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Revista Ciências da Educação
Maceió, ano I, vol. 01, n. 01, jan./mar. 2014
A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA WEBQUEST NA EDUCAÇÃO:
DESAFIOS E POSSIBILIDADES EM SALA DE AULA
Rodrigo Vanderlan Do Nascimento
rodrigovanderlan@hotmail.com
RESUMO
Este artigo aborda as diversas possibilidades que as mídias na educação poderão desenvolver em
sala de aula quando utilizadas de forma orientada, sob a perspectiva da metodologia WebQuest e
sua interatividade com a Internet, apresentando para os alunos uma vasta gama de caminhos
educacionais para se trilhar, pela qual as novas tecnologias da informação e comunicação vêm se
desenvolvendo por todo o Brasil. No presente contexto político-econômico de nosso país, sugere-
se que os professores, facilitadores do saber deverão buscar formas de se apropriar a estas novas
ferramentas, programas e aplicativos, a exemplo da Internet, ambientes virtuais de aprendizagem
e a educação online, tudo como subsídios didáticos-pedagógicos dentro e fora das salas de aula,
onde os muros da escola não são mais os limites entre o ensino-aprendizado, apresentando aos
educandos uma gama de conexões e saberes em um mundo digital e tecnológico.
PALAVRAS-CHAVE: mídias na educação; novas tecnologias; internet.
1. INTRODUCÃO
Hoje vivenciamos a era da economia virtual (e-business), das redes sociais, da
virtualização dos processos culturais, da realidade transformada em ficção, e com o avanço
tecnológico presente nos diversos segmentos produtivos, os profissionais de hoje se veem na
necessidade de se atualizarem constantemente com as tecnologias que avançam a cada dia, com o
intuito de melhorar as formas de produção e comunicação.
Nossas crianças e jovens de hoje já nascem muito familiarizados com o novo, com as
mídias tecnológicas e as redes sociais, cabendo ao professor o papel de facilitador que deverá se
apropriar dessas tecnologias, utilizando-as a serviço da educação, expandindo as possibilidades
do aprender à aprender.
A presente era digital nos impõe a necessidade de nos inserirmos em seu contexto
mundial para não sermos excluídos do seu processo global de socialização midiática, porém,
Mestrando em Educação – UNASUR; Especialista em Gestão Educacional – CESAMA, 2012; Licenciatura em
Pedagogia – UFAL, 2008.
apesar disto ainda encontramos alguns professores que se recusam a abrirem suas salas de aula
para os novos recursos tecnológicos educacionais, que visam a melhoria da qualidade de ensino-
aprendizagem, onde a Internet, apesar de tão popular e presente em grande parte das nossas
escolas, ainda não é utilizada corretamente como ferramenta de estudo direcionado.
Muitos professores permanecem indiferentes a tais transformações sociais devido as suas
antigas formações pedagógicas ou devido à má formação dos seus mestres que, em suas
faculdades não foram estimulados a conhecerem, estudarem e desenvolverem as TICs para a
educação, não se preocupando em adquirirem formações ligadas à área, engessando ainda mais as
formas arcaicas e estáticas de educar e de transmitir o saber.
Encontramos ainda alguns gestores e coordenadores de ensino que encontram-se
acomodados à formas antigas de ensino, em que o professor transmite os conteúdos e o aluno
apenas os recebe “passivamente”, sem a intervenção e participação direta do alunado no processo
da busca do conhecimento. Já não faz sentido a dicotomia entre as tecnologias aliadas aos
processos educacionais e cartilhas educacionais que não possibilitam a participação direta dos
discentes.
Autores renomados que analisam, publicam e estudam a vertente das mídias educacionais,
WebQuest e a internet na educação, entre eles estrangeiros e brasileiros como Vygotsky (1999),
Moran (2000), Viana (2004), Mercado (2005), Nicolaci-da-Costa (2006), Marcos Silva (2012) e
Ferreiro (2013), serviram de orientação teórica fundamental para a elaboração do presente
material, cuja metodologia apresenta pesquisas bibliográficas e webgráficas que tratam os
posicionamentos de base teórica dos autores e suas aplicações em salas de aula, buscando refletir
o papel que as escolas de hoje exercem sob o atual contexto da alfabetização digital, analisando
com isso a utilização da internet em sala de aula e os benefícios da metodologia WebQuest para o
processo de ensino-aprendizagem, bem como os desafios para uma verdadeira qualificação
docente que busque aplicar corretamente os conceitos de uma aprendizagem direcionada numa
escola preparada no presente, tendo em vista as mudanças do futuro.
2. A INTERNET NA ESCOLA: ONTEM E HOJE
Inicialmente, a Internet surgiu com fins militares de espionagem e comunicações no ano
de 1960 nos Estados Unidos, onde o departamento de defesa resolveu investir verbas em
universidades para o desenvolvimento e aprimoramento da tecnologia, criando uma rede de
comunicação de computadores chamada inicialmente de Arpanet. Mesmo após o fim da guerra,
as universidades vislumbradas com as infinitas possibilidades deste novo recurso tecnológico
continuaram a desenvolver pesquisas que viabilizassem o acesso à comunidade acadêmica e
científica, obtendo êxito de conexões com surgimento de planejamentos cibernéticos, programas
de computadores e aplicativos, algo jamais imaginado para aquela época.
No Brasil, a tecnologia levou praticamente 30 anos para chegar, em 1988 foram realizadas
as primeiras conexões na Rede Mundial de Computadores, sob o controle do Fundo de Amparo e
Pesquisa do Estado de São Paulo e do Laboratório Nacional de Computação Científica, no Rio de
Janeiro. Buscando expandir a rede de conexões, inicialmente em nível interacadêmico foi criada a
Rede Nacional de Pesquisa, sob a coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico em 1990, ano que considera-se como o do surgimento da Internet no
Brasil.
A expansão da Internet para o setor privado se deu praticamente a partir do ano de 1995
quando o Ministério das Comunicações em consonância com o Ministério da Ciência e
Tecnologia permitiram a habilitação para o surgimento dos primeiros provedores privados de
Internet para a demanda comercial e residencial, atendendo aos anseios da sociedade.
Após esse período, nosso país se abriu ao conhecimento e uso de diversos sites e
tecnologias digitais, a exemplo do popular e mundialmente conhecido site de buscas americano
Google (1998), o programa de bate-papo Mensseger (1999), o surgimento dos primeiros
provedores gratuitos de linha discada (2000), a chegada da Banda Larga no Brasil e o site de
busca Wikipédia (2001), o desenvolvimento de novas formas internéticas, a exemplo do Orkut
(2004), a Web 2.0 (2004) que introduziu um ambiente virtual de interatividade e participação
final do internauta, o Facebook (2004), Youtube (2005), Twitter (2006), Instagram (2013), blogs,
fotologs, fanpages, homepages, entre outros, onde alguns desses, já encontram-se obsoletos e em
estágio de desuso.
Assim, as escolas de hoje vêm se preparando para as novas transformações sociais, em
especial a assimilação das novas formas de comunicação, sendo que pela primeira vez ela está
conectada instantaneamente com o mundo exterior, com outras instituições, rompendo as
barreiras dos muros da escola, criando pontes de conectividade com outras realidades, em
especial as realidades, anseios e desejos dos seus educandos que neste momento, sem um
direcionamento ou aproveitamento educacional dedicam grande parte do seu tempo em jogos
online sem objetivo pedagógico, aplicativos de bate-papo e redes sociais.
Há cinco mil anos, as escolas baseavam-se apenas no falar e ditar do mestre, na exclusiva
escrita manuscrita do aluno, e há quatrocentos anos, esta se abriu ao uso moderado da impressão.
“Assumir a Internet com o que ela disponibiliza e possibilita é uma tarefa difícil, pois supõe o
abandono de um hábito antropológico mais que milenar, o que não pode ser feito em alguns
anos” (NICOLACI-DA-COSTA et al., 2006).
A cultura de não acolher ao novo, de não desapegar à antigos ritos de ensino, de formas
tradicionais e arcaicas, tornam as transformações dentro da escola muito lentas ou inexistentes.
O computador e Internet surgem como equipamentos culturais produzidos
contemporaneamente pelo homem, servindo como instrumentos de leitura e escrita, construídos
através de programas com linguagens binárias de programação, a serviço da educação.
A interação dos computadores nos processos de ensino-aprendizagem realizadas de forma
orientada sob a fundamentação da metodologia WebQuest vem sendo aplicada à luz de algumas
concepções educacionais, dentre estas, podemos destacar a concepção do construtivismo sócio
interacionista, onde diversos autores à consideram aplicável aos processos de educação, a
distância e presencial, cuja interação é explicada através da relação do desenvolvimento humano,
ativado através da reciprocidade entre o organismo e o meio.
Nesse contexto, o computador no ambiente escolar recebe o papel de mediador, que ao
mesmo tempo caracteriza-se como instrumento tecnológico e simbólico, no qual para Vygotsky
(1991), tal mediação pode ser descriminada por instrumentos e signos. Para ele, existem três
classes de mediadores: ferramentas materiais, ferramentas psicológicas e outros seres humanos.
As três classes se encaixam perfeitamente ao fundirmos a utilização do computador e da Internet
na educação, pois, na ferramenta material, o computador se adequa enquanto máquina, as
ferramentas psicológicas através da mediação semiótica da linguagem, e a mediação dos outros
enquanto interlocutores do aprendizado.
Vygotsky surge como um dos principais pesquisadores que abordam as teorias
interacionistas, onde o sujeito social interage com o meio em que vive, respondendo aos
estímulos exteriores, através dos processos de construção e reconstrução constante do
conhecimento.
Dessa forma, a ação do sujeito se faz interativa e dinâmica, pois são acionados fatores
intelectuais como a memória, hiperdocumentos, imaginação, simulações e percepção, assim
como outros tipos de comunicação que se conectam através dos vários canais sensoriais,
combinando textos, imagens, cores, sons e movimentos, tendo por base o direcionamento
pedagógico do educador.
Essa interatividade que surge com o meio digital apresenta um grande desafio para sua
implantação nas escolas, visto que o paradigma da educação veio construído através das noções
doutrinárias de transmissão, centrada no professor, passiva e não participativa.
Iniciamos uma nova forma de comunicação, onde a relação professor-aluno passa a ser
bilateral, reciproca, crítica e interativa visto que a figura do professor passa a ser o mediador do
saber. A Internet em paralelo a WebQuest se mostra adaptada (quando orientada) as novas
concepções educacionais de comunicação social de aprendizagem, baseada na interatividade.
Agora, os docentes possuem em suas mãos uma ferramenta que, diferente dos antigos
conteúdos programáticos, fixos, lineares e pré-definidos, permitem ao educando ramificações que
lhes trazem uma riqueza ilimitada de detalhes, fontes de pesquisa e formas diferentes de se obter
um mesmo resultado.
A escola, ao elaborar projetos educativos com o auxilio da Internet, permite aos
professores não se limitarem apenas ao espaço físico da escola, elaborando o desenvolvimento de
diferentes atividades como buscas ágeis de informações realizadas através de pesquisas escolares,
visitas virtuais à museus, participar de cursos virtuais de formação e qualificação educacional,
assim como a interação com outras pessoas, participação de fóruns de estudos, listas de
discussões, comunidades virtuais, chats, e-mails e entretenimento através de jogos educativos,
simuladores e modernas metodologias de ensino que utilizam a Internet como principal requisito
educativo, a exemplo da WebQuest. Dessa maneira, “o conjunto de propostas educacionais
telemáticas que utilizam recursos como webconfêrencias, teleconferências e a Internet,
caracteriza por si só educação online” (MORAN et al. 2000).
Aos poucos, os computadores ocupam seus espaços na escola, modificando o olhar inicial
dos professores que, acostumados com a lousa, lápis e giz, resistiam com seus antigos
pensamentos para não incorporarem esses novos recursos em suas aulas. A verdadeira introdução
do computador e Internet na realidade escolar impõe mudanças significativas na organização
escolar, através de um currículo mais flexível e mudanças no próprio espaço físico da escola.
A nova geração de “crianças informatizadas” do touchscreen e da cibercultura, já
ultrapassaram as expectativas estáticas dos antigos livros didáticos como único recurso de ensino
e pesquisa em que seus pais estavam habituados a estudar como exclusivo recurso didático.
3. OS DESAFIOS PARA UMA QUALIFICAÇÃO DOCENTE EM TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Atualmente, tem se elaborado uma vasta produção literária sobre os estudos relacionados
à informática educativa, com vistas a apoiar a aplicabilidade da Internet em sala de aula através
de projetos pedagógicos e programas governamentais aplicados na educação, onde tais subsídios
trazem estudos recentes de metodologias bem sucedidas e novas formas de ensino, facilitando o
aprendizado dos alunos e a formação continuada com o aperfeiçoamento e capacitação dos
professores.
A introdução das mídias nos processos educativos demandam por consequência, em novas
formas de aprender e ensinar, onde os educandos já inseridos na cultura digital anseiam pela
utilização de recursos comuns ao seu dia-a-dia fora da escola, onde os professores
desfamiliarizados com as novas tendências tecnológicas educacionais devem buscar se
apropriarem desses novos conteúdos digitais, tão importantes para o bom desenvolvimento das
propostas em sala de aula, exigindo assim uma melhor qualificação das suas formações.
A integração das tecnologias digitais da informação e da comunicação (TDIC) e
mídias ao currículo demandam que o professor no exercício da docência online,
além do domínio operacional das diversas ferramentas tecnológicas e de suas
possibilidades para a educação, faça a leitura do mundo digital, lançar sobre o
mundo suas palavras pode, no contexto da Internet e em especial a da web 2.0,
ampliar as possibilidades de autoria e de publicação do docente, mediador e
discente. (SILVA, 2012, p. 54)
A criação de dispositivos eletrônicos, ambientes virtuais de aprendizagem, sistemas de
compartilhamento de dados e programas educacionais, trazem em sua matriz novas oportunidades
pedagógicas para trabalhos docentes, realizados tanto no ambiente físico escolar, através de
atividades presenciais que envolvam tecnologias, como nos momentos extraclasse, cuja articulação
didática de ensino transpõem as eventuais aulas estáticas, incentivando a integração e atualização
de um mundo globalizado e conectado.
Os novos modelos educacionais que surgem atualmente põem em pauta as mudanças de
posturas esperadas pelos professores da presente era digital, impondo-lhes uma prática
participativa e inovadora, pontuando suas didáticas para transformarem-se em agentes facilitadores
de conhecimentos compartilhados perante as novas transformações sociais e educacionais.
Um dos grandes problemas gerados em algumas escolas que, apesar adquirirem
computadores modernos e Internet de altíssima velocidade é que tais instituições não incluírem
os avanços significativos de trabalhos orientados em seu Projeto Político Pedagógico para um
melhor aprimoramento didático em sala da aula. Tais recursos de nada servirão se não estiverem
em fina sintonia com a proposta desenvolvida por toda a escola, não apenas em níveis distintos de
ensino, professores, das disciplinas específicas, mas presente nos moldes educacionais que regem
os objetivos de ensino comuns a todos os atores educacionais, desde os professores, principais
agentes da transformação em sala de aula articulando a teoria à prática, como também à equipe
diretiva de coordenadores de ensino e gestores, principais incentivadores da correta aplicação das
mídias, fazendo uso de estudos aprofundados sobre documentos, artigos e legislações que
abordem a temática de tecnologias digitais da informação e da comunicação e sua aplicabilidade
em sala de aula.
Atualmente, além de bem informados, preparados e atualizados dos novos acontecimentos
e descobertas educacionais para ministrar aulas didaticamente atraentes e empolgantes para os
alunos, os professores de hoje são constantemente pressionados a possíveis inversões de
hierarquias do saber, abdicando a posição exclusiva, única e inabalável de detentor do
conhecimento.
Assim, os professores precisam dominar os conteúdos tecnológicos e midiáticos não só
para uma boa regência em sala de aula, visto que os alunos de hoje já são muito bem informados,
às vezes mais que os próprios professores, mas para darem sentido a formação educacional que
rege um professor, motivando, facilitando e encaminhando o educando para o aprendizado e para
formação critica, cidadã e participativa, tanto dentro como fora da sala de aula.
As salas de aula devem apresentar um ambiente em que o aluno sinta-se instigado a
aprender e explorar o desconhecido, para isto, é indispensável que o professor realize o
planejamento das suas atividades de forma flexível, aberta, criativa e coerente com as linhas de
ações pedagógicas, de tal modo que o aluno seja o principal ator do processo educativo.
Dessa forma, além de compreenderem suas responsabilidades no processo de
aprendizagem, os alunos percebem que avançam a medida que estabelecem novas prioridades
educativas, definindo seus objetivos, necessidades e carências educativas de forma à construírem
suas próprias bases de conhecimento.
Os novos alunos (nativos digitais), com tal sociabilidade, têm dificuldades e não
conseguem concentrar-se totalmente às aulas tradicionais, onde o professor transmite o saber e os
alunos recebem passivamente os conteúdos. Os alunos de hoje necessitam desenvolver suas
habilidades em conjunto com materiais e recursos comuns à sua vida, cuja utilização dos
computadores em parceria com a Internet torna-se a principal ferramenta multidirecional capaz de
integrar conteúdos didáticos, diversões e habilidades cognitivas já desenvolvidas para um objetivo
comum que é a perfeita sintonia no gosto do ensinar e do aprender.
Para muitos professores, a introdução das tecnológicas na educação não só exigem deles
uma melhor formação, através de muitos estudos, investimento de tempo, financeiro e pesquisas
relacionadas à área, mas também remetem novas posturas e formas de educar, agregando os
conhecimentos às novas metodologias didáticas que consigam obter resultados satisfatórios em
sala de aula.
Os professores de hoje vivenciam um nova era, a digital, cujas práticas e formações devem
atender às atuais necessidades expressas por uma sociedade contemporânea, onde os movimentos
de aprendizagens educacionais acontecem de forma dinâmica, criativa e flexível.
Para Morin,
As tecnologias WEB 2.0, gratuitas e colaborativas, facilitam a aprendizagem
entre colegas, próximos e distantes. Tudo caminha para ser mais aberto, ágil,
intuitivo (touchscreen ou telas sensíveis ao toque, como nos tablets). Falta no
Brasil melhorar os preços destes equipamentos (essa perspectiva é próxima) e
melhorar a banda larga (ainda falta muito). (2011, p. 145)
Apesar das mudanças remetidas às novas formas de ensinar dos professores, não podemos
deixar de mencionar o atual abismo tecnológico pelo qual muitos jovens não são oportunizados à
utilizarem as mídias em suas residências e escolas, sejam elas públicas ou privadas, devido ao alto
valor comercial para aquisição de equipamentos de informática.
Dessa maneira, a exclusão digital deve ser observada no âmbito das escolas, em espacial às
públicas, cujos recursos são provenientes em sua totalidade dos governos, estados e municípios,
remetendo a responsabilidade aos nossos governantes para a criação de politicas públicas que não
permitam a exclusão dos educando ao direito da informação e aos recursos de comunicação, visto
que nem todos os alunos tem acesso as tecnologias fora da escola.
Há uma necessidade urgente para novas mudanças nas diretrizes políticas, onde escolas
públicas e privadas devem da mesma forma, garantir a formação mínima e igualitária para todos os
estudantes, incluindo em seus currículos pedagógicos a utilização do computador e da Internet
como novo recurso didático de ensino em sala de aula.
Atualmente, mais do que nunca, os professores devem estar “conectados” com as
informações, com as redes sociais e familiarizados com as novas mídias, acompanhando o ritmo
frenético dos alunos que encontram-se “online” há todas as tendências tecnológicas e digitais.
Contudo, não devemos deixar de lado por completo, todos os outros recursos educacionais
disponíveis na escola que em muito auxiliam nas atividades educativas, além de serem materiais
didáticos obrigatórios e indispensáveis para o desenvolvimento pedagógico como os livros,
módulos, jornais, revistas etc., porém não fechando os olhos às transformações educacionais e
sociais que já são comuns aos nossos alunos, devemos nos habituar a sermos usuários sistemáticos
das redes, da interatividade, da Internet.
4. AS CONTRIBUIÇÕES DA METODOLOGIA WEBQUEST EM SALA DE AULA
As escolas, locais de disseminação dos conhecimentos juntamente com seus professores,
facilitadores do saber, se veem hoje na responsabilidade de buscarem adquirir e de expandir seus
conhecimentos para além das fronteiras do muro da escola, acompanhando as novas tecnologias
de comunicação cada vez mais comuns no dia-a-dia das nossas crianças que as utilizam
principalmente para se integrarem as atuais redes sociais, alunos descendentes da nossa atual, da
terceira revolução industrial.
Dentre os avanços tecnológicos provenientes da Internet para o sistema educacional,
surge a metodologia nomeada de WebQuest, desenvolvida por Bernard Dodge, da San Diego
State University, que em 1995 propôs a criação de um novo conceito educacional que auxiliasse
na classificação de atividades que estavam sendo colocadas em prática no âmbito de um projeto
educacional envolvendo o uso da Internet na educação.
Tal subsídio educacional consegue demonstrar aos alunos e professores a importância das
tecnologias na educação, em especial a Internet para o ensino dinâmico das mais diversas
disciplinas, onde o aluno em especial tem a oportunidade de desempenhar o papel de construtor
do conhecimento, sendo ele um aluno-pesquisador.
A WebQuest surge como uma metodologia de encaminhamento educacional que permite
um direcionamento específico por parte do professor aos interesses cumulativos e educacionais
ao alunado, podendo ser aplicada de forma individual ou em pequenos grupos, nas mais diversas
séries e disciplinas de forma interdisciplinar e transdisciplinar.
Sua plataforma poderá estar desenvolvida e hospedada em um site específico para a sua
criação, ou em forma alternativa através de programas básicos presentes nos computadores, a
exemplo do Microsoft Power Point, visto que as linguagens de programação de sistemas de site
não são fáceis ou de rápida construção, tão pouco baratas.
Através de uma questão-problema os aprendizes são induzidos na pesquisa e na solução
de perguntas. É um método dinâmico, pois as pesquisas para a obtenção de respostas se darão
principalmente pela Internet, favorecendo também o trabalho em equipe, tanto no modelo
presencial, como a distância, individualmente ou em grupos de estudos.
As habilidades cognitivas a serem exploradas são ilimitadas, professores podem
desenvolver projetos que ativem as habilidades antes consideradas inertes nos alunos,
despertando as áreas de artes, história, matemática, ciências ou qualquer outra na qual eles
verifiquem a importância do aprendizado, transformando ativamente as informações, em vez de
apenas reproduzi-las, incentivando a criatividade individual e favorecendo o trabalho de autoria
dos professores no momento em que estes se colocam a frente do processo de ensino-
aprendizagem, alinhando as diretrizes educacionais e os caminhos necessários para a
compreensão de um melhor aprendizado do tema proposto pelo professor-pesquisador.
Nesse contexto, a função do professor é realizar intervenções e interferências no
processo de ensino-aprendizagem. É ele quem tem formação para definir o que
deve ser privilegiadamente aprendido e abordado no decorrer do tempo
disponível e tem condições de orientar o encaminhamento das atividades
curriculares. O professor seleciona, organiza e problematiza os temas e
conteúdos, de modo a promover uma adequada construção do processo de
aprendizagem, colaborando para o avanço de seu processo de desenvolvimento
sócio-cultural. (ARAÚJO, apud MERCADO, 2004, p. 69)
O uso da metodologia de WebQuest permite ao professor a garantia de acesso a
informações autênticas e atualizadas, visto que as referências, sites e conteúdos são de fontes
seguras e pré-selecionadas pelo professor. Assim, o professor rompe as fronteiras das salas de
aula, levando os alunos a novas descobertas, ambientes, muitas vezes, jamais imaginados pelos
alunos, promovendo com isso uma aprendizagem cooperativa ao se estabelecer processos de
grupos de pesquisas onde todos tem a oportunidade de expor seus entendimentos, suas avaliações
e questionamentos, debatidos e aprovados por eles mesmos durante os estudos.
Para um bom rendimento educacional dos alunos, o professor necessita primeiramente
dominar as técnicas de informática e Internet para que o mesmo tenha a autonomia de elaborar
seu projeto didático de forma eficaz e direcionada.
O professor ao construir e hospedar sua WebQuest na Internet (nuvem) deverá explorar a
apresentação de um ambiente virtual atraente, dinâmico, interativo e provocador de novas
descobertas, incorporando imagens digitais, recursos audiovisuais e links que possibilitem o
direcionamento dos alunos aos sites e conteúdos previamente analisados pelo professor,
analisando os níveis de dificuldade, tempo disponível, propósitos e composição de alunos por
atividades, podendo-se acrescentar, inclusive, novos parâmetros interativos, disponíveis com a
web 2.0.
Se realizarmos um paralelo entre o conceito da perspectiva construtivista e a metodologia
WebQuest, observamos que a metodologia se adequa perfeitamente a esta teoria, pois configura-
se uma postura que se preocupa com o grau de confiabilidade e credibilidade do conhecimento
em seus diversos ramos. Norteia a linha pedagógica que baseia a sua prática nos estudos de
Vygotsky e Jean Piaget, consistindo em criar situações que incentivem a partir da pesquisa o
levantamento de hipóteses, conflito cognitivo e processos de assimilação frente ao novos
conhecimentos, fieis ao princípio interacionista, procurando demonstrar o papel central do sujeito
na produção do saber. (ROSA, 1996).
Desta forma, por também ser possível a realização de trabalhos coletivos, acredita-se que
se aprende melhor quando se é executado em equipe, com a cooperação de todos os atores,
valorizando assim a interação que se vincula entre aluno-aluno, aluno-professor e aluno-
computador, de forma que efetivamente direcionada, propicia o exercício da prática pedagógica
do letramento.
Conforme salientou Araújo (2005, p. 44) “Apenas o trabalho com a WebQuest não garante
elevar o grau de letramento do aluno, este é um trabalho contínuo que não tem fim, e que não se
dá isoladamente na escola”.
Um dos desafios para a aplicação da metodologia WebQuest na escola é a constante
atualização necessária por parte do professor, estando sempre atento às novas metodologias
educacionais que mudam em velocidade constante, além do atual quadro de abismo social
provocado pela ausência de tecnologia básica nas escolas, realidade vivenciada principalmente
nas redes públicas de ensino que dependem da vontade política dos nossos governantes que
caminham opostamente aos ideais de igualdade e liberdade para todos, onde poucos tem, e muito
necessitam.
O surgimento da Internet apresentou a possibilidade de se criar um espaço de integração
entre alunos e professores, proporcionando a busca do conhecimento e das informações de forma
igualitária, flexível e compartilhada, significativas para a construção do pensamento. No entanto o
professor, como facilitador do aprendizado deverá estar sempre atento para a dispersão, perda de
tempo e foco de aprendizagem, comumente ocorridas em buscas pela Internet.
Os professores deverão desenvolver atividades pedagógicas direcionadas com objetivos
específicos, mas deixando livre o caminho pelo qual o aluno poderá chegar a um resultado
esperado com o intuito de não buscarem fontes erradas, desatualizadas ou fora do contexto
proposto, algo comum de acontecer devido a uma vasta gama de informações disponíveis em
apenas um único click, motivo pelo qual a metodologia WebQuest apresenta sua excelente
proposta e funcionalidade, contribuindo para uma melhor prática docente, aliada aos atraentes
recursos tecnológicos, tão presentes nas vidas dos nossos alunos.
Muito mais que uma ferramenta de aprendizado, a Internet e seus recursos midiáticos
surgem como formas de comunicação, tão importantes como a fala e a escrita, onde os sujeitos
integrantes dessa aldeia global informatizada sentem-se na necessidade de apreendê-las como
requisitos necessários para não serem excluídos das novas redes de relacionamentos sociais,
mesmo sendo estes indivíduos integrantes desta nova alfabetização e interação digital.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possibilidade de acesso rápido as informações, bem como a comunicação síncrona e
assíncrona, tornou a Internet um dos mais vantajosos e atraentes recursos pedagógicos da
atualidade.
Assim, a metodologia WebQuest na educação em consonância com a Internet surgiu
como importante ferramenta e subsídio educacional aos novos professores, engajados em
preparar novos alunos capazes de enfrentar essa nova ordem social, enfatizando a aprendizagem
centrada no aluno, possibilitando que o sujeito adquira habilidades e competências de autonomia,
criticidade e reflexão sob o atual contexto social, ao qual deverá estar preparado.
Agora, o processo de detenção do saber e busca de novos conhecimentos não mais
repousam sobre os ombros dos professores, estes compartilham com seus discentes as ricas
formas de buscas e compreensões educativas, uma vez que a interação passa a ser assumida pelos
produtores dos instrumentos pedagógicos.
Desta forma, torna-se essencial que o professor utilize as tecnologias através de seus
novos meios de comunicabilidade, para atingir novos fins, direcionando e orientando o aluno para
o espaço da aprendizagem participativa.
Por ser uma transformação educacional relativamente nova, muitos professores e gestores
desconhecem os extraordinários caminhos que as mídias e suas tecnologias podem conduzir seus
educandos para um formação ampla, completa e inclusiva, aliando o que há de mais moderno,
dinâmico e conceituado no referencial dos processos educacionais tecnológicos.
Quanto mais se mantiverem os hábitos que relegam o aluno a um papel meramente
receptor, menos diferença a tecnologia fará no aprendizado. Em muitas escolas, as mídias ficam
durante a maior parte do tempo confinadas em salas vazias, porque só se abrem suas portas nos
momentos das aulas de informática, sem se incorporar suas aplicabilidades ao projeto pedagógico
da escola, é como deixar trancados os livros de uma biblioteca ou limitar seu uso ao momento
restrito do processo de alfabetização.
O papel do professor é, portanto, o de dar um sentido ao uso das mídias, produzir
conhecimentos com base em um labirinto infinito de possibilidades, destacando sua
responsabilidade e a da escola na contribuição da formação moral, ética e social dos seus
educandos, preparando-os não só para o mercado de trabalho, mas para a vida, como seres
dotados de conhecimento, opiniões e ideias, sendo estes alunos letrados do atual mundo global e
digitalizado.
RESUMEN
Este artículo analiza las diferentes posibilidades que los medios de comunicación en la educación
podrán desarrollar en el aula cuando se utiliza de manera orientada, desde la perspectiva de la
metodología WebQuest y su interactividad con la Internet, presentando a los estudiantes una
amplia gama de itinerarios educativos a recorrer, por la cual las nuevas tecnologías de
información y comunicación vienen desarrollándose en todo Brasil. En el contexto político -
económico actual de nuestro país , se sugiere que los profesores , facilitadores del conocimiento
deben buscar formas de apropiación de estas nuevas herramientas, programas y aplicaciones,
tales como Internet, entornos virtuales de aprendizaje y la educación en línea , todo como
subsidios didáctico- pedagógica dentro y fuera de las aulas, donde las paredes de la escuela no
son los límites entre la enseñanza y el aprendizaje , que se presenta a los estudiantes una gama
de conexiones y conocimientos en un mundo digital y tecnológico.
PALABRAS CLAVE: medios de comunicación; las nuevas tecnologías; Internet.
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em: 12 de abr. de 2013.
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