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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DPS1064 Fundamentos de Economia para Engenharia
Curso de Graduação em Engenharia de Produção
3 créditos – 2º semestre de 2011
Prof. Dr. Dipl. Wirt.-Ing. Andreas Dittmar Weise
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Sumário
BILBIOGRAFIA .......................................................................................................... 217
Primeira parte - Introdução .......................................................................................... 4
UNIDADE I – A CIÊNCIA ECONÔMICA .................................................................... 4
1.1 Conceitos e objetivos da ciência econômica ............................................................ 4
1.2 O raciocínio econômico: lógica e metodologia ........................................................ 7
1.3 A evolução do pensamento econômico .................................................................. 16
UNIDADE II – O PROBLEMA ECONÔMICO ........................................................... 19
2.1 As necessidades ilimitadas ..................................................................................... 19
2.2 A escassez de recursos ............................................................................................ 23
2.3 As opções e os critérios de escolha ........................................................................ 27
2.4 As soluções alternativas e as curvas de possibilidade de produção ....................... 29
UNIDADE III – O SISTEMA ECONÔMICO ............................................................... 34
3.1 Características, agentes e elementos básicos do sistema econômico ..................... 34
3.2 Os fluxos real e monetário ...................................................................................... 37
3.3 Classificação dos bens e serviços ........................................................................... 40
3.4 Os setores da economia .......................................................................................... 41
3.5 Sistemas econômicos alternativos .......................................................................... 42
Segunda Parte - Elementos de Microeconomia ......................................................... 43
UNIDADE I – OFERTA E DEMANDA ....................................................................... 43
1.1 O mercado .............................................................................................................. 43
1.2 Demanda ................................................................................................................... 44
1.3 Oferta ...................................................................................................................... 54
1.4 Equilíbrio de mercado ............................................................................................ 60
1.5 Aplicações da análise da oferta e da procura .......................................................... 73
UNIDADE II – TEORIA DO CONSUMIDOR ............................................................. 76
2.1 Utilidade Marginal .................................................................................................. 77
2.2 A teoria da escolha ................................................................................................. 84
UNIDADE III – TEORIA DA PRODUÇÃO ................................................................ 98
3.1 Tipos de competição ............................................................................................... 99
3.2 Receitas, custos e lucros na concorrência perfeita ............................................... 104
3.3 Função de produção .............................................................................................. 104
3.4 A firma .................................................................................................................. 111
3.5 Teoria dos jogos ................................................................................................... 118
3
Terceira Parte – Elementos em Macroeconomia ..................................................... 125
UNIDADE I – CONTAS NACIONAIS ....................................................................... 125
1.1 Produto, renda e despesa nacional e seus componentes ....................................... 134
1.2 Renda média e estrutura de distribuição de renda ................................................ 141
UNIDADE II – RENDA NACIONAL E EMPREGO ................................................. 145
2.1 Visão clássica ......................................................................................................... 147
2.2 Visão Kenesiana ................................................................................................... 155
2.3 Visão marxista ........................................................................................................ 157
UNIDADE III – MOEDA E INFLAÇÃO .................................................................... 163
3.1 Moeda: conceitos e funções .................................................................................. 163
3.2 Evolução histórica ................................................................................................ 170
3.3 Inflação ................................................................................................................. 182
UNIDADE IV – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .......................................... 193
4.1 Conceitos e indicadores do desenvolvimento ....................................................... 193
4
Primeira parte - Introdução
UNIDADE I – A CIÊNCIA ECONÔMICA
1.1 Conceitos e objetivos da ciência econômica
O que trata a economia?
Aumento de preços
Períodos de crise econômica ou de crescimento
Desemprego
Setores que crescem mais do que outros
Diferenças salariais
Crises no balanço de pagamentos
Vulnerabilidade externa
Valorização ou desvalorização da taxa de câmbio
Dívida externa
Ociosidade em alguns setores de atividade
Diferenças de renda entre as várias regiões do país
Comportamento das taxas de juros
Déficit governamental
Elevação de impostos e tarifas públicas
É como:
Ciência: explica os fenômenos através da observação empírica
Teoria: Procura ordenar os fenômenos (Micro e Macroeconomia)
Política: Quais as estratégias a serem aplicadas para atingir determinadas
metas:
Monetária;
Desenvolvimento; e
Setor Público.
Objetivo do Estudo Econômico
Analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de
forma a melhorar nossa qualidade de vida.
Economia deriva do grego:
Aristóteles (384-322 a.C)
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Oikonomía
Óikos – casa
Nomos – Lei
Significa a administração de uma casa, ou do Estado;
Xenofontes (455 a 345 a.C.) foi o primeiro a usar o termo Economia
neste sentido.
Definições
É a ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre
usos alternativos e fins competitivos;
Estuda a atividade produtiva. No que se refere aos problemas referentes
ao uso mais eficiente de recursos limitados.
“é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem
(escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a
fim de satisfazer as necessidades humanas.” Pinho e Vasconcellos (2006, p. 2)
A economia contemporânea
Sociedade industrial;
Características produtivas: Padronização; Especialização; Sincronização;
Concentração; Maximização; Centralização.
Características Socioeconômicas: Dividida em Classes; Estabilidade;
Políticas de desenvolvimento padronizadas; Culturas locais; Valores culturais
definidos e inflexíveis
Características políticas: Guerra-Fria – Conflito Leste-Oeste (URSS e
EUA)
A nova economia
Informacional: Conhecimento e rapidez. Informação tornou-se produto.
Trabalho global: Em escala global (rede de conexões)
Hiper-valorização do trabalho
Expansão do mercado: A expansão do capital se dá 24 horas. As
financeiras utilizam-se da informação como negócio
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A sociedade global-como foi possível?
Pela penetrabilidade: Ao contrário da sociedade industrial as novas
tecnologias integram-se rapidamente ao cotidiano do homem do século XXI.
Isso proporciona uma realimentação técnica.
Consumo em massa: difusão da microeletrônica.
Informação em tempo real: Transmissões ao vivo
Lógicas de redes: Franquias expandem a mesma marca
Flexibilidade: Produção personalizada
Integração sistêmica a nível global: propagação do Inglês
O que está Globalizado?
Informação?: O acesso a informação é igualitário e com equidade.
Tecnologia?: Os centros de P & D estão concentrados em áreas e
instituições específicas.
Trabalho?: cidadãos de países pobres estão fora do “circo global” –
Muro da vergonha-
Cultura?: É ainda possível pensarmos em uma economia regional.
Capital?: É o único fator de produção que está livre das amarras
geográficas. E por isso procura remuneração em pontos estratégicos de
competitividade e lucratividade.
A economia da inclusão ou da exclusão?
A economia global é planetária? Ou sua operação só diz respeito a
segmentos, estruturas econômicas, países e regiões?
A economia global caracteriza-se: interdependência; diversificação;
inclusão seletiva; segmentação excludente; desintegração da geografia
econômica e da história regional.
Reflexões sociais e econômicas
Desigualdade Regional: A divisão de regiões/países se dá pelo acesso
que se tem as novas tecnologias – Perdedoras e Ganhadoras-
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A estrutura geo-político-econômica se dá sob três regiões: Europa;
América do Norte e Pacífico asiático.
Desigualdade Social: A difusão é seletiva tanto social como
funcionalmente.
O paradigma tecnológico: As transformações tecnológicas nem sempre
trouxeram benefícios sociais a todos.
Reflexões éticas: A clonagem genética- “a engenharia genética tira os
direitos autorais da vida das mãos da Natureza – Deus”
Questões econômicas
Por que há pobres e ricos?
Qual a ligação do dólar com o preço do pão?
Por que o Brasil vendia gasolina mais barata para o exterior do que para
o mercado nacional?
Por que os impostos dos cigarros, automóveis, eletrodomésticos são
mais caros?
Por que exportar é um dos objetivos principais dos governos?
A propaganda Cria necessidades ou apenas informa?
Por que o aumento do preço do açúcar faz cair o consumo de café?
Os Juros altos reduzem o consumo ou aumentam a poupança?
Por que os governos incentivam a poupança?
Aumento de salários causa inflação?
Por que o superávit na economia japonesa causou protestos dos países
ricos?
Por que o Brasil tem que ter dólares?
É melhor exportar ou consumir internamente?
Privatizar é a melhor opção para baixar os preços?
O que significa o”Risco Brasil”?
Por que o dólar é a moeda mais valorizada do mundo?
Por que estudar assuntos de economia?
1.2 O raciocínio econômico: lógica e metodologia
8
O método científico: observação, teoria, observação
Dificuldade de testar as teorias nas ciências sociais;
A necessidade de se usar a história para observar um fenômeno,
fatos associados a ele e sua evolução;
Algum detalhe não contemplado na teoria pode alterar os
resultados do presente.
Métodos de Investigação científica:
Dedutivo
Parte da elaboração de pressupostos gerais a respeito de um
determinado objeto de estudo para atingir o conhecimento do fato
isolado, do detalhe. Parte do geral para o particular.
Indutivo
Parte de observação direta do detalhe para, através de seu
conhecimento, estabelecer os princípios gerais que regem a matéria em
estudo. Parte do particular para o geral.
Economia Descritiva
trata da identificação do fato econômico;
é a partir dos levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes
econômicos que se inicia o complexo de conhecimento sistematizado da
realidade no campo da economia positiva;
é a tarefa de levantamento e descrição dos fatos que se dedica a economia
descritiva;
a realidade começa a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido
de que possam se analisados as relações básicas que se estabelecem entre os
diversos agentes que compõem o quadro da atividade econômica.
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Teoria Econômica (TE)
é o compartimento central da economia, compete-lhe dar ordenamento
lógico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia descritiva,
produzindo generalizações que sejam capazes de ligar aos fatos entre si,
desvendar cadeias de ações manifestadas e estabelecer relações que identifiquem
os graus de dependência de um fenômeno em relação a outro;
surgiram então em decorrência conjunto de princípios, de teorias, de
modelos e de leis fundamentadas nas descrições apresentadas;
a teoria econômica adota duas posições distintas na apresentação e
análise do fenômeno econômico, estas posições são conhecidas como
microeconomia e macroeconomia.
Microeconomia:
é aquela parte da teoria econômica que estuda o processo de
formação de preços e o funcionamento dos mercados, ou seja,
comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e
empresas, e suas inter-relações;
Macroeconomia:
estuda o funcionamento do sistema econômico em seu conjunto.
Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém,
ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade
econômica de um determinado país ou de um conjunto de países;
Política Econômica (PE)
Os desenvolvimentos elaborados no compartimento da teoria econômica
têm a finalidade de servir a Política Econômica (PE)
nesse terceiro compartimento é que serão utilizados os princípios, as
teorias, os modelos e as leis
a utilização terá a finalidade de conduzir adequadamente a ação
econômica com vistas a objetivos pré-determinados
quando empregamos a expressão política econômica governamental
estamos nos referindo às ações praticas desenvolvida pelo governo com a
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finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema econômico no sentido de
que sejam alcançados um ou mais objetivos politicamente estabelecidos
Teoria Econômica (TE)
para completar existem ainda a Lei da Economia, que é a relação entre
um fenômeno e sua causa, Economia política é uma ciência e conseqüentemente
possui princípios, normas e leis.
as leis podem ser dividas:
Leis Naturais;
Leis Sociais;
Leis Tipicamente Econômicas
Leis Naturais:
são aquelas de forma global, gerias; exprimem uma relação
constante entre a causa e o efeito. Ex: leis físicas são aquelas onde
cientistas podem determinar perfeitamente a causa; a água a zero grau
congela.
Leis Sociais:
exprimem a tendência que certos fatos têm em produzir certos
efeitos
ex: fenômenos econômicos podem garantir a tendência de
acontecimento do fato, segundo as condições propostas; a escassez do
produto indica um aumento do preço
Leis Tipicamente Econômicas:
é lei da oferta e da procura – essa lei diz que o preço aumenta
não pode dizer quanto (em valores), quando e como acontecera e
nem em que medida poderá ser produzida
Economia Positiva E Economia Normativa
Economia Positiva
é o conjunto de métodos e esquemas teóricos que permitem
determinar e entender como se dão os fenômenos econômicos. Estuda a
atividade econômica como ele é.
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Economia Normativa
parte da constatação de como a realidade é, ou seja, do
entendimento dos mecanismos econômicos, para em seguida propor um
estado de coisas, considerado melhor pelo observador. Estuda a atividade
econômica como ela deveria ser.
O papel das hipóteses
Facilitam a compreensão do fenômeno
Variam se estamos estudando o curto ou o longo prazo
A essência do pensamento científico é decidir que hipóteses
formular
Modelos econômicos
Em todas as ciências se utilizam modelos
Os modelos dos economistas utilizam-se de equações e gráficos
Formulam-se hipóteses para a construção de modelos
Todos os modelos simplificam a realidade, retirando pormenores
irrelevantes
Primeiro modelo: o fluxo circular de renda
Hipótese 1: economia é fechada e sem governo. Logo há apenas
dois atores, tomadores de decisão, ou ainda dois setores institucionais –
famílias e empresas – interagindo na economia
Hipótese 2: toda a renda é gasta em consumo; não há poupança
Hipótese 3: há apenas dois mercados na economia – o de bens e
serviços e de fatores de produção
Mercado em termos abstratos é o encontro dos fluxos de oferta e
demanda
Hipótese 4: as empresas produzem bem e serviços utilizando os
insumos (fatores de produção) adquiridos das famílias com a receita das
vendas de bens e serviços às famílias
Hipótese 5: as famílias consomem os bens e serviços que
adquirem das empresas utilizando os pagamentos que as empresas fazem
pela aquisição dos insumos pertencentes às famílias.
O funcionamento do fluxo
O fluxo circular de renda
12
Modelos econômicos
Segundo modelo : fronteira de possibilidades de produção
Hipótese 1: a economia produz apenas dois bens
Hipótese 2: todos os fatores de produção são utilizados na
produção de computadores ou de automóveis ou em quantidades
alternativas de ambos
Fronteira de possibilidades de produção
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Mostra a combinação de produtos que a economia pode potencialmente
produzir
A sociedade pode produzir em qualquer ponto sobre a ou dentro
da fronteira de possibilidades de produção
Diz-se que há eficiência se a sociedade está obtendo tudo o que
for possível a partir dos recursos escassos disponíveis
B é um ponto de ineficiência
D é um ponto inalcançável considerando os recursos disponíveis
Deslocamento da Fronteira de possibilidades de produção
A fronteira de possibilidade de produção de uma economia pode se
deslocar:
Isto ocorre caso haja um avanço tecnológico em uma das
indústrias.
Supondo que isto tenha ocorrido na produção de computadores; a
quantidade diária de computadores produzida por cada trabalhador
aumenta.
Isto beneficia a produção de computadores e também a de carros.
Fronteira de possibilidades de produção
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O economista como formulador de política econômica
Economia positiva x normativa
Economia positiva: tenta descrever o processo econômico como
ele é.
Pode ser testada e confirmada ou refutada
Economia normativa: tenta prescrever como o processo
econômico deveria ser.
Sua avaliação não pode ser julgada apenas pelos fatos pois implica
também em valores (ética, religião)
Diferenças no julgamento científico
Diferentes intuições sobre qual a teoria correta
Discordam da dimensão dos parâmetros envolvidos
Crescimento e inflação
Tributo sobre a renda corrente ou sobre o consumo familiar
Moeda e inflação
Diferenças nos valores
Independentemente da teoria as políticas econômicas sugeridas
seriam diferentes
Aposentadoria diferenciada para os funcionários públicos?
Dar ticket ou $ no programa fome zero? Controlar ou não sua utilização?
Charlatães e excêntricos
Busca de popularidade ou de poder político.
Baixar os juros diminui o pagamento da dívida e sobra dinheiro para o
governo dar aumento para o funcionalismo
Busca de soluções fáceis
Se a alíquota do imposto de renda for reduzida a arrecadação aumenta
Todos querem a reforma tributária pois com ela se pagará menos
impostos e o governo arrecadará mais.
A despeito das discordâncias o consenso é maior do que se imagina
A despeito disso várias medidas de política econômica consideradas
erradas são adotadas
Inter-relação da economia com outras áreas do conhecimento
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Economia, Física e Biologia;
Economia, Matemática e Estatística;
Economia e Política;
Economia e História;
Economia e Geografia;
Economia, Moral, Justiça e Filosofia
Economia, Física e Biologia
Estudo sistemático da economia e avanços da física e biologia (Séc. XVIII e
XIX)
Concepções organicistas (biológicas): Economia se comporta como órgão
vivo, daí os termos, órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica
Concepções mecanicistas (físicas): Economia se comporta como
determinadas leis da física, daí os termos estática, dinâmica, aceleração,
velocidade, forças e outros
Concepção Humanística (atual): Observa do comportamento da atividade
humana. Por isso, economia é uma ciência social
Economia, Matemática e Estatística
Economia também é limitada ao meio físico, dado os recursos escassos
Tem relação próxima das quantidades (produção e consumo, exemplos)
Depende da matemática e estatística para estabelecer relações entre variáveis
econômicas
Economia e Política
São extremamente interligadas (relação de causalidade – causa e efeito –
difícil de estabelecer)
A política pode firmar onde se desenvolverá atividades econômicas
A economia pode também ditar decisões políticas (corporações estatais,
oligopólios, monopólios, latifúndio
Economia e História
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Pesquisa histórica auxilia a economia (facilita compreensão do presente).
Fatos econômicos também afetam o desenrolar da história. (Ciclos do ouro,
cana de açúcar, revolução industrial, crack de 29, crise do petróleo, crise
hipotecária)
Economia e Geografia
A geografia de uma área pode determinar sua atividade econômica (Colatina,
qual sua vantagem geoeconômica?)
Áreas de estudos – Economia regional, economia urbana, teorias de
localização industrial (APL – Arranjos Produtivos Locais) e demografia
econômica.
Economia, Moral, Justiça e Filosofia
Idade média, economia era vista como parte integrante da filosofia, moral e
ética (justiça)
Era orientada por princípios morais e de justiça
Estudo sistemático econômico teve seu início após a Revolução Industrial do
Século XVIII
Divisão do Estudo Econômico
Microeconomia ou teoria da formação de preços – Examina como
consumidores e empresas interagem no mercado, decidindo preços e quantidades
para satisfazer ambos.
Macroeconomia – Estuda a determinação e o comportamento dos
grandes agregados nacionais (PIB, taxa de juros, poupança agregada, outros).
Economia Internacional – Analisa relações de residentes e não residentes
do país. Além das relações comerciais entre países.
Desenvolvimento econômico – Aborda a preocupação com melhoria do
padrão de ida da coletividade ao longo do tempo.
1.3 A evolução do pensamento econômico
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Economia Grega: O desprezo da riqueza. O Homem é espírito. Na
economia Platão X Aristóteles
Império Romano: O espírito político em contraposição ao econômico
Idade Média: a igreja regula as relações de trocas
A economia antes da “economia”
O mercantilismo: a riqueza provém do comércio
O renascimento faz nascer o “espírito capitalista”
As idéias metalistas. A moeda surge na vida econômica
Os Fisiocratas
Os fenômenos econômicos seguem uma ordem natural. Tudo e
providencial tudo é natural
O Poder da riqueza vem da terra
Só os trabalhos agrícolas são produtivos
Fundamentos dos Clássicos
O individualismo e o egoísmo são bons para todos
Somos todos “homos economos”
Toda a riqueza provem do trabalho
A economia neoclássica
A utilidade valora os bens. O marginalismo.
É possível atingir o “equilíbrio geral”. ”O Pleno emprego”. “O ponto de
equilíbrio”. “A concorrência perfeita”
A ética das relações de trocas via mercado é isenta de valor de juízo
O preço é justo
A Revolução Keynesiana
O Pleno emprego é uma impossibilidade teórica e prática
A intervenção do Estado é necessária na busca do bem-estar social
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O combate ao desemprego é tarefa do Estado (investimento)
O Pensamento Econômico Contemporâneo
Para onde os economistas estão indo?
O Credo Neoliberal
A Financeirização do mundo
O “Fim da História”
Cadê o Estado?
A Reação social
A Regionalização do desenvolvimento
O Estado como agente ativo
Um “outro” desenvolvimento
O sistema econômico
Liberais: um modo de produção em que a liberdade impera sobre a
planificação
Marxistas: um modo de produção em que as forças produtivas definem
as classes sociais
Características institucionais:
Produção orientada para o mercado;
Propriedade privada dos meios de produção;
Um grande segmento da sociedade que só pode existir pela sua
força de trabalho;
Comportamento individualista,
Maximização de utilidades.
“...as idéias dos economistas, tanto quando estão certos como quando estão
errados, são muito mais poderosas do que normalmente se imagina. Na
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verdade, o mundo é governado quase que exclusivamente por elas. Homens
práticos, que se julgam imunes a quaisquer influências, geralmente são
escravos de algum economista morto...”
John Maynard Keynes
A Busca de uma ética para a economia de mercado
“O mercado auto-regulável foi a inovação que deu origem a uma civilização
específica. (...) A nossa tese é que a idéia de um mercado auto-regulável
implicava uma rematada utopia. Uma instituição que não pode existir sem
aniquilar a substância humana e natural da sociedade...”
Karl Polany
“A simples colocação de um problema é muito mais essencial do que a
solução, que pode ser apenas uma questão de habilidade matemática ou
experimental. Fazer novas perguntas, suscitar novas possibilidades, ver velhos
problemas sob um novo ângulo são coisa que exigem imaginação criadora e
possibilitam verdadeiros adiantamentos na ciência”.
Albert Einstein
UNIDADE II – O PROBLEMA ECONÔMICO
2.1 As necessidades ilimitadas
De acordo com o paradigma clássico o problema relevante a ser
considerado pela ciência econômica é o da distribuição do excedente econômico.
Dado um determinado volume de riqueza produzida, a partir de uma
determinada tecnologia, a questão é saber de que forma se distribuem entre os
diversos segmentos da sociedade o resultado da produção, descontado o custo de
se produzir.
De acordo com o paradigma neoclássico, o principal problema
econômico é alocação dos recursos.
Dada a escassez de recursos econômicos o objeto da ciência econômica
é o estudo de como alocar de forma eficiente recursos que são escassos entre
fins alternativos e rivais.
20
Para o paradigma clássico, a questão da eficiência não é um problema,
uma vez que a produção é determinada pela tecnologia e pelos recursos
disponíveis, que estão previamente dados.
Para o paradigma neoclássico, a questão da distribuição não é uma
problema, uma vez que a remuneração de cada “fator de produção” é
determinada por sua produtividade marginal, a qual se supõe, é decrescente no
curto prazo (ou mantidos fixos os demais fatores), não havendo motivo,
portanto, para qualquer conflito social.
Em qualquer sociedade se encontra a sempre a seguinte tríade de
problemas:
O QUE E QUANTO PRODUZIR?
COMO PRODUZIR?
PARA QUEM PRODUZIR?
Este aspecto requer uma análise igualmente detalhada e sistematizada,
dada a sua importância e vinculação com o equacionamento do problema
econômico.
Uma primeira questão a responder diz respeito ao volume de
necessidades que possamos ter. Evidentemente, um ser humano que vive numa
comunidade moderna tem necessidades diversas e em maior quantidade do que
alguém que vivia na Idade Média. Uma volta por uma das salas comerciais de
um shopping center das grandes metrópoles ou meia hora de televisão
comprovam facilmente esta afirmação.
Além deste aspecto temporal (hoje o mundo é completamente diferente
do que em tempos passados) há que se considerar que, somado ao volume,
também a composição das necessidades varia entre habitantes de uma metrópole
e de uma pequena cidade do interior do Estado
Em que pese a diversidade entre volume e composição das necessidades
humanas, é possível detectar várias características comuns:
coletivas ou
individuais
e, dentre estas:
absolutas ou
relativas.
21
Necessidades coletivas
Aí estão enquadradas as necessidades que todo grupo sente, tais como a
necessidade de segurança, de defesa, necessidade de educação, de saneamento
básico, do cuidado com a saúde etc..
Estas necessidades são supridas em parte ou totalmente pela ação do
Estado.
Necessidades individuais
Compreendem basicamente dois grupos:
necessidades absolutas (necessidades biológicas) do ser humano, isto é,
relacionadas às exigências de natureza biológica, tais como dormir, respirar,
comer, habitar, procriar, vestir etc..
nem sempre têm sua satisfação associada imediatamente a uma
solução econômica
por exemplo: é o caso da necessidade de respirar,
em muitas comunidades, a preservação das áreas verdes e o
controle da poluição do ar podem requerer grandes esforços econômicos
necessidades individuais compreende as necessidades relativas ou sociais
são relativas porque não são idênticas para todos os indivíduos
compreendem o conjunto de hábitos, normas, costumes e valores
(uso de talheres e pratos, cama para dormir, o hábito da leitura, audiência
de uma sinfonia e outros)
TIPOS DE NECESSIDADES
COLETIVAS INDIVIDUAIS
Absolutas Individuais
Segurança, defesa,
educação, saneamento
básico, saúde etc.
Dormir, respirar, comer,
habitar, procriar, vestir
etc.
Hábitos, normas, costumes e
valores
As necessidades dos indivíduos modificam-se a cada novo dia, quer
sejam absolutas ou relativas
22
Alguns estudos a esse respeito, em especial o de Abraham Maslow
(1908 até 1970), um psicólogo norte-americano, revelam que as necessidades
são hierarquizadas, isto é, um indivíduo procura satisfazer suas necessidades em
certo momento ou período de sua vida, por etapas consecutivas, uma após outra.
Imaginemos uma escada, para dispor tal hierarquização. O
primeiro degrau é reservado para as necessidades biológicas ou básicas.
Satisfeitas estas necessidades, o indivíduo busca a segurança, em
seu mais amplo sentido: segurança no lar, na comunidade, segurança no
emprego.
A etapa seguinte refere-se à necessidade que o indivíduo sente
de viver em comunidade, de ser aceito pelo grupo, de relacionar-se.
Na próxima etapa, quer satisfazer seu ego: busca
reconhecimento, status, poder.
E, nesta evolução motivacional, a última etapa refere-se à auto-
realização: o indivíduo abre-se a novos desafios, procura a
experimentação de forma decidida (como, subir montanha mais alta;
chegar à diretoria da empresa)
uma necessidade superior não poderá ser suprida sem a satisfação da
necessidade imediatamente anterior
outro aspecto revela que a posição do indivíduo na sua hierarquia de
necessidades é mutável ao longo do tempo, ou seja, o indivíduo terá projetadas
novas hierarquias introduzidas pelas transformações do meio
23
Necessidades
2.2 A escassez de recursos
o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez, ou seja,
como “economizar” recursos
a escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da
restrição física de recursos
nenhum país, mesmo os países ricos, são auto-suficientes, em termos de
disponibilidade de recursos produtivos, para satisfazer a todas as necessidades
da população
O crescimento populacional renova as necessidades básicas; o contínuo
desejo de elevação do padrão de vida (necessidade social => melhoria de status)
e a evolução tecnológica fazem com que surjam NOVAS necessidades
(computadores, freezer,...);
Se não houvesse escassez de recursos, ou seja, se todos os bens fossem
abundantes (bens livres), não haveria necessidade de estudarmos questões como
inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos,
desemprego, concentração de renda;
Esses problemas provavelmente não existiriam (e obviamente nem a
necessidade de se estudar Economia).
recursos de produção escassos são:
capital;
24
terra;
trabalho;
ao lado do conhecimento tecnológico e capacidade
empresarial.
Assim nasceu o que se chama de capital, conjunto de bens que não se
destinam a imediata satisfação da necessidades humanas, porém facilitam a
produção ou aquisição de utilidades econômicas.
O capital é representado antes de mais nada pelas máquinas,
instrumentos, ferramentas, matérias-primas, equipamentos, terras ou prédios
possuídos: é o capital fixo ou imobilizado. Mas também é capital o dinheiro ou
seu substituto, o crédito. Dinheiro em caixa e cheques ou títulos de créditos,
formam o capital ativo.
A terra nos oferece gêneros alimentícios e matéria-prima para a
produção de novos bens econômicos. Além disso, no sentido de natureza,
permite ao homem aproveitar recursos como grandes rios, mares, quedas d'água.
Um exemplo é a secular luta pela posse ou propriedade da terra, que constitui
uma notável riqueza.
Se as necessidades existem e devem ser satisfeitas pelos bens de
consumo, os alimentos precisam ser preparados, as roupas costuradas, as casas
construídas.
Nessas condições, o trabalho é o segundo fator da produção. Com o
passar do tempo, o homem primitivo percebeu que seus instrumentos "machado
de pedra, arco e flecha" não proporcionavam a pronta satisfação de suas
necessidades básicas, mas o ajudavam a obter outras coisas de consumo
imediato.
resultam os bens e serviços que são oferecidos à sociedade para a solução
de suas necessidades e desejos ilimitados.
A satisfação de uma necessidade, no sentido aqui tratado, requer a
existência de um bem.
Mesmo as mais elementares necessidades são satisfeitas por certo tipo de
bem.
O ar, por exemplo, é o bem que satisfaz a necessidade de
respirar.
25
Em circunstâncias normais, quando se caracteriza a abundância, este e
outros bens, como a água do mar e a luz do sol, são considerados bens livres.
Não constituem, portanto, um problema cuja solução esteja no âmbito da análise
econômica.
Ocorre, no entanto, que a maioria das necessidades dos indivíduos será
satisfeita por bens escassos, cuja obtenção irá requerer certa quantidade de
trabalho e, muito provavelmente, também de outros fatores de produção.
Estes bens são denominados bens econômicos e compreendem duas
categorias de bens:
os bens tangíveis, isto é, que se pode apalpar, sendo, portanto,
materiais, e
os bens intangíveis, que não são de natureza física, onde se
enquadram os serviços.
Na tentativa de melhor compreensão do fato econômico, a classificação
dos bens completa-se com o enquadramento dos bens econômicos tangíveis nas
seguintes categorias:
Bens finais
Aqui são abrigados os bens de consumo, que compreendem os produtos
que se destinam ao consumo.
Subdividem-se em:
bens de consumo não-duráveis (porque possuem existência muito
limitada no tempo e geralmente desaparecem ao satisfazer a necessidade,
como é o caso dos alimentos); e
bens de consumo duráveis (cuja utilização é substancialmente
prolongada, como, por exemplo, eletrodomésticos, automóveis etc.)
São estes produtos que, como regra geral, promovem a atividade
econômica, porque na sua produção são utilizados produtos intermediários,
máquinas, fornecimentos de terceiros e um contingente considerável de pessoas
direta ou indiretamente ocupadas que, auferindo rendimento, poderão adquirir
bens econômicos, realimentando o processo de produção agregada de toda a
sociedade.
26
Também fazem parte do grupo de bens finais os chamados bens de
capital, que compreendem os bens destinados à produção de novos bens e, por
isso mesmo, também conhecidos por “bens de produção”. São as máquinas
industriais, ferramentas etc..
É de se notar, ademais, que um mesmo bem pode ser classificado em
grupo distinto, segundo a categoria uso. Assim sendo, um automóvel pode ser
um bem de consumo durável e, para aquele que o utiliza como forma de
prestação de um serviço – táxi, por exemplo, ― este bem é considerado um bem
de capital ou bem de produção.
Bens intermediários
Certos bens, como o aço, o cimento, a cal e uma infinidade de outras
mercadorias, requerem transformações antes de se converterem num bem de
consumo ou bem de capital.
São, portanto, considerados bens intermediários.
Os bens econômicos podem ser classificados como:
Bens não duráveis x bens duráveis
Bens presentes x bens futuros
Bens substitutos x bens complementares
27
Bens diretos x bens indiretos
Bens de consumo x bens de produção
Bens de consumo x bens intermediários x bens de capital
2.3 As opções e os critérios de escolha
Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização
econômica ou regime político, são obrigados a fazer ESCOLHAS (OPÇÕES)
entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes;
Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO
E PARA QUEM produzir?
O QUE E QUANTO produzir: a sociedade deve decidir se produz mais
bens de consumo ou bens de capital, ou como num exemplo clássico:
quer produzir mais canhões ou mais manteiga e, ainda, em que
quantidade?
Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de
consumo, ou bens de capital?
COMO produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva:
serão utilizados métodos de produção capital intensivo? ou mão-
de-obra intensivos? Ou terra intensivos? Isso depende da disponibilidade
de recursos de cada país.
PARA QUEM produzir: a sociedade deve decidir quais os setores que
serão beneficiados na distribuição do produto:
trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terra?
Agricultura ou indústria?
Mercado interno ou mercado externo?
Região sul ou norte?
ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada
pela atividade econômica
Tendo visto os recursos (escassos) de produção e as necessidades
humanas (ilimitadas) vamos organizar nosso aprendizado com relação ao
conhecimento das diversas formas de satisfação das necessidades humanas: os
bens.
Significados da palavra produção:
28
transformação técnica
transformação de modo
transformação de espaço
transformação de tempo.
O resultado da atividade produtiva chama-se produto.
Consumo é o uso dos bens econômicos com o objetivo de satisfazer
diretamente certas necessidades.
Os bens usados com este objetivo, e enquanto usados com este objetivo,
chamam-se bens de consumo.
As atividades produtivas podem ser classificadas de acordo segundo o
grau de processamento e elaboração de seus produtos:
Setor primário
Setor secundário
Setor terciário
Setor primário (agropecuária)
Engloba as atividades que estão em contato direto com a natureza
e cuja produção se caracteriza com de bens primários.
Dela fazem parte agricultura, pesca silvicultura, pastoreio,
extração vegetal, etc.
Setor Secundário (indústria)
Compreende todas as atividades de modificação e transformação
de bens, por meio de processos físicos ou químicos.
Compreende a indústria extrativa mineral, manufatureira ou de
transformação, da construção civil e a indústria de geração de energia
elétrica, produção de gás e tratamento de água e esgoto (serviços
industriais de utilidade pública).
Setor terciário (serviços)
É também chamado setor de serviços. Não compreende a
produção física propriamente dita, mas sim a prestação de serviços.
Compreende as atividades comerciais, transportes, seguros,
serviços financeiros, previdência social, educação, saúde, turismo,
serviços governamentais, etc.
29
O ato pelo qual se renuncia a uma parte do possível consumo presente
com a intenção de obter um aumento do consumo futuro chama-se poupança.
Em sentido estrito, em economia, investimento significa a aplicação de
capital em meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva
(instalações, máquinas, meios de transporte), ou seja, bens de capital.
Por isso, considera-se também investimento a aplicação de recursos do
Estado em obras muitas vezes não lucrativas, mas essenciais para formarem a
infra-estrutura da economia (saneamento básico, rodovias, portos, aeroportos,
etc.)
Um conjunto de bens econômicos, disponíveis para um sujeito
econômico ou para uma sociedade de sujeitos econômicos, chama-se riqueza.
A riqueza pode ser considerada de duas maneiras:
Ao conjunto de bens disponíveis num determinado momento do tempo
chama-se patrimônio.
A riqueza considerada como fluxo de bens ao longo do tempo toma o
nome de renda.
2.4 As soluções alternativas e as curvas de possibilidade de produção
30
Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização
econômica ou regime político, são obrigadas a fazer opções, escolhas entre
alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a
fazer escolhas sobre O Que e Quanto, Como e Para Quem produzir.
Para quem produzir: A sociedade deve decidir quais os setores que serão
beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou
proprietários da terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado
externo? Região Sul ou Norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída
a renda pela atividade econômica.
Definição de Produto
A economia estuda a alocação de recursos escassos para fins ilimitados,
ou seja, como obter o máximo de satisfação para os indivíduos a partir de um
estoque dado de recursos.
Para satisfazer a suas necessidades, o homem envolve-se em um ato de
produção.
Produção é a atividade social que visa adaptar a natureza para a criação
de bens e serviços que permitam a satisfação das necessidades humanas.
No ato de produção, existe a combinação de uma série de elementos
chamados de fatores de produção, que são os recursos utilizados na produção de
bens e serviços.
Normalmente, costuma-se separar os recursos em três grandes áreas:
Terra, Capital e Trabalho.
É a atividade social que visa adaptar a natureza para a criação de bens e
serviços que permitam a satisfação das necessidades humanas.
Os fatores de Produção são os recursos utilizados na produção de bens e
serviços.
31
O Produto é a soma daquilo que foi produzido em país durante
determinado período de tempo.
O Crescimento Econômico é definido como o aumento do produto em
um determinado período de tempo, ou seja, a elevação na produção de bens e
serviços que satisfaçam às necessidades humanas
Produto real e produto nominal
Produto é medido em termos monetários, pois é a forma que possuímos
para reduzir os diversos bens e serviços da economia a um denominador comum
e com isso podermos agregá-los.
O problema é que a moeda está sujeita a perda de valor ao longo do
tempo, isto é, na presença de processos inflacionários, o poder de compra da
moeda se corrói devido à elevação do nível geral de preços.
Produto real e produto nominal
Assim, de um ano para o outro, o produto pode variar em termos
monetários sem que em termos de quantidade física tenha ocorrido qualquer
mudança, ou seja, como Y= Pi x Qi ( onde Pi é o preço e Qi a quantidade das n
mercadorias da economia), o valor de Y pode mudar tanto por mudanças em Pi
como em Qi, ou em ambos.
O que interessa em termos de crescimento é o comportamento de Q;
assim, devemos diferenciar entre Produto Real (aquele medido a preços
constantes) e Produto Nominal (aquele medido a preços correntes).
Como o que se observa é o produto nominal, para retirar os efeitos da
inflação sobre a medida do produto utilizamos os chamados “índices de preços”
para fazer o “deflacionamento”.
Estes índices correspondem a média ponderada das mudanças de preços
dos diversos produtos. O principal índice é o deflator implícito do produto (DI),
que corresponde à razão entre a soma de todos os preços no instante atual
multiplicados pela quantidades no instante atual e a soma de todos os preços no
instante anterior multiplicado pelas quantidades do instante atual.
32
A partir do produto real, pode-se observar mais de perto a evolução
(crescimento) as economia de um país, comparando-se o produto de um ano em
relação a outro. Quando dizemos que o Brasil cresceu 4 %, estamos afirmando
que a produção do ano atual (PIP) é 4% maior que o ano anterior em termos
reais, isto é, descontada a elevação dos preços dos bens produzidos.
O Gráfico nos mostra a taxa de investimento (preços constantes de
2000) anual até 1990 e trimestral desde 1991, bem como a média verificada
entre o primeiro trimestre de 1991 e o segundo de 2004, 19,1%.
A série formação bruta de capital fixo como proporção do PIB a
preços constantes de 2000 tem o seu menor patamar histórico, verificado no
segundo trimestre de 2003, 16,4%, sendo que a partir de então apresenta
comportamento crescente. Contudo, no segundo trimestre de 2004, a taxa de
investimento a preços constantes, 17,3%, continua cerca de 2% abaixo da média
verificada do primeiro trimestre de 1991 ao segundo semestre de 2004.
A esse respeito, em trabalhos anteriores, foi mostrado que mantida a
média do crescimento da produtividade total dos fatores, do trabalho e a taxa
média de investimento observada de 1994 a 2001, respectivamente de 1,2%,
2,0% e 19,9%, o crescimento do produto esperado no Brasil seria de 2,8%,
33
atingindo o máximo 3,5% quando se considera o crescimento potencial (esse
último só se sustenta no curto prazo).
Ressaltamos que a análise anterior só considera parâmetros médios, ou
seja, choques em outros fatores podem elevar o crescimento sustentado
brasileiro. Como exemplo, um choque positivo na produtividade do capital de
2% por 5 anos elevaria o crescimento sustentado esperado para 3,1% (e o
potencial para 4%), sendo que, nos cinco anos de transição, haveria um ganho
extra da ordem de 2% no crescimento esperado.
Depressão econômica
Uma depressão econômica é caracterizada por um estado agravado de
recessão, ou seja, um longo período de desemprego em massa, falência de
empresas, baixos níveis de produção e investimentos etc., sempre acarretando
em conseqüências negativas para a economia mundial.
Segundo especialistas, as maiores depressões econômicas da história
foram as de 1815, 1873 e 1929. Entre elas, uma das mais graves foi a de 1929,
superada somente pela crise financeira mundial de 2008.
Em relação ao crash de 29, a teoria mais aceita, diz que o motivo para a
crise foi o planejamento mau feito da política monetária dos Estados Unidos.
Esse é apenas um dos motivos para as depressões econômicas. Esses longos
períodos de crise podem ser causados por diversos fatores, principalmente na
esfera macroeconômica.
Para exemplificar as diferenças entre uma recessão e uma depressão
econômica, podemos citar uma velha piada dos economistas: Uma recessão é
quando o seu vizinho perde o emprego, uma depressão é quando você perde o
seu também.
De fato, recessão é um declínio do Produto Interno Bruto (PIB), por dois
ou mais trimestre consecutivo, já a depressão está relacionada com outros
aspectos mais amplos, como níveis de emprego, produção industrial, rendimento
real, etc.
Ao longo da história do capitalismo, podemos perceber momentos bons e
de crise, ou seja, ciclos econômicos.
34
Após o sistema capitalista ter se firmado esses ciclos passaram a ser algo
constante.
De certa forma, depressão econômica é uma falha do sistema capitalista
e de sua teórica “mão invisível”.
Inclusive, foi nos períodos após grandes depressões que surgiram outras
teorias econômicas um pouco diferentes da teoria de Adam Smith, como o
keynesianismo e o neoliberalismo.
UNIDADE III – O SISTEMA ECONÔMICO
3.1 Características, agentes e elementos básicos do sistema econômico
Definição:
“Um sistema econômico pode ser definido como forma política, social e
econômica de organização de uma sociedade. É um particular sistema de
organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços
que as pessoas utilizam, buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.”
Braga e Vasconcellos (2006, p. 4)
Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e
institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade.
Elementos do sistema econômico
1. Estoque de recursos produtivos
2. Complexo de unidades de produção
3. Conjunto de instituições (jurídicas, políticas, sociais e
econômicas)
os elementos básicos são:
os estoques de recursos produtivos ou fatores de produção,
que incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o
capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia;
o complexo de unidade de produção, construído pelas
empresas; e
o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e
sociais, que são a base da organização da sociedade.
os sistemas econômicos pode ser classificados em dois grandes grupos: o
sistema capitalista e sistema capitalista.
35
Socialismo (economia centralizada ou planificada)
As características dele são:
1. Também conhecida como economia centralizada ou planificada;
2. As questões econômicas fundamentais são resolvidas por um
órgão central de planejamento;
3. Predomínio da propriedade pública dos fatores de produção.
Capitalismo (economia de mercado)
As características são:
1. Propriedade privada dos fatores de produção, dos bens de consumo e
do dinheiro;
2. Controle do funcionamento da economia é realizado pelo sistema de
preços;
3. O lucro é o grande impulsionador para a ação dos agentes
econômicos;
4. Importância da competição entre as empresas e entre os proprietários
dos recursos;
5. O papel do governo é limitado. A participação do governo é dada
pela relação entre gasto público (G) e PIB (Y).
Troca significa que os indivíduos permutam bens entre si.
1. Escambo: trocas realizadas sem dinheiro.
Problemas enfrentados:
1. Tempo.
2. Indivisibilidade de alguns bens.
3. Coincidência de necessidades.
2. Dinheiro: é todo o meio de pagamento aceito que pode ser permutado
por bens e serviços, além de ser utilizado para saldar dívidas. Tanto nos sistemas
capitalistas como socialistas.
Livre Iniciativa
Economia de livre mercado (Economia de mercado ou Sistema de livre)
iniciativa existe quando os agentes econômicos agem de forma livre, sem a
intervenção dos governos.
36
É, portanto, um mercado idealizado, onde todas as ações econômicas e
ações individuais respeitam a transferência de dinheiro.
Bens e serviços são "voluntárias" - o cumprimento de contratos
voluntários é, contudo, obrigatório.
A propriedade privada é protegida pela lei e ninguém pode ser forçado a
trabalhar para terceiros.
Economia planificada
Economia planificada (economia centralizada ou economia centralmente
planejada) é um sistema econômico na qual a produção é previa e racionalmente
planejada por especialistas, na qual os meios de produção são propriedade do
estado e a atividade econômica é controlada por uma autoridade central que
estabelece metas de produção e distribui as matérias primas e as unidades de
produção.
Como não há mercado em uma economia planificada, não é possível
conhecer o preço, e, portanto, não é possível conhecer a demanda, tornando a
economia planificada teoricamente impossível.
Em uma economia planificada o Planejamento é feito de forma que não
haja escassez ou abundância de determinado produto, portanto os preços
raramente são modificados.
Sua forma mais conhecida é o tipo de economia que foi adotada, durante
cerca de 70 anos, pelo regime comunista na União Soviética, bem como pela
China.
Os socialistas defendem a planificação da economia, em maior ou menor
grau. Hoje em dia muito poucos economistas, mesmo socialistas, ainda
defendem uma economia totalmente centralizada e planificada, como foi a
soviética.
Diferentemente do que ocorre na economia planificada ou economia do
estado, onde a produção econômica é dirigida pelo Estado, na Economia de
mercado a maior parte da produção econômica é gerada pela iniciativa privada;
indústria, comércio prestação de serviços são controlados por cidadãos
particulares.
37
Ou seja, são empresas do setor privado que detêm a maior parcela dos
meios de produção.
O Estado tem o papel de regulamentação e fiscalização da economia e
atender setores prioritários como: energia, segurança, educação, saúde entre
outros.
Pode-se então afirmar que nos países, denominados de capitalistas,
domina uma economia de mercado, no seu oposto temos os países socialistas
onde predomina uma economia primariamente estatal.
Entre estes dois domínios opostos, encontramos ainda os denominados
sistemas econômicos mistos, cuja finalidade centra-se na harmonização, em
diversos âmbitos, o domínio do sector privado (livre iniciativa) e o setor público
(empresas estatais).
3.2 Os fluxos real e monetário
Fluxo Real: envolve bens, serviços e fatores
O fluxo (real) de bens (finais) de consumo e serviços das
empresas para os consumidores;
Fluxo Monetário: pagamento pelos bens, serviços e fatores envolvidos
O fluxo (monetário) de moeda dos consumidores para as
empresas.
As famílias, as empresas, o mercado de bens de consumo e serviços e o
mercado de recursos ou fatores de produção compõem uma economia de livre
empresa e formam o centro em torno do qual se desenvolve a economia.
Os preços dos bens e serviços interligam os dois fluxos, ou seja, o
mercado de produtos para bens e serviços estabelece preços que regulam a
quantidade e qualidade de bens produzidos e consumidos.
No fluxo monetário as empresas pagam às famílias pelo uso dos recursos
por meio de salários (do trabalho), dividendos, juros e lucros (do capital) e
aluguel (da terra e de imóveis).
Economia de mercado de livre concorrência entre produtores e
consumidores estabelecem os preços dos produtos.
38
Braga e Vasconcellos (2006, p. 10)
Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o fluxo circular de
renda.
Braga e Vasconcellos (2006, p. 10)
Braga e Vasconcellos (2006, p. 10)
O mercado no sistema econômico é formado pelas pessoas que querem
comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e
os empresários.
39
Oferta x Demanda
As curvas de oferta e demanda expressam uma relação entre preços e
quantidades.
Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois tanto
produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades dos
bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços.
Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar
em equilíbrio.
Preço de equilíbrio (preço de mercado)
É aquele que iguala a oferta à procura, ou seja, o preço pelo qual os bens
serão vendidos.
ELASTICIDADE
Medida da resposta dos compradores e vendedores às mudanças no
preço e na renda.
Bens com alta elasticidade da demanda (elástica) como refeições em
restaurantes, veículos, carne bovina.
Bens com baixa elasticidade da demanda (inelástica) como petróleo,
ovos, leite, gasolina, insulina.
Classificação dos Mercados
40
Concorrência Perfeita
é um mercado em que existe um grande número de empresas
oferecendo um mesmo produto.
Monopólio Puro
é um mercado em que existe apenas uma empresa oferecendo um
bem, para qual não existe substitutos satisfatórios.
Classificação dos Mercados
Oligopólio
é um mercado em que existe um número de empresas pequeno o
suficiente para que as ações de uma afetem as outras. Essas empresas
produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si.
Concorrência monopolística
é um mercado em que há um número razoável de empresas
produzindo um mesmo bem, que aos olhos do consumidor são
diferenciados.
3.3 Classificação dos bens e serviços
Bens de capital: são utilizados na fabricação de outros bens, sem
desgaste total no processo. Ex: máquinas, equipamentos, etc.
Bens de consumo: buscam atender as necessidades humanas, podendo
ser duráveis (geladeira) ou não-duráveis (alimentos).
Bens intermediários: são transformados e agregados na produção de
outros bens, sendo consumidos no processo produtivo.
São chamados de recursos de produção da economia, e são constituídos
pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e
tecnologia.
Remuneração do fator de produção:
Fator de Produção Tipo de remuneração
Trabalho Salário
Capital Juro
Terra Aluguel
Tecnologia Royalty
41
Capacidade empresarial* Lucro
Gerência dos proprietários
3.4 Os setores da economia
A economia de um país pode ser dividida em setores (primário,
secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de
produção e recursos utilizados.
Estes setores econômicos podem mostrar o grau de desenvolvimento
econômico de um país ou região.
Setor Primário
O setor primário está relacionado a produção através da exploração de
recursos da natureza.
Podemos citar como exemplos de atividades econômicas do setor
primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo, vegetal e caça.
É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de
transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito
dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima.
A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza
para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes
produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os
produtos industrializados.
Setor Secundário
É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas
pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas,
automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc).
Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor
secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo.
Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa
base econômica concentrada no setor secundário.
42
A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias
destes países.
Setor Terciário
É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos
não meterias em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer
determinadas necessidades.
Como atividades econômicas deste setor econômicos, podemos citar:
comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros,
transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços
bancários e administrativos, transportes, etc.
Este setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento
econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do
setor terciário.
Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o
setor da economia que mais se desenvolveu no mundo.
3.5 Sistemas econômicos alternativos
Evolução dos Sistemas Econômicos
Em sua evolução foi marcada por duas características:
Especialização
Sistema de produção segundo o qual cada indivíduo se concentra
em um número limitado de atividades
Troca
Permuta
Obs: Através da especialização e da troca, as nações puderam dispor de
maior produção, e elevação do padrão de vida.
Economia de direção central
é aquela em que o governo toma as decisões importantes acerca
da produção e da repartição. Neste tipo de economia o governo possui a
maior parte dos bens de produção (terra e capital); também possui e
43
dirige a atividade das empresas na maior parte dos ramos de atividade; é
o empregador da maioria dos trabalhadores e quem dirige a sua
atividade, decidindo também como a produção da sociedade deve ser
divida pelos diversos bens e serviços, Ex: A economia que funcionou na
União Soviética.
Economia de mercado
é aquela em que os indivíduos e as empresas privadas tomam as
decisões mais importantes acerca da produção e do consumo
Economia mista
é aquela que se situa entre a economia de mercado e a economia
de direção central. Atualmente, a maior parte das sociedades funciona
numa economia mista. Refira-se que serviços como a educação, o
policiamento ou o controlo da poluição são geralmente proporcionados
pelo Governo.
Segunda Parte - Elementos de Microeconomia
UNIDADE I – OFERTA E DEMANDA
1.1 O mercado
Oferta e Demanda são as duas palavras mais usadas por economistas
É as forças que fazem os mercados funcionarem
A microeconomia moderna lida com a oferta, demanda e o equilíbrio do
mercado
Os termos oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas...
...quando eles interagem entre si nos mercados
Mercado: local onde compradores e vendedores se encontram para trocar
mercadorias ou serviços
Possibilita ganho através da especialização e comércio
Qualquer instituição, mecanismo ou acordo que facilite o comércio
O mercado é um grupo de compradores e vendedores de um bem ou
serviço
Compradores determinam a Demanda
Vendedores determinam a Oferta
Preço
44
Indica o quanto consumidores querem que determinado produto ou
serviço seja produzido
Determinado através de um processo de descoberta
Preços relativos. Computado dividindo-se o preço absoluto de um bem
por outro
Tipos de Mercado
Mercado Competitivo:
Muitos compradores e vendedores
Não é controlado por nenhum indivíduo individualmente
Quando existe o estabelecimento de uma “banda” curta de preços
que compradores e vendedores agem sobre ela
Perfeitamente Competitivo
Produtos homogêneos
Compradores e vendedores aceitam o preço determinado
Muitos compradores e vendedores de forma que ninguém pode
influenciar, sozinho, o mercado
Monopólio: Um vendedor que controla o preço de mercado
Oligopólio: Poucos vendedores onde não há concorrência agressiva
Competição Monopolística
Muitos vendedores
Produtos ligeiramente diferenciados
Cada vendedor pode determinar o preço do seu produto
1.2 Demanda
Definição
“... Como a quantidade de determinado bem ou serviço que o
consumidor deseja adquirir em certo período de tempo.”
Montoro Filho (2006, p. 66)
45
Lei da Demanda
Existe uma relação inversa/ negativa entre preço e quantidade
demandada
Matematicamente,
Dx = f(Px, Pz, R, G, Demais fatores)
Onde,
Dx = a demanda do bem x;
Px = o preço do bem x;
Pz = o preço dos demais bens
R = renda
G = preferências, hábitos
Para estudar a influência de cada fator sobre a demanda é necessário
fazer uma simplificação, que é considerar cada efeito, cada variável,
separadamente, fazendo a hipótese de que tudo o mais permaneça constante.
Esta hipótese é também conhecida como a cláusula do coeteris paribus.
Assim, considerando que a quantidade demandada depende apenas do
preço do bem, teríamos que: Dx = f(Px)
Tudo o mais permanecendo constante
Esquema de Demanda
É uma tabela que mostra a relação entre o preço de um bem e a
quantidade demandada àquele preço
46
Curva da Demanda
É uma curva com inclinação negativa relacionando preço à quantidade
demandada
Determinantes da Demanda
Preço Quantidade
$ 0.00 12
$ 0.50 10
$ 1.00 8
$ 1.50 6
$ 2.00 4
$ 2.50 2
$ 3.00 0
47
Que fatores determinam a quantidade de sorvete que você quer comprar?
Que fatores determinam a quantidade de sorvete que você pode
comprar?
1) Preço de mercado
2) Renda do indivíduo
3) Preço de produtos similares
4) Gosto
5) Expectativa
6) Número de consumidores
Curva da Demanda
Mostra a quantidade máxima de um determinado bem que consumidores
estão desejando adquirir a diversos níveis de preço (ceteris paribus)
Mostra o preço máximo que indivíduos estão dispostos a pagar por uma
unidade adicional de produto (ceteris paribus)
Ceteris Paribus
Frase em latim que significa “todas as outras coisas estando iguais”, isto
é, quando da análise a única coisa que estará se alterando será a variável que se
estiver analisando.
Determinantes da Demanda
Preço de Mercado: Existe uma relação inversa entre preço e quantidade
demandada
(Lei da Demanda)
48
Determinantes da Demanda
Renda: aumento de renda aumenta a demanda por um bem “normal”
Determinantes da Demanda
Renda: aumento de renda diminui a demanda por um bem “inferior”
Determinantes da Demanda
49
Preços de Bens Relacionados: Quando a queda de preço de um bem
reduz a demanda por outro, os bens são chamados de “substitutos”
Preços de Bens Relacionados: Quando a queda de preço de um bem
aumenta a demanda por outro, os bens são chamados de “complementares” .
Relação entre quantidade demandada e número de consumidores
Na maioria dos casos ela é positiva
Pode ser influenciada pela idade de uma população, por exemplo
Quem compra ingressos para assistir Nelson Gonçalves, Sandy & Júnior,
etc.
Esquema de Demanda e Curva de Demanda
Esquema de Demanda: tabela que mostra o preço de um bem e a
quantidade demandada
Curva de Demanda: linha com inclinação negativa relacionando preço a
quantidade demandada
Ceteris Paribus
... Todas as demais variáveis relevantes são consideradas constantes,
com exceção das que estão sendo analisadas naquele momento
Mudança na quantidade demandada x Mudança na demanda
Mudança na quantidade demandada: move-se sobre a curva da demanda
quando há mudança de preço
Mudança na demanda: a curva inteira se move para a esquerda ou direita
Mudança na Quantidade Demandada
50
Mudança na Quantidade Demandada
Mudança na Demanda
51
Quantidade Demandada e Demanda
Variável Uma Mudança na Variável Causa um(a)...
Preço Movimento ao longo da curva da demanda
Renda Deslocamento da curva
Preço de bem relacionado Deslocamento da curva
Gostos Deslocamento da curva
Expectativa Deslocamento da curva
Número de Compradores Deslocamento da curva
Derivando a Demanda de Mercado
52
Bens Substitutos
Se o aumento do preço do bem i aumentar a demanda do bem x, então os
bens i e x são chamados substitutos ou concorrentes.
Bens Complementares
Se a redução do preço do bem i ocasionar um aumento da demanda do
bem x, então os bens i e x são chamados complementares.
Portanto, bens complementares são aqueles que são consumidos
conjuntamente.
53
Relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor
Em geral, existe uma relação crescente e direta entre a renda e a
demanda por um bem ou serviço.
Bem Normal Tipo de bem cuja quantidade demandada varia
diretamente a variações na renda do consumidor, coeteris paribus.
Bem de Consumo Saciado Dada uma variação na renda do
consumidor, a quantidade demandada não se altera, coeteris paribus.
Bem Inferior Tipo de bem cuja quantidade demandada varia
inversamente a variações na renda do consumidor, coeteris paribus.
Relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor
Exercício 1:
54
Exercício 2:
1.3 Oferta
Definição
“... como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam por
unidade de tempo.”
Montoro Filho (2006, p. 73)
Matematicamente,
Ox = f(Px, Pz, C.F.P, T, Nº Empresas no mercado)
Onde
Ox = quantidade ofertada do bem x;
55
Px = o preço do bem x;
Pz = o preço dos outros bens
C.F.T= custo dos fatores de produção,
T = tecnologia
Lei da Oferta
É a quantidade de produtos que vendedores desejam e podem produzir
para vender a diversos níveis de preço
Oferta de sorvete
Determinantes da Oferta
Preço de mercado
Preço dos insumos
Tecnologia
Expectativa
Número de produtores
Esquema de Oferta
56
É uma tabela que mostra a relação entre o preço de um bem e a
quantidade ofertada àquele preço
Curva da Oferta
Existe uma relação direta (positiva/ crescente) entre preço e quantidade
(Lei da Oferta)
Esquema de Oferta e Curva da Oferta
Esquema de Oferta: tabela que mostra o preço de um bem e a quantidade
ofertada
Curva da Oferta: linha com inclinação positiva relacionando preço a
quantidade demandada
Preço Quantidade
$ 0.00 0
$ 0.50 0
$ 1.00 1
$ 1.50 2
$ 2.00 3
$ 2.50 4
$ 3.00 5
57
Mudança na Quantidade Ofertada x Mudança na Oferta
Mudança na Quantidade Ofertada: move-se sobre a curva da oferta
quando há mudança de preço
Mudança na Oferta: a curva inteira se move para a esquerda ou direita
Mudança na Quantidade Ofertada
58
Mudança na Oferta
Quantidade Ofertada e Oferta
Variável Uma Mudança na Variável Causa um(a)...
Preço Movimento ao longo da curva da oferta
Preço dos Insumos Deslocamento da curva
Tecnologia Deslocamento da curva
Expectativa Deslocamento da curva
Número de Compradores Deslocamento da curva
Derivando a Oferta de Mercado
59
Exercício 3:
Exercício 4:
Exercício 5:
60
Exercício 6:
1.4 Equilíbrio de mercado
Preço de Equilíbrio: preço onde as duas curvas se cruzam. A quantidade
demandada e ofertada são iguais.
Quantidade de equilíbrio: quantidade determinada pela intersecção das
curvas de oferta e demanda.
61
Chegando ao Equilíbrio
Excesso de Oferta: preço acima do equilíbrio, a quantidade
ofertada é maior que a quantidade demandada.
Excesso de Demanda: preço abaixo do equilíbrio, a
quantidade ofertada é menor que a quantidade demandada.
62
Excesso de Oferta
Preço acima do equilíbrio, a quantidade ofertada é maior
que a quantidade demandada. Vendedores terão que baixar o preço para
aumentar as vendas, voltando então ao equilíbrio.
Excesso de Demanda
Preço abaixo do equilíbrio, a quantidade ofertada é menor
que a quantidade demandada. Vendedores aumentarão os preços, voltando então
ao equilíbrio.
Análise Estática Comparativa
Determina se determinado evento muda a demanda, a
oferta ou ambas ou se há apenas um movimento sobre uma das curvas ou sobre
ambas
Determina se as curvas movem para a direita ou esquerda
Determina como essas mudanças afetam o preço e a
quantidade de equilíbrio
Exemplo: Consumo do sorvete com a chegada de uma
onda de calor
Deslocamento da Curva ou Movimentos Sobre a Curva
63
A um deslocamento da curva de oferta dá-se o nome de mudança na
oferta
A um movimento sobre a curva de oferta dá-se o nome de mudança na
quantidade ofertada
A um deslocamento da curva de demanda dá-se o nome de mudança na
demanda
A um movimento sobre a curva de demanda dá-se o nome de mudança
na quantidade demandada
Aumento de renda real (aumento do poder aquisitivo) eleva a demanda
pelo bem x
Portanto, há um deslocamento da curva de demanda para a direita, para
D‟D‟.
Novo equilíbrio com preço e quantidade maiores.
Diminuição dos preços das matérias-primas.
Portanto, há um deslocamento da curva de oferta para a direita, para
O‟O‟.
Novo equilíbrio com preço menor e quantidade maior
64
Exemplo: Onda de calor. O que acontece?
O que acontece com o preço e a quantidade de equilíbrio?
Oferta Inalterada Aumento Oferta Diminuição Oferta
Demanda Inalterada P igual
Q igual
P diminui
Q aumenta
P aumenta
Q diminui
Aumento Demanda P aumenta
Q diminui
P ambíguo
Q aumenta
P aumenta
Q ambíguo
Diminuição
Demanda
P diminui
Q diminui
P diminui
Q ambíguo
P ambíguo
Q diminui
Diminuição da Oferta
Número de produtores e/ou vendedores diminui
A tecnologia se deteriora
Custos aumentam
65
Impostos aumentam
Subsídios diminuem
O preço de produtos alternativos aumentam
O preço de produtos complementares diminuem
Aumento da Oferta
Número de produtores e/ou vendedores aumenta
A tecnologia melhora
Custos diminuem
Impostos diminuem
Subsídios aumentam
O preço de produtos alternativos diminuem
O preço de produtos complementares aumentam
O tempo
Muito Curto Prazo: consumidores e produtores não têm
tempo de fazer quaisquer ajustes
Longo Prazo: consumidores e produtores podem
considerar alternativas e fazer substituição no consumo ou na produção
Efeito Tempo na Demanda
66
Economistas utilizam o modelo de oferta e demanda para
analisar mercados competitivos
A curva de demanda mostra como a quantidade
demandada de um bem depende do seu preço
Além do preço, a renda, os gostos, as expectativas e os
preços de outros produtos (substitutos ou complementares) podem também
determinar a quantidade demandada de um produto
O equilíbrio de mercado é atingido quando a quantidade
demandada é igual à quantidade ofertada, ou graficamente falando, as duas
curvas se cruzam no eixo XY
Em economias de mercado, os preços são os sinalizadores
que guiam como os indivíduos e firmas devem alocar os recursos
Elasticidade-preço da demanda
Em qual grau a quantidade demandada responde a uma
variação de preços?
Elasticidade-preço da demanda é a variação percentual
de quantidade demandada do bem x para cada unidade de variação percentual no
preço do bem x.
Em outras palavras, a elasticidade-preço da demanda
indica quantos por cento vai variar (ou reduzir) a quantidade
67
demandada de um bem para cada um por cento de variação
no seu preço.
Matematicamente,
Elasticidade no ponto e no arco
A elasticidade no arco pode ser compreendida como a média aritmética
das quantidades e dos preços entre os pontos A e B.
Definições
I- Demanda inelástica, quando ηD > -1 ou |ηD| < 1
% Var.Q < % Var.P
II – Demanda de elasticidade unitária, quando ηD = 1 ou |ηD|=1
68
% Var.Q = % Var.P
III – Demanda elástica, quando ηD <-1 ou |ηD| > 1
% Var.Q > % Var.P
Casos extremos
Relação entre receita total e elasticidade
Fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda
1. A existência de bens substitutos
69
É de se esperar que, quanto melhores substitutos tiver o bem,
maior será sua elasticidade, pois será mais fácil para o consumidor trocar
um determinado bem, se eu preço aumentar.
2. O peso do bem no orçamento
Se for pouco substituível, quanto menor o peso do bem no
orçamento, menor será sua elasticidade.
3. Essencialidade do bem
Quanto mais essencial for o bem, menor deverá ser sua
elasticidade-preço.
Elasticidade-preço cruzada da demanda
Muito parecido com o conceito de elasticidade-preço da demanda, no
caso da elasticidade-preço cruzada compara-se variações percentuais da
quantidade demandada de um bem com variações percentuais de preço de outro
bem.
Formalmente, a elasticidade-preço cruzada entre os bens x e y é a
variação percentual de quantidade demandada do bem x para cada unidade de
variação percentual do preço y.
Matematicamente,
Elasticidade-preço cruzada da demanda
Esta razão pode assumir valores negativos e positivos
ou, ainda, ser igual a zero.
Se o resultado for < 0, isto é, negativo, os dois bens
são complementares.
Se o resultado for > 0, isto é, positivo, os dois bens são
substitutos ou sucedâneos.
Se o resultado for = 0, os dois bens não guardam qualquer
relação de consumo entre si.
Elasticidade-preço cruzada da demanda
70
Exemplo:
Suponha que X seja manteiga e Y seja margarina
(dois produtos tipicamente substitutos).
Se o preço de Y subir (+), a quantidade demandada de
manteiga deve aumentar ( + ). Logo, dividindo-se um valor positivo por
outro positivo, o resultado será um valor positivo e, portanto os bens são
substitutos.
Elasticidade-renda da demanda do bem x
Elasticidade-renda da demanda
É a variação percentual da quantidade demandada de
um bem x para cada unidade de variação percentual da
renda do consumidor.
Matematicamente,
Dependendo do valor do coeficiente da elasticidade-renda
obtido, o bem será classificado em bem inferior, ou bem normal ou bem
superior. Assim, por exemplo, suponha que a renda dos consumidores tenha se
elevado, num certo período de R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, em
conseqüência, a quantidade demandada dos bens A, B, C e D, se
alteraram de Qd0 para Qd1, conforme a tabela a seguir:
Bens Q0 Q1
A 20 18
B 25 30
C 30 78
D 10 15
E 40 40
Utilizando a fórmula acima, podemos calcular a
elasticidade-renda para os cinco bens acima, assim:
71
Elasticidade-preço de oferta do bem x
Do mesmo modo que a elasticidade de demanda, a
elasticidade de oferta define-se como a variação percentual na quantidade
ofertada do bem x para cada unidade de variação percentual no preço do bem x.
Matematicamente,
Dadas as equações de demanda e oferta para o mercado de tilápia:
Qd = 10 – 3 P + 1,5 I
Qs = - 5 + 5 P – 0,5 T
Determine o ponto de equilíbrio para o mercado de tilápia quando:
Situação inicial: I0 = 100 e T0 = 50
Situação final: I1 = 200 e T1 = 30
72
Mudança nas Curvas de Oferta e Demanda
73
Dada a equação de demanda de um bem:
Calcule a Er quando:
Q = 8.000.000
R = 10.000
Um aumento da renda em 1% levará ao aumento da quantidade demandada em
1,25%, sendo portanto um bem normal.
Dada a equação de demanda para o bem S:
Calcule a ESC quando:
Qs = 9.500.000
Pc = 3.500
Um aumento do preço do bem C em 1% levará ao aumento da quantidade
demandada do bem S em 0,55%, sendo portanto um bem substituto.
1.5 Aplicações da análise da oferta e da procura
Aplicações importantes da teoria de mercado podem ser notadas
diariamente.
Por exemplo, se a oferta de um bem aumentar, coeteris paribus, o preço
de equilíbrio deve cair.
A teoria de preços desenvolvida, apesar de elementar, é muito poderosa
em sua aplicação a uma série de situações concretas.
Garantias de preços mínimos
Políticas de preços mínimos
csd PPopRPQs
500.105,0000.1000.3
Q
R
dR
dQEr ds .
000.1dR
dQds 25,1000.000.8
000.10000.1 Er
csd PPopRPQs
500.105,0000.1000.3
000.500.9
500.3500.1SCE
055,0 SCE
74
Quando o governo garante preços mínimos, pretensamente justos,
visando proteger os produtores de flutuações de mercado.
2 casos devem ser considerados:
preço de equilíbrio superior ao preço mínimo
preço de equilíbrio inferior ao preço mínimo
Preço de equilíbrio superior ao preço mínimo
Como o preço mínimo é inferior ao preço de mercado, ninguém vai usar
essa garantia, pois é melhor para o produtor vender diretamente ao mercado, no
qual recebe P0, do que recorrer às autoridades e ganhar PM por unidade.
Preço de equilíbrio inferior ao preço mínimo
Como o preço mínimo é superior ao preço de mercado, haverá excesso
de oferta, pois os produtores preferirão vender ao preço PM ao preço P0, pois
PM>P0. Nesse caso, o excesso de oferta será a diferença QS – QD.
75
Neste caso, o governo pode intervir no mercado de duas formas:
1. programa de compras – o governo compra o excedente ao preço PM (a
curva de demanda se desloca para a direita).
2. programa de subsídios – o governo permite que os preços caiam, mas,
para manter a receita dos produtores, paga-lhes um subsídio, exatamente igual à
diferença entre o preço mínimo e o preço de mercado.
Controle de preços e racionamento
A política de preços mínimos visa defender o produtor. Já a política de
controle de preços tem por objetivo defender o consumidor, pois nesses casos o
governo fixa um preço máximo pelo qual a mercadoria poderá ser vendida.
Este preço deve ser, portanto, inferior ao preço de equilíbrio, o que
ocasionará necessariamente um excesso de demanda. Como os preços não
podem subir, serão necessários outros mecanismos para distribuir a quantidade
ofertada entre os demandantes.
76
Formas de resolver o problema do excesso de demanda:
1. Filas: o primeiros são
contemplados
2. Vendas por “debaixo do
pano”
3. Mercado negro (que surge
quando as
autoridades não dispõem de meios
adequados para fiscalizar as vendas)
4. Racionamento
UNIDADE II – TEORIA DO CONSUMIDOR
Introdução
O núcleo conceptual da Teoria do Consumidor é o princípio de que a
decisão dos agentes económicos resulta de uma comparação entre o benefício
da sua acção (i.e., o ganho de bem-estar que origina) com o custo de a
implementar (i.e., o dispêndio de recursos escassos disponíveis)
Bentham (1748-1832) desenvolve o utilitarismo como o fundo ético do
Homem que responde a todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e
de como viver.
Jeremy Bentham (1789), Uma Introdução aos Princípios da
Moral e da Legislação.
Insere-se no movimento filosófico de libertação do Homem da esfera do
sagrado.
O princípio da optimização resulta directamente da teoria da Selecção
Natural, Charles Darwin (1809-82):
os indivíduos mais optimizadores têm maior probabilidade de
sobreviver, de ter filhos e de transmitir essa ética aos seus filhos (e
concidadãos).
Na teoria do consumidor assumimos que:
77
O indivíduo escolhe um cabaz formado com uma certa
quantidade de dois bens ou serviços estando sujeito ao rendimento que
tem disponível.
Os indivíduos possuem informação e raciocínio perfeitos (o que é
público).
2.1 Utilidade Marginal
Preferências e gostos
Princípio da Utilidade
Cada indivíduo tem necessidades que, quando satisfeitas, lhe permitem
viver numa situação de maior conforto, de maior bem-estar.
Em termos económicos, as necessidades humanas são satisfeitas com a
apropriação e fruição de bens e serviços.
A utilidade (i.e., o valor económico) dos bens e serviços resulta
da sua capacidade em satisfazer as necessidades humanas.
Se um objeto não satisfaz nenhuma necessidade humana, então não tem
utilidade
De entre as coisas com utilidade, a afetação das que estão disponíveis
em quantidades ilimitadas não são um problema porque o indivíduo consegue
sempre apropriar a quantidade suficiente para satisfazer as suas necessidades.
A utilidades das coisas (i.e., o seu valor econômico) é subjetiva, pois
depende dos gostos e preferências da pessoa que as vai consumir/fruir.
A aceitação deste princípio moral inviabiliza a existência de uma
economia centralizada eficiente.
Princípio da Comparabilidade
Sendo o cabaz A = (a1, a2) que contém as quantidades a1 e a2 de dois
b&s
o ser humano é capaz de o comparar com qualquer outro cabaz B = (b1,
b2) formado por quantidade diferentes dos mesmos b&s.
O indivíduo considera que o cabaz B é pior, análogo ou melhor,
que o cabaz A.
78
Se A for pior que B, o indivíduo pretere o A a B
Se A for análogo a B, o indivíduo está indiferente entre A e B
Se A for melhor que B, o indivíduo prefere o cabaz A ao B
Princípio da Transitividade da Comparação
traduz que as escolhas do consumidor são consistentes.
e.g, se A é melhor que B e B é melhor que C, então A é melhor que C.
Vamos codificar “melhor que” por >; “análogo a” por =; e “pior que”
por <;
Exercício 1: Considere os cabazes A, B, C e D. Como se compara A com
C e D?
i) Se A = B, B > C e C = D
ii) Se A = B e B = C
iii) Se A ≤ B, B ≤ C e C = D
iii) Se A ≤ B, B = C e C ≥ D
Solução:
i) A > C e A>D
ii)A = C
iii)A ≤ C e A ≤ D
iv)Não se sabe.
Princípio da Insaciabilidade
O ser humano prefere sempre apropriar uma maior quantidade (ou
qualidade) de bens ou serviços.
Em termos de quantidade, não será um princípio sempre aceitável
e.g., a quantidade de comida que queremos consumir tem um limite.
Ficamos empanturrado
Não queremos engordar
No entanto, preferíamos sempre comida mais saborosa (i.e., de maior
qualidade).
79
Curva de indiferença
Delimitação dos melhores/piores
Pensando em termos de dois bens ou serviços, a insaciabilidade vai-nos
permitir começar a comparar os cabazes
Sendo o cabaz A = (a1, a2) e o cabaz genérico B = (b1, b2), posso
delimitar os subdomínios em que B é melhor que A e em que é pior que A
No local dos “melhores”, tenho mais de ambos os bens
Na fronteira tenho igual quantidade de um bem e maior
quantidade de outro bem
A > B se
(a1 = b1 e a2 > b2) ou (a1 > b1 e a2 = b2) ou
(a1 > b1 e a2 > b2)
No local dos “piores”, tenho menos de ambos os bens
Na fronteira tenho igual quantidade de um bem e menor
quantidade de outro bem
A < B se
(a1 = b1 e a2 < b2) ou (a1 < b1 e a2 = b2) ou
(a1 < b1 e a2 < b2)
Taxa marginal de substituição
80
Sendo o cabaz A = (a1, a2), existe k que faz o cabaz B = (a1 + ; a2 + .k)
análogo ao cabaz A
é uma quantidade infinitesimal e k uma constante de valor
negativo
k é negativo porque aumento a quantidade de um b&s e diminuo a
do outro b&s. Caso contrário, não observava a insaciabilidade
Curva de indiferença Se eu continuar a aplicar a “substituição” de um
pouco do bem 1 por um pouco do bem 2 (e vice-versa), vou traçando uma linha
que contêm todos os cabazes análogos ao cabaz A.
Como para o indivíduo os cabazes que formam essa linha são
equivalentes, esta denomina-se por curva de indiferença e separa a zona dos
capazes melhores que A da zona dos cabazes piores que A.
A taxa marginal de substituição, k, entre o bem 1 e o bem 2 indica a
inclinação da curva de indiferença em cada ponto, i.e., a derivada da curva de
indiferença
A curva de indiferenças é a quantidade de um bem em função da
quantidade de outro bem que mantém o mesmo nível de bem-estar: y = f(x, u*)
81
Evolução da taxa marginal de substituição com a quantidade
Para termos uma “teoria bem comportada” é necessário que qualquer
linha que una dois cabazes da curva de indiferença passe apenas pela zona dos
cabazes melhores que A.
em termos matemáticos, a CI será convexa
A convexidade obriga a que a taxa marginal de substituição (a inclinação
da CI) diminua da esquerda para a direita.
A convexidade é aceitável em termos económicos já que traduz que
se tiver pouco do bem 1, apenas trocarei uma unidade desse bem
por uma quantidade grande do bem 2 (k será grande em grandeza).
se tiver muito do bem 1, estarei disponível para trocar uma
unidade desse bem por uma quantidade mais pequena do bem 2 (k será
menor em grandeza).
82
Mas, a um nível de teoria mais avançada, poderemos ter CI “mal”
comportadas:
Posso caracterizar as preferências do indivíduo por um conjunto de
curvas de indiferença.
Comparando duas curvas de indiferença, as que estão à direita e acima
contêm cabazes que são preferíveis aos que se encontram nas curvas de
indiferenças à esquerda e abaixo
As curvas de indiferença nunca se intersectam.
83
Poderíamos avançar com uma análise das escolhas do consumidor
usando apenas a as curvas de indiferença.
No entanto, a modelização matemática obriga a atribuir um número a
cada curva de indiferença
Uma curva de indiferença com cabazes melhores terá associado
um número maior.
A esse número chama-se nível de utilidade e com ele constrói-se uma Função de
Utilidade que dá as curvas de indiferença de forma implícita.
Podemos obter a taxa marginal de substituição num determinado cabaz
sem explicitar a forma funcional da curva de indiferença que lá passa.
Usa-se o teorema da derivação da função implícita.
Sendo y(x) dada implicitamente por
Tem-se
Leio taxa de substituição de x por y
Substituo uma unidade de x por
K = TMSxy unidades de y.
qaaUqaaqIC ),(:),(.. 2112
qyxU ),(
y
yxUx
yxU
dx
dyTMSxy
),(
),(
84
2.2 A teoria da escolha
Sob o princípio da insaciabilidade, o consumidor será otimizador
Irá escolher o cabaz que lhe permita atingir o maior nível de utilidade.
Em termos gráficos, considerado um determinado nível de rendimento,
vamos considerar um exemplo de uma curva de indiferença de nível de utilidade
U1.
No caso representado, qualquer cabaz à direita da CI e abaixo da RO é
ainda possível de adquirir
não esgotam o rendimento disponível
Existem nessa área cabaz melhores que os que se localizam em U1, (os
contidos na zona azul).
Princípio da insaciabilidade
Então, o cabaz óptimo obriga a considerar outra CI mais à direita e acima
desta, por exemplo a CI de nível de utilidade U2 > U1.
No entanto, ainda é possível a aquisição de cabazes melhores que os da
curva U2 (a zona vermelha da Figura a seguir).
85
No entanto, ainda é possível a aquisição de cabazes melhores que os
da curva U2 (a zona vermelha da figura anterior).
Na melhor das hipóteses, o consumidor pode escolher um cabaz sobre a
CI cujo nível de utilidade é U3 > U2 > U1.
No caso limite, a CI é tangente à RO e o cabaz óptimo encontra-se
exactamente no ponto de tangencia.
Em termos matemáticos, no cabaz óptimo teremos que a taxa marginal de
substituição é igual inclinação da Recta Orçamental:
TMSxy = –px/py.
Generalização a cabazes em IRn:
kp
UiIREm
p
U
p
U
p
p
U
UIREm
i
in
',
''
'
',
2
2
1
1
1
2
1
22
86
Há ainda necessidade de que se verifique a restrição orçamental.
Esta forma é muito mais simples de memorizar.
Esta condição também garante que, apesar de a função de utilidade ser
diferente de consumidor para consumidor,
É possível para todos os consumidores igualar o preço de mercado à sua
utilidade marginal.
Apesar da função de utilidade ser diferente, utilidade marginal será igual
para todos
A menos de um factor de escala.
Formalização matemática do problema de optimização:
A escolha do cabaz óptimo obriga a utilizar a (primeira) condição de
optimização que foi obtida de forma gráfica. No entanto, podemos formalizar o
problema de optimização do consumidor em termos matemáticos e resolvê-lo.
Este modelo de extremos com uma equação de ligação pode ser tratado
genericamente utilizando a equação Lagrangeana.
Também podemos resolver este problema de optimização por
incorporação da equação de ligação na função a optimizar. Desta forma
determina-se a quantidade de um dos bens, e.g., x:
Restrição orçamental
Alteração do preço e do rendimento
Determinação da curva de demanda individual
Função de utilidade indireta
Curva de Engel
rpypxsayxMaxUVyx yx ..),,(:),(
rpypx
p
U
p
U
rpypx
pU
pU
L
L
L
rpypxyxUL
yx
y
y
x
x
yx
yy
xx
y
x
yx
....
0.
0.
0
0
0
)...(),(
)/./,(: yxy ppxprxMaxUVx
87
Excedente do consumidor
Aplicações
Restrição orçamental
É sabido que, o estudo da Economia está dependente da circunstância de
a quantidade disponível de bens e serviços ser limitada e inferior às
necessidades.
O consumidor tem um rendimento nominal (i.e., em euros) que aplica na
aquisição de bens ou serviços cujos preços de mercado são dados (o agente é
price taker).
O rendimento disponível das famílias tem origem principalmente nos
salários, sendo também importantes os rendimentos do capital (e.g., dividendos
e juros) e as transferências do estado (e.g., rendimento de inserção social).
Tal como consideramos para as curvas de indiferença, tomemos o
exemplo de um cabaz genérico com dois bens ou serviços,
A = (a1, a2).
A restrição orçamental virá dada por
p1.a1 + p2.a2 ≤ r
Restrição
orçamental
Reta orçamental, RO
A linha fronteira entre a zona dos cabazes que o indivíduo pode adquirir
e a zona dos cabazes que o indivíduo não pode adquirir
p1.a1 + p2.a2 = r.
Motivado pela insaciabilidade, o indivíduo esgota o rendimento,
adquirindo apenas os cabazes sobre a RO
88
Podemos explicitar a RO,
a2 = r/p2 – a1.p1/p2
a intersecção com o eixo vertical é r/p2,
Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 2
a intersecção com o eixo horizontal é r/p1,
Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 1
Efeito na RO da alteração do rendimento
Quando o rendimento aumenta (e os preços se mantêm), o indivíduo
pode consumir cabazes mais recheados.
Em termos gráficos, este acontecimento traduz-se por um deslocamento
da RO para a direita e para cima.
O declive (dado por –p1/p2), não se altera.
Quando o rendimento diminui, passa-se exactamente o contrário: a RO
deslocando-se para a esquerda e para baixo, mantendo-se o declive.
Efeito na RO da alteração dos preços
Quando um preço se altera, a intersecção com o eixo que representa o
bem ou serviço respectivo também se altera mas em sentido contrário.
Esse facto resulta de o ponto de intersecção ser a quantidade que eu
posso comprar e por isso inversamente proporcional ao preço, r/p
Quanto mais barato for o bem ou serviço, maior quantidade posso
comprar.
89
Vejamos uma alteração da RO quando o preço do bem representado no
eixo dos yy diminui (mantendo-se o rendimento e o preço do bem representado
no eixo dos xx).
Se o preço do bem y aumentasse, observava-se o contrário
O ponto de intersecção ficaria mais próximo da origem
mutatis mutandis
Expressão latina que traduz “mudando o que tem que ser mudado”. É
aplicado na comparação de situações que são diferentes mas entre as quais existe
alguma analogia.
e.g., o ser humano é, mutatis mutandis, anatomicamente igual ao rato.
Pela comparação das situações, vemos que uma alteração do rendimento
é equivalente a uma alteração proporcional e de sinal contrário de todos os
preços.
e.g., o aumento do rendimento em 1% é equivalente à descida de ambos
os preços em 1%.
90
Alteração do preço e do rendimento
Efeito de uma alteração do preço
resulta uma alteração em sentido contrário na quantidade consumida do
bem ou serviço respectivo mas também poderá ocorrer uma alteração na
quantidade consumida dos outros bens (para mais ou para menos).
Do aumento do preço resulta sempre numa diminuição da quantidade
consumida do bem correspondente.
Bens substitutos: Quando o aumento do preço do bem X induz um
aumento da quantidade procurada do bem Y
Bens complementares: induz uma diminuição da quantidade procurada
do bem Y
Bens independentes: Se a quantidade procurada do bem Y se mantém.
91
Alteração do preço e do rendimento
Efeito de uma alteração do rendimento: Quando o rendimento
disponível aumenta, acontece um deslocamento da recta orçamental para a
direita (e para cima)
o indivíduo melhora.
O aumento do rendimento induz um aumento das quantidades adquiridas
dos bens ou serviços considerados no cabaz
também pode acontecer que diminuam a quantidade procurada de
um (ou de alguns) dos bens ou serviços (mas nunca de todos).
Alteração do preço e do rendimento
Bens ou serviços normais: A quantidade consumida aumenta com o
rendimento.
92
Bem de primeira necessidade: Se a quantidade adquirida aumentar
pouco (se a elasticidade da quantidade relativamente ao rendimento for menor
que 1)
Bem de luxo: Se a quantidade adquirida aumentar muito (se a
elasticidade da quantidade relativamente ao rendimento for maior que 1)
Bens ou serviços inferiores: A quantidade consumida diminui com o
rendimento.
e.g., a quantidade de passageiros nos transportes públicos aumenta nos
períodos de crise.
Determinação da curva de demanda individual
Quando falamos do modelo empírico do mercado, referi que a curva de
demanda de mercado (que não é directamente observável) resulta da soma das
curvas de demanda individuais dos agentes económicos.
Se da teoria resultarem curvas de demanda individuais com propriedades
adequadas (decrescentes com o preço), fica justificada a existência da curva de
demanda de mercado (decrescente com o preço).
Vamos obter a curva da demanda resolvendo o problema de
maximização da utilidade considerando o preço do bem x como variável e o
preço do bem y e o rendimento disponível como parâmetros (variáveis
exógenas).
A obtenção de uma curva de demanda particular vai estar dependente dos
gostos e preferências do indivíduo e do seu rendimento disponível.
Função de utilidade indireta
A este nível de formalização não pode-se provar propriedades genéricas
mas apenas no concreto de uma função de utilidade.
O cabaz que o indivíduo vai adquirir está dependente do seu rendimento
(e dos preços).
rpypx
p
U
p
U
pX
yx
y
y
x
x
..
:)(
93
Se pode determinar a função de utilidade indirecta como o nível de
utilidade que o indivíduo atinge para cada rendimento (sob a suposição de que
escolhe o cabaz óptimo).
A função de utilidade indirecta é crescente com o rendimento (que resulta
do principio da insaciabilidade).
Esta função é útil como passo intermédio, por exemplo, no estudo do
comportamento sob risco e na Teoria de Produção.
Curva de Engel
A função que relaciona a quantidade adquirida com o rendimento.
Na Macroeconomia esta curva é denominada por Curva de Consumo e
é assumido que é positiva e crescente com o rendimento.
C = C0 + k.R,
C0 é o consumo autónomo e
k a propensão marginal ao consumo (0 < k < 1).
Excedente do consumidor
Como a função procura resulta do problema de maximização da
utilidade do indivíduo, então existe uma relação entre essa função e a função de
utilidade (que é uma escala do bem-estar do indivíduo) que não é observável.
Excedente do consumidor
Sendo que U é uma função, então px deixa de ser um valor para ser a
função de procura explicitada em ordem ao preço (função de procura inversa).
e.g., se a função de procura fosse dada por x(p) = A + B.p, a
função inversa viria dada em por p(x) = (x – A)/B.
Excedente do consumidor
}...),,({)( 221121 rxpxpasxxUMaxrV
0)(' rV
xx
y
y
x
y
y
x
x pkx
Up
p
UU
p
U
p
U.
''
''
94
A partir da observação do mercado, não conseguimos estimar U(0) nem
k.
No entanto, podemos construir uma função utilidade equivalente à que
desconhecemos partindo apenas da função de procura:
Porque a função de utilidade é ordinal
Esta função que traduz o ganho de utilidade denomina-se por Excedente
do Consumidor.
Excedente do consumidor
O excedente do consumidor quantifica em termos monetários (i.e., R$)
quando o indivíduo aumenta o seu bem-estar por poder ir ao mercado e comprar
a quantidade x do bem ou serviço.
Aplicações
Vamos aplicamos a teoria do consumidor a alguns exemplos de políticas
do governo.
Estas políticas, por actuarem ao nível dos preços e das quantidades
transaccionadas, denominam-se por microeconómicas.
Apresenta-se ainda a taxa de juro e como esta actua na estabilização da
economia.
Aplicações
Vamos aplicamos a teoria do consumidor a alguns exemplos de políticas
do governo.
95
Estas políticas, por actuarem ao nível dos preços e das quantidades
transaccionadas, denominam-se por microeconómicas.
Apresenta-se ainda a taxa de juro e como esta atua na estabilização da
economia.
Função de oferta de trabalho
Podemos imaginar a economia como dois agentes económicos, uma
empresa e uma família,
A família procura (e consome) bens e serviços e oferece (produz)
trabalho e
A empresa procura (e consome) trabalho e oferece (produz) bens e
serviços.
Para a família (ou famílias), o aumento do consumo tem um efeito
positivo no seu nível de bem-estar enquanto que o aumento das horas de
trabalho tem um efeito negativo no bem-estar.
Podemos construir um modelo da família.
Pressupondo que
i) Agregam-se todos os b&s numa mercadoria compósita, X, cujo
preço unitário é 1 (é o numerário),
ii) A família nasce com a quantidade L0 de tempo disponível,
que pode usar como lazer, L, ou vender como trabalho, T = L0 – L, cujo
preço unitário é w (o salário real unitário).
A função de oferta de trabalho resolverá.
wLLXsaLXMaxUVLX ).(),,(:),( 0
96
Função de oferta de trabalho
A recta orçamental vem dada por
é gasto todo o salário na aquisição do bem X ao preço unitário.
Explicita-se como L = L0 – X/w
intersecta o eixo do lazer em L0 e o eixo dos bens e serviços em
L0.w
Taxa de juro, consumo e poupança
wLLX ).( 0
97
O princípio da insaciabilidade parece excluir que a Teoria do
Consumidor possa explicar a existência de poupança.
Esse resultado depende de termos considerado que a decisão do agente
não tem em atenção o futuro
o modelo também é válido sob o pressuposto de que o indivíduo
tem vida infinita e que os valores assumidos pelas variáveis se mantêm
constantes para sempre.
Para estudar a influência da taxa de juro no consumo e na poupança,
precisamos considerar vários períodos.
Vamos considerar 2 períodos
A análise começa no último período de vida e depois andamos para traz
no tempo.
Está metodologia denomina-se por Backward Induction.
O princípio da insaciabilidade garante que o indivíduo gastará S + r0 na
aquisição do bem ou serviço compósito X0 ao preço p0.
O índice zero traduz que já não lhe resta mais nenhum período de vida.
Apesar de o modelo incorporar o que se vai passar no período futuro (o
período de índice zero), a decisão quanto ao consumo e à poupança é tomada no
período presente (o período de índice um).
A forma de diminuir o consumo (e controlar a inflação) é através de uma
subida da taxa de juro (neste caso, inicialmente o indivíduo pretendia endividar-
se mas o aumento da taxa de juro faz com que equilibrasse o orçamento).
Risco
O risco surge de o indivíduo não ter conhecimento perfeito do que vai
acontecer no período futuro. Assim, os modelos que o incorporam traduzem a
relaxação de que existe conhecimento público e perfeito.
Existe quem distinga risco de incerteza mas não tem relevância.
Vamos considerar um modelo de uma lotaria simples. No entanto, este
modelo é de aplicação mais genérica (o que faremos no capítulo da teoria do
produtor).
000 ).( prSX
98
Na matemática Financeira tratam modelos mais complicados
A teoria do consumidor com risco obriga a que a função de utilidade seja
semi-cardinal.
Não basta que atribua um número maior aos cabazes melhores mas tem
que dar uma medida da proporção relativa do valor dos cabazes.
e.g., terá que dizer que o A é 3 vezes melhor que o B.
Lotaria: O indivíduo pretende escolher entre a quantia r certa (sem
risco) e uma lotaria da qual pode ganhar o valor P0 com a probabilidade q ou P1
com a probabilidade (1 – q). A decisão vai ser em termos de valor esperado.
Sendo V(r) a função de utilidade indirecta
O indivíduo vai comparar V(r) com a utilidade esperada da lotaria e
escolher a opção a que corresponder maior valor:
Vamos supor a situação em que o rendimento fixo (sem risco) é igual ao
rendimento esperado (médio) da lotaria (com risco).
Se o indivíduo preferir o rendimento fixo, é avesso ao risco (risk
averse); se estiver indiferentes, é neutro ao risco (risk neutral), se preferir a
lotaria, é atraído pelo risco (risk lover).
UNIDADE III – TEORIA DA PRODUÇÃO
A Teoria da Produção preocupa-se com o lado da oferta do mercado, ou
seja, com os produtores, que vão oferecer aos consumidores os bens e serviços
por eles produzidos.
Na teoria da produção, não há interesse em definir a empresa do ponto
de vista jurídico ou contábil.
Para a teoria da produção a empresa se resume apenas em uma unidade
técnica de produção.
Preocupa-se com a relação técnica ou tecnológica entre quantidade física
de produtos (outputs) e fatores de produção (inputs).
rpyypxxsayxUMaxrV ..),,()(
rsenãoLotaria
qPVqPVrVse
;
)1).(().()( 10
99
Relação da quantidade física de produtos com os preços dos fatores de
produção.
Trata tanto do aspecto físico (quantidades), como também com os preços
dos insumos.
Produção – processo de transformação dos fatores adquiridos pela
empresa em produtos para a venda no mercado.
Métodos ou processos de produção – Forma como os insumos são
combinados, a fim de produzir um bem ou serviço.
1. Processo de produção simples – um só produto.
2. Processo de produção múltiplo – mais de um produto.
3.1 Tipos de competição
se fala da estrutura do mercado
se classifica:
Competição Pura (Perfeita)
Monopólio
Oligopólio
Competição Monopolística
Competição Pura (Perfeita)
Características:
1. O mercado é formado por um grande número de consumidores e
vendedores/produtores;
2. Cada agente econômico age como se os preços fossem dados, isto
é, as firmas são tomadoras de preços;
3. O produto é homogêneo ou pouco diferenciado, ou seja, possui as
mesmas características;
4. Os fatores de produção fluem livremente entre as firmas,
permitindo a livre entrada e saída das firmas no mercado; e
5. Todos os agentes econômicos (consumidores e produtores)
possuem conhecimento completo e perfeito do mercado, principalmente
preço dos bens, serviços e fatores de produção (informação perfeita).
100
Já que existem muitas firmas operando no mercado e vendendo o
mesmo produto (homogêneo), a curva de demanda é altamente elástica (mas
não perfeitamente elástica).
Preços sob Competição Pura
O preço de mercado é determinado pela interação da oferta e demanda.
Nenhum indivíduo pode influenciar preço devido ao grande número de
compradores e vendedores com conhecimento perfeito das condições de
mercado.
Sob tais condições:
P = RMe = RMa
Maximização de Lucro de Longo Prazo
101
No mercado de competição perfeita, cada produtor de peixe ajusta o
nível de produção buscando maximizar lucro.
Lucro = RT – CT
Max. Lucro: RMa = CMa = P
Se P > CMe:
Lucro Extraordinário
Novos produtores entrarão na indústria
Aumento da oferta do produto
Diminuição do preço de mercado
P = CMe, Lucro Puro (equilíbrio de longo prazo).
Monopólio
Um monopólio existe quando apenas uma única firma atua em um
mercado bem definido.
O monopólio é o oposto da competição perfeita:
Inexistência de competição direta ou rivalidade entre as firmas;
Inexistência de substitutos próximos para o produto.
Exemplo: energia elétrica, água potável distribuída pela rede geral,
combustível fóssil e seus derivados.
Um monopólio encara competição apenas indiretamente através dos
produtores de outros bens (substitutos ou mesmo não-relacionados) que
competem pela renda do consumidor.
Exemplo: A empresa de fornecimento de energia elétrica detém o
monopólio de geração e distribuição de energia elétrica para os usuários,
não havendo substituto próximo para este recurso. Porém, esta empresa
enfrenta competição estabelecida entre os fornecedores de serviços
102
básicos (água, saneamento, limpeza pública, serviços de saúde), que
disputam a parcela da renda do consumidor alocada para este tipo de
gastos.
Características do Monopólio:
A firma monopolista determina a quantidade e o preço do
produto a ser vendido aos consumidores, portanto o preço varia em
função da quantidade produzida.
OBS: Na competição perfeita, o preço de equilíbrio não varia com a
quantidade produzida pela firma, pois é constante.
Substitutos próximos são raros ou indisponíveis.
Não existe liberdade para novas firmas entrarem no mercado, que
pode ser determinada pelo controle do mercado de matéria-prima, leis ou
patentes.
Condições para existência de um monopólio:
Barreiras à Entrada: Existem leis e impedimentos legais tais
como patentes que previnem a livre entrada e saída.
Ex: O monopólio da prospecção e exploração da Petrobrás determinada
por lei.
Economias de Escala: A natureza das curvas de custo médio de
longo prazo da indústria pode permitir apenas uma única firma operar.
Ex: A energia elétrica somente torna-se economicamente viável (custos
médios baixos) se existir apenas uma rede de distribuição operada por uma única
empresa.
Propriedade de Recursos Vitais ou Superiores: Se uma firma
possui todas as ofertas conhecidas de matéria-prima ou tecnologia
necessárias para fazer um dado produto, novos rivais não podem
efetivamente entrar no mercado.
Ex: O monopólio tecnológico da Microsoft para o ambiente Windows
impede a entrada de novas empresas no mercado de softwares compatíveis.
Mercado de Capital Imperfeito:
Ex: (1) Os custos elevados da indústria de prospecção e exploração de
petróleo eliminam concorrentes do setor de exploração de petróleo; (2) Grandes
somas de dinheiro tipicamente são requeridas para iniciar projetos de
aqüicultura.
103
Oligopólio
Oligopólio é a estrutura de mercado formada por poucas firmas no
mercado que reconhecem sua interdependência quanto à estratégia de preço.
Características do Oligopólio:
1. Um número pequeno de grandes firmas cada uma detendo uma
fatia considerável do mercado e afetando os preços e a política de preços
das outras firmas.
2. O produto produzido não tem substitutos próximos.
3. Existe entrada limitada de novas firmas na indústria.
4. Existe pouco incentivo para as firmas oligopolísticas formarem
um cartel, porém reconhecem sua interdependência, o que reduz a
pressão da competição por preço.
Competição Monopolística
Competição monopolística é uma estrutura de mercado que combina as
características da competição perfeita e do monopólio, incluindo:
1. Muitas firmas pequenas, cada uma detendo uma pequena fatia do
mercado com pouca influência na determinação do preço.
2. O produto apresenta certo grau de diferenciação, porém o produto
de uma firma é um bom substituto para os produtos das outras firmas.
3. Pouco ou nenhum incentivo para formar cartel, cada um
geralmente ignora a existência das outras firmas.
4. Existem poucas barreiras à entrada de outras firmas no mercado.
Cartéis e Fusões
Um cartel é formado por meio de um acordo entre firmas independentes
para agirem conjuntamente com relação às suas decisões de mercado.
Se um cartel tem o controle absoluto de todas as firmas na
indústria, pode operar como um monopólio.
Uma fusão é a junção formal de duas ou mais firmas juridicamente
diferentes em uma entidade de negócio única.
Integração horizontal (duas firmas que vendem um mesmo tipo
de produto)
104
Integração vertical (duas firmas que encontram-se em estádios
diferentes da cadeia produtiva).
3.2 Receitas, custos e lucros na concorrência perfeita
O Objetivo principal da empresa consiste em maximizar seus
investimentos, ou seja, ter lucro.
Lucro = Receitas (R) - Custos (C)
Receitas é o valor monetário recebido ($) pela comercialização de bens
e serviços.
Custos são os gastos ligados à produção de bens e serviços vendidos
durante um período de tempo.
3.3 Função de produção
É a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da
quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de
tempo.
105
Supõe-se que foi atendida a eficiência técnica (máxima produção
possível, em dados níveis de mão-de-obra, capital e tecnologia).
Função Oferta = Relaciona a produção com os preços dos fatores de
produção.
Função Produção = Relaciona a produção com as quantidades físicas dos
fatores de produção.
Função de produção simplificada
N = Quantidade utilizada de mão-de-obra.
K = Quantidade utilizada de capital.
q = f (N,K)
Todas a variáveis (f,N,K) são expressas num fluxo no tempo (produção
mensal, anual), em certo nível tecnológico.
Fatores fixos e fatores variáveis de produção
Fatores variáveis – aqueles cuja quantidade se altera quando o volume
de produção altera.
Ex.: O capital físico e as instalações da empresa
Fatores fixos - aqueles cuja quantidade não se altera quando o volume de
produção altera.
Ex.: Mão-de-obra e as matérias-primas utilizadas
Curto e longo prazos
106
Curto prazo para a siderúrgica e diferente do curto prazo da padaria.
Longo prazo – todos os fatores de produção da função produção são
considerados variáveis.
Análise de curto prazo
q = f (N,K)
Observaremos dois fatores de produção dentro da função de produção
simplificada.
N = mão-de-obra (fator variável)
K = capital (fator fixo)
Veremos que a quantidade produzida irá depender somente da
quantidade utilizada do fator variável.
q = f (N)
Produto total
Produto total é a quantidade obtida utilizando o fator variável e
mantendo fixa a quantidade utilizada dos outros fatores.
Produtividade média do fator
É a quantidade total produzida, dividida pela quantidade utilizada desse
fator.
Produtividade média da mão-de-obra:
Pmen = quantidade do produto
número de trabalhadores
Produtividade média do capital:
Pmek = quantidade do produto
número de capital
Produtividade marginal do fator
107
É a relação entre variações do produto total e as variações da quantidade
produzida do fator.
Produtividade marginal da mão-de-obra:
çã
é ã
Produtividade média do capital:
çã
é
Produtividade média e marginal do fator (agricultura)
á
çã
é á
Lei dos rendimentos decrescentes
Elevando-se a quantidade do fator variável, permanecendo fixa a
quantidade dos outros fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas
crescentes, a seguir a produção continuará a crescer, porém a taxas decrescentes.
108
109
Os estágios de produção
Análise de longo prazo
Sempre há a variação de todos os fatores de produção, inclusive no
tamanho da empresa.
Isoquanta de Produção
110
Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST)
A proporção de substituição que permite manter o mesmo nível de
produção.
Em termos geométricos a TMST é dado pela tangente à isoquanta.
Estando o trabalho no eixo das abcissas, a TMST traduz quantas
unidades de capital eu tenho que aumentar para poder diminuir a quantidade de
trabalho numa unidade e manter o mesmo nível de produção.
É equivalente à TMS da Teoria do Consumidor
111
Função implícita e a TMST: Sendo que a equação q = f(L, K) define
implicitamente a isoquanta de nível q, então, posso usar o teorema da derivação
da função implícita.
Obtemos a TMST diretamente as partir das derivadas parciais da função
de produção
TMSTL,K = – f’L/ f’K.
Economias de escala ou rendimentos de escala
Rendimentos de escala – ocorre quando a variação do produto total é
mais que proporcional que a variação quantidade utilizada dos fatores de
produção.
Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 20%, o
produto total (produção de uma empresa) irá crescer 30%.
Rendimentos constantes de escala – ocorre quando a variação do
produto total é igualmente proporcional que a variação quantidade utilizada dos
fatores de produção.
Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 10%, o
produto total (produção de uma empresa) irá crescer 10%.
Rendimentos decrescentes de escala (deseconomias de escala) –
ocorre quando a variação do produto total é menos do que proporcional à
variação quantidade utilizada dos fatores de produção.
Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 10%, o
produto total (produção de uma empresa) irá crescer 5%.
Causas geradoras da economia de escala
Maior especialização da mão-de-obra;
Existência de indivisibilidade. (ex: não dá para comprar um “meio
forno” em uma siderúrgica, ou seja, adquiri-se um forno com grande aumento de
produção)
3.4 A firma
112
O objetivo básico da firma é a maximização dos seus resultados quando
realiza sua atividade produtiva.
O preço constituirá a despesa total que a firma realizará para poder dar
andamento à produção
Essa despesa é normalmente denominada custo total de produção
Teoria dos Custos
O conceito de custo, tal como ele é entendido pelos economistas, difere
grandemente do conceito de custo utilizado na contabilidade das empresas.
Porque os contadores, ao elaborarem a contabilidade de lucros e perdas
de uma empresa qualquer, levam em consideração somente os custos explícitos,
que consistem nas despesas explicitas realizadas pela firma para adquirir ou
contratar recursos.
Exemplo: as despesas com salários, encargos sociais dos
empregados, energia, água, aluguel, seguro, impostos sobre vendas etc.
Custo de Oportunidade
113
Grau de sacrifício exigido ao optar-se pela produção de um bem em
termos da produção alternativa sacrificada. Também chamado custo alternativo
ou custo implícito (por não envolver desembolso monetário)
Custos Fixo e variável
O produto total é uma função dos fatores fixos e variáveis.
O Custo Total de produção é igual ao custo fixo (o custo dos fatores
fixos) mais o custo variável (o custo dos fatores variáveis)
Custo Fixo: Não varia com os níveis de produção
Custo Variável: Custo que varia à medida que varia o nível de produção
114
A função de produção vs. função custo
Retornos crescentes e custo
Com retornos crescentes, o produto está crescendo em relação ao fator
variável e custo variável e, o custo total decrescerá com aumentos no produto
Retornos decrescentes e custo
115
Com retornos decrescentes, o produto está decrescendo relativamente ao
uso do fator variável e de seu custo e o custo total aumentará com aumentos no
produto.
A relação entre produto marginal e custo marginal
Suponha que um salário (w) seja fixado em relação ao número de
trabalhadores.
Então:
Conclui-se que um produto marginal baixo (PMg) eleva o custo
marginal (CMg) e vice-versa.
A relação entre custo variável médio e o produto médio do fator trabalho
Conclui-se que uma baixa produtividade média (PMe) eleva o custo
variável médio (CVMe) e vice-versa
O formato das funções de custo depende da tecnologia de produção, já
que aquelas funções são derivadas das funções de produção.
)(LPMg
1w
ΔQ
ΔLw
ΔQ
Δ(wL)
ΔQ
ΔCV CMg
)(LPMe
1w
Q
Lw
Q
(wL)
Q
CV CVMe
116
Curvas de Custos
117
118
3.5 Teoria dos jogos
A Teoria dos Jogos é uma teoria matemática criada para se modelar
fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais “agentes de decisão”
interagem entre si.
Ela fornece a linguagem para a descrição de processos de decisão
conscientes e objetivos envolvendo mais do que um indivíduo.
A Teoria dos Jogos é usada na aplicabilidade de assuntos diversos tais
como eleições, economia, balança de poder, evolução genética, etc. Após 1940
se estendeu as Relações Internacionais e até na área da psicologia.
É uma teoria matemática pura, que pode e tem sido estudada como tal. A
Teoria dos Jogos não é um modelo de Relações Internacionais, ela deve ser
entendida como um modelo para as Relações Internacionais.
Sua popularidade nos estudos da disciplina de Relações Internacionais
vem aumentando especialmente no período pós – Guerra Fria.
História
Registros antigos sobre Teoria dos Jogos são desde o séc. XVIII. Mas só
início do séc. XIX, é que teremos o trabalho de estudo de mais destaque de
Augustin Cournot sobre duopólio.
119
Em 1913, Ernst Zermelo publicou um teorema dizendo que o jogo de
xadrez é estritamente determinado. Ou seja, em cada estágio do jogo os
jogadores terão estratégias que os conduziram à vitória ou ao empate.
Outro grande matemático que se interessou em jogos foi Emile Borel,
que reinventou as soluções minimax e publicou quatro artigos sobre jogos
estratégicos. Ele achava que a guerra e a economia podiam ser estudadas de uma
maneira semelhante.
Em seu início, a teoria dos jogos chamou pouca atenção. O grande
matemático John Von Neumann mudou esta situação. Em 1928 ele demonstrou
que todo jogo finito de soma zero com duas pessoas possui uma solução em
estratégias mistas.
A demonstração original usava topologia e análise funcional e era muito
complicada de se acompanhar. Em 1937, ele forneceu uma nova demonstração
baseada no teorema do ponto fixo de Brouwer.
O teorema do Ponto Fixo de Brouwer tem grande aplicação em
problemas econômicos com racionamento, onde é possível fixar um nível de
consumo/produto e daí estabelecer um vetor de preços capaz de compatibilizar
esse nível.
John Von Neumann, que trabalhava em muitas áreas da ciência, mostrou
interesse em economia e, junto com o economista Oscar Morgenstern, publicou
120
o clássico “The Theory of Games and Economic Behaviour” em 1944 e, com
isto, a teoria dos jogos invadiu a economia e a matemática aplicada.
Em 1950, o matemático John Forbes Nash Jr. publicou quatro artigos
importantes para a teoria dos jogos não-cooperativos e para a teoria de barganha.
Nash provou a existência de um equilíbrio de estratégias mistas para
jogos não-cooperativos, denominado equilíbrio de Nash, e sugeriu uma
abordagem de estudo de jogos cooperativos a partir de sua redução para a forma
não-cooperativa.
Nos artigos “The Bargaining Problem” e “Two-Person Cooperative
Games” , ele criou a teoria de barganha e provou a existência de solução para o
problema da barganha de Nash.
A teoria dos jogos pode ser definida como a teoria dos modelos
matemáticos que estuda a escolha de ótimas decisões sob condições de conflito.
O elemento básico em um jogo é o conjunto de jogadores. Cada jogador
tem um conjunto de estratégias. E cada jogo tem suas próprias regras que dão
condições para que ele comece, além de definir as jogadas consideradas “legais”
durante as diferentes fases do jogo.
Quando cada jogador escolhe sua estratégia, temos então uma situação
ou perfil no espaço de todas as situações (perfis) possíveis.
121
Cada jogador tem interesse ou preferências para cada situação no jogo.
Em termos matemáticos, cada jogador tem uma função, utilidade, que atribui um
número real (o ganho ou payoff do jogador) a cada situação do jogo.
Os jogos são fundamentalmente diferentes de decisões tomadas em um
ambiente neutro.
Um jogador deve reconhecer a sua interação com as de outros jogadores
inteligentes e com a capacidade de tomar decisões. Desse modo a escolha que
fizer, deverá ser levado em conta tanto as possibilidades de conflitos quanto as
de cooperação em qualquer interação estratégica.
No âmbito das relações Internacionais, (prever comportamento dos
jogadores); muitas decisões do tipo militar e governamental dependem das
expectativas dos demais atores (Estados). Sendo assim a Teoria dos Jogos, busca
prever de que tipo de jogo o jogador (Estado entendido como racional e sem
divisões políticas internas) está jogando.
Em suma, a Teoria analisa o comportamento do jogador que crê que seus
adversários são racionais e atuam visando maximizar seus poderes e o modo
como ele deverá levar em consideração o comportamento deles, ao tomar suas
decisões com o objetivo de maximizar o seu próprio objetivo.
A essência de um jogo está na interdependência estratégica: a seqüencial
e a simultânea.
PRIMEIRA: Os jogadores movem-se em seqüência, estando cada um
deles conscientes das ações um dos outros.
SEGUNDA: Os jogadores agem ao mesmo tempo, cada um deles
ignorando as ações um dos outros.
Em um jogo seqüencial os princípios gerais que devem guiar um jogador
é o de prever o futuro e racionar o passado.
O jogador antecipa as conseqüências das suas decisões iniciais e utiliza
essa informação para definir a sua melhor opção em cada momento do jogo.
Assim como num jogo de xadrez, ele tem que pensar como seu adversário irá
reagir se ele fizer determinada jogada e como ele próprio reagirá depois desta
jogada.
Como as coisas irão ficar? Os meus objetivos serão alcançados desta
forma? São as perguntas que o jogador deverá fazer antes da jogada.
122
Em jogos simultâneos, os ganhos de um jogador, ao final do jogo, vão
depender das escolhas feitas por ele mesmo e das de seu rival, já que eles estão
agindo estrategicamente e interagindo por intermédio de suas escolhas. Sendo
assim, cada um deverá imaginar-se um no lugar do outro e tentar calcular o
resultado.
Nesse tipo de jogo, é possível verificar o padrão das escolhas, no qual
cada jogador tem duas escolhas a fazer. O primeiro jogador escolhe uma das
duas e o segundo só pode, pressupondo a racionalidade, escolher o melhor para
si, dada a escolha do primeiro.
Veja alguns exemplos de jogos clássicos:
Jogos de soma zero
Jogos de soma não zero
Dilema Do Prisioneiro
Jogos com vários jogadores
Chicken Game
Jogos de soma zero
Num jogo de soma zero entre A e B, aquilo que A ganha, B perde.
Como as situações da vida real que contenham os jogos de soma zero se
aplica:
Incluem corridas Eleitorais entre dois candidatos a um lugar no
congresso, por exemplo.
Deve-se referir-se que existe uma só recompensa . Mas que as partes em
contenda podem gastar somas muito variadas para tentarem chegar à vitória.
O que é uma Estratégia Minimax?
É uma Estratégia de precaução e aplica-se apenas aos jogos de Soma
Zero.
A Estratégia minimax pode não ser a Estratégia ótima. Ela é um pouco
emocionante e interessante.
O jogo de soma zero entre duas pessoas, a estratégia racional assenta no
princípio minimax:
123
Como ambas as partes podem convergir para mesmo ponto de
estabilidade?
Jogos de soma não zero
Um jogo de soma não zero não é exclusivamente um jogo de
competição, no sentido de que para um jogador ganhar, o outro tem de perder.
Os jogos de soma não zero podem envolver dois ou mais jogadores.
Existe espaço neste tipo de jogos tanto para elementos de competição,
como para elementos de cooperação.
No fim do jogo, ambas ou várias partes podem obter vantagens de ordens
diferentes. Num jogo de soma não zero existem, com freqüência, diferentes
recompensas.
O jogo de soma não zero entre duas pessoas pode ser jogada de forma
cooperativa ou não cooperativa.
O mesmo jogo pode, ser de soma zero e, noutras de soma não zero.
Como é o caso do jogo de Medricas (chicken).
O Dilema do Prisioneiro
Os jogos (tanto no dilema do Prisioneiro como do Medricas) foram
concebidos como o objetivo de determinar se as diferenças de gênero
influenciam a escolha entre comportamento cooperativo e o competitivo.
O exemplo mais conhecido de jogo de soma não zero é o dilema do
prisioneiro.
Exemplos de qual forma o Dilema do Prisioneiro se aplica:
Se permanecerem ambos em silêncio, ou se negarem todas as acusações,
leva uma sentença de 60 dias na prisão local.
Caso um deles confesse e o outro permaneça calado, O Prisioneiro terá
uma pena comutada de 1 ano e o outro será mandado para a prisão por 10 anos.
Se ambos confessarem serão condenados de 5 a 8 anos de prisão.
A melhor Estratégia é o acordo tácito de silêncio, mas na ausência de
comunicação não podem confiar um no outro.
124
Como sugeriu Arthur Stein, O estado de natureza descrito por Hobbes e
por outros autores é uma situação, como descreve a terminologia da teoria dos
jogos, em que os indivíduos são dominados por uma estratégia de abandono de
ação comum em favor da realização das suas ações individuais competitivas e
conflitantes.
Robert Axelrod que usa o dilema do prisioneiro em muitas situações, e
apesar da falta de incentivos individuais à cooperação, os jogadores acabam por
optar pelo comportamento cooperativo devido à possibilidade de se virem a
encontrar de novo.
É preferível cooperar no presente com alguém capaz de um
comportamento recíproco no futuro.
Axelrod sugere que o Dilema do Prisioneiro é aplicável ao
desenvolvimento de estratégias cooperativas que podem ser aplicadas em um
amplo aspecto de situações que vai da escolha individual ao panorama
empresarial e ao domínio internacional.
O Dilema do Prisioneiro tornou-se um caso exemplar da literatura dos
jogos, sendo que existe uma extensa bibliografia composta por artigos, livros e
outros estudos. Revistas como: The American Political science Review, World
politics e International Studies Quarterly publicam regularmente, durante muitos
anos, artigos sobre a matéria.
Jogos Com Vários Jogadores
Envolve 3 ou mais jogadores onde todos são independentes
O número de jogadores influencia o número de jogadas
Não existe uma teoria definida para este tipo de jogo
Os jogadores acabam formando coligações entre si
Chicken Game (Jogo do Covarde)
Origina-se de um “racha”, onde dois carros vão em direção um do outro.
E aquele que desviar é o covarde e perde o jogo. Ou seja, o resultado termina por
ser de soma zero. Caso nenhum dos carros desvie o resultado acaba sendo de
soma não zero.
É um jogo onde os agentes buscam ganhar, pressionando o oponente a
desistir.
125
Pode ser um jogo cooperativo ou não-cooperativo e com resultado de
soma zero ou soma não zero.
Exemplo: Crise dos Mísseis entre EUA e a antiga URSS, em 1962.
Terceira Parte – Elementos em Macroeconomia
UNIDADE I – CONTAS NACIONAIS
Introdução
Precursores da teoria econômica
Antigüidade
Mercantilismo
Fisiocracia
Os clássicos
Neoclássicos
Keynesianos
Pós-keynesianos
Período recente
Antigüidade
Grécia Antiga: Aristóteles (384-322 a.C.) – oikonomía / Platão (427-347
a.C.) e Xenofonte (440-335 a.C.)
Roma não deixou nenhum escrito notável na área de Economia
Séculos seguintes até a época dos descobrimentos – questões referentes à
justiça e moral – lei da usura e lucro justo
Mercantilismo
1ª escola econômica - A partir do séc. XVI
Para os mercantilistas, a riqueza de um país era dada pelo seu estoque de
metais preciosos. Com isso, buscava estabelecer os princípios de como fomentar
o comércio exterior no intuito de entesourar tais metais
126
Estímulo a guerras, exacerbação do nacionalismo, presença do Estado
em assuntos econômicos
Fisiocracia (organicistas)
Séc. XVIII – reação ao Mercantilismo
A riqueza consistia em bens produzidos com ajuda da natureza em
atividades econômicas como a lavoura, a pesca e a mineração. Em suma, só a
terra teria a capacidade de multiplicar a riqueza
Obra: Tableau Économique – François Quesnay – divisão da economia
em setores
Séc. XX (anos 1940) – Leontief – Sistema I/O
Clássicos
Predominaram entre o final do século XVIII e início do século XIX,
consolidando a economia como corpo científico próprio
Lançaram as bases do liberalismo econômico, em que prevaleceram as
forças de mercado, sem intervenção governamental
Seus expoentes foram Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill,
Jean-Baptiste Say
Neoclássicos
Escola que se desenvolveu a partir da segunda metade do séc. XIX e
início do séc. XX
Formulação analítica em Economia e pelo uso intensivo da Matemática
– alocação ótima dos recursos
Teoria do valor-utilidade: o valor dos bens é formado a partir do grau de
satisfação
Marshall, Walras, Schumpeter, Pareto, Pigou, Edgeworth, entre outros
A teoria Keynesiana
John Maynard Keynes (1883-1946)
127
Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda – 1936
Lei de Say vs. Princípio da demanda efetiva. Segundo a Lei de Say (“A
oferta cria sua própria demanda”) o aumento da produção transformar-se-ia em
renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras
mercadorias e serviços. Isto é negado pelo princípio da demanda efetiva que
afirma que não existem forças de auto-ajustamento na economia, sendo, portanto
necessária uma intervenção do governo através de uma política de gastos
públicos.
Debates teóricos sobre o trabalho de Keynes duram até hoje. Destacam-
se 3 grupos: os monetaristas, os fiscalistas e os pós-keynesianos
Monetaristas: a melhor política que a autoridade monetária tem
em seu poder é manter um controle da oferta de moeda, mantendo apenas
um leve crescimento da mesma para compensar o crescimento
econômico
Fiscalistas: acreditam que a política fiscal pode ser utilizada
como um instrumento de suavização do ciclo econômico
Pós-keynesianos: enfatizam o papel da especulação financeira
e, como Keynes, defendem um papel ativo do Estado na condução da
atividade econômica.
Abordagens alternativas
Marxistas
Escola baseada nos trabalhos de Karl Marx, desenvolvidos na
segunda metade do século XIX. Fazem uma crítica ao capitalismo,
observando que o desenvolvimento tecnológico em regimes capitalistas
levaria à marginalização dos trabalhadores. Baseiam sua análise a partir
da luta entre capitalistas e trabalhadores.
Os marxistas têm como seu pilar a obra de Karl Marx, calcada no
Valor Trabalho, na apropriação de excedente produtivo (mais-valia) e
seu impacto no processo de acumulação de capital e na evolução das
relações entre classes sociais.
Institucionalistas
128
Criticam o alto grau de abstração da teoria econômica e o fato de
ela não incorporar em sua análise as instituições sociais. Seus grandes
expoentes são John Kenneth Galbraith e Thornstein Veblen.
Definição
“Macroeconomia é o segmento da ciência econômica que se ocupa
do estudo dos agregados econômicos no curto prazo. É a teoria da
renda, do emprego, da moeda, da taxa de juros da flutuação do nível de
preços.”
Metas de Política Macroeconômica
Alto nível de emprego (Aumentar Produção)
Estabilidade de preços (Controlar Consumo)
Distribuição de renda socialmente justa (?)
Crescimento econômico (Aumentar Produção)
Por que estudar Macroeconomia?
Para explicar, buscar soluções, para algumas questões, como:
Por que déficit na Balança de Pagamentos?
Por que inflação?
Por que existe o desemprego?
Por que a taxa de investimento é baixa?
Instrumentos de Política Macroeconômica
A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a
capacidade produtiva e despesas planejadas para atingir as metas.
Política Fiscal
Política Monetária
Política Cambial e Comercial
Política de rendas
Política Fiscal
129
Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a
arrecadação de tributos (Política Tributária) e o controle de suas despesas
(Política de Gastos).
Através destas políticas o governo pode aumentar ou diminuir o
consumo e o investimento.
Política Fiscal
Exemplos:
Combate a inflação
Normalmente aumenta tributos e/ou corta despesas
Crescimento e emprego
Diminuir tributos e/ou aumentar gastos
Distribuição de renda
Impostos progressivos, gasto do governo em setores/regiões mais
atrasados, etc.
Política Monetária
Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade
de moeda, de crédito e de taxas de juros.
Os instrumentos são:
Emissões de moedas
Reservas compulsórias
Políticas de Redesconto
Open Market
Regulamentação sobre crédito e taxa de juros
Emissões de moedas
O Banco Central tem o controle sobre as emissões
de moedas e deve colocar em circulação o volume de notas e moedas
necessárias para o bom funcionamento da economia
Reservas Obrigatórias
Os bancos guardam certa parcela de seus
depósitos no Banco Central para atender a seu movimento de caixa e a
compensação de cheques
130
Política de Redesconto
Visto que o “Bacen” é o banco dos bancos, ele
pode emprestar para eles e cobrar um juros sobre esse empréstimo
Operações de Open Market
Essa operação consiste em vendas e compras, por
parte do Banco Central, de títulos governamentais no mercado de
capitais
Quando o governo vende títulos ele tira dinheiro
de circulação, quando compra coloca mais moeda na economia
Regulação e Controle de Crédito
O governo ainda pode criar regulamento
específico sobre Crédito: Juros, regras pra financiamento, etc.
Política Cambial e Comercial
São políticas que atuam sobre as variáveis
relacionadas ao setor externo da economia
Política Cambial: Refere-se ao controle do
governo sobre a taxa de câmbio.
Política Comercial: diz respeito aos instrumentos
de incentivo às exportações e/ou estímulo às importações – incentivos
fiscais, creditícios, cotas, etc.
Política de Rendas
São denominados Políticas de Rendas medidas
que afetam diretamente a renda: Salários, Lucros, Juros, Alugueis
A característica especial desta categoria é a de que
os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam em
respostas as influências de mercado
Normalmente são usadas como políticas de
combates a inflação
Então:
131
A Macroeconomia é utilizada como instrumento de previsão (fazer
previsões)
Ex ante
Valores previstos, projetados, planejados, a priori
O que julgamos que vai ocorrer no início de um
período
São os valores considerados na teoria
macroeconômica (TMA).
Ex post
Valores realizados, ocorridos a posteriori.
São valores medidos após sua ocorrência.
São as variáveis consideradas na contabilidade
social (CSO).
Objetivos da Macroeconomia
OBTER COMBATER
Crescimento econômico Recessão
Emprego Desemprego
Estabilidade de preços Inflação
Disponibilidade de crédito Crise de financiamento
Elevação dos investimentos Especulação
Tipologia de Mercados
Mercado de bens e serviços
Mercado de trabalho
Mercado monetário
Mercado de títulos
132
Mercado de divisas
Formulação de Modelos
Variáveis exógenas (explicativa) → parâmetros/funções → Variáveis
endógenas (explicada)
Ex. (investimento e consumo) → (Demanda Agregada)
Variável exógena é uma variável que atua sobre um parâmetro ou
função, e que vai determinar a variável endógena
Ex: DA = C + I ; DA é a variável endógena
É portanto a variável exógena que explica a endógena
A formulação de modelos tem por objetivo, através de variáveis
exógenas, que atuam sobre um parâmetro ou função, determinar a variável
endógena, de forma a possibilitar a previsão da economia
Economias Aberta e Fechada
Economia Fechada: Não há comércio com outros países
Economia Aberta: Uma economia que comercializa livremente com
outros países
Economia Aberta
Uma economia aberta interage com outras economias de duas maneiras:
Ela vende e compra produtos e serviços de outros mercados
Ela compra e vende ativos de capital nos mercados financeiros
mundiais
O Brasil é uma economia aberta
O Fluxo de Bens
Exportações
Bens e serviços produzidos domesticamente e
vendidos no exterior. Nas exportações se inclui o gasto do exterior em
133
bens e serviços produzidos domesticamente, que são vendidos em outro
país
Importações
Bens e serviços produzidos no exterior e vendidos
domesticamente. Nas importações se inclui o gasto doméstico na compra
de bens e serviços produzidos no exterior e que são vendidos
domesticamente
Exportação Líquida ou Saldo da Balança
Exportação – Importação
Déficit na Balança
Quando se importa mais do que exporta
Crédito na Balança
Quando se exporta mais do que importa
Fatores que Influenciam as Exportações e Importações
O gosto dos consumidores por bens domésticos ou importados
O preço dos bens e serviços no mercado doméstico e no exterior
A taxa de câmbio
A renda dos indivíduos nos países
O custo de transporte
As políticas governamentais com relação ao comércio internacional
Investimento Externo Líquido
Diferença entre ativos externos adquiridos por
indivíduos locais e ativos domésticos adquiridos por estrangeiros
Quando indivíduos locais compram mais ativos no
exterior do que estrangeiros compram ativos locais, existe uma saída líquida de
capital da economia local
Se estrangeiros compram mais ativos brasileiros, do que brasileiros compram
ativos no exterior, haverá uma entrada líquida de capital na economia doméstica
134
Investimento Externo Líquido – Variáveis que Afetam
A taxa de juros real dos ativos estrangeiros
A taxa de juros real dos ativos domésticos
Os riscos econômicos e políticos de possuir ativos
de outros países
As políticas governamentais que afetam a
propriedade de ativos locais por cidadãos estrangeiros
Investimento Externo Líquido
Exportações líquidas (EL) e investimento externo
líquido (IEL) estão proximamente ligados
Para a economia como um todo: EL = IEL
Isso é verdade porque para cada transação de um
lado também afeta o outro lado pelo mesmo valor
Poupança e Investimento
Já vimos que o PIB é dado por:
Y = C + I + G + El
Poupança Nacional então é dada por:
Y – C – G = I + El
Poupança Nacional = Investimento Doméstico +
Investimento Externo
1.1 Produto, renda e despesa nacional e seus componentes
Conceitos Básicos
Produto Y – valor total da produção (de bens e serviços finais) em
determinado período de tempo. Isto é o mesmo que o total dos valores brutos
menos os consumos intermediários.
135
Consumo C – valor dos bens e serviços absorvidos pelos indivíduos para
a satisfação de seus desejos. Nela inclui o consumo pessoal e o consumo do
governo.
Poupança S – renda não consumida.
Renda R – remuneração dos fatores de produção.
É dado por: R = W+J+L+A. Para evitar dupla contagem somente deve incluir na
renda os juros e aluguéis pagos às pessoas físicas.
W - salários - remuneração do fator de produção
trabalho (comissões, honorários de profissionais liberais, ordenados dos
executivos, mesmo que não assalariados)
J - juros - prêmio pago aos detentores de recursos
por abrir mão da preferência pela liquidez
A - aluguéis - remuneração dos proprietários dos
recursos naturais
L - lucros - remuneração do fator de produção
capital
Investimento I – acréscimo de estoque físico de
capital, compreendendo a formação de capital fixo mais variação de estoques.
Parte da formação bruta de capital, também denominada investimento bruto,
destina-se a repor a retirada de circulação de equipamentos e instalação. O valor
dessas retiradas é a Depreciação. Assim, o investimento líquido é o bruto menos
depreciações.
Absorção A – corresponde a C+I.
Despesa D - agrega os possíveis destinos do
produto, o. s., as suas formas de aquisição: trata-se da absorção interna mais o
saldo da BC.
A contabilidade Nacional chega a 2 identidades
fundamentais:
Produto = renda = despesa
Poupança = investimento
Fluxo circular da renda
136
Economia Aberta com Governo
Para qualquer empresa, o lucro se apura por meio
da seguinte identidade: L = vendas de b e s – compra de b e s +IL
LL = Excedente Operacional (EO) +receitas
financeiras – despesas financeiras
Pela ótica do produto um conceito importante é o
excedente operacional. Pela ótica da renda um conceito importante é o lucro
líquido.
EO = LL+Jpagos-Jreceb LL = LR+LD+A
LR = lucro retido, LD = lucro distribuído, A = aluguéis pagos à indivíduos
Produto bruto = renda bruta
Produto bruto – depreciação = produto líquido
PIB= YB = RLX+W+J+A+LD+D+LR
PIB – RLX = PNB. Neste caso, se o país for
devedor líquido o PIB é maior do que o PNB.
PIB a preço de mercado:
PIBpm = RLX+ W+J+A+LD+D+LR+Outras receitas do G + TDe –TRe +TI-Sub
TDe = impostos diretos das empresas TI = Impostos indiretos
TRe = transferências do governo para as empresas Sub = subsídios
Déficit Público e o seu Financiamento
O déficit público é expresso por:
137
Dg = Investimento público – saldo do governo em conta corrente = Ig – (T-G)
Déficit Operacional = déficit público real+imposto
inflacionário. Trata-se do déficit público antes da inclusão do imposto
inflacionário como receita do governo.
O déficit público pode ser financiado pelo
aumento da base monetária e pelo aumento da dívida líquida do setor público.
Dessa forma:
Déficit público = aumento da base monetária+ aumento da dívida líquida do
governo.
Mas há outras fontes de expansão da base
monetária como a expansão do crédito ao setor privado e a acumulação de
reservas cambiais. Assim:
Déficit público = aumento da base monetária+
aumento da dívida líquida do governo
A equação acima deduzida em termos nominais
também é válida em termos reais:
Déficit público real = aumento real da base
monetária+ aumento real da dívida líquida do governo
Produto Agregado
O Produto Interno Bruto, ou PIB, é a medida do
produto agregado das contas nacionais.
O PIB é o valor dos bens e serviços finais
produzidos em uma economia durante um determinado período.
O PIB é a soma do valor adicionado na economia
em um dado período.
O PIB é a soma de toda a renda gerada na
economia em um determinado período.
138
Siderúrgica (Empresa 1)
Receitas de vendas $ 100
Despesas $ 80
Salários $ 80
Lucro $ 20
Montadora (Empresa 2)
Receita de vendas $ 210
Despesas $170
Salários $ 70
Compra de aço $ 100
Lucro $ 40
EXEMPLO : Considere uma economia composta por duas empresas:
Produto Agregado
O PIB é o valor dos bens e serviços finais
produzidos em uma economia durante um determinado período
Bens e serviços finais = $ 210 = PIB .
O PIB é a soma do valor adicionado na economia
em um dado período.
Valor adicionado = $ 100 + ($ 210 - $ 100)
= $ 100 + $ 110
= $ 210 = PIB
Composição do PIB no Brasil por tipo de renda
Siderúrgica (Empresa 1) Montadora (Empresa 2)
Receitas de vendas $ 100 Receita de vendas $ 210
Despesas $ 80 Despesas $170
Salários $ 80 Salários $ 70
Compra de aço $ 100
Lucro $ 20 Lucro $ 40
Companhia siderúrgica e montadora
Receitas de vendas $ 210
Despesas (salários) $ 150
Lucro $ 60
139
1997 2001
Renda do Capital (%) 42 41
Renda do Trabalho (%) 43 42
Impostos Indiretos (%) 15 17
Taxa de Desemprego
A força de trabalho (L) é a soma dos
trabalhadores empregados (N) e desempregados (U): L = N + U
onde os desempregados são as pessoas sem
trabalho que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho no
período de referência (por exemplo, 4 semanas).
A taxa de desemprego (u) é a razão entre os
desempregados e a força de trabalho:
u = U / L
PIB Nominal e Real
O PIB nominal é a soma das quantidades de bens
finais multiplicada por seus preços correntes
onde: Pn, t e Qn, t são respectivamente preço e
quantidade do bem n na data t
O PIB nominal também é chamado de PIB a
preços correntes
O PIB real é a soma das quantidades de bens
finais multiplicada por seus preços constantes .
onde: Pn, s e Qn, t são respectivamente preço e
quantidade do bem n na data s (para preços) e t (para quantidades).
O PIB real também é chamado de PIB a preços
constantes, ou PIB ajustado pela inflação. Por exemplo, PIB em dólares de
1996.
N
n
tnsnt QPPIB1
,,
Real(s)
140
PIB Nominal (ano 1)=0,50*6+0,30*7+0,70*10=R$12,10
PIB Nominal (ano 2)=0,40*11+1,00*4+0,90*12=R$19,20
PIB Real (ano 2 base ano 1)=0,50*11+0,30*4+0,70*12=R$15,10
O Deflator do PIB
O deflator do PIB no ano t (Pt ) é a razão entre o
PIB nominal e o PIB real no ano t :
Logo, o PIB nominal é igual ao PIB real
multiplicado pelo deflator do PIB:
O deflator fornece o preço médio do produto
agregado – dos bens finais produzidos na economia.
No exemplo, Deflator do PIB
(ano2)=19,20/15,10=1,27
O crescimento do PIB
Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2
A 6 11 R$0,50 0,40
B 7 4 0,30 1,00
C 10 12 0,70 0,90
Produção Preço
t
t
t
tt
Y
Y
realPIB
nomPIBP
$.
ttt YPY $
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
R$ T
rilh
õe
s
Pib Real e nominal do Brasil, 1994-2003
141
taxa de crescimento do PIB no ano t (DPIBt ) é
dada por:
que pode ser calculada em termos nominais ou
reais.
Horizontes de observação
Os economistas fazem distinção entre três
horizontes:
No curto prazo (poucos anos), a demanda por bens
e serviços determina o produto.
No médio prazo (uma ou duas décadas), o nível de
tecnologia e a grandeza do estoque de capital determinam o produto.
No longo prazo, o progresso tecnológico e a
acumulação de capital são os determinantes do crescimento econômico.
No curto prazo: o comportamento cíclico do nível de atividade econômica
1.2 Renda média e estrutura de distribuição de renda
1
1
t
ttt
PIB
PIBPIBPIB
142
Se tomarmos a conta de produção de uma economia fechada e sem
governo, estudada anteriormente, veremos que temos, do lado do débito da
conta, a renda ou produto nacional bruto e, do lado do crédito, a indicação da
forma concreta tomada por essa renda (quanto foi consumido e quanto foi
investido).
Temos que:
Retomando a última identidade da renda, vemos que:
–
E, logo,
O termo
– Keynes chamou de multiplicador.
O multiplicador indica a magnitude do aumento no nível de renda em
decorrência seja de um aumento em Ca, seja de um aumento em I.
Fluxo circular da renda
143
144
Cerca de um terço da população brasileira é pobre (ou 53,9 milhões de
pessoas).
Quanto aos muito pobres (ou indigentes), a proporção é de um oitavo (ou
21,9 milhões de pessoas).
145
UNIDADE II – RENDA NACIONAL E EMPREGO
Evolução e “Escolas”
Primórdios
GREGOS
Xenofontes: princípio de gestão dos bens.
146
Aristóteles: Crematística – aspectos práticos das transações comerciais
(preços, moeda, etc.).
ROMANOS: preocupações limitadas com o tema.
IDADE MÉDIA: comércio mediterrâneo; “preço justo”; usura; formação
de corporações e bancos.
Mercantilismo (1450-1750)
Preceitos de administração pública para aumentar a riqueza do
“príncipe”;
Reflete as transformações de uma sociedade onde o comércio
passa a ter um papel cada vez mais importante;
“Políticas comerciais mercantilistas”
Referências: Colbert, Cantillion e Petty
Criação Científica da Economia (1750-1870)
Marcos iniciais: “Quadro Econômico” (1758), de Quesnay; a
“Riqueza das Nações” (1776), de Adam Smith.
Fisiocracia: “ordem natural”, “distribuição”, “vínculos entre
riqueza e trabalho”.
Escola Clássica: Adam Smith, David Ricardo, Malthus, Stuart
Mill, Say – “valor”, “origem da riqueza”, “distribuição da riqueza”.
Marx: tradição clássica revista, criando uma tradição de
pensamento crítico.
Reação Neoclássica (1870-1929)
Revolução Marginalista: “recursos escassos x usos alternativos”;
“valor de utilidade”.
O “neoclassicismo” ou “marginalismo” desloca a temática da
discussão do valor e distribuição da tradição clássica (“valor-trabalho”)
para a visão do valor utilidade e dos custos de produção.
Destaques: Escola Austríaca (Menger, Jevons, Böhm-Baverk);
Escola de Viena (Walras e o “equilíbrio geral”); Marshall e a Escola de
Cambridge (“equilíbrio parcial”).
Em oposição, surgem a Escola Histórica Alemã e as escolas da
tradição marxista.
A Revolução Keynesiana
147
Keynes (1888 – 1946) torna-se um marco da moderna economia,
onde a ênfase na gestão macroeconômico passa a ser central.
Síntese neoclássica (Hicks, Samuelson etc.) – anos 1950 e 1960.
Monetarismo (Friedman) – oposição aos Keynesianos;
Novo-Classicismo (Lucas) – década de 1970;
Novos Keynesianos – década de 1980;
Heterodoxos – “pós-keynesianos”, “marxianos”,
“institucionalistas” etc.
2.1 Visão clássica
François Quesnay
* 1694 (França) - † 1774
Médico do rei Luiz XV
1758: Tableau
Économique – marca o início da
Escola Fisiocrática.
Princípios: ordem natural
e ordem providencial,
solidamente ligadas à terra, que
propõem serenidade ao período
de inquietação econômica e
política.
Procurou criar uma ciência econômica à semelhança das ciências
naturais.
Para ele, a economia se reduzia a números, nada teria a ver com questões
morais e seria independente do processo histórico humano.
Considera direitos naturais o direito à vida com liberdade e o direito à
propriedade sem restrições.
François Quesnay – 1. Ordem Natural
Os fenômenos econômicos processam-se livre e independentemente de
qualquer coação exterior, segundo uma ordem imposta pela natureza e regida
148
por leis naturais (idéia de equilíbrio estacionário, retomada por Walras no séc.
XIX).
A sociedade se compõe de três classes: i) produtiva, formada pelos
agricultores, ii) classe dos proprietários imobiliários/nobreza, e iii) estéril
(comerciantes, artesãos/membros das corporações urbanas).
A circulação de riquezas ocorre entre essas diferentes classes (idéia do
fluxo circular de renda retomada por economistas modernos).
François Quesnay – 2. Ordem Natural
A ordem natural é uma ordem providencial, pois é desejada por Deus.
Por ser providencial é a melhor possível, e, portanto, deve ser deixada
livre para o alcance do progresso econômico e social (raiz da doutrina liberal –
laissez-faire).
Uma síntese do pensamento mercantilista
Não há nas concepções mercantilistas o desenvolvimento de uma teoria
do valor.
A idéia geral é de que o lucro tem origem no ato de troca.
Disso resulta a importância dada ao comércio (e à balança comercial
favorável);
E o fato das grandes companhias de comércio evitarem, ao máximo, a
concorrência (defendem o monopólio e o exclusivo comercial).
Fisiocratas
Fisiocracia provém do grego: phisis (natureza), cratos (poder), o que
significa “poder da natureza”.
Grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as idéias
mercantilistas e formulou, pela primeira vez, de maneira sistemática e lógica,
uma teoria do liberalismo econômico.
Os fisiocratas eram discípulos intelectuais de François Quesnay.
Quesnay critica os mercantilistas:
149
Ele protesta contra uma política que havia abandonado a
agricultura para pensar apenas em estimular a indústria e o comércio
externo;
Protesta também contra a proibição da livre circulação de cereais;
e
Critica também a idéia de que as riquezas de uma nação se
regulam pela massa de riquezas pecuniárias (estoques de divisas).
Para os fisiocratas só é produtivo o trabalho que produz produto líquido
e, uma vez que só existe produto líquido na agricultura, só o trabalho agrícola é
produtivo.
Por outro lado, a produtividade do trabalho agrícola não é uma virtude
que lhe seja particular: não passa de um sinal da produtividade da natureza.
Quesnay formulou um instrumento teórico para o estudo das relações
econômicas entre as classes sociais que compõem o sistema: o quadro
econômico.
A idéia principal é de que os processos de produção e do consumo podem
e devem ser estudados no sistema econômico em seu conjunto.
Quesnay pretende demonstrar que a vida econômica funciona como uma
máquina ou, o que para ele é a mesma coisa, como um organismo vivo.
Assim se explica desde o início o respeito que mostra pelo
funcionamento espontâneo da máquina e a sua recusa a intervir na sua marcha.
Economia como um “sistema vivo”
Diferenciação de “trabalho produtivo” e “trabalho improdutivo”
Organicidade também das Classes Sociais
Excedente é gerado pela Produção
Questões não resolvidas: (quais?)
Adam Smith
* 1723 (Escócia) - † 1790
150
Segunda metade do século XVIII: início da 1ª Revolução industrial
Professor de “Filosofia moral” da Universidade de Glasgow
1759: A Teoria dos Sentimentos Morais
1776: A Riqueza das Nações
A Economia entendida como a ciência que se ocupa da “Investigação
sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”
Trabalho (entendido como atividade produtiva) é a fonte de riqueza das
nações.
A produtividade diferenciada entre países é tida como a explicação dos
diferentes níveis de riqueza entre as nações.
A produtividade é causada pela “eficácia do trabalho”, e esta provém da
divisão do trabalho (e não das propriedades naturais da terra):
Pelo aumento da destreza de cada trabalhador
Pela economia de tempo decorrente da “racionalização do
processo de trabalho”
Pela invenção de um grande número de máquinas... permitindo a
um só homem fazer o trabalho de muitos
Princípios de “A Riqueza das Nações”
São duas as condições prévias para a divisão do trabalho: extensão do
mercado (decorrente da “propensão natural à troca” e da facilidade de
transportes) e abundância de capitais (derivados dos lucros conseguidos a
partir do “produto líquido do trabalho” e utilizados como “capacidade de
comandar trabalho”).
A política mais favorável à ampliação dos mercados e do capital é a da
liberdade do comércio.
A maneira como o produto do trabalho é dividido entre os salários,
renda fundiária e lucro é o que torna uma nação mais ou menos rica.
“O valor de qualquer mercadoria, para a pessoa que a possui...e que
tenciona trocá-la por outras, é igual à quantidade de trabalho que lhe permite
adquirir. Logo, o trabalho é a medida do real valor de troca de todas as
mercadorias”
“Não se vêem povos pobres em terras vastíssimas, potencialmente férteis,
em climas dos mais benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma
151
população numerosa vivendo na abundância em um território exíguo? Ora, se
essa é a realidade, é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais nada
são, por assim dizer; uma causa que, ao atuar, pode suprir a ausência de recursos
naturais. Em outros termos, uma causa geral e comum de riqueza, causa que,
atuando de modo desigual entre os diferentes povos, explica as desigualdades de
riqueza de cada um deles; essa causa dominante é o trabalho.”
“Segundo seja maior ou menor a proporção existente entre o produto do
trabalho – ou aquilo que no estrangeiro se adquire em troca desse produto – e o
número de consumidores, encontrar-se-á a nação mais ou menos abastecida de
todas as espécies de coisas necessárias ou cômodas de que necessite.”
(“Introdução e Plano de Obra” in A Riqueza das Nações”
David Ricardo
*1772 (Londres) - † 1823
Período de conflitos entre
os interesses da agricultura
(protegidos pelas Corn-Laws) e
da indústria
1817: Princípios de
Economia Política e Tributação
Visão Geral
“Em diferentes estágios da sociedade... as proporções do produto
destinadas a cada uma dessas classes [o proprietário da terra, o dono do capital, e
os trabalhadores] sob os nomes de renda, lucro e salário, serão essencialmente
diferentes, o que dependerá principalmente da fertilidade do solo, da acumulação
de capital e da população, e da habilidade, da engenhosidade e dos instrumentos
empregados”.
“Determinar as leis que regulam essa distribuição [distribuição da renda
fundiária, do lucro e dos salários] constitui o problema primordial da Economia
Política”
David Ricardo (Princípios da Economia Política e da Tributação)
1. Teoria do Valor
2. Teoria da Renda
152
3. Teoria da Evolução Econômica
1. Teoria do Valor
Assim como Smith, Ricardo vê no trabalho (entendido como a soma de
todos os trabalhos exigidos para se chegar finalmente à produção da riqueza) a
principal fonte de valor.
Ricardo rejeita a utilidade – a capacidade que dada coisa tem de
satisfazer nossas necessidades – como causa e medida do valor.
Distingue duas categorias de bens:
1. Bens não suscetíveis de reprodução: o valor destes tem por causa
e efeito a sua raridade; seu valor oscila à mercê da oferta e da demanda,
sem ponto algum de equilíbrio (pouco relevantes para a economia).
2. Bens suscetíveis de reprodução indefinida, a um mesmo preço de
custo.
“O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual
pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua
produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho”
Visão 1:
Valor é medido pelo trabalho, como um princípio universal.
O capitalista paga o trabalho (Dúvida: de onde vem o excedente?)
Visão 2:
O Valor de uma mercadoria é determinado pelo trabalho presente
e pelo trabalho pretérito (incorporado a ferramentas, instrumentos,
edifícios...); pela “durabilidade do capital”; pelos diferentes períodos
de “rotação do capital”
A variação do “valor de mercadorias” distintas difere da variação
do “valor dos salários” pois os processos produtivos têm diferentes
proporções de trabalho(salários) e capital.
Preço é definido pelos salários pagos pelos capitalistas, mais a
taxa de lucros que o capitalista recebe para usar seu capital.
Visão 3:
Preço de Mercado difere do Preço Natural pela influência da
Oferta e da Procura. ( Preço de Mercado tende ao Preço Natural)
153
Esta visão é aplicada ao valor dos salários, em que “o preço
natural do trabalho” é aquele “necessário para permitir que os
trabalhadores em geral subsistam e perpetuem sua descendência...”
portanto depende “não da quantidade de dinheiro que ele possa
receber como salário, mas da quantidade de alimentos, gêneros de
primeira necessidade e confortos materiais que, devido ao hábito, se
tornaram para ele indispensáveis e que aquele dinheiro poderá
comprar”
Apoia-se – e debate – a visão de Malthus – economista inglês
contemporâneo sobre crescimento populacional e salários
2. Teoria da Renda
Tabela 1
Taxa de Lucro
da "pior terra"
F1 F2 F3 F4 F1 F2 F3 F4 (E.B. / Cap.)
1o 200 * * * 100 * * * 50%
2o 200 210 * * 100 90 * * 43%
3o 200 210 220 * 100 90 80 * 36%
4o 200 210 220 230 100 90 80 70 30%
David Ricardo, 1815
Excedente Bruto por Fração de TerraCapital por fração de Terra
"Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital"
Período
Taxa de
Lucro da
"pior terra"
F1 F2 F3 F4 (E.B. / Cap.)
Lucro Renda
100 0
Lucro Renda Lucro Renda
86 14 90 0
Lucro Renda Lucro Renda Lucro Renda
72 18 76 14 80 0
Lucro Renda Lucro Renda Lucro Renda Lucro Renda 30%
Tabela 2
*
100 90 80 70
1o 200 * *
Excedente Bruto por Fração de Terra, dividido em Lucro e Renda
100
2002o 210 *
100
F1
*
100
4o 200 210 220 230
Período
Capital por fração de
Terra
*
F3
80
3o 200 210
F2
*
90
*
*
"Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital"
50%
43%
220 * 36%
*
F4
*
90
154
O crescimento populacional obriga a exploração de terras cada vez
menos férteis, o que encarecerá cada vez mais os custos de produção e o preço
final dos produtos.
Em função da lei de unidade de preços, os proprietários das terras de
primeira categoria (com custos de produção menores) obtém um lucro
suplementar: a renda diferencial.
O aumento populacional implica, portanto, o aparecimento de novas
rendas e o aumento das taxas de rendas antigas.
O total da venda dos produtos agrícolas se destina à remuneração dos
proprietários de terras (renda), remuneração do trabalho (salário) e
remuneração do capitalista (lucro). À medida que aumenta a parcela atribuída à
renda diminui-se a parcela de salários e lucros.
David Ricardo
“A elevação da renda é sempre o efeito da riqueza crescente do país e da
dificuldade de garantir alimento à sua população aumentada. É um sintoma e
nunca causa da riqueza.”
“No desenvolvimento natural das sociedades, os salários, enquanto
forem regulados pela lei da oferta e da procura, tendem a baixar, pois o número
de trabalhadores continuará a crescer um pouco mais rapidamente do que a
procura da mão-de-obra.”
3. Teoria da Evolução da Economia
A Acumulação de Capital é reduzida pelo aumento da Renda Diferencial
Período
1o
2o
3o
4o
*
** Taxas médias, sobre o capital total, da Economia da Nação
Obs:
"Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital"
Tabela 3
Capital Total Exced. Bruto Tot.* Lucro Total Renda Total Taxa de Lucro** Taxa de Renda**
43% 3,4%
200 100 100 0
630 270 228 42
50% 0%
410 190 176 14
Produto Total após os pagamentos dos Custos
Lucro Total, recebido pelos proprietarios de capital; Renda Total, recebida pelos proprietários fundiários
36% 6,7%
860 340 259 81 30% 9,4%
155
Pela compressão dos lucros
Pelo acréscimo de salários – que aumentam em valor quando
ocorre aumento nos alimentos – simultâneo ao não aumento do valor dos
manufaturados, que não aumentam por causa dos alimentos.
A Economia tende a um “estado estacionário”, em que caem tanto a
acumulação de capital como o crescimento da população.
A maquinaria (introduzida pela expectativa do industrial de obter lucros)
pode conduzir a:
Incremento considerável do produto líquido (mesmo com baixa
do valor do produto bruto)
Deslocamento do trabalho, reduzindo emprego e “prejudicando
os interesses das classes trabalhadoras”
O Crescimento Econômico é viabilizado pela liberdade de Comércio
Internacional.
2.2 Visão Kenesiana
John Maynard Keynes
*1883 (Cambridge) - † 1946
Período de guerras, alto
inflação, grande depressão de1929
obras: The economic
consequences of peace; Treatise on
money; General theory of employment,
interest and money (1936)
Keynesianismo é a teoria econômica consolidada pelo economista inglês
John Maynard Keynes em seu livro Teoria geral do emprego, do juro e da
moeda (General theory of employment, interest and money)
Consiste numa organização político-econômica, oposta às concepções
neoliberalistas, fundamentada na afirmação do Estado como agente
indispensável de controle da economia, com objetivo de conduzir a um sistema
de pleno emprego.
156
Tais teorias tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas
e na reformulação da política de livre mercado.
Atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que
garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do salário-
mínimo, do salário-desemprego, da redução da jornada de trabalho e assistência
médica gratuita.
O Keynesianismo ficou conhecido também como "Estado de Bem-
Estar Social"
A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo
econômico não é auto-regulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é
determinado pelo "espírito animal" dos empresários.
É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar
todos que querem trabalhar que Keynes defende a intervenção do Estado na
economia.
John Maynard Keynes, em 1926, postulou sua teoria que rompia
totalmente com a idéia liberalista do “deixai fazer”, afirmando que o Estado
deveria sim, interferir na sociedade, na economia e em quais áreas achasse
necessário.
Assim, essa corrente baseada na intervenção do Estado, denominada
Welfare State, reinou após o fim da Segunda Guerra Mundial, isso aliado ao fato
da grande necessidade de recuperação dos países envolvidos na guerra.
O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em
paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia, de forma
suficiente para garantir o pleno emprego, mas sem excesso, pois isto provocaria
um aumento da inflação.
Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o
controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos
com os empresários por aumentos salariais.
Há rigidez dos preços e salários
O pleno emprego é apenas um nível possível (não de equilíbrio), Este
pode ser variável
Não há mecanismos automáticos que conduzam ao equilíbrio
O Estado é ator ativo e intervém no processo econômico
157
A moeda pode ser usada pelo Estado para financiar os seus gastos e
influenciar o nível do produto
Conseqüências Visão keynesiana
Equilíbrio abaixo de pleno emprego
As políticas monetária e orçamental apóiam níveis elevados do
produto e de emprego
2.3 Visão marxista
Karl Marx
* 1818 (Prússia) - † 1883
2ª metade do século XIX:
2ª Revolução Industrial
Economista, sociólogo e
filósofo
Obras: A ideologia
alemã; Manifesto do Partido
Comunista; Grundrisse; O
Capital e muitas outras
Concepção dialética/materialismo dialético:
movimento e contradições econômicas na história da humanidade
Capitalismo – modo de produção voltado para a produção de
mercadorias, sob as seguintes condições:
Propriedade privada dos meios de produção; da força de trabalho;
do produto final;
Divisão social do trabalho
Objetivo da produção: a troca (o mercado)
Retoma a teoria do valor-trabalho de Smith e Ricardo:
Valor de Uso
Mercadoria
(duplo caráter)
Valor de Troca
E avança ao afirmar:
158
Valor de uso: resultado do trabalho humano concreto, útil, individual
Valor de troca: resultado do trabalho humano abstrato, geral
Para que haja troca, as mercadorias devem possuir:
Diferentes valores de uso (produzidas por espécies de trabalho
diferentes, utilidades diferentes)
Mesmo valor de troca (equivalentes)
O valor de troca é o que iguala as mercadorias e o valor de uso é o que as
diferencia.
Trabalho = é o denominador comum de todas as mercadorias, que
permite comprá-las e trocá-las em determinadas proporções
O valor das mercadorias é determinado pela quantidade de trabalho
socialmente necessário para a sua produção.
Trabalho socialmente necessário
Trabalho médio (produtividade média)
Daí ser o tempo “socialmente” necessário. O produto de um trabalhador
lento não vale mais do que o de um trabalhador rápido.
Qual a origem da forma dinheiro de valor?
O dinheiro surge historicamente...
Antes do dinheiro (escambo): troca direta, sem intermediário
Alfaiate utiliza o casaco como meio de troca
Ex.: 2 mesas = 1 casaco
Casaco tem valor de uso e é também equivalente
3 pares de sapatos
1 casaco = 20 metros de algodão
10 gramas de ouro
Dificuldade deste tipo de troca
Dependente dos outros produtores quererem adquirir casacos…
Com a prática diária, os indivíduos foram se orientando em direção a
uma mercadoria reconhecidas como equivalente geral;
Isso aconteceu independente/e do planejamento consciente e da
consciência dos produtores isolados;
159
Assim surgiu o dinheiro (inicialmente, o ouro): mercadoria aceita como
equivalente geral ou comum para todas as outras mercadorias
Ouro tornou-se a mercadoria-dinheiro, assumindo papel duplo:
Metal precioso útil para fazer artigos
Equivalente geral (maleabilidade da troca)
A troca passou, assim, a ser fundida em duas partes:
Na circulação simples:
Transformação da mercadoria em dinheiro (venda)
Transformação do dinheiro em mercadoria (compra)
M1 – D – M2
Neste caso, a troca se dá em busca do valor de uso
No capitalismo, o objetivo é a acumulação, é obter mais dinheiro ao final.
Neste modo de produção, a circulação simples não faz sentido:
D – M – D
Essa circulação só faz sentido se:
D – M – D‟
Sendo D‟ > D.
OBS: Isso explica por que o capitalista não produz se não tiver lucros
V
D – M Cc ....... P – M‟ – D‟
C
Cf
D – Dinheiro inicial M – Mercadoria
V – Capital variável (mão-de-obra) – trabalho vivo
C – Capital Constante, que subdivide em
Cc – capital circulante Cf – capital fixo – trabalho morto
P – Produção D‟ – Dinheiro final
M‟ – Mercadoria nova (com maior valor agregado)
Por estar num ciclo de valorização, o dinheiro empregado é denominado
de capital
160
A valorização do capital se verifica no processo produtivo
É durante o processo produtivo que se verifica a valorização do capital;
O capital constante: tem ser valor transferido sem modificação para o
produto acabado;
O trabalho vivo: cria (agrega) novo valor ao processo de produção, por
meio do seu valor de uso;
O resultado do trabalho (vivo) não é apropriado integralmente pelo
trabalhador (agora, força de trabalho), mas passa a ser de propriedade do
capitalista;
A parte apropriada denomina-se mais-valia. É o excedente que permite a
acumulação (é o lucro do capitalista);
Deste modo, o excedente não é criado no processo de troca e sim durante
o processo produtivo.
Quem cria a mais-valia? A força-de-trabalho.
Mais-valia: trabalho excedente produzido pela “mercadoria força de
trabalho”.
161
Seu uso é o trabalho, e o trabalho cria valor novo, além do que ele custa para se
reproduzir
A mercadoria força-de-trabalho
É mercadoria porque, como as demais:
1. Tem valor de uso: o trabalho
2. Tem valor de troca: tempo de trabalho socialmente necessário à
sua produção e reprodução (expresso nos meios de subsistência)
Como se dá a apropriação e a ampliação da mais-valia (ou excedente/ou
lucro)?
Jornada de Trabalho: 8h
6 h 2h 8h
Trabalho necessário Mais-trabalho
Como aumentar a mais-valia?
mais-valia absoluta: aumento da jornada de trabalho (mais horas de
trabalho) – há limites para este aumento
mais-valia relativa: jornada de trabalho constante (intensificação do
ritmo)
Grau de exploração
á á
No exemplo anterior:
2h de trabalho excedente de 100 trabalhadores:
mais-valia: 2x100 = 200h;
cada trabalhador recebe por 6h de trabalho:
Valor da força-de-trabalho (v): 6 x 100 = 600h
162
Taxa de mais-valia = 200/600 = 33%
Valor do produto do trabalho: 8 horas
Valor da força-de-trabalho: 6 horas
Valor da mais-valia (excedente/lucro): 2 horas
O valor da força-de-trabalho é, então, menor do que o valor do produto
do trabalho. A diferença é o excedente, a mais-valia que é apropriada pelo
capitalista
Composição Orgânica do Capital
O processo de valorização do capital não se esgota na acumulação.
Há um fator externo que atua como forte estímulo à expansão do capital:
a centralização do capital, decorrente da forte concorrência inter-capitalista.
Há Investimentos em novas tecnologias
Neste processo, ocorre o crescimento do capital constante em relação ao
variável (aumento da composição orgânica do capital)
É a relação entre:
ç
Taxa de Lucro
É o “incentivo ao crescimento econômico”.
É a relação entre:
Sendo,
CO = c/v (composição orgânica do capital) e
Tx = s/v (taxa de mais valia)
assim,
Tendência à queda da taxa de lucro
Com a concorrência inter capitalista, preços por mercadoria caem:
1. aumento da composição orgânica do capital aumenta mais que
proporcionalmente
2. taxa de mais valia aumenta menos que proporcionalmente
163
Portanto:
queda tendencial da taxa de lucro
Para reduzir a tendência à queda da taxa de lucro
1. aumento da jornada de trabalho e maior intensificação do trabalho;
2. depressão dos salários abaixo do valor da força-de-trabalho (exercito de
reserva);
3. barateamento dos elementos do capital constante (tecnologia);
4. comércio exterior (novos mercados)
UNIDADE III – MOEDA E INFLAÇÃO
3.1 Moeda: conceitos e funções
Definição:
“Conjunto de ativos da economia que as pessoas usam
regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas” (Mankiw);
“Moeda é um ativo financeiro de aceitação geral, utilizado na
troca de bens e serviços, que tem poder liberatório instantâneo. Sua
aceitação é garantida por lei.” (Vasconcelos).
Moeda como tudo aquilo que é geralmente aceito para liquidar as
transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para quitar obrigações.
Com a Introdução da Moeda, esta passa a desempenhar a função de
unidade de conta ou denominador comum do valor, isto é, fornece o “
referencial” para que os valores das demais mercadorias sejam cotados.
A moeda é o ativo utilizado para realizar as transações porque é o que
possui maior liquidez.
Liquidez é a capacidade de um ativo converter-se rapidamente em poder
de compra, isto é, transformar-se em mercadorias.
A moeda apresenta 3 principais funções:
A) Meio ou instrumento de troca:
algo que os compradores dão aos vendedores quando querem
comprar algo.
Sem ele haveria a necessidade da dupla coincidência de desejos e o
problema da indivisibilidade.
164
Ocorreria também a perda de muito tempo pra viabilizar as trocas
diretas.
B) Unidade de conta (medida):
É um padrão de medida que se usa para anunciar preços e
registrar débitos.
Serve para comparar e agregar o valor de mercadorias diferentes.
(caminhão com uvas);
O preço, portanto, é a expressão monetária do valor de troca de
um bem.
C) Reserva de valor:
Algo que as pessoas podem usar para transferir poder de compra
do presente para o futuro.
Representa uma forma de poupança.
A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa mas não para
toda uma sociedade (Falácia ou sofisma da composição).
Tipos de Moeda:
Moeda Mercadoria: Determinada mercadoria é usada como moeda.
Um tipo de moeda-mercadoria é a moeda metálica, isto é, o ouro, a prata, etc...
metais preciosos ou semipreciosos que foram usados como moeda;
Moeda Papel: Corresponde a uma nota de papel que expressa
determinado valor de ouro, isto é, possui lastro, em determinada mercadoria;
Papel Moeda ou Moeda Fiduciária: Notas de papel emitidas pelo
governo que não possuem lastro em nenhuma mercadoria, isto é , não existe uma
garantia física sustentando, o valor da moeda e sua aceitação se deve à
imposição legal do governo.
Lastro: Ativo ou mercadoria que respalda o valor da moeda, isto é, no
qual a moeda-papel pode ser convertida. O exemplo mais tradicional é o lastro
ouro, segundo o qual as notas de papel representam determinada quantidade de
ouro. Outro tipo de lastro são as reservas internacionais do país, isto é, os
ativos/moedas que podem ser usados nas transações internacionais, pôr exemplo,
o dólar.
165
Velocidade de circulação da moeda: número de transações liquidadas
com a mesma unidade monetária, ou seja é o numero de „giros‟ que a moeda dá,
gerando renda, em dado período.
Motivos para demandar moeda
Transação;
Precaução;
Especulação;
A demanda por moeda depende tanto da renda como da taxa de juros
nominal. Quanto maior (menor) for a renda maior (menor) será a demanda por
moeda. Quanto maior (menor) for a taxa de juros nominal, menor (maior) será a
demanda por moeda.
Oferta de moeda
A oferta de moeda é sinônimo de meio de pagamento:
“estoque de moeda disponível para uso da coletividade a
qualquer momento”.
Com esse conceito classifica-se o meio de pagamento quanto a liquidez
que apresenta.
Liquidez: “Facilidade com que um ativo pode ser convertido em
meio de troca da economia.”
Classificação do meio de pagamento;
M1 – composto por meio de pagamento de liquidez imediata
(haveres monetários):
Papel moeda em poder do público (PP);
Saldo dos depósitos a vista (DV).
M2 – acrescenta ao M1 os depósitos de curto prazo:
Depósitos especiais remunerados,
Depósitos de poupança,
Títulos emitidos por instituições depositárias
Depósitos a vista (DV) = Reservas (R) + Empréstimos (EB)
DVPPM 1
prazocurtodedepósitosMM ___12
166
As reservas (R) que os bancos constituem sobre os depósitos são de dois
tipos:
1. reservas compulsórias: são a parcela dos depósitos que os
bancos são obrigados legalmente a depositar em suas contas ao Banco
Central para poderem fazer frente a suas obrigações.
2. reservas voluntárias: são recursos que os bancos mantêm junto
ao Banco Central por opção, ou seja, não existe obrigação legal
Classificação do meio de pagamento;
1. M3 – Acrescenta os depósitos de médio prazo:
Quotas de fundos de renda fixa
Operações compromissadas com a SELIC
2. M4 – Acrescenta os ativos de prazo mais longo:
Títulos do governo de alta liquidez
Criação e destruição de moeda
Ocorre “criação de moeda” quando aumenta o M1. De igual modo,
“destruição de moeda” ocorre quando o saldo de M1 cai.
Exemplos:
Exportadores trocam US$ por R$ no Banco Central.
Empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado.
Banco central vende US$ aos importadores.
Pagamento de um empréstimo bancário.
Compra de títulos do governo.
Depósito em conta corrente.
Saque de um cheque.
Oferta de Moeda pelo Banco Central
O objetivo principal do Banco Central é regular a moeda e o crédito, em
níveis compatíveis com as metas (inflação) estabelecidas pela autoridade
monetária.
prazomédiodedepósitosMM ___23
prazolongodedepósitosMM ___34
Criação
Destruição
Apenas transferência
167
definir as condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de
moeda, nível de taxa de juros entre outros.
Funções:
Banco dos Bancos: É onde os bancos comerciais depositam seus
fundos, transfere recursos de um banco para outro, além de emprestar aos
bancos comerciais.
Funções:
Banco emissor: É o responsável e tem monopólio da emissão de
moeda.
Banco do governo: Recursos do governo ficam em grande parte
depositados no BACE. O Bacen também é o responsável por
implementar a política monetária.
Banco depositário das reservas internacionais: responsável
pela defesa da moeda nacional, administração do câmbio e das reservas
de divisas internacionais no país.
Os Bancos comerciais também podem modificar a quantidade de moeda
pelo fato de poderem emprestar mais do que têm em depósito (carta patente).
O multiplicador da oferta de moeda:
Oferta de Moeda pelo Banco Central
Trata-se de um Progressão Geométrica.
Onde a soma dos termos da PG:
a = primeiro termo da progressão geométrica
q = razão da P.G (percentual livre para empréstimos).
No exemplo:
q
aPG1
1
168
Taxa de juros
Taxa de juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante
determinado período de tempo, ou alternativamente, aquilo que se paga pela
obtenção de recursos de terceiros durante determinado período de tempo.
Determinação da taxa de juros
Teoria do fundos emprestáveis
De acordo com teoria de fundos emprestáveis o que determina é
a oferta e a demanda
Taxa de juros
Principais taxas de juros são:
Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custodia)
TR (Taxa Referencial de Juros)
TBF (Taxa Básica de Financiamento)
TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo)
Estrutura de taxa de juros e sistema financeiro são os instrumentos que
as instituições usam para garantir ao máximo que recebam seu dinheiro de volta.
Taxa de Juros Real
Taxa de Juros Real corresponde a taxa de juros nominal recebida,
descontada a perda de valor da moeda, ou seja, a inflação do período.
Taxa de Juros Nominal
Ganho monetário que se obtém em determinado aplicação
financeira, ou o custo monetário de determinado empréstimo.
Indexação: Mecanismos de proteção dos valores monetários (contratos
nominais) das perdas decorrentes da inflação.
Correção monetária: Correção dos valores nominais por dado índice de
preços de modo a compensar a perda de valor da moeda corrente da inflação.
Operações Prefixadas: em que a taxa nominal de juros é dada e a taxa
real só conhece ex post, uma vez verificada a inflação do período.
q
aPG1
1
3,01
1000.5
00,142.7$R
169
Operações Pós-Fixadas: em que se define a taxa de juros real ex ante e
acrescenta-se a correção monetária para determinar a taxa nominal de juros que
só é conhecida ex post
Velocidade da Moeda
A velocidade da moeda refere-se à velocidade com que a moeda passa
de carteira em carteira em uma economia.
V = (P x Y) ¸ M
Onde
V = velocidade da moeda
P = Nível de preços
Y = quantidade de produção (renda)
M = quantidade de moeda
Reescrevendo nós obtemos a equação das trocas:
M x V = P x Y
A equação das trocas relaciona a quantidade de moeda em uma economia
(M) com o valor nominal da produção (P x Y)
equação das trocas mostra que um aumento da quantidade de moeda em
uma economia deverá:
O nível de preços sobe, ou
A produção cresce, ou
A velocidade da moeda diminui
170
Teoria Quantitativa da Moeda
A velocidade da moeda é relativamente estável no longo prazo
Um mudança proporcional no valor nominal da produção relaciona-se
com mudanças na quantidade do moeda pelo banco central
Como a moeda é neutra, a moeda não afeta a produção
Mudanças na oferta de moeda que induzem mudanças no valor nominal
da produção também reflete na alteração do nível de preços
Quando o banco central aumenta rapidamente a oferta de moeda, o
resultado é o aumento da inflação
3.2 Evolução histórica
Brasil Colonial
Brasil Imperial
Brasil Republicano
Brasil Colonial
Principais marcos do período colonial:
A Carta
Pero Vaz de Caminha: primeiro documento oficial sobre o Brasil
Expedições de Martim Afonso – 1530
expedições exploradoras
poderes para nomear funcionários e doar terras de sesmaria
Colonização
interesse de franceses, holandeses e ingleses leva Portugal a iniciar a
colonização
Principais marcos do período colonial:
Capitanias Hereditárias – 1534/1759
primeiro sistema administrativo implantado no Brasil
regime baseado no patrimonialismo da Coroa
estrutura política e administrativa era permeada por distribuição
de cargos devido a critérios de afeição e troca de favores
171
Principais marcos do período colonial:
Capitanias Hereditárias – 1534/1759
era uma concessão de exploração de serviços concedida a
particulares
direitos régios, justiça, distribuição de terras, arrecadação de dízimos e
fundação de povoações
o regime fracassou
apenas Pernambuco e São Vicente prosperaram
MAS, dificultou o estabelecimento de estrangeiros na colônia
Principais marcos do período colonial:
Capitanias Hereditárias – 1534/1759
172
Governo Geral 1548/1759
objetivos:
apoiar melhor e com mais segurança as capitanias
centralizou o poder, mas não terminou com as capitanias
criação dos cargos de ouvidor geral, provedor mor da fazenda e
capitão mor da costa
regime patrimonialista e com centro decisório em Portugal
traços da época até hoje existentes na AP brasileira:
presença dominante do Estado
elite econômica associada e dependente do Estado
proteção contra concorrência
controle administrativo dos preços
limite artificial da oferta
vantagens e subsídios na compra de matéria prima
estes aspectos geraram um “capitalismo protegido”: privatista na
propriedade e semi-estatal na gestão
Vice-reinado
em 1574 o Brasil foi dividido em 2 vice-reinos
1580 – União Ibérica
não havia preocupação em divisa de terras
173
1581 – governo do Brasil unificado em Salvador
1640 – fim da União Ibérica
1640 a 1718 – título de vice-rei usado apenas por governadores
de alta fidalguia
após 1720 passou a ser utilizado por todos
Administração do Marquês de Pombal secretário de estado do rei
D. José I, de Portugal
novo impulso administrativo e comercial à colônia:
transferência da capital para o Rio de Janeiro (proximidade das
minas e dos conflitos de fronteira do sul)
criação do subsídio literário (imposto para as aulas régias)
autorização do casamento com indígenas
favorecimento das indústrias de origem agrícola (anil, cochonilha
e laticínios)
impulso á construção naval
expulsão dos jesuítas de Portugal e províncias
extinção das Capitanias Hereditárias (transformadas em capitanias
gerais)
criação das Juntas de Justiça nas comarcas (sede das capitanias),
impulsionando o crescimento de vilas
Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal
Transferência da Família Real Portuguesa – 1808
fugindo das tropas de Napoleão
1808 a 1821- heranças deixadas:
burocracia, patrimonialismo, distribuição de cargos e
centralização do poder
174
Política Interna
elevação do Brasil a Reino Unido e sede da Coroa
abertura dos portos brasileiros
aumento de arrecadação, revogação do monopólio,
desenvolvimento da agricultura e comércio, acordos comerciais
internacionais
instalação de serviços públicos
criação do Banco do Brasil e de ministérios
remuneração dos servidores públicos (diferenciada dos
portugueses)
Política Externa
declaração de guerra à França
anexação da Guiana Francesa (restituída em 1817)
subordinação às orientações administrativas e econômicas
inglesas
recebimento de diplomatas estrangeiros no Brasil
assinatura de tratados de paz
restituição da Guiana Francesa
assinatura de tratados de navegação
fim do tráfico de escravos
Retorno da Família Real para Portugal - 1821
derrota de Napoleão em 1817
volta da estabilidade política na Europa
D. Pedro permanece como regente
Brasil mantém sua estrutura política
passa a ter deputados na Corte de Lisboa
portugueses tentam retomar o pacto colonial
o Brasil declara-se independente em 1822
Brasil Imperial
Primeiro reinado – 1822/1831
Dom Pedro I
monarquia com aspecto democrata
175
apesar do patrimonialismo, alguns anseios populares eram
acatados
vilas são promovidas a cidades
maior importância política e administrativa
1824 – primeira Constituição
inspirada nas constituições francesa e estadunidense
Poder Executivo fortemente centralizado
1824 – primeira Constituição
fiscalização permanente do Imperador – Poder Moderador
devia velar pela harmonia entre os poderes
Senado vitalício – indicado pelo Imperador
Câmara de Deputados eleita a cada 4 anos
podia ser dissolvida pelo imperador
Dom Pedro I
Primeiro reinado – 1822/1831
período marcado por:
guerras internas e externas
insolvência do Banco do Brasil
crescimento da dívida pública
tratados de comércio com França e Inglaterra
criação dos Conselhos Gerais das Províncias
criação do Supremo Tribunal de Justiça
necessidade de assumir o trono português, pacificar revolução em
Portugal e os conflitos internos no Brasil:
176
levaram à abdicação em favor de Pedro II, que no tempo
não tinha a maioridade
Segundo reinado – 1831/1889
Fase das Regências – 1831/1840
Regência Trina Provisória
Regência Trina Permanente 1831/1835
Ato Adicional à Constituição – 1834
experiência de república e de sistema parlamentarista
Assembléias Legislativas Provinciais
regência una, eleita pelo voto popular
limitação do Poder Moderador para o regente
Fase da Antecipação da Maioridade – 1840/1850
decretada em 1840
visou combater as revoltas
enfatizou o parlamentarismo com forma de governo
Dom Pedro II
Fase da Prosperidade – 1871/1889
o Grande Gabinete - Visconde do Rio Branco
Lei do Ventre Livre
reforma de pessoal e serviço dos Correios
normas para promoção dos militares
novo quadro de pessoal dos empregados do
Tesouro e da Fazenda
primeiro recenseamento geral da população
escolas públicas primárias na Corte
tratados com o Paraguai
177
imigração de estrangeiros
naturalização de estrangeiros
Brasil Republicano
Primeira República – 1889/1930
Constituição de 1891
República representativa federativa
retorno aos três poderes
reorganização dos serviços da administração federal
Segunda República (Era Vargas) – 1930/1945
período do Estado Burocrático
Carta de 1934
Estado Novo – 1937
consolidação de normas trabalhistas
reforma do ensino médio e superior
criação de novos territórios
reforma jurídica
Getúlio Vargas
Terceira República – 1945/1964
grande impulso econômico
plano rodoviário
redemocratização dos três poderes
construção da Usina Siderúrgica Nacional
aproveitamento hidrelétrico
lei de financiamento de serviços públicos municipais
Grande impulso econômico
plano rodoviário
178
redemocratização dos três poderes
construção da Usina Siderúrgica Nacional
aproveitamento hidrelétrico
lei de financiamento de serviços públicos municipais
Governo Juscelino Kubitscheck
plano de metas para energia, transporte, educação,
indústria, etc
crescimento da produção industrial
construção de Brasília
normas e contratação do servidor público, contagem de
tempo de serviço, plano de assistência e plano de classificação de
cargos
imposto único de combustíveis e lubrificantes líquidos
Juscelino Kubitsheck
Quarta República – 1964/1985
Estado autoritário-burocrático
eleição indireta e 5 presidentes militares
criação do Banco Central
correção monetária
normas sobre participação dos municípios nas cotas dos tributos
da União
criação do Conselho Interministerial de Preços
criação das empresas Nacionais de Turismo, Telecomunicações e
Aeronáutica
programa estratégico de desenvolvimento – orçamento plurianual
de investimentos
179
Quinta República – 1985/...
Estado gerencial
retorno às eleições diretas
administrações com foco neoliberal
privatizações
José Sarney tornou-se presidente após o adoecimento e posterior morte
de Tancredo Neves, entre março e abril de 1985. Sarney foi eleito vice-
presidente da República na chapa de Tancredo Neves por eleição indireta,
superando o candidato Paulo Maluf.
Seu mandato se caracterizou pela consolidação da democracia brasileira,
mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de
hiperinflação histórica e moratória.
O Plano Cruzado
Na área econômica, o governo Sarney adotou uma política considerada
bastante heterodoxa. Entre as medidas de maior destaque estão o Plano Cruzado,
em 1986: congelamento geral de preços por 12 meses, e a adoção do "gatilho
salarial" (reajuste automático de salários sempre que a inflação atingia ou
ultrapassava os 20%).
O Plano Cruzado a princípio teve efeito na contenção dos preços e no
aumento do poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores passaram
a fiscalizar os preços no comércio e a denunciar as remarcações, ficando
conhecidos como "fiscais do Sarney“.
No decorrer do ano o Cruzado foi perdendo sua eficiência, com uma
grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores
e a volta da inflação. O governo manteve o congelamento até as eleições
estaduais de 1986, tentando obter os maiores dividendos políticos possíveis do
plano.
José Sarney
180
Fernando Affonso Collor de Mello, conhecido simplesmente como
Fernando Collor, (Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1949) é um empresário e
político brasileiro, atualmente filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro. Foi o
primeiro presidente da República eleito pelo voto direto após o Regime Militar,
em 1989, pelo período de 1990 e 1992.
O governo foi marcado pela implementação do Plano Collor, pela
abertura do mercado nacional às importações e pelo início do Programa
Nacional de Desestatização. Renunciou ao cargo em razão de um processo de
impeachment fundamentado em acusações de corrupção.
Teve seus direitos cassados por oito anos, e só seria eleito para cargo
público novamente em 2006, tomando posse como senador por Alagoas em
2007.
Fernando Collor
Itamar Franco
Em 1992, Collor foi acusado de corrupção e sofreu um processo de
impeachment pelo Congresso Nacional e se licencia do governo.
Itamar assume, interinamente a presidência em 2 de outubro de 1992,
sendo formalmente aclamado presidente em 27 de dezembro de 1992, quando
Collor renunciou à presidência.
O Brasil estava no meio de uma grave crise econômica, tendo a inflação
chegado a 1100% em 1992, e alcançado quase 6000% no ano seguinte. Itamar
trocou de ministros da economia várias vezes, até que Fernando Henrique
Cardoso assumisse o Ministério da Fazenda.
Em fevereiro de 1994, o governo Itamar lançou o Plano Real, elaborado
pelo Ministério da Fazenda a partir de idealização do economista Edmar Bacha,
que estabilizou a economia e acabou com a crise hiperinflacionária. Beneficiado
pelo sucesso do plano, Fernando Henrique Cardoso passou a ser o candidato
oficial à sucessão de Itamar, e foi eleito presidente em outubro de 1994,
assumindo a presidência em 1 de janeiro de 1995.
181
Itamar Franco
Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931) é
um sociólogo, professor universitário e político brasileiro. Foi presidente do
Brasil por dois mandatos consecutivos, de 1° de janeiro de 1995 a 31 de
dezembro de 2002. É co-fundador e, desde 2001, presidente de honra do PSDB
(Partido da Social Democracia Brasileira).
No primeiro mandato FHC conseguiu a aprovação de uma emenda
constitucional que criou a reeleição para os cargos eletivos do Executivo, sendo
o primeiro presidente brasileiro a ser reeleito. Em seu governo houve diversas
denúncias de corrupção, dentre as quais merecem destaque as acusações de
compra de parlamentares para aprovação da reeleição e de favorecimento de
alguns grupos financeiros no processo de privatização de empresas estatais.
Fernando Henrique Cardoso
Luiz Inácio Lula da Silva é um político brasileiro e foi presidente da
República Federativa do Brasil, por dois mandatos consecutivos, de 1° de
janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2010
A gestão é caracterizada por um governo de continuidade da estabilidade
econômica da administração de Fernando Henrique, e uma balança comercial
crescentemente superavitária. Em seu governo, a dívida interna passou de 731
bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões de reais em dezembro
de 2006, diminuindo, todavia a proporção da dívida sobre Produto Interno Bruto
com relação à década de 1990.
182
Concomitantemente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões de
reais, fruto principalmente da valorização do Real frente ao dólar e das
volumosas compras de dólares realizadas pelo Banco Central, utilizadas em
parte para recomprar a dívida (a exemplo do que foi feito com o C-Bond).
Também é marcada por manter o corte de investimentos públicos, a exemplo da
gestão anterior.
Durante o governo Lula houve incremento na geração de empregos.
Segundo o IBGE, de 2003 a 2006 a taxa de desemprego caiu e o número de
pessoas contratadas com carteira assinada (mais 985 mil) cresceu, enquanto o
total de empregos sem carteira assinada diminuiu 3,1%. Já o total de pessoas
ocupadas cresceu 8,6% no período de 2003 a 2006.
Luiz Inácio Lula da Silva
Dilma Rousseff, é uma economista e política brasileira e é presidente da
República Federativa do Brasil desde 1° de janeiro de 2011
Dilma Rousseff
3.3 Inflação
Conceito: processo de alta generalizada dos preços de uma economia,
em determinado período, com redução do poder de compra.
John Law (1716): criou bancos com emissão de moeda sem lastro:
183
inflação desenfreada;
quebra do sistema bancário; e
perda de confiança na moeda e no crédito.
Tipos de inflação
Inflação rastejante: até 10% ao ano
“lubrifica” a economia (estimula)
Inflação alta: acima de 20% ao ano
Hiperinflação: acima de 50% ao mês
Alemanha: jan. 1923: US$ 1/18 mil marcos
nov. 1923: US$1/4,2 trilhões de marcos
Distorções do processo inflacionário
Mudança dos preços relativos (bens e fatores)
Afeta as relações de troca
Afeta a distribuição de renda
Déficit da balança comercial
Afeta a realocação de fatores
Interfere na formação das expectativas
(Incerteza e riscos)
Indicadores de inflação
IGP-DI: Índice Geral de Preços Disp interna
Calculado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
Compreende a média ponderada do IPA (peso 6), IPC-RJ (peso 3) e
INCC (peso 1). Calculado pela FGV-RJ entre 1 a 30 de cada mês. Exclui
a variação de preços dos produtos exportados.
Correção de valores nos contratos em geral.
IGP-M: Índice Geral dos Preços do Mercado
Calculado pela FGV-RJ. Composto por: IPA (60%), IPC (30%) e
INCC (10%). Coleta: 21 do mês anterior e 20 do mês corrente.
Divulgação: dia 30. É um dos índices mais utilizados no Brasil.
184
Correções de títulos do Tesouro Nacional e Depósitos Bancários
com renda pós fixadas acima de um ano. Contratos de aluguel e reajuste
de tarifas de energia elétrica.
IPA: Índice de preços por atacado
Calculado pela FGV-RJ. Média ponderada da variação dos
preços por atacado de bens duráveis e não duráveis de consumo; bens de
produção (matérias-primas, veículos, máquinas e equipamentos);
produtos agrícolas; produtos da indústria de transformação.
Determinação das planilhas de custos das firmas
INPC: Índice Nacional Preços ao Consumidor
Calculado pelo IBGE entre 01 e 30 de cada mês (famílias das
Reg Metrop c/rendas entre 1 e 8 SM). Ponderação: SP, 28,46%; RJ,
12,52%; Belo Horizonte, 11,36%; Salvador, 9,10%; Porto Alegre,
7,83%; Recife, 7,10%; Brasília, 6,92%; Fortaleza, 5,61%; Belém, 4,20%.
Orientar os reajustes de salários dos trabalhadores dos setores
público e privado.
IPCA: Índice de Preços Consumidor Ampliado.
Calculado pelo IBGE nas mesmas áreas do INPC, mas as
famílias pesquisadas são as com rendas entre um e quarenta salários
mínimos.
Corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas e
servir de referência para o estabelecimento de metas de inflação do BCB.
INCC: Índice Nacional do Custo da Construção
Calculado pela FGV-RJ. Mede a variação mensal de preços de
um conjunto de produtos e serviços residenciais (como mão-de-obra),
obras públicas de engenharia civil e infra-estrutura em 18 dos principais
municípios do País.
Planilhas de custos do setor de construção civil.
185
Valores nominais e valores reais
Valores nominais: são os apresentados a preços correntes (preços do
período em que os bens foram produzidos).
Ex. Uma dívida de R$ 1.000 em 1995 quanto vale hoje? R$ 1.000
comprava mais coisas em 1995 do que hoje. O dinheiro se desvalorizou. É
186
preciso acrescentar a inflação do período. Se ela foi 30%, então a dívida será R$
1.300.
Valores reais: transformado a preços do período.
Taxa de Juros Nominal = Taxa de Juros Real + Inflação
Causas da inflação
187
Inflação de demanda
Pressões de YD : C, I, G
C depende da renda, juros, disponib. Crédito;
Teoria quantitativa da moeda: M.V = P.Q
Monetaristas: controle de M e juros;
Fiscalistas: Redução dos gastos públicos G e
aumento dos impostos T
Inflação de custos:
Repasse aos preços do aumento de salários e de outros insumos
(energia, matérias-primas, serviços, peças de reposição, impostos ...);
Inflação salarial: YS = f(w/p) ... Lucros ↑ ou ↓;
Inflação de lucros: poder de mercado: grau de
oligopólio, inelasticidade preço do bem ...
Espiral inflacionária salário-preço
Controle de preços e salários pelo Governo
Se o diagnóstico for inflação de demanda:
Política monetária:
1. redução meios pagamen. (Dep. compuls; Oper merc abert;
Redesconto);
2. Elevação das taxas de juros (C↓e Inv↓);
3. Compressão do Crédito (idem).
Política fiscal:
1. Corte dos gastos públicos;
2. elevação de impostos.
Se o diagnóstico for inflação de custos:
As Políticas monetárias e fiscais são ineficazes
Inflação resulta: poder de barganha sindicatos ou do poder de
mercado das firmas
Curva de Philipps: conflito entre inflação e desemprego:
1. Corte de G: inflação↓, mas desemprego ↑
2. Aumento G: desemprego↓, mas inflação ↑
Hiper-Inflação e Imposto Inflacionário
É a inflação maior que 50% em um único mês
188
Na maioria dos países é causada quando o governo imprime muita
moeda para pagar o seus gastos
189
Quando o governo aumenta a sua receita através da impressão de moeda,
é dito que ele impôs um imposto inflacionário sobre a economia.
A inflação só termina quando o governo institui reformas fiscais, como o
corte de gastos.
Inflação e desenvolvimento
Inflação provocada p/Governo na tentativa de aumentar a taxa de
crescimento
Poupança forçada: w/p ↑ o Inv ↑ e taxa cresc ↑
Inflação e ciclo econômico:
Fase ascendente: Credito ↑ Inv ↑ cresc c/P ↑
Recessão: P ↓ e Q ↓ desemprego aumenta
justifica-se o aumento dos gastos públicos
Estruturalistas e a inflação
Estrangulamentos da oferta causam inflação:
Estradas, portos, hidrelétricas, indust básicas, mão-de-obra
especializada: gastos G↑ e P↑
Principais estrangulamentos da economia:
Oferta inelástica alimentos: custo vida↑ e P↑
Escassez de divisas: Import↓ e P↑
Restrição orçamentária: emissão, MP↑ e P↑
Poup insuficiente: Inv excessos demanda ↑
Principais estrangulamentos da economia:
Escassez de mão-de-obra especializada e sindicatos fortes:
salários tendem ↑ e P↑
efeito-demonstração do consumo
espiral inflacionária salários-custos: P↑
Inflação importada: P imp ↑ e P↑
(Não acreditam nas teorias monetaristas de combate à inflação; não
acreditam na teoria quantitativa da moeda).
Políticas de combate à inflação no BR
190
Tratamento de choque: a inflação caiu de 100% em 1964 p/34,5%
em1965 e 20% 1969;
Políticas gradualistas (inflação mais baixa);
Hiperinflação: 2.489% 1990 (INPC);
Planos econômicos com baixas taxas de crescimento do PIB: 1% a.a.
1991 e -0,5% 1992;
4.9% 1993, 5,9% 1994 e 2,7% 1995 e menos;
Combate à inflação reduz o crescimento econ.
Choques de oferta e os Planos
Choques do petróleo 1973 e 1979;
II PND 1974-1978 a inflação subiu mais (Substit imp aço, metais não
ferrosos e energia);
Inflação: 110% (1980) p/235% em 1985;
Correção monetária: alimentava a inflação;
Inflação inercial: repetição da inflação passada em razão da correção
monetária de ativos e contrato.
Planos heterodoxos
Plano Cruzado (1986): congelamento de preços e salários: pressão de
custos e inflação de demanda (w↑ e G↑); desabastecimento, ágios e maquiagem
de produtos;
Plano Bresser, Plano Verão (1987 a 1989);
Plano Collor I e II (confisco da poupança): G ↑
Síntese: Congelamento não deu certo pela ausência de políticas de
austeridade (monetárias e fiscais).
Plano Real
URV: Unidade Referencial de Valor: Os preços passaram a flutuar em
torno desse índice (acomodação dos preços relativos);
Conversão dos preços em reais após 4 meses;
Proibida a indexação de preços e salários;
Inflação: 1.094% (1994) p/ 1,7% a.a. (1998);
Âncora cambial: US$ 1/R$ 1 (bandas);
191
Déficits bal comerc ↑, mas K exter ↑ (juros ↑).
Regime de “Metas para a Inflação”
Início junho 1999: 20% para 9,8% em 2000;
Fixa-se a taxa de inflação desejada, com juros altos (contenção do
consumo): aumenta o afluxo de capital externo (dólares);
Critérios para definir a taxa interna de juros:
iN = i* + DtCe + RP ... Taxa de juros SELIC
iR = iN – IPCA = 15,24% – 4,23% = 11,02%
(IGPA últimos 12 meses; meta: 4,25% a.a., +-2%)
RANKING DOS JUROS REAIS (16/9/05)
1. Brasil: 11,6%; 2. Turquia: 9,0%;
3. China: 6,4%; 4. Hungria: 6,0%;
5. México: 5,4%; 6. Polônia: 4,8%;
7. África Sul: 3,5%; 8. Índia: 3,5%;
9. Austrália: 3,1%; 10. Israel: 2,6%;
França: 0,5%; Japão e Canadá: 0,4% a.a.
EUA: 0%
taxas negativas: Portugal: - 0,6%; Argentina: - 6%.
Relação Entre Moeda, Inflação e Taxa de Juros
No longo prazo, uma mudança no crescimento da moeda não deve afetar
a taxa de juros real, dessa forma, a taxa de juros niominal da economia deve ter
uma relação de um para um com a inflação
Quando o banco central aumenta a taxa de crescimento da moeda, o
resultado é tanto o aumento da inflação como o aumento da taxa de juros
nominal da economia. É o chamado Efeito Fisher.
192
A Falácia da Inflação
Falácia: “A inflação reduz a renda e diminui o padrão de vida dos
indivíduos”;
Fato: “O preço inflacionado de um indivíduo, é a receita inflacionada de
outro indivíduo”. A não ser que as receitas sejam fixadas em termos nominais,
os preços mais altos pagos por consumidores é exatamente contra-balançado
com o aumento de receita pelos vendedores .
Os Custos da Inflação
Existem pelo menos seis custos provenientes da inflação:
Sola de Sapato;
Menu;
Aumento da variabilidade dos preços relativos;
Aumento de imposto;
Confusão e inconveniência;
Redistribuição arbitrária de riqueza.
Sola de Sapato
A inflação reduz o valor real da moeda, dessa forma os
indivíduos tentarão minimizar a quantidade de moeda em seu poder.
Com isso os indivíduos têm que ir mais vezes aos bancos para aplicar a
sua renda em fundos de investimento.
Idas mais vezes aos bancos, reduzem a quantidade de tempo
disponível para atividades produtivas.
193
Menu
Em tempos inflacionários é necessário estar sempre atualizando
as listas de preços.
Esse é um processo que consome muitos recursos, tirando esses
recursos de atividades produtivas .
Aumento da variabilidade dos preços relativos
Em tempos de inflação, apesar dos preços estarem sempre
subindo, há uma demora, curta é verdade, entre os aumentos; nesse
período outros preços da economia estarão subindo tornando impossível
a comparação dos preços relativos.
Aumento de imposto
Com a inflação, salários eventualmente reajustados são tratados,
muitas vezes, como ganho real. Conseqüentemente com a taxação
progressiva, salários nominais maiores pagarão mais imposto.
Confusão e inconveniência
Com inflação é necessário estar sempre fazendo ajustes e
correções para podermos comparar custos, receitas e lucro real.
O tempo gasto fazendo esses ajustes poderia ser gastos
produzindo mais bens e serviços.
Redistribuição arbitrária de riqueza
Com inflação incorretamente prevista ou completamente
imprevista, riqueza é redistribuída entre credores e devedores
monetários. Essa redistribuição pode ser considerada inaceitável sob
outras circunstâncias.
UNIDADE IV – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
4.1 Conceitos e indicadores do desenvolvimento
Crescimento e a riqueza das nações – objeto da economia desde sua
origem;
Preocupação dos clássicos: Smith, Ricardo, Marx, Schumpeter, Escola
CEPAL (Celso Furtado): aumento da produtividade, crescimento, riqueza e
acumulação --- “bem estar”.
194
Desenvolvimento econômico – disciplina específica pós 2ª Grande
Guerra
Contexto reconstrução;
Descolonização e novos Estados Nacionais;
Planejamento econômico (guerra, reconstrução-Plano Marshall e
URSS – planejamento centralizado x mercado).
1ª questão – o que é desenvolvimento?
2 ª questão – como medir
Questões complexas, embora idéia intuitiva de desenvolvimento
Riqueza material – renda per capita.
Distribuição da Riqueza (desigualdade).
Desenvolvimento social, cultural, etc .
Valores (liberdade, justiça, etc.).
Definição:
“Crescimento econômico é um crescimento contínuo da renda total e per
capita ao longo do tempo.”
Pinho e Vasconcellos (2006, p. 366)
“Desenvolvimento econômico faz “parte da teoria econômica dedicada
ao estudo da melhoria do padrão de vida da coletividade ao longo do tempo.
Analisa o progresso tecnológico, estratégias de crescimento, entre outros
assuntos.
Pinho e Vasconcellos (2006, p. 368)
ou com outros palavras:
Crescimento Econômico: Ampliação do valor do Produto Interno
Bruto, passível de medição pelas Contas Nacionais;
Desenvolvimento Econômico: Elevação da Qualidade de Vida da
população e redução das diferenças econômicas e sociais entre seus
membros.
Crescimento Econômico: Evolução positiva do PIB, ou da Renda
Nacional, ou da Demanda Final do sistema econômico de um país.
Desenvolvimento Econômico: Transformação Estrutural da Economia
de um país por mudanças na estrutura técnica, nas relações entre setores
econômicos, na capacitação da PEA (População Economicamente Ativa).
195
Subdesenvolvimento: Situação caracterizada por elementos econômicos e
sociais que compõem uma “estrutura econômica social”
Desenvolvimento: Processo de mudança permanente nos elementos
econômicos e sociais que caracterizam um “sistema econômico”
Transição do Subdesenvolvimento para o Desenvolvimento
Não depende apenas da passagem do tempo – exige políticas específicas;
Não depende apenas do Mercado;
Implica em transformações nas relações de produção, sob a perspectiva
técnica e sob a perspectiva da organização social.
Permanência das Economias Subdesenvolvidas
Gênese e desenvolvimento do modo de produção capitalista criam
“economias centrais” e “economias periféricas” e permite a reprodução
sofisticada do Subdesenvolvimento:
1. Elites Políticas beneficiadas pelo modelo
2. Modelo de Transformações Econômicas baseado na Substituição de
Importações:
Fase 1: Produção de Bens de Consumo Não Durável (importa-se
bens duráveis e demais)
Fase 2: Produção de Bens de Consumo Não Duráveis e Duráveis
(importa-se máquinas e insumos)
Fase 3: Produção de Bens de Consumo e de Bens de Capital, as
“máquinas de fazer máquinas” (importa-se tecnologia).
3. Organização Social excludente:
Educação não universal
Necessidades Básicas não satisfeitas
Evolução Demográfica (como tratá-la?)
4. Organização Política imatura:
Partidos Políticos “indefinidos ideologicamente”
Organizações da Sociedade Civil frágeis, Sindicatos
excessivamente dependentes do Poder do Estado
O “Círculo Vicioso”: Nações Desenvolvidas-Nações subdesenvolvidas
196
As Nações Desenvolvidas criam Nações Subdesenvolvidas?
Colonialismo
Imperialismo como Etapa Superior do Capitalismo
As Nações Independentes (por ex: Inglaterra x EUA, Inglaterra x
Canadá, Portugal x Brasil e, ainda, o Japão)
As Nações Subdesenvolvidas são essenciais às Nações Desenvolvidas?
Argumentos x História:
A acumulação dos países centrais depende dos ganhos na
periferia, é fato?
A autonomia da periferia inviabiliza o funcionamento do Centro,
é fato?
A Constituição de um Sistema Econômico (de um país capitalista)
1. A Organização de um Mercado Interno
Fortalecimento da Divisão Social do Trabalho
Fortalecimento da Divisão Técnica do Trabalho
Constituição de uma classe de Trabalhadores Assalariados
2. A Utilização adequada dos Fatores de Produção
Ações políticas através dos órgãos e planos plurianuais
Causas: atividade econômica
aumento de capital
melhoria bem estar econômico
acumulação de conhecimento
Objetivos do desenvolvimento:
Elevação padrão de vida
Bem estar social
Crescimento econômico social
Estabilidade econômico-politico-administrativa
Etapas:
1ª - sociedade tradicional: economia não evolui, não cresce
2ª - pré condições arranco: primeiros passos, infra estrutura
3ª - arranco (take off): industrialização intensa, comex, associativismo
4ª - maturidade: produz e consome em massa
5ª - consumo em massa: bem estar social, tecnologia
197
Fatores de Produção
Recursos Naturais
Características Naturais
Recursos do Solo e do Subsolo
População e Força de Trabalho
Volume Populacional
Densidade e Distribuição Geográfica
Composição por Faixas Etárias
Qualificação
Capital
Capacidade de comandar trabalho, capacidade de Investir
Tecnologia
Apropriação da Natureza
Aumento da Produtividade
Racionalização do uso da Força de Trabalho
Indicadores do Nível de Desenvolvimento
1. Vitais:
Expectativa de Vida
Mortalidade Infantil
Estrutura Etária
Taxa de Crescimento Populacional
2. (a) Econômicos (Estruturais)
Força de Trabalho
Qualificação
Contingente Feminino
Recursos Naturais
Nível e Formas de Exploração
Nível de Conhecimento
Capital
Investimento per capita
Desagregação em Infra-estrutura e Capacidade produtiva
Caracterização da Propriedade do Capital
198
Estrutura da Produção
Composição Setorial
Nível Tecnológico / Produtividade
Integração Intersetorial
Integração Internacional
Contribuição Setorial para a Balança de Pagamentos
Estrutura de Distribuição da Renda
Estratificação Salários, Lucros, Impostos
(b) Indicadores Econômicos (Demanda Final Disponível)
Distribuição de Renda per Capita
Bens de Consumo Não Durável e Durável disponíveis (alimentos, têxteis,
eletrodomésticos)
Bens de Investimento (cimento, energia, ferro & aço, equipamentos)
Infra-estrutura Disponível (capacidade de transportes, malha ferroviária e
rodoviária, energia, telecomunicações)
Serviços Sociais disponíveis (educação por nível de qualificação, assistência
médica, serviços culturais...)
3. Sociais
Estratificação Classes Sociais/Renda
Estratificação Étnica/Renda
Mobilidade Social
Participação Política
Estrutura da Propriedade dos Meios de Produção...
Como medir a “Qualidade de Vida” da População de um país ?
Utilizando variáveis “proxi” como:
1. PIB per capita
2. Distribuição do PIB sob as óticas da
1. Demanda Final
2. Distribuição da Renda (Índice de GINI)
3. Linha de Pobreza
4. Índice de Desenvolvimento Humano IDH (hoje um indicador universal de
qualidade de vida)
5. IDH municipal – IDHM
199
Quadro 1 - A proxi PNB per capita
Dúvida: valores em (US$) conseguem comparar a produção de diferentes países ?
Os valores em US $ usam as taxas de cambio oficiais, definidas por
metodologias adotadas pelos países e acordadas com o FMI
Como eliminar diferenças dos preços relativos internos a cada país?
Como criar uma “moeda” que leve em conta os preços internos e facilite a
comparabilidade?
Solução: o “US$ PPC - paridade do poder de compra”
(internacionalmente US$ PPP - purchasing power parity)
Corrigindo os valores em (US$)
“O Dólar PPC á calculado por meio de uma taxa de câmbio que leva em
conta as diferenças de preços de mercadorias análogas entre países, permitindo a
comparação das situações reais de capacidade de compra da moeda local com
relação ao dólar americano, e portanto, uma medida mais realista do PIB do país
e da Renda da população” (visão PNUD).
A moeda local, convertida em “dólares ppc”, tem o mesmo poder de
compra de uma cesta de bens e serviços no mercado doméstico, que o poder de
compra em dólares americanos da mesma cesta de bens e serviços no mercado
dos Estados Unidos (visão Banco Mundial).
(Adotado pelo PNUD e pelo Banco Mundial. Em 2001 calculava-se
“dólar ppp - ou ppc, em português” para 118 países – de um total de 220
distintas entidades políticas nacionais.
Cálculo do “Dólar PPP”
Posição em
1996País
PNB ( US $ bilhões)
PNB per
capita (US$) Posição
1Estados
Unidos7 433.5 28 020 8
2 Japão 5 149.2 40 940 2
.... .... .... .... ...
7 China 906.1 750 81
8 Brasil 709.6 4 400 31
9 Canadá 569.9 19 020 18
10 Espanha 563.2 14 350 22
200
Taxa de Câmbio Oficial (FMI) Dólar x Real:
1 US$ = 2. 90 R$ 100 US$ = 290 R$ (2002)
Cesta de Mercadorias e Serviços “Padrão”: CMSP
Taxa de Câmbio Oficial (FMI) Dólar x Real:
100 US$ = 110 Pesetas
100 US$ = 160 Dólar Canadense
100 US$ = 830 yuan
100 US$ = 125.40 ienes
Cesta de Mercadorias e Serviços “Padrão”: CMSP
Quadro 2 - Comparação US $ x US$ PPC
Valores 2002
US$ oficial US$ PPC
Fator de Conversão de medidas
em US$ para medidas em US$
PPC
EUA 1.00 1.00 1.00
Japão 125.40 146.20 0.86
…. …. …. ….
China 8.30 1.80 4.61
Brasil 2.90 1.00 2.90
Canadá 1.60 1.20 1.33
Espanha 1.10 0.80 1.38
Quadro 3 - Comparação PNB per capita (US $ x US$ PPC)
201
País Posição em
2002
PNB per capita
(US$)
Posição em
2002
PNB per capita
(US$ PPC)
Estados Unidos 6 35 400 4 35 400
Japão 7 34 010 10 27 380
.... ... .... .... ....
China 136 960 125 3 750
Brasil 91 2 830 86 7 450
Canadá 23 22 390 11 28 930
Espanha 40 14 580 36 21 210
A Distribuição do PIB como proxy de estratégias de desenvolvimento
1. A proxi “Distribuição da Demanda Final”
2. Distribuição de Renda por Curvas de Lorenz
(Ex.: Renda em uma nação
igualitária)
Estrato
População (%) Renda (%)
0 0.0 0.0
I 20.0 20.0
II 40.0 40.0
III 60.0 60.0
IV 80.0 80.0
V 100.0 100.0
Variáveis Acumuladas
202
(Nação igualitária e nação B)
Curvas de Lorenz
Distribuição de Renda - Nação A (igualitária)
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
0 02 04 06 08 001
População (%)
Ren
da (
%)
Nação A(Igualitária)
Estrato Estrato
População (%) Renda (%) População (%) Renda (%)
0 0.0 0.0 0 0.0 0.0
I 20.0 5.0 I 20.0 5.0
II 20.0 5.0 II 40.0 10.0
III 20.0 15.0 III 60.0 25.0
IV 20.0 30.0 IV 80.0 55.0
V 20.0 45.0 V 100.0 100.0
Total 100.0 100.0
Variáveis por Estrato Variáveis Acumuladas
203
2. Curvas de Lorenz e Cálculo do Índice de Gini
3. Índice de Gini (Nação Igualitária e Brasil, em 1996)
GBrasil = 0, 605; G max = 1.0 ; G min. = 0.0
Estrato Estrato
População (%) Renda (%) População (%) Renda (%)
0 0.0 0.0 0 0.0 0.0
I 20.0 2.5 I 20.0 2.5
II 20.0 5.7 II 40.0 8.2
III 20.0 10.1 III 60.0 18.3
IV 20.0 18.5 IV 80.0 36.8
V 20.0 63.2 V 100.0 100.0
Total 100.0 100.0
Variáveis por Estrato Variáveis Acumuladas
Curvas de Lorenz
Distribuição de Renda - Nação A (igualitária) x Nação B
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
0 02 04 06 08 001
População (%)
Ren
da (
%)
Nação A(Igualitária) Nação B
204
Quadro 5 - Linha de Pobreza
4. Metodologia para Cálculo do IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano resulta da combinação de três dimensões:
1. Longevidade (medida pela esperança de vida ao nascer)
2. Educação (medida pela combinação da taxa de alfabetização de adultos, com peso 2/3,
e da taxa combinada de matrícula nos três níveis de ensino, com peso 1/3)
3. Renda (medida pelo PIB per capita, expresso em dólares PPC, ou paridade do poder de
compra).
Para que os indicadores possam ser combinados em um índice único, eles são
transformados em índices parciais, cujos valores variam entre 0 e 1. A fórmula geral para a
construção desses índices é:
Note-se que os valores limites (pior/mínimo e melhor/máximo) não coincidem com o
pior e o melhor valores da amostra observada; são parâmetros relativamente estáveis,
definidos pelo PNUD, e permitem as comparações entre regiões e entre países.
Índice de Longevidade
O Índice de Longevidade (ILj) do país j, cuja esperança de vida
ao nascer é Vj, é obtido através da aplicação direta da fórmula geral
descrita antes, ou seja:
205
Para a aplicação da fórmula básica, adota-se como pior e melhor
valores para a esperança de vida, respectivamente, 25 e 85 anos.
Índice de Educação
Para obter o Índice de Educação (IEj) do país, cuja taxa de
alfabetização de adultos é Aj e cuja taxa combinada de matrícula é Mj
(três níveis, de 7 a 22 anos), primeiro transformamos as duas variáveis
em índices usando a fórmula geral anterior, utilizando 0% e 100% como
os valores limites:
e combinamos os dois índices, com os pesos de 2/3 e de 1/3:
Índice de Renda
A construção do Índice de Renda (IRi) do país j, cujo PIB per
capita é conhecido, é um pouco mais complexa, e parte da hipótese de
que a contribuição da renda para o desenvolvimento humano apresenta
rendimentos decrescentes. Essa hipótese é incorporada ao cálculo do
IDH através da função logarítmica:
O maior valor é $40.000 PPC e o pior, $100 PPC. Todos os
valores são em dólar Paridade Poder de Compra, para garantir
comparabilidade entre países, sendo que o valor da taxa de dólar PPC é
dado pelo Banco Mundial.
206
Índice De Desenvolvimento Humano
O IDH do país j, cujos índices de longevidade, educação e renda
são, respectivamente, ILj, IEj e IRj é a média aritmética simples dos três
índices:
O IDH varia entre os valores 0 e 1, sendo que quanto mais
próximo de 1 mais alto será o nível de desenvolvimento humano do país.
Para classificar os países em três grandes categorias o PNUD estabeleceu
as seguintes faixas:
0 < IDH < 0,5 Baixo Desenvolvimento Humano
0,5 ≤ IDH < 0,8 Médio Desenvolvimento Humano
0,8 ≤ IDH < 1 Alto Desenvolvimento Humano
4.2 Fatores do desenvolvimento
História:
Anos 50: Industrialização
Anos 60: Reformas
Anos 70: Estilos (e discussão sobre endividamento versus
fortalecimento exportador)
Anos 80: Crise da dívida/ ajuste/estabilização
Anos 90: Transformação produtiva com equidade
ANOS 50: Industrialização Teoria estruturalista inaugural
Caracterização das economias “periféricas” por contraste às “centrais”:
Baixa diversidade produtiva (complementaridade intersetorial e
integração vertical reduzidas) e especialização em bens primários;
Forte heterogeneidade tecnológica e oferta ilimitada de mão-de-
obra com renda próxima à subsistência;
207
Estrutura institucional (Estado, estrutura fundiária latifundiários e
empresarial, etc.) pouco vocacionados para o investimento e o progresso
técnico
Análise das relações “centro-periferia”, com base nesse contraste
Implicações: a industrialização é a forma de superar a pobreza e de
reverter a distância crescente entre a periferia e o centro, mas é problemática:
Baixa diversidade → necessidade de investimentos simultâneos em
muitos setores - processo é muito exigente em matéria de poupança e de divisas
Especialização em bens primários → a capacidade de geração de divisas
é limitada, e a pressão por divisas é elevada
Heterogeneidade tecnológica → a produtividade média é baixa e é
pequeno o excedente como proporção da renda
Atraso institucional → desperdício de parte do excedente através de
investimentos improdutivos e de consumo supérfluo, baixo estímulo ao
investimento e ao progresso técnico, etc.
Anos 60: reformas
Fatos estilizados, fins dos 50/início dos 60:
Estrangulamento externo/inflação
Urbanização/ crescente miséria urbana
Revolução cubana/Aliança para o Progresso
Diagnóstico: Há fortes barreiras à sustentação do crescimento e à
inclusão social. A industrialização não elimina a heterogeneidade tecnológica e a
dependência, apenas altera a forma como essas características passam a se
expressar. O subdesenvolvimento é um processo de crescimento em estruturas
heterogêneas. Seus segmentos modernos são comandados por capitais externos
e seus associados internos (conglomerados multinacionais vistos como os atores-
líderes da nova modalidade de dependência), justapostos a uma vasta estrutura
atrasada, e incapazes de integrá-la à modernidade.
Mensagem: É necessário redistribuir a renda, reformar o Estado e
controlar os centros de decisão para promover o desenvolvimento
Anos 70s: debate sobre “estilos” (e sobre adequação à crise internacional)
Fatos estilizados, fins dos 60/70s :
208
Crescimento acelerado, e acentuação das desigualdades sociais
durante o auge expansivo de 1965-73
Crise mundial de 1973/74, e endividamento crescente
Diagnóstico: A interação entre “estruturas” de demanda e de oferta está
determinando um “modelo” de crescimento perverso (que se dinamiza através de
concentração da renda), não necessariamente pouco dinâmico
Mensagem: É necessário recuperar a democracia, como pré-requisito
para viabilizar politicamente a mudança de estilo
Reação à crise internacional e ao endividamento
Alerta contra excessos de endividamento, em função do perigo de
elevação dos juros dos empréstimos, e em função de possíveis cenários pouco
favoráveis quanto à evolução dos mercados de exportação.
Recomendação em favor de agressividade exportadora (via
complementaridades entre ganhos de escala por mercado interno e promoção de
exportações)
Anos 80: Deslocamento do eixo de análise, das questões de longo prazo à “trilogia”
dívida/ inflação/ajuste
Diagnóstico dos anos 80: recessão é forma inócua de tratar a crise da
dívida, além de socialmente injusta. A forma correta de ajustar é pela via do
investimento, do crescimento, e da diversificação das exportações
Mensagem: renegociar dívida para ajustar com crescimento.
Anos 90: a agenda da “transformação produtiva com equidade”
Fatos estilizados relevantes(a):
Retorno dos fluxos de capitais externos
Generalização das reformas liberalizantes
Estabilização de preços, melhoria no quadro fiscal, deterioração
no balanço de transações correntes
Fatos estilizados relevantes(a):
Volatilidade de capitais em condições de fragilidade na
institucionalidade financeira
Crescimento moderado e muito instável
209
Recuperação insuficiente nos investimentos, crescente
heterogeneidade produtiva, intensificação da especialização produtiva
em commodities (salvo no México, onde a especialização é em
“maquiladores”)
Alguma melhoria nos índices de pobreza, piora nas taxas e na
qualidade do emprego, nenhum progresso na distribuição de renda.
Transformação produtiva com equidade: uma agenda de reflexão sobre a
“transição” dos 90
Recuperação da perspectiva de médio e longo prazos, nos dois trilhos
clássicos da CEPAL: crescimento/ progresso técnico e emprego/distribuição de
rendas
Posição crítica “moderada” frente as reformas: em busca de uma nova
agenda de políticas para enfrentar o baixo dinamismo, os problemas sociais e as
insuficiências do mercado (reformar as reformas)
Em busca de “história real” para poder interpretar o comportamento das
economias no novo paradigma
Atualidade da contribuição cepalina: subdesenvolvimento como processo evolutivo
específico de estruturas produtivas e sociais heterogêneas
Análise das debilidades da estrutura institucional, produtiva e social, e
de suas implicações em termos de políticas econômicas
Análise das barreiras à criação, incorporação e difusão de progresso
técnico
Análise de interações entre crescimento e distribuição de renda (estudo
de padrão ou estilo de desenvolvimento)
Análise da inserção internacional e da vulnerabilidade externa
População e PIB Mundial: Longo Prazo
Visão de longo prazo (ano 0 até o ano 2000) mostra diferenças
importantes entre períodos e grupos de países;
Performance econômica do mundo muito melhor no segundo milênio
que no primeiro;
210
Entre ano 1000 e 1998 a população cresceu 22 vezes e a renda per capita
13 vezes;
Entre ano 0 e o ano 1000, a população cresceu 15% e a renda per capita
teve uma pequena redução.
População e PIB Mundial: Longo Prazo
No segundo milênio – dois grandes períodos: antes e depois de 1820:
Entre 1000 e 1820 renda per capita cresceu 50%;
Pós 1820 – a renda per capita cresceu 8,5 vezes (população 5,6
vezes);
Mas essa trajetória foi muito distinta entre países e regiões.
Dinâmicos: Europa Ocidental, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e
Japão (PIB per capita 19 vezes).
População e PIB Mundial: Longo Prazo
Crescimento lento: América Latina, Europa Oriental, Ásia (exceto
Japão) e África (PIB per capita 5,4 vezes)
“gap” entre dois grupos aumentou sensivelmente: no ano 1000 a renda
per capita do primeiro grupo era menor que a do segundo; em 1820 era 2 vezes
maior, em 1998 era 7 vezes maior
No ano 1000 a Ásia (sem Japão) produzia 2/3 do PIB mundial e a
Europa Ocidental menos de 9%; em 1820 essas proporções eram 56% e 24%;
em 1998 a Ásia era responsável por 30% e a Europa Ocidental por 46%
População Mundial – 0 dc a 1998
211
PIB per capita mundial – 0 dc a 1998
Mudanças populacionais
O crescimento da população mundial no último milênio foi
conseqüência de mudanças significativas na natalidade e na mortalidade. A
queda da mortalidade foi o aspecto mais importante, especialmente após 1820.
Também existem fortes diferenças entre os grupos de países e
internamente a cada grupo, em termos de expectativa de vida, mas essas
diferenças são muito menores que as diferenças de renda
212
Expectativa de vida e mortalidade: 33 dc a 1869
Taxa de natalidade e Expectativa de Vida 1820 – 1998/99
População da Europa Ocidental: comparação entre primeiro e segundo milênio dc
213
Crescimento Acelerado: fenômeno recente
Desigualdade interna nos diferentes países
Desigualdade menor em países de renda per capita elevada
Desigualdade maior nos países de renda „média‟
Hipótese complexa; a distribuição piora e depois melhora quando a renda per
capita se eleva (?)
214
Trajetórias de cada país são resultado de uma combinação complexa do arranjo
econômico, social e político interno
Correlações entre Renda e Variáveis selecionadas
Renda e
esperança de vida
Renda e
analfabetismo
Renda e
Mortalidade infantil
Forte
correlação entre renda e essas variáveis
Correlação maior para rendas baixas e médias
Renda per capita Versus Esperança de vida
215
Renda per capita e escolaridade
Renda per capita e Mortalidade infantil
216
Agenda: Características Estruturais
Demografia – taxa natalidade – mortalidade e transição demográfica (razão de
dependência)
Estrutura ocupacional – correlação entre emprego na agricultura e Renda per
capita – mas percentual elevado nos serviços para qualquer faixa de renda per
capita (informalidade, menor desenvolvimento industrial, etc.)
Urbanização - correlação com Renda per capita (mas também depende da
estrutura social e política)
Comércio Internacional
Composição da pauta comercial (bens primários) – „vantagens
comparativas‟?
Deterioração dos termos de troca: questão em aberto
Importações: menor diferença entre ricos e pobres
Questão complexa – multifacetada – “problema recente”
Diversas dimensões
Crescimento econômico – da renda e da renda per capita (explicar o
crescimento)
Outras dimensões – cada vez mais relevantes
Riqueza material – renda per capita
Distribuição da Riqueza (desigualdade)
Desenvolvimento social – mobilidade
Desenvolvimento cultural – compreender/ transformar o mundo
Valores (liberdade, justiça, equidade, democracia)
217
BILBIOGRAFIA
FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. 3. ed. Campinas:
Unicamp, 2008.
MANKIW, N. G. Introdução a economia. São Paulo: Thomson, 2007.
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5.ed. São Paulo: Thomson,
2005.
PINHO, D. B.; Vasconcelos, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2005.
ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
WESSELS, W. J. Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. Curitiba: IBPEX, 2006.
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