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Com a regulamentação normativa nº 414/2010 da ANEEL, a revisão da norma NBR 5101,e a entrada de novas tecnologias no mercado, a iluminação pública do país passa por mudançassignificativas. As concessionárias ou distribuidoras de energia elétrica não poderão maisser proprietárias dos equipamentos que compõem o sistema de iluminação pública, logo estesativos deverão ser transferidos para os municípios. No entanto, nem todos os municípios estãodevidamente preparados para o adequado planejamento e administração de seus sistemas deiluminação pública. Neste contexto, este trabalho abordará o contexto institucional e legal queenvolvem a iluminação pública, além de apresentar os principais componentes deste sistema.Serão discutidos os principais requisitos que devem ser observados na iluminação de cada tipode logradouro público, e os procedimentos básicos necessários para a gestão eficiente de sistemasde iluminação pública, sobretudo relacionados à execução das atividades de implantação,manutenção, gerenciamento e controle da qualidade, diretrizes básicas para elaboração de umPlano Diretor de Iluminação Pública Eficiente.
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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
COMPANHIA DOS CURSOS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PROJETOS LUMINOTÉCNICOS
DANIELLE OLIVEIRA DE ALMEIDA
Gestão Eficiente de Sistemas de Iluminação Pública
Belo Horizonte – MG
Março - 2012
DANIELLE OLIVEIRA DE ALMEIDA
Gestão Eficiente de Sistemas de Iluminação Pública
Trabalho monográfico de conclusão do curso deProjetos Luminotécnicos (Architectural Ligh-ting Design) - TCC, apresentado à UNICSUL- Universidade Cruzeiro do Sul como requisitoparcial para a obtenção do título de Especiali-zação Lato Sensu em Projetos Luminotécnicos(Architectural Lighting Design).
Universidade Cruzeiro do Sul
Orientador: Prof. Carlos Eduardo A. Russo
Belo Horizonte – MG
Março - 2012
DANIELLE OLIVEIRA DE ALMEIDA
Gestão Eficiente de Sistemas de Iluminação Pública
Trabalho monográfico de conclusão do curso deProjetos Luminotécnicos (Architectural Ligh-ting Design) - TCC, apresentado à UNICSUL- Universidade Cruzeiro do Sul como requisitoparcial para a obtenção do título de Especiali-zação Lato Sensu em Projetos Luminotécnicos(Architectural Lighting Design).
Universidade Cruzeiro do Sul
Foi analisado e aprovado com
grau: Especialista em Projetos Luminotécnicos (Architectural Lighting Design).
Belo Horizonte, ____ de ____________ de ________.
COORDENADOR GERAL
COORDENADOR ACADÊMICO
Prof. Carlos Eduardo A. RussoORIENTADOR
Prof. M. Sc. Emannuel Bersan PinheiroPRESIDENTE
Dedico este trabalho em primeiro lugar à Deus,
o maior responsável por tudo que sou,
e por tudo que tenho conquistado até hoje.
E aos meus pais Mauro e Regina,
fontes eternas de amor incondicional,
por todo suporte dedicado à minha formação,
e pelo apoio nos momentos mais difíceis.
Agradecimentos
Dedico meus sinceros agradecimentos aos meus superiores, e ao mesmo tempo, amigos
e companheiros de trabalho João Mendonça de Almeida e sua esposa Maria Angélica Eleuté-
rio, da Progettare Engenharia de Projetos e Construções Ltda., pelo apoio financeiro, suporte
técnico, e por tornarem os meus horários flexíveis, sempre que possível, possibilitando a conti-
nuação dos meus estudos.
Agradeço também aos meus professores e orientadores do Curso de Especialização em
Projetos Luminotécnicos (Architectural Lighting Design) da Universidade Cruzeiro do Sul, pela
paciência, dedicação e por toda a orientação que recebi até a conclusão deste trabalho, e aos
meus colegas de turma, pela intensa troca de experiências, companheirismo, e apoio mútuo que
compartilhamos durante todo o curso.
Por fim, agradeço aos meus colegas de trabalho da CEMIG, TV Globo Minas e Progettare,
pessoas muito importantes e presentes em toda minha formação acadêmica, e de forma muito
especial aos meus pais Mauro e Regina, meus irmãos Marcelle e Guilherme, e demais familiares
e amigos, por todo carinho, apoio e compreensão que sempre me dedicaram.
Faz-se Luz
Faz-se luz pelo processo de eliminação de sombrasOra as sombras existemas sombras têm exaustiva vida próprianão dum e doutro lado da luz mas no próprio seio delaintensamente amantes loucamente amadase espalham pelo chão braços de luz cinzentaque se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luznão ilumina realmente os objectosos objectos vivem às escurasnuma perpétua aurora surrealistacom a qual não podemos contactarsenão como amantesde olhos fechadose lâmpadas nos dedos e na boca.
Mário Cesariny de Vasconcelos, in “Pena Capital”
Resumo
Com a regulamentação normativa no 414/2010 da ANEEL, a revisão da norma NBR 5101,e a entrada de novas tecnologias no mercado, a iluminação pública do país passa por mudan-ças significativas. As concessionárias ou distribuidoras de energia elétrica não poderão maisser proprietárias dos equipamentos que compõem o sistema de iluminação pública, logo estesativos deverão ser transferidos para os municípios. No entanto, nem todos os municípios estãodevidamente preparados para o adequado planejamento e administração de seus sistemas deiluminação pública. Neste contexto, este trabalho abordará o contexto institucional e legal queenvolvem a iluminação pública, além de apresentar os principais componentes deste sistema.Serão discutidos os principais requisitos que devem ser observados na iluminação de cada tipode logradouro público, e os procedimentos básicos necessários para a gestão eficiente de siste-mas de iluminação pública, sobretudo relacionados à execução das atividades de implantação,manutenção, gerenciamento e controle da qualidade, diretrizes básicas para elaboração de umPlano Diretor de Iluminação Pública Eficiente.
Palavras-chaves: Iluminação Pública, Gestão de Sistemas de Iluminação Pública, Plano Di-retor de Iluminação Pública
Abstract
In light of the Normative Resolution no 414/2010 of National Agency for Electrical Energy(ANEEL), the revision of NBR 5101 technical standard, and the availability of new technolo-gies in the market, there have been significant changes to public lighting in Brazil. The electricpower distributors can no longer be owners of public lighting equipment, so these assets mustbe transferred to municipalities. Nevertheless, not all municipal administrations are properlyprepared to administer and maintain their public lighting systems. The minimum requirementsthat must be met in public light for each kind of public spaces, and the basic procedures for theefficient management of these systems, particularly those related to the execution, implementa-tion, maintenance, management and quality control are detailed herein. Furthermore, the basicguidelines for the elaboration of a Master Plan for a Efficient Public Lighting are also discussed.
Keywords: Public Lighting, Public Lighting Systems Management, Public Lighting MasterPlan.
Sumário
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
1 Introdução p. 14
2 Objetivo p. 17
2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17
2.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17
3 Metodologia p. 18
4 Legislação, Regulamentação e Outros Aspectos da Iluminação Pública p. 20
4.1 Aspectos Constitucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
4.1.1 Responsabilidade pela Prestação do Serviço de Iluminação Pública . p. 20
4.1.2 Custeio da Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica . . . . . . . . . . . . . p. 21
4.2.1 Definição da Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23
4.2.2 Classificação da Unidade Consumidora Referente à Iluminação Pública p. 23
4.2.3 Ponto de Entrega de Energia para Iluminação Pública . . . . . . . . . p. 24
4.2.4 Tarifas de Consumo de Energia Elétrica na Iluminação Pública . . . . p. 24
4.2.5 Medição e Faturamento do Consumo de Energia Elétrica da Ilumina-
ção Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
4.2.6 Infraestrutura Básica das Redes de Distribuição de Energia Elétrica . p. 26
4.2.7 Contrato de Fornecimento de Energia Elétrica para Iluminação Pública p. 27
4.2.8 Renegociação do Contrato de Fornecimento em Virtude da Implanta-
ção de Medidas de Eficiência Energética . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
5 Componentes do Sistema de Iluminação Pública p. 30
5.1 Lâmpadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30
5.1.1 Lâmpadas a Vapor de Sódio Alta Pressão - VSAP . . . . . . . . . . . p. 30
5.1.2 Lâmpadas a Vapor de Mercúrio - VM . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32
5.1.3 Lâmpadas Multivapores Metálicos - MVM . . . . . . . . . . . . . . p. 32
5.1.4 Lâmpadas Mistas - LM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
5.1.5 Lâmpadas Incandescentes - LI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
5.1.6 Comparativo entre os Tipos de Lâmpada . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
5.1.7 Alternativas de Substituição de Lâmpadas . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
5.2 Equipamentos Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
5.2.1 Reator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
5.2.2 Ignitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
5.3 Luminárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
5.3.1 Rendimento Ótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
5.3.2 Eficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
5.3.3 Grau de Proteção - IP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
5.3.4 Tipos de Luminárias para Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . p. 41
5.4 Postes, Braços e Suportes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47
5.5.1 Conjunto Relé Fotoelétrico e Tomada . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
5.5.2 Chave Magnética 50A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 51
5.5.3 Conjunto Relé Fotoelétrico e Contactor - Caixa de Comando . . . . . p. 52
5.6 O Programa PROCEL Reluz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
5.7 Novas Tecnologias LED na Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . p. 54
5.8 Normas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55
6 Projeto de Sistemas de Iluminação Pública Eficiente p. 57
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública . . . . . . . p. 57
6.1.1 Classificação do Tipo de Via . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 57
6.1.2 Classificação do Volume de Tráfego em Vias Públicas . . . . . . . . p. 60
6.1.3 Níveis Luminotécnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60
6.1.4 Escolha de Lâmpadas e Luminárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 61
6.1.5 Altura de Montagem e Espaçamento entre Postes . . . . . . . . . . . p. 62
6.1.6 Disposição de Postes e Luminárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 63
6.1.7 Cálculos Luminotécnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 63
6.2 Projetos de Melhoria em Sistemas Existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 64
6.3 Projetos de Expansão do Sistema de Iluminação Pública . . . . . . . . . . . p. 65
6.4 Projetos de Iluminação Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 66
6.4.1 Iluminação de Túneis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 66
6.4.2 Iluminação de Espaços Públicos Esportivos . . . . . . . . . . . . . . p. 69
6.4.3 Iluminação de Espaços Públicos de Lazer e Passagens de Pedestres . p. 70
6.4.4 Iluminação de Destaque em Fachadas e Monumentos . . . . . . . . . p. 71
7 Gestão Eficiente de Sistemas de Iluminação Pública p. 74
7.1 Cadastro do Sistema de Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 74
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pública . . . . . . . . . p. 75
7.2.1 Principais Fatores na Manutenção de Sistemas de Iluminação Pública p. 75
7.2.2 Manutenção Corretiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 76
7.2.3 Manutenção Preventiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 77
7.2.4 Descarte de Lâmpadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 78
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 79
7.3.1 Controle de Qualidade dos Componentes do Sistema de Iluminação
Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 79
7.3.2 Relatórios Gerenciais e Controle dos Custos . . . . . . . . . . . . . . p. 80
7.3.3 Gestão Global ou Completa de Sistemas de Iluminação Pública . . . p. 81
7.4 Plano Diretor de Iluminação Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 83
8 Conclusão p. 86
Referências Bibliográficas p. 88
Lista de Figuras
5.1 Luminária fechada com refrator em policabornato . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
5.2 Exemplos de Luminária fechada, integrada, com vidro plano ou policabornato p. 43
5.3 Exemplos de Luminária fechada, integrada, para lâmpadas de 400W . . . . . p. 44
5.4 Exemplos de Luminária ornamental em polímero . . . . . . . . . . . . . . . p. 44
5.5 Exemplos de Luminária ornamental em alumínio para topo de poste . . . . . p. 45
5.6 Exemplos de Luminária ornamental em alumínio para suporte . . . . . . . . p. 45
5.7 Exemplos de Luminária decorativa semi-esférica . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
5.8 Instalações básicas para luminárias ornamentais . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47
5.9 Conjunto braço e luminária para rede de distribuição aérea . . . . . . . . . . p. 47
5.10 Conjunto poste, suporte e luminária para rede de distribuição subterrânea . . p. 48
5.11 Conjunto poste, braço e luminária para rede de distribuição subterrânea . . . p. 49
5.12 Relé Fotoelétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 49
5.13 Tomada 10A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 50
5.14 Diagrama elétrico de ligação do conjunto reléfotoelétrico e tomada 10A . . . p. 51
5.15 Chave magnética 50A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 51
5.16 Diagrama elétrico de ligação de uma chave magnética 50A . . . . . . . . . . p. 52
5.17 Diagrama elétrico da caixa de comando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52
Lista de Tabelas
5.1 Quadro Comparativo Entre os Tipos de Lâmpadas . . . . . . . . . . . . . . . p. 36
5.2 Alternativas de Substituição de Lâmpadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
5.3 Graus de proteção contra a penetração de objetos sólidos estranhos indicados
pelo primeiro numeral característico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
5.4 Graus de proteção contra a penetração de água indicados pelo segundo nu-
meral característico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
5.5 Tipos de comandos para iluminação pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
6.1 Zoneamento com utilização do “quebra-luz” - Período Diurno . . . . . . . . p. 68
6.2 Zoneamento em túnel com entrada simples - Período Diurno . . . . . . . . . p. 68
14
1 Introdução
A resolução ANEEL no 414/2010 (ANEEL, 2010) define a iluminação pública como sendo
o “serviço público que tem por objetivo exclusivo prover de claridade os logradouros públi-
cos, de forma periódica, contínua ou eventual”. A iluminação pública é um serviço essencial à
qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania. Além de estar
diretamente relacionada à segurança no trânsito, um bom sistema de iluminação pública con-
tribui para a redução da criminalidade, e para o melhor aproveitamento dos espaços públicos,
áreas de lazer e turismo no período noturno. Se bem projetada e dimensionada, a iluminação
pública pode contribuir ainda para o embelezamento das cidades, a valorização de monumentos
e espaços públicos, um menor consumo de energia, além de facilitar a hierarquização viária
através do uso da luz de diferentes formas com o objetivo de orientar percursos.
Nas últimas décadas, o consumo de energia elétrica no país vem crescendo de forma ace-
lerada, e para os próximos anos, a expectativa é de um crescimento anual em torno de 7%
(IBAM/PROCEL, 2004b). Um levantamento cadastral realizado pelo junto às distribuidoras de
energia elétrica apontou para aproximadamente 15 milhões de pontos de iluminação pública
instalados no país (ILUMINAÇÃO. . . , 2008). Neste contexto, a iluminação pública no Bra-
sil corresponde a aproximadamente 4,5% da demanda nacional, e a 3,0% do consumo total de
energia elétrica do país, segundo a ELETROBRAS, o que equivale a uma demanda de 2,2 GW
e a um consumo de 9,7 bilhões de kWh/ano (SELO. . . , 2011).
A criação de programas que incentivassem a promoção da racionalização da produção e do
consumo de energia elétrica no país se tornou ainda mais necessária, a partir da crise de energia
do ano de 2001. A ELETROBRAS criou programas como o Procel (Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica), para incentivar e auxiliar os municípios brasileiros a fazer o
uso responsável da energia sem desperdícios. Várias discussões e estudos também foram ela-
borados, objetivando a elaboração de Planos de Gestão de Energia Elétrica, onde a iluminação
pública tornou-se um dos temas mais abordados.
Com o objetivo de se obter uma significativa redução de demanda no horário de ponta do
1 Introdução 15
sistema elétrico (19h às 21h), a implementação do Programa Nacional de Iluminação Pública
e Sinalização Semafórica Eficiente - “ReLuz”, tornou-se ainda mais evidente, por promover o
desenvolvimento de sistemas eficientes de iluminação pública, capazes de propiciar em muitos
casos, a redução do consumo de energia com melhoria do nível de iluminação.
Porém, vários estudos sobre a gestão da iluminação pública no país tiveram uma abordagem
predominantemente focada na eficiência energética, enfatizando a aplicação de novos tipos de
tecnologias. Neste ponto, ressalta-se a importância da elaboração de Planos Diretores de Ilumi-
nação Pública, com o objetivo de se obter um instrumento capaz não só de proporcionar o uso
correto da energia elétrica para a iluminação das nossas cidades, mas também de fazer com que
a iluminação pública se torne mais um dos componentes dentro da estrutura urbana, capaz de
promover o desenvolvimento sócio-econômico do município.
Neste contexto, este trabalho tem como tema principal, a discussão sobre quais diretrizes
e procedimentos podem ser adotados para a gestão eficiente do sistema de iluminação pública,
garantindo a qualidade do serviço prestado à população, eficiência energética, e a promoção do
desenvolvimento sócio-econômico do município.
Como será discutido neste trabalho, é de competência dos municípios “organizar e prestar,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse lo-
cal”. Sendo assim, o município é o responsável por prover iluminação artificial aos logradouros
públicos, inclusive àqueles que necessitam de iluminação permanente no período diurno. Em
muitos casos, por vários fatores, as prefeituras têm dificuldades para realizar esse serviço, entre
eles, a ausência de profissionais em sua administração, com conhecimento técnico e experiência
na gestão, manutenção e controle de sistemas de iluminação pública. Assim, esta tarefa é então
repassada à concessionária de energia elétrica local que, muitas vezes, além de fornecer a ener-
gia elétrica necessária, acaba sendo também responsável pela manutenção dos equipamentos,
que podem pertencer à prefeitura ou à própria concessionária.
Contudo, de acordo com a Resolução no 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica -
ANEEL de setembro de 2010, as concessionárias ou distribuidoras de energia elétrica não po-
derão mais ser proprietárias dos equipamentos que compõem o sistema de iluminação pública,
logo estes ativos deverão ser transferidos para os municípios. Assim, os municípios que ainda
não são proprietários do seu parque de iluminação pública, terão um prazo determinado para
se ajustarem, o que requererá dos administradores municipais mais conhecimento e controle de
seus equipamentos.
No entanto, nem todos os municípios estão devidamente aparelhados com os recursos téc-
nicos e humanos necessários para o adequado planejamento e administração de seus sistemas de
1 Introdução 16
Iluminação Pública. Poucos municípios são capazes de responder questões elementares sobre o
seu sistema de iluminação, como: Quantos pontos de luz efetivamente existem no município?
Qual o consumo mensal de energia da iluminação pública? Quais os critérios de qualidade do
sistema de iluminação?
Porém, esta realidade vem mudando no Brasil. Os gestores municipais estão se conscien-
tizando quanto à importância da iluminação como política pública, e começam a entender o
que representa a iluminação urbana para o desenvolvimento do município e para o bem-estar
e satisfação da população. As prefeituras estão descobrindo também, que investir em ilumina-
ção urbana é um excelente negócio. Uma cidade bem iluminada atrai o turismo, proporciona
mais segurança para as pessoas e para o tráfego viário, ajuda na preservação e valorização do
patrimônio da cidade, além de melhorar a ambiência urbana e as interações sociais. Os retornos
são certos, rápidos e dão visibilidade às ações do poder público.
Esta nova visão da iluminação pública está em amplo crescimento, visto que as prefeitu-
ras estão retomando o controle da iluminação pública, muitas vezes esquecidos num segundo
plano. Em consonância com esta nova perspectiva, o mercado nesta área tem se mobilizado no
sentido de atender a estas necessidades. Empresas especializadas estão surgindo e oferecendo
às prefeituras a prestação de serviços vinculados à iluminação urbana.
Assim, este trabalho se faz necessário, por abordar e apresentar os procedimentos bási-
cos necessários para a Gestão da Iluminação Pública, sobretudo relacionados à execução das
atividades de implantação, manutenção, gerenciamento e controle da qualidade do sistema de
iluminação pública, diretrizes básicas para elaboração de um Plano Diretor de Iluminação Pú-
blica Eficiente, que possa ser utilizado como instrumento e referência para profissionais que
trabalham ou desejam trabalhar nesta área, e que anseiam por uma maior capacitação, além de
melhor eficiência e qualidade dos trabalhos que executam e gerenciam em suas organizações
assim como nas administrações públicas municipais. A consequência da crescente capacita-
ção destes profissionais é o aumento da qualidade e eficiência dos serviços prestados, além da
promoção de uma crescente inovação e desenvolvimento de sistemas de iluminação pública efi-
cientes, valorização noturna dos espaços públicos, melhoria das condições de segurança pública
e qualidade de vida nas cidades brasileiras.
17
2 Objetivo
2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho tem como objetivo geral, apontar e discutir diretrizes e procedimentos
que podem ser adotados para a gestão do sistema de iluminação pública, garantindo qualidade
do serviço prestado à população, eficiência energética, e melhor identificação deste sistema com
o contexto histórico e cultural de cada município, e que possam ser utilizados como instrumento
e referência para profissionais que trabalham ou desejam trabalhar nesta área, assim como nas
administrações públicas municipais. Alcançando este objetivo, acredita-se que este trabalho
poderá contribuir para uma maior conscientização e capacitação de todos os profissionais en-
volvidos neste importante tema, e que deverão estar preparados para o adequado planejamento
e administração de seus sistemas de iluminação pública.
2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho, podem ser resumidos nos seguintes tópicos:
• Abordar o contexto institucional e legal que envolvem a iluminação pública;
• Apresentar os principais componentes de um sistema de iluminação pública;
• Discutir os principais requisitos que devem ser observados na iluminação de cada tipo de
logradouro público;
• Listar e discutir as atividades referentes a manutenção e qualidade dos serviços de ilumi-
nação pública e os aspectos que devem ser considerados para a Gestão Eficiente destes
sistemas, e para o desenvolvimento de um Plano Diretor de Iluminação Pública.
18
3 Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos, este trabalho será estruturado da seguinte forma:
1. Breve abordagem a cerca dos contextos institucional e legal referentes a iluminação
pública: serão pesquisados e apresentados quais são os aspectos legais que estabele-
cem a responsabilidade pela organização e prestação dos serviços públicos de iluminação
pública e seu custeio, Órgãos Regulamentadores e seus instrumentos normativos que re-
gulamentam o relacionamento entre a Prefeitura e a Concessionária de Energia Elétrica
com relação a iluminação pública. A pesquisa será realizada através de consultas à Cons-
tituição da República Federativa da União de 1988, às Resoluções e ao Portal da Agência
Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, disponíveis na internet. Esta abordagem é fun-
damental para se entender o relacionamento entre prefeituras, concessionárias de energia
elétrica e demais prestadores de serviços envolvidos, e para o processo de planejamento
do sistema e de definição da política municipal, e que deverão ser considerados mais a
frente ao se discutir o processo de elaboração de um Plano Diretor de Iluminação Pública;
2. Apresentação dos principais componentes de um sistema de iluminação pública: se-
rão pesquisados e apresentados os componentes necessários para o funcionamento de um
sistema de iluminação pública e suas características técnicas, abordagem fundamental
para a definição de padrões técnicos mínimos que nortearão a escolha correta dos compo-
nentes a serem aplicados, com o objetivo de combater o desperdício de energia através do
uso de equipamentos eficientes. Esta pesquisa será realizada principalmente através de
consulta aos catálogos e sites dos principais fabricantes e fornecedores de componentes
de iluminação pública, consulta as normas ABNT existentes, além das normas de ilu-
minação pública das principais concessionárias de energia elétrica do país. Estabelecer
normas e padrões de equipamentos e materiais a serem utilizados é um dos objetivos
específicos de um Plano Diretor de Iluminação Pública;
3. Discutir os principais requisitos que devem ser observados na iluminação de cada
tipo de logradouro público: serão pesquisados e discutidos de forma breve, os principais
3 Metodologia 19
fatores e os critérios luminotécnicos mínimos recomendados pelas normas técnicas vigen-
tes para cada tipo de logradouro público. Esta pesquisa será realizada através de consulta
as normas ABNT existentes, além das normas de iluminação pública das principais con-
cessionárias de energia elétrica do país, entre outras fontes de pesquisa disponíveis. Neste
ponto destaca-se a importância de se levar em consideração as necessidades visuais dos
usuários, a redução do consumo de energia, o contexto histórico e cultural, a segurança
pública nos centros urbanos e a melhoria da imagem das cidades. Ao se elaborar um
Plano Diretor de Iluminação Pública, será discutido no final deste trabalho que este pro-
cesso deve ter como objetivo obter um instrumento capaz não só de proporcionar o uso
correto da energia elétrica atendendo aos níveis mínimos recomendados pelas normas,
mas também de fazer com que a iluminação pública se torne mais um dos componentes
dentro da estrutura urbana, capaz de promover o desenvolvimento sócio-econômico do
município;
4. Listar e discutir as atividades referentes a manutenção e qualidade dos serviços de
iluminação pública e os aspectos que devem ser considerados para a Gestão Efici-
ente destes sistemas e para o desenvolvimento de um Plano Diretor de Iluminação
Pública: Esta abordagem se dará através da união dos estudos e conclusões obtidos nos
capítulos anteriores, para então apresentar os procedimentos básicos necessários e as re-
comendações para a Gestão da Iluminação Pública, sobretudo relacionados à execução
integrada das atividades de implantação, manutenção, gerenciamento e controle da qua-
lidade do sistema de iluminação pública, que se constituem diretrizes básicas para ela-
boração de um Plano Diretor de Iluminação Pública Eficiente. Serão discutidos também
os objetivos gerais e específicos de um Plano Diretor de Iluminação Pública, assim como
a sua importância para o planejamento em longo prazo do sistema e dos serviços a ele
relacionados.
20
4 Legislação, Regulamentação e OutrosAspectos da Iluminação Pública
4.1 Aspectos Constitucionais
4.1.1 Responsabilidade pela Prestação do Serviço de Iluminação Pública
A Constituição Federal do Brasil (1988), artigo 30, inciso V, estabelece como sendo de
competência dos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local”. O município é o responsável por prover
iluminação artificial aos logradouros públicos, inclusive àqueles que necessitam de iluminação
permanente no período diurno. Resumindo, o serviço de iluminação pública é encargo dos mu-
nicípios, que podem prestar o serviço diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão.
A distribuidora pode prestar esse serviço mediante contrato específico.
Porém, mesmo antes da Constituição de 1988, a legislação já evidenciava que a responsa-
bilidade era do município, conforme o Decreto-Lei no 3.763 de 1941, que em seu artigo 8o,
parágrafo único, estabeleceu a necessidade de se regular, por meio de contrato, o fornecimento
de energia elétrica aos serviços de iluminação pública ou para quaisquer serviços públicos e
caráter local explorados pelos municípios.
4.1.2 Custeio da Iluminação Pública
Com a promulgação da Emenda Constitucional no 39 de 19 de dezembro de 2002, a Cons-
tituição Federal passou a vigorar acrescida do artigo 149-A, que determina que os Municípios e
o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do
serviço de iluminação pública, conhecida como COSIP ou CIP. Além disso, também é facultada
a cobrança da contribuição, na fatura de consumo de energia elétrica.
Antes da edição desta Emenda Constitucional, vários Municípios haviam criado uma taxa
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 21
de iluminação pública para custear as despesas com a disponibilização da iluminação pública
aos munícipes. Porém, houve um grande descontentamento por parte dos contribuintes por
terem que suportar um ônus financeiro de mais um tributo, adicionado a uma carga tributária
extremamente elevada. Neste contexto, foram interpostas diversas ações judiciais questionando
a legalidade e constitucionalidade do tributo. Assim, o Supremo Tribunal Federal - STF firmou
entendimento no sentido da inconstitucionalidade material da exação, pois não teria natureza
jurídica de taxa, uma vez que não seria possível individualizar o contribuinte, faltando, assim, o
requisito da divisibilidade do serviço público. Esse precedente acabou sendo sumulado, através
da Súmula no 670, a qual dispõe que: “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa” (NUNES, 2011).
Conseqüentemente, os Municípios tiveram uma perda de arrecadação, resultando em um
maior endividamento com as concessionárias de energia elétrica. Logo, os prefeitos passaram
a pressionar o Congresso Nacional para criação de uma exação que substituísse a taxa de ilu-
minação pública, tendo em vista que somente o Poder Constituinte Derivado teria competência
para ampliar a competência tributária, pedindo vênia pela repetição da palavra.
A partir da edição da Emenda Constitucional no 39/2002, os municípios passaram a criar
as leis que estabelecem os critérios de cobrança e isenção aos contribuintes. Conforme previsto
em lei este tributo pode ser cobrado através das faturas de energia das Concessionárias Distri-
buidoras de Energia com base em contrato a ser assinado entre Município e Concessionária.
A cada ano ou de acordo com a necessidade são feitos decretos ou leis com os reajustes dos
tributos ou modificações.
As formas de cobrança mais utilizadas no Brasil são: Tabela com valores fixos baseados em
uma porcentagem com base na tarifa básica de iluminação pública ou B4a, valor fixo, por tipo de
medidor (monofásico, bifásico ou trifásico) ou por Unidades Fiscais criadas pelos Municípios.
Na maioria das leis os clientes baixa renda são isentos de cobrança. Existem Leis que isentam
algumas classe de clientes (por exemplo: rurais), outras que isentam classes e faixas de consumo
(por exemplo: clientes residenciais que possuem um consumo de até 30 kWh), e ainda aquelas
Leis que não efetuam cobrança do tributo para contribuintes que não possuem iluminação nas
proximidades de sua residência.
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica
De acordo com a Resolução no 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL,
2010), que trata das Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica em substituição à
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 22
Resolução no. 456 (ANEEL, 2000), a responsabilidade pelos serviços de elaboração de pro-
jeto, implantação, expansão, operação e manutenção das instalações de iluminação pública é
de pessoa jurídica de direito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização.
A distribuidora pode prestar esses serviços mediante celebração de contrato específico para tal
fim, ficando a pessoa jurídica de direito público responsável pelas despesas decorrentes.
A Resolução no 414 (ANEEL, 2010) determina que, nos casos onde o sistema de ilumina-
ção pública estiver registrado como Ativo Imobilizado em Serviço - AIS da distribuidora, esta
deve transferir os respectivos ativos à pessoa jurídica de direito público competente. O artigo
218 desta resolução estabelece os prazos para as distribuidoras comprovarem o envio das pro-
postas de transferência dos ativos de iluminação pública para os poderes públicos de sua área de
concessão. Assim, os municípios que ainda não são proprietários do seu parque de iluminação
pública, terão um prazo determinado para se ajustarem.
Diante da argumentação dos prefeitos sobre falta de condições financeiras dos municípios
para arcar com a manutenção da infraestrutura de iluminação pública, os representantes das
prefeituras solicitaram à agência a suspensão da obrigação de transferência dos ativos. A Dire-
toria da ANEEL decidiu em setembro de 2011, durante reunião pública, instaurar a audiência
pública (AP no. 049/2011) com o objetivo de rediscutir a Resolução no. 414/2010 e, especi-
almente, o artigo 218. Entretanto, um levantamento realizado pela ANEEL em junho de 2011
demonstra que 63,8% dos municípios do país já respondem pelos ativos, enquanto nos 36,2%
restantes a transferência ainda precisa ser efetivada. Com a transferência dos serviços de ilu-
minação pública, que englobam o projeto, implantação, expansão, instalações, manutenção e
consumo de energia, a Agência procurou diminuir os custos para o consumidor, já que a tarifa é
mais cara quando os ativos pertencem às distribuidoras. Além disso, a Constituição Federal de
1988 definiu que a iluminação pública é de responsabilidade do município e, para isso, permite
a cobrança da contribuição de iluminação pública (CIP).
Assim, a ANEEL promoveu reuniões técnicas e audiências públicas, com a efetiva partici-
pação das entidades municipalistas, para rediscutir a questão da transferência prevista no artigo
218, da Resolução no 414, com vistas a estabelecer procedimentos para regularização dos ati-
vos de iluminação pública registrados no Ativo Imobilizado em Serviço das concessionárias e
permissionárias de distribuição de energia.
O prazo inicial, que era julho de 2011, havia sido estendido para outubro de 2011, em
razão das alegações das distribuidoras quanto à complexidade e dificuldade para contabilização
e transferência dos ativos e preparação do relatório exigido na resolução. Com a audiência
pública, o prazo ficou então suspenso.
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 23
Apesar desta suspensão do prazo, a transferência dos ativos de iluminação pública é inevitá-
vel, e dependerá apenas da definição de procedimentos, com a consequente definição de novos
prazos, o que requererá dos administradores municipais mais conhecimento e controle de seus
equipamentos, uma vez que passarão a ser responsáveis pela manutenção de todo o sistema de
iluminação pública, como por exemplo, troca de luminárias, postes, fiação, lâmpadas e reatores,
que em alguns municípios, são de responsabilidade das distribuidoras de energia elétrica. Os
recursos arrecadados com a Contribuição de Iluminação Pública (CIP), cobrada na conta de luz,
passarão então a cobrir os custos dos serviços e dos investimentos para o bom funcionamento
do sistema.
4.2.1 Definição da Iluminação Pública
Conforme a Resolução no. 456 ANEEL (2000, p. 4), Art. 2o, Inciso XXIV (texto atuali-
zado), a iluminação pública é definida como sendo o “serviço que tem por objetivo prover de
luz, ou claridade artificial, os logradouros públicos no período noturno ou nos escurecimen-
tos diurnos ocasionais, inclusive aqueles que necessitam de iluminação permanente no período
diurno”.
Porém, a Resolução no. 414 ANEEL (2010, p. 5), Art. 2o, Inciso XXXIX (texto atualizado),
passou a definir a iluminação pública como sendo o “serviço público que tem por objetivo ex-
clusivo prover de claridade os logradouros públicos, de forma periódica, contínua ou eventual”.
4.2.2 Classificação da Unidade Consumidora Referente à Iluminação Pú-blica
Conforme a Resolução no. 414 ANEEL (2010, p. 5), Art. 4o (texto atualizado), a distri-
buidora deve classificar a unidade consumidora de acordo com a atividade nela exercida e a
finalidade da utilização da energia elétrica.
A aplicação das tarifas deve então observar as classes e subclasses estabelecidas no Art. 5o,
que caracteriza a classe iluminação pública da seguinte forma:
§ 6o A classe iluminação pública, de responsabilidade de pessoa jurídica dedireito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização, ca-racteriza - se pelo fornecimento para iluminação de ruas, praças, avenidas,túneis, passagens subterrâneas, jardins, vias, estradas, passarelas, abrigos deusuários de transportes coletivos, logradouros de uso comum e livre acesso,inclusive a iluminação de monumentos, fachadas, fontes luminosas e obras dearte de valor histórico, cultural ou ambiental, localizadas em áreas públicas edefinidas por meio de legislação específica, exceto o fornecimento de energia
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 24
elétrica que tenha por objetivo qualquer forma de propaganda ou publicidade,ou para realização de atividades que visem a interesses econômicos. (ANEEL,2010, p. 13)
4.2.3 Ponto de Entrega de Energia para Iluminação Pública
O ponto de entrega é o ponto de conexão do sistema elétrico da distribuidora com as instala-
ções elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de responsabilidade do
fornecimento, e deverá situar-se no limite da via pública com a propriedade em que se localizar
a unidade consumidora. Porém, existe uma definição mais específica para o ponto de entrega,
tratando-se de fornecimento destinado a sistema de iluminação pública.
Conforme a Resolução no. 456 (ANEEL, 2000), Art. 9o, Inciso VII, o ponto de entrega é
definido como sendo, alternativamente:
• a conexão da rede de distribuição da concessionária com as instalações elétricas de ilu-
minação pública, quando estas pertencerem ao Poder Público; e
• o bulbo da lâmpada, quando as instalações destinadas à iluminação pública pertencerem
à concessionária.
Assim, no primeiro caso, a Prefeitura é responsável pelos serviços de operação e manuten-
ção e seus respectivos custos. Já no segundo caso, esta responsabilidade é da concessionária.
Esta é a situação atual, onde ainda são encontradas estas duas situações. Porém, com a
transferência definitiva dos ativos de iluminação pública das distribuidoras para os poderes pú-
blicos de sua área de concessão, conforme a Resolução no. 414 (ANEEL, 2010), Art. 14, Inciso
IX, o ponto de entrega se situará então na conexão da rede elétrica da distribuidora com as
instalações elétricas de iluminação pública.
4.2.4 Tarifas de Consumo de Energia Elétrica na Iluminação Pública
A Resolução no. 456 (ANEEL, 2000) define as tarifas aplicáveis aos fornecimentos de
energia elétrica para iluminação pública, de acordo com a localização do ponto de entrega, a
saber:
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 25
Tarifa B4a: aplicável quando o Poder Público for o proprietário do sistema de iluminação
pública, e realiza os serviços de operação e manutenção. Portanto, esta é a traifa de
menor valor, e neste caso, o ponto de entrega é na conexão da rede de distribuição; e
Tarifa B4b: aplicável quando o sistema de iluminação pública for de propriedade da conces-
sionária. A concessionária é quem realiza os serviços de operação e manutenção, e por
este motivo, é a tarifa de valor mais elevado. O ponto de entrega é no bulbo da lâmpada.
Conforme a Resolução no. 414 (ANEEL, 2010), Art. 24, a tarifa aplicável ao fornecimento
de energia elétrica para iluminação pública é a Tarifa B4a. Porém, conforme o Art. 218 desta
resolução, até a efetivação da transferência dos ativos de iluminação pública, e enquanto as
instalações existentes forem de propriedade da distribuidora, o ponto de entrega se situará no
bulbo da lâmpada, a tarifa aplicável ao fornecimento de energia elétrica para iluminação pública
é a Tarifa B4b, e esta será responsável pela execução e custeio apenas dos respectivos serviços
de operação e manutenção.
4.2.5 Medição e Faturamento do Consumo de Energia Elétrica da Ilumi-nação Pública
A concessionária não é obrigada a instalar equipamentos de medição nas unidades consumi-
doras, quando o fornecimento for destinado para iluminação pública. Neste caso, os valores de
consumo de energia elétrica serão estimados, para fins de faturamento, somando-se a potência
das lâmpadas instaladas e as respectivas perdas nos reatores (estes dados devem ser previa-
mente acordados no contrato de fornecimento entre as partes), multiplica-se este número pelas
horas nas quais a iluminação pública fica ligada no mês, e divide por 1.000 (mil), totalizando o
consumo de energia elétrica em KWh (quilowatt-hora).
No caso de fornecimento de energia elétrica destinada à iluminação pública, efetuado a
partir de circuito exclusivo, a concessionária deverá instalar equipamentos de medição sempre
que julgar necessário ou quando solicitado pelo consumidor, às suas expensas, exceto quando
previsto em contrário em legislação específica.
Para fins de faturamento de energia elétrica destinada à iluminação pública ou iluminação
de vias internas de condomínios fechados, a Resolução no. 456 (ANEEL, 2000) definia como
sendo 360 (trezentos e sessenta) o número de horas a ser considerado como tempo de consumo
mensal, ressalvado o caso de logradouros públicos que necessitem de iluminação permanente,
em que o tempo será de 24 (vinte e quatro) horas por dia do período de fornecimento.
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 26
A Resolução no. 414 (ANEEL, 2010) já determina que o tempo a ser considerado para
consumo diário deve ser de 11 (onze) horas e 52 (cinquenta e dois) minutos, ressalvado o caso
de logradouros que necessitem de iluminação permanente, em que o tempo é de 24 (vinte e
quatro) horas por dia do período de fornecimento. Esta Resolução determina ainda que o tempo
a ser considerado para consumo diário pode ser diferente do estabelecido, após estudo realizado
pelo consumidor e a distribuidora junto ao Observatório Nacional, devidamente aprovado pela
ANEEL.
A energia elétrica consumida pelos equipamentos auxiliares de iluminação pública deve
ser calculada com base nas normas específicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT, em dados do fabricante dos equipamentos ou em ensaios realizados em laboratórios cre-
denciados por órgão oficial, devendo as condições pactuadas constarem do contrato, conforme
determina a Resolução no. 414 (ANEEL, 2010). Caso ainda sejam instalados equipamentos
automáticos de controle de carga que reduzam o consumo de energia elétrica do sistema de
iluminação pública, devidamente comprovado e reconhecido por órgão oficial e competente, a
distribuidora deve proceder à revisão da estimativa de consumo e considerar a redução proporci-
onada por tais equipamentos. A implantação do sistema de equipamento automático de controle
de carga deve ser precedida de apresentação de projeto técnico específico à distribuidora.
Em relação ao prazo mínimo para vencimento da fatura quando se tratar de unidades consu-
midoras enquadradas nas classes Poder Público, Iluminação Pública e Serviço Público, o prazo
deve ser de 10 (dez) dias úteis, contados da data da respectiva apresentação. Neste caso, a
Prefeitura deverá receber a fatura com antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis, conforme
Resolução no. 414 (ANEEL, 2010).
Havendo atraso no pagamento da Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica ou Fatura emitida
pela distribuidora, sem prejuízo da legislação vigente, a mesma poderá cobrar multa, obser-
vando o percentual máximo de 2% (dois por cento), além de atualização monetária com base
na variação do IGP-M e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês calculados pro rata die.
A multa e os juros de mora incidem sobre o valor total da Fatura, excetuando-se as multas e
juros de períodos anteriores, e a Contribuição de Iluminação Pública - CIP, a qual se sujeita às
multas, atualizações e juros de mora estabelecidos na legislação específica.
4.2.6 Infraestrutura Básica das Redes de Distribuição de Energia Elétrica
A distribuidora não é responsável pelos investimentos necessários e pela construção das
obras de infraestrutura básica das redes de distribuição de energia elétrica para implantação ou
qualquer outros custos referentes às obras do sistema de iluminação pública ou de iluminação
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 27
das vias internas, conforme a Resolução no. 414 (ANEEL, 2010).
4.2.7 Contrato de Fornecimento de Energia Elétrica para Iluminação Pú-blica
O contrato de fornecimento para iluminação pública deve ser celebrado entre a distribuidora
de energia elétrica e os poderes públicos municipais ou distrital, e conter além das cláusulas
essenciais a todos os contratos, outras relacionadas a:
• identificação do ponto de entrega;
• capacidade de demanda do ponto de entrega;
• definição do local e procedimento para medição e informação de dados;
• especificação da propriedade dos ativos das instalações;
• valores dos encargos de conexão, quando couber;
• forma e condições para a prestação dos serviços de operação e manutenção;
• tensão contratada;
• demanda contratada;
• condições de acréscimo e redução da demanda contratada;
• procedimentos para alteração de carga, elaboração do cadastro e sua atualização;
• data de início e prazo de vigência;
• modalidade tarifária e critérios de faturamento;
• condições de prorrogação e encerramento das relações contratuais;
• condições de aplicação de descontos ao consumidor conforme legislação específica;
• obrigatoriedade de observância das normas e padrões vigentes;
• necessidade de apresentação de projeto de eficiência energética, antes de sua implemen-
tação;
• tarifas e tributos aplicáveis;
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 28
• condições de emissão, entrega e vencimento da Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica ou
Fatura emitida pela distribuidora;
• condições de cobrança de multa e atualização monetária nos casos de atraso de pagamento
da Nota Fiscal/Conta de Energia Elétrica ou Fatura
• procedimentos para revisão do consumo de energia elétrica ativa, vinculado à utilização
de equipamentos de controle automático de carga;
• condições de faturamento, incluindo critérios para contemplar falhas no funcionamento
do sistema;
• condições de faturamento das perdas nos equipamentos auxiliares;
• condições e procedimentos para o uso de postes e da rede de distribuição;
• condições para inclusão da cobrança de contribuição social para o custeio do serviço de
iluminação pública na fatura de energia elétrica, quando cabível, em conformidade com
o estabelecido por lei municipal; e
• critérios de rescisão.
Após celebração do contrato, uma via deve ser devolvida ao Poder Público em até 30 (trinta)
dias após o seu recebimento, com as respectivas assinaturas e rubricas.
Deve-se ainda ser celebrado um Acordo Operativo entre distribuidora e Poder Público Mu-
nicipal ou Distrital, para disciplinar as condições de acesso ao sistema elétrico de distribuição
pelo responsável pela realização de serviços de operação e manutenção das instalações de ilu-
minação pública, segundo as normas e padrões vigentes da Distribuidora.
4.2.8 Renegociação do Contrato de Fornecimento em Virtude da Implan-tação de Medidas de Eficiência Energética
A Resolução no. 414 (ANEEL, 2010) determina que a distribuidora deve ajustar o contrato
vigente, a qualquer tempo, sempre que solicitado pelos consumidores, em razão da implementa-
ção de medidas de eficiência energética que resultem em redução da demanda de potência, com-
prováveis pela distribuidora. Para isso, o consumidor deve submeter previamente à distribuidora
os projetos básico e executivo das medidas de eficiência energética a serem implementadas, com
as justificativas técnicas devidas, etapas de implantação, resultados previstos, prazos, proposta
para a revisão contratual e acompanhamento pela distribuidora. Em até 45 (quarenta e cinco)
4.2 Regulamentação do Fornecimento de Energia Elétrica 29
dias da apresentação dos projetos, a distribuidora deve informar ao consumidor as condições
para a revisão da demanda contratada.
30
5 Componentes do Sistema deIluminação Pública
Conservar energia elétrica significa, em poucas palavras, melhorar a maneira de utilizar a
energia, sem abrir mão do conforto e das vantagens que ela proporciona. Ou seja, significa
diminuir o consumo, reduzindo custos, sem perder a eficiência e a qualidade dos serviços.
Para projetar um sistema de iluminação pública eficiente, deve-se obedecer a diversos crité-
rios qualitativos com o objetivo de atender às necessidades visuais de seus usuários, utilizando
de forma adequada as tecnologias eficientes disponíveis no mercado.
A eficiência de um sistema de iluminação pública, depende da escolha correta de todos
os seus componentes. Assim, neste capítulo serão apresentados os principais componentes de
um sistema de iluminação pública, assim como os critérios que devem ser observados para a
escolha adequada dos mesmos, visando a obtenção de um sistema eficiente.
5.1 Lâmpadas
5.1.1 Lâmpadas a Vapor de Sódio Alta Pressão - VSAP
Lâmpada de vapor de sódio é um tipo de lâmpada de descarga em meio gasoso que uti-
liza um plasma de vapor de sódio para produzir luz. As lâmpadas de vapor de sódio de alta
pressão contém elementos químicos adicionais, como o mercúrio. Em consequência produzem
uma luminosidade rosada quando são acesas, evoluindo gradualmente para um luz suave de
cor alaranjada quando aquecem. Alguns modelos de lâmpadas que usam esta tecnologia pro-
duzem no arranque uma luz azulada, resultante da emissão do mercúrio antes do sódio estar
suficientemente aquecido e ionizado para formar um plasma.
Nestas lâmpadas a principal fonte de luz é a emissão espectral do sódio elementar. A largura
de banda da emissão é substancialmente alargada pela ressonância induzida pela alta pressão
de vapor no interior da lâmpada e pelas emissões do mercúrio. Em consequência a luz perde
5.1 Lâmpadas 31
o monocromatismo, permitindo uma boa distinção das cores dos objectos iluminados. Outros
efeitos que contribuem para o alargamento espectral são a auto-reversão, devida à absorção de
fotões na região externa mais fria do tubo, e o efeito da força de Van der Waals dos átomos de
mercúrio no arco, este último afetando essencialmente a região vermelha do espectro emitido.
As lâmpadas VSAP necessitam de equipamentos auxiliares para iniciar o processo de des-
carga (ignitores) e controlar a corrente de operação (reatores). são fabricadas nos formatos
oóide e tubular, e se caracteriza como sendo o tipo mais eficiente entre as lâmpadas de descarga
à alta pressão existentes no Brasil. Suas características são (IBAM/PROCEL, 2004b):
• alta eficiência luminosa: 86 a 150lm/w;
• longa vida mediana: 18.000 a 32.000 horas;
• uso obrigatório de equipamentos auxiliares (reator e ignitor);
• tempo de acendimento: de três a seis minutos;
• tempo de reacendimento: mínimo de 30 segundos;
• boa resistência a choques, vibrações e intempéries;
• polaridade específica para ligação;
• Depreciação do fluxo luminoso: possui excelente fator de manutenção do fluxo lumi-
noso. O fluxo luminoso da lâmpada decresce gradualmente, chegando ao final da sua
vida mediana com um valor em média de 90% do valor inicial;
• curva média de mortalidade: aproximadamente 50% das lâmpadas permanecem acesas
ao final de 32.000 horas (vida mediana);
• Índice de reprodução de cor - IRC: varia entre 22 a 25, que é considerado razoável para
iluminação de vias públicas, onde não existe a necessidade de uma reprodução fiel das
cores;
• Temperatura de cor correlata - TCC: apresentam valores que variam em média de 1.900
a 2.100K.
Considerando sua alta eficiência luminosa e vida útil, estas lâmpadas são indicadas para uso
na iluminação de vias públicas, praças e calçadões, devendo ser consideradas como primeira
opção em nos novos projetos de reforma, melhoria e implantação de iluminação pública nestes
locais.
5.1 Lâmpadas 32
5.1.2 Lâmpadas a Vapor de Mercúrio - VM
Estas lâmpadas também utiliza o princípio da descarga através do vapor de mercúrio. Pro-
duzem luz pela passagem da corrente elétrica através de um vapor de gás sob pressão e neces-
sitam de um reator para operar. As principais características das lâmpadas vapor mercúrio são
(IBAM/PROCEL, 2004b):
• razoável eficiência luminosa: 45 a 58lm/w;
• longa vida mediana: 9.000 a 15.000 horas;
• necessidade de equipamento auxiliar (reator);
• tempo de acendimento: de cinco a sete minutos;
• tempo de reacendimento: de três a seis minutos;
• boa resistência a choques, vibrações e intempéries;
• Depreciação do fluxo luminoso: ocorre de maneira mais acentuada quando comprada a
lâmpada VSAP, chegando ao final da sua vida mediana com um valor médio de 80% do
valor inicial;
• curva média de mortalidade: aproximadamente 50% das lâmpadas permanecem acesas
ao final de 32.000 horas (vida mediana);
• Índice de reprodução de cor - IRC: varia entre 40 a 55, valor considerado bom para
iluminação de vias públicas, onde não existe a necessidade de uma reprodução fiel das
cores;
• Temperatura de cor correlata - TCC: apresentam valores que variam em média de 3.350
a 4.300K.
Estas lâmpadas são recomendadas atualmente para manutenção de pontos de iluminação
pública onde já sejam utilizadas. Estas lâmpadas podem ter o acendimento comprometido
quando a queda de tensão na rede de distribuição estiver acima de 5%.
5.1.3 Lâmpadas Multivapores Metálicos - MVM
As lâmpadas MVM também constituem lâmpadas de descarga, e também necessitam de
equipamentos auxiliares como reator e ignitor para operação. Estas lâmpadas são as mais
5.1 Lâmpadas 33
eficientes fontes em termos de reprodução de cores Suas características são listadas a seguir
(IBAM/PROCEL, 2004b):
• razoável eficiência luminosa: 72 a 80lm/w;
• longa vida mediana: 8.000 a 12.000 horas;
• uso obrigatório de equipamentos auxiliares (reator e ignitor);
• tempo de acendimento: mínimo de 1,5 a 2 minutos;
• tempo de reacendimento variável em função do tipo: de cinco a oito minutos;
• boa resistência a choques, vibrações e intempéries;
• Depreciação do fluxo luminoso: ocorre de maneira mais acentuada quando comprada a
lâmpada VSAP, chegando ao final da sua vida mediana com um valor médio de 80% do
valor inicial;
• curva média de mortalidade: aproximadamente 50% das lâmpadas permanecem acesas
ao final de 32.000 horas (vida mediana);
• Índice de reprodução de cor - IRC: dependendo do modelo, pode ter excelente reprodução
de cores. varia entre 65 a 85;
• Temperatura de cor correlata - TCC: apresentam valores que variam em média de 3.000
a 6.000K.
Devido a sua característica de boa reprodução de cor (IRC), variedade de temperaturas de
cor (TCC), são recomendadas para iluminação de campo de futebol, monumentos, áreas verdes,
e sempre que se desejar alto índice de reprodução de cores e excelente nível de iluminância,
como os locais onde ocorre televisionamento ou filmagem em cores.
5.1.4 Lâmpadas Mistas - LM
A lâmpada mista também pertence a família das lâmpadas de descarga à alta pressão. Pos-
sui um filamento de tungstênio em série com o tubo de descarga, servindo como um dispositivo
limitador de corrente, substituindo o reator, e que faz com que esta lâmpada se torne uma fonte
de luz com temperatura de cor quente, contribuindo para um aumento da saída luminosa total,
com maior eficiência e maior vida mediana quando comparadas com as lâmpadas incandescen-
tes. Suas principais características são (IBAM/PROCEL, 2004b):
5.1 Lâmpadas 34
• baixa eficiência luminosa: 19 a 27lm/w;
• vida mediana curta: de 6.000 horas;
• não necessita de equipamento auxiliar;
• tempo de acendimento: mínimo de quatro minutos;
• tempo de reacendimento: de três a quatro minutos;
• baixa resistência a choques e vibrações;
• posição recomendada de funcionamento: pode variar para cada fabricante;
• Índice de reprodução de cor - IRC: varia entre 61 a 63, valor considerado muito bom para
iluminação pública;
• Temperatura de cor correlata - TCC: apresentam valores que variam em média de 3.400
a 4.100K.
As lâmpadas mistas não constituem uma boa opção para iluminação pública, devido a sua
curta vida útil e baixa eficiência luminosa.
5.1.5 Lâmpadas Incandescentes - LI
A lâmpada incandescente produz luz pelo processo de emissão de radiação de seu filamento,
que é levado a incandescência devido à elevação de sua temperatura pela passagem de corrente
elétrica. Esta lâmpada não necessita de equipamento auxiliar para o seu funcionamento, po-
dendo ser conectada diretamente à rede de distribuição.
Estas lâmpadas não são recomendadas para iluminação pública. Para efeitos de compara-
ção, suas características são apresentadas a seguir (IBAM/PROCEL, 2004b):
• baixa eficiência luminosa: 13 a 17lm/w;
• vida mediana muito curta: 1.000 horas;
• não necessita de equipamento auxiliar;
• acendimento e reacendimento instantâneo;
• baixa resistência a choques e vibrações;
5.1 Lâmpadas 35
• Índice de reprodução de cor - IRC: aproximadamente 100, sendo uma das fontes de luz
artificial que possui a melhor reprodução de cores;
• Temperatura de cor correlata - TCC: apresentam valores iguais a 2.700K.
Esta lâmpada não é mais aplicada em sistemas de iluminação pública, devido a sua baixa
eficiência e reduzida vida útil.
5.1.6 Comparativo entre os Tipos de Lâmpada
A tabela 5.1 apresenta as principais características das lâmpadas geralmente utilizadas em
iluminação pública e os respectivos valores de perdas nos reatores (ELETROBRÁS, 2004).
Esta tabela apresenta os valores médios, de referência, com base em informações de vários
fabricantes. Porém, caso os equipamentos existentes ou a serem instalados apresentem valores
diferentes, estes devem ser especificados conforme dados do fabricante.
A partir de uma análise qualitativa entre as características das lâmpadas apresentadas para
uso na iluminação pública, conclui-se que as lâmpadas vapor de sódio (VSAP) são as mais
indicadas considerando sua alta eficiência luminosa e vida útil. Em poucas palavras, através
do uso destas lâmpadas, é possível iluminar mais, com um consumo de energia menor quando
comparado com as demais lâmpadas apresentadas.
5.1.7 Alternativas de Substituição de Lâmpadas
A tabela 5.2 apresenta alternativas mais freqüentes de substituição de lâmpadas na ilumina-
ção pública, visando a eficientização do sistema (ELETROBRÁS, 2004). Estas possibilidades
de substituição são obtidas através de simples comparação do fluxo luminoso unitário de cada
tipo de lâmpada, garantindo que o fluxo luminoso emitido pela lâmpada a ser instalada seja
igual ou maior ao da lâmpada a ser substituída. Porém, estas alternativas apenas poderão ser
aplicadas nos logradouros em que a iluminação pública apresente parâmetros luminotécnicos
(nível de iluminância média e fator de uniformidade) em conformidade com a ABNT (1992).
5.1 Lâmpadas 36
Tabela 5.1: Quadro Comparativo Entre os Tipos de LâmpadasFluxo Eficiência Vida Perdas nos Reatores
Lâmpadas Luminoso Luminosa Mediana (W)(lm) (lm/W) horas anos Convencional Eletrônico
I 100W 1.300 13 1.000 - - -I 150W 2.200 15 1.000 - - -I 200W 3.150 16 1.000 - - -I 300W 5.000 17 1.000 - - -I 500W 8.400 17 1.000 - - -H 300W 5.000 17 2.000 - - -H 500W 9.500 19 2.000 - - -H 1.000W 22.000 22 2.000 - - -H 1.500W 33.000 22 2.000 - - -F 40W 2.700 68 7.500 - 11 4F 110W 8.300 76 7.500 - 25 -M 160W 3.100 19 6.000 - - -M 250W 5.500 22 6.000 - - -M 500W 13.500 27 6.000 - - -
VM 80W 3.600 45 9.000 - 9 -VM 125W 6.200 50 12.000 - 12 -VM 250W 12.700 50 12.000 - 16 -VM 400W 22.000 55 15.000 - 25 -VM 700W 38.500 55 15.000 - 35 -VM 1000W 58.000 58 15.000 - 45 -
MVM 70W 5.000 72 8.000 1,8 13 -MVM 150W 11.000 73 8.000 1,8 12 -MVM 250W 20.000 72 12.000 2,7 25 -MVM 400W 38.000 80 12.000 2,7 35 -VSAP 70W 5.600 80 16.000 3,7 15 -VSAP 100W 9.500 95 24.000 5,5 15 -VSAP 150W 14.000 94 24.000 5,5 20 17VSAP 250W 26.000 104 24.000 5,5 25 24VSAP 350W 34.000 97 14.000 3,2 40 -VSAP 400W 48.000 120 24.000 5,5 40 -VSAP 600W 90.000 150 32.000 6 50 -
5.1 Lâmpadas 37
Tabela 5.2: Alternativas de Substituição de LâmpadasLâmpada Alternativa deExistente Lâmpada Eficiente
2 x Fluorescentes de 40W VSAP 70WFluorescente 110W VSAP 70W
Halógena 400W VSAP 150WHalógena 500W VSAP 150W
Halógena 1000W VSAP 250WHalógena 1500W VSAP 400W
Incandescente 100W a 300W VSAP 70WIncandescente 500W VSAP 100W
Incandescente 1000W VSAP 150WMista 160W VSAP 70WMista 250W VSAP 70WMista 500W VSAP 150W
VM 80W VSAP 70WVM 125W VSAP 100WVM 250W VSAP 150WVM 400W VSAP 250WVM 700W VSAP 400W
VSAP 350W (intercambiável) VSAP 400W
5.2 Equipamentos Auxiliares 38
5.2 Equipamentos Auxiliares
5.2.1 Reator
O reator é um equipamento auxiliar, ligado entre a rede e a lâmpada de descarga, com a
finalidade de controlar e estabilizar a corrente e a tensão de seu funcionamento, caso contrário,
as lâmpadas se destruiriam rapidamente. As características do reator devem ser adequadas aos
requisitos da lâmpada. Devem ter fator de potência elevado para diminuir as perdas.
Os reatores eletromagnéticos geralmente necessitam de correção de seus baixos valores de
fator e potência através de um capacitor. Os capacitores não afetam as condições da lâmpada,
porém, modificam as condições da rede. Elevam o Fator de Potência podendo reduzir em até
50% os valores de corrente de linha, proporcionando economia em redução da bitola de fio,
diminuições de perda na alimentação do sistema de iluminação (redução do consumo de ener-
gia) e aumento da vida útil das instalações. Porém, os reatores eletromagnéticos grandes e
pesados, que funcionam em 60 hertz, vêm sendo substituídos pelos modelos eletrônicos, que
economizam energia e têm menor carga térmica. Os reatores eletrônicos trabalham em 35 ki-
lohertz, o que evita a intermitência conhecida como cintilação e o efeito estroboscópico, ambos
responsáveis pelo cansaço visual.
A tecnologia dos reatores tem passado por um processo de contínuo aprimoramento no
sentido da redução de suas perdas e aumento da sua durabilidade. Os reatores eletrônicos para
utilização com lâmpadas de descarga a alta pressão (especificamente as lâmpadas a vapor de
sódio e multivapor metálico) possuem fator de potência superando o valor de 0,99 e perdas
inferiores a 8%. Estima-se com isso que em breve, os reatores eletromagnéticos não serão mais
utilizados.
Os reatores, se não especificados corretamente, podem reduzir a vida de uma lâmpada em
até 50% e a produção luminosa em até 30%. Logo, alguns cuidados devem ser tomadas nas
fases de especificação, compra e instalação dos retores utilizados na iluminação pública, entre
eles (IBAM/PROCEL, 2004b):
• o reator deve ser compatível com a potência da lâmpada, com a tensão e a frequência da
rede de distribuição;
• utilizar sempre reatores com alto fator de potência (acima de 0,92), com o objetivo de
aumentar a vida útil da lâmpada, além de diminuir o efeito estroboscópico;
• o reator deve ser compatível com o local a ser instalado (uso externo, subterrâneo ou
5.3 Luminárias 39
integrado a uma luminária);
• exigir todos os ensaios de tipo e de recebimento especificados pela ABNT.
5.2.2 Ignitor
O ignitor é um componente que tem a função de produzir descarga inicial às lâmpadas mul-
tivapor metálicas e vapor de sódio, sobrepondo um ou mais pulsos de alta tensão, normalmente
de 0,7 a 40 kV sobre a tensão da lâmpada, provocando o seu acendimento. Após a acender a
lâmpada, o ignitor interrompe automaticamente a produção dos pulsos. Seu circuito eletrônico
possui componentes sensíveis à temperatura, sendo a temperatura máxima permitida na carcaça
de 85◦C. Deve ser instalado abrigado das intempéries. A polaridade do ignitor deverá sempre
ser observada para o correto funcionamento do sistema.
Um fato que deve ser sempre observado é a importância da imediata substituição de uma
lâmpada VSAP ou MVM quando a mesma se queima, evitando que o ignitor se danifique caso
permaneça energizado por um período superior àquele garantido pelo fabricante, sem estar co-
nectado a uma lâmpada em perfeito estado.
5.3 Luminárias
Uma luminária têm a função de distribuir e controlar a luz emitida pela lâmpada, propor-
cionando melhores rendimento e distribuição do fluxo luminoso por reflexão e refração através
de seu conjunto óptico. Além disso, as luminárias fornecem proteção para a lâmpada e demais
equipamentos através de uma estrutura mecânica de proteção, que deve proporcionar também
uma ventilação adequada, mantendo a temperatura de operação dentro dos limites estabeleci-
dos.
As luminárias mais modernas e eficientes utilizam predominantemente o efeito de reflexão
da luz através de superfícies altamente reflexivas de seu refletor. O refrator em vidro plano ou
policarbonato é usado somente para proteção. O refrator plano reduz sensivelmente o ofusca-
mento e apresenta melhor rendimento (IBAM/PROCEL, 2004a).
5.3.1 Rendimento Ótico
O rendimento ótico de uma luminária é determinado pela razão do fluxo total emitido, me-
dido em condições específicas, para o fluxo luminoso total das lâmpadas individuais que se
5.3 Luminárias 40
encontram dentro da luminária. em poucas palavras, o rendimento óptico determina a propor-
ção do fluxo luminoso total da lâmpada que a luminária consegue emitir, e quanto é perdido
dentro da própria luminária. Este parâmetro é importante para avaliar a qualidade ótica de uma
luminária.
Porém, um dos fatores mais importantes a ser considerado, é a quantidade de fluxo lumi-
noso que efetivamente atinge a área a ser iluminada, o que está relacionado com a distribuição
fotométrica da luminária, como será discutido na próxima seção.
5.3.2 Eficiência
A eficiência energética de uma luminária é a propriedade de se obter o maior fluxo lumi-
noso produzido para cada Watt de potência elétrica consumida. A eficiência de uma luminária
depende dos seguintes fatores principais:
• do tipo da lâmpada escolhida (atualmente, as lâmpadas VSAP ou MVM são primeira
opção em substituição às de mercúrio);
• da qualidade do refletor, que deve possuir a mais alta refletância possível, somada a um
refrator que apresenta baixas perdas de transmissão óptica, ou seja, um alto rendimento
óptico da luminária (As luminárias eficientes apresentam um rendimento superior a 75%).
A eficiência total da luminária é medida em unidades de lumen/Watt, sendo o lumen a
unidade do fluxo luminoso eficaz emitido pela luminária e o Watt a unidade de potência elétrica
ativa consumida. Ao se maximizar esta razão, obtém-se uma melhor eficiência energética da
luminária.
A eficiência energética também está relacionada a uma boa distribuição luminosa da lumi-
nária. Isto significa que o fluxo luminoso emitido pela luminária em dada direção acontece com
intensidade adequada para produzir uma iluminação mais uniforme. A Luz emitida por uma
luminária de baixa eficiência, em direções não desejáveis, como por exemplo, para o alto, não
contribui para a iluminação da via pública, contribuindo para uma maior poluição luminosa nas
cidades.
A avaliação fotométrica de lâmpadas e luminárias feita pelo Inmetro (Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), foi adotada por praticamente toda a indústria
nacional desde 2004. Após os testes, o Inmetro emite um Relatório de Ensaio, atestando a
capacidade e a eficiência dos produtos. A medição através do processo de goniofotometria,
5.3 Luminárias 41
informa a capacidade de iluminação das lâmpadas e a qualidade da distribuição de luz pela
luminária.
Assim, as prefeituras interessadas poderão firmar parceria com o Inmetro para avaliar os
equipamentos de iluminação pública em seus processos de compra, e inclusive realizar a espe-
cificação correta destes equipamentos em seus processos licitatórios.
5.3.3 Grau de Proteção - IP
As luminárias são classificadas de acordo com o tipo de proteção contra a penetração de pó,
objetos sólidos e umidade. O grau de proteção é indicado pelas letras IP (Ingress Protection)
seguidas de dois algarismos: o primeiro indica o grau de proteção contra o ingresso de corpos
estranhos e poeira e o segundo algarismo indica o grau de vedação contra a penetração de água.
A ABNT (2005), estabelece definições para os graus de proteção providos para os invó-
lucros dos equipamentos elétricos. As tabelas 5.3 e 5.4 apresenta os graus de proteção (IP),
referentes a esta norma (ABNT, 2005):
Tabela 5.3: Graus de proteção contra a penetração de objetos sólidos estranhos indicados peloprimeiro numeral característico
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção0 Não protegido1 Protegido contra objetos sólidos de Ø 50 mm e maior2 Protegido contra objetos sólidos de Ø 12 mm e maior3 Protegido contra objetos sólidos de Ø 2,5 mm e maior4 Protegido contra objetos sólidos de Ø 1,0 mm e maior5 Protegido contra poeira6 Totalmente protegido contra poeira
Uma luminária com grau de proteção IP 66, por exemplo, é protegida contra penetração
de pós, e contra fortes jatos d’água. Quanto maior o número, maior a proteção oferecida pela
luminária.
5.3.4 Tipos de Luminárias para Iluminação Pública
A seguir, serão apresentadas as luminárias mais utilizadas e recomendadas para sistemas de
iluminação pública, assim como as suas características básicas.
• Luminária fechada com alojamento para equipamento auxiliar:
5.3 Luminárias 42
Tabela 5.4: Graus de proteção contra a penetração de água indicados pelo segundo numeralcaracterístico
Numeral Descrição sucinta do grau de proteção0 Não protegido1 Protegido contra gotas d’água caindo verticalmente2 Protegido contra queda de gotas d’água caindo
verticalmente com invólucro inclinado até 15◦
3 Protegido contra aspersão d’água4 Protegido contra projeção d’água5 Protegido contra jatos d’água6 Protegido contra jatos potentes d’água7 Protegido contra efeitos de imersão temporária em água8 Protegido contra efeitos de imersão contínua em água
Luminária com refletor em alumínio polido quimicamente, anodizado e selado. Refra-
tor em policarbonato transparente injetado, resistente a choques mecânicos e estabilizado
contra radiação UV. Soquete em porcelana para base E-27. A luminária é fornecida com
tomada para relé fotoelétrico e alojamento para equipamento auxiliar incorporado. O
conjunto óptico possui grau de proteção IP 65, enquanto o porta equipamento IP 43.
Esta luminária deve possuir rendimento acima de 65%. Pode ser utilizado para lâmpadas
VSAP/MVM 70W e VSAP 100W. A figura 5.1 apresenta um exemplo de uma luminária
fechada com alojamento para equipamento auxiliar. Este tipo de luminária está se tor-
nando obsoleta no mercado, sendo então substituída pelo modelo de luminária que será
apresentado a seguir.
Figura 5.1: Luminária fechada com refrator em policabornato
• Luminária fechada, integrada, com vidro plano ou policabornato:
Luminária com refletor em alumínio polido quimicamente, anodizado e selado. Base
em alumínio injetado a baixa pressão. Tampa em alumínio injetado a baixa pressão.
Refrator com lente em vidro plano temperado, resistente a choques térmicos, ou poli-
carbonato estabilizado contra radiação UV , para uso específico em áreas com alto ín-
dice de vandalismo. Chassi em aço zincado para instalação dos equipamentos auxiliares.
5.3 Luminárias 43
Porta-lâmpada em porcelana, rosca E-40, com dispositivo antivibratório, instalado em
soqueteira de alumínio. A luminária é fornecida com tomada para relé fotoelétrico. O
conjunto óptico possui grau de proteção IP 65, enquanto o porta equipamento IP 44. Esta
luminária deve possuir rendimento acima de 75%. Pode ser utilizado com lâmpadas tubu-
lares VSAP 100W e 150W, e VSAP/MVM 250W. A figura 5.2 apresenta exemplos desta
luminária.
Figura 5.2: Exemplos de Luminária fechada, integrada, com vidro plano ou policabornato
• Luminária fechada, integrada, para lâmpadas de 400W:
Luminária com base e alumínio injetado a alta pressão. Tampa em alumínio injetado a
alta pressão. Acesso ao conjunto óptico, ao alojamento para equipamentos auxiliares e ao
sistema de instalação. Conjunto óptico composto pelo refletor, lente de vidro e alojamento
do porta-lâmpada. Refletor em alumínio de elevada pureza, polido, anodizado e selado.
Refrator/Lente de fechamento em vidro temperado, plano ou policurvo. Alojamento do
Porta-lâmpada em liga de alumínio. Porta-lâmpada (soquete) em porcelana. Chassi em
chapa de aço zincado. Grau de proteção IP 66 para o conjunto óptico e alojamento.
Esta luminária deve possuir rendimento acima de 80%. Pode ser utilizado com lâmpadas
tubulares VSAP/MVM 400W. Fornecida sem tomada para relé fotoelétrico. A figura 5.3
apresenta exemplos desta luminária, que deve ser usada preferencialmente em projetos
especiais de iluminação de vias com rede de distribuição subterrânea, altura de montagem
elevada (em torno de 14 metros livres), e controle através de caixa de comando (comando
em grupo).
As luminárias decorativas e ornamentais são aquelas usadas para instalação entre quatro
e seis metros de altura de montagem, o que as tornam bastante visíveis. Estas luminárias são
utilizadas para iluminação especial, onde a estética deve ser considerada, devendo portanto
integrar-se ao ambiente onde estão instaladas, iluminando-o adequadamente durante a noite.
5.3 Luminárias 44
Figura 5.3: Exemplos de Luminária fechada, integrada, para lâmpadas de 400W
Estas luminárias devem reduzir ao máximo a poluição luminosa, e por este motivo, devem
ser utilizados os modelos que redirecionam a luz para o plano vertical (piso). Podem ser uti-
lizadas para iluminação de calçadas, pistas de cooper, parques, praças, estacionamentos, vias
de acesso em condomínios residenciais, iluminação de segundo nível em vias publicas, entre
outras aplicações.
As novas luminárias ornamentais representam uma evolução, e sempre que possível, os
projetos novos de iluminação ornamental ou reforma devem ser feitos com estas alternativas, em
função da maior expectativa de vida das luminárias em alumínio. As luminárias ornamentais em
polímero, devem ser utilizadas preferencialmente, apenas na manutenção das mesmas (CEMIG,
2011).
• Luminária ornamental em polímero:
Luminárias dotadas de refletores em alumínio anodizado, que redirecionam a luz para o
piso. Difusor em acrílico com elevada resistência a impacto, ou liso/canelado em cristal
injetado em policarbonato. Equipamentos auxiliares incorporados internamente na base
da luminária. Grau de proteção IP65 do conjunto óptico e alojamento para equipamentos
auxiliares. Uso em topo de poste. A figura 5.4 apresenta exemplos desta luminária.
Figura 5.4: Exemplos de Luminária ornamental em polímero
5.3 Luminárias 45
• Luminária ornamental em alumínio:
Os novos padrões de luminárias ornamentais confeccionadas em alumínio, tem como ob-
jetivo, melhorar o nível médio de iluminância e aumentar a vida útil dos materiais de
iluminação decorativa. Estas luminárias apresentam algumas vantagens em relação aos
modelos anteriores, dentre os quais destacam-se uma maior durabilidade (não sofre de-
gradação devido à radiação ultravioleta), maior grau de proteção (IP-65), baixa poluição
luminosa (uma vez que a sua distribuição luminosa é do tipo semilimitada), além de utili-
zarem uma maior variedade de modelos e potências de lâmpadas padronizadas. Existem
modelos específicos para uso em topo de poste (figura 5.5) e em suporte (figura 5.6).
Figura 5.5: Exemplos de Luminária ornamental em alumínio para topo de poste
Figura 5.6: Exemplos de Luminária ornamental em alumínio para suporte
• Luminária decorativa semi-esférica:
Luminária com corpo em alumínio injetado. Refrator em Vidro temperado. Refletor em
alumínio polido quimicamente anodizado e selado. Equipamentos auxiliares incorpora-
dos internamente à luminária. Acabamento em pintura eletrostática. Grau de proteção
IP65 do conjunto óptico e IP44 alojamento para equipamentos auxiliares. Pode ser utili-
zado com lâmpadas tubulares VSAP 70/100/150/250W e MVM 70/150/250W. A figura
5.7 apresenta exemplos desta luminária.
As ilustrações presentes nesta seção, foram extraídas dos catálogos de alguns dos principais
fabricantes de luminárias para iluminação pública do Brasil, como:
• Schréder;
5.4 Postes, Braços e Suportes 46
Figura 5.7: Exemplos de Luminária decorativa semi-esférica
• Tecnowatt;
• Philips;
• Indalux;
• Baxton;
• Soneres;
• Repume;
• Tropico;
• Ilumatic.
As figuras apresentadas não sugerem tipo ou modelo específico de qualquer fabricante.
5.4 Postes, Braços e Suportes
Normalmente, a iluminação pública é instalada em postes da rede aérea existente da conces-
sionária local. Porém, em projetos específicos de iluminação pública com rede de distribuição
subterrânea, são utilizados postes de aço ou concreto especialmente desenvolvidos para este
fim. Ao contrário dos postes utilizados em redes de distribuição aérea, estes postes possuem
resistência mecânica dimensionada apenas para os esforços provenientes das luminárias e pro-
jetores. A figura 5.8 apresenta exemplos de instalações básicas para luminárias ornamentais
(CEMIG, 2011).
As luminárias para iluminação pública são instalada em postes da rede aérea existente da
concessionária local, através de “braços”. Quando os postes são específicos para aplicação em
rede de distribuição subterrânea, são utilizados “braços” e suportes específicos para estes tipos
de postes. Tanto os braços quanto os suportes são confeccionados em aço carbono e protegidos
por zincagem a fogo. A figura 5.9, ilustra uma instalação de iluminação pública em rede de
distribuição aérea, enquanto as figuras 5.10 e 5.11 apresentam exemplos de instalações para
redes de distribuição subterrânea (CEMIG, 1996, 2006).
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 47
Figura 5.8: Instalações básicas para luminárias ornamentais
Figura 5.9: Conjunto braço e luminária para rede de distribuição aérea
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública
Os comandos são dispositivos responsáveis pelo acionamento da iluminação pública. Em
poucas palavras, os comandos são dispositivos que têm por finalidade ligar e desligar uma
lâmpada, ou um circuito de iluminação.
Existem diversos tipos de comandos para iluminação pública construídos sob normas espe-
cíficas de fabricação e utilização, conforme tabela 5.5, e que serão explicados a seguir (CEMIG,
1996; IBAM/PROCEL, 2004b).
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 48
Figura 5.10: Conjunto poste, suporte e luminária para rede de distribuição subterrânea
Tabela 5.5: Tipos de comandos para iluminação públicaCorrente Tipo de Comando Locais para InstalaçãoAté Relé fotoelétrico e Iluminação convencional em postes de10A tomada para 10A rede aérea (comando individual de luminárias)Entre 10A Relé fotoelétrico e Praças, parques, jardinse 50A chave magnética 50A (comando em grupo de luminárias)Maior que Caixa de comando: relé Viadutos, rodovias, túneis50A fotoelétrico, contactor e dijuntor (comando em grupo de luminárias)
5.5.1 Conjunto Relé Fotoelétrico e Tomada
O relé fotoelétrico é um dispositivo de controle que possui a função de acender e apagar uma
única lâmpada, ou circuito de iluminação, de acordo com o nível de iluminamento do ambiente.
O seu funcionamento ocorre através de um fotoresistor que tem a finalidade de abrir e fechar
o contato elétrico, a cada variação de iluminação no ambiente superior àquela para a qual foi
calibrado. Este dispositivo permite o acionamento automático quando o ambiente em questão
está com baixo nível de luz desejado (no entardecer, por exemplo) e desligada automaticamente
quando o ambiente está com nível de luz suficiente (como no amanhecer).
O comando da iluminação pública em postes da rede aérea, ou em montagem diretamente
sobre a luminária controlada, é realizado através do conjunto relé fotoelétrico e tomada para
relé conhecido como comando individual, conforme figuras 5.12 e 5.13.
Os relés foto elétricos pode ser classificados em vários tipos, em função de suas caracterís-
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 49
Figura 5.11: Conjunto poste, braço e luminária para rede de distribuição subterrânea
Figura 5.12: Relé Fotoelétrico
ticas construtivas, como por exemplo:
• Térmico: um fotoresistor é ligado em serie com uma resistência de aquecimento que en-
volve uma lâmina bimetálica. A diminuição do fluxo luminoso recebido pelo fotoresistor
provocará o esfriamento do resistor fazendo-o fechar os contatos;
• Magnético: um fotoresistor é ligado em serie com a bobina de um relé magnético. As
variações do fluxo luminoso recebido pelo fotorresistor provocarão a operação esse relé,
fazendo-o abrir ou fechar seus contatos;
• Duplos: possui dois fotossensores que atuam de forma programada, de acordo com a
maior ou menor luminosidade incidentes em cada um, permitindo uma operação otimi-
zada do sistema de iluminação pública. Opera com contatos “normalmente abertos”,
evitando que lâmpadas fiquem acesas durante o dia, em caso de falhas. Podem reduzir
em até 30 minutos por dia o tempo de operação das lâmpadas;
• Eletrônico: possui faixa de operação de 105 a 305V, operando com dispositivo eletrônico
microcontrolado. Logo, a variação de tensão da rede não provoca alterações nos níveis de
chaveamento. O sensor diretamente voltado para o céu proporciona uma operação mais
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 50
Figura 5.13: Tomada 10A
regular do relé. Possuem circuito com proteção contra acendimento diurno da lâmpada,
para que no caso de falha do relé, a lâmpada permaneça apagada, ao contrário dos relés
convencionais do tipo térmico e magnético que possuem contatos do tipo NF (normal-
mente fechado), o que significa que no caso de falha, a lâmpada permanecerá acesa;
• Eletrônico Temporizado: trata-se de um relé do tipo fotoeletrônico que permite o desli-
gamento da lâmpada após um certo número pré-programado de horas, reduzindo o tempo
de operação da iluminação pública, com consequente redução na fatura de IP;
• Economizadores: trata-se de relés pré-programados de acordo com as necessidades do
cliente, que permitem a redução do fluxo luminoso da lâmpada e consequentemente sua
potência consumida em até 30%. Podem ser instalados na mesma tomada ou base do
relé fotoelétrico comum, estando disponível no mercado para lâmpadas de descarga nas
potências de 125 a 400W.
Caso sejam instalados equipamentos automáticos de controle de carga que reduzam o con-
sumo de energia elétrica do sistema de iluminação pública, devidamente comprovado e reco-
nhecido por órgão oficial e competente, conforme o Art. 26. da Resolução no. 414 (ANEEL,
2010), a distribuidora deve proceder à revisão da estimativa de consumo e considerar a redução
proporcionada por tais equipamentos. A implantação de sistemas de equipamentos automáti-
cos de controle de carga devem ser precedidas de apresentação de projeto técnico específico à
distribuidora.
Conforme ainda o Art. 24 da Resolução no. 414 (ANEEL, 2010),para fins de faturamento
da energia elétrica destinada à iluminação pública, o tempo a ser considerado para consumo
diário deve ser de 11 (onze) horas e 52 (cinquenta e dois) minutos, podendo ser diferente do
estabelecido, após estudo realizado pelo consumidor e a distribuidora junto ao Observatório
Nacional, devidamente aprovado pela ANEEL.
A tomada é responsável pela sustentação mecânica e conexão elétrica do relé. A figura 5.14
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 51
apresenta o diagrama elétrico das possibilidades de ligação de um conjunto relé fotoelétrico e
tomada de 10A.
Figura 5.14: Diagrama elétrico de ligação do conjunto reléfotoelétrico e tomada 10A
5.5.2 Chave Magnética 50A
A chave magnética 50A é construída em alumínio, possuindo uma tomada que controla um
contactor para 50 Ampéres. Deve ser utilizada para comandar grupos de luminárias, através
de circuito exclusivo de iluminação pública do tipo monofásico (fase-neutro) ou bifásico (fase-
fase). A figura 5.15 apresenta um exemplo de chave magnética 50A.
Figura 5.15: Chave magnética 50A
Ao comandar grupos de luminárias com potência inferior a 400W, deve ser utilizado o
dispositivo “shorting-cap” para curto-circuitar a tomada para relé integrada das luminárias.
5.5 Comandos dos Sistemas de Iluminação Pública 52
A figura 5.16 apresenta o diagrama elétrico das possibilidades de ligação de uma chave
magnética 50A.
Figura 5.16: Diagrama elétrico de ligação de uma chave magnética 50A
5.5.3 Conjunto Relé Fotoelétrico e Contactor - Caixa de Comando
O conjunto relé fotoelétrico e contator, mais conhecido como caixa de comando, é utilizado
em projetos especiais de iluminação viária como rodovias, trevos, complexos viários e túneis,
onde a corrente a ser controlada é superior a 50A. O contactor deve ser especificado em função
da corrente e potência do circuito a ser controlado. Um relé fotoelétrico deve ser utilizado
para comandar a abertura e o fechamento do contactor. Além disso, deve ser especificado um
disjuntor para proteção do circuito.
O conjunto relé, contactor e disjuntor deve ser instalado em uma caixa de aço zincada a
fogo com grau de proteção mínimo IP 55. A figura 5.17 apresenta o diagrama elétrico básico
de uma caixa de comando.
Figura 5.17: Diagrama elétrico da caixa de comando
5.6 O Programa PROCEL Reluz 53
5.6 O Programa PROCEL Reluz
O Reluz - Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente foi criado pela Eletrobras
em 2000, com o apoio do Ministério de Minas e Energia, com ações vigentes até 2002, e
posteriormente estendido até 2010. Porém, desde 1994, a Eletrobras já disponibilizava uma
linha de crédito para financiamento de projetos de iluminação pública por meio do Procel.
Entre 2002 e 2010, o Reluz passou por várias modificações em relação às tipologias de projeto,
condições de financiamento e identidade visual, passando a ser conhecido como “Procel Reluz”.
A última grande mudança foi a disponibilização da linha de crédito até 2035. Desde a criação
do Procel Reluz, mais de dois milhões de pontos de iluminação pública já foram modernizados,
em mais de 1.300 municípios brasileiros, somando mais de R$ 500 milhões em investimentos
(PROCEL, 2012).
O Procel Reluz é uma iniciativa de abrangência nacional, que consiste na implementação
de projetos de eficiência energética nos sistemas de iluminação pública e sinalização sema-
fórica por meio da substituição de lâmpadas ineficientes, como as incandescentes, mistas e a
vapor de mercúrio, por lâmpadas mais eficientes, como por exemplo a vapor de sódio a alta
pressão e multivapor metálica. Em alguns casos, é possível substituir também as lâmpadas a
vapor de sódio já depreciadas, desde que haja redução de potência e aumento da iluminação,
que normalmente é alcançado com o uso de luminárias mais eficientes. Além das lâmpadas,
outros equipamentos também são substituídos ou instalados, como relés fotoelétricos, reatores
eletromagnéticos, ignitores, luminárias e braços de sustentação.
No caso da sinalização semafórica, substituem-se as lâmpadas incandescentes por sistemas
que utilizam diodos emissores de luz (LED’s), com maior vida útil e consumo de energia até
90% menor.
Os municípios interessados em incluir projetos de iluminação pública eficiente no Procel
Reluz deverão dirigir-se diretamente às distribuidoras locais de energia elétrica, que negociarão
a solicitação do financiamento junto à Eletrobras. O financiamento corresponde a até 75%
do valor total do projeto, sendo que os 25% restantes deverão constituir a contrapartida das
prefeituras ou distribuidoras. Informações mais detalhadas podem ser encontradas no manual
de instruções do programa (ELETROBRÁS, 2003, 2004).
5.7 Novas Tecnologias LED na Iluminação Pública 54
5.7 Novas Tecnologias LED na Iluminação Pública
Como já discutido na seção 5.1 deste trabalho, as lâmpadas a vapor de sódio são considera-
das as mais eficientes energeticamente, correspondendo a 60% da iluminação pública do Brasil,
de acordo com o levantamento realizado pela Eletrobras em 2008. Somando este numero aos
30% de pontos que ainda utilizam lâmpadas vapor mercúrio, essas duas lâmpadas correspon-
dem a 90% do total utilizado em sistemas de iluminação pública no Brasil. Os 10% restantes
referem-se a um misto de outras tecnologias, como incandescentes, mistas, multivapor metálico
e LED.
As novas luminárias com tecnologia LED, embora ainda tenham um valor alto agregado,
já podem ser encontradas em alguns projetos isolados de iluminação pública, em caráter ex-
perimental. Embora ofereçam um ótimo índice de reprodução de cores, o que confere maior
destaque aos objetos iluminados, essa tecnologia ainda requer um investimento muito elevado,
o que inviabiliza a sua utilização de forma mais expressiva.
Outro ponto a ser observado, é a insegurança gerada por alguns fornecedores em relação ao
produto. A grande maioria dos fabricantes ainda não apresentam dados suficientes que compro-
vem a confiabilidade de seus equipamentos, como fotometria e depreciação. Alguns produtos
apresentaram uma rápida depreciação, diferente do que era esperado, ou seja, de no máximo
30% em 50 mil horas. Para garantir não só uma longa vida útil da luminária com LED, mas
também a sua performance ao longo do tempo, o produto deve oferecer soluções confiáveis de
sistemas de gestão térmica e de estanqueidade. A alta temperatura pode comprometer a vida útil
dos LED’s, e desta forma, o desafio dos fabricantes é garantir um alto controle da temperatura
interna destas luminárias, garantindo ainda a estaqueidade do equipamento.
A Associação Brasileira da Industria da Iluminação (Abilux) afirma que os diodos emisso-
res de luz têm demonstrado bons resultados em fase de laboratório, atingido uma eficiência de
150 lumens/Watt (o que se aproximaria da eficiência de uma lâmpada vapor de sódio de 600W,
conforme a tabela 5.1), longa vida útil, boa reprodução de cores e diversas tonalidades da cor
branca. A expectativa é de que o custo inicial da troca de luminárias, que hoje utilizam lâmpa-
das vapor mercúrio ou sódio, por luminárias com LED’s, seja vantajoso já que os maiores custos
na iluminação pública seriam oriundos do consumo de energia elétrica e da sua manutenção. A
longa vida e lenta depreciação dos LED’s poderia eliminar a ocorrência de pontos apagados nas
cidades. Além disso, o seu controle eletrônico permite comandos a distância, disponibilizando
informações de sua operação, bem como a regulagem da luz conforme o volume de veículos e
pedestres.
5.8 Normas 55
Alguns produtos que estão sendo apresentados atualmente no mercado, já apresentam um
alto avanço no uso da tecnologia LED, garantindo inclusive a manutenção de 80% do fluxo
nominal inicial após 60.000 horas de funcionamento, a uma temperatura ambiente máxima de
35◦C, através de um controle térmico eficiente da temperatura interna da luminária. Estas lu-
minárias apresentam ainda grau de proteção IP 66, o que permite assegurar a manutenção das
performances fotométricas ao evitar a penetração de corpos sólidos ou líquidos para o interior
do bloco ótico. A eficiência luminosa (em lm/W) também já tem apresentado bons níveis, se
aproximando cada vez mais da alta eficiência que hoje ainda é obtida pelas lâmpadas vapor de
sódio. Enfim, o LED é um produto promissor, mas que ainda apresenta problemas de desempe-
nho.
5.8 Normas
Os componentes da iluminação pública estão sujeitas à normalização específica, estabele-
cida pela ABNT. Entre as normas mais significativas, destacam-se:
Lâmpadas:
ABNT NBR IEC 60188:1997: Lâmpadas a vapor de mercúrio de alta pressão;
ABNT NBR IEC 60662:1997: Lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão;
ABNT NBR IEC 61167:1997: Lâmpadas a vapor metálico (halogenetos).
Luminárias:
ABNT NBR 10304:1988: Luminária aberta para iluminação pública - Lâmpadas a vapor de
mercúrio de 80/125 W e vapor de sódio 50/70 W - Especificação. Esta norma foi cance-
lada em 31/03/2006, e substituída pela norma ABNT NBR 15129:2004;
ABNT NBR 10672:1989: Luminária para iluminação pública, fechada para lâmpadas a vapor
de mercúrio de 250 e 400 W - Especificação. Esta norma foi cancelada em 31/03/2006, e
substituída pela norma ABNT NBR 15129:2004;
ABNT NBR 15129:2004: Luminárias para iluminação pública - Requisitos particulares.
Reatores:
5.8 Normas 56
ABNT NBR 13593:2011: Reator e ignitor para lâmpada a vapor de sódio a alta pressão -
Especificação e ensaios;
ABNT NBR 14305:1999: Reator e ignitor para lâmpada e vapor metálico (halogenetos) -
Requisitos e ensaios;
ABNT NBR 5125:1996: Reator para lâmpada a vapor de mercúrio a alta pressão;
ABNT NBR 5170:1996: Reator para lâmpada a vapor de mercúrio a alta pressão - Ensaios.
Relés:
ABNT NBR 5123:1998: Relé fotoelétrico e tomada para iluminação - Especificação e método
de ensaio.
Iluminação:
ABNT NBR 5101:1992 (Versão Corrigida:1998): Iluminação pública;
ABNT NBR 5461:1991: Iluminação;
ABNT NBR IEC 6146:1989: Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos
(código IP). Esta norma foi cancelada em 16/07/2009, e substituída pela norma ABNT
NBR IEC 60529:2005 (Versão Corrigida:2009);
ABNT NBR IEC 60529:2005 (Versão Corrigida 2:2011): Graus de proteção para invólucros
de equipamentos elétricos (código IP).
57
6 Projeto de Sistemas de IluminaçãoPública Eficiente
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de IluminaçãoPública
Atualmente, a norma NBR 5101 (ABNT, 1992) está em revisão na comissão de estudos
de aplicação luminotécnica e medição fotométrica. Esta Norma fixa requisitos, considerados
como mínimos necessários, à iluminação de vias públicas, os quais são destinados a propiciar
algum nível de segurança aos tráfegos de pedestres e veículos. O objetivo da revisão é atualizar
as regras para as condições atuais do Código Brasileiro de Trânsito e aos padrões mundiais
atuais. A NBR 5101 foi editada em 1992 e deveria ter sido revista 10 anos depois, mas algumas
tentativas não progrediram.
Dessa forma, neste capítulo serão abordados os requisitos da norma em vigor sem deixar de
lado as modificações e os conceitos que deverão ser introduzidos na revisão da norma, com o
objetivo de deixá-la mais atualizada e em sintonia com padrões utilizados internacionalmente.
Além da norma brasileira, é comum as distribuidoras de energia elétrica e as prefeituras
estabelecerem um manual de padronização para projetos de iluminação pública. Nestes ma-
nuais estão definidos os critérios de projeto e as condições específicas, levando em conta as
características regionais, a padronização própria de materiais, entre outros aspectos.
Um projeto de sistema de iluminação pública eficiente deve atender às necessidades visuais
dos seus usuários, além de utilizar adequadamente as tecnologias eficientes disponíveis no mer-
cado, o que requer conhecimento dos principais fundamentos pra iluminação de logradouros
públicos, além das principais características dos equipamentos eficientes disponíveis.
6.1.1 Classificação do Tipo de Via
Os tipos de vias estabelecidos pela NBR 5101 (ABNT, 1992) são:
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 58
• Arteriais:
Vias exclusivas para tráfego motorizado, que se caracterizam por grande volume e pouco
acesso de tráfego, várias pistas, cruzamentos em dois planos, escoamento contínuo, ele-
vada velocidade de operação e estacionamento proibido na pista. Geralmente, não existe
ofuscamento pelo tráfego oposto nem construções ao longo da via. O sistema arterial
serve mais especificamente a grandes geradores de tráfego e viagens de longas distâncias,
mas, ocasionalmente, pode servir de tráfego local;
• Coletoras:
Vias exclusivas para tráfego motorizado, que se caracterizam por um volume de tráfego
inferior e por um acesso de tráfego superior àqueles das vias arteriais;
• Locais:
Vias que permitem acesso às propriedades rurais, com grande acesso e pequeno volume
de tráfego;
• Vias de ligação:
Responsáveis pela ligação entre centros urbanos e suburbanos, porém não pertencentes à
classe das vias rurais. Geralmente, só têm importância para tráfego local;
• Vias urbanas:
Aquelas caracterizadas pela existência de construções às suas margens, pela presença de
tráfego motorizado e por pedestres em maior ou menor escala;
• Vias principais:
Avenidas e ruas asfaltadas ou calçadas, com predominância de construções comerciais,
assim como trânsito de pedestres e de veículos;
• Vias normais:
Avenidas e ruas asfaltadas ou calçadas, com predominância de construções residenciais,
trânsito de veículos (não tão intenso) e trânsito de pedestres;
• Vias secundárias:
Avenidas e ruas com ou sem calçamento, com construções. O trânsito de veículos e
pedestres não é intenso;
• Rurais:
Vias mais conhecidas como estradas de rodagem, que nem sempre apresentam, exclusi-
vamente, tráfego motorizado;
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 59
• Vias irregulares:
Passagens criadas pelos moradores, de largura, piso, declive e arruamento variáveis, que
dão acesso a pedestres e, em raro casos, a veículos, com traçado irregular, na maioria dos
casos, determinado pelos usuários do local ou pelas próprias construções;
• Vias especiais:
Acessos e/ou vias exclusivas para pedestres.
A tendência é que estes itens sejam adequados aos tipos de classificação de via estabelecidas
no Código de Trânsito Brasileiro (Lei no 9503/07):
• Vias urbanas:
a) via de trânsito rápido;
b) via arterial;
c) via coletora;
d) via local.
• Vias rurais:
a) rodovias;
b) estradas.
O projeto de iluminação deverá também, levar em conta a velocidade máxima para cada
via, estabelecida pelo Código Brasileiro de Trânsito, e normalmente indicada por meio de si-
nalização,. Porém, o órgão ou entidade de trânsito responsável pela via, poderá estabelecer
velocidades superiores ou inferiores às estabelecidas a seguir:
• Vias urbanas:
a) 80 km/h nas vias de trânsito rápido;
b) 60 km/h nas vias arteriais;
c) 40 km/h nas vias coletoras;
d) 30 km/h nas vias locais.
• Vias rurais:
a) nas rodovias:
1) 110 km/h para automóveis e camionetas;
2) 90 km/h para ônibus e microônibus;
3) 80 km/h para os demais veículos.
b) nas estradas, 60 km/h.
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 60
A correta classificação do tipo de via que será iluminada é o primeiro passo para a ela-
boração de um projeto de IP eficiente, possibilitando a definição apropriada dos parâmetros
luminotécnicos a serem aplicados.
6.1.2 Classificação do Volume de Tráfego em Vias Públicas
A NBR 5101 estabelece também a classificação de volume de tráfego de veículos e pedes-
tres no período de uma hora:
• Leve (L): de 150 a 500 carros por hora;
• Médio (M): de 501 a 1200 carros por hora;
• Intenso (I): acima de 1200.
Os valores acima se referem ao trânsito médio de veículos em ambos os sentidos, e em pista
única, medido entre 18h e 21h.
Tráfego de pedestres:
• Sem (S): Vias de classe A1;
• Leve (L): Vias residenciais médias;
• Médio (M): Vias comerciais secundárias;
• Intenso (I): Vias comerciais principais.
6.1.3 Níveis Luminotécnicos
A NBR 5101, adota os seguintes parâmetros luminotécnicos para avaliação da iluminação
em vias de tráfego motorizado:
Iluminância média mínima (horizontal): é obtida pelo cálculo da média aritmética das me-
didas de iluminância em cada ponto da malha fotométrica (no plano horizontal, e no nível
do piso). Conforme a NBR 5101, esta medição é feita com lâmpadas já sazonadas e em
luminárias novas.
Iluminância máxima e iluminância mínima: São, respectivamente, o maior e o menor valor
de iluminância encontrados na medição fotométrica. A norma atual ainda estabelece que
o menor valor encontrado deva ser superior a 1,0 lux.
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 61
Fator de uniformidade da iluminância (U): Razão entre a iluminância mínima e a iluminân-
cia média em um plano especificado:
U = Emin.Emed.
onde:
Emin. = iluminância mínima
Emed. = iluminância média
Quanto mais o fator de uniformidade se aproximar do valor 1, mais uniforme será a ilumi-
nação da via. Os níveis de iluminância média mínimos e os fatores de uniformidade necessários
à iluminação de vias públicas, estão estabelecidos em tabelas detalhadamente descritas na NBR
5101 de acordo com a sua importância, tipo e volume de tráfego de veículos e de pedestres.
Como alternativa ao fator de uniformidade, diversas empresas e projetistas adotam o fator
de desuniformidade, apesar deste fator não constar na NBR 5101.
Fator de desuniformidade da iluminância (Fd): Razão entre a iluminância máxima e a ilu-
minância mínima em um plano especificado:
U = Emax.Emin.
onde:
Emax. = iluminância máxima
Emin. = iluminância mínima
Neste caso, quanto menor o Fator de Desuniformidade, maior será a uniformidade na via.
Um ponto importante que está sendo considerado na revisão da NBR 5101, é a definição de
índices mínimos para a iluminância de vias e áreas para tráfego de pedestres, tendo em vista que
o a iluminação pública deve proporcionar segurança ao tráfego de veículos e pedestres, além
de também auxiliar na segurança pessoal e na proteção policial. Para isso, faz-se necessário a
inclusão e consideração destes critérios para os novos projetos de iluminação pública.
6.1.4 Escolha de Lâmpadas e Luminárias
Para obtenção dos índices mínimos, é fundamental a escolha correta do tipo e potência
de lâmpada necessária, bem como a classificação fotométrica das luminárias. A lâmpada a
vapor de sódio, considerada, atualmente, a mais eficiente, normalmente é a primeira opção
para a iluminação de vias utilizadas para o tráfego motorizado. As lâmpadas a vapor metálico
também são uma opção quando estamos tratando de projeto de iluminação pública integrado a
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 62
outros ambientes, como centros urbanos, áreas de iluminação diferenciada, áreas comerciais,
áreas com grande arborização, entre outras, principalmente quando for necessário realçar a
reprodução de cores do local.
Em relação a escolha da luminária, é necessário realizar uma análise de sua fotometria com
cada tipo de lâmpada, assim como das características do local a qual a mesma será instalada, o
grau de proteção IP necessário, sua eficiência energética e viabilidade econômica.
6.1.5 Altura de Montagem e Espaçamento entre Postes
As seguintes regras práticas podem ser utilizadas para definição da altura de montagem e
espaçamento entre os postes:
Hm ≥ L
e ≤ 3 ·Hm
sendo:
Hm = altura de montagem da luminária;
L = largura da pista mais acostamento;
e = espaçamento entre postes.
Na escolha da altura dos postes, que influenciará a altura final de montagem das luminárias
os seguintes pontos devem ser observados:
• Evitar o efeito de “zebramento”, normalmente provocado pela utilização de lâmpadas de
fluxo luminoso elevado em baixas alturas de montagem, ou pela incorreta definição do
espaçamento entre os postes;
• Prever a disponibilidade de veículos adequados para a manutenção. A utilização de postes
com altura de montagem superior a 14 metros poderá, eventualmente, impossibilitar a
manutenção através de veículos convencionais utilizados pela maioria das equipes de
manutenção na iluminação pública. O projetista deverá verificar também, se no local
onde o poste está sendo projetado, é possível o acesso dos veículos necessários para a sua
manutenção.
• Verificar as características do local, tais como volume de tráfego de veículos, importância
para o comércio e turismo, visando minimizar os os possíveis transtornos que os serviços
de manutenção poderiam acarretar.
6.1 Metodologia para Elaboração de Projetos de Iluminação Pública 63
6.1.6 Disposição de Postes e Luminárias
Os tipos mais comuns de disposição dos postes de iluminação pública são:
• Posteamento unilateral: deve ser utilizado quando a largura da pista for igual ou menor
que a altura de montagem da luminária;
• Posteamento bilateral alternado: utilizado quando a largura da pista medir entre 1,0 e
1,6 vezes a altura de montagem da luminária;
• Posteamento bilateral frente a frente: utilizado quando a largura da pista for superior a
1,6 vezes a altura de montagem da luminária;
• Posteamento central: utilizado quando a largura da pista for superior a 1,6 vezes a altura
de montagem das luminárias, e a largura do canteiro central não ultrapassar seis metros.
6.1.7 Cálculos Luminotécnicos
O passo final para a realização de um projeto de iluminação pública eficiente é a realiza-
ção dos cálculos luminotécnicos, com o objetivo de otimizar o sistema projetado, tendo como
referência os valores mínimos exigidos pelas normas.
Conforme visto neste capítulo os parâmetros de qualidade para vias de tráfego motorizados
adotados pela atual NBR 5101, são níveis de iluminância e fatores de uniformidade. No Brasil,
o cálculo de uma instalação de iluminação pública ainda é realizado levando em consideração
os valores da iluminância (E), produzida ao nível da superfície da via, expressa em lux (lx). A
iluminância indica a quantidade do fluxo luminoso de uma fone de luz que incide sobre uma
superfície situada a uma certa distância da fonte. Em poucas palavras, esta grandeza revela
informações sobre a luz incidente em uma superfície. Porém, o que o olho humano enxerga,
não é a luz que incide nesta superfície, mas a luz que é refletida por ela.
Como exemplo, considere um trecho de estrada bem iluminado e seco. Se chover, a insta-
lação não será afetada, no entanto, o condutor notará imediatamente que o aspecto da estrada se
modificou radicalmente. Deste modo, o valor da iluminância mantém-se constante e não traduz
a transformação ocorrida no aspecto visual da estrada. Deve-se, portanto, ser considerada outra
grandeza que traduza a alteração que afeta a maneira como o piso se torna visível ao condutor
pela reflexão da luz. Esta grandeza é a luminância (L), definida como o fluxo luminoso pro-
duzido ou refletido por uma superfície, por unidade de área aparente e por unidade de ângulo
6.2 Projetos de Melhoria em Sistemas Existentes 64
sólido (cd/m2). A luminância depende do tipo do piso (areia, grama, terra, etc), do ângulo de
incidência da luz e da direção a partir da qual o espaço é observado.
Logo, como critério de projeto, deverão ser avaliados os índices de luminância média e
uniformidade de luminância. Como este conceito vem sendo introduzido no Brasil somente
nos últimos anos e ainda não se tem uma cultura luminotécnica apropriada e difundida para
este tema, ainda são poucos que possuem conhecimento e experiência em projeto, verificação
e medição de luminâncias no país. Entretanto, espera-se que, com a difusão da norma NBR
5101 por meio de sua atualização tecnológica, os projetistas também se atualizem, assim como
os laboratórios devem equipar-se com instrumentos apropriados para medição de luminâncias,
além dos fabricantes que muitas vezes disponibilizam softwares de projeto luminotécnico com
este critério.
Os cálculos luminotécnicos para projetos de iluminação pública podem ser realizados com
o auxílio de programas específicos, ou a aplicação direta de métodos disponíveis nas literaturas,
como por exemplo: método das curvas isolux, método ponto-por-ponto, método do fator de
utilização ou do fluxo luminoso e o método das iluminâncias.
6.2 Projetos de Melhoria em Sistemas Existentes
Os projetos para melhoria de sistemas de iluminação pública existentes devem buscar a
redução da potência instalada sempre que possível, assegurando a qualidade do serviço. Estes
projetos tem como principal objetivo, a substituição dos equipamentos existentes por outros de
eficiência e vida útil mais elevadas.
A fase de elaboração do projeto, se caracteriza pela execução das seguintes etapas básicas
(IBAM/PROCEL, 2004a; ELETROBRÁS, 2004):
1. Diagnóstico do sistema de iluminação pública existente: Deve ser realizada uma inspe-
ção no sistema de iluminação pública existente, identificando os tipos e quantidades de
lâmpadas, luminárias e demais equipamentos passíveis de substituição, visando a ade-
quação de todo o sistema aos padrões de eficiência e as normas técnicas aplicáveis. Os
níveis de iluminação produzidos pelo sistema de iluminação pública existente devem ser
verificados por meio dos métodos recomendados pela norma NBR 5101;
2. Definição das substituições de lâmpadas e demais equipamentos: Definir quais pontos
deverão ser substituídos, adequando os aos níveis mínimos exigidos pelas normas apli-
cáveis, além de garantir a melhor eficiência energética e operacionalização dos sistemas
6.3 Projetos de Expansão do Sistema de Iluminação Pública 65
de iluminação pública. Basicamente, as lâmpadas dos tipos Incandescente (I), Halógena
(H), Mista (M), Fluorescente (F), Vapor de Mercúrio (VM), VSAP intercambiável, entre
outras, devem ser substituídas por lâmpadas do tipo Vapor de Sódio Alta Pressão (VSAP)
que apresentam fluxo luminoso equivalente e maior vida útil. Neste ponto, nos logra-
douros em que a iluminação pública apresente índices abaixo ou acima dos previstos pela
NBR 5101, a substituição deverá ser feita por lâmpadas VSAP com maior ou menor fluxo
luminoso, respectivamente. Além disso, visando a preservação da identidade de monu-
mentos, praças, praias ou edificações históricas e artísticas, nos logradouros onde exista
a necessidade de um elevado índice de reprodução de cores (IRC), poderão ser utilizadas
lâmpadas do tipo multivapores metálicos (MVM);
3. Escolha dos materiais e equipamentos: Selecionar materiais e equipamentos a serem ins-
talados, visando maior eficiência energética, melhor adaptação estética, com os contextos
social, econômico e cultural do ambiente em questão, além da conformidade dos equi-
pamentos e da iluminação projetada com as normas técnicas aplicáveis (seção 5.8). Os
níveis adequados para cada tipo de logradouro, conforme norma ABNT NBR 5101, de-
verão ser obtidos a partir do conjunto luminária-lâmpada-reator e não apenas com base
no fluxo luminoso unitário da lâmpada. Deve ser verificado se os novos valores pro-
porcionados pela nova distribuição fotométrica atenderão aos critérios estabelecidos pela
norma;
4. Definir a forma de acionamento da iluminação: Utilizar fotômetros de precisão, evitando
acendimentos prematuros, diurnos, ou em atraso. Sempre que possível instalar equipa-
mentos automáticos de controle de carga que reduzam o consumo de energia elétrica do
sistema de iluminação pública, devidamente comprovado e reconhecido por órgão ofi-
cial e competente. Verificar possibilidade de implantação de controles centralizados com
telecomando, possibilitando o acionamento por zonas e também a redução da potência;
5. Especificação Técnica dos materiais e equipamentos: Obter as especificações técnicas
detalhadas e os preços de cada equipamento e material a ser aplicado.
6.3 Projetos de Expansão do Sistema de Iluminação Pública
Os principais pontos que devem ser considerados na elaboração de projetos de novos siste-
mas de iluminação pública eficientes em áreas urbanas ainda não iluminadas são:
1. Classificação dos logradouros por tipo de via e por volume de tráfego de veículos e pe-
6.4 Projetos de Iluminação Especial 66
destres: Essa classificação deverá ser feita em conformidade com a norma NBR 5101,
conforme discutido nas seções 6.1.1 e 6.1.2;
2. Definição dos parâmetros luminotécnicos adequados: Definir os níveis de iluminação a
serem alcançados de acordo com a norma NBR 5101, conforme discutido na seção 6.1.3;
3. Definir a localização dos pontos com luminárias;
4. Escolha dos materiais e equipamentos, conforme discutido na seção 6.2;
5. Cálculo do iluminamento, com o objetivo de verificar se os valores proporcionados pela
distribuição fotométrica proposta atenderão aos critérios estabelecidos pela norma;
6. Definir a forma de acionamento da iluminação, conforme também já discutido na seção
6.2;
7. Elaborar o projeto executivo de expansão e reforço da rede de média e baixa tensão,
quando for o caso;
8. Obter as especificações técnicas detalhadas e os preços de cada equipamento e material a
ser aplicado.
6.4 Projetos de Iluminação Especial
6.4.1 Iluminação de Túneis
Conforme a NBR 5181 (ABNT, 1976), um túnel ou passagem de nível é definido como
sendo toda cobertura, artificial ou natural, sobre trecho de uma via, independente do compri-
mento e da natureza da cobertura. De acordo com esta norma, os túneis podem ser classificados
em:
Túnel longo: Túnel reto com mais de 50 metros de comprimento. A sua saída apenas se torna
visível após entrada no seu interior; e
Túnel curto: Túnel reto com comprimento menor que 50 metros, onde na ausência de tráfego,
a saída é claramente visível antes da entrada no seu interior.
Os principais fatores que devem ser considerados na iluminação dos túneis são:
6.4 Projetos de Iluminação Especial 67
• A adaptação do olho humano, minimizando o efeito “buraco negro” na entrada do túnel,
devido ao motorista ser submetido a diferenças muito acentuadas de luminâncias antes e
após a sua entrada, durante o período diurno. A faixa crítica da transição de áreas muito
iluminadas para áreas pouco iluminadas é de 800 lux em menos de 15 segundos, acima do
qual o indivíduo poderá ficar com uma sensação de cegueira momentânea. Esta adaptação
pode ser feita através da divisão do túnel em um número adequado de zonas, cada uma
com comprimento e nível de iluminação suficientes para permitir a adaptação do olho
desde alto nível de iluminação proveniente da luz natural do sol, até o mais baixo nível
usado dentro do túnel;
• Localização e alinhamento das fontes de luz;
• Mínimo de ofuscamento;
• Mínimo de intermitência de áreas claras e escuras (zebramentos). Este nível não pode
passar de 15 piscadas por segundo, evitando uma fase pertubadora para o cérebro humano,
causando tonturas ou até outros problemas mais graves ao motorista;
• Refletância adequada no interior do túnel. Neste ponto é importante a limpeza das paredes
e dos túneis regularmente;
• Sinalização e sinais luminosos adequados;
• Contraste agradável de cores no interior do túnel, e definição de sombras, elevando assim
a acuidade visual, aumentando a capacidade de enxergar um obstáculo em seu contorno
geral em relação ao contraste do fundo do túnel (discernimento em silhueta);
• Utilizar equipamentos específicos para túneis, com elevada eficiência e vida útil, devido
ao período de funcionamento e faturamento da energia elétrica em túneis ser de 24 horas
por dia. Utilizar preferencialmente equipamentos com grau de proteção igual ou superior
a IP 66.
Deverão ser consideradas as seguintes condições específicas para a iluminação de túneis:
Túneis curtos até 25 metros de comprimento:
• Período diurno: na maioria dos casos não é necessário sistema de iluminação nestes tú-
neis, pois a entrada da luz solar em ambas as extremidades, além do efeito silhueta da
luminância na extremidade oposta, asseguram visibilidade satisfatória;
6.4 Projetos de Iluminação Especial 68
• Período noturno: não necessitam de iluminação se os postes externos ao túnel, mas adja-
centes a ele em cada extremidade, tiverem altura de montagem e posicionamento adequa-
dos proporcionado visibilidade satisfatória.
Túneis curtos, com 25 a 50 metros de comprimento:
• Período diurno: recomenda-se o uso de iluminação constante;
• Período noturno: é necessário um sistema de iluminação noturna. Deve-se prever uma
iluminação constante de aproximadamente duas vezes (porém, inferior a três vezes) o
iluminamento especificado para a via de acesso;
Túneis longos:
• Período diurno: prever iluminação considerando zonas;
• Período noturno: o túnel é considerado como uma única zona em toda a sua extensão
(iluminação constante).
A utilização de “quebra-luz”, uma cobertura construída antes da entrada de túneis, é uma
medida eficiente que visa a diminuição gradativa da iluminação natural, minimizando a ne-
cessidade de alta iluminação na entrada de túneis, além da consequente redução da potência
instalada.
As tabelas 6.1 e 6.2 apresentam dois exemplos de zonas de iluminação em projetos de túneis
longos para o período diurno.
Tabela 6.1: Zoneamento com utilização do “quebra-luz” - Período DiurnoTúnel com “Quebra-Luz”
Região Externa Quebra-luz Túnel54.000 lux 16.000 lux 5.000 lux 2.700 lux 900 lux 300 lux 100 lux
0 a 6s 6 a 1,3s 1,3 a 2s 2 a 3s 3 a 4s
Tabela 6.2: Zoneamento em túnel com entrada simples - Período DiurnoTúnel com Entrada Simples
Região Externa Túnel54.000 lux 2.700 lux 900 lux 300 lux 100 lux
0 a 2s 2 a 3s 3 a 4s
6.4 Projetos de Iluminação Especial 69
6.4.2 Iluminação de Espaços Públicos Esportivos
Um espaço público esportivo é um local de domínio público, de uso comum e livre acesso,
destinado a práticas recreativas ou esportivas diversas. A iluminação de um espaço público
esportivo possibilita o uso destes espaços no período noturno, proporcionando lazer e bem-estar
a população.
Para este tipo de iluminação, devem ser consideradas as normas NBR 8837 - Iluminação
Esportiva - Especificação (ABNT, 1985), e a NBR 5461 - Terminologia (ABNT, 1991). Os
seguintes critérios básicos devem ser observados:
• Necessidade de acesso de um caminhão para construção e manutenção da iluminação.
Devem ser mantidas condições adequadas, evitando-se qualquer obstáculo que possa im-
possibilitar ou dificultar o acesso destes veículos a estes espaços;
• Para a prática recreativa de esportes deve ser considerada uma iluminância média no plano
horizontal (Eh), igual a 100 lux, a 1 metro do piso;
• Em relação a uniformidade da iluminação, recomenda-se uma relação de 1:3 entre níveis
mínimo e máximo de iluminância. Lembrando que, como visto na seção 6.1.7, a uni-
formidade de iluminância não significa, necessariamente, uniformidade de brilho, pois o
que o olho humano enxerga não é a iluminância, que representa a luz incidente, mas sim
a luminância, que em poucas palavras, representa a luz refletida pelo objeto;
• Mínimo ofuscamento;
• Para iluminação desses espaços utilizar equipamentos específicos para esta aplicação
(projetores);
• Especificar sistemas de iluminação que proporcionem eficiência de energia, resultando
em redução de custos, além de contribuir para a preservação do meio ambiente.
Quando houver a possibilidade de televisionamento, poderão ser utilizadas lâmpadas do
tipo multivapor metálico, por possuírem melhor reprodução de cores, quando comparadas com
as lâmpadas do tipo vapor de sódio. Essas lâmpadas proporcionam uma boa eficiência, sendo
indicadas para campos profissionais. Porém, seu custo é mais elevado e sua vida mediana
menor, quando comparadas com as lâmpadas vapor de sódio.
Visando uma melhor eficiência do sistema de iluminação a ser instalado, recomenda-se
o uso de softwares para cálculos e simulações luminotécnicas, possibilitando a obtenção dos
6.4 Projetos de Iluminação Especial 70
níveis mínimos de iluminação e uniformidade exigidos, com a menor quantidade possível de
equipamentos, e consequentemente, uma menor potência instalada. Os cálculos e simulações
luminotécnicas são necessários, pela vasta disponibilidade de equipamentos no mercado, com
distribuições fotométricas variadas, dependendo de cada tipo de aplicação. Logo, a escolha
do equipamento adequado dependerá de diversos fatores (como distribuição fotométrica, tipo
e potência da lâmpada, largura e comprimento do espaço a ser iluminado, posição e altura de
montagem, entre outros), não sendo possível o uso de regras gerais, ou até mesmo manuais
práticos para elaboração deste tipo de projeto. Assim, a realização de cálculos e simulações
luminotécnicas é praticamente obrigatória, não apenas neste caso, mas também como em todos
os demais tipos de projetos apresentados neste trabalho.
6.4.3 Iluminação de Espaços Públicos de Lazer e Passagens de Pedestres
A iluminação de espaços públicos como parques, praças calçadões, ciclovias, passarelas,
entre outros, deve permitir no mínimo, um reconhecimento mútuo entre as pessoas, propor-
cionando, a uma distância razoável e segura, informação visual suficiente para que tenham a
capacidade de reconhecer se as outras pessoas ao seu redor aparentam ser amigáveis, indiferen-
tes ou agressivas. Segundo estudos, esta distância mínima é de 4 metros. A esta distância o
nível de iluminância médio mínimo ara o reconhecimento facial é de 5 lux. Além disso, sobre
a superfície da via, não deve haver valores de iluminância inferiores a 1 lux.
O nível de iluminância médio pode variar até 40 lux, dependendo de cada local específico.
O fator de uniformidade deve ser de 1:40 entre os valores mínimo e máximo de iluminância,
considerando a necessidade de identificação de obstáculos da superfície da via, e a velocidade
com que as pessoas e ciclistas geralmente trafegam.
Deverão ser considerados os seguintes fatores e condições específicas para a iluminação de
espaços públicos de lazer e passagens de pedestres:
• Os requisitos estéticos e arquitetônicos devem ser considerados. Logo faz-se necessário
o uso de uma instalação atraente não apenas para a noite, mas também para o dia. As
luminárias decorativas e ornamentais apresentadas na seção 5.3.4, para instalação entre
quatro e seis metros de altura de montagem, devem ser utilizadas para esta aplicação. É
importante ressaltar, que neste tipo de aplicação, deve ser evitada a emissão de luz direta
para o céu, com a utilização de refletores internos nas luminárias, que redirecionam o
fluxo luminoso da lâmpada para o piso, evitando o aumento da poluição luminosa no
período noturno;
6.4 Projetos de Iluminação Especial 71
• Considerar no projeto de iluminação, concepções diferenciadas para áreas distintas de
utilização nestes espaços, como por exemplo, estátuas, fontes, coretos, árvores, jardins,
brinquedos, jogos de mesa, ciclovias, pistas de caminhadas, quadras e outros espaços
esportivos. O uso de projetores sob árvores pode ser utilizado, considerando possíveis
impactos ambientais, e desde que não haja vandalismo;
• Realizar a melhoria ou reforma da iluminação nas vias que contornam o espaço, com o
objetivo de auxiliar e complementar a iluminação a ser projetada;
• Evitar a utilização de postes com altura de montagem superior a 5 metros em praças
e parques, mesmo quando o acesso de um caminhão para construção e manutenção da
iluminação seja garantido;
• Para área de passagem de pedestres, como passarelas e travessias, recomenda-se o uso de
projetores;
• Reduzir a poluição luminosa através do posicionamento adequado dos braços e luminá-
rias, além da escolha correta de luminárias com características fotométricas que evitem
luz emitida para cima ou para muito além da área que se deseja iluminar;
• A escolha da luminária e projetores, além do cuidado na focalização, também pode aju-
dar a minimizar o ofuscamento. Em situações críticas, deverão ser instalados acessórios
antiofuscamento (como grelhas);
• As lâmpadas vapor de sódio de alta pressão - VSAP são as mais recomendadas para
iluminação de grandes áreas. Para iluminação de destaque, ou onde um alto índice de
reprodução de cores é necessário, deve ser utilizado as lâmpadas do tipo multivapor me-
tálico;
• Especificar sistemas de iluminação que proporcionem eficiência de energia, resultando
em redução de custos, além de contribuir para a preservação do meio ambiente.
Projetos de iluminação especial e de destaque exigem a competência de especialistas.
6.4.4 Iluminação de Destaque em Fachadas e Monumentos
O crescente desenvolvimento tecnológico de equipamentos de iluminação vêm possibili-
tando a valorização dos principais marcos e monumentos das cidades. O desenvolvimento de
6.4 Projetos de Iluminação Especial 72
um projeto luminotécnico para patrimônios públicos, entretanto, requer conhecimentos técni-
cos, estéticos e históricos. Caso contrário, em vez de valorizar, a iluminação pode distorcer,
descaracterizar e deteriorar o que deveria destacar.
A iluminação de destaque de monumentos tem por objetivo sua valorização ou destaque em
relação ao entorno. A percepção da iluminação depende da claridade do entorno onde o mesmo
está inserido. No geral, o nível de iluminação necessário para destacar uma fachada na área
central de uma grande cidade será maior que o nível em seus bairros, ou em cidades menores.
Deverão ser considerados os seguintes fatores, conceitos e condições específicas para este
tipo de projeto (CARVALHO, 2004):
• Devem ser consideradas as características construtivas e espaciais da edificação, eviden-
ciando suas linhas arquitetônicas mais marcantes ou definidoras do estilo a que pertence;
• O destaque em relação ao entorno não deve prejudicar a leitura do contexto urbanístico
em que se insere a edificação;
• O uso de fontes artificiais de luz colorida ou com baixa reprodução de cores na ilumina-
ção externa de monumentos, deve ser precedido de um estudo cuidadoso, visto que no
geral, não é adequado uma intervenção luminotécnica que descaracterize uma composi-
ção de cores importantes para o entendimento ou resgate de estilo arquitetônico original,
através da utilização inadequada de cores. A prospecção das cores de modo a conseguir
a composição cromática original idealizada pelo projetista ou executor é de fundamental
importância, e o projetista pode cometer um erro ao não levar este dado em consideração;
• A inserção dos equipamentos não deve causar danos à edificação ou elevado impacto
visual no período diurno. Muitas vezes a poluição visual causada pela inserção de equi-
pamentos de iluminação, ostensivos no período diurno, não justifica o resultado noturno
obtido;
• O projeto deve prever a possibilidade de manutenção (geralmente feita pelas distribui-
doras de energia ou prefeituras). Neste ponto, devem ser consideradas fontes artificiais
eficientes e com elevada vida útil, fundamentais para o sucesso e aprovação da proposta
pelos órgãos envolvidos (como IPHAN, IEPHA, entre outros).
O desenvolvimento de um projeto de iluminação de fachadas e monumentos envolve deci-
sões técnicas e artísticas especializadas. O projetista deve conhecer bem todos os fatores que
podem influenciar no resultado, e apresentá-los em um relatório contendo:
6.4 Projetos de Iluminação Especial 73
• Objetivo e os valores históricos associados ao local, além das demandas do cliente;
• Composição do projeto com a análise prévia dos elementos arquitetônicos a serem desta-
cados;
• A composição luminosa incluindo as considerações estéticas relativas ao tipo e cor das
lâmpadas, cor e refletância da superfície, níveis de iluminância, posição da luz e contraste
de luz e sombra sobre a superfície;
• Cálculo e simulações luminotécnicas;
• Desenhos com o posicionamento dos equipamentos, assim como detalhes de montagem
e orientação (diagrama de setas);
• Especificação dos materiais e equipamentos projetados;
• Memorial descritivo e memória de cálculo, que comprovem a correção da proposta lumi-
notécnica e sua adequação às premissas técnicas estabelecidas, para aprovação do solici-
tante e demais órgãos envolvidos;
• Projeto executivo com a lista de material, especificação técnica dos materiais e equipa-
mentos, além do memorial descritivo.
Projetos luminotécnicos destinados tanto ao interior quanto ao exterior de monumentos e
edificações tombadas requerem estudos específicos e formação profissional condizente com o
desafio proposto.
74
7 Gestão Eficiente de Sistemas deIluminação Pública
7.1 Cadastro do Sistema de Iluminação Pública
O cadastro do sistema de iluminação pública é essencial e o primeiro passo para a gestão
completa do sistema. Este cadastro, quando mantido sempre atualizado, possibilita um melhor
planejamento, acompanhamento e controle do sistema de iluminação pública, além do correto
faturamento do consumo de energia elétrica pela distribuidora.
O cadastro deve conter as informações de todos os pontos de iluminação pública instala-
dos, necessárias ao gerenciamento do sistema. Recomenda-se que o nível de detalhamento e a
metodologia de atualização deste cadastro sejam definidos conjuntamente entre a Prefeitura e a
distribuidora de energia.
Durante a elaboração do cadastro do sistema de iluminação pública, os seguintes pontos
básicos devem ser identificados:
• Localização georeferenciada de cada ponto de iluminação do sistema;
• Zona e classificação das vias de acordo com sua importância para o tráfego de veículos e
de pedestres, para o comércio, lazer, turismo, entre outros;
• Tipo e potência de lâmpada;
• Tipo de equipamentos e demais componentes utilizados como: luminárias, braços, reato-
res, entre outros;
• Datas de instalação dos componentes;
• Tipos de comando e controle do sistema: individual, em grupo, temporizado;
• Transformadores de distribuição: exclusivo de IP ou comum à rede de distribuição da
distribuidora de energia;
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pública 75
• Disposição das luminárias;
• Espaçamento, altura das estruturas e altura de montagem das luminárias;
• Nível de tensão da rede de distribuição e faseamento;
• Condições gerais da instalação.
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pú-blica
A manutenção pode ser definida como sendo o conjunto de atividades e recursos aplicados
aos sistemas e equipamentos, visando garantir a continuidade de sua função dentro de parâme-
tros de disponibilidade, de qualidade, de prazo, de custos e de vida útil adequados. A manu-
tenção é caracterizada como um processo que deve iniciar antes da aquisição e que tem como
principal função o prolongamento da vida útil do equipamento ou sistema.
7.2.1 Principais Fatores na Manutenção de Sistemas de Iluminação Pú-blica
Um sistema de iluminação pública está sujeito a desgastes contínuos devidos a vários fato-
res, como exposição às intempéries, falhas na rede de distribuição de energia elétrica, acidentes,
vandalismos, e depreciação natural dos equipamentos e demais componentes.
As atividades de manutenção, quando adequadamente planejadas, asseguram a qualidade
do sistema de iluminação pública, com máxima utilização dos equipamentos e mínimo custo. A
elaboração de um programa eficiente de manutenção deverá levar em consideração os seguintes
fatores principais (IBAM/PROCEL, 2004b):
• depreciação do fluxo luminoso devido ao envelhecimento natural da lâmpada;
• queima de lâmpadas;
• falhas e defeitos em relés fotoelétricos ou chaves de comando em grupo;
• defeitos em reatores e ignitores;
• falhas no circuito elétrico de distribuição de energia;
• acidentes e vandalismos;
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pública 76
• depreciação da luminária devido ao acúmulo de sujeira;
• interferência da arborização.
A seguir, serão listados alguns aspectos que quando observados, poderão assegurar a quali-
dade do sistema de iluminação pública com custo mínimo:
Lâmpadas
• Ao final da vida útil das lâmpadas instaladas, providenciar a imediata substituição, sob
pena de queima dos equipamentos auxiliares devido aos apagamentos intermitentes pro-
vocados pelas lâmpadas nesta fase;
• Verificar a perfeita instalação das lâmpadas (por exemplo: evitar a inversão de polaridade
em lâmpadas VSAP);
• Utilizar reatores eficientes, compatíveis e adequados com o tipo e potência de lâmpada a
ser instalado;
• Verificar as condições da rede de distribuição de energia (níveis de tensão, possíveis flu-
tuações, etc.);
• Utilizar relés ou comandos eficientes, evitando o número excessivo de partidas, que po-
dem reduzir a vida útil da lâmpada;
• Utilizar luminárias com refrator em policarbonato estabilizado contra os raios ultravi-
oletas em áreas com alta incidência de vandalismo. Esses refratores posuem elevada
resistência mecânica a impactos e protege a luminária, evitando a quebra da lâmpada;
• Realizar a limpeza periódica de refratores e refletores de luminárias instaladas em regiões
com grande incidência de poeira, poluição ou outros agentes agressivos; item Realizar
poda periódica de árvores que estejam causando obstrução da iluminação, que além de
auxiliar no desempenho da IP, garantem o crescimento das árvores. Neste caso, deve-se
solicitar orientação aos órgãos responsáveis pela arborização da cidade.
7.2.2 Manutenção Corretiva
A manutenção corretiva é definida como sendo toda manutenção com a intenção de corrigir
falhas em equipamentos, componentes, módulos ou sistemas, visando restabelecer sua função.
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pública 77
Este é o tipo de manutenção mais antiga e mais utilizada, sendo empregada em qualquer em-
presa que possua ítens físicos, qualquer que seja o nível de planejamento de manutenção. A
grande maioria dos municípios realizam a troca de lâmpadas, por exemplo, somente quando as
mesmas se queimam. Este tipo de manutenção, normalmente implica em custos altos, pois a
falha inesperada pode acarretar perdas e queda de qualidade do serviço. As paralisações são
quase sempre mais demoradas e a insegurança exige estoques elevados de peças de reposição,
com acréscimos nos custos de manutenção.
Neste ponto, é importante não apenas a correção das falhas, mas também a identificação e
registro de suas causas, com o objetivo de que medidas preventivas sejam adotadas para mini-
mizar a frequência de ocorrências e ara a mobilização dos recursos de forma planejada.
Existem dois métodos de se identificar os pontos defeituosos do sistema de iluminação
pública: A Inspeção Prévia e a Ronda Periódica.
• Inspeção Prévia: são inspeções realizadas em áreas com menor ocorrência de falhas,
seguindo uma programação de rotas, priorizadas de acordo com a importância das vias
e demais logradouros públicos. Nestes casos, as equipes possuem mais tempo e melho-
res condições para observar a situação das instalações, identificando lâmpadas apagadas
nos períodos noturnos, e acesas no período diurno. Algumas empresas realizam estas
rotas com inspetores em motocicletas, equipado com um sistema de gravação de áudio,
com microfone adaptado ao capacete. Os inspetores percorrem as rotas programadas,
enquanto narram os pontos defeituosos identificados para posterior transcrição em um
formulário apropriado.
• Ronda Periódica: são inspeções realizadas e áreas com maior ocorrência de falhas, com
o objetivo de identificar e corrigir imediatamente os defeitos encontrados. Para isso, as
equipes devem dispor de estoque de material suficiente para proceder a correção dos
pontos defeituosos encontrados.
7.2.3 Manutenção Preventiva
A manutenção preventiva é definida como sendo a manutenção efetuada em intervalos pre-
determinados, ou de acordo com critérios prescritivos, destinada a reduzir a probabilidade de
falha ou a degradação do funcionamento de um item. A essência da manutenção preventiva é
a substituição de peças ou componentes antes do final de sua vida útil. A base científica deste
tipo de manutenção é o conhecimento estatístico da taxa de defeito das peças, equipamentos ou
sistemas ao longo do tempo. Ao contrario da manutenção corretiva, a manutenção preventiva
7.2 Manutenção e Qualidade em Sistemas de Iluminação Pública 78
procura evitar e prevenir falhas antes que elas efetivamente ocorram. Os trabalhos de manuten-
ção, neste caso, causam menor impacto na operação do sistema viário.
Em sistemas de iluminação pública, a manutenção preventiva tem como objetivo evitar e
minimizar a ocorrência de falhas e reclamações dos usuários, assegurando a melhor qualidade
possível do serviço prestado à população. Para isso, torna-se indispensável o conhecimento
do tempo de vida útil das lâmpadas e demais equipamentos do sistema, além de um controle
efetivo da data e local de instalação das mesmas.
Em relação a troca de lâmpadas, dois critérios podem ser utilizados: a troca de lâmpadas
entre 75 a 85% do tempo de vida útil, levando em consideração também a depreciação do fluxo
luminoso, e a substituição de todas as lâmpadas de uma área, quando, por exemplo, 20% do
total falharem, considerando que todas as lâmpadas desta área tenham sido instaladas em uma
mesma data.
7.2.4 Descarte de Lâmpadas
Lâmpadas que contém mercúrio após o uso, são classificados como resíduos perigosos
(Classe 1) pela Norma ABNT 10.004/04. Logo, devem ser tomados cuidados especiais quanto
aos procedimentos de manuseio (retirada e coleta) acondicionamento, transporte, armazenagem
e destinação final, devido aos riscos que apresentam.
Enquanto não houver uma legislação específica, a responsabilidade por qualquer dano à
saúde pública ou ao meio ambiente recairá sobre o gerador final deste resíduo, ou seja, à pessoa
física ou jurídica que o adquiriu, utilizou-o ou o produziu, no todo ou em parte.
O manuseio e o descarte de lâmpadas de descargas devem ser feitos por pessoas ou empresas
especializadas, devido ao risco de contaminação ambiental. Existem empresas nacionais na área
de reciclagem do mercúrio e demais materiais existentes nas lâmpadas que pode comprometer o
meio ambiente. Ao contratar os serviços destas empresas , recomenda-se que seja verificado os
certificados de conformidade obtidos juno aos órgãos de meio ambiente municipal ou estadual.
A Eletrobrás desenvolveu um guia técnico com o propósito de orientar os gestores de ilumi-
nação pública quanto aos riscos de agressão ao meio ambiente e à saúde humana, envolvidos no
manejo de lâmpadas que contém mercúrio principalmente após o uso (ELETROBRÁS, 2004).
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública 79
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública
7.3.1 Controle de Qualidade dos Componentes do Sistema de IluminaçãoPública
O desempenho de um sistema de iluminação pública, depende, basicamente, dos seguintes
fatores:
• concepção, planejamento, controle e manutenção do sistema;
• construção ou montagem do sistema;
• qualidade dos componentes utilizados;
• qualidade da energia fornecida pela distribuidora de energia elétrica.
Este procedimento tem como o objetivo de manter a atualização tecnológica dos equipa-
mentos utilizados, além de garantir o suprimento de produtos de forma rápida e competitiva. O
objetivo é, através das especificações técnicas, assegurar um serviço de qualidade desde a etapa
de projeto.
Os componentes do sistema de iluminação pública devem ser padronizadas considerando
as seguintes premissas básicas:
• Disponibilidade de mais de um fornecedor para permitir aquisição via licitação pública
conforme Lei 8.666. Quando isto não acontece são classificados vários modelos para que
ocorra competição entre os mesmos;
• Atendimento aos requisitos de desempenho especificados nas respectivas padronizações
e especificações técnicas de luminárias e reatores;
• Intercambiabilidade entre os reatores, postes e suportes padronizados.
Recomenda-se que todos os componentes do sistema de iluminação pública sejam padroni-
zados e normatizados de acordo com as normas técnicas da ABNT, ou na falta destas, normas
internacionais. A adoção destes procedimentos favorecem as atividades de manutenção do sis-
temas, além de propiciar a otimização dos processos de compra e gerenciamento de estoque.
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública 80
7.3.2 Relatórios Gerenciais e Controle dos Custos
Os gastos com eletricidade em um município, geralmente são bastante altos, e apenas as
despesas com a iluminação pública podem chegar, em muitos casos, a 70% ou 80% do total da
conta de energia elétrica das prefeituras brasileiras. Muitos municípios apresentam dificulda-
des para gerir corretamente esse serviço devido à falta de recursos humanos, e em sua grande
maioria, as contas de energia elétrica são pagas pelos órgãos responsáveis, sem nenhum acom-
panhamento ou controle de gastos ou de consumo. Muitos problemas poderiam ser resolvidos,
ou ao menos, minimizados, se os municípios adotassem medidas de gestão da iluminação pú-
blica e das demais unidades consumidoras.
Neste contexto, a gestão da iluminação pública deve receber maior atenção, por este serviço
representar a segunda maior fatia do orçamento municipal, perdendo somente para a folha de
pagamento.
O controle e avaliação dos custos de manutenção do sistema de iluminação pública, neste
ponto, também são fundamentais. Os relatórios de acompanhamento dos procedimentos e ativi-
dades de manutenção são instrumentos necessários e efetivos para o gerenciamento do sistema,
proporcionando uma melhor análise, acompanhamento e planejamento, principalmente no que
se refere a qualidade dos materiais e equipamentos, custos envolvidos e atendimento ao usuá-
rio.A seguir, serão listados os principais relatórios que podem ser emitidos (IBAM/PROCEL,
2004b):
1. Atualização do cadastro do sistema de iluminação pública: Visa manter o cadastro
do sistema atualizado, incorporando as alterações de carga, mudanças nos tipos de equi-
pamentos e outras informações necessárias, possibilitando o cálculo, acompanhamento e
controle do consumo de energia elétrica, para fins de aturamento pela distribuidora;
2. Atendimento ao usuário: Visa ao acompanhamento e à avaliação dos atendimentos aos
usuários:
• frequência média de reclamações;
• tepo médio de atendimento às reclamações.
3. Serviços executados na iluminação pública: Visa acompanhar a qualidade dos serviços:
• tipos de falhas e defeitos mais frequentes;
• principais causas de falhas e defeitos na iluminação pública;
• tipo e quantidade de equipamentos substituídos;
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública 81
• tipo e quantidade de equipamentos e materiais aplicados.
4. Custos da manutenção do sistema de iluminação pública:
• custos de materiais e equipamentos;
• custos de mão-de-obra para manutenção (contratada + própria);
• custos de transporte (manutenção de veículos + licenciamento + combustível);
• custos de atendimento ao usuário.
7.3.3 Gestão Global ou Completa de Sistemas de Iluminação Pública
Gestão da iluminação significa um conjunto de atividades de planejamento, acompanha-
mento e controle do consumo e dos gastos com a iluminação pública, de modo a buscar o
aperfeiçoamento do serviço prestado, atingir níveis eficientes de qualidade e proporcionar a sa-
tisfação dos usuários. E não são necessárias grandes equipes de profissionais treinados para este
fim, nem mesmo sofisticadas e complexas ferramentas computacionais. Talvez essa seja a reali-
dade nas grandes cidades brasileiras, que têm um parque de iluminação pública com milhões de
pontos. Já os municípios menores, com recursos humanos e financeiros mais escassos, podem
fazer a gestão de modo simples, porém eficaz.
Os benefícios da boa gestão são inúmeros para todas as camadas da sociedade. O que
muitos talvez não saibam é que realizar uma eficiente gestão energética municipal não custa tão
caro. Pode-se começar com pequenas, mas importantes medidas no dia a dia da prefeitura que
resultarão em um grande impacto aos cofres municipais.
Todos os serviços inerentes à iluminação pública, e seus respectivos custos, podem ser
controlados por software específico de gestão, que emite relatórios instantâneos e atualizados,
facilitando e otimizando todo processo de fiscalização, supervisão e acompanhamento do de-
sempenho do sistema.
A gestão global de sistemas de iluminação pública compreende a prestação integrada dos
seguintes principais serviços (IBAM/PROCEL, 2004b):
• elaboração de projetos;
• expansão do sistema de iluminação pública;
• cadastramento informatizado do sistema de iluminação pública;
• serviço de atendimento ao usuário (call center);
7.3 Gestão de Sistemas de Iluminação Pública 82
• operação e manutenção;
• melhoria da eficiência energética do sistema de iluminação pública;
• gestão do consumo e da conta de energia elétrica;
• projeto e execução da iluminação pública de destaque de monumentos e fachadas de
interesse histórico, social político e econômico do município
• execução de iluminação de eventos e festejos populares;
• gestão, controle e acompanhamento informatizado de todos os serviços e respectivos cus-
tos.
A seguir, serão listadas as principais recomendações para a gestão completa e eficiente de
sistemas de iluminação pública:
• Elaborar o cadastro do sistema de iluminação pública (conforme recomendações citadas
na seção 7.1);
• Elaborar contrato de fornecimento entre Prefeitura Municipal e distribuidora de energia
elétrica;
• Definir em conjunto com a distribuidora, o procedimento para atualização do banco de da-
dos referente ao cadastro do sistema de iluminação pública, de forma que as alterações no
sistema devido as atividades de expansão, ampliação, reforma, manutenção, entre outros,
sejam de conhecimento prévio das partes;
• Implantar relatórios gerenciais a partir dos dados cadastrados e atualizados no banco de
dados sobre o sistema, constando no mínimo as seguintes informações:
1. consumo mensal de energia elétrica por sistema e respectivo valor da conta de ener-
gia elétrica;
2. gastos com lâmpadas e demais equipamentos;
3. gastos com mão-de-obra;
4. custos de expansão do sistema de IP;
5. custos de operação e manutenção.
• Padronizar e normatizar os tipos de lâmpadas e demais componentes utilizados no sistema
de iluminação pública;
7.4 Plano Diretor de Iluminação Pública 83
• Verificar os níveis de tensão da rede de distribuição que atendem ao sistema de iluminação
pública;
• Acompanhar a vida útil dos equipamentos, confrontando com os dados fornecidos pelos
fabricantes;
• Implantar sistema de controle de qualidade de materiais e equipamentos, exigindo dos
fabricantes a comprovação das informações técnicas dos seus produtos através de certifi-
cados, relatórios ou laudos emitidos por entidades oficialmente credenciadas;
• Implementar programa de redução de custos coma a implantação de equipamentos ener-
geticamente eficientes;
• Treinar e capacitar o pessoal envolvido nos serviços.
7.4 Plano Diretor de Iluminação Pública
O Plano Diretor de Iluminação Pública (PDIP), pode ser definido como o conjunto de di-
retrizes e normas destinadas a orientar as atividade referentes ao sistema de iluminação pública
do município. O PDIP é considerado um instrumento de coordenação das tomadas de decisão
a médio prazo, e ferramenta de planejamento físico-financeiro dos investimentos.
O Plano Diretor, principal instrumento que o Estado possui para a gestão espacial das cida-
des, não reflete o planejamento da expansão da rede de iluminação pública urbana, um impor-
tante aspecto para o desenvolvimento urbano. Este fato reforça a necessidade da elaboração de
um Plano Diretor de Iluminação Urbana, de caráter complementar ao Plano Diretor. Este Plano
deve tratar a iluminação pública urbana em toda a sua complexidade, desde a escolha adequada
das soluções tecnológicas e de infraestrutura, levando em consideração os aspectos ambientais,
os valores culturais da população e a característica econômica do município. Porém, observa-se
no país uma tendência a projetos pontuais de iluminação pública urbana, geralmente para situ-
ações específicas de valorização de áreas com edificações tombadas pelo patrimônio histórico.
A elaboração de planos de iluminação deve se estruturar a partir dos seguintes itens básicos
(JESUS, 2010): definição de objetivos, estruturação de equipe interdisciplinar, pesquisa his-
tórica, pesquisa iconográfica, critérios de intervenção, análise visual (percepção do ambiente),
levantamento e diagnóstico do sistema de iluminação e definição da política pública de ilumi-
nação. Outros aspectos importantes também devem ser considerados, como a participação da
população no processo de elaboração do projeto, diálogo com os técnicos municipais e a busca
de uma convergência entre o plano de iluminação proposto e o plano diretor municipal.
7.4 Plano Diretor de Iluminação Pública 84
Neste contexto, destaca-se ainda, que a elaboração de um Plano Diretor de Iluminação
Pública não deveria ser realizada por um único profissional, devido à complexidade que o tema
exige. Entretanto é necessária a existência de um gestor, ou representante, que consiga articular
todos os envolvidos e condicionantes pertinentes do plano de forma organizada, com uma visão
ampla do significado e importância que a iluminação pública pode ter para a cidade.
Alguns objetivos gerais podem balizar a elaboração de um Plano de Iluminação Pública
Urbana, entre eles:
• orientar o planejamento do sistema de iluminação pública, visando a abrangência dos
serviços a toda população;
• contribuir para o embelezamento da cidade, principalmente monumentos e edifícios;
• controle e redução de possíveis impactos ambientais;
• promover o uso racional e eficiente da energia elétrica na iluminação pública;
• a tecnologia deve utilizar-se de conhecimento, técnica e produtos locais.
• propiciar a segurança dos pedestres e do tráfego nas vias de circulação;
• incentivar o desenvolvimento das atividades sociais; item compatibilizar e integrar as
ações de iluminação pública com o Plano Municipal de Gestão da Energia Elétrica;
• promover a maior legibilidade possível do espaço urbano e a compatibilização entre a
arborização e a iluminação urbana.
Os objetivos específicos do PDIP, podem ser resumidos a seguir (IBAM/PROCEL, 2004b):
• estabelecer normas e padrões de equipamentos que deverão ser utilizados na iluminação
pública;
• definir critérios técnicos e econômicos para a elaboração de projetos;
• coordenar e propor sistemas especiais de iluminação pública em áreas densamente arbo-
rizadas;
• estabelecer normas gerais e procedimentos para a prestação dos serviços de iluminação
pública, visando assegurar a sua qualidade;
7.4 Plano Diretor de Iluminação Pública 85
• definir o programa plurianual de investimentos no sistema de iluminação pública, incluindo-
o no Orçamento Geral do Município.
Para alcançar estes objetivos o PDIP deve considerar alguns pontos básicos discutidos neste
trabalho, como valores culturais, segurança, hierarquia viária, poluição luminosa, conservação
de energia, tipologias de luminárias, tecnologia disponível e rede de energia existente. A elabo-
ração de um Plano Diretor de Iluminação Pública Urbana é um processo de extrema importân-
cia, onde o resultado final deve ser um produto da participação de todos os agentes envolvidos,
desde os fabricantes de lâmpadas e luminárias, técnicos e gestores municipais, universidades,
empresas de prestação de serviço de iluminação, construtoras, e, principalmente, a população.
86
8 Conclusão
A melhoria da qualidade dos sistemas de iluminação pública, tanto no caso de sua prestação
direta quanto nos casos de contratos com concessionárias de energia elétrica ou empresas de en-
genharia, traduz-se em métodos adequados de gestão e fiscalização, através de critérios eficazes
de acompanhamento e controle. Entretanto, o Município não deve abster-se de estabelecer a sua
política de iluminação pública, devendo para isso planejar o sistema, definir padrões técnicos, e
combater o desperdício de energia elétrica através do uso de equipamentos eficientes.
Com a regulamentação normativa no 414/2010 da ANEEL, a revisão da norma NBR 5101,
e a entrada de novas tecnologias no mercado, a iluminação pública do país passa por mudanças
significativas. A gestão da iluminação pública sobre responsabilidade das prefeituras permitirá
que a mesma utilize o recurso da terceirização desse serviços, por meio da contratação de em-
presas na gestão de parques de iluminação. Atualmente, cerca da metade das capitais já adotou
esse modelo que apresenta muitos resultados positivos. No Brasil, existem empresas especia-
lizadas que prestam os serviços de gestão de iluminação pública, ou capacitam os municípios
para que eles próprios implantem essa metodologia.
Entretanto, o que ainda observamos no país, é uma tendência a projetos, tratamentos e
discussões pontuais de iluminação pública urbana. Logo, o tema apresentado conduz para uma
reflexão sobre a necessidade dos municípios brasileiros tomarem consciência da importância
das questões relacionadas à este importante tema, criando políticas públicas específicas a cerca
desta questão. Deve-se ter em mente que a questão da iluminação pública urbana não deve
tratar apenas sobre ambiência espacial da cidade, segurança ou como um elemento da estrutura
urbana da cidade. A iluminação pública representa uma parcela não desprezível do consumo
de energia elétrica dos serviços públicos, e como tal, sua eficiência deve ser alvo de cuidados
idênticos aos que são dispensados a qualquer outro serviço. Para tanto, este trabalho destaca a
importância da elaboração de Planos de Gestão Energética da Iluminação Pública Urbana para
a eficiência destes sistemas, e para que sejam tratados em toda a sua complexidade.
Os planos desenvolvidos em algumas cidades de países como Argentina, França, Itália e
8 Conclusão 87
Holanda, podem ser tomados como exemplo, tendo em vista o quadro de atraso que se encontra
as cidades brasileiras neste processo de gestão da iluminação pública urbana. Porém, deve-se
levar em consideração o fato de estes planos terem sido elaborados sobre outros condicionantes
culturais, urbanísticos, econômicos e tecnológicos.
O Plano Diretor de Iluminação possibilita uma melhor interação entre os elementos envol-
vidos. Espera-se que cada vez mais cidades tenham o seu próprio Plano Diretor de Iluminação
Pública que, entre vários benefícios, propicia a segurança do tráfego e de pedestres, melhorias
ambientais, desenvolvimento de atividades sociais, valorização das referências culturais, entre
outros. Porém, cada município deve elaborar o seu Plano Diretor de acordo com a realidade
de suas condições técnicas e financeiras, não apenas para garantir a conclusão do projeto, mas
também a sua manutenção.
88
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