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Ge 8 como entender mercado

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Page 2: Ge 8 como entender mercado

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 2

Page 3: Ge 8 como entender mercado

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 3

Page 4: Ge 8 como entender mercado

A E

conomia na P

rática

CO

LEÇ

ÃO

Co

mo

en

ten

de

r o m

erc

ad

o

GE

ST

ÃO

E

MP

RE

SA

RIA

LE

ficiência e Sucesso p

ara seus Neg

ócios

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 2

Page 5: Ge 8 como entender mercado

SUMÁRIO

Ap

resentação .............................................................................5

Cap

ítulo

1

Econom

ia na ponta d

o lápis

......................................................6

Cap

ítulo

2

Dem

anda e oferta ....................................................................

10

Cap

ítulo

3

Causas e efeitos d

a inflação ....................................................28

Cap

ítulo

4

Juros, emp

réstimo e créd

ito ....................................................40

Cap

ítulo

5

OP

IB e seu negócio ................................................................

54

Cap

ítulo

6

Exp

ortações e imp

ortações .....................................................68

Cap

ítulo

7

Altos e b

aixos do B

rasil ............................................................74

Sob

re a autora .........................................................................94

Referências ..............................................................................

95

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 3

Page 6: Ge 8 como entender mercado

Coleção Gestão Empresarial

Co

mo

mo

tivar s

ua e

qu

ipe

Pub

licado

Co

mo

gara

ntir a

efic

iên

cia

Pub

licado

Co

mo

deix

ar a

s c

on

tas e

m d

iaP

ublicad

o

Co

mo

cu

idar d

e s

eu

din

heiro

Pub

licado

Co

mo

gere

ncia

r pesso

as

Pub

licado

Co

mo

ven

der s

eu

peix

eP

ublicad

o

Co

mo

pla

neja

r o p

róxim

o p

asso

Pub

licado

Co

mo

en

ten

der o

merc

ad

oP

ublicad

o

Co

mo

usar a

mate

mátic

a fin

an

ceira

Próxim

o

Co

mo

ser u

m e

mp

reen

ded

or d

e s

ucesso

A p

ublicar

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 4

Page 7: Ge 8 como entender mercado

APRESENTAÇÃO

Para seu em

preend

imento p

rosperar, não b

asta ter dinheiro p

ara

investir. É p

reciso saber com

o, quand

o e onde investi-lo. D

a

mesm

a forma, não b

asta ter clientes hoje. É necessário p

rojetar

como será o com

portam

ento do m

ercado am

anhã.

Co

mo

en

ten

der o

merc

ad

o –

A E

co

no

mia

na P

rátic

afunciona

como guia d

e referências básicas sob

re a economia b

rasileira para

que o p

equeno e m

édio em

preend

edores entend

am as nuances

que p

odem

fazer a diferença no sucesso d

o negócio.

Tudo d

e uma form

a clara, com um

a linguagem sim

ples e, ao

mesm

o temp

o, envolvente.

A C

ole

ção

Gestã

o E

mp

resaria

lfoi especialm

ente desenvolvid

a

para auxiliá-lo a ap

rimorar a gestão d

e seus negócios. Elab

orados

e supervisionad

os por esp

ecialistas, os livros visam p

roporcionar

conhecimento em

Finanças, Contab

ilidad

e, Marketing, R

ecursos

Hum

anos, Planejam

ento Estratégico e em

muitos outros tem

as

fundam

entais para a ad

ministração eficaz d

o negócio próp

rio.

livro08_01-05 31.08.06 15:44 Page 5

Page 8: Ge 8 como entender mercado

EC

ON

OM

IA N

A P

ON

TA D

O L

ÁP

IS

Com

o e

mp

reend

ed

or, p

or

que é

pre

cis

o c

onhecer o

s

conceito

s d

e e

conom

ia?

Com

o e

ste

livro va

i aju

dar

meus n

egócio

s?

1

6Eco

no

mia

é u

m te

ma co

m o

qu

al a

maio

ria d

as p

esso

as tê

m p

ou

ca

fam

iliarid

ad

e, m

esm

o se

nd

o a

feta

-

das d

ireta

men

te p

or e

la n

o d

ia-a

-

dia

. Po

rtan

to, n

ão

pen

se q

ue v

ocê

é o

ún

ico a

naveg

ar co

m d

ificuld

a-

des n

um

mu

nd

o q

ue p

are

ce se

r

form

ad

o e

xclu

sivam

en

te p

or n

úm

e-

ros, co

nce

itos e

sigla

s qu

e te

nta

m

exp

licar o

vaiv

ém

eco

mico

.

De lo

ng

e, tu

do

pare

ce co

mp

licad

o.

Mas v

ocê

vai v

er q

ue d

e p

erto

não

é u

m b

icho

-de-se

te-ca

beça

s. Os

con

ceito

s estã

o b

em

rela

cion

ad

os

com

din

âm

icas q

ue q

ualq

uer u

m

de n

ós v

ive to

do

s os d

ias.

Po

r qu

e o

s pre

ços so

bem

? C

om

o

em

pre

en

ded

or, a

qu

ais a

specto

s

devo

ficar a

ten

to? P

or q

ue o

go

ver-

no

au

men

ta o

u re

du

z o

s juro

s?

Qu

al a

imp

ortâ

ncia

do

com

ércio

inte

rnacio

nal?

Co

mo

o B

rasil se

com

po

rta e

m b

usca

da a

lmeja

da

esta

bilid

ad

e e

con

ôm

ica?

O o

bje

tivo

deste

livro

é re

spo

nd

er

a p

erg

un

tas co

mo

essa

s po

r meio

de u

ma lin

gu

ag

em

did

ática

para

qu

e, a

o fin

al d

a le

itura

, os p

rinci-

pais co

nce

itos d

e e

con

om

ia p

asse

m

a fa

zer se

ntid

o p

ara

vo

cê e

seja

m

úte

is para

seu

em

pre

en

dim

en

to.

Para

com

eça

r, vam

os d

iscorre

r

sob

re o

s ob

jetiv

os d

as p

olítica

s eco

-

mica

s. Em

tese

, a e

con

om

ia n

ão

livro08_06-09 25.08.06 17:04 Page 6

Page 9: Ge 8 como entender mercado

7

tem

misté

rio, u

ma v

ez q

ue se

u

ob

jetiv

o g

era

l é p

rom

over o

cresci-

men

to d

a p

rod

uçã

o e

do

s em

pre

-

go

s e m

elh

ora

r a v

ida d

as p

esso

as,

os a

gen

tes e

ob

jeto

s dire

tos d

as

po

líticas e

con

ôm

icas.

Aliá

s, é p

or ca

usa

de n

osso

bo

lso

qu

e v

olta

mo

s a a

ten

ção

para

assu

nto

s eco

mico

s – p

rincip

al-

men

te a

o co

nsid

era

r qu

e n

o B

rasil

o fu

ncio

nam

en

to d

a e

con

om

ia n

ão

é u

m e

xem

plo

de p

erfe

ição

.

Falta

m e

mp

reg

os, h

á g

ran

de co

n-

cen

traçã

o d

e re

nd

a e

o cre

scimen

-

to d

a p

rod

uçã

o d

e b

en

s e se

rviço

s,

qu

e co

mp

õem

o ch

am

ad

o P

rod

uto

Inte

rno

Bru

to (P

IB), é

tímid

o.

Lo

go

con

cluím

os q

ue, p

ara

s, as

qu

estõ

es e

con

ôm

icas e

stão

mais

ligad

as a

no

sso b

em

-esta

r do

qu

e à

com

pre

en

são

do

s ob

jetiv

os o

u co

n-

ceito

s em

si.

No

po

nto

de v

ista d

o g

overn

o é

qu

e se

situa o

“n

ó” e

con

ôm

ico.

Não

é fá

cil en

con

trar o

po

nto

de

eq

uilíb

rio e

ntre

o b

em

-esta

r gera

l

da p

op

ula

ção

e a

man

ute

nçã

o d

as

con

tas d

o P

aís e

m d

ia, co

m a

meta

de a

ting

ir sup

erá

vit fisca

l, gasta

r

men

os d

o q

ue a

arre

cad

açã

o.

Para

ten

tar e

nco

ntra

r o p

on

to d

e

eq

uilíb

rio, o

go

vern

o te

m e

m m

ão

s

dete

rmin

ad

os in

strum

en

tos, co

mo

:

• P

olítica

mo

netá

ria, co

m a

qu

al

con

trola

o cré

dito

ou

o ta

nto

de

din

heiro

qu

e circu

la n

a e

con

om

ia.

O e

stab

ele

cimen

to d

a ta

xa d

e

juro

s é o

prin

cipal in

strum

en

to d

as

po

líticas m

on

etá

rias.

• P

olítica

fiscal, p

ela

qu

al h

á

au

men

to o

u re

du

ção

de im

po

stos,

con

stan

te a

lvo

de crítica

do

em

pre

-

saria

do

bra

sileiro

, qu

e co

nsid

era

a

carg

a trib

utá

ria d

o P

aís a

bu

siva. A

po

lítica d

e g

asto

s pú

blico

s, qu

e

defin

e o

s investim

en

tos e

gasto

s

do

go

vern

o, ta

mb

ém

faz p

arte

da

po

lítica fisca

l.

• P

olítica

cam

bia

l e co

mércio

exte

-

rior, q

ue d

efin

e o

s pila

res d

as tra

n-

saçõ

es co

mercia

is en

tre o

s paíse

s.

• P

olítica

de re

nd

as, q

ue e

stab

ele

-

ce o

s critério

s de re

aju

ste d

e p

re-

ços e

salá

rios.

livro08_06-09 25.08.06 17:04 Page 7

Elaine
Highlight
Elaine
Sticky Note
As políticas economicas tem por,
Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Page 10: Ge 8 como entender mercado

8

ve

is sofistica

do

s – e

um

tan

to

de

ge

nte

qu

ere

nd

o v

en

de

r – a

s

em

pre

sas –

, surg

e o

pre

ço. A

pre

ci-

ficaçã

o d

os b

en

s eco

mico

s é,

po

rtan

to, o

ob

jeto

da

micro

eco

no

-

mia

. O ca

pítu

lo 2

exp

licará

qu

ais

são

as re

gra

s teó

ricas d

esse

mo

vi-

me

nto

de

de

ma

nd

a e

ofe

rta.

Ou

tros ca

pítu

los d

o liv

ro situ

am

as

prin

cipa

is qu

estõ

es d

a m

acro

eco

-

no

mia

, o te

rren

o n

o q

ua

l os

go

ve

rno

s atu

am

pa

ra fa

ze

r com

qu

e a

s din

âm

icas d

a re

laçã

o co

m-

pra

do

r-ve

nd

ed

or, ca

racte

rística d

a

micro

eco

no

mia

, fun

cion

em

sem

ma

iore

s sob

ressa

ltos p

ara

a e

stru-

tura

eco

mica

ge

ral.

Po

r exe

mp

lo: a

pro

cura

po

r de

ter-

min

ad

o b

em

po

de

ser tã

o m

aio

r

do

qu

e a

ofe

rta, te

rren

o d

a m

icro-

eco

no

mia

, de

mo

do

qu

e h

aja

um

a

pre

ssão

gra

nd

e n

os p

reço

s cap

az

de

da

r início

a u

m p

roce

sso in

fla-

cion

ário

. A in

flaçã

o, co

mo

ve

re-

mo

s no

cap

ítulo

4, é

um

do

s fan

-

tasm

as d

a e

con

om

ia. E

stão

na

s

os d

as p

olítica

s pú

blica

s, no

cam

po

da

ma

croe

con

om

ia, o

s ins-

trum

en

tos p

ara

frea

r a a

me

aça

Pa

ra n

os lo

caliz

arm

os co

mo

ag

en

-

tes e

ob

jeto

s da

s din

âm

icas e

con

ô-

mica

s, é b

om

exp

licar a

div

isão

da

eco

no

mia

em

seu

s do

is seg

me

nto

s:

micro

e m

acro

eco

no

mia

.

Mic

ro

e m

acro

eco

no

mia

Na

micro

eco

no

mia

é o

nd

e n

os

rela

cion

am

os. E

sse se

gm

en

to d

a

eco

no

mia

diz

resp

eito

ao

com

po

r-

tam

en

to d

os co

nsu

mid

ore

s e d

as

em

pre

sas, fa

brica

nte

s de

be

ns e

pre

stad

ore

s de

serv

iços.

Da

rela

-

ção

en

tre e

ssas p

arte

s, surg

em

os

mo

vim

en

tos d

e p

rocu

ra e

ofe

rta e

a fo

rma

ção

do

s pre

ços.

Do

lad

o d

a d

em

an

da

, ind

ivíd

uo

s e

fam

ílias co

m n

ece

ssida

de

s de

con

-

sum

o d

ive

rsas e

, em

mu

itos ca

sos,

limita

do

s pe

la re

nd

a; d

o la

do

da

ofe

rta, e

mp

resa

s pro

du

tora

s, às

ve

ze

s tam

m co

m re

curso

s esca

s-

sos d

e p

rod

uçã

o, te

nd

o d

e tra

ba

-

lha

r de

form

a a

ate

nd

er à

qu

ela

s

ne

cessid

ad

es d

e q

ue

m p

rocu

ra p

or

seu

s pro

du

tos e

serv

iços.

Ne

sse jo

go

en

tre u

m ta

nto

de

ge

nte

qu

ere

nd

o co

mp

rar –

seja

o

alim

en

to d

e ca

da

dia

, seja

m a

uto

-

livro08_06-09 25.08.06 17:04 Page 8

Elaine
Highlight
Page 11: Ge 8 como entender mercado

9

infla

cion

ária

. No

Bra

sil, o m

ais

trad

icion

al in

strum

en

to p

ara

con

ter a

infla

ção

é o

au

me

nto

da

s taxa

s de

juro

s.

Ap

en

as p

or e

sses p

rime

iros e

le-

me

nto

s, é p

ossív

el co

nclu

ir qu

e o

mu

nd

o d

a e

con

om

ia é

, po

r na

tu-

reza

, um

un

ive

rso d

e co

ntra

diçõ

es

– co

ntra

diçõ

es d

e o

bje

tivo

s e co

n-

trad

içõe

s da

s pró

pria

s me

did

as e

m

si. A a

lta d

as ta

xa

s de

juro

s, po

r

exe

mp

lo, d

ese

stimu

la o

con

sum

o

e, p

orta

nto

, o p

roce

sso in

flacio

-

rio a

o m

esm

o te

mp

o q

ue

inib

e o

s

inve

stime

nto

s. Se

m in

ve

stime

nto

s,

o h

á cre

scime

nto

eco

mico

,

ne

m a

um

en

to d

e e

mp

reg

os e

mu

ito m

en

os p

ossib

ilida

de

de

me

lho

rias n

a d

istribu

ição

de

ren

da

, en

tre o

utro

s.

Em

mu

itos m

om

en

tos, o

pta

r po

r

um

cam

inh

o p

ara

atin

gir d

ete

rmi-

na

do

ob

jetiv

o sig

nifica

sacrifica

r

pa

rte d

os o

utro

s. De

no

ssa p

arte

,

com

o d

on

os d

e e

mp

resa

s ou

can

-

did

ato

s a e

mp

ree

nd

ed

or, o

imp

or-

tan

te é

con

he

cer m

inim

am

en

te

esse

s mo

vim

en

tos p

ara

faze

r

no

sso n

eg

ócio

pro

spe

rar.

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

1

> O

panorama geral do universo da

micro e da m

acroeconomia.

1

>A

importância de conhecer conceitos

econômicos para adm

inistrar seu negócio.2

livro08_06-09 25.08.06 17:04 Page 9

Elaine
Highlight
Page 12: Ge 8 como entender mercado

DEM

ANDA E OFERTA

Qual o

melh

or p

osic

ionam

ento

de m

eu n

egócio

num

merc

ad

o

de a

lta c

om

petitivid

ad

e? Q

uais

os p

onto

s a

ob

serva

r em

um

pla

neja

mento

em

pre

saria

l?

2

10Co

mo

vimo

s no

cap

ítulo

1, a

micro

eco

no

mia

trata

do

com

po

r-

tam

en

to d

os co

nsu

mid

ore

s e d

as

em

pre

sas e

m se

us m

erca

do

s.

Pro

cura

ide

ntifica

r, de

um

lad

o, a

s

razõ

es q

ue

leva

m p

esso

as a

com

-

pra

rem

de

term

ina

do

pro

du

to e

a

pa

ga

rem

certo

valo

r po

r ele

; e, d

e

ou

tro, o

qu

e le

va u

ma

em

pre

sa a

pro

du

zir ma

ior o

u m

en

or q

ua

nti-

da

de

de

um

a m

erca

do

ria e

de

qu

e

form

a se

us p

reço

s são

de

term

ina

-

do

s.C

on

side

ra ta

mb

ém

as te

cno

-

log

ias d

e p

rod

uçã

o d

as e

mp

resa

s

e o

s tipo

s de

me

rcad

os n

os q

ua

is

ela

s e o

s con

sum

ido

res a

tua

m.

Um

do

s po

nto

s imp

ortan

tes dessa

relação co

nsu

mid

or-p

rod

uto

r é a

teoria d

a dem

and

a. Qu

alqu

er pes-

soa, m

esmo

qu

e não

seja especialis-

ta em eco

no

mia, já o

uviu

a frase

“Qu

anto

maio

r a pro

cura, m

aior o

preço

”. Essa expressão

familiar sin

-

tetiza a relação d

as forças o

ferta e

dem

and

a, localizad

as nu

ma esp

écie

de jo

go

em q

ue o

fôleg

o d

e um

lado

interfere n

as ações d

o o

utro

.

Se há m

uito

s con

sum

ido

res ávido

s

po

r com

prar u

m m

esmo

pro

du

to e

não

existem u

nid

ades su

ficientes

para aten

der to

do

s, a tend

ência é

o p

reço d

o b

em su

bir. Se o

s preço

s

sob

em d

emais, d

imin

ui o

mero

do

s interessad

os em

com

prá-lo

.

Quem decidir investir num

carrinho de cachorro-quentedeve saber prim

eiramente

onde será seu ponto-de-venda,qual a quantidade de pão e salsicha a ser com

prada para atender à procura diária,que preço cobrar.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 10

Elaine
Highlight
Page 13: Ge 8 como entender mercado

11

Por o

utro

lado

, se há u

m excesso

de p

rod

uto

s nas p

rateleiras ou

em

estoq

ue sem

con

sum

ido

res interes-

sado

s em ad

qu

iri-los, a ten

dên

cia é

o p

reço d

eles cair. É o d

esejo d

o

con

sum

ido

r e sua d

ispo

sição d

e

com

pra q

ue d

evem o

rientar as

decisõ

es de p

rod

uzir. O

emp

reen-

ded

or p

recisa ficar atento

para

decid

ir o q

ue e q

uan

do

pro

du

zir,

on

de o

fertar e qu

anto

cob

rar.

Qu

em d

ecidir in

vestir nu

m carri-

nh

o d

e cacho

rro-q

uen

te deve

saber p

rimeiram

ente o

nd

e será seu

po

nto

-de-ven

da, q

ual a q

uan

tida-

de d

e pão

e salsicha a ser co

mp

ra-

da p

ara atend

er à pro

cura d

iária,

qu

e preço

cob

rar, con

sideran

do

qu

e nas im

ediaçõ

es há o

utras

op

ções d

e refeição.

Mas q

uais fato

res interferem

no

fato d

e o co

nsu

mid

or d

eman

dar

ou

desejar m

ais ou

men

os d

etermi-

nad

o p

rod

uto

?

É aqu

i qu

e a teoria d

a dem

and

a

tenta resp

on

der e sistem

atizar a

cham

ada lei d

a dem

and

a. Claro

qu

e não

há u

m ú

nico

fator resp

on

-

sável pela d

eman

da m

aior o

u

men

or p

or u

m p

rod

uto

.

A p

referência d

o co

nsu

mid

or, o

preço

do

pro

du

to co

mp

arado

a de

ou

tros d

o g

ênero

, a rend

a, a dis-

po

nib

ilidad

e de créd

ito, as p

olíti-

cas de in

centivo

ou

a restrição ao

con

sum

o são

fatores q

ue se in

ter-

relacion

am e fazem

com

qu

e, ao

fim d

o m

ês, cada seto

r da eco

no

-

mia ten

ha tid

o certo

resultad

o e

vend

ido

mais o

u m

eno

s.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 11

Elaine
Highlight
Elaine
Highlight
Page 14: Ge 8 como entender mercado

12

de

suficie

nte

pa

ra to

do

s qu

e q

ue

-

riam

leva

r me

lão

e b

lab

lab

lá.

Ma

s qu

em

ma

nd

a é

o b

olso

da

do

na

de

casa

, qu

e d

ecid

e le

var

ab

aca

xi em

vez d

e co

mp

rar m

elã

o.

Afin

al, é

o q

ue

ela

tem

con

diçõ

es

de

com

pra

r com

seu

s 10

rea

is.

O p

reço

do

me

lão

pa

ra o

con

sum

i-

do

r fina

l sub

iu p

orq

ue

o ca

min

o

ficou

ato

lad

o n

a e

strad

a e

o p

reço

na

cen

tral d

istribu

ido

ra ta

mb

ém

au

me

nto

u, n

um

típico

mo

vime

nto

da

lei d

e o

ferta

, qu

e ve

rem

os

ad

ian

te. A

do

na

de

casa

, no

en

tan

to, re

ag

iu d

en

tro d

e su

as

po

ssibilid

ad

es, p

rincip

alm

en

te d

e

ren

da

. Co

m a

me

sma

qu

an

tida

de

de

din

he

iro, o

pto

u p

or le

var p

ro-

du

tos m

ais b

ara

tos e

qu

e e

la

pu

de

sse co

mp

rar e

m q

ua

ntid

ad

e

suficie

nte

pa

ra se

rvir à fa

mília

.

Se e

la d

ispu

sesse

de

ma

is din

he

iro

do

qu

e n

a p

rime

ira se

ma

na

, talve

z

leva

sse o

pro

du

to se

m se

inco

mo

-

da

r com

o p

reço

ou

talve

z até

op

tasse

po

r um

a fru

ta m

ais so

fisti-

cad

a, já

qu

e p

arte

de

sua

ren

da

de

stina

da

à a

qu

isição

do

be

m

“fru

tas”

esta

va m

aio

r.

Le

i da

de

ma

nd

a

A le

i da

de

ma

nd

a se

ba

seia

na

rela

ção

en

tre p

reço

s e q

ua

ntid

a-

de

s de

me

rcad

oria

s ou

serviço

s.

Essa

rela

ção

se e

stab

ele

ce d

e

form

a in

versa

me

nte

pro

po

rcion

al.

Ve

ja p

or q

ue

: qu

an

to m

aio

r o

pre

ço d

o p

rod

uto

, me

no

r é a

qu

an

tida

de

qu

e o

s con

sum

ido

res

vão

po

de

r ou

qu

ere

r com

pra

r.

Ima

gin

e q

ue

um

a d

on

a d

e ca

sa

en

con

tre m

elã

o, su

a fru

ta p

refe

ri-

da

, a 5

rea

is na

feira

. Ela

reso

lve

leva

r do

is. Na

sem

an

a se

gu

inte

,

vai à

me

sma

ba

rraca

e co

nsta

ta

qu

e a

fruta

sub

iu p

ara

7 re

ais.

O fe

iran

te p

od

e a

té e

xplica

r qu

e o

pre

ço d

o m

elã

o a

um

en

tou

po

rqu

e

a ch

uva

imp

ed

iu q

ue

um

carre

ga

-

me

nto

che

ga

sse a

o ce

ntro

de

dis-

tribu

ição

, on

de

ele

se a

ba

stece

de

fruta

s, e a

li o p

reço

já e

stava

ma

ior, p

orq

ue

o h

avia

qu

an

tida

-

Produtos são concorrentes ousubstitutos quando,diante doaum

ento do preço de um,

sobe a demanda pelo outro.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 12

Page 15: Ge 8 como entender mercado

13

Co

mp

lem

en

tar o

u co

nco

rren

te

Em

rela

ção

à p

rocu

ra p

or u

m p

ro-

du

to e

seu

con

dicio

na

me

nto

ao

pre

ço d

e o

utro

s simila

res, p

od

e-

mo

s classifica

r os b

en

s com

o co

m-

ple

me

nta

res o

u co

nco

rren

tes.

São

com

ple

me

nta

res q

ua

nd

o o

au

me

nto

do

pre

ço d

e u

m b

em

de

term

ina

r a q

ue

da

da

pro

cura

po

r ou

tro. P

or e

xem

plo

: se o

s pre

-

ços d

e co

mp

uta

do

res su

bire

m,

será

me

no

r a p

rocu

ra p

or se

us

pro

gra

ma

s. Ou

, me

smo

, se tive

r

au

me

nto

no

s pre

ços d

os p

aco

tes

de

viag

em

pa

ra o

Ca

rna

val d

o R

io

de

Jan

eiro

, ha

verá

qu

ed

a n

o

mo

vime

nto

do

seto

r de

turism

o

com

o u

m to

do

na

qu

ele

feria

do

.

Os p

rod

uto

s são

con

corre

nte

s ou

sub

stituto

s qu

an

do

, dia

nte

do

au

me

nto

do

pre

ço d

e u

m, so

be

a

de

ma

nd

a p

elo

ou

tro.

É o

caso

do

me

lão

e d

o a

ba

caxi.

Ou

, ain

da

, se o

pre

ço d

o p

ão

de

qu

eijo

sub

ir no

ba

r on

de

o clie

nte

tom

a u

m ca

fezin

ho

tod

os o

s dia

s,

ele

po

de

op

tar p

elo

o d

e b

ata

ta

se o

pre

ço d

este

for m

an

tido

.

Ag

ora

, dig

am

os q

ue

o d

on

o d

a

ba

rraca

de

me

lão

en

cerro

u se

u

exp

ed

ien

te n

a fe

ira ve

nd

en

do

ap

en

as m

eta

de

da

qu

an

tida

de

da

fruta

, po

rqu

e m

uito

s de

seu

s clien

-

tes ca

tivos re

solve

ram

troca

r o

me

lão

pe

lo a

ba

caxi a

po

nto

de

esta

fruta

aca

ba

r na

s prim

eira

s

ho

ras. N

a se

ma

na

seg

uin

te, se

o

pre

ço d

o m

elã

o a

ind

a e

stiver a

lto

na

ho

ra d

a co

mp

ra, o

feira

nte

de

ve le

var m

en

os m

elã

o e

ma

is

ab

aca

xi, po

rqu

e já

sab

e q

ue

a 7

rea

is os co

nsu

mid

ore

s nã

o vã

o

qu

erê

-lo. P

ara

um

em

pre

en

de

do

r,

a co

mp

ree

nsã

o d

esse

s mo

vime

nto

s

sutis d

o m

erca

do

, seja

ven

de

nd

o

me

lão

, carro

s ou

com

pu

tad

ore

s, é

de

extre

ma

imp

ortâ

ncia

.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 13

Elaine
Highlight
Page 16: Ge 8 como entender mercado

14Ela

sticida

de

Ou

tro co

nceito

econ

ôm

ico q

ue

con

tribu

i para a an

álise da d

eman

-

da e as d

ecisões em

presariais é o

de elasticid

ade d

a dem

and

a.

O term

o “elasticid

ade d

a dem

an-

da” – q

ue tam

bém

po

de ser esten

-

did

o p

ara “elasticidad

e da o

ferta”

– é a relação en

tre as diferen

tes

qu

antid

ades d

eman

dad

as (ou

ofer-

tadas) d

e um

pro

du

to em

fun

ção

das alteraçõ

es de seu

s preço

s ou

da

rend

a do

con

sum

ido

r.

Sob

o co

nceito

de elasticid

ade-

preço

da d

eman

da, q

ualq

uer m

er-

cado

ria po

de ser classificad

a com

o

bem

de d

eman

da:

• Inelástica.

• Elástica.

• In

elá

stica

Os b

ens d

e dem

and

a inelástica são

aqu

eles de p

rimeira n

ecessidad

e,

ind

ispen

sáveis, do

s qu

ais os co

nsu

-

mid

ores n

ão ab

rem m

ão, m

esmo

dian

te do

aum

ento

do

preço

ou

do

barateam

ento

de o

utro

s pro

du

tos.

A g

asolin

a é um

bem

de d

eman

da

inelástica. Trata-se d

o co

mb

ustível

da m

aioria d

os veícu

los, e o

con

su-

mid

or q

ue tem

um

carro m

ovid

o a

gaso

lina p

od

e até redu

zir o co

nsu

-

mo

, mas n

ão su

bstitu

í-lo.

Então

, a percen

tagem

de q

ued

a no

con

sum

o é m

eno

r do

qu

e a percen

-

tagem

do

aum

ento

do

preço

.

Ou

tras características fazem co

m

qu

e o p

rod

uto

tenh

a um

a dem

an-

da in

elástica: falta de sim

ilares,

casos em

qu

e o co

nsu

mid

or valo

ri-

za o d

esemp

enh

o d

o p

rod

uto

, pro

-

du

to d

iferenciad

o o

u so

b m

edid

a,

fidelid

ade à m

arca, entre o

utro

s.

• E

lástica

Já os b

ens d

e dem

and

a elástica são

aqu

eles qu

e não

se con

sideram

ind

ispen

sáveis ou

qu

e po

dem

ser

sub

stituíd

os p

or sim

ilares.

Sua d

eman

da d

eclina su

bstan

cial-

men

te com

o au

men

to d

o p

reço, e

o p

ercentu

al da q

ued

a será maio

r

do

qu

e o p

ercentu

al do

aum

ento

de p

reços. H

averá, po

rtanto

, qu

eda

na receita d

a emp

resa.

Os b

ens d

e luxo

são u

m exem

plo

clássico d

e ben

s com

dem

and

a elás-

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 14

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Page 17: Ge 8 como entender mercado

15

tica. Esse con

ceito, p

orém

, abarca

um

a vasta gam

a de b

ens e serviço

s.

Va

riaçã

o d

e re

nd

a

Para um

vend

edo

r ou

emp

reend

e-

do

r, é mu

ito relevan

te o fato

de se

trabalh

ar com

um

bem

ou

serviço

de d

eman

da elástica o

u n

ão.

A elasticid

ade serve d

e base p

ara a

po

lítica de p

reços e p

ara estabele-

cer a estratégia d

e vend

as.

A elasticid

ade-ren

da o

corre d

iante

da variação

de ren

da d

o co

nsu

mi-

do

r, e sob

esse con

ceito o

s ben

s

po

dem

ser classificado

s com

o:

• No

rmais.

• Inferio

res.

• De lu

xo.

• De p

rimeira n

ecessidad

e.

• N

orm

ais

O p

rod

uto

qu

e registra au

men

to d

e

dem

and

a qu

and

o h

á crescimen

to

de ren

da é ch

amad

o b

em n

orm

al.

• In

ferio

res

O p

rod

uto

qu

e apresen

ta qu

eda d

e

dem

and

a qu

and

o a ren

da au

men

ta

é o b

em in

ferior. N

esse caso, o

s

con

sum

ido

res tend

em a q

uerer

ben

s melh

ores se tiverem

mais

recurso

s disp

on

íveis.

• D

e lu

xo

Os b

ens d

e luxo

são aq

ueles q

ue

registram

aum

ento

de d

eman

da

acentu

ado

qu

and

o a ren

da d

o co

n-

sum

ido

r cresce.

• D

e p

rime

ira n

ece

ssida

de

Os b

ens d

e prim

eira necessid

ade

qu

ase não

apresen

tam alteração

de

dem

and

a con

form

e a variação d

a

rend

a. Co

mo

se trata de p

rod

uto

s

realmen

te necessário

s, já faziam

parte d

o co

nsu

mo

mín

imo

das

famílias e d

os in

divíd

uo

s.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 15

Elaine
Highlight
Page 18: Ge 8 como entender mercado

16Lei d

a o

ferta

Enq

uan

to a lei d

a dem

and

a descre-

ve o co

mp

ortam

ento

do

s com

pra-

do

res, a lei da o

ferta trata do

com

-

po

rtamen

to d

os ven

ded

ores, q

ue

variam su

a disp

osição

de ven

der

mais o

u m

eno

s um

pro

du

to a

determ

inad

o p

reço.

Dian

te das variaçõ

es do

preço

e da

rend

a, os ven

ded

ores p

ossu

em u

ma

atitud

e diferen

te da d

os co

mp

ra-

do

res. Se o au

men

to d

e preço

desestim

ula o

s con

sum

ido

res a

com

prarem

, já os ven

ded

ores e

fabrican

tes ficam an

imad

os a p

ro-

du

zirem e a ven

derem

mais.

Qu

and

o o

preço

de u

m p

rod

uto

cai, man

tido

s os cu

stos d

a pro

du

-

ção, h

á tamb

ém u

ma q

ued

a da

marg

em d

e lucro

, e os ven

ded

ores

con

centrarão

seus esfo

rços n

a pro

-

mo

ção d

e pro

du

tos q

ue ap

resen-

tem m

aior lu

cratividad

e.

A o

ferta é influ

enciad

a tamb

ém

po

r fatores co

mo

tecno

log

ia de

pro

du

ção, p

reços d

os in

sum

os,

mero

de co

nco

rrentes n

o m

erca-

do

, sub

sídio

s ou

tribu

tos u

sado

s

pelo

go

verno

para reg

ular o

mer-

cado

. O m

ote q

ue reg

e essa situa-

ção é co

nh

ecido

po

r tod

os: se o

preço

de u

m b

em so

be, au

men

ta a

qu

antid

ade d

esse bem

ofertad

a no

mercad

o. É a lei d

a oferta.

Ela

sticida

de

A elasticid

ade-p

reço d

a oferta d

e

um

pro

du

to ap

resenta co

mp

orta-

men

to b

astante d

iverso n

o cu

rto e

no

lon

go

prazo

.

Na m

aioria d

as vezes, ela é mais

elástica no

lon

go

prazo

, po

is, nesse

caso, as em

presas têm

mais tem

po

de se o

rgan

izar e se adap

tar para

aum

entar a p

rod

ução

e a oferta d

e

um

pro

du

to q

ue p

assou

po

r um

a

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 16

Elaine
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Elaine
Highlight
Page 19: Ge 8 como entender mercado

17

elevação d

e preço

.

Mu

itas vezes, a elasticidad

e é res-

trita pela falta d

e investim

ento

s,

sob

retud

o n

o cu

rto p

razo. Po

rém,

os em

presário

s po

dem

amen

izar

esse qu

adro

com

o au

men

to d

e um

turn

o d

e trabalh

o o

u p

agan

do

ho

ra-extra.

Há seto

res em q

ue a o

ferta é extre-

mam

ente in

elástica no

curto

prazo

,

com

o o

da co

nstru

ção civil.

Ap

artamen

tos e casas d

eman

dam

um

temp

o p

redeterm

inad

o d

e

con

strução

, ind

epen

den

temen

te de

a pro

cura ser en

orm

e ou

os p

reços

do

s imó

veis alcançarem

as alturas.

Eq

uilíb

rio d

e m

erc

ad

o

Os p

reços n

o m

ercado

tend

em a

cheg

ar a um

valor q

ue eq

ualize as

qu

antid

ades o

fertadas e as d

eman

-

das d

e um

pro

du

to.

A d

inâm

ica do

equ

ilíbrio

fun

cion

a

da seg

uin

te form

a: para q

ualq

uer

nível d

e preço

mais alto

, haverá u

m

excesso d

e oferta d

e ben

s, o q

ue

estimu

la um

a qu

eda n

os p

reços

praticad

os n

o m

ercado

. Por su

a

vez, com

qu

alqu

er nível d

e preço

abaixo

do

de eq

uilíb

rio, o

s ind

iví-

du

os p

assam a co

nsu

mir m

ais,

aum

entan

do

a dem

and

a, e, po

r

con

seqü

ência, o

s preço

s.

Me

rcad

o e

limita

ção

tecn

oló

gica

Dá-se o

no

me d

e mercad

o à rela-

ção en

tre a oferta – o

desejo

de

vend

er ben

s e serviços – e a p

rocu

-

ra – o d

esejo d

e com

prar o

s mes-

mo

s ben

s ou

serviços. A

ssim, to

da

vez em q

ue estão

presen

tes a com

-

pra e a ven

da d

e algu

m b

em é u

ma

situação

de m

ercado

. Jun

tamen

te

com

as limitaçõ

es tecno

lóg

icas de

pro

du

ção, o

mercad

o é u

m ele-

men

to q

ue, d

e certa form

a, restrin-

ge a m

aximização

do

lucro

, con

for-

me verem

os a seg

uir.

Muitas vezes,a elasticidade

é restrita pela falta de investim

entos,sobretudo no curto prazo.Porém

,osem

presários podem am

enizaresse quadro com

o aumento

de um turno de trabalho ou

pagando hora-extra.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 17

Page 20: Ge 8 como entender mercado

18Co

mo

o p

róp

rio m

ercado

restring

e

a ob

tenção

de lu

cro? Fácil: se n

ão

ho

uvesse restrição

, um

a emp

resa

po

deria ven

der u

ma q

uan

tidad

e

fabu

losa d

e um

bem

ou

pro

du

to

po

r um

preço

exorb

itante, fazen

do

o em

presário

cheg

ar rapid

amen

te

ao m

aior lu

cro p

ossível. Po

rém,

dian

te da restrição

de m

ercado

,

nu

ma situ

ação h

ipo

tética, um

a

emp

resa até po

deria p

rod

uzir o

qu

anto

qu

isesse, mas só

seria capaz

de ven

der a q

uan

tidad

e qu

e seus

con

sum

ido

res qu

isessem co

mp

rar.

Qu

anto

às restrições d

a tecno

log

ia

de p

rod

ução

, esses fatores são

rela-

tivos ao

desem

pen

ho

de eq

uip

a-

men

tos e à o

ferta de in

sum

os q

ue,

po

r exemp

lo, im

em u

m lim

ite

em su

a capacid

ade d

e pro

du

ção.

Estru

tura

da

con

corrê

ncia

Na eco

no

mia, a co

nco

rrência é u

m

mecan

ismo

de o

rgan

ização d

os

mercad

os e u

ma fo

rma d

e regu

lar

o p

reço e a q

uan

tidad

e de eq

uilí-

brio

de p

rod

uto

s e serviços.

Em relação

ao tip

o d

e con

corrên

cia

po

ssível ou

mesm

o à su

a existência

ou

não

, o m

ercado

se divid

e em

diferen

tes tipo

s de estru

turas.

Entre eles, d

estacam-se:

• Mercad

os d

e con

corrên

cia perfeita.

• Mo

no

lio.

• Olig

op

ólio

.

Cab

e ressaltar qu

e os co

nceito

s

acima são

idealizad

os, so

bretu

do

o

qu

e trata da co

nco

rrência p

erfeita.

Porém

, vale a pen

a ter um

a breve

no

ção so

bre eles.

• M

erca

do

s de

con

corrê

ncia

pe

rfeita

Um

amb

iente n

o q

ual existam

tanto

com

prad

ores q

uan

to ven

de-

do

res, de m

od

o q

ue n

enh

um

a das

partes exerça in

fluên

cia sob

re o

preço

, é o ch

amad

o m

ercado

de

con

corrên

cia perfeita.

A oferta,a demanda e o

preço de um produto num

asituação de concorrênciaperfeita são determ

inadospelo m

ercado.Cada empresa

aceitará o preço como um

dado fixo.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 18

Page 21: Ge 8 como entender mercado

19

As características d

esse tipo

de

mercad

o são

:

• Ho

mo

gen

eidad

e do

pro

du

to.

• Transp

arência d

o m

ercado

.

• Liberd

ade d

e entrad

a e saída

de em

presas.

A h

om

og

eneid

ade d

o p

rod

uto

oco

rre qu

and

o n

ão h

á diferen

ças

sign

ificativas entre o

s pro

du

tos d

e

diferen

tes fabrican

tes. Se no

mer-

cado

de cera d

e piso

s de m

adeira,

po

r exemp

lo, to

das as m

arcas

caracterizam-se p

or o

ferecer um

pro

du

to co

m ch

eiro fo

rte e difícil

de esp

alhar, en

tão n

enh

um

a delas

con

ta com

um

diferen

cial qu

e ala-

vanq

ue su

as vend

as em d

etrimen

to

das ven

das d

a con

corren

te. O

preço

de to

das será sim

ilar.

Nu

ma situ

ação d

e transp

arência d

o

mercad

o, su

e-se qu

e tod

os o

s

particip

antes têm

plen

o co

nh

eci-

men

to d

as con

diçõ

es gerais em

qu

e

op

era o m

ercado

. Nen

hu

m d

os

fabrican

tes de cera fica sab

end

o

antecip

adam

ente d

o au

men

to d

o

preço

de u

m d

e seus in

sum

os p

ara

fazer um

estoq

ue an

tes de seu

s

con

corren

tes. Para a con

corrên

cia

con

tinu

ar send

o p

erfeita, é neces-

sário q

ue u

ma n

ova fáb

rica de cera

não

enco

ntre d

ificuld

ades p

ara

com

eçar a op

erar e a vend

er seus

pro

du

tos n

o m

ercado

.

A o

ferta, a dem

and

a e o p

reço d

e

um

pro

du

to n

um

a situação

de co

n-

corrên

cia perfeita são

determ

ina-

do

s pelo

mercad

o. C

ada em

presa

aceitará o p

reço co

mo

um

dad

o

fixo so

bre o

qu

al não

po

de in

fluir.

A p

artir desse p

reço, cad

a um

a pro

-

du

zirá a qu

antid

ade estab

elecida

po

r seus cu

stos d

e pro

du

ção. A

s

marg

ens d

e lucro

das d

iferentes

emp

resas tend

em a ser ig

uais.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 19

Page 22: Ge 8 como entender mercado

20• M

on

op

ólio

No

mo

no

lio, o

cenário

é ou

tro.

Nesse tip

o d

e mercad

o, a estru

tura

econ

ôm

ica é com

po

sta de ap

enas

um

vend

edo

r e mu

itos co

mp

rado

-

res. Dessa fo

rma, o

preço

de ven

da

será determ

inad

o p

elo ven

ded

or.

A reg

ra geral é: o

preço

será maio

r

do

qu

e o p

reço d

e mercad

o em

con

corrên

cia perfeita, e o

nível d

e

pro

du

ção in

ferior. O

s con

sum

ido

res

sairão p

erden

do

dian

te das am

plas

po

ssibilid

ades d

e lucro

da ú

nica

emp

resa vend

edo

ra.

• O

ligo

lio

Co

nsiste n

a form

a de m

ercado

em

qu

e existem p

ou

cos ven

ded

ores e

um

gran

de n

úm

ero d

e com

prad

o-

res, de fo

rma q

ue o

s prim

eiros

exercem g

rand

e con

trole so

bre o

s

preço

s do

s pro

du

tos.

Se não

ho

uver p

rod

uto

s similares

imp

ortad

os, fica m

uito

difícil p

ara

os co

nsu

mid

ores terem

qu

alqu

er

influ

ência so

bre o

s preço

s.

Nesse cen

ário, a fatia d

e mercad

o

de cad

a fabrican

te é bastan

te

determ

inad

a, estabelecid

a nu

ma

relação d

e interd

epen

dên

cia entre

as org

anizaçõ

es.

Essa interação

com

ercial po

de até

dar o

rigem

a um

cartel, qu

e é o

acord

o en

tre emp

resas visand

o a

fixação d

e preço

s e, eventu

almen

-

te, fatias de m

ercado

, anu

land

o a

evolu

ção d

os p

reços p

ela lei da

oferta e p

rocu

ra.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 20

Page 23: Ge 8 como entender mercado

21

Da te

oria

à p

rátic

a

Em

me

io a

essa

s estru

tura

s de

me

rcad

o, o

s em

pre

en

de

do

res ta

m-

m d

eve

m co

nh

ece

r de

talh

es d

o

me

rcad

o co

nsu

mid

or, co

nco

rren

te

e fo

rne

ced

or. Sã

o tó

pico

s qu

e tra

-

tam

da

s orie

nta

çõe

s volta

da

s pa

ra

o e

mp

ree

nd

ed

or q

ue

virão

no

s

po

nto

s a se

gu

ir.

De

scritos a

lgu

ns d

os co

nce

itos

sicos d

e m

icroe

con

om

ia, ve

ja-

mo

s a p

artir d

e a

go

ra q

ue

stõe

s

ma

is prá

ticas e

, ao

me

smo

tem

po

,

fun

da

me

nta

is pa

ra o

rien

tar a

s

estra

tég

ias d

e u

m e

mp

ree

nd

ed

or.

Afin

al, não

po

dem

os esq

uecer q

ue

o B

rasil registra u

ma taxa d

e mo

r-

talidad

e emp

resarial bastan

te ele-

vada. O

índ

ice cheg

a a 49,4% en

tre

as emp

resas com

até do

is ano

s de

existência e d

e 56,4% en

tre as qu

e

têm até três an

os. A

po

rcentag

em

das q

ue n

ão so

brevivem

qu

atro

ano

s é de 59,9%

.

Tip

os d

e m

erc

ad

o

Vam

os co

nh

ecer os três m

ercado

s

com

os q

uais o

emp

reend

edo

r lida

no

dia-a-d

ia:

• Mercad

o co

nsu

mid

or.

• Mercad

o fo

rneced

or.

• Mercad

o co

nco

rrente.

Me

rcad

o co

nsu

mid

or

O o

bjetivo

de estu

dar o

mercad

o

con

sum

ido

r é iden

tificar os p

rová-

veis com

prad

ores e clien

tes de seu

neg

ócio

, suas n

ecessidad

es e seu

po

der d

e com

pra.

Co

m b

ase nessa caracterização

,

torn

a-se mais fácil ag

ir para aten

-

dê-lo

, saben

do

o q

ue p

rod

uzir o

u

vend

er, qu

al a dem

and

a po

tencial

para o

pro

du

to e q

ual o

local ad

e-

qu

ado

para seu

neg

ócio

.

O Brasil registra uma taxa

de mortalidade em

presarial bastante elevada.O índicechega a 49,4%

entre asem

presas com até dois

anos de existência e de56,4%

entre as que têm até

três anos.A porcentagemdas que não sobrevivem

quatro anos é de 59,9%

.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 21

Page 24: Ge 8 como entender mercado

22Me

rcad

o fo

rne

ced

or

É form

ado

pelo

con

jun

to d

e

emp

resas qu

e forn

ecem eq

uip

a-

men

tos, m

áqu

inas, m

atéria-prim

a,

mercad

orias e o

utro

s materiais

necessário

s ao fu

ncio

nam

ento

de

qu

alqu

er neg

ócio

.

Para exemp

lificar, vamo

s analisar o

dia-a-d

ia de u

m restau

rante, u

m

ramo

de ativid

ade q

ue p

recisa lidar

com

diverso

s forn

ecedo

res.

Às vezes, o

mercad

o fo

rneced

or d

o

pro

du

to p

rincip

al de u

m restau

ran-

te po

de se co

ncen

trar nu

ma cid

ade

do

interio

r de d

ifícil acesso.

Dig

am

os q

ue

os fa

brica

nte

s de

um

de

licioso

tipo

de

ling

üiça

, qu

e

“ca

iu n

o g

osto

da

clien

tela

” d

o

resta

ura

nte

, mo

rem

na

zon

a ru

ral

de

um

a p

eq

ue

na

cida

de

sem

estra

da

asfa

ltad

a. D

e p

osse

de

ssa

info

rma

ção

, o e

mp

ree

nd

ed

or te

de

esco

lhe

r en

tre:

• Criar co

nd

ições p

ara man

ter o

fluxo

da en

trega d

a mercad

oria.

• Ap

rend

er a fazer a ling

üiça p

or

con

ta pró

pria.

• Ad

aptar seu

cardáp

io.

Ou

seja, o d

on

o d

o restau

rante

precisa b

olar u

ma estratég

ia. Do

mesm

o m

od

o, faz u

ma g

rand

e

diferen

ça saber se seu

forn

ecedo

r

de m

atéria-prim

a trabalh

a nu

ma

estrutu

ra de o

ligo

lio, co

m am

pla

marg

em d

e man

ipu

lação d

os p

re-

ços. Se assim

for, d

eve-se estud

ar a

bu

sca po

r pro

du

tos im

po

rtado

s

caso seja p

ossível. C

om

o?

Para respo

nd

er, vamo

s analisar

ou

tro exem

plo

: o ram

o g

ráfico.

Esse

tipo

de

ne

cio d

ep

en

de

do

forn

ecim

en

to d

e p

ap

el, u

m p

ro-

du

to p

rod

uzid

o e

distrib

uíd

o n

o

Bra

sil po

r me

io d

e u

ma

estru

tura

de

me

rcad

o o

ligo

po

lizad

a. Sã

o

po

uca

s e g

ran

de

s as e

mp

resa

s qu

e

com

an

da

m o

s pre

ços n

o m

erca

do

.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 22

Page 25: Ge 8 como entender mercado

23

Nesse caso

, o d

on

o d

a gráfica sab

e

qu

e, po

r vezes, po

de ter m

argem

de m

ano

bra q

uan

do

o g

overn

o

redu

z a tarifa de im

po

rtação d

o

pap

el. Assim

, torn

a-se mais van

ta-

joso

bu

scar o p

rod

uto

imp

ortad

o

em vez d

e op

tar pelo

nacio

nal.

Me

rcad

o co

nco

rren

te

Emp

resas con

corren

tes são aq

uelas

qu

e oferecem

mercad

orias o

u servi-

ços ig

uais o

u sem

elhan

tes aos d

e

seu n

egó

cio. Sab

end

o q

uais são

essas emp

resas e on

de elas estão

,

deve-se p

rocu

rar alternativas d

e

sup

erá-las, com

base n

a avaliação

do

s po

nto

s fortes e fraco

s seus e

delas. C

om

esse map

eamen

to, é

po

ssível traçar estratégias d

e com

o

op

erar melh

or o

s pro

cessos in

ter-

no

s e gan

har m

ercado

.

Do

mín

io d

a a

tivid

ad

e

Um

a pesq

uisa q

ue m

ede as taxas

do

emp

reend

edo

rismo

mu

nd

ial,

realizada p

ela Glo

bal

Entrep

reneu

rship

Mo

nito

r (GEM

) e

divu

lgad

a no

início

de 2006, reve-

lou

qu

e o B

rasil é o sétim

o p

aís

mais em

preen

ded

or d

o m

un

do

.

De

aco

rdo

com

o le

van

tam

en

to

da

GE

M, o

seto

r de

alim

en

taçã

o

é o

prin

cipa

l ram

o d

o e

mp

ree

nd

e-

do

rismo

bra

sileiro

, seg

uid

o p

elo

seto

r de

vestu

ário

.

Essas info

rmaçõ

es sinalizam

qu

e o

emp

reend

edo

r qu

e com

eça um

a

atividad

e emp

resarial no

País

enco

ntra d

esde ced

o u

ma fo

rte

con

corrên

cia. É mais u

m m

otivo

para q

ue se p

laneje b

em u

m n

egó

-

cio an

tes de in

iciar um

pro

jeto p

or

con

ta pró

pria.

Para isso, o

passo

fun

dam

ental é

con

hecer b

em o

pró

prio

ramo

de

atividad

e, além d

e do

min

ar no

s

mín

imo

s detalh

es o p

rod

uto

ou

serviço q

ue será o

ferecido

.

O empreendedor que com

eçaum

a atividade empresarial

no País encontra desde cedoum

a forte concorrência.Ém

ais um m

otivo para que seplaneje bem

um negócio

antes de iniciar um projeto

por conta própria.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 23

Page 26: Ge 8 como entender mercado

24Para ilustrar co

m u

m exem

plo

do

setor m

ais pro

curad

o p

elos

emp

reend

edo

res brasileiro

s, o

ramo

de alim

ento

s, vamo

s verificar

as con

diçõ

es de p

rod

ução

de ali-

men

tos co

ng

elado

s.

Primeiram

ente, o

emp

resário tem

de sab

er qu

e a técnica d

e acon

di-

cion

amen

to e d

isplay

de seu

s

pro

du

tos n

ão são

mero

s detalh

es,

mas sim

requ

isitos fu

nd

amen

tais

para su

a con

servação.

O tam

anh

o co

rreto d

as emb

ala-

gen

s e a variedad

e de card

ápio

devem

atend

er às necessid

ades d

e

seu m

ercado

. Essas info

rmaçõ

es

po

dem

ser ob

tidas, p

or exem

plo

,

com

base n

um

a pesq

uisa en

tre os

pró

prio

s con

sum

ido

res.

Nessa p

esqu

isa po

de ser d

etectado

qu

e a maio

r parte d

o p

úb

lico-alvo

é form

ada p

or p

essoas q

ue m

oram

sozin

has e q

ue ten

dem

a op

tar

pela p

raticidad

e da co

mid

a con

ge-

lada. É p

ossível d

escob

rir qu

e esses

con

sum

ido

res prefiram

po

rções

un

itárias, peq

uen

as qu

antid

ades

sortid

as de salg

adin

ho

s, entre

ou

tras particu

laridad

es.

Pla

ne

jam

en

to o

pe

racio

na

l

O em

preen

ded

or d

eve plan

ejar

mu

ito b

em a g

estão o

peracio

nal

do

neg

ócio

: qu

al o trab

alho

qu

e

será feito e q

uem

o fará.

É necessário

iden

tificar e estabele-

cer as etapas d

o p

rocesso

de fab

ri-

cação d

o p

rod

uto

e de su

a com

er-

cialização, o

qu

e inclu

i a form

a de

prestação

do

serviço e d

o aten

di-

men

to ao

cliente. A

parte o

pera-

cion

al deve se en

carregar d

a sele-

ção e d

a org

anização

do

material

qu

e será usad

o e d

os eq

uip

amen

-

tos n

ecessários. Se alg

um

a dessas

qu

estões ficarem

sem resp

ostas n

a

fase de p

lanejam

ento

, é necessário

bu

scá-las com

urg

ência p

ara evitar

qu

e sejam resp

on

did

as qu

and

o “o

avião já estiver n

o ar”.

Nada pode ser realizado semque seja feita um

a análise doscustos da abertura do negócioe dos custos futuros,levando-se em

conta investimento em

local,equipamentos,m

ateriaise despesas diversas.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 24

Page 27: Ge 8 como entender mercado

25

Pro

du

ção

e v

en

da

s

O m

esmo

plan

ejamen

to d

eve ser

con

siderad

o co

m variáveis co

mo

pro

jeção d

o vo

lum

e de p

rod

ução

,

de ven

das o

u d

e serviços.

Para realizar esses cálculo

s com

bo

a

marg

em d

e precisão

, do

is itens

básico

s têm d

e ser avaliado

s:

• A cap

acidad

e de p

rod

ução

da

estrutu

ra da q

ual d

ispo

rá.

• A n

ecessidad

e e a pro

cura d

o

mercad

o co

nsu

mid

or p

or seu

tipo

de serviço

ou

pro

du

to.

Ou

tros fa

tore

s

São d

iversos fato

res qu

e devem

ser

levado

s em co

nta p

ara o su

cesso d

e

um

emp

reend

imen

to, en

tre eles:

• E

qu

ipe

Ép

reciso estab

elecer o n

úm

ero d

e

pesso

as necessárias p

ara o tip

o e

volu

me d

e trabalh

o a ser d

esenvo

l-

vido

e as qu

alificações exig

idas.

• C

usto

s

Nad

a po

de ser realizad

o sem

qu

e

seja feita um

a análise d

os cu

stos d

a

abertu

ra do

neg

ócio

e do

s custo

s

futu

ros, levan

do

-se em co

nta in

ves-

timen

to em

local, eq

uip

amen

tos,

materiais e d

espesas d

iversas –

imp

osto

s, salários, en

cargo

s traba-

lhistas e p

rom

oção

.

• Lo

caliza

ção

A lo

calização d

a emp

resa merece

atenção

especial, e o

melh

or lu

gar

varia con

form

e o tip

o d

e neg

ócio

.

Um

a avenid

a com

corred

or d

e ôn

i-

bu

s po

de ser u

m p

éssimo

lug

ar

para u

ma livraria, d

evido

à po

lui-

ção q

ue estrag

a os livro

s e ao b

aru-

lho

, mas p

od

e ser um

ótim

o p

on

to

para u

m estacio

nam

ento

po

r con

ta

da falta d

e vagas n

a via pú

blica.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 25

Page 28: Ge 8 como entender mercado

26Um

a ruazin

ha iso

lada, p

or su

a vez,

po

de ser o

end

ereço id

eal para

mo

ntar u

m salão

de b

eleza exclusi-

vo. Po

rém, n

ão será ad

equ

ada p

ara

um

a lanch

on

ete qu

e preten

da o

fe-

recer lanch

es rápid

os e d

epen

da

fun

dam

entalm

ente d

os p

assantes.

Entre o

utras o

pçõ

es qu

e não

sejam

a rua, o

emp

reend

edo

r tem d

e ava-

liar as vantag

ens e d

esvantag

ens

de esp

aços co

mo

sho

pp

ing

centers,

galerias e ed

ifícios co

merciais.

• P

rom

oçã

o d

e la

nça

me

nto

Por fim

, o em

preen

ded

or d

eve

pen

sar em alg

um

tipo

de p

rom

o-

ção d

o p

rod

uto

ou

do

serviço a ser

lançad

o. Para isso

, po

de u

tilizar

instru

men

tos co

mo

pro

pag

and

a,

estratégia d

e relacion

amen

to co

m

clientes e p

reços p

rom

ocio

nais.

Cálc

ulo

de p

reço

Estabelecer p

reços co

mp

etitivos d

e

serviços o

u p

rod

uto

s é um

a etapa

das m

ais fun

dam

entais.

Para isso, é im

prescin

dível q

ue se

tenh

a em m

ãos u

ma estru

tura

min

ucio

sa de cu

stos. Esse cálcu

lo é

feito co

m b

ase no

s cham

ado

s cus-

tos fixo

s e variáveis.

• C

usto

s fixo

s

São aq

ueles q

ue n

ão variam

com

a

qu

antid

ade n

em co

m o

ritmo

da

pro

du

ção. Exem

plo

: o alu

gu

el do

estabelecim

ento

com

ercial.

• C

usto

s va

riáve

is

São o

s qu

e aum

entam

ou

dim

i-

nu

em d

e acord

o co

m a q

uan

tidad

e

pro

du

zida. Exem

plo

: a con

tratação

de trab

alhad

ores tem

po

rários p

ara

sup

rir a dem

and

a em d

etermin

ada

épo

ca do

ano

.

Tod

a e

mp

resa

tem

de

en

con

trar

seu

po

nto

de

eq

uilíb

rio ( b

rea

k-

eve

n p

oin

t) po

r me

io d

a id

en

tifi-

caçã

o d

as q

ua

ntid

ad

es m

ínim

as

de

pro

du

ção

e ve

nd

as q

ue

pe

rmi-

Toda empresa tem

de encontrar seu ponto de equilíbrio (break-even point)por m

eio da identificaçãodas quantidades m

ínimas

de produção e vendas.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 26

Page 29: Ge 8 como entender mercado

27

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

2

>A

lei da demanda e as diferenças entre

produtos complem

entares e concorrentes.1

>O

conceito de elasticidade de preçosna lei da dem

anda e da oferta.2

>A

influência da concorrência e do m

ercado em seu negócio.

3

>O

domínio da atividade e a precifica-

ção como fatores de sucesso.

4

tam

con

tinu

ar se

us n

eg

ócio

s de

ma

ne

ira lu

crativa

.

Entre o

s ob

jetivos d

a fixação d

o

preço

de u

m p

rod

uto

ou

serviço,

po

dem

os d

estacar:

• A p

enetração

do

pro

du

to o

u d

a

emp

resa no

mercad

o.

• A seleção

de u

m seg

men

to esp

e-

cífico co

mo

seu co

nsu

mid

or-alvo

.

• A recu

peração

de caixa p

or m

eio

de p

reços b

aixos q

ue p

ermitam

um

rápid

o reto

rno

finan

ceiro.

• A m

aximização

do

s lucro

s.

•A

pro

mo

ção d

o p

rod

uto

po

r

meio

de d

escon

tos e p

reços

de lan

çamen

to.

livro08_10-27 31.08.06 15:46 Page 27

Page 30: Ge 8 como entender mercado

CAUSAS E EFEITOS DA INFLAÇÃO

O q

ue g

era

infla

ção e

com

o

ela

afe

ta m

eu n

egócio

? P

or

que o

descontro

le in

flacio

nário

é ru

im p

ara

min

ha e

mp

resa

e ta

mb

ém

para

o P

aís

?

3

28De to

do

s os term

os eco

mico

s

com

os q

uais n

os d

eparam

os n

o

dia-a-d

ia, talvez o m

ais fácil de

enten

der e visu

alizar seja o d

a

inflação

. Desd

e um

a do

na d

e casa,

qu

e a cada sem

ana tem

de d

esem-

bo

lsar centavo

s a mais p

elo m

olh

o

de to

mate, até o

do

no

da fáb

rica

de m

olh

o d

e tom

ates, qu

e tod

o

mês p

aga u

m p

reço d

iferente e

maio

r, dig

amo

s, pelo

vasilham

e

para aco

mo

dar seu

pro

du

to an

tes

de en

tregá-lo

ao su

perm

ercado

.

Qu

em n

ão se lem

bra d

o fim

do

s

ano

s 1980 e início

da d

écada d

e

1990 qu

and

o era q

uase u

m

“crime” d

eixar qu

alqu

er no

ta de

din

heiro

na carteira d

e um

a no

ite

até a man

hã d

o d

ia segu

inte, so

b o

risco d

e acord

ar com

men

os d

inh

ei-

ro d

o q

ue se tin

ha n

o d

ia anterio

r?

Naq

uela ép

oca, as altas taxas d

e

inflação

corro

íam o

valor d

o

din

heiro

e o p

od

er de co

mp

ra do

con

sum

ido

r, geran

do

disto

rções n

a

distrib

uição

de ren

da.

Fenô

men

o m

on

etário, a in

flação é

um

termo

bem

con

hecid

o d

os b

ra-

sileiros e u

ma exp

eriência vivid

a

po

r tod

os. O

s trabalh

ado

res não

sentem

saud

ade d

os tem

po

s da

inflação

galo

pan

te, exatamen

te

pelo

efeito d

ano

so d

ela no

bo

lso

ou

no

s neg

ócio

s de cad

a um

.

As conseqüências do processo inflacionário recaemsobre os assalariados,refletem

nos donos de negócios,influem

no mercado

de capitais e na balançacom

ercial e alteram o sistem

aprodutivo num

a espécie de efeito dom

inó.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 28

Page 31: Ge 8 como entender mercado

29

A in

flação tem

um

efeito n

egativo

sob

re os assalariad

os co

m ren

di-

men

tos fixo

s e com

data an

ual

de reaju

ste do

s salários. E

ntre

as

corre

çõe

s sala

riais, h

á q

ue

da

do

po

de

r aq

uisitivo

, com

a m

oe

da

pe

rde

nd

o va

lor d

ia a

dia

de

vido

ao

cho

qu

e in

flacio

rio.

Efeito

do

min

ó

As co

nseq

üên

cias do

pro

cesso

inflacio

nário

recaem so

bre o

s assa-

lariado

s, refletem n

os d

on

os d

e

neg

ócio

s, influ

em n

o m

ercado

de

capitais e n

a balan

ça com

ercial e

alteram o

sistema p

rod

utivo

nu

ma

espécie d

e efeito d

om

inó

, qu

e

afeta tod

o o

sistema eco

mico

.

No

caso d

o sistem

a pro

du

tivo,

situaçõ

es de eco

no

mias in

stáveis e

com

ameaças in

flacion

árias desesti-

mu

lam o

investim

ento

e inib

em a

situação

ideal d

e plen

o em

preg

o.

Processo

s de in

flação alta g

eram

incertezas q

uan

to à p

ossib

ilidad

e

do

s lucro

s, o q

ue, n

orm

almen

te,

deixa a classe em

presarial em

com

-

passo

de esp

era para n

ão assu

mir

os risco

s de co

locar d

inh

eiro n

um

neg

ócio

, seja aum

entar a p

rod

ução

de m

assa de to

mates o

u d

e veícu-

los, e n

ão co

nseg

uir reto

rno

.

Mas o

qu

e está po

r trás desse p

ro-

cesso d

e elevação co

ntín

ua e g

ene-

ralizada d

os p

reços q

ue já p

enali-

zou

os b

rasileiros e m

esmo

sob

con

trole, d

esde o

Plano

Real em

1994, con

tinu

a send

o o

gran

de

ob

jeto d

e pro

teção e p

reocu

pação

das p

olíticas eco

micas?

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 29

Page 32: Ge 8 como entender mercado

30

• A in

flaçã

o e

nvo

lve a

um

en

tos d

e

pre

ços co

ntín

uo

s e g

en

era

lizad

os

e n

ão

ap

en

as e

leva

çõe

s esp

orá

di-

cas e

isola

da

s.

A te

oria

eco

mica

lista trê

s po

ssí-

veis ca

usa

s da

infla

ção

:

• Infla

ção

de

de

ma

nd

a.

• Infla

ção

de

custo

s.

• Infla

ção

ine

rcial.

A se

gu

ir, vam

os e

nte

nd

er e

an

ali-

sar ca

da

um

a d

ela

s.

Inflação

de d

eman

da

Qu

an

do

a in

flaçã

o é

cau

sad

a p

ela

de

ma

nd

a, sig

nifica

qu

e m

uita

ge

nte

está

em

bu

sca d

e u

m

me

smo

be

m o

u se

rviço q

ue

, po

r

sua

vez, a

pre

sen

ta p

rod

uçã

o o

u

ofe

rta in

ferio

r à p

rocu

ra. O

u se

ja,

a g

ran

de

qu

an

tida

de

de

ind

iví-

du

os q

ue

de

seja

ad

qu

iri-lo p

rovo

-

ca u

m a

um

en

to d

e p

reço

s.

São

vário

s fato

res q

ue

exp

licam

um

crescim

en

to d

e d

em

an

da

,

com

o o

au

me

nto

de

ren

da

da

po

pu

laçã

o, se

ja p

or in

crem

en

to

Cau

sas e efeitos

Prim

eiro

, é p

reciso

en

ten

de

r qu

e

infla

ção

o é

um

au

me

nto

esp

o-

rád

ico o

u iso

lad

o d

e p

reço

s, com

o

no

caso

de

seu

vinh

o p

refe

rido

en

care

cer 1

ou

2 re

ais n

os m

ese

s

de

inve

rno

. No

livro Eco

no

mia

Brasileira – Fu

nd

amen

tos e

Atu

alidad

es, o a

uto

r An

tôn

io

Eva

risto Te

ixeira

Lan

zan

a, m

estre

e d

ou

tor p

ela

USP

e p

rofe

ssor d

a

Facu

lda

de

de

Eco

no

mia

e

Ad

min

istraçã

o, ch

am

a a

ate

nçã

o

pa

ra d

ois p

on

tos:

• A in

flaçã

o é

um

pro

cesso

e n

ão

ap

en

as u

m fa

to iso

lad

o.

O governo é um dos

principais consumidores de

bens e serviços.Assim,ao

mesm

o tempo em

que atuacom

o “árbitro do jogo”,paratentar conter indícios de descontrole econôm

ico,é um

dos “jogadores”que

podem desencadear o

processo inflacionário.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 30

Page 33: Ge 8 como entender mercado

31

de

salá

rios, se

ja p

or re

du

ção

da

carg

a trib

utá

ria. E

con

om

istas co

s-

tum

am

lem

bra

r do

bito

de

con

-

sum

o d

os b

rasile

iros e

da

po

uca

prá

tica d

e g

ua

rda

r din

he

iro e

m

po

up

an

ça, o

qu

e fa

z com

qu

e u

m

au

me

nto

de

ren

da

seja

de

stina

do

ma

is às co

mp

ras, se

ja d

e a

lime

n-

tos, d

a g

ela

de

ira n

ova

ou

do

pri-

me

iro co

mp

uta

do

r, do

qu

e a

o

cha

ma

do

“p

é-d

e-m

eia

” p

ara

ga

-

ran

tir um

a se

gu

ran

ça n

o fu

turo

.

O g

ove

rno

costu

ma

usa

r a ta

xa d

e

juro

s com

o in

strum

en

to d

e m

an

o-

bra

pa

ra co

ntro

lar o

créd

ito e

a

de

ma

nd

a. A

reg

ra é

: com

os ju

ros

ma

is alto

s, a d

em

an

da

torn

a-se

me

no

r, o q

ue

con

tribu

i pa

ra fre

ar

a in

flaçã

o. A

lém

de

sse in

strum

en

-

to, o

utra

me

did

a q

ue

po

de

ser

ad

ota

da

é a

pró

pria

red

uçã

o d

e

custo

s do

go

vern

o.

É im

po

rtan

te sa

be

r qu

e a

estru

tu-

ra g

ove

rna

me

nta

l, seja

em

qu

al-

qu

er n

ível d

e g

ove

rno

, é u

m d

os

com

po

ne

nte

s qu

e p

esa

m n

um

pro

cesso

infla

cion

ário

. Isso p

orq

ue

o g

ove

rno

é u

m d

os p

rincip

ais

con

sum

ido

res d

e b

en

s e se

rviços.

Assim

, ao

me

smo

tem

po

em

qu

e

atu

a co

mo

“á

rbitro

do

jog

o”

, pa

ra

ten

tar co

nte

r ind

ícios d

e d

esco

n-

trole

eco

mico

, é u

m d

os “

jog

a-

do

res”

qu

e p

od

em

de

sen

cad

ea

r o

pro

cesso

infla

cion

ário

.

Na

situa

ção

de

um

pa

ís em

de

sen

-

volvim

en

to, co

mo

é o

caso

do

Bra

sil, inve

stime

nto

s em

infra

-

estru

tura

, po

r exe

mp

lo, co

loca

m

o g

ove

rno

com

o co

nco

rren

te o

u

de

ma

nd

ad

or d

os p

rod

uto

s eco

-

mico

s. De

sse m

od

o, g

asto

s do

go

vern

o p

ressio

na

m a

de

ma

nd

a

e in

terfe

rem

no

pro

cesso

de

au

me

nto

de

pre

ços.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 31

Page 34: Ge 8 como entender mercado

32Inflação

de cu

stos

Esse

pro

cesso

infla

cion

ário

ind

e-

pe

nd

e d

o ta

ma

nh

o d

a d

em

an

da

.

Ima

gin

e q

ue

no

pe

ríod

o d

e u

m

an

o o

do

no

da

fáb

rica d

e g

ela

de

i-

ras ve

nd

eu

po

r mê

s a m

esm

a

qu

an

tida

de

de

pro

du

to, m

as n

os

últim

os q

ua

tro m

ese

s, po

r razõ

es

dive

rsas, p

ag

ou

ma

is caro

ao

for-

ne

ced

or d

o a

ço u

sad

o n

as p

rate

-

leira

s do

ele

trod

om

éstico

.

Pod

emo

s imag

inar u

ma situ

ação

hip

otética – e co

m u

ma d

ose d

e

exagero

para ilu

strar a cena – em

qu

e o p

reço d

o aço

sub

iu d

e form

a

tal qu

e man

ter os valo

res de ven

da

da g

eladeira n

o m

esmo

nível d

o

prim

eiro m

ês daq

uele an

o sig

nifi-

caria preju

ízo. O

u seja, o

s custo

s de

pro

du

ção trem

end

amen

te altos

inviab

ilizariam o

s lucro

s.

Co

mo

, eviden

temen

te, nin

gu

ém

qu

er perd

er din

heiro

, o au

men

to

do

s custo

s de p

rod

ução

é repassa-

do

ao p

reço fin

al do

s pro

du

tos.

Resu

ltado

: se o co

nsu

mid

or q

uiser

um

a gelad

eira no

va, vai ter de

pag

ar mais caro

po

r ela.

Da m

esma fo

rma q

ue a elevação

do

preço

do

aço, au

men

tos d

e tari-

fas de en

ergia, d

e com

bu

stíveis e

de salário

s são fato

res qu

e interfe-

rem n

a com

po

sição d

os cu

stos e

po

dem

ser elemen

tos catalisad

ores

de u

m p

rocesso

inflacio

nário

.

Portan

to, a in

flação d

e custo

s está

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 32

Page 35: Ge 8 como entender mercado

33

associad

a prin

cipalm

ente ao

aum

ento

de p

reços d

e matéria-

prim

a, seja min

ério d

e ferro, aço

,

petró

leo o

u alim

ento

s.

Mas essa n

ão é a ú

nica cau

sa da

pressão

inflacio

nária. Seto

res eco-

mico

s qu

e atuam

em fo

rma d

e

mo

no

lio o

u o

ligo

lio p

od

em,

po

r exemp

lo, ad

otar reaju

stes de

preço

s acima d

o cu

sto d

e pro

du

ção

nu

m m

ovim

ento

qu

e visa ao cresci-

men

to d

os lu

cros e q

ue in

terfere

no

pro

cesso in

flacion

ário.

Além

disso

, em u

ma eco

no

mia g

lo-

balizad

a, na q

ual o

Brasil está in

se-

rido

, as oscilaçõ

es de cu

stos n

ão se

resum

em à d

inâm

ica no

s limites

territoriais d

e um

país. O

qu

e oco

r-

re na C

hin

a, dig

amo

s, po

de rep

er-

cutir n

o b

olso

do

brasileiro

.

O aço

é bo

m exem

plo

para ilu

strar

a situação

. O B

rasil é gran

de p

ro-

du

tor e exp

ortad

or d

e pro

du

tos

metalú

rgico

s e siderú

rgico

s. Esse

ramo

ind

ustrial b

rasileiro exp

eri-

men

tou

aum

ento

da d

eman

da p

or

min

ério d

e ferro e aço

mo

tivado

,

em esp

ecial, pelo

crescimen

to co

n-

tínu

o d

a econ

om

ia chin

esa na ú

lti-

ma d

écada. A

Ch

ina p

assou

a com

-

prar tam

anh

a qu

antid

ade d

e min

é-

rio e aço

de o

utro

s países – in

clusi-

ve do

Brasil – q

ue o

preço

intern

a-

cion

al do

pro

du

to reg

istrou

sign

ifi-

cativa elevação.

O au

men

to d

o p

reço in

ternacio

nal

foi u

ma d

as justificativas p

ara a

elevação d

e preço

s finais n

a econ

o-

mia b

rasileira. A in

stria auto

mo

-

tiva e a pró

pria sid

erurg

ia credita-

ram o

s reajustes n

os p

reços à o

sci-

lação d

o p

reço d

o m

inério

de ferro

em virtu

de d

o crescim

ento

da

dem

and

a intern

acion

al.

A China passou a comprar

tamanha quantidade de

minério e aço de outros

países – inclusive do Brasil –que o preço internacional do produto registrou significativa elevação.Oaum

ento do preço internacional foi um

a das justificativas para a elevação de preços finaisna econom

ia brasileira.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 33

Page 36: Ge 8 como entender mercado

34Inflação

inercial

Está

asso

ciad

a a

o in

strum

en

to d

e

ind

exa

ção

ou

à p

ossib

ilida

de

de

os

pre

ços p

od

ere

m a

um

en

tar sim

-

ple

sme

nte

po

r cau

sa d

a co

nsta

ta-

ção

de

infla

ção

nu

ma

din

âm

ica

qu

ase

au

tom

ática

. O in

strum

en

to

da

ind

exa

ção

vigo

rou

no

Bra

sil até

a in

stituiçã

o d

o P

lan

o R

ea

l, qu

an

-

do

foi e

xtinto

.

Siste

ma

de

me

tas

Ao

con

he

cer a

essê

ncia

do

s dive

r-

sos p

lan

os e

con

ôm

icos q

ue

fora

m

de

flag

rad

os n

o B

rasil e

ntre

as

cad

as d

e 1

98

0 e

19

90

, é fá

cil

con

stata

r qu

e o

ob

jeto

cen

tral

de

les e

ra m

an

ter a

esta

bilid

ad

e d

a

mo

ed

a e

, po

rtan

to, to

rna

r a in

fla-

ção

con

trolá

vel.

A p

artir d

o se

gu

nd

o se

me

stre d

e

19

99

, o B

rasil a

do

tou

um

sistem

a

de

me

tas p

ara

o co

ntro

le d

a in

fla-

ção

. O te

rmo

inflatio

n targ

eting

,

na

prá

tica, sig

nifica

dize

r qu

e e

m

vez d

e tra

ba

lha

r sua

po

lítica

mo

ne

tária

no

sen

tido

de

ten

tar

con

trola

r um

au

me

nto

hip

oté

tico

de

pre

ços, o

Ba

nco

Ce

ntra

l pa

ssou

a tra

ba

lha

r com

um

a m

eta

pre

de

-

term

ina

da

pe

lo p

róp

rio g

ove

rno

.

Tod

as a

s açõ

es d

a p

olítica

mo

ne

tá-

ria, co

mo

a d

efin

ição

da

taxa

de

juro

s, de

veria

m visa

r ao

cum

pri-

me

nto

da

me

ta e

stab

ele

cida

pa

ra

cad

a a

no

. O B

rasil n

ão

inve

nto

u a

rod

a a

o a

do

tar e

ssa p

olítica

, po

is

ela

já e

ra u

tilizad

a p

or vá

rios p

aí-

ses, co

mo

Ing

late

rra, Su

écia

,

Au

strália

e o

s latin

o-a

me

rican

os

Pe

ru, M

éxico

e C

olô

mb

ia, e

ntre

tan

tos o

utro

s.

No

an

o d

e im

ple

me

nta

ção

de

sse

sistem

a, a

me

ta e

ra d

e 8

% – e

a

refe

rên

cia é

sem

pre

o Ín

dice

de

Pre

ços a

o C

on

sum

ido

r Am

plo

(IPC

A), ín

dice

me

did

o p

elo

Institu

to B

rasile

iro d

e G

eo

gra

fia e

Esta

tística (IB

GE

).

Teo

rias d

a in

flaçã

o

É ú

til con

he

cer a

s prin

cipa

is teo

-

rias à

s qu

ais e

con

om

istas e

go

ver-

no

s se a

pe

ga

m e

m b

usca

da

s

me

lho

res m

ed

ida

s pa

ra e

limin

ar a

insta

bilid

ad

e e

alca

nça

r o d

ese

ja-

do

fun

cion

am

en

to p

erfe

ito d

a

eco

no

mia

. En

tre e

las, va

mo

s ver:

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 34

Page 37: Ge 8 como entender mercado

35

• Teo

ria m

on

eta

rista.

• Ke

yne

sian

os.

• Teo

ria e

strutu

ralista

.

Teoria m

onetarista

Qu

an

do

você

ou

vir fala

r sob

re

teo

ria m

on

eta

rista, p

or e

xem

plo

,

saib

a q

ue

ela

na

da

ma

is é d

o q

ue

um

a co

rren

te d

o p

en

sam

en

to e

co-

mico

qu

e a

po

nta

com

o ca

usa

da

infla

ção

o m

ovim

en

to d

e e

missã

o

de

mo

ed

a e

m ritm

o su

pe

rior à

ne

cessid

ad

e d

a e

con

om

ia. E

po

r

qu

e h

á e

sse d

esco

mp

asso

? O d

éfi-

cit do

seto

r pú

blico

seria

o ca

usa

-

do

r da

exp

an

são

da

mo

ed

a e

na

seq

üê

ncia

da

infla

ção

. Ch

am

ad

os

de

con

serva

do

res o

u o

rtod

oxo

s, os

mo

ne

tarista

s de

fen

de

m o

fun

cio-

na

me

nto

livre d

o m

erca

do

com

ba

se n

um

a p

olítica

mo

ne

tária

rígi-

da

. As o

scilaçõ

es e

con

ôm

icas

seria

m re

sulta

nte

s ma

is de

me

di-

da

s go

vern

am

en

tais d

o q

ue

da

din

âm

ica d

o se

tor p

rivad

o.

Pre

con

izad

a p

elo

Fun

do

Mo

ne

tário

Inte

rna

cion

al (FM

I),

essa

corre

nte

tem

sua

s ba

ses ce

n-

trad

as n

as id

éia

s do

eco

no

mista

Milto

n Fie

dm

an

. Nã

o p

or a

caso

, o

con

trole

do

s ga

stos e

de

sup

erá

vit

blico

s são

con

ceito

s sem

pre

pre

-

sen

tes q

ua

nd

o o

uvim

os fa

lar d

os

aco

rdo

s do

Bra

sil com

o FM

I.

Pa

ra o

s mo

ne

tarista

s, o co

ntro

le

de

sses d

ois fa

tore

s – ga

stos e

sup

erá

vits pú

blico

s – seria

a p

orta

pa

ra a

esta

bilid

ad

e e

con

ôm

ica.

Keyn

esianos

Os k

eyn

esia

no

s, ad

ep

tos d

a te

oria

de

Joh

n M

ayn

ard

Ke

yne

s, com

bi-

na

m co

m o

s mo

ne

tarista

s qu

an

do

valo

rizam

os g

asto

s pú

blico

s pa

ra

exp

licar a

orig

em

do

pro

cesso

infla

cion

ário

, ma

s dive

rge

m d

ele

s

qu

an

to a

o e

feito

do

min

ó a

dvin

do

ap

ós o

s ga

stos já

rea

lizad

os.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 35

Page 38: Ge 8 como entender mercado

36Co

mo

vimo

s, para o

s mo

netaristas,

os g

astos p

úb

licos levam

à emissão

de m

oed

a qu

e, po

r sua vez, g

eram

inflação

. Já os keyn

esiano

s con

side-

ram q

ue g

astos p

úb

licos p

rod

uzem

inflação

qu

and

o in

terferem n

a

dem

and

a agreg

ada a p

on

to d

e

afetar os fato

res de p

rod

ução

. Esse

mo

vimen

to o

casion

aria aum

ento

de p

reços e, p

ortan

to, in

flação.

Teoria estru

turalista

Co

mo

o p

róp

rio n

om

e ind

ica, essa

teoria su

gere q

ue as cau

sas do

pro

-

cesso in

flacion

ário estão

relacion

a-

das às d

eficiências estru

turais d

a

econ

om

ia. Por exem

plo

: a estrutu

ra

agríco

la do

s países su

bd

esenvo

lvi-

do

s, cuja p

rod

ução

baseia-se em

gran

des latifú

nd

ios e n

a agricu

ltu-

ra de su

bsistên

cia, sem p

reocu

pa-

ção co

m o

mercad

o. Partin

do

do

prin

cípio

de q

ue, p

ara trilhar a

estrada d

o d

esenvo

lvimen

to, u

m

país m

ud

a sua estru

tura g

eog

ráfica

com

um

increm

ento

no

pro

cesso d

e

urb

anização

e de d

eman

da p

or

pro

du

tos ag

rícolas, a estru

tura

agríco

la sedim

entad

a em latifú

n-

dio

s e peq

uen

as cultu

ras de su

bsis-

tência n

ão co

nseg

ue crescer n

o

ritmo

da d

eman

da p

elos p

rod

uto

s.

Maio

r dem

and

a po

r pro

du

tos ag

rí-

colas n

um

a con

jun

tura d

e cresci-

men

to d

a pro

du

ção aq

uém

da

necessid

ade d

os co

nsu

mid

ores leva

a aum

ento

de p

reços.

Índ

ices inflacio

nário

s

Vam

os co

nh

ecer ago

ra os p

rincip

ais

índ

ices de m

edição

de in

flação u

ti-

lizado

s no

Brasil.

Índice d

e Preço

s ao Consu

midor

Amplo (IP

CA)

Med

ido

pelo

IBG

E desd

e 1978, é o

índ

ice-referência d

o g

overn

o p

ara

a meta d

e inflação

. Ab

rang

e um

un

iverso d

e famílias co

m ren

dim

en-

to d

e 1 a 40 salários m

ínim

os.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 36

Page 39: Ge 8 como entender mercado

37

OIPC

A é calcu

lado

com

base em

coletas d

e preço

s realizadas en

tre o

prim

eiro e o

últim

o d

ia do

mês n

as

regiõ

es metro

po

litanas d

e São

Paulo

, Rio

de Jan

eiro, B

elo

Ho

rizon

te, Porto

Aleg

re, Recife,

Belém

, Fortaleza, Salvad

or,

Cu

ritiba, G

oiân

ia e Distrito

Federal,

qu

e som

adas rep

resentam

cerca de

30% d

a po

pu

lação b

rasileira.

As co

letas são feitas em

estabeleci-

men

tos co

merciais d

e prestação

de

serviços, co

ncessio

nárias d

e serviços

blico

s e do

micílio

s. São cerca d

e

200 mil co

tações d

e preço

s de

1.360 pro

du

tos.

Na co

mp

osição

do

índ

ice, pro

du

tos

alimen

tícios têm

peso

de 25,21%

;

transp

orte e co

mu

nicação

, 18,77%;

desp

esas pesso

ais, 15,68%; vestu

á-

rio, 12,49%

; hab

itação, 10,91%

;

saúd

e e cuid

ado

s pesso

ais, 8,85%;

e artigo

s de resid

ência, 8,09%

.

Além

de ser a referên

cia do

go

ver-

no

para a m

eta inflacio

nária, o

IPCA

é utilizad

o n

a correção

de

balan

ços e d

emo

nstraçõ

es finan

cei-

ras trimestrais e sem

estrais das

Co

mp

anh

ias Ab

ertas.

Índice N

acional d

e Preço

ao

Consu

midor (IN

PC)

Tamb

ém m

edid

o p

elo IB

GE n

o

mesm

o in

tervalo d

e temp

o e n

as

mesm

as regiõ

es metro

po

litanas d

o

IPCA

, pesq

uisa as variaçõ

es de cu

s-

tos q

ue afetam

as famílias co

m ren

-

dim

ento

entre u

m e o

ito salário

s

mín

imo

s. O IN

PC é o

índ

ice-refe-

rência p

ara os reaju

stes salariais.

Por retratar o

aum

ento

do

custo

de vid

a para u

m u

niverso

com

ren-

dim

ento

men

or d

o q

ue o

IPCA

,

tem d

iferenças d

e peso

na co

mp

o-

sição d

e índ

ices.

Alim

entação

, po

r exemp

lo, ad

qu

ire

peso

de 33,10%

. Já gasto

s com

transp

orte e co

mu

nicaçõ

es passam

do

segu

nd

o item

com

maio

r peso

para o

qu

arto. N

essa faixa de

rend

a, gasto

s com

esses serviços

adq

uirem

peso

de 11,44%

.

O IPCA é utilizado na correção de balanços edem

onstrações financeirastrim

estrais e semestrais das

Companhias Abertas.

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 37

Page 40: Ge 8 como entender mercado

38Índice d

e Preço

ao Consu

midor

(IPC-Fip

e)

Criad

o em

1939, a med

ição d

o ín

di-

ce realizada ap

enas n

a cidad

e de

São Pau

lo in

vestiga o

aum

ento

do

custo

de vid

a para fam

ílias com

rend

imen

to en

tre 1 e 20 salários

mín

imo

s. A co

leta tamb

ém é feita

do

prim

eiro ao

últim

o d

ia do

mês.

Desd

e sua criação

até 1968, a res-

po

nsab

ilidad

e de p

rod

ução

do

índ

i-

ce era da p

refeitura d

e São Pau

lo.

A p

artir de 1968, fo

i transferid

a à

Fun

dação

Institu

to d

e Pesqu

isas

Econ

ôm

icas (Fipe), ó

rgão

ligad

o à

Faculd

ade d

e Econ

om

ia e

Ad

min

istração d

a USP. É u

tilizado

em reaju

stes con

tratuais.

Índice d

e Custo

de V

ida (IC

V)

Sob

respo

nsab

ilidad

e do

Dep

artamen

to In

tersind

ical de

Estatísticas e Estud

os Eco

mico

s

(Dieese), o

ICV

tem co

mo

un

iverso

famílias co

m ren

dim

ento

s entre 1 e

30 salários m

ínim

os. A

pesq

uisa é

feita no

mu

nicíp

io d

e São Pau

lo

entre o

prim

eiro e o

últim

o d

ia do

mês. É u

sado

no

s acord

os salariais.

Índice G

eral de P

reços (IG

P)

Med

ido

pela Fu

nd

ação G

etúlio

Varg

as, o Ín

dice G

eral de Preço

s se

sub

divid

e em três o

utro

s índ

ices:

IGP-M

, IGD

-DI e IG

P-10. O q

ue o

s

diferen

cia é o p

eríod

o d

e abran

-

gên

cia. É o ín

dice m

ais usad

o n

os

con

tratos d

e lon

go

prazo

, sejam

blico

s ou

privad

os. O

IGPM

bali-

za a correção

das tarifas d

e energ

ia

elétrica e os co

ntrato

s de alu

gu

éis.

Diferen

temen

te do

s índ

ices ante-

riores, q

ue in

vestigam

o au

men

to

de p

reços n

o varejo

, o IG

P privile-

gia o

atacado

. A co

mp

osição

do

IGP é feita tam

bém

com

base em

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 38

Page 41: Ge 8 como entender mercado

39

dad

os d

e três ou

tras med

ições d

a

FGV

: O IPA

(Índ

ice de Preço

no

Atacad

o), q

ue p

esqu

isa o au

men

to

de cu

stos d

e preço

s de m

ais de 500

emp

resas brasileiras; o

IPC (Ín

dice

de Preço

ao C

on

sum

ido

r), qu

e

investig

a o au

men

to p

ara os co

nsu

-

mid

ores fin

ais; e o Ín

dice N

acion

al

da C

on

strução

Civil (IN

CC

). Na co

m-

po

sição d

o IG

P, o IPA

tem p

eso d

e

60%, o

IPC d

e 30% e o

INC

C d

e

10%. A

s pesq

uisas são

realizadas

nas reg

iões m

etrop

olitan

as de São

Paulo

, Rio

de Jan

eiro, B

elo

Ho

rizon

te, Recife, Salvad

or,

Fortaleza, B

elém, Po

rto A

legre,

Cu

ritiba, Flo

rianó

po

lis, Distrito

Federal e G

oiân

ia, e têm co

mo

teto

famílias co

m ren

dim

ento

de até 33

salários m

ínim

os.

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

3

>O

s três fatores que geram inflação:

demanda,custos e com

ponentes inerciais.1

>O

sistema de m

etas inflacionárias adotado pelo B

rasil.2

>Três teorias para explicar a inflação:

monetarista,keynesiana e estruturalista.3

>O

s principais índices utilizados noB

rasil para medir a inflação.

4

livro08_28-39 25.08.06 17:17 Page 39

Page 42: Ge 8 como entender mercado

JUROS,EMPRÉSTIM

O E CRÉDITO

Por q

ue é

útil e

nte

nd

er a

taxa d

e ju

ros p

ara

evita

r o

end

ividam

ento

da e

mp

resa?

Qual a

rela

ção d

os ju

ros c

om

em

pré

stim

os e

cré

dito

s?

4

40Não é por a

caso que as a

tenções

de economista

s, empresário

s, ban-

queiro

s, consulto

res, a

nalista

s de

investim

entos e

jornalista

s que

escre

vem so

bre economia se

vol-

tam a ca

da 45 dias p

ara o edifício

-

sede do Banco Centra

l (BC), e

m

Brasília

, à espera da decisã

o do

Comitê

de Política

Monetária

(Copom) so

bre a ta

xa de ju

ros.

O ta

manho dos ju

ros (a

ltos o

u

baixo

s) determ

ina a m

obilid

ade

da economia e, co

nseqüentemen-

te, o

desempenho dos n

egócio

s

dos m

uito

s agentes

que a co

mpõem. C

omo re

gra

geral, ju

ros a

ltos in

ibem o co

nsu-

mo e ju

ros b

aixo

s incentiva

m as

compras. N

este

capítu

lo va

mos

verifica

r o fu

ncio

namento da ta

xa

de ju

ros n

o Brasil e

sua in

fluência

na re

ntabilid

ade e na prosperid

a-

de de se

u empreendim

ento.

Ju

ros a

ltos

Para co

meçar, o

bserva

remos o

comporta

mento de co

nsumidores

que estã

o em busca

de uma nova

geladeira

. Numa situ

ação de ju

ros

alto

s, uma dona de ca

sa que quei-

ra adquirir a

geladeira

a prazo

,

por e

xemplo, p

ode adiar a

decisã

o

de co

mpra para evita

r financia

-

O tam

anho dos juros (altosou baixos) determ

ina amobilidade da econom

ia e,conseqüentem

ente,odesem

penho dos negóciosdos m

uitos agentes que acom

põem.Com

o regra geral,juros altos inibem

oconsum

o e juros baixosincentivam

as compras.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 40

Page 43: Ge 8 como entender mercado

41

mentos lo

ngos e

custo

final m

uito

superio

r ao preço orig

inal.

Imagine, e

ntão, q

ue vá

rias d

onas

de ca

sa em to

do o país a

dotem o

mesm

o procedim

ento. E

las d

ese-

jam co

mprar u

ma geladeira

nova,

maior e

mais m

oderna, m

as d

ei-

xam de fa

zê-lo

pelo fa

to de o

preço fin

al a

prazo

ser m

uito

superio

r ao do va

lor à

vista.

Se elas n

ão co

mpram, a

loja de

eletro

doméstico

s não ve

nde. Se

a lo

ja não ve

nde, a

fábrica

não

produz. Se

a fá

brica

não produz,

disp

ensa um ou vá

rios fu

ncio

ná-

rios, d

a m

esm

a fo

rma que o fa

z

a lo

ja cu

jo ve

ndedor p

asso

u o

dia, a

semana ou o m

ês in

teiro

sem nada ve

nder.

Ju

ros b

aix

os

Agora im

agine uma situ

ação dife

-

rente. O

custo

da geladeira

, seja à

vista, se

ja a prazo

, cabe perfe

ita-

mente no orça

mento de to

das a

s

donas d

e ca

sa que queira

m co

m-

prá-la

, e as lo

jas tê

m ta

nta procu-

ra pelo eletro

doméstico

que o

esto

que não é su

ficiente.

Como já

vimos, a

o tra

tar d

o fu

n-

cionamento das le

is de oferta

e

demanda, q

uando a procura por

um produto é m

aior d

o que su

a

oferta

, a te

ndência

dos p

reços é

subir. P

reços e

m alta

, por su

a ve

z,

estim

ulam o aumento da in

flação.

E a in

flação, co

mo vim

os n

o ca

pí-

tulo 3, é

um dos fa

ntasm

as q

ue

asso

mbram a economia.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 41

Page 44: Ge 8 como entender mercado

42

tulo 3), o

Copom determ

ina a ta

xa

de ju

ros d

e m

odo a via

biliza

r a

meta de in

flação esta

belecid

a.

Para exp

licar d

e uma fo

rma sim

pli-

ficada, o

papel d

o Copom é cria

r

condiçõ

es p

ara o fu

ncio

namento

“perfe

ito” ou, a

o m

enos, se

m

sobressa

ltos d

a economia.

Ao esta

belecer a

taxa de ju

ros, o

Banco Centra

l, na prática

, está

determ

inando a liq

uidez d

a eco-

nomia ou, e

m outra

s palavra

s, a

disp

onibilid

ade de dinheiro

no

merca

do. É

uma fe

rramenta para

contro

lar a

demanda. Q

uando

quer e

stimulá-la

, o BC co

rta a ta

xa

de ju

ros. Q

uando pretende re

pri-

mi-la

, sobe a ta

xa.

Jo

go

de

eq

uilíb

rio

A política

de ju

ros d

eve se

equili-

brar n

uma espécie

de jo

go co

ntra

-

ditó

rio, co

m o desafio

de, p

or u

m

lado, cria

r condiçõ

es p

ara atra

ir

investim

entos, m

anter e

gerar

empregos, e

, por o

utro

, evita

r que

o fô

lego de co

nsumo re

sulte

em

desco

ntro

le in

flacio

nário

.

A m

esm

a ló

gica

da procura por

geladeira

s vale ta

mbém para

tomates, a

rroz, ca

rros e

todos o

s

demais b

ens d

e co

nsumo.

Ta

xa

de

juro

s

Desde 1999, q

uando o Brasil p

as-

sou a tra

balhar co

m o re

gim

e de

metas in

flacio

nária

s (veja no ca

pí-

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 42

Page 45: Ge 8 como entender mercado

43

Willian

Eid, p

rofesso

r da Fu

ndação

Getúlio

Vargas, co

stuma se

r práti-

co e objetivo

na defin

ição so

bre

juros: “

É o cu

sto do dinheiro

que

poste

rga o co

nsumo e o prazer”.

Tomando empresta

da essa

defin

i-

ção, to

rna-se

mais fá

cil compreen-

der o

significa

do do in

dica

dor

e se

u im

pacto

no dia-a-dia dos

brasile

iros – d

esde a divu

lgação

da ta

xa fe

ita pelo Copom até a

influ

ência

na hora de pagar d

eter-

minadas co

ntas, se

jam de pesso

as

físicas, co

mo a dona de ca

sa e

com vo

ntade de co

mprar u

ma

geladeira

, sejam de empresas,

que pautam su

as d

ecisõ

es d

e olho

no ta

manho desse

custo

.

Apenas p

or e

ssa ló

gica

, já dá para

imaginar p

or q

ue a política

de

juros p

ratica

da pelo governo bra-

sileiro

é alvo

consta

nte de crítica

s

de entid

ades e

mpresaria

is. A

Federação das In

dústria

s do

Esta

do de Sã

o Paulo (Fie

sp) d

efen-

dia no in

ício de 2006 a id

éia de

que a ta

xa de ju

ros d

everia

cair a

salto

s maiores. O

que se

viu nos

meses se

guintes fo

i uma tra

jetória

Uma das justificativas para

a queda paulatina e nãoabrupta era evitar um

a ondade consum

o que pudesseocasionar a volta da inflação.

de queda das ta

xas d

e ju

ros, m

as a

um ritm

o co

mpassa

do e, m

uita

s

vezes, co

nsid

erado le

nto pelos

agentes e

conômico

s. Uma das ju

s-

tificativa

s para a queda paulatin

a

e não abrupta era evita

r uma

onda de co

nsumo que pudesse

ocasio

nar a

volta

da in

flação.

Com uma ta

xa ainda tid

a co

mo

elevada para os p

adrões in

terna-

cionais, ta

nto o co

nsumo quanto a

produção te

riam co

ndiçõ

es d

e

cresce

r sem pressio

nar o

s preços.

O va

lor d

a ta

xa de ju

ros é

um ve

r-

dadeiro

“carro

de batalha” que

move os m

ais d

iverso

s interesse

s

de se

tores im

porta

ntes d

a política

e da economia.

De um la

do, a

queles q

ue defen-

dem a queda acelerada da ta

xa de

juros; d

e outro

, os q

ue apóiam o

decré

scimo m

oderado.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 43

Page 46: Ge 8 como entender mercado

44Ju

ros e

dív

ida

blic

a

No prim

eiro

semestre

de 2006, a

dívid

a pública

brasile

ira beira

va

51,8% do Produto In

terno Bruto

(PIB) d

entro

da m

édia ve

rificada

nos ú

ltimos a

nos.

Muito

bem, d

epois d

e le

r esse

parágrafo, vo

cê co

mpreendeu o

que sig

nifica

essa

inform

ação?

Caso não te

nha entendido, n

ão se

preocupe. V

amos sa

ber a

gora o

que é a dívid

a pública

, como ela

se fo

rma e o que ela te

m a ve

r

com os ju

ros.

Tradicio

nalm

ente, o

Brasil g

asta

mais d

o que arre

cada. E

, para co

n-

seguir ju

ntar d

inheiro

para sa

ldar

seus co

mpromisso

s e equiparar

receita

e despesas, e

mite

títulos e

os ve

nde em le

ilões fe

itos p

elo

Tesouro Nacio

nal. E

sses títu

los

estã

o amparados e

m sig

las b

em

conhecid

as e

comentadas.

Porta

nto, q

uando vo

cê ouvir fa

lar

de NTN, LFT

e LT

N, sa

iba que elas

nada m

ais sã

o do que títu

los e

mi-

tidos p

elo governo para ve

nder

aos b

ancos e

captar re

curso

s para

atenuar su

a dívid

a in

terna.

Para se

u co

nhecim

ento, N

TN, LFT

e LT

N sig

nifica

m, re

spectiva

mente,

Notas d

o Te

souro Nacio

nal, Le

tras

Financeira

s do Te

souro e Le

tras d

o

Tesouro Nacio

nal.

Re

mu

ne

raçã

o d

e títu

los

A ta

xa de ju

ros d

efin

ida pelo

Copom, a

chamada Se

lic, utiliza

da

como ta

xa básica

da economia, é

o preço que o governo está

dis-

posto

a pagar p

ela re

muneração

de se

us títu

los.

E paga a quem?

Os b

ancos sã

o os p

rincip

ais clie

n-

tes d

iretos d

esse

s produtos, m

as

indire

tamente qualquer p

esso

a

que fa

z alguma aplica

ção fin

ancei-

ra ta

mbém o é. Isso

porque os

O investidor poderá optar

por emprestar ao governo,

com um

nível de risco relativam

ente baixo,ouem

prestar às empresas

ou pessoas físicas,com

um nível de risco

razoavelmente m

ais alto.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 44

Page 47: Ge 8 como entender mercado

45

bancos ca

ptam dinheiro

de se

us

clientes e

o usa nessa

s transações

com o Te

souro Nacio

nal.

A m

aioria

dos fu

ndos d

e re

nda

fixa dos b

ancos e

stá la

streada em

operações d

e co

mpra e ve

nda de

títulos p

úblico

s.

Re

ferê

ncia

ao

me

rca

do

Ao m

anter as taxas d

e juros altas, o

Ban

co Cen

tral não

determ

ina a

taxa de ju

ros co

mo se fo

sse uma

lei. Ele apen

as oferece u

ma refe-

rência d

e taxa de ju

ros ao

merca-

do, d

isponível a q

ualq

uer in

vesti-

dor (d

e peq

uen

o ou de g

rande

porte) p

resente n

a economia. To

da

vez que o

Ban

co Cen

tral de u

m

país d

esrespeito

u as leis d

e merca-

do, d

e oferta e d

eman

da p

or

dinheiro

, acabou so

frendo um ata-

que esp

eculativo

, com altas d

esva-

lorizaçõ

es da taxa d

e câmbio,

perd

a de reservas, recessão

etc.

Com base n

a referência d

e taxa de

juros o

ferecida p

elo Ban

co Cen

tral

aos títu

los d

a dívid

a govern

amen

-

tal, o in

vestidor p

oderá o

ptar p

or

emprestar ao

govern

o, co

m um

nível d

e risco relativam

ente b

aixo,

ou em

prestar às em

presas o

u pes-

soas físicas, co

m um nível d

e risco

razoavelm

ente m

ais alto.

Em

pré

stim

o a

o g

ov

ern

o

No Brasil, o

s bancos tê

m co

mo

opção o empréstim

o ao governo

brasile

iro, q

ue precisa

financia

r

sua dívid

a. C

om esse

s empréstim

os

de baixo

risco e co

m as ta

xas d

e

juros o

ferecid

as p

elo Copom, o

s

bancos g

arantem boa parte

de

suas m

argens d

e lu

cro.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 45

Page 48: Ge 8 como entender mercado

46Dessa

form

a, o

governo brasile

iro,

como em dive

rsos o

utro

s paíse

s, é

o m

aior to

mador d

e re

curso

s da

economia, co

ncorre

ndo co

m a

população pelo dinheiro

dos

investid

ores e

poupadores.

Aqui e

stá um dos m

otivo

s pelos

quais o

s bancos b

rasile

iros tê

m

tido tã

o bons re

sulta

dos n

os

últim

os a

nos.

O m

ecanism

o fu

ncio

na assim

: os

bancos co

mpram os títu

los d

o

governo re

cebendo a ta

xa Se

lic de

remuneração. P

orém, re

passa

ao

sócio

de uma ca

rteira

de in

vesti-

mento re

ntabilid

ade m

enor d

o

que aquela ta

xa. A

lém disso

, ao

empresta

r dinheiro

a se

us clie

ntes,

cobra re

muneração acim

a da ta

xa

Selic. D

e m

odo sim

ilar, a

s lojas

também co

bram de se

us co

nsumi-

dores ta

xas d

e ju

ros su

perio

res e

m

relação à re

ferência

do BC.

Fa

tor d

e ris

co

Além dos cu

stos in

cidentes so

bre

as tra

nsações fin

anceira

s, como os

tributos, u

m fa

tor d

enominado

“risco

” é outro

referencia

l que

eleva as ta

xas p

ara cim

a.

Empresas d

e pequeno porte

, por

exemplo, d

esembolsa

m ju

ros

maiores d

o que grandes g

rupos

por n

ão te

rem co

mo oferecer a

s

mesm

as co

ndiçõ

es d

e garantia

.

Isso ajuda a exp

licar a

distâ

ncia

entre

as ta

xas co

m as q

uais o

s

bancos sã

o re

munerados e

aquelas

com que eles re

muneram se

us

clientes o

u co

bram deste

s.

Uma dica

para quem queira

com-

prar títu

los d

o governo é co

nhecer

o Te

souro Dire

to, u

m in

strumento

disp

oníve

l desde 2002 e que per-

mite

a qualquer p

esso

a co

mprar

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 46

Page 49: Ge 8 como entender mercado

47

títulos d

o governo e re

ceber u

ma

melhor re

muneração.

No site d

o Teso

uro Nacio

nal d

o

Ministério

da Fazen

da (w

ww.

tesouro.fazen

da.g

ov.b

r) ou no do

Ban

co do Brasil (w

ww.bb.co

m.br),

você en

contra o

passo

-a-passo

para

a aquisição

de títu

los p

úblico

s.

Mo

cin

ho

ou

vilã

o?

Volta

ndo ao te

ma ce

ntra

l deste

capítu

lo, u

ma ta

xa de ju

ros co

nsi-

derada elevada fa

z papel d

e m

oci-

nho ou vilã

o na economia?

O argumento dos crítico

s dos

juros a

ltos é

simples: m

anter a

s

taxas a

patamares co

nsid

erados

elevados im

pediria

o cre

scimento

econômico

, exatamente porque

desestim

ularia

o co

nsumo, d

esen-

cadeando o processo

em que a

dona de ca

sa desiste

de co

mprar a

geladeira

, a lo

ja não ve

nde, a

fábrica

reduz a

produção, o

empresário

demite

seus fu

ncio

ná-

rios p

or fa

lta de tra

balho e a eco-

nomia não cre

sce.

Ainda para os crítico

s, as a

ltas

taxas d

e ju

ros se

riam re

sponsáveis

pelo fra

co desempenho do PIB

brasile

iro em 2005, q

ue fo

i de

2,3%. A

lém de re

prim

ir o co

nsumo

a prazo

de geladeira

s, taxas d

e

juros a

ltas ta

mbém encarecem o

crédito

para empresas q

ue quei-

ram co

ntra

ir empréstim

os d

os

bancos p

ara fin

ancia

r seus p

roces-

sos p

rodutivo

s.

Por e

sse ponto de vista

, a “recei-

ta” para o su

cesso

de um país

seria

muito

fácil: b

aixa

r as ta

xas

de ju

ros e

pronto: p

rosperid

ade

na ce

rta. C

orre

to? C

laro que não!

Se as co

isas fo

ssem tã

o sim

ples

assim

, não precisa

ríamos m

ais d

e

economista

s para estu

dar fo

rmas

de cre

scimento de um país...

A “receita”

para o sucessode um

país seria muito

fácil: baixar as taxas dejuros e pronto: prosperidadena certa.Correto? Claro que não! Se as coisas fossem

tão simples assim

,não precisaríam

os mais

de economistas.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 47

Page 50: Ge 8 como entender mercado

48Fa

tore

s d

ive

rso

s

Como a questã

o não é tã

o sim

ples

assim

, para decid

ir sobre a ta

xa de

juros, o

Copom precisa

consid

erar

um ambiente para que a in

flação

não se

desco

ntro

le. E

são m

uito

s

os fa

tores co

nsid

erados p

ara te

n-

tar a

ntecip

ar q

ual se

rá a te

ndên-

cia dos ín

dice

s infla

cionário

s.

Para se

ter u

ma id

éia da co

mplexi-

dade de dados, u

m co

mponente

crucia

l que orbita

a zo

na de

influ

ência

da ta

xa de ju

ros é

o

comporta

mento do m

erca

do in

ter-

nacio

nal d

e petró

leo.

Preços e

m alta

do barril d

e petró

-

leo, p

or e

xemplo, jo

gam a fa

vor

do aumento in

flacio

nário

. Por

quê? A

resposta

pode se

r medida

na sim

ples o

bserva

ção de nosso

entorno: co

mo co

mbustíve

l utiliza

-

do para m

ovim

entar ve

ículos e

máquinas, o

petró

leo está

presen-

te em pratica

mente to

dos o

s seto-

res d

a economia.

Logo, a

cotação m

ais a

lta do barril

desencadeia um im

pacto

dire

to

nos cu

stos d

e produção e, co

nse-

qüentemente, n

os cu

stos fin

ais

que, ce

do ou ta

rde, se

rão re

passa

-

dos a

os co

nsumidores.

Ap

ren

de

r a p

ou

pa

r

Se ju

ros a

ltos sã

o um dos m

ales d

a

economia, co

mo fa

zer p

ara te

ntar

se livra

r deles? U

ma das sa

ídas

para o empreendedor – e

também

para qualquer co

nsumidor – é

evi-

tar o

endivid

amento.

É notório

, por e

xemplo, q

ue o bra-

sileiro

tem hábito

s de co

nsumo

exagerados – m

uita

s vezes, co

nso-

me m

esm

o se

m dinheiro

, recorre

n-

do a cré

dito

s. Aliá

s, a demanda

por cré

dito

no Brasil e

xplica

,

em parte

, o fa

to de as ta

xas d

e

juros se

rem alta

s. Daí a

recomen-

dação básica

: os b

rasile

iros p

reci-

sam aprender a

poupar.

Se juros altos são um dos

males da econom

ia,como

fazer para tentar se livrardeles? Um

a das saídas parao em

preendedor – e também

para qualquer consumidor –

é evitar o endividamento.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 48

Page 51: Ge 8 como entender mercado

49

Ou se

ja, é

melhor fa

zer re

serva

s

para eventualid

ades fu

turas d

o

que ir à

s compras, tro

car a

gela-

deira

ou o ca

rro to

da ve

z que

sobra dinheiro

na co

nta.

Ta

xa

Re

fere

ncia

l

A Se

lic é a ta

xa básica

de ju

ros,

mas n

ão é a única

defin

ida pelo

governo. A

Taxa Referencia

l ou TR

também é defin

ida por e

le.

Com cá

lculo diário

pelo Banco

Centra

l, a TR é um in

dica

dor q

ue

remunera os re

curso

s aplica

dos

sobre depósito

s em ca

dernetas d

e

poupança e re

colhim

entos n

as

contas d

o Fu

ndo de Garantia

por

Tempo de Se

rviço (FG

TS).

Ao ler este capítulo sobre juros,você deve

estar se perguntando:como um

empreen-

dedor pode sobreviver e ainda fazer seu

negócio prosperar num país com

o o Brasil?

José Luiz Másculo,professor do Ibm

ec,

aconselha que,em tem

pos de juros altos,

fundamental é evitar endividam

entos.

Ao mesm

o tempo,na adm

inistração do dia-

a-dia dos negócios é importante estar

atento ao movim

ento do mercado,procu-

rando antecipar tendências para os ciclos

futuros da política de juros.

“As decisões de produção e investimento

devem estar antenadas com

essas tendên-

cias,tendo sempre em

vista o comporta-

mento do Banco Central.É im

portante ter

uma assessoria econôm

ica exatamente

para isso.Quem

não estiver atento a isso,

pode se dar mal num

a situação de aumen-

to de produção,quando os juros estiverem

em trajetória crescente.Eu,com

o empre-

sário,tenho de entender esse jogo”,diz.

Uma observação atenta ao com

portamento

das taxas de juros,por exemplo,revela

uma tendência de alta nos anos ím

pares e

uma trajetória de queda nos anos pares.

Coincidência ou não,os anos pares são

exatamente aqueles em

que há eleições.

De o

lho

no

merc

ad

o

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 49

Page 52: Ge 8 como entender mercado

50Taxa d

e J

uro

s d

e L

on

go

Pra

zo

É outra

taxa defin

ida pelo gover-

no cu

ja sig

la é basta

nte co

nheci-

da: T

JLP. Com va

lidade trim

estra

l,

a Ta

xa de Ju

ros d

e Lo

ngo Prazo

é

utiliza

da para estim

ular in

vesti-

mentos e

m in

fra-estru

tura.

A TJLP

é usada, p

or e

xemplo, n

os

empréstim

os d

e lo

ngo prazo

con-

cedidos p

elo Banco Nacio

nal d

e

Desenvo

lvimento Econômico

e

Socia

l (BNDES) – re

curso

s destin

a-

dos a

o se

tor p

rodutivo

para a

exp

ansão de negócio

s no País.

Tanto a TR quanto a TJLP

apresen-

tam ta

xas m

enores d

o que a Se

lic.

Ou

tros in

stru

me

nto

s

A ta

xa de ju

ros é

a fa

ce m

ais visí-

vel d

a política

monetária

, mas n

ão

o único

instru

mento que o Banco

Centra

l, como executor d

essa

polí-

tica, te

m em m

ãos p

ara m

anipular

a liq

uidez d

o m

erca

do em busca

do alm

ejado fu

ncio

namento per-

feito

da economia.

Também in

tegram essa

operação:

• Depósito

s compulsó

rios.

• Taxas d

e re

desco

nto.

Depósito

s compulsó

rios

São re

colhim

entos o

brig

atório

s

de parte

de depósito

s à vista

e a

prazo

que os b

ancos co

mercia

is

precisa

m fa

zer ju

nto ao Banco

Centra

l. O BC determ

ina a ta

xa

de re

colhim

ento co

mo m

ecanism

o

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 50

Page 53: Ge 8 como entender mercado

51

de co

ntenção da oferta

de dinhei-

ro no m

erca

do.

Do m

esm

o m

odo que se

aumen-

tam as ta

xas d

e ju

ros p

ara te

ntar

conter o

consumo, a

o re

ter p

arte

dos re

curso

s dos b

ancos co

mer-

ciais, p

or in

term

édio dos d

epósito

s

compulsó

rios, o

Banco Centra

l

procura dim

inuir o

volume de

recurso

s disp

oníve

is ao cré

dito

.

Taxas d

e re

desco

nto

São ta

xas e

stabelecid

as p

elo Banco

Centra

l para re

munerar e

mprésti-

mos q

ue a in

stituiçã

o fa

z aos b

an-

cos co

mercia

is para so

corrê

-los, n

o

caso de um banco fe

char o

dia

sem dinheiro

em ca

ixa para honrar

suas o

perações.

Aumentar a

s taxas co

bradas p

elo

redesco

nto – n

orm

alm

ente ca

lcu-

lado pelo va

lor ta

xa Se

lic acre

scido

de um perce

ntual – ta

mbém é

prerro

gativa

do Banco Centra

l

para desestim

ular o

s bancos d

e

lançar m

ão do disp

ositivo

.

Antes d

e ire

m ao BC em busca

do

socorro

do re

desco

nto, o

s bancos

podem ainda negocia

r essa

s ope-

rações e

ntre

si pelo in

strumento

do Certifica

do de Depósito

s

Interbancário

s (CDI), q

ue perm

ite

a tra

nsfe

rência

de re

curso

s entre

as in

stituiçõ

es fin

anceira

s.

Dessa

form

a, ta

nto o CDI co

mo a

Selic ca

racte

rizam a m

elhor re

fe-

rência

da ta

xa de ju

ros d

e m

erca

-

do. O

CDI re

presenta a ta

xa que

os b

ancos e

stão disp

osto

s a pagar

para ze

rar su

as d

iferenças d

e

caixa

. Já a Se

lic representa a ta

xa

de ju

ros p

aga pelo governo.

O baixo

risco dos to

madores d

e

recurso

s (bancos e

governo) e

xpli-

ca por q

ue o CDI e

a Se

lic são

taxas d

e ju

ros b

asta

nte próxim

as.

Tanto o CDI com

o a Seliccaracterizam

a melhor

referência da taxa de jurosde m

ercado.O CD

I representa a taxa que osbancos estão dispostos apagar para zerar suas diferenças de caixa.Já a Selic representa a taxade juros paga pelo governo.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 51

Page 54: Ge 8 como entender mercado

52De

finiç

ão

da

tax

a d

e ju

ros

O Comitê

de Política

Monetária

,

o Copom, fo

i criado em ju

nho de

1996 co

m a m

issão de defin

ir as

taxas d

e ju

ros e

as d

iretrize

s da

política

monetária

.

Ao esta

belecer a

s taxas d

e ju

ros,

o Copom pode in

dica

r o co

mporta

-

mento fu

turo por m

eio do in

stru-

mento do vié

s, com o qual a

ponta

a te

ndência

de alta

ou de queda

dos ju

ros. A

ssim, a

s taxas d

e ju

ros

podem se

r anuncia

das co

m a in

for-

mação adicio

nal d

e vié

s de alta

ou

baixa

ou, e

ntão, se

m vié

s.

Ao presid

ente do Banco Centra

l,

que ta

mbém presid

e as re

uniões

do Copom, é

concedida a prerro

-

gativa

de anuncia

r a re

visão da

taxa para cim

a ou para baixo

no

interva

lo entre

as re

uniões.

Entre

2000 e 2005, o

Copom se

reunia uma ve

z por m

ês. A

partir

de 2005, a

s reuniões p

assa

ram a

ser a

cada 45 dias, o

que re

sulta

em oito

reuniões a

nuais.

Além do presid

ente, to

da a dire

to-

ria do BC particip

a do co

mitê

com

dire

ito à vo

to. M

as a

reunião que

decid

e so

bre o m

ovim

ento da

taxa, co

m duração de dois d

ias,

tem ta

mbém a presença de ch

efes

de departa

mento da in

stituiçã

o

que fa

zem análise

sobre as va

riá-

veis co

nsid

eradas p

ara defin

ir a

taxa. Fa

z-se, p

or e

xemplo, re

latos

de co

njuntura da in

flação, d

o

níve

l de ativid

ade in

dustria

l, das

finanças p

ública

s, das o

perações

com re

serva

s internacio

nais, d

o

esta

do de liq

uidez b

ancária

, den-

tre outra

s variá

veis. C

om base nes-

sas in

form

ações, a

dire

toria

do BC

vota pela ta

xa. N

em se

mpre a

decisã

o é co

nsensual.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 52

Page 55: Ge 8 como entender mercado

53

Po

r den

tro d

a re

un

ião

A distâ

ncia

, pensar n

o m

erca

do

financeiro

, na ta

xa de ju

ros e

nas m

uitas variáveis q

ue a in

fluen-

ciam parece se

r uma ta

refa difícil

de co

mpreender.

Mas n

ão é b

em assim

. Cad

a reu-

nião

do Copom é su

cedida d

e uma

ata com o relato

detalh

ado dos

elemen

tos co

nsid

erados n

o estab

e-

lecimen

to da taxa. É u

m bom in

s-

trumen

to para q

uem

queira en

ten-

der o

mercad

o fin

anceiro

.

É possível ler a ata n

o site d

o

Ban

co Cen

tral (www.bc.g

ov.b

r) e

acompan

har as variáveis q

ue fize-

ram co

m que a in

stituição

fosse

mais o

u m

enos co

nservad

ora ao

defin

ir a taxa de ju

ros.

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

4

>O

comportam

ento da economia com

taxas altas e baixas de juros.1

>O

s elementos que determ

inam a taxa

de juros do Copom

.2

>TR

,Taxa de Juros de Longo Prazo,depó-sitos com

pulsórios e taxas de redesconto.3

Cada reunião do Copom é

sucedida de uma ata com

orelato detalhado dos elem

entos considerados noestabelecim

ento da taxa.Éum

bom instrum

ento paraquem

queira entender o mercado financeiro.

livro08_40-53 25.08.06 17:41 Page 53

Page 56: Ge 8 como entender mercado

OPIB E SEU N

EGÓCIO

Por q

ue te

nho d

e to

rcer p

ara

o P

aís

“dar c

erto

”? O

que

ocorre

quand

o a

econom

ia

não c

resce? C

om

o e

xtra

ir

info

rmações b

asead

as n

o P

IB?

5

54No

s últim

os d

ez a

no

s, a m

éd

ia d

e

crescim

en

to d

o P

rod

uto

Inte

rno

Bru

to (P

IB)

bra

sileiro

foi d

e 2

,2%

,

um

resu

ltad

o q

ue

po

de

ser co

nsi-

de

rad

o tím

ido

qu

an

do

com

pa

rad

o

à ta

xa d

e cre

scime

nto

dia

de

10

% a

o a

no

na

cad

a d

e 1

97

0

ou

me

smo

à ta

xa d

e cre

scime

nto

dia

ao

lon

go

do

sécu

lo X

X,

qu

e fo

i de

4,8

%.

Aliá

s, ao

rea

lizar a

retro

spe

ctiva

do

sécu

lo X

X, co

nsta

ta-se

qu

e o

Bra

sil exp

erim

en

tou

crescim

en

to

eco

mico

vigo

roso

.

En

tre 1

90

1 e

20

00

, o P

IB b

rasile

iro

cresce

u 1

10

veze

s – de

sem

pe

nh

o

ap

en

as su

pe

rad

o p

or u

m p

un

ha

do

de

pa

íses.

Prin

cipa

l ind

icad

or d

a a

tivida

de

eco

mica

, o P

IB é

a so

ma

de

tod

os o

s pro

du

tos fin

ais, se

jam

be

ns o

u se

rviços, p

rod

uzid

os d

en

-

tro d

as fro

nte

iras d

e u

m p

aís

du

ran

te u

m p

erío

do

de

term

ina

do

.

Evolução da economia

O P

IB é

sem

pre

exp

resso

em

valo

r

mo

ne

tário

– em

lar o

u, n

o ca

so

do

Bra

sil, em

rea

l – pa

ra fa

cilitar

com

pa

raçõ

es p

erió

dica

s de

resu

l-

tad

os e

en

tre o

s resu

ltad

os d

e

dife

ren

tes p

aíse

s.

A va

riaçã

o d

o P

IB p

od

e se

r me

did

a

an

o a

an

o, trim

estre

a trim

estre

e

até

s a m

ês. O

s nú

me

ros

me

de

m a

evo

luçã

o d

a e

con

om

ia

de

um

pa

ís, um

a re

giã

o, u

m e

sta-

do

ou

mu

nicíp

io.

O PIB

é o valor de toda aprodução ocorrida dentrodas fronteiras do país,semconsiderar a nacionalidadedos que se apropriam

dela.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 54

Page 57: Ge 8 como entender mercado

55

Essa

varia

ção

é e

xpre

ssa p

or m

eio

da

taxa

de

crescim

en

to. Se

for

po

sitiva, sig

nifica

qu

e a

eco

no

mia

cresce

u; se

for n

eg

ativa

, ho

uve

rece

ssão

. Taxa

pró

xima

de

zero

,

com

o re

gistra

da

no

Bra

sil em

20

03

(0,5

%), in

dica

esta

gn

açã

o.

Utilid

ade do PIB

O p

ulsa

r da

en

on

om

ia p

od

e se

r

sen

tido

po

r ag

en

tes e

con

ôm

icos e

pe

la p

op

ula

ção

em

ge

ral, p

oré

m

é p

reciso

me

nsu

rá-lo

pa

ra e

stud

ar

seu

com

po

rtam

en

to. M

esm

o p

or-

qu

e n

em

tod

os o

s ind

ivídu

os n

em

os se

tore

s da

eco

no

mia

sen

tem

um

a re

cessã

o o

u u

m p

erío

do

de

exp

an

são

eco

mica

com

igu

al

inte

nsid

ad

e e

simu

ltan

ea

me

nte

.

Da

í a u

tilida

de

do

cálcu

lo d

o P

IB.

Ne

m tu

do

o q

ue

está

reg

istrad

o

no

PIB

, ou

seja

, tud

o o

qu

e se

con

som

e e

se in

veste

no

Bra

sil,

e a

ind

a o

qu

e se

exp

orta

da

qu

i,

pe

rten

ce a

os b

rasile

iros.

De

fato

, o P

IB é

o va

lor d

e to

da

a

pro

du

ção

oco

rrida

de

ntro

da

s

fron

teira

s do

pa

ís, sem

con

side

rar

a n

acio

na

lida

de

do

s qu

e se

ap

ro-

pria

m d

ela

. No

cálcu

lo d

o P

IB n

ão

se d

esco

nta

a re

nd

a o

btid

a p

ela

s

em

pre

sas e

stran

ge

iras in

stala

da

s

aq

ui e

en

viad

a a

o e

xterio

r na

form

a d

e lu

cros o

u p

ag

am

en

tos

de

royalties. N

ão

se d

esco

nta

tam

-

m a

pa

rte d

os sa

lário

s qu

e

estra

ng

eiro

s ga

nh

am

no

Bra

sil e

en

viam

a se

us p

aíse

s. Pa

ra u

m

valo

r inte

gra

r o P

IB, b

asta

qu

e e

le

ten

ha

tido

orig

em

“in

tern

a”

.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 55

Page 58: Ge 8 como entender mercado

56

Esta

do

s Un

ido

s, qu

e p

ossu

em

dive

rsas e

mp

resa

s atu

an

do

em

ou

tros p

aíse

s, reg

istram

o P

NB

ma

ior d

o q

ue

PIB

, um

a ve

z qu

e

pa

rte d

a re

nd

a d

essa

s em

pre

sas é

en

viad

a d

e vo

lta à

s ma

trizes

no

rte-a

me

rican

as.

Renda e despesa

O P

IB a

valia

a a

tivida

de

eco

mi-

ca p

ela

ótica

da

pro

du

ção

. Po

de

-se

me

dir o

de

sem

pe

nh

o e

con

ôm

ico

tam

m p

or o

utra

s ótica

s, com

o

ren

da

e d

esp

esa

.

• P

ela

ren

da

Som

a d

os fa

tore

s rece

bid

os p

ara

pro

du

zir o P

IB, a

cha

ma

da

Re

ceita

Inte

rna

Bru

ta (R

IB).

Pro

duto

Nacional B

ruto

Existe

ou

tro in

dica

do

r, igu

alm

en

te

imp

orta

nte

, qu

e e

mb

ute

o co

nce

i-

to d

e “

na

cion

al”

, ou

seja

, de

pro

-

prie

da

de

de

bra

sileiro

s.

É o

cha

ma

do

Pro

du

to N

acio

na

l

Bru

to (P

NB

), qu

e in

clui a

s ren

da

s

ob

tida

s no

exte

rior e

nvia

da

s po

r

bra

sileiro

s e d

esco

nta

os va

lore

s

ob

tido

s po

r pe

ssoa

s e e

mp

resa

s

estra

ng

eira

s en

viad

os p

ara

fora

.

É in

tere

ssan

te n

ota

r qu

e n

o B

rasil

o P

NB

ap

rese

nta

resu

ltad

os lig

ei-

ram

en

te m

en

ore

s do

qu

e o

PIB

cerca

de

3%

do

s valo

res q

ue

circu-

lam

no

Pa

ís são

rem

etid

os a

o e

xte-

rior co

mo

lucro

s, divid

en

do

s e

juro

s do

cap

ital e

stran

ge

iro.

Pa

ra e

feito

de

com

pa

raçã

o, o

s

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 56

Page 59: Ge 8 como entender mercado

57

• P

ela

de

spe

sa

Som

a d

os p

ag

am

en

tos fe

itos p

ela

pro

du

ção

do

PIB

, resu

ltan

do

na

De

spe

sa In

tern

a B

ruta

(DIB

).

O va

lor d

essa

s dife

ren

tes fo

rma

s

de

me

diçã

o é

exa

tam

en

te o

me

smo

, po

rqu

e se

trab

alh

a so

bre

o m

esm

o p

rod

uto

, an

alisa

do

de

po

nto

s de

vista d

ifere

nte

s. Se o

PIB

for d

e 1

trilhã

o d

e d

óla

res, a

RIB

e a

DIB

tam

m o

serã

o.

Valores agregados

Em

um

a a

lise m

ais p

rofu

nd

a,

verifica

-se q

ue

o cá

lculo

do

PIB

é

rea

lizad

o d

e m

od

o m

ais e

lab

ora

-

do

, som

an

do

-se n

ão

os va

lore

s de

tod

os o

s pro

du

tos fin

ais, m

as d

e

seu

s valo

res a

gre

ga

do

s.

Ou

seja

, os va

lore

s do

s pro

du

tos e

serviço

s em

pre

ga

do

s em

cad

a

eta

pa

da

pro

du

ção

até

ser e

lab

o-

rad

o o

pro

du

to fin

al.

Co

m a

“d

eco

mp

osiçã

o d

e fa

to-

res”

, torn

a-se

po

ssível a

verig

ua

r a

con

tribu

ição

de

cad

a se

tor d

a e

co-

no

mia

na

pro

du

ção

de

de

term

ina

-

do

be

m o

u se

rviço.

Com a “decom

posição defatores”,torna-se possívelaveriguar a contribuição decada setor da econom

ia naprodução de determ

inadobem

ou serviço.Para a produção do suco de laranja,por exem

plo,considera-se aparticipação da agriculturaem

primeiro lugar,m

as semse esquecer da indústria e do com

ércio.

Pa

ra a

pro

du

ção

do

suco

de

lara

n-

ja, p

or e

xem

plo

, con

side

ra-se

a

pa

rticipa

ção

da

ag

ricultu

ra e

m p

ri-

me

iro lu

ga

r, ma

s sem

se e

squ

ece

r

da

ind

ústria

e d

o co

rcio n

o a

ta-

cad

o e

no

vare

jo. A

o e

spre

me

r o

suco

de

lara

nja

, a in

stria a

gre

ga

valo

r à fru

ta; a

o e

mb

ala

r o su

co e

ad

icion

ar co

nse

rvan

tes, o

utra

eta

pa

ind

ustria

l ag

reg

a va

lor a

o

suco

pro

cessa

do

; ao

tran

spo

rtar e

disp

or o

suco

na

nd

ola

do

sup

erm

erca

do

, o se

tor d

e se

rviços

ag

reg

a va

lor a

o p

rod

uto

em

ba

lad

o

qu

e ch

eg

ou

da

fáb

rica.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 57

Page 60: Ge 8 como entender mercado

58Soma de trê

s seto

res

Po

r me

io d

essa

s som

ató

rias p

arti-

cula

rizad

as, le

van

tam

-se m

uito

ma

is info

rma

çõe

s sob

re a

pro

du

-

ção

do

qu

e a

simp

les co

nta

ge

m

do

s pro

du

tos fin

ais. O

PIB

, po

rtan

-

to, é

com

po

sto d

a so

ma

de

resu

lta-

do

s do

s três se

tore

s da

eco

no

mia

:

• P

rimá

rio

Ativid

ad

es lig

ad

as à

ag

ricultu

ra e

à p

ecu

ária

.

• S

ecu

nd

ário

Ind

ústria

extra

tivista, d

e tra

nsfo

r-

ma

ção

(me

talú

rgica

, qu

ímica

), de

ele

troe

letrô

nica

, de

ma

teria

l de

tran

spo

rte, d

e co

nstru

ção

civil, e

serviço

s ind

ustria

is de

utilid

ad

e

blica

, de

en

erg

ia, d

e te

leco

mu

-

nica

çõe

s, en

tre o

utro

s.

• Te

rciário

Co

rcio, se

rviços, se

tor fin

an

cei-

ro, e

ntre

ou

tros.

Estágio de desenvolvim

ento

Ao

an

alisa

r a p

articip

açã

o d

e ca

da

seto

r na

com

po

sição

do

PIB

ao

lon

go

do

s an

os, é

po

ssível e

xtrair

ind

ícios d

os e

stág

ios d

e d

ese

nvo

l-

vime

nto

de

um

pa

ís.

No

Bra

sil, verifico

u-se

o d

ese

nvo

l-

vime

nto

clássico

da

ma

ioria

da

s

eco

no

mia

s mu

nd

iais, m

arca

do

po

r

três fa

ses. A

prim

eira

, com

gra

nd

e

pa

rticipa

ção

do

seto

r prim

ário

,

con

figu

ran

do

um

a e

con

om

ia a

grá

-

ria. A

seg

un

da

, com

pe

rda

da

pa

r-

ticipa

ção

do

seto

r prim

ário

e

au

me

nto

do

secu

nd

ário

. E a

ter-

ceira

, qu

an

do

o se

tor p

rimá

rio se

esta

biliza

, com

um

a p

articip

açã

o

rela

tivam

en

te b

aixa

no

PIB

, e o

seto

r secu

nd

ário

, até

en

tão

em

exp

an

são

, pe

rde

pa

rticipa

ção

pa

ra

o te

rciário

.

Trajetó

ria por s

eto

r

A p

articip

açã

o d

a a

gricu

ltura

no

PIB

bra

sileiro

foi re

du

zida

de

45

%,

A partir de 1993,houveaum

ento do peso da agropecuária no PIB e observou-se a estabilizaçãonas participações de todos os setores.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 58

Page 61: Ge 8 como entender mercado

59

em

19

00

, pa

ra ce

rca d

e 1

0%

na

s

últim

as d

éca

da

s.

A in

stria, p

or su

a ve

z, rep

rese

n-

tava

12

% d

o P

IB n

o in

ício d

o sé

cu-

lo X

X. A

um

en

tou

con

tinu

am

en

te

sua

pa

rticipa

ção

até

me

ad

os d

a

cad

a d

e 1

97

0, q

ua

nd

o p

asso

u a

corre

spo

nd

er a

34

% d

o to

tal d

o

PIB

. En

tre 1

98

7 e

19

93

, a p

artici-

pa

ção

da

ind

ústria

ap

rese

nto

u

qu

ed

a, e

nq

ua

nto

a p

orce

nta

ge

m

do

seto

r de

serviço

s cresce

u.

A p

artir d

e 1

99

3, h

ou

ve a

um

en

to

do

pe

so d

a a

gro

pe

cuá

ria n

o P

IB e

ob

servo

u-se

a e

stab

ilizaçã

o n

as

pa

rticipa

çõe

s de

tod

os o

s seto

res.

A co

ta d

o se

tor d

e se

rviços p

artiu

de

44

% e

m 1

90

0, ch

eg

an

do

a 5

0%

no

s an

os 1

93

0, a

té a

ting

ir 61

% n

a

últim

a d

éca

da

do

sécu

lo X

X.

Três fa

ses

Co

mo

vimo

s no

início

deste cap

ítu-

lo, o

Brasil ap

resento

u m

édias d

e

crescimen

to b

astante d

iferentes ao

lon

go

do

século

XX

. A p

artir da

décad

a de 1950, p

od

em-se verificar

três fases prin

cipais:

• D

e 1

95

0 a

19

80

Pe

ríod

o d

e fo

rte e

xpa

nsã

o d

o P

IB

bra

sileiro

, com

taxa

dia

de

cres-

cime

nto

de

7,4

%, e

nq

ua

nto

a e

co-

no

mia

mu

nd

ial cre

scia e

m m

éd

ia

3,5

% a

o a

no

.

• D

e 1

98

1 a

19

93

Ritm

o d

e cre

scime

nto

be

m m

od

es-

to d

o P

IB, in

cluin

do

mo

me

nto

s de

rece

ssão

, com

taxa

dia

de

cres-

cime

nto

de

1,7

% a

o a

no

. Ne

ssa

fase

verifico

u-se

qu

ed

a n

o P

IB p

er

capita

, po

is o cre

scime

nto

de

mo

-

grá

fico fo

i ma

ior d

o q

ue

o cre

sci-

me

nto

do

PIB

.

• D

e 1

99

4 a

20

01

Re

tom

ad

a g

rad

ua

l do

crescim

en

to,

qu

an

do

o P

IB re

gistro

u ta

xa m

éd

ia

de

2,8

% a

o a

no

.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 59

Page 62: Ge 8 como entender mercado

60Indicador e

conômico

Po

r mu

itas d

éca

da

s, a p

artir d

e

me

ad

os d

o sé

culo

XX

, o P

IB se

rviu

com

o p

arâ

me

tro d

e co

mp

ara

ção

en

tre o

s pa

íses.

Seu

s nú

me

ros e

ram

utiliza

do

s

com

o b

aliza

do

res d

a situ

açã

o e

co-

mica

de

de

term

ina

do

pa

ís.

Co

m b

ase

ne

le, fo

i criad

o o

PIB

per cap

ita– o

valo

r do

PIB

divid

i-

do

pe

la p

op

ula

ção

. Em

tese

, o

resu

ltad

o re

fletiria

o g

rau

de

riqu

eza

do

s ha

bita

nte

s.

Po

rém

, o e

leva

do

gra

u d

e co

nce

n-

traçã

o d

e re

nd

a e

m d

iverso

s pa

í-

ses, co

mo

o B

rasil, ca

usa

va d

istor-

çõe

s e n

ão

refle

tia a

rea

lida

de

de

um

pa

ís em

rela

ção

ao

be

m-e

star

da

socie

da

de

.

Po

r isso, a

pa

rtir da

cad

a d

e

19

90

, a O

rga

niza

ção

da

Na

çõe

s

Un

ida

s (ON

U) crio

u o

utro

instru

-

me

nto

de

com

pa

raçã

o: o

Índ

ice d

e

De

sen

volvim

en

to H

um

an

o (ID

H)

pa

ra a

valia

r a q

ua

lida

de

de

vida

.

Alé

m d

a va

riáve

l eco

mica

, o

IDH

é co

mp

osto

da

exp

ecta

tiva d

e

vida

e d

o g

rau

de

esco

larid

ad

e

da

po

pu

laçã

o.

Term

ômetro

de crescim

ento

Até

ag

ora

, fala

mo

s de

PIB

, cresci-

me

nto

do

pa

ís, som

a d

e p

rod

uto

s

fina

is, de

sem

pe

nh

o d

a e

con

om

ia...

Ma

s, afin

al, o

qu

e isso

tem

a ve

r

com

seu

ne

cio? Tu

do

! Pa

ra q

ue

seu

em

pre

en

dim

en

to p

rosp

ere

, a

eco

no

mia

do

Pa

ís tem

de

cresce

r.

Ca

so co

ntrá

rio, n

ad

a fe

ito.

Pa

ra e

xem

plifica

r a situ

açã

o,

vam

os co

nh

ece

r a g

ráfica

Ág

uia

,

loca

lizad

a n

a cid

ad

e d

e Sã

o P

au

lo

e d

e p

rop

ried

ad

e d

e W

ilson

Mo

reira

. A a

tivida

de

grá

fica, co

mo

po

de

mo

s intu

ir, é u

m n

eg

ócio

ba

s-

tan

te se

nsíve

l ao

de

sem

pe

nh

o d

a

eco

no

mia

, com

o se

fosse

um

ter-

me

tro d

o a

qu

ecim

en

to e

con

ô-

mico

. Gra

nd

e p

arte

do

serviço

da

grá

fica é

volta

da

pa

ra a

con

fecçã

o

de

ma

teria

is pro

mo

cion

ais, p

eça

s

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 60

Page 63: Ge 8 como entender mercado

61

pu

blicitá

rias e

brin

de

s pa

ra o

utra

s

em

pre

sas, co

mo

fold

ers, ad

esivo

s,

catá

log

os, ca

rtaze

s e d

isplays.

As e

nco

me

nd

as va

riam

na

pro

po

r-

ção

dire

ta d

a vita

lida

de

do

s ne

-

cios d

as d

em

ais e

mp

resa

s, qu

e tê

m

de

esta

r disp

osta

s a p

rom

ove

r sua

s

ma

rcas e

seu

s serviço

s po

r me

io

do

s pro

du

tos g

ráfico

s de

fino

aca

-

ba

me

nto

. Pa

ra o

sen

ho

r Mo

reira

,

assim

com

o p

ara

tod

os o

s bra

silei-

ros, é

fun

da

me

nta

l, en

tão

, qu

e a

eco

no

mia

cresça

.

A curto

prazo

A e

volu

ção

do

PIB

, a cu

rto p

razo

,

é d

ete

rmin

ad

a p

ela

de

ma

nd

a im

e-

dia

ta p

or p

rod

uto

s. É a

cha

ma

da

de

ma

nd

a a

gre

ga

da

, form

ad

a co

m

ba

se n

os n

íveis d

e co

nsu

mo

e

inve

stime

nto

, do

s ga

stos d

o g

ove

r-

no

e d

as e

xpo

rtaçõ

es líq

uid

as.

Va

mo

s che

car o

qu

e sig

nifica

isso:

Co

nsu

mo

Re

fere

-se a

o va

lor d

e to

do

s

os b

en

s e se

rviços co

mp

rad

os

pe

la p

op

ula

ção

. Divid

e-se

em

três su

bca

teg

oria

s:

• C

on

sum

o d

e b

en

s nã

o d

urá

ve

is

Arro

z, feijã

o, d

ete

rge

nte

, pa

stel,

cad

ern

o, film

e fo

tog

ráfico

, brin

-

qu

ed

os, o

s imp

resso

s da

grá

fica d

o

sen

ho

r Wilso

n e

tc.

• C

on

sum

o d

e b

en

s du

ráv

eis

Ele

trod

om

éstico

s em

ge

ral, T

Vs,

veis, a

uto

veis e

tc.

• C

on

sum

o d

e se

rviço

s

Saú

de

, ed

uca

ção

, seto

r fina

nce

iro,

be

leza

, laze

r etc.

Inv

estim

en

to

É tod

a desp

esa destin

ada a au

men

-

tar a capacid

ade d

e pro

du

ção.

Até agora,falam

os de PIB,

crescimento do país,som

ade produtos finais,desem

penho da economia...

Mas,afinal,o que isso tem

a ver com

seu negócio? Tudo! Para que seuem

preendimento prospere,

a economia do País tem

de crescer.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 61

Page 64: Ge 8 como entender mercado

62Ga

stos d

o g

ov

ern

o

Inclu

em

os b

en

s ou

serviço

s com

-

pra

do

s pe

los g

ove

rno

s fed

era

l,

esta

du

al o

u m

un

icipa

l.

Ex

po

rtaçõ

es líq

uid

as

Trata

-se d

a d

ifere

nça

en

tre a

s

exp

orta

çõe

s e im

po

rtaçõ

es re

aliza

-

da

s nu

m d

ad

o p

erío

do

.

Ca

da

um

de

sses fa

tore

s listad

os

corre

spo

nd

e a

um

a va

riáve

l da

de

ma

nd

a a

gre

ga

da

, de

pe

nd

en

te

de

ou

tros fa

tore

s eco

mico

s.

O co

nsu

mo

, po

r exe

mp

lo, d

ep

en

-

de

da

ren

da

, do

créd

ito e

do

esto

-

qu

e d

e riq

ue

za d

ispo

níve

is na

socie

da

de

; o in

vestim

en

to d

ep

en

-

de

da

s taxa

s de

juro

s e d

a d

ispo

ni-

bilid

ad

e d

e ca

pita

l inte

rno

ou

exte

rno

; o g

asto

blico

de

pe

nd

e

de

de

cisõe

s po

líticas e

institu

cio-

na

is; já a

exp

orta

ção

e im

po

rtaçã

o

de

pe

nd

em

de

taxa

de

câm

bio

,

ren

da

exte

rna

ou

de

ma

nd

a in

ter-

na

, tarifa

s e cré

dito

exte

rno

.

A lo

ngo prazo

A ca

pa

cida

de

de

crescim

en

to d

o

PIB

, a lo

ng

o p

razo

, de

pe

nd

e d

e

du

as va

riáve

is:

• Esto

qu

e d

e ca

pita

l no

pa

ís

(má

qu

ina

s, eq

uip

am

en

tos, co

ns-

truçõ

es e

tc.).

• Pro

du

tivida

de

de

sse ca

pita

l.

Portan

to, p

ara qu

e a pro

du

ção

cresça, é imp

rescind

ível o cresci-

men

to d

o esto

qu

e de cap

ital e/ou

da p

rod

utivid

ade. O

aum

ento

do

estoq

ue d

e capital só

oco

rre po

r

meio

de in

vestimen

tos, q

ue p

od

em

ser efetuad

os p

ela aqu

isição d

e

ben

s de cap

ital (nacio

nal o

u im

po

r-

tado

), de im

óveis, p

ela con

strução

de ro

do

vias, ho

spitais, h

idrelétricas,

Para a economia crescer,

o nível de investimento

deve ser maior do que

o de depreciação dos equipam

entos já em

funcionamento na

atividade produtiva,senãoocorre estagnação.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 62

Page 65: Ge 8 como entender mercado

63

escolas…

Pod

em, p

ortan

to, ser

blico

s ou

privad

os.

Pa

ra a

eco

no

mia

cresce

r, o n

ível

de

inve

stime

nto

de

ve se

r ma

ior d

o

qu

e o

de

de

pre

ciaçã

o d

os e

qu

ipa

-

me

nto

s já e

m fu

ncio

na

me

nto

na

ativid

ad

e p

rod

utiva

, sen

ão

oco

rre

esta

gn

açã

o.

Poupança de in

vestim

ento

Os fa

tore

s qu

e in

flue

ncia

m n

o

níve

l de

inve

stime

nto

são

, en

tre

ou

tros, ta

xa d

e ju

ros, flu

xos in

ter-

na

cion

ais d

e ca

pita

l e p

ou

pa

nça

.

Esta

últim

a, a

liás, ta

lvez se

ja a

me

lho

r fon

te d

e in

vestim

en

to,

com

orig

em

em

recu

rsos d

as fa

mí-

lias, d

as e

mp

resa

s, do

seto

r pú

bli-

co o

u d

e fo

nte

exte

rna

.

A p

ou

pa

nça

da

s fam

ílias, e

nq

ua

n-

to n

ão

con

sum

ida

pe

las p

róp

rias,

po

de

m se

r de

ixad

as e

m a

plica

çõe

s

e u

sad

as p

elo

s ba

nco

s com

o cré

di-

to p

ara

terce

iros in

vestire

m e

m

seu

s ne

cios.

A p

ou

pa

nça

da

s em

pre

sas é

o

lucro

, qu

e p

od

e se

r rein

vestid

o

na

s pró

pria

s em

pre

sas.

A p

ou

pa

nça

exte

rna

é o

cap

ital

de

inve

stido

res q

ue

en

tra n

o p

aís

em

bu

sca d

e n

eg

ócio

s.

Já a

po

up

an

ça p

úb

lica é

a d

ifere

n-

ça e

ntre

a a

rreca

da

ção

e a

s de

spe

-

sas co

rren

tes d

e u

m p

aís, e

stad

o

ou

mu

nicíp

io. Se

u co

nce

ito é

dife

-

ren

te d

o d

éficit p

úb

lico, p

ois e

ste

inclu

i os p

róp

rios in

vestim

en

tos.

Na

cad

a d

e 1

97

0, a

po

up

an

ça

blica

no

Bra

sil eq

uiva

lia a

5%

do

PIB

e fo

i rea

lme

nte

um

a g

ran

-

de

fon

te d

e in

vestim

en

to e

m

vário

s seto

res d

a e

con

om

ia.

Já n

o fin

al d

os a

no

s 19

90

, essa

po

up

an

ça e

qu

ivalia

a -5

% d

o P

IB,

ou

seja

, pa

ra co

brir se

us g

asto

s, o

go

vern

o u

sava

tod

a su

a a

rreca

da

-

ção

e a

ind

a 5

% d

o P

IB. D

essa

form

a, fico

u d

ifícil de

pe

nd

er d

a

po

up

an

ça p

úb

lica p

ara

inve

stir e

pro

mo

ver o

crescim

en

to d

o P

IB.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 63

Page 66: Ge 8 como entender mercado

64Cenário

bom ou ru

im

A lo

ng

o p

razo

, a e

volu

ção

do

PIB

é in

flue

ncia

da

po

r dife

ren

tes

mo

de

los d

e p

olítica

blica

, com

o

a p

olítica

fiscal, a

mo

ne

tária

, a

cam

bia

l ou

a d

e re

nd

a.

Va

mo

s com

en

tar b

reve

me

nte

cad

a

um

a d

essa

s po

líticas, p

ara

qu

e se

ja

po

ssível e

nte

nd

er co

mo

as a

titu-

de

s e d

ecisõ

es d

o g

ove

rno

po

de

m

criar u

m ce

rio q

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favo

reça

ou

pre

jud

iqu

e se

u e

mp

ree

nd

ime

nto

.

Po

lítica fisca

l

Pa

ra o

Esta

do

ince

ntiva

r os in

vesti-

me

nto

s a lo

ng

o p

razo

po

r me

io d

a

po

lítica fisca

l, a ló

gica

é q

ue

ha

ja

ma

is ga

sto p

úb

lico e

qu

ed

a d

os

imp

osto

s, disp

on

ibiliza

nd

o re

cur-

sos p

ara

fom

en

tar o

con

sum

o e

o

inve

stime

nto

. O g

asto

blico

foi la

rga

me

nte

usa

do

com

o cria

-

do

r de

de

ma

nd

a e

m d

iverso

s pa

í-

ses. N

o B

rasil, o

ga

sto p

úb

lico é

ap

on

tad

o co

mo

resp

on

sáve

l pe

lo

de

seq

uilíb

rio d

o se

tor p

úb

lico e

ge

rad

or d

e in

flaçã

o.

Po

lítica m

on

etá

ria

Po

r me

io d

ela

, po

de

-se in

cen

tivar

o u

so d

o cré

dito

pa

ra a

qu

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r a

de

ma

nd

a, p

rom

ove

nd

o a

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ed

a

da

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de

juro

s, po

r exe

mp

lo.

Po

lítica ca

mb

ial

Po

r me

io d

ela

, o in

cen

tivo a

o cre

s-

cime

nto

da

pro

du

ção

oco

rre p

ela

de

svalo

rizaçã

o d

a m

oe

da

, o q

ue

facilita

as e

xpo

rtaçõ

es d

e p

rod

uto

s

na

cion

ais e

a su

bstitu

ição

de

pro

-

du

tos im

po

rtad

os – q

ue

ficam

ma

is caro

s com

a m

oe

da

de

svalo

ri-

zad

a – p

or p

rod

uto

s feito

s aq

ui.

Po

lítica d

e re

nd

a

Po

de

de

term

ina

r o a

um

en

to d

o

PIB

po

r me

io d

o a

um

en

to d

o sa

lá-

rio re

al, q

ue

estim

ula

o co

nsu

mo

.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 64

Page 67: Ge 8 como entender mercado

65

Perg

untas e re

spostas

Ne

ste m

om

en

to, vo

cê se

pe

rgu

nta

:

po

r qu

e o

Pa

ís tem

crescid

o tã

o

mo

de

stam

en

te m

esm

o co

m to

do

s

esse

s instru

me

nto

s disp

on

íveis?

Em

20

05

, o P

IB cre

sceu

2,3

%, co

n-

tra 4

,9%

reg

istrad

o e

m 2

00

4. O

resu

ltad

o fo

i ab

aixo

da

dia

de

vizinh

os la

tino

-am

erica

no

s com

o

Arg

en

tina

(9,1

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en

ezu

ela

(9%

)

e M

éxico

(3%

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stad

os U

nid

os,

a m

aio

r eco

no

mia

do

mu

nd

o,

ap

rese

nta

ram

crescim

en

to d

e

3,5

% e

m re

laçã

o a

20

04

. A C

hin

a,

po

r sua

vez, re

gistro

u cre

scime

nto

de

9,9

% e

m 2

00

5.

Pa

ra te

nta

r en

con

trar re

spo

stas,

leia

o q

ua

dro

a se

gu

ir.

Num

a análise sobre o baixo crescimento do PIB

brasileiro,o economista e professor da

Fundação Getúlio Vargas Paulo N

ogueira Batista

aponta que,de 1995 a 2002,o problema cen-

tral foi a vulnerabilidade das contas externas.

Foi o resultado da combinação de câm

bio

sobrevalorizado (até o início de 1999) e da

abertura unilateral da economia (redução de

tarifas e outras barreiras à importação).D

epois

de 2003,a adoção de políticas macroeconôm

i-

cas restritivas voltadas para o combate à infla-

ção teria contido o crescimento.Para B

atista,o

governo poderia ter estimulado a dem

anda

agregada com o corte da taxa de juros,por

exemplo,sem

temer a inflação,porque a eco-

nomia operava com

cerca de 80% da capaci-

dade instalada.Em resposta a um

estímulo de

demanda,os níveis de produção poderiam

aumentar m

esmo sem

grandes investimentos,

com base no aum

ento do número de turnos de

trabalho,nos investimentos m

arginais e em

outras adaptações do processo produtivo.Além

disso,as altas taxas de desemprego atuais

diminuem

o risco da chamada inflação de

demanda.N

essa análise,estão implícitos os

conceitos de PIB potencial e PIB

efetivo.O PIB

potencial se refere à capacidade total da pro-

dução do país,e o PIB efetivo m

ede o que real-

mente está sendo produzido,sem

o uso de

todas as máquinas,escritórios e trabalhadores

do país.O PIB

efetivo sempre tende a ser

menor do que o potencial.Q

uando os dois PIBs

se igualam,ou seja,quando o que estiver

sendo produzido efetivamente estiver ocupando

toda a capacidade produtiva,ocorre a chamada

situação de pleno emprego.

Cre

scim

en

to d

o P

IB: p

ossív

eis

cau

sas e

so

luçõ

es

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 65

Page 68: Ge 8 como entender mercado

66Ponto

s de vista diversos

A a

lise d

o p

rofe

ssor P

au

lo

No

gu

eira

é u

ma

da

s po

ssíveis

inte

rpre

taçõ

es d

a q

ue

stão

. É p

reci-

so q

ue

o e

mp

ree

nd

ed

or te

nh

a cla

-

reza

qu

e e

xistem

dive

rsos p

on

tos

de

vistas so

bre

o a

ssun

to m

uita

s

veze

s con

flitan

tes.

Pa

ra o

eco

no

mista

-che

fe d

o

San

tan

de

r Ba

ne

spa

, An

dré

Loe

s,

po

r exe

mp

lo, a

red

uçã

o b

rusca

da

s

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s de

juro

s nã

o re

sulta

ria n

um

crescim

en

to m

aio

r da

eco

no

mia

,

um

a ve

z qu

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s po

líticas fisca

l

e m

on

etá

ria d

e cu

rto p

razo

são

reco

me

nd

ad

as a

pa

íses q

ue

ap

re-

sen

tam

PIB

efe

tivo b

em

ab

aixo

do

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po

ten

cial. Se

gu

nd

o o

eco

no

-

mista

, no

Bra

sil essa

dife

ren

ça é

pe

qu

en

a, e

o a

um

en

to d

o P

IB e

fe-

tivo, se

m q

ue

ha

ja in

vestim

en

tos

na

cap

acid

ad

e d

e p

rod

uçã

o, g

era

-

ria in

flaçã

o.

Atenção às in

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ações

Pa

ra o

em

pre

en

de

do

r, ficam

as

seg

uin

tes d

icas:

• Pro

cure

aco

mp

an

ha

r a d

ivulg

a-

ção

do

s resu

ltad

os d

o P

IB e

as

inte

rpre

taçõ

es d

os a

na

listas p

ela

imp

ren

sa, p

orq

ue

essa

s info

rma

-

çõe

s au

xiliam

na

pró

pria

ava

liaçã

o

da

situa

ção

eco

mica

.

• Bu

squ

e u

m re

sulta

do

ma

is de

ta-

lha

do

do

PIB

no

s cad

ern

os d

e

eco

no

mia

do

s jorn

ais o

u e

m

sites e

spe

cializa

do

s.

• Pre

ste a

ten

ção

no

de

sem

pe

nh

o

do

s dive

rsos se

tore

s e su

bse

tore

s

da

eco

no

mia

.

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 66

Page 69: Ge 8 como entender mercado

67

• Ten

ha

cau

tela

se o

seto

r de

seu

ram

o d

e a

tivida

de

estive

r com

pe

qu

en

a ta

xa d

e cre

scime

nto

ou

me

smo

ap

rese

nta

r taxa

ne

ga

tiva

(em

esta

gn

açã

o o

u re

traçã

o), p

ois

isso sig

nifica

qu

e a

té re

cen

tem

en

-

te h

avia

um

a p

rocu

ra m

en

or q

ue

a

ofe

rta d

e b

en

s/serviço

s em

seu

seto

r, o q

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torn

a a

con

corrê

ncia

ma

is acirra

da

.

• Se o

s ind

icad

ore

s estive

rem

ap

on

tan

do

pa

ra a

exp

an

são

eco

-

mica

, pre

pa

re-se

: po

de

m e

star

surg

ind

o o

po

rtun

ida

de

s de

pro

s-

pe

rida

de

no

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cios, in

clusive

com

po

ten

cial e

ntra

da

de

no

vos

con

sum

ido

res n

o m

erca

do

.

Se os indicadores estiveremapontando para a expansãoeconôm

ica,prepare-se: podem

estar surgindo oportunidades de prosperidade nos negócios,inclusive com

potencialentrada de novos consum

idores no mercado.

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

5

>O

que é Produto Interno Bruto (PIB

) ecom

o ele se compõe.

1

> C

omo utilizar o PIB

como term

ômetro

de curto e longo prazos.2

>C

omo interpretar as inform

ações sobreo PIB

para relacioná-las a seu negócio.3

livro08_54-67 25.08.06 17:40 Page 67

Page 70: Ge 8 como entender mercado

EXPORTAÇÕESEIMPORTAÇÕES

O q

ue é

taxa d

e c

âm

bio

?

Com

o e

nte

nd

er a

s m

ed

idas d

o

gove

rno re

lativa

s à

imp

orta

ção

e e

xp

orta

ção? O

que é

bala

nça

de p

agam

ento

s?

6

68Os p

aíse

s rea

lizam

tran

saçõ

es

en

tre si, co

mp

ran

do

e ve

nd

en

do

pro

du

tos, e

ntre

be

ns e

serviço

s,

pa

ra a

ten

de

r a d

em

an

da

s qu

e se

u

me

rcad

o in

tern

o n

ão

é ca

pa

z de

sup

rir. O B

rasil, p

or e

xem

plo

,

ven

de

au

tom

óve

is pa

ra a

Arg

en

tina

. Po

rém

, ne

nh

um

esta

-

be

lecim

en

to co

me

rcial b

rasile

iro

ace

ita p

eso

s arg

en

tino

s com

o

mo

ed

a d

e tro

ca. N

em

pe

sos n

em

eu

ros n

em

lare

s ne

m q

ua

isqu

er

mo

ed

as d

os p

aíse

s qu

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mp

ram

pro

du

tos d

o B

rasil.

Da

me

sma

form

a, o

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l bra

sileiro

o é

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ito n

os m

erca

do

s de

on

de

o P

aís im

po

rta p

rod

uto

s.

Co

mo

as m

oe

da

s têm

restriçõ

es

ge

og

ráfica

s pa

ra circu

lar, a

prim

ei-

ra m

ed

ida

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ra to

rna

r a co

me

rcia-

lizaçã

o in

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acio

na

l po

ssível é

esta

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lece

r um

a ta

xa d

e câ

mb

io,

de

mo

do

a p

erm

itir a co

nve

rsão

de

valo

res e

ntre

mo

ed

as.

O va

lor d

e ca

da

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ed

a e

stá re

la-

cion

ad

o co

m a

lei d

a o

ferta

e d

a

de

ma

nd

a. Se

gra

nd

e p

rocu

ra

po

r dó

lare

s, po

r exe

mp

lo, a

cota

-

ção

de

ssa m

oe

da

está

em

alta

; ao

con

trário

, se h

á m

ais p

esso

as ve

n-

de

nd

o d

o q

ue

com

pra

nd

o d

óla

res,

a co

taçã

o ca

i.

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 68

Page 71: Ge 8 como entender mercado

69

De

form

a sim

plifica

da

, os o

ferta

n-

tes d

a m

oe

da

estra

ng

eira

são

as

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pre

sas q

ue

ven

de

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rod

uto

s

pa

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utro

s pa

íses, e

os d

em

an

-

da

nte

s são

aq

ue

les q

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com

pra

m

pro

du

tos d

e o

utro

s pa

íses e

pre

ci-

sam

de

lare

s pa

ra p

ag

ar.

Assim

, se h

á m

ais g

en

te q

ue

ren

do

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de

r do

qu

e co

mp

rar a

mo

ed

a

estra

ng

eira

, a te

nd

ên

cia é

a ta

xa

de

câm

bio

se d

esva

loriza

r. De

mo

do

inve

rso, a

ten

ncia

é q

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se re

gistre

alta

na

taxa

de

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bio

qu

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do

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rocu

ra p

ela

mo

ed

a é

ma

ior d

o q

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a d

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da

.

Mediação do BC

O m

ovim

en

to d

e co

mp

ra e

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da

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s nã

o o

corre

dire

tam

en

te

en

tre a

s pa

rtes in

tere

ssad

as. O

me

rcad

o d

e câ

mb

io se

de

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volve

no

am

bie

nte

ba

ncá

rio e

é re

gu

la-

do

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lad

o p

elo

Ba

nco

Ce

ntra

l. O B

C lista

taxa

s mé

dia

s

qu

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nsid

era

seg

ura

s pa

ra m

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-

ter o

s de

ma

is ind

icad

ore

s eco

-

mico

s eq

uilib

rad

os. P

orta

nto

, se

um

a o

ferta

exce

ssiva d

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óla

r

e a

cota

ção

da

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ed

a ca

i ab

aixo

do

níve

l pro

jeta

do

pe

la in

stitui-

ção

, o B

C in

tervé

m, co

mp

ran

do

o

exce

sso p

ara

força

r a ta

xa a

volta

r

ao

s níve

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uro

s. Pe

lo m

esm

o

racio

cínio

, qu

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falta

da

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ed

a, p

orq

ue

tem

ma

is inte

res-

sad

os e

m co

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rar d

o q

ue

a o

ferta

e a

taxa

sob

e a

cima

da

qu

ela

dia

seg

ura

esta

be

lecid

a p

elo

BC

, a in

stituiçã

o in

tervé

m n

ova

-

me

nte

, ma

s de

sta ve

z pa

ra o

ferta

r

pa

rte d

e se

u e

stoq

ue

de

divisa

s

inte

rna

cion

ais e

força

r a q

ue

da

na

cota

ção

, disp

on

ibiliza

nd

o m

ais

lare

s pa

ra o

s inte

ressa

do

s.

Câmbio fix

o e flu

tuante

É co

mu

m o

uvir a

s exp

ressõ

es câ

m-

bio

fixo e

câm

bio

flutu

an

te n

o

no

ticário

eco

mico

.

O câ

mb

io fixo

, cha

ma

do

lar

com

ercia

l, é u

sad

o n

as o

pe

raçõ

es

de

imp

orta

ção

e e

xpo

rtaçã

o,

em

pré

stimo

s, inve

stime

nto

s e n

a

rem

un

era

ção

de

stes ú

ltimo

s.

Já o

câm

bio

ou

lar flu

tua

nte

é

ap

licad

o, p

or e

xem

plo

, sob

re co

m-

pra

s feita

s com

cartõ

es d

e cré

dito

no

exte

rior.

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 69

Page 72: Ge 8 como entender mercado

70

Vender m

ais, c

omprar m

enos

No

com

ércio

inte

rna

cion

al, o

s pa

í-

ses p

erse

gu

em

a su

pe

raçã

o d

as

exp

orta

çõe

s em

rela

ção

às im

po

r-

taçõ

es. Isso

po

rqu

e a

s ven

da

s

exte

rna

s têm

efe

ito so

bre

a e

co-

no

mia

. Pa

ra e

xpo

rtar, a

s em

pre

sas

au

me

nta

m a

pro

du

ção

, os e

mp

re-

go

s e o

uso

do

s be

ns d

ispo

níve

is

no

pa

ís. Po

r ou

tro la

do

, qu

an

do

se

imp

orta

, esse

efe

ito m

ultip

licad

or

oco

rre e

m o

utro

pa

ís.

Po

rtan

to, o

qu

e to

do

s os p

aíse

s

qu

ere

m é

exp

orta

r ma

is do

qu

e

imp

orta

r, po

rqu

e a

cum

ula

m d

ivi-

sas e

rese

rvas p

ara

pa

ga

r sua

s dívi-

da

s e d

eixa

r a e

con

om

ia fo

rte o

suficie

nte

pa

ra n

ão

se a

ba

lar co

m

eve

ntu

ais crise

s.

Exporta

ção e im

porta

ção

Po

r qu

e é

pre

ciso e

xpo

rtar e

imp

orta

r? Pa

íses im

po

rtam

pa

ra

sup

rir sua

s de

ma

nd

as in

tern

as,

seja

po

rqu

e n

ão

em

seu

s me

r-

cad

os d

ispo

nib

ilida

de

do

be

m

de

seja

do

, seja

po

rqu

e co

mp

rar o

be

m n

o e

xterio

r, às ve

zes, m

ostra

-

se m

ais va

nta

joso

do

qu

e b

uscá

-lo

no

me

rcad

o in

tern

o d

evid

o a

os

custo

s de

pro

du

ção

ma

is ba

rato

s e

pre

ços fin

ais m

ais co

mp

etitivo

s,

torn

an

do

a a

qu

isição

exte

rna

um

me

lho

r ne

cio.

O m

erca

do

inte

rna

cion

al é

pe

r-

me

ad

o p

ela

cha

ma

da

Teo

ria d

as

Va

nta

ge

ns C

om

pa

rativa

s, pe

la

qu

al d

ua

s na

çõe

s têm

rela

çõe

s

com

ercia

is qu

an

do

ap

rese

nta

m

custo

s dife

ren

tes d

e p

rod

uçã

o.

Um

a d

ela

s exp

orta

rá se

mp

re

aq

ue

le p

rod

uto

qu

e p

rod

uzir a

custo

s me

no

res d

o q

ue

a o

utra

.

Ne

sse ca

so, o

com

ércio

en

tre a

s

du

as n

açõ

es to

rna

-se va

nta

joso

pa

ra a

mb

as. N

essa

teo

ria, é

me

lho

r pa

ra o

s pa

íses se

de

dica

-

rem

à p

rod

uçã

o d

o b

em

qu

e te

m

van

tag

en

s com

pa

rativa

s ma

iore

s.

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 70

Page 73: Ge 8 como entender mercado

71

Medidas pro

tecionistas

Pa

ra te

nta

r ba

rrar a

s imp

orta

çõe

s

exce

ssivas e

estim

ula

r a ve

nd

a d

e

seu

s pro

du

tos lo

cais, o

s pa

íses

ad

ota

m m

ed

ida

s pro

tecio

nista

s.

En

tre e

ssas m

ed

ida

s, de

staca

m-se

:

• Au

me

nto

de

imp

osto

s de

imp

or-

taçã

o, q

ue

torn

am

os p

reço

s

do

s imp

orta

do

s ma

is alto

s e

me

no

s com

pe

titivos.

• Esta

be

lecim

en

to d

e co

tas

de

imp

orta

ção

.

• Cria

ção

de

sub

sídio

s inte

rno

s

pa

ra e

stimu

lar a

ven

da

de

seu

s pro

du

tos.

Existe

m ta

mb

ém

ba

rreira

s nã

o

tarifá

rias n

orm

alm

en

te se

dim

en

ta-

da

s em

qu

estõ

es sa

nitá

rias. P

or

exe

mp

lo, a

am

ea

ça d

e su

rto d

e

feb

re a

ftosa

no

ga

do

bra

sileiro

po

de

se to

rna

r imp

ed

ime

nto

pa

ra

o in

gre

sso d

e ca

rne

na

cion

al e

m

me

rcad

os e

xtern

os.

Balança de pagamento

s

Co

mo

essa

s rela

çõe

s com

ercia

is

são

con

tab

ilizad

as p

elo

s pa

íses?

Tod

as a

s tran

saçõ

es co

m m

oe

da

s

inte

rna

cion

ais e

ntra

m n

a co

nta

bi-

lida

de

da

cha

ma

da

ba

lan

ça

de

pa

ga

me

nto

s.

Po

r me

io d

ela

, rea

liza-se

o re

gistro

con

táb

il de

tod

as a

s op

era

çõe

s de

com

pra

e ve

nd

a e

m m

oe

da

estra

n-

ge

ira, im

po

rtaçõ

es, e

xpo

rtaçõ

es,

em

pré

stimo

s qu

e o

Pa

ís rece

be

em

mo

ed

a e

stran

ge

ira, ca

pita

l da

s

em

pre

sas in

tern

acio

na

is qu

e se

insta

lam

no

Bra

sil e ca

pita

l de

ssas

qu

e sa

em

do

Bra

sil.

Na década de 1950,o B

rasil tentou implan-

tar uma política de substituição de im

porta-

ção,criando incentivos para a produção

interna e barreiras para produtos estrangei-

ros.Em 1968,ocorreu um

a abertura econô-

mica com

políticas de incentivo ao comércio

exterior.Entre meados da década de 1970 e

fim dos anos 1980,sucederam

-se novas

imposições às com

pras no exterior num

movim

ento restritivo ao mercado internacio-

nal.Já no início dos anos 1990,houve nova

mudança de rota com

a intensificação da

abertura econômica.

Co

mp

orta

men

to h

istó

rico

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 71

Page 74: Ge 8 como entender mercado

72Ter um

a balan

ça de p

agam

ento

s

com

saldo

po

sitivo sig

nifica reg

is-

trar aum

ento

das reservas d

o p

aís.

Co

nh

ecer esses resultad

os é essen

-

cial para m

ensu

rar o fô

lego

da eco

-

no

mia. A

balan

ça de p

agam

ento

s

com

po

rta três gran

des categ

orias:

• Balan

ça com

ercial.

• Balan

ça de serviço

s.

• Balan

ça de cap

itais.

Balança

comercia

l

Co

ntab

iliza o resu

ltado

entre

imp

ortaçõ

es e expo

rtações. A

s ven-

das d

e pro

du

tos b

rasileiros são

registrad

as na co

ntab

ilidad

e com

o

crédito

, e a com

pra d

e pro

du

tos

estrang

eiros co

mo

déb

ito.

Balança

de se

rviço

s

Reú

ne o

s serviços p

restado

s e rece-

bid

os d

e estrang

eiros. C

on

tabili-

zam-se, p

or exem

plo

, os ju

ros

pag

os p

elo B

rasil e os lu

cros rem

e-

tido

s ao exterio

r po

r emp

resas

intern

acion

ais instalad

as no

País.

Jun

tas, as balan

ças com

ercial e de

serviços co

nstitu

em a ch

amad

a

balan

ça de tran

sações co

rrentes.

Esta reún

e transaçõ

es de co

mp

ra e

vend

a de serviço

s e ben

s.

Balança

de ca

pita

is

Reú

ne o

registro

de cap

itais de

emp

resas estrang

eiras no

Brasil e d

e

emp

réstimo

s con

traído

s pelo

País.

Fixação das ta

xas de câmbio

Co

mo

vimo

s, o B

anco

Cen

tral brasi-

leiro aco

mp

anh

a o m

ovim

ento

do

mercad

o n

a com

pra e ven

da d

e

lares e intervém

qu

and

o p

res-

sente q

ue o

ritmo

de u

m d

os lad

os

po

de p

rejud

icar a econ

om

ia.

A teo

ria de fixação

do

câmb

io lid

a

com

três po

ssibilid

ades:

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 72

Page 75: Ge 8 como entender mercado

73

• Câm

bio

livre.

• Câm

bio

fixo.

• Min

iban

das.

Câmbio liv

re

Seria

um

a situ

açã

o se

m in

terfe

-

rên

cia g

ove

rna

me

nta

l. O va

lor

da

mo

ed

a se

ria e

stab

ele

cido

ún

ica

e e

xclusiva

me

nte

pe

la d

ispo

sição

do

me

rcad

o.

Câmbio fix

o

É o g

overn

o q

ue d

etermin

a o valo

r

de su

a mo

eda co

m relação

à refe-

rência estran

geira.

Minibandas

No

sistema d

e min

iban

das, o

go

verno

estabelece u

m in

tervalo

em q

ue o

valor d

a mo

eda p

od

e se

mo

vimen

tar. Foi esse o

sistema q

ue

o B

rasil ado

tou

entre 1995 e 1999,

ano

em q

ue o

País viveu u

ma crise

camb

ial pelo

fato d

e o Plan

o R

eal,

criado

em 1994, ter so

brevalo

riza-

do

o valo

r do

real.

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

6

>A

finalidade da taxa de câmbio e as

definições de câmbio fixo e flutuante.

1

>A

lógica dos movim

entos de exporta-ção e im

portação.2

>A

s medidas protecionistas adotadas

pelos países para barrar as importações.

3

>A

composição da balança de paga-

mentos e a fixação das taxas de câm

bio.4

livro08_68-73 25.08.06 17:56 Page 73

Page 76: Ge 8 como entender mercado

ALTO

S E B

AIX

OS

DO

BR

AS

IL

Qual a

orig

em

dos p

rob

lem

as

econôm

icos d

o B

rasil?

Por q

ue a

econom

ia b

rasile

ira

ain

da g

era

incerte

zas e

ntre

inve

stid

ore

s e

em

pre

sário

s?

7

74Pa

ra e

nte

nd

er a

eco

no

mia

bra

silei-

ra a

tua

l, é p

reciso

resg

ata

r sua

traje

tória

ao

lon

go

da

s últim

as

cad

as. A

fina

l, qu

estõ

es co

mo

com

po

sição

do

s seto

res e

con

ôm

i-

cos, d

ívida

blica

, salá

rios e

imp

osto

s e tu

do

o q

ue

se re

fere

às

con

tas d

o P

aís tive

ram

orig

em

no

pa

ssad

o, q

ue

, de

mo

do

dire

to e

ind

ireto

, se re

flete

no

s dia

s atu

ais.

Pro

ce

sso

de

ind

ustria

liza

çã

o

O p

roce

sso d

e in

ten

sificaçã

o d

a

ind

ustria

lizaçã

o b

rasile

ira, q

ue

teve

início

a p

artir d

a d

éca

da

de

19

30

, du

ran

te o

go

vern

o d

e

Ge

túlio

Va

rga

s, e se

gu

iu co

m fô

le-

go

até

o fin

al d

os a

no

s 19

70

,

mu

do

u a

estru

tura

da

eco

no

mia

bra

sileira

, an

tes re

spa

lda

da

prin

ci-

pa

lme

nte

pe

la a

tivida

de

ag

rária

.

Mu

da

nça

s com

o e

ssas n

ão

aco

nte

-

cem

de

form

a iso

lad

a, se

m a

feta

r

a e

strutu

ra g

era

l de

um

pa

ís, sua

s

prio

rida

de

s de

inve

stime

nto

s e

sua

s po

líticas. N

o ca

so d

o B

rasil, o

pro

cesso

de

ind

ustria

lizaçã

o fo

i

em

si um

a o

pçã

o p

olítica

. Ela

aco

nte

ceu

forte

me

nte

ince

ntiva

da

pe

lo E

stad

o e

até

me

smo

de

ntro

de

sua

estru

tura

, o q

ue

po

de

ser

ilustra

do

com

a cria

ção

de

gra

nd

es

esta

tais, co

mo

a P

etro

bra

s e a

s

em

pre

sas sid

erú

rgica

s.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 74

Page 77: Ge 8 como entender mercado

75

O g

ove

rno

inve

stia n

a cria

ção

do

s

pró

prio

s con

glo

me

rad

os in

du

s-

triais e

estim

ula

va a

inicia

tiva p

ri-

vad

a a

faze

r o m

esm

o.

As in

strias p

recisa

vam

de

com

-

bu

stível p

ara

ga

ran

tir o fu

ncio

na

-

me

nto

de

seu

s pa

rqu

es e

de

um

a

estru

tura

de

tran

spo

rte p

ara

asse

-

gu

rar a

circula

ção

de

me

rcad

oria

s.

Inve

stime

nto

s alto

s pa

ra a

con

s-

truçã

o d

os p

arq

ue

s ind

ustria

is

de

ma

nd

ava

m o

utro

tan

to d

e

recu

rsos p

ara

asse

gu

rar a

infra

-

estru

tura

qu

e o

s faria

m fu

ncio

na

r.

É im

po

rtan

te le

mb

rar q

ue

a in

se-

gu

ran

ça q

ua

nto

ao

forn

ecim

en

to

de

en

erg

ia e

létrica

e à

s dificu

lda

-

de

s rela

cion

ad

as a

tran

spo

rte e

tele

com

un

icaçõ

es sã

o co

nd

içõe

s

qu

e d

esa

nim

am

inve

stime

nto

s.

Infra

-estru

tura

Um

em

pre

sário

só d

ecid

e se

vai se

insta

lar o

u se

ma

nte

r nu

m d

ete

r-

min

ad

o lu

ga

r, caso

seja

m a

sseg

u-

rad

as a

s mín

ima

s ga

ran

tias p

ara

pro

du

zir e d

istribu

ir seu

s pro

du

-

tos. P

or isso

, um

pa

ís nã

o cre

sce

sem

inve

stir em

infra

-estru

tura

.

Esse

foi u

m se

tor q

ue

rece

be

u

gra

nd

es re

curso

s de

sde

19

30

, com

ate

nçã

o n

os g

ove

rno

s de

Jusce

lino

Ku

bitsch

ek

(19

56

-19

61

) e d

ura

nte

o p

erío

do

milita

r (19

64

-19

84

).

Dis

tribu

içã

o d

e re

nd

a

Para algu

ns esp

ecialistas, a prio

ri-

dad

e no

s investim

ento

s em in

fra-

estrutu

ra teria sido

imp

edim

ento

para a im

plem

entação

das n

ecessá-

rias po

líticas sociais e p

ara a

melh

or d

istribu

ição d

e rend

a. É de

con

hecim

ento

de to

do

s qu

e o

Brasil está en

tre as naçõ

es qu

e exi-

bem

pio

r distrib

uição

de ren

da. A

s

dificu

ldad

es de m

elho

ria da q

uali-

dad

e de vid

a da p

op

ulação

eram

creditad

as com

o cu

sto so

cial da

corrid

a rum

o ao

desen

volvim

en

to.

A in

segu

ran

ça q

ua

nto

ao

forn

ecimen

to d

e energ

ia

elétrica e à

s dificu

lda

des

relacio

na

da

s a tra

nsp

orte e

telecom

un

icaçõ

es são

con

diçõ

es qu

e desa

nim

am

investim

ento

s.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 75

Page 78: Ge 8 como entender mercado

76

cresce

r pa

ra d

ep

ois re

pa

rti-lo”

.

Ao

lem

bra

r do

ob

jetivo

sico d

a

eco

no

mia

de

pro

mo

ver cre

scime

n-

to d

a p

rod

uçã

o, g

era

ção

de

em

pre

go

s e m

elh

oria

da

qu

alid

a-

de

de

vida

com

a d

istribu

ição

de

ren

da

ma

is igu

alitá

ria, p

od

e-se

con

side

rar q

ue

, na

qu

ele

mo

me

nto

da

histó

ria b

rasile

ira, o

s do

is pri-

me

iros q

ue

sitos e

ram

o fo

co d

as

po

líticas im

ple

me

nta

da

s.

Estru

tura

dis

tribu

tiva

A e

con

om

ia b

rasile

ira e

stava

em

fran

co cre

scime

nto

– en

tre 1

96

4 e

19

80

, o P

aís h

avia

salta

do

da

50

a

pa

ra a

10

ap

osiçã

o n

o ran

king

mu

nd

ial d

o P

IB. Ta

mb

ém

lide

rou

a

corrid

a d

os p

aíse

s terce

iro-m

un

dis-

tas ru

mo

ao

de

sen

volvim

en

to.

No

me

smo

pe

ríod

o, o

de

sem

pe

-

nh

o so

cial n

ão

aco

mp

an

ho

u o

s

bo

ns re

sulta

do

s ob

tido

s na

eco

no

-

mia

. Nã

o q

ue

os te

ma

s socia

is

ten

ha

m sid

o e

squ

ecid

os. V

ário

s

ind

icad

ore

s de

mo

nstra

ram

cresci-

me

nto

e m

elh

oria

, com

o a

cesso

à

ed

uca

ção

e à

saú

de

.

Po

rém

, o fa

to é

qu

e n

ão

se co

nse

-

Mila

gre

eco

mic

o

O cre

scime

nto

ace

lera

do

e d

iversi-

ficad

o n

o p

erío

do

do

cha

ma

do

“m

ilag

re e

con

ôm

ico”

, en

tre 1

96

8

e 1

97

4, d

eve

u-se

à d

ispo

nib

ilida

de

exte

rna

de

cap

ital e

à d

ete

rmin

a-

ção

do

s go

vern

os m

ilitare

s de

rea

-

lizar a

ltos in

vestim

en

tos e

m in

fra-

estru

tura

, em

ind

ústria

s de

ba

se,

tran

sform

açã

o, e

qu

ipa

me

nto

s e

be

ns d

urá

veis, e

na

ag

roin

stria,

ala

van

can

do

a e

con

om

ia co

mo

um

tod

o.

Du

ran

te e

sse p

erío

do

de

otim

ismo

eco

mico

, ele

trod

om

éstico

s e

ou

tros b

en

s, com

o a

uto

veis,

pa

ssara

m a

faze

r pa

rte d

o so

nh

o

de

con

sum

o d

os b

rasile

iros.

O “

mila

gre

eco

mico

” fico

u m

ar-

cad

o p

ela

idé

ia d

e q

ue

o m

om

en

-

to e

ra id

ea

l pa

ra “

faze

r o b

olo

Os ven

tos q

ue era

m

favo

ráveis se vira

ram

con

tra

o P

aís n

o fin

al d

os a

no

s

19

70

.N

a d

écad

a d

e 19

80

,a

econ

om

ia b

rasileira

esteve

à b

eira d

e um

a fo

rte crise.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 76

Page 79: Ge 8 como entender mercado

77

gu

iu m

ud

ar a

estru

tura

distrib

uti-

va. P

elo

con

trário

, as d

ifere

nça

s

torn

ara

m-se

ma

iore

s e, a

té o

iní-

cio d

o sé

culo

XX

I, seg

ue

m co

mo

o

ma

ior d

esa

fio a

o g

ove

rno

.

Qu

estã

o d

e in

ve

stim

en

to

Pa

ra se

ter u

ma

idé

ia d

o p

ap

el d

o

Esta

do

na

pro

spe

rida

de

eco

mi-

ca, a

pa

rticipa

ção

do

seto

r pú

blico

no

s inve

stime

nto

s tota

is no

Pa

ís

flutu

ou

em

torn

o d

e 3

5%

a 4

5%

na

s dé

cad

as d

e 1

96

0 e

19

70

. Já n

o

fina

l da

cad

a d

e 1

99

0, e

sses

inve

stime

nto

s rep

rese

nta

ram

ap

e-

na

s 5%

do

tota

l.

No

me

smo

pe

ríod

o, n

ão

se re

gi-

trara

m fa

tore

s de

com

pe

nsa

ção

.

Ou

seja

, a re

traçã

o d

o in

vestim

en

-

to e

stata

l nã

o fo

i com

pe

nsa

da

po

r

inve

stime

nto

s priva

do

s.

Em

19

73

, os re

sulta

do

s da

eco

no

-

mia

fora

m e

xcep

cion

ais: o

PIB

cresce

u 1

4%

, en

qu

an

to o

seto

r

ind

ustria

l reg

istrou

au

me

nto

de

15

,8%

. No

dia

-a-d

ia, o

crescim

en

-

to fo

i trad

uzid

o n

um

a e

ra d

e

em

pre

go

e d

e g

ran

de

s op

ortu

ni-

da

de

s pa

ra o

s em

pre

sário

s.

Em

pré

stim

o e

xte

rno

An

tes e

du

ran

te o

reg

ime

milita

r,

com

o o

go

vern

o n

ão

tinh

a d

inh

ei-

ro p

ara

au

tofin

an

ciar a

infra

-

estru

tura

ad

eq

ua

da

à e

xpa

nsã

o

ind

ustria

l, reco

rreu

-se fo

rtem

en

te

a e

mp

réstim

os in

tern

acio

na

is.

Na

qu

ela

ép

oca

, a co

nju

ntu

ra

exte

rna

mo

strava

-se fa

vorá

vel,

com

linh

as d

e cré

dito

disp

on

íveis

ao

s pa

íses e

m d

ese

nvo

lvime

nto

e

taxa

s de

juro

s con

vida

tivas.

Os ve

nto

s qu

e e

ram

favo

ráve

is se

virara

m co

ntra

o P

aís n

o fin

al d

os

an

os 1

97

0. N

a d

éca

da

de

19

80

,

a e

con

om

ia b

rasile

ira e

steve

à

be

ira d

e u

ma

forte

crise, cu

ja

cau

sa p

rincip

al e

ra o

gra

nd

e

en

divid

am

en

to e

xtern

o.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 77

Page 80: Ge 8 como entender mercado

78O B

rasil e tod

os o

s países d

a

Am

érica Latina, q

ue d

epen

diam

de

din

heiro

externo

para fin

anciar

seus p

rocesso

s desen

volvim

entistas

e viviam o

otim

ismo

do

crescimen

-

to eco

mico

, viram a situ

ação se

inverter n

os an

os 1980 – a ch

ama-

da “d

écada p

erdid

a”, po

r causa d

a

expan

são in

sign

ificante d

o PIB

, do

aum

ento

da d

ívida extern

a e, em

con

seqü

ência d

isso, d

a aceleração

das taxas d

e desem

preg

o e d

a

inflação

e do

agravam

ento

da

situação

social.

Marco

dessa virad

a da d

ispo

sição

do

s mercad

os extern

os fo

i a crise

do

petró

leo d

e 1979, com

forte

alta do

preço

intern

acion

al do

pro

-

du

to e co

m reflexo

em cad

eia em

praticam

ente to

do

s os seg

men

tos

econ

ôm

icos. A

partir d

aí, os fin

an-

ciamen

tos in

ternacio

nais co

meça-

ram a ficar m

ais difíceis e o

nero

sos,

com

o au

men

to d

as taxas de ju

ros

no

s Estado

s Un

ido

s.

Cris

e à

vis

ta

Entre o

s ano

s 1980 e mead

os d

a

décad

a de 1990, o

Brasil viveu

nu

ma esp

écie de “in

ferno

econ

ô-

mico

” em q

ue as taxas altas d

e

inflação

com

pro

metiam

o p

rojeto

de crescim

ento

.

Mu

itas po

líticas econ

ôm

icas foram

imp

lemen

tadas. A

maio

ria delas fo

i

malsu

cedid

a na ten

tativa de co

n-

trolar o

aum

ento

pro

gressivo

de

preço

s e de reto

mar a estab

ilidad

e.

Desd

e os an

os 1980 até o

início

do

século

XX

I, o g

overn

o acu

mu

lou

um

a sucessão

de ten

tativas para

r o B

rasil de vo

lta aos trilh

os d

o

crescimen

to. Em

du

as décad

as,

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 78

Page 81: Ge 8 como entender mercado

79

foram

8 pro

gram

as de estab

iliza-

ção eco

mica, 15 p

olíticas sala-

riais, 54 alterações d

e sistemas d

e

con

trole d

e preço

s, 18 mu

dan

ças

de p

olítica cam

bial, 21 p

rop

ostas

de ren

ego

ciação d

a dívid

a externa,

11 índ

ices oficiais d

e inflação

e 5

con

gelam

ento

s de p

reços e salá-

rios. A

partir d

e 1986, foram

5

mu

dan

ças de m

oed

a.

Em

me

io à

turb

ulê

ncia

A in

versão d

a rota d

e otim

ismo

qu

e pairava so

bre a eco

no

mia b

ra-

sileira foi in

esperad

a para o

emp

re-

sariado

em g

eral. Mu

itas emp

resas,

prin

cipalm

ente d

e peq

uen

o e

méd

io p

ortes, fech

aram as p

ortas.

As q

ue se m

antiveram

em p

é preci-

saram se u

tilizar de m

alabarism

os

para m

anter o

neg

ócio

.

Wilso

n M

oreira, o

do

no

da g

ráfica

Ág

uia, d

estacada co

mo

exemp

lo n

o

capítu

lo 5 d

este livro, fo

i um

do

s

qu

e sob

reviveram à crise eco

mi-

ca. Mo

reira gasto

u tu

do

o q

ue co

n-

segu

iu acu

mu

lar entre o

s ano

s

1960 e 1980 para m

anter a em

pre-

sa em fu

ncio

nam

ento

no

s ano

s

segu

intes. En

tre a inau

gu

ração d

a

gráfica n

a décad

a de 1960 até o

fim d

os an

os 1970, o

emp

resário

viveu am

bien

te favorável p

ara

expan

são d

os n

egó

cios. Tan

to q

ue

se capitalizo

u, in

vestiu em

no

vas

máq

uin

as e com

pro

u terren

o p

ara

con

struir a sed

e da em

presa.

Até o

final d

a décad

a de 1970,

Mo

reira, a exemp

lo d

a gran

de

parte d

o em

presariad

o n

acion

al,

con

tribu

iu p

ara a forte exp

ansão

econ

ôm

ica brasileira, até ven

tos

causarem

turb

ulên

cia no

s fun

da-

men

tos d

a econ

om

ia do

País.

Em d

uas d

écadas,foram

8

prog

ramas d

e estabilização

econôm

ica,15 políticas

salariais,54 alterações de

sistemas d

e controle

de p

reços,18 mu

dan

ças

de p

olítica camb

ial,21

prop

ostas de ren

egociação

da d

ívida extern

a,11 índ

ices

oficiais de in

flação e

5 cong

elamen

tos de

preços e salários.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 79

Page 82: Ge 8 como entender mercado

80Dív

ida

e in

flaçã

o

Dia

nte

da

crise e

con

ôm

ica d

os

an

os 1

97

0, o

go

vern

o m

ilitar b

us-

cou

um

a fó

rmu

la q

ue

fosse

cap

az

de

, ao

me

smo

tem

po

, aju

star a

s

con

tas e

xtern

as, co

mb

ate

r a in

fla-

ção

e m

an

ter o

crescim

en

to e

co-

mico

. Pa

ra isso

, o e

ntã

o m

inis-

tro d

o P

lan

eja

me

nto

De

lfim N

eto

ad

oto

u m

ed

ida

s qu

e p

rese

rvasse

m

a d

em

an

da

inte

rna

. En

tre e

las:

• Co

ntro

le so

bre

as ta

xas d

e ju

ros.

• Exp

an

são

de

créd

ito p

ara

a a

gri-

cultu

ra n

a e

xpe

ctativa

de

ge

rar

um

a su

pe

rsafra

e co

nte

nçã

o d

os

pre

ços d

os a

lime

nto

s.

• Estím

ulo

à ca

pta

ção

exte

rna

com

a d

imin

uiçã

o d

os im

po

stos so

bre

a

rem

essa

de

lucro

.

• Ma

xide

svalo

rizaçã

o d

e 3

0%

do

cruze

iro e

m d

eze

mb

ro d

e 1

97

9

pa

ra im

pu

lsion

ar a

s exp

orta

çõe

s.

Em

rela

ção

a e

sta ú

ltima

me

did

a

do

go

vern

o, o

do

no

da

grá

fica

Ág

uia

tem

pa

rticula

r lem

bra

nça

:

“N

ós tín

ha

mo

s pla

no

s de

troca

r

qu

ina

s, imp

orta

nd

o n

ovo

s

eq

uip

am

en

tos, m

as co

m a

alta

rep

en

tina

do

lar n

ão

de

u m

ais”

,

reco

rda

-se M

ore

ira.

Se, p

or u

m la

do

, a m

axid

esva

lori-

zaçã

o d

o cru

zeiro

em

30

% e

a re

s-

pe

ctiva a

lta d

o d

óla

r atra

pa

lha

-

ram

a im

po

rtaçã

o d

o m

aq

uin

ário

de

Mo

reira

, po

r ou

tro, a

me

did

a

din

am

izou

as e

xpo

rtaçõ

es d

o P

aís,

cum

prin

do

a m

eta

do

go

vern

o:

com

os p

reço

s de

pro

du

tos b

rasi-

leiro

s ma

is com

pe

titivos n

o e

xte-

rior d

evid

o à

de

svalo

rizaçã

o ca

m-

bia

l, foi p

ossíve

l ala

van

car a

s

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 80

Page 83: Ge 8 como entender mercado

81

exp

orta

çõe

s. Co

m o

sald

o d

a

ba

lan

ça co

me

rcial, co

nse

gu

iu-se

cap

tar d

óla

res p

ara

ho

nra

r os

com

pro

misso

s da

dívid

a e

xtern

a.

Po

rém

, com

o a

dívid

a e

xtern

a e

ra

esse

ncia

lme

nte

blica

e o

sup

erá

-

vit com

ercia

l pro

vinh

a d

e e

mp

re-

sas p

rivad

as q

ue

exp

orta

vam

seu

s

pro

du

tos, h

ou

ve n

ece

ssida

de

de

em

issão

de

título

s pú

blico

s pe

lo

go

vern

o p

ara

qu

e a

ad

min

istraçã

o

cap

tura

sse o

din

he

iro q

ue

ing

res-

sava

no

Pa

ís e o

rep

assa

sse p

ara

o

pa

ga

me

nto

da

dívid

a.

Ou

seja

, a b

usca

po

r aju

ste e

xter-

no

cau

sou

de

saju

ste in

tern

o, co

m

cresce

nte

en

divid

am

en

to d

o

Esta

do

ao

colo

car se

us títu

los n

a

pra

ça. A

o co

ntrá

rio d

o a

lme

jad

o,

o co

nju

nto

de

ssas a

çõe

s resu

ltou

em

ace

lera

ção

infla

cion

ária

, com

o

índ

ice ch

eg

an

do

a 1

00

% a

o a

no

em

19

80

, de

vido

ao

au

me

nto

do

s

pre

ços p

úb

licos, d

a le

i qu

e e

steb

e-

lece

u re

aju

ste sa

laria

l sem

estra

l e

da

ma

xide

svalo

rizaçã

o ca

mb

ial,

qu

e a

um

en

tou

o cu

sto d

os p

rod

u-

tos im

po

rtad

os, p

ressio

na

nd

o o

s

pre

ços in

tern

os.

Fim

de

um

a e

ra

A d

ívida

exte

rna

era

o g

ran

de

fan

-

tasm

a d

e p

aíse

s em

de

sen

volvi-

me

nto

. Ela

resu

ltou

na

inso

lvên

cia

da

Po

lôn

ia e

da

Arg

en

tina

e n

a

mo

rató

ria d

o M

éxico

, no

cha

ma

do

“se

tem

bro

ne

gro

” d

e 1

98

2.

Os re

vese

s leva

ram

à re

strição

do

fluxo

de

inve

stime

nto

s exte

rno

s

pa

ra o

s pa

íses e

m d

ese

nvo

lvime

n-

to. E

nce

rrava

-se a

era

do

ince

ntivo

do

s pa

íses e

ba

nco

s estra

ng

eiro

s

cred

ore

s ao

en

divid

am

en

to d

os

pa

íses e

m d

ese

nvo

lvime

nto

com

o

form

a d

e a

lava

nca

r sua

s eco

no

-

mia

s. Inicio

u-se

, en

tão

, a e

ra e

m

qu

e e

sse m

esm

o e

nd

ivida

me

nto

se

torn

ou

o p

róp

rio g

era

do

r do

s

con

stran

gim

en

tos d

este

s pa

íses.

A b

usca p

or ajuste extern

o

causou

desaju

ste intern

o,

com crescen

te end

ividam

ento

do Estad

o ao colocar seus

títulos n

a praça.A

o contrário

do alm

ejado,o con

jun

to

dessas ações resu

ltou em

aceleração inflacion

ária.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 81

Page 84: Ge 8 como entender mercado

82No

Bra

sil, o a

juste

foi in

iciad

o d

e

form

a vo

lun

tária

. Ma

s, a p

artir d

o

fina

l de

19

82

, o P

aís te

ve d

e re

cor-

rer à

aju

da

do

Fun

do

Mo

ne

tário

Inte

rna

cion

al (FM

I).

De

sde

en

tão

, esse

aju

ste p

asso

u a

ser tu

tela

do

, orie

nta

do

e co

bra

do

po

r essa

institu

ição

.

Re

ce

ita a

ma

rga

De

po

is de

o g

ove

rno

fraca

ssar n

a

ten

tativa

de

con

ter a

infla

ção

sem

com

pro

me

ter o

crescim

en

to e

co-

mico

, a p

olítica

ad

ota

da

pa

ra

sup

era

r a crise

foi b

ase

ad

a n

a co

n-

ten

ção

da

de

ma

nd

a in

tern

a.

Qu

an

do

o g

ove

rno

qu

er co

nte

r a

de

ma

nd

a in

tern

a, p

recisa

r em

prá

tica u

m co

nju

nto

de

rece

itas

am

arg

as p

ara

a p

op

ula

ção

, com

o:

• Dim

inu

ição

de

inve

stime

nto

s

blico

s.

• Au

me

nto

da

taxa

de

juro

s.

• Re

strição

ao

créd

ito.

• Re

du

ção

do

salá

rio re

al, re

sul-

tan

te a

té m

esm

o d

o d

ese

mp

reg

o

ge

rad

o p

elo

qu

ad

ro re

cessivo

.

O o

bje

tivo d

elib

era

do

do

go

vern

o

em

con

ter a

de

ma

nd

a g

ero

u p

ro-

fun

da

rece

ssão

em

19

81

e 1

98

3 e

ba

ixo cre

scime

nto

em

19

82

. Co

m a

eco

no

mia

pa

rad

a, m

uito

s bra

silei-

ros q

ue

esp

era

vam

sub

stituir a

TV

pre

to-e

-bra

nco

po

r um

tele

visor

em

core

s pa

ra a

ssistir à se

leçã

o

bra

sileira

na

Co

pa

do

Mu

nd

o d

e

19

82

tivera

m se

u so

nh

o a

dia

do

.

Pa

ra o

do

no

da

grá

fica Á

gu

ia,

aq

ue

le p

erío

do

foi u

m ve

rda

de

iro

Dep

ois de o g

overn

o

fracassar na ten

tativa de

conter a in

flação sem

comp

rometer o crescim

ento

econôm

ico,a política

adotad

a para su

perar a crise

foi basead

a na con

tenção d

a

dem

and

a intern

a.Qu

and

o o

go

verno q

uer con

ter a

dem

and

a intern

a,precisa

pôr em

prática u

m con

jun

to

de receitas am

argas.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 82

Page 85: Ge 8 como entender mercado

83

pe

sad

elo

. Nã

o b

asta

sse a

rece

ssão

en

curta

r o co

be

rtor p

ara

seu

s

ne

cios, u

m in

cên

dio

s fim a

um

esto

qu

e d

e p

ap

el e

, o p

ior,

qu

eim

ou

um

a d

e su

as m

áq

uin

as

ma

is mo

de

rna

s, cau

san

do

um

pre

-

juízo

ime

nsu

ráve

l.

Co

ntra

a in

flaçã

o

A p

rime

ira m

eta

de

de

19

80

foi

ma

rcad

a p

elo

pe

ríod

o fin

al d

a

dita

du

ra m

ilitar b

rasile

ira, fa

to

ma

rcad

o p

ela

de

rrota

da

Are

na

,

o p

artid

o d

o g

ove

rno

, na

ele

ição

pa

ra g

ove

rna

do

res e

m 1

98

2 n

a

ma

ioria

do

s Esta

do

s.

Já p

ressio

na

da

pe

lo fa

nta

sma

do

de

sem

pre

go

, a p

op

ula

ção

viu o

Pa

ís me

rgu

lha

do

nu

ma

crise q

ue

pra

ticam

en

te b

loq

ue

ou

seu

cresci-

me

nto

eco

mico

po

r tod

a a

cad

a d

e 1

98

0.

O p

erío

do

foi m

arca

do

pe

lo e

mb

a-

te e

ntre

eco

no

mista

s orto

do

xos e

estru

tura

listas so

bre

o m

elh

or

cam

inh

o p

ara

com

ba

ter a

infla

ção

.

En

qu

an

to o

s prim

eiro

s de

fen

dia

m

o a

juste

fiscal e

a co

nte

nçã

o d

os

ga

stos p

úb

licos co

mo

con

diçã

o

pa

ra o

fim d

a in

flaçã

o, o

s de

ma

is

o co

nsid

era

vam

essa

ne

cessid

a-

de

e b

usca

vam

com

ba

ter a

pe

na

s a

cha

ma

da

iné

rcia in

flacio

ria.

Co

m o

prim

eiro

aco

rdo

com

o

FMI, e

m 1

98

2, fo

i imp

lem

en

tad

a

um

a p

olítica

de

cun

ho

orto

do

xo

qu

e, a

o te

nta

r con

ter o

ficit

blico

, atin

giu

ne

ga

tivam

en

te o

s

ga

stos p

úb

licos e

a d

em

an

da

inte

rna

. Essa

po

lítica n

ão

alca

nço

u

êxito

na

bu

sca p

ela

esta

bilid

ad

e, e

os te

órico

s qu

e d

efe

nd

iam

essa

linh

a d

e p

en

sam

en

to tive

ram

sua

cred

ibilid

ad

e a

ba

lad

a.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 83

Page 86: Ge 8 como entender mercado

84Su

ce

ssã

o d

e p

lan

os

No

início

da

No

va R

ep

úb

lica, o

go

vern

o o

pto

u p

elo

s eco

no

mista

s

estru

tura

listas p

ara

form

ula

r sua

po

lítica e

con

ôm

ica. P

ara

este

s, os

ga

stos p

úb

licos e

o co

nse

en

te

ficit fiscal n

ão

era

m o

pro

ble

ma

prin

cipa

l da

eco

no

mia

, já q

ue

pa

rte d

os g

asto

s sign

ificava

inve

sti-

me

nto

s dire

tos n

a e

con

om

ia.

Alé

m d

isso, se

gu

nd

o o

s estru

tura

-

listas, n

ão

ha

via p

rob

lem

a e

m

fina

ncia

r esse

s ga

stos e

inve

stime

n-

tos p

ela

em

issão

de

título

s pú

bli-

cos. O

Pa

ís teve

en

tão

a im

ple

me

n-

taçã

o d

e d

iverso

s pla

no

s eco

mi-

cos co

m vá

rios g

rau

s de

he

tero

do

-

xia p

ara

o co

mb

ate

da

infla

ção

.

Tod

os e

les – P

lan

o C

ruza

do

,

Bre

sser e

Ve

rão

– nã

o o

btive

ram

suce

ssos d

ura

do

uro

na

bu

sca p

ela

esta

biliza

ção

. Ao

fina

l de

cad

a

ten

tativa

frustra

da

, a p

op

ula

ção

volta

va a

se d

ep

ara

r com

alta

s

taxa

s de

infla

ção

.

Já o

Pla

no

Co

llor, e

m 1

99

0, se

gu

iu

orie

nta

ção

orto

do

xa. A

o d

ete

rmi-

na

r o co

nfisco

da

s con

tas b

an

cá-

rias, o

casio

no

u a

rroch

o sa

laria

l e

aju

ste fisca

l, alé

m d

e co

rtar sig

nifi-

cativa

me

nte

a d

em

an

da

. Co

mo

resu

ltad

o, a

eco

no

mia

op

ero

u

ab

aixo

de

sua

cap

acid

ad

e. O

s efe

i-

tos fo

ram

igu

alm

en

te d

esa

stroso

s.

O p

erío

do

de

insta

bilid

ad

e e

con

ô-

mica

pe

rdu

rou

até

a im

ple

me

nta

-

ção

do

Pla

no

Re

al, e

m 1

99

4, q

ue

ba

ixou

a in

flaçã

o, fo

rtale

ceu

a

mo

ed

a e

recu

pe

rou

a cre

dib

ilida

de

da

eco

no

mia

bra

sileira

no

me

rca-

do

inte

rna

cion

al.

Va

mo

s con

he

cer a

go

ra u

m p

ou

co

ma

is sob

re ca

da

um

do

s pla

no

s

eco

mico

s qu

e vig

ora

ram

no

Pa

ís

a p

artir d

e 1

98

6.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 84

Page 87: Ge 8 como entender mercado

85

Pla

no

Cru

za

do

Em

19

86

, an

tes d

e co

mp

leta

r um

an

o d

e g

ove

rno

e co

m u

ma

infla

-

ção

acu

mu

lad

a d

e 2

52

,6%

em

12

me

ses, o

pre

side

nte

José

Sarn

ey e

seu

min

istro d

a Fa

zen

da

Dilso

n

Fun

aro

lan

çara

m o

Pla

no

Cru

zad

o.

Um

a d

as ca

racte

rísticas d

o p

lan

o

foi a

liar h

ete

rod

oxia

eco

mica

e

trata

me

nto

de

cho

qu

e, co

m o

con

-

ge

lam

en

to d

e p

reço

s, de

salá

rios,

da

s tarifa

s e d

o câ

mb

io.

O o

bje

tivo d

o “

cho

qu

e”

do

con

ge

-

lam

en

to e

ra a

pa

ga

r a m

em

ória

infla

cion

ária

nu

m p

aís cu

ja p

op

u-

laçã

o já

ha

via se

aco

stum

ad

o a

faze

r esto

qu

e d

e p

rod

uto

s com

o

óle

o d

e co

zinh

a, a

rroz e

até

pa

pe

l

hig

iên

ico p

ara

fug

ir da

alta

qu

ase

diá

ria d

os p

reço

s.

Ho

uve

troca

de

mo

ed

a, d

e cru

zei-

ro p

ara

cruza

do

, com

corte

de

três

zero

s. Pa

ra q

ue

m tin

ha

con

traíd

o

dívid

as a

pra

zo, a

con

versã

o m

os-

trou

-se va

nta

josa

, afin

al o

mo

n-

tan

te d

a d

ívida

caía

a ca

da

dia

.

Po

rém

, esse

o e

ra o

caso

da

grá

fica d

e M

ore

ira. Su

a e

mp

resa

en

con

trava

-se e

m b

oa

situa

ção

,

com

esto

qu

e d

e p

ap

el, p

ou

cas

dívid

as n

o m

erca

do

e d

inh

eiro

pa

ra re

ceb

er d

os clie

nte

s po

r

serviço

s pre

stad

os.

Pa

ra e

le, o

Pla

no

Cru

zad

o fo

i terrí-

vel: “

Eu

esta

va co

m a

casa

em

ord

em

e, q

ua

nd

o fin

alm

en

te o

s

clien

tes fo

ram

me

pa

ga

nd

o a

s

pre

staçõ

es co

mo

com

bin

ad

o,

qu

ase

o re

ceb

i na

da

, po

is as

dívid

as se

de

svalo

rizara

m”

.

A in

flaçã

o d

esp

en

cou

pa

ra a

pro

xi-

ma

da

me

nte

1%

ao

s, e o

pla

no

go

zou

de

am

plo

ap

oio

po

pu

lar.

O p

residen

te José S

arn

ey

e seu m

inistro

da

Fazen

da

Dilso

n Fu

na

ro la

nça

ram

o

Pla

no

Cru

zad

o.

Um

a d

as

cara

cterísticas d

o p

lan

o fo

i

alia

r hetero

do

xia eco

mica

e trata

men

to d

e cho

qu

e,

com

o co

ng

elam

ento

de

preço

s,d

e salá

rios,

da

s

tarifa

s e do

câm

bio

.

O o

bjetivo

do

“cho

qu

e”d

o

con

gela

men

to era

ap

ag

ar

a m

emó

ria in

flacio

ria.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 85

Page 88: Ge 8 como entender mercado

86Surg

iram o

s “Fiscais do

Sarney”,

cidad

ãos q

ue vig

iavam as g

ôn

do

las

do

s sup

ermercad

os, ch

ecavam o

cum

prim

ento

do

tabelam

ento

e

den

un

ciavam a rem

arcação d

e pre-

ços co

mo

se fosse u

m ato

cívico em

no

me d

a econ

om

ia po

pu

lar. A

dem

and

a agreg

ada cresceu

rapid

a-

men

te em to

das as classes so

ciais.

A classe m

édia, p

articularm

ente,

foi ao

paraíso

, dan

do

vazão a u

m

desejo

de co

nsu

mo

represad

o p

or

ano

s de recessão

. Entre o

s ben

s

du

ráveis, o vid

eocassete, g

rand

e

no

vidad

e entre o

s eletrod

om

ésti-

cos, fo

i a vedete d

o m

om

ento

.

Alg

un

s pro

du

tos co

meçaram

a fal-

tar no

mercad

o, co

mo

carne, leite e

até auto

veis. O m

ercado

passo

u

a praticar o

ágio

para en

tregar o

s

pro

du

tos, levan

do

o g

overn

o a

estabelecer até co

nfisco

de b

ois n

o

pasto

para reg

ularizar a o

ferta de

carne. A

lgu

ns p

reços ficaram

niti-

dam

ente d

istorcid

os. U

m carro

po

pu

lar po

dia cu

star mais caro

qu

e

um

apartam

ento

devid

o à fo

rte

dem

and

a e às filas de en

com

end

as.

Segu

ind

o a m

esma ló

gica, au

tom

ó-

veis usad

os p

od

iam cu

star mais

caro d

o q

ue u

m n

ovo

simp

lesmen

-

te po

rqu

e já estavam p

ron

tos p

ara

serem ven

did

os. A

lém d

e pro

vocar

con

fusão

no

mercad

o e n

as refe-

rências d

e preço

, o p

lano

pad

eceu

de p

rob

lemas m

ais graves. En

tre as

falhas ap

on

tadas p

ara seu fracasso

,

está a falta de ad

oção

de refo

rmas

mo

netária, fiscais e estru

turais p

ara

blo

qu

ear, de fato

, a inflação

.

Pla

no

Cru

zad

o II

Em n

ovem

bro

de 1986, o

go

verno

lanço

u o

Plano

Cru

zado

II para ten

-

tar con

torn

ar os p

rob

lemas g

era-

do

s pelo

prim

eiro p

lano

. Entre as

med

idas, d

estacaram-se:

Su

rgiram

os “Fiscais do

Sarn

ey”,cidad

ãos qu

e

vigiavam

as gôn

dolas d

os

sup

ermercad

os,checavam

o

cum

prim

ento d

o tabelam

ento

e den

un

ciavam a rem

arcação

de p

reços como se fosse u

m

ato cívico em n

ome d

a

econom

ia pop

ular.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 86

Page 89: Ge 8 como entender mercado

87

• Au

men

to d

e tarifas pú

blicas.

• Reo

rden

amen

to d

e preço

s

com

reajustes.

• Rein

dexação

da eco

no

mia.

• Criação

de u

m “g

atilho

salarial”

para co

rrigir o

s valores d

o salário

.

• Au

men

to d

a carga fiscal.

As m

edid

as não

foram

suficien

tes.

Em jan

eiro d

e 1987, o B

rasil decla-

rou

mo

ratória d

a dívid

a externa, e

a inflação

volto

u a p

ression

ar, pas-

sand

o d

e 3,3% em

no

vemb

ro d

e

1986 para 23,2%

em m

aio d

e 1987.

Pla

no

Bre

sser

Em ju

nh

o d

e 1987, o n

ovo

min

istro

da Fazen

da, Lu

ís Carlo

s Bresser

Pereira, lanço

u u

m n

ovo

plan

o eco

-

mico

. Para isso, reco

rreu a m

edi-

das já ad

otad

as anterio

rmen

te e a

algu

mas n

ovid

ades:

• Co

ng

elamen

to d

e preço

s e de

salários p

or u

m p

razo d

e 90 dias.

• Reaju

ste e po

sterior co

ng

elamen

-

to d

e tarifas pú

blicas.

• Elevação d

as taxas de ju

ros e

desvalo

rização d

o cru

zado

em

9,5% – d

uas m

edid

as para co

nter

o co

nsu

mo

intern

o.

Além

disso

, tento

u-se co

ntro

lar o

déficit p

úb

lico, estab

elecend

o

com

o m

eta redu

zi-lo d

e 7% p

ara

3,5% d

o PIB

.

Ap

ós o

perío

do

de co

ng

elamen

to,

os salário

s passaram

a ser reajusta-

do

s men

salmen

te com

a volta d

a

pressão

inflacio

nária. C

om

o fracas-

so d

o p

lano

, a inflação

cheg

ou

a

28,8% em

dezem

bro

de 1988.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 87

Page 90: Ge 8 como entender mercado

88Pla

no

Verã

o

Em jan

eiro d

e 1989, o g

overn

o

anu

ncio

u n

ovo

cho

qu

e. O n

om

e do

plan

o, V

erão, fazia referên

cia ao

Plano

Primavera, ad

otad

o n

a

Arg

entin

a. Não

foi o

prim

eiro

plan

o in

spirad

o n

as tentativas

argen

tinas – ig

ualm

ente fracassa-

das – d

e estabilizar su

a econ

om

ia.

O Plan

o C

ruzad

o teve co

mo

matriz

o Plan

o A

ustral, d

o p

residen

te

Rau

l Alfo

nsin

.

Co

m o

Plano

Verão

, o B

rasil

gan

ho

u n

ova m

oed

a, o cru

zado

no

vo, co

m co

rte de três zero

s do

finad

o cru

zado

.

Os p

reços e salário

s foram

no

va-

men

te con

gelad

os, m

as o g

overn

o

man

teve a taxa de ju

ros altíssim

a,

em 25%

ao m

ês.

A d

eman

da caiu

violen

tamen

te,

causan

do

recessão. Po

liticamen

te, o

go

verno

tento

u articu

lar um

pacto

social en

tre emp

resários, trab

alha-

do

res e go

verno

, para m

anter a

econ

om

ia desin

dexad

a, na q

ual u

m

aum

ento

de p

reço n

ão im

plicasse

necessariam

ente o

repasse d

esse

aum

ento

para o

utro

s pro

du

tos, ser-

viços e salário

s. O p

acto fracasso

u.

Para amen

izar os efeito

s da reces-

são, o

go

verno

aum

ento

u o

s inves-

timen

tos d

as emp

resas estatais ao

mesm

o tem

po

qu

e inicio

u u

m p

ro-

gram

a de p

rivatizações. Esta ú

ltima

med

ida in

dicava u

ma ten

tativa de

con

ter o d

éficit pú

blico

e, nesse

mesm

o sen

tido

, algu

ns m

inistério

s

foram

extinto

s.

Em ju

lho

de 1989 a in

flação fo

i de

24,8%, e o

déficit p

úb

lico, 5%

do

PIB. O

go

verno

volto

u a in

dexar a

econ

om

ia. Em fevereiro

de 1990,

últim

o m

ês do

go

verno

Sarney, o

Brasil viveu

a maio

r inflação

de su

a

histó

ria: 83%. O

cruzad

o n

ovo

foi

desvalo

rizado

em 17%

.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 88

Page 91: Ge 8 como entender mercado

89

Pla

no

Co

llor

Em m

arço d

e 1990, apó

s algu

ns

dias d

e sua p

osse, o

presid

ente

Fernan

do

Co

llor e a m

inistra d

a

Econ

om

ia Zélia Card

oso

de M

ello

lançaram

um

paco

te econ

ôm

ico

con

siderad

o p

ela imp

rensa n

a

épo

ca com

o “o

maio

r cho

qu

e da

histó

ria da eco

no

mia d

o País”.

Entre as m

edid

as ado

tadas p

elo

Plano

Co

llor, estavam

o p

olêm

ico

con

fisco d

e tod

as as aplicaçõ

es

finan

ceiras e o lim

ite aos saq

ues

das co

ntas co

rrentes e d

as cadern

e-

tas de p

ou

pan

ça no

mo

ntan

te de

até 50 cruzad

os n

ovo

s, ou

1.300

lares pelo

câmb

io o

ficial.

A id

éia era a retirada d

e mo

eda

em circu

lação, u

m “b

rutal en

xug

a-

men

to d

a liqu

idez”, n

as palavras

de p

róp

ria equ

ipe eco

mica, p

ara

evitar a volta d

a pressão

inflacio

ná-

ria qu

e semp

re retorn

ava rapid

a-

men

te no

s plan

os h

eterod

oxo

s exe-

cutad

os até en

tão.

De u

m d

ia para o

ou

tro, h

ou

ve

qu

eda d

rástica do

volu

me d

e

din

heiro

em circu

lação.En

tre

ou

tras med

idas, d

estacaram-se:

• No

va mo

eda: o

cruzeiro

em su

bs-

tituição

ao cru

zado

no

vo.

• Co

ng

elamen

to d

e preço

s.

• Liberalização

camb

ial, com

a

cotação

defin

ida p

elo m

ercado

.

• Red

ução

de b

arreiras à imp

ortação

.

• Alteraçõ

es tribu

tárias, com

o

aum

ento

do

Imp

osto

sob

re Pro-

du

tos In

du

strializado

s (IPI) e tribu

-

tação so

bre ren

da ag

rícola, lu

cros

com

ações e o

peraçõ

es com

ou

ro.

•La

nça

me

nto

de

um

pla

no

de

priva

tizaçã

o.

Em m

arço de 1990,ap

ós

algu

ns d

ias de su

a posse,o

presid

ente Fern

and

o Collor e

a min

istra da Econ

omia Zélia

Card

oso de M

ello lançaram

um

pacote econ

ômico

consid

erado p

ela imp

rensa

na ép

oca como “o m

aior

choq

ue d

a história”.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 89

Page 92: Ge 8 como entender mercado

90De

aco

rdo

com

a m

inistra

lia, o

ob

jetivo

do

pla

no

era

zera

r o d

éfi-

cit pú

blico

de

8%

do

PIB

e o

bte

r

sup

erá

vit de

2%

ain

da

na

qu

ele

an

o. A

inq

uie

taçã

o a

ting

iu o

s ren

-

tistas, m

as se

insta

lou

tam

m n

o

seto

r pro

du

tivo d

evid

o à

pe

rspe

c-

tiva d

e re

cessã

o.

O re

trato

do

em

pre

en

de

do

r po

de

ser re

sum

ido

na

s pa

lavra

s de

Mo

reira

, o d

on

o d

o n

eg

ócio

qu

e

serve

de

exe

mp

lo a

este

cap

ítulo

:

“Fico

u tu

do

pa

rad

o. O

din

he

iro d

a

em

pre

sa e

o m

eu

ficara

m re

tido

s,

os clie

nte

s nã

o p

od

iam

no

s pa

ga

r,

os p

ed

ido

s fora

m su

spe

nso

s, e n

ós

tivem

os d

e a

rcar co

m u

ma

pe

sad

a

folh

a d

e p

ag

am

en

tos. N

ão

po

día

-

mo

s ne

m d

em

itir os g

ráfico

s po

r-

qu

e n

ão

tính

am

os d

inh

eiro

pa

ra

as d

em

issõe

s”.

Essa

pa

ralisia

du

rou

po

uca

s sem

a-

na

s. Em

ab

ril de

19

90

, as ve

nd

as

volta

ram

ao

níve

l de

feve

reiro

, e a

pro

du

ção

ind

ustria

l se re

cup

ero

u

em

ma

io. M

as a

rece

ssão

, qu

e d

e

fato

surg

iu, e

o fra

casso

no

con

-

trole

da

infla

ção

leva

ram

ao

lan

ça-

me

nto

do

Pla

no

Co

llor II, e

m

feve

reiro

de

19

91

, com

a re

du

ção

do

s con

trole

s fina

nce

iros, lib

era

li-

zaçã

o p

arcia

l de

pre

ços e

tarifa

s,

com

no

vo p

lan

o d

e ta

be

lam

en

to,

no

va fixa

ção

do

câm

bio

. Ho

uve

,

en

tão

, ou

tro su

rto in

flacio

rio.

Pla

no

FH

C

Esse

pla

no

foi a

ba

se p

ara

a

imp

lem

en

taçã

o d

o P

lan

o R

ea

l em

19

94

. Seu

no

me

faz re

ferê

ncia

a

Fern

an

do

He

nriq

ue

Ca

rdo

so,

en

tão

min

istro d

a Fa

zen

da

do

go

vern

o d

e Ita

ma

r Fran

co.

O P

lan

o FH

C se

ap

oio

u b

asica

me

n-

te n

o a

juste

fiscal e

nu

ma

bo

a

estra

tég

ia d

e d

exin

de

xaçã

o d

a

eco

no

mia

. Teve

três fa

ses:

• Primeira fase: b

usco

u-se o

ajuste

fiscal basicam

ente p

elo au

men

to

da carg

a tribu

tária, com

a criação

de n

ovo

s imp

osto

s e con

tribu

ições.

• Seg

un

da

fase

: ho

uve

a cria

ção

da

Un

ida

de

Re

al d

e V

alo

r, a U

RV

,

pa

ra a

qu

al to

do

s os p

reço

s fora

m

con

vertid

os. O

valo

r da

UR

V

aco

mp

an

ha

va a

cota

ção

do

lar,

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 90

Page 93: Ge 8 como entender mercado

91

de

sen

cad

ea

nd

o a

alta

do

s pre

ços

do

s pro

du

tos q

ua

se d

iaria

me

nte

,

pro

voca

nd

o u

m p

iqu

e d

e in

flaçã

o.

• Terce

ira fa

se: q

ua

nd

o o

s pre

ços

esta

vam

alin

ha

do

s no

alto

, oco

r-

reu

a tro

ca d

a m

oe

da

pe

lo re

al,

cujo

valo

r corre

spo

nd

ia a

1 d

óla

r.

O fim

da

UR

V sig

nifico

u o

fim d

a

ind

exa

ção

do

s pre

ços.

Pla

no

Re

al

O su

cesso

do

pla

no

an

terio

r em

liqu

ida

r a in

de

xaçã

o le

vou

à e

lei-

ção

de

Fern

an

do

He

nriq

ue

Ca

rdo

so a

pre

side

nte

da

Re

blica

. Sob

seu

go

vern

o, o

Pla

no

Re

al te

ve d

ua

s fase

s.

A p

rime

ira fo

i até

jan

eiro

de

19

99

,

qu

an

do

o g

ove

rno

de

svalo

rizou

a

no

va m

oe

da

e a

do

tou

o câ

mb

io

livre. A

seg

un

da

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foi co

nstru

í-

da

com

um

a n

ova

com

bin

açã

o d

e

po

líticas e

con

ôm

icas.

Na

prim

eira

fase

, pa

ra co

nte

r a

infla

ção

de

po

is do

fim d

a in

de

xa-

ção

, fora

m u

sad

as ta

nto

a p

olítica

cam

bia

l com

o o

com

ércio

exte

rior.

Pa

ra in

ibir o

au

me

nto

de

pre

ços

no

me

rcad

o in

tern

o, h

ou

ve q

ue

da

na

s tarifa

s de

imp

orta

ção

, sup

er-

valo

rizaçã

o ca

mb

ial e

pa

rida

de

do

rea

l com

o d

óla

r.

A é

po

ca fo

i ma

rcad

a p

ela

inva

são

do

s pro

du

tos im

po

rtad

os. O

s

em

pre

sário

s bra

sileiro

s tivera

m

um

du

ro p

roce

sso d

e a

da

pta

ção

.

Alé

m d

e so

frere

m co

m a

con

cor-

rên

cia d

os p

rod

uto

s estra

ng

eiro

s,

pre

cisara

m fica

r ate

nto

s com

a

con

corrê

ncia

, po

is, com

o fim

da

infla

ção

, os co

nsu

mid

ore

s pa

ssa-

ram

a se

lem

bra

r do

s pre

ços d

os

pro

du

tos e

a co

mp

ará

-los.

A p

olítica

ba

sea

da

na

imp

orta

ção

ge

rou

ficit na

ba

lan

ça co

me

rcial

e d

e se

rviços.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 91

Page 94: Ge 8 como entender mercado

92Co

m o

de

seq

uilíb

rio n

as b

ala

nça

s

com

ercia

l e d

e se

rviços, o

jeito

foi

bu

scar su

pe

rávits n

a b

ala

nça

de

cap

itais p

ara

cob

rir a b

ala

nça

de

pa

ga

me

nto

s do

Pa

ís, atra

ind

o

din

he

iro e

stran

ge

iro p

or m

eio

da

s

priva

tizaçõ

es e

pe

la a

lta d

a ta

xa

de

juro

s. Na

po

lítica fisca

l, ho

uve

au

me

nto

da

arre

cad

açã

o, q

ue

pa

s-

sou

de

25

% d

o P

IB e

m 1

99

4 p

ara

30

% e

m 1

99

8. M

esm

o a

ssim, a

dívid

a líq

uid

a d

o se

tor p

úb

lico e

m

po

rcen

tag

em

do

PIB

pa

ssou

de

32

,3%

, em

19

94

, pa

ra m

ais d

e

56

%, e

m 2

00

4, d

evid

o à

s alta

s

taxa

s de

juro

s. Qu

an

to a

o co

mb

ate

da

infla

ção

, o p

lan

o fo

i be

m-su

ce-

did

o, co

m a

qu

ed

a d

o ín

dice

de

45

% a

o m

ês, e

m ju

nh

o d

e 1

99

4,

pa

ra 1

,7%

ao

an

o e

m 1

99

8.

Co

m a crise d

os Tig

res Asiático

s em

1997 e a da R

ússia em

1998, a aver-

são d

o cap

ital intern

acion

al ao ch

a-

mad

o risco

do

s países em

ergen

tes

levou

o g

overn

o a au

men

tar aind

a

mais as taxas b

ásicas de ju

ros, q

ue

cheg

aram a 50%

ao an

o em

setem-

bro

de 1998. Em

no

vemb

ro d

e

1998, foi assin

ado

um

acord

o co

m

o FM

I e, em jan

eiro d

e 1999, o

go

verno

aban

do

no

u o

sistema d

e

ban

das cam

biais e d

eixou

a taxa de

câmb

io livre. Em

do

is meses o

real

desvalo

rizou

cerca de 40%

.

A g

ráfica

Ág

uia

, ne

sse m

om

en

to,

ad

ap

tava

-se à

esta

bilid

ad

e e

con

ô-

mica

e re

sistia à

ten

ncia

de

con

-

cen

traçã

o d

e m

erca

do

, com

gra

n-

de

s grá

ficas co

mp

ran

do

as d

e

dio

e p

eq

ue

no

po

rte. N

o

mu

nd

o d

a co

nsta

nte

ino

vaçã

o te

c-

no

lóg

ica q

ue

se to

rno

u a

ind

ústria

grá

fica, a

estra

tég

ia a

do

tad

a p

ela

em

pre

sa d

e M

ore

ira fo

i se d

ifere

n-

ciar co

m p

rod

uto

s qu

ase

arte

sa-

na

is: imp

resso

s com

tipo

s mó

veis,

de

talh

es p

erso

na

lizad

os, ta

ma

nh

os

fora

de

série

... Ain

da

assim

, a

em

pre

sa se

mp

re p

rocu

rou

aco

mp

a-

nh

ar a

s ino

vaçõ

es e

, ma

is um

a ve

z,

foi a

feta

da

pe

la d

esva

loriza

ção

da

mo

ed

a b

rasile

ira. E

m 1

99

8,

Mo

reira

ha

via co

mp

rad

o m

aq

uin

á-

rio n

ovo

e d

evia

em

lare

s. Sua

dívid

a d

ob

rou

com

a d

esva

loriza

-

ção

do

rea

l.

Enq

uan

to isso

, o g

overn

o estava

com

pro

metid

o a m

anter a in

flação

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 92

Page 95: Ge 8 como entender mercado

93

O q

ue v

ocê v

iu n

o c

ap

ítulo

7

>A

trajetória da economia brasileira nas

últimas décadas.

1

>A

política de desenvolvimento e o

endividamento externo do B

rasil.2

>O

s planos econômicos para com

batera inflação e garantir a estabilidade.3

abaixo

de certa m

eta pred

etermi-

nad

a e a bu

scar a econ

om

ia de

recurso

s para o

pag

amen

to d

os

juro

s da d

ívida p

úb

lica, o ch

amad

o

sup

erávit prim

ário, estab

elecido

em p

orcen

tagem

do

PIB. Para m

an-

ter o cap

ital externo

interessad

o

no

s título

s brasileiro

s e para co

nter

a dem

and

a intern

a qu

e pu

desse

pressio

nar a in

flação, o

go

verno

man

teve altas taxas de ju

ros.

A e

leiçã

o d

e Lu

iz Iná

cio Lu

la d

a

Silva p

ara

pre

side

nte

da

Re

blica

em

20

02

o ca

uso

u sig

nifica

tivas

alte

raçõ

es n

a p

olítica

eco

mica

.

A m

an

ute

nçã

o d

a b

usca

pe

la m

eta

de

infla

ção

e p

elo

sup

erá

vit prim

á-

rio fe

z com

qu

e o

Bra

sil me

lho

ras-

se su

a co

nfia

bilid

ad

e e

ntre

os

inve

stido

res in

tern

acio

na

is.

Em

20

05

, o B

rasil n

ão

ren

ovo

u o

aco

rdo

feito

com

o FM

I em

19

98

,

ma

s suste

nto

u vo

lun

taria

me

nte

pa

rte d

e se

us co

mp

rom

issos p

ara

ma

nte

r a co

nfia

nça

do

s me

rcad

os

inte

rna

cion

ais. In

tern

am

en

te,

po

rém

, o e

mp

resa

riad

o e

tod

a a

eco

no

mia

têm

se re

ssen

tido

da

s

alta

s taxa

s de

juro

s.

livro08_74-93 25.08.06 17:34 Page 93

Page 96: Ge 8 como entender mercado

94Jorn

alista

há 1

1 a

no

s, trab

alh

ou

com

o re

rter d

e e

con

om

ia n

os jo

rnais

Diário

do Comércio

e O Te

mpo

, de B

elo

Ho

rizo

nte

. Fo

i corre

spo

nd

en

te d

a

Folha de S.Paulo

, na ca

pita

l min

eira

, nas á

reas d

e p

olítica

e e

con

om

ia e

seto

rista, e

m S

ão

Pau

lo, d

a in

stria a

uto

mo

tiva e

trab

alh

o. M

ud

ou

-se

para

Bra

sília p

ara

inte

gra

r a p

rimeira

eq

uip

e d

a su

cursa

l do

jorn

al V

alor

Econômico

. Desd

e 2

003, a

tua co

mo

pro

fission

al fre

e-la

nce

r.

Fábia Prates

Gra

du

ad

o e

me

stre e

m A

dm

inistra

ção

de

Em

pre

sas, fo

i au

dito

r, an

alis-

ta d

e M

erca

do

de

Ca

pita

is e a

dm

inistra

do

r de

Fu

nd

os d

e In

ve

stime

nto

em

em

pre

sas co

mo

Price

Wate

rho

use

, Un

iban

co, In

do

suez C

ap

ital e

Tud

or A

sset M

an

ag

em

en

t. Atu

alm

en

te, é

dire

tor d

a b

ou

tiqu

ed

e in

ve

s-

time

nto

s Pe

troin

ve

sty, resp

on

sáve

l pe

la e

strutu

raçã

o d

e p

roje

tos d

e

Ve

ntu

re C

ap

ital, M

&A

e P

roje

ct Fin

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ce. F

oi p

rofe

ssor a

ssisten

te d

e

Co

nta

bilid

ad

e e

Fin

an

ças n

a F

un

da

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