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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA II
9ª AULA
O GOVERNO LULA
GOVERNOS ITAMAR, FERNANDO HENRIQUE E LULA (1993-2010)ANO PIB PIB PER
CAPITAINFLAÇÃO
(IPCA)EXPOR-TAÇÕES
IMPOR-TAÇÕES
SALDOBC
1994 6 4 916 44 33 111995 5 3 22 47 50 -31996 3 1 10 48 53 -51997 3 2 5 53 61 -81998 0 -1 2 51 58 -71999 1 -1 9 48 49 -12000 4 3 6 55 55 02001 1 0 8 58 56 22002 2 1 13 60 47 132003 1 0 9 73 48 152004 5 4 8 96 63 332005 3 1 6 118 74 442006 4 2 3 137 91 462007 5 4 4 160 120 402008 5 4 6 198 173 252009 0 -1 4 153 128 252010 7 6 6 202 182 20
ANTECEDENTES
. dúvida: um governo de esquerda manteria a austeridade fiscal?
. ninguém acreditava que isto fosse possível
. o candidato prometia políticas sociais de emergência no valor de 6% do
PIB, na tradicional retórica de ruptura com tudo isso que está aí
.mas Palocci transmitia em pequenos grupos selecionados a idéia de
1
que o PT tinha rompido com a idéia de ruptura
. e em meados de 2002 o candidato prometia a manutenção do
superávit primário e a garantia aos contratos
. mas instalou-se o pânico na 2ª metade de 2002
. risco-país (medido pelos C-Bonds) pulou de 700 pontos para mais de 2000
. taxa de câmbio explodiu
. 30 março 2002: R$ 2,32
. 30 setembro 2002 – R$ 3,89
. expectativa de inflação para 2002 elevou-se para 11% aa
. Bacen reagiu elevando Selic de 18 para 25%, mas foi inútil
. um conflito fundamental: qual a orientação básica da política econômica?
. desenvolvimentistas ou liberais?
. liberais escolhidos devido a
. necessidade de mostrar que radicalismo tinha acabado
. compromissos de campanha
. doações muito elevadas
. inflação em alta
2
1. O PREDOMÍNIO DOS LIBERAIS
Antonio PalocciHenrique Meirelles Marcos Lisboa
1.1. A PROPOSTA DOS LIBERAIS
. dominaram durante a gestão de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda
(2003-2005)
. Secretário de Política Econômica: Marcos Lisboa (FGV-RJ)
. para tranqüilizar os empresários
. concepção básica: crescimento econômico é pouco influenciado por fatores
de curto prazo
. o crescimento resulta de reformas estruturais pró-mercado,
reduzindo a influência do governo
. que deve adotar atitude minimalista
. pois falhas de governo são mais graves que falhas de mercado
. mercado livre permite remunerar cada fator de produção
segundo sua produtividade marginal
3
. política econômica adotada foi de forte contenção fiscal, para provocar,
no longo prazo:
. crescimento moderado do setor privado sem provocar escassez
. futura queda da taxa de juros
. diante do pequeno crescimento alcançado, proposta foi de acentuar a
dosagem do mesmo remédio: uma “contração fiscal expansionista”
. aumento do superávit primário, reduzindo gastos com
. transferências de renda
. salários do funcionalismo
. isto acabaria provocando no longo prazo:
. aumento do investimento privado, que mais que compensaria
a redução do gasto público
. redução das metas de inflação que geraria uma queda dos
juros reais
. esta visão se desgastou diante
. das baixas taxas de crescimento
. mas sobretudo do escândalo que derrubou o ministro Palocci
4
1.2. AS PRIMEIRAS MEDIDAS DE POLÍTICA ECONÔMICA
. para reconquistar a confiança da comunidade financeira a nova equipe achou necessário
aumentar o grau de austeridade
. como a dívida pública tinha aumentado muito em relação ao PIB resolveu-se elevar a meta
de superávit primário
. como a inflação tinha aumentado resolveu-se elevar fortemente a taxa de juros
. em 2 meses a Selic passou de 18% para 25% e depois para 26,5%
. só voltou a cair no segundo semestre de 2003
. a Selic real foi de 6% em 2002 e 13% em 2003
. anunciou metas para a inflação
. 2003 – 8,5% (observado 9,3%)
. 2004 – 5,5% (observado 7,6%)
. anunciou-se uma equipe conservadora – Meirelles manteve toda a diretoria de Armínio
no BACEN
. renovou-se acordo com FMI sem usar os recursos – só como garantia
. voltou-se a buscar mega-superávits comerciais
. saldo BC foi a 13 bi
. expectativas do mercado se tornaram favoráveis
. risco país despencou para 800 pontos
. e o dólar caiu abaixo de R$ 3
5
1.3. AS REFORMAS DE 2003
. mandou ao Congresso proposta de reforma tributária – que empacou
. mandou ao Congresso e aprovou uma reforma da Previdência Social com:
. taxação dos inativos
. redução de novas pensões
. idade mínima para aposentadoria (60 e 55 anos)
. possibilidade de criar fundos de pensão para complementar aposentadorias
6
1.4. A CRISE DO MENSALÃO (2005)
Marcos Valério José Dirceu
. descoberto esquema de corrupção comandado pelo ministro chefe da Casa Civil
. só foi julgado 7 anos depois
. mas condenou
. ministros
. deputados
. presidente do PT
. epmresários
. abalou credibilidade
. do governo
. do PT
. na mesma época descobriu-se esquema de tráfego de influência do grupo de Palocci
. que acabou derrubado
. substituição beneficiou desenvolvimentistas
. Mantega era da absoluta confiança de Lula
. conjuntura era favorável permitindo maior crescimento
. necessário para reeleição em 2006
. liberais eram um obstáculo eleitoral
7
. pelo lado do BACEN, para crescer acima de 3 a 4% aa só com o aprofundamento
da agenda reformista que reduza o risco Brasil e assim permita seu
financiamento a juros domésticos substancialmente mais baixos
. para outros setores: crescimento exagerado vai gerar escassez de infra-estrutura e
elevar inflação
1.5. DESEMPENHO DA ECONOMIA 2002-2006 (quase todo período liberal)
. crescimento do PIB duas vezes maior que no 2º FHC
. inflação caiu de 13% para 3% aa
. exportações cresceram 128%
. importações cresceram 94%
. apesar do câmbio apreciado o resultado externo foi excelente
. parcialmente contrabalançado pela apreciação do peso e do euro
. que tornaram mais competitivas as exportações brasileiras
. também favorecido por
. alta do preço das exportações
. maior penetração na China e recuperação dos negócios com Argentina
8
2. O PREDOMÍNIO DOS DESENVOLVIMENTISTAS
Guido Mantega Nelson Barbosa Henrique Meirelles
. dominaram durante a gestão de Guido Mantega no Ministério da Fazenda
(2005-2010)
. Secretário de Política Econômica: Nelson Barbosa (IE-UFRJ)
. Henrique Meirelles mantido no BACEN
. um liberal com quem se pode negociar
2.1. A PROPOSTA DOS DESENVOLVIMENTISTAS
. defesa de 3 linhas de atuação
. estímulo temporário monetário e fiscal para acelerar o crescimento
em 1% a 2% aa
. aumento nas transferências de renda e no salário mínimo
. aumento do investimento público e retomada do planejamento de
longo prazo
9
. acelerar o crescimento seria essencial para que empresas pudessem usufruir
de ganhos potenciais de produtividade, via:
. ganhos de escala, que proporcionam aumentos não inflacionários de
salários e lucros
. aumento do emprego formal, que aumenta a produtividade média
do trabalho
. elevação do investimento privado que gera modernização
. novos mercados para suprir o aumento da demanda
. elevação das expectativas de crescimento e da confiança
. este estímulo poderia ser ampliado pelo aumento
. das transferências – para combater a extrema pobreza
. do salário mínimo – para expandir a demanda agregada
. do planejamento de longo prazo e do investimento público – para
impedir a escassez na infra-estrutura
. sem gerar desequilíbrios fiscais, pois PIB e arrecadação aumentariam
também
. regra de ouro da política fiscal
. gasto corrente tem que ser financiado com receita corrente
. apenas investimento pode ser financiado por dívida
. conseqüência: preocupação se desloca do superávit primário global para o
superávit primário corrente (i.e., sem investimento)
10
. mudança no foco das agências reguladoras
. da defesa dos interesses dos investidores para defesa dos
consumidores
. e nova regra para privatizações: busca do menor preço final
2.2. A POLÍTICA ECONÔMICA DESENVOLVIMENTISTA (2005-2010)
. mudanças na política fiscal
. elevação do salário mínimo real
. 2003-2005: 11,7%
. 2006-2008: 24,7%
. reestruturação de carreiras e salários do funcionalismo público
. aumentos de salários para carreiras típicas de Estado
. aumento dos concursos para substituir terceirizados
. para fiscalização, segurança e educação
. gasto da União com pessoal foi de 4,3% do PIB para 4,5%
. superávit primário do governo federal
. 1999-2002: 1,9% do PIB
. 2003-2005: 2,5% do PIB
. 2006-2008 – 2.3% do PIB
. queda muito menor que o esperado pelos liberais
. amenizada pelo crescimento econômico
11
. queda da dívida líquida do setor público
. 2005: 48% do PIB
. 2008: 40,5%
. mercado de trabalho
. desemprego nas 6 regiões metropolitanas:
. 2006: 10,7%
. 2008: 6,8%
. expansão do crédito 2005-2008
. livre: dobrou
. direcionado
. habitacional
. 2006: R$ 34,5 bi
. 2008: R$ 59,7 bi
. agrícola
. 2005-6: R$ 53,5 bi
. 2008-9: R$ 78 bi
. opção fundamental: reduzir vulnerabilidade externa
. via acumulação de reservas
. 2005: US$ 55 bi
. 2008: US$ 207 bi
. foi fundamental para resistir à crise
12
. problemas no balanço de pagamentos
. apreciação cambial + crescimento = queda do saldo comercial
. 2005: US$ 44,7 bi
. 2008: 16,7 bi
. renda líquida enviada ao exterior:
. 2005: US$ 26 bi
. 2008: US$ 40,6 bi (principalmente lucros/dividendos)
. redução dos juros líquidos enviados ao exterior
. 2005: US$ 13,5 bi
. 2008: 7,2 bi
. contrabalançados pela entrada líquida de IDE e investimentos em
carteira
. apreciação cambial
. ajudou a manter inflação baixa
. facilitou expansão do investimento direto de brasileiros no exterior
. 2003-2005: US$ 12,6 bi
. 2006-2008: US$ 55,7
. elevação dos preços externos do petróleo teve pequeno impacto inflacionário
devido à redução da CIDE sobre o produto
. redução da SELIC para incentivar crescimento
. agosto 2005: 19,75%
. setembro 2007: 11,25%
13
. aumento do investimento público: o PAC
. aumento da FBCF
. 2005: 15,9% do PIB
. 2008: 19%
. resultante de aumentos
. das exportações
. dos investimentos do PAC
. só Petrobras: 1% do PIB
. desonerações tributárias para
. construção pesada
. computadores, semicondutores e TV digital
. perda da CPMF em 2007 injetou 1,7% do PIB na renda
disponível do setor privado
14
Eixos Valor(R$ bilhões)
% do total Crescimento2007-10 em relação
a 2002-05ENERGIA 274,8 54,5%
Petróleo e gás 179,0 35,5% 80,4%Energia elétrica – geração 65,9 13,1% 361,7%
Energia elétrica - transmissão 12,5 2,5% 109,9%Combustíveis renováveis 17,4 3,5%
SOCIAL E URBANA 170,8 33,4%Habitação 106,3 21,1% 215,4%
Saneamento 40,0 7,9% 145%Recursos hídricos 12,7 2,5%
Luz para todos 8,7 1,7%Metrôs 3,1 0,6%
LOGÍSTICA 58,3 11,6%Rodovias 33,4 6,6%
Marinha mercante 10,6 2,1%Ferrovias 7,9 1,6% 2,6%
Aeroportos 3,0 0,6%Portos 2,7 0,5%
Hidrovias e ferrovias 0,7 0,1%TOTAL 503,9 100%
. eixo energia:
. projetos de grande porte e grande prazo de maturação
. participação expressiva de empresas públicas federais
. Petrobrás, Eletrobrás e Furnas
. logo vai ser realizado sem obstáculos
. petróleo e gás: maior sucesso e maior desafio
. petróleo: mega-região de Tupi (Santos)
. gás: vulnerabilidade boliviana
. energia elétrica: precisa crescer antes do resto da economia
. aumento de 40% da capacidade de geração
15
. eixo social e urbano:
. habitação e saneamento têm elevado impacto sobre emprego, distribuição de
riqueza e qualidade de vida dos pobres
. habitação: déficit de 8 milhões de moradias (6 milhões para famílias com renda
inferior a 3 salários mínimos)
. problema maior: crédito habitacional de longo prazo (até 30 anos)
. % do crédito habitacional sobre o PIB
. Brasil: 1,7%
. Índia: 2,2%
. México: 9,0%
. Chile: 13,0%
. África do Sul: 20,3%
. Espanha: 45,9%
. EUA: 64,5%
. Holanda: 111,1%
. governo pretende triplicar esse volume de recursos para eliminar metade do
déficit (4 milhões de residências)
. recursos: FGTS e orçamento da União
. saneamento: é o de maior impacto sobre a qualidade de vida
. domicílios não ligados à rede de esgoto:
. BRASIL: 43%
. sudeste: 16%
. centro-oeste: 65%
. nordeste: 70%
. norte: 92%
. meta modesta: ligar à rede de esgoto mais 7% das residências
. 7,3 milhões de domicílios
. 25,4 milhões de pessoas
16
. eixo logística: melhorar o sistema de transportes
. dúvida: aeroportos
. PAC planejado no final de 2005 – crise aérea era subestimada
. possível necessidade de remanejamento
. ferrovias
. pequeno valor, correspondente às ferrovias públicas
. investimento privado em ferrovias foi substancial em 2002-2005:
. aumentaram 71%
. produção de vagões aumentou 2500% (de 294 para 7.500)
. frota de locomotivas aumentou 26%
. recursos para o PAC
. total R$ 504 bi
. 68 bi de recursos orçamentários
. Lula avisou que não vai permitir que programa seja
prejudicado por redução das metas de inflação
. 219 bi de estatais federais
. dos quais 179 bi da Petrobrás
. 217 bi do setor privado
. dos quais 100 bi financiados por bancos oficiais
. com o PAC o PT começou a governar
. sucesso do PAC = Dilma 2010
. mas nunca foi feito um balanço do PAC
17
2.3. A RESPOSTA KEYNESIANA À CRISE
. começou em setembro de 2008
. impactos iniciais
. contração do crédito doméstico, do consumo e do investimento
. redução do preço das commodities
. prejudicando exportadores
. prejuízo para empresas brasileiras que aplicavam em derivativos no
exterior
. ações do governo
. antes da crise
. ações emergenciais durante a crise
. ações estruturais que continuaram depois da crise
. ações antes da crise que atenuaram queda no nível de atividade
. aumento da proteção social via transferências para pobres
. 2002: 6,9% do PIB
. 2008: 8,6%
. 2009: 9,3%
. manutenção da política de aumento do salário mínimo
. 2009: 12% nominais
. aumento dos investimentos programados para o PAC em 2009
. União: 1% do PIB
. Petrobrás: 1,6% do PIB
. manutenção das desonerações tributárias
. aumentando renda disponível para empresas
. manutenção de reajustes e contratações do funcionalismo
. folha salarial
18
. 2008: 4,5% do PIB
. 2009: 4,86%
. ações emergenciais durante a crise: aumento da liquidez
. venda de parte das reservas para financiar exportações
. possível devido ao grande acúmulo de reservas
. compra de reais para atenuar desvalorização
. redução do compulsório bancário
. incentivo para grandes bancos comprarem de carteiras de bancos
menores
. operações dos bancos públicos – BNDES, BB e CEF
. oferecendo crédito de curto prazo a juros baixos
. expansão da oferta de crédito em 33%
. redução da SELIC
. setembro 2008: 13,75%
. julho 2009: 8,75% (taxa real de 5%)
. política fiscal: desoneração tributária temporária
. BCD, BK, veículos, móveis, alguns alimentos
. elevando produção e vendas
. extensão e aumento do valor do seguro-desemprego
. taxa de juros zero para compra de máquinas e equipamentos
. resultados fiscais
. aumento da dívida
. agosto de 2008: 40,5% do PIB
. novembro de 2009: 43%
. para não aumentar basta superávit de 1,5% do PIB
. menos do que o previsto
19
. ações estruturais
. revisão das alíquotas do IRPF
. injeta 0,2% do PIB na renda disponível da classe média baixa
. programa habitacional Minha Casa Minha Vida
. 1 milhão de residências em 3 anos
. 400 mil para pobres – prestações simbólicas
. 600 mil para famílias de baixa renda com baixas taxas
de juros reais positivas
. redução dos tributos indiretos sobre materiais para casas
populares
. linha de crédito para obras urbanas associadas a projetos
habitacionais
. crédito BNDES para modernas técnicas de construção
habitacional
. novo patamar de juros reais: entre 5 e 7% aa
. a recuperação foi rápida
. apenas 2 trimestres de queda do PIB
. crescimento de 7,55 em 2010
. Dilma eleita
20
3.3. DESEMPENHO DA ECONOMIA 2003-2010
ANO PIB PIB PER CAPITA
INFLAÇÃO (IPCA)
EXPOR-TAÇÕES
IMPOR-TAÇÕES
SALDOBC
2003 1 0 9 73 48 152004 5 4 8 96 63 332005 3 1 6 118 74 442006 4 2 3 137 91 462007 5 4 4 160 120 402008 5 4 6 198 173 252009 0 -1 4 153 128 252010 7 6 6 202 182 20
. export-led growth conduzido pelo aumento do preço das commodities
. crescimento das exportações
. 2002-2008: 330%
. 2202-2009: 255%
21
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 20090
20406080
100120140160180
Preços das commodities 1990-2009
3.4. MELHORIAS NO CAMPO SOCIAL
3.4.1. MELHORA A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
1960 1970 1980 1990 2002 200805
1015202530
13.718.6 19.7
26.721.8
17.3
R (10+/40-)
22
1960 1970 1980 1990 2002 20090
0.10.20.30.40.50.60.7
0.50.57 0.59 0.62 0.59 0.54
GINI
. renda se concentrou de 1960 a 1990
. começou a distribuição de renda com o Plano Real
. e aprofundou-se com
. políticas focadas – consolidadas no Bolsa-Família
. aumentos reais do salário mínimo
. que está próximo do teto histórico
SALÁRIO MÍNIMO REAL
23
3.3.2. CAI O DESEMPREGO, AUMENTA O CONSUMO
. crescimento econômico após 2004 reduziu o desemprego
. com isso aumentou o rendimento real das pessoas ocupadas
24
. e o aumento de 40% no crédito ao setor privado em geral, consumidores e firmas
. o que gerou um aumento de 68% no consumo final de 2002 a 2009
25
. este crescimento da renda foi diferenciado segundo os grupos sociais, como mostra a
PNAD-IBGE
Estratificação social das famílias segundo a renda mensal do membro melhor situado:
• Ricos: não aparecem na PNAD
• Alta classe média: renda acima de R$ 3.500 – 14,4 milhões de pessoas
. microempresários, médicos, engenheiros, professores universitários,
juristas, diretores de empresas
• Média classe média: renda de R$ 1.750 a R$ 3.500 – 24,9 milhões de pessoas
. gerentes, professores do 2º grau, profissionais de segurança pública,
militares, enfermeiras, técnicos diversos
• Baixa classe média: renda de R$ 700 a R$ 1750 – 73,1 milhões de pessoas
. balconistas, professores do fundamental, auxiliares de enfermagem,
auxiliares de escritório recepcionistas, motoristas, garçons, barbeiros,
cabeleireiras, manicures, operários qualificados
• Massa trabalhadora: renda de R$ 350 a R$ 700 – 57,9 milhões de pessoas
. profissionais sem qualificação
• Miseráveis: renda abaixo de R$ 350 – 18,4 milhões de pessoas
26
1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080%
10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
mais de 35001750 a 3500700 a 1750350 a 700menos de 350
27
1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20080%
10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
mais de 35001750 a 3500700 a 1750350 a 700menos de 350
3.5. CRÍTICAS
3.5.1. AS METAS SÃO EXCESSIVAMENTE BAIXAS - OU ALTAS
. é difícil encontrar uma taxa ideal de inflação
. para mostrar firmeza se escolhe um valor “baixo”
3.5.2. OS REAJUSTES DOS PREÇOS ADMINISTRADOS SÃO EXCESSIVOS
. o problema dos preços administrados por contrato que compõem o IPCA
. 30% dos preços integrantes do IPCA responderam por 52% dos aumentos
entre 1999 e 2002
. determinados por estados/municípios
. IPTU, gás, IPVA, água, transp. urbano
. determinados pelo governo federal
. derivados de petróleo, álcool combustível, carvão vegetal,
energia elétrica, telefonia, correios, pedágio, transporte
público, planos e seguros de saúde, loterias
. aos preços administrados Bresser adiciona a questão dos salários, que em sua maioria
estão sendo corrigidos pela inflação passada, para concluir que a economia foi
reindexada
. ou seja, criou-se um piso para a inflação (algo como 6% aa)
3.5.3. A SELIC É EXCESSIVAMENTE ELEVADA
. como os preços administrados são insensíveis à política monetária, é preciso manter a
demanda agregada muito reprimida para que os preços livres sejam pressionados o
bastante para se atingir a meta de inflação
. o que amplia o custo social do combate à inflação
. corolário de Bresser:
. taxa de juros alta provoca
. investimento baixo
. aumento do déficit público
. entrada de capitais, que provoca valorização cambial, que gera
28
. déficit em conta corrente
. falta de estímulo ao investimento para exportação
. porque a Selic é tão alta? Há explicações inaceitáveis
. para o Bacen alongar o perfil da sua dívida
. o que não acontece pois a política macro é ruim
. inflação fora de controle e câmbio valorizado
. para atrair os compradores de títulos a Selic é indexada à inflação, ao
câmbio e à própria Selic (como as LFT)
. inútil porque os bancos que aplicam não têm alternativa para o curto
prazo
. porque o risco-Brasil é alto
. há risco de calote e a justiça é ineficaz
. só existiria para aplicações de longo prazo – e estas são de overnight
. e países com a mesma incapacidade praticam juros menores
. para combater a inflação
. só funciona quando há excesso de demanda
. mas a economia está sempre semi-estagnada
. porque 9% reais deve ser a taxa de equilíbrio capaz de atrair capitais
. países com o mesmo risco que o Brasil praticam taxa real de 2 a 3%
. para estimular a poupança – o que é falso porque
. havendo crédito e capacidade ociosa é o investimento que determina
a poupança
. e o investimento é inibido pelos juros altos e câmbio
valorizado
. porque o câmbio valorizado eleva artificialmente o consumo [sic]
. para atrair poupança externa
. quem atrai poupança externa é a taxa de longo prazo
. a Selic atrai os de curtíssimo prazo
. além disso há uma grande sobra de capitais mal remunerados no
mundo em busca de aplicações rentáveis
. que viriam para cá com taxas mais baixas
29
. as verdadeiras razões são
. porque o Bacen a usa de forma abusiva
. além de instrumento para controlar a inflação serve também para
atrair capitais externos ou “elevar a poupança”
. porque o Bacen se deixou capturar pela ortodoxia econômica
que beneficia os rentistas e os bancos que vivem de comissões
30
3.5.4. A TAXA DE CÃMBIO ESTÁ APRECIADA
. o valor da taxa de câmbio resulta de fatores externos e internos
. externos
. taxas de juros internacionais
. grau de liquidez internacional
. internos
. resultado do saldo de transações correntes
. valor da SELIC
. risco-país
. facilidade para movimento de capitais
. preocupação com metas de inflação manteve SELIC elevada
. o que permitiu a acumulação de grandes reservas
internacionais
. mas apreciou o câmbio, prejudicando exportações
31
. resulta da entrada de capitais de curto prazo
. ações
. renda fixa
. empréstimos entre empresas (erradamente classificados como IDE)
. efeito realimentador: quanto mais entram capitais maior a apreciação cambial
. porque a taxa de câmbio é apreciada?
. porque o Brasil conjuga
. juros muito elevados
. livre movimento de capitais
. não usa superávit fiscal para comprar reservas, mas para pagar juros
. sempre que o câmbio se desvaloriza o Bacen eleva os juros internos para
impedir o aumento da inflação
. que não aconteceria se a economia estivesse desindexada
. impedindo a continuidade do processo de crescimento
. e, pior, aumentando os gasto com juros
. sempre que os juros caem a economia volta a crescer
. com isso piora o resultado em conta corrente
32
3.5.5. PROBLEMAS NA INDÚSTRIA: DESINDUSTRIALIZAÇÃO E
DOENÇA HOLANDESA
. o que dizem os números
. saldo comercial da indústria
. 2006: US$ + 30 bi
. 2008: US$ - 7,1 bi
. 2009: US$ - 8,3 bi
. 2010: US$ - 34,8 bi
. isso fez com que a balança comercial se tornasse um problema
33
2005 2006 2007 2008 2009 20100
5001000150020002500300035004000
Oferta interna de veículos (milhares)
produçãoexportaçõesimportaçõesoferta interna
. crescimento 2005-2010
. produção: 33%
. exportações: - 31%
. importações: 750%
. oferta interna: 186%
. explicações:
. o câmbio
. aumento da renda do trabalho: 34%
. aumento do crédito para veículos
34
35
. mas as importações estão ganhando a maior parte do mercado adicional
36
Absorção do crescimento pelo mercado interno no 1º semestre
8374 79
20
4432
1726 21
80
5668
0
20
40
60
80
100
2006 2007 2008 2009 2010 2011
nacionaisimportados
. como se explica essa performance (do total da indústria)
. efeito crescimento
. capacidade produtiva próxima do pleno emprego
. demanda crescente só pode ser suprida por importações
. problema poderia ser atenuado por aumento do investimento
. efeito competitividade, que encarece o produto nacional
. desloca a demanda para importações, inibindo o investimento
. dificulta exportações
. resultado:
. 55% do déficit se explica por aumento de importações
. 45% por redução de exportações
. o que acontece em cada grupo por tipo de tecnologia
. alta intensidade tecnológica: déficit gerado pelo aumento da demanda
. o déficit é tradicional em farmacêutica, informática, material de
comunicações e instrumentos médicos
. só há superávit em aeronáutica
. o problema aqui é falta de escala mínima, que só se consegue
operando em escala planetária
. pode-se ter sucesso em alguns nichos, sobretudo atraindo
estrangeiras para instalarem partes de suas cadeias
produtivas no país
. com políticas industriais específicas
. média-alta intensidade tecnológica: igualmente puxado pela demanda
. mas produtividade também tem importância
. em máquinas e equipamentos o déficit é estrutural
. em veículos automotores domina a competitividade
. média-baixa intensidade tecnológica: predomina a competitividade
. só em baixa intensidade o aumento da produção gera aumento do saldo
comercial
. mas em têxteis, calçados e couros há perda de competitividade
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
. Barbosa, Nelson e Souza, José A. P. (2010). “A inflexão do governo Lula: política econômica, crescimento e distribuição de renda”, in Sader, E. e Garcia, M. A. [orgs], Brasil entre o passado e o futuro. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Boitempo.
. Filgueira, Luiz e outros (2010). Os anos Lula. Contribuições para um balanço crítico 2003-2010. Rio de Janeiro: Garamond.
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