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«Balada da Neve» de Augusto Gil Selecção de imagens: Alimacak e Clarinha (8º ano, SP/LI, 2009-2010)

Balada da Neve de Augusto Gil

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Page 1: Balada da Neve de Augusto Gil

«Balada da Neve»de

Augusto Gil

Selecção de imagens:

Alimacak e Clarinha

(8º ano, SP/LI, 2009-2010)

Page 2: Balada da Neve de Augusto Gil

Batem leve, levemente Como quem chama por mim...Será chuva? Será gente?Gente não é certamenteE a chuva não bate assim...

Page 3: Balada da Neve de Augusto Gil

É talvez a ventania;Mas há pouco, há poucochinho,Nem uma agulha buliaNa quieta melancoliaDos pinheiros do caminho

Page 4: Balada da Neve de Augusto Gil

Quem bate assim levemente,

Com tão estranha leveza

Que mal se ouve, mal se sente?...

Não é chuva, nem é gente,

Nem é vento com certeza.

Page 5: Balada da Neve de Augusto Gil

Fui ver. A neve caía

Do azul cinzento do céu,

Branca e leve, branca e fria...

- Há quanto tempo a não via!

E que saudades, Deus meu!

Page 6: Balada da Neve de Augusto Gil

Olho através da vidraça.

Pôs tudo da cor do linho.

Passa gente, e quando passa,

Os passos imprime e traça

Na brancura do caminho...

Page 7: Balada da Neve de Augusto Gil

Fico olhando esses sinaisDa pobre gente que avança,E noto, por entre os mais,Os traços miniaturaisDuns pezitos de criança...

Page 8: Balada da Neve de Augusto Gil

E descalcinhos, doridos...A neve deixa inda vê-los,Primeiro, bem definidos,Depois, em sulcos compridos,Porque não podia erguê-los!...

Page 9: Balada da Neve de Augusto Gil

Que quem já é pecadorSofra tormentos, enfim!Mas as crianças, Senhor,Por que lhes dais tanta dor?!...Por que padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,

Uma funda turbação

Entra em mim, fica em mim presa.

Cai neve na Natureza

E cai no meu coração.