº 7185/2010.
A coleta dos dados foi efetuada no site do TCE/PB por meio dos relatórios da
transparência pública dos municípios paraibanos referentes aos seguintes semestres: 2014.2,
2015.1, 2015.2, 2016.1 e 2016.2. A escolha dos referidos períodos se deu em razão da
disponibilidade das informações junto ao TCE/PB e da mudança ocorrida na LRF pela Lei
Complementar nº 131/2009. O TCE/PB é o órgão de controle externo constitucionalmente
instituído para fiscalizar os municípios paraibanos. Por essa razão, a pesquisa considerou os
indicadores de transparência adotados pelo referido órgão.
Resultados e Discussões
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A pesquisa se enquadrou no paradigma funcionalista e, metologicamente, caracterizou-
se quanto aos objetivos como descritiva, com relação aos procedimentos - bibliográfica e
documental, quanto à abordagem do problema - quantitativa, pois busca demonstrar os
resultados sobre a transparência dos municípios; e qualitativa, visto que interpreta e analisa os
dados coletados. A coleta dos dados foi efetuada no sítio eletrônico do Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba (TCE/PB), por meio dos relatórios da transparência pública dos municípios
paraibanos.
O tema conteúdo concentra parâmetros como: instrumentos de planejamento (PPA,
LDO e LOA), procedimentos licitatórios, contratos, convênios/termos de parceria/contratos
de repasse/termo de cooperação, execução orçamentária e financeira (receitas e despesas –
classificação, empenho e pagamento) e informações sobre o quadro de pessoal. As respostas
são do tipo “sim” ou “não” com a respectiva pontuação recebida a cada quesito, após
verificação nos portais de transparência.
A série histórica e frequência de atualização é um tema que está relacionado aos
seguintes parâmetros: a série histórica que o portal de transparência possui (medida em anos,
quanto maior, melhor) e atualização (quanto tempo, em dias, o ente público leva para atualizar
as informações referentes à despesa pública, quanto maior, pior). Os dois parâmetros são
escalonados em cinco níveis.
O tema usabilidade contempla parâmetros relacionados à interação com o usuário do
portal de transparência, como por exemplo: acesso em site oficial, manual de navegação,
glossário, perguntas frequentes, fale conosco (e-mail/telefone), delimitação temporal das
consultas e extração de dados (possibilidade de download em arquivos de diferentes formatos,
para todas as consultas ou parte delas). As respostas são do tipo “sim” ou “não”.
Primeiramente, após a coleta dos dados, os 67 municípios foram identificados e
ordenados, de acordo com a população estimada em 2017, da menor para a maior. Para cada
município segue sua respectiva pontuação nos temas/parâmetros: conteúdo, série histórica e
frequência de atualização, usabilidade e média final dos cinco períodos analisados (2014.2 à
2016.2), conforme apresentado no Apêndice 1, o que permite identificar quais das três
dimensões contribuíram para aumentar ou diminuir a pontuação total de cada município.
Adicionalmente, foram feitas algumas questões (do tipo “sim”, “não” ou “parcial”)
relacionadas aos portais de transparência dos municípios, de modo a verificar o cumprimento
da legislação vigente, como por exemplo: disponibiliza a Prestação de Contas apresentada ao
Tribunal de Contas?; Disponibiliza o Relatório de Gestão Fiscal (RGF)?; Disponibiliza o
13
Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO)?; Identifica-se no site se o município
regulamentou a LAI?; O ente possui Portal da Transparência em funcionamento?; O site tem
ferramenta de pesquisa?; No site está disponibilizado o registro das competências e estrutura
organizacional do ente?; Disponibiliza endereços e telefones das respectivas unidades e
horários de atendimento ao público?; O conteúdo disponibilizado atende ao requisito “tempo
real”?
Numa análise inicial, o gráfico 1 demonstra que a média dos portais analisados
evoluíram bastante desde a primeira avaliação. A média das notas foi de apenas 4,45 pontos
em 2014.2, tendo crescido sucessivamente nas avaliações seguintes, até alcançar a média
máxima de 6,70 pontos em 2016.2. Uma variação de 2,25 pontos na média, em apenas dois
anos, é considerado um avanço significativo.
Fonte: elaborado pelos autores
Os indicadores que compõem a média oscilaram ao longo dos períodos analisados,
porém todos eles também apresentaram evolução entre o período inicial e final da análise. A
maior variação entre eles ocorreu no indicador série histórica e frequência de atualização, que
variou 3,39 pontos. Vale destacar que o mesmo indicador apresentou forte ascensão de 2014.2
até 2016.1 quando atingiu 5,81 pontos, porém encerrou o período 2016.2 em queda em
relação ao período anterior, atingindo 5,52 pontos.
Os temas/parâmetros considerados na pesquisa para compor o índice de transparência
2014.2 2015.1 2015.2 2016.1 2016.2
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
Gráfico 1 - Índices de transparência por períodos
GERAL
Conteúdo
Série histórica
Usabilidade
Períodos
Val
ore
s
14
de cada portal analisado apresentaram deficiências, nos cinco períodos, que merecem ser
citadas e tratadas com mais atenção por partes dos gestores públicos, mesmo que, no geral,
apresentem melhoria significativa. Pode-se verificar algumas oscilações, bem como notas
“zero” que devem ser expostas e justificadas perante a população.
Por outro lado, considerando as 335 análises realizadas nesta pesquisa (67 portais de
transparência em cinco períodos), em sete ou 2% delas se constataram a ausência de site com
endereço oficial do município. Esse fato ocorreu em mais de um período, viu-se que em
períodos anteriores existiam sites com endereços oficiais e em determinado momento deixou
de existir. Com isso, as médias, em casos como esses, ficaram comprometidas apresentando
notas muito baixas.
Vale destacar que, no período 2014.2, aproximadamente 24% portais de transparência
obtiveram médias inferiores a 4,00 pontos, enquanto a maior do período em questão foi de
6,77 pontos (Mãe d’água). Já em 2016.2, apenas 8% aproximadamente tiveram médias
inferiores a 4,00 pontos, quando a maior do período foi de 9,35 (Pedra Branca e Frei
Matinho). Isso evidencia o esforço feito pelos entes públicos nos últimos anos para melhorar
os índices de transparência dos municípios paraibanos.
Adicionalmente, o gráfico 2 ilustra a dispersão das médias nos períodos 2014.2 e 2016.2
(início e fim da análise). Pode-se constatar que em 2014.2 as médias ficaram concentradas no
intervalo entre 4,00 e 6,00 pontos. Enquanto que em 2016.2, as médias se concentraram no
intervalo entre 6,00 e 8,00 pontos. Logo, percebe-se, de um modo geral, uma evolução nos
portais de transparência dos municípios paraibanos.
15
Fonte: elaborado pelos autores.
Pode-se constatar, pelos índices expostos, que os portais de transparência dos
municípios analisados podem melhorar em muitos quesitos. Porém, mesmo com
desobrigatoriedade prevista na LAI, houve uma evolução de 2014 a 2016, em razão do
aprimoramento das ferramentas institucionais nos últimos anos, recordados por Raupp e
Pinho (2012), podendo indicar explicação na teoria institucional, segundo Greenwood et al.
(2017), assim como parece refletir uma potencial mudança cultural na forma de se fazer
gestão pública.
Há ainda uma aproximação com o que foi previsto no PDRAE, no qual os sistemas
administrativos voltados para a gestão pública abrangeriam diversas áreas. A sistematização
permite transparência na implementação das diversas ações do governo, possibilitando seu
acompanhamento e avaliação, bem como a disponibilização das informações não privativas e
não confidenciais para o governo como um todo e a sociedade.
As modificações ocorridas na LRF dão ênfase à transparência da gestão fiscal, no que se
refere aos planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
Gestão Fiscal. Assim, pode-se constatar uma maior preocupação com a parte da execução
orçamentária e financeira. No entanto, as exigências previstas no art. 8º, § 1º da LAI vão bem
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00Gráfico 2 - Dispersão das médias em 2014.2 e 2016.2
2014.2
2016.2
Quantidade de municípios
Méd
ias
16
além, incluem mais informações, das quais os municípios com menos de 10.000 (dez mil)
habitantes continuam desobrigados a atender.
Apesar da característica da impessoalidade, presente na teoria da burocracia, conforme
Bresser-Pereira (1995), dificultar a transparência administrativa, pode-se constatar que as
médias dos municípios analisados evoluíram de 2014 a 2016. Isso se deve em razão do
aprimoramento das ferramentas institucionais nos últimos anos, recordados por Raupp e
Pinho (2012), bem como por força de dispositivos legais, a exemplo da LRF, que trouxe a
previsão de prestação de contas em meios eletrônicos de ampla divulgação, com acesso
público, aos instrumentos de transparência da gestão fiscal.
Nesse sentido, a reforma do aparelho do Estado teve a finalidade de tornar a
administração pública mais eficiente e mais voltada para a cidadania, segundo Bresser-Pereira
(1995), e ainda promover o controle social e a participação da sociedade. Numa visão
institucional, Pereira (2002), também recordou que os entes públicos estão cada vez mais
compelidos a agir sob os imperativos das boas práticas de governança e de transparência
perante os cidadãos/contribuintes.
Os gestores dos municípios pesquisados demonstraram maior preocupação e cuidado na
divulgação dos atos de gestão e prestação de contas dos municípios, mesmo com as limitações
operacionais, técnicas e financeiras, bem como sob a forte influência dos padrões
patrimonialistas e insulamento burocrático dos gestores públicos municipais. De acordo com
Leite (2016), o poder da “autoridade institucional” afasta o viés personalista do modelo de
burocracia weberiano.
Os temas/parâmetros usados nesta pesquisa apresentaram variações consideráveis ao
longo do período analisado, comprometendo, segundo Yazigi (1999), a transparência ativa.
Ainda que a burocracia seja o paradigma vigente, são evidentes os esforços que o PDRAE fez
para tornar a administração pública mais eficiente e mais voltada para a cidadania. Segundo
Bresser-Pereira (1995), o papel do Estado passa a ser de promotor e regulador do
desenvolvimento econômico e social, buscando ainda o controle social e a participação da
sociedade, por meio da transparência das diversas ações do governo.
O tema/parâmetro conteúdo dos portais da transparência analisados evidenciou algumas
fragilidades, principalmente quanto à ausência de informações do tipo: gastos com pessoal e
encargos sociais, licitações e contratos, convênios, termos de parceria, execução orçamentária,
instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA). Nesse caso, percebe-se descumprimento
da LRF no tocante à obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informações relativas à
execução orçamentária e financeira. Com isso, de acordo com Ramírez-Alujas (2011) existem
17
algumas restrições que vão de encontro aos princípios do governo aberto.
O tema/parâmetro série histórica e frequência de atualização apresentou as piores
médias nos portais da transparência dos municípios pesquisados. Por vezes, algumas
prefeituras não traziam informações de outros exercícios, o que inviabiliza exames mais
aprofundados por parte dos diversos usuários da informação. Esse fato pode sinalizar uma
possível influência política na divulgação das contas municipais, como a troca de gestores por
término de mandatos, por exemplo. Outro ponto negativo verificado foi quanto à demora na
atualização das despesas públicas nos portais, em determinados períodos a atualização das
informações foi superior a 61 dias. Isso, de certa forma, compromete o que Pinho e
Sacramento (2009) registraram sobre a contribuição que transparência das ações
governamentais pode provocar na redução da corrupção na esfera pública, bem como pode
estreitar a relação entre Estado e sociedade civil, gerando outra dimensão de accountability.
Quanto ao tema usabilidade, observou-se que algumas fragilidades limitavam a
interação do usuário com o portal da transparência. Pode-se listar a falta de manual de
navegação, glossário, um local de perguntas frequentes, fale conosco, e-mail, telefone de
contato, bem como uma opção para download de bancos de dados. Essas falhas podem levar
ao desinteresse por parte dos usuários. De acordo com Teixeira et al (2015) quando a
apresentação dos dados não permite uma interação com os usuários, eles não se sentem
estimulados a buscar informações, seja pela dificuldade de localizar o que desejam saber ou
pelos termos técnicos empregados nos canais.
A linguagem empregada nos portais da transparência também deve ser objeto de
preocupação dos técnicos responsáveis pela manutenção e inserção de dados nos sistemas de
informações, pois esse é um dos principais motivos de afastamento/desinteresse por parte dos
cidadãos. Um fator relevante de usabilidade, que, conforme Raupp e Pinho (2009) relataram,
alguns relatórios e demonstrativos divulgados por força de lei têm o entendimento
prejudicado, em razão da linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos/usuários.
Por vezes, algumas características da administração burocrática weberiana ainda são
percebidas na gestão pública brasileira, mesmo sendo um modelo bastante defasado e
desconectado com a complexidade dos novos problemas sociais. Nesse sentido, as propostas
de reforma do aparelho estatal brasileiro, a exemplo da NAP, NSP, NGP e Governo Aberto,
surgiram, segundo Fontes Filho (2014), para fazer com que a administração pública se adéque
à dinâmica e exigência da sociedade.
Com princípios voltados para a transparência e abertura, participação e colaboração dos
cidadãos, a ideia de Governo Aberto, segundo Obama (2009), parece ser um bom caminho a
18
seguir, pois encoraja e promove a responsabilização perante os cidadãos e o controle social
permanente, reforçando a confiança, a coesão social e o fortalecimento institucional. Com
isso, os portais eletrônicos podem se tornar importantes instrumentos, como forma de
mobilizar pessoas a participarem da gestão pública.
O cidadão exerce papel primordial nessa transformação rumo a uma gestão mais
transparente e livre da corrupção. No entanto, segundo Abrucio e Loreiro (2003), a
indiferença da população com relação à política pode inviabilizar o processo de accountability
na construção de mecanismos institucionais para garantir o controle público das ações
governamentais. Logo, o envolvimento de todos é fundamental para o sucesso da gestão
pública.
Conclusão
Esta pesquisa teve por objetivo analisar portais de transparência de municípios
paraibanos sob a ótica da administração pública gerencial prevista no PDRAE. Tal plano tinha
o propósito de fazer a transição da administração pública burocrática, rígida e ineficiente,
voltada para si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial,
flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão.
O avanço tecnológico possibilitou a criação de mecanismos de acompanhamento e
participação popular, como os portais eletrônicos de transparência. De acordo com Raupp e
Pinho (2012), esse fato provocou o aprimoramento das ferramentas institucionais, bem como
estimulou o compromisso com a transparência pelos gestores. Espera-se que com a maior
oferta de informações sobre a atuação dos governos a população possa participar e exercer de
fato a função de controle (controle social).
Somente por meio do engajamento participativo, os brasileiros sentirão a sensação de
cidadania a “flor da pele”. Mesmo não sendo fácil romper com determinados traços culturais,
as mudanças propostas pelo PDRAE configuram um esforço inclusivo do governo brasileiro,
sendo as medidas de transparência o primeiro e mais importante passo nesse sentido. Mas
para que essa medida tenha efeito, faz-se necessário o interesse e envolvimento dos cidadãos.
Não obstante, sabe-se que leva tempo até que as imposições legais se tornem
culturalmente legítimas e passem a integrar as práticas cotidianas dos cidadãos.
Institucionalizar uma prática requer a recorrência temporal de um agregado de elementos
cognitivos, culturais, regulatórios e normativos que, juntamente a determinados recursos e
atividades associadas, proveem estabilidade e significado à vida social.
19
A busca por legitimidade dos gestores municipais pode explicar a existência das
referidas práticas. Mesmo que não haja exigência legal para a publicação na internet de todos
os atos e fatos da gestão pública para os municípios de pequeno porte, ela existe para os
municípios com mais de dez mil habitantes. Assim sendo, pode-se dizer que para esses
últimos ser transparente é legítimo, pois há endosso social no sentido normativo, regulatório e
cultural. Portanto, mesmo quando não há imposição normativa, há vantagens a serem obtidas
pela execução dessas práticas, principalmente no que diz respeito à melhoria da imagem dos
gestores dos pequenos municípios. Essa é uma possível contribuição da Teoria Institucional
para esse fato, aparentemente contraditório.
Verificou-se na pesquisa que os portais da transparência municipais estão em processo
de evolução, com melhorias significativas nos últimos anos. Foi interessante observar que,
independentemente, da exigência legal (princípio da legalidade) - um dos princípios da
administração pública burocrática - os gestores dos municípios de pequeno porte, segundo
Pereira (2002), demonstram maior preocupação e cuidado na divulgação dos atos de gestão e
prestação de contas.
Com isso, tem-se a expectativa de que num futuro próximo, a administração pública
possa continuar se aperfeiçoando, principalmente com o Estado mais preocupado em ouvir o
que a sociedade tem a dizer, promovendo a participação ativa e gestão social. A proposta de
governo aberto, conforme Ramírez-Alujas (2011), é um caminho interessante, pois propõe um
relacionamento entre governos, administrações e sociedade cada vez mais transparente,
multidirecional, colaborativo e orientado para a participação dos cidadãos, tanto no
monitoramento, quanto na tomada de decisão pública.
Conclui-se que os portais da transparência analisados apresentaram algumas
informações relevantes para um controle social. Porém, nem todas as exigências legais foram
atendidas pelos municípios, bem como alguns imperativos das boas práticas de governança e
de transparência foram deixados de lado. Um exemplo disso é a usabilidade, segundo Teixeira
et al (2015), apenas a apresentação dos dados não permite uma interação com os usuários, que
não se sentem estimulados a buscar informações, seja pela dificuldade de localizar o que
desejam saber ou pelos termos técnicos empregados nos canais.
Verificou-se que muitas das informações disponibilizadas nos portais da transparência
dos municípios eram de difícil entendimento, em razão da linguagem técnica empregada,
exigindo um conhecimento prévio em administração pública, principalmente, dos cidadãos.
Essa é uma preocupação que os gestores devem ter, conforme exposto por Raupp e Pinho
(2009) que alguns relatórios e demonstrativos divulgados têm o entendimento prejudicado,
20
em razão da linguagem usada ser pouco acessível aos cidadãos.
Portanto, mesmo com todo esforço existente desde 1995 com o advento do PDRAE,
pode-se perceber que muitas das ideias e práticas da Teoria burocrática weberiana ainda
permeiam a administração pública brasileira, principalmente no nível municipal, o que tende a
dificultar a transparência. Contudo, o cenário de mudança é animador, pois existe um
movimento, cada vez maior, de participação social e conscientização do cidadão sobre seu
papel na gestão pública. E ainda, um avanço na conscientização dos gestores (autoridade
institucional). Espera-se com isso um incremento na qualidade da transparência pública e, por
conseguinte, uma redução da corrupção na esfera pública.
Com o objetivo de encontrar explicações mais consistentes para a existência de práticas
de transparência e elevação de seu nível em municípios paraibanos, mesmo não havendo
exigência legal, recomendam-se estudos futuros sobre a relação da transparência na gestão
pública com a Teoria Institucional e cultura organizacional. Isso se deve ao fato de muitos
entes públicos estarem compelidos a agir sob o imperativo da transparência, numa ótica
institucional.
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Apêndice 1 - Índices de transparência dos municípios paraibanos com até 5.000 habitantes
2014.2 2015.1 2015.2 2016.1 2016.2
NOME DO MUNICÍPIO 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL 1 2 3 TOTAL
Parari 1.769 5,80 1,30 7,10 5,00 6,71 1,00 5,64 5,02 6,57 2,00 7,21 5,59 5,00 2,67 10,00 5,30 0,20 0,00 0,00 0,10
São José do Brejo do Cruz 1.806 6,21 1,29 4,50 4,55 3,07 1,14 6,07 3,34 5,96 6,86 6,93 6,43 0,20 0,00 2,00 0,50 7,60 5,00 8,00 6,90
Coxixola 1.925 5,32 1,29 5,36 4,32 8,54 3,86 5,36 6,58 8,72 3,86 6,79 7,02 8,90 6,67 8,75 8,20 8,50 8,33 6,75 8,10
Quixaba 1.964 3,50 5,14 6,64 4,70 6,11 5,14 5,00 5,59 7,31 1,86 5,64 5,53 5,70 7,67 8,00 6,75 7,30 7,67 10,00 7,95
Riacho de Santo Antônio 1.985 4,79 1,86 6,36 4,45 6,71 1,86 6,64 5,48 6,57 6,86 7,21 6,80 4,80 4,33 9,50 5,60 6,20 6,00 7,50 6,40
Areia de Baraúnas 2.126 6,90 4,57 6,21 6,15 6,52 4,29 5,64 5,74 8,30 5,14 6,50 7,06 5,10 6,67 8,00 6,15 5,90 5,00 6,75 5,80
Zabelê 2.245 4,11 1,29 5,79 3,82 6,25 0,00 4,36 4,21 6,37 3,71 7,64 6,03 6,10 8,33 8,75 7,30 7,20 6,67 8,75 7,35
Amparo 2.246 5,07 1,00 4,43 3,89 7,71 1,00 5,21 5,41 8,29 6,71 6,64 7,48 5,20 8,33 7,25 6,55 8,00 4,33 7,75 6,85
Passagem 2.424 7,19 1,86 5,93 5,54 1,25 2,00 5,07 2,39 6,76 1,86 6,21 5,40 6,60 7,67 8,00 7,20 8,50 2,67 10,00 7,05
Algodão de Jandaíra 2.501 4,36 1,29 5,64 3,91 5,93 1,43 6,21 4,88 7,61 3,00 5,29 5,88 6,90 5,00 10,00 6,95 6,70 5,00 10,00 6,85
Curral Velho 2.517 4,07 1,29 6,07 3,88 5,82 2,29 8,21 5,54 6,47 1,14 8,21 5,58 6,40 3,67 6,75 5,65 6,80 3,67 6,75 5,85
Santo André 2.519 5,00 1,29 6,36 4,41 6,29 1,14 6,21 4,98 7,07 2,00 6,93 5,77 8,00 2,67 7,00 6,20 3,80 0,00 7,50 3,40
Bom Jesus 2.567 7,03 1,29 5,93 5,32 8,71 1,43 4,79 5,91 8,64 2,00 6,79 6,52 6,30 8,33 8,25 7,30 6,60 5,00 7,75 6,35
São Domingos do Cariri 2.601 5,43 1,14 5,36 4,34 8,14 1,86 5,86 6,00 6,61 1,29 8,57 5,77 7,00 4,33 6,50 6,10 7,40 4,33 6,50 6,30
Carrapateira 2.667 6,07 1,29 6,93 5,09 8,14 1,00 5,36 5,66 7,43 1,86 4,36 5,27 5,40 5,00 7,75 5,75 5,40 5,00 8,75 5,95
Joca Claudino 2.690 6,64 1,29 6,79 5,34 0,50 0,00 7,50 2,13 6,61 1,29 6,21 5,18 6,50 2,67 8,00 5,65 7,70 5,00 10,00 7,35
Lastro 2.725 7,74 4,57 5,79 6,46 6,70 6,86 6,07 6,58 6,71 2,00 5,64 5,27 8,30 5,00 9,00 7,45 7,90 5,00 9,00 7,25
Várzea 2.820 6,55 5,14 6,79 6,26 7,64 4,57 7,21 6,77 0,00 0,00 1,79 0,45 7,90 3,67 9,50 6,95 9,50 3,67 9,50 7,75
Mato Grosso 2.915 4,43 1,86 5,57 4,07 0,00 0,00 1,79 0,45 5,11 2,00 4,86 4,27 4,00 6,00 7,25 5,25 0,80 2,67 3,00 1,80
Frei Martinho 2.990 9,50 1,29 5,64 6,48 9,00 1,29 4,64 5,98 9,00 1,29 6,21 6,38 9,40 10,00 8,75 9,45 10,00 8,33 9,25 9,35
Ouro Velho 3.042 3,46 1,86 5,36 3,54 6,86 4,00 6,21 5,99 6,44 1,86 6,64 5,34 5,70 8,33 7,50 6,85 6,60 6,00 8,50 6,80
Tenório 3.066 4,50 4,29 5,36 4,66 7,64 4,57 7,50 6,84 3,50 2,00 7,50 4,13 6,90 2,67 7,50 5,75 7,10 2,67 7,50 5,85
Serra Grande 3.100 7,24 1,00 5,93 5,35 8,36 1,43 6,93 6,27 5,92 6,86 6,50 6,30 8,10 8,33 8,00 8,15 9,80 6,67 10,00 8,90
São Domingos 3.120 3,93 3,71 4,21 3,95 8,89 6,71 4,07 7,14 8,34 3,71 5,21 6,40 9,20 5,33 9,50 8,10 9,60 6,00 10,00 8,60
Serra da Raiz 3.121 4,89 1,29 5,64 4,18 7,21 1,43 6,07 5,48 6,79 4,00 5,07 5,66 5,80 5,33 9,50 6,40 8,30 6,67 10,00 8,15
Cajazeirinhas 3.197 4,13 1,00 5,07 3,58 4,71 1,00 7,21 4,41 6,71 2,14 7,21 5,69 7,60 5,33 6,75 6,75 7,10 7,00 5,75 6,80
São Francisco 3.363 4,93 2,14 5,21 4,30 8,77 6,71 4,64 7,23 8,37 3,71 6,50 6,74 8,00 6,00 8,00 7,40 8,30 6,00 8,00 7,55
Gurjão 3.436 5,32 1,29 5,79 4,43 7,00 1,14 4,21 4,84 8,29 1,29 5,64 5,88 5,20 6,67 7,25 6,05 5,40 6,00 7,25 5,95
Bernardino Batista 3.438 4,50 3,86 5,79 4,66 6,07 1,43 6,21 4,95 7,82 4,00 5,29 6,23 6,20 6,67 9,50 7,00 7,30 8,33 10,00 8,15
São Sebastião do Umbuzeiro 3.496 4,11 1,14 5,79 3,79 4,36 0,00 3,93 3,16 5,46 1,14 8,21 5,07 6,70 7,00 8,75 7,20 7,50 4,33 8,25 6,70
Emas 3.528 7,19 5,14 6,14 6,41 2,36 4,29 6,57 3,89 7,01 1,43 6,50 5,49 1,90 5,00 3,50 3,15 4,60 1,00 7,00 4,00
São José do Bonfim 3.566 3,96 6,71 6,79 5,36 7,04 1,71 4,64 5,11 6,51 6,57 7,64 6,81 7,60 5,33 8,75 7,15 7,20 7,67 6,75 7,25
Sossêgo 3.567 4,57 1,00 6,36 4,13 7,25 1,14 6,36 5,50 7,54 5,00 7,36 6,86 6,00 5,00 10,00 6,50 7,50 5,00 9,50 7,15
ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS COM DATA DE
REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2017
POPULAÇÃO ESTIMADA
Apêndice 1 - Índices de transparência dos municípios paraibanos com até 5.000 habitantes
Duas Estradas 3.594 7,04 4,57 6,21 6,22 3,14 2,00 5,50 3,45 7,34 2,00 6,50 5,79 6,00 3,33 8,00 5,60 0,00 0,00 0,00 0,00
Santa Inês 3.596 6,80 1,86 6,21 5,42 7,43 2,00 6,93 5,95 7,43 4,00 7,64 6,63 5,30 6,67 8,00 6,25 4,90 2,00 8,50 4,75
Riachão 3.607 6,31 1,29 5,21 4,78 7,46 1,14 6,79 5,71 7,90 4,00 6,93 6,68 8,90 5,33 8,00 7,65 7,40 7,67 8,00 7,60
São José dos Cordeiros 3.711 5,77 1,14 7,50 5,05 7,04 1,14 7,07 5,57 7,11 2,00 7,79 6,00 5,40 3,67 7,50 5,30 6,40 6,00 6,00 6,20
Cacimba de Areia 3.749 5,07 1,00 6,07 4,30 5,88 0,86 8,93 5,39 6,79 1,29 8,21 5,77 6,50 3,67 6,25 5,60 7,20 4,67 4,75 5,95
Poço Dantas 3.770 5,36 5,43 4,79 5,23 5,39 7,14 8,21 6,54 6,79 5,43 8,21 6,80 2,40 1,00 8,00 3,10 6,70 7,67 8,00 7,25
Pedra Branca 3.803 7,96 3,86 6,50 6,57 6,92 2,00 6,43 5,57 6,90 6,71 6,64 6,79 7,30 10,00 8,00 8,25 8,90 10,00 9,50 9,35
Vista Serrana 3.808 0,00 0,00 0,00 0,00 6,61 1,86 4,50 4,89 7,34 2,43 8,07 6,29 7,80 7,67 8,75 7,95 8,80 6,00 8,75 7,95
São José de Princesa 3.842 2,93 0,86 5,57 3,07 4,71 0,86 3,93 3,55 5,40 2,00 8,36 5,29 7,00 4,33 8,25 6,45 6,70 5,33 6,25 6,20
Assunção 3.921 0,00 0,00 2,21 0,55 7,04 1,14 5,50 5,18 7,68 2,00 8,57 6,48 5,20 5,00 8,50 5,80 7,70 6,00 8,50 7,35
Olivedos 3.951 4,96 1,14 5,36 4,11 7,46 1,14 5,64 5,43 7,68 1,29 7,00 5,91 6,40 8,33 6,50 7,00 7,80 5,00 8,00 7,00
Salgadinho 3.980 5,11 1,29 4,79 4,07 0,00 0,00 0,00 0,00 7,32 4,00 7,36 6,50 7,80 2,67 10,00 6,70 5,30 5,00 10,00 6,15
Mãe d'Água 4.009 7,36 5,43 6,93 6,77 6,76 4,29 6,43 6,06 7,44 4,29 6,43 6,40 6,60 8,33 9,00 7,60 6,80 8,33 9,00 7,70
São José do Sabugi 4.145 4,57 4,29 6,50 4,98 7,89 5,14 7,79 7,18 5,81 7,14 6,93 6,43 7,90 8,33 8,00 8,05 8,00 7,67 9,25 8,15
Caraúbas 4.171 5,21 1,29 5,36 4,27 7,43 1,29 5,21 5,34 8,29 2,14 6,64 6,34 7,20 6,00 7,75 6,95 8,20 3,33 8,50 6,80
Prata 4.179 5,04 0,86 6,50 4,36 4,29 1,86 4,71 3,79 6,42 2,00 7,64 5,62 5,90 6,00 8,75 6,50 5,40 6,00 6,75 5,85
São João do Cariri 4.296 6,75 1,29 6,21 5,25 7,71 0,86 5,43 5,43 5,32 1,71 7,57 4,98 7,20 3,67 9,00 6,50 9,30 3,67 9,00 7,55
Poço de José de Moura 4.318 2,64 2,14 4,79 3,05 6,64 1,43 8,14 5,71 0,99 4,00 2,21 2,05 8,60 6,67 8,00 7,90 7,70 6,67 8,00 7,45
Logradouro 4.343 6,29 1,29 4,64 4,63 8,04 1,29 4,36 5,43 9,18 1,86 6,93 6,79 8,60 5,33 8,75 7,65 8,20 6,67 7,25 7,55
São João do Tigre 4.423 0,71 0,86 5,93 2,05 0,00 0,00 2,07 0,52 4,74 2,00 8,21 4,92 6,90 5,33 8,25 6,70 6,90 2,67 6,75 5,60
Riachão do Poço 4.519 0,71 0,00 0,43 0,46 5,91 2,14 5,64 4,90 7,79 3,71 8,71 7,00 8,40 6,00 7,75 7,55 9,00 7,67 7,25 8,25
Riachão do Bacamarte 4.529 5,64 0,86 4,79 4,23 0,00 0,86 3,57 1,11 0,06 0,00 0,00 0,03 5,50 3,67 7,50 5,35 5,70 10,00 7,50 7,35
Matinhas 4.537 7,40 4,29 6,14 6,31 6,86 5,43 6,07 6,31 7,57 3,00 7,86 6,50 4,10 7,67 8,00 5,95 6,90 7,67 8,00 7,35
São Bentinho 4.540 5,04 1,29 5,29 4,16 4,71 1,00 3,93 3,59 6,24 3,71 8,21 6,10 5,50 6,00 8,75 6,30 8,10 7,67 6,25 7,60
Santa Teresinha 4.573 0,00 0,00 2,64 0,66 6,57 1,29 4,50 4,73 6,46 3,71 8,21 6,21 8,80 7,67 8,75 8,45 8,40 7,67 6,75 7,85
São José de Espinharas 4.635 7,13 4,57 6,50 6,33 7,29 5,14 7,50 6,81 5,36 7,14 6,79 6,16 8,40 8,33 8,00 8,30 7,70 7,67 10,00 8,15
Lagoa 4.666 0,00 0,86 4,50 1,34 1,07 0,00 2,21 1,09 7,71 2,29 4,79 5,63 7,20 8,33 7,75 7,65 5,10 1,00 7,25 4,30
Congo 4.789 6,44 6,71 5,79 6,35 6,29 2,00 8,79 5,84 6,70 4,00 7,07 6,12 8,50 8,33 8,50 8,45 8,20 6,00 9,25 7,75
Monte Horebe 4.825 5,50 1,00 5,21 4,30 7,86 1,00 4,93 5,41 8,21 1,86 6,50 6,20 7,30 6,00 6,00 6,65 7,60 6,00 8,50 7,30
Caturité 4.839 5,50 1,86 6,07 4,73 8,11 1,29 8,29 6,45 8,94 4,00 8,21 7,52 8,80 5,33 9,50 7,90 7,20 7,67 10,00 7,90
Nova Palmeira 4.910 5,76 1,29 7,64 5,11 4,86 1,43 5,07 4,05 7,79 2,00 8,00 6,39 7,70 8,33 10,00 8,35 7,40 6,67 10,00 7,70
Baraúna 4.925 6,75 1,29 3,79 4,64 8,43 2,14 4,93 5,98 9,20 3,00 7,79 7,30 7,50 8,33 9,50 8,15 9,30 8,33 10,00 9,15
Catingueira 4.934 4,54 1,86 6,21 4,29 4,54 2,29 7,21 4,64 6,47 1,86 8,21 5,75 0,00 2,00 6,75 1,95 0,00 1,00 4,50 1,20
Bom Sucesso 4.972 5,93 0,86 5,07 4,45 7,46 1,14 4,21 5,07 6,72 1,14 3,79 4,59 7,60 6,00 8,50 7,30 8,20 7,67 10,00 8,40
MÉDIA 5,08 2,13 5,52 4,45 6,03 2,12 5,64 4,96 6,77 3,05 6,70 5,82 6,55 5,81 8,09 6,63 6,95 5,52 7,88 6,70
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