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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR
AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO
SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL
RIO BRANCO
ACRE - BRASIL
2013
i
FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR
AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO
SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL
Dissertação apresentada à Universidade Federal do
Acre, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, para
a obtenção do título de “Magister Scientiae”, sob a
orientação do Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes
Maciel.
RIO BRANCO
ACRE - BRASIL
2013
ii
©LIMA JUNIOR, F. B., 2013.
LIMA JUNIOR, Francisco Bezerra. Agricultura familiar e suas relações de mercado: um estudo sobre a
formação de preços do palmito de pupunha do PDS Bonal. Rio Branco, 2013. 108 f. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento Regional) – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Universidade Federal do Acre, Rio
Branco.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAC
Bibliotecária: Maria do Socorro de O. Cordeiro – CRB 11/667
L732a Lima Junior, Francisco Bezerra, 1987-
Agricultura familiar e suas relações de mercado: um estudo sobre a
formação de preços do palmito de pupunha do PDS Bonal / Francisco
Bezerra de Lima Junior. – 2013.
108 f.: Il.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Acre, Pró-
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Curso de Mestrado em
Desenvolvimento Regional. Rio Branco, 2013.
Inclui referências bibliográficas e anexos.
Orientador: Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel.
1. Agricultura Familiar. 2. Formação de Preços. 3. Palmito de
pupunha. I. Título.
CDD: 338.1
iii
iv
Aos meus pais, pelo amor incondicional.
v
AGRADECIMENTOS
A conclusão deste trabalho é fruto de uma trajetória de aprendizado marcada pela
contribuição de muitas pessoas. Certamente nem todas as pessoas a quem eu gostaria de me
referir estarão citadas abaixo, muito embora assim eu gostaria que fosse. Além disso, as
palavras aqui mencionadas certamente serão incapazes de expressar o meu sentimento de
gratidão, portanto, peço a todos que tenham complacência com este que aqui se manifesta.
Ao meu Deus, supremo criador do universo, pelo privilégio de me conceder saúde,
paz, coragem e esperança para lutar por dias melhores sobre a terra. Louvado seja o nome do
Senhor pela todo o sempre!
Aos meus pais, Sr. Francisco e dona Angelita Lima, pelo amor, pelo cuidado e pela
ajuda incondicional que sempre dedicaram a mim e aos meus irmãos. Sem vocês eu não teria
alcançado tamanha bênção!
Aos meus irmãos, Inês, Eliete, Jociley, Jocilene, Sandra e Jair, pelo cuidado e carinho
que sempre tiveram por mim.
À Aline, Jaderley, Jayne, Samuel e Esther, meus amados sobrinhos, e aos meus
cunhados Aldenor, Arnaldo, Mariana, Jorge, Joel e Luana, por sempre estarem ao meu lado, e
acima de tudo, por fazer parte da minha família!
À minha noiva Clícia Rodrigues, pelo carinho e atenção que sempre teve comigo, pelo
apoio em todos os momentos difíceis e pelas trocas de palavras nos momentos de angústias,
além, é claro, do seu gigantesco amor e compreensão, que são fontes de inspiração... Te amo!
Ao professor, conselheiro e amigo Almir Dantas, pela amizade, confiança e incentivo
depositados em mim desde a educação básica.
Ao meu orientador, professor Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel, pela amizade e
atenção destinada a mim, além de seus valiosos conselhos e orientações que serão lembrados
por toda a minha vida.
A toda equipe de pesquisadores e bolsistas do Projeto ASPF, em especial à Dieime,
Pedro, Geso, Tiago, Reginaldo, Paulo, Eline e Emerson, pelo apoio e ajuda incondicional em
todas as etapas da pesquisa deste trabalho.
Aos Professores Carlito e Carlos Franco, pela amizade e pelos incentivos e, além
disso, por terem aceitado o convite de participar da banca de qualificação e defesa desta
dissertação.
vi
Ao Professor Rubicleis, pelos conselhos, orientações e incentivos repassados desde a
graduação do curso de Ciências Econômicas.
A todos os colegas do Mestrado em Desenvolvimento Regional, em especial à Ana
Paula e Flávia, companheiras que estiveram ao meu lado durante todo o percurso da pós-
graduação, pelo compartilhamento de novas experiências que foram basilares para a
conclusão deste trabalho.
Aos produtores rurais e lideranças do PDS Bonal, em especial à Francisca, Raimundo,
Edilson, Antônia e Manoel, pela acolhida e pelas valiosas informações que foram
fundamentais para a construção deste trabalho.
A toda a rede de supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias do Estado do
Acre, pelo apoio à pesquisa realizada nos estabelecimentos e pelas preciosas informações que
foram necessárias para a concretização deste trabalho.
A CAPES pela concessão de bolsa de estudo essencial na ajuda dos custos na pós-
graduação.
Ao Governo do Estado do Acre, através da FUNTAC, que proporcionou o apoio
financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao INCRA pelo apoio logístico e pela disponibilização dos dados das famílias do PDS
Bonal.
A todos os meus amigos que fazem parte da trajetória de minha vida, pela contribuição
direta e indireta que sempre tiveram ao longo de toda a minha vida. Obrigado por tudo!
vii
BIOGRAFIA
FRANCISCO BEZERRA DE LIMA JUNIOR, filho de Francisco Bezerra de Lima e
Angelita da Silva Lima, nasceu em Rio Branco-AC, no dia 1º de maio de 1987.
Cursou o ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio
Henrique Lima, concluindo-o no em dezembro de 2001.
Em fevereiro de 2002, iniciou o ensino médio na Escola Batista Fernanda Trimble
(Colégio Batista), no qual cursou o 1º e o 2º ano do Ensino Médio. Em 2004, iniciou o 3º ano
do Ensino Médio no Colégio Estadual Armando Nogueira, concluindo-o em dezembro do
mesmo ano.
Em abril 2005, ingressou no Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal
do Acre, concluindo-o no dia 10 de agosto de 2009.
Em março de 2011, ingressou no Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento
Regional – MDR/UFAC, submetendo-se a defesa da dissertação no dia 19 de março de 2013,
para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.
viii
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo estudar a formação de preços do Palmito de Pupunha da
Agroindústria do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal. Especificamente, busca-se
identificar os canais de comercialização, sua estrutura de mercado, bem como seus agentes
mercantis, a fim de determinar a composição dos preços no mercado. Além disso, busca-se
avaliar o desempenho do mercado de palmito de pupunha, identificando as margens de
comercialização dos agentes mercantis, a demanda atual e potencial do mercado. A hipótese
deste trabalho considera que normalmente, grande parte das dificuldades das cooperativas
estão relacionadas às relações de mercado. Pois, normalmente os agentes mercantis das
cadeias de comercialização se apropriam da maior parcela do preço cobrado ao consumidor
final devido ao desconhecimento de uma correta política de formação de preços. Os
procedimentos metodológicos baseiam-se no levantamento de informações a fim de
identificar e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem
como mensurar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de
pupunha produzido no PDS Bonal, que serão elementos essenciais para a formação de preços
de venda do palmito de pupunha. Os resultados demonstraram que a maior parte dos
problemas agroindústria Bonal possui ligação direta com as falhas ocorridas pela forma que
são fixados os preços no mercado, uma vez que os preços praticados não remuneram sequer
os custos de produção. Neste sentido, através da análise da situação atual da agroindústria,
percebeu-se que a alternativa imediata para a resolução de parte dos problemas atualmente
enfrentados pelo empreendimento seria analisar a demanda de palmito de pupunha acreano.
Através destas informações, foi possível encontrar o tamanho do mercado do Acre além da
parcela de mercado que o palmito Bonal se insere. Além disso, através dos procedimentos
metodológicos foram encontrados os preços mínimos de venda para cada tipo de palmito
vendido na agroindústria. Além dos preços mínimos formados a partir dos custos de
produção, através da pesquisa descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode
expandir-se ainda mais com o potencial de mercado acreano, devido a sua comprovada
preferência entre os consumidores e a sua qualidade.
Palavras-Chave: Formação de Preços; PDS Bonal; Agroindústria; Palmito de Pupunha.
ix
ABSTRACT
The present work aims to study the pricing of Pupunha Palmetto Agribusiness Development
Project Sustainable Bonal. Specifically, we seek to identify marketing channels, its market
structure and market their agents in order to determine the composition of market prices.
Furthermore, we seek to evaluate the performance of the heart of palm market, identifying
marketing margins mercantile agents, the current demand and market potential. The
hypothesis of this study considers that normally, most of the difficulties are related to the
cooperative market relations. For agents normally market marketing chains appropriate the
largest share of the price charged to the final consumer due to lack of proper pricing policy.
The methodological procedures are based on survey information to identify and describe the
structure and mercantile agents marketing chains and measure what are the marketing margins
and markups for the heart of palm produced in PDS Bonal, to be elements essential for the
formation of selling prices of heart of palm. The results showed that most of the problems
agribusiness Bonal has a direct connection with the failures by the way they are set market
prices, since prices do not remunerate even production costs. In this sense, by analyzing the
current state of agribusiness, it was realized that the immediate alternative to solving some of
the problems currently faced by the project would be to analyze the demand for heart of palm
Acre. Through this information, it was possible to find the market size of Acre beyond the
market share that falls palm Bonal. Furthermore, through the methodological procedures were
found the minimum selling prices for each type of palm sold in agribusiness. In addition to
the minimum prices formed from production costs, through research it was discovered that the
price of heart of palm can be expanded further with the market potential Acre, due to its
proven preference among consumers and their quality.
Keywords: Price Formation; PDS Bonal; Agribusiness; Heart of palm of pejibaye.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de Localização do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, 2012. .... 53
Figura 2: Representação de um Sistema de Comercialização Simplificado ............................ 57
Figura 3: Localização do Palmito em uma Palmeira ................................................................ 63
Figura 4: Palmito in natura ...................................................................................................... 63
Figura 5: Cultivo da Pupunheira para a Produção de Palmito, 2012. ...................................... 67
Figura 6: Fluxograma do Processamento Industrial Padrão na Agroindústria de Palmito de
Pupunha do PDS Bonal, 2012. ................................................................................................. 70
Figura 7: Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012. .............. 79
Figura 8: Circuitos da Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal,
2012. ......................................................................................................................................... 85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Participação da agricultura familiar nas principais culturas brasileiras, 2006. ........ 25
Tabela 2: Valor total (FOB), peso e valor por tonelada do palmito exportado pelo Brasil,
1993 a 2010. ............................................................................................................................. 64
Tabela 3: Produção Brasileira e Participação dos Principais Estados Produtores de Palmito no
Brasil – 1974-2011 (Anos Selecionados). ................................................................................ 66
Tabela 4: Quantidade total produzida (em quilos) dos tipos de palmito de pupunha do PDS
Bonal entre os anos 2006 a 2011. ............................................................................................. 75
Tabela 5: Quantidade média anual comprada (em caixas) de Palmito de Pupunha Bonal pelos
estabelecimentos comerciais – 2011/2012 ............................................................................... 81
Tabela 6: Preços médios de compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal pelos Agentes
Mercantis (R$/pote) – 2012. ..................................................................................................... 82
Tabela 7: Preço de Venda dos Agentes Mercantis da Cadeia de Comercialização do Palmito
de Pupunha do PDS Bonal - 2012. ........................................................................................... 83
Tabela 8: Quantidade demandada atual (em caixas) de palmito Bonal – Anos 2011/2012. .... 88
Tabela 9: Demanda Potencial Anual de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012. ............... 90
Tabela 10: Participação nas Vendas dos tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.. 91
Tabela 11: Custo Unitário de Produção e Preço de Comercialização do Palmito de Pupunha
do PDS Bonal, 2012. ................................................................................................................ 92
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Média de Produção Mensal de Palmito de Pupunha (em Kg) na Empresa Bonal
entre os anos 1990 a 2004. ....................................................................................................... 73
Gráfico 2: Produção anual (em Kg) de palmito de pupunha no PDS Bonal entre os anos
2006 a 2011. ............................................................................................................................. 74
Gráfico 3: Receitas e Custos Totais de Produção da Agroindústria de Palmito de Pupunha do
PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011. .................................................................................... 75
Gráfico 4: Variação dos custos unitários e do preços unitários do PDS Bonal no período de
2006 a 2011. ............................................................................................................................. 76
Gráfico 5: Preços de compra do palmito pelos estabelecimentos comerciais no Estado do Acre
no ano de 2012 (principais marcas). ......................................................................................... 77
Gráfico 6: Destino do Palmito Bonal, 2012. ............................................................................ 80
Gráfico 7: Periodicidade de Compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal,
anos 2011/2012. ....................................................................................................................... 80
Gráfico 8: Quantidade consumida de Palmito no Estado do Acre entre os anos 2011/2012. .. 88
Gráfico 9: Disposição em comprar quantidades maiores de palmito de pupunha do PDS Bonal
pelos agentes mercantis do Estado do Acre no ano de 2012. ................................................... 89
Gráfico 10: Disposição a pagar mais pelo palmito Bonal no ano de 2012. ............................. 89
Gráfico 11: Nota de Qualidade e Aceitação no Mercado do palmito de pupunha do PDS
Bonal, 2012. ............................................................................................................................. 90
Gráfico 12: Taxa de Lucro Mínimo e Potencial para os tipos de Palmito de Pupunha do PDS
Bonal, 2012. ............................................................................................................................. 94
xii
LISTA DE SIGLAS
ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado
AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira
ALICEWEB - Análise das Informações de Comércio Exterior
ASPF - Análise Socioeconômica dos Sistemas Básicos de Produção Familiar do Acre
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNTAC - Fundação de Tecnologia do Estado do Acre
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar
PAM/IBGE - Pesquisa Agrícola Municipal
PLANAF - Plano Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PDS - Projeto de Desenvolvimento Sustentável
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECEX - Secretaria de Comércio Exterior
SIDRA/IBGE - Sistema IBGE de Recuperação Automática
UFAC - Universidade Federal do Acre
xiii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15
1. AGRICULTURA FAMILIAR E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS
AGRÍCOLAS .......................................................................................................................... 18
1.1. Agricultura Familiar na Amazônia ............................................................................... 18
1.2. Agroindústria Familiar ................................................................................................. 27
1.3. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas ..................................................... 31
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS
AGRÍCOLAS .......................................................................................................................... 36
2.1. Preços Fixos e Flexíveis: Uma abordagem a partir de Kalecki e Hicks ....................... 42
2.2. Formação de Preços Agrícolas ..................................................................................... 46
2.4. Canal de Comercialização e Margens de Comercialização .......................................... 49
3. METODOLOGIA: .......................................................................................................... 53
3.1. Caracterização do Objeto de Estudo ............................................................................. 53
3.1.1. Caracterização da Agroindústria de Palmito de Pupunha Bonal ...................... 55
3.2. Coleta de Dados ............................................................................................................ 55
3.3. Análise dos dados ......................................................................................................... 56
3.3.1. Margem Total (MT) .......................................................................................... 58
3.3.2. Markup de Comercialização (Mk) .................................................................... 58
3.3.3. Apropriação Efetiva (AEi) ................................................................................ 59
3.3.4. Formação de Preços da Agroindústria de Palmito do PDS Bonal .................... 59
3.3.5. Markup, Preço de Venda e Preço Potencial na Produção Agroindustrial do
PDS Bonal ....................................................................................................................... 61
4. PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PREÇOS DA
AGROINDÚSTRIA DE PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL ........................... 63
4.1. Caracterização e História do Palmito no Brasil ............................................................ 63
4.2. Principais Características Palmito de Pupunha ............................................................ 67
4.2.1. Etapas de produção do Palmito de Pupunha ..................................................... 70
4.3. Produção, Agroindustrialização e Resultados Econômicos do palmito da pupunha do
PDS Bonal ........................................................................................................................... 72
xiv
4.3.1. Histórico da Produção na Agroindústria de Processamento do Palmito de
Pupunha da Empresa Bonal: Anos 1990-2004 ............................................................... 72
4.3.2. Produção e Resultados Econômicos da Agroindústria de Palmito de Pupunha
do PDS Bonal: Anos 2005-2012 ..................................................................................... 74
4.3.2.1. Agentes Mercantis e Resultados Econômicos do Palmito de Pupunha da
Agroindústria do PDS Bonal .......................................................................................... 78
4.3.2.2. Demanda Atual e Potencial de Mercado do Palmito de
Pupunha do PDS Bonal ................................................................................................... 87
4.3.2.3. Formação do Preço Mínimo de Mercado e Preço Potencial do Palmito de
Pupunha do PDS Bonal ................................................................................................... 91
CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 99
ANEXOS ............................................................................................................................... 108
15
INTRODUÇÃO
A busca por alternativas que tenham por objetivo gerar trabalho e renda e que
garantam a sustentabilidade apresenta-se como um modo de amenizar a pobreza e primar pela
dignidade humana. Ter uma renda, um emprego é indispensável para garantir a sobrevivência
e determinante para preservar a cidadania. Neste sentido, a agroindústria familiar rural surge
como uma alternativa na busca de novos nichos de mercados, utilizando-se da maior
diversidade de produtos e da diferenciação dos produtos através da transformação dentro da
propriedade, que representa um importante papel para o desenvolvimento da sociedade, em
especial quando se enfatiza os pequenos estabelecimentos rurais (NICHELE E WAQUIL,
2011).
Contudo, apesar de reconhecida a importância que a agricultura familiar proporciona
para a sociedade, principalmente quando se trata da produção obtida através de unidades
agroindustriais, observa-se a existência de problemas presentes dentro e também fora das
unidades de produção. Mas é, sem dúvida, fora do alcance dos produtores rurais que ocorrem
a maior parte dos problemas que afetam o resultado econômico-financeiro, que resultam em
sérias consequências sociais aos produtores rurais (PADILHA JÚNIOR, 2006).
Esses gargalos, na maioria dos casos, estão relacionados à forma de comercialização
dos produtos agrícolas no mercado, os quais se manifestam como obstáculos responsáveis
para que os ganhos destinados aos produtores rurais sejam diluídos nas mãos dos
intermediários durante o processo de venda dos produtos. Inhetvin (1998) corrobora que os
principais motivos para esses problemas estão relacionados principalmente pelos baixos
preços dos produtos no mercado. Relacionado aos preços de mercado, destaca-se ainda os
problemas existentes na forma de gestão e planejamento de algumas agroindústrias que, em
muitos casos não conseguem barganhar um preço ideal no mercado, seja pela falta de apoio
dos órgãos competentes com auxílio ao crédito e condições de comercialização ou
simplesmente por não saber como são formados os preços de venda dos produtos.
Agregado às dificuldades enfrentadas quanto à comercialização no mercado, existem
poucos estudos que sejam destinados a analisar com maior profundidade as estruturas de
mercado local, a fim de saber qual o real tamanho do mercado em que se inclui determinado
produto, para que a partir dessas informações sejam encontradas soluções e alternativas que
sirvam de estratégias de comercialização, principalmente quando se trata de agroindústrias de
16
processamento de palmito de pupunha na região norte do Brasil, em especial quando se trata
da agroindústria de processamento de palmito do PDS Bonal.
Não obstante, é precisamente neste ponto que reside à questão central do presente
trabalho: As dificuldades encontradas para a viabilidade econômica da agroindústria do PDS
Bonal estão relacionadas à formação de preços do palmito?
Diante dessa discussão, o presente trabalho tem por objetivo estudar a formação de
preços do Palmito de Pupunha da Agroindústria do Projeto de Desenvolvimento Sustentável
Bonal. Especificamente, busca-se identificar os canais de comercialização, sua estrutura de
mercado, bem como seus agentes mercantis, a fim de determinar a composição dos preços no
mercado. Além disso, busca-se avaliar o desempenho do mercado de palmito de pupunha,
identificando as margens de comercialização dos agentes mercantis, a demanda atual e
potencial do mercado.
A hipótese deste trabalho considera que normalmente, grande parte das dificuldades
das cooperativas estão relacionadas às relações de mercado. Pois, normalmente os agentes
mercantis das cadeias de comercialização se apropriam da maior parcela do preço cobrado ao
consumidor final devido ao desconhecimento de uma correta política de formação de preços.
Os procedimentos metodológicos baseiam-se no levantamento de informações a fim
de identificar e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem
como mensurar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de
pupunha produzido no PDS Bonal.
As informações contidas neste trabalho são procedentes de informações da pesquisa
primária realizada pelo grupo de pesquisa do projeto ASPF, que foram levantadas através de
dados oriundos da estrutura de funcionamento, bem como o fluxo de caixa da agroindústria
do PDS Bonal. Já as informações referentes aos mercados foram extraídas através de uma
pesquisa de campo em que foram entrevistados os agentes mercantis que comercializam o
palmito do PDS Bonal.
A presente pesquisa pretende contribuir para a elaboração de políticas e estratégias que
sejam favoráveis à comercialização do palmito de pupunha do PDS Bonal, com a finalidade
de fornecer informações aos gestores da agroindústria sobre o mercado e a demanda de
palmito do Estado do Acre, a fim de desenvolver a partir dessas informações um preço
competitivo no mercado que seja capaz de remunerar os custos de produção e garantir receita
17
para a agroindústria, que diretamente contribuirá para a melhoria na qualidade de vida das
famílias residentes neste projeto de assentamento.
Este trabalho está divido em quatro capítulos. No primeiro, faz-se uma revisão sucinta
sobre a agricultura familiar, agroindústria familiar e a comercialização de produtos agrícolas.
No segundo capítulo, se analisa os fundamentos teóricos sobre a formação de preços,
discutindo as principais evoluções do pensamento econômico sobre o tema, assim como a
discussão sobre a formação de preços agrícolas, canais de margens de comercialização
No terceiro capítulo, discutem-se detalhadamente os procedimentos metodológicos
utilizados neste trabalho, enfatizando o objeto de estudo assim como as técnicas de obtenção
das margens, markups, apropriação efetiva e o cálculo da formação de preços.
No quarto e último capítulo são apresentadas as discussões sobre o palmito de
pupunha, destacando suas características e etapas de produção. Além disso, será abordada a
produção, agroindustrialização e principais resultados econômicos do palmito da pupunha do
PDS Bonal, enfatizando os agentes mercantis que compõem a cadeia de comercialização, bem
como o resultado das margens, markups de comercialização e apropriação efetiva obtidas com
a comercialização e por fim, serão discutidas as demanda atual e potencial do palmito de
pupunha Bonal e a elaboração da formação dos preços através dos custos de produção.
18
1. AGRICULTURA FAMILIAR E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS
AGRÍCOLAS
1.1. Agricultura Familiar na Amazônia
A busca em garantir a disponibilidade de alimentos sempre foi uma das maiores
preocupações da humanidade desde a sua existência. Com o crescimento da população
paralela à disponibilidade de alimentos, tornava-se necessário a dominação de técnicas que
tinham como objetivo principal prover a produção alimentar capaz de garantir a manutenção e
a sobrevivência da espécie humana. Neste contexto surge o termo “agricultura”.
A agricultura, de um modo geral, foi definida como “a arte de modificar os ecossistemas, em
termos econômicos e sem produzir danos irreversíveis” (MALAVOLTA, 1997, p. 89).
Contudo, em uma visão mais simplista, a agricultura pode ser definida como um tipo de
atividade desenvolvida pelo homem e que o relaciona com a terra de uma forma metódica e
sistemática, tendo como objetivo a produção de alimentos.
Em termos conceituais, a agricultura se compreende como a atividade produtiva
integrante do setor primário da economia, que é caracterizada através da produção de bens
alimentícios e matérias primas decorrente do cultivo de plantas e da criação de animais.
Quando em uma unidade agrícola o emprego de capital é o fator predominante, trata-se de
agricultura intensiva, como ocorre nos países industrializados. Por outro lado, numa unidade
agrícola onde o emprego da terra é o fator fundamental da produção, trata-se então de
agricultura extensiva, como é o caso dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento,
onde a principal característica é a presença de abundantes extensões de terra para a produção.
O desenvolvimento da agricultura permitiu a sobrevivência da espécie humana,
suprimindo absolutamente o risco de sua extinção. Além disso, possibilitou sucessivos e
contínuos aumentos da população, o que ocorre até os dias atuais. Além de garantir a
sobrevivência da espécie humana, a agricultura libertou o homem da necessidade de ser
nômade, permitindo o florescimento de comunidades que, com o tempo, se tornaram cidades
(PATERNIANI, 2001, p. 305). É importante ressaltar que, com o aumento da eficiência
agrícola, menor número de indivíduos era necessário para a produção de alimentos,
possibilitando que grande parte da população pudesse se dedicar a outras atividades:
artesanais, comerciais, artísticas, políticas, militares e religiosas. O contínuo aumento da
19
eficiência agrícola permitiu o florescimento de sociedades cada vez mais complexas,
possibilitando o crescimento de grande variedade de atividades profissionais (idem).
Entre os vários métodos utilizados pelas civilizações ao longo da história, cabe
destacar com mais atenção a utilização de técnicas que envolviam, principalmente, a presença
da família em todo o processo produtivo dos alimentos.
Uma das categorias mais importantes da agricultura é, sem dúvida, a da agricultura
familiar. O conceito de agricultura familiar refere-se basicamente à agricultura dirigida pelo
próprio produtor rural e que utiliza mais a mão-de-obra familiar que a contratada. Segundo
Lamarche (1993, p. 15 e 21), “a agricultura familiar é definida como uma unidade de
produção na qual a propriedade e o trabalho estão intrinsecamente relacionados com a família,
tendo como característica primordial a diversidade produtiva, como base para sua adaptação
às diversidades do sistema que lhes são próprias”.
Segundo Abramovay (1997), para ser mantido o caráter familiar da produção é
necessário que pelo menos um membro da família combine as atividades de trabalhador e
administrador da produção:
A agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do
trabalho, vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento.
Que esta definição não seja unânime e muitas vezes tampouco operacional, é
perfeitamente compreensível, já que os diferentes setores sociais e suas
representações constroem categorias científicas que servirão a certas finalidades
práticas: a definição de agricultura familiar, para fins de atribuição de crédito, pode
não ser exatamente a mesma daquela estabelecida com finalidades de quantificação
estatística num estudo acadêmico. O importante é que estes três atributos básicos
(gestão, propriedade e trabalho familiar) estão presentes em todas elas.
(ABRAMOVAY, 1997, p.3)
De forma geral, os empreendimentos familiares possuem duas características
principais: a primeira mostra que esses estabelecimentos são administrados pela própria
família; e a segunda característica, refere-se em destacar que a família trabalha de forma
direta, com ou sem o auxílio de terceiros.
Um empreendimento familiar é, ao mesmo tempo, uma unidade de produção e de
consumo; uma unidade de produção e de reprodução social1.
Nota-se, que em países capitalistas mais desenvolvidos, como é o caso dos Estados
Unidos e Japão, a forte presença da agricultura familiar desempenhou um papel importante na
1 O Fortalecimento da Agricultura Familiar. Cf.: http://homologar.prodepa.gov.br/sagri/?q=node/74
20
estruturação de economias mais dinâmicas e de sociedades mais democrática e igualitária, que
segundo Guanziroli, é apontada como:
A expansão e dinamismo da agricultura familiar baseou-se na garantia do acesso a
terra em que cada país assumiu de forma particular, desde a abertura da fronteira
oeste americana aos farmers até a reforma agrária compulsória na Coréia e em
Taiwan. Em todos esses países, além de contribuir para dinamizar o crescimento
econômico, a agricultura familiar desempenhou um papel estratégico e tem sido
relevado em muitas análises: o de garantir uma transição socialmente equilibrada
entre uma economia de base rural para uma economia urbana e industrial
(GUANZIROLI, 2001, p. 15).
Além do mais, a agricultura familiar cria oportunidades de trabalho local, reduz o
êxodo rural, diversifica os sistemas de produção, possibilita uma atividade econômica em
maior harmonia com o meio ambiente e contribui para o desenvolvimento dos municípios,
pois, o maior percentual de emprego, de produção e de renda não provém da grande
propriedade agrícola e, sim, da pequena produção [familiar] (RÊGO, COSTA FILHO E
BRAGA, 2003). Sabe-se que o êxodo rural ocorre devido à perda da capacidade produtiva, ou
à falta de condições de subsistência em determinado local, o que faz com que os moradores
rurais busquem, na cidade, novas alternativas de sobrevivência. A agricultura familiar visa
modificar tal cenário.
Segundo Savoldi e Cunha (2010), a Agricultura Familiar possui as seguintes
categorias:
- Família Agrícola de Caráter Empresarial, ou o chamado “verdadeiro agricultor”,
cuja lógica de reprodução social é determinada pela realização de uma produção
orientada para o mercado, obedecendo a satisfação de índices de rentabilidade e de
produtividade crescentes: caracteriza-se por uma conjunção de fatores econômicos,
técnicos a uma situação patrimonial e social favorável à rentabilização da
exploração.
- Na família Camponesa, a lógica da atividade agrícola não é dada em termos de
prioridade pela busca da taxa de produtividade e de rentabilidade crescentes, mas
pelo esforço de manter a família em determinadas condições culturais e sociais, isto
é a manutenção da propriedade familiar e da exploração agrícola. A família é um
valor que se impõe à produção embora seja indissociável da propriedade e da
exploração agrícola.
- A Família Agrícola Urbana não se orienta prioritariamente pelos padrões
produtivistas, mas também se distingue da “família camponesa” apesar de resgatar
alguns de seus valores e de expressar um forte vínculo com uma localidade
particular. Esse modelo de família rural repousa sobre um sistema de valores
próprios que orienta a produção agrícola, não em função do lucro e da produtividade
crescentes, mas para a melhoria da qualidade de vida, sem deixar de considerar a
realidade do mercado e obviamente a capacidade de retorno com termos de
rendimento (SAVOLDI E CUNHA, 2010, p. 27 – Grifo nosso).
21
Além disso, fica cada vez mais nítido, conforme Guanziroli (2001), que as alterações
no cenário econômico e institucional, mesmo que sua importância seja reconhecida, apresenta
desafios ainda maiores à sobrevivência da agricultura familiar:
A viabilidade de a agricultura familiar absorver progresso tecnológico tem origem
nas especificidades naturais do setor agrícola, as quais condicionaram sua evolução
tecnológica. O camponês viu seus instrumentos de trabalho se aperfeiçoarem
enormemente, sem que o processo de trabalho tivesse sofrido mudanças da mesma
ordem daquelas observadas no processo de trabalho do artesão, que foi deslocado
para manufatura e, depois, pela grande indústria. O trator substituiu o cavalo, os
fertilizantes químicos a matéria orgânica; as ferramentas e equipamentos se
sofisticaram e diversificaram, mas continuaram a ser instrumentos cuja boa
utilização depende da arte e habilidade do agricultor e que, portanto, dificultam um
trabalho de supervisão capitalista caso o agricultor seja mais um trabalhador
assalariado. Também o fato da produção ser dispersa numa área extensa reforça as
dificuldades de organização e controle do processo de trabalho, as quais tendem a
elevar os custos de produção mais que proporcionalmente aos benefícios do
aumento da área cultivada (GUANZIROLI, 2001, p. 20).
Desta forma, Lima e Wilkinson (2002) corroboram o pensamento que a agricultura
familiar precisa se adaptar as novas exigências de eficiência e qualidade, para se manter nos
patamares atuais. Pois para ter acesso a mercados mais promissores, os agricultores precisam
combinar a competência herdada das gerações precedentes com novos conhecimentos e novas
práticas. Isso remonta o fato de que o desenvolvimento de novas habilidades, principalmente
de natureza técnica, é um dos principais desafios a serem enfrentados pelos agricultores
familiares rurais (se não for o maior).
A fim de entender qual o papel desempenhado pela agricultura familiar no Brasil,
torna-se importante resgatar as origens sobre sua inserção na economia nacional, a partir do
século XVII, quando surgiu de fato, para abastecer os centros urbanos em expansão, através
do ciclo da mineração2.
Guimarães (1991), analisando o significado da pequena propriedade rural, evidencia
que o aparecimento da agricultura familiar no país iniciou após uma série de lutas travadas
entre senhores de terras que determinaram que trabalhadores libertos, moradores agregados,
intrusos ou posseiros fossem trabalhar nas piores terras e por fundar nas proximidades dos
latifúndios ou distante deles, alguns cultivos de subsistência, casas de farinha, engenhocas e
2 De acordo com Furtado (2005, p. 81), a população do Brasil teria alcançado 100 mil habitantes em 1600, um
máximo de 300 mil em 1700 e ao redor de 3.250.000 em 1800. A população de origem europeia seria de cerca
de 30 mil em 1600 e dificilmente alcançaria 100 mil em 1700. Ignorando-se qualquer contribuição migratória
europeia ocorrida no século, deduz-se que o crescimento vegetativo dessa população permitia no máximo que a
mesma triplicasse no correr de um século.
22
produção de aguardentes. Isto ocorreu até que o sistema escravista começou a desagregar-se e,
com ele, o monopólio latifundiário da terra. Desta forma, pode-se facilmente perceber que a
pequena propriedade ou pequena produção foi se constituindo lentamente nos arredores do
latifúndio ou até mesmo distante dele.
No final da década de 1920, com o desencadeamento da crise na cafeicultura
(principal atividade econômica do país), a alternativa encontrada pelos proprietários de terras
foi o retalhamento da propriedade, que beneficiou os antigos imigrantes, significou a própria
reafirmação das condições em que se processou o desenvolvimento do capitalismo no Brasil,
na medida em que se recolocou a importância da terra como meio de produção fundamental.
O parcelamento gerou o desaparecimento de uma pequena propriedade diferente dos núcleos
oficiais de colonização (GRAZIANO, 1978, p. 31).
De acordo com Savoldi e Cunha (2010), esse parcelamento das terras ocorreu
paralelamente ao crescimento dos núcleos urbanos, especialmente no Rio de Janeiro, São
Paulo, Santos e Campinas para atender as funções comerciais ligados ao café.
Ainda segundo os autores, a questão alimentar desses centros, que já vinha se
manifestando desde o período colonial, apareceu nesse momento, com mais intensidade.
Destarte, era necessária uma produção de alimentos cada vez maior capaz de suprir o
contingente populacional que se instalava nas cidades. A pequena propriedade foi responsável
por esse abastecimento, utilizando basicamente a mão de obra familiar.
Durante a década de 1970, o meio rural brasileiro passou por uma série de
modificações, principalmente no âmbito econômico e social. Essas transformações, por sua
vez, resultaram de forma negativa no desempenho da agricultura familiar que traz, desde sua
institucionalização, algumas “precariedades”, tais como, a precariedade econômica, social e
jurídica do domínio dos meios de trabalho e produção (sobretudo a terra), caráter rudimentar
dos sistemas de cultura e das técnicas de produção, pobreza da população engajada nas
atividades agropecuárias, constatadas na grande mobilidade espacial e dependência diante da
grande propriedade (BRUMER, 1993). Para Guanziroli (2001), a introdução de uma política
urbana de desenvolvimento rural culminou em um desastre social de grandes proporções,
devido à disponibilidade de terras ociosas que poderiam ter sido apropriadas pelos pequenos
produtores familiares sem ameaçar a expansão das áreas ocupadas produtivamente pelos
produtores comerciais não familiares.
23
No início da década de 1980, a economia brasileira encarava uma crescente
instabilidade macroeconômica, com altas taxas de inflação. Segundo Lucena e Souza (2003),
para estimular a produção e a exportação de produtos agrícolas, o Governo viria a substituir o
subsídio ao crédito por uma política de preços mínimos. Idealizado pelo Ministro do
Planejamento Antônio Delfim Netto, nasceu com o interessante slogan “Plante que o João
Garante”, algo bastante populista. O crescimento da agricultura brasileira também não pode
ser separado das políticas relativas a fertilizantes e máquinas agrícolas. No período, o
consumo de fertilizantes no Brasil cresceu em média 20% ao ano, passando de 300 mil
toneladas em 1965 para 4 milhões de toneladas em 1980.
No inicio da década de 1990, a globalização dos mercados e as notáveis modificações
que ocorreram na economia, influenciaram de forma significativa o espaço mundial. Ligado a
estes dois fatores, a agricultura familiar, enfim começa a ganhar relevância política e
institucional. Segundo Pinheiro (1999), no final do século XX, a agricultura familiar passou a
ocupar espaços mais variados, da mídia à agenda política nacional, e suas demandas são
disputadas por diferentes entidades de representação. Como salienta Savoldi e Cunha (2010),
no âmbito governamental, a agricultura familiar foi incluída como propriedade na segunda
metade da década de 1990, quando foi lançado o PLANAF (Plano Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar) em agosto de 1995. No início, esse plano garantia
apenas uma linha de crédito para custeio. Depois essa linha de crédito, seguindo as
reivindicações da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura),
culminou na criação do PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar) em 1996.
A preocupação fundamental, segundo Souza (1999), foi a promoção do
desenvolvimento sustentável do segmento rural, estabelecido pelos agricultores familiares
com o intuito de garantir a ampliação da capacidade produtiva no campo, além da geração de
empregos e a melhoria da renda.
No entanto, a carência de uma clara inteligibilidade teórica, há somente um argumento
para a institucionalização da noção de agricultura familiar: permitir o acesso aos fundos
públicos por parcela expressiva dos produtores, antes marginalizados da ação do Estado
(Buainain , 2007, p. 18). Neste sentido, o Governo Federal estabeleceu, através da Lei nº
11.326, de 24 de julho de 2006, as diretrizes para a formulação da Política Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais:
24
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor
familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural,
atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo
Poder Executivo;
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se
tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a
fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais.
§ 2o São também beneficiários desta Lei:
I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata
o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o
manejo sustentável daqueles ambientes;
II - aquiculturas que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata
o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até
2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água,
quando a exploração se efetivar em tanques-rede;
III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos
incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no
meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;
IV - pescadores que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos
incisos I, II, III e IV do caput deste artigo e exerçam a atividade pesqueira
artesanalmente.
V - povos indígenas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos
incisos II, III e IV do caput do art. 3º;
VI - integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e demais
povos e comunidades tradicionais que atendam simultaneamente aos incisos II, III e
IV do caput do art. 3º.
§ 3o O Conselho Monetário Nacional - CMN pode estabelecer critérios e
condições adicionais de enquadramento para fins de acesso às linhas de crédito
destinadas aos agricultores familiares, de forma a contemplar as especificidades dos
seus diferentes segmentos.
§ 4o Podem ser criadas linhas de crédito destinadas às cooperativas e
associações que atendam a percentuais mínimos de agricultores familiares em seu
quadro de cooperados ou associados e de matéria-prima beneficiada, processada ou
comercializada oriunda desses agricultores, conforme disposto pelo CMN.
(BRASIL, Lei nº. 11.326, de 24 de julho de 2006).
Levando em consideração a legislação brasileira e os resultados obtidos pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, é possível verificar a importância que a
agricultura familiar possui no país. De acordo com o Censo Agropecuário 2006 registrou
5.175.489 estabelecimentos rurais que ocupavam uma área de 329,94 milhões de hectares do
território brasileiro. Do total de estabelecimentos, foram identificados 4.367.902
estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 84,4% dos estabelecimentos
brasileiros. Este numeroso contingente de agricultores familiares ocupava uma área de 80,25
milhões de hectares, ou seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários
25
brasileiros, que é responsável por 38% do Valor de toda Produção (R$ 54,4 bilhões). Segundo
IBGE (2009), estes resultados mostram uma estrutura agrária ainda concentrada no País: os
estabelecimentos não familiares, apesar de representarem 15,6% do total dos
estabelecimentos, ocupavam 75,7% da área ocupada. A área média dos estabelecimentos
familiares era de 18,37 hectares, e a dos não familiares, de 309,18 hectares.
Em relação a destinação das áreas utilizadas pela agricultura familiar (80,25 milhões
de hectares), 45% eram destinados a pastagens, 28% destinava-se as florestas, matas ou
sistemas agroflorestais, e por fim as lavouras que ocupavam 22,0% da área.
Em relação às principais culturas produzidas no Brasil, de acordo com o Censo
Agropecuário de 2006, nota-se um importante papel sobre a participação da agricultura
familiar. A Tabela 1 ilustra a participação da agricultura familiar nas principais culturas
produzidas:
Tabela 1: Participação da agricultura familiar nas principais culturas brasileiras, 2006.
Cultura Participação
Mandioca 87%
Feijão 70%
Suínos 59%
Leite 58%
Aves 50%
Milho 46%
Café 38%
Arroz 34%
Bovinos 30%
Trigo 21%
Soja 16% Fonte: IBGE (2009), Censo Agropecuário 2006.
Segundo Aleixo et al. (2007) em geral, são agricultores com baixo nível de
escolaridade que diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e
aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra. Por ser
diversificada, a agricultura familiar traz benefícios agro-sócioeconômicos e ambientais.
A dinâmica da pequena produção familiar decorre das peculiaridades encontradas nas
regiões brasileiras, principalmente quando se observa a região amazônica, considerando sua a
grande diversidade na fauna e flora, além da sua forma particular de produção familiar no
campo.
26
Durante séculos, de acordo com Hurtienne (2005), extrativistas tradicionais e
agricultores itinerantes, como os grupos indígenas, caboclos e ribeirinhos, foram os grupos
populacionais mais importantes na Amazônia rural.
Com a imigração de colonos oriundos do Nordeste e do Sul do Brasil após a abertura
da Amazônia através dos novos eixos rodoviários a partir da década de 1970, os programas de
colonização oficial e os grandes projetos governamentais foram a base para a formação da
população agrícola da Amazônia, dos quais contribuíram para o crescimento demográfico na
região.
Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, a Amazônia possui 475.775
estabelecimentos rurais que ocupavam uma área de 54.787.296,58 milhões de hectares da
região Norte do Brasil. Considerando a quantidade total de propriedades rurais, o Censo
identificou 413.101 estabelecimentos da agricultura familiar, o que representa 90% dos
estabelecimentos da região Norte e, 10% do total nacional. Desta forma, torna-se visível que a
agricultura familiar possui uma grande relevância quanto à forma de produção na região.
Esses números têm significados que vão além dos valores quantitativos em relação
restante do país, uma vez que se inserem em estruturas de propriedade de terra. Neste sentido,
observa-se na região amazônica, característica referente aos estabelecimentos familiares que,
por sua vez, estão dispersos em vastos territórios de baixa densidade populacional e inseridos
em estados com forte presença de grandes latifúndios, com um tamanho médio que alcança
até 200 ha.
Em relação às principais culturas produzidas no Norte do Brasil, de acordo com o
Censo Agropecuário de 2006, nota-se um importante papel sobre a participação da agricultura
familiar.
Entre as culturas selecionadas pelo Censo, destaca-se a mandioca com 93% de
participação, o café (89%), o feijão (83%), suínos (76%), leite (69%), milho (65%), arroz
(60%), aves (43%), bovinos (38%) e soja (6%).
Além das diferenças em relação ao tamanho da área em relação ao restante do país,
outra característica importante a ser relacionada, é a questão do baixo emprego de tecnologias
adequadas à produção. Na Amazônia, há uma grande predominância de utilização de
equipamentos rústicos, tais como o martelo, a enxada, o terçado, etc. (ASPF 2010).
Buainain (2006) salienta que os agricultores familiares buscam reduzir riscos
econômicos e alimentares e que, por isso, tendem, inicialmente, a valorizar a adoção de
27
sistemas mais diversificados e a alocar recursos, sobretudo tempo de trabalho, para produzir
parte dos alimentos que consomem ou matéria-prima utilizada no estabelecimento.
Porém, apesar de possuir extrema relevância para a população residente na Amazônia,
grande parte dos agricultores familiares ainda sofrem dificuldades que não foram superadas,
mesmo com a participação governamental: acesso precário aos mercados; imperfeições do
processo de comercialização que tinham como resultado a baixa remuneração do esforço
produtivo e a transferência de renda para os intermediários; insegurança alimentar por causa
da distância dos mercados; isolamento nos períodos de chuva; acentuadas variações de preço
entre a safra e a entressafra; ausência de mecanismos de financiamento e proteção contra os
riscos da natureza (idem).
Segundo Buainain (2006, p. 34), diante dessas condições, “a opção pela diversificação
e busca do máximo de autossuficiência alimentar e produtiva é, sem dúvida, adotada pela
grande maioria dos agricultores”. A mesma análise histórica revela que na medida em que
algumas das restrições são relaxadas, muitos grupos de agricultores ajustam suas estratégias
produtivas, aumentam o grau de abertura e inserção aos mercados, focam em alguns produtos
de maior valor agregado e elevam o grau de especialização da produção.
1.2. Agroindústria Familiar
Um dos maiores desafios para se garantir um salto qualitativo e quantitativo em uma
unidade de produção agrícola é sem dúvida, a busca e a aplicação de novas medidas que
tenham como foco promover a organização, integração e capacitação entre os agentes que
compõem uma cadeia produtiva3, além do aumento de qualidade do produto beneficiado. Isso,
por sua vez, torna se visível quando estas perspectivas consistem na procura de práticas
alternativas que visem aprimorar o modo de produção, agregando valor aos produtos, ao
mesmo tempo, gerando emprego e renda com responsabilidade social e ambiental.
3 A cadeia produtiva compreende em um conjunto de operações técnicas de produção responsáveis pela
transformação da matéria prima em produto acabado (PROCHMANN e MICHELS, 2003 p. 7). Por outro lado,
ela possui um conjunto de agentes econômicos que interagem e se relacionam para atender às necessidades dos
consumidores em adquirir um determinado produto (idem, p. 1).
28
Desta forma, como um meio de aprimorar a qualidade e agregar valor aos produtos
do campo, surge o termo “agroindústria”. Lourenço (2010) afirma que o termo agroindústria é
definido e descrito por diferentes instituições e entidades. No entanto, tais definições se dão
através de duas abordagens principais, ou seja, uma definição ampliada e outra mais restrita:
Num conceito ampliado, agroindústria engloba o complexo agroindustrial (CAI)
como um todo, ou seja, todos os agentes que fazem parte do segmento de insumos e
fatores de produção (antes da porteira), da produção propriamente dita (dentro da
porteira), do processamento e da transformação até a distribuição e o consumo
(depois da porteira).
A agroindústria, no entanto, definida por um conceito mais restrito revela
basicamente as indústrias que se dedicam à transformação e ao processamento de
matérias-primas agropecuárias (de origem animal e vegetal). Tais matérias-primas
que são transformadas e preservadas através de alterações físico-químicas,
caracterizam-se por apresentar grande variabilidade (qualitativa e quantitativa),
diferentes graus de perecibilidade e sazonalidade.
A agroindústria é o conjunto de atividades relacionadas à transformação de
matérias-primas provenientes da agricultura, pecuária, aquicultura ou silvicultura.
Numa linguagem mais rural pode-se dizer que as atividades da agroindústria
classificam-se em: atividades antes da porteira, atividades dentro da porteira e
atividades depois da porteira.
Em termos mais simplistas podemos dizer que, agroindústria é apenas um dos itens
da chamada organização da produção, que envolve todo o processo de produção
deste as atividades chamadas antes da porteira, como insumos, sementes, máquinas e
equipamentos, mão-de-obra e crédito, passando pela produção dentro da porteira,
onde os agricultores geram a matéria prima, chegando depois da porteira, que prevê
a transformação industrialização e comercialização da produção até o consumidor
final (LOURENÇO, 2010, p. 29 e 30).
Segundo o PRONAF (2007), uma agroindústria corresponde ao beneficiamento e/ou
transformação de produtos agrosilvopastoris, aquícolas e extrativistas, abrangendo desde
processos mais simples até os mais complexos, incluindo o artesanato no meio rural, com o
objetivo de agregar valor ao produto em questão. Araújo (2005, p. 93), salienta que a
agroindústria consiste em uma unidade empresarial na qual ocorrem as etapas de
beneficiamento, processamento e transformação de produtos agropecuários “in natura” até a
embalagem, prontos para comercialização, envolvendo diferentes tipos de agentes
econômicos, como comércio, agroindústrias, prestadores de serviços governo e outros.
Como salienta Araújo (2005, p. 93), existem dois grupos distintos de agroindústrias:
Agroindústrias não alimentares: como fibras, couros, calçados, óleos vegetais não
comestíveis e outras;
Agroindústrias alimentares: voltadas para a produção de alimentos (líquidos e
sólidos), como sucos, polpas, extratos, lácteos, carnes e outros (grifo nosso).
Os procedimentos industriais utilizados nas agroindústrias alimentares e não
alimentares se diferem um do outro. “Nas agroindústrias alimentares os cuidados são maiores,
devido a uma maior preocupação do fornecimento de alimento seguro para a saúde do
29
consumidor. Já nas agroindústrias não alimentares, os procedimentos industriais gerais são
bastante similares aos de indústrias de outros setores”. (LOURENÇO, 2010, p. 30).
Para Silveira (2007), a agroindústria é um dos principais segmentos da economia
brasileira, com importância tanto no abastecimento interno como no desempenho exportador
do Brasil. Segundo o autor, estima-se através de uma avaliação, que a participação do
agronegócio4 no produto interno bruto (PIB) seja de 12%, tendo, pois, uma posição de
destaque entre os setores da economia. Santos et al. (2009) salientam que o agronegócio
representa um conjunto de setores e subsetores, agentes e instituições que apresentam seu
foco principal de trabalho voltado ao setor primário, ou seja, organizações que produzem
alimentos, pelo extrativismo vegetal e pela produção de outras matérias-primas de origem
primária, entre outras atividades.
Lourenço (2010) assevera que a agroindústria brasileira é um setor próspero que
superou grandes desafios nos últimos anos, gerando divisas e empregos. De acordo com o
autor, apesar de o Brasil possuir uma enorme extensão territorial (que é um fator importante,
mas não suficiente), outra ferramenta é essencial para a obtenção de resultados positivos: o
conhecimento. Com o crescimento das fronteiras agrícolas e a expansão da produção
agroindustrial e, especificamente, com o aumento da importância estratégica da produção de
alimentos para o mercado internacional, o Brasil vem se mostrando competitivo no que se
refere ao agronegócio, em que o país consegue obter mais produção com menos tecnologias
que os países ricos.
Cabe ressaltar que em muitas propriedades rurais brasileiras, em especial na
Amazônia, as atividades agroindustriais desenvolvidas em muitos estabelecimentos
apresentam características tradicionais, gerenciada pelos próprios agricultores (BATALHA,
2001). A agroindústria familiar, por sua vez, constitui-se de instalações e equipamentos
adequados à escala de produção não industrial tradicional, ou seja, de grandes agroindústrias
(PREZOTTO, 2001). Desta forma, a agroindústria familiar surge como uma estratégia de
reprodução social dentro do grande universo empírico do que se costuma chamar, a partir dos
anos 1990, de agricultura familiar. Como definiu Mior (2005, p. 190), “a agroindústria
familiar rural é uma forma de organização em que a família rural produz, processa e/ou
4 De acordo com PRONAF (2007), o agronegócio é composto pelo conjunto de várias redes agroindustriais.
30
transforma parte de sua produção agrícola e/ou pecuária, visando, sobretudo, a produção de
valor de troca que se realiza na comercialização”.
Segundo Pelegrini e Gazolla (2009, pg. 334), uma agroindústria familiar [rural] é
entendida como uma “atividade de produção de produtos agropecuários com sua consequente
transformação em derivados alimentares de diversos tipos, ocorrendo, nesse processo, a
agregação de valor ao produto final”. Por outro lado, deve-se destacar a grande relevância do
trabalho e da gestão por parte do próprio núcleo familiar estes empreendimentos.
A agroindústria familiar, segundo Ruiz et al. (2001) constitui-se a partir de
motivações de natureza econômica e social. Para o autor, a motivação de ordem econômica,
está na agregação de valor aos produtos, via transformação artesanal ou semi-artesanal aos
excedentes que os produtores rurais não conseguem comercializar in natura. Em relação às
motivações sociais mais relevantes destacam-se a fixação do produtor na propriedade rural e a
manutenção da integridade familiar via envolvimento de todos na produção, inclusive das
donas de casa.
Destarte, os elementos que caracterizam uma agroindústria familiar são:
• Constituída por um grupo de agricultores e de um grupo de agricultores associados
em rede ou cooperativas que possuem, no seu modo de vida, trabalho e gestão, a
forma familiar de administrar o empreendimento;
• O empreendimento deve produzir a maioria da sua matéria-prima na própria
propriedade rural. Esta matéria-prima deverá ser utilizada no processamento dos
alimentos, podendo, às vezes e em pequenas quantidades, ser adquirida de outros
agricultores próximos às suas propriedades, de parentes ou de terceiros, porém, não
em percentuais elevados;
• Quanto à força de trabalho utilizada no empreendimento, esta deve ser, na sua
maior parte, da própria família, ou seja, as tarefas nas atividades, na gestão, na
comercialização e no trabalho diário devem ser realizadas por pessoas do grupo
doméstico em questão, podendo haver contratação de força de trabalho externo às
unidades agroindustriais, desde que em número pequeno;
• A família rural é aquela cujos laços de parentesco e sanguíneos entre os seus
membros são históricos, hereditários e cujo processo de trabalho e gestão das
agroindústrias é realizado pelos próprios integrantes do grupo doméstico em
conjunto (PELEGRINI e GAZOLLA, 2009, p. 345).
As agroindústrias familiares possuem sua importância no vinculo familiar, por possuir
potencial para absorver a mão-de-obra familiar próximos como a dos filhos que sem o
incentivo e motivação para continuar na propriedade acabam se deslocando para o meio
urbano em busca de trabalho e independência financeira, bem como um fator que contribui
para a diversificação de atividades produtivas, preservação da cultura, retenção da família no
meio rural (PEREZ et al., 2009, p. 5; AGNE e WAQUIL, 2011, p. 165).
31
Sulzbacher (2009) salienta ainda que a Agroindústria Familiar constitui uma atividade
que sempre esteve intrínseca no modo de vida rural, através do processamento artesanal dos
produtos agropecuários na cozinha doméstica rural. Ao observar seu caráter histórico,
percebe-se que este segmento representa uma forma de minimizar os impactos da
dependência da natureza, e de seus produtos primários, garantindo, através do processamento,
o aumento da diversidade e a durabilidade dos produtos alimentícios.
Quanto às dificuldades enfrentadas pelas agroindústrias familiares rurais, Ruiz et al.
(2001, p. 2) afirma que os produtos deste segmento, em geral, são pouco competitivos devido
à baixa escala de produção e a pouca atenção dispensada à apresentação dos produtos ao
consumidor no que se referem às embalagens, rótulos e símbolos. Já em relação à
comercialização dos produtos, os produtores geralmente enfrentam problemas para colocar os
seus produtos em diferentes mercados, pois, na maioria das vezes, os nichos e oportunidades
não foram devidamente analisados previamente. A taxa estimada de sobrevivência desses
empreendimentos está em torno de 3%. Muitos fracassam em função de não terem sido
devidamente planejados e terem pouca capacidade de adaptação às frequentes mudanças
econômicas.
Batalha (2001) apud Santos et al. (2009, p. 5) afirma que muitos estabelecimentos
agroindustriais apresentam características tradicionais, onde a base administrativa é familiar e
as decisões são empíricas, por isso os resultados estão sujeitos a incerteza, assim os
proprietários dos estabelecimentos ficam cada vez mais vulneráveis a atravessadores
perdendo ganhos significativos. Neste sentido, torna-se necessário que esses estabelecimentos
usem técnicas de produção e gestão eficazes para que assim possam posicionar-se
competitivamente em seu mercado agroindustrial.
1.3. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas
O processo de comercialização da produção agrícola não incide somente na simples
operação de venda de determinados produtos em um determinado mercado. Pelo contrário, é
um processo complexo, caracterizado pela condução contínua e organizado da produção
agrícola, pelo qual o produto sofre modificações, diferenciações e agregações de valor. As
facilidades (utilidades) que os produtos agrícolas sofrem são de posse, forma, tempo e lugar,
32
adequando-os, desta forma, ao gosto e preferência dos consumidores finais (PADILHA
JUNIOR, 2006, p. 1).
Neste sentido, o sistema de comercialização agrícola (que, por exemplo, inclui desde a
existência de estradas de acesso, ao estabelecimento e funcionamento de um poder
comprador, ou a instalação de uma planta agroindustrial ou de um centro de armazenamento,
etc.), denota uma função fundamental dentro da economia, isto porque ele procede estabelece
a ligação entre o setor produtivo e os consumidores finais (PADILHA JUNIOR, 2006 p. 1).
Compreender como se dá o funcionamento da comercialização, auxilia no processo de
tomada de decisões, desde como um todo. Em termos conceituais, entende-se por
comercialização uma série de funções ou atividades de transformação e adição de utilidade,
onde bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores (MARQUES e
AGUIAR, 1993, p.15). De acordo com Brandt (1979, p.11), a comercialização é conceituada
como o “desempenho de todas as atividades necessárias ao atendimento das necessidades e
desejos dos mercados, planejando a disponibilidade da produção, efetuando transferência de
propriedade de produtos, provendo meios para sua distribuição física, e facilitando a operação
de todo o processo de mercado”. Em outras palavras, Barros (1987), salienta que a
comercialização compreende o conjunto de atividades realizadas por instituições que se
acham empenhadas na transferência de bens e serviços desde o ponto de produção inicial até
que eles atinjam o consumidor final. Além disso, a comercialização é o “processo social
através da qual a estrutura de demanda de bens e serviços econômicos é antecipada ou
ampliada e satisfeita através da concepção, promoção, intercâmbio e distribuição física de tais
bens e serviços” (idem).
Segundo Henkes (2006), a comercialização acontece em diversos níveis de mercado,
porém, considerando os produtos agrícolas, geralmente ocorre ao mercado do produtor, ao
mercado atacadista e ao mercado varejista. Neste sentido,
O mercado do produtor é aquele que o produtor oferece sua mercadoria aos
intermediários. O mercado atacadista refere-se àquele segmento onde as transações
mais volumosas têm lugar. Nesse nível ocorrem fundamentalmente transações entre
intermediários – atacadistas e varejistas-, sendo pequena a participação de
produtores e consumidores. O mercado varejista é aquele, onde os consumidores
adquirem suas mercadorias. Os vendedores são chamados varejistas que, colocando
as mercadorias no momento, na forma e no lugar desejados pelos consumidores,
constituem-se no último elo da cadeia de intermediários envolvidos na
comercialização. Nos diferentes níveis de mercado cria-se um fluxo organizado de
bens e serviços, produzindo utilidades de forma, tempo e lugar aos produtos. De
modo geral este fluxo segue as seguintes etapas: concentração, equilíbrio e dispersão
(BARROS, 1987, p.7).
33
A comercialização segue em movimentos diferentes que são resultado da ação de seus
atores, que se interagem e compõe um sistema de comercialização, baseado em três funções
fundamentais: reunião, processamento e distribuição (HENKES, 2006, p. 22).
No Brasil, o processo de comercialização agrícola, passou por três etapas
intrinsecamente ligadas ao processo de urbanização e industrialização do país:
A primeira etapa relativa ao início da industrialização e urbanização do país
caracteriza-se como o período de crescimento do mercado interno, onde a
infraestrutura de transporte restringia-se ao sistema ferroviário criado para a
exportação do café, época em que os canais de escoamento eram controlados por
grupos oligopsônicos; A segunda etapa foi marcada pelo intenso processo de
urbanização e industrialização do país no pós II Guerra, provocando desequilíbrios
entre a produção agrícola-consumo urbano de produtos agrícolas e deficiente
estrutura de comercialização. Com a ampliação da malha rodoviária, surge a figura
dos caminhoneiros transportadores de produtos agrícolas, levando a produção de
uma região para outra em todo o país, e as culturas hortícolas de subsistência passam
a ser culturas comerciais, conduzidas aos centros urbanos, onde construiu-se
mercados atacadistas, com a responsabilidade de organizar a distribuição e o
abastecimento do varejo; A terceira etapa foi marcada pelo contínuo crescimento
urbano e pela transformação e fortalecimento do sistema varejista, com o surgimento
de cadeias de supermercados, que pela sua estrutura econômica e financeira,
estabelecem compras diretas de regiões produtoras (CASTRO 1972, p. 35-36).
A comercialização é um processo social, pelo qual abrange as formas de interação
entre agentes econômicos através de instituições apropriadas. Uma importante instituição no
sistema de comercialização é o mercado (BARROS, 2007).
Em termos conceituais, o mercado refere-se a uma área geográfica, em que
compradores e vendedores têm as facilidades para negociar um com o outro (preço e
quantidade) e onde as forças de oferta e demanda atua de tal forma que ocorra a transferência
de propriedade da mercadoria através de operações de compra e venda. O tamanho desta área
é limitado pelo sistema de comunicação, transporte e características do produto. (MENDES,
2007 p. 7; BARROS, 2007 p. 2; PADILHA JUNIOR, 2006, p. 4).
Além disso, Brandt (1979), corrobora que:
Por mercado, imagina-se uma esfera dentro da qual operam as forças construtoras do
preço, e na qual a transferência de propriedade tende a ser acompanhada pelos
deslocamentos reais dos produtos atingidos. Existem ainda outras concepções de
mercado que são: a) geográfica; b) área ou local, mantido e operado por uma
organização; c) esfera de ação de forças determinantes de preço de dado produto; d)
compradores ou vendedores potenciais; e) nível de comercialização (atacado,
varejo); f) área de competição efetiva (BRANDT, 1979, p. 11-12).
Vale ressaltar, que de forma mais ampla, mercado pode ser compreendido como uma
construção social, com destaque ao espaço de interação e troca, que é dirigido por regras e
34
normas (formais ou informais), onde são emitidos sinais (por exemplo, os preços) que
influenciam as decisões dos atores envolvidos (WAQUIL et al., 2010, p. 11).
Barros (2007) salienta que para qualquer tipo de mercadoria, pode-se elencar
diferentes níveis de mercado. Desta forma, no caso de produtos agropecuários, de forma geral,
é habitual referir-se ao mercado do produtor, mercado atacadista e mercado varejista. Neste
sentido, o mercado do produtor é conhecido como aquele em que os produtores ofertam sua
produção aos intermediários. Já o mercado atacadista, consiste no segmento do mercado em
que as transações mais volumosas têm lugar. Nesse nível ocorrem fundamentalmente
transações entre intermediários – atacadistas e varejistas -, sendo pequena a participação de
produtores e consumidores (idem). Além disso, destaca-se o mercado varejista, que engloba o
lugar onde os consumidores adquirem suas mercadorias. Os vendedores são chamados
varejistas que, colocando a mercadoria no momento, na forma e no lugar desejado pelos
consumidores, constituem o último elo da cadeia de intermediários envolvidos na
comercialização (ibidem).
No que se refere à questão da estrutura e a organização dos mercados, Barros (1987)
salienta que a estrutura de mercado, se refere basicamente as formas de organização de um
mercado que parecem influenciar estrategicamente, a natureza da competição e dos preços
dentro do mercado. Neste sentido, destacam-se as principais características de uma estrutura
de mercado:
Grau de concentração de vendedores e compradores – número e a distribuição por
tamanho dos vendedores e compradores existentes no mercado.
Grau de diferenciação do produto – grau em que os produtos de diferentes
vendedores sejam considerados diferentes ou não homogêneos pelos compradores;
Condição de entrada no mercado – maior ou menor facilidade com que os
vendedores podem entrar no mercado, determinada pelas vantagens e pressões que
os atuais vendedores podem exercer (Barros 1987, p.10).
Em relação à estrutura de mercado de produtos agrícolas, Alves e Staduto (1999),
afirmam que o produtor rural encontra-se passivo à assimetria de informações em relação a
outros agentes. Analisando a assimetria de informação, observa-se que o agente intermediário
e também o atacadista, habitualmente age de forma oportunista em relação ao produtor, se
apropriando de suas margens de lucro. (ESTADO DE MINAS, 2007 apud PIERRI, 2010, p.
16).
Outro aspecto importante é visto quando se observam que vários sistemas
agroindustriais têm se tornado mais concentrado. Estudos realizados, como por exemplo, o
estudo sobre a Cadeia Produtiva da Castanha do Caju e suas Relações de Mercado (Guanziroli
35
et al., 2009), aponta que um número reduzido de grandes empresas agroindustriais não apenas
absorve um volume significativo da produção primaria como tem significativa participação no
mercado de produtos processados. Além disso, observa-se que as grandes redes de varejo vêm
pressionando a margem de lucro de seus fornecedores. Desta forma, Margens de lucro
reduzidas levam a necessidade de grande volume de vendas como mecanismo de
compensação, levando a produção em maior escala (idem).
36
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS
AGRÍCOLAS
Várias abordagens do pensamento econômico tratam de forma distinta a discussão
sobre a formação de preços na economia, notadamente a capitalista. De acordo com Possas
(1987), pode-se trabalhar com três tipos de abordagem: clássica, neoclássica e o princípio do
custo total.
A primeira abordagem refere-se à teoria clássica do valor, pela qual apresenta o valor
ou “preço natural” seu caráter “absoluto”, em que a natureza determina o resultado do
trabalho humano, que antecede a ocorrência da troca de mercadorias. Em outras palavras,
considerando que o valor se é apresentado na troca como um conteúdo gerado pelo trabalho
humano, em que se torna possível estabelecer a relação de troca entre duas mercadorias. Desta
visão, surge a formação de preços como um método de geração e apropriação sociais de poder
aquisitivo em geral, com as correspondentes lógicas de repartição e ampliação do produto ou
renda gerada na produção capitalista.
Ao contrário da abordagem clássica do valor, a segunda abordagem (introduzida
através da visão de equilíbrio geral de Leon Walras), estabelece de forma direta que os preços
constituem a razão de intercâmbio que configuram um sistema de equilíbrio. Esta abordagem,
por sua vez, expressava de forma simultânea, uma taxa de equivalência entre os bens no plano
do consumo, nas equações de demanda, e no plano das condições técnicas de produção nas
equações de oferta, os preços relativos atuam como índices de escassez para o sistema
econômico, regulando a produção a remuneração e a alocação dos recursos; e de passagem
garantindo, em condições perfeitamente competitivas, o máximo de “bem-estar” social.
Através da presunção de que há concorrência perfeita em todos os mercados, Walras afirma
que os preços ostentam o duplo papel sobre as variáveis de ajuste para o equilíbrio geral e
também de critérios para os agentes econômicos em sua conduta racional-maximizadora
(POSSAS, 1987, p. 12).
Apesar de se apresentar de forma organizada e elegante em relação à abordagem
clássica do valor, a teoria do equilíbrio geral se torna insatisfatória como uma teoria de
preços, até mesmo no ponto de vista neoclássico. Segundo Possas (1987), a evidência em
relação à interdependência de preços e quantidades torna potencialmente impraticável a
análise do processo estático de equilíbrio de um dado mercado específico, e como
37
consequência, da própria formação dos preços e da produção; os agentes econômicos são
considerados como meros instrumentos sem conteúdo, simples objetos a mercê das regras de
racionalidade atribuídas à concorrência; a ponte para o mundo real, onde existe, revela-se
demasiadamente frágil.
A fim de superar a grave deficiência teórica e operacional herdada da análise estática
de Walras, surge então as teorias de equilíbrio parcial, introduzidas por Alfred Marshall.
Mesmo com as inconsistências contidas sobre a análise do modelo neoclássico, Marshall
busca inserir, na medida do possível, porções de realismo e de seu conhecimento empírico na
indústria britânica. A partir da análise marshalliana, algumas vantagens (analíticas e didáticas)
do estudo de formação dos preços em equilíbrio parcial na visão neoclássica podem ser
elencadas: maior clareza na identificação das variáveis relevantes, a abertura de um campo
para a análise mais simples e operacional, maior proximidade com a noção empírica de
indústria; ao contrário do mundo walrasiano, “onde tudo está determinado, mas nada pode ser
jamais determinado” (idem).
A compreensão de Marshall sobre a determinação do preço num mercado competitivo
congrega, fundamentalmente, os elementos a seguir:
a) Oferta e procura determinam simultaneamente preço e produção, configurando
(a não ser no período “de mercado”, muito curto) uma situação de equilíbrio estável
do mercado/indústria, isto é, em que os “agentes econômicos” não têm motivos para
alterar sua posição;
b) Os fatores de produção (ou insumos) podem ser combinados em diferentes
proporções (“princípio da substituição”) – no limite, substituíveis em doses
infinitesimais;
c) Uma firma constitui uma unidade de produção que toma decisões autônomas;
estas se reduzem a preço, produção e combinação eficiente de fatores, e visam
maximizar o lucro, configurando o equilíbrio da firma;
d) Pode-se subdividir o equilíbrio da firma e da indústria em curto prazo – quando
alguns fatores (insumos) são fixos (basicamente, a capacidade de produção), e longo
prazo – quando todos os fatores são variáveis, e a capacidade produtiva da firma e
da indústria podem se alterar através do investimento e da entrada e saída de firmas
na indústria, auferindo cada firma neste último caso apenas o “lucro normal”;
e) Considera-se um mercado competitivo (“perfeitamente”, mas o termo não é de
Marshall) quando há grande número de firmas vendendo um produto homogêneo,
quando se dispõe de informação plena e há livre mobilidade de fatores (livre entrada
de mercado);
f) Admite-se a vigência da lei dos rendimentos (físicos) marginais decrescentes a
“curto prazo” configurando uma curva de custos marginais (e médios) em forma de
“U”; o mesmo se aplicaria a “longo prazo”, em face da presença das economias e
deseconomias de escala, que seriam explicitadas por razões distintas (POSSAS,
1987, p. 14).
38
Apesar dos avanços obtidos pelos estudos de Marshall em relação à determinação de
preços na economia capitalista, foi inevitável a presença de alguns problemas de cunho
teórico, como por exemplo, a existência de um imenso vazio em seu tratamento dos tipos de
mercado, em que se limitou apenas aos casos da concorrência perfeita e do monopólio. Desta
forma, todas as outras situações intermediárias consideradas menos distantes da realidade,
como o oligopólio, foram omitidos (POSSAS, 1987, p. 14). Além do mais, o autor salienta
ainda que o enfoque tradicional do mercado em concorrência perfeita revela deficiências
graves, destacando-se o irrealismo das premissas, que tornavam o modelo virtualmente
inaplicável a qualquer situação concreta. Essa questão conduz à terceira abordagem.
No ano de 1926, o economista italiano Piero Sraffa publicou o artigo “The Laws of
Returns under Competitive Conditions” (As Leis dos Rendimentos sob Condições de
Concorrência), no qual o autor avalia a necessidade de uma nova abordagem sobre a análise
econômica dos mercados. A crítica de Sraffa fundamenta-se basicamente, em dois pontos
sobre a teoria marginalista: A crítica externa evidencia que a teoria vigente analisa apenas os
casos limites – a concorrência perfeita e o monopólio – e não levam em conta as situações
intermediárias que são frequentemente mais observadas na economia.
[...] a vertente teórica dominante, inspirada em Marshall, examinara apenas duas
situações limítrofes no que diz respeito às condições de concorrência, a concorrência
pura ou livre [...] e o monopólio, quando no mundo real o que predomina são
situações intermediárias. (POSSAS, 1983, p. 156).
Ainda em relação às críticas externas, Sraffa afirma que a teoria neoclássica não se
adequa a realidade, pois as empresas não são simplesmente tomadoras de preços, bem como
não operam com custos crescentes, mas sim com custos decrescentes ou constantes.
Por outro lado, a crítica interna está relacionada ao fato de as Leis dos Rendimentos
não proporcionais (com base na Lei dos Rendimentos Decrescentes de David Ricardo e a Lei
dos Rendimentos Crescentes de Adam Smith) terem sido generalizadas para se adaptarem a
teoria neoclássica. Sraffa salienta que tal generalização incide em inconsistências na curva de
oferta e a tornam irrealista.
[...] removeu ambas as leis da posição que, de acordo com a divisão tradicional da
economia política, costumava ocupar, uma sob o titulo de “distribuição” e a outra de
“produção”, e transferiu-as para o capítulo “valor de troca”, lá fundindo-as na “lei
dos rendimentos não proporcionais e derivando delas uma lei da oferta (SRAFFA,
1988, p.16).
A ideia de rendimentos decrescentes, desenvolvida por Ricardo, estava relacionada à
teoria da distribuição da terra, e não à teoria dos preços, de maneira que “a teoria marginalista
39
estendeu sua aplicação a qualquer combinação de fatores de produção (conceito alheio a Ricardo),
inclusive capital e trabalho, e não apenas à terra, onde parece ser mais razoável, dando-lhe um
pretenso caráter universal” (POSSAS, 1983, p.156).
Segundo Possas (1987), Sraffa extrai a partir da análise das “leis de rendimentos” de
Smith e Ricardo, algumas conclusões de ordem geral que são utilizadas como pontos basilares
da argumentação marginalista com relação à formação da curva de oferta: i) Em condições
competitivas, é mais apropriado admitir que os custos de produção constantes sejam a regra e
não a exceção; ii) Em decorrência, a melhor aproximação à formação dos preços em mercados
competitivos ainda é a teoria “atualmente obsoleta” (a teoria clássica do valor) fundamentada
nos custos de produção; iii) Uma teoria de preços determinados a nível de cada indústria
(“equilíbrio parcial”) pode apresentar inconvenientes devido à interação com outras indústrias
através da demanda ou da oferta, eventualmente provocando – o que é mais sério – a
interdependência de ambas (idem).
Contestando o pressuposto da teoria neoclássica sobre a tendência inescapável dos
custos médios crescentes (tradicionalmente relacionada à concorrência perfeita), Sraffa
argumenta que as firmas podem operar ampliando a produção a custos constantes e, deste
modo, é possível que possam acumular lucro e, com isso, serem levadas ao aumento da escala
de produção, crescendo através de economias de escala. Admitindo que o custo seja um fator
constante, “as empresas podem aumentar seu tamanho sem que isso acarrete uma condição
sine qua non de custos produtivos unitários crescentes, significando um duro enfrentamento
ao pressuposto marginalista basilar da firma “atomizada”, extremamente passiva com relação
às condicionantes do mercado” (SANTOS, 2006, p. 25).
Considerando outro argumento destacado por Sraffa sobre a teoria marginalista,
referente à firma como simples tomadora de preço, se for considerado que trabalhando a
custos constantes ou até mesmo decrescentes a firma encontre nisso um estímulo ao aumento
da produção, acabaria ela própria construindo um cenário de excesso de oferta frente à
demanda, o que levaria a uma redução do seu preço. Isso demonstra uma importante questão:
“a firma individual pode influenciar o preço de mercado, então, a noção de firma tomadora de
preços, o preço como um dado, revela-se uma prática nem sempre comum a todas elas”
(idem).
40
Quanto aos avanços ocorridos em relação à teoria ortodoxa dos preços5, o principal
progresso consistiu em mostrar a possibilidade de um equilíbrio competitivo a longo prazo,
isto é, com livre entrada e lucros “normais”, quando os produtos da “indústria” não são
homogêneos (POSSAS, 1987). Desta forma, além de supostamente resolver o problema entre
concorrência perfeita e monopólio, com a teoria mais próxima à do mundo, o estado de
equilíbrio arbitrado as firmas em concorrência monopolística ou imperfeita oferecia ainda
uma solução para o “dilema de Marshall”, já que a eliminação dos lucros anormais de uma
firma que maximiza lucros e cuja demanda é menos que infinitamente elástica requer
logicamente que ela esteja operando com retornos crescentes de escala (idem).
No entanto, poderia se dizer que a teoria da concorrência imperfeita (monopolística)
não obtém êxito em seu objetivo de dotar a teoria neoclássica dos preços de uma ponte de
ligação entre concorrência perfeita e monopólio que evitasse tratar da questão do oligopólio.
Isso porque não existe uma região intermediária empírica nem reconciliação teórica possível
entre a concorrência perfeita com livre entrada para o monopólio com barreiras institucionais.
Porém, esse fracasso foi, ironicamente, seu maior legado à teoria microeconômica, ao liberá-
la pela primeira vez da antiga ilusão marginalista de que é possível estudar o processo de
formação dos preços numa economia capitalista contemporânea sem formular qualquer
hipótese sobre o comportamento real das empresas em face da concorrência (idem).
Possas (1987) salienta que devido o consenso em torno da prioridade quanto da
dificuldade do oligopólio como objeto de estudo da teoria dos preços ou dos mercados
também levou à crescente sistematização dos resultados de estudos de autores
“institucionalistas” e de pesquisas empíricas. Seguindo este enfoque, observa-se que uma das
maneiras implícitas mais comuns de coordenação oligopolística é a liderança de preços, que é
desempenhada na maioria dos casos, por uma empresa dominante no mercado, mas
geralmente através da liderança colusiva entre as principais firmas (com o intuito de manter o
domínio do mercado). Contudo, podem surgir conflitos quando as diferenças de custos, de
tamanho ou estratégia forem muito acentuadas, mas a coordenação é facilitada pelo uso, na
5 De acordo com Possas (1987, p. 20), após o intenso debate em torno artigo proposto por Sraffa, surgem
simultaneamente em 1933, as teorias de concorrência imperfeita (The economics of imperfect competition) de
Joan Robinson (1903-1983) e concorrência monopolística (The theory of monopolistic competition) de Edward
H. Chamberlin (1899-1967), na qual ambas contemplam às reinvindicações propostas por Sraffa frente à teoria
marginalista.
41
grande maioria das indústrias de métodos convencionais de fixação de preços – todos
variantes do chamado princípio do “custo total” (idem).
Nesse sentido, em 1939, Robert Hall e Charles J. Hitch, através do artigo “A Teoria
dos Preços e o Comportamento Empresarial”, introduzem o princípio do “custo total”. Para
tanto, Hall e Hitch realizaram uma pesquisa, pela qual foram entrevistados dirigentes de 38
empresas britânicas (quase todos os entrevistados pertenciam ao segmento industrial),
buscando objetivamente respostas ao questionamento elementar: como é formado o preço de
venda dos produtos e se há a preocupação com a questão das curvas de custo e receita
marginal e, fundamentalmente, com a questão da maximização do lucro (HALL e HITCH,
1986).
Segundo as declarações dos empresários através das entrevistas realizadas, Hall e
Hitch, descobriram que uma grande proporção dos homens de negócios [empresários] não
tentam igualar a receita marginal com o custo marginal (princípio da teoria marginalista
neoclássica). Nesse sentido, Hall e Hitch então questionaram sobre qual método era, então,
utilizado para a definição do preço dos produtos. A partir dos dados coletados, foi revelado
que os empresários, “[...] tentam aplicar uma regra prática, que denominaremos de ‘custo-
total’ e que os lucros máximos, se resultam da aplicação dessa regra, serão um subproduto
acidental [...]” (HALL e HITCH, 1986, p. 386).
A interpretação direta dessa afirmação conduziu ao diagnóstico de que os empresários
tomam como base para a definição do preço de venda dos produtos o custo direto por
unidade, ou seja, segundo o princípio do custo total. Assim, o preço era composto pela adição
de determinada porcentagem (markup) aos custos para a determinação do preço de venda
(HALL e HITCH, 1986).
O princípio do “custo total”, segundo Possas (1987), representou um passo importante
quanto ao avanço da teoria dos preços, pois foi capaz de organizar pela primeira vez amplas
evidências empíricas que iam de encontro a duas bases de sustentação da microeconomia
neoclássica: a importância do custo marginal (crescente) e da demanda, através da receita
marginal, na determinação dos preços; e a maximização do lucro como norma de
comportamento das empresas. Em outras palavras, segundo Eichner (1985, p. 4), “isto
implicava que certas grandes empresas ao invés de serem tomadoras de preços, como suposto
pela maioria dos modelos microeconômicos, eram de fato controladoras de preços com algum
grau de poder de mercado, isto é, com arbítrio sobre o estabelecimento do preço”. Além disso,
42
as empresas consideram importante analisar as possíveis reações de seus concorrentes quando
do estabelecimento do preço dos produtos. Assim, percebe-se que existe entre elas uma
articulação indireta em favor da manutenção de um nível de preços em um patamar estável
que lhes garanta o lucro “justo” e, por extensão, evitando-se a concorrência predatória via
preços (SANTOS, 2006, p. 31-32). Ainda mais, esses resultados implicavam que as grandes
empresas eram capazes de estabelecer os seus preços sem levar explicitamente em conta as
condições de demanda (EICHNER, 1985, p. 4).
Desta forma, “havia evidência de que os preços em certas indústrias eram
determinados pelo lado da oferta e não pelo da demanda” (idem).
Por fim, cabe salientar que a partir do princípio do custo total surgem duas
ramificações teóricas que se tornaram importantes por darem lugar ênfase em suas análises
aos elementos dinâmicos de formação de preços em mercados oligopolísticos. De acordo com
Possas (1987, p. 35), a primeira delas é a teoria de “preços-limite” elaborada por J. Bain e
Sylos-Labini, que consistiu em discutir a importância das barreiras à entrada na determinação
do preço oligopolístico e da conformação e modificação das estruturas de mercado.
Já a segunda ramificação, abrange a teoria do “grau de monopólio” de Kalecki, que
propõe articular os determinantes dos preços e margens de lucro em oligopólio com a
distribuição macroeconômica da renda.
2.1. Preços Fixos e Flexíveis: Uma abordagem a partir de Kalecki e Hicks
Seguindo com o enfoque sobre a formação preços na economia capitalista, alguns
autores buscaram aprofundar suas discussões baseando-se no princípio do custo total e a
inserção dos modelos dinâmicos, que até então não eram considerados pela teoria ortodoxa.
Dentre os principais teóricos, pode-se destacar a contribuição de Michal Kalecki (1899-1970)
e John Richard Hicks (1904-1989).
A formulação de Kalecki (a partir do princípio do custo total, de Hall e Hitch)
fundamentava-se basicamente através da então conhecida teoria do “grau de monopólio”, pela
qual procura captar sinteticamente o “poder de mercado”, das empresas, “na medida em que
43
este se manifesta na capacidade de fixar preços de modo mais ou menos discricionário sobre
os custos de produção (POSSAS, 1987).
Kalecki salienta a existência de uma dicotomia entre os mercados, considerando que
os preços de produtos acabados (industrializados) são “determinados pelo custo”, ao passo
que as mudanças nos preços das matérias-primas, inclusive produtos alimentícios primários
(agricultura e indústrias extrativas), são “determinados pela demanda” (NEDER, 1994).
Desta forma,
Os preços na agricultura cumpririam, portanto um papel de "variáveis de ajuste"
entre as quantidades ofertadas em cada safra e as quantidades demandadas ao longo
do ano agrícola. Os setores produtores de produtos manufaturados, ao contrário,
trabalhando em geral com capacidade ociosa teriam oferta elástica, podendo ajustá-
la com maior capacidade de resposta (com menor defasagem temporal) às variações
de demanda. Os empresários desses setores em geral possuem capacidade de formar
preços, de certa forma independente das condições de demanda, através da fixação
de um "markup" sobre os custos diretos de produção. Neste último caso, as variáveis
de ajuste seriam as quantidades ofertadas via alteração mais imediata do grau de
utilização da capacidade produtiva instalada e/ou variação de estoques (NEDER,
1994 p. 23-24).
Na visão de Kalecki, como afirma Baltar (1985), a razão da formação dos preços
industriais reflete as condições específicas da concorrência à medida que a disputa pelo poder
de compra que é mediatizada pelas características particulares das estruturas de mercado, na
medida em que elas condicionam as formas de concorrência, que entre outras coisas abarcam
as estratégias de preços das empresas. Por outro lado, Baltar (1985) corrobora ainda que a
lógica da formação dos preços dos produtos primários básicos, na mesma medida que as
condições comerciais de seus mercados permitem maior especulação, tende a apresentar um
maior grau de indiferença quanto a formas particulares da disputa pelo poder de compra, pela
qual se predomina os critérios abstratos da valorização do capital, ou seja, rentabilidade
prospectiva, risco e liquidez.
Por outro lado, observando o debate em torno da formação de preços, Hicks apresenta
através da obra Valor e Capital (1939) a ligação entre o modelo neoclássico estático e os
modelos dinâmicos. De acordo com Hicks, tanto a indústria, quanto o varejo são formadores
de preço, em vez de tomadores de preço.
Neste sentido, Hicks enfatiza em suas discussões a distinção de dois tipos de preços
existentes no mercado: os mercados de preço flexível (flexprice) e os mercados de preço fixo
(fixprice). No mercado de preços flexíveis, o empresário ou produtor é um tomador de preços
resultantes dos movimentos relativos da oferta e da demanda pelos produtos. Nesta categoria
de mercado, destaca-se a presença do setor agrícola, devido à sua exposição ao mercado
44
externo e por atuar em mercados competitivos, isto é, os preços são determinados pelas
interações de oferta e demanda. Já o mercado de preços fixos são aqueles em que as firmas
são formadoras de preços e onde as variações de preços são devidas a flutuações de custos,
sendo que a oferta ajusta-se às flutuações da demanda através da algum principio do
ajustamento de estoques corroborado (ou não) por uma variação no grau de utilização da
capacidade produtiva (fazendo com que a produção tenda a ajustar-se às vendas e à demanda)
(idem).
Para Ghosh (1986, p. 122) dizer que os mercados são de preços fixos (fixprices) não
significa que os “preços nunca mudam”. Isso porque, os preços não terão que mudar sempre
que houver excesso de demanda ou excesso de oferta no mercado. Em tal sistema de preços,
os preços mudam apenas em resposta a mudanças nos custos reais, que dependem de
mudanças na tecnologia, salários, preços das matérias-primas, etc. Uma característica destes
mercados é que os preços comportam-se de forma mais rígida, em face de um excesso de
demanda ou por causa da existência de estoques. Assim, o mercado estará em equilíbrio
sempre que houver equilíbrio entre fluxos. Além disso, outra importante característica desse
tipo de mercado refere-se ao papel exercido pela intermediação das mercadorias produzidas.
Os intermediários estariam subordinados aos produtores, do modo que o nível global desejado
dos estoques seria uma função exclusiva dos planos das empresas (NEDER, 1994, p. 22).
Por outro lado, o papel dos estoques em um mercado de preços flexíveis (flexprices) é
diferente do mercado de preço fixo: o equilíbrio no mercado um preço flexível é um
equilíbrio de estoque e não um equilíbrio de fluxo. Um atributo marcante dos mercados de
preços flexíveis é a presença de comerciantes intermediários, que mantêm certo nível mínimo
de estoques de modo a manter-se no negócio. A atividade de intermediação teria um papel
dominante em relação ao nível dos estoques desejados: neste caso, a relação estoques em
poder dos intermediários / fluxos de oferta e de demanda corrente é muito maior, surgindo
condições mais favoráveis para a busca de uma valorização especulativa e, com isto, as
flutuações da demanda por estoques poderiam causar uma grande instabilização dos preços, já
que o ajuste não pode se dar via quantidade. Isto é, quando a oferta atual excede a demanda
de fluxo, esses intermediários absorvem o excedente da produção, o que tende a moderar a
queda dos preços. Se a demanda de fluxo excede a oferta atual, os comerciantes podem liberar
alguns “dos estoques, que tende a moderar a subida dos preços” (GHOSH, 1986, p. 122).
45
Partindo da ideia do método de preços, Hicks (1987) apud Costa et al. (2001, p. 100)
salienta que o método de preços fixos são aqueles cujo equilíbrio se dá através de mercados
organizados e administrados. Diferentemente como ocorre no mercado de preços fixos, o
método de preços flexíveis são aqueles em que o equilíbrio é estabelecido pela igualação da
oferta e demanda, com a ajuda do jogo de mercado. Hicks afirma que ao contrário do método
de preço fixo, no preço flexível não há preocupação com estoques, isso porque o
comportamento dos estoques é um indicador de manifestação do desequilíbrio. Contudo, o
caminho para examinar o desequilíbrio é ter como referência o equilíbrio.
Além disso, Hicks corrobora que o mercado de preços flexíveis é considerado como o
método de equilíbrio temporário, enquanto o mercado de preço fixo é um método de
desequilíbrio.
A partir do método dinâmico proposto por Lindahl, Hicks apud Costa et al. (2001, p.
101), observa a origem dos modelos de mercados de preço fixo. Para Hicks, as decisões de
produção e fixação de preços são obtidas a partir do início do período [de produção], tomando
por base as expectativas. A oferta e demanda se ajustam gradativamente ao longo do período
por meio dos estoques, com os preços dados. Destarte, no final do período o nível de estoques
observado poderá ser diferente do nível de estoques que foi planejado. Assim, Hicks concluiu
que o desequilíbrio de estoques é o motor que impulsiona o processo, considerando que a
sincronia entre eventos correntes e as expectativas, influenciadas pelas decisões de produzir,
período a período, torne-se dinâmico.
Costa et al. (2001, p. 101), salienta que, segundo Hicks, os mercados de preços
flexíveis, que são formados por comerciantes intermediários, foram aos poucos substituídos
pelos mercados de preço fixo, em que os preços são determinados pelos próprios produtores
(ou por uma autoridade), e não pela oferta e demanda. Assim, observa-se segundo o
entendimento de Hicks, os vendedores fixam seus preços deixando que as quantidades
vendidas sejam determinadas pela demanda.
Além disso, segundo Hicks apud Costa,
Nos mercados de preços flexíveis, o produtor só acumulará estoques quando crer
que o preço que obterá, vendendo-os em algum período futuro, será melhor que o
que poderia obter vendendo no presente, e compensará o custo de manutenção (e o
risco de perda) desses estoques. Nesse sentido, é voluntária a acumulação de
estoques. O sistema estará sempre em equilíbrio, pois, ainda que as demandas e
ofertas de fluxos sejam desiguais, as demandas e ofertas totais (incluindo o que se
agrega ou resta dos estoques) serão iguais todo o tempo. O método dos preços
flexíveis é um método de equilíbrio temporal.
46
Ao contrário, o método dos preços fixos é um método de desequilíbrio. O acúmulo
de estoques não é considerado (necessariamente) como voluntário, ainda que não se
negue que uma parte possa ser voluntária. Num modelo de preços fixos, as
demandas e ofertas não têm que ser iguais. Na verdade, não há nenhuma equação de
demanda e oferta para determinar os preços. Isso não significa que os preços
permaneçam constantes ao longo do tempo, ou de um determinado período até o
seguinte; só se supõe que não mudam, necessariamente, sempre que a demanda e a
oferta estejam em desequilíbrio (COSTA et al., 2001 p. 102).
Neste caso, a oposição entre um mercado flexível e um mercado rígido deixa de ser
uma questão de velocidade de ajuste e passa a ser uma forma de mercado. Para tanto, segundo
Hicks, os modelos rígidos são mais adequados para mercados em que há uma grande
incompatibilidade entre a oferta e a demanda, tal que não desencadeia mudanças de preços
(HORST, 2012, p. 44).
2.2. Formação de Preços Agrícolas
O preço agrícola é uma variável decisória muito importante para o produtor rural e
para o setor agrícola como um todo. Sabe-se que o processo de formação dos preços
agrícolas, diferentemente como ocorre nos mecanismos de formação de preços em mercados
industriais e/ou oligopolizados, ocorre em um conjunto que participam produtores,
intermediários e consumidores. Os produtos deste setor, segundo Henkes (2006), são
dimensionados pelo volume colocado à disposição dos interessados, constituindo-se desta
forma a oferta. No entanto, para que exista um mercado, não basta haver a oferta de produtos,
deve existir concomitantemente a demanda por eles, pela qual é determinada por uma relação
que descreve o quanto de um bem ou serviço os consumidores estão dispostos a adquirir aos
diferentes níveis de preços, em um determinado período de tempo e dado um conjunto de
condições.
Por outro lado, Salles (1991) corrobora que a formação de preços se dá por um
conjunto de fatores, como: o tamanho dos mercados; tipo de produto; e expectativas dos
agentes de comercialização.
Ao considerar um modelo que pretenda explicar o comportamento dos preços
agrícolas (e, portanto, da produção e renda), Barros (1987) destaca a presença dos três fatores
podem levar a variações no preço de um determinado produto agrícola:
a) Ao nível de produtor – mudanças tecnológicas, preços dos fatores e produtos
alternativos, financiamento, armazenamento, condições de financiamento, etc.;
47
b) Ao nível de intermediário – variações nos custos dos insumos de
comercialização (transporte, processamento, armazenamento, condições de
financiamento, etc.);
c) Ao nível de consumidor – variações na renda, população, preços de outros bens,
etc. (BARROS, 1987, p. 59).
A característica fundamental dos preços dos produtos agropecuários, segundo Padilha
Junior (2006), consiste em sua instabilidade, ou seja, eles apresentam um elevado grau de
variabilidade ao longo do tempo. Este fenômeno ocorre como consequência de fatores, tais
como, dificuldade de previsão e controle da oferta, produção sazonal e elasticidade-preço da
demanda e da oferta6. Para uma dada variação na produção (oferta), quanto mais inelástica a
curva de demanda, maior a variabilidade nos preços do produto.
É devido a este fator que os produtores rurais sofrem drástica redução na receita da
sua propriedade rural quando ocorrem safras elevadas sem ganhos de produtividade.
Além disto, a formação dos preços nos mercados agropecuários segue, basicamente,
as mesmas leis de mercado dos demais bens e serviços gerados na economia.
Existem, entretanto, certas características desta atividade produtiva que devem ser
lembradas:
a) Os produtos agropecuários geralmente são comercializados na forma não
diferenciada, sendo então denominados de commodities. Para conseguir melhores
preços para seus produtos, alguns produtores rurais investem na embalagem, em
serviços e outros elementos agregadores de valor. Isso diferencia o produto e
permite estratégias de vendas baseadas na qualidade.
b) Os produtos agropecuários são produzidos na forma bruta, precisando ser
processados antes de serem vendidos aos consumidores finais.
c) Os produtos agropecuários são geralmente perecíveis, alguns muito rapidamente,
o que diminui o tempo disponível para sua comercialização.
d) A produção agropecuária é sazonal; em função disso, os produtos precisam ser
armazenados durante o ano, garantindo assim um abastecimento adequado para o
mercado tanto na safra como na entressafra.
e) Além da produção estar distribuída em função do clima, solos, tradições e outros
fatores, ela é extremamente atomizada em termos de localização geográfica e
tamanho da unidade produtiva.
f) A produção agropecuária é de difícil ajustamento às necessidades da demanda,
porque o planejamento da produção é feito com meses ou anos de antecedência à
entrega do produto, quando as condições de mercado podem ter se modificado.
g) As empresas (propriedades rurais) do setor de produção agropecuária enfrentam
um alto grau de concorrência, aproximando-se da concorrência perfeita. Entretanto,
os produtores rurais defrontam-se com poucos vendedores de insumos e poucos
compradores de seus produtos. Para fazer frente a estas desigualdades de forças,
6 De acordo com Feldens apud Mendes (2007), “nos países de renda mais alta a elasticidade-renda é
relativamente baixa, entre 0,01 e 0,02. Isto significa que o crescimento da demanda de produtos agrícolas
depende mais do crescimento da população do que do aumento da renda da mesma. Em países de renda mais
baixa, a situação é um pouco diferente. A elasticidade-renda para produtos agrícolas é relativamente mais alta,
variando entre 0,30 e 0,50. Mesmo assim, havendo um aumento na renda da população em 10 por cento, o
aumento no consumo de alimentos seria em torno de 3 a 5 por cento. No caso de ocorrer um aumento na renda,
conjugado com um aumento da população, sem um aumento substancial na oferta interna de produtos agrícolas,
ocorrerá um aumento nos preços ou o racionamento de produtos agrícolas”.
48
normalmente os produtores procuram se organizar em associações ou cooperativas.
(PADILHA JUNIOR, 2006, p. 69-70)
Além disso, torna-se importante mencionar que os preços agropecuários, segundo
Padilha Junior (2006) e Mendes (2007) cumprem três funções fundamentais; isto é, na
alocação de recursos, na distribuição de renda e na formação de capital.
Na alocação de recursos, o nível de preços de mercado será determinante para o nível
de consumo quanto para nível o de produção. Desta forma, quanto maior o preço de um
produto, relativamente aos demais, maior será a probabilidade de auferir uma rentabilidade
elevada e consequentemente maior o volume de recursos que serão alocados na produção
deste produto.
Já a distribuição de renda, as variações nos preços dos produtos agropecuários em
relação aos não agropecuários afetam a distribuição intersetorial da renda; Além disso,
variações nos preços dos produtos agropecuários afetam distribuição da renda entre grupos de
renda do meio urbano e por fim; as variações nos preços agropecuários afetam a distribuição
de renda entre os grupos de produtores de baixa e de alta renda.
Quanto à formação de Capital, observa-se que aumentos nos preços agropecuários
permitem maiores retornos aos recursos setoriais, e, portanto maiores níveis de renda e de
poupança setorial, cuja consequência é o estímulo ao investimento (formação de capital).
O principal problema agrícola incide nos preços baixos e relativamente instáveis. Sob
o olhar da comercialização, o problema torna-se particularmente importante porque é difícil
para quem produz ajustar rapidamente sua produção às alterações de mercado. Para complicar
ainda mais este problema, as alterações climáticas, as pragas e doenças e outros fatores
exógenos impedem que se faça uma estimativa mais precisa da produção e dos preços.
2.3. Cadeia de Comercialização
De acordo com Gomes (2007), uma cadeia produtiva consiste em um conjunto de
elementos que se interagem, os quais podem incluir os mais diversos sistemas produtivos, tais
como fornecedores de insumos e serviços, industriais de processamento e transformação,
agentes de distribuição e comercialização, além de consumidores finais.
Marques e Aguiar (1993) corroboram a visão que a atividade de comercialização está
inerentemente ligada à troca de bens e serviços por ativos monetários. Neste sentido, observa-
se também que os preços das mercadorias, geralmente são determinados pelo mercado que é o
49
local onde operam as forças de oferta e demanda, e ocorrem as transferências de bens e
serviços em troca de dinheiro. O fluxo da mercadoria em direção ao consumidor passa por
diferentes patamares de mercado.
Por outro lado, Rezende e Aguiar (1996) salientam que os desejos e as necessidades
dos consumidores são resultado das utilidades que a comercialização pode incorporar aos
bens e serviços. Isso porque a utilidade é a qualidade que faz com que um bem seja desejado
ou procurado, e a capacidade que possui um bem ou serviço de satisfazer a uma necessidade
ou a um desejo.
Gomes (2007) destaca que o estudo da cadeia de comercialização torna-se importante
para entender como se orienta a organização da comercialização nos seus aspectos externos e
estruturais, pois dá uma visão ampla do seu funcionamento, dos pontos de estrangulamento e
do grau de competição entre os agentes da cadeia. Permite fazer um diagnóstico dos setores,
possibilitando a identificação de alternativas favoráveis para a comercialização dos produtos.
Além da cadeia de comercialização, destaca-se a importância dos estudos do canal de
comercialização e margens de comercialização, que serão enfatizados na seção 2.4.
2.4. Canal de Comercialização e Margens de Comercialização
Conceitualmente, o canal de comercialização é o caminho que a mercadoria percorre
até chegar ao consumidor final, ou seja, é o desencadeamento que o produto passa entre os
mercados, sob a participação de diversos intermediários até chegar à região de consumo. É no
canal de comercialização que se evidencia “como os intermediários se instituem e como se
agrupam para o exercício da transferência da produção ao consumo” (PADILHA JUNIOR
2006, p. 50).
Padilha Junior (2006), afirma que a classificação dos canais de comercialização
consiste de acordos com seu comprimento e complexidade. Segundo Pierri (2010), os
principais canais de comercialização dos produtos da Agricultura Familiar podem ser
classificados em quatro:
Vendas diretas: todas as operações de entrega direta do produto pelo produtor ao
consumidor final, tais como: entregas a domicílio, feiras livres, feiras especializadas
e eventos comerciais promocionais, lojas de produtores, vendas na propriedade;
Integração vertical: venda de produtos como matéria prima para beneficiamento
pelo comprador (leite, fumo, tomate, suínos e aves, etc.);
50
Vendas para distribuição: atacadistas, varejistas, distribuidores, restaurantes,
lojas especializadas de agricultura orgânica e produtos naturais, supermercados e
hipermercados, exportação.
Mercados institucionais: um exemplo são os mercados criados pelo Programa de
Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA, Lei n°10.696 de 2 de julho
de 2003). O PAA é um instrumento de política pública, operado por um Comitê
Gestor formado pelo MDA, MDS e CONAB, que realiza a compra de produtos da
Agricultora Familiar. A aquisição é feita por diferentes modalidades, sendo as
principais: 1) compra para o atendimento de populações em situação de insegurança
alimentar e nutricional, distribuição nas escolas, creches, hospitais públicos,
restaurantes populares, entre outros; 2) formação de estoques estratégicos (PIERRI
2010, p. 14 e 15).
Quanto à decisão de escolha do canal de comercialização, Padilha Junior (2006, p. 50)
destaca dois fatores importantes: a natureza do produto e a natureza do mercado. Para a
natureza do produto, a determinação decisiva para a escolha do canal de comercialização está
sobre a questão da perecibilidade do produto, afim encurtar caminhos entre o produtor e o
consumidor com o intuito de evitar perdas na produção. Quanto maior o valor unitário do
produto, tanto maior a possibilidade de sucesso na comercialização direta, pois o lucro é
obtido da venda de pequenas quantidades de tais produtos.
Já para a natureza do mercado, observa-se que mercadorias de consumo limitado
permitem um canal de comercialização curto, à medida que para produtos de maior consumo,
que exigem maior trabalho de distribuição, é necessário adotar um canal de comercialização
mais longo. Quanto maior a volume médio de vendas por consumidor, tanto menor a
possibilidade de realizar a comercialização direta. O caráter estacional das vendas favorece o
prolongamento do canal de comercialização (PADILHA JUNIOR, 2006, p. 50).
Por outro lado, Barros (2007) salienta que o sistema de comercialização abrange
diversas atividades ou funções pelas quais bens e serviços são repassados dos produtores para
os consumidores finais. A comercialização agrícola versa de um processo de produção pelo
qual incide em alterações sobre a matéria-prima agrícola que podem ser de três naturezas: de
forma, de tempo e de espaço. A separação da produção e consumo na forma, no espaço e no
tempo é que motiva o surgimento das atividades de comercialização. Desta forma, como
afirma Zanin (2011), agentes intermediários transportam, armazenam e transformam o
produto disponibilizando-o ao consumidor final. Este procedimento apresenta custos de
comercialização que são agrupados ao preço do produto e repassados ao consumidor.
Determinar o custo de comercialização é um elemento complexo e difícil de ser
realizado devido à necessidade do levantamento de vários itens, tais como: salários, juros,
51
aluguéis, insumos, depreciações, impostos, etc. Porém, a margem pode ser dividida em custo
de comercialização e lucro (ou prejuízo) do intermediário (ZANIN, 2011, p. 57). No entanto,
vale mencionar que estimar margens através dos preços do produto nos diferentes níveis de
mercado (que no caso de produtos agropecuários, são utilizados basicamente três níveis de
mercado, que são o produtor, atacado e varejo) é uma tarefa relativamente mais simples do
que a estimativa de resultados por meio de custos e lucros.
Considerando os níveis de mercado agrícola (produtor, atacado e varejo), Junqueira e
Canto (1971) apud Zanin (2011, p. 58), define a margem de comercialização pela diferença
entre o preço pelo qual um intermediário (ou um conjunto de intermediários) vende uma
unidade de produto e o pagamento que faz por uma quantidade equivalente que precisa
comprar para vender essa unidade. A equivalência se faz necessária para contabilizar perdas
decorrentes de apodrecimento, amassamento, deterioração nos processos de armazenamento,
perdas no transporte, além da existência de subprodutos. Portanto, as quantidades
equivalentes nos diferentes níveis de mercado devem, sempre, ser levadas em consideração.
Porém, o emprego das margens de comercialização como indicador de eficiência
apresenta algumas limitações, devido a outros fatores que podem afetar paralelamente as
margens. De acordo com Barros (2007, p. 7). Os principais fatores que podem afetar as
margens de comercialização são:
A estrutura de mercado do produto, grau de concorrência, fundamentalmente - desse
mercado, esperando-se margens maiores quando as formas de monopólio ou oligopólio
predominem no mercado. Por outro lado, quanto mais concorrenciais forem os
mercados, menores devem ser as margens;
Intensidade e frequência dos choques de oferta e demanda do produto e de seus
insumos de produção e de comercialização;
Características do produto. Produtos processados ou perecíveis tendem a apresentar
maiores margens, por demandarem maiores cuidados na comercialização.
Mudanças tecnológicas, que neste caso podem tanto reduzir quanto aumentar as
margens de comercialização.
Apesar da existência de tais limitações, Zanin (2011) ressalta a importância de estudos
sobre o comportamento das margens de comercialização, pois, além de servir de indicador de
eficiência de mercado, o acompanhamento da margem de comercialização se justifica pela sua
capacidade de identificar como se dá a divisão do gasto do consumidor final entre os agentes
52
envolvidos em todo o processo produtivo. O diagnóstico das margens ao longo do tempo
torna possível identificar mudanças nos custos de comercialização e/ou de rentabilidade,
quando as variações das margens não podem ser explicadas por variações de custos (idem).
De acordo com Araújo et. al (2010), as margens de comercialização podem ser
expressas de diversas formas, envolvendo todas ou apenas alguma das categorias de
intermediários, bem como podem ser absoluta (em unidades monetárias) ou relativa. Assim,
através da interpretação do comportamento da margem absoluta é possível analisar se os
intermediários estão recebendo mais que o justo por unidade vendida. Esses acréscimos
podem representar ineficiência, caso o produto não tenha sido melhorado ou não tenha havido
aumento de preço de insumos de comercialização.
Para Carneiro e Parré (2005), a margem relativa facilita a análise da distribuição do
gasto do consumidor entre todos os agentes. Brandt (1979, p. 75) salienta que a margem de
comercialização se reflete na parcela de uma unidade monetária que é gasto pelo consumidor,
que chega nas mãos do produtor, ou seja, se reflete na margem do produtor. Em outras
palavras, a margem do produtor é pura e simplesmente o preço recebido pelo produtor. Além
disso, “o maior grau de industrialização dos produtos agrícolas e maior exigência dos
consumidores tenderão a aumentar a margem de comercialização, reduzindo a participação do
produtor no preço pago pelo consumidor final” (MANFIO, 2005, p. 4).
53
3. METODOLOGIA:
Este trabalho tem como objeto de estudo a comercialização da produção do palmito da
Agroindústria dos assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Bonal. A
seguir, será abordada a caracterização do PDS Bonal, bem como os procedimentos
metodológicos que serão utilizados para coleta e análise dos dados da pesquisa realizada.
3.1. Caracterização do Objeto de Estudo
Instituído através da Portaria nº. 21 de 05 de julho de 2005, publicado no Diário
Oficial da União nº. 132, de 12 de julho de 2005, Seção 1, pág. 90, o PDS Bonal possui uma
área total de 10.447 ha (dez mil, quatrocentos e quarenta e sete hectares), está localizado no
Estado do Acre, no município de Senador Guiomard à margem da BR-364, km76 entre Rio
Branco e Porto Velho-RO, conforme Figura 1, com capacidade para assentar 210 famílias7.
Figura 1: Mapa de Localização do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal, 2012.
Fonte: Base de Dados INPE e ZEE/AC (2012).
Elaboração: Francisco Ivam Castro do Nascimento (2012).
7 Publicação de retificação da Portaria/INCRA/SR.14/Nº 21, de 5 de julho de 2005 , através do Diário Oficial da
União nº. 187, de 29 de setembro de 2010, Seção I, pág. 48.
54
De acordo com INCRA (2010), a área do PDS Bonal foi adquirida8 pelo INCRA
mediante processo da compra do local que pertencia a um grupo de empresários de origem
Belga, que desenvolviam, desde o início dos anos 1970, um projeto agroindustrial. A fazenda
Bonal, como era conhecida na região, desenvolveu inicialmente o plantio racional de
seringueiras para extração de látex. No início dos anos 1980, a empresa começou o plantio de
pupunha para a produção de palmito. E, em meados dos anos 1990, foi construída a
agroindústria para o beneficiamento do palmito.
Após o processo de aquisição da área, o INCRA priorizou, inicialmente, o acesso à
terra para as 41 famílias empregadas da antiga Fazenda Bonal. Na criação do PDS Bonal foi
mantida a organização territorial original do imóvel que estava distribuída em três núcleos de
moradia (agrovilas): Bom Destino, com 26 famílias, Morada Nova (Pista), com 14 famílias e
a agrovila Retiro que, naquele momento possuía apenas uma família residente. A chegada das
primeiras famílias que não faziam parte do quadro de empregados da antiga Fazenda Bonal,
iniciou a partir do mês de outubro de 2005. Essas famílias, por sua vez, foram alocadas nas
agrovilas já existentes.
No dia 15/07/2005, foi constituída a Cooperativa Agroextrativista Bom Destino LTDA
- CAEB, designada a coordenar a exploração do palmito e a utilização da infraestrutura
existente no assentamento. Segundo INCRA (2010), a CAEB inicialmente contava com 24
cooperados fundadores. No início de 2006 foi criado o Conselho Gestor da Cooperativa,
órgão encarregado de representar os demais assentados e buscar soluções para os problemas.
De acordo com INCRA (2010), a CAEB caracteriza-se como uma cooperativa de
produção e trabalho que conta com uma estrutura administrativa e de produção. As reuniões
ordinárias são realizadas a cada mês e extraordinárias sempre que necessário. A cooperativa
realiza um amplo trabalho com os jovens residentes no assentamento de modo a formar
lideranças para conduzirem o empreendimento no futuro. O trabalho na cooperativa é um
fator muito importante para a fixação dos jovens no assentamento evitando a evasão e a
migração para os centros urbanos.
8 Portaria/INCRA/Nº 185, de 23 de março de 2005, publicada no Diário Oficial da União nº. 57, de 24 de março
de 2005, Seção I, pág. 105.
55
3.1.1. Caracterização da Agroindústria de Palmito de Pupunha Bonal
De acordo com INCRA (2010), a atividade agroindustrial do PDS Bonal está
diretamente associada ao processo de transformação industrial e agregação de valor da
produção de palmito de pupunha existente no assentamento. Além de aproveitar as áreas
plantadas pelo antigo proprietário do imóvel, os assentados realizaram o plantio de 340.000
(trezentos e quarenta mil) mudas entre os anos de 2006 a 2008. Nos anos de 2010/2011, foram
plantadas mais 200.000 (duzentas mil) mudas de pupunha somente no PDS Bonal, com vistas
a aumentar a capacidade produtiva e a capacidade operacional da agroindústria, com a
possibilidade de aumentar a quantidade produzida e renda dos assentados.
Vale ressaltar que atualmente, toda a produção de palmito do PDS Bonal é
comercializada em alguns municípios do Acre.
De acordo com a CAEB, além do cultivo da pupunha, todas as famílias desenvolvem
outras atividades para complementar a renda, como extração do látex, criação de pequenos
animais, extração do açaí, plantios de culturas anuais e perenes para subsistência e
comercialização dos excedentes.
A partir do capítulo 4, serão discutidos com maiores detalhes a produção e os
principais resultados econômicos estabelecidos na unidade agroindustrial do PDS Bonal.
3.2. Coleta de Dados
A metodologia utilizada baseia-se no levantamento de informações a fim de identificar
e descrever a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, bem como
quantificar quais são as margens e markups de comercialização referentes ao palmito de
pupunha produzido no PDS Bonal.
As informações contidas neste trabalho são procedentes de informações da pesquisa de
campo realizada pelo projeto de pesquisa “Análise Socioeconômica de Sistemas de Produção
Familiar Rural no estado do Acre”, denominado ASPF9, desenvolvido pelo Centro de
Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas (CCJSA), da Universidade Federal do Acre (UFAC).
O processo de levantamento das informações sobre a produção foi realizado através de
9 O projeto ASPF desenvolve pesquisas socioeconômicas na área da produção familiar rural na região acreana
desde 1996, com diversas publicações sobre o tema. Para maiores informações ver: http://aspf.wordpress.com
56
dados oriundos do fluxo de caixa da agroindústria do PDS Bonal e as informações referentes
aos mercado foram extraídas através de uma pesquisa (censo), no qual foram entrevistados
todos os agentes mercantis que comercializam o palmito do PDS Bonal – um total de 18
estabelecimentos (representante, supermercados, distribuidoras, pizzarias e restaurantes) –,
localizados nos municípios do Estado do Acre.
Para o levantamento de informações foi utilizado um questionário estandardizado10
dividido em cinco seções:
1. Dados sobre os agentes mercantis;
2. Dados de mercadorias compradas (quantidade, preços, período de compra/venda,
forma de pagamento);
3. Dados de mercadorias vendidas (quantidade, preços, período de compra/venda,
forma de pagamento);
4. Informações de infraestrutura existente, empregados, capital;
5. Informações sobre a satisfação sobre a comercialização do produto (demanda
insatisfeita/potencial, preço do produto).
O levantamento de dados foi realizado no período de julho a agosto de 2012, nos
municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
Para o tratamento dos dados utilizou-se o software Microsoft Office Excel 2010®
. Para
a análise das margens de comercialização e respectivas apropriações, foram utilizados os
métodos indicados por Brandt (1979), Barros (1987), Marques e Aguiar (1993) e Cogan
(1999), que serão discutidos na seção 3.3.
3.3. Análise dos dados
Com a finalidade de avaliação dos resultados da pesquisa, considerando a formação de
preços da agroindústria bem como os agentes mercantis que compõem a cadeia de
comercialização (supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias) do palmito de
pupunha produzido no PDS Bonal, será utilizado neste trabalho a abordagem do
estabelecimento de preços com enfoque no estudo dos custos, margens e markup de
comercialização.
10 Cf. Gomes (2007).
57
De acordo com Barros (1987, p. 38), margem e custo de comercialização são dois
conceitos interligados e, por isso, às vezes, confundidos entre si. Segundo o autor, para a
efetivação das funções de comercialização torna-se necessário a existência de um custo
incorrido pelos comerciantes na forma de salários, aluguéis, insumos diversos, depreciações,
juros, impostos, etc. Destarte, a determinação do custo de comercialização abrange o
levantamento desses diversos itens, o que é, sem dúvida, mais difícil do que o levantamento
dos preços dos produtos nos diversos níveis de mercado. A partir desses preços é que se
determina a margem de comercialização.
Margem de comercialização (M), segundo Padilha Junior (2006, p. 54) corresponde às
despesas cobradas dos consumidores pela execução de alguma função de comercialização por
parte dos intermediários do sistema de comercialização. A margem de comercialização
também se refere à diferença entre preços nos diferentes níveis do sistema de
comercialização, ajustada para o nível inferior de mercado e que é sempre cobrado do
consumidor final. Assim, a margem deve refletir os custos de comercialização e a produção
relativa do lucro ou prejuízo dos intermediários.
LCM (1)
Onde:
M = Margem;
C = Custo;
L = Lucro ou prejuízo dos intermediários.
Para Junqueira e Canto (1971) apud Barros (1987), a margem é dada pela diferença
entre o preço pelo qual um intermediário (ou um conjunto de intermediários) vende uma
unidade de produto e o pagamento que ele faz pela quantidade equivalente que precisa
comprar para vender essa unidade.
A análise das margens brutas, como afirma Padilha Junior (2006), não considera as
perdas e quebras dos produtos agropecuários ao longo do sistema de comercialização, apenas
as variações do preço de forma absoluta ou relativa. Uma representação de um sistema
simplificado de comercialização pode ser observada na figura 2.
Figura 2: Representação de um Sistema de Comercialização Simplificado
Fonte: PADILHA JUNIOR (2006)
PRODUTOR Pp ATACADO Pa VAREJO Pv CONSUMIDOR
58
Em que:
Pp = preço na esfera da propriedade rural, isto é, corresponde ao preço recebido pelo produtor;
Pa = preço na esfera de atacado, quer dizer, referente ao preço de venda do atacadista;
Pv = preço no âmbito do varejo, ou seja, preço pago pelo consumidor.
Além disso, a presença de intermediários na comercialização afeta de forma direta o
cálculo da margem, o que reflete em uma segmentação da margem em cada nível do sistema
de comercialização, como será abordado a seguir:
3.3.1. Margem Total (MT)
A Margem Total (MT) busca estimar as despesas do consumidor devidas a todo o
processo de comercialização. O cálculo da Margem Total, consiste na diferença entre preço
do varejo (Pv) de um produto qualquer e o pagamento recebido pelo produtor pela quantidade
equivalente na propriedade rural (Pp). Em termos absolutos,
pv PPMT (2)
A margem total relativa é expressa como proporção do preço no varejo, ou seja:
100].P/)PP[('MT vpv (3)
Segundo Barros (1987, p. 39), como alternativa à margem é frequente o emprego do
conceito de markup de comercialização.
3.3.2. Markup de Comercialização (Mk)
O markup (Mk), de acordo com Padilha Junior (2006), é a diferença entre o preço de
venda e o preço de compra (ou de custo), ou seja, ele mostra quanto que cada intermediário do
sistema de comercialização acrescentou de preço sobre o produto antes de repassá-lo ao
próximo intermediário, nos diversos níveis do sistema. Em termos absolutos, markup é igual à
margem de comercialização.
Já em termos relativos, o markup mostra o percentual de aumento entre os preços de
venda e de compra relativamente ao preço de compra, ou, entre o preço de venda e o custo de
59
produção relativamente ao custo de produção.
Desta forma,
100].P/)PP[(Mk ccv (4)
Em que:
Mk = markup
Pv = preço de venda no mercado;
Pc = preço de compr no mercado
3.3.3. Apropriação Efetiva (AEi)
De acordo com Inhetvin (1998 e 2000) e Dürr (2002), a Apropriação Efetiva (AEi)
consiste no lucro bruto total efetivamente apropriado por cada tipo de intermediário. Desta
forma, a Apropriação Efetiva pode ser calculada a partir da margem de lucro bruto,
multiplicada pela participação proporcional de cada tipo de intermediário no valor total do
produto comprado, representada através da seguinte expressão:
Pc
Pc.MkAE i
i (5)
Onde:
AEi = Apropriação Efetiva
Mk = markup
Pci = Participação proporcional de cada tipo de intermediário no preço
Pc = Preço de compra no mercado
3.3.4. Formação de Preços da Agroindústria de Palmito do PDS Bonal
Para a determinação da formação de preços do palmito de pupunha produzido na
agroindústria do PDS Bonal, será necessário, a princípio, descobrir e determinar os custos de
produção existentes na agroindústria, para que a partir destes, sejam definidos os preços de
venda e os preços potencial do mercado de palmito em questão.
A literatura econômica destaca que para uma boa gestão em uma firma, torna-se
importante saber quais são os custos de uma unidade de produção. Dentre os principais tipos
de custos, destacam-se a presença do custo unitário, do custo total de produção, assim como
60
os custos fixos e variáveis. Diversos autores, entre eles Buarque (1984), afirmam que o custo
unitário consiste no resultado da razão entre os custos totais de produção e a quantidade
produzida de um determinado produto. Desta forma o custo unitário de produção é
determinado pela seguinte expressão:
q
CTCUP (6)
Em que:
CUP = Custo Unitário de Produção
CT = Custo Total
q = Quantidade Produzida
Os custos totais de produção (CT), por sua vez, são determinados a partir da soma dos
custos fixos e variáveis de produção, Desta forma:
CVCFCT (7)
Onde:
CT = Custo Total
CF = Custo Fixo
CV = Custo Variável
Os custos fixos de produção (CF) são aqueles em que os valores não se alteram em
caso de aumento ou diminuição da produção, ou seja, possíveis variações na produção não
irão afetá-los, uma vez que seus valores já estão fixados.
Exemplos:
Limpeza e Conservação;
Aluguéis de Equipamentos e Instalações;
Salários da Administração;
Segurança e Vigilância, etc.
Já os custos variáveis (CV), são aqueles que variam de forma proporcional ao nível de
produção ou atividades. Seus valores são dependentes do volume a ser produzido ou volume
de vendas efetivado em um determinado período.
Exemplos:
Matérias-Primas;
Comissões de Vendas;
61
Insumos produtivos (Água, Energia), etc.
Após a determinação dos custos de produção, como resultado final do método de
formação de preços para a agroindústria de palmito de pupunha do PDS Bonal, serão
abordados na seção 3.3.7 os métodos de determinação do markup de produção para a
agroindústria.
3.3.5. Markup, Preço de Venda e Preço Potencial na Produção Agroindustrial
do PDS Bonal
De acordo com Cogan (1990), markup é um índice aplicado sobre o custo de um bem
ou serviço para a formação do preço de venda. Esse índice é tal que cobre os impostos e taxas
aplicadas sobre vendas fixas, custos indiretos fixos de fabricação e o lucro.
Considerando que os valores são fornecidos como uma porcentagem do preço de
venda, o markup pode ser encontrado através de diversas maneiras. De acordo com a
literatura econômica, destacam-se duas categorias: o cálculo através do markup divisor e do
markup multiplicador.
Markup Divisor:
%)]Mc%ITV(%100[%100MKP (8)
Em que:
MKP = Markup de Produção
ITV% = Impostos e Taxas de Vendas (ICMS, PIS, Cofins, Comissões de Vendas, etc.)
Mc% = Margem de Contribuição11
[custos/despesas fixas mais lucro (nível aceitável de lucro
determinado pelo mercado)].
Através do cálculo do markup divisor, pode-se determinar o preço de venda para o
palmito Bonal, através da razão entre os custos variáveis de produção e o markup divisor:
PMK
CVPV (9)
Pelo qual:
PV = Preço de Venda
CUP = Custos Variáveis
MKP = Markup de Produção
11 Ver Cogan (1990, p. 134)
62
Markup Multiplicador:
%)]Mc%ITV(%100[
%100MKP
(10)
Em que:
MKP = Markup de Produção
ITV% = Impostos e Taxas de Vendas
Mc% = Margem de Contribuição
Após a determinação do markup multiplicador, pode-se encontrar o preço de venda
para o palmito Bonal, através do produto entre custos variáveis de produção e o markup
multiplicador. Desta forma,
PMK.CVPV (11)
No qual:
PV = Preço de Venda
CUP = Custos Variáveis
MKP = Markup de Produção
Por fim, o preço potencial (preço máximo que os agentes mercantis estão dispostos a
pagar pelo palmito de pupunha Bonal), será determinado através da pesquisa de mercado,
obtida através dos resultados da aplicação do questionário com os agentes mercantis
participantes do processo de comercialização (supermercados, distribuidoras, restaurantes e
pizzarias) do Palmito Bonal, conforme anexo 1.
63
4. PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE PREÇOS DA
AGROINDÚSTRIA DE PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL
4.1. Caracterização e História do Palmito no Brasil
Segundo Sampaio et.al (2007), o palmito12
(Figuras 3 e 4) é considerado uma iguaria
tipicamente brasileira, consumido em diversos países do mundo como um produto exótico,
muito utilizado para confecção de pratos finos, tornando-se assim um produto com boa
demanda de mercado nacional e internacional.
Figura 3: Localização do Palmito em uma Palmeira
Fonte: AGUIAR (2010).
Figura 4: Palmito in natura
Fonte: ASPF (2012).
De acordo com Sousa et.al (2011), o Brasil é o maior produtor e consumidor de
palmito do mundo, porém, não possui o título de maior exportador. Nos últimos anos, a Costa
Rica e o Equador, com plantios organizados, com ganhos de escala e preços mais baixos,
assumiram a liderança de exportações no mercado internacional. A Tabela 2 demonstra que o
Brasil que se mantém com uma tendência de queda desde 1993, quando exportou 11.389
toneladas, até as irrisórias 1.282 toneladas exportadas em 2010 para os Estados Unidos,
Líbano, França, Itália, Japão, México e Espanha13
(RODRIGUES, 2011).
12 O palmito corresponde ao miolo da parte superior do caule da palmeira, de consistência tenra e cor
esbranquiçada 13
Cf. http://aliceweb2.mdic.gov.br/
64
Tabela 2: Valor total (FOB), peso e valor por tonelada do palmito exportado pelo Brasil, 1993 a 2010.
ANO VALOR (US$ Milhões) PESO (t) US$/t
1993 45.374 11,389 3.984
2004 7.608 2,222 3.424
2005 9.695 2,401 4.038
2006 10.061 2,081 4.835
2007 13.765 2,847 4.835
2008 11.349 2,568 4.419
2009 7.142 1,634 4.371
2010 6.567 1,282 5.083
Fonte: SECEX (2011); RODRIGUES (2011).
A principal justificativa para a perda do Brasil da primeira posição no ranking dos
maiores exportadores mundiais deve-se ao fato do palmito nacional apresentar baixa
qualidade no produto. Inhetvin (2010, p. 67) corrobora ainda que as condições sanitárias
precárias durante o processo produtivo levaram ainda à contaminação bacteriana denominada
botulismo (Clostridium botulinum) em conservas de palmito em 1998. O principal fator para a
baixa qualidade do palmito é resultado do processo de exploração extrativista, em grande
parte ilegal, do palmito no Brasil.
De acordo com Frasson e Lopes (2002) apud Sampaio et.al (2007), a utilização
econômica do palmito no Brasil iniciou-se nas Regiões Sudeste e Sul durante a década de
1930, advinda da extração do palmito da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius), originária
da Mata Atlântica.
Segundo Rodrigues e Durigan (2005), a industrialização do palmito brasileiro teve
início em 1949, no Estado do Paraná. A partir da década de 1960, o desenvolvimento
agroindustrial do palmito se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São
Paulo. De acordo com Rosetti (1988), em 1959, o número oficial de agroindústrias de palmito
no País era 95 indústrias no ano de 1959, na qual todas eram localizadas no Paraná, passou
para o número de 1.163 no ano de 1970 e, em 1974, esse número reduziu para 66 indústrias.
A redução do número de indústrias envasadoras de palmito no ano de 1974 deveu-se
principalmente ao aumento significativo da demanda por palmito em todo o país, que resultou
num processo desenfreado de exploração do palmito de juçara, e que consigo trouxeram
inúmeros impactos ambientais, entre os quais se destaca a escassez da palmeira juçara na
Mata Atlântica brasileira. Dentre os vários fatores que contribuíram para que esta palmeira
entrasse em risco de extinção, Sampaio et.al (2007) destaca a sua intensa exploração seletiva,
devido à simplicidade que os palmiteiros encontravam para explorá-lo. Por outro lado, a
palmeira juçara possui um ciclo produtivo longo, entre oito a nove anos, que também
65
contribuiu para sua escassez.
Como consequência da escassez do palmito de juçara, considerando que a regeneração
natural desta espécie não suportava mais a demanda por matéria-prima pelas empresas de
palmito em conserva das regiões Sul e Sudeste, a partir da década de 1970, algumas empresas
decretaram falência enquanto outras empresas se transferiram para a Região Norte do Brasil.
De acordo com Sampaio et.al (2007), tais empresas migraram, principalmente, para os
Estados do Pará, na região do Baixo Amazonas, e do Amapá, para explorar o açaí (Euterpe
oleracea Martius.), que é uma palmeira tropical, perene, nativa da Amazônia Oriental.
Nascimento e Moraes (1991) apud Rodrigues e Durigan (2005, p. 4), corroboram que os
primeiros registros da agroindústria do palmito na Região Norte apontam que no ano de 1968
implantou-se a primeira indústria no Estado do Pará. A partir de então, o agronegócio do
palmito passa a ser comandado pelo núcleo agroindustrial de Belém, consolidando-se a partir
da década de 80. Segundo a ABRAPALM14
(Associação Brasileira dos Produtores de Palmito
Cultivado), a partir do início dos anos 80, praticamente 90% do palmito em conserva
colocado a venda no mercado era proveniente do Açaí.
Em relação à produção de palmito, segundo dados oficiais publicados pelo IBGE
(Tabela 3), no Brasil, a produção passou de 34.273 toneladas em 1974 para 203.948 toneladas
no ano de 1976. Já em 1977, houve uma redução da produção para 35.123 toneladas. Nos
anos seguintes, a produção cresce, chegando a obter, em 1989 uma produção de 202.440
toneladas, em 1989. A partir de 1990, a produção decresce e apenas no ano de 2011, alcança o
número de 108.982 toneladas produzidas.
14 Cf.: http://www.inpa.gov.br/pupunha/empreendedores/abrapalm_historico.html
66
Tabela 3: Produção Brasileira e Participação dos Principais Estados Produtores de Palmito no Brasil –
1974-2011 (Anos Selecionados).
ANO BRASIL (t)* PARÁ (%) SÃO PAULO (%) PARANÁ (%) S
TA CATARINA (%) ACRE (%)
1974 34.273 62,00 8,90 3,30 10,80 -
1976 203.948 97,00 0,80 0,70 1,60 -
1977 35.123 85,00 4,20 2,90 6,40 -
1980 114.408 95,00 0,50 0,90 2,00 -
1989 202.440 96,40 0,04 0,00 0,00 -
1990 27.031 81,23 0,58 0,31 2,22 0,91
1991 23.687 81,69 0,07 0,36 1,85 1,78
1993 21.596 83,42 0,21 0,66 0,28 2,51
1994 22.400 82,97 1,08 0,57 0,05 3,05
1996 19.696 82,53 1,87 0,37 0,77 3,05
1997 41.222 84,33 3,02 0,15 0,18 1,33
1998 35.637 64,18 3,78 0,01 0,22 1,63
1999 37.664 47,68 2,42 0,01 0,24 1,54
2000 41.510 39,51 6,95 0,12 1,11 0,93
2001 41.714 34,70 5,41 0,20 3,63 5,73
2002 55.648 24,86 6,29 0,38 2,26 3,51
2003 51.376 24,49 9,88 1,02 3,43 1,78
2005 51.830 15,13 9,18 2,39 6,53 0,85
2007 67.466 8,81 3,02 6,79 2,85 0,60
2008 89.879 6,85 19,25 6,03 5,99 0,15
2009 75.860 7,01 4,05 9,17 5,62 0,86
2010 121.790 4,29 13,90 30,47 5,40 0,64
2011 108.982 4,94 14,64 25,77 7,01 0,64
Fonte: IBGE/SIDRA (2012); RODRIGUES e DURIGAN (2005). *Os dados contidos nesta coluna referem-se ao resultado da soma da produção extrativa e da produção em
lavouras, oriundos das Tabelas “Quantidade produzida na extração vegetal por tipo de produto extrativo”
e da Tabela “Lavouras Permanentes” (IBGE/SIDRA).
Obs: Seguindo o método adotado por Rodrigues e Durigan (2005), excluíram-se os anos/linhas em que a
produção do ano anterior foi aproximada.
Quanto à participação dos estados na produção, observa-se que Paraná, Santa Catarina
e São Paulo (Tabela 3), que na década de 1970 participaram com até 10,8 % do total
produzido no país, contribuíram, entre as décadas de 1980 e início da década de 1990 com
percentuais mínimos – no máximo até 3% –, Este fator deveu-se principalmente à exploração
do palmito de açaí no Estado do Pará. O Estado do Acre, por sua vez, possui participação
apenas a partir do ano de 1990, a partir da iniciativa do cultivo do palmito de pupunha.
A extração do palmito em palmeiras nativas, como é o caso do açaí e da juçara,
provocaram inúmeros danos ao meio ambiente, tais como o impacto causado em populações
de aves e mamíferos, “que têm nos frutos e brotos destas palmeiras parte da sua alimentação e
estes, por sua vez, garantem a dispersão destas espécies, promovendo o equilíbrio ambiental
das florestas” (SAMPAIO et.al, 2007, p. 15).
Devido ao avanço das discussões sobre a preocupação mundial em se conservar os
recursos naturais existentes, Maranhão (2012), Silva (2000) e Sampaio et.al (2007), salientam
67
que com a realização da Conferência Mundial das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (ECO-92) em que os países participantes assinaram um acordo se
comprometendo a importar e exportar palmito proveniente de plantações, o Brasil se vê
obrigado a adotar novas formas de exploração do palmito. Neste sentido, destaca-se o cultivo
da pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) para a produção de palmito, devido as suas qualidades
que permitem o seu uso de modo sustentável.
4.2. Principais Características Palmito de Pupunha
De acordo Inhetvin (2010, p. 65), a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) é uma palmeira
multicaule pertencente à família das Palmáceas, nativa da Amazônia, que chega a atingir até
20 m de altura e com diâmetro do caule entre 15 a 30 cm. O comprimento dos entrenós é de 2
a 30 cm, que muitas vezes apresentam numerosos espinhos rígidos e pretos ou marrons
escuro. Algumas espécies são desprovidas de espinhos (Figura 5).
Figura 5: Cultivo da Pupunheira para a Produção de Palmito, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2007)15
, o
15 Cf.: http://www.inpa.gov.br/pupunha/revista/clement-intro.html#nomenclatura
68
ápice do estipe sustenta uma coroa de 15 a 25 folhas do tipo pinadas, inseridas em diferentes
ângulos. As folhas tenras não expandidas, localizadas no centro da coroa, formam o palmito,
um importante produto econômico. A inflorescência monoica aparece nas axilas das folhas
senescentes. Após a polinização, os cachos podem conter entre 50 e 1000 frutos e pesar de 1 a
25 kg. Ainda segundo INPA (2007), a palmeira de pupunha floresce com maior intensidade
entre os meses de agosto a dezembro. A maturação de seus frutos ocorre principalmente nos
meses de dezembro a julho. Outra característica importante desta planta é a sua capacidade de
perfilhamento, sendo comum encontrar exemplares com até 5 perfilhos16
.
Segundo Anacleto et.al (2011), a partir da década de 1990 teve início o cultivo da
pupunha para a produção de palmito. Um dos principais fatores que motivaram o interesse de
agricultores de todo o Brasil em investir no plantio da pupunha, foi à busca de novas opções
de cultivo em substituição às palmeiras nativas e de longo ciclo (como ocorriam nas palmeiras
de juçara e açaí).
A vantagem da pupunha sobre as espécies tradicionais consiste especialmente na sua
precocidade e capacidade de formar perfilhos o que favorece a produção continuada e a
padronização dos toletes, porção foliar destinada a industrialização (ANACLETO et.al, 2011,
p. 26).
Quanto ao sabor, Anacleto et.al (2011) corrobora que o palmito da pupunha possui um
sabor levemente adocicado e agradável, além de possuir um elevado valor nutritivo, em que
se destacam as elevadas taxas de caroteno de proteína e de gordura, bem como fornece muitos
minerais, pois contém sódio, potássio, manganês, cálcio, ferro, flúor, cobre, boro e silício
(Bernardi et al., 2007 apud Anacleto et.al., 2011).
Em relação ao mercado, o palmito de pupunha possui uma tendência ascendente de
mercado. Como salienta Inhetvin (2010), devido ao aumento da demanda por frutos de açaí
para produção da polpa, que apresenta maior rentabilidade e menor risco ambiental para os
extratores que o mercado de palmito, além de uma paulatina redução de palmito extrativo
neste mercado.
Deste modo, o panorama atual aponta para o crescimento da pupunha no mercado de
palmito em conserva, como é tradicionalmente comercializado. “Mas como uma
peculiaridade do palmito de pupunha é de não oxidar ao ser cortado, ele também é apropriado
16 Cf.: http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A39pupunha.htm.
69
para ser conservado apenas em refrigeração, podendo ser consumido, assim, fresco ou
minimamente processado” (INHETVIN, 2010, p. 68).
Quanto ao potencial econômico e ecológico, Inhetvin (2010) destaca que a pupunha
apresenta uma série de vantagens ecológicas e econômicas quando comparada com outros
tipos de palmeiras destinadas a produção de palmito (juçara e açaí, por exemplo). Entre tais
vantagens, pode-se destacar:
Vantagens ecológicas: a pupunha pode ser plantada a céu aberto, não
necessitando ser plantada sob mata ou capoeira, e consequentemente, sem
causar dano às florestas nativa, além de repor a matéria orgânica do solo e
manter a erosão sob controle. Com a expansão desta cultura, diminuirá
paulatinamente as pressões que incorrem sobre a extração devastadora das
palmeiras nativas nas matas Atlântica a Amazônia;
Baixo custo de implantação e manutenção da lavoura;
Rusticidade: a pupunha não carece da utilização de controles químicos para
pragas e doenças;
Maior precocidade de produção: o primeiro corte ocorre entre 15 a 24 meses
após o plantio no campo;
Capacidade de perfilhamento: a pupunha permite que se possa repetir o corte
nos anos seguintes, sem necessidade de replantio da área;
Como planta perene, a pupunha promove a cobertura vegetal permanente, pois
o corte é realizado seletivamente;
A pupunha não escurece após o corte (não oxida), o que facilita seu
processamento, além de permitir a venda in natura do palmito;
Boa produtividade de palmito por área e com bom rendimento no
processamento;
Ótima qualidade: o palmito de pupunha é muito macio e saboroso, não tendo
problemas de aceitação pelo mercado interno mais exigente e internacional;
Segurança para o produtor: o palmito não estraga, já que o produtor pode
deixá-lo no pé ou, então, envasá-lo, guardando os vidros e realizando as vendas
quando achar conveniente.
70
4.2.1. Etapas de produção do Palmito de Pupunha
O processo de produção do palmito de pupunha passa por uma série de etapas, que se
inicia desde a recepção da matéria-prima oriunda dos lotes dos produtores rurais do
assentamento até a fase de estocagem do produto, quando o produto está pronto para o
consumo e apto para a comercialização. A Figura 6 ilustra as etapas de processamento do
palmito de pupunha.
Figura 6: Fluxograma do Processamento Industrial Padrão na Agroindústria de Palmito de Pupunha do
PDS Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Recepção
Lavagem
Corte do Picado
Repouso
Salmoura ácida
Água (espera)
Resfriamento
Cozimento
Vedação da Tampa
Adição de Salmoura
Envase
Corte e Classificação
Estocagem
Embalagem
Rotulagem
Controle de Qualidade
Quarentena
71
O processamento do palmito de pupunha inicia-se com a recepção da matéria-prima no
pátio da agroindústria, em local bem próximo do processamento propriamente dito.
Os palmitos in natura são agrupados de modo a receberem a lavagem com água
corrente e abundante nas hastes para a remoção da cerosidade externa.
Após a lavagem da matéria-prima o palmito é colocado em uma sala onde é feito o
corte a classificação do palmito conforme os tipos mais comuns encontrados no mercado:
Tolete, Picado, Rodelas do tipo “A” e “B” e Bandas. Os primeiros cortes (feitos em moldes)
representam o palmito mais tenro ou de melhor qualidade, em que são extraídos os toletes. As
demais partes do palmito são usadas para outros cortes denominados “palmito picado”,
“rodelas” e “bandas”.
Logo após o processo de corte e classificação, os diferentes cortes do palmito são
separados e acondicionados recipientes com água, para em seguida serem envasados e
receberem a adição de salmoura de espera (solução diluída em água, que contém em média
5% de cloreto de sódio e 1% de ácido cítrico monohidratado), e por fim receberem uma tampa
de vedação.
Após os vidros serem hermeticamente fechados, são encaminhados para sala de
cozimento onde ocorre imediatamente a sua imersão em caldeiras inoxidáveis cheios de água
quente com temperatura aproximada de 100ºC. O período de cozimento dura cerca de 50
minutos.
Depois do cozimento, os potes devem ser resfriados o mais rápido possível, afim de
evitar o contato prolongado de vapores ácidos concentrados na parte interna das tampas e para
completar o processo de pasteurização. O resfriamento dos potes deve ser feito inicialmente
de forma lenta, para evitar a quebra destes por choque térmico. Para que seja feito este
procedimento, injeta-se água fria na parte superior do banho-maria, em quantidade suficiente
para reduzir a temperatura a 40ºC, em 15 minutos.
A partir do resfriamento total dos vidros, estes são encaminhados à sala do controle de
qualidade, pela qual permanecem em observação por 12 horas.
Concluído o controle de qualidade, os vidros de palmito são encaminhados à sala de
observação do produto, também chamada de “quarentena”, em que permanecem neste local
por 15 dias, onde ocorre a segunda avaliação da qualidade do produto.
Após o período de quarentena, os vidros são levados ao setor de rotulagem. A
operação de rotulagem é um trabalho artesanal, evitando-se assim uma má apresentação do
72
produto devido a problemas de colagem mal feita, com rótulos sujos, rasgados ou enrugados.
Após este procedimento, os vidros são colocados em embalagens de caixas de papelão e
imediatamente distribuídos em lotes visando facilitar o controle de estoque.
Por fim, as embalagens são estocadas em uma seção de armazenagem, aguardando a
sua distribuição nos estabelecimentos comerciais.
4.3. Produção, Agroindustrialização e Resultados Econômicos do palmito da
pupunha do PDS Bonal
O processo de produção agroindustrial do palmito de pupunha no Estado do Acre teve
seu início a partir do início da década de 1990 através da iniciativa proposta pala Fazenda
Bonal (ver seção 3.1), em substituição à produção de borracha na existente na propriedade,
pela qual já apresentava com um fraco desempenho econômico devido, em especial, aos
baixos preços praticados no mercado, desde o início da década de 1980.
4.3.1. Histórico da Produção na Agroindústria de Processamento do Palmito
de Pupunha da Empresa Bonal: Anos 1990-2004
Considerada a pioneira no cultivo e na produção de palmito de pupunha no Brasil, a
empresa Bonal tornou-se um elemento chave para o desenvolvimento da produção de palmito
cultivado no país. Além disso, a Bonal tornou-se a primeira empresa brasileira a se preocupar
com os efeitos da exploração predatória das palmeiras nativas, a Jussara da Mata Atlântica e o
Açaí da Floresta Amazônica a partir dos anos 1990.
De acordo com INPA (2007), no ano 2000 a Bonal foi uma das onze empresas
alimentícias da América do Sul (e a única produtora de palmito) a receber o Prêmio Qualidade
América do Sul, promovido pela ABIQUA (Associação Brasileira de Incentivo à Qualidade).
Este prêmio representa o maior reconhecimento do público à eficiência e qualidade no setor
empresarial.
Com o início de suas operações, a agroindústria de palmito de pupunha da empresa
Bonal, processava em média 16.900 kg mensais de palmito, conforme Gráfico 1. Esta
produção, porém, perdurou durante os sete primeiros anos (entre 1990 a 1996). Com grande
prestígio e aceitação no mercado, o palmito de pupunha Bonal possuía, além da
73
comercialização no mercado local, exportação direta para o Estado de São Paulo, onde era
distribuído para o centro-sul do país.
Gráfico 1: Média de Produção Mensal de Palmito de Pupunha (em Kg) na Empresa Bonal entre os anos
1990 a 2004.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Após esse período, segundo alguns produtores entrevistados, ex-funcionários da
fazenda Bonal, a produção de palmito começava a encontrar barreiras. Especula-se que em
1996, os donos da propriedade visualizaram desvantagens relacionadas aos custos de
produção da agroindústria, bem como o aumento da concorrência e da oferta de outras
agroindústrias de palmito de pupunha que se instalavam rapidamente no país. Com isso, os
empresários chegaram à conclusão de que não seria possível aumentar seus lucros produzindo
palmito de pupunha. Como resultado desta decisão, observa-se ainda no Gráfico 1, que houve
diminuição do ritmo de produção de palmito, que culminou em uma queda de 50% se
comparado à produção dos anos anteriores (para 8.400 kg entre os anos 1997-2003), o que
resultou na redução gradativa das vendas e o fechamento do ponto de distribuição do produto
no Estado de São Paulo.
Em meio ao aumento dos problemas existentes no empreendimento, aliado à
diversificação produtiva do palmito, os empresários chegam à conclusão que a melhor decisão
seria cessar atividades, decidindo pela venda da propriedade. Com isso, apesar das
dificuldades encontradas para encontrar compradores para a propriedade, em 2004, o INCRA
torna-se interessada em comprar a área para constituir um projeto de assentamento. Em meio
às negociações (ano de 2004), observa-se que a produção agroindustrial cresceu
significativamente em relação aos anos anteriores, em média, 20.300 kg de palmito
processado por mês, ultrapassando até mesmo a média de produção ocorrida durante o início
das atividades agroindustriais na década de 90. No entanto, este aumento na produção deveu-
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1990-1996 1997-2003 2004
16.900
8.400
20.300
74
se à superexploração dos pupunhais, o que resultou na morte de maior parte do plantio de
pupunha existente na propriedade.
4.3.2. Produção e Resultados Econômicos da Agroindústria de Palmito de
Pupunha do PDS Bonal: Anos 2005-2012
Finalizada a negociação e a transição da propriedade da empresa Bonal para o INCRA,
ocorrida no ano 2005 (conforme seção 3.1), a produção de palmito na agroindústria tornou-se
responsabilidade dos próprios assentados do PDS, ex-funcionários da empresa Bonal. Porém,
juntamente com a agroindústria, foram herdados os problemas relacionados à estrutura
organizacional da fábrica, com máquinas e equipamentos obsoletos aliado a falta de
conhecimento dos assentados (que outrora empregados), que passaram a gerir o
funcionamento da fábrica sem ao menos passar por treinamentos básicos de gestão ou de
procedimentos de processamento do palmito.
Em relação à produção, o Gráfico 2 apresenta a produção bruta anual do palmito do
PDS Bonal.
Gráfico 2: Produção anual (em Kg) de palmito de pupunha no PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
A partir do ano 2006, primeiro completo de operação da fábrica após a aquisição da
propriedade pelo INCRA, observa-se que sua produção total foi de 34.000 kg. Já em 2007, a
produção anual da fábrica regrediu para 27.000 kg. Além disso, o Gráfico 2 ilustra ainda que
os anos 2008 e 2010 houve crescimento na produção, enquanto 2009 e 2011 foram registradas
novas quedas de produção. De forma detalhada, a Tabela 4 ilustra a produção de palmito da
agroindústria do PDS Bonal entre os anos 2006 a 2011, para cada tipo de palmito produzido.
34.091
27.517
31.467
25.590
30.837
27.482
20.000
22.000
24.000
26.000
28.000
30.000
32.000
34.000
36.000
2006 2007 2008 2009 2010 2011
75
Tabela 4: Quantidade total produzida (em quilos) dos tipos de palmito de pupunha do PDS Bonal entre os
anos 2006 a 2011.
Tipo de Palmito Ano
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Picado – 300g 10.773 7.403 8.375 7.795 8.618 9.126
Picado – 1200g 2.030 2.834 2.765 2.316 3.300 2.480
Tolete Premium – 1200g 3.465 2.324 3.646 2.981 864 2.013
Tolete Tradicional – 300g 10.498 6.761 8.586 5.738 8.435 4.590
Bandas – 300g 2.236 2.846 3.920 2.689 3.650 2.975
Rodela A – 300g 1.231 1.080 810 788 799 1.291
Rodela B – 1200g 812 899 708 691 1.089 1.054
Rodela B – 300g 3.046 3.370 2.657 2.592 4.082 3.953
Quant. Total Produzida 34.091 27.517 31.467 25.590 30.837 27.482
Média Mensal 4.261 3.440 3.933 3.199 3.855 3.435
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
A oscilação da produção demonstrada no Gráfico 2 e na Tabela 4 é resultado direto da
entressafra da pupunha (além da herança causada pela superexploração dos pupunhais
ocorrida em 2004), e principalmente aos problemas enfrentados pela gestão da agroindústria
em manter a receita total auferida na produção maior que custos de produção (Gráfico 3).
Gráfico 3: Receitas e Custos Totais de Produção da Agroindústria de Palmito de Pupunha do PDS Bonal
entre os anos 2006 a 2011.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
De acordo com o Gráfico 3, a receita total obtida no ano de 2006 foi de R$
440.961,77, enquanto o custo total de produção para o mesmo período foi de R$ 495.424,60.
Já em 2007, considerado o melhor ano da agroindústria do PDS Bonal, a receita total foi de
R$ 591.944,05 valor significativamente superior aos custos totais da fábrica, que se
apresentaram menores em relação ao ano de 2006. Porém, apesar do sucesso obtido no ano de
2007, o mesmo não ocorreu nos anos posteriores. Ora, então o que motivou o grande sucesso
440.961,77
591.944,05
453.228,15
501.534,18 488.151,96
391.420,80
495.424,60
493.593,32
507.333,61
565.141,39
492.509,84
341.091,49 300.000,00
350.000,00
400.000,00
450.000,00
500.000,00
550.000,00
600.000,00
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Receita Total Custos Totais
Em
R$
76
obtido no ano de 2007, considerando que sua produção alcançou quantidades inferiores se
comparado aos anos de 2006 e 2008 (Tabela 4)?
O principal motivo é que no ano de 2007, os preços unitários do palmito de pupunha
se mantiveram acima dos custos unitários de produção (Gráfico 4).
Gráfico 4: Variação dos custos unitários e do preços unitários do PDS Bonal no período de 2006 a 2011.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Analisando o Gráfico 4, observa-se que entre os anos de 2006 a 2011 ocorre uma
oscilação entre os custos e preços, devido a ineficiência na produção ocorrida durante o
período, que impacta diretamente nos custos unitários de produção e nos preços. Neste
sentido, é possível notar que o período de 2006 a 2011 apresenta uma tendência de
crescimento nos custos unitários de produção. Por outro lado, nota-se que no mesmo período
a tendência em relação aos preços apresenta-se em queda. É importante observar que a
evolução de 80% nos preços de 2007 em relação ao ano de 2006, deve-se principalmente ao
período em que a gestão da agroindústria contava com um arranjo institucional favorável para
negociação do palmito, o que gerou um maior poder de barganha de preços frente ao mercado.
Com o gradativo abandono das instituições que apoiavam no início do projeto de
assentamento e principalmente por não se ter uma política de formação do preço ideal para o
palmito de pupunha do PDS Bonal, os gestores da agroindústria viram-se enfraquecidos
quanto à negociação do palmito no mercado (devido à inconstância da produção, pela
inabilidade e inexperiência em barganhar o preço no mercado e, principalmente, por não saber
como se formam preços).
Nota-se no Gráfico 5, que apesar de ser a única empresa a oferecer aos seus
consumidores uma diversidade de tipos de palmito, o palmito de pupunha Bonal tem o preço
de venda para os estabelecimentos comerciais bem abaixo do preço praticado pelos demais
-43%
34%
-15%
39%
-24% -21%
41%
80%
-37%
39%
-15% -8%
-60%
-10%
40%
90%
2006 2007 2008 2009 2010 2011
(%) Custo Unitário de Produção (%) Preço Unitário
77
concorrentes, devido principalmente aos critérios adotados para fixação dos preços na
agroindústria.
Gráfico 5: Preços de compra do palmito pelos estabelecimentos comerciais no Estado do Acre no ano de
2012 (principais marcas).
*Preços referentes à pesquisa de mercado realizada nos estabelecimentos comerciais entre os meses de
julho a agosto de 2012.
**Algumas empresas denominam o palmito tipo tolete pelo nome de “Palmito tipo Inteiro”.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Segundo informações oriundas da CAEB – Cooperativa Agroextrativista Bonal, os
preços dados pela agroindústria aos tipos de palmito produzidos são determinados com base
no preço do seu principal concorrente local – o palmito Reca. De acordo com informações,
atualmente a fixação dos preços para venda consiste na dedução de 20% referente ao preço
praticado pelo Reca, pois segundo estes “colocando o preço menor que o preço de mercado do
Reca, a Bonal terá um preço competitivo e mercado garantido [sic]”. Porém, agindo desta
forma, os gestores não sabem sequer que estão agravando ainda mais os problemas
enfrentados pela agroindústria, no tocante à venda do produto no mercado, na medida em que
não consideram os custos unitários de produção.
Desta forma, fica fácil perceber que a agroindústria Bonal possui problemas tanto na
produção, como também falhas na formação de preços do palmito. Porém, sabe-se que para
4,23 9,33 4,87 11,00 3,81
14,04
22,38
6,37
11,12
6,94 8,38
8,44
8,41
11,00
8,44 6,32
5,79
3,85
4,33
5,46
5,43
5,38
17,34
Picado – 300g Picado – 1.200g Inteiro – 1.200g Inteiro – 300g
Banda – 300g Rodela - A 300g Rodela – 300g Rodela – 1.200g
78
tornar a agroindústria competitiva, capaz de obter receita superior aos seus custos de
produção, torna-se um desafio que envolve, acima de tudo, eficiência na oferta do produto.
No entanto, conhecer como se dá o funcionamento do mercado que o palmito de
pupunha do PDS Bonal se insere (a fim de descobrir qual sua demanda atual e conhecer um
possível potencial de mercado), além de se determinar corretamente qual o preço mínimo de
cada tipo de palmito comercializado (de modo que se acarretem ganhos efetivos com a venda
do produto e se torne um mecanismo capaz de proporcionar a capitalização da agroindústria e
promover até mesmo a modernização da fábrica), tornam-se elementos chave para nortear as
mudanças necessárias para reverter o cenário que a agroindústria atualmente convive.
4.3.2.1. Agentes Mercantis e Resultados Econômicos do Palmito de
Pupunha da Agroindústria do PDS Bonal
O palmito de Pupunha do PDS Bonal possui participação importante no segmento de
palmitos comercializados na economia acreana, pois além de ser um produto produzido no
Estado do Acre, destaca-se pela sua qualidade e aceitação no mercado já comprovada. Os
principais estabelecimentos comerciais onde se comercializam o palmito Bonal são os
supermercados, distribuidoras, restaurantes e pizzarias, localizadas tanto em Rio Branco
quanto nos municípios de Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Através de uma árdua
pesquisa realizada entre os meses de julho a agosto de 2012, foram encontrados e
entrevistados todos os agentes que compõe a cadeia de comercialização do palmito Bonal.
Residentes no Estado do Acre, a cadeia de comercialização do produto é composta
por: Representante de vendas da agroindústria, Distribuidoras, Supermercados, Restaurantes e
Pizzarias que compram o palmito produzido no PDS Bonal e repassam ao consumidor final,
conforme esquema descrito na Figura 7.
79
Figura 7: Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Cada tipo de agente mercantil tem as suas próprias características:
Representante: Pessoa responsável pela intermediação entre a agroindústria Bonal e os
demais agentes mercantis. Responsável por todas as vendas feitas pela Bonal, o representante
recebe uma comissão fixa de 8% (paga em produto) de todo o montante de palmito vendido.
Porém, devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela agroindústria, a comissão atual foi
reduzida para 5%.
Distribuidoras: Situada em Rio Branco/AC, empresa responsável pela distribuição de
alimentos e produtos no mercado, funcionando como intermediário entre a agroindústria do
PDS Bonal e os estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados da capital e do
interior do Estado do Acre.
Supermercados: Grandes lojas de varejo, situada nos municípios acreanos de Rio
Branco, Sena Madureira, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, que vendem diretamente para o
consumidor final o palmito de pupunha produzido pelo PDS Bonal.
Restaurantes e Pizzarias: Empresas de alimentação, situadas na cidade de Rio
Branco/AC, que utilizam o palmito de pupunha do PDS Bonal como insumo para a confecção
de receitas à base de palmito.
Produtor Agroindústria
Bonal/Representante
Distribuidoras
Consumidor Final
Supermercados
Interior Restaurantes Pizzarias
Supermercados Capital
80
Quanto à participação dos agentes no mercado, o Gráfico 6 demonstra que os
supermercados representam uma participação de 66,67% na compra do palmito produzido,
que por sua vez, comercializam com o consumidor final.
Gráfico 6: Destino do Palmito Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
A participação dos restaurantes e pizzarias, estabelecimentos que utilizam o palmito
como matéria-prima para a confecção de variadas receitas, possuem juntos uma participação
de 22,22% (11,11% cada um dos segmentos) de todo o palmito produzido pela Bonal. Cabe
ainda destacar a participação das distribuidoras e do representante da agroindústria no
mercado (que recebe seu pagamento em produto), que juntos completam a cadeia de
comercialização com 11,11%.
Quanto à periodicidade de compra, como ilustrado no Gráfico 7, cerca de 75% dos
agentes mercantis afirmam que suas compras de palmito de pupunha Bonal ocorrem de forma
mensal.
Gráfico 7: Periodicidade de Compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal, anos 2011/2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
66,67% 11,11%
11,11%
5,56% 5,56%
Supermercados Pizzaria Restaurante Distribuidora Respresentante
75,00%
18,75%
0,00%
6,25%
Mensal
Bimestral
Semestral
Anual
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Mensal
Bimestral
Semestral
Anual
81
Apenas 18,75% e 6,25% afirmam comprar palmito de forma bimestral ou anual,
respectivamente. Nenhum dos entrevistados afirmou comprar o palmito a cada semestre do
ano.
Em relação aos tipos e quantidades compradas por cada agente mercantil, a Tabela 5
descreve detalhadamente o quanto em média cada estabelecimento comprou do produto.
Tabela 5: Quantidade média anual comprada (em caixas) de Palmito de Pupunha Bonal pelos
estabelecimentos comerciais – 2011/2012
Tipos de Palmito Agentes Mercantis
Supermercado
Capital %
Supermercado
Interior % Distribuidora % Pizzaria % Restaurante %
Picado – 300g* 2.136 31% 182 27% 840 38% 360 38% 384 48%
Picado – 1.200g** 468 7% 50 7% - - - - - -
Tolete – 1.200g 240 4% - - - - - - - -
Tolete – 300g 1.320 19% 128 18% 600 28% 36 4% 120 15%
Banda – 300g 1.116 16% 154 22% 360 17% 60 6% 48 6%
Rodela A – 300g 312 5% - - - - - - - -
Rodela B – 1.200g 180 3% 14 2% - - - - - -
Rodela B – 300g 984 15% 166 24% 360 17% 480 52% 240 31%
Total Comprado 6.756 60% 694 6% 2.160 19% 936 8% 792 7%
* Uma Caixa de Palmito de Pupunha Bonal de 300g contém cada uma 15 potes de palmito.
** Uma Caixa de Palmito de Pupunha Bonal de 1.200g contém cada uma 6 potes de palmito.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Segundo a Tabela 5, os supermercados da capital são os principais compradores do
palmito de pupunha Bonal, totalizando uma quantidade de 6.756 caixas de palmito de
pupunha por ano. Entre os principais tipos de palmito comprados pelos supermercados,
destaca-se a forte participação do palmito picado (300g), com 2.136 caixas, que corresponde a
31% de todo o palmito de pupunha comprado pelo setor, além dos palmitos do tipo tolete
(300g) e bandas (300g), com participações de 19% e 16%, respectivamente. Já os outros tipos
de palmito, correspondem juntos a 34% do palmito Bonal comercializado neste mercado.
No que se refere à distribuidora, observa-se que a comercialização ocorre somente
com quatro tipos de palmito, que são os palmitos do tipo picado, tolete, bandas e rodela B,
(todos em potes de 300g). Apesar de não comercializar outros tipos de palmito, a
distribuidora, atualmente, é responsável pela compra de 19% de toda a produção obtida na
agroindústria do palmito Bonal, destacando-se como o segundo agente mercantil em termos
de volume de compra do produto, com 2.160 caixas compradas no ano.
82
Quanto aos restaurantes e pizzarias, os tipos de palmito mais demandados são os tipos
picado (300g) e rodela (300g), muito utilizados no preparo de saladas, pizzas e outros pratos,
de acordo com os entrevistados.
Já os supermercados do interior, que juntos tiveram apenas um volume de 694 caixas
de palmito, atualmente comercializam todos os tipos de palmito produzidos pela agroindústria
Bonal (exceto os tipos tolete de 1200g e rodela A de 300g). Entre os tipos mais
comercializados destacam-se o tipo picado (300g), com participação de 27%, o tipo rodela B
(300g) e tolete (300g), com participação de 24% e 22%, respectivamente.
As principais formas de pagamento praticadas na compra do palmito Bonal se
estabelece em pagamento à vista e à prazo (15 ou 30 dias), período, que de acordo com os
agentes mercantis entrevistados, é o tempo necessário para vender o produto para o
consumidor final, seja na forma de potes (supermercados e distribuidora), como na forma de
outros produtos (pizzas, saladas, etc.) à base de palmito.
No que diz respeito ao preço de compra efetivamente pago pelos agentes mercantis, a
Tabela 6 demonstra detalhadamente a variação entre os preços entre os supermercados
(capital e interior), distribuidoras, pizzarias e restaurantes.
Tabela 6: Preços médios de compra do Palmito de Pupunha do PDS Bonal pelos Agentes Mercantis
(R$/pote) – 2012.
Tipos Supermercado
Capital
Supermercado
Interior Distribuidora Pizzaria Restaurante Média
Picado – 300g 3,81 5,01 3,81 4,24 3,67 4,08
Picado – 1.200g 14,04 14,24 - - - 14,14
Tolete – 1.200g 22,38 - - - - 22,38
Tolete – 300g 5,79 6,09 5,79 5,27 5,27 5,63
Banda – 300g 4,33 5,31 4,33 4,22 4,20 4,45
Rodela A – 300g 5,46 - - - - 5,46
Rodela B – 1.200g 17,34 17,00 - - - 17,17
Rodela B – 300g 5,38 6,03 5,38 5,20 4,27 5,25
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Analisando todos os tipos de palmito, observa-se que os preços sofreram variações
para cada agente mercantil entrevistado. Tomando como exemplo o palmito tipo picado –
300g, é possível notar na Tabela 6 que os restaurantes compram ao preço de R$ 3,67, seguido
pelos supermercados de Rio Branco e distribuidoras (R$ 3,81), pizzarias (R$ 4,24) e por fim,
os supermercados do interior (R$ 5,01).
83
A diferença de preços, no entanto, é fruto da forma de comercialização realizado com
cada agente mercantil. De acordo com resultados da pesquisa, apurou-se que os restaurantes
comercializam a compra do palmito através de pagamento à vista, recebendo assim um
abatimento no preço de compra. Já os supermercados de Rio Branco e distribuidoras, apesar
de comprar uma quantidade superior aos demais agentes mercantis, compram o palmito com
pagamento à prazo para 15 dias, ocorrendo o mesmo com as pizzarias, que efetuam o
pagamento à prazo para 30 dias. Já em relação aos supermercados do interior, os preços se
elevam devido à escassez do produto nos municípios e aos altos custos de transporte.
Em relação aos preços de venda praticados pelos agentes mercantis, observa-se
apenas a participação dos supermercados da capital, do interior e das distribuidoras (Tabela
7). A explicação decorre da dificuldade enfrentada para se ter acesso ao fluxo de caixa dos
restaurantes e pizzarias, tendo em vista que o palmito é utilizado como um insumo de
produção e, além disso, são utilizadas quantidades diferentes de acordo com o pedido dos
clientes, que também varia no preço final.
Tabela 7: Preço de Venda dos Agentes Mercantis da Cadeia de Comercialização do Palmito de Pupunha
do PDS Bonal - 2012.
Preço Distribuidoras Supermercado
Capital
Supermercado
Interior
Picado – 300g 4,71 5,33 6,80
Picado – 1.200g - 19,90 20,15
Tolete – 1.200g - 31,58 -
Tolete – 300g 7,33 7,87 8,53
Banda – 300g 5,39 5,87 7,20
Rodela A – 300g - 7,36 -
Rodela B – 1.200g - 22,94 23,00
Rodela B – 300g 6,86 7,05 7,88
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
A partir da Tabela 7, observa-se que o preço de venda da distribuidora segue abaixo
em relação aos supermercados do interior e da capital. O motivo principal é que a
distribuidora revende o produto para outros estabelecimentos, principalmente supermercados,
como descrito no esquema da Figura 8. Quanto ao preço repassado ao consumidor final pelos
supermercados, observa-se uma hegemonia nos preços praticados pelos supermercados do
interior. Este patamar elevado nos preços está ligado à forma de comercialização realizada
com os mesmos. De acordo com os proprietários dos supermercados do interior, as compras
do palmito Bonal de alguns supermercados ocorrem em período bimestral, enquanto em
84
outros supermercados sucedem apenas em um período no ano, devido, entre muitos motivos à
dificuldade de negociação entre o representante da agroindústria Bonal e às dificuldades de
frete do palmito nos estabelecimentos do interior do Estado, o que influencia diretamente para
o acréscimo no preço final.
Com base nas informações obtidas, torna-se possível verificar agora quem
efetivamente fica com os lucros auferidos com a venda do palmito de pupunha, através do
cálculo das margens e markups de comercialização e apropriação efetiva do PDS Bonal em
relação aos agentes mercantis. Vale ressaltar que para melhor entendimento dos resultados
obtidos pela pesquisa através destes instrumentos de avaliação e considerando às diversas
formas de comercialização do palmito, foi adotada a divisão da comercialização do palmito
Bonal a partir de três circuitos da cadeia de comercialização, como é ilustrado na Figura 8.
85
Figura 8: Circuitos da Cadeia de Comercialização de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Agroindústria
Bonal/Representante
Restaurantes
Pizzarias
Agroindústria
Bonal/Representante
Distribuidoras
(Apropriação Efetiva: 26%)
Agroindústria
Bonal/Representante
Supermercado – Interior
(Apropriação Efetiva: 25%)
Supermercado – Capital
(Apropriação Efetiva: 8%)
CIRCUITO 2
CIRCUITO 3
Consumidor Final
Supermercado – Capital
(Apropriação Efetiva: 36%)
Supermercado – Interior
(Apropriação Efetiva: 47%)
Margem de Comercialização: 26%
Markup: 36%
CIRCUITO 1
Margem de Comercialização: 32% Markup: 47%
Consumidor Final
Consumidor
Final
Margem de Comercialização: 20% Markup: 26%
Margem de Comercialização: 8% Markup: 8%
Margem de Comercialização: 20% Markup: 25%
Comissão paga ao Representante:
8% das vendas
Comissão paga ao Representante: 8% das vendas
Comissão paga ao Representante: 8% das vendas
86
O Circuito 1 compreende a comercialização direta entre agroindústria Bonal, por meio
do seu representante, com os supermercados da capital e do interior.
Sabe-se que os supermercados são principais agentes mercantis na comercialização do
palmito de pupunha Bonal, pois detêm mais da metade do volume transacionado (60% para os
supermercados da capital e 6% para os supermercados do interior), ficando as distribuidoras
em segundo lugar (19%). O papel central dos supermercados na comercialização do palmito
de pupunha Bonal também fica evidente quando se analisa que os supermercados da capital
obtêm uma margem de comercialização de 26%. Por outro lado, o markup de comercialização
(valor percentual que é resultado da diferença entre o preço de venda e o preço de compra em
razão do preço de compra) tem como resultado o valor de 36%. Por outro lado, a apropriação
efetiva dos lucros obtidos na venda do palmito de pupunha Bonal pelos supermercados da
capital é de 36%.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos comerciantes do interior do Estado em
abastecer as gôndolas de seus estabelecimentos comerciais com o palmito produzido pelo
PDS Bonal com frequência, os supermercados do interior apresentam a maior margem de
comercialização (32%) na negociação final do palmito. Já em relação ao markup obtido na
negociação é de 47% em relação ao preço de compra do PDS Bonal. Já a apropriação efetiva
no mercado, observa-se que os supermercados do interior obtêm 47% dos ganho auferidos
com a venda do produto.
A título de apresentação, o circuito 2 abrange às pizzarias e restaurantes que compram
diretamente o palmito Bonal através do representante da agroindústria. No entanto, como
citado anteriormente, devido à dificuldade de acesso ao fluxo de caixa das empresas para a
obtenção dos dados, não foi possível calcular as margens de comercialização, markups e
apropriação efetiva destes estabelecimentos comerciais.
Já o circuito 3, envolve a comercialização do palmito de pupunha para outros
supermercados da capital e do interior por intermédio das distribuidoras. Neste circuito de
comercialização, mais complexo que o circuito 1, observa-se que as distribuidoras obtêm
uma margem de comercialização de 20%. Além disso, o markup e apropriação efetiva das
distribuidoras é 26%. Observa-se ainda neste circuito, que houve uma redução nas
porcentagens da margem de comercialização, markups e apropriação efetiva entre os agentes
mercantis que vendem o palmito para o consumidor final. Os supermercados da capital,
através da compra do palmito pela distribuidora, obtêm uma margem de comercialização de
87
8%, mesma porcentagem alcançada para o markup e apropriação efetiva. Os supermercados
do interior, por sua vez, obtêm margens de 20%, enquanto apresentam 25% no markup e na
apropriação efetiva da comercialização do palmito para o consumidor final.
Após análise dos circuitos de comercialização, observa-se que as relações mercantis
atuais canalizam a receita obtida pelo palmito de pupunha para os agentes da cadeia, ficando
evidente que grande parte dos lucros obtidos pela comercialização do palmito está ficando
com os agentes mercantis que compõe esta cadeia.
No entanto, os resultados demonstram ainda que é possível a Bonal reverter a situação
atual e obter melhores ganhos, considerando que atualmente a agroindústria vem perdendo
dinheiro no mercado pela falta de negociação adequada, pelo desconhecimento do tamanho do
mercado acreano de palmito e quais seus potenciais e devido principalmente por não entender
como se forma preços. Neste sentido surgem inúmeras indagações a respeito do tema, os
quais se destacam: qual o tamanho e qual o potencial de mercado do palmito no Acre? Qual a
quantidade ideal de palmito de pupunha que pode ser absorvida pelos consumidores? Qual o
preço mínimo que se deve fixar em cada tipo de palmito que sejam capazes de remunerar seus
custos unitários de produção e ainda obter receitas com sua venda?
Neste sentido, as próximas seções serão discutidas a situação do mercado através de
sua demanda atual e potencial e, além disso, será tratada a formação dos preços de venda da
agroindústria por intermédio do cálculo do markup de produção e seus custos de produção.
4.3.2.2. Demanda Atual e Potencial de Mercado do Palmito de Pupunha
do PDS Bonal
Conhecido os todos os agentes que integram a cadeia de comercialização do palmito
de pupunha do PDS Bonal, além de se ter determinado o valor das margens e markups de
comercialização e a apropriação dos agentes mercantis participantes da cadeia de
comercialização do palmito de pupunha do PDS Bonal, torna-se necessário saber qual o
tamanho da demanda de palmito do Estado do Acre e qual a participação do palmito Bonal
neste mercado.
Através da pesquisa realizada nos diversos segmentos mercantis do Estado, foi
possível determinar qual o tamanho desse mercado. O gráfico 8 demonstra qual a demanda
atual mensal de palmito no Estado do Acre.
88
Gráfico 8: Quantidade consumida de Palmito no Estado do Acre entre os anos 2011/2012.
*Quantidades (em caixas) mensais; **Em algumas marcas, o nome adotado para o palmito tipo “Tolete” é
denominado como palmito tipo “Inteiro”.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
De acordo com o Gráfico 8, quantidade consumida de palmito no Estado do Acre é de
aproximadamente 2.608 caixas mensais, o que equivale há um pouco mais 39 mil potes de
palmito comercializados em um único mês.
Quanto à participação do palmito da agroindústria do PDS Bonal neste mercado, a
Tabela 8 descreve que a demanda mensal média é de 945 caixas, o que corresponde a 36% do
mercado atual de palmito do Estado do Acre.
Tabela 8: Quantidade demandada atual (em caixas) de palmito Bonal – Anos 2011/2012.
Tipo de Palmito Demanda Mensal Demanda Anual Parcela de Mercado
Picado – 300g 325 3.902 42%
Picado – 1.200g 43 518 22%
Tolete – 1.200g 20 240 15%
Tolete – 300g 184 2.204 38%
Banda – 300g 145 1.738 35%
Rodela A – 300g 26 312 21%
Rodela B – 1.200g 16 194 38%
Rodela B – 300g 186 2.230 42%
Total 945 11.338 36%
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Porém, é importante salientar que todos os agentes mercantis pesquisados
demonstraram interesse em aumentar ou pelo menos continuar comprando a mesma
quantidade do palmito Bonal para abastecer as gôndolas de seus estabelecimentos comerciais.
Neste sentido, através da pesquisa realizada, constatou-se que 62,50% estariam
dispostos a comprar quantidades maiores do palmito, caso haja uma maior quantidade
ofertada.
770
195 135
483 415 126 42
442
2608
89
Gráfico 9: Disposição em comprar quantidades maiores de palmito de pupunha do PDS Bonal pelos
agentes mercantis do Estado do Acre no ano de 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Além disso, através de uma simulação de reajuste nos preços, a pesquisa revela que
87,50% dos entrevistados têm interesse em continuar comprando o palmito Bonal, caso
aconteça acréscimo nos preços do palmito.
Gráfico 10: Disposição a pagar mais pelo palmito Bonal no ano de 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Além da vantagem de ser um produto produzido no Estado do Acre, o motivo que
explica tamanha aceitação dos estabelecimentos em até ampliar a compra do produto ou até
mesmo aceitar o reajuste nos preços deve-se entre muitos fatores, aos ganhos excessivos
obtidos com a venda do palmito aliado à sua excelente qualidade e aceitação no mercado que
o palmito de pupunha Bonal possui, como descrito no Gráfico 11.
37,50%
62,50%
Não Sim
12,50%
87,50%
Não Sim
90
Gráfico 11: Nota de Qualidade e Aceitação no Mercado do palmito de pupunha do PDS Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Além disso, através do diagnóstico realizado no setor varejista do Estado do Acre,
constatou-se que grande parte dos empreendimentos entrevistados tem o desejo de substituir
os palmitos de açaí, juçara, palmeira real e pupunha importado de outras regiões (que,
segundo os entrevistados, boa parte dos palmitos importados apresenta péssima qualidade de
consumo), pelo palmito de pupunha Bonal, caso houvesse a expansão na quantidade ofertada
pela agroindústria. Neste sentido, a Tabela 9 demonstra qual o potencial de mercado do
palmito de pupunha Bonal.
Tabela 9: Demanda Potencial Anual de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.
Tipo Quantidades Demandadas Parcela de Mercado
Potencial (%) Atual Potencial
Picado – 300g 3.902 5.338 58%
Picado – 1.200g 518 1.816 78%
Tolete – 1.200g 240 1.380 85%
Tolete – 300g 2.204 3.592 62%
Banda – 300g 1.738 3.244 65%
Rodela A – 300g 312 1.200 79%
Rodela B – 1.200g 194 304 61%
Rodela B – 300g 2.230 3.070 58%
Total 11.338 19.944 64%
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
A Tabela 9 ilustra claramente que o palmito de pupunha do PDS Bonal possui um
grande potencial de mercado, se comparada com os outros tipos de palmito comercializados
no Estado. Desta forma, a demanda atual, que é de 11.338 caixas de palmito anuais, pode ser
- 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
9,15
9,24
Qualidade Aceitação no mercado
91
ampliada para 19.944 caixas de palmito de pupunha anuais, o que corresponde a 64% do
mercado de palmito do Estado do Acre.
Contudo, sabe-se que não basta apenas ampliar a oferta de palmito se não houver uma
correta política de formação de preços que sejam capazes de satisfazer os custos de produção
gerados pela agroindústria e que ao mesmo tempo sejam capazes de competir de forma
racional no mercado acreano. Neste sentido, torna-se necessário calcular e determinar quais
são os preços mínimos e quais são os preços potenciais que o mercado está disposto a pagar
pelo palmito de pupunha Bonal.
4.3.2.3. Formação do Preço Mínimo de Mercado e Preço Potencial do
Palmito de Pupunha do PDS Bonal
Com a finalidade de buscar formas eficientes de garantir que a comercialização do
palmito Bonal ocorra de forma eficiente de modo que alcance novos patamares de
lucratividade, resgatando parte dos lucros obtidos que ficam concentrados nas mãos dos
agentes mercantis da cadeia de comercialização, torna-se imprescindível determinar o preço
de venda do palmito de pupunha Bonal a partir da fixação de uma margem mínima (markup)
que seja capaz de cobrir todos os custos de fabricação e garanta lucro para a unidade
agroindustrial.
No entanto, antes de calcular o preço mínimo de venda para os diversos tipos de
palmito produzidos na agroindústria, é necessário apreciar qual a participação de venda de
cada tipo de palmito, conforme a Tabela 10, a fim de verificar quais são os principais tipos de
palmito com condições de barganhar o mercado local.
Tabela 10: Participação nas Vendas dos tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.
Tipo de Palmito Participação nas Vendas (%)
Picado – 300g 31%
Picado – 1.200g 6%
Tolete – 1.200g 5%
Tolete – 300g 25%
Bandas – 300g 11%
Rodela A – 300g 4%
Rodela B – 1200g 2%
Rodela B – 300g 16%
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
92
A Tabela 10 elenca todos os tipos de palmito de pupunha comercializado pelo PDS
Bonal. Contudo, observa-se que o principal palmito comercializado é o palmito do tipo picado
– 300g, com uma participação de 31% de todo o palmito vendido para os agentes mercantis,
seguido pelos tipos tolete (25%), rodela B (16%) e bandas (11%), todos vendidos em potes de
300g. Vale ressaltar ainda, que todos os tipos de palmito envasados em potes de 1.200g
possuem pequenas participações na venda final do produto, porém, manter estes tipos no
mercado torna-se importante para manter assegurar o portfólio de variedade que a Bonal
possui no mercado. Conforme pesquisa realizada, tanto a maioria dos consumidores (de
acordo com os supermercados) quanto os restaurantes e pizzarias têm preferência apenas por
palmito de 300g, devido sua praticidade de manuseio. Desta forma, considerando apenas os
principais tipos de palmito geradores de renda para a agroindústria Bonal, será conveniente
analisar apenas os quatro principais tipos de palmito comercializados no mercado.
Tabela 11: Custo Unitário de Produção e Preço de Comercialização do Palmito de Pupunha do PDS
Bonal, 2012.
Tipos Custo
Unitário
Preço
Atual
Preço
Mínimo
Preço
Potencial
Taxa de Lucro
Atual
Taxa de Lucro
Mínimo
Taxa de Lucro
Potencial
Picado – 300g 4,21 3,81 5,00 5,24 -17% 19% 25%
Tolete – 300g 4,15 5,79 4,94 7,07 31% 19% 71%
Bandas – 300g 3,53 4,33 4,21 5,61 14% 19% 59%
Rodela B – 300g 4,47 5,38 5,31 6,88 12% 19% 54%
Média Total 10% 19% 52%
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Através da Tabela 11, é possível observar que os preços atuais não acompanham
equitativamente os seus custos de produção. Ao contrário do que ocorre com os demais tipos
de palmito, o palmito do tipo picado atualmente possui uma taxa de lucro negativa de 17%,
motivado pelos altos custos de produção que por sua vez, são maiores que o preço de venda
para os agentes mercantis. Vale ressaltar que por ser o principal palmito produzido e vendido
pela agroindústria, o palmito picado concentra maior parte da mão-de-obra destinada a
produção do palmito, justificando assim o alto custo de produção. Por outro lado, apesar de
possuir melhor preço no mercado por ser a parte nobre do palmito e apresentar uma taxa de
lucro maior que todos os outros tipos de palmito produzidos, o palmito do tipo tolete ostenta
uma produção inferior, garantindo lucros inferiores ao final da venda do palmito. Além do
93
mais, observando a média da taxa de lucro, a venda do palmito Bonal não garante uma
remuneração suficiente para cobrir os custos de produção. Essa diferença na taxa de lucro
atual decorre da falta de equalização dos preços de venda ante aos custos de produção, visto
que a média da taxa de lucro da agroindústria é de apenas 10%. Isso ocorre porque o palmito
do tipo picado, principal tipo de palmito produzido e vendido pela Agroindústria do PDS
Bonal, influencia diretamente para a queda da taxa de lucro da agroindústria.
Através dos resultados da pesquisa, observou-se que desta maneira os preços fixados
pela agroindústria são insuficientes para remunerar até mesmo os custos unitários de
produção, uma vez que não existe equalização correta dos preços de venda, o que incide em
uma queda na taxa de lucro. Desta forma, através da literatura adotada e com base nos custos
unitários de produção, a formação do preço mínimo de venda do palmito de pupunha da
agroindústria deve possuir um markup de venda de 19% para que o negócio seja mantido.
Desta forma, calculando o preço de venda do palmito de pupunha através do cálculo do
markup multiplicador, determinou-se que o seu preço mínimo seja de R$ 5,00 para o palmito
tipo picado – 300g, R$ 4,94 para o palmito tipo tolete – 300g, R$ 3,53 para o palmito tipo
bandas – 300g e por fim R$ 4,47 para o palmito tipo rodela B – 300g.
Além dos preços formados a partir dos custos de produção, através da pesquisa
descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode expandir-se ainda mais com o potencial
de mercado (Tabela 11). De acordo com os entrevistados, o preço potencial determinado pelos
agentes mercantis é de R$ 5,24 para o palmito tipo picado – 300g, R$ 7,07 para o palmito tipo
tolete – 300g, R$ 5,61 para o palmito tipo bandas – 300g e por fim R$ 6,88 para o palmito
tipo rodela B – 300g, pode ser também visualizado na Tabela 11.
Considerando que a taxa de lucro atual média da agroindústria é de apenas 10% após a
venda do palmito, as novas taxas de lucro após o cálculo dos preços mínimos e potenciais,
alcançarão novos patamares, como descrito no Gráfico 12.
94
Gráfico 12: Taxa de Lucro Mínimo e Potencial para os tipos de Palmito de Pupunha do PDS Bonal, 2012.
Fonte: Resultados da Pesquisa (2012).
Com base no Gráfico 12, a agroindústria pode equilibrar suas vendas a partir da
fixação da taxa de lucro mínimo de 19% para todos os tipos de palmito, garantindo assim, que
todos alcancem um preço justo no mercado. Além disso, a agroindústria Bonal pode utilizar-
se das taxas de lucro obtidas através do preço potencial para que possa incrementar seus
preços de mercado e assim consiga ampliar seus lucros com a venda do palmito.
Após a análise descrita sobre a formação dos preços de venda e os preços potenciais
de mercado para o palmito de pupunha do PDS Bonal, nota-se que é possível a agroindústria
obter um salto positivo nos seus lucros a partir de uma correta política de formação de preços,
capazes de barganhar mercado e satisfazer os custos de produção. Com isso, a agroindústria
Bonal poderá modernizar sua planta, com novos equipamentos capazes de aumentar a oferta
atual, e principalmente proporcionando melhoria na qualidade de vida de todos assentados
deste projeto de desenvolvimento.
-17%
31%
14% 12% 19% 19% 19% 19%
25%
71%
59% 54%
Picado - 300g Tolete - 300g Bandas - 300g Rodela B - 300g
Taxa de Lucro Atual
Taxa de Lucro Mínimo
Taxa de Lucro Potencial
95
CONCLUSÕES
O estudo sobre a agricultura familiar aponta que as agroindústrias familiares
desempenham um importante papel no que diz respeito à busca de novos nichos de mercados,
utilizando-se da maior diversidade de produtos e da diferenciação dos produtos através da
transformação dentro da propriedade, que representa um passo importante para o
desenvolvimento da sociedade, em especial quando se fala os pequenos estabelecimentos
rurais.
Porém, sabe-se ainda que apesar de reconhecida a importância que estes
empreendimentos proporcionam para a sociedade brasileira, existe inúmeros problemas que
ocorrem dentro e fora destas unidades de produção que afetam o resultado econômico-
financeiro e que resultam em sérias consequências sociais aos produtores rurais.
No que diz respeito à agroindústria de beneficiamento do palmito de pupunha do PDS
Bonal, observa-se que esta fábrica possui diversos problemas que não estão apenas
relacionados à produção do palmito, mas também no que tange à comercialização do produto
no mercado.
Vale ressaltar a agroindústria Bonal é herança da negociação de compra da
propriedade realizada no ano de 2005 entre os empresários belgas e o INCRA. Porém,
juntamente compra da propriedade também foram herdados os problemas relacionados à
estrutura organizacional da fábrica, com máquinas e equipamentos obsoletos e o pior, aliado à
falta de conhecimento da maioria dos assentados, que passaram a gerir o funcionamento da
fábrica sem quaisquer tipos de treinamentos básicos para a gestão da fábrica ou mesmo
capacitação sobre os procedimentos básicos para o processamento do palmito.
Aliada à sazonalidade e aos efeitos negativos que ocorreram devido à superexploração
das pupunheiras no ano de 2004, a produção do palmito de pupunha entre os anos de 2006 a
2011 sofreram oscilações quanto ao valor produzido. Porém não foi apenas a produção que
sofreu variações no período, mas também no que se refere aos preços do palmito no mercado,
ocasionados devido à ineficiência na produção e seus elevados custos.
Com enfraquecimento do apoio institucional que existia no bojo da criação do projeto
de assentamento e principalmente por não se ter uma política de formação do preço ideal para
o palmito de pupunha do PDS Bonal, os gestores da agroindústria viram-se enfraquecidos
quanto à negociação do palmito no mercado, devido à inconstância da produção, pela
96
inabilidade e inexperiência em barganhar o preço no mercado e principalmente por não saber
como se formam preços, uma vez que segundo relatos oriundos da CAEB – Cooperativa
Agroextrativista Bonal, os preços dados pela agroindústria aos tipos de palmito produzidos
são determinados com base no preço do seu principal concorrente local – o palmito Reca.
De acordo com informações, a fixação dos preços para venda consiste na dedução de
20% referente ao preço praticado pelo Reca, pois segundo estes “colocando o preço menor
que o preço de mercado do Reca, a Bonal terá um preço competitivo e mercado garantido
[sic]”. Porém, agindo desta forma, os gestores não sabem sequer que estão agravando ainda
mais os problemas enfrentados pela agroindústria, que podem até mesmo comprometer o
funcionamento futuro da fábrica.
Destarte, percebe-se que a maior parte dos problemas agroindústria Bonal possui
ligação direta com as falhas ocorridas na formação de preços do palmito. Todavia, para tornar
a estrutura da agroindústria competitiva e com capacidade de obter receita superior aos seus
custos de produção, envolve, acima de tudo, eficiência na oferta do produto através de
medidas eficientes de produção.
Neste sentido, através da análise da situação atual da agroindústria, percebeu-se que a
alternativa imediata para a resolução de parte dos problemas atualmente enfrentados pelo
empreendimento seria analisar a demanda de palmito de pupunha acreano, para que através
destas informações fossem apontados parâmetros necessários para a criação de estratégias
corretas de venda do palmito.
Através do levantamento de dados, tornou-se possível conhecer os agentes mercantis
que compõem a cadeia de comercialização, que são os supermercados da capital e do interior
do Estado do Acre, as distribuidoras, os restaurantes e pizzarias. Descobriu-se ainda a
periodicidade de compra, na qual a maioria dos entrevistados (cerca de 75%) afirmam
comprar o palmito durante todos os meses do ano.
Quanto ao destino do palmito Bonal, observou-se que os supermercados (capital e
interior) obtêm a maior parte do palmito produzido no PDS Bonal, configurando-se como os
principais compradores do produto.
Já em relação à venda do palmito Bonal, observou-se que o fluxo da cadeia de
comercialização ocorre em três circuitos, nos quais foram observadas altas concentrações dos
ganhos nas mãos dos intermediários comprovada através da análise das margens de
97
comercialização, markups e apropriação efetiva, que por sua vez inviabilizam que a
agroindústria Bonal obtenha ganhos maiores com a venda do palmito.
Através da pesquisa realizada, também foi possível determinar qual o tamanho
mercado acreano de palmito. Atualmente, o consumo de palmito no Estado do Acre é de
aproximadamente 2.608 caixas mensais, o que equivale há um pouco mais 39 mil potes de
palmito comercializados em um único mês. Neste mercado, o palmito Bonal possui uma
participação de aproximadamente 36%, mas que pode ampliar, devido ao desejo dos
comerciantes em substituir os palmitos de açaí, juçara, palmeira real e pupunha importado de
outras regiões (que, segundo os entrevistados, boa parte dos palmitos importados apresenta
péssima qualidade de consumo), pelo palmito de pupunha Bonal (que possui ótima qualidade
e aceitação pelo consumidor), caso haja a expansão na quantidade ofertada pela agroindústria.
Assim, através da pesquisa apurou-se que a expansão deste mercado pode corresponder a
participação de até 64% do mercado de palmito do Estado do Acre.
Contudo, sabe-se que não basta apenas ampliar a oferta de palmito se não houver uma
correta política de formação de preços que sejam capazes de satisfazer os custos de produção
gerados pela agroindústria e que ao mesmo tempo sejam capazes de remunerar de forma
racional no mercado acreano. Neste sentido, através dos procedimentos metodológicos
aplicaram-se o cálculo da formação de preços de venda através dos custos de produção.
Assim, através da pesquisa, determinou-se que a margem mínima de lucro (markup de venda)
deve ser de 19% para que sejam satisfeitas a remuneração dos custos e se obtenha receita.
Outro motivo fundamental para a fixação do markup de venda consiste na equalização correta
dos preços para cada tipo de palmito produzido. Se considerado, por exemplo, o palmito tipo
picado (300g), observa-se que este produto possui uma taxa de lucratividade negativa de 17%,
o que revela influencia diretamente na taxa de lucro final para a agroindústria, culminando até
mesmo em prejuízos, mesmo com a venda do produto.
Além dos preços mínimos formados a partir dos custos de produção, através da
pesquisa descobriu-se que o preço do palmito de pupunha pode expandir-se ainda mais com o
potencial de mercado acreano, devido a sua comprovada preferência entre os consumidores e
a sua qualidade.
Após a análise descrita sobre a formação dos preços de venda e os preços potenciais
de mercado para o palmito de pupunha do PDS Bonal, nota-se que é possível a agroindústria
98
obter um salto positivo nos seus lucros a partir de uma correta política de formação de preços,
capazes de barganhar mercado e satisfazer os custos de produção.
Por fim, a fim de contribuir para o melhor funcionamento da fábrica de processamento
de palmito, torna-se necessário que sejam incrementadas medidas para que agroindústria
Bonal alcance novos patamares, no que diz respeito à comercialização do produto no
mercado. Entre estas medidas, torna-se necessário a promoção de capacitação e treinamentos
de âmbito gerencial, administrativo e estratégico como suporte a pratica de formação de
preços e venda no mercado para os gestores da agroindústria, além de capacitações
continuadas de manejo e preparo do palmito de pupunha para os moradores do projeto de
assentamento e funcionários da agroindústria Bonal. Além disso, é importante que sejam
instituídas parcerias públicas e privadas, com a finalidade de garantir apoio ao crédito para a
melhoria da planta industrial.
De forma geral, essas medidas são importantes, pois visa, além da melhoria da
capacidade de produção e comercialização do palmito de pupunha no mercado acreano, busca
a melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais residentes no Projeto de
Desenvolvimento Sustentável Bonal!
99
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NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, 1997, Brasília. Anais
do Seminário Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Brasília: PNUD, 1997.
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literatura econômica. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1988.
SULZBACHER, A. W. Agroindústria Familiar Rural: Caminhos para Estimar Impactos
Sociais. XIX Encontro Nacional de Geografia Agrária. São Paulo, 2009, pp. 1-25
TOSCANO, Luiz Fernando. Agricultura familiar e seu grande desafio. Disponível em:
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WAQUIL, P. D.; MIELE, M.; SCHULTZ, G. Mercado e Comercialização de produtos
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ZANIN, V. Análise da margem de comercialização do arroz gaúcho no mercado de São
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108
ANEXOS
PESQUISA:
“AGRICULTURA FAMILIAR E SUAS RELAÇÕES DE MERCADO: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO
PALMITO DE PUPUNHA DO PDS BONAL”
Entrevista com Agentes Mercantis
O objetivo da pesquisa é obter informações sobre a cadeia produtiva do Palmito de Pupunha produzido pela Agroindústria de Palmito do Projeto de
Desenvolvimento Sustentável Bonal, com o intuito de estudar sua potencialidade da economia regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de
caráter sigiloso e anônimo e servirão somente para finalidades científicas.
1. Questionário Nº: ______ 2. Data: ____/____/____ 3. Nome do entrevistador: __________________________
4. Localidade: _______________________________ 5. Município: __________________________
6. Nome do entrevistado / da empresa: ___________________________________________________________________________________
7. Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ____________________________________________________________________________
8. Categoria:
8.1. Indústria/Empresa ( ) 8.2. Intermediário ( ) 8.3. Produtor ( )
(8.1.1.) Empresa: Matriz ( ) Filial ( )
Nome / local da matriz: ______________________________________
Tempo de trabalho no ramo / no local: __________________________
(8.1.2.) Intermediário:
Nascido em: _______________________________________________
Profissão anterior: __________________________________________
Profissão paralela: __________________________________________
109
(8.1.3.) Produtor:
Nascido em: _______________________________________________
Local: ___________________________________________________
Tamanho do lote: ___________________________________________
9. Palmito de Pupunha COMPRADO de PRODUTORES
Tipo de Palmito Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )
De quem / De onde?
Formas de
Pagamento*
Serviços
Prestados**
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco
**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.
110
10. Palmito de Pupunha COMPRADO de AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)
Tipo de Palmito Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )
De quem / De onde?
Formas de
Pagamento*
Serviços
Prestados**
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco
**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.
111
11. Palmito de Pupunha VENDIDO para AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)
Tipo de Palmito Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )
Para quem / Para onde?
Formas de
Pagamento*
Serviços
Prestados**
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco
**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem
112
12. Palmito de Pupunha VENDIDO para CONSUMIDORES
Tipo de Palmito Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )
Para quem / Para onde?
Formas de
Pagamento*
Serviços
Prestados**
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco
**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem
13. Qual é a infra-estrutura que dispõe?
13.1. Armazéns (número, capacidade): _________________________, _________________________.
13.2. Meios de transporte (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.
13.3. Máquinas (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.
13.4. Outros (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.
______________________, ______________________, ______________________.
113
14. Tem problemas com falta de capacidade? De que tamanho?
( ) Sim ( ) Não
14.1. Se sim, quanto? _________%
15. Quais as causas da falta de capacidade (falta de oferta, falta de capital, outras)?
_______________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
16. Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
17. Como é o tempo de emprego (ano inteiro, certos períodos, tempo integral / parcial etc.)?
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
18. Qual é o salário pago aos empregados, em média (por categoria, por mês, diária etc.)?
18.1. Trabalhador: R$ _________
18.2. Administrador: R$ _________
18.3. Outros: R$ _________
114
19. Existem outros agentes que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
20. Se a oferta (quantidade) do Palmito de Pupunha Bonal aumentar, você estaria disposto a comprar uma quantidade maior?
( ) Sim ( ) Não
20.1. Se sim, quanto?
Tipo de Palmito Quantidade Máxima
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
115
21. Se o preço do palmito de pupunha Bonal aumentar, você estaria disposto a permanecer comprando o produto?
( ) Sim ( ) Não
21.1. Se sim, quanto?
Tipo de Palmito Quantidade Máxima
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
116
22. Além do Palmito de Pupunha Bonal, seu estabelecimento comercializa outros tipos de Palmito?
( ) Sim ( ) Não
22.1. Se sim, quais?
Tipo de Palmito Palmito (palmeira)* Quantidade Marca
Banda – 300g
Picado – 300g
Picado – 1.200g
Rodela A – 300g
Rodela B – 300g
Rodela B – 1.200g
Tolete – 300g
* 1 – Pupunha; 2 – Açaí; 3 – Juçara; 4 – Palmeira Real; 5 - Outros
23. Na sua opinião, qual nota (de 0 a 10) você daria ao Palmito de Pupunha Bonal?
23.1. Qualidade: ________
23.2. Disponiblidade para Compra junto ao fornecedor: ________
23.3. Aceitação no Mercado Consumidor: ________
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