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São Miguel Revista da Câmara Municipal de são miguel Nº 1 - MAIO de 2017 Distribuição gratuita Editor: Alfa-Comunicações “Temos um Município em obras” Mobilização de água DESPORTO Pista de atletismo é uma prioridade PERFIL “Beto” tem “faro para negócio” ASSOCIATIVISMO Casa do Pescador a caminho Pecuária Raças melhoradas impulsionam sector Barragens dinamizam agricultura e turismo

anacao.cvanacao.cv/wp-content/uploads/2017/06/Revista-S.Miguel.pdf · Comida típica cabo-verdiana e portuguesa, peixes e mariscos rescos todos os dias Serviços: Sala de reuniões

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São MiguelRevista da CâmaraMunicipal de são miguelNº 1 - MAIO de 2017Distribuição gratuitaEditor: Alfa-Comunicações

“Temos um Município em obras”

Mobilização de águaDESPORTO Pista de atletismo é uma prioridade

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08 ENTREVISTA

Edil Herménio Fernandes

“Temos uma vontade inaba-lável de remover barreiras”

20 REALIZAÇÕES

São Miguel está “um canteiro de obras

26 MOBILIZAÇÃO DE ÁGUA

Barragens dão novas dinâmicas agrícolas

e turísticas

32 ASSOCIATIVISMO

Casa do Pescador

a caminho

37 CULTURA

Transformar a cultura numa

actividade geradora de rendimento económico

41 PERFIL

“Beto” Carvalho tem “faro para negócio”

44 BARÓMETRO

Como está São Miguel?

SUMÁRIO

Ficha TécnicaPropriedade: Câmara Municipal de São Miguel – Caixa Postal: C.P. Nº 04 – Cidade da Calheta (Veneza) – Ilha de Santiago – República de Cabo Verde – Telefones: PBX: (+238) 2731004/10.05 – Móvel: (+238) 5340223 – Fax: (+238) 2731219/1429 – Facebook: www.facebook.com/EmFrenteSaoMiguel/ – Website: www.cmsm.cv Produção e Edição: Alfa-Comunicações, Ldª – Caixa Postal nº 690 – Cidadela – Cidade da Praia – República de Cabo Verde – Telefone: (+238) 2628677 – E-mail: [email protected] – Website: www.alfa.cv – Fotografias: Alfa-Comunicações e Câmara Municipal de São Miguel | Design e Paginação: Alfa-Comunicações | Impressão e Acabamento: IMPRESS | Tiragem: 2000 exemplares | Periodicidade: Semestral | Distribuição: Gratuita

4 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

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Passado menos de um ano de mandato autárquico é visível e está patente - à vista de todos! -, a nova dinâmica que se está a viver no nosso/vosso querido e benquisto Município.

São Miguel está em construção. Ninguém, de boa-fé, pode negar esta verdade.

E está numa construção acelerada. A todos os níveis e em todos os cantos e recantos do nosso/vosso amado e querido Concelho.

Há obras físicas, um pouco por todas as nossas comuni-dades, mas, também, não descuramos a valência huma-na. Porque, para nós, são as nossas gentes, as pessoas que contam.

E fiéis a este entendimento e compromisso, continuare-mos empenhados, em permanência, na busca das mel-hores soluções e saídas para a materialização de acções e obras, que, embora possam parecer pequenas, con-tribuem para a melhoria e suavização do quotidiano de todos os micaelenses.

O nosso Município está numa curva ascendente, a crescer, a desenvolver-se e a criar oportunidades e qualidade de vida para todas as pessoas que vivem, trabalham, procur-am, visitam e investem em São Miguel.

Estamos, em parceria com o Governo Central, a con-cretizar projectos marcantes e estrutrurantes, com impac-tos positivos do ponto de vista económico e social, que projectarão o nosso Concelho para patamares superiores de desenvolvimento, nos próximos quatro anos.

Esta fracção de tempo do nosso consulado (de menos de um ano!), tem sido de uma experiência pessoal e colec-tiva muito boa, animadora e contagiante, trabalhando ao

lado de jovens e menos-jovens, mulheres e homens, com grande entusiasmo e incomensurável vontade de fazer.

Sem querermos ser juiz em causa própria, esta nova ati-tude, entrega e compromisso, contribuem – não temos nenhuma sombra de dúvidas! - para o aumento da produ-tividade, eficiência e qualidade na prestação dos serviços da autarquia, a bem da nossa principal razão de existên-cia: servir, com qualidade, se não, excelência, os micael-enses e os que procuram São Miguel.

Nesta caminhada iniciada em Outubro do ano passado, contamos e esperamos, como sempre, com o envolvimen-to e a entrega de todos.

Na parte que nos toca, continuaremos a ser fiéis e acér-rimos defensores do diálogo. Até porque, é conversando que a gente se entende!

E porque assim é, tem em mãos este primeiro número da nossa/vossa Revista, que pretende ser um instrumento de ligação e uma porta de comunicação – nos dois sentidos!

Para que assim seja, pedimos, encarecidamente, e es-peramos, humildemente, o retorno de cada um e de to-dos os munícipes, em ordem a termos e a fazermos uma publicação com excelência e a cumprirmos uma camin-hada-conjunta, sem sobressaltos, e corrigirmos, atempa-damente, os eventuais percalços e desvios da jornada. v

A bem do nosso querido, amado e benquisto São Miguel. Um Município em acelerada construção.

Óptima e suave leitura!

Herménio Celso “Meno” Fernandes

Presidente da Câmara Municipal de São Miguel

EDITORIAL

Estamos a construir o futuro

6 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

Como estão a ser estes primeiros meses de governação? Têm sido de muitos desafios, trabalho e realizações. O Concelho está numa curva ascendente, a crescer, a de-senvolver-se e a criar oportunidades e qualidade de vida para as pessoas que vivem, trabalham, visitam e inves-tem em São Miguel. Estamos a viver uma nova dinâmica, a todos os níveis. Em parceria com o Governo, estamos a concretizar projectos estruturantes, com impactos positivos do ponto de

vista económico e social, que transpor-tarão o Concelho para níveis superio-res de desenvolvimento nos próximos quatro anos. Por ser um cargo político exigente e com muita exposição, exige de uma pessoa novos conhecimentos, expe-riências, equilíbrio, honestidade, com-petência e responsabilidade. Tem sido muito positivo trabalhar para a minha terra e para o meu povo. Tem sido uma experiência muito boa trabalhar ao lado de jovens, mulheres e homens

com entusiasmo, comprometidos com a causa pública e que querem ver o Município avançar. Temos uma gran-de equipa, colaboradores motivados e comprometidos com os resultados. Isso facilita muito no cumprimento dos objectivos. Esta nova atitude tem con-tribuído para o aumento da produtivi-dade, eficiência e qualidade na pres-tação dos serviços da autarquia, bem como na melhoria dos resultados e da nossa imagem junto de todas as par-tes interessadas no desenvolvimento

Esta “vontade” do Presidente da Câmara visa colocar São Miguel no grupo dos municípios com os melhores indicadores de bem-estar do País. Para garantir estas conquistas, Herménio Celso Fernandes está ciente de que “é um imperativo o envolvimento de todas e de todos”, residentes ou não no Concelho. O mais novo dos 22 edis cabo-verdianos, reafirma o “compromisso” de construir um Município para as pessoas e virado para a resolução dos seus problemas, lista os ganhos do seu consulado e desabafa: “Só o PAICV ainda não mudou em São Miguel”.

“Temos uma vontade inabalável de vencer as adversidades e remover as barreiras”

Herménio Celso Fernandes, Edil de São Miguel

7São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

do Município.

Devia decorrer melhor ou satisfaz? A governação é um processo dinâmico e interminável. Estamos no caminho certo. Os próprios dados oficiais confir-mam este facto (dados do INE’2016). Há sempre espaços para uma melho-ria contínua e para a inovação. Come-çámos o mandato da melhor forma possível, temos uma equipa coesa e focada na resolução dos problemas das pessoas. Assumimos e estamos a cumprir o objectivo de trabalhar para construir um Município para as pes-soas e virado para a resolução dos seus problemas.

Dinâmica Que comparação faz com o ponto de partida? A 1 de Fevereiro de 2016, quando ini-ciámos a nossa missão, encontrámos um Município organizado, financeira-mente equilibrado e em condições de avançar. A minha presença na anterior equipa facilitou muito a construção do ambiente de trabalho, as mudanças e as transformações que estamos a ope-rar no Município. Esta viragem deve-se muito à nossa capacidade inovadora, ousadia, empenho, comprometimento com os resultados, e, sobretudo, a fo-calização que temos em trabalhar para garantir um Município desenvolvido e com qualidade de vida. É notório que a dinâmica está em cur-so e há, claramente, uma aceleração com a nova maioria e o novo Progra-ma de Governação, que estabelece metas arrojadas e objectivos ousados, concretos e exequíveis, que colocará São Miguel entre os municípios com os melhores indicadores económicos e sociais do País, nos próximos sete anos. O Município está, francamente, aos olhos de todos, com uma nova di-nâmica, realizações e oportunidades. Este facto pode ser facilmente compro-vado ao analisarmos os dados oficiais. Estes ganhos foram possíveis, porque, a partir de Março de 2016, ganhámos um grande parceiro: o Governo lidera-do pelo Dr. Ulisses Correia e Silva. Um

Governo que fala com os municípios, pensa e faz pelos municípios.

Retrato Já agora: como apresenta São Mi-guel a um visitante e potencial in-vestidor?É um Município que tem tudo para dar certo. Temos um território com 92 quilómetros quadrados, com mar e ribeiras, com um elevado potencial de produção e uma população muito jovem. O Município apresenta poten-cialidades naturais em vários domí-nios, com terrenos agrícolas férteis, vales e ribeiras com um bom nível de produção agrícola, uma costa marí-tima fantástica, situando-se na parte litoral Nordeste de Santiago, lindas montanhas e florestas, sendo cerca de 60 por cento do Parque Natural da Serra Malgueta pertencente ao nos-so Município.Dispomos de um grande potencial para o desenvolvimento do turismo ecológico. Temos, ainda, a comunida-de dos Rabelados de Espinho Bran-co – que é um “ex-libris” do Município – e o Porto da Calheta, vocacionados para o turismo cultural.A Cidade da Calheta é banhada por uma frente marítima singular. Temos um nível significativo de jovens qua-dros, bem formados. A nossa gente é trabalhadora, afável e de brandos costumes. Há, também, um dado importante a ressaltar: temos um território cheio de oportunidades no sector da agro-indústria, pescas e no turismo.

Qual o maior desafio?Valorizar e qualificar o território, ga-rantir a qualidade e a sustentabilidade ambiental, preservar o património his-tórico e cultural, melhorar o ambiente de negócios, empresarializar o sec-tor agrícola e desenvolver o turismo ecológico. Se conseguirmos garantir estes objectivos, estaremos em con-dições de garantir uma boa educação e formação às nossas crianças e jo-vens, e, consequentemente, garan-tiremos um futuro promissor deste

Concelho.

Caminhos do desenvolvimento Chegou na hora certa à Presidência da Câmara? As coisas acontecem quando têm que ser; naturalmente. Encontrámos a Câmara a funcionar com toda a nor-malidade. Não sou nenhum revolu-cionário. Estamos a fazer o que nos compete e aquilo que garantimos às nossas populações. Antes de assumir a Presidência da Câmara, passei por uma experiência profissional de 14 anos no sector privado, dez anos dos quais a gerir negócios no sector das telecomunicações. A minha primeira experiência no sec-tor público é na função de Presidente da Câmara Municipal. Sempre me as-sumi como uma pessoa focalizada em resolver problemas e não tenho medo de enfrentar os desafios. Por onde passo, focalizo-me sempre em deixar o lugar em melhores condições e com níveis assinaláveis de crescimento e melhorias, comparativamente com o que recebi.

Quais os principais sectores de de-senvolvimento do seu Município? Passa pela aposta forte na agro-in-dústria, turismo e pescas. O caminho é pôr as pessoas a produzir, exportar e criar riquezas, a par do emprego decente. Temos condições para dar este salto qualitativo. Estamos a vi-ver um bom ciclo político com as mu-danças políticas operadas em Março de 2016. Temos um bom Programa de Gover-no que dá especialmente atenção ao desenvolvimento económico no pilar número seis. Vamos garantir a terri-torialização dos Objectivos do Desen-volvimento Sustentável, e estamos ali-nhados com o Programa do Governo da IX Legislatura. Vamos garantir coe-são territorial, a atractividade e a com-petitividade do Município. A nossa mis-são é fazer de São Miguel um território atractivo para viver, visitar e investir.

8 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

Calheta: Cidade por decretoComo vamos de requalificação ur-bana? As Câmaras existem para trabalhar. A maioria das obras em curso, são de proximidade. Vão mudar o Con-celho, a nossa Cidade da Calheta, a Vila de Achada do Monte e as nossas aldeias. Estão a garantir empregos, a melhorar a qualidade de vida dos nos-sos munícipes. Estamos a melhorar a atractividade, competitividade e o am-biente de negócios no Município. Te-mos um Município em obras, porque queremos construir o futuro.

Que argumento apresenta para dar grande atenção a esta valência? Temos uma Cidade, que foi transfor-mada em Cidade, por um decreto le-gislativo do Governo do ex-PM José Maria Neves, que antes era uma boa Vila. Eu e a minha equipa estamos a construir a realidade e a dar conteúdo que lhe tornará uma boa e bela cida-de. É nosso propósito construir uma nova sociedade urbana no interior do Concelho. Este conceito novo, que estamos a implementar, deve-se ao facto de que, no nosso entendimento, lá onde houver uma pessoa, é nossa

responsabilidade criar as condições básicas para que leve uma vida con-digna. Isto significa garantir um desen-volvimento equilibrado e harmonioso do Concelho.

Ganhos Saneamento. Que ganhos apresen-ta neste domínio?Tivemos sempre um bom serviço de saneamento. Melhorámos o sistema de recolha de resíduos sólidos, com o alargamento a outros pontos ou localidades do Município, com o re-forço significativo e substituição dos contentores por novos, bem como o reforço do efectivo das varredeiras, criação de equipas de limpeza e ma-nutenção periódicas. Continuamos a alargar a rede de esgotos, sobretudo nas ruas que beneficiaram de requa-lificação urbana e melhoria das aces-sibilidades. Temos uma das cidades mais limpas de Santiago. Dispomos de uma rede de esgoto moderna que cobre grande parte da Calheta. Mais: todas as habitações estão ligadas à rede de água.

O que diz dos equipamentos des-portivos e dos espaços para jo-

vens? Todas as localidades estão equipadas com uma placa desportiva. Na Cida-de dispomos de um Estádio Municipal relvado - de boa qualidade -, um bom pavilhão desportivo da Paróquia, o histórico Polivalente Municipal, e um campo de futebol de 11 de terra batida (em Manguinho). Em Achada Bolanha há, também, um equipamento idênti-co. As placas estão em bom estado, à exceção de algumas que precisam de manutenção. Já construímos a placa desportiva de Pedra Barros (em Fla-mengos), reabilitámos os polivalentes de Calheta e de Ponta Verde. Temos em curso, a reabilitação do Polidespor-tivo de Achada Monte, a par da constru-ção do Polivalente de Achada Bolanha.

Associativismo Na sua leitura, qual o grau de asso-ciativismo dos micaelenses?É muito elevado. Todas as localidades dispõem de uma associação comuni-tária de base (ACB). Ou seja: há mais de 20 ACB no Concelho. Poderiam estar com mais dinâmica e a fazerem mais pelas suas localidades. No pas-sado, sofreram muito com a partidari-zação. Inaugura-se um novo quadro,

9São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

que favorece o crescimento e o desen-volvimento das associações. Vemos nas associações um parceiro impor-tante para a construção do Município. Existem equipas desportivas em todas as localidades, a par de muitas agre-miações religiosas. Há mais de dez as-sociações culturais. As gentes de São Miguel são solidárias e participativas, constituindo um excelente pilar de pro-moção da cidadania e um factor para a garantia de uma boa governação local.

A nível cultural: que novas teremos nos próximos tempos? Temos três grandes projectos...

Quais são?A Casa de Artes; a Valorização do Pa-trimónio Histórico e Cultural – Porto da Calheta; e os Rabelados.

O que muda com a concretização destes projectos?A Casa de Artes vai ser um espaço de produção artística em todos os níveis. O Porto será, por excelência, o palco. Estamos, também, a trabalhar num “upgrade”, sobre a criatividade dos Rabelados. Em todos estes projectos, contamos com a parceria do Minis-tério da Cultura. É nosso propósito, também, melhorar o nosso Carnaval, que tem um potencial enorme e que está a crescer a cada dia. Vamos pôr os nossos criativos a ganhar dinheiro com a produção artística.

Pobreza decresce Como estamos no domínio social? Estamos a melhorar a cada ano. En-tre 2008 e 2015, reduzimos a pobreza em 13 por cento (%). Neste momento, a redução é ainda mais acentuada. Em 2016, reduzimos o desemprego em 0.7 % (5.3%). Passámos de uma taxa de ocupação da população activa de 29% para 53% (Dados do INE). Te-mos o grande desafio de reduzir a in-formalidade económica no Município. Temos uma taxa de subemprego ele-vada. A degradação das habitações é preocupante. Temos muitas famílias

com dificuldades em cobrir as des-pesas na saúde e na educação dos filhos, recaindo grande parte desses encargos sobre a Câmara. Felizmen-te, neste capítulo, temos contado com a solidariedade do actual Governo.

E a nível desportivo? Investir no desporto é investir nas pessoas. Vamos apostar, fortemente, em todas as modalidades, em particu-lar no atletismo, bem como na mas-sificação da prática das actividades físicas. Temos uma boa rede de in-fraestruturas desportivas. Precisamos potenciá-las, para podermos tirar o maior proveito possível. São Miguel é terra do Atletismo. Isto é um facto ine-gável. Poderemos e temos o dever de sermos melhores noutras áreas. Todos os anos, estamos a conquistar mais medalhas, os nossos jovens estão a pisar palcos internacionais interes-santes e estão a promover o Concelho através do desporto. Há um trabalho meritório desenvolvido pelas escolas de formação e de iniciação desportiva. Es-tamos a diversificar a prática de várias modalidades desportivas com o Progra-ma de Actividades Físicas, implementa-do pela Autarquia em parceria com vá-rios grupos organizados e estudantes universitários da área do desporto. O desporto aquático é outra área que nos chama a atenção. O Orçamento Munici-pal está a aumentar, significativamente, nesta área, porque, assumimos que o desporto é um factor de desenvolvi-mento do Concelho.

Potencial das barragens Falar da agro-pecuária é trazer à ribalta as barragens de Flamen-gos (quase pronta) e a de Ribeira de Principal (em construção). Que impacto terão na vida micaelen-se? Essas duas infraestruturas hidráulicas constituem instrumentos imprescindí-veis para a mobilização de água. Ape-nas mobilizar não chega...

O que deve vir a seguir?

Formar os homens e as mulheres do campo, disponibilizar tecnologias, as-sistência técnica, financiamentos para expandir a produção e melhorar o acesso ao mercado, bem como inves-timentos na indústria transformadora e na conservação. O sucesso desses dois empreendimentos depende mui-to daquilo que acabámos de referir. O programa do actual Governo indica que o caminho a seguir é o que referimos acima. Se conseguirmos fazer este tra-balho, vamos produzir e exportar. Va-mos dar um grande contributo para o Produto Interno Bruto e vamos garantir o pleno emprego em São Miguel.

Que passos estão e/ou já foram da-dos no domínio da conservação e da transformação de produtos? Estamos numa fase inicial da indústria transformadora. Estamos a trabalhar, em parceria com o Governo, para ga-rantir este objectivo. No ano passado, em Hortelão, iniciou-se a transforma-ção de produtos, mas o projecto não teve sustentabilidade. Estamos espe-rançosos que, pelo conhecimento que acumularam e pela vontade expressa dos promotores em retomar este tra-balho, terá, novamente, todo o nos-so incentivo. Vamos acompanhar e apoiar tecnicamente, para se evitar os erros do passado.

Serra de Malagueta A maior parte do Parque Natural da Serra Malagueta, sem se falar de praias, baías e enseadas ficam no território de São Miguel. Como estão a ser aproveitados estes po-tenciais? É uma realidade que cerca de 60% do Parque Natural de Serra de Malagueta pertence ao Município de São Miguel. Estamos em busca de financiamento para a reabilitação de duas habitações nas áreas de Xáxa e Gongon, para as transformarmos em estabelecimentos de turismo rural. É necessário que se desencrave a área de amortecimento do Parque, para que o acesso seja fa-cilitado.

10 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

Vamos investir numa melhor organiza-ção e ordenamento do sítio histórico dos Rabelados (em Espinho Branco), com o intuito de dinamizar o turismo nesta localidade. Já fizemos o inventá-rio de todos os recursos e pontos de interesse turístico no Município. Já há a classificação das Sete Maravilhas e de todas as maravilhas do Concelho. Em 2013, fez-se a sinalização turísti-ca dos percursos pedestres de Acha-da Espinho Branco (Rabelados), Mato Correia, Xáxa, Gongon e Hortelão, no quadro da geminação que o Município tem com Viana do Alentejo (em Portu-gal). Os percursos pedestres foram to-dos valorizados com esta sinalização.

Que receitas tem para se tirar me-lhor e maior proveito das Sete Ma-ravilhas de São Miguel? Estamos a desenhar um roteiro dos mesmos para facilitar o acesso às pessoas. Vamos requalificar e valori-zar algumas dessas Maravilhas, para criar atractividade e o surgimentos de pequenos negócios à volta delas. Por exemplo: vamos reabilitar as praias de Batalha e Mangue das Sete Ribeiras.

Lealdade e autonomia Como é o relacionamento da Câma-ra com a Assembleia Municipal?Saudável; há uma separação clara

entre os dois órgãos. A Assembleia Municipal funciona com toda a norma-lidade. A lealdade e autonomia total são recíprocas. Uma nota ainda muito positiva é o acompanhamento (escru-tínio), de perto e efectivo, às activi-dades desenvolvidas pela autarquia. É assim que deveria ser em todos os lados. É bom para a democracia. Desta forma, os superiores interesses das populações serão sempre salva-guardados. É para isso que serve a política.

E com as bancadas?Idem. Embora a oposição demonstre uma desorientação e desonestidade intelectual de bradar aos céus. Te-mos uma oposição demagoga e cega. Preocupa-se mais em criar conflitos para garantir a sua sobrevivência política, do que cooperar e ter uma atitude positiva diante da realidade que é reconhecida por uma boa par-te dos seus militantes. Uma boa parte dos simpatizantes do PAICV, votaram na minha candidatura, nas minhas propostas e ideias. Mais: continua a apreciar, positivamente, o trabalho que a minha equipa está a desenvol-ver em prol do Município.

“Só o PAICVainda não mudou”

O Grupo Local do PAICV, na As-sembleia Municipal, reclama de ale-gadas sonegações de informações à sua Bancada, a par de constante violação da lei pela sua Câmara. Como se defende? As acusações do PAICV são todas fal-sas e infundadas. Nós agimos dentro da legalidade e respeito escrupuloso pelo Estatuto dos Municípios e a Lei das Finanças Locais. Temos uma ad-ministração transparente e prestamos contas. Por duas ocasiões, o líder da Bancada do PAICV, bem como um deputado da Bancada do MpD, soli-citou informações à Câmara. Ambos foram atendidos. O que o PAICV anda a fazer é baixa política, algo que lhes custou a maior derrota de sempre em São Miguel. Se não mudarem de es-tratégia, vão continuar a ser penaliza-dos pelos eleitores. Em São Miguel, o único sujeito que ainda não mudou é o PAICV. Que con-tinua a leste e longe da realidade. As suas críticas nunca foram construtivas e sempre se posicionaram contra o de-senvolvimento de São Miguel. Não es-tão a sentir bem com a dinâmica que estamos a empreender. Felizmente, o povo de São Miguel é honesto e muito inteligente, que sabe avaliar bem. Por isso, nunca votam neste partido. Sem-pre ganhámos, folgadamente, e, no meu caso, o PAICV não ganhou em se-quer uma mesa das 39 existentes. Com esta jogada, podem desistir-se de São Miguel.

“Ulisses veio em boa hora”E o que dizer do Poder Central?Muito bom. Ulisses veio em boa hora. Foi Deus quem o colocou no caminho da Governação do País. Para os municípios, não poderíamos ter um outro PM. É um líder prag-mático e é humanista. Ele é muito sensível ao desenvolvimento local. Fala, pensa e olha para os municí-pios com muito carinho. E faz pelos municípios. Hoje, o relacionamento entre a Câ-mara de São Miguel e o Governo de

11São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA Cabo Verde é saudável, confiável, e de complementaridade na resolução dos problemas e desafios do desen-volvimento local. Temos um Governo que vem descen-tralizando serviços importantes, vem desconcentrando alguns poderes, mas, também, tem feito ainda aquilo que o anterior não fazia: descentra-lizar os recursos para os municípios resolverem os problemas das comu-nidades e das pessoas. Hoje, há, claramente, mais transparência nas relações entre a Câmara e o Gover-no, não há nenhuma concorrência. Há sim, uma relação de complementari-dade e solidariedade, focalizada em remover as barreiras e os constrangi-mentos, dando soluções aos proble-mas locais. Em um ano, fizeram-se coisas para os municípios que não se fez em 15 anos. Dá gosto trabalhar com Ulisses.

Segredo? Uma curiosidade: em São Miguel, sempre ganhou o MpD, desde a criação do Município (em 1996). Qual o segredo?Não há nenhum segredo! Ganhámos

sempre desde 1991. Com fé em Deus, vamos continuar a liderar o processo de construção deste Município. O mé-rito está na honestidade, competência e trabalho. Três valores inalienáveis para o MpD. Governar é servir as po-pulações. É uma missão exigente e nobre. Não precisamos do poder para nada. Apenas para servir bem as nos-sas populações. Temo-lo feito com respeito e resultados. Os dirigentes do MpD têm sido honestos, trabalhadores e com resultados palpáveis. O PAICV tem-nos dado muita ajuda nisso com a sua forma rasteira e reles de estar na política.

É um dos mais novos presidentes de Câmara de Cabo Verde. O que isso significa? Sou o mais novo, mas não sou es-pecial. Sinto a mesma responsabi-lidade que os demais colegas. Sou indiferente diante disso. A idade não é condição cimeira para garantir os compromissos assumidos. Nem é o passaporte para o sucesso ou in-sucesso. Tudo depende do carácter e da competência. O ser humano aprende todos os dias. A minha moti-vação é servir bem e deixar este Mu-nicípio, quando chegar o momento

de ir embora, melhor do que o recebi. A juventude significa mais energia, mais inconformidade, mais reivindi-cação, mais vontade de fazer, mais inovação e mais ambição. São atri-butos que ajudam na governação.

Sempre sonhou ser Presidente de São Miguel?O meu futuro político nunca dependeu apenas da minha vontade. Sou militante e dirigente nacional do MpD desde 2006. Hoje, sou membro da Comissão Política Nacional do Partido. Já exerci funções relevantes no sistema MpD. A minha dis-ponibilidade sempre esteve nas mãos do Partido. Entenderam que este era o meu destino, estou cá, completamente comprometido. Presentemente, só pen-so em servir bem os micaelenses. Um povo e uma terra que amo de montão.

“Adoro estar comas pessoas!”

O que mudou na sua vida com a as-censão a edil?Exposição terrível, regras duras, maior responsabilidade e muito mais trabalho.

12 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ENTREVISTA

Estamos a qualificar o território, a arrumar a cidade e as aldeias, a construir uma verdadeira cidade, a pro-curar dar uma nova função/vida ao nosso sítio histó-rico: o Porto da Calheta, que, aliás, está em obras. Revitalizámos alguns espaços públicos úteis para actividades culturais e desportivas e criámos espa-ços verdes e de lazer.

Já construímos a placa desportiva de Pedra Barro (em Flamengos); reabilitámos o Polivalente da Ca-lheta e de Ponta Verde; requalificámos Achada Ba-talha (ao pé da Escola “Velhinho Rodrigues” até à Residência Oficial); requalificámos o acesso ao Polidesportivo de Ponta Verde e a rua de acesso à Pontinha (também em Ponta Verde); construímos a estrada de acesso à Escola Secundária “Olegário Ta-vares” (em Achada Monte).

Requalificámos, significativamente, as ruas de Ve-neza; melhorámos o acesso ao Estádio Municipal; melhorámos a mobilidade em Fonte Velha, com a introdução de novos passeios para os peões; di-gitalizámos as praças de Azedinha e Ponta Verde; disponibilizámos os espaços jovens da Ribeira de Principal e Achada Portinho; e reabilitámos um troço de estrada importante, que liga as localidades de Es-pinho Branco e Pilão Cão (em Lém Cardoso)...

A par disso, garantimos uma melhoria significativa no saneamento do meio e na saúde pública, com a melhoria nos serviços de recolha dos resíduos sóli-dos, alargando este sistema a várias localidades que antes não possuíam este serviço. Exemplos disso, são os casos de Ribeira de Principal, Flamengos e Espinho Branco, com um forte incremento e melhoria na limpeza urbana na Cidade, vila de Achada Monte, Bolanha e Pilão Cão.

Construímos e entregámos duas habitações de raiz a duas famílias no Concelho. Garantimos dois au-tocarros novos para os transportes escolares. Ga-rantimos um novo Jardim Infantil em Veneza, com a reabilitação do antigo Centro da Juventude. Abrimos o primeiro Balcão Único num município em Cabo Ver-de, com a disponibilização de todos os serviços mu-nicipais, das Finanças e da Casa do Cidadão, num único espaço, com serviços de qualidade, conforto e morabeza.

Temos, neste momento, em curso, obras de requa-lificação das acessibilidades em Galeão, requalifi-cação urbana de Cutelo Miranda, da primeira rua de Achada Batalha, a reabilitação completa do es-paço anexo ao Polivalente para receber serviços importantes como a Direção da Fiscalização e a futura Polícia Municipal, a Casa de Artes e o Cen-tro de Educação Ambiental. Temos ainda em curso, a conclusão da Delegação Municipal de Achada do Monte, a reabilitação do Polidesportivo de Acha-da Monte e a construção do Polivalente de Achada Bolanha.

Temos ainda em curso, a reabilitação dos jardins in-fantis da Ribeira de Principal, Ponta Verde e Cutelo Gomes. Neste último, pretendemos dar um novo uso, ou seja: transformá-lo numa Agência Administrativa para toda a Ribeira de São Miguel. Na promoção e inclusão social, temos em curso a reabilitação de dez habitações e a construção de mais de uma dezena de casas de banho. Temos, nas imediações da Bar-ragem de Flamengos, a construção de 26 habitações para realojar as famílias que antes moravam na al-bufeira desta Barragem. Pensamos, ainda em breve, arrancar com a reabilitação de cinco Unidades Sani-tárias de Base no Concelho.

Como convive com os munícipes mais idosos?Tenho uma amizade e respeito profundo por todos. Dou-me bem com todas as classes e faixas etárias. Estar com as pes-soas é o que mais adoro na vida pública.

E com os jovens; seus coetâneos? Como peixe na água. É a minha praia. Jogo futebol, danço, brinco e sou dado aos afectos.

O que mais valoriza nas pessoas? Honestidade e sinceridade.

Que realizações marcantes e emblemáti-cas pretende deixar no final do mandato?A marca não está em deixar grandes edificações. O legado que gostaria de deixar é o de um Município desenvol-vido e com melhor qualidade de vida.

A conversa já vai longa, mas, mesmo assim, muita matéria fica de fora. Que mensagem deixa aos micaelenses? Uma palavra de confiança no futuro do Mu-nicípio. Que estamos empenhados em de-fender São Miguel e os micaelenses. Que o compromisso de garantir um Município

desenvolvido está em marcha. Que os de-safios são enormes, que a tarefa é árdua, mas que eu e a minha equipa temos uma vontade inabalável de vencer todas as ad-versidades e remover as barreiras para co-locar São Miguel no grupo dos municípios com os melhores indicadores de bem-estar do País. Para garantir estas conquistas, é um imperativo o envolvimento de todas e de todos. Valorizamos e contamos com todos os nossos. Contamos com os que vivem, trabalham e investem em São Miguel, mas, também, com os que estão na nossa vasta Diáspora, a viver e a trabalhar.

Balanço dos primeiros meses como edil eleito

13São Miguel | Nº1 | Maio 2017

MODERNIZAÇÃO

Balcão Único de Atendimento facilita relação com os utentes

O Balcão Único de Atendimento está situado nas instalações da Câmara Municipal e é fruto de um protocolo entre a autarquia local e a Direcção Nacional das Receitas do Estado (DNRE), tendo em vista a descentralização da Administração Pública, numa lógica de maior eficiência e qualidade nos serviços prestados aos cidadãos, emigrantes, empresários e investidores nacionais e estrangeiros.

N e s s e contexto de maior eficácia, d e s b u -r o c r a t i -zação e a g i l i z a -

ção dos serviços disponibilizados, o Balcão Único de Atendimento de São Miguel passou a congregar, num só espaço, serviços afectos ao Ministério das Finanças, mas também serviços prestados pela Casa do Cidadão e pela própria autarquia de São Miguel, como obtenção de licenças variadas, pa-gamento do IUP e do imposto de circulação automóvel, entre outros.

Na prática, agora, as pessoas já não precisam mais de percorrer os 26 quilómetros que distam entre São Miguel e o Tarrafal de Santiago, perder meio dia de trabalho, e cus-tear os encargos com a deslocação, como acontecia anteriormente, para pagarem os seus impostos ou tirar documentos.

O edil Herménio Fernandes realça que esses são alguns dos “ganhos incomensuráveis” que o Balção Úni-co de Atendimento veio trazer, não

só para a população, como para os empresários e investidores nacio-nais e estrangeiros.

“Estivemos 20 anos à espera des-se balcão. Passámos a congregar três instituições distintas que pres-tam serviços diferenciados, num só espaço, com qualidade, eficiência e sem perda de tempo para as pes-soas. Em apenas 10 a 15 minutos pode-se resolver qualquer assunto, com toda a comodidade e rapidez”, aplaude.

A funcionar desde finais de Março, a inauguração do Balcão Único de Atendimento foi ainda presidida pelo Ministro das Finanças, Olavo Cor-reia. O governante fez questão de salientar que o Executivo está a tra-balhar para “continuar a consolidar” a descentralização da Administra-ção Pública central, de forma a que a partir de um ponto único, se possa servir o cidadão de A a Z, evitando custo de tempo, de burocracia e evi-tar perda de documentos.

14 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

PODER LOCAL

Quem é quem?

Herménio “Meno” Celso Fernandes

Presidente da Câmara Municipal, Responsável pela Coordenação Geral e Relações Externas

Anildo Tavares

Vereador de Urbanismo, Mobilidade e Obras

Francisco Lopes Cabral

Vereador da Educação, Família e Inclusão Social

Celisa Vanira Alves

Vereadora da Formação, Empreendedorismo, Emprego e Género

Natalino Sanches Tavares

Vereador da Juventude, Cultura e Desporto

Daniel da Silva Gonçalves

Vereador do Ambiente, Saneamento e Protecção Civil

Salvador da Cruz

Vereador de Economia, Desenvolvimento Rural

e Fiscalização

15São Miguel | Nº1 | Maio 2017

PODER LOCAL

Como avalia estes primeiros meses de governação do edil Herménio Cel-so Fernandes? Positivamente. Digo isso pelo Relatório de Actividades de 2016, apresentado e pela constatação no terreno das activi-dades já realizadas durante esse tempo.

Há melhorias e correcções a serem feitas para que o Concelho ganhe e avance com mais sustentabilidade e qualidade de vida para os micaelen-ses? Por mais que se faça, há, ainda, espa-ço para se fazer mais e melhor. Está-se apenas no início. Muito pouco tempo…

Como é o relacionamento da sua Bancada com a Câmara? Como Presidente da Assembleia Munici-pal, não tenho Grupo. Se se está a referir ao Grupo do MpD, como não poderia ser diferente, o relacionamento é bom, mas sempre há lugar para melhorias.

E como é com a Bancada do PAICV?Satisfaz, mas ainda deve ser melhora-da, sobretudo na comunicação.

Em conformidade com a lei O PAICV acusa a Senhora Presidente de ser “parcial, de sempre se posi-cionar como o MpD e ao lado dele”. Como se defende?É uma acusação injusta, sem razão de ser. Mas entendo! Para o PAICV, deve-se “bater” na Presidente, por esta ser mulher. Sempre agi em conformidade com a lei e haverá de continuar a ser assim.

Como está o desempenho individual e colectivo dos eleitos municipais?

É positivo; seja individual ou colectivo. Como disse já, há sempre lugar para se fazer ainda melhor. Para que não de-fraudemos a expectativa das pessoas que confiaram em nós; e que esperam muito de nós.

Fazem falta ou não, acções de capa-citação com destaque para as Finan-ças Locais? Faz falta sim! Felizmente que temos essa consciência...

Há iniciativas em pauta?Temos sim! Tanto assim é, que tivemos a preocupação de criar uma Comissão para elaborar uma Agenda da Assem-bleia Municipal. Aliás, neste documen-to estão incluídas acções de formação contínuas em diferentes áreas durante este mandato.Está satisfeita com a participação dos munícipes nas sessões da Assembleia Municipal?Estou bastante satisfeita. Primeiro, pelo facto dos munícipes sempre terem par-ticipado, mas, sobretudo, pela qualida-de das intervenções que têm trazido em todas as sessões.

“Pessoas de carácter...” Satisfazem os actuais canais de co-municação com os micaelenses – re-sidentes ou não?Ainda não nos satisfazem na plenitu-de. Mas estamos a envidar esforços no sentido de os melhorar cada vez mais.

O que já fizeram e/ou pensam fazer para que os munícipes de todos os cantos de São Miguel, acompanhem os trabalhos da Assembleia Munici-pal?

Já fizemos sessões na Zona Norte, mais concretamente, em Achada Mon-te, realizámos visitas aos eleitorados das diferentes comunidades, temos, ainda para este mês, deslocações a vá-rias localidades. A próxima jornada de preparação vai ser feita fora da Cidade de Calheta.

Qual é o motivo que leva os mi-caelenses a votarem sempre MpD desde a criação do Concelho em 1996, às últimas Autárquicas de Se-tembro de 2016?É tão simples como isso: o MpD sem-pre apresentou pessoas de carácter, que amam São Miguel, que vivem São Miguel. São pessoas que antes já ocu-param cargos na agricultura, educa-ção, saúde, comunicação, entre outras, sempre com humanismo, compromisso e, sobretudo, com respeito e credibilida-de deste povo.

Que mensagem deixa aos mi-caelenses, residentes e/ou aos que, por algum motivo, estejam fora do Município e/ou na Diáspora?Quero dizer a todos, dentro e fora de São Miguel, que o desafio é grande, mas que, tudo aquilo que foi dito durante a campanha e no dia do empossamento, é para ser cumprido. Agirei com ética, justi-ça e imparcialidade. Pautarei pe-los princípios da legalidade, nada fora da lei, nada contra a lei. Como a vontade nunca me falta, com o meu espírito de entrega e sacrifí-cio, tudo farei para um melhor São Miguel. Mantenham confiança, cada vez mais, no nosso Presiden-te Herménio e na sua equipa.

“Guta” Furtado dá nota “positiva” à governação de Herménio Fernandes, reafirma o respeito “por todos os compromissos de campanha e do dia do empossamento” e refuta as acusações do PAICV. Deixa o seguinte aviso: “Pautarei pelos princípios da legalidade, nada fora da lei, nada contra a lei”.

“Todos os compromissos serão materializados”

Leocádia Baptista “Guta” Furtado, Presidente da Assembleia Municipal

16 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

PODER LOCAL

Deputadosda Assembleia Municipal

Leocádia Baptista Gomes “Guta”

Furtado

Presidente da Assembleia Municipal

(MpD)

João Carlos Correia Firmino (MpD)

Alcides Tavares Furtado (PAICV)

João da Mata Mendes da Veiga (PAICV)

Francisco Natalino Fortes Dias Sanches

(MpD)

Pedro João José Veríssimo (PAICV)

Adilson Moreno Brito Zêgo (MpD)

Miguel Gomes Garcia (MpD)

Francisco de Pina Semedo (MpD)

Maria Dulcelina Lopes da Veiga Miranda (MpD)

Salvador Tavares Silveira (MpD)

Etelvino Pina Cardoso (MpD)

Quinzinho Correia Ferreira (MpD)

Juvenal dos Santos Cardoso (MpD)

Amália Landim Fernandes Vieira (MpD)

João Francisco Lopes Sanches (PAICV)

Carmelita Rodrigues Mendes Teixeira (PAICV)

17São Miguel | Nº1 | Maio 2017

18 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

O Município de São Miguel, com destaque para a sua Cidade-Capital – Calheta –, está que nem um canteiro de obras. No sentido positivo.

Tal é o volume de construção de infra-estruturas, nas mais diversas comunidades e nos mais variados domínios – requalificação urbana, criação de espaços e reabilitação de infraestruturas municipais –, em ordem a “dar uma nova cara” deste Concelho

do interior de Santiago, tornando-o mais atractivo e dando corpo e sentido a uma melhor qualidade de vida para as suas gentes.

Mais do que palavras, as imagens seguintes falam por si, e testemunham o empenho, a aposta e entrega da equipa camarária na construção do futuro e de uma maior e melhor qualidade de vida para os micaelenses.

Obras que testemunham emp enho na construção do futuro

Cerimónia de lançamento de obras para o melhoramento de abastecimento de água potável. Acto presidido pelo Ministro Gilberto Silva, estando presente o Embaixador dos EUA em Cabo Verde

Calcetamento de rua em Veneza

Obras de requalificação do Porto

Requalificação da Praça de Achada Bolanha

Requalificação da estrada de acesso à Escola Secundária Ole-gário Tavares em Achada MonteRequalificação da primeira rua de Achada Batalha

19São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

Obras que testemunham emp enho na construção do futuro

Paragem em funcionamento

Requalificação Cutelo Requalificação Galeão

Renovação do Jardim Infantil de Achada do Monte

Porto de Calheta Achada Batalha

20 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

Ponta Verde Espinho Branco

Principal

Achada Batalha

Entrega de moradias no marco do projecto “São Miguel Valoriza”

A Câmara Municipal entregou 176 casas de banho na Ribeira de São Miguel - Projeto Promosan

21São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

Reabilitação de habitação em Achada Batalha

Casa reconstruída Reabilitação da habitação em Espinho Branco

Casa construída de raizReabilitação de habitação em Achada Bolanha

Reconstrução de habitação em Veneza

22 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

Reabilitação do edifício anexo ao polivalente para albergar a Casa de Artes

Pocilga comunitária de Espinho Branco

A Câmara Municipal vem criando con-dições para o acesso às tecnologias de informação e comunicação, sen-do de destacar as praças digitais de Ponta Verde e Azedinha e a internet de banda larga nos espaços jovens de Achada Portinho e Principal e nos Pa-ços do Concelho.

A incubadora DNA São Miguel, vem pro-movendo o empreendedorismo através de acções de formação e de acesso ao financiamento de projectos que visam combater o desemprego no seio dos jovens, principalmente na camada femi-nina.

23São Miguel | Nº1 | Maio 2017

REALIZAÇÕES

Arranjo exterior do polivalente de Calheta

Placa desportiva de Pedra Barro

Requalificação do polivalente de Achada MonteReabilitação da placa desportiva de Ponta Verde

Polivalente de Calheta

A diversificação das actividades desportivas e a promoção da prática de exercício físico em todas as faixas etárias tem estado na linha da frente das preocupações da edilidade.

24 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

BALANÇO DE 2016

Este ano, a receita total do município, incluindo o saldo inicial, cifrou-se em 247.658.305$00 (duzentos e quarenta e sete milhões, seiscentos e cinquenta e oito mil e trezentos e cinco escudos), o que em termos de realização, repre-senta 81,3% do total das previsões.

Comparativamente ao período homó-logo houve um crescimento de 56.484. 993$00 (cinquenta e seis milhões, qua-trocentos e oitenta e quatro mil, nove-centos e noventa e três escudos) repre-sentando um aumento de 30%.

Note-se que o valor da receita total do município atingiu um máximo histórico durante 2016, por uma margem bastan-te grande.

Receitas correntesAs receitas correntes passaram de 148.344.985$00 (cento e quarenta e oito milhões, trezentos e quarenta e quatro mil, novecentos e oitenta e cinco escudos) para 152,292,277$00 (cento e cinquenta e dois milhões, duzentos e

noventa e nove mil e duzentos e seten-ta e sete escudos), representando uma subida de, aproximadamente, quatro milhões de escudos.

Vale realçar o aumento de quase 30% na cobrança do Imposto Único sobre o Património (IUP) e de 14% nas taxas cobradas, correspondendo a aumentos de 1.517.804$00 (um milhão, quinhen-tos e dezassete mil, oitocentos e quatro escudos) e 838.244$00 (oitocentos e trinta e oito mil, duzentos e quarenta e quatro escudos) respectivamente.

As cobranças do IUP atingiram o seu valor mais alto de sempre no município.

As receitas correntes são respon-sáveis por 61% das receitas totais, com destaque para o Fundo de Fi-nanciamento Municipal (FFM) com 131.480.170.00$00 (cento e trinta e um milhões, quatrocentos e quarenta mil e cento e setenta escudos), registando um valor praticamente igual ao do ano transacto, tendo sofrido uma diminuição de apenas 0,2%.

O FFM continua sendo a principal fonte de receita do município representando 53% do total das receitas durante o ano de 2016, valor que quando comparado com o do ano de 2015 (69%) demons-tra claramente o aumento de outras re-ceitas e a diminuição da dependência do FFM.

Receitas de CapitalAs receitas de Capital ascenderam a 95.366.028$00 (noventa e cinco mi-lhões, trezentos e trinta e seis mil e vin-te e oito escudos), excedendo em 26% as previsões do período. As receitas de capital são responsáveis por cerca de 39% do total das receitas do ano em estudo.

Quando comparadas às receitas de capital do ano anterior (2015) verifica-se um crescimento de 52.537.702$00 (cinquenta e dois milhões, quinhentos e trinta e sete mil, setecentos e dois escu-dos) ou 123% durante 2016.

Este crescimento deveu-se essencial-

O Relatório e a Conta de Gerência apresentados pelo Executivo foram clarificadores quanto às origens das receitas e das despesas do Município executadas durante o ano económico de 2016. O ano a que reporta, “ficou marcado por uma taxa de execução muito boa”, alcançando os 78 por cento do total das previsões.

“Taxa de execução foi muito boa”Relatório e Conta de Gerência de 2016

25São Miguel | Nº1 | Maio 2017

BALANÇO DE 2016

mente a três factores:

• Um empréstimo contraído para in-fraestruturação do concelho;

• Melhoria da dinâmica da própria câmara na arrecadação de receitas e criação de novas parcerias

• Mudança de paradigma a nível da governação central

DespesasAs despesas durante 2016 totalizaram 244.441.380$00 (duzentos e quaren-ta e quatro milhões, quatrocentos e quarenta e um mil e trezentos e oiten-ta escudos), sendo 129.979.344$00 (cento e vinte e nove milhões, nove-centos e setenta e nove mil, trezen-tos e quarenta e quatro escudos) de despesas correntes, 101.668.244$00 (cento e um milhões, seiscentos e sessenta e oito mil, duzentos e qua-renta e quatro escudos) de despesas de capital e 12.793.792$00 (doze mi-lhões, setecentos e noventa e três mil, setecentos e noventa e dois escudos) de amortizações de empréstimos.

As despesas correntes representam 53% das despesas totais tendo au-mentado em 13% em relação ao pe-ríodo homólogo. Apesar do aumento das despesas correntes é importante lembrar que o seu peso no total das despesas diminuiu passando de 65% para 53%, isto porque as despesas de capital (investimentos) aumentaram em proporções maiores.

As despesas de capital, durante 2016, praticamente, duplicaram o seu valor registando um valor de 101.668.244$00 (cento e um mi-lhões, seiscentos e sessenta e oito mil, duzentos e quarenta e quatro escudos) contra os 51.221.596$00 (cinquenta e um milhões, duzentos e vinte e um mil, quinhentos e noventa e seis escudos), traduzindo um cres-cimento de 50.446.648$00 (cinquen-ta milhões, quatrocentos e quarenta e seis mil, seiscentos e quarenta e oito escudos).

Os investimentos, assim como boa par-te das rubricas de receitas, atingiram um nível nunca antes visto neste mu-nicípio, demonstrando de forma clara a dinâmica da CMSM e as suas priorida-des.

Conclusão O Relatório e a Conta de Gerência apresentados pelo executivo, foram clarificadores quanto às origens das receitas e das despesas do município executadas durante o ano económi-co de 2016, pois, traduziram de uma forma fiel e transparente as activida-des desenvolvidas pela autarquia no escrupuloso cumprimento das atribui-ções que a lei lhe confere.

O ano de 2016 ficou marcado por uma taxa de execução muito boa, digno de registo, que espelha uma melhoria sig-nificativa do desempenho do executivo camarário, alcançado uma execução notável, isto é, de 78% do total das

previsões, demostrando claramente o aumento da produtividade e uma me-lhoria significativa da performance do executivo, que traduziram claramente em realizações físicas um pouco por todas as localidades do concelho com impactos positivos na melhoria das condições de vida das populações.

Estes números traduzem o êxito al-cançado pelas políticas públicas de promoção do desenvolvimento e por uma gestão responsável, rigorosa, empenhada na defesa do interesse público e espelham o comprometi-mento dos trabalhadores da autar-quia, bem como a parceria estratégica e vontade política do actual Governo em apoiar projectos importantes para o desenvolvimento.

Em suma, o ano de 2016 ficou marcado por grandes realizações de projetos im-portantes para a criação das condições para a alavancagem do desenvolvimen-to do concelho.

Gabinete de Planeamento, Controlo, Gestão e Qualidade

Gabinete de Comunicação e Imagem Delegações Municipais

Gabinete de Apoio ao Presidente

CMSM/PCMSM

Secretaria Municipal

Direção de Urbanismo

Direção de Desenvolvi-mento Eco-nomico e

Rural

Direção de Fiscalização

e Polícia Mu-nicipal

Direção de Ambi-ente Saneamento e Proteção Civil

Direção Admi-nistrativa e Financeira

Direção de Recursos Hu-manos e As-

suntos Jurídi-cos

Direção de Juventude Cultura e Desporto

Organigrama de Serviços da Câmara Municipal

Gabinete de Relações Externas

Direção da Edu-cação Família e Inclusão Social

Direção de For-mação Profis-sional Empre-endedorismo e

Emprego

Direção de Obras

Gabinete de Auditoria Interna

Organigrama de Serviços da Câmara Municipal

26 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

AGRICULTURA

O vereador de Economia, Desenvolvi-mento Rural e Fiscalização, Salvador Lopes da Cruz, considera que a cons-trução das duas barragens no concelho vai mobilizar mais água para rega, mas também contribuir para o surgimento de oportunidades ligadas a outras activida-des geradoras de rendimento na região.

“A mobilização de mais água vai per-mitir que as parcelas agrícolas sejam irrigadas com regularidade durante os nove meses que não chovem em Cabo Verde. Também vai permitir au-

mentar o perímetro de cultivo e, con-sequentemente, a produção e mais lucro para as famílias e o município”, garante o vereador, esperando que o preço da água seja acessível para que os agricultores possam tirar o máximo proveito das potencialidades agríco-las existentes nas bacias hidrográfi-cas beneficiadas com a barragem.

Transformação dos produ-tos

Com o aumento da produção agríco-la regular durante o ano todo, um dos grandes desafios passa pela trans-formação dos produtos agrícolas e pecuários que, segundo Salvador da Cruz, ainda é uma actividade muito incipiente em São Miguel, apesar de existirem muitas potencialidades, so-bretudo com a construção das duas barragens.

“Hoje temos vários jovens que estão a formar-se em transformação de pro-dutos agro-alimentares. Alguns deles

A construção das duas barragens no concelho de São Miguel, uma em Flamengos e outra na ribeira de Principal, é vista, tanto pelos agricultores, como pelas autoridades locais, como uma medida importante que vai gerar nova dinâmica não só à agricultura, mas também ao turismo rural.

Barragens trazem novadinâmica à agricultura e turismo

27São Miguel | Nº1 | Maio 2017

AGRICULTURA

já estão, inclusive, a apostar na trans-formação de vários produtos nomea-damente frutas em licores, geleias, compotas, etc. Nos próximos tempos vamos reforçar a aposta neste sector muito promissor no concelho”.

TurismoConforme Salvador da Cruz, a autar-quia já está também a pensar no turis-mo rural à volta das duas barragens.

“Temos a barragem de Flamengos que, de certeza, vai ser uma das barragens mais bonitas do país em termos de vista panorâmica. Por isso, a Câmara Munici-pal vai construir um circuito pedonal com três ou quatros miradouros à volta dessa infra-estrutura hidráulica no sentido de promover o turismo rural nessa bacia. Vamos também apostar fortemente nas actividades de recreio nessas barragens”.

Salvador revela ainda que a edilidade tem, igualmente, na agenda, um projec-to mais ambicioso que passa pela ins-talação de uma aldeia turística nas pro-ximidades da barragem de Flamengos”.

28 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

O vereador da Economia, Desen-volvimento Rural e Fiscalização, Salvador da Cruz, considera que a agricultura no concelho está bem or-ganizada e é muito promissora.

“Temos agricultores cada vez mais capacitados e motivados para me-lhorarem a agricultura. Tudo isso é o resultado de uma nova abordagem que está a ser introduzida e consti-tui um ponto forte para o desenvol-vimento da agricultura no concelho”, afirma.

Em termos de potencialidades, aquele vereador apontou a bacia de Flamengos que é uma das maiores da ilha de Santiago e que possui grandes perímetros agrícolas no lei-to das ribeiras e nas planícies que ainda não estão totalmente cultiva-das.

“Acreditamos que, com a constru-ção da barragem e a mobilização de mais água, o actual perímetro agrícola vai alargar-se, fazendo com que haja um melhor aproveitamento das potencialidades existentes na região, uma vez que haverá água para irrigar durante o ano inteiro”.

Segundo aquele responsável, os agricultores têm apostado fortemen-te no cultivo da cana sacarina para a produção de grogue e mel, enquanto que o cultivo de hortaliças, com re-curso à rega gota-a-gota, tem sido em pouca escala.

Contudo, Salvador da Cruz acredi-ta que, com a formação que a au-tarquia vem promovendo junto dos agricultores, estes vão ficar sensibi-lizados para uma melhor gestão da água e para a utilização do sistema de rega gota-a-gota e, igualmente, para a diversificação das culturas.

Mudança do perfil dos agricultores De acordo com Salvador da Cruz, os sinais de mudança são mais evi-dentes nos agricultores mais jovens que, em vez de apostarem no culti-vo da cana sacarina, estão a investir noutras culturas como, por exemplo, a bananeira e papaieira de espécies melhoradas que lhes permitem fa-zer duas ou três colheitas por ano. “Isso é importante para a inovação da agricultora no concelho”, afirma.

No que diz respeito à produção de grogue, aquele responsável real-çou que a Câmara Municipal está a trabalhar em estreita parceria com a Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) para que esse produto tenha cada vez mais quali-dade.

Apoio aos agricultores Salvador da Cruz garante que a Câ-mara Municipal tem estado a dar uma especial atenção à agricultura e aponta como exemplo de valori-

zação desse sector, a profissionali-zação do pelouro da Economia, De-senvolvimento Rural e Fiscalização.

“Tivemos vários encontros com os agricultores onde expuseram as suas necessidades e, nesse âmbito, já os apoiamos com tubagens para rega”.

Projectos em carteira Aquele responsável adianta ainda que a edilidade está à procura de financiamentos para outros projec-tos, designadamente para reabilitar alguns reservatórios de água para rega que se encontram degradados.

“Vamos electrificar alguns furos com energias renováveis e os respectivos projectos estão prestes a serem finan-ciados. Na localidade de Flamengos, por exemplo, já está concluída a insta-lação do painel solar, cuja gestão vai ser entregue à associação Agro-Fla-mengos. Também já temos luz verde para levar energia convencional à localidade de Canto Grande para ali-mentar os geradores do furo local”.

Tudo isso, acredita Salvador da Cruz, “vai implicar directamente na redução do custo da água para rega. Consequentemente, os agricultores vão aumentar as áreas de cultivo e terão mais rendimentos. Com isso, também vamos entrar na próxima fase que é a transformação dos pro-dutos agrícolas cultivados no conce-lho”.

São Miguel é um dos concelhos do interior da ilha de Santiago com fortes potencialidades agrícolas, sobretudo nas bacias hidrográficas de Principal, Ribereta e Flamengos. A agricultura e a pecuária são fontes de rendimento de centenas de pessoas que, de sol a sol, labutam para garantirem o sustento das suas famílias e abastecer o país com produtos frescos e de qualidade.

Sector agrícola maisorganizado e promissor

AGRICULTURA

29São Miguel | Nº1 | Maio 2017

PECUÁRIA

São Miguel é um concelho com forte po-tencial no domínio da agro-pecuária, já que dispõe de condições especiais de pastagem e de largas áreas de agricultu-ra de regadio e sequeiro. As comunida-des rurais, desde sempre, apostaram na criação de animais como fonte de rendi-mento.

Mariana Gomes, 58 anos, residente na localidade de Espinho, há muito que vem apostando na criação de vacas, carneiros, cabras, patos, galinhas e porcos. Conta que consegui comprar o primeiro animal com receitas obtidas da venda de pasto.

“Com a crise de pasto, registada em finais da década de 90, vendi cada feixe por mil escudos. Com o dinheiro arre-cadado comprei uma bezerra normal. Em 2006, consegui um apoio da FAO com porcos de raça melhorada e, com o passar do tempo, comecei a vender um leitão por cinco mil escudos. Juntei

o dinheiro e vendi a vaca que tinha para comprar uma outra de raça melhorada”.

Conforme Mariana, graças à criação de animais, conseguiu construir casa própria, educar os seus cinco filhos e, ainda, apoiar um deles a emigrar para Portugal. Por isso, Mariana aconselha os jovens no concelho a apostarem na criação de animais, uma vez que é um sector rentável.

Pretende aumentar a criação dos ani-mais, mas confessa que para isso pre-cisa de apoios para melhorar as condi-ções do curral que construiu em meados de 2016, para evitar que os animais se misturem uns com os outros. “Quero ter os meus animais em bom estado para poder ter melhor rendimento”, afirma.

Associação na comunidadeEm meados de Julho de 2016, a As-sociação Ago-Espinho Branco, de que Mariana é presidente, assinou um con-trato com o Programa de Promoção das Oportunidades Sócio-Económicas Rurais (POSER). E, desde então, a comunidade beneficia de um projecto cujo objectivo é ajudar as famílias a de-senvolverem actividades geradoras de rendimentos.

“Assinámos o contrato com a Comis-são Regionais de Parceiros (CRP), em Julho de 2016, para a construção de 12 pocilgas, beneficiando seis famílias

com sete leitões de raça melhorada cada e entregámos a obra em Dezem-bro. Na segunda fase estamos a apoiar com alimentação e medicamentos.

Transformação de carneFace ao aumento de número de porcos de raça melhorada no concelho, Maria-na afirma que ela e os seus colegas já estão a pensar em montar uma charcu-taria para a transformação de carne.

Também pensam aumentar a criação de espécies de bovino e caprinos para no futuro produzirem queijos. A insta-lação de uma moagem de milho no concelho para a produção de rações, é uma outra ambição dos criadores de gado no concelho de São Miguel.

ParceriasMariana reconhece que a Câmara Mu-nicipal de São Miguel e o Ministério da Agricultura têm sido bons parceiros. “Sempre que solicitamos apoios a es-sas entidades, elas procuram responder atempadamente. Recentemente, a Câ-mara ofereceu-nos 150 metros de tubos para que as famílias que residem afasta-das das estradas possam colocar água nos seus reservatórios através de auto-tanques. Essa água, não só serve para os animais como também para o consu-mo familiar, uma vez que temos proble-mas de abastecimento de água na co-munidade de Espinho Branco”, conclui.

A agropecuária possui um grande peso na economia fa-miliar de São Miguel, particular-mente nas comunidades rurais. Esse sector que durante déca-das foi de subsistência, agora começou a ter um novo impul-so com a introdução de raças melhoradas. Aliado a isso, já se pensa na sua empresarial-ização, através da produção de queijos e enchidos de carne.

Pecuária ganha novo impulso com espécies de raças melhoradas

30 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

Fernando Jorge Gomes é um ex-emi-grante em Portugal que, em 1993, re-gressou a Cabo Verde para apostar na agricultura na sua parcela agrícola de 2,5 hectares, situada na bacia hidro-gráfica de Ribereta no concelho de São Miguel. Diz-se um apaixonado por esta actividade mas considera que o sector continua a ser um parente pobre em Cabo Verde.

“Agricultura em Cabo Verde ainda não é rentável porque os sucessivos gover-nos e as autoridades municipais não têm estado a dar a devida atenção a esta actividade que emprega boa parte das famílias cabo-verdianas, sobretudo no interior da ilha de Santiago”, afirma.

A falta de assistência técnica e forma-ção junto dos agricultores, a escassez de água para rega, bem como a difi-culdade de escoamento dos produtos agrícolas para as ilhas turísticas ou com menos vocação agrícola, são aponta-das por este cidadão como alguns dos principais entraves ao desenvolvimento da agricultura em São Miguel.

Fernando conta que, desde que co-meçou a praticar agricultura, já expe-rimentou vários tipos de cultivo mas, lamenta que, actualmente, devido à falta de água, apenas 1,5 hectares en-contram-se cultivados, essencialmente com cana sacarina e banana biológica.

“Essas espécies são mais sustentáveis e garantem a produção durante o ano todo, mesmo com pouca água”, explica,

avançando que a banana produzida é adquirida pelas rabidantes que vão ven-der nos mercados da ilha de Santiago.

Já em relação à cana sacarina, uma par-te é utilizada na produção do grogue e a outra é vendida aos outros produtores de aguardente. Actualmente, Fernando emprega duas pessoas a tempo inteiro e cerca de oito em regime temporário.

Mais água para rega No que diz respeito à água para a rega, Fernando considera que o preço apli-cado é aceitável. Contudo, defende que as autoridades devem disponibi-lizar mais água para esse fim. Neste sentido, sugere que a Câmara de São Miguel deve produzir maior quantidade de água dessalinizada para abastecer a população da cidade e, deste modo, libertar a água dos furos da bacia de Ri-bereta para agricultura.

“Há três anos que a dessalinizadora está a funcionar uma vez por semana ou, seja, muito aquém da sua capacida-de instalada. Em contrapartida, os furos existentes na bacia hidrográfica estão a ser sobrecarregados. Por isso, que-remos que a Câmara produza e dispo-nibilize mais água dessalinizada para o consumo da população e deixe a água do subsolo para a agricultura”.

Capacitação dos agricultores Fernando Gomes considera que, em termos de capacidade de irrigação, a

agricultura em Ribereta já teve dias melhores, porquanto, há uns anos atrás, cerca de 90 % da bacia foi be-neficiada com o sistema de rega gota--a-gota, no quadro de uma geminação entre a Câmara Municipal e a Áustria. Mas, conforme alertou, actualmente, a maior parte desse sistema deteriorou-se devido à falta de formação dos agri-cultores.

“Hoje, boa parte das parcelas são irri-gadas por alagamento, o que conso-me muita água. Isso deve ser revisto porque, caso contrário, a situação vai tornar-se insustentável”, avisa.

Delegação do MAA Para Fernando Gomes, a instalação de uma delegação do Ministério da Agri-cultura e Ambiente em São Miguel é um factor essencial para dar um novo alento à agricultura e criação de gado no concelho.

“Um concelho como São Miguel, que possui três bacias hidrográficas e é um dos maiores produtores de gado, so-bretudo bovino, não deve ficar depen-dente do município do Tarrafal que, por sinal, tem menos vocação agrícola que São Miguel. Por isso, exigimos que seja criada uma delegação do MAA na Ca-lheta para assegurar um melhor acom-panhamento técnico no combate às pragas e mais formação para os agri-cultores e criadores de gados ”, conclui Fernando Gomes.

Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos e que se traduziram no aumento da produtividade na agricultura, o Concelho de São Miguel tem pela frente o desafio de fazer com que esse sector seja mais próspero e rentável. Para o agricultor Fernando Jorge Gomes, a instalação de uma delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA), é uma medida que pode vir a dar um novo impulso em vários domínios, principalmente a nível da assistência técnica e formação dos agricultores, entre outros.

Agricultura à espera de melhores dias

AGRICULTURA

32 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ASSOCIATIVISMO

Segundo o vereador de Economia, Desenvolvimento Rural e Fiscaliza-ção, Salvador da Cruz, as potencia-lidades do sector pesqueiro em São Miguel não têm sido bem aproveita-das devido, entre outros factores, à desorganização da classe que, não obstante os impulsos da Câmara Mu-nicipal e outros parceiros, não tem conseguido alcançar os objectivos desejados.

“Com mais de vinte anos, e tendo sido reestruturada várias vezes, a as-sociação de pescadores e peixeiras de São Miguel, integrada por cerca de cem pescadores e cinquenta pei-

xeiras, ainda funciona com dificulda-des, a começar por uma assembleia que não se reúne regularmente, uma contabilidade deficitária e uma falta de visão em termos de inovação e criação de projectos”, revela o verea-dor.

Assim, para impulsionar o desenvol-vimento do sector, a Câmara Munici-pal já implementou vários projectos, não só ligados à construção de bo-tes e aquisição de instrumentos de navegação, mas também destinados à formação dos pescadores, quer a nível das técnicas de pesca, quer em termos de gestão e contabilidade.

Nesse âmbito, os pescadores já fo-ram apoiados com botes de boca aberta de pequena dimensão e também de boca fechada semi-in-dustriais, que podem navegar para todas as ilhas de Cabo Verde, muito embora, actualmente, há a lamentar o facto de os botes maiores encon-tram-se em terra, correndo o risco de se danificarem.

Ainda, no quadro do esforço visan-do erguer um sector pesqueiro for-te, unido e empenhado, a Câmara Municipal também ministrou forma-ções ligadas ao associativismo com o objectivo de ajudar os pescadores

Os pescadores e peixeiras de Calheta de São Miguel recebam em Setembro próximo a tão esperada Casa do Pescador, cujas obras já estão em andamento. O espaço visa consolidar a união da classe, elemento fundamental para a mudança de paradigmas no sector da pesca no concelho.

Vem aí a Casa do Pescador

33São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ASSOCIATIVISMO

a organizarem-se para que todos os órgãos da associação funcionem de-vidamente e garantir que cada mem-bro tenha a sua função definida na associação.

Casa do PescadorA Câmara Municipal prepara-se para entregar, em Setembro próximo, a tão esperada Casa do Pescador. Um espaço de interação, reunião e encontros periódicos entre os pes-cadores, a Câmara Municipal e as ONG’s parceiras.

“Já temos uma cooperação com a FAO-Portugal, através da qual faremos estudos sobre a nossa biodiversidade marinha, bem como formações técni-cas ligadas à pesca,” avança aquele responsável, justificando que, com estas acções, espera-se que os pes-cadores venham a melhorar, tanto em termos de capturas, como na criação de poupanças que possam servi-los nas épocas de baixa captura, designa-damente entre os meses de Dezem-bro e Março, altura em que não con-seguem pescar porque, geralmente, o mar encontra-se muito agitado.

Pesca de alto mar

O vereador avança que estão a ser criadas mais e melhores condições, para que, numa nova fase, a aposta seja na pesca de alto mar onde, em qualquer altura do ano, os pescado-res possam dedicar-se à faina com maior segurança.

“Falta aos pescadores de São Miguel o acesso às novas tecnologias de na-vegação, mas também as condições para se dedicarem à pesca semi-in-

dustrial, onde possam usar redes de alto mar, assim como outras tecnolo-gias que garantam o aumento da pro-dução e diversificação da qualidade do pescado sem pôr em causa o am-biente marinho e a sua segurança.

Aquele responsável não só destaca as potencialidades naturais para a pesca no concelho como também muitos pescadores que dominam a pesca, entre eles jovens com um bom nível de escolaridade que po-dem garantir a inovação do sector.

“Para já, temos uma linha de cerca de quinze quilómetros de extensão de área costeira que abrange toda a parte Este do concelho, desde o limite de Santa Cruz do lado Oeste, até o limite Norte que se alinha com Tarrafal, ou seja, Boca Ribeira. Tam-bém temos muitos pescadores que dominam esta actividade e pesca-dores jovens já com um bom nível de escolaridade o que já garante a inovação”, destaca, lamentando que a pesca em São Miguel tem sido quase que exclusivamente para o abastecimento no próprio município.

“Queremos mais, muito mais”, finali-za o vereador Salvador da Cruz.

Obras da futura Casa do Pescador

34 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ASSOCIATIVISMO

“Fidjus di Nhô São Pedro” é uma asso-ciação criada em São Miguel há quatro anos, sendo São Pedro o seu santo pa-droeiro. É liderada, há três meses, por Gracelindo Mendes Tavares, 32 anos, professor do Ensino Básico Integrado (EBI).

Integrada por cerca de 40 membros, a maioria mulheres, a associação tem realizado actividades essencialmente de cariz social. De acordo com o seu presidente, o financiamento tem sido o principal problema, porquanto os únicos rendimentos que têm sido con-seguidos resultam de acções desen-volvidas para angariar fundos, nomea-damente por ocasião da própria festa de São Pedro que acontece a 29 de Junho.

“Com o lucro, efectuamos pagamentos de propinas escolares, doamos mate-riais e uniformes aos filhos de pais ca-renciados. Atribuímos cestas básicas aos idosos e famílias com necessida-des”, realça Gracelindo Tavares.

No desporto, a associação realiza inter-câmbios com os demais grupos de São Miguel e de outros concelhos.

“Temos uma equipa de futebol femini-no tendo em conta que as meninas têm sido mais activas do que os rapazes. Participamos em todas as actividades desportivas em que somos convidados e, como a maioria dos nossos jovens não trabalha, é a própria associação que financia o transporte”, afirma.

Em termos religiosos, “Fidjus di Nhô São Pedro”, como o nome já diz, tem sempre a “missão” de praticar activi-dades religiosas e participar naquelas a que são convidados. Na época das festas de Nhô São Pedro, a associação está “totalmente engajada” junto da co-munidade.

“Graças a Deus, somos reconhecidos pelo nosso trabalho e estamos cons-tantemente a receber solicitações para participarmos em diversas rea-lizações. Recentemente, recebemos da Câmara Municipal materiais para a pintura da capela. Aliás, os nossos jovens estão sempre disponíveis para trabalharem voluntariamente em di-versos projectos, pelo que, também recentemente, foram mobilizados para a pintura da escola local”, revela o responsável.

Uma outra actividade já programa-da é uma viagem de intercâmbio às ilhas do Maio e Fogo. Esta iniciativa, que vai ser levada a cabo em parce-ria com a Câmara Municipal, conta já com uma grande adesão dos Jovens. “Já estamos com dificuldades em selecionar os interessados porque muita gente quer participar”, revela Gracelindo.

Problemas e potencialidadesOs maiores problemas que afectam os jovens de São Miguel, na ótica de Gra-celindo Tavares, é o consumo de bebi-das alcoólicas.

“O uso de drogas não é visível, mas o álcool é. Por isso, sempre andamos dia trás dia a fazer palestras e a dar reco-mendações. Estamos sempre a incen-tivá-los a não irem por esta via. Há jo-vens que não conseguem frequentar o ensino secundário porque os pais não têm condições, então estamos sempre por perto a dar incentivos, a pagar pro-pinas e uniformes, para poderem estar com o tempo ocupado”, diz.

Gracelindo acredita que uma das maio-res potencialidades dos jovens do Con-celho é o desporto, principalmente o futebol e o atletismo.

“Temos jovens com talento e empe-nhados, mas há sempre dificulda-des, nomeadamente a falta de bolas e equipamentos em relação às quais nem sempre temos condições para dar respostas. Uma pista de atletismo seria muito bom para São Miguel”, de-fende o presidente de “Fidjus di Nhô São Pedro”.

Na sua avaliação, São Miguel está no caminho certo e acredita que as coisas vão melhorando dia após dia, mas re-conhece que há vários desafios.

“Trabalhamos para o bem do conce-lho. Temos muitas pessoas com fracos recursos financeiros e que dependem basicamente da agricultura e da cria-ção de animais. Acredito que as coisas estão a melhorar e vamos todos lutar para que continuem a melhorar”, con-clui Gracelindo Tavares.

A associação “Fidjus di Nhô São Pedro”, criada há quatro anos, dedica-se essencialmente às vertentes social, desportiva e religiosa. Apesar dos problemas financeiros, esta agremiação vai apoiando jovens e famílias carenciadas de São Miguel. Os seus cerca de 40 membros já estão a preparar as festas de São Pedro, que se celebram a 29 de Junho.

“Fidjus di Nhô São Pedro” quer contribuir para o desenvolvimento de São Miguel

35São Miguel | Nº1 | Maio 2017

ASSOCIATIVISMO

Inicialmente, o Espaço Jovem de São Miguel começou a trabalhar directa-mente com jovens e associações ju-venis de todo o concelho, ministrando formação no teatro, música, dança e, também, para monitores que trabalham com as associações comunitárias.

Por outro lado, no âmbito de uma reestruturação levada a cabo, o centro já dispõe de uma sala de informática devidamente equipada.

“O espaço tem sido muito procurado pelos jovens para fazerem trabalhos de grupo, pesquisas e para passarem os seus tempos livres. Tenho notado que alguns jovens que passavam muito tem-po nas ruas sem nada para fazerem, hoje passam os seus dias praticamente no Espaço Jovem, fazendo pesquisas, jogando e vivendo um outro mundo. Lá eles livram-se de certos males nomea-damente do uso de bebidas alcoólicas, drogas e do vandalismo”, diz Evanildo Mendes, gestor do Espaço Jovem.

A ideia, segundo Evanildo Mendes, é transformar o Espaço Jovem num cen-tro cultural, onde os jovens possam fa-zer os seus ensaios, as suas activida-des ligadas à música, dança e qualquer outro tipo de manifestação cultural, es-tando a decorrer várias formações.

“A nível do teatro, está em curso a for-mação de um grupo de jovens de Fla-mengos que se encontra num pata-mar bastante elevado. Temos, em dias diferentes, agendado teatro de rua na Calheta com a participação de grupos teatrais de jovens. Posso dizer que es-tamos num bom caminho” garante.

Um espaço multifacetadoO Espaço Jovem faz parte do projecto “Melhoramento das condições de vida das gentes de São Miguel” apoiado pela cooperação luxemburguesa. A sua acção baseia-se mais na juventude e no trabalho directo com as associações juvenis. Nesse âmbito, foi concluída, em Março último, uma formação sobre as-sociativismo. Em Maio, iniciou-se uma formação na área de elaboração de projectos que será seguida de uma for-mação em contabilidade básica só para

membros das associações.

São Miguel em desenvolvimento

Evanildo Mendes, formado na área de instalação e manutenção de equi-pamentos informáticos e também na área do turismo, considera que São Miguel está a desenvolver-se mais porque, segundo argumenta, está-se a trabalhar em vários aspectos que não tinham sido explorados.

“Tem sido feito um trabalho directa-mente com a juventude. O desempre-go, que estava alastrado, começou a diminuir e, a nível da habitação, há fortes investimentos. Na agricultura temos uma barragem cuja construção está avançada e as pessoas já estão a investir nesta área. Temos melhores arruamentos, áreas verdes, praças, passeios, entre outros”, conclui.

O Espaço Jovem em Calheta de São Miguel, ganhou, no último ano, uma nova dinâmica e tem sido um centro onde os jovens discutem aspectos importantes e partilham várias manifestações culturais. O espaço oferece formação em música, dança, teatro e, ainda, aulas de informática para estudantes. É lá também que as diversas associações discutem o futuro de São Miguel.

Espaço jovem com nova dinâmica e a respirar cultura

36 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

CULTURA

No início deste ano, arrancaram ac-ções de formação em diferentes ver-tentes culturais, designadamente mú-sica, teatro, dança e pintura. Alguns resultados desse trabalho de base já foram apresentados em Abril último na Vª edição do Atlantic Music Expo (AME) 2017, na Cidade da Praia.

O formador para a área de teatro é Narciso Freire, da cidade de Asso-

mada, interior da ilha de Santiago. Austelino, também dessa cidade, é o responsável pela formação em dança. Por sua vez, Felisberto Varela, que já formou vários músicos de Tarrafal de Santiago, dá aulas de órgãos, guitarra e flauta a dez elementos.

De acordo com o vereador da cultu-ra, Natalino Tavares, estas formações que decorrem no Espaço Jovem em

Achada Portinho, têm a duração de seis meses, com frequência de seis horas por semana.

“O Espaço Jovem foi recentemente adquirido pela Câmara em parceria com associações do Luxemburgo, que também financiaram essas ac-ções de formação porque todos nós sabemos que constituem uma mais-valia para São Miguel, principalmente

A Câmara Municipal de São Miguel (CMSM) está a promover acções, entre elas a formação de líderes, artistas e agentes culturais, no sentido de contribuir para que a cultura se transforme numa actividade económica geradora de rendimentos. A ideia passa por dotar os grupos culturais existentes no concelho de uma visão empresarial de modo a verem as suas actividades como oportunidades de negócios e não apenas uma mera forma de lazer.

Transformar a cultura numa actividade geradora de rendimento económico

37São Miguel | Nº1 | Maio 2017

para os jovens. Os formandos são, na sua maioria, jovens na faixa etária de 17 a 23 anos”, explica o vereador, recordando que, por ocasião do Dia Internacional do Teatro (27 de Março), os formandos fizeram uma demons-tração de teatro de rua sobre o que estão a aprender.

“As pessoas ficaram espantadas por-que não tinham conhecimento dos actores e actrizes do concelho”, nota Natalino Tavares.

Diversidade culturalNeste momento, o hip hop é um dos estilos modernos que os jovens mais preferem e, São Miguel, não foge à regra. Contudo, há no concelho um grande número de jovens interessa-dos na música tradicional, principal-mente o ‘Finason’ e ‘batuku’.

Por outro lado, neste momento, revela o vereador da cultura, treze grupos de batucadeiras do município juntaram-se para a gravação de um CD/DVD que se vai intitular de “Batuku São Miguel.”

“Os trabalhos de gravação estão numa fase avançada e o lançamento está previsto para o mês de Agosto.

Já temos as músicas identificadas e podemos dizer que 20% do trabalho está concluído. Os integrantes des-ses grupos têm uma idade média de 24 anos. Isso é para provar que todas as pessoas estão interessadas na cultura. Com isso, a Câmara preten-de incentivar, dar oportunidades e fa-zer com que o batuku retome o ritmo, para que não se perca no meio da evolução”, justifica.

O festival de música que tem lugar por ocasião de Nossa Senhora do So-corro, 15 de Agosto, inicialmente era

dedicado ao batuku e funaná mas, ao longo dos anos, tornou-se diver-sificado. O Dia do Município é 29 de Setembro e o festival de música terá lugar nos dias antes, ou seja, 24 e 25, sendo que, este ano, o funaná e batuku estrão em destaque.

“No ano passado já tínhamos apos-tado nessas duas vertentes e vamos dar continuidade nesta edição. Que-remos que os jovens de São Miguel conheçam a nossa tradição”, admite Natalino Tavares.

Festas do município 2017No ano passado, doze grupos locais participaram no festival de música e, nesta edição, garante Natalino Tava-res, não vai ser diferente.

“É uma oportunidade e um direito que os artistas locais têm. A Câmara pre-tende abraçar várias vertentes cultu-rais, nomeadamente música, teatro, dança, poesia, concursos de vozes e miss São Miguel, cujas actividades já estão agendadas”, diz.

As festas do município são aguarda-das com expectativa por milhares de pessoas de toda a ilha de Santiago que se deslocam à Calheta bem como pelos emigrantes que não querem per-der nenhum actividade do certame.

CULTURA

38 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

32 quartos simples e 5 suites com casa de banho privativo, TV, telefone, sala de conferência e espaços privativos para tratar de negócios e não só.

SERVIÇOS – casamentos, batizados, aniversário entre outros eventos num espaço acolhedor e clima familiar.RESTAURANTE & BAR – Pratos tradicionais, Pratos internacionais, Pratos de casa.

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Calheta São Miguel, Santiago – Cabo Verde

EDUCAÇÃO Monitoras infantis na agenda da Câmara

Quarenta e duas monitoras dos jardins infantis de São Miguel, tiveram, recentemente, uma conversa aberta com o Edil Herménio “Meno” Fernandes e o Vereador da Educação, Família e Inclusão Social, Francisco Cabral.

O “propósito maior” foi ouvir as preocupações dessas educa-doras de infância, bem como as suas reivindicações e expecta-tivas, com vista à melhoria das condições da Educação Pré-Es-colar no Município.

Na ocasião, as monitoras apre-sentaram as dificuldades que vêm enfrentando no dia-a-dia, com destaque para “as inadequadas condições” do espaço físico, es-cassez de materiais didácticos, e, sobretudo, o baixo salário.

Em resposta, o Presidente da Câ-mara Municipal garantiu-lhes que a edilidade “já está a par e a tra-balhar no sentido de resolver” es-ses constrangimentos.

“Já começámos as intervenções de melhorias nos jardins infantis do Concelho. Paralelamente, es-tamos em negociações com o Go-verno, para resolvermos a situa-

ção salarial”, anunciou Herménio Fernandes, concluindo que, “a perspectiva é, já em 2018, ter-mos todas essas situações resol-vidas”.

Jardim Infantil de Veneza contemplada com obras de reabilitação

Jardim Infantil de Ponta Verde está a ser reabilitada Obras de reabilitação do Jardim Infantil de Principal

Educadoras

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Calheta São Miguel, Santiago – Cabo Verde

EDUCAÇÃO

Com pouco mais de cinco mil alu-nos, distribuídos entre o ensino pré--escolar, básico e secundário, São Miguel é, hoje, um dos municípios com melhores indicadores a nível nacional.

“O ensino está de boa saúde, a tendência é para melhorar e perspectivamos que, no final do ano, vamos subir ainda mais na tabela de classificação do índice educati-vo no país”, afirma Tavares.

Dotado de professores “comprometidos” e pais cada vez mais participativos, São Miguel aposta na “educação de par”, um mecanismo moderno cujos efeitos já se fazem sentir.

Mesmo com uma avaliação acima da mé-dia nacional, persiste, contudo, a preocupa-ção com o segundo ano de escolaridade, cuja taxa de reprovação é sempre a maior.

Estudar o fenómenoPor não ser um mal exclusivo de São Miguel, já que o fenómeno é nacional, Tavares en-

tende que se deve fazer um estudo científico para se apurar o porquê de isto acontecer.

O município possui 25 jardins infantis, 18 escolas do Ensino Básico Integrado, dos quais 11 polos educativos e três escolas do ensino secundário, duas públicas e uma pri-vada, distribuídos por todas as localidades.

O número de professores ronda os 330, dos quais noventa e oito por cento (%) com for-mação académica para exercer o magistério. Os outros dois por cento estão em formação, pelo que, num futuro próximo, terá cem por cento de docentes com formação específica.

Educação com resultados acima da média nacionalCom um ensino de “boa saúde”, São Miguel possui um dos maiores índices de aproveitamento no sector da Educação. A garantia é do Delegado Austelino Tavares, que assegura que o nível de instrução no concelho está “muito acima da média nacional.

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40 São Miguel | Nº1 | Maio 2017

SOCIAL

“Valorizar São Miguel” e “Lar Jovem” são os dois programas que, há apro-ximadamente seis meses, têm propor-cionado às famílias e aos jovens, em particular, melhores condições de ha-bitabilidade. Várias já foram as famílias contempladas com intervenções que vão desde a reabilitação de casas à construção de moradias de raiz.

“Neste momento, estamos com treze habitações a serem reabilitadas entre as localidades de Ribeira Principal, Achada Bolanha, Espinho Branco, Ponta Verde, Pilão Cão e Flamengos. A par dessas reabilitações, temos, ainda em anda-mento, a construção de casas de banho para pessoas deficientes e idosas”, re-vela o vereador para a Educação, Famí-lia e Inclusão Social, Francisco Cabral.

E, relativamente ao programa “Valorizar São Miguel”, explica o vereador, o ob-jectivo visa não só valorizar mas tam-bém combater as desigualdades so-ciais, tanto no centro da cidade, como nas localidades mais distantes.

O público-alvo abrange “pessoas vulne-ráveis, deficientes, idosos e, sobretudo, famílias que contenham crianças”.

FuncionamentoConforme Cabral, a CMSM dispõe de uma equipa social que diária ou sema-nalmente, vai às comunidades fazer o levantamento social que depois é discu-tido internamente. Também, há casos em que as próprias famílias procuram a autarquia a solicitar pedidos. Posto isso, a edilidade faz a avaliação das

situações e, conforme a gravidade dos casos, vai contemplando os beneficiá-rios.

O mesmo procedimento é válido para o programa “Lar jovem”, mas, neste caso, é preciso que o jovem, mais do que necessidade, mostre a vontade de construir.

“Inicialmente, começámos por apoiar, pontualmente, os jovens com materiais, mas também com transporte e, em cer-tos casos, com mão de obra”, diz.

Devido aos sérios problemas no sec-tor da habitação social no concelho, os programas, afirma o vereador, têm tido uma grande adesão por parte da popu-lação que, por sua vez, mostra-se bas-tante satisfeita.

“As primeiras casas já foram entregues e agora caminhamos para a segunda fase que arranca em pouco tempo”, assegura o vereador, explicando que o orçamento de cerca de quinze milhões de escudos é financiado pela Câmara Municipal e seus parceiros.

EmpregoO emprego no Concelho vem melho-rando substancialmente graças, em parte, às obras que a Câmara Municipal vem levando a cabo.

“A construção civil e a agricultura são as áreas de maior empregabilidade. As in-tervenções sociais, a remodelação dos jardins infantis e as obras municipais tem garantido emprego a um grande

número de pessoas”, realça o vereador, considerando que o problema ainda se coloca em relação ao emprego qualifi-cado, cuja criação já não é da compe-tência da Câmara Municipal.

“Em termos gerais, São Miguel está numa boa posição em relação à média nacional”, garante o vereador.

Combate à pobrezaNo que diz respeito aos programas de combate à pobreza, a aposta, segundo Tavares, passa pelo investimento nas pessoas e na sua formação.

“Apoiamos e seguimos os jovens, tanto a nível interno como externo, disponibi-lizando bolsas de estudo para forma-ção profissional e outras. A nível das universidades, também damos apoios pontuais e encaminhamos os jovens para instituições vocacionados para o apoio ao ensino superior”, revela o ve-reador que garante, para concluir: “Isso também é uma forma de combater a pobreza”.

Desde a sua tomada de posse, a autarquia de São Miguel elegeu a habitação social como uma das prioridades que tem vindo a concretizar através de programas direccionadas às famílias e aos jovens. Os resultados já se fazem sentir com a entrega das primeiras moradias em finais de Abril.

Programas de habitação social combatem desigualdades

41São Miguel | Nº1 | Maio 2017

PERFIL

Poucos são aqueles que conhecem Felisberto Carvalho, mas basta pro-curar por “Beto mi-mercado”, que a história passa logo a ser outra. Não apenas na Calheta de São Miguel, mas em toda a ilha de Santiago e fora dela, ainda que muitos nunca o tenham visto pessoalmente. É que “Beto mini-mercado” é o maior empre-sário daquele concelho do interior de Santiago.

Nascido na Calheta de São Miguel, Felisberto Carvalho cedo deixou o país em busca de melhores condi-ções de vida. Aos 17 anos, partiu de Cabo Verde, sozinho, rumo a Portu-gal, onde permaneceu por um ano até mudar-se para França. Aos 34 anos, em 1999, empresário feito, regressou a Cabo Verde com a missão de ex-plorar as oportunidades que o país e Calheta de São Miguel, em particular, ofereciam.

Em França, como conta, começou a trabalhar com maquinaria, depois descobriu que, afinal, gostava de obras e, por fim, deixou esse sector e abraçou a vida comercial. “Nesta, a primeira coisa que fiz foi comprar um talho, e é graças a ele que hoje sou o que sou”, conta.

Mesmo assim, quando tudo parecia definido, Beto mini-mercado decidiu largar tudo para recomeçar a vida em

Cabo Verde. “Um louco! Foi assim que os meus amigos me chamaram, quando souberam da minha decisão”, revela.

Na verdade, enquanto preparava o re-gresso ao arquipélago natal, Beto mi-ni-mercado tratou de montar primeiro uma frota de três táxis que, no primeiro momento, foi o que lhe assegurou as bases para a nova vida. Mal chegou à Calheta, tratou logo de construir o que viria a ser o seu pseudónimo, tornando--o conhecido dentro e fora de Santiago – o mini-mercado.

Hoje, Felisberto Carvalho diz “sentir o negócio” e, sem medo, vai alargando os investimentos, nomeadamente, na cidade da Praia e em São Miguel, mas também nas ilhas do Sal e da Boa Vis-ta. “Em Santiago, tenho uma empresa de materiais de construção, sou distri-buidor da CAVIBEL e da Cimpor; no Sal e na Boa Vista sou o representante da Shell”, revela.

Recentemente, no mês de Maio, Beto mini-mercado estabeleceu uma nova parceria, desta feita com a Pão Quen-te, que abriu o seu primeiro estabe-lecimento em São Miguel, no espaço de um centro comercial que Beto mi-ni-mercado tem a caminho. Um em-preendimento que, garante o nosso entrevistado, será concluído ainda em 2017.

“Aqui, além da Pão Quente, haverá “um armazém de dois mil metros quadrados para colocação de materiais de constru-ção para venda, um espaço para insta-lação de um supermercado, um espaço previsto para a CVMóvel instalar uma loja, e um outro espaço ainda aberto”.

No momento, Felisberto Carvalho em-prega mais de quarenta cidadãos da ilha de Santiago, número que quase vai dobrar com a abertura da Pão Quente, já que prevê empregar cerca de trinta e cinco efectivos na Calheta de São Mi-guel.

Empresário conceituado, Beto mini-mercado diz não haver um segredo para o sucesso, mas garante que há formas ou pontos fortes que nenhum homem de negócios pode fugir ou ne-gligenciar: a seriedade e a honestidade. “Se não se é sério, se as pessoas não confiam em nós, o negócio não vai para frente”, conclui.

Felisberto Carvalho, 51 anos, pode ser considerado o maior investidor dos últimos vinte anos na Calheta de São Miguel. “Beto mini-mercado”, como é conhecido, é um respeitado empresário da região, empregando várias pessoas. Este ex-emigrante, que trocou a Europa por Cabo Verde, no auge do sucesso, afirma que “sente o negócio”.

“Eu sinto o negócio”

Felisberto Carvalho, maior investidor em São Miguel

Empreendimento do empresário Beto Carvalho

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DESPORTO

A Câmara Municipal de São Miguel (CMSM) está empenhada em “educar e profissionalizar tudo”, isto é, afastar o amadorismo na abordagem das diver-sas actividades realizadas no Conce-lho. Para isso, pensou-se também em profissionalizar o desporto, iniciando neste ano um programa de formação para treinadores, árbitros e monitores em várias modalidades.

O vereador da Cultura, Juventude e Desporto da CMSM, Natalino Tavares, considera que é através da formação que se cria oportunidades aos atletas e dirigentes com qualidades para tra-balhar.

“Já demos formação a monitores e ár-bitros de andebol, nomeadamente na zona de Flamengos, onde temos uma escola de andebol. Temos outra em Achada Bolanha e uma terceira que fica no centro”, precisou.

A nível das infra-estruturas, as aten-ções estiveram viradas para as zonas do município que não tinham placas desportivas.

“Começamos a inaugurar, este ano, placas em zonas que não tinham essa infra-estrutura como é o caso de Pedra Barro. É uma forma de garantir igual-dade de oportunidade a todas as loca-lidades”, assegura o responsável pelo pelouro do Desporto.

São Miguel já se afirmou no atletismo a nível nacional, sendo, neste momento, o detentor do título de 100 metros sénior feminino, com a atleta Eveline Sanches. Dos treze títulos conseguidos pela re-gião Santiago Norte no campeonato de atletismo realizado no Sal, no início de Abril último, dez foram para os atletas de São Miguel, através da Escola de Atle-tismo JAK (Jovens Atletas de Kadjeta).

Dadas as potencialidade deste conce-lho no atletismo, Natalino Tavares revela que o maior projecto da edilidade a ní-vel do desporto é a construção de uma pista de atletismo no campo de Mangui-nho.

“Queremos construir uma pista com uma base uniforme que permita uma prática adequada e com facilidade. No último campeonato na ilha do Sal, trouxemos medalha em lançamento de peso, salto em comprimento e nas cor-ridas de velocidade e resistência. Em todas essas modalidades tivemos cam-peões. Por isso, é uma razão forte para construirmos um espaço próprio para a prática destas modalidades no conce-lho”, diz o vereador.

Diversificação de activida-des desportivasA diversificação das actividades des-portivas e a promoção da prática de exercício físico em todas as faixas etá-

rias tem estado na linha de frente das preocupações da edilidade. Através do Pelouro da Juventude, Cultura e Des-porto, vem implementando programas que visam a criação de oportunidades e de atractividades nesses domínios.

“Também já iniciámos a formação de árbitros e monitores de futsal que é uma modalidade que se prática em Cabo Verde mas não se respeita a sua regra, ou seja, joga-se futebol de salão mas não com as regras do futsal. Neste momento, entendemos que devemos formar pessoas nesta modalidade”, nota Natalino Tavares.

A CMSM assinou, recentemente, um protocolo de parceria com a RANK CV para a realização do projecto “Torneio

O atletismo é das maiores potencialidades do concelho de São Miguel. Por isso, a construção de um espaço apropriado para a prática desta modalidade é um dos principais desafios da Câmara Municipal. Dos treze títulos conseguidos pela região Santiago Norte no campeonato na ilha do Sal, dez foram para os atletas de São Miguel através da Escola de Atletismo Jovens Atletas de Kadjeta (JAK). A edilidade micaelense tem apostado na formação como forma de profissionalizar o desporto no Concelho.

Construção da pista de atletismo é um dos principais desafios

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DESPORTOIntermunicipal de Street Basket 3x3” no município. Esse torneio vai arrancar bre-vemente e conta com a parceria institu-cional da Direção Geral do Desporto e da Green Sports enquanto canal oficial.

Por sua vez, a ginástica aeróbica vem fazendo sucesso, principalmente no seio feminino, sendo a actividade eleita para o exercício matutino. Tanto o futebol como o atletismo continuam registando uma boa dinâmica.

O vereador do desporto destaca ainda que, este ano, foi resgatada a prática do andebol que vem-se estendendo a todas as localidades. O basquetebol ca-minha na mesma senda com um núme-ro significativo de praticantes e, por isso mesmo, a CMSM abraçou o projecto do torneio de ‘street basket’ para incentivar cada vez mais a prática desta modali-dade e criar oportunidade para os atle-tas se projectarem noutros patamares.

Com o intuito de diversificar e garantir que todos encontrem o seu espaço e possam descobrir os seus talentos, a CMSM já promoveu formação em artes marciais e apoiou iniciativas dos jovens para a prática do voleibol e râguebi.

Mil contos em incentivosA CMSM disponibilizou, este ano, cer-ca de mil contos às equipas do Con-celho, visando incentivá-las nas suas actividades. A edilidade também concede apoios financeiros, ma-teriais, desportivos e em trans-porte para a deslocação das equipas aos diversos pontos da ilha com o objectivo de participa-rem em actividades desportivas. Este ano, São Miguel teve cinco equipas federadas no campeo-nato de futebol em Santiago Norte, sendo três na primeira divisão e duas no segundo es-calão.

“Cada equipa da primeira divisão rece-beu 150 mil escudos e as da segunda 100 contos cada. Quatro equipas de an-debol receberam 100 mil escudos para participarem no campeonato da moda-lidade. A equipa de atletismo, que, em Abril último, participou no campeonato nacional, recebeu 120 mil escudos. Ainda, apoiamos com 100 mil escudos uma equipa de basquetebol que parti-cipa no campeonato”, conclui Natalino Tavares.

Com apenas 20 anos, Eveline San-ches, natural de Cutelo Miranda, São Miguel, já começa a ser uma das referências do atletismo cabo-verdia-no. Sempre gostou de futebol mas, logo que a escola de atletismo em Calheta de São Miguel abriu portas, resolveu ingressar no atletismo por incentivo da mãe.

“Comecei nas corridas de resis-tência, mas quase não ganhava nada, até que tive a oportunidade de participar numa corrida de velocidade na Cidade da Praia, na qual fiquei em primeiro lugar nos 200 metros. De seguida, fui correr pela primeira vez na ilha do Sal e consegui ficar em terceiro lugar”, conta.

A partir daí, Eveline foi treinando na categoria de velocidade e, em 2014, conseguiu o segundo lugar nos 100 e 200 metros no campeo-nato nacional no Sal.

“Continuei treinando com mais em-penho até que em 2015 fui campeã nacional, pela primeira vez, nos 100 e 200 metros. No ano passado, voltei a ser campeã nacional nos 100 metros e vice-campeã nos 200 metros”, congratula-se.

Já em Março deste ano, esta jovem atleta teve a sua primeira experiên-cia internacional ao participar nos jogos africanos da África do Sul onde conquistou o quinto lugar nos 200 metros.

“Estava excitada, com medo e a tremer. Depois relaxei e consegui fazer boa corrida. É uma forma de ganhar experiência. Vou mais forte para a próxima competição. Continuo treinando duro, apesar de em São Miguel não termos muitas condições de treino. Já estou a pensar nos jogos da francofonia que deverão ter lugar em Julho pró-ximo e espero conseguir participar”, adianta.

No campeonato nacional realizado na ilha do Sal no início de Abril deste ano, Eveline voltou a ser campeã nos 100 metros. A velocista reconhece que foi “um pouco duro” porque uma semana antes tinha regressado da África do Sul e estava cansada. “Po-deria até ter ganho nos 200 metros mas fiquei em segundo lugar”.

O maior sonho de Eveline Sanches é representar Cabo Verde nos Jogos Olímpicos.

Eveline Sanches, a velocista campeã nacional de 100 metros

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BARÓMETRO

Jailson Ribeiro, 24 anos, licenciando São Miguel está num bom patamar uma vez que, sendo um município jovem, pelos passos dados e ganhos atingidos, a avaliação não podia ser outra, senão positiva. Por ter vivido o momento de transição do PAICV para o MpD, o município já viveu realidades diferentes em termos do Governo central. Nos últimos tempos, São Miguel deu passos extraordinários com a nova equipa camarária e, por isso, é preciso que nos juntemos de forma engajada e forte para que continue no mesmo ritmo.

Silvino Moreno, 53 anos, carpinteiroEm comparação com antigamente, Calheta conheceu um grande desenvolvimento mas, ainda assim, precisa de mais. Um dos principais problemas que temos é o desemprego jovem mas, por estarmos ainda no primeiro ano do mandato do actual Governo, acredito que as coisas poderão melhorar com o tempo. Entretanto, devo admitir que, neste primeiro ano, a equipa camarária investiu bem, se se comparar com a anterior equipa que perma-neceu por quinze anos. Entre o que já foi feito saltam à vista as obras de reabilitação de casas, um excelente programa desenvolvido por esta equipa.

Crispina Leal, 47 anos, negociante, BolanhaO concelho pode até estar a desenvolver-se, em termos gerais, mas Bolanha, em particu-lar, está parada. Precisamos de trabalho para que haja equilíbrio e para que a população local se mantenha em movimento. Não temos muitas queixas a fazer, pois, grosso modo, as coisas estão bem, só precisa melhorar a questão do emprego, nomeadamente para os jovem, pois com esse problema resolvido, os outros tornam-se menores.

Edna Tavares, 28 anos, doméstica, BolanhaNão há muito que dizer de Bolanha, pois é uma região que não tem muitos problemas, a não ser o desemprego que nos tem afligido a todos. Não nos queixamos muito, as pessoas vão-se virando como podem, mas ficaríamos deveras agradecidos se apostassem mais na criação de emprego nessa nossa região. Não obstante, temos uma equipa camarária presente, que sempre visita o local, além do que está à vista de todos, isto é, as várias construções erguias pela autarquia e a sua participação na vida da comunidade.

Como está São Miguel?

45São Miguel | Nº1 | Maio 2017

BARÓMETRO

Ana Isabel Sança, Estudante, VenezaSão Miguel não poderia estar melhor porque houve mudanças que são notáveis. Há uma evolução clara no que toca à limpeza das ruas, saneamento, requalificação urbana, arrua-mentos, entre outros. A mudança na gestão camarária foi boa para o concelho. O partido manteve-se, é certo, mas agora temos um presidente mais dinâmico, com espírito jovem, e sabe o que a população quer. O espaço jovem que abarca a parte social, foi reanimado e tem sido um centro de partilha de conhecimentos entre várias gerações. Se apostarem na agricultura, pesca e turismo, o desenvolvimento de São Miguel é certo.

Edzângela Fernandes, Funcionária T+, PizarraSão Miguel está num bom caminho e está diferente. Com o novo presidente, tudo mudou para melhor. As estradas e vias de acesso estão a ser reabilitadas, muitas casas foram reabilitadas e muitas pessoas estão a ser ajudadas. Este novo presidente trabalha muito e, com a sua liderança, várias pessoas foram empregadas. A cultura e o desporto estão a ganhar nova dinâmica. Espero que São Miguel fique mais desenvolvido e transforme numa verdadeira cidade.

Admilson Varela, Trabalhador, Galeão Antes, São Miguel não estava como agora, com este desenvolvimento notável. Muita coisa está a mudar. Não se fazia muita coisa, mas penso que todo o mundo está a notar as di-ferenças em termos de desenvolvimento. Muitas pessoas, principalmente jovens, que não tinham trabalho, estão empregadas nas várias obras que estão em andamento. A nossa placa desportiva estava velha mas já foi reabilitada.

Adriano Mendes, Carpinteiro, Monte TerraEm termos gerais, São Miguel está bem mas, a nível do trabalho e oportunidades de em-prego, é preciso fazer mais para gerar produção. O desemprego é um problema nacional e, como é óbvio, afecta o nosso concelho. Temos jovens sentados sem fazer nada. O Meno, nosso presidente, está empenhado em desenvolver São Miguel e isso é notório já no pri-meiro ano. Algumas vias públicas foram requalificadas mas é preciso o mesmo trabalho nas periferias.

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ETC. Um caderno plural, com

reportagens, artigos de fun-do, crónicas, numa aborda-gem sempre viva e actual.

A plural supplement with reports, feature articles, chronicles, always with a live-ly and timely approach.

DESAFIO Artigos sobre os des-

porto nas suas mais va-riadas modalidades e vertentes.

Articles on sports in va-rious forms and aspects.

B.I. A cultura tratada com

esmero que o leitor me-rece. Sem outro igual em Cabo Verde.

Culture treated with the care the reader deserves. No other equal in Cape Verde.

CIÊNCIA O único do género em

Cabo Verde, virado para a ciência e investigação.

The only of its kind in Cape Verde, focused on science and research.

Tel.: (+238) 262 86 77 [email protected] www.anacao.cv

JORNAL INDEPENDENTE

An independent and up-to-date newspaper, where nothing is taboo, with topics on politics, economy, culture, sports, opinion, among others. A journalism done with rigor, where the adversary principle is sacred. A news-paper, above all, with content.

Um jornal independente e actual, onde nada é tabu, com temas de política, economia, cultura, desporto, opinião, entre outros. Um jornalismo feito com rigor, onde o princípio do con-traditório é sagrado. Um jornal, acima de tudo, com conteúdo.

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Edição especial 5 de julho

Special edition July 5th

E5A Nação

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