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O DESAFIO DO CRESCIMENTO
ECONÔMICO NO BRASIL
Educação e Crescimento Econômico
Luiz Valério de Paula Trindade – 05.07.2004
2
SUMÁRIO
1 – Lista de tabelas e figuras.................................................................... 03
2 – Apresentação ...................................................................................... 04
3 – Panorama geral da educação superior no Brasil ................................ 07
4 – Análise da relação ensino x desenvolvimento econômico .................. 14
4.1 – Bases fundamentais do desenvolvimento .............................. 20
4.1.1 – Ensino Básico e Fundamental ................................ 21
4.1.2 – Ensino Médio .......................................................... 22
4.1.3 – Ensino Superior ...................................................... 23
4.1.3.1 – Graduação ........................................... 24
4.1.3.2 – Pós-Graduação Lato Sensu ................ 24
4.1.3.3 – Pós-Graduação Stricto Sensu ............. 25
5 – Conclusões e propostas ...................................................................... 29
6 – Referências bibliográficas ................................................................... 35
3
1 – LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 01 Relação do GNI de países selecionados .................................. 11
Tabela 02 Senso populacional e evolução de matrículas no ensino
superior .....................................................................................
18
Tabela 03 Número de matrículas na pós-graduação ................................. 26
Tabela 04 Avaliação do nível das escolas públicas em diversos países ... 27
Tabela 05 Média de anos de estudo em diversos países .......................... 27
Tabela 06 Padrão dos institutos de pesquisas científicas em diversos
países .......................................................................................
27
Tabela 07 Taxa de matrículas no ensino superior em diversos países ..... 27
Figura 01 Organograma básico da estrutura governamental do Brasil .... 15
Figura 02 Evolução da matrícula no ensino superior no Brasil (1980 ~
2002) .........................................................................................
17
Figura 03 Evolução da matrícula no ensino superior (real e projetada /
1980 ~ 2050) .............................................................................
18
Figura 04 Diagrama ilustrativo das bases do desenvolvimento
econômico ................................................................................
21
Figura 05 Evolução da pós-graduação no Brasil ...................................... 25
4
2 – APRESENTAÇÃO
Durante muitos anos – décadas até – o Brasil lançou mão do recurso de
utilizar mão-de-obra relativamente barata como argumento-chave para a
atração de investimentos produtivos por parte de empresas estrangeiras.
Pode-se dizer que esta iniciativa – ou estratégia, dependendo do ponto
de vista – trouxe alguns resultados benéficos. Porém, isso enquanto a
economia brasileira e internacional era fortemente baseada em uso intensivo
de mão-de-obra em atividades manufatureiras com pouca ou nenhuma
automação.
No entanto, o tempo passou, as economias brasileira e internacional
evoluíram e passaram por profundas transformações com reflexos inclusive na
dinâmica do mercado de trabalho.
Diversos países perceberam a tempo ou anteviram este movimento e se
prepararam adequadamente para lidar com esta realidade. Infelizmente não se
pode dizer que o Brasil está incluso neste grupo.
Atualmente, a economia já não é mais tão dependente de atividades
manufatureiras fortemente lastreadas por uso intensivo de mão-de-obra. O
setor de serviços ocupa posição destacada em inúmeras economias no mundo
– inclusive no Brasil – e este setor, por sua vez, demanda profissionais com
5
capacidade de raciocínio crítico, análise e gerenciamento e processamento de
informações.
Este bem intangível é que se tornou essencial para o progresso e
desenvolvimento das nações a partir do final do século XX. E para formar e
preparar um profissional com estas características, é fundamental que se
invista maciçamente em educação. E vale a pena destacar que, investimento
maciço, não necessariamente significa elevadas somas de dinheiro, mas,
sobretudo planejamento sério com objetivos claros e plausíveis, aplicação
correta dos recursos disponíveis e estabelecimento de mecanismos de
medição dos resultados.
Na última década e meia, a China conseguiu retirar da miséria
praticamente 200 milhões de pessoas, utilizando para isso o mesmo
expediente que o Brasil e outras economias emergentes adotaram, ou seja,
mão-de-obra barata e abundante para atrair investimentos produtivos.
O México, ao ingressar no NAFTA – Tratado de Livre Comércio da
América –, também fez o mesmo.
O fenômeno que se observa agora – chamado de offshore sourcing
pelos especialistas – é a de migração de empregos não só das economias
desenvolvidas como também das emergentes para países como a China e a
Índia.
6
Porém, a posição da Liderança Governamental destes países não é a de
manter este modelo indefinidamente, haja vista que grande parte destes novos
empregos gerados estão baseados em conhecimento e não em atividades
manuais com pouco valor agregado como o Brasil vivenciou no passado. Estes
países já possuem planos para melhorar a qualificação de sua mão-de-obra.
Portanto, como é possível perceber, o nível educacional da população
exerce papel fundamental no desenvolvimento sócio-econômico do país, tema
este que há muito tempo tem sido objeto de estudo e análise por inúmeros
acadêmicos, economistas, cientistas sociais, jornalistas, entre outros.
Diante disso, o objetivo deste estudo é o de analisar a questão, seu
impacto em nosso desenvolvimento e discutir alguns dos caminhos possíveis.
7
3 – PANORAMA GERAL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL
Tomando-se como referência dados do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em pouco mais uma década
(de 1990 a 2001), nota-se que a participação das instituições privadas de
ensino superior cresceu significativamente, passando de cerca de 75% para
quase 87% do total de instituições no Brasil.
A quantidade de instituições públicas permaneceu praticamente estável
(variando de 210 a 220 entre 1990 a 1998) e nos três anos seguintes caiu
significativamente até atingir o número de 183 no ano de 2001.
No que diz respeito às instituições privadas, estas oscilaram entre 663 e
711 no período de 1990 a 1997 e, ao contrário de suas congêneres públicas,
de 1998 em diante experimentou um grande crescimento, atingindo o número
de 1.208 instituições, ou seja, quase 7 vezes maior do que o de instituições
públicas, sendo que 10 anos antes esta mesma relação era levemente superior
a 3 vezes.
Diante deste quadro, um dos questionamentos possíveis de se fazer é:
qual o impacto deste crescimento vertiginoso do número de instituições no
ensino superior brasileiro de uma forma geral? Quais os aspectos positivos e
negativos?
8
Bem, o impacto mais imediato e mais facilmente observável é com
relação à disponibilidade de vagas no ensino superior. Se em 1990, o total de
matrículas foi de pouco mais de 1,5 milhão, uma década depois atingiu mais de
3 milhões, ou seja, o dobro de alunos matriculados.
É inegável que este crescimento é positivo na medida em que, de certa
forma, atende à demanda de longa data de nossa sociedade, de maior
democratização do acesso ao ensino de nível superior.
Entretanto, não obstante este aumento e maior disponibilidade do
número de vagas, infelizmente ele não foi suficiente para reverter o fenômeno
do chamado “efeito funil” do sistema educacional brasileiro.
Este perverso fenômeno tem sido responsável pelo fato de que de cada
10 alunos que ingressam, não mais do que 2 concluem o curso 4 ou 5 anos
depois.
Qual a razão da perpetuação de tal fenômeno se levarmos em
consideração o incremento tanto no número de vagas quanto no número
absoluto de alunos concluintes?
Poder-se-ia supor de imediato que a principal razão seria de ordem
econômica, ou seja, dificuldades em arcar com a mensalidade e demais
despesas ao longo dos anos de curso, porém, é importante destacar que
quando se analisa separadamente instituições públicas e privadas, observa-se
9
que o índice médio de conclusão é da ordem de 15% e 19%, respectivamente.
Ou seja, se assim fosse, esperava-se que esta relação seria inversa, levando-
se em consideração que não há pagamento de mensalidades nas instituições
públicas.
Sendo assim, devemos levar outros aspectos também em consideração,
como por exemplo:
a) Desistências ao longo do curso em função de o estudante considerar
não estar matriculado no curso com o qual realmente se identifica.
Este fator apresenta duas características: o estudante pode
simplesmente desistir do curso e não mais se interessar pelo ensino
superior ou ainda, pode prestar novo vestibular para ingressar em
outra carreira ou solicitar transferência para outro curso ou até
mesmo IES.
b) Repetências. Muitos alunos não concluem o curso no tempo de
duração estimado e acabam permanecendo por mais um a três anos
na escola por conta de repetência em algumas disciplinas, tornando-
se o chamado “estudante profissional”.
Face à grande necessidade do país em desenvolver-se em vários
aspectos (sociais, econômicos e tecnológicos, por exemplo), bem como
incrementar sua inserção no comércio internacional, é imperativo que se
10
procure desenvolver mecanismos para diminuir os efeitos danosos deste
“fenômeno funil” que além de representar tremendo desperdício de recursos de
toda ordem, faz com que o país permaneça cada vez mais atrasado em relação
às nações mais evoluídas e até mesmo de países em desenvolvimento como o
nosso (como por exemplo: Índia, Argentina, Chile, Coréia do Sul, entre outros)
e, além do mais, contribui para alijar ou restringir o acesso ao ensino superior
de pessoas realmente interessadas, motivadas e em condições de ir até o fim.
É claro que é muito difícil esperar que todos os que ingressam em
determinado ano, saiam formados alguns anos depois (100% de
aproveitamento). Indubitavelmente seria a condição ideal, mas nem sempre o
ideal é o possível de se obter.
Por outro lado, também não é admissível contentar-se com uma situação
na qual menos de 20% dos que se matriculam recebam o diploma alguns anos
depois.
Para ter-se uma idéia de quanto isto representa em termos de atraso
sócio-econômico para o país, basta observar a situação de alguns países
selecionados1 conforme demonstrado na tabela 01.
1 Foi adotado o critério de distribuição geográfica e importância econômica. Desta forma, todos os continentes foram representados para permitir uma comparação mais equânime.
11
GNI 2 GNI / capita 3 País
US$ bilhões
Posição
US$ mil
Posição
Média de anos
de estudo
Gastos públicos com educação
(% GNI)
EUA 10.110.087 1 35.060 2 12,0 4,8 Japão 4.265.616 2 26.070 22 9,5 3,5 Inglaterra 1.466.194 4 25.870 23 9,4 4,5 Índia 501.532 11 2.570 145 5,1 4,1 Brasil 497.393 12 7.250 85 6,0 4,7 Coréia do Sul 473.050 13 16.480 51 10,8 3,8 Argentina 154.145 27 9.930 72 8,8 4,0 África do Sul 113.492 32 9.870 74 6,1 5,5 Venezuela 102.577 36 5.080 111 6,6 5,0 Chile 66.318 43 9.180 77 7,5 4,2 Estônia 5.605 111 11.120 66 9,0 7,5
– Tabela 01 –
Fonte: Banco Mundial, 2002 (www.worldbank.com)
Em termos econômicos absolutos, nota-se que o Brasil está bem
posicionado como a 12ª maior economia do mundo dentro de um universo
superior a 200 nações. Ao longo da década de 1980 o país figurou sempre
entre as 10 maiores, tendo ocupado a 8ª posição por muitos anos.
Porém, quando se observa a parcela da riqueza gerada anualmente que
cabe a cada habitante, a situação é bem diversa e passamos a ocupar a 85ª
posição atrás, por exemplo, da Argentina, Chile, África do Sul, Coréia do Sul e
Estônia (para citar apenas alguns).
É claro que a comparação com países de economias bem mais maduras
não seria muito justa, mas todas as 5 nações acima citadas geraram menos
riqueza que o Brasil em termos absolutos em 2002. No entanto, seus 2 A sigla GNI significa Gross National Income (ou Geração Bruta de Receita) e passou a ser adotada pelo Banco Mundial a partir de 2002 em substituição à sigla anterior GDP (Gross Domestic Product, ou PIB em português – Produto Interno Bruto). 3 O GNI/capita tambérm está de acordo com a nova metodologia adotada pelo Banco Mundial e que leva em consideração no seu cálculo o PPP (Purchasing Power Parity – Paridade de Poder de Compra).
12
habitantes gozam individualmente de uma renda, no mínimo, 26% superior (no
caso do Chile) e chegando até a 127% (no caso da Coréia).
No âmbito da educação, nota-se também que o Brasil está atrás de
diversas nações no quesito tempo médio de anos de estudo da população
adulta.
Enquanto aqui o tempo médio é de 6 anos, na Venezuela, Chile e
Argentina, os adultos permanecem bem mais tempo nos bancos escolares. Os
demais países de comparação também apresentam desempenho mais
satisfatório que o nosso nessa área, sendo que os destaques ficam por conta
da Coréia do Sul (10,8 anos) e a Estônia (9,0 anos) cujos valores são
comparáveis aos de nações mais industrializadas como os EUA, Japão e
Inglaterra.
Se analisarmos os gastos públicos em educação como porcentagem do
GNI veremos que o Brasil não está tão mal assim com 4,7% pois este
percentual é superior ao de vários países da tabela 01. O que, sem dúvida, nos
diferencia dos demais no entanto, é a eficiência na gestão de tais recursos em
todas as esferas governamentais e níveis educacionais (desde o Ensino
Fundamental ao Superior).
Diante deste quadro, percebe-se claramente que o Brasil tem um desafio
hercúleo pela frente, dado o verdadeiro abismo educacional que nos separa de
13
vários países, e que à primeira vista pode parecer desanimador e até mesmo
intransponível.
Mas acredito que não devemos e nem podemos nos dar ao luxo de ter
um olhar pessimista sobre esta situação. Devemos encarar o desafio de frente
e descobrir formas e meios de transpor estas barreiras e é justamente com
esta visão que este trabalho foi elaborado.
14
4 – ANÁLISE DA RELAÇÃO ENSINO X DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Analisando o quadro atual do ensino brasileiro e algumas das iniciativas
e ações implantadas pelo Governo Federal visando modificar a situação
apresentada no capítulo introdutório deste trabalho, destaco o Programa
Nacional de Renda Mínima Vinculada à Educação – mais conhecido como
Bolsa Escola – o qual considero de extrema importância para contribuir
decisivamente para a melhor distribuição de renda e democratização do acesso
à educação de crianças e jovens provenientes de famílias carentes.
O Programa foi criado em 1995 e visa beneficiar crianças de 6 a 15 anos
pertencentes a famílias de baixa-renda (valor per-capita inferior a R$
90,00/mês), e a proposta é de conceder benefício monetário (de R$ 15,00 por
aluno limitado a R$ 45,00) às famílias em troca da manutenção das crianças na
escola.
Em termos de lógica de funcionamento e desde que mantidos ou, na
medida do possível, incrementados os recursos destinados a este programa e
bem como com o estabelecimento de mecanismos de avaliação, analiso que o
resultado a longo prazo (dentro de uns 10 a 20 anos), pode ser extremamente
favorável para o país.
15
Governo Federal
Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário
Ministério da Educação
Ministério da Fazenda
Ministério do Planejamento
Secretaria de Educação Média e
Tecnológica
Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo
Secretaria de Educação Infantil e
Fundamental
Secretaria de Educação Especial
Secretaria de Educação a
Distância
Secretaria de Inclusão
Educacional
Secretaria de Educação Superior
Conselho Nacional de Educação
Plano Nacional de Educação Condução das
Políticas Macroeconômicas
Promoção da melhor na gestão
pública
– Figura 01 –
Não está no escopo deste estudo explicar minuciosamente a estrutura
de funcionamento da gestão pública brasileira, no entanto, pelo diagrama é
possível perceber claramente a complexidade das inter-relações existentes e
que o sucesso deste projeto está diretamente atrelado às condições
macroeconômicas favoráveis do país ao longo das próximas décadas pois, do
contrário, os jovens das famílias atualmente atendidos pelo programa não terão
como ingressar no mercado de trabalho se o mesmo não reunir condições de
absorver esta mão-de-obra qualificada.
Ademais, o sistema superior de ensino, preferencialmente o público,
deve sofrer significativa ampliação para dar conta da demanda que será
crescente.
16
Para termos um panorama mais claro da situação basta observar o
seguinte:
Atualmente 5.705.165 famílias são atendidas pelo Programa de Bolsa
Escola4, o que representa 8.289.930 crianças na faixa de 6 a 15 anos.
Considerando-se que, em média, os jovens ingressam no ensino superior por
volta dos 18 anos, temos que dentro de aproximadamente 5 anos a tendência é
que haja um acréscimo na população de potenciais universitários de, pelo
menos, 500.000 de pessoas.
Levando-se em consideração que nem todos os jovens que completam o
ensino médio dão continuidade aos seus estudos, bem como pelos dados do
IBGE5 que identificou que somente 9% dos jovens entre 18 e 24 anos
efetivamente estudam no nível superior, trata-se de uma estimativa até
conservadora.
Abaixo, podemos verificar a evolução do número de alunos matriculados
no ensino superior brasileiro nos últimos 22 anos.
4 Fonte: www.mec.gov.br/secrie/estrut/serv/resultado/default.asp (25.05.2004) 5 Fonte: Jornal Folha de S. Paulo, edição de 03.08.003, página C1
17
Evolução da Matrícula no Ensino Superior
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Ano
Mat
rícul
as
– Figura 02 –
De acordo com o Plano Nacional de Educação6, a meta é de atingir uma
cobertura do ensino superior equivalente a 30% da população de 18 a 24 anos
até o final da década.
Esse dado nos permite perceber que o salto a ser dado é gigantesco
porque se considerando as projeções de crescimento populacional feitas pelo
IBGE7, temos que em 2010 esse contingente de universitários pode atingir
cerca de 6.929.871 pessoas, o que significa um crescimento de 157,21% em
relação ao ano 2000 (média de 8,97% por ano).
Ainda de acordo com esta meta, supondo-se que ela seja atingida e
mantida ao longo das próximas décadas, tem-se que a população de
universitários assumiria a seguinte evolução.
6 Fonte: www.mec.gov.br 7 Fonte: (Projeção Preliminar da População do Brasil por Sexo e Idades Simples: 1980 – 2050 – Revisão 2000) 20.06.2004
www.ibge.gov.br
18
Evolução das Matrículas no Ensino Superior
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
6.000.000
7.000.000
8.000.000
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2015
2025
2035
2045
Ano
Alu
nos
– Figura 03 –
População Universitários Matriculados Ano Total 18 a 24 anos Quantidade Relação (%) 1980 121.611.375 17.065.313 1.377.286 8,07 1981 124.340.289 17.596.370 1.386.792 7,88 1982 127.065.457 18.097.119 1.407.987 7,78 1983 129.774.285 18.531.290 1.438.992 7,77 1984 132.457.926 18.879.441 1.399.539 7,41 1985 135.105.916 19.143.034 1.367.609 7,14 1986 137.709.651 19.321.217 1.418.196 7,34 1987 140.263.693 19.434.107 1.470.555 7,57 1988 142.763.545 19.519.117 1.503.560 7,70 1989 145.206.942 19.619.022 1.518.904 7,74 1990 147.593.859 19.762.467 1.540.080 7,79 1991 149.926.149 19.958.127 1.565.056 7,84 1992 152.226.988 20.205.789 1.535.788 7,60 1993 154.512.692 20.510.833 1.594.668 7,77 1994 156.775.230 20.871.619 1.661.034 7,96 1995 159.016.334 21.290.516 1.759.703 8,27 1996 161.247.046 21.773.763 1.868.529 8,58 1997 163.470.521 22.325.633 1.945.615 8,71 1998 165.687.517 22.872.641 2.125.958 9,29 1999 167.909.738 23.284.811 2.369.945 10,18 2000 170.143.121 23.644.245 2.694.245 11,39 2001 172.385.826 23.929.440 3.030.754 12,67 2002 174.632.960 24.118.715 3.479.913 14,43 2010 192.040.996 23.099.571 6.929.871 30,0 2015 201.517.470 22.336.773 6.701.032 30,0 2020 209.705.328 22.499.785 6.749.936 30,0 2025 216.952.113 23.025.083 6.907.525 30,0 2030 223.360.169 22.956.670 6.887.001 30,0 2035 228.685.249 22.447.823 6.734.347 30,0 2040 232.830.516 22.109.750 6.632.925 30,0 2045 235.906.297 22.182.387 6.654.716 30,0 2050 238.162.924 22.306.035 6.691.811 30,0
– Tabela 02 –
19
O desafio que se apresenta diante da sociedade brasileira é, na verdade
um grande paradoxo, na medida em que, se de um lado o crescimento do
número de universitários é uma situação desejada, por outro levanta uma
questão muito séria: teremos um ambiente macroeconômico suficientemente
favorável para tirar o devido proveito desta mão-de-obra ávida por
oportunidades de trabalho ou será motivo de uma enorme frustração coletiva?
Indubitavelmente que se trata de uma enorme batalha a ser vencida por
todos nós, porém, o progresso econômico e a condução da gestão do país
deve caminhar paralelamente à consolidação dos programas sociais vigentes
de transferência de renda – entre eles o Bolsa Escola – com um olhar muito
cuidadoso na situação que acabo de descrever.
Em função deste quadro é que se justifica a inclusão e destaque do vital
papel a ser desempenhado não só pelo próprio Ministério da Educação – pois é
nesta pasta que reside a responsabilidade pela elaboração e gestão da Política
Nacional de Educação ao longo dos anos – mas, sobretudo, pelos Ministérios
da área econômica, tais como a Fazenda e Planejamento como anteriormente
apresentado na figura 01.
Ao primeiro cabe a responsabilidade pela gestão ética, eficiente e
profissional dos rumos da economia nacional e geração das condições básicas
necessárias para estimular investimentos produtivos por parte da iniciativa
privada e a conseqüente promoção do crescimento econômico sustentável.
20
O resultado do trabalho do titular desta pasta pode ser imediatamente
sentido pelos demais Ministros de Estado através da disponibilidade de mais
recursos para investimentos em suas respectivas áreas e pela sociedade civil
por intermédio da percepção da evolução de seu poder de compra
(declinantes, estagnados ou crescentes), do valor da moeda nacional e de
outros indicadores como, por exemplo, nível de emprego.
Já o Ministério do Planejamento apresenta a seguinte missão8:
“promover o planejamento participativo e a melhoria da gestão pública para o
desenvolvimento sustentável e socialmente includente do país.”
Está claro que o Programa Bolsa Escola é somente um dos pilares do
processo de melhora do nível educacional de nosso país, aprimoramento e
maior justiça na geração e distribuição de riqueza, universalização do acesso à
educação e conseqüente desenvolvimento sócio-econômico, porém, volto a
afirmar e destacar que este programa social – desde que respeitadas as
premissas de re4sponsabilidade em sua gestão e monitoramento – exerce um
importante papel na promoção do acesso à educação por parte de pessoas
que, em outras circunstâncias dificilmente teriam estímulo suficiente para
enviar e/ou manter suas crianças nos bancos escolares.
4.1 – Bases Fundamentais do Desenvolvimento
As bases fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil
passam pelos três níveis de ensino, desde que devidamente lastreados por 8 Fonte: www.brasil.gov.br/planejamento (25.05.2004)
21
planejamento econômico de médio e longo prazo, plano nacional de educação
e alocação de recursos.
Ensino Superior
Bol
sa-E
scol
a
Ensi
no B
ásic
o
Alfa
tizaç
ão S
olid
ária
Supl
etiv
os
Ensi
no M
édio
Supl
etiv
os
Tele
curs
os
Gra
duaç
ão /
Esp
ecia
lizaç
ão /
Mes
trado
/ D
outo
rado
Ensino Básico Ensino Médio
Desenvolvimento Sócio-Econômico
PlanejamentoPolíticaRecursos
Sociedade Melhor
– Figura 04 –
Analisando-os de forma mais detalhada, temos que:
4.1.1 – Ensino Básico / Fundamental
Pode até parecer redundante dizer isso, mas esta fase do processo de
formação educacional é a mais importante e vital para gerar as condições
mínimas necessárias para que alguns anos depois a sociedade seja
beneficiada com profissionais das mais diversas áreas egressos de bons
cursos e com sólida formação capazes de realmente fazerem a diferença em
suas atividades.
Ademais, o adequado investimento no ensino público
básico/fundamental exerce enorme função social na medida em que:
a. Cria perspectivas de um futuro melhor para crianças em situação de
risco;
22
b. Elimina – ou diminui significativamente – a possibilidade de estas
crianças virem a ser seduzidas pelas pseudofacilidades da vida
criminosa;
c. Contribui para uma melhor harmonia no núcleo de muitas famílias com
problemas de desemprego ou outros tipos de dificuldades;
d. Indiretamente acaba impactando – a médio e longo prazo – na redução
dos níveis de criminalidade;
e. Prepara cidadãos mais participativos e cônscios de seu papel na
sociedade.
4.1.2 – Ensino Médio
Na esteira da continuação dos investimentos feitos no Ensino
Básico/Fundamental, esta fase do processo educacional visa dar mais
consistência ao que foi apresentado, aprendido e discutido nas séries
anteriores, de tal forma que o jovem adquira as condições necessárias para já
ingressar no mercado de trabalho por meio da conclusão de um curso Técnico
ou continuar os estudos e ingressar no Ensino Superior.
Cabe salientar, porém que, muito embora esta seja uma possibilidade
real, nas últimas duas décadas o mercado de trabalho tem experimentado
profundas transformações a ponto de que se nos anos 1980 era considerado
como um diferencial tremendo possuir por exemplo uma graduação, ao final
dos anos 1990 e neste princípio de anos 2000 isso já passou a ser o mínimo
23
exigido pelo mercado de trabalho – além, é claro, de conhecimento de pelo
menos um idioma estrangeiro e informática.
Desta forma, é importante estabelecer mecanismos de estímulo à
continuação dos estudos, para que o jovem não pare na conclusão do Ensino
Médio e dê-se por satisfeito.
4.1.3 – Ensino Superior
Esta tem sido a área de nosso sistema educacional mais debatida ao
longo dos últimos anos.
É inegável sua importância em nosso processo de desenvolvimento,
porém, se forem feitos os devidos investimentos na base da pirâmide
educacional, a tendência é que a situação do Ensino Superior seja
automaticamente beneficiada.
Atualmente está sendo amplamente discutida uma reforma no Ensino
Superior a qual, espera-se, significará um aprimoramento das instituições e do
modelo vigente.
No entanto, se subdividirmos o Ensino superior em três segmentos,
veremos a existência de determinadas nuances e particularidades em cada
uma delas:
24
4.1.3.1 – Graduação
Como já abordado anteriormente neste texto, este segmento do Ensino
Superior experimentou uma enorme expansão ao longo de uma década, tanto
no número de alunos matriculados quanto no de IES (notadamente as
particulares).
Porém, foi constatado também o diminuto número de formandos em
relação aos que ingressam.
Sendo assim, a discussão e o debate em torno da reforma universitária
deve contemplar este aspecto. Por que de cada dez pessoas que iniciam a
graduação apenas duas são diplomadas alguns anos depois?
É preciso analisar profundamente esta questão e identificar de que
forma esta relação pode ser modificada.
4.1.3.2 – Pós-Graduação Lato Sensu
Por conta em grande parte das profundas transformações ocorridas no
mercado de trabalho ao longo dos últimos anos e pela crescente demanda por
profissionais mais qualificados, preparados e atualizados, cada vez mais
pessoas tem retornado aos bancos escolares em busca destes conhecimentos
e bem como elevar – ou no mínimo sustentar – sua própria empregabilidade.
25
Como conseqüência desta dinâmica, as IES também ampliaram a oferta
de cursos abrangendo inúmeras áreas e especialidades.
4.1.3.3 – Pós-Graduação Stricto Sensu
Assim como a modalidade de Lato Sensu, este segmento do Ensino
Superior tem experimentado notável evolução em número de Mestres e
Doutores.
Estes profissionais representam a elite do pensamento analítico/crítico
de nossa sociedade e são fundamentais para o aprimoramento de nosso
desenvolvimento, maior inserção do país no cenário científico internacional e
atração de novos investimentos produtivos por parte de empresas
multinacionais.
Evolução da Pós-Graduação Stricto Sensu
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
1987 1994 1996 1998 1999
Ano
Mat
rícul
as Mestrado
Doutorado
– Figura 05 –
26
Matrículas Ano Mestrado Doutorado
1987 31.717 8.366 1994 46.086 18.907 1996 45.622 22.198 1998 50.931 26.810 1999 56.911 29.940
– Tabela 03 –
No entanto, apesar do grande avanço obtido, constata-se que ainda há
um grande caminho a ser percorrido. Prova inconteste deste fato é que não
obstante o desenvolvimento de importantes projetos de repercussão mundial
como, por exemplo, o Genoma, a produção científica brasileira representa
apenas 1,5% do volume internacional, segundo afirma o físico José Fernando
Perez (Diretor da FAPESP)9.
De acordo com o Relatório de Competitividade Global 10, é praticamente
impossível analisar crescimento econômico e competitividade sem considerar o
nível educacional do país.
Muito embora no Relatório não tenha sido estabelecido um índice
específico para a medição do nível educacional dos países analisados, foi
estabelecido que a educação contribui significativamente para a taxa de
perspectivas de crescimento econômico de médio e longo prazo.
Alguns dos indicadores do Relatório são os seguintes:
9 Fonte: Jornal Valor Econômico, edição de 23/07/2004, página D4 10 Fonte: The global competitiveness report 2000 – Harvard University – World Economic Forum – pages 86 to 91
27
4 – Escolas Públicas 5 – Média de Anos de Estudo As escolas públicas são de elevada qualidade? 1 = discordo completamente 7 = concordo plenamente
Média de anos de estudo da população acima de 25 anos
Ranking País Nota Ranking País Anos 1 Áustria 6,5 1 EUA 12,25 5 Suíça 6,2 5 Canadá 11,01 6 Cingapura 6,2 8 Coréia do Sul 10,46 27 Coréia do Sul 4,8 28 Argentina 8,49 37 Costa Rica 4,0 30 Cingapura 8,09 38 Ucrânia 4,0 32 Chile 8,01 43 Chile 3,3 37 Peru 7,33 45 Zimbábue 3,0 41 Equador 6,52 49 Argentina 2,8 42 Tailândia 6,10 51 Colômbia 2,7 43 Costa Rica 6,01 53 Brasil 2,6 45 Bolívia 5,65 59 Equador 1,5 49 Colômbia 5,01
51 Zimbábue 4,88 55 Brasil 4,68 56 El Salvador 4,61
6 – Institutos de Pesquisas Científicas 7 – Educação Superior Os institutos de pesquisas científicas são realmente de classe mundial? 1 = discordo completamente 7 = concordo plenamente
Taxa de matrícula no ensino superior
Ranking País Nota Ranking País Taxa 1 EUA 6,7 1 Canadá 88 4 Reino Unido 5,9 2 EUA 81 5 Austrália 5,9 5 Taiwan 67 10 Holanda 5,5 8 Coréia do Sul 60 14 Cingapura 5,1 27 Cingapura 39 22 Taiwan 4,6 29 Argentina 36 23 Índia 4,6 31 Costa Rica 30 25 Costa Rica 4,4 32 Chile 30 32 Coréia do Sul 4,0 33 Filipinas 29 36 Chile 3,7 34 Venezuela 28 41 Brasil 3,4 35 Peru 26 43 Argentina 3,3 42 Bolívia 21 59 El Salvador 1,6 45 Equador 20
47 El Salvador 18 48 Colômbia 17 50 Brasil 15
58 China 6
As tabelas apresentadas são apenas partes do extenso Relatório de
Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, mas já são suficientes
para nos sinalizar alguns aspectos importantes.
Em termos regionais, o Brasil é a economia mais pujante da América do
Sul, representando o triplo do GNI da Argentina, por exemplo e mais de sete
vezes o tamanho da economia Chilena para ficar em apenas dois exemplos.
28
No entanto, apesar disso, nosso desempenho em fatores que
contribuem decisivamente para o nível de competitividade, atração de
investimentos produtivos e conseqüente crescimento econômico, estamos bem
defasados.
1. Qualidade das escolas públicas: 16 posições abaixo da Costa Rica e
somente 6 acima do último colocado Equador;
2. Média de anos de estudo: 27 posições atrás da Argentina e à frente
apenas de El Salvador;
3. Institutos de pesquisas científicas de classe mundial: 16 posições atrás
da Costa Rica e 18 acima do último colocado El Salvador;
4. Em termos de taxa de matrícula no ensino superior: 21 posições atrás
da Argentina e 8 acima do último colocado, a China.
É claro que se fôssemos estabelecer comparações com países mais
industrializados tais como EUA, Canadá, Inglaterra, Alemanha, entre muitos
outros, certamente que os resultados seriam ainda mais alarmantes.
O que estes dados nos ajudam a refletir é que, mesmo regionalmente, o
Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, e como se percebe facilmente,
a trilha passa diretamente pela educação.
29
5 – CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Como foi claramente apresentado, todas as nações que desenvolveram
um plano claro, consistente e sólido de investimento na educação e formação
de sua mão-de-obra obtiveram resultados satisfatórios alguns anos depois.
Isto não significa, no entanto, que o Brasil não está totalmente alheio a
esta necessidade.
Na verdade, em termos institucionais, a estrutura para dar sustentação a
um projeto de tamanha magnitude e importância até já existe por intermédio do
MEC, suas diversas Secretarias e bem como pela formação de fundos para o
financiamento do ensino em seus diversos níveis, tais como:
FUNDEF Fundo do Ensino Fundamental
FNDE Fundo de Desenvolvimento da Educação
FUNDESCOLA Fundo para o Fortalecimento da Escola
FIES Financiamento Estudantil
Isso, além de outras fontes de financiamento oficiais nas três esferas do
governo.
A própria Constituição Federal de 1988 é muito clara e objetiva com
relação à visão da importância da educação para nossa sociedade, ao vincular
30
no mínimo 25% das receitas dos Estados e Municípios à educação, sendo que
deste montante, 60% deve ser direcionado ao Ensino fundamental.
Agora, será que os recursos disponíveis são aquém da necessidade? É
claro que quanto mais recursos melhor. Não restam dúvidas.
No entanto, volto a frisar, muito mais relevante do que o valor monetário
alocado à educação, é a forma como este é alocado e gerido.
Infelizmente, o desequilíbrio ainda é abissal e ao mesmo tempo que há
algumas poucas ilhas de excelência no ensino público em todos os níveis, não
é difícil identificar escolas onde as instalações são precárias e inadequadas
para um bom aprendizado; há carência de bibliotecas e computadores sendo
que em alguns casos quando há este equipamento ele tem de ser
compartilhado simultaneamente por diversos alunos; passando até mesmo pelo
exemplo extremo de uma Faculdade Federal de Medicina no Mato Grosso11
onde os professores são voluntários e os alunos não contam com laboratórios
para o aprendizado prático da profissão.
Por tudo isso que sou da opinião de que o Plano Nacional de
Desenvolvimento deve ser gerido como um plano estratégico de uma empresa
da iniciativa privada, com foco, objetivos e metas claras e, principalmente,
indicadores para medição de resultados e correções de rotas quando
necessário, o qual considero que se fundamenta em três pilares básicos:
11 Fonte: http://redeglobo6.globo.com/Globoreporter/0,19125,VGCO-2703-3430-2-53563,00.html (15.06.2004)
31
• Planejamento de longo prazo: a educação já não pode mais ser tratada
apenas como tema para campanhas eleitorais e assunto para
palanques. É preciso ser encarada e tratada como elemento estratégico
fundamental para nossa perpetuação e evolução como nação com
participação ativa no cenário mundial.
Desta forma, os planejamentos educacionais devem contemplar o hoje e
o amanhã simultaneamente.
Ou seja, toda e qualquer iniciativa implementada no presente deve estar
fundamentada em um plano futuro com retorno claro e bem definido.
• Recursos: por mais óbvio que pareça, os recursos financeiros e
materiais são primordiais para obtermos os resultados esperados. E vale
a pena salientar que a gestão profissional, séria e ética de tais recursos
é tão importante quanto.
Nesse aspecto, o próprio governo federal reconhece que “o Brasil não
gasta pouco em programas sociais, mas gasta mal. (...). O investimento
social precisa acima de tudo estar ajustado com a realidade do país. O
orçamento curto dos dias atuais não permite que se gaste mal.”
• Política educacional e governamental: assim como o planejamento de
longo prazo visando um objetivo futuro claro e promissor para a nação é
32
preciso que a educação seja tratada e gerida como um plano da nação
brasileira, e como tal não é propriedade do partido político “A”, “B”, “C”
ou “N” e, é claro, nem de seus representantes que ocuparem os cargos
de decisão no poder executivo ou legislativo.
Ou seja, se não houver um mínimo de continuidade nos projetos
implantados, jamais poderemos desfrutar de seus benefícios se a cada 4
anos após a mudança dos quadros do poder executivo – supondo que
não ocorram reeleições sistemáticas – tem-se novas políticas e modelos
de gestão.
Precisamos de, pelo menos, 15 anos de manutenção de uma linha única
de gestão e planejamento a fim de obter-se algum resultado palpável,
caso contrário estaremos patinando no mesmo lugar sempre e o acesso
à educação continuará a ser um privilégio de poucos e não um direito de
todos.
No que diz respeito à questão da baixa proporção de alunos concluintes
conforme também apontado por este estudo, apresento as seguintes iniciativas
para combater este “efeito funil”:
a. Ampliação do programa de financiamento estudantil, de tal forma que
ele consiga contemplar um número cada vez maior de alunos.
33
b. Maior disponibilidade de bolsas de estudo parciais e/ou integrais das
próprias instituições de ensino privadas (condicionadas, é claro, a
análise da condição sócio-econômica do estudante) e, em condições
acessíveis de restituição do financiamento após a conclusão do curso.
c. Implantação, por parte de todas as instituições de ensino, de programas
de orientação, palestras e faculdade aberta para visitação dos jovens
vestibulandos a fim de que tenham melhores subsídios para exercerem
suas escolhas através do conhecimento das atividades desenvolvidas
em cada profissão (o que pode ser conseguido por meio de palestras e
debates com convidados de cada área) e também conhecer as
instalações da faculdade, o ambiente, os recursos disponíveis e dirimir
dúvidas.
d. Criar uma cultura de valorização do aluno egresso e estímulo para que
ele se torne um contribuinte voluntário para um fundo de bolsas da
instituição onde se formou, de tal forma que sua contribuição beneficie
outros estudantes como um dia ele foi.
A contrapartida da instituição para com o aluno poderia ser, por
exemplo, oferecimento de descontos em cursos de especialização ou
atualização, acesso às instalações da biblioteca, recebimento de alguma
revista acadêmica de seu interesse publicado pela faculdade, entre
outras possibilidades.
34
e. Por fim, mas não menos importante que as demais, não podemos nos
dar ao luxo de não aprender com nações que têm sido mais bem
sucedidas do que nós neste aspecto e identificar de que forma e quais
mecanismos foram adotados para mudar este quadro. Analisá-los
criteriosamente e procurar extrair o que tem condições de ser aplicado
em nossa realidade e o que carece de adaptações.
Portanto, fica patente mais uma vez, que o desenvolvimento sócio-
econômico de nosso país e o tão longamente aguardado avanço do estágio de
“Economia Emergente” para um país realmente desenvolvido se materialize,
está intimamente relacionado ao desempenho de nossos estudantes, à
qualidade do ensino, às políticas oficiais de educação e à gestão eficiente dos
recursos disponíveis.
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7 – BIBLIOGRAFIA
[1] BANCO MUNDIAL.
www.wordlbank.org/depweb/beyond/beyondbw/begbw_04.pdf (12.04.2004)
[2] BOCCANERA, Silio. Tempos modernos. Primeira Leitura – edição Nº 24 –
fevereiro 2004 – Editora Primeira Leitura – páginas 22 a 35
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[4] Brasil em Exame – Editora Abril, setembro 1997
[5] Ensino Superior – Editora Segmento, SP – Ano 6 – Nº 67 – Abril 2004 –
Páginas 16 a 20
[6] GOVERNO FEDERAL. www.brasil.gov.br/pl_econ.htm (15.04.2004)
[7] GOVERNO FEDERAL. www.brasil.gov.br/pl_desenv1.htm (15.04.2004)
[8] GOVERNO FEDERAL. www.brasil.gov.br/pl_social4.htm (15.04.2004)
[9] INEP / MEC – Censo da Educação Superior de 1999
36
[10] KOTLER, Philip, JATUSRIPITAM, Jornkid, MAESINCEE, Suvit. O
marketing das nações: uma abordagem estratégica para construir as riquezas
nacionais. São Paulo, Futura, 1997
[11] LEVY, Luiz Fernando. O novo Brasil. São Paulo, Nobel
[12] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. www.mec.gov.br/sesu/sesu.shtm
(25.05.2004)
[13] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.
www.mec.gov.br/secrie/estrut/serv/programa/default.asp (25.05.2004)
[14] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.
www.mec.gov.br/secrie/estrut/serv/resultado/default.asp (25.05.2004)
[15] SECRETARIA DE ESTADO DE COMUNICAÇÃO DO GOVERNO. Brasil
1994 – 2002: a era do real
[16] WORDL ECONOMIC FORUM. The global competitiveness report 2000 –
Harvard University, Oxford
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