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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A APLICABILIDADE DO INSTITUTO DA EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL NO ÂMBITO DO PROCESSO DO TRABALHO
POR: ALINE DE ALBUQUERQUE DA SILVA
Orientador
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A APLICABILIDADE DO INSTITUTO DA EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL NO ÂMBITO DO PROCESSO DO TRABALHO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Direito e Processo do
Trabalho
Por: . Aline de Albuquerque da Silva
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que me apoiam e
incentivam, minha força para
prosseguir, ao meu noivo, amigo e
companheiro nas lutas diárias, sempre
presente nos momentos cruciais da
minha vida.
4
DEDICATÓRIA
.....dedica-se a todos aqueles que estão
ao meu lado nesta jornada...
5
RESUMO
O legislador vem buscando atender aos anseios da sociedade, que
está cada vez mais consciente e participativa, clamando por celeridade e
eficiência jurídica.
Os Títulos Executivos são meios extrajudiciais de solução de conflitos,
que uma vez assumidos impõem ao compromitente a obrigação de cumprir as
condições ali estabelecidas, sob pena de Execução Judicial.
Os Títulos Executivos Extrajudiciais existentes na Justiça do Trabalho,
quais sejam, o Termo de Ajustamento de Conduta - (TAC) firmado perante o
Ministério Público do Trabalho (MPT), e o Termo de Conciliação firmado entre
o obreiro e a empresa perante a Comissão de Conciliação Prévia - (CCP)
visam conferir celeridade e eficiência no recebimento dos créditos devidos,
permitindo que os mesmos sejam quitados à seu devido tempo, evitando assim
a morosidade de um processo de conhecimento.
6
METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido inicialmente pela prática forense, que
fez surgir o interesse pela matéria.
A partir de então buscou-se o aprofundamento do tema, através de
pesquisas doutrinárias e jurisprudenciais, além de estudos à legislação.
Dessa forma, com a coleta do material pesquisado o problema foi
enfrentado passo a passo sendo desenvolvida uma pesquisa teórica e
descritiva abordada através da divisão dos capítulos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: CONSIDERAÇÕES
HISTÓRICAS, CONCEITOS E REQUISITOS
1.1 – Introdução 11
1.2 - Origem Histórica e Definição de Títulos Executivos Extrajudiciais 12
1.3 - Os Títulos Executivos Extrajudiciais no Direito Brasileiro – Requisitos 14
CAPÍTULO II - TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO
DO TRABALHO
2.1- Intróito 18
2.2 - Os Termos de Ajustamento de Conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho (MPT) 19
2.3 – Termos de Conciliação firmados perante a Comissão de Conciliação
Prévia (CCP) 22
2.4 – Execução de Penalidades Administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização do trabalho 24
CAPÍTULO III - A AÇÃO EXECUTIVA DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL POR
QUANTIA CERTA – PROCEDIMENTOS
3.1- Procedimentos gerais da execução 29
3.2 – Procedimento das Execuções no âmbito do Processo do Trabalho 30
3.2.1 – Petição Inicial 30
3.2.2– Citação 30
3.2.3 – Dos Embargos à Execução 32
3.2.4 – Adjudicação 36
8
3.2.5 - Alienação por iniciativa particular 36
3.2.6 - Hasta Pública e Arrematação 37
3.2.7 - Pagamento ao Exeqüente 38
3.2.8 - Cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer contida nos títulos
executivos extrajudiciais 38
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 44
ÍNDICE 46
9
INTRODUÇÃO
Os Títulos Executivos são meios extrajudiciais de solução de conflitos,
que uma vez assumidos impõem ao compromitente a obrigação de cumprir as
condições ali estabelecidas, sob pena de Execução Judicial.
Os Títulos Executivos Extrajudiciais existentes na Justiça do Trabalho,
quais sejam, o Termo de Ajustamento de Conduta - (TAC) firmado perante o
Ministério Público do Trabalho (MPT), e o Termo de Conciliação firmado entre
o obreiro e a empresa perante a Comissão de Conciliação Prévia - (CCP)
visam conferir celeridade e eficiência no recebimento dos créditos devidos,
permitindo que os mesmos sejam quitados à seu devido tempo, evitando assim
a morosidade de um processo de conhecimento.
Existia grande controvérsia acerca da possibilidade de execução de
títulos extrajudiciais na Justiça do Trabalho, tendo em vista a inexistência de
dispositivo que versasse a respeito, importando em lacuna jurídica.
Para suprir tal ausência, o Poder Legislativo criou a Lei nº 9.958/00,
que modificou o artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
inseriu o artigo 877-A, criando dois títulos executivos extrajudiciais, quais
sejam, o termo de ajuste de conduta celebrado perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia.
Doutrina e jurisprudência vêm se firmando no sentido de que as multas
administrativas impostas à empregadores – desde que guardem conexão com
a relação de trabalho - são títulos executivos extrajudiciais, sendo certo que,
por tal razão serão insertos no presente trabalho.
Nas Execuções, assim como nos demais procedimentos, a demanda é
iniciada através do ajuizamento da Ação.
10
O instrumento inicial da demanda é a petição inicial, que nas Ações
Executivas também deve obedecer aos requisitos elencados no artigo 282 do
Código de Processo Civil, exceto naquilo que for incompatível, estando sujeita
ao indeferimento.
Estando em termos a inicial executória, determina-se a notificação
citatória do executado, por Oficial de Justiça, e a partir de então iniciam-se os
procedimentos executórios.
O presente trabalho fará um breve passeio sobre a execução de títulos
extrajudiciais no âmbito do Processo do Trabalho, abordando a origem histórica
dos títulos, os títulos admitidos no direito Laboral, bem como os procedimentos
necessários ao recebimento do crédito exeqüendo e cumprimento das
obrigações de fazer ou não fazer eventualmente assumidas e expressas no
título executivo.
11
CAPÍTULO I
TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS,
CONCEITOS E REQUISITOS
1.1 Introdução
O legislador vem buscando atender aos anseios da sociedade, que
está cada vez mais consciente e participativa, clamando por celeridade e
eficiência jurídica.
Os Títulos Executivos são meios extrajudiciais de solução de conflitos,
que uma vez assumidos impõem ao compromitente a obrigação de cumprir as
condições ali estabelecidas, sob pena de Execução Judicial.
É um requisito indispensável à qualquer execução, sendo o documento
que “consiste na prova legal da existência do crédito afirmado pelo
exequente”1.
Os Títulos Executivos Extrajudiciais existentes na Justiça do Trabalho,
quais sejam, o Termo de Ajustamento de Conduta - (TAC) firmado perante o
Ministério Público do Trabalho (MPT), e o Termo de Conciliação firmado entre
o obreiro e a empresa perante a Comissão de Conciliação Prévia - (CCP)
visam conferir celeridade e eficiência no recebimento dos créditos devidos,
permitindo que os mesmos sejam quitados à seu devido tempo, evitando assim
a morosidade de um processo de conhecimento.
Desta feita, este primeiro capítulo objetiva demonstrar a Origem
Histórica dos Títulos Executivos, bem como sua definição e requisitos para sua
caracterização.
1 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, 15ª Edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2008, p. 162.
12
1.2 Origem Histórica e Definição de Títulos Executivos Extrajudiciais
Conforme preleciona Araken de Assis2, os títulos executivos
extrajudiciais tiveram sua origem histórica na Idade Média, quando surgiu a
necessidade de oferecer à determinadas categorias de créditos uma tutela
mais rápida e fácil, atendendo à vivificação do comércio e estimulando, assim,
a equiparação dos títulos criados pelos particulares, sendo inicialmente
denominados instrumenta guarentigiata. Estes instrumentos nada mais eram
que representativo de dívidas e lavrados perante tabeliões, sendo equiparados
à confissão, de maneira que utilizava-se a máxima romana confessus in iure
pro condemnatur habetur (a confissão equivaleria à condenação), de maneira
que aquele que os possuísse teria autorização para iniciar a atividade
executiva, independente da existência de prévia condenação judicial3.
Sua criação é atribuída aos judeus, sendo originariamente utilizado
na Índia, China e Grécia.
Fran Martins ainda preleciona que “seu surgimento foi mais fruto das
necessidades momentâneas de caráter mercantil do que um procedimento
visando especialmente à solução de um problema jurídico4."
Vários são os conceitos de Título Executivo Extrajudicial. Para
Cândido Dinamarco "é um ato ou fato jurídico indicado em lei como portador do
2 ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução, 5ª. Edição, SP: Editora RT, 1998, p.
128.
3 Marinoni, Luiz Guilherme – 3ª edição – Editora RT- Processo de Execução – curso de processo civil v.3. 2011, p. 442 4 apud SILVA, Antônio Carlos Costa e. Tratado do Processo de Execução, Rio de Janeiro, Aide Editora, 1986, 2ª ed., Vol. 1, p. 126
13
efeito de tornar adequada a tutela executiva em relação ao preciso direito a que
se refere5".
Alexandre Câmara preleciona ainda que “é, portanto, um ato (ou fato)
jurídico a que a lei (e só ela) atribui eficácia executiva6”, sendo o instrumento
de atuação da vontade concreta do ordenamento jurídico.
Em existindo um Título Executivo, se faz desnecessária a
investigação (cognição) acerca da origem da dívida, posto que é ato
reconhecido documentalmente sendo, portanto, apto a reconhecer o direito do
credor.
Entretanto, não obstante o direito previamente reconhecido do
credor, considerando as graves conseqüências que uma execução pode
causar ao devedor – como o desapossamento de bens, por exemplo - os
Títulos Executivos devem estar previamente definidos em Lei, sendo este o
princípio da tipicidade legal do Título Executivo, não podendo as partes
convencionarem cláusulas que confiram força Executiva à documentação não
prevista no ordenamento jurídico7.
O rol dos títulos executivos extrajudiciais encontra-se no artigo 585
do Código de Processo Civil e em legislações extravagantes8.
5 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, IV, 1ª. Edição, SP: Malheiros Editores, 2004, p. 191 6 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, 15ª Edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2008, p. 164. 7 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Processo de Execução e Cautelar, 9ª Edição revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007 (Coleção Sinopses Jurídicas, volume 12), p. 25 8 São títulos executivos extrajudiciais: I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;
14
1.3 Os Títulos Executivos Extrajudiciais no Direito Brasileiro – Requisitos
Na Idade Média haviam duas formas de execução: a execução per
officium iudicis, que tratava da execução de sentença, como fase do processo
de conhecimento, e a execução que se realizava em processo autônomo, por
meio de nova ação.
No direito brasileiro também existia a citada separação, somando-se
à ela uma terceira via, a chamada assinação de dez dias prevista nas
Ordenações Filipinas. Essas três formas permaneceram até a criação do
Diploma Processual de 1939.
O Código de Processo Civil de 1939 previa a instauração de um
processo misto e cognitivo de execução, para recebimento dos créditos
oriundos dos Títulos Executivos Extrajudiciais, ao passo que para recebimento
dos créditos resultantes de Títulos Executivos Judiciais era instaurada a
chamada “Ação Executória”, que consistia em um processo de execução.
O Diploma processual de 1973 equiparou os Títulos Executivos
Extrajudiciais aos Judiciais no que tange à eficácia, permitindo a instauração de
execução forçada para percepção do quantum exeqüendo, sendo fundada em
título líquido, certo e exigível (artigo 585 do Código de Processo Civil).
IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio; V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da Lei. VIII – todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva; §1º A propositura de qualquer ação relativa ao débito correspondente o título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução; §2º Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.
15
Atualmente os Títulos Executivos dividem-se em Judiciais e
Extrajudiciais e a principal distinção entre eles diz respeito à origem: Enquanto
o primeiro tem por base a determinação Estatal - exarado após um processo de
conhecimento em que foi assegurado o exercício do contraditório e da ampla
defesa - o segundo exprime a vontade do devedor em proveito do credor, sem
a existência prévia de um processo judicial, não se questionando a existência
ou não do direito demandado.
Para que haja a execução forçada é necessário o atendimento à
alguns requisitos:
- Certeza: Esta característica refere-se à existência da prestação a
qual se quer realizada.
A obrigação assumida tem de ser perfeitamente identificável, com a
perfeição formal do título, de modo que através de leitura simples possa se
identificar seu objeto, forma e sujeitos.
Trata-se de certeza relativa, tendo em vista que é possível que
durante o processo seja percebido que a prestação é inexistente, seja por
extinção, seja por nunca ter existido.
Ainda assim, o Juiz deverá proceder um exame (ainda que sumário)
do título e da obrigação apresentada para execução, a fim de verificar se eles
possuem elementos mínimos de segurança.
Urge frisar que não se trata de apreciação do fato gerador do título
executivo, mas sim de apreciação dos requisitos mínimos para que seja
considerado título executivo.
- Liquidez: Diz respeito ao Quantum, que tem de ser determinado
ou determinável, dando ao devedor ciência da natureza do que se deve.
Importante ressaltar que a obrigação que não demonstra o montante da dívida,
mas que permite a apuração da mesma através de simples cálculos
aritméticos, não se torna ilíquida por isso, pois obrigar o credor a submeter-se à
um processo de conhecimento para liquidar o valor do título seria algo
contraditório à celeridade prevista pelo legislador para os casos em questão,
16
comportando, mesmo que excepcionalmente, exceções9. Por exemplo, uma
empresa X descumpriu o Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com o
Ministério Público do Trabalho que previa multa de R$1.000,00 (mil reais) para
cada trabalhador que permanecesse em determinada situação. Então o
Ministério Público do Trabalho ajuíza Ação requerendo a Execução do TAC,
informando ainda que 15 trabalhadores permanecem nas mesmas condições.
Através de cálculos aritméticos simples verificamos que 15 x R$ 1.000,00
totaliza R$15.000,00 (quinze mil reais), sendo o título perfeitamente líquido.
Vejamos um julgado proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da
8ª Região acerca da liquidez do Título Executivo Extrajudicial:
AGRAVO DE PETIÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE EM
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. LIQUIDEZ. No caso, o
Juízo de origem, apesar de ter constatado a inexistência de planilha
de cálculo, entendeu que essa falta não acarretaria a nulidade da
execução, nem mesmo a sua suspensão, bastando fosse
providenciada a liquidação, com o que ficariam sanados os vícios
descritos, pelo executado, na Exceção de Pré-executividade. Ainda
que assim não fosse, a multa já se encontra liquidada no próprio
corpo da petição inicial da ação, apenas não tendo sido incluído um
demonstrativo detalhado ou planilha de cálculo pormenorizada,
conforme, induvidosamente, pretende o agravante. Essa ausência,
contudo, não compromete a liquidez da obrigação, porque
possível aferir o montante devido pelo executado10 (grifo nosso).
É possível, excepcionalmente, que os títulos sejam ilíquidos,
sujeitando-se à liquidação. Nessa exceção encontram-se os Termos de
Ajustamento de Conduta que, por poderem conter prestações ilíquidas – de
9 Marinoni, Luiz Guilherme – 3ª edição – Editora RT- Processo de Execução – curso de processo civil v.3. 2011, p. 452 10 Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região – AP 0166800-14.2009.5.08.0015 – 1ª T. – Rel. Des. Rosita de Nazaré Sidrim Nassar – DJU 29.11.2011
17
toda natureza, inclusive de pagar – devem ser liquidadas para que seja
viabilizada a execução.
- Exigibilidade: A obrigação não exigível não pode ser
coercitivamente imposta, não podendo ser exigida sem a ocorrência de uma
pretensão.
A exigibilidade refere-se à prova de inadimplemento da obrigação,
posto que caso haja termo ou condição, a obrigação somente nasce a partir da
verificação dos citados institutos. Fato idêntico ocorre com prestações exigíveis
somente após a realização de contraprestação
O Título Executivo reveste-se de eficácia, dando a certeza da
existência do crédito exeqüendo e adequando a tutela executiva à pretensão
determinada, sendo o viabilizador da Ação Executória11, posto que nulla
executio sine titulo .
Mister frisar que a ausência de qualquer desses requisitos faz o
título perder sua natureza, deixando, portanto, de ser Título Extrajudicial.
11 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Processo de Execução e Cautelar, 9ª Edição revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007 (Coleção Sinopses Jurídicas, volume 12), p. 24
18
CAPÍTULO II
TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO DO TRABALHO
2.1- Intróito
Existia grande controvérsia acerca da possibilidade de execução de
títulos extrajudiciais na Justiça do Trabalho, tendo em vista a inexistência de
dispositivo que versasse a respeito, importando em lacuna jurídica.
Para suprir tal ausência, o Poder Legislativo criou a Lei nº 9.958/00,
que modificou o artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
inseriu o artigo 877-A, criando dois títulos executivos extrajudiciais, quais
sejam, o termo de ajuste de conduta celebrado perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia. In verbis:
"Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais
não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando
não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o
Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados
perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executados pela
forma estabelecida neste Capítulo."
"Art. 877-A. É competente para a execução de título
executivo extrajudicial o juiz que teria competência para o processo
de conhecimento relativo à matéria12."
Doutrina e jurisprudência vêm se firmando no sentido de que as
multas administrativas impostas à empregadores – desde que guardem 12 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Atualizado até a Medida Provisória nº 2.164-41, de 28 de agosto de 2001.
19
conexão com a relação de trabalho - são títulos executivos extrajudiciais,
sendo certo que, por tal razão serão insertos no presente trabalho.
Os dispositivos em comento promoveram relevante alteração no
Ordenamento Jurídico, de maneira que os estudaremos a seguir.
2.2 - Os Termos de Ajustamento de Conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho (MPT)
Ab initio, mister esclarecer os significados de Termo de Ajustamento
de Conduta e Inquérito Civil Público.
O Ministério Público do Trabalho possui a missão atribuída
Constitucionalmente13 de defensor da Ordem Jurídica, do regime democrático,
dos interesses sociais e individuais indisponíveis e dos interesses difusos e
coletivos, sendo dotado por Lei dos instrumentos necessários à sua eficaz
atuação.
Os direitos e interesses difusos e coletivos são protegidos através da
Ação Civil Pública, que encontra-se regulamentada pela Lei nº 7.347/85, em
seus artigos 1º, inciso IV e 5º inciso I. In verbis:
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo
da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados:
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a
ação cautelar:
I - o Ministério Público;
13 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
20
Compete ao MPT a defesa – no âmbito das relações trabalhistas –
dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, sendo tais
atribuições previstas na Lei Complementar nº 75/93 (que dispõe sobre a
organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União, nele
incluído o Ministério Público do Trabalho) nos artigos 6º, inciso VII, alínea “d” e
83, inciso II14.
Com o fito de colher elementos de convicção acerca de suposta
violação aos direitos e interesses supracitados, pode o MPT instaurar Inquérito
Civil Público antes do ajuizamento da Ação Civil Pública, tendo a prerrogativa
de requisitar informações à qualquer organismo publico ou particular15.
Tal Inquérito tem dupla finalidade:
a) Evitar a propositura de Ação Civil Pública, mediante
composição administrativa dos danos, mediante assinatura de Termo de
Ajustamento de Conduta – TAC e,
b) Realização de coleta de provas para instrução de futura Ação,
caso o investigado se negue à assinar o TAC.
14 Art. 6º Compete ao Ministério Público da União: VII - promover o inquérito civil e a ação civil pública para: d) outros interesses individuais indisponíveis, homogêneos, sociais, difusos e coletivos; Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho: III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos;
15 Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
21
O Inquérito Civil também encontra regulamentação nos artigos 7º,
inciso I e 84, inciso II da Lei Complementar nº 75/93.
“Art. 7º Incumbe ao Ministério Público da União, sempre que
necessário ao exercício de suas funções institucionais:
I - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos
correlatos;
Art. 84. Incumbe ao Ministério Público do Trabalho, no âmbito das
suas atribuições, exercer as funções institucionais previstas nos Capítulos I,
II, III e IV do Título I, especialmente:
II - instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos,
sempre que cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos
trabalhadores; “
Caso no curso do Inquérito Civil Público o investigado reconheça sua
atitude lesiva, o Ministério Público do Trabalho pode firmar com aquele o
Termo de Ajustamento de Conduta (ou Termo de Compromisso), que prevê o
saneamento da irregularidade e fixa multa para descumprimento da obrigação
assumida. Esse Termo tem eficácia de Título Executivo Extrajudicial16.
Inexistindo dúvida acerca da eficácia de Título Executivo conferida ao
TAC, questionou-se sobre o Órgão competente para execução do mesmo.
O Código de Processo Civil prevê no artigo 576 que a execução
fundada em título executivo extrajudicial será processada perante o Juízo
competente, conforme a hierarquia e território, matéria e valor da causa.
Sendo o título instituído por um órgão voltado à defesa dos direitos
trabalhistas – o Ministério Público do Trabalho – deve se observar a
competência prevista pela CLT no artigo 876, bem como pela nossa Lei
Suprema, em seu artigo 114, qual seja: a da Justiça do Trabalho.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
16 Art 5º, parágrafo 6º da Lei 7.347/85 e Art. 876 da CLT.
22
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na
forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Assim, verifica-se que o critério determinador da ratione materiae é o
Juízo Trabalhista, posto que o Título Executivo tem origem no âmbito laboral e
atinge contratos de trabalho e/ou de emprego. Essa competência abrange,
além do valor pecuniário previsto em caso de inadimplemento do pactuado, as
obrigações de fazer e não fazer previstas no Título.
2.3 – Termos de Conciliação firmados perante a Comissão de Conciliação
Prévia (CCP)
A Lei nº 9.958/00 também instituiu as Comissões de Conciliação
Prévia - CCPs, inserindo na CLT o artigo 625-D, que dispõe:
“Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida
à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de
serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou
do sindicato da categoria.”
A criação das CCPs se deu em decorrência da necessidade de
utilização de um meio extrajudicial eficiente, que permita a heterocomposição,
solucionando demandas trabalhistas em pequeno intervalo de tempo e
auxiliando no desafogamento do Judiciário.
Após a provocação da Comissão de Conciliação Prévia, podem
existir três desfechos:
a) Celebração de acordo de todas as parcelas reivindicadas,
conferindo eficácia liberatória geral ao extinto contrato de trabalho.
23
b) Celebração de acordo referente à apenas parte dos pedidos,
realizando ressalva em relação aos pedidos que não foram objeto de acordo.
c) Não celebração de acordo.
Caso haja realização de acordo, é confeccionado um Termo de
Conciliação, que terá eficácia de título executivo extrajudicial em caso de
inadimplemento da obrigação17. Desta feita, não poderá o ex-empregado
ajuizar Reclamação Trabalhista pleiteando tais verbas, tendo em vista ausência
de interesse de agir, já que conferiu quitação ao extinto contrato de trabalho.
Esse entendimento já foi pacificado nos Tribunais, conforme demonstra o
aresto a seguir:
“RECURSO DE REVISTA - ACORDO FIRMADO
EXTRAJUDICIALMENTE SEM RESSALVA - VALIDADE - QUITAÇÃO
AMPLA.
1. A Lei 9.958/00 introduziu a figura das Comissões de
Conciliação Prévia (CCPs) a serem instituídas no âmbito das
empresas ou dos sindicatos, facultativamente, com a finalidade de
buscar a composição dos conflitos individuais de trabalho (CLT, art.
625-A), de modo que não seja necessário o ajuizamento de ação
perante esta Justiça Especializada. Trata-se, portanto, de forma
alternativa de solução de conflitos, junto com a arbitragem e a
mediação pelo Ministério do Trabalho.
2. Para a composição dos conflitos individuais de trabalho,
está prevista a tentativa prévia de conciliação pelo sindicato,
passando-se, caso não haja acordo, à fase judicial. Todavia, a partir
do momento em que as partes elegem o foro extrajudicial para dirimir
conflito intersubjetivo de interesses, no caso a CCP, e chegam ao
consenso, forçoso reconhecer que o "Termo de Conciliação" possui
natureza de ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI), que traduz 17 Artigos 876 e 625-E parágrafo único da CLT.
24
manifestação espontânea de vontades e constitui título executivo
extrajudicial (CLT, art. 625-E, parágrafo único).
3. Na hipótese em exame, o Juiz da Vara extinguiu o
processo sem julgamento do mérito porquanto a Autora havia
firmado acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia, sem
ressalvas, julgando-a carecedora do direito de ação por falta de
interesse de agir. O TRT, analisando o recurso ordinário da
Reclamante, consignou que o termo ali ajustado não tem eficácia
liberatória perante o Poder Judiciário, não podendo a lei excluir da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
4. Ora, o uso da CCP como mero órgão de passagem de
acesso ao Judiciário frustra o objetivo da lei que a instituiu, que
é o desafogamento do Judiciário Trabalhista. Assim, tendo a
instância ordinária consignado que a Reclamante firmou o termo
de conciliação, forçoso reconhecer que esse ajuste possui
natureza de transação extrajudicial com implicações na esfera
judicial. Recurso de revista provido.” Grifos nossos. (TST-RR-
1.364/2005-018-01-40.7, Rel. Min. Ives Gandra Martins Filho, 7ª
Turma, DJ de 07/05/08).
Assim, verificamos que a medida correta para recebimento dos
créditos trabalhistas não quitados após a celebração de Acordo perante a
Comissão de Conciliação Prévia é o ajuizamento de Ação de Execução de
Título Extrajudicial perante o Juízo que seria competente para o Julgamento de
Reclamação Trabalhista referente ao extinto contrato de trabalho.
2.4 – Execução de Penalidades Administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho.
As penalidades administrativas são impostas pelos fiscais do
trabalho, ao constatarem que a empregadora descumpriu a legislação
trabalhista, ou as normas de proteção ao trabalhador, podendo a empresa
optar pelo recolhimento da multa com 50% (cinqüenta por cento) de desconto
25
ou pela interposição de recurso com depósito do valor integral, sendo certo que
a mantença da multa administrativa implica na inscrição do devedor no
cadastro da Dívida Ativa gerando, por conseguinte, a Certidão de Dívida Ativa
– CDA.
Em posse da Certidão de Dívida Ativa – CDA, o Procurador da
Fazenda tem legitimidade para proceder a cobrança dos créditos inadimplidos,
observando para tanto o rito previsto na Lei 6.830/80 (Lei de Execuções
Fiscais), tendo surgido grande discussão acerca da competência para
recebimento destes.
O Artigo 114 da Constituição Federal foi alterado pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, que inseriu naquele o inciso VII e passou a contar
com a seguinte redação:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
VII as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das
relações de trabalho;”
Inobstante a redação do dispositivo em comento se refira à “ações”
e não à “execuções” de títulos extrajudiciais fundados nas penalidades
administrativas, a doutrina majoritariamente vem se posicionando nesse
sentido, posto que a competência para o gênero “ações” induz, por lógico, a da
espécie “execução”:
“Em virtude do princípio da máxima efetividade das normas
constitucionais, ‘qualquer ação’, seja ela de cognição, cautelar ou
executiva, que tenha por objeto matérias relacionadas à penalidades
administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização do trabalho. Logo, por ser ação de execução fiscal uma
26
espécie do gênero ‘ação’, parece-nos que não há como olvidar que a
Justiça do Trabalho é agora competente para processá-la e julgá-la”18.
Ademais, se assim não fosse, caracterizaria ofensa ao princípio da
duração razoável do processo e da economia processual, posto que a Justiça
do Trabalho teria competência apenas para o julgamento das Ações e, ao
término das mesmas, o processo teria de ser declinado para a Justiça Federal
para a execução da sentença.
Desta feita, a Justiça do Trabalho de 1ª instância passou a deter
competência para o julgamento das ações fiscais que tenham origem na dívida
ativa da União – expressadas através de Certidão de Dívida Ativa (CDA) – e
desde que decorram de penalidades relacionadas à fiscalização das relações
trabalhistas e o executado seja empregador. Neste sentido, importante a lição
de Manoel Antônio Teixeira Filho:
“Se a Delegacia Regional do Trabalho, por exemplo,
impuser multa a determinado empregador, esta deverá ser cobrada na
forma da Lei n. 6.830/80, que dispõe sobre a execução judicial da
dívida ativa da Fazenda Pública. E a precitada norma legal estabelece,
no art. 6º, que a petição inicial "deverá ser instruída com a Certidão da
Divida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse
transcrita". Esta certidão constitui, pois, título, título executivo
extrajudicial19.”
O Juízo trabalhista competente para a cobrança da dívida
(competência relativa) é aquele do domicílio do devedor, seguindo a regra do
Código de Processo Civil – CPC.
18 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2007, p. 237. 19 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Execução de título extrajudicial. Breves apontamentos à lei n.11.382/06 sob a perspectiva do processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p. 46.
27
Considerando ainda a aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil no âmbito do Processo do Trabalho, é juridicamente possível a execução
de várias certidões de dívida ativa contra o mesmo devedor, contanto que a
execução reúna três condições, conforme dispõe o artigo 573 do dispositivo em
questão20:
a) identidade do devedor: Parte da doutrina processual civil admite
a possibilidade de execução de títulos contra diversos devedores (cumulação
subjetiva), entretanto tal prerrogativa não se aplica ao processo do trabalho,
sob pena de caracterização de tumulto processual e desrespeito à celeridade
trabalhista. A “permissão” para cumulação de execuções de que trata o artigo
573 do CPC visa a economia processual e a eficiência, mas não retira do
devedor o direito à ampla defesa e ao contraditório, o que poderia acontecer
caso houvesse discussão acerca de diferentes títulos e matérias numa única
ação.
b) mesmo juízo competente: O Juízo para processamento e
julgamento de ambos os títulos deve ser o mesmo, sendo tal competência
absoluta (em razão da matéria ou funcional). Caso haja diversidade de juízos
competentes, devem ser propostas execuções distintas.
c) identidade de procedimentos: Não se permite a cumulação de
uma Ação Executiva de Título Extrajudicial com outra de procedimento diverso
como, por exemplo, uma Ação de Execução Fiscal. Esta determinação
obedece ao princípio da especialidade dos procedimentos no processo de
execução.
Ainda neste diapasão, o Superior Tribunal de Justiça editou a
Súmula nº 27, versando sobre a matéria:
“Pode a execução fundar-se em mais de um título
extrajudicial relativos ao mesmo negócio.”
20 É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a forma do processo (grifo nosso).
28
Embora a execução trabalhista não se funde em negócio, resta
clara a possibilidade de utilização do dispositivo por analogia, desde que se
cumpram os requisitos do artigo 573 do CPC.
Frise-se que a Justiça do Trabalho é competente apenas para
executar as multas administrativas já impostas e expressadas através da
Certidão de Dívida Ativa, bem como analisar a legalidade das mesmas e não
para aplicar penalidades deste gênero, posto que tal atribuição pertence ao
Poder Executivo, na pessoa das Secretarias Regionais de Trabalho e Emprego
– SRTE.
Mister ressaltar que das decisões proferidas nas Execuções de
Penalidades Administrativas cabe recurso ao Tribunal Regional do Trabalho.
29
CAPÍTULO III
A AÇÃO EXECUTIVA DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL POR QUANTIA CERTA
– PROCEDIMENTOS
3.1 Procedimentos Gerais da Execução
Conforme ministrado pelo professor Alexandre Câmara21, a Ação
Executiva, assim como os demais procedimentos executivos, divide-se em três
fases: postulatória, instrutória e satisfativa.
A fase postulatória é composta pelo ajuizamento da demanda e
pela citação, a fase instrutória pela penhora e demais atos prepatórios do
pagamento e a satisfativa pelo cumprimento da obrigação. No caso de
execução por quantia certa contra devedor solvente, o pagamento.
A execução por quantia certa – utilizada na maior parte das
execuções trabalhistas, fugindo à essa regra apenas os Termos de
Ajustamento de Conduta que prevejam obrigações de fazer ou dar – tem por
finalidade apenas a entrega de numerário ao exeqüente que satisfaça seu
crédito, sendo a expropriação um meio para que se alcance tal fim. Tal
afirmação é corroborada pelo artigo 646 do CPC, que assim dispõe:
“Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto
expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor22”.
21 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, 15ª Edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2008, p. 255. 22 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil.
30
A partir dessas inaugurais considerações, passemos à análise dos
procedimentos que instruem a execução por quantia certa no âmbito do
processo do Trabalho.
3.2 – Procedimento das Execuções no âmbito do Processo do Trabalho
3.2.1 Petição Inicial
Nas Execuções, assim como nos demais procedimentos, a
demanda é iniciada através do ajuizamento da Ação.
O instrumento inicial da demanda é a petição inicial, que nas
Ações Executivas também deve obedecer aos requisitos elencados no artigo
282 do Código de Processo Civil, exceto naquilo que for incompatível, estando
sujeita ao indeferimento.
Com o fito de evitar-se várias execuções fundadas no mesmo
título, faz-se necessário que a inicial venha acompanhada do título executivo,
devendo ainda possuir planilha atualizada do crédito, que determinará o valor
da causa, bem como do crédito exeqüendo, nos termos do artigo 614 do
CPC23.
Após a distribuição da inicial, pode o exequente obter certidão
comprobatória do ajuizamento da demanda, que servirá para a averbação,
pelo exeqüente, no registro de imóveis, no Departamento Estadual de Trânsito
ou em outros bens penhoráveis do executado, sendo certo que a alienação de
bens posterior ao ajuizamento da demanda constitui fraude à execução.
23 Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:
I - com o título executivo extrajudicial;
II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; (grifos nossos)
31
3.2.2 Citação
Estando em termos a inicial executória, determina-se a notificação
citatória do executado, por Oficial de Justiça, para que em 48 (quarenta e oito)
horas pague o valor devido ou garanta a execução, sob pena de penhora24.
Em análise à esse comando legal verificamos que as seguintes
medidas poderão ser tomadas:
a) O devedor pode concordar com o pedido inicial e efetuar o
pagamento no prazo legal, devendo a secretaria fornecer-lhe o respectivo
termo de quitação, importando em extinção da execução e declaração de
cumprimento da obrigação, nos termos do artigo 794, I, do CPC e 881 da
CLT25.
b) O executado discorda da execução e, a partir dessa
discordância, deposita o valor em questão, informando expressamente de que
se trata de garantia do juízo para oposição de embargos à execução, posto
que a ausência de ressalva pode ensejar o entendimento de que houve o
simples pagamento.
c) Nomeia bens à penhora – obedecida a ordem de gradação
legal prevista no artigo 655 do CPC – para fins de garantia do juízo, sendo
24 Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.
25 Art. 794. Extingue-se a execução quando:
I - o devedor satisfaz a obrigação;
Art. 881 CLT - No caso de pagamento da importância reclamada, será este feito perante o escrivão ou secretário, lavrando-se termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo exeqüente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou secretário, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a outra ao processo
Parágrafo único - Não estando presente o exeqüente, será depositada a importância, mediante guia, em estabelecimento oficial de crédito ou, em falta deste, em estabelecimento bancário idôneo.
32
certo que o prazo para interposição de Embargos à Execução, instrumento de
defesa do devedor, inicia-se somente após a garantia do juízo ou oferecimento
de bens à penhora.
d) O devedor permanece inerte perante o recebimento da
notificação citatória, prosseguindo a execução através da penhora dos bens,
tantos quanto bastem, para o recebimento da dívida26.
Erroneamente, alguns magistrados determinam a notificação
citatória do devedor para pagamento em 48 horas, sob pena de incidência da
multa de 10% sob o montante da execução, prevista no artigo 475J do CPC,
entretanto a CLT não contempla tal penalidade, existindo na mesma
procedimento específico para a execução. Assim, mediante a especificidade
da norma, não há que se falar em aplicação subsidiária do Código de Processo
Civil, posto que inexiste omissão ou lacuna na norma jurídica em apreço.
Independente da providência adotada pelo Executado, é notória a
importância da Citação, tendo em vista que a mesma inaugurará a execução
propriamente dita.
3.2.3 Dos Embargos à Execução
Após apresentação tempestiva da garantia do Juízo, abre-se o
prazo de 5 (cinco) dias para interposição de Embargos à Execução, devendo
tal peça igualmente preencher os requisitos do artigo 282 do CPC, sob pena
de não conhecimento.
Mister ressaltar que o prazo inicia-se imediatamente após o
depósito, portanto, se o mesmo for realizado nas primeiras 24 (vinte e quatro)
horas posteriormente à notificação citatória, o prazo para a interposição de
Embargos iniciar-se-á no primeiro dia útil subsequente.
26 Art. 883 - Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.
33
O Embargado-exequente dispõe igualmente do prazo de 5 (cinco)
dias para o oferecimento de resposta aos Embargos.
Caso a garantia do juízo se dê fora do prazo legal, o Juiz rejeitará
de plano os Embargos à Execução e determinará que a execução prossiga,
sendo o depósito efetuado convolado em penhora.
A Lei 11.382/2006 acrescentou o artigo 745-A e §§ 1º e 2º ao CPC,
conferindo manifesto incentivo ao devedor que deseja quitar sua dívida: No
prazo dos embargos este comprovará o depósito de 30% do valor da
execução, inclusive custas e honorários advocatícios, podendo requerer o
parcelamento da dívida em até 06 (seis) parcelas mensais, acrescidas de juros
de 1% (um por cento) ao mês. Caso a proposta seja deferida pelo magistrado,
o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos
executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o
depósito.
Em ocorrendo o não pagamento de qualquer das prestações,
incidirá, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento
do processo, com o imediato início dos atos executivos, impondo-se multa de
10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas, vedada a
oposição de embargos.
Embora o dispositivo em comento tenha por fim incentivar o
cumprimento espontâneo da obrigação, existem divergências doutrinárias a
respeito do cabimento do mesmo no âmbito laboral, tendo em vista a natureza
alimentar do crédito trabalhista, acrescido da existência de norma própria, o
que veda a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, qual seja
aquela, o artigo 884 da CLT.
Comungamos do entendimento de que tal disposição é
perfeitamente aplicável ao direito trabalhista, tendo em vista o manifesto
propósito de cumprimento da obrigação pelo devedor ao socorrer-se de tal
dispositivo. Ademais, poderia o devedor permanecer inerte perante sua citação
para pagamento, entretanto buscou quitá-la, deixando transparecer,
34
novamente, sua idéia de adimplir com o crédito autoral. Dentre os defensores
desta corrente encontra-se o professor Carlos Henrique Bezerra Leite27.
Como os títulos extrajudiciais possuem força executória, a matéria
a ser ventilada nos Embargos à Execução é de cognição restrita, sob pena de
não conhecimento dos mesmos.
As matérias permitidas pelo Diploma Trabalhista para veiculação
em sede de embargos são28:
- Prescrição da dívida
- Quitação e,
- Cumprimento da decisão ou acordo.
Doutrina e jurisprudência caminham no sentido de admitir a
aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, abarcando matérias como
existência de excesso de execução nos Embargos – posto que do contrário
poderia se premiar possível má-fé do exeqüente, bem como violaria os
princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa, pois o devedor
receberia apenas o mandado de citação para pagamento, não podendo se
insurgir contra o valor apontado como devido pelo Credor – nulidade da
execução por não ser executivo o título apresentado, penhora incorreta ou
avaliação errônea e retenção por benfeitorias necessárias e úteis, nos casos
de título para entrega de coisa certa e qualquer matéria que lhe seria lícito
deduzir como defesa em processo de conhecimento.
Roberto Norris preleciona a respeito da admissão das demais
matérias:
“a extensão da cognição admitida em execuções por título judicial
será menor do que aquela permitida nos casos de execução por
título extrajudicial, considerando-se, quanto à primeira a limitação
constante do art. 741 do CPC. Na segunda hipótese (execução 27 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 7ª ed. São Paulo: LTr, 2009. 28 Artigo 884, §1º da CLT
35
por título extrajudicial), contudo, a cognição será, em princípio,
plena, uma vez que autorizada pelo que estabelece o art. 745 do
CPC, aplicável subsidiariamente ao processo do trabalho,
inclusive no que se refere à hipótese mais comum de execução
por título extrajudicial no processo do trabalho, e que se encontra
prevista no art. 625-E da CLT29”.
Ao apontar excesso de execução, o devedor deve apresentar
planilha discriminada de cálculos, apontando fundamentadamente os valores
que entende devidos, sob pena de não conhecimento da peça defensiva.
Vejamos o entendimento de nossos Tribunais:
EXCESSO DE EXECUÇÃO. EMBARGOS. CÁLCULO.
Aplica-se subsidiariamente ao processo trabalhista o art. 739-A, § 5º,
do CPC, que dispõe que “Quando o excesso de execução for
fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na
petição inicial o valor que entende correto, apresentando
memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos
ou de não conhecimento desse fundamento”. Processo: AP
966003420075050015 BA 0096600-34.2007.5.05.0015 Relator(a):
EDILTON MEIRELES Julgamento: Órgão Julgador: 3ª. TURMA
Publicação: DJ 01/04/2009 (grifos nossos).
Em sendo considerado procedente os Embargos à Execução, o
Juiz acolherá os cálculos apresentados pelo Executado, determinando – caso
tenha havido depósito em dinheiro – a expedição de dois Alvarás: O primeiro
para recebimento pelo credor do valor correto da Execução, e o segundo para
recebimento, pelo devedor, da quantia sobejante, depositada quando da
garantia do Juízo.
29 NORRIS, Roberto. Embargos à execução relacionados às condições da ação executiva trabalhista contra devedor solvente. In: DALLEGRAVE NETO, José Affonso; FREITAS, Ney José de (coords.). Execução Trabalhista: estudos em homenagem ao ministro João Oreste Dalazen. São Paulo: LTr, 2002. p.317-347.
36
Caso tenham sido oferecidos bens à penhora, o Oficial de Justiça
procederá à avaliação dos bens, com a lavratura de Auto de Penhora,
existindo ressalvas em caso de inaceitação do valor estimado pelo executado.
Neste caso, serão necessários conhecimentos técnicos especializados, onde o
Juiz nomeará um profissional com capacidade técnica para avaliação do valor
de mercado, possuindo este o prazo de 10 (dez) dias para entrega do laudo.
Após, para recebimento do crédito, o Autor – exeqüente terá de enfrentar os
caminhos à seguir :
3.2.4 Adjudicação
A adjudicação nada mais é que a possibilidade de entrega do bem
penhorado ao exeqüente (tomará para si a propriedade do mesmo), sendo
transferido diretamente para o patrimônio do exeqüente.
São legitimados a requerer a adjudicação o exeqüente, os demais
credores que tenham penhora sobre o bem imóvel, o credor com garantia real,
o cônjuge do executado, seus descendentes e ascendentes.
A adjudicação pode se dar em relação á bens móveis e imóveis, sem
distinção.
Deferida a adjudicação, será lavrado um Auto e, em seguida,
extraída a respectiva carta de adjudicação (em caso de bem imóvel) ou
mandado de entrega (caso o bem seja móvel).
3.2.5 Alienação por iniciativa particular
Inexistindo requerimento de adjudicação, o exequente poderá
requerer a alienação dos bens através de sua própria iniciativa ou por
intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. É a
modalidade conhecida como Alienação por Iniciativa Particular.
37
Nesses casos o Juiz fixará prazo para a ocorrência da alienação, o
preço mínimo, a forma de publicidade, as formas de pagamento e as garantias
que deverão ser prestadas caso o pagamento não ocorra à vista. Se a
alienação foi através de corretor credenciado, fixar-se-á ainda a comissão de
corretagem.
Esta modalidade formaliza-se por termo nos autos, expedindo-se
carta de alienação (em caso de bem imóvel) ou mandado de entrega ao
adquirente (caso o bem seja móvel).
A Lei 11.382/2006 reformou o Livro II do Código de Processo Civil
e determina que essa forma de alienação deve ser preferida em relação à
hasta pública.
3.2.6 Hasta Pública e Arrematação
Não sendo os bens alienados por iniciativa particular ou
adjudicados, serão então levados à hasta pública.
Trata-se de uma licitação, onde os bens que sofreram constrição
serão expropriados e se incorporarão ao patrimônio daquele que os arrematar.
A hasta pública foi assim batizada em razão de uma antiga
tradição, herdada do Direito Romano.
Em Roma as licitações eram realizadas em praça pública, com uma
lança afixada no chão (hasta significa lança).
A quantia levantada em decorrência da hasta pública será utilizada
para assegurar o crédito exeqüendo, bem como cobrir as custas da execução.
A hasta pública se divide em leilão (em caso de bens móveis) e
praça (em caso de bens imóveis) e deverá ser precedida de edital que
contenha a descrição do bem penhorado – e tratando-se de imóvel, as divisas,
38
matrícula e registro no Cartório de Imóveis – valor do bem, lugar onde
estiverem os móveis, veículos e semoventes e, por fim, lugar onde estiverem
os móveis.
3.2.7 Pagamento ao Exequente
Ato seguinte à realização da expropriação do bem penhorado, terá
chegado então a oportunidade processual de pagamento ao credor, com o
levantamento da quantia apurada, momento em que se alcançará a satisfação
do crédito perseguido.
Após tal levantamento o Juiz declarará cumprida a obrigação
assumida, com a conseqüente satisfação do crédito Autoral, extinguindo a
Ação Executiva com resolução de mérito.
3.3 - Cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer contida nos títulos
executivos extrajudiciais
Em se tratando de cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer
fundada em título extrajudicial, deverão ser observados os artigos 632 e 643 do
CPC.
Ao despachar a inicial, o Juiz fixará multa diária (astreintes) em caso
de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida,
podendo, de ofício, modificar o valor ou a peridiocidade, caso verifique que ela
se tornou insuficiente ou excessiva30.
30 Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá reduzi-lo se excessivo.
39
No âmbito do processo do Trabalho tem sido comum a celebração de
Termo de Ajustamento de Conduta, objetivando um não fazer por parte do
empregador, como por exemplo, a obrigação de se abster de contratar
menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, de não contratar
trabalhadores em condições análogas às de escravo, bem como de obrigações
de fazer como preenchimento da cota legal dos portadores de necessidades
especiais – PNEs, dos aprendizes, instalações adequadas ao desenvolvimento
do trabalho, não realização de atos que impliquem em prejuízo direto ou
indireto ao empregado, dentre outras. Nestes casos, aplicam-se à execução
dessas obrigações contidas em título executivo, a Lei da Ação Civil Pública (Lei
7.347/85) e o Código de Defesa do Consumidor (Título III).
O Termo de Conciliação firmado perante a Comissão de Conciliação
Prévia (CCP), também pode conter obrigação de fazer ou não fazer, sendo
regulado pelos artigos 632 e seguintes do CPC, com as devidas adaptações ao
processo do trabalho31.
Na execução de obrigação de fazer ou não fazer inexiste penhora,
mas o devedor poderá opor embargos à execução no prazo de 5 (cinco) dias,
conforme previsto no artigo 884 da CLT.
Em se tratando de obrigação de fazer, se no prazo legal não houver
satisfação da obrigação, é lícito ao credor requerer, através de petição
simples, nos autos da Ação Executiva, requerer a execução da obrigação às
custas do devedor ou haver perdas e danos, caso em que se converterá em
indenização, procedendo-se, antes, caso necessário, a apuração dos valores
das perdas e danos através de liquidação.
Caso a obrigação possa ser realizada por terceiro, é lícito ao juiz, a
requerimento do credor, decidir que a obrigação seja realizada às custas do
devedor32.
31 Art. 632 CPC. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz Ihe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo. 32 Art. 634 CPC. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele o realize à custa do executado.
40
Em se tratando de obrigação de não fazer, ocorrendo a inércia do
devedor-executado, converte-se a obrigação em perdas e danos,
transformando a obrigação de não fazer em obrigação de pagar quantia certa,
através de liquidação para apuração do quantum debeatur,
A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa
cominatória prevista no artigo 287 do CPC.
41
CONCLUSÃO
Existia grande controvérsia acerca da possibilidade de execução de
títulos extrajudiciais na Justiça do Trabalho, tendo em vista a inexistência de
dispositivo que versasse a respeito, importando em lacuna jurídica.
Para suprir tal ausência, o Poder Legislativo criou a Lei nº 9.958/00,
que modificou o artigo 876 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e
inseriu o artigo 877-A, criando dois títulos executivos extrajudiciais, quais
sejam, o termo de ajuste de conduta celebrado perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia.
Doutrina e jurisprudência vêm se firmando no sentido de que as
multas administrativas impostas à empregadores – desde que guardem
conexão com a relação de trabalho - são títulos executivos extrajudiciais,
sendo o Juízo trabalhista competente para a cobrança da dívida (competência
relativa) aquele do domicílio do devedor, seguindo a regra do Código de
Processo Civil – CPC.
A execução por quantia certa – utilizada na maior parte das
execuções trabalhistas, fugindo à essa regra apenas os Termos de
Ajustamento de Conduta que prevejam obrigações de fazer ou dar – tem por
finalidade apenas a entrega de numerário ao exeqüente que satisfaça seu
crédito, sendo a expropriação um meio para que se alcance tal fim.
Assim, estando em termos a inicial executória, determina-se a
notificação citatória do executado, por Oficial de Justiça, para que em 48
(quarenta e oito) horas pague o valor devido ou garanta a execução, sob pena
de penhora, podendo o devedor adotar 4 (quatro) providências:
a) O devedor pode concordar com o pedido inicial e efetuar o
pagamento no prazo legal, devendo a secretaria fornecer-lhe o respectivo
42
termo de quitação, importando em extinção da execução e declaração de
cumprimento da obrigação, nos termos do artigo 794, I, do CPC e 881 da
CLT33.
b) O executado discorda da execução e, a partir dessa
discordância, deposita o valor em questão, informando expressamente de que
se trata de garantia do juízo para oposição de embargos à execução, posto
que a ausência de ressalva pode ensejar o entendimento de que houve o
simples pagamento.
c) Nomeia bens à penhora – obedecida a ordem de gradação
legal prevista no artigo 655 do CPC – para fins de garantia do juízo, sendo
certo que o prazo para interposição de Embargos à Execução, instrumento de
defesa do devedor, inicia-se somente após a garantia do juízo ou oferecimento
de bens à penhora.
d) O devedor permanece inerte perante o recebimento da notificação
citatória, prosseguindo a execução através da penhora dos bens, tantos quanto
bastem, para o recebimento da dívida.
Após apresentação tempestiva da garantia do Juízo, abre-se o
prazo de 5 (cinco) dias para interposição de Embargos à Execução, devendo
tal peça igualmente preencher os requisitos do artigo 282 do CPC, sob pena
de não conhecimento.
Mister ressaltar que o prazo inicia-se imediatamente após o
depósito, portanto, se o mesmo for realizado nas primeiras 24 (vinte e quatro)
horas posteriormente à notificação citatória, o prazo para a interposição de
Embargos iniciar-se-á no primeiro dia útil subsequente.
Ato seguinte à realização da expropriação do bem penhorado, terá
chegado então a oportunidade processual de pagamento ao credor, com o
levantamento da quantia apurada, momento em que se alcançará a satisfação
do crédito perseguido.
43
Após tal levantamento o Juiz declarará cumprida a obrigação
assumida, com a conseqüente satisfação do crédito Autoral, extinguindo a
Ação Executiva com resolução de mérito.
Em se tratando de cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer
fundada em título extrajudicial, deverão ser observados os artigos 632 e 643 do
CPC.
Ao despachar a inicial, o Juiz fixará multa diária (astreintes) em caso
de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida,
podendo, de ofício, modificar o valor ou a peridiocidade, caso verifique que ela
se tornou insuficiente ou excessiva.
44
BIBLIOGRAFIA
Artigo jurídico: Títulos extrajudiciais exeqüíveis na Justiça do Trabalho–
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/18635-18636-1-PB.pdf
– Acesso em 18/06/2012 as 17:01h
Artigo jurídico: Aplicabilidade da causa de suspensão da prescrição prevista no
parágrafo único do art. 5º do Decreto-Lei nº. 1.569/1977 e não incidência da
Súmula Vinculante STF nº 8 -
http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.37616 - Acesso em: 04 jul.
2012 às 12:29.
ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução, 5ª. Edição, SP: Editora RT, 1998. BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT. Atualizado até a Medida Provisória nº 2.164-41,
de 28 de agosto de 2001
BRASIL. Lei Complementar nº 75 de 20 de maio de 1993. Dispõe sobre a
organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.
BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo
Civil.
BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de
responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá
outras providências.
BRASIL. Lei nº 9.958 de 12 de janeiro de 2000. Altera e acrescenta artigos à
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452,
de 1o de maio de 1943, dispondo sobre as Comissões de Conciliação Prévia e
permitindo a execução de título executivo extrajudicial na Justiça do Trabalho.
45
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, 15ª Edição
revista e atualizada. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2008.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, IV, 1ª.
Edição, SP: Malheiros Editores, 2004.
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Processo de Execução e Cautelar, 9ª
Edição revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007 (Coleção Sinopses
Jurídicas, volume 12).
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 5ª
ed. São Paulo: LTr, 2007.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 7ª
ed. São Paulo: LTr, 2009.
MARINONI, Luiz Guilherme – 3ª edição – Editora RT- Processo de Execução –
curso de processo civil v.3. 2011.
NORRIS, Roberto. Embargos à execução relacionados às condições da ação
executiva trabalhista contra devedor solvente. In: DALLEGRAVE NETO, José
Affonso; FREITAS, Ney José de (coords.). Execução Trabalhista: estudos em
homenagem ao ministro João Oreste Dalazen. São Paulo: LTr, 2002.
SILVA, Antônio Carlos Costa e. Tratado do Processo de Execução, Rio de
Janeiro, Aide Editora, 1986, 2ª ed., Vol. 1.
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Execução de título extrajudicial. Breves
apontamentos à lei n.11.382/06 sob a perspectiva do processo do trabalho.
São Paulo: LTr, 2007.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: CONSIDERAÇÕES
HISTÓRICAS, CONCEITOS E REQUISITOS
1.4 – Introdução 11
1.5 - Origem Histórica e Definição de Títulos Executivos Extrajudiciais 12
1.6 - Os Títulos Executivos Extrajudiciais no Direito Brasileiro – Requisitos 14
CAPÍTULO II - TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS NO PROCESSO
DO TRABALHO
2.1- Intróito 18
2.2 - Os Termos de Ajustamento de Conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho (MPT) 19
2.3 – Termos de Conciliação firmados perante a Comissão de Conciliação
Prévia (CCP) 22
2.4 – Execução de Penalidades Administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização do trabalho 24
CAPÍTULO III - A AÇÃO EXECUTIVA DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL POR
QUANTIA CERTA – PROCEDIMENTOS
3.1- Procedimentos gerais da execução 29
3.2 – Procedimento das Execuções no âmbito do Processo do Trabalho 30
3.2.1 – Petição Inicial 30
3.2.2– Citação 30
3.2.3 – Dos Embargos à Execução 32
3.2.4 – Adjudicação 36
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3.2.5 - Alienação por iniciativa particular 36
3.2.6 - Hasta Pública e Arrematação 37
3.2.7 - Pagamento ao Exeqüente 38
3.2.8 - Cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer contida nos títulos
executivos extrajudiciais 38
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 44
ÍNDICE 46
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