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Tribunal de Contas da União
CONTROLE DA GESTÃO AMBIENTAL: desafios e
perspectivas
“O licenciamento ambiental como instrumento de participação
política e controle”Raimundo Moraes
Belém, junho de 2007
ESTIMATIVA DA POPULAÇÃO MUNDIAL (EM BILHÕES)
AL GORE, A Terra em Balanço, São Paulo:1993, p.35/37
ESTIMATIVA DO NÚMERO DE ESPÉCIES PERDIDAS POR ANO
Global Tommorrow, The Global Ecology Hnadbook, 1990 apud Al Gore, A Terra em Balanço: August, 1993, p.26.
NÚMERO DE ESPÉCIES PERDIDAS POR ANO
POPULAÇÃO MUNDIAL (EM BILHÕES)
A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
FundamentosConstituição da República: Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:I — a soberania;II — a cidadania;
III — a dignidade da pessoa humana;IV — os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa;V — o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
FundamentosConstituição da República: Art. 3º Constituem objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil:
I — construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II — garantir o desenvolvimento nacional;
III — erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;IV — promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
Fundamentos “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;VII - redução das desigualdades regionais e
sociais;...
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
Fundamentos
“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o
setor privado.
§ 1º – A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os
planos nacionais e regionais de desenvolvimento.”
A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL
Missão do Art. 225, Constituição da República:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE NO
BRASILFUNDAMENTOSo exercício do poder pela participação
direta (par. único do art. 1º)
o pluralismo político (art. 1º, V)
a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, II e III, e 170)
o controle e planejamento da atividade econômica (arts. 170, 174 e 225)
o meio ambiente é bem de uso comum do povo (art. 225)
Gestão Ambiental:
É a realização da missão da República no espaço público
de gestão, por meio de atividades normativas,
administrativas e jurisdicionais, com o fim de prevenir, reparar e reprimir danos ao meio ambiente –
gerenciamento de conflitos ambientais
GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NO BRASIL
Contexto Social e Institucional:
•Sociedade pluralista e
pluralismo político
•Democracia deliberativa
(legitimação para além do
processo eleitoral)
•Espaço público de gestão
•Necessidade de informação e
controle
GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA NO BRASIL
Princípios Informadores
Participação políticaInformaçãoPublicidade
TransparênciaEficiênciaEficácia
Controle social
Função
pública
Atividades Repartição de competências
Instrumento de participação da sociedade
Norm
ativa
–Elaboração das normas e da política pública–Criação das diretrizes e detalhamento das políticas públicas–Regulamentação geral de normas
Art. 22 (da União)Art. 24 (concorrente: União x Estados e DF)Art. 25 (dos Estados)Art. 30, I e II (dos Municípios).Art. 32, 1º.(dos Municípios)
Plebiscito (Art. 14, I).Referendo (Art. 14, II).Iniciativa popular de lei (Art. 14, III, 27, §4º, 29, XI, e 61, §2º).Audiência pública (Art. 58, §2º, II).Direito de petição (Art. 58, §2º, IV).Conselho paritário (Art. 204, II; 206, VI e 227, §7º).
Ad
min
istrativa
–Implementação de normas e políticas públicas–Exercício do poder de polícia administrativa–Exercício de direitos e tomada de decisões–Responsabilização
Art. 21, I a XII e XIII a XXV (União).Art. 23 (concorrente)Art. 25 (dos Estados)Art. 30, III a IX (dos Municípios).
Processos decisórios (Art. 5º, LV).Plebiscito (Art. 14, I).Referendo (Art. 14, II).Conselho paritário (Art. 194, VII; 198, III; 204, II; 206, VI e 227, 7º).Audiência públicaConsulta pública
Jurisd
icio
nal
–Decisão sobre litígios–Defesa e garantia de direitos potencial ou efetivamente lesado–Responsabilização civil e penal–Dicção do direito
Art. 21, XIII, 106 a 109, (União).Art. 125 (Estados)(O Município não tem Sistema Judiciário próprio)
Iniciativa de ações (Art. 5º, LIV e LIV):
• civis públicas (Art. 129, III)• populares (Art. 5º, LXXIII)• mandado de segurança coletivo (Art. 5º, LXX)• penais públicas (Art. 129, I, e 5º, LIX)
FEDERALISMO COOPERATIVO E DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS
PROBLEMASPROBLEMAS
DEFICIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PESSOAS
INSUFICIENTE ESPECIALIZAÇÃO DE FUNÇÃO E SOBREPOSIÇÃO DE ATRIBUIÇÕESDEFICIÊNCIA OU INEXISTÊNCIA DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICODEFICIÊNCIA NO ACESSO A INFORMAÇÃO
LIMITAÇÃO DE PESSOAS
DEMANDASDEMANDAS
INTEGRAÇÃO REGIONAL E NACIONAL DA ATUAÇÃO INSTITUCIONAL
PROCESSO DE APRIMORAMENTO ORGANIZACIONAL E PARTICIPATIVOPROGRAMA DE FORMAÇÃO DE
PESSOAS
AMPLIAR E CONSOLIDAR ESPECIALIZAÇÃO DE FUNÇÃO E APRIMORAR DEFINIÇÃO DE ATRIBUIÇÕES
DESENVOLVER QUADRO TÉCNICO-CIENTÍFICO
PRODUZIR, ORGANIZAR E PUBLICAR INFORMAÇÕES
GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL
DEFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL
BAIXO CONTROLE DO GOVERNO PELA SOCIEDADE
AMPLIAR O CONTROLE PÚBLICO DA GESTÃO
Licenciamento ambiental oportunidade de participação e
controle socialAtuação do Ministério Público:
• Fiscalização da Administração pública• Ampliação do controle social
• Ampliação da participação política• Construção social de decisões corretas
• Prevenção de danos e riscos• Racionalização do planejamento público
Licenciamento ambientaloportunidade de participação e
controle socialEtapas – Licenças:
1. Termo de Referência dos estudos (base)
2. Prévia (LP) – concepção do projeto e análise de viabilidade ambiental
3. Instalação (LI) – obras e atividades de instalação (início dos impactos diretos)
4. Operação (LO) – atividades permanentes
5. Fechamento (ex. Mineração)
Estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental
Requerimentos dos interessadosAudiências PúblicasDiscussão (revisão) do Planejamento
público (municipal, estadual e federal): impacto nas contas públicas
Negociação socialAnálise de custo/benefício: viabilidade
Licenciamento ambiental oportunidade de participação e
controle social
Licenciamento do Projeto Juruti
Licenciamento do Projeto JurutiObras de infra-estrutura do Projeto
Juruti:
a)mina de bauxita
b)usina de concentração do minério
c)bacias de rejeitos
d)estruturas de apoio
e)abertura e pavimentação de estrada
de rodagem
f)construção de ferrovia
g)construção de usina diesel elétrica e
h)construção de porto
Licenciamento do Projeto Juruti
• Investimentos estimados: R$ 1 bilhão de reais
• 2.531 trabalhadores para a montagem da infra-estrutura por 30 meses (fase de implantação)
• 1.181 trabalhadores diretos na mineração (fase de operação)
• 45 anos de exploração mineral
O processo de licenciamento
•EIA/RIMA apresentado a Sectam - janeiro de 2005 (publicação do edital)
•audiências públicas (AP) requeridas pelo MP:
1. Juruti – março 20052. Santarém – março 20053. Belém – abril 2005
Licenciamento do Projeto Juruti
Audiência Pública – Juruti sede – março 2005Licenciamento do Projeto Juruti
Audiência Pública – Santarém – março 2005
Licenciamento do Projeto Juruti
IMPACTOS AMBIENTAIS (2):
-Mobilização de enorme contingente populacional
- Impacto negativo na economia e no modo de vida
- Impacto negativo nas contas públicas
-Destruição e/ou remoção de patrimônio arqueológico
Licenciamento do Projeto Juruti
IMPACTOS AMBIENTAIS (1):
- Destruição da estrutura do ecossistema e perda da
biodiversidade
- Ampla extensão territorial afetada direta e indiretamente
- Enorme mobilização de massa e alteração de recursos ambientais –
floresta, solo, água, paisagem
Licenciamento do Projeto Juruti
DEFICIÊNCIAS NO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (1):
- Minimização da destruição da estrutura do ecossistema e perda da
biodiversidade
- Definição incorreta das áreas de impacto direto e indireto
- Ausência de estudos da rodovia, ferrovia, porto e usina termelétrica
-Ausência da análise da sinergia e da cumulação de impactos
Licenciamento do Projeto Juruti
DEFICIÊNCIAS NO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (2):
- Medidas mitigadoras deficientes ou inexistentes
-Não previsão de compensações
-“Invisibilização” de populações e de riscos
- - Omissão e minimização dos impacto
nas contas públicas
Licenciamento do Projeto Juruti
DEFICIÊNCIAS NO PROCEDIMENTO:
- Termos de referência e Estudos ambientais elaborados sem a participação
social
- Não houve debates, diálogos e
negociação entre os interessados de forma
institucional
-Não houve consulta aos órgãos
interessados
-Não demonstração da viabilidade
ambiental do projeto
-Licenças concedidas com
“condicionantes” (na realidade requisitos
essenciais)
Tentativa de negociação iniciativa do MP – maio 2005:
Objetivo: rever as matrizes de impacto ambiental para inserir e redimensionar impactos e medidas – aprofundar a análise da viabilidade ambiental
•Empreendedor (Alcoa)•Consultores da empresa (Cnec, Terra e Elabore)•Prefeitura de Juruti•Representantes de Juruti (Comunidades e comerciantes)•Organizações de pesquisa: Naea, Imazon, Ecomun e Nupi-Cesupa•Ministério Público (MPE e MPF)
Licenciamento do Projeto Juruti
Licenciamento do Projeto Juruti
- Pedido de AP para Juruti Velho – negado pelo Coema – maio 2005
- Licença Prévia (com mais de 50 “condicionantes”) – junho 2005
- Licença de Instalação – agosto 2005
-Ação civil pública – setembro de 2005
Licenciamento do Projeto JurutiMobilizações sociais – 2006: passeatas e
insatisfação de vários setores
- MP: procedimento de investigação – janeiro de 2007:
Objetivos:a)verificação dos impactos no meio natural
e sócio-ambiental;b)apuração de responsabilidade
administrativa, civil e penal;c)revisão geral do licenciamento
ambiental: análise da viabilidade ambiental do empreendimento
Raimundo Moraes
• Coordenador do Núcleo de Meio Ambiente do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público do Pará
• Membro-fundador do Fórum do Ministério Público de Meio Ambiente da Amazônia
• Diretor da Amazônia do Instituto O Direito por um Planeta Verde
• Vice-diretor Norte da Associação Brasileira do Ministério Público de Meio Ambiente - Abrampa
• Rua João Diogo, 100/1o. Andar – Cidade Velha• Email: raimoraes@yahoo.com• MP: numamp@mp.pa.gov.br e
moraes@mp.pa.gov.br
• Fones: 91-4006-3557/3509
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