68
Terra & Cia Junho 2015 1 Plano Safra 2015/2016 terá R$ 187,7 bilhões Vazio Sanitário da soja em MT vai até 15 de setembro Produtores apostam em adensamento da plantação Autoridades do agronegócio elogiam integração da CanaMix à revista Terra&Cia POLÍTICA SETORIAL SOJA CITRICULTURA Caderno A VOZ DO AGRONEGÓCIO Ribeirão Preto SP Junho 2015 Ano 17 nº 196 R$ 12,00 O Futuro da CANA

Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 1

Plano Safra 2015/2016 terá R$ 187,7 bilhões

Vazio Sanitário da soja em MT vai até 15 de setembro

Produtores apostam em adensamento da plantação

Autoridades do agronegócio elogiam integração da CanaMix à revista Terra&Cia

POLÍTICASETORIAL

SOJA CITRICULTURA

CadernoCaderno

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Ribeirão Preto SP • Junho 2015 • Ano 17 • nº 196 • R$ 12,00

O Futuro da CANASetor sucroenergético se mobiliza para discussões em Brasília

Page 2: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

2 Terra & Cia Junho 2015

Revolucione sua produtividade. Potencialize seus resultados.

Prosugar

Tecnologia inovadora criada para aperfeiçoar o processo de clarificação do açúcar. Não remove apenas a cor, mas garante também melhorias no desempenho industrial:

remove a cor de forma irreversível;promove maior volume na produção de açúcar;aumenta a eficiência energética;age na redução da viscosidade das massas.

www.prosugar.com.br

Page 3: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 3

Revolucione sua produtividade. Potencialize seus resultados.

Prosugar

Tecnologia inovadora criada para aperfeiçoar o processo de clarificação do açúcar. Não remove apenas a cor, mas garante também melhorias no desempenho industrial:

remove a cor de forma irreversível;promove maior volume na produção de açúcar;aumenta a eficiência energética;age na redução da viscosidade das massas.

www.prosugar.com.br

Page 4: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

4 Terra & Cia Junho 2015

Plínio César,diretor

editoria l

Canavieiros indignados. Até quando esperar?

Div

ulga

ção

O Caderno CanaMix, elaborado com as matérias mais relevan-tes do setor sucroenergético,

que desde maio integra o conteúdo da revista Terra&Cia, traz nesta edição uma reportagem sobre a união de for-ças do segmento canavieiro para ten-tar afastar de vez a crise que nos úl-timos anos registrou o fechamento de 60 usinas, além de 80 pedidos de re-cuperação judicial, de acordo com da-dos da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

Apontar culpados não é mais a tônica dessa luta. Isso já se sabe. A hora é de indicar soluções, aliás, que já estão muito claras, aguardando po-sicionamentos das autoridades gover-namentais. Enquanto a pauta de rei-vindicações do setor é apreciada em Brasília, DF, na toada lenta do planal-to central, milhares de empregos es-tão sendo perdidos, empresas estão quebrando e o etanol e a bioenergia da cana de fora da lista de priorida-des estratégicas.

A reportagem mostra o que pen-sam os principais representantes do setor sucroenergético, qual a pauta de reivindicações, os avanços já con-

quistados e o que falta para tirar o segmento do buraco. Conheça tam-bém o grupo de 10 usinas, responsá-vel por 15% da moagem de cana na região Centro-Sul, que tem consegui-do desenvolver uma gestão eficien-te, com desempenho suficiente para manter o equilíbrio financeiro e baixo endividamento.

A edição da Terra&Cia deste mês traz matérias sobre o Plano Sa-fra 2015/2016, novos investimentos em logística, doenças na citricultura, combate à ferrugem asiática da soja, silagem de milho, estimativas da ca-feicultura, notícias sobre papel & ce-lulose, novos conceitos em vacinação bovina e emissões de GEE dos reba-nhos. Veja também os depoimentos de empresários e autoridades do se-tor agro brasileiro sobre a nova pro-posta editorial do Grupo AgroBrasil. Boa leitura.

Diretor: Plínio César

Edição: Equipe Terra & CiaEditor Chefe: Doca PascoalColaboração: Géraldine Kutas, Francisco Valério, Lenita Ramires dos Santos, Emanuelle Baldo Gaspar e Márcio Rogers Melo de AlmeidaReportagem: Marcela ServanoEditor Gráfi co: Jonatas Pereira | Creativo ArtWork

Contatos com a Redação:[email protected]

Outras publicações da Agrobrasil:Guia Ofi cial de Compras do Setor SucroenergéticoRevista CanaMixPortal CanaMix

Publicidade:- Alexandre Richards (16) 98828 4185 [email protected] Fernando Masson (16) 98271 1119 [email protected] Marcos Afonso (11) 94391 9292 [email protected] Nilson Ferreira (16) 98109 0713 [email protected] Plínio César (16) 98242 1177 [email protected]

Assinaturas: [email protected]

Eventos: [email protected]

Grupo AgrobrasilAv. Brasil, 2780

CEP 14075-030 - Ribeirão Preto - SP(16) 3446 3993 / 3446 7574

www.terraecia.com.br

Para assinar, esclarecer dúvidas sobre suaassinatura ou adquirir números atrasados:

SAC: (16) 3446.3993 / 3446.7574 - 2ª a 6ª feira,das 9h às 12h e das 13h30 às 18h.

Artigos assinados, mensagens publicitárias e o

caderno Marketing Rural refl etem ponto de vista

dos autores e não expressam a opinião da revista.

É permitida a reprodução total ou parcial

dos textos, desde que citada a fonte.

Page 5: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 5

28Caderno CanaMixO Futuro da CanaSetor sucroenergético se

mobiliza para discussões em

Brasília

42Política SetorialPlano Safra 2015/2016

terá R$ 187,7 bilhões

7 Caderno CanaMix

38 Entrevista

Competitividade e inovação para o setor de C&P, com Francisco Valério

Fibria investirá R$ 7,7 bina expansão da fábricaem Três Lagoas

48 Milho

Safra deve ficar em 80,2 milhõesde toneladas em 2014/15

Biomatrix destaca inovaçõesem silagem

Estratégia Editorial:Autoridades do agronegócioelogiam integração daCanaMix à revista Terra&Cia

Opinião: US$ 50 por barril:o fim do sonho do etanol?,por Géraldine Kutas

Setor discute crise na Câmarados Deputados

Mais 10 usinas devem fechareste ano, diz Unica

Política ambiental reforçaestratégia de recuperaçãodo setor

Setor canavieiro paulistafaz a lição de casa

CTC lança programade assistência técnica

Luzes de LED ajudamno crescimento de mudas

Relatório assegura que nãofalta terra para produção

50 Cafeicultura

Safra brasileira pode alcançar50 milhões de sacas

58 Pecuária

Opinião: Novas perspectivassobre vacinação de bovinosno controle de doenças,por Lenita Ramires dos Santose Emanuelle Baldo Gaspar

Embrapa questiona estimativado IPCC sobre emissão de N2O

61 Logística

Governo anuncia investimentosem infraestrutura

Terminal de açúcar de Suapesai do papel

66 Opinião

A nova classe média rurale o desafio nordestino,por Márcio Rogers Melo de Almeida

46SojaVazio Sanitário da soja

em MT vai até 15

de setembro

52CitriculturaProdutores apostam

em adensamento

da plantação

Div

ulga

ção

Fenasucro 2015: Organizadoresesperam mais de 33 mil visitantes

Usina Nardini investeem capacitação de líderes

VII Simpósio de Cana discutevinhaça concentradapara adubação

Nexsteppe destaca variedadede sorgo apropriada para safrinha

Page 6: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

6 Terra & Cia Junho 2015

Guia de Compras SA

www.quimicasemfronteiras.com.br

(16) 3969 8999 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 22

www.informaecon-fnp.com.br

(11) 4504 1414 - São Paulo - SP

PÁG. 61

www.canamix.com.br

(16) 3446 7574 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 67

www.terraecia.com.br

(16) 3446 7574 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 57

www.vcimentos.com.br

(16) 3019 8110 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 25

www.prosugar.com.br

(81) 3267 4759 - Recife - PE

PÁG. 02

www.rgbcomunicao.com.br

(16) 3947 1343 - Sertãozinho - SP

PÁG. 51

www.simposiodecana.com

(19) 3417 6604 - Piracicaba - SP

PÁG. 35www.mouralacerda.edu.br

(16) 2101 1010 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 19

www.equipe-bombas.com.br

(19) 3426 4600 - Piracicaba - SP

PÁG. 13

www.fenasucro.com.br

(16) 2132 8963 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 68

www.ideaonline.com.br

(16) 3211 4770 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 45

www.datagroconferences.com

(11) 4133 3944 - Barueri - SP

PÁG. 41

www.herograf.com.br

(16) 3630 0050 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 24

www.kapsegseguros.com.br

(16) 3633 9595 - Ribeirão Preto - SP

PÁG. 63

Page 7: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 7

FENASUCRO 2015 Organizadores esperam mais de 33 mil visitantes

SORGO Empresa destaca variedade apropriada para safrinha

OPINIÃO Géraldine Kutas:US$ 50 por barril: o fi m do sonho do etanol?

O FUTURO DA CANASetor sucroenergético se mobiliza para discussões em Brasília

Page 8: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

8 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

Autoridades do agronegócio elogiam integração da

CanaMix à revista Terra&Cia Doca Pascoal

Desde a edição de maio, a re-vista Terra&Cia conta com um conteúdo especial sobre o

setor sucroenergético, quando a Ca-naMix, tradicional publicação do seg-mento de cana-de-açúcar, passou a fazer parte da T&C como Caderno Ca-naMix. A mudança faz parte de uma estratégia do Grupo AgroBrasil, res-ponsável pelas publicações, para con-centrar em um só produto todos os temas ligados ao agribusiness brasi-leiro. A unificação das duas revistas foi definida após um ano de avaliação do mercado.

A CanaMix, agora como ca-derno especial da revista Terra&Cia, mantém um conteúdo qualifica-do, com informações relevantes so-bre as áreas agrícola e industrial das usinas, novidades sobre a in-dústria fornecedora, pesquisas, es-tatísticas, opiniões de especialistas e demais informações realmente ca-pazes de atender às expectativas dos

leitores. A Terra&Cia, por sua vez, continua a levar ao leitor as infor-mações mais relevantes do agrone-gócio, conteúdo elaborado por uma equipe especializada.

A primeira edição nesse forma-to foi um sucesso. Executivos, empre-sários, especialistas, autoridades do setor e demais leitores aplaudiram a mudança, por entenderem que a ca-na-de-açúcar deve figurar no contexto geral do agronegócio brasileiro. Con-fira alguns depoimentos de pessoas que pensam o setor de cana-de-açúcar e o agro de forma geral.

“Quero cumprimentar o Grupo AgroBrasil pela sua nova estratégia editorial, fortalecendo a Revista CanaMix, através da incorporação de to-dos os segmentos do agronegócio brasileiro. É fundamental que se tenha a “visão da catedral”, ou seja, de todo o setor e não somente de uma ca-deia produtiva. Sem dúvida é a melhor forma de levar a visão integrada a todos que participam do agronegócio brasileiro. Felicidades à publicação da Terra&Cia.” Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio)

Div

ulga

ção

Arq

uivo

Presidente do Grupo AgroBrasil, Plínio César de Azevedo Junior

Page 9: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 9

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

“A estratégia de comunicação proposta pelo grupo AgroBrasil, com o engajamento das ações das entidades de representações do setor, po-derão fortalecer as ações de valorização da imagem do agronegócio, re-velando à sociedade a importância das cadeias produtivas para o desen-volvimento econômico e social da região e do Brasil. A sustentabilidade de todo o agronegócio brasileiro só estará assegurada diante do apoio e de reconhecimento, tanto da sociedade quanto do ambiente político.”

Marcos Matos, diretor executivo da ABAGRP

“Parabéns ao Grupo AgroBra-sil pela edição da Revista Terra&Cia, que já nasce com o DNA e a quali-dade consagrada da Revista Cana-Mix. A agricultura e o agronegócio vão continuar sendo os motores da economia brasileira, com cada vez mais tecnologia, inovações e traba-lho. Informação de qualidade vai ser a mola propulsora deste cresci-mento.” Plinio Nastari, presidente do Grupo Datagro

“O setor sucroenergético, bem como de agronegócios em geral, saem ganhando com esta reformulação da revista Terra&Cia. Especialmente o setor direcionado à cana-de-açúcar comemora este espaço exclusivo para discussões e debates com pautas que envolvem o de-senvolvimento tecnológico e sustentável da cana, que, a cada ano, põe o Brasil na linha de frente como referência na produção de etanol, açúcar e bioenergia. Nas páginas dessa revista, poderemos acompanhar um jornalismo inteligente, especializado e focado no progresso do se-tor.” Flávio Castelar, diretor executivo do Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool)

“Esta iniciativa é de extre-ma importância num momen-to onde ter boas informações e análises é fundamental para o processo de decisão no se-tor de cana.” Marcos Fava Neves, professor titular da USP

Div

ulga

ção

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

Port

al T

odo

Dia

Luci

ana

Cor

rêa

/ Ozo

nio

Impr

ensa

Page 10: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

10 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

“Parabenizamos a nova estratégia editorial do Grupo AgroBrasil. Sem dúvida o trabalho desenvolvido pela mídia es-pecializada, com destaque para a CanaMix, que agora passa a integrar a Revista Terra&Cia, vai contribuir ainda mais pelo pro-gresso e pela retomada do desenvolvimento do setor bioener-gético, que vive uma de suas piores crises. Dar voz às reinvin-dicações desse segmento e trazer a seus leitores e assinantes, os benefícios gerados diariamente pelas centenas de usinas e destilarias que fazem deste setor uma das molas propulsoras do agronegócio brasileiro, deverá ser, doravante, o grande de-safio da Revista Terra&Cia, a quem desejamos que se fortaleça a cada dia e se desenvolva como um veículo de comunicação sério, imparcial e merecedor de toda a credibilidade.”

Antônio Cesar Salibe, presidente executivo da UDOP

“A estratégia do Grupo AgroBrasil combina, ao mesmo tempo, tradição e inovação. Há quase uma década, a revista CanaMix é um fiel espelho do setor sucroenergético brasilei-ro. Ao incorporar o conteúdo da publicação à revista Terra&Cia, que trata do agronegócio como um todo, o Grupo AgroBrasil oferece aos empresários e produtores rurais uma fonte de in-formação completa e com abrangência amplificada. Os leitores saem ganhando, porque terão informações de todos os seg-mentos da agropecuária brasileira no mesmo lugar, e os cola-boradores também, porque terão mais visibilidade.”

Christian Gonzalez,diretor de Marketing da Case IH

“A diversidade de informações do agronegócio na Revista Terra&Cia, que passa a contar com o importante conteúdo da revis-ta CanaMix, agora como Carderno Especial, proporciona a amplia-ção do entendimento e visão de técnicos e empresários através das criteriosas matérias e exemplos expostos. Sabemos que informa-ções bem aplicadas contribuem com a manutenção e crescimen-to das pessoas e por consequência das empresas as quais partici-pam. Em meio a crise pelo qual passamos e estagnação do nosso País podemos adotar procedimentos e ações a partir de matérias feitas com quem já viveu momentos como estes e deram a volta por cima. Claro que para tanto é necessário se debruçar com determi-nados temas a partir das dicas, relatos e vivências publicadas nos meios de comunicação. Nesse contexto, a Revista Terra&Cia, que agora conta com o caderno especial sobre o setor sucroenergético, é um destes meios que nos facilitam este acesso. Parabéns Plínio César, pelo acesso a todas estas informações advindas de renoma-dos e experientes ícones do nosso País que com suas opiniões no mínimo nos trazem reflexões e nos instigam a pensar num Brasil sé-rio e melhor onde os empresários e trabalhadores sejam valoriza-dos por suas boas ações e conquistas.” Silvano Alves da Silva, gerente Administrativo e Suprimentos da Usina Sinimbu (Alagoas)

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 11: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 11

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

“Nos últimos anos o setor sucroenergético tem passado por transições tecnológicas de forma abrup-ta, com várias quebras de paradigmas. Isso ocorreu por pressões socioambientais e até mesmo políticas. A me-canização da colheita e plantio, a NR-31 e o recolhimen-to da palha para a cogeração de energia são exemplos disso. Com isso, foram necessárias adaptações tecno-lógicas e modelos de gestão diferenciados. Uma ver-dadeira revolução, o que mostra que nosso setor pos-sui um poder incrível de reação e readaptações. Para a superação dos desafios citados, foi necessário que buscássemos recursos e adoção de novas tecnologias e conceitos. O propósito da AgroBrasil em trazer atu-alizações e informações do setor de cana, através do Caderno CanaMix, integrado à revista Terra&Cia, pode interferir e colaborar significativamente para o desenvol-vimento do setor sucroenergético, nesse momento de intensas mudanças. Parabéns a AgroBrasil pela inicia-tiva e sucesso.” Marcello Bento, gerente agrícola da Usina São José da Estiva - Grupo W.J. de Biasi

“Considero a Revista CanaMix uma dos mais ex-pressivos instrumentos de comunicação no setor do agronegócio, especialmente na cadeia produtiva bioener-gética. Assuntos de extrema importância e relevância são abordados neste veículo das mídias impressa e eletrôni-ca, dentre os quais podemos citar: Governança, Gestão de Pessoas, Tecnologia Agrícola, Produtividade Industrial, Meio Ambiente, Assuntos Jurídicos, Planejamento Estra-tégico, entre outros. Artigos, depoimentos, reportagens, cases de sucesso e outras matérias de elevado nível cul-tural e leitura agradável fazem parte de cada edição da Revista CanaMix. Creio eu, que a inovação com a Revis-ta Terra&Cia será um projeto de sucesso absoluto e du-radouro trazendo ao publico leitor, empresários e execu-tivos em especial, uma diversidade de informações com qualidade, ética e responsabilidade intrínseca nas dire-trizes de seus diretores e proprietários. Sucesso ao novo empreendimento.”

José Darciso Rui, sócio-diretor da CAERHA Consultoria e diretor executivo do GERHAI

“A interessante estratégia editorial do Gru-po AgroBrasil, em unir as revistas Terra&Cia e CanaMix, que há anos, de forma clara e ob-jetiva, traz sempre os assuntos mais relevan-tes sobre o agronegócio, é uma nova conquis-ta para a comunicação segmentada, pois vai contribuir ainda mais para a divulgação de no-tícias desse importante setor. O país, consi-derado celeiro do mundo, é o primeiro produ-tor e exportador de fortes commodities. Ano a ano os brasileiros têm procurado mais infor-mações sobre o agronegócio, que é respon-sável pelos positivos resultados da economia nacional, e a publicação será muito importan-te para isso. Junto ao grupo, temos grande sa-tisfação em contribuir para toda essa potência agrícola, oferecendo soluções para todos os tipos de produtores e demandas do campo.” Rafael Miotto, diretor de Portfólio de Produtos da CNH Industrial para a América Latina

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Arq

uivo

Div

ulga

ção

Page 12: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

12 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

“O setor sucroalcooleiro evolui a olhos vistos e a tecnologia é a pedra fundamental desta evolução, impulsionando saltos cada vez mais largos em termos de produtividade. A Elanco se orgulha por fazer parte deste ambiente inovador no Brasil e também por verificar que o Grupo AgroBra-sil está atento à atmosfera de modernização que experimenta a indústria. Com esta novidade editorial, a Revista CanaMix promove uma guinada es-tratégica e se posiciona ainda mais como referência de conteúdo e valor. Assim como o segmento se atualiza e ganha em competitividade frente a outras matrizes, a Revista CanaMIx também leva seu expertise ao públi-co do agribusiness e se torna mais versátil e dinâmica unindo-se à Re-vista Terra&Cia, que vai absorver grande qualidade e conteúdo relevan-te. A Elanco, assim, cumprimenta os editores pela iniciativa, que de partida aponta sua vocação vitoriosa.” Milton Serapião, Executivo em Desenvolvimento e Gestão de Negócios Etanol da Elanco

“Foi com muita satisfação que recebi a informação deste impor-tante passo que a equipe da Re-vista CanaMix está dando. Ganha todo o setor. Mais informações alia-das a um maior raio de atuação. Pa-rabéns a toda equipe, desejo muito sucesso.” Marcos Henrique Clemente,consultor Industrial da Tecalsucar Consultoria e Projetos Industriais

“A nova linha editorial do Grupo AgroBrasil chega para somar ao setor su-croenergético que é consolidado como um dos principais pilares da economia brasileira. A oportunidade de difundir in-formações sobre a cadeia produtiva de cana-de-açúcar junto aos demais seg-mentos do agronegócio em nível nacional agrega valores e com certeza irá contri-buir para que cada vez mais o setor ca-navieiro tenha sua importância reconhe-cida”. Paulo Montabone, gerente geral da Fenasucro & Agrocana

“Essa nova estratégia re-flete uma necessidade do agro como um todo. O setor sucro-energético tem agendas co-muns com outras áreas da agropecuária e a Terra&Cia será um catalisador dessa inte-ração.” Roberto Hollanda,presidente da Biosul

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Arq

uivo

Page 13: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 13

Page 14: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

14 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixEstratégia Editoria l

“A Revista Canamix é considerada uma das melhores publicações voltadas ao setor Sucroenergético. Com a in-corporação do Caderno Canamix na Revista Terra&Cia, as informações de nosso setor passam a chegar a toda a cadeia do agronegócio e os profissionais do setor pas-sam também a receber informações sobre outros seg-mentos, que por muitas vezes fazem parte de nosso dia a dia nas unidades produtoras. Conhecendo a seriedade do Grupo AgroBrasil, acredito que é mais uma ‘empreita-da’ de sucesso”. Wilson Agapito, gerente de Motomecanização da Usina Santa Isabel S/A.

“A CanaMix e o Grupo AgroBrasil fazem inovação evo-lutiva com ferramentas apropria-das que difundem o conheci-mento. A revista Terra&Cia vem para integrar o agronegócio em sua diversificação e pluralidade. Parabéns a Plínio César e va-lorosa equipe”. Renato Cunha, presidente do Sindaçucar/PEe vice-presidente do FNS - Fórum Nacional Sucroenergético

“As noticias geradas pela CanaMix sempre foram muito rele-vantes para o setor sucroenergético brasileiro. Este movimento de inte-gração do conteúdo sucroenergéti-co à revista Terra&Cia certamente vai aumentar o nível das discussões dos temas agrícolas. Parabéns a todos do time Grupo AgroBrasil.” Guilherme Nastari, economista do Grupo DATAGRO.

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Arq

uivo

“Gostaria de parabenizar a coragem do amigo Plínio Cé-sar, pelo lançamento de mais um veículo de comunicação, num momento tão difícil em nosso país. Iniciativas como esta, nos anima e estimula, na busca por melhores dias para o setor sucroenergético, junto a toda cadeia do Agro Negó-cio Brasileiro”. Roberto Dantas Maia, diretor da Prosugar S.A.

Page 15: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 15

“A revista Canamix é parceira do Ge-gis há muito tempo. Está sempre presente nas nossa reuniões, divulgando com qua-lidade o conteúdo das palestras, a agen-da anual das reuniões e os depoimentos dos participantes. Estamos sempre em sin-tonia. Agora, a CanaMix como caderno es-pecial dentro da revista Terra&Cia, tenho certeza de que todo o setor agro brasileiro ganha. Digo isso em nome de todos os as-sociados. O Grupo AgroBrasil é um grande parceiro.” Eliana Aparecida Canevarolo,presidente do Gegis - Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro

“O agronegócio é o setor da nossa cadeia produtiva que mais gera resultados e valor ao Brasil. Proporciona milhões de empregos, movimenta a economia, colabora de forma importante para o equilí-brio da balança comercial, ajuda a alimentar não apenas os brasilei-ros, mas grande parte da população mundial, enfim, quando olhamos para a nossa história, para o nosso presente e nos projetamos no fu-turo, não nos vemos sem o agronegócio. Um projeto editorial como o da Revista Terra&Cia, do Grupo AgroBrasil, é importante para o registro de todo esse processo, mostrando os avanços, as pesquisas, as ino-vações, os resultados, o cenário econômico e o contexto do mundo do campo e seus reflexos na vida do cidadão comum, sem falar nas tradi-ções do campo tão marcantes na vida dos brasileiros. Parabéns e su-cesso a esta nova fase.” Maurílio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa

“O jornalismo sério e imparcial é de fundamental importân-cia para transformar fatos do dia a dia em grandes reportagens in-formativas e esclarecedoras. Organizar e apurar a informação de forma correta, liga o leitor à realidade. Quando o conteúdo é di-recionado, como está propondo o Grupo AgroBrasil ao setor su-croenergético, com o conteúdo da CanaMix inserido na revista Terra&Cia, as informações são ainda mais relevantes e servirão de parâmetro para que as lideranças do setor se mantenham informa-das e tomem decisões. Desejo sucesso”.

Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 16: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

16 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixOpinião

*Géraldine Kutas

Nos últimos seis anos, muitos países têm lutado contra a re-tração econômica, altos ní-

veis de endividamento e taxas elevadas de desemprego. De repente, algo que pensávamos ser impossível há um ano, aconteceu: os preços internacionais do petróleo caíram de US$ 110 para US$ 50 por barril. Embora isso tenha im-plicações muito positivas para a eco-nomia e as finanças públicas, tal fato também pode ser visto como um gran-de desafio para o setor de energias re-nováveis e para os biocombustíveis em particular. Os baixos preços do petró-leo extinguirão a indústria de biocom-bustíveis, que é frequentemente vista como não competitiva? A realidade é muito mais complexa do que essa sim-ples questão.

O entusiasmo com os biocombus-tíveis teve início nos anos 2000, como consequência da adoção do Protocolo de Quioto. Os países buscavam alter-nativas para reduzir suas emissões, en-quanto o petróleo se tornava cada vez mais escasso e o aquecimento global ameaçava o futuro do planeta. Após o 11 de setembro, o preço do barril sal-tou e jamais retornou à sua média his-tórica, situada em torno dos US$ 30. Assim, ficou evidente que o mundo não poderia mais basear seu crescimento no sistema tradicional de energia fóssil.

Do entusiasmo à incerteza - Por muitos anos, o Brasil foi o único país com uma política bem-estabelecida de promoção e uso dos biocombustíveis,

especialmente o etanol. A origem da produção do etanol brasileiro remon-ta à década de 1970, quando o gover-no desenvolveu o Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL), em resposta aos dois grandes choques do petróleo. No entanto, no início dos anos 2000, outros países também desenvolveram seu interesse pela produção e consumo de biocombustíveis, o que culminou em um aumento considerável da produção desses combustíveis alternativos e re-nováveis. Com isso, a produção global de etanol saltou de 26,8 para 103 bi-lhões de litros entre 2000 e 2014.

Na última década, muitos paí-ses aprovaram legislações com vistas a promover os biocombustíveis. Em 2005, a Lei de Política Energética dos Estados Unidos instituiu o Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS, sigla em inglês), um programa que determi-na o consumo de ao menos 136 bilhões de litros de biocombustíveis até 2022. Três anos depois, a União Europeia (UE) aprovou uma diretiva nesse senti-do, ao estabelecer o uso de energias re-nováveis em, pelo menos, 10% do setor de transportes até 2020. Essa medida substituiu a Diretiva EC 2003/30, que estabelecia uma meta não vinculante de 5,75% para o consumo de biocom-bustíveis até 2010.

Na Ásia, a utilização de biocom-bustíveis renováveis também foi enco-rajada em alguns países. Por exemplo, uma mistura compulsória de 10% de biocombustíveis vigora em cinco pro-víncias chinesas, bem como nas maio-res cidades de outras cinco províncias.

US$ 50 por barril:o fim do sonho do etanol?

No Japão, o governo determinou a mis-tura de etanol em até 3% dos combus-tíveis tradicionais. Outros produtores asiáticos, como Filipinas, Indonésia e Tailândia também têm implementado programas de larga escala para bio-combustíveis. Vários países da África têm adotado iniciativas nessa direção.

Contudo, quinze anos depois, a incerteza substituiu o entusiasmo. Os Estados Unidos ainda buscam a defi-nição do volume ideal de consumo anu-al de biocombustíveis, uma vez que não existe etanol celulósico em quan-tidade suficiente para atender à legis-lação vigente. Ao mesmo tempo, o ní-vel de mistura de 10% (E10) ameaça a implementação do programa de pro-

Uni

ca

Page 17: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 17

Caderno CanaMixOpinião

moção ao etanol: é necessário estabele-cer níveis mais ambiciosos, como 15% (E15) e 85% (E85).

Na UE, um debate que se esten-de indefinidamente sobre mudança no uso indireto da terra (ILUC, sigla em inglês) tem paralisado a indústria. Re-centemente, foi determinado que os biocombustíveis de primeira geração serão limitados a 7%, e medidas con-cretas de estímulo a biocombustíveis mais avançados não serão adotadas. Na China, as políticas públicas sobre o tema não evoluíram, uma vez que o país não pode depender da produção de biocombustíveis de primeira gera-ção, devido à limitada disponibilidade de terras em comparação à população do país. Mesmo o Brasil enfrenta difi-culdades em seu mercado de etanol, o que comentarei adiante no texto.

Além disso, os preços interna-cionais do petróleo caíram significati-vamente no começo de 2015 e se es-tabilizaram em torno de US$ 50-60 por barril. Isso tem bastado para que os opositores declarem o fim da indús-tria do etanol. Mas será esse realmen-te o caso?

Petróleo barato: um desafio de verdade? - O primeiro destaque a ser feito é de que praticamente não exis-tem países em que os biocombustíveis são consumidos como alternativa aos fósseis. Sua utilização tradicional ocor-re por meio de sua mistura à gasolina ou ao diesel. Nesse sentido, os biocom-bustíveis não constituem um substituto direto para sua contrapartida fóssil, e sim um complemento. Na maioria das vezes, as misturas, definidas em dife-rentes níveis em cada país, são compul-sórias. De acordo com a Aliança Global para Combustíveis Renováveis (GRFA, sigla em inglês), atualmente 58 países exigem o consumo de biocombustíveis em seu território ou parte dele.

Existem duas razões básicas por trás dessa exigência. Primeiro, o de-

senvolvimento do mercado de biocom-bustíveis requer políticas de apoio, pois, em um momento inicial, a produ-ção dessa fonte de energia é mais cara. Além disso, o refino e a distribuição concentram-se, muitas vezes, nas mãos de poucos atores (chegando, em algu-mas ocasiões, a configurar monopólio), que enxergam os biocombustíveis como um mercado no qual não possuem con-trole sobre a concorrência.

Em segundo lugar, as externali-dades positivas causadas pelo uso dos biocombustíveis devem ser recompen-sadas. A redução da emissão de gases--estufa, o equilíbrio energético, a queda na importação de petróleo, o provimen-to de energia elétrica em áreas rurais, por exemplo, são benefícios que acom-panham a produção de biocombustí-veis, mas o valor desses aspectos atu-almente não está incorporado no preço final de varejo. Por essas razões, é pre-ciso definir uma mistura obrigatória, de modo a assegurar a penetração dos biocombustíveis no mercado.

Então, qual o impacto do baixo preço do petróleo sobre o consumo de biocombustíveis? Quase nenhum. Uma vez que seu consumo é mandatório em muitos países, a diferença de preço en-tre o produto fóssil e sua contraparte renovável não é realmente significati-va. É até possível imaginar que um go-verno reduza o nível de mistura caso a diferença entre os preços se torne gran-de demais. No entanto, isso é pouco provável, já que a maioria dos países utilizam baixos níveis de mistura (5% para o etanol e 5% para o biodiesel) e o impacto no preço final do produto é limitado. Além disso, políticas de ener-gia renovável geralmente visam o lon-go prazo, ao passo que a variação no preço do petróleo tende a ser de cur-to prazo.

Por outro lado, existe um peque-no grupo de países onde o etanol é es-pecificamente utilizado como substi-

tuto à gasolina – dos quais o exemplo mais emblemático é o Brasil. Nesses países, os consumidores podem adqui-rir automóveis flex-fuel, que podem funcionar com gasolina de alto ou bai-xo percentual de mistura, ou mesmo com etanol puro. Os automóveis flex--fuel oferecem a possibilidade de esco-lha no momento de abastecer o tanque, e muitos dos consumidores têm optado pelo etanol devido ao preço e benefícios ambientais. No Brasil, esses veículos foram lançados em 2003 e tornaram--se extremamente populares.

Devido à demanda crescente, mais de 90% dos novos automóveis ven-didos hoje no país são flex-fuel. Os car-ros desse tipo também correspondem a cerca de 60% da frota de veículos le-ves do Brasil – um feito notável, alcan-çado em menos de uma década. Atual-mente, 16 montadoras oferecem mais de 242 modelos diferentes de automó-veis flex-fuel no país. As projeções de mercado apontam que as vendas des-se tipo de veículo se estabilizarão em torno de 85%, e que o restante do mer-cado será suprido por modelos impor-tados, que não oferecem a versão flex.

A queda brusca no preço do pe-tróleo e sua estabilização em torno de US$ 50-60 por barril podem, em teo-ria, colocar obstáculos para o etanol, devido à concorrência direta com a ga-solina nas bombas de abastecimento. Porém, as coisas são mais complexas do que esse simples silogismo. No caso do Brasil, o preço dos combustíveis fós-seis não é determinado pela oferta e de-manda: é fixado pelo governo. Os pre-ços foram mantidos artificialmente baixos, com o objetivo primário de con-trolar a inflação.

Desse modo, os preços no varejo não se alteraram durante sete anos, até meados de 2013, enquanto os preços internacionais aumentavam acentua-damente nesse período. O Brasil estava fazendo o contrário do resto do mundo:

Page 18: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

18 Terra & Cia Junho 2015

subsidiando a gasolina em detrimento dos interesses da Petrobras – a gigante estatal de petróleo –, o que prejudicou seu substituto renovável.

Até 2008, a indústria brasilei-ra de cana-de-açúcar lidou razoavel-mente bem com o problema, uma vez que a demanda por energia estava em alta. Contudo, posteriormente, a indús-tria entrou em um período de turbulên-cia, devido aos efeitos da crise finan-ceira, ao aumento nos custos causados pela mecanização da colheita, às pres-sões trabalhistas e às condições extre-mas do clima. A partir de 2008, 60 das 420 usinas de processamento de cana fecharam as portas e muitas outras en-frentam dificuldades financeiras, com um elevado grau de endividamento. O fenômeno foi amplificado pela susten-tação artificial do preço do etanol, im-posta pela manutenção dos preços da gasolina nas bombas.

Como consequência, o volume produzido de etanol hidratado, aque-le consumido diretamente por automó-veis flex, caiu de 19 bilhões de litros em 2010/11 para 12,7 bilhões de litros em 2013/14. Ao mesmo tempo, o con-sumo do etanol anidro, utilizado para compor o nível de mistura obrigató-ria de 25% na gasolina, aumentou de 8,3 para 11,3 bilhões de litros no mes-mo período, época em que a demanda por combustíveis cresceu rapidamente no Brasil. Contudo, como os preços in-ternacionais do petróleo ainda perma-neceram muito elevados durante esses anos, a queda no volume de etanol hi-dratado não pode ser atribuída à varia-ção nos preços da gasolina.

Previsibilidade é fundamental para as energias renováveis - O que aconteceu quando os preços internacio-nais do petróleo caíram em 2014? Na-quela época, o Brasil estava no meio de seu período eleitoral, e a presidente Dil-ma Rousseff lutava por sua reeleição. Como frequentemente acontece, foram

feitas muitas promessas de campanha, mas nada realmente aconteceu até que a eleição ocorresse. Quando o novo gover-no assumiu oficialmente o gabinete, em janeiro de 2015, o barril estava a US$ 50 e a situação econômica do país havia deteriorado, com o registro de uma taxa de crescimento abaixo de 1% em 2014, acompanhada de prospectos negativos para o ano de 2015.

O segundo mandato de Dilma Rousseff, ávido por aumentar as recei-tas públicas, lançou algumas reformas que aliviaram as dificuldades do setor sucroalcooleiro. O nível obrigatório de mistura de etanol subiu de 25% para 27%, e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da ga-solina passou de 29% a 30% nos prin-cipais estados do Brasil. Ainda mais importante, as Contribuições de Inter-venção no Domínio Econômico (CIDE), taxa incidente sobre os combustíveis criada em 2001 e extinta em 2012 (jus-tamente para manter baixos os preços dos combustíveis), foram parcialmente reintroduzidas sobre a gasolina e o óleo diesel. Todas essas mudanças implica-ram um aumento de R$ 0,22 por litro de gasolina nos postos de combustível, o que contribuiu para melhorar a situa-ção atual da indústria do etanol.

Mas qual será a postura do go-verno em relação aos preços domésti-cos dos combustíveis, agora que o bar-ril está muito mais barato? Nenhuma das reformas mencionadas são irre-versíveis. O governo possui a flexibili-dade de reduzir a mistura obrigatória para 18%, e o Brasil possui um histó-rico de oscilação tributária. Porém, a depreciação da moeda brasileira tor-na quase inexistente a diferença entre os preços internacionais e aqueles pra-ticados pela Petrobras nas refinarias. Dessa forma, uma mudança no preço dos combustíveis não está na agenda.

Portanto, mais que um barril de petróleo barato, o maior desafio atu-

al da indústria brasileira de etanol é a ausência de regras claras e previsibili-dade regulatória de longo prazo. Para realizar completamente o potencial do setor sucroenergético, as autoridades públicas precisam oferecer clareza. A definição do papel reservado ao eta-nol e à bioeletricidade na matriz ener-gética brasileira é de fundamental im-portância, além da adoção de ações consistentes com tal perspectiva. Por exemplo, o setor quer saber que siste-ma e regras valerão para o estabeleci-mento de preços na matriz de combus-tíveis em geral. Isso é válido tanto para a gasolina quanto para a eletricidade.

A diminuição no preço internacio-nal do petróleo é apenas um dos obstá-culos enfrentados pelos biocombustíveis. As indústrias que dependem de decisões e apoio público estão acostumadas com essa incerteza, uma vez que decisões po-líticas tendem a ser voláteis. Os tempos são difíceis para o setor de biocombustí-veis, mas novas oportunidades surgirão. A intensificação das negociações cli-máticas no âmbito da 21ª Conferência das Partes (COP 21, sigla em inglês), que ocorrerá em Paris em dezembro de 2015, bem como a descarbonização do setor de transportes podem constituir uma oportunidade para reinserir os bio-combustíveis na discussão sobre energia limpa e renovável.

A indústria de biocombustíveis é altamente inovadora: melhora cons-tantemente seus processos produtivos, a fim de oferecer o melhor desempenho em termos de redução das emissões de gases-estufa. Mas essa indústria preci-sa de uma estrutura transparente, es-tável e previsível para suas operações.

*Géraldine Kutas é assessora sê-nior da presidência da União da Indús-tria de Cana-de-açúcar (Unica) para assuntos internacionais. Artigo publi-cado no portal International Centre For Trade and Sustainable Develop-ment (ICTSD)

Caderno CanaMixOpinião

Page 19: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 19

Page 20: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

20 Terra & Cia Junho 2015

Page 21: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 21

Page 22: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

22 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Setor discute crisena Câmara dos Deputados

Trabalhadores, empresários, parlamentares e representan-tes de entidades ligadas à ca-

deia produtiva da cana-de-açúcar concordam ao atribuir, como uma das causas para atual crise do setor sucro-energético, os erros da política ener-gética do governo. O assunto foi dis-cutido em uma Comissão Geral no Plenário da Câmara dos Deputados, dia 10 de junho, em Brasília, DF. O encontro foi organizado pelo deputa-do João Henrique Caldas (JHC), da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético.

Uma caravana de Sertãozinho, SP, maior polo industrial do setor do País, participou da audiência. O di-

retor técnico do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), Paulo Gallo, destacou o cenário difícil vivido por este elo da cadeia. “Nos últimos três anos, o setor viu ‘derreter’ 15 mil postos de trabalhos na região onde es-tão instaladas as empresas associadas ao Ceise Br. A indústria de base está sofrendo. O setor está na UTI em está-gio terminal e precisamos de ações de curtíssimo prazo”, disse Gallo.

Segundo o diretor do Ceise Br, há uma necessidade de apoio a um programa de retrofit - processo de modernização de equipamentos -, que provocaria resultados positivos ime-diatos para o setor. Já o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, disse na ocasião que os produtores de cana do estado de São Paulo estão entrando na 6ª safra com produtividade abai-xo de 80 toneladas por hectare. Ele destacou a necessidade de linhas de crédito específicas para investimento e custeio agrícola, com o objetivo de modernizar e recuperar os canaviais.

Para Ortolan, o Brasil está dei-xando passar a oportunidade de figu-rar em posição de destaque na pro-dução de energia limpa, baseada na cana-de-açúcar e na biomassa. O pre-sidente da Canaoeste destacou a gran-de oportunidade que o Brasil tem em mãos, no que se refere à geração de energia renovável, uma vez que líde-res do G-7, cúpula dos chefes de Es-tado e de governo de Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália, já anunciaram a intenção de banir os combustíveis fós-

Deputado João Henrique Caldas (JHC), da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético

Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste

seis de seus países até 2100. A diretora-presidente da União

da Indústria de Cana de Açúcar (Uni-ca), Elizabeth Farina, alertou para o fato de que o setor sucroenergético brasileiro tem profunda capacidade de alavancar o desenvolvimento eco-nômico nas regiões onde está implan-tado. “Nós precisamos nos planejar, definir uma ação estratégica para o setor de etanol, açúcar e bioenergia, sendo que uma delas é decidir o lugar e a função na nossa matriz energéti-ca do etanol e da energia de biomas-sa”, observou.

Segundo Farina, as ações estra-tégicas para o setor devem envolver a retomada dos impostos sobre com-bustíveis fósseis e a prioridade para o etanol e para a energia de biomas-sa na matriz energética, entre outras iniciativas. “Primeiro é preciso recu-perar o setor para depois retomar o crescimento”, disse. A diretora-presi-

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 23: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 23

Paulo Gallo, diretor técnico do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br)

dente da Unica lembrou que o Brasil já teve experiência bem sucedida na substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa.

O prefeito de Sertãozinho, Zezi-nho Gimenez, defendeu a necessidade de se criar um marco regulatório para o setor. “Tivemos algumas conquistas, mas é preciso mais para que o empre-sário acredite, para que o setor tenha a confiança de quem investe, de quem produz o etanol”, disse ele.

Segundo o Secretário de Agri-cultura do Estado de São Paulo, Ar-naldo Jardim, o momento é de defi-nir ações estratégicas. “Precisamos de políticas duradouras para que não comprometamos ainda mais este se-tor que enfrenta uma situação com 60 usinas fechadas, 80 em recupe-ração judicial, com milhares de em-pregos perdidos, e, mais do que isso, a oportunidade que o Brasil perde de ser fronteira vanguardeira na nova economia, a da energia renovável”, ponderou.

Já o presidente da Frente Par-lamentar pela Valorização do Se-tor Sucroenergético, deputado Sérgio Souza, chamou a atenção para a am-plitude do problema. “A crise não está só no campo, é uma cadeia toda que está sofrendo. Não é só um problema do ponto de vista econômico, mas sim de saúde dos seres humanos, do país, do planeta. Nenhum setor no Bra-sil faz tão bem para o meio ambien-te como o setor sucroenergético”, dis-se Souza se referindo ao uso do etanol e da biomassa da cana como combus-tíveis renováveis.

Souza também lamentou que o Brasil tenha deixado de lado o pro-grama de etanol nos últimos quatro anos e ressaltou que ele precisa ser retomado. “O Brasil precisa apresen-tar solução para o clima e para o meio ambiente, e a solução está no nosso setor”, disse. “O setor garante para o

País renda e qualidade de vida”, com-plementou o deputado Zé Silva.

Segundo o deputado JHC, a si-tuação crítica do setor está relacio-nada ao fato de que “o governo se dedicou a manter o preço da gasoli-na baixo, artificialmente, o que pre-judicou a competitividade do etanol”. Para ele, o segmento sucroenergético precisa que o etanol volte a ser com-petitivo e que sejam criadas linhas de crédito exclusivas. “Não há como exi-mir o governo da culpa”, disse JHC.

Ass

esso

ria

de I

mpr

ensa

Cei

se B

r

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Segundo ele, as políticas do gover-no beneficiam os combustíveis de ma-trizes fósseis, em vez dos oriundos de matriz energética limpa.

O deputado acrescentou que os problemas climáticos, como a cri-se hídrica, também têm afetado o se-tor, que responde por 30% do PIB do setor agrícola do Brasil. Em discurso lido pelo deputado Zé Silva (SDMG), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que embora o início do problema tenha sido a crise econômi-ca global, “a sua persistência chama a atenção”. Para ele, “o alto grau de endividamento merece exame cuida-doso, pois parece sustentar um círcu-lo vicioso”.

Segundo Cunha, as empresas têm acumulado dívidas, perdendo a capacidade de produção e necessitan-do de ainda mais recursos. Ele cha-mou atenção para algumas iniciativas do governo neste ano que represen-taram um alívio momentâneo para o setor, como o aumento da Cide (Con-tribuição de Intervenção no Domí-nio Econômico) e PIS/Cofins inciden-tes sobre a gasolina, o que beneficiou o etanol. Mas, para o parlamentar, é preciso definir a posição do etanol na matriz energética brasileira.

Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo

Ren

ato

Ara

újo

/ Câm

ara

dos

Dep

utad

os

Page 24: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

24 Terra & Cia Junho 2015

Mau

ro F

rass

on /

Agê

ncia

FIE

P

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Elizabeth Farina, diretora-presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar

O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, tam-bém reconheceu que neste ano o go-verno tomou algumas medidas para amenizar a crise do setor, como a vol-ta da Cide para a gasolina, ainda que não nos mesmos índices pedidos pelo setor. Rocha defendeu, portanto, a restauração integral da Cide incidente sobre os combustíveis fósseis.

Políticas para o etanol - Para o se-cretário de Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, com as políticas apro-priadas para o etanol, o Brasil pode ocu-par função estratégica no compromisso mundial com a energia renovável. “Há cinco anos, 56% da matriz energética era de energia renovável. Esse número diminuiu para 36%”, observou.

O presidente do Sindicato da In-dústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, e o prefeito de Pira-juba - município do Triângulo Mineiro - Rui Ramos, também falaram na tri-buna da Câmara. Campos destacou a

importância de políticas públicas para incentivar o setor de etanol como a re-dução do ICMS de 19% para 14%, ocorrida este ano em Minas Gerais, e como isso está contribuindo para au-mento das vendas do combustível lim-po e renovável no estado.

Já o prefeito Rui Ramos chamou a atenção para a importância das usi-nas de açúcar, etanol e bioeletricida-

Ren

ato

Ara

újo

/ Câm

ara

dos

Dep

utad

os

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético

de para os municípios, em função da grande geração de empregos, renda e impostos. “Muitas usinas têm consór-cios com fornecedores de cana, o que contribui, sobremaneira, para a maior distribuição de renda em toda a ca-deia produtiva”, observou.

De acordo com o especialista no setor sucroenergético e consultor téc-nico da Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), Ângelo Bressan Filho, “conhecer os motivos que es-tão provocando as atuais dificuldades, observar em que medida elas derivam de fatores estruturais e descortinar as formas de superá-las é um desafio para todos os analistas”.

Deputado Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético

Page 25: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 25

Companhia Albertina, em Sertãozinho, SP, teve falência decretada pela Justiça no dia 5 de junho de 2015

Mais 10 usinas devem fechar este ano, diz Unica

Nos últimos cinco anos pelo menos 80 usinas de cana-de--açúcar pararam de moer, das

quais 44 enfrentam processo de recu-peração judicial (RJ). Outras 23 uni-dades industriais também estão em re-cuperação judicial, porém, ainda se mantêm em operação. De acordo com a União da Indústria da Cana-de-açú-car (Unica), pelo menos outras dez usi-nas podem interromper suas atividades ainda este ano. Fontes de mercado in-dicam que outras usinas deverão entrar em RJ nos próximos meses.

Falência - A Companhia Alberti-na, localizada em Sertãozinho, SP, teve sua falência decretada pela Justiça no dia 5 de junho, após mais de seis anos em processo de recuperação judicial. De acordo com a juíza Daniela Regi-na de Souza, a decisão foi tomada com base no laudo do administrador judicial que atesta a impossibilidade da usina em cumprir seu plano de pagamento.

A Albertina foi a primeira usina pau-lista a pedir recuperação judicial, após a crise econômica desencadeada em 2008.

A Albertina, no entanto, já vi-nha enfrentando dificuldades financei-ras desde o início dos anos 2000, atri-buídas às consequências da queda dos preços do açúcar e do etanol nos anos 1990. Atualmente, as dívidas da usina estão estimadas em R$ 200 milhões. Outra tradicional empresa sucroener-gética do interior paulista, o Grupo Ca-rolo, com as usinas Nossa Senhora da Aparecida, em Pontal, SP, e a Planal-to, em Ibiá, MG, tem dívidas estimadas em R$ 835 milhões. A empresa opera desde a década de 1930.

O Grupo Carolo mantém as ope-rações apenas na unidade de Pontal, que está em processo de recuperação judicial. Até o fechamento desta edi-ção, a informação era de que a unida-de Planalto teria parte de seus ativos

leiloados no dia 24 de junho. O lei-lão também contempla a fazenda de cana Manchúria. Juntos os ativos fo-ram avaliados em R$ 56,9 milhões. O leilão foi determinado pela juíza da 1ª Vara Cível da Comarca de Pontal, Ca-rolina Nunes Vieira, com lance inicial de R$ 25 milhões.

O comprador não terá que assu-mir ônus anteriores das propriedades, inclusive de natureza tributária, deri-vadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidente de trabalho. A unidade industrial mineira tem ca-pacidade para produzir 300 mil litros de etanol por dia, com armazenamento de 15 milhões de litros do biocombus-tível. Já a fazenda Manchúria possui 1,27 mil hectares, com galpões, repre-sas, 600 hectares de canavial, além de uma pista de pouso para aviões de pe-queno porte.

De acordo com o administrador judicial da empresa, Alexandre Leite, os recursos do leilão vão quitar a fa-zenda e pagar credores que haviam li-berado a propriedade da alienação fi-duciária. Os recursos também vão servir como caixa para manter a ope-ração da unidade de Pontal, que na sa-fra 2014/15 processou 1,2 milhão de toneladas de cana. O Grupo Carolo teve o plano de RJ aprovado pela maio-ria dos credores em outubro de 2104. Com anuência do Ministério Público, foi chancelado pelo Poder Judiciário.

Outra vítima da crise é a Usina Rio Verde, de Goiás, que teve o pedido de recuperação judicial aprovado pela juíza Lídia de Assis e Souza Branco, da 2ª Vara Cível do município de Rio Verde, no dia 9 de junho de 2015. Com capacidade para moer 600 mil tone-ladas de cana por safra, a unidade in-dustrial foi sócia da Copersucar, com

Arq

uivo

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Page 26: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

26 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

0,3% de participação, de 2001 até o início de 2015, quando deixou o qua-dro da trading, alegando mudança em regras contratuais feitas unilateral-mente pela cooperativa. A Copersucar nega que tenha mudado as regras.

De acordo com informações pu-blicadas no jornal Valor Econômico, na petição inicial, que resultou no deferi-mento do pedido de recuperação, a Rio Verde pediu também que a Justiça de-termine a liberação dos estoques de eta-nol confiscados em maio deste ano Pela Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo – que, apesar de não ter vínculo societário com a Copersucar, é a fornecedora da tra-ding e detém em seu quadro de associa-dos os mesmos sócios que ela.

Operacionalmente, quem conce-de antecipação de crédito às usinas só-cias é a cooperativa e, no caso da usina goiana, o volume arrestado havia sido oferecido como garantia de um adian-tamento de crédito. A usina admitiu uma alavancagem acima do desejável, por conta de investimentos nos últimos anos. No entanto, afirma que as ope-rações foram comprometidas por con-ta da mudança em regras que excluiu o “seguro de performance” – o que ga-rante que a usina vai entregar a pro-dução da safra seguinte – da lista de instrumentos de garantia para adian-tar crédito aos sócios.

Segundo o Valor, os proprietá-rios da usina detalharam na petição entregue à Justiça que tentaram resol-ver a situação com a direção da coope-rativa durante todo o segundo semes-tre do ano passado, mas que, diante do insucesso das negociações, resolve-ram rescindir a sociedade e vender di-retamente sua produção. No entanto, a produção em estoque da usina perten-ce à cooperativa, que tem o penhor do produto como garantia de uma dívida de cerca de R$ 45 milhões.

Após o desligamento da usina, a

Copersucar obteve na Justiça o direi-to de arrestar 100% de seus estoques de etanol, decisão que foi mantida na primeira e na segunda instância pela Justiça de São Paulo. Em nota, a co-operativa afirmou que cumpre rigo-rosamente os contratos com seus coo-perados. Informou, ainda, que sempre ofereceu a possibilidade de três tipos de garantias para conceder adiantamento de crédito aos associados: o próprio es-toque, uma fiança bancária ou o segu-ro de performance.

No caso do seguro de performan-ce, o que ocorreu, conforme fontes do Valor, é que, após o pedido de recupe-ração judicial da Aralco, até então tam-bém sócia da Copersucar, a companhia seguradora que emitia essa modalidade de seguro retirou o produto do mercado. Até hoje, a seguradora não ressarciu a cooperativa e a Copersucar dos R$ 70 milhões devidos pela Aralco, que tam-bém tinha como garantia esse mesmo tipo de seguro. A trading e a cooperati-va movem um processo contra a segura-dora para tentar recuperar o montante.

Gestão - Em um contexto de crise que tem deixado “mortos e feridos” no setor sucroenergético, há quem sobre-viva de forma bem-sucedida. Segundo estimativas de mercado, um grupo de 10 usinas, que responde por 15% da

moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil, tem conseguido desenvolver uma estratégia de gestão eficiente, com desempenho suficien-te para manter o equilíbrio financeiro, com recursos satisfatórios em caixa ou baixos níveis de endividamento.

De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a maior parte das usinas bem-sucedidas está no Esta-do de São Paulo e tem capacidade para processar entre 5 milhões e 15 mi-lhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Nesse grupo estão compa-nhias como Lincoln Junqueira, Zillor, Bazan, Colombo e Ipiranga Agroindus-trial. Cada uma com sua estratégia, es-sas companhias passaram pelas turbu-lências e apresentam bons resultados.

De acordo com dados da Unica, entidade que representa unidades in-dustriais que somam 60% da produção de açúcar e etanol do Brasil, existem 290 usinas em operação na região Cen-tro-Sul do País. Já os números da re-gião Nordeste fazem parte de um ca-dastro informado pelo Sindicado da Indústria do Açúcar e do Álcool no es-tado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), dando conta de que 65 unidades es-tão em operação na safra canavieira 2014/15, que termina no início do se-gundo semestre.

Div

ulga

ção

Page 27: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 27

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Política ambiental reforça estratégiade recuperação do setor

Doca Pascoal

O setor sucroenergético brasi-leiro, que tenta se recuperar do cenário de crise, tem ob-

tido sinalizações positivas do gover-no através de dispositivos tributários, concessões de incentivos, linhas de crédito para renovação de canaviais e estocagem de etanol, adequação da mistura de etanol à gasolina, entre outras. São positivas, mas insuficien-tes, dizem os empresários e especialis-tas do setor, que estão com o foco vol-tado para a nova tendência da política ambiental do planeta, que quer elimi-nar gradativamente o uso de combus-tíveis fósseis.

Líderes do G-7, que reúne os pa-íses mais desenvolvidos do mundo, es-tiveram reunidos em Bruxelas, na Bélgica, para assinar um compromis-so ambiental importante. Querem eli-minar o uso de combustíveis fósseis até 2100. Nesse contexto, o Brasil vai reforçar seus argumentos favoráveis ao etanol, biocombustível que possui reconhecimento técnico internacional. A cadeia produtiva do etanol quer dis-cutir uma política ambiental abran-gente, que contemple o biocombustí-vel da cana-de-açúcar como um pilar de sustentabilidade.

A ideia é que a discussão de uma política ambiental, que estimule o uso do etanol, reverbere na COP-21, Con-ferência das Nações Unidas para Mu-danças Climáticas, a ser realizada em Paris, capital francesa, no fim do ano. A estratégia ganha força por conta do relatório recente da Agência Interna-cional de Energia (AIE) que indica os investimento em energias renováveis

e a eliminação de subsídios aos com-bustíveis fósseis como a chave para a redução das emissões nocivas de GEE (gases de efeito estufa) e limitação da temperatura global em 2ºC.

O documento “Energia e Mu-danças Climáticas” é uma contribui-ção da AIE para o debate das Nações Unidas sobre o acordo mundial para frear o aquecimento global. Segundo o economista-chefe da agência, Fatih Birol, o setor de energia é responsá-vel por mais de dois terços de todas as emissões nocivas, à frente da agricul-tura e dos transportes, de modo que “qualquer acordo fechado em Paris deverá levar isso em conta”, explicou.

A AIE, que analisa a situação energética nos 29 países membros, ressalta que quaisquer compromissos apresentados até agora – que inclui anúncios feitos pelos Estados Unidos,

União Europeia e China - não serão suficientes para conter o ritmo atual de aquecimento. O texto alerta que se não forem tomadas medidas mais for-tes a partir de 2030, a temperatura global aumentaria 2,6ºC até 2100 e cerca de 3,5ºC até 2200.

A agência recomenda aos países a elaboração de um plano de quatro pilares, cuja primeira meta é baixar as emissões a partir de 2020, quando o total de gases lançados na atmosfe-ra deverá atingir seu ápice. Para con-seguir isso, a AIE afirma que é pre-ciso melhorar a eficiência energética, proibindo o uso de carros ou eletro-domésticos pouco eficientes, vetar a construção de novas usinas de carvão poluentes e aumentar o investimento anual em energias renováveis dos atu-ais US$ 270 bi (dado de 2014) para US$ 400 bi em 2030.

Segundo o economista-chefe da agência, Fatih Birol, o setor de energia é responsável por mais de dois terços de todas as emissões nocivas, à frente da agricultura e dos transportes

Bra

sil2

47

Page 28: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

28 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixPol ít ica Setoria l

Para o setor sucroenergético brasileiro, essas discussões globais sobre o meio ambiente podem render bons frutos, especialmente porque um consenso mundial sobre a redução do uso de combustíveis fósseis torna o etanol da cana cada vez mais estraté-gico, condição capaz de pressionar o governo a criar políticas mais efetivas para o segmento canavieiro.

Lista de reivindicações - En-quanto amadurecem os argumentos favoráveis ao meio ambiente, o setor trabalha na construção de uma nova pauta de reivindicações para apresen-tar ao governo. A cadeia produtiva do etanol quer a recomposição integral da Contribuição de Intervenção no Do-

mínio Econômico (Cide) na gasolina e a renegociação da dívida de mais de R$ 50 bilhões das usinas. O retorno da Cide foi anunciado em janeiro, e a tarifa já está em R$ 0,22 por litro de gasolina.

Em 2012, antes de ser zerada, contudo, a alíquota estava em R$ 0,28 por litro, valor que as usinas querem que volte a ser aplicado. Muitos pro-dutores de etanol atribuem à retirada da Cide a deterioração da situação fi-nanceira do setor sucroenergético. De acordo com a presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Uni-ca), Elizabeth Farina, a reintrodução da Cide é comemorada, por dar maior competitividade ao etanol, mas ponde-

ra que ainda é “insuficiente” para aju-dar o setor a se reerguer.

Farina admite, no entanto, que o diálogo do setor com o governo me-lhorou após a concessão de incentivos e a inclusão, pela primeira vez, das linhas de crédito para renovação de canaviais (Prorenova) e estocagem de etanol no Plano Safra. Mas ainda há muito a fazer. De acordo com um re-cente levantamento do Itaú BBA, que possui em sua carteira importantes companhias do setor, a dívida das usi-nas cresceu 12% na safra 2014/15, encerrada em março, para R$ 50,5 bilhões. Em março de 2012, no final do ciclo 2011/12, o endividamento era de R$ 42 bi.

De acordo com relatório da AIE, se não forem tomadas medidas mais fortes a partir de 2030, a temperatura global aumentaria 2,6ºC até 2100 e cerca de 3,5ºC até 2200

Wor

dpre

ss /

sxc.

hu

Page 29: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 29

Page 30: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

30 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixAgrícola

Setor canavieiro paulista faz a lição de casa

Segundo Rubens Rizek, São Paulo conta com um percentual acima de 50% de energia renovável vinda da agricultura

Da Redação

De acordo com estimativas da ONU - Organização das Na-ções Unidas -, o planeta terá

9 bilhões de habitantes até 2050. Se a estimativa estiver correta, o Brasil terá que aumentar em 40% a sua ca-pacidade produtiva, utilizando o mes-mo espaço, para atender esta deman-da. A pergunta inevitável: é possível aumentar a produtividade com susten-tabilidade? O desafio é grande, mas já há quem esteja caminhado com suces-so neste caminho sustentável. O Esta-do de São Paulo pode ser considerado um exemplo a ser seguido pelo Brasil e pelo mundo.

A agricultura paulista conta com ferramentas fundamentais para vencer este desafio, como a tecnolo-gia agrícola de ponta, plantio dire-

to, sistemas integrados de produção, recursos humanos altamente capa-citados, assistência técnica, progra-mas e projetos de desenvolvimento ru-ral, legislação ambiental, fiscalização eficiente e recomposição de vegeta-ção nativa. A Secretaria de Agricul-tura e Abastecimento de São Paulo foi a primeira a prestar conta de suas ações com a publicação de um rela-tório de sustentabilidade reconhecido internacionalmente.

Cana - O maior exemplo de que a agricultura de São Paulo trabalha em sintonia com o meio ambiente é a atuação do setor sucroenergético e as políticas estabelecidas pelo gover-no do Estado. Trata-se de um setor que representa 44% do valor bruto da agropecuária, sendo a maior atividade agrícola paulista. São Paulo é o maior produtor de cana, açúcar e etanol do Brasil, pioneiro em pesquisa e desen-volvimento nesta área e detém uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo (55%), com a energia gera-da a partir da biomassa de cana.

A meta para 2020, estipula-da pela PEMC - Política Estadual de Mudanças Climáticas -, é de que essa matriz seja composta por 69% de energias limpas, e esse tento não será possível se o etanol e a cogeração não contribuírem com a maior parcela. Estima-se que, desde 1975, o uso de etanol no Brasil, em substituição à ga-solina, permitiu uma redução de emis-sões de 600 milhões de toneladas de CO2 equivalente, que correspondem ao plantio de 2 bilhões de árvores.

“Se você for aos países mais de-senvolvidos verá que eles não conse-guem passar dos 10% de energia re-novável em suas matrizes energéticas. Quando a gente fala que em São Pau-

lo, que é um estado industrializado, nós temos um percentual acima de 50% as pessoas não acreditam. Em um mundo que está se debatendo com as questões de aquecimento global e mudanças climáticas, você conseguir uma performance desta, com energia renovável vinda da agricultura, é algo espetacular”, afirma o secretário ad-junto Rubens Namam Rizek Júnior.

Para reforçar o compromisso com o meio ambiente, o governo pau-lista e a cadeia produtiva da cana-de--açúcar adotaram, em 2007, o Pro-tocolo Agroambiental para o setor sucroenergético. Ele tem abrangên-cia estadual e define metas mais res-tritivas, como a antecipação do prazo para a eliminação da queima da pa-lha da cana, a proteção de remanes-centes florestais de nascentes e de ma-tas ciliares, e a redução de consumo de água na etapa industrial.

Desde a assinatura do Protoco-lo até o final da safra 2013/14, pelo menos 7,16 milhões de hectares dei-xaram de ser queimados. Assim, o se-tor deixou de emitir 26,7 milhões de toneladas de poluentes (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e material particulado) e 4,4 milhões de tonela-das de gases causadores do efeito es-tufa (metanol e óxido nitroso).

Com relação ao uso responsável dos recursos hídricos, as usinas signa-tárias já reduziram seu consumo espe-cífico de 1,89 m³ para 1,18 m³ por to-nelada de cana moída. Mais de R$ 42 milhões foram investidos no fechamen-to e na reutilização da água os circui-tos industriais, o que resultou em eco-nomia de mais de 106 bilhões de litros de água desde 2007, o suficiente para abastecer por dois anos uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes.

Arq

uivo

Page 31: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 31

CTC lança programa de assistência técnica

Caderno CanaMixAgrícola

rodapé de pagina

Jorge Donzelli, gerente de Assistência Técnica do CTC

O Centro de Tecnologia Canaviei-ra (CTC) desenvolveu um pro-grama exclusivo de assistên-

cia técnica para auxiliar produtores a realizarem o correto manejo do culti-vo agrícola de cana-de-açúcar. O CTC Valoriza, já disponível para a safra 2015/16, é um pacote de serviços, en-tre os quais se destacam a elaboração do plano agrícola, suporte no plantio e colheita mecanizados, planejamento de viveiros e técnicas de multiplicação de cana, CTCSat, adubação mineral e uso de resíduos e consultoria em pra-gas e doenças.

De acordo com o gerente de As-sistência Técnica do CTC, Jorge Don-zelli, os serviços de consultoria espe-cializada disponíveis no programa CTC Valoriza obedecem a um sistema de pontuação. “Assim que acumulados os pontos correspondentes ao serviço de-sejado, os produtores de cana-de-açú-car deverão solicitar tal suporte por meio da área restrita disponível no site ctc.com.br”, orienta o gerente, que destaca o lançamento deste novo pro-grama como parte da reestruturação da área de Assistência Técnica do CTC.

Arq

uivo

Page 32: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

32 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixAgrícola

Luzes de LED ajudam no crescimento de mudas

Uma combinação de luzes azul e vermelha resultou no crescimento uniforme, mantendo um tamanho reduzido das mudas

Um problema encontrado na produção de mudas de cana--de-açúcar in vitro é a com-

petição por luz. O método convencio-nal, adotado nas biofábricas, utiliza lâmpadas fluorescentes que fazem al-gumas mudas crescerem mais do que outras e as menores acabam morren-do. Para resolver esse entrave, pesqui-sadores da Escola Superior de Agri-cultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, SP, desenvolveram uma técnica capaz de aumentar a produti-vidade dessas mudas utilizando luzes de LED (Light Emitting Diodes, na si-gla em inglês).

Uma combinação de luzes azul e vermelha resultou no crescimento uni-forme, mantendo um tamanho reduzi-

do das mudas.“Sob a luz vermelha, os cloroplastos, região responsável pela fotossíntese, ficam ‘estressados’, fa-zendo a planta reduzir seu tamanho. A azul serve para equilibrar esse pro-cesso”, explica Paulo Hercílio Viegas Rodrigues, coordenador do estudo. A pesquisa começou por um projeto de iniciação científica de Felipe Malu-ta, aluno de engenharia agronômica. “A técnica já é utilizada com bana-na e morango. O que fizemos foi apli-car esse método pela primeira vez na cana”, diz Maluta.

As luzes de LED ajudam no cres-cimento das mudas por meio do espec-tro rosado, resultado da combinação de comprimentos específicos de azul e vermelho. O uso dessa tecnologia é re-lativamente novo na cultura canaviei-

ra, mas é habitual no cultivo de flores desenvolvidas em estufas na Holanda. A introdução da luz com LED, além de aumentar a produtividade, faz com que o tempo de crescimento das mu-das diminua em 50% e reduz custos na produção.

Arq

uivo

Page 33: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 33

Relatório assegura que não faltaterra para produção

Não há falta de terras no pla-neta para a produção de bio-energia. A afirmação está

no Relatório Mundial sobre Bioener-gia e Sustentabilidade, coordenado por cientistas brasileiros ligados aos programas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fa-pesp), com apoio do Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês), agência intergo-vernamental responsável pela inicia-tiva, associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ci-ência e a Cultura (Unesco).

O estudo, desenvolvido por 137 especialistas de 24 países, mostra também que a expansão de áreas destinadas a fontes de energia reno-váveis não coloca em risco a produ-ção de alimentos - pelo contrário, pode ajudar a desenvolver a agricul-tura. Foi a primeira vez, em 72 edi-ções, que o Brasil coordenou as pes-quisas. O estudo concluiu que existe terra suficiente no mundo para uma

contribuição significativa de bioener-gia em uma matriz energética mun-dial sustentável.

De acordo com a coordenado-ra-geral da pesquisa, Glaucia Men-des Souza, da Fapesp, o relatório também ressalva que essa contribui-ção pode chegar a ser um quarto da energia utilizada no mundo em 2050. Hoje, a participação da bioenergia é de aproximadamente 10% na matriz energética mundial. A pesquisa indi-ca também que entre as regiões em que há mais terras para desenvolvi-mento da bioenergia estão a África e a América do Sul.

“O Brasil tem um papel enor-me para produção de biomassa e é uma grande oportunidade para a gente. Temos que desenvolver aqui as tecnologias para modificar a bio-massa, para que ela possa gerar to-dos esses produtos de uma maneira sustentável”, destacou Glaucia. Se-gundo o estudo, a expansão de áreas destinadas a fontes de energia reno-

váveis não colocará em risco a pro-dução de alimentos. O maior proble-ma da fome, segundo ela, “é falta de dinheiro para comprar comida. Não é falta de comida”.

Segundo a pesquisadora Glaucia Mendes Souza, o Brasil precisa desenvolver tecnologias para modificar a biomassa, para que ela possa gerar produtos de uma maneira sustentável

Caderno CanaMixBioenergia

+ FINO

+ PURO+ EFICIENTE

+ ECONÔMICO

Produto Fábrica PN (%) PRNT (%) CaO (%) MgO (%)

Calcário Dolomítico

Calcário Dolomítico

Calcário Calcítico

Calcário Calcítico

Calcário Calcítico

Calcário Dolomítico

Calcário Dolomítico

Calcário Dolomítico

Gesso

Itaú de Minas (MG)

Sobradinho (DF)

Sobradinho (DF)

Rio Branco do Sul (PR)

Pinheiro Machado (RS)

Itapeva (SP)

Paracatú (MG)

Xambioá (TO)

Ouricuri (PE)

100

90

95

90

80

100

85

88

16% de S

95 a 100

85 a 90

85 a 90

75 a 80

75 a 80

80 a 85

85 a 95

80 a 85

41 a 45

40 a 43

42 a 45

42 a 45

28 a 30

26 a 30

30 a 33

40 a 44

20% de CaO

6 a 10

5 a 6

3 a 5

3 a 5

3 a 5

19 a 21

16 a 18

12 a 15

www.vcimentos.com.br SAC: 0800 701 9895 F: (16) 3019 8110 [email protected]/ / /

Quem quer maior produtividade, exige qualidade

Cur

rícu

lo L

atte

s

Arq

uivo

Page 34: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

34 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixFenasucro

Organizadores esperam mais de 33 mil visitantes

Page 35: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 35

Caderno CanaMixFenasucro

Organizadores esperam mais de 33 mil visitantes

A 23ª Fenasucro & Agrocana, maior evento do mundo vol-tado exclusivamente ao setor

sucroenergético, será realizado de 25 a 28 de agosto, em Sertãozinho, SP. Este ano contará com mais de mil marcas expostas. “A feira é o palco principal para a retomada do setor, pois traz uma plataforma completa de alternativas e soluções à cadeia produtiva da cana-de-açúcar”, des-taca Paulo Montabone, gerente-ge-ral da pela Reed Exhibitions Alcan-tara Machado, promotora do evento.

A feira, que este ano ganhou a chancela da Unesco, deve reunir as empresas líderes do mercado e seus principais compradores do Brasil e de mais 50 países. A expectativa é re-ceber mais de 33 mil visitantes qua-lificados nos pavilhões do Centro de Eventos Zanini e chegar a uma ge-ração de negócios de cerca de R$ 2,8 bilhões concluídos até seis meses após o evento.

“A produção de energia a partir dos derivados da cana é um dos pon-tos de destaque desta edição da Fe-nasucro & Agrocana. Este novo mer-cado tem se mostrado de extrema importância para o planejamento do crescimento da economia brasileira e é nesse segmento que apostamos o nosso crescimento em volume de ne-gócios”, explica o diretor do portfó-lio de energia da Reed, Igor Tavares.

Em uma área total de 75 mil m², a Fenasucro & Agrocana esta-rá dividida em cinco grandes setores: Agrícola, Fornecedores Industriais (pequenos, médios e grandes forne-cedores de equipamentos, suprimen-tos e serviços industriais), Proces-sos Industriais (vitrine do que há de

mais moderno em tecnologia, máqui-nas, equipamentos e serviços para a indústria), Transporte e Logística e Energia.

Além de ser o centro para o en-contro dos principais fornecedores e compradores do setor, a Fenasucro & Agrocana oferece aos seus visitantes acesso a debates e palestras com os mais atualizados conteúdos envolven-do mercado e também alta tecnologia.

Outro destaque é a Rodada de Negócios Internacional, promovida pela APLA/APEX, que reúne forne-cedores e compradores de alto poten-cial do exterior, este ano, além da ro-dada internacional, o evento também oferecerá uma Rodada de Negócios Nacional que irá fomentar o encontro entre os principais compradores na-cionais e os expositores.

Eventos paralelos - A Fenasu-cro & Agrocana também já confir-mou importantes atividades, reunin-do especialistas que apresentarão soluções e alternativas para alavan-car a qualidade e eficiência nas dife-rentes etapas do processo produtivo da cana. Além de possibilitar mais oportunidades de negócios. Os 40 anos do Proálcool serão comemora-dos durante a Feira.

Entre estes eventos estão tam-bém a 4ª Conferência DATAGRO CEISE Br, 3º Congresso de Auto-mação e Inovação Tecnológica Su-croenergética, Seminário Agroindus-trial STAB, Bioenergy Conference, V Seminário de Bioeletrecidade CEI-SE Br e UNICA, Seminário GEGIS, Workshop temático GERHAI, Reu-nião LIDE, Encontro de Produtores Canaoeste/Orplana e Seminário de Transporte e Logística ESALQ LOG.

Div

ulga

ção

Page 36: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

36 Terra & Cia Junho 2015

Caderno CanaMixRecursos Humanos

Usina Nardini investe em capacitação de líderes

A partir de julho, 150 cola-boradores da Usina Nardi-ni vão iniciar uma nova eta-

pa da capacitação de líderes, que já treinou 120 colaboradores nos últimos 10 meses. O objetivo é garantir que to-dos os níveis de liderança estejam pre-parados para assumir responsabilida-des com base no cenário de desafios que será enfrentado nos próximos cin-co anos. “A ideia é fazer com que esse conhecimento chegue a outros cargos estratégicos, para que todos possam falar a mesma língua”, afirma o ge-rente de Recursos Humanos da Nardi-ni, Gilmar Miranda.

“Estamos em um momento de transição, onde os líderes passam a as-sumir tarefas ligadas à gestão de pes-soas e que antes estavam exclusiva-mente sob a responsabilidade do RH, como controle de jornada, promoções, segurança do trabalho. Essas mudan-

ças, porém, contam com o auxílio de novos sistemas operacionais que es-tão sendo implantados”, observa Mi-randa. A proposta da Nardini está li-gada à sobrevivência da organização, “já que as empresas que não se prepa-rarem e trabalharem com foco em re-sultados, desaparecerão”.

Avaliação - Segundo o supervi-sor de operações Daniel Aparecido de Assis, o treinamento permitiu que ele aprendesse a utilizar novas ferramen-tas de trabalho. “Também passei a dialogar de uma melhor maneira não só com os integrantes da minha equipe como do restante da empresa”, ava-lia. Já para Ana Carolina Bizari, en-carregada do departamento Jurídico da Nardini, a capacitação aproximou ainda mais a gerência e seus coorde-nadores. “Há, agora, uma maior in-teração entre as áreas da empresa”, analisa.

Gilmar Miranda: “A ideia é fazer com que esse conhecimento chegue a outros cargos estratégicos, para que todos possam falar a mesma língua”

Div

ulga

ção

VII Simpósio de Cana discute vinhaça concentrada para adubação

O uso da vinhaça concentrada, uma das práticas que vem sen-do adotadas para adubação, é

uma das oportunidades de racionali-zar o uso de fertilizantes em cana de açúcar, tanto economizando o potássio via reciclagem, quanto aumentando a eficiência das demais fontes (nitrogê-nio, fósforo e micro nutrientes, quan-do colocados junto à vinhaça concen-trada). O assunto será discutido no VII Simpósio de Cana do GAPE/ESALQ, de 15 a 17 de julho de 2015, em Pi-racicaba, SP.

“Hoje as empresas que não con-

tam com concentração de vinhaça na adubação, geralmente pecam pelo ex-cesso ou pela falta em potássio, usam muito em distâncias próximas e deixam de utilizar a quantidade adequada nas demais áreas. Isso tem impactos nega-tivos em relação à maturação da cana e sua produtividade”, afirma Luiz Antô-nio Paiva, engenheiro agrônomo e pa-lestrante que abordará o tema.

O uso da vinhaça concentrada é uma ferramenta valiosa na otimiza-ção da adubação potássica em cana de açúcar, permite ganhos de produti-vidade e maturação. Existem equipa-

mentos que fazem a concentração de vinhaça sem gastos adicionais de va-por, é um sistema que contribui para que seja feita a concentração sem de-trimento da cogeração de energia elé-trica: “Muita gente acredita ainda que concentrar vai reduzir a cogeração e isso não é mais verdadeiro ”, finali-za Paiva.

As inscrições para o VII Sim-pósio Tecnologia de Produção de Ca-na-de-Açúcar já estão abertas no site simposiodecana.com, e-mail [email protected], ou pelo telefone (19) 3417-6604, com Maria Eugênia.

Page 37: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 37

Caderno CanaMixSorgo

Nexsteppe destaca variedade apropriada para safrinha

O termo safrinha tem origem na década de 1970, no estado do Pa-raná, devido ao pequeno volume de grãos colhidos em comparação à safra de verão. Historicamente conhecida como uma época de baixa produtivi-dade, a safrinha deixou de ser rele-gada ao segundo plano no programa anual de plantio e hoje é vista como um período de colheita de alto nível na agricultura brasileira. Para o setor sucroenergético, a safrinha é conheci-da também como o momento de reno-vação dos canaviais.

Este cenário mudou, pois tanto agricultores quanto usineiros foram em busca de alternativas sofisticadas para manter sua produtividade, mes-mo nesta época de poucas chuvas e in-cidência solar. Para isso, a Nexsteppe desenvolveu um produto exclusivo e específico para este momento: o sor-go biomassa Palo Alto 1009 safrinha.

Semeado de janeiro a 15 de fe-vereiro, após a colheita de uma cultu-ra de verão (geralmente soja ou milho) ou na reforma do canavial, o sorgo sa-frinha depende menos de um regime pluviométrico constante ou de altas

taxas de luminosidade comparado ao sorgo biomassa safra.

Tradicionalmente produzido nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul ele têm ganhado bas-tante espaço em Minas Gerais. O plan-tio possibilita o uso mais econômico de terra, máquinas, equipamentos e mão de obra. Outra vantagem é a remedia-ção de problemas fitossanitários, pois ele quebra o ciclo de doenças e pragas do trigo e do milho.

Além disso, neste período mais ocioso, o custo de produção é menor, sendo uma alternativa segura e rentá-vel. “Para quem optou pelo Palo Alto 1009, ele pode representar uma recei-ta adicional na entressafra, especial-mente para o agricultor localizado em áreas próximas a caldeiras à biomas-sa”, explica a vice-presidente Comer-cial da Nexsteppe para a América do Sul, Tatiana Gonsalves.

A produtividade média é de 20 toneladas por hectare. Na safrinha, o custo para o agricultor varia de R$ 65 a R$ 70 por tonelada. No entan-to, a indústria oferece uma vantagem para os produtores de Palo Alto na sa-

frinha: os valores pagos nesse perío-do como incentivo aos agricultores está entre R$ 95 e R$ 100 por tonela-da. “A margem oferecida ao produtor é compatível com as demais culturas do mercado. Eventualmente podem ser até melhores de acordo com a re-gião, a demanda por biomassa, os custos com logística (distância até a caldeira) e o preço da energia elétri-ca contratada ou no mercado spot”, diz Tatiana.

Produção brasileira - A safra brasileira de sorgo deverá totalizar 1,860 milhão de toneladas na tem-porada 2014/15, com recuo de 1,6% sobre 2013/14, quando foram produ-zidas 1,891 milhão de toneladas. A estimativa faz parte do nono levan-tamento para a safra brasileira de grãos, divulgado em junho pela Com-panhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na estimativa anterior, a sa-fra era estimada em 1,924 milhão de toneladas. A área plantada está es-timada em 697,9 mil hectares, com queda de 4,5% sobre o ano anterior, de 731 mil hectares. Já a produtivi-dade tende a subir 3 %, passando de 2.587 para 2.665 quilos por hectare.

A variedade de sorgo Palo Alto 1009 safrinha depende menos de um regime pluviométrico constante ou de altas taxas de luminosidade comparado ao sorgo biomassa safra

Tatiana Gonsalves: “Para quem optou pelo Palo Alto 1009, ele pode representar uma receita adicional na entressafra, especialmente para o agricultor localizado em áreas próximas a caldeiras à biomassa”

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 38: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

E N T R E V I S T A

38 Terra & Cia Junho 2015

Competitividade e inovaçãopara o setor de C&P

Com mais de 45 anos dedica-dos ao setor de celulose e pa-pel, Francisco Fernandes

Campos Valério possui um olhar acu-rado sobre as tendências que perme-arão o mercado nos próximos anos. Nesta entrevista, na condição de pre-sidente do 48º Congresso de Celulose e Papel da ABTCP (Associação Bra-sileira Técnica de Celulose e Papel), ele fala sobre a relevância do evento e detalha caminhos que podem ser tra-çados para conferir competitividade e inovação ao meio.

Quais as expectativas para o 48º Congresso?

Francisco Valério - Estamos passando por um momento conjuntu-ral difícil. Nessa situação, as nossas

expectativas precisam ser as melhores possíveis para fazer frente, exatamen-te, a um cenário de adversidade e o Congresso refletirá esse esforço. Temos de reverter esse quadro e, para isso, é preciso continuar trabalhando em bus-ca de inovação e aumento de produ-tividade de maneira que nos mante-nhamos competitivos com uma série de tecnologias. Sem dúvida nenhuma é um momento crítico, mas nós temos potencial e precisamos de um olhar fo-cado positivamente para reverter esse quadro.

A troca de informações técnicas no setor é importante para a competi-tividade das indústrias. Qual é o papel do congresso nessa interatividade?

FV - O Congresso é fundamen-tal para dar visibilidade ao trabalho que é desenvolvido dentro da pró-pria ABTCP. Na Associação, temos diversas comissões técnicas, como as de Celulose, Meio Ambiente, Energia, Manutenção, Recuperação de Produtos Químicos, entre outras. Então, essa participação e troca de informações entre elas agregam muito valor, porque as experiências vão se somar. Esse conhecimento é fundamental ao setor, levando em conta diversos aspectos, não ape-nas os produtivos que envolvem pro-dutos de qualidade, mas também de segurança e meio ambiente. Acre-dito que essa troca de informações vem acontecendo ao longo dos anos porque as pessoas que estão no Con-gresso são capacitadas e tem muito conhecimento para transmitir. Esse networking é muito importante.

E quanto à capacitação de novos profissionais, acredita que o Congresso também tenha esse papel?

FV - O Congresso é uma com-plementação do que se desenvolve no ano inteiro por meio das Comissões Técnicas, de seminários que ocorrem, da própria ABTCP e em algumas re-giões específicas com assuntos rela-cionados ao papel, à celulose, meio ambiente, entre outros. Então esse conjunto ajuda, e muito, na capaci-tação dos profissionais. Não tenho a menor dúvida disso.

Estamos em um momento de in-segurança econômica no país. Acredi-ta que esse fator será sentido pelo se-tor e enfatizado durante o Congresso?

FV - Sem dúvida nenhuma esse momento do país reflete no setor. Por isso que digo que é fundamental au-mentarmos a produtividade. O Con-gresso é um motivador para a cria-tividade, com soluções inovadoras, maneiras de aumentar a produtivida-de e a competitividade do setor. Então, essa troca de informações é muito im-portante também nesse momento. Te-mos sempre de lembrar o seguinte: não competimos apenas internamente, mas também com o mundo. Então, é nossa obrigação tentarmos ser os melhores possíveis e esse trabalho no Congresso é um grande motivador.

Falando em competitividade com o mundo, como está o cenário brasilei-ro em comparação com outros países que despontam nesse setor, como Esta-dos Unidos, China e Canadá?

FV - Hoje, somos o quarto maior

Pre

feit

ura

de T

rês

Lago

as

Page 39: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

E N T R E V I S T A

Terra & Cia Junho 2015 39

produtor de celulose do mundo e na produção de papel também temos uma posição de destaque. Quando falamos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento e inovação, é im-portante lembrar que temos o euca-lipto como matéria prima, em que o Brasil é pioneiro na produção de ce-lulose e papel com 100% dessa fi-bra. Isso exigiu um trabalho muito grande de desenvolvimento e foi im-portante para que os próprios pro-dutores de papel com mais experiên-cia, como os europeus e americanos, entendessem que essa fibra tinha ca-racterísticas diferentes das que eles estavam acostumados.

Como o senhor avalia essa situação?

FV - No início, criou-se um pou-co de confusão porque quando falá-vamos com os fornecedores de equi-pamentos, eles sempre achavam que tinham tecnologia para nos atender, baseados na larga experiência que tinham com as fibras do Hemisfério Norte. Quando entenderam que as nossas fibras tinham características diferentes, mas de uma qualidade ex-celente, isso foi mudando. Então, hoje se tem, lá fora, um nível fantástico de pesquisa nessa área de celulose e pa-pel voltado à utilização das nossas fi-bras. E, da mesma forma, estamos sempre abertos e procuramos traba-lhar em conjunto com o que há de me-lhor para que possamos agregar valor ao nosso produto e à nossa tecnologia.

Então, a utilização de fibra de papel através do eucalipto é um case de sucesso do Brasil?

FV - Sem dúvida nenhuma. Di-ria que o Brasil é o único país que ba-sicamente produz diversos tipos de papel com 100% de fibra de eucalip-

to. Ela já foi considerada, no passado, como uma fibra de enchimento. Hoje ela é premium.

Quanto às novas técnicas e tec-nologias, como o Brasil está inserido?

FV - O Brasil tem trabalhado bastante na inovação, desde a par-te florestal à industrial, muito foca-do na melhoria da qualidade e da pro-dutividade do uso das nossas matérias prima.

setor? FV - Estamos em um mercado

maduro. O futuro, em minha opinião, é promissor. Vamos continuar usan-do papel. Por circunstâncias econô-micas, às vezes algum tipo de papel é mais valorizado que o outro. Países desenvolvidos utilizam menos para escrever, por exemplo, enquanto ou-tros menos desenvolvidos continuam a usá-lo. Alguns produtos, como a li-nha tissue e de embalagem, continu-am crescendo. Então, o setor de celu-lose e papel continuará crescendo na ordem de 1,5% a 2% ao ano.

Quais os desafios? A Sustenta-bilidade terá destaque?

FV - Quanto aos desafios no Brasil, estão muito ligados à logísti-ca, onde temos deficiência; tributa-ção, com uma carga bastante elevada, bem como a necessidade de preparar mão de obra. O futuro do setor depen-de de ser sustentável, inclusive dentro da estratégia de negócio. Temos uma crescente atenção, por parte do públi-co, sobre os sistemas chave de Sus-tentabilidade, como mudança climáti-ca. Esses temas estão bem delineados nas áreas ambiental, social e econô-mica em nosso setor. Não pode mais haver separação desses temas. Na estratégia empresarial, sempre há o olhar de curto e longo prazos e, nes-sa última, os temas de Sustentabilida-de precisam, necessariamente, serem levados em conta. A reputação, a go-vernança, o respeito aos direitos hu-manos, o meio ambiente, a qualidade dos produtos, tudo está relacionado à Sustentabilidade em uma estraté-gia de longo prazo. Diria que, nesse século, cada vez mais esses itens in-tangíveis terão um peso maior. É uma questão de sobrevivência de mercado. (ABTCP)

“Hoje, somos o quarto maior

produtor de celulose do mundo e na produção de

papel também temos uma posição

de destaque”.

É possível dizer que alcançamos nível semelhante aos europeus?

FV - Quando estamos falan-do em fibra de eucalipto, somos pio-neiros, com uma capacitação su-perior. Ao mesmo tempo, temos de reconhecer que os europeus e ameri-canos possuem maior conhecimento quanto às fibras que utilizam lá. Mas hoje exportamos nosso produto base para o mundo inteiro. Atualmente, 90% da celulose de mercado produ-zida no Brasil são exportadas. Mais de 50% da nossa fibra é direciona-da para a produção de papel tissue, que são a linha de sanitários, guar-danapos, toalhas e lenços de papel, que são produtos de consumo. Temos uma capacitação muito grande nesse aspecto.

Como visualiza o futuro do

Page 40: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

40 Terra & Cia Junho 2015

Papel & Celulose

Fibria investirá R$ 7,7 bi na expansão da fábrica em Três Lagoas

A fabricante de celulose Fibria, união entre Aracruz e VCP, vai investir R$ 7,7 bilhões na unida-

de de Três Lagoas, MS, para ampliar a produção anual de 1,25 milhão de tone-ladas, para 3 milhões de toneladas. A pri-meira expansão da companhia desde sua criação, em 2009, foi definida um ano após a Fibria ter conquistado o grau de investimento da agência de classificação de risco Fitch. As obras do chamado Pro-jeto Horizonte 2 deverá gerar 40 mil em-pregos diretos e indiretos.

Líder mundial na produção de ce-lulose de fibra curta (eucalipto), a Fibria realizará as obras com recursos próprios provenientes da forte geração de caixa da companhia e com financiamentos de di-versas fontes como BNDES, agências de créditos de exportação (ECAs), Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, bancos comerciais e mercado de capitais. A celu-lose produzida pela Fibria em Três Lago-as é levada por transporte ferroviário até o Porto de Santos, SP, de onde é exporta-da para mais de 40 países.

“A ampliação da unidade de Três Lagoas segue a estratégia de crescimen-to com disciplina da Fibria, que considera uma janela de oportunidade para a entra-

Marcelo Castelli: “Estamos fazendo esse grande investimento no Brasil, com foco no mercado exportador, contribuindo para a balança comercial brasileira, gerando empregos, melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento local, regional e para o país”

A Fibria, união entre Aracruz e VCP, investirá R$ 7,7 bilhões para ampliar a unidade de Três Lagoas, MS

mover 500 mil horas de treinamento na área Florestal e outras 390 mil horas de treinamento na área Industrial, incluin-do a preparação da equipe própria e de terceiros. As obras também terão impac-to positivo nas finanças públicas, com es-timativa de arrecadação de impostos

de cerca de R$ 450 milhões durante a construção.

As licenças ambientais e de insta-lação já foram obtidas pela Fibria, que vem investindo no desenvolvimento da base florestal na região com o objetivo de abastecer a nova linha de produção. O su-primento para operação virá de florestas cultivadas no Mato Grosso do Sul. Serão necessários 174 mil hectares de flores-tas plantadas em áreas próprias, arren-damento e parcerias, além da compra de madeira futura de terceiros. Atualmente a empresa já conta com excedente de 107 mil hectares plantados ou sob contratos de plantio.

A unidade da Fibria em Três La-goas foi inaugurada em março de 2009, com capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano. Toda a energia consumida é gerada na própria fábrica, por meio de biomassa provenien-te de cascas do eucalipto e biomassa lí-quida resultante do processo industrial. Com o projeto Horizonte 2, a unidade in-dustrial, além de gerar e consumir a pró-pria energia, passará a ter um excedente de 160 MWH, que contribuirá para o ba-lanço energético brasileiro.

Com a capacidade adicional da ex-tensão da linha de produção de Três La-goas, a ser concluída em três anos, a Fibria poderá produzir 7 milhões de to-neladas de celulose de eucalipto ao ano, ampliando a distância em relação às con-correntes. Hoje, a companhia tem capa-cidade produtiva de 5,3 milhões de to-neladas anuais de celulose, em unidades industriais localizadas em Aracruz, ES, Jacareí, SP, Três Lagoas, MS, e Eunápo-lis, BA, onde mantém a Veracel em joint--venture com a Stora Enso.

da de nova capacidade de produção de ce-lulose no mercado em 2018. É com muito orgulho que estamos fazendo esse grande investimento no Brasil, com foco no mer-cado exportador, contribuindo para a ba-lança comercial brasileira, gerando em-pregos, melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento local, regional e para o país”, afirma o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.

A execução do Projeto Horizonte 2 contará com cerca de 60 fornecedores lo-cais. Ao longo das obras, a Fibria irá pro-

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 41: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 41

an�

21 e 22 de Setembro de 2015

15a CONFERÊNCIAINTERNACIONAL DATAGROSOBRE AÇÚCAR E ETANOL

15a CONFERÊNCIAINTERNACIONAL DATAGROSOBRE AÇÚCAR E ETANOL

A Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, comemora este ano, sua 15ª edição, além de ser o evento técnico oficial do Sugar and Ethanol Dinner São Paulo. O foco continuará sendo o de valorizar conteúdo de qualidade, disseminar conhecimento e novas tecnologias, e estimular networking entre os participantes. A DATAGRO reforça seu compromisso em reunir os principais líderes e representantes de toda cadeia do setor sucroenergético internacional para discutir questões de mercado e de estratégia setorial. Em outubro de 2014, a Conferencia Internacional contou com a presença de mais de 650 participantes de 33 países, 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.

A Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, comemora este ano, sua 15ª edição, além de ser o evento técnico oficial do Sugar and Ethanol Dinner São Paulo. O foco continuará sendo o de valorizar conteúdo de qualidade, disseminar conhecimento e novas tecnologias, e estimular networking entre os participantes. A DATAGRO reforça seu compromisso em reunir os principais líderes e representantes de toda cadeia do setor sucroenergético internacional para discutir questões de mercado e de estratégia setorial. Em outubro de 2014, a Conferencia Internacional contou com a presença de mais de 650 participantes de 33 países, 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.

#DATAGROSP

HOTEL GRAND HYATT SÃO PAULO

INSCRIÇÕES ABERTAS

EVENTO TÉCNICO DOSUGAR & ETHANOL DINNER

SAVE THE DATE

49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar 49 palestrantes e mais de 70 empresas apoiadoras, que juntas debateram em dois dias formas de superar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado brasileiro e internacional.

DATAGRO CEISE BrCONFERÊNCIA

FENASUCRO 2015

4aENTRADA GRATUITA

18 de Maio de 201618 de Maio de 2016

Waldorf Astoria Hotel, Nova Iorque, EUAWaldorf Astoria Hotel, Nova Iorque, EUAWaldorf Astoria Hotel, Nova Iorque, EUA

INSCRIÇÕES ABERTAS

GRATUITA

Centro de Eventos Zanini | Sertãozinho, SP - Brasil

+ 55 (11) 4133 3944 | [email protected] | www.datagroconferences.com

PRÓXIMOS EVENTOS

Parceiro de Mídia:

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Anuncio_SP_Fenasucro_NY16_CanaMix_20,5x27,5cm.pdf 1 16/06/15 5:07 PM

Page 42: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

42 Terra & Cia Junho 2015

Pol ít ica Setoria l

Plano Safra 2015/2016terá R$ 187,7 bilhões

Volume de recursos é 20% maior do que nos anos anteriores, com especial atenção ao custeio e à comercialização da

safra e ao fortalecimento do médio produtor rural. As taxas de juros estão maiores nas linhas de financiamento

Ministra Kátia Abreu assina documento que estabelece o crédito oficial disponível para a agricultura empresarial na safra 2015/2016

O crédito oficial disponível para a agricultura empresarial na safra 2015/2016, o chamado

Plano Agrícola e Pecuário, será de R$ 187,7 bilhões. O valor é 20% supe-rior ao disponibilizado da safra atual (R$ 156,1 bilhões). De acordo com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para o financiamento de custeio a ju-ros controlados estão programados R$ 94,5 bilhões, volume 7,5% supe-rior se comparado ao período anterior (R$ 87,9 bilhões). Segundo o MAPA, isso reflete o crescimento dos custos de produção.

Para investimentos, estão re-servados R$ 33,3 bilhões. O limite de custeio, por produtor, foi amplia-do de R$ 1,1 milhão para R$ 1,2 mi-lhão. O de comercialização passou de R$ 2,2 milhões para R$ 2,4 milhões. Foi mantido o limite de R$ 385 mil por produtor nos créditos de investi-mentos com recursos obrigatórios. “O Plano Safra mostra que ajuste não se dá só com cortes, mas com investi-mentos”, disse Kátia Abreu. Ela des-tacou ainda que sem o crédito oficial, a próxima safra poderia estar “seria-mente comprometida”.

Segundo a ministra, o setor agropecuário é um bom exemplo de interação entre o estado e o setor pri-vado. “Toda a política pública tem

um custo para a sociedade”. Ela disse ainda que a política de crédito rural é uma das mais duradouras em execu-ção no País e que outra ação duradou-ra é o desenvolvimento da agricultura tropical, mencionando a importância do trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

“Sem o aumento grande de pro-dutividade, a produção de hoje de-mandaria área de 150 milhões de hectares. Poupamos 100 milhões de hectares com tecnologia. Poderemos aumentar em 50 milhões de toneladas

à nossa produção e em 8 milhões de toneladas de carnes nos próximos 10 anos sem qualquer pressão sobre terra e água”, disse Kátia Abreu.

Pilares - Segundo o MAPA, o plano baseia-se no apoio aos médios produtores, garantia de elevado pa-drão tecnológico, fortalecimento do setor de florestas plantadas, da pecu-ária leiteira e de corte, melhoria do seguro rural e sustentação de preços aos produtores por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos.

O Pronamp (Programa de Apoio

And

erso

n R

iede

l / V

PR

Page 43: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 43

Ministra Kátia Abreu: “O Plano Safra mostra que ajuste não se dá só com cortes, mas com investimentos”

ao Médio Produtor) receberá atenção especial nesta safra e contará com R$ 18,9 bilhões, um incremento de 17% no volume de recursos. São R$ 13,6 bilhões para a modalidade de custeio e R$ 5,3 bilhões em investimento. No Pronamp, o limite de financiamento é diferenciado, sendo de R$ 710 mil por agricultor na modalidade custeio. As

taxas de juros do Programa para os médios produtores foram estabeleci-das em 7,75% ao ano para custeio e 7,5% ao ano para investimento.

Para os empréstimos de custeio da agricultura empresarial, a taxa é de 8,75% ao ano. Já para financiar os demais programas de investimen-tos, a taxa varia de 7% a 8,75% ao

ano (faturamento até R$ 90 milhões). Os programas de investimentos priori-tários – médio produtor rural, aquisi-ção de máquinas e equipamentos agrí-colas, agricultura de baixa emissão de carbono (ABC), expansão da capaci-dade de armazenagem, irrigação e inovação tecnológica – seguem tendo tratamento diferenciado.

Pol ít ica Setoria l

Div

ulga

ção

And

erso

n R

iede

l / V

PR

Page 44: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

44 Terra & Cia Junho 2015

Pol ít ica Setoria l

Quanto aos incentivos à pecuá-ria, o governo manteve os limites adi-cionais de financiamento de custeio e de investimento em estímulo aos pro-cessos de engorda em sistema de con-finamento, com prazo de seis meses, e à aquisição de matrizes e reproduto-res bovinos e bubalinos, com prazo de cinco anos, incluídos dois de carência. O plano prevê também a manutenção da linha de retenção de matrizes para evitar seu descarte precoce, com pra-zo de financiamento de até três anos para pagamento.

A fim de incentivar a inovação tecnológica no campo, o plano vai aperfeiçoar as condições de financia-mento à avicultura, suinocultura, aos hortigranjeiros e à pecuária de leite por meio do Programa Inovagro. Para esta modalidade, foram programados R$ 1,4 bilhão em recursos.

Entre as ações previstas para o

setor de florestas plantadas, destacam--se o estímulo ao aumento da produti-vidade e da área plantada, a ampliação da participação de pequenos e médios empreendedores florestais e o aumento de limite de financiamento para flores-tas plantadas no Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC).

Os limites de financiamento para investimento em plantios florestais fo-ram redefinidos. Para o grande pro-dutor (que possui mais de 15 módulos fiscais) será de R$ 5 milhões, e para o médio (até 15 módulos fiscais) perma-nece o limite de R$ 3 milhões. O pro-dutor terá também a possibilidade de realizar financiamento de custeio para tratos culturais, desbastes e condução de florestas plantadas, por meio do Programa ABC.

Apoio à comercialização - Estão assegurados recursos de mais de R$ 5 bilhões para os produtos agrícolas que

fazem parte da Política de Garantia dos Preços Mínimos. Também já está aprovado o orçamento para este ano do Plano de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Entre as novas propostas apresentadas no PAP para o seguro rural, estão a criação do siste-ma integrado de informações do segu-ro rural (SIS-Rural) e a formação de grupos de produtores para negociação com as seguradoras.

Além disso, o plano prevê a pa-dronização das apólices de seguro agrícola, medida que começou este ano, quando foi definido o nível mí-nimo de cobertura das apólices, em 60%. O PAP prevê a criação do Gru-po de Alto Nível da LPAB (Lei Pluria-nual da Produção Agrícola Brasileira) que tem o objetivo de estabelecer um planejamento estratégico agropecuá-rio para o produtor brasileiro, dando previsibilidade ao mercado.

Page 45: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 45

20 anos

1

3

225 e 26 de MARÇO

11º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA

DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

14º PRODUTIVIDADE &REDUÇÃO DE CU$TO$

HERBISHOW 14ºSeminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana

Realizado com sucesso

9º Grande Encontro sobreVARIEDADES DE

CANA-DE-AÇÚCAR

BIOMASSA DECANA-DE-AÇÚCAR

1º S e m i n á r i o s o b r e

& cia4

5 6

25 e 26 de MARÇO25 e 26 de MARÇO25 e 26

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

CANAMIX_anuncio.pdf 1 28/05/15 10:57

Page 46: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

46 Terra & Cia Junho 2015

Soj icultura

Vazio Sanitário da soja em MTvai até 15 de setembro

Proibição da presença de plantas vivas de soja, que começou no dia 1º de junho, terá prazo maior nessa safra: serão 107 dias

Da Redação

O Vazio Sanitário da cultura da soja em Mato Grosso, inicia-do no dia 1º de junho, vai até

o dia 15 de setembro. Neste período, fica proibida a presença de plantas vivas de soja e o plantio da cultura no estado. A proibição é uma medida fi-tossanitária para prevenção e contro-le da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), doença que atinge a la-voura de soja e é disseminada a par-tir de plantas vivas, servindo de ponte verde entre uma safra e outra.

Durante esse período, o agricul-tor não pode plantar ou manter la-vouras de soja, além de ter que eli-minar toda e qualquer planta de soja guaxa – que surge de forma voluntá-ria na propriedade. As lavouras de soja em que a doença está presente têm sua formação comprometida e o

enchimento de vagens prejudicado, o que reduz o peso final dos grãos. Os danos podem variar de 10% a 90% da produção, além de gerar custos maio-res para o agricultor devido ao con-trole fitossanitário.

A ferrugem asiática gera preju-ízos para toda a sociedade, não sen-do restrita aos agricultores de soja. “Como a cultura é a base da econo-mia estadual, a queda de produtivida-de impacta diretamente no mercado local das cidades e também na arreca-dação pública. É uma doença do cam-

Os danos da ferrugem asiática podem variar de 10% a 90% da produção, além de gerar custos maiores para o agricultor devido ao controle fitossanitário

Nery Ribas: “Como a cultura é a base da economia estadual, a queda de produtividade impacta diretamente no mercado local das cidades e também na arrecadação pública. É uma doença do campo que atinge a cidade”

Arq

uivo

Div

ulga

ção

Apr

osoj

a/M

Tpo que atinge a cidade”, comenta o diretor técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas.

A multa para quem descumprir a medida do Vazio Sanitário é de 30 UPFs (Unidade Padrão Fiscal) mais 2 UPFs para cada hectare com soja guaxa. Após a penalidade, o produ-tor tem 30 dias para apresentar defe-sa junto ao Conselho Técnico Agrope-cuário que faz parte do Indea-MT. Se for negado, o produtor multado pode ainda recorrer em segunda instância.

A fiscalização no período do vazio sanitário é realizada pelo In-dea-MT, e tem aumentado nos úl-timos cinco anos. Em 2014, foram feitas 4.614 fiscalizações, um núme-ro 43,7% superior ao registrado em 2013 (3.210). A evolução no núme-ro de autuações foi maior: 173% no último ano, quando houve 112 autu-ações contra as 41 de 2014 (veja ta-bela). A perspectiva para este ano é de que a fiscalização apresente nú-meros ainda maiores, devido às con-dições climáticas favoráveis à perma-nência das plantas de soja durante o vazio sanitário.

Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Fiscalizações 2216 2813 2818 3210 4.614Notificações 175 331 308 296 380Autuações 06 32 44 41 112

Fonte: Indea-MT

Page 47: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 47

Soj icultura

Estimativas apontam safrade 96 a 98 milhões de toneladas

Agê

ncia

de

Not

ícia

s do

Par

aná

A produção nacional de soja de-verá alcançar 96,044 milhões de toneladas na safra 2014/15,

crescimento de 11,5% em relação ao ciclo anterior, quando foram colhidas 86,12 milhões de toneladas. A estima-tiva é da Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), divulgada em junho. No primeiro levantamento da Conab, a estimativa era um pouco menor, 95,07 milhões de toneladas.

A área deve crescer 5,7% frente à safra passada, passando de 30,173 milhões de hectares para 31,902 mi-lhões de hectares. A produtividade foi estimada pela Conab em 3.011 quilos por hectare, o que representa acrés-cimo de 5,5% sobre o ciclo 2013/14, quando a colheita alcançou média de 2.854 quilos por hectare.

A maior produção do País deve ser registrada no estado de Mato Grosso, com 28,133 milhões de to-neladas, seguida pelo Paraná, com 17,144 milhões de toneladas e pelo Rio Grande do Sul, com 14,787 mi-lhões de toneladas do grão.

De acordo com estimativa da consultoria Safras & Mercado, a oferta total de soja deverá subir 11%, passando para 98,581 milhões de to-neladas. A demanda total está proje-tada em 90,75 milhões de toneladas (+ 6%). Desta forma, os estoques fi-nais deverão subir 171%, passando de 2,885 milhões para 7,831 milhões de toneladas.

A consultoria também estima aumento de 6% nas exportações de soja neste ano, chegando a 48,5 mi-lhões de toneladas. Em relação ao fa-relo de soja a produção deve aumen-

tar 4% e chegar a 29,85 milhões de toneladas. As exportações do farelo deverão subir 8% para 14,76 milhões de toneladas e o consumo interno pode crescer 3%, chegando a 15,03 mi-lhões. Os estoques deverão subir 3%, para 1,802 milhão de toneladas.

Já a produção de óleo de soja de-verá passar de 7,4 milhões para 7,5 milhões de toneladas. O Brasil deve-rá exportar 1,2 milhão de toneladas (- 6%) do óleo. A previsão é de que 2,4 milhões de toneladas sejam usa-das para fabricar biodiesel (+ 6%). Contando com o uso para o biocom-bustível, o consumo interno deve cres-cer 3% para 6,31 milhões. A previsão é de recuo de 3% nos estoques para 367 mil toneladas.

Produtividade - As estimativas de crescimento da produção de soja são consideradas mesmo com a possi-bilidade de redução da área a ser plan-tada na próxima safra. De acordo com relatório do Departamento de Agri-cultura dos Estados Unidos (USDA), produzido por representantes do órgão

no território brasileiro, a área semea-da na próxima safra deve ser de 31,1 milhões de hectares, ante os 31,4 mi-lhões de hectares da safra 2014/15.

O aumento da produção, portan-to, é atribuído a uma contínua ado-ção de sementes com melhor genética que ajudará a produção do Brasil a al-cançar um novo recorde. Para os adi-dos do USDA, a área a ser cultivada vai produzir 94 milhões de toneladas de soja na próxima safra. O relatório mostra que a “estagnação” do merca-do de fertilizantes, como resultado da alta dos custos, deve impactar na pró-xima temporada.

Para o USDA, a infraestrutura ainda deve ser um dos principais desa-fios para os produtores brasileiros de soja. A rentabilidade do setor ainda será afetada pelas dificuldades de lo-gística no próximo ciclo. Apesar disso, o relatório destaca investimentos que podem ser importantes para o desen-volvimento do setor, como melhorias nos portos de Santos, SP, Paranaguá, PR, e Santarém e Miritituba, no Pará.

Conab estima produtividade em 3.011 quilos por hectare, o que representa acréscimo de 5,5% sobre o ciclo 2013/14

Page 48: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

48 Terra & Cia Junho 2015

Milho

Safra deve fi car em 80,2 milhõesde toneladas em 2014/15

Da Redação

A safra brasileira de milho de-verá totalizar 80,208 mi-lhões de toneladas na tempo-

rada 2014/15, crescimento de 0,2% em relação ao ciclo passado, que foi de 80,052 milhões de toneladas. A es-timativa faz parte do nono levanta-mento da safra de grãos, divulgado em junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na previsão de maio, a safra estava estimada em 78,594 milhões de toneladas.

A área total cultivada deve ser de 15,481 milhões de hectares, recuo de 2,2% sobre o ano anterior, quando a área foi de 15,829 milhões de hec-tares. A Conab estima produtividade média de 5.181 quilos por hectare, contra 5.057 quilos por hectare da úl-tima temperada, o que representa au-mento de 2,4%.

A primeira safra do milho tem produção estimada de 30,831 milhões de toneladas, retração de 2,6% sobre as 31,652 milhões de toneladas produzidas no ano passado. A Conab estima área de

6,154 milhões de hectares, queda de 7 %. A produtividade deverá subir 4,7%, passando de 4.783 quilos por hectare para 5.009 quilos por hectare.

Já a segunda safra, ou safrinha, deverá totalizar 49,377 milhões de to-neladas, avanço de 2 % sobre a do ano passado, de 48,399 milhões de tonela-das. A área deve ficar em 9,327 milhões de hectares, subindo 1,3% frente aos 9,211 milhões de hectares plantados na última temporada. A produtividade deve subir 0,8%, passando de 5.254 quilos para 5.294 quilos por hectare.

Safra 2014/15 estimada em 80,208 milhões de toneladas deverá ser praticamente igual a do ciclo passado

Arq

uivo

Page 49: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 49

Milho

Biomatrix destaca inovaçõesem silagem de milho

Maior eficiência produtiva e menor custo de produ-ção são alguns dos princi-

pais benefícios do uso de silagem de alta qualidade para se produzir mais tanto carne quanto leite. É o que de-fende o engenheiro agrônomo e con-sultor Técnico da Biomatrix, Wheber Rodrigues. “Uma silagem de qualida-de contribui na redução do consumo de concentrados do rebanho com im-pacto de uma redução nos custos de produção, já que o concentrado re-presenta uma parte importante do in-vestimento do produtor. Estudos rea-lizados apontam que uma silagem de alta qualidade pode reduzir em até 20% o consumo de concentrados pe-los animais”, afirma o especialista.

Ele alerta para a importância

da escolha do híbrido de milho para a produção de silagem de alta qua-lidade. “A vantagem de usar o ma-terial adequado está na disponibi-lidade de amido, responsável pela produção de carne e leite, para o animal. A produção de silagem com híbridos de grãos duros, por exem-plo, causam impacto negativo na digestibilidade dos animais. Nes-te caso, eles podem consumir a si-lagem, mas o rumem não absorve o amido”, explica Rodrigues lembran-do também que outro ponto impor-tante na escolha da semente para si-lagem é o porte mais alto da planta. “Com o porte mais alto o produtor terá mais volume de massa”.

Inovação - A primeira semente de milho especifica para silagem do

mercado brasileiro, o BM 3063 PRO 2, é um hibrido transgênico de grão dentado mole desenvolvido pela equi-pe da Biomatrix especialmente para silagem. “Com porte alto, é um ma-terial muito sadio, com tolerância às principais doenças e boa adapta-ção para as safras de verão e segunda safra. É realmente uma inovação da Biomatrix”, diz Rodrigues.

Outro híbrido de destaque é o BM 709 PRO2. Com dupla aptidão, este material tem alta produtivida-de. “Este material de porte alto tem alta produtividade e pode ser culti-vado não apenas para a produção de silagem, como também para grãos. Com grão semi-dentado, tem melhor digestibilidade e qualidade”, afirma o técnico.

O hibrido transgênico de grão dentado mole BM 3063 PRO 2 é a primeira semente de milho especifica para silagem do mercado brasileiro

Arq

uivo

Page 50: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

50 Terra & Cia Junho 2015

Cafeicultura

Safra brasileira de café pode alcançar50 milhões de sacas

A safra brasileira de café pode atingir 50,4 milhões de sa-cas de 60 quilos na tempora-

da 2015/16. A estimativa é da Consul-toria Safras & Mercado, baseada em consultas a agrônomos, produtores, cooperativas, exportadores, comer-ciantes, armazenadores e secretarias de Agricultura. O crescimento é de 1% em relação ao volume estimado para a safra 2014/15.

Segundo o analista Gil Baraba-ch, responsável pela estimativa, a sa-fra 2015/16 teve um desenvolvimento problemático, por se tratar de um ciclo de baixa carga (bienalidade). Também houve o atraso nas floradas e sequelas do déficit hídrico do ano passado, o que limita o potencial produtivo das lavou-ras. A condição climática só melhorou no final de 2014, com chuvas que indu-ziram boas floradas.

No entanto, segundo Barabach, faltava ainda o período de granação. E, para isso, era preciso chuvas em bom volume nos primeiros meses des-se ano. Depois de um começo de ano de instabilidades, as chuvas vieram em bom volume, o que garantiu a grana-ção e melhoraram as expectativas em torno da safra brasileira.

A estimativa aponta que a produ-ção total de arábica 2015/16 pode al-cançar 36,1 milhões de sacas, incremen-to de 7% ante as 33,6 milhões de sacas colhidas no ciclo 2014/15. Já a safra 2015/16 de conillon foi estimada em 14,3 milhões de sacas, devendo ter que-da de 12% na comparação com a tem-porada anterior (16,2 milhões de sacas).

A previsão da Companhia Nacio-nal de Abastecimento (Conab) é menos otimista. O Segundo Levantamento de Safra de Café, divulgado em junho,

mostra que a safra 2015 deve ficar em 44,28 milhões de sacas beneficiadas de 60 quilos. O resultado, que considera a produção de arábica e conilon, mos-tra uma redução de 2,3% com referên-cia à safra de 2014, que foi de 45,34 milhões de sacas. Mantida essa esti-mativa, a produtividade média será de 22,78 sacas por hectare nesta safra.

O recuo em relação a 2014, se-gundo a Conab, é observado na produ-ção do café conilon com uma queda de 13% devido a questões climáticas. A forte estiagem no período de formação e enchimento dos grãos, aliada às altas temperaturas na região produtora do Espírito Santo, interferiram de manei-ra negativa na produtividade. Já o café arábica deverá apresentar acréscimo de 1,9%, graças principalmente à evolução da cultura na Zona da Mata mineira e também na produção do Paraná, que se recupera da forte geada de 2013.

O levantamento aponta ainda que a produção de café arábica correspon-derá a 74,3% do volume produzido no País, estimada em 32,91 milhões de sacas. O maior produtor continua sen-do Minas Gerais com volume estimado de 23,30 milhões de sacas. Para o co-nilon, cuja produção contabiliza 11,35 milhões de sacas e representa 25,7%

do total nacional, o Espírito Santo também continua sendo o maior produ-tor, com 7,76 milhões de sacas.

Com base na Conab, a área em produção no País, em 2015, está es-timada em 1,942 milhão de hectares, com registro de queda aproximada de 0,2% - ou 4,81 mil ha - em relação a 2014, que foi de 1,947 milhão. Minas Gerais concentra a maior área planta-da, com 975,27 mil de hectares, pre-dominando a espécie arábica, com 98,64% do total no Estado. Isso repre-senta 50,2% da área cultivada no País. O Espírito Santo, segundo maior pro-dutor, possui 433,27 mil hectares de café (arábica e conilon) e o conilon ca-pixaba ocupa área de 283,05 mil ha.

De acordo com essa segunda esti-mativa, os seis maiores estados produto-res de café (arábica e conilon) no Brasil em milhões de sacas de 60 kg são: Mi-nas Gerais (23.642,4), Espírito Santo (10.506,0), São Paulo (3.834,9), Bahia (2.380,1), Rondônia (1.856,8) e Para-ná (1.150,0). A estimativa da Conab traz dados e análises sobre área cultiva-da, produção, monitoramento agrícola e agrometeorológico, avaliação da produ-ção dos estados, receita bruta, preços, exportação, entre outras análises, no site conab.gov.br.

A Conab estima que safra 2015 deve ficar em 44,28 milhões de sacas beneficiadas de 60 quilos

Div

ulga

ção

Page 51: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 51

Page 52: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

52 Terra & Cia Junho 2015

Citr icultura

Produtores de citrus apostamem adensamento da plantação

Plantar árvores de citros mais perto umas das outras au-menta a produção das safras

iniciais em até 89% em relação aos espaçamentos tradicionais. Os resul-tados foram registrados em experi-mentos desenvolvidos pela Embrapa em parceria com a Estação Experi-mental de Citricultura de Bebedouro (EECB), no interior paulista. O cha-mado adensamento se revelou extre-mamente importante para os produ-tores de São Paulo, onde se localiza o maior polo citrícola do Brasil, pois ajudou a compensar perdas causadas pelo huanglongbing (HLB), conside-rada a mais severa doença dos citros da atualidade.

Com base nesses resultados, pesquisadores da Embrapa Man-dioca e Fruticultura (BA) iniciaram uma nova geração de experimentos, com espaçamentos ainda menores, em São Paulo e em outras regiões do País. O objetivo é oferecer alternati-vas inovadoras e sustentáveis à citri-cultura, com possibilidade de amplia-ção dos lucros e redução dos custos de produção.

No momento, estão sendo testa-dos nove arranjos diferentes, que vão do espaçamento 6m x 3m, utilizado no Nordeste, até 4m x 1m, ou seja, saindo de 550 plantas por hectare para 2.500. “Aumentamos cinco ve-zes a densidade para ver entre os dois extremos onde está o maior retorno de produtividade. Vamos agregar ain-da a análise agronômica e de quali-dade do fruto. Há mais de 30 anos, não há alteração nessa questão do espaçamento no Norte e no Nordes-

te do País,” conta o pesquisador Edu-ardo Girardi, coordenador da cartei-ra de pesquisas relacionadas ao HLB dos Citros.

Diante do HLB, que atinge os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, a prática permite maior com-petitividade e permanência na ativida-de para pequenos e médios produtores que possuem até 100 mil pés e repre-sentam cerca de 80% dos citricultores em São Paulo, segundo dados do Cen-tro de Conhecimento em Agronegócios da Universidade de São Paulo (Pensa/USP). O uso da técnica ajuda a com-pensar a redução decorrente da erra-dicação obrigatória das plantas infec-tadas com HLB.

O projeto iniciado em 2014, com duração de quatro anos, esten-de os experimentos para o Nordeste e Norte, regiões ainda não atingidas

pela doença. “Mesmo que em Sergi-pe, Bahia e Pará não exista o HLB, é interessante já avaliar o ultra-adensa-mento nessas situações, porque caso a doença entre nessas regiões, o clima e o solo são muito diferentes dos da ci-tricultura paulista. Assim, nos anteci-pamos ao problema”, explica Girardi.

Além dos novos experimentos em São Paulo, Paraná e Minas Gerais, fo-ram instaladas quadras experimentais de ultra-adensamento no estado da Bahia: litoral (Tabuleiros Costeiros), semiárido (Curaçá) e Chapada Dia-mantina (Mucugê). Em Sergipe, há ensaios na estação da Embrapa Tabu-leiros Costeiros em Umbaúba. Os ex-perimentos foram replicados no Pará, no município de Capitão Poço, região de alta produção de citros.

Os resultados dos experimentos em Sergipe, por exemplo, são consi-

Arq

uivo

Page 53: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 53

Citr icultura

derados promissores pelo pesquisador da Embrapa Cláudio Leone, especial-mente em relação ao bom desenvol-vimento agronômico dos materiais plantados em diferentes densidades: “O pomar experimental com quase dois anos tem plantas vigorosas e bom aspecto fitossanitário. Outra relevan-te constatação é que o experimen-to está sendo conduzido em sequeiro [sem irrigação] e teremos inferências importantes sobre pomares nessas condições. A partir de quatro ou cinco safras regulares, poderemos indicar com mais segurança características sobre o comportamento das plantas no sistema adensado, proposta inova-dora para a citricultura nordestina”.

Um dos parceiros mais antigos no desenvolvimento desses estudos é o produtor Henrique Fiorese, com propriedades em Olímpia e Colôm-bia, SP, que somam 200 hectares de citros. Há cerca de 20 anos, ele co-meçou a adotar a prática do adensa-mento. “Você tem uma produtividade menor por planta, porém maior por área. A média de produtividade nossa em espaçamentos tradicionais era na faixa de 400 a 500 caixas por hecta-re. Hoje temos área que chegou a dar 2.800 caixas por hectare. Temos es-paçamentos de 6 m x 2 m até 5 m x 2 m. O adensamento é o caminho hoje para a citricultura”, afirma Fiorese, que também sofre com o problema do HLB. “A vantagem é que, com mais plantas, você arranca uma e outra au-tomaticamente já ocupa esse espaço.”

O pesquisador Eduardo Stuchi, responsável pelo campo avançado de Bebedouro da Embrapa Mandioca e Fruticultura, diz que a fala de Fiore-se traduz o raciocínio do pomar aden-sado: da produção por área, não mais por plantas. “Antigamente se pensa-va muito em ‘quantas caixas havia por árvore’. Essa é a mudança de concei-to: a produtividade é dada pela quan-

Pomar novo na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro com diferentes espaçamentos

tidade de fruta que você consegue co-lher em determinada área”, afirma.

À frente desses estudos na EECB desde o início, Stuchi explica que nas décadas de 1970 e 1980 fo-ram feitos vários experimentos, ori-ginalmente na região de Limeira, SP, que registra maior incidência de chu-va. Havia a dúvida se na região mais quente, como é o clima do norte do es-tado, os pomares adensados teriam bom desempenho. Por isso, instala-ram, no início da década de 1990, três experimentos na estação, que compro-varam a viabilidade da técnica mesmo em condições de estresse hídrico.

Avaliados em 15 safras, esses experimentos geraram resultados que impressionam. Os ganhos são signi-ficativos com o pomar mais adensa-do, principalmente nas primeiras eta-pas. “Chega-se a ter até 89% a mais de produção quando você compara um pomar de 714 plantas por hectare [7m x 2m] contra um pomar de 238 plan-tas [7m x 6m], nas cinco primeiras safras. A vantagem dos plantios mais adensados se mantém até a décima sa-fra. A partir daí [da 11ª a 15ª safra], verificamos um ‘empate’. Isso ocor-reu porque não realizamos podas. Por esse motivo, os pomares mais adensa-

dos ficaram prejudicados por terem as plantas muito próximas e, por isso, re-cebiam menos iluminação. Mesmo as-sim, na média das 15 safras, a dife-rença foi de 20% em favor do mais adensado”, explica Stuchi.

A necessidade de podas regula-res é considerada um ponto negativo relacionado ao adensamento. De acor-do com o consultor Leandro Fuku-da, são desvantagens que devem ser contornadas com manejo e estraté-gias. “Os pomares adensados necessi-tam ser podados todo ano. Daí vem o grande paradigma da poda, que sem-pre vai provocar perda de frutos que estão na planta. É difícil para o citri-cultor compreender que está traba-lhando com um sistema com produti-vidades muito maiores e, para fazer a manutenção, tem de perder de 100 a 150 caixas por hectare, já que quando a poda não é feita surgem problemas graves na condução do pomar,” alerta o especialista.

Ele acrescenta que o adensamen-to veio contribuir para o resultado de viabilidade econômica dos novos pro-jetos de citros. “Com a prática, temos conseguido fazer o payback [retorno financeiro] do projeto pelo menos dois anos antes. Além disso, os patama-

Edu

ardo

Stu

chi

Page 54: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

54 Terra & Cia Junho 2015

res de produtividade nos primeiros dez anos são maiores do que nos pomares não adensados. Depois, há a tendên-cia de as produtividades dos adensa-dos e convencionais ficarem mais pró-ximas, mas ainda com vantagem para o adensado,” afirma, em consonância com Stuchi.

Outra vantagem apontada por Fukuda é que, no pomar adensado, so-mente se recomenda replantios até os sete anos. “A partir daí, só erradica-mos plantas, o processo inverso dos pomares convencionais. E isso é mui-to bom por conta da baixa contribui-ção das replantas que fazemos nos po-mares quando estão mais velhos.” Ele também ressalta a redução do uso de herbicida, pois, a partir do sexto ano, a aplicação do produto é feita somen-te em falhas na linha de plantio. “As pulverizações normalmente são fei-tas com pulverizadores atomizados, aplicando para os dois lados, e o uso de volume de calda é pouco menor,” relata.

Combate ao HLB - Os estudos com ultra-adensamento de plantio de citros fazem parte de um conjunto de pesquisas para fazer frente ao HLB, doença para a qual ainda não foram identificadas variedades resistentes. “O objetivo é verificar o impacto que

esse ultra-adensamento tem na disse-minação da doença, ou seja, se o fato de usar mais plantas por hectare vai fazer com que o HLB se dissemine mais ou menos rapidamente. Existe uma percepção de que se você aumen-ta a quantidade de plantas por hecta-re, na medida em que há plantas doen-tes que serão perdidas, as outras que sobram vão compensar a perda. Por outro lado, talvez a proximidade das plantas facilite a disseminação pelo inseto-vetor. Queremos eliminar essa dúvida”, explica Girardi.

Mas uma coisa é certa, segun-do o pesquisador: aumentar a produ-tividade e antecipar a produção, ou seja, ter colheitas comerciais mais cedo, são fundamentais mesmo em um panorama sem o HLB. “Na pre-sença da doença, em que o pomar tem a perspectiva de viver menos tempo, é importante produzir mais em menos tempo. Daí o adensamento apresenta--se como uma ferramenta prática, útil e efetiva para alcançar esse objetivo,” observa.

Ele diz ainda que a produtividade mínima hoje que se espera para a citri-cultura seja rentável gira em torno de 900 a 1.000 caixas de laranja (40,8 quilos) por hectare. “Nossa expecta-tiva é, no fim desse projeto, mostrar

que o adensamento é uma ferramenta importante de ganho de produtividade e de manejo em uma citricultura com HLB e que pode ser praticado em di-versos ambientes e numa intensidade maior do que o setor hoje imagina ser possível,” acredita.

O adensamento de plantio em citros foi uma das pesquisas mais im-portantes que o Centro de Citricultu-ra Sylvio Moreira (CCSM) do Insti-tuto Agronômico de Campinas (IAC) realizou, pelo seu alcance social e re-tornos proporcionados aos citriculto-res, conforme destaca Joaquim Teófi-lo Sobrinho, engenheiro agrônomo e ex-diretor do CCSM. As pesquisas fo-ram iniciadas em 1970.

“A produtividade média da ci-tricultura não ultrapassava 700 cai-xas por hectare, antes do uso da nova tecnologia. Com o plantio mais aden-sado, o produtor começou a plantar 600, 700 ou mais plantas por hecta-re, dependendo da combinação copa/porta-enxerto [parte inferior que cor-responde ao sistema radicular da planta]. Para produzir 1.000 caixas por hectare, bastaria produzir duas caixas por planta ou até menos, de-pendendo do número de plantas por hectare”, salienta Joaquim. Produti-vidade média anual (t/ha) de laran-jeira Pera enxertada em tangerineira Cleópatra, no período 1989-2004, em função dos espaçamentos 7m x 2m e 7m x 6m, sem poda.

Clá

udio

Leo

ne

Experimentos na estação de Umbaúba, SE, da Embrapa Tabuleiros Costeiros

Pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), Eduardo Stuchi e Eduardo Girardi

Mar

cela

Nas

cim

ento

Page 55: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 55

Citr icultura

Pesquisa do IAC quantifica impacto do HLB

Frutos afetados pelo huanglongbing (HLB), a principal doença da citricultura mundial

Joe

Rae

dle

/ Get

ty I

mag

es

Os danos causados pelo huan-glongbing (HLB), a principal doença da citricultura mun-

dial, são bastante conhecidos. Ago-ra, pesquisa inédita desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abasteci-mento de São Paulo, por meio do Ins-tituto Agronômico (IAC), de Campi-nas, vem trazer resultados sobre os impactos do HLB sobre as sementes dos porta-enxertos de citros, parte da planta que fica sob o solo, onde é fei-

ta a instalação da planta que origina a copa.

Os estudos concluíram que o HLB impacta negativamente a pro-dução de sementes dos dois principais porta-enxertos - o limão-cravo e o ci-trumelo Swingle - adotados na citri-cultura paulista. Juntos eles represen-tam mais de 80% dos porta-enxertos dos pomares no Estado de São Pau-lo. “Não há transmissão de HLB por sementes, mas a doença tem impactos

negativos na qualidade delas”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômi-co, Fernando Alves de Azevedo.

Os resultados dessa pesquisa conduzida no IAC mostram perdas de 38% no peso total do fruto pro-duzido por plantas contaminadas pelo HLB. O fruto sadio pesa 166 gramas, em média, já o doente che-ga a 115 gramas. A altura do fruto cai de 6,8 cm para 6,0 cm nos fru-tos contaminados. Esse conjunto de características torna os frutos im-prestáveis para o comércio citríco-la. “Os resultados mostraram que os frutos de plantas com HLB apre-sentaram menor desenvolvimen-to em altura, diâmetro e massa de-vido ao entupimento dos vasos do floema pela bactéria causadora do HLB, reduzindo, dessa forma, o flu-xo de seiva para os frutos”, expli-ca Azevedo.

De acordo com o pesquisador, os dois porta-enxertos sentem esses im-pactos negativos provocados pela do-ença. Porém, no citrumelo Swingle o HLB também faz dobrar o número de sementes inviáveis para uso. Enquan-to plantas sadias abortam quatro se-mentes, as doentes perdem 7,75. O porta-enxerto de limão-cravo não apresenta queda na germinação. Aze-vedo explica que a semente melhor formada perde menor volume de água para o ambiente, o que a torna mais vigorosa e mais resistente à entrada de patógenos.

“A utilização de sementes de elevada qualidade é de extrema im-portância para o sucesso de uma cul-tura, pois estas geram plantas de alto vigor, que terão bom desempenho no campo com condições de tolerar situ-

Page 56: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

56 Terra & Cia Junho 2015

Citr icultura

ações de estresse biótico e abiótico”, acrescenta o pesquisador do IAC, vin-culado à Agência Paulista de Tecno-logia dos Agronegócios (APTA). No Brasil, somente o Instituto Agronômi-co desenvolve este trabalho. No exte-rior há estudos sobre porta-enxertos, mas lá fora são adotados outros ma-teriais. O limão-cravo, o mais usado nos pomares brasileiros, não é utiliza-do em nenhum outro país.

A pesquisa, desenvolvida no Centro de Citricultura “Sylvio Mo-reira” do IAC, em Cordeirópolis, in-terior paulista, teve início em 2013 e está em continuidade. Etapas futu-ras devem envolver investigação sobre a transmissão da doença via semen-tes. Os estudos contam com recursos do Governo de São Paulo, da Funda-ção de Amparo à Pesquisa do Esta-do de São Paulo (FAPESP) e da Fun-

dação de Apoio à Pesquisa Agrícola (FUNDAG).

Plantas assintomáticas - Uma constatação preocupante é a existên-cia de plantas portadoras da bacté-ria do gênero Candidatus Liberibac-ter spp., porém sem sintomas de HLB. A presença da bactéria foi constata-da por meio de análises moleculares, feitas pelos pesquisadores do Institu-to Agronômico. A possibilidade da au-sência de sintomas já é conhecida no meio científico. Sabe-se também que as perdas de qualidade são menores nas plantas assintomáticas. O princi-pal problema na ausência de caracte-rísticas da doença, segundo Azevedo, é o risco de haver produção de sementes a partir de plantas doentes, acarretan-do perda de qualidade.

Os sintomas mais frequentes no campo são ramos amarelados, frutos

assimétricos, queda acentuada de fru-tos e produtos que não servem para o comércio. A bactéria causadora é transmitida por psilídeos ou enxertia com borbulhas doentes. Não existe ain-da nenhum material resistente ao HLB.

Pomares comerciais - A instala-ção dos pomares acontece da seguinte forma: a reprodução do porta-enxerto - parte da planta que fica sob o solo - é feita por meio de sementes. A multi-plicação da copa, parte alta da planta, se dá por meio de borbulhas. As bor-bulhas são reproduzidas em ambien-te protegido para evitar a contamina-ção pela bactéria causadora do HLB. Até o momento, não existe registro de contágio de sementes pelo agente cau-sal da doença. Por isso, a legislação permite a multiplicação de sementes a partir de plantas matrizes instaladas em campo aberto.

A doença é transmitida pelo vetor Diaphorina citri, um pequeno inseto que mede de 3 a 4 mm

Div

ulga

ção

Page 57: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 57

Page 58: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

58 Terra & Cia Junho 2015

Pecuária Opinião

Novas perspectivas sobre vacinaçãode bovinos no controle de doenças

*Lenita Ramires dos Santos e Emanuelle Baldo Gaspar

A prática da vacinação é am-plamente difundida, tan-to em seres humanos quanto

em animais. Sua utilização transcorre desde o final do século XVIII, quando Edward Jenner demonstrou pela pri-meira vez a possibilidade de proteger seres humanos contra uma grave do-ença àquela época, a varíola humana, fazendo uso de material coletado de pústulas de vacas infectadas com va-ríola bovina. Daí a origem dos termos vacina/vacinação, os quais são deriva-dos do latim vacca.

Ocorre que, logo após o início dessa prática, momentos de críticas e não aceitações ocorreram em todo o mundo. Hoje vemos os benefícios da vacinação pela erradicação e controle de inúmeras doenças importantes na área humana e veterinária. As cadeias de pecuária têm, e muito, se benefi-ciado por esta prática.

Uma vacina pode ser conside-rada qualquer preparação que, admi-nistrada em um indivíduo ou animal, seja capaz de induzir resposta imu-ne protetora contra um ou mais agen-tes infecciosos. O objetivo da prática é a prevenção ou atenuação da doença clínica ou de seus efeitos.

O agente infeccioso pode até chegar a invadir o organismo e ini-ciar a replicação, mas, a partir daí, como consequência de uma boa vaci-nação, o sistema imune e seus com-ponentes bloqueiam sua replicação. Assim, a disseminação do agente no

Lenita Ramires dos Santos

organismo é rapidamente controlada e não ocorre doença propriamente dita, ou, quando ocorre, é branda, deixan-do de ter impactos relevantes na pro-dução animal.

Embora em uma população o ní-vel de proteção de 100% seja prati-camente impossível de se alcançar, a imunidade do rebanho tem que ser vis-

ta como um todo. Mesmo que nem to-dos os animais vacinados estejam efe-tivamente imunizados, o fato de a maioria deles estar protegido pode impedir a disseminação do patógeno no rebanho. É possível encontrar va-cinas no mercado que, mesmo com ní-vel de eficiência relativamente baixo tem grande aceitação, na dependência

Div

ulga

ção

Page 59: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 59

Pecuária Opinião

Emanuelle Baldo Gaspar

de uso de alternativas para um efetivo controle, especialmente contra agen-tes mais complexos.

A grande maioria das vacinas li-cenciadas, inclusive para uso veteri-nário, é antiga no mercado e são pro-duzidas pela forma tradicional (as quais se utilizam de microrganismos vivos atenuados, mortos ou por subu-nidades destes). Para a obtenção des-tas vacinas o patógeno precisava ser isolado, cultivado, inativado ou ate-nuado, inoculado no animal, e então, avaliava-se o efeito protetor. Esta é uma estratégia demorada e muitas ve-zes, não muito segura. Essas são, em geral, contra vírus e bactérias, como vacinas contra febre aftosa, raiva, do-enças do complexo respiratório bovi-no, brucelose e clostridioses.

Para a ciência persiste o desa-fio de desenvolver vacinas cujo méto-do clássico falhou em produzir bons resultados. Para tanto, as pesquisas requerem grandes aportes financei-ros, de equipes altamente especializa-das e multidisciplinares e de recursos tecnológicos de ponta para chegar a novas formulações. O desenvolvimen-to de vacinas contra organismos mais complexos, como algumas bactérias intracelulares, protozoários, artrópo-des, prions e vermes ou com grande variação antigênica, representa este grande desafio.

A manipulação genética, inicia-da na década de 1970, abriu outras possibilidades quanto à vacinologia. Um bom exemplo desse reflexo são as vacinas constituídas por proteínas re-combinantes, como também as vaci-nas de DNA. O propósito é que essas apresentem vantagens em relação às vacinas tradicionais. Segurança, efi-cácia, menor custo, maior reprodu-tibilidade lote-a-lote, melhor forma de estocagem e maior facilidade de transporte (por não necessitar de re-frigeração), são algumas das caracte-

rísticas esperadas com a nova geração de vacinas.

Para a utilização a campo, como é o caso da imunização de bovinos, é evidente as vantagens de produtos com essas características. Quatro vacinas de DNA estão disponíveis no merca-do internacional, nenhuma ainda para bovinos. Já com relação a vacinas re-combinantes, há, no Brasil, uma con-tra o carrapato-do-boi licenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Por meio de ciências derivadas da biotecnologia, como a bioinfor-mática, pode-se realizar “vacinolo-gia reversa”. Ao contrário do méto-do tradicional, é possível iniciar pela análise do genoma do patógeno, iden-tificar genes e proteínas-alvo para o desenvolvimento seletivo de vacinas, quer seja pela construção de genes/proteínas recombinantes quer pela deleção/alteração genética direta do

microrganismo.Apesar de tantos anos de uso de

um amplo conjunto de vacinas e de seus efeitos comprovados na preven-ção e no controle de inúmeras doen-ças, há ainda doenças em animais e seres humanos para as quais não exis-tem vacinas. Inúmeros esforços estão sendo empregados pela Embrapa e por outras instituições de pesquisa no Brasil e no mundo na tentativa de so-lução deste problema. A vacinologia é uma ciência que agrupa conhecimen-tos de outras, como imunologia, mi-crobiologia, parasitologia, genética, biotecnologia.

Os resultados até aqui acumula-dos têm fornecido subsídios na pers-pectiva de desenvolvimento de novas vacinas.

*Lenita Ramires dos Santos, pesquisadora Embrapa Gado de Cor-te, e Emanuelle Baldo Gaspar, pesqui-sadora Embrapa Pecuária Sul

Div

ulga

ção

Page 60: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

60 Terra & Cia Junho 2015

Pecuária

Embrapa questiona estimativado IPCC sobre emissão de N2O

A emissão de óxido nitroso (N2O), um dos gases de efei-to estufa (GEE), é pelo menos

50% menor do que tem sido estimado com base no modelo do Painel Inter-governamental sobre Mudança do Cli-ma (IPCC, na sigla em inglês). A con-clusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Agrobio-logia em pastos do Cerrado brasileiro. Os dados do estudo já foram incorpo-rados ao inventário nacional e signifi-cam uma redução nas estimativas de emissões totais de GEE da agropecuá-ria brasileira na ordem de 10%.

De acordo com o pesquisador Bruno Alves, devido ao tamanho do rebanho bovino nacional, em torno de 200 milhões de cabeças, as excretas (urina e fezes) representam a maior parte das emissões de óxido nitroso do inventário nacional da agropecuá-ria. “Mais da metade do que é emiti-do de N2O vem das excretas do boi. É mais do que vem de fertilizantes e re-síduos de culturas”, afirma.

A metodologia do IPCC, aplica-da na elaboração de inventários nacio-nais, além de utilizar dados genéricos para todas as regiões do mundo, con-sidera que as emissões de excretas de-positadas nas pastagens ocorrem de maneira igual, independentemente de serem fezes ou urina. A pesquisa tam-bém mostra que as fezes bovinas têm um fator de emissão muito menor e por isso não dá para ser utilizado o mesmo índice estabelecido para urina.

No Cerrado, onde o estudo foi feito, existe um período seco - cinco meses por ano. Nessa época, as emis-sões das excretas são muito baixas e até próximas de zero. Bruno esclare-ce que os fatores de emissão do IPCC servem para todo o período de doze meses. “Quando consideramos essa época em que os animais estão excre-tando, mas não emitem nada, as emis-sões do período seco ponderadas com as emissões do período chuvoso permi-tem chegar a um fator de emissão que é bem mais baixo do que o do IPCC”, observa o pesquisador.

Metodologia - A emissão de N2O da urina e fezes dos bovinos foi moni-torada nos períodos chuvosos e secos, durante um ano. O fator de emissão é a proporção do nitrogênio que esta-va nas excretas que se transformou em N2O. Nos cálculos, consideram-se as emissões das excretas em cada perí-odo do ano para se obter um fator de emissão anual. O estudo concluiu que o fator deveria ser 0,7%, inferior ao indicado na metodologia do IPCC que estima que 2% do nitrogênio deposi-tado no solo como excreta vira N2O e

vai para a atmosfera. Redução de emissões - Outro es-

tudo da Embrapa Agrobiologia, ain-da inédito, revela que as emissões de GEE pela pecuária podem cair com o aumento da produtividade da pasta-gem e com o uso de leguminosas for-rageiras em consórcio com a braquiá-ria. “Com esse trabalho, conseguimos ver quanto é a emissão de GEE por quilo de carne produzido no País de acordo com o manejo adotado”, escla-rece o pesquisador Robert Boddey, que coordena a pesquisa.

O estudo avaliou cinco cenários diferentes na pecuária brasileira, des-de a condição de pasto degradado até a pastagem adubada combinada com confinamento. As estimativas foram feitas com a metodologia do IPCC, po-rém com vários dados levantados em pesquisas no Brasil, inclusive incorpo-rando os resultados do estudo de emis-sões de N2O das excretas.

Os resultados mostraram que, em comparação ao que se chama de pastagem degradada (Cenário 1), as emissões totais podem ser reduzidas em 16% com a pastagem fertiliza-da ocasionalmente (Cenário 2). Além disso, a produção de carne dobra, e, por isso, a emissão de gases por quilo de carne produzido diminui em 30%. “Não é o ideal, mas algumas práticas básicas, como a calagem e a manuten-ção com fósforo e potássio, combinado ao controle do pastejo, já trazem im-portantes ganhos”, diz Boddey.

Boddey explica que com uma pequena melhoria da pastagem (Ce-nário 3), consorciando-a com uma le-

Mais da metade do que é emitido de óxido nitroso (N2O) vem das excretas (fezes e urina) do boi. É mais do que vem de fertilizantes e resíduos de culturas

Div

ulga

ção

Page 61: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 61

Page 62: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

62 Terra & Cia Junho 2015

Pecuária

guminosa forrageira, que não exige adubação nitrogenada, aliado a um controle maior dos animais, é possível obter uma redução nas emissões ainda maior, aproximadamente de 26% em relação ao que se teria no pasto degra-dado, e quadruplicar a produtividade.

Com o aumento da produtivida-de, a redução das emissões por quilo de carne chega a quase 50%. “Acredi-tamos que a leguminosa pode ser uma alternativa para obter um bom pasto e conseguir bons índices de produção, com menor emissão de gases, porque dispensa o uso de fertilizantes nitro-genados, os quais são fabricados com uso de energia fóssil, conhecida pela alta emissão de gases de efeito estufa, e também pela produção de N2O que ocorre no solo após sua aplicação”, esclarece o pesquisador.

Nos cenários 4 e 5, não se ganha muito mais com a mitigação de emis-sões, e requer-se mais investimentos pelo produtor. De acordo com Boddey, com a melhoria das pastagens, é pos-sível criar mais animais em uma área menor. Para os cenários de pouca in-

Pesquisa coordenada por Robert Boddey revela que as emissões de GEE pela pecuária podem cair com o aumento da produtividade da pastagem e com o uso de leguminosas forrageiras em consórcio com a braquiária

Agê

ncia

de

Not

ícia

s E

mbr

apa

As emissões de GEE pela pecuária podem cair com o aumento da produtividade da pastagem e com o uso de leguminosas forrageiras em consórcio com a braquiária

tensificação, mas com pastos produti-vos (cenários 2 e 3), a quantidade de óxido nitroso (N2O) emitida é bem me-nor do que nos cenários de maior in-tensificação. “Como o N2O é um gás trezentas vezes mais danoso que o gás carbônico (CO2), traz grande impacto nas emissões totais de GEE”, comple-menta Bruno Alves, coautor do estudo.

Produtividade - De acordo com o pesquisador Segundo Urquiaga, o au-mento da produção da pastagem nos sistemas mais intensivos também per-mite sequestrar carbono no solo pela maior produção de resíduos de par-te aérea e raízes das plantas. “Esse processo pode representar a remoção de algumas toneladas de CO2 da at-mosfera se a produção do pasto for mantida, e ganhar intensidade com a entrada de resíduos mais ricos em ni-trogênio, como os de uma legumino-sa forrageira em consórcio”, comple-menta Urquiaga.

Deve-se ter em conta também que a intensificação na produção de bovinos tem um importante efeito de redução na pressão pelo desmatamen-to e também na liberação de área para agricultura e para recomposição flo-restal. Para Bruno Alves, o mesmo es-

tudo revela que, quanto mais inten-sificada é a produção, menor a área requerida para produzir a mesma quantidade de carne. “Da condição de baixa produtividade (Cenário 1) até a de maior intensificação (Cenário 5), reduz-se em mais de 80% a área ne-cessária para produzir a mesma quan-tidade de carne; com a pastagem con-sorciada (Cenário 3), a redução chega a 78%”.

O uso do pasto consorciado com leguminosas forrageiras (Cená-rio 3) é uma opção promissora para reduzir a emissão de gases. Trata-se de uma possiblidade cujos benefícios se aproximam daqueles conseguidos com a conversão a um sistema muito intensificado, porém sem exigir qua-lificação e investimentos maiores do produtor. “Basicamente, o que mu-daria em relação ao que é feito na maioria dos pastos brasileiros é a utilização de uma leguminosa que introduz o nitrogênio no sistema por meio da fixação biológica de nitro-gênio, permitindo maior oferta de proteína para o boi e fazendo com que o animal engorde mais rapida-mente, sem depender de fertilização nitrogenada”, finaliza Boddey.

Arq

uivo

Page 63: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 63

Arq

uivo

Leitores da Terra&Cia têm descontos especiais!

Page 64: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

64 Terra & Cia Junho 2015

Logística

Governo anuncia investimentos em infraestrutura

Da Redação

Ampliar a competitividade do setor produtivo brasileiro, re-duzir os custos logísticos e

diversificar os modais de transporte para o escoamento da produção. Es-tes são alguns dos objetivos do Pro-grama de Investimentos em Logísti-ca (PIL) 2015-2018, de acordo com o vice-presidente diretor da Confede-ração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner. O programa prevê investimentos de R$ 198,2 bilhões para concessões nos próximos anos em rodovias (R$ 66,1 bi), ferrovias (R$ 86,4 bi), portos (R$ 37,4 bi) e aeroportos (R$ 8,5 bi).

O PIL contempla, diretamente, 20 estados e 130 municípios. No pro-grama, estão previstas melhoria e am-pliação das malhas rodoviária e ferro-viária, além de novos arrendamentos e a construção de Terminais de Uso Pri-

vado nos portos. “A cada cinco anos, gastamos uma safra para escoar a produção. Mas é claro que existe um tempo entre o anúncio e a efetivação das obras e essa efetivação deve come-çar o quanto antes”, avaliou Schrei-ner, que também destacou a impor-tância do uso das hidrovias, modal de transporte mais barato.

De acordo com o governo, a nova etapa do PIL deve contemplar obras consideradas fundamentais para a produção agropecuária, de modo que a infraestrutura acompanhe o cres-cimento do setor, com maior parti-cipação do setor privado. De 2000 a 2014, a produção de grãos, por exem-plo, cresceu 130%. No caso das rodo-vias, a assessora técnica de infraestru-tura e logística da CNA, Elisângela Lopes, destacou, entre outros pontos, os investimentos do Programa em ro-dovias que ligam principalmente o Mato Grosso ao Norte do País.

Trilhos da Ferrovia Norte-Sul, contemplada no Programa de Investimentos em Logística (PIL) 2015-2018

Luci

nao

Riv

eiro

/ A

gete

c/TO “O PIL vai permitir o escoamen-

to da produção de Mato Grosso aos portos do Arco Norte para desafo-gar os portos do Sul e Sudeste”, en-fatizou. Entre as obras mencionadas por ela, estão os investimentos na BR-364, no trecho que vai de Comodoro, MT, a Porto Velho, RO. “É um tre-cho que precisa de duplicação, de me-lhor sinalização e de contornos urba-nos devido ao fluxo de caminhões”. Outro trecho importante é referente à BR-163, ligando Sinop, MT, ao Porto de Miritituba, PA.

Em relação às ferrovias, o PIL contempla garantia do direito de pas-sagem, operação na qual uma con-cessionária detentora de determina-do trecho permite que outra empresa trafegue em sua malha ferroviária, independente do produto a ser trans-portado, mediante compensação fi-nanceira. “Queremos o livre aces-so dos usuários aos trechos que serão concessionados”, afirmou Schreiner. Este mecanismo promove a livre con-corrência e a redução dos custos lo-gísticos, quebrando o monopólio de empresas que operam em alguns tre-chos deste modal.

O projeto considerou dois tre-chos da ferrovia Norte-Sul de extre-ma importância para a produção. O primeiro vai de Palmas, TO, a Aná-polis, GO, e o segundo de Açailândia, MA, a Barcarena, PA, onde está o porto de Vila do Conde, localizado no Complexo Portuário de Belém. Outro trecho considerado fundamental den-tro da nova etapa do PIL liga Lucas do Rio Verde, MT, a Miritituba,PA.

Já para os portos, o PIL pre-

Page 65: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 65

Logística

vê 50 novos arrendamentos, a cons-trução de 63 TUPs e 24 renovações antecipadas de arrendamentos. Além de ampliar a capacidade operacio-nal, principalmente dos portos do Arco Norte (regiões Norte e Nordes-te), os investimentos poderão facili-tar o escoamento da região do Ma-topiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Entre os portos do Arco Nor-te contemplados na nova etapa do PIL estão: Vila do Conde e Santarém, no Pará, Manaus e Itaqui, no Maranhão, Santana, AP, Suape, PE, e Aratu, BA.

Segundo José Mário Schreiner, da CNA, o programa prevê investimentos de R$ 198,2 bilhões para concessões nos próximos anos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos

Terminal de açúcar de Suape sai do papel

Complexo Industrial Portuário de Suape terá terminal de açúcar de 72,5 mil m² no cais 5

O início das obras de constru-ção do terminal de açúcar de Suape, em Pernambuco, está

previsto para agosto. Com investi-mento de R$ 139 milhões nos dois primeiros anos, o terminal deve en-trar em operação em 2016. A Ode-brecht TransPort está à frente do empreendimento, com 75% de par-ticipação. Os outros 25% ficam por conta da sócia Agrovia. De acor-

do com o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Re-nato Cunha, o terminal vai escoar o açúcar que é produzido de Alagoas ao Rio Grande do Norte.

O terminal será construído na retroárea do cais 5, com 72,5 mil metros quadrados e um berço de atracação de 355 metros de exten-são. As obras devem gerar 200 em-

pregos. Quando entrar em operação, o empreendimento vai gerar 65 vagas e deverá movimentar 200 mil tonela-das de açúcar. A expectativa é de que, em 2038, essa movimentação supere as 738 mil toneladas anuais. Na pri-meira etapa, o terminal contará com sistemas de recepção rodoviária, ar-mazenagem de açúcar refinado a gra-nel, ensacamento e elevação do açú-car em navios graneleiros.

Lari

ssa

Mel

o

Arq

uivo

Sua

pe

Page 66: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

66 Terra & Cia Junho 2015

Opinião

A nova classe média rural e o desafio nordestino*Márcio Rogers Melo de Almeida

Em paralelo ao grande sucesso da agricultura brasileira na pro-dução de grãos, fibras e outras

commodities, exemplo mundial de inova-ção tecnológica e dinamismo empresa-rial, existe no Brasil uma ampla camada de pequenos proprietários agrícolas dis-tantes de todo esse sucesso. Configuran-do-se, de certo modo, a existência do que ficou conhecido nas teorias do desenvol-vimento como “Brasil Dual”. Essa ex-pressão nos remete a existência num mesmo território de estruturas econômi-cas enfaticamente díspares em termos de eficiência produtiva.

Atenta para esse fenômeno, a mi-nistra da agricultura, Kátia Abreu, tem insistido nos seus discursos na criação de uma nova classe média rural. O que identificamos nesse plano perpassa prin-cipalmente três ordens de fatores: 1) a necessidade de integrar mais intensa-mente aos mercados, fluxos comerciais e linhas de crédito um amplo setor de pe-quenos proprietários rurais; 2) Acele-rar a transferência/difusão e a capacida-de de absorção de tecnologias para e por esses produtores; 3) Torná-los partícipes na construção das instituições sociais ne-cessárias ao desenvolvimento social.

A empreitada é hercúlea e em ter-mos territoriais podemos afirmar que o maior desafio se encontra no Nordeste brasileiro. Nesta região, segundo os nú-meros do último censo agrícola, locali-zam-se 47,42% dos estabelecimentos rurais brasileiros e 47,08% de toda popu-lação rural brasileira. No entanto, apesar dos relevantes números acima que indi-cam forte concentração das propriedades e população rurais no nordeste, a produ-ção anual média dos estabelecimentos nordestinos é de apenas 41,6% da média nacional. Quadro que se deteriora quando

comparamos o Nordeste apenas às regi-ões Sudeste e Sul. A produção anual mé-dia dos estabelecimentos nordestinos é 22,26% dos estabelecimentos do Sudes-te e 28,09% dos sulistas.

Para acrescentar mais detalhes a esse cenário que nos mostra a distância nordestina frente aos polos dinâmicos da agricultura, quando comparamos intra-regionalmente a média da produtivida-de (produção por área plantada) de seis importantes lavouras (cana, coco, bana-na, laranja, mandioca e milho) nos últi-mos 10 anos, ficamos ainda mais apre-ensivos. Nossa produtividade agrícola no agregado das culturas escolhidas é so-mente 60% da verificada na região Sul e 57,6% da encontrada na região Sudes-te. Existe um claro e grande hiato tec-nológico entre as regiões que em algum momento da nossa história se intensifi-cou formando trajetórias de desenvolvi-mento distintas.

Tomando como forte aliada as análises institucionalistas do economis-ta Daron Acemoglu, professor do Mas-sachusetts Institute of Technology (MIT), pode-se atribuir, dentre outras variá-veis, a incapacidade histórica da socie-dade nordestina de gerar instituições so-ciais inclusivas como a principal causa do nosso distanciamento em relação aos centros dinâmicos.

Essas instituições possuem a capa-cidade de estimular o dinamismo social e econômico, criando condições de iniciar um circulo virtuoso de crescimento base-ado em incentivos às inovações e a alo-cação eficiente dos fatores de produção. “São essas instituições que possibilitam e estimulam a participação da grande massa da população em atividades eco-nômicas que façam o melhor uso possí-vel de seus talentos e habilidades e per-mitam aos indivíduos fazer as escolhas que bem entenderem”, enfatiza o autor.

O desafio da política agrícola atual de promover uma massa de produtores à classe média rural se confunde, sobre-maneira, com o desafio nordestino de se aproximar de patamares de desenvolvi-mento agrícola das regiões mais avança-das. Dessa forma, são imperativas ações voltadas à construção de instituições in-clusivas alicerçadas num amplo progra-ma educacional de qualidade, capaz de formar cidadãos com capacidade críti-ca que ajudem a construir, operaciona-lizar e monitorar políticas governamen-tais eficientes.

Uma revolucionária ação educacio-nal que torne aptos pequenos produtores e suas próximas gerações, se estas sobre-viverem a crescente migração rural-urba-na, a absorver grande parte da tecnologia disponível, tornando-os eficientes, eco-nomicamente viáveis e independentes de “favores paternalistas” do estado.

Em suma, a formação de uma nova classe média rural não é tarefa so-mente de políticas agrícolas isoladas, mas de um diverso e transversal conjun-to de ações que envolvam várias instân-cias governamentais e a sociedade civil. Um desafio que o Nordeste agrícola en-frenta há séculos e parece insolúvel.

*Márcio Rogers Melo de Almeida é economista, mestre em Sociologia do Desenvolvimento pela UFPE e analista em gestão estratégica da Embrapa

Div

ulga

ção

Divulgação

Page 67: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

Terra & Cia Junho 2015 67

Page 68: Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196

68 Terra & Cia Junho 2015