40
1 _________________________________ DISCIPLINA: ARTE BRASILEIRA I E II EMENTA: Arte Brasileira I A arte no Brasil: das origens ao século XIX. Arte pré-histórica e primitiva no Brasil. Arte colonial. Barroco e Rococó; Neoclassicismo e Ecletismo. A Missão Francesa. A constituição das Escolas de Belas-Artes. A Belle Époque na Amazônia. Arte Brasileira II Modernismo e contemporaneidade no Brasil: A Semana de 22: antecedentes e desdobramentos do Modernismo. O legado dos Salões e das Bienais. Abstração, Concretismo e Neoconcretismo; Arte Pop, Grafite e Pichação. As tendências contemporâneas nas artes visuais brasileira, a partir da década de 70 (pintura, escultura, instalação, objeto, fotografia, vídeo e multimeios). Henrilene Acedo BRAGANÇA PAULISTA 07/02/2015

1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ENSINO DA ARTE NO BRASIL

Citation preview

Page 1: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

1

_________________________________

DISCIPLINA: ARTE BRASILEIRA I E II

EMENTA:

Arte Brasileira I

A arte no Brasil: das origens ao século XIX. Arte pré-histórica e primitiva no Brasil. Arte colonial.

Barroco e Rococó; Neoclassicismo e Ecletismo. A Missão Francesa. A constituição das Escolas de

Belas-Artes. A Belle Époque na Amazônia.

Arte Brasileira II

Modernismo e contemporaneidade no Brasil: A Semana de 22: antecedentes e desdobramentos do

Modernismo. O legado dos Salões e das Bienais. Abstração, Concretismo e Neoconcretismo; Arte

Pop, Grafite e Pichação. As tendências contemporâneas nas artes visuais brasileira, a partir da

década de 70 (pintura, escultura, instalação, objeto, fotografia, vídeo e multimeios).

Henrilene Acedo

BRAGANÇA PAULISTA

07/02/2015

Page 2: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

2

Objetivos da disciplina: Propiciar aos alunos reflexões e estudos sobre a

importância da Arte como ferramenta eficaz no processo de ensino e

aprendizagem, numa linguagem interdisciplinar.

PAUTA DA AULA

Horário: 9h às 15h

Local: IEST – Polo Bragança Paulista

ABERTURA

■ Apresentação

■ Dinâmica de Grupo

■Mensagem:

Page 3: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

3

O QUE É ARTE...

Arte é um termo que vem do latim, e significa técnica/habilidade. A

definição de arte varia de acordo com a época e a cultura, pode ser arte

rupestre, artesanato, arte da ciência, da religião e da tecnologia.

A arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua

história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza,

harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, as

Artes Cênicas, artes Literárias ou Literatas, Artes Musicais e Artes Plásticas.

Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e

ocupando um importantíssimo espaço na sociedade. A música, por exemplo, é

capaz de nos deixar felizes quando estamos tristes. Ela funciona como uma

distração para certos problemas, um modo de expressar o que sentimos aos

diversos grupos da sociedade.

ENSINO DA ARTE NO BRASIL

Vamos buscar compreender, nesta disciplina, como a história do ensino

da arte no Brasil está marcada pela dependência cultural. Sabemos que o

primeiro produto cultural brasileiro de origem erudita foi o Barroco. Trazido de

Portugal, recebeu através da criação popular características que podem ser

consideradas de cunho nacional. Os artistas e artesãos brasileiros à maneira

antropofágica criaram um barroco com distinções formais em relação ao

Barroco europeu. O ensino da arte barroca tinha lugar nas oficinas através do

fazer sob a orientação do mestre. Estas oficinas eram a única educação

artística popular na época.

Veremos inicialmente que a primeira institucionalização do ensino de

arte foi a Missão Francesa (1816) com o modelo neoclássico, um dos poucos

modelos com atualidade no país de origem no momento de sua importação

para o Brasil. Quase sempre os modelos estrangeiros foram tomados de

empréstimo numa forma já enfraquecida e desgastada. A Missão Francesa foi

na realidade uma invasão cultural de cunho elitista.

Em contraposição, no final do século XIX, no contexto republicano, os

liberais introduziram o ensino do desenho na educação numa perspectiva

Page 4: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

4

antielitista como preparação de mão de obra para o trabalho nas indústrias, a

partir do modelo norte-americano que foi exercido de forma marcante e intensa

até meados do século XX.

No entanto, já no início do século XX, o Modernismo transpôs para o

campo educacional a ideia de arte como expressão. Este é o tema do terceiro

tópico, onde vamos buscar compreender as diversas interpretações das ideias

de John Dewey nas reformas educacionais da Escola Nova, quando as

atividades artísticas passam a ser aceitas no meio educacional. A ideia de arte

como expressão induziu também, na segunda metade do século XX,

experiências bem sucedidas de arte para crianças e adolescentes como

atividades extracurriculares. Foi neste contexto favorável que na década de

1970 a Educação Artística passou a ser obrigatória no ensino formal,

carregando, entretanto, uma perspectiva conceitual e ideológica desfavorável

configurada pelo tecnicismo e pela polivalência.

No final do século XX o movimento de arte/educação se revigora em

sintonia com a pós-modernidade, resultado do amadurecimento de um campo

de conhecimento que desenvolve pesquisas e busca se aproximar do campo

das práticas artísticas. Chegamos a nossa contemporaneidade que se

caracteriza por múltiplas deglutições e apropriações de modelos, por trânsitos

entre culturas.

Temos aqui por razões didáticas um percurso histórico que segue uma

cronologia, porém precisamos compreender que esta nossa história não é

apenas uma sucessão de fatos e acontecimentos isolados que se apresentam

de forma linear e pertencem ao passado, mas uma constelação de

proposições, ideias e experiências sobre a arte e seu ensino que se sobrepõem

e coabitam um mesmo espaço e continuam ativas hoje no ideário educacional.

Esperamos que ao revisitar a história do ensino da arte possamos melhor nos

entender no contexto de hoje e, sobretudo, nos ajude a construir possibilidades

educacionais mais condizentes com nossos valores neste conturbado cenário

contemporâneo.

Até 1870 pouco se contestou o modelo de ensino da arte da Academia

Imperial das Belas-Artes, que foi em parte utilizado pela escola secundária.

Nas escolas secundárias particulares para meninos e meninas, imperava a

cópia de retratos de pessoas importantes, de santos e a cópia de estampas,

Page 5: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

5

em geral europeias, representando paisagens desconhecidas aos nossos olhos

acostumados ao meio ambiente tropical. Estas paisagens levavam os alunos a

valorar esteticamente a natureza europeia e depreciar a nossa pela rudeza

contrastante.

É interessante notar que no século XIX poucos países do Novo Mundo

instituíram o ensino da arte para meninos nas escolas de elite. O mais comum

é que a arte tivesse lugar apenas nas escolas de meninas de alta classe. No

Brasil isto ocorreu porque a elite brasileira esteve no período colonial mais

ligada aos modelos aristocráticos do que aos modelos burgueses como nos

outros países americanos.

Segundo o modelo aristocrático, arte era indispensável na formação dos

príncipes. D. João VI deu o exemplo quando contratou Arnaud Pallière (1823-

1887) para ensinar desenho aos príncipes. Seguindo este padrão, a arte foi

incluída em 1811 no currículo do colégio do Padre Felisberto Antônio

Figueiredo de Moura, uma escola para rapazes no Rio de Janeiro que

determinou o modelo de educação para meninos de alta classe na época.

ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA NO BRASIL

Arte Rupestre é o mais antigo tipo de arte da história. Também é

conhecida como gravura ou pintura rupestre. Esse tipo de arte teve início no

período Paleolítico Superior. A arte rupestre é encontrada em todos os

continentes.

Arte Rupestre - Nicho Policrômico - Toca do boqueirão da Pedra Furada - PI

Page 6: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

6

O estudo da arte rupestre favoreceu o conhecimento de pesquisadores

em relação aos hábitos dos povos da antiguidade e a sua cultura. As matérias

primas utilizadas para a expressão artística dos povos da antiguidade eram:

pedras, ossos e sangue de animais. O sangue, assim como o extrato de folhas

de árvores era utilizado para tingir. Silhuetas de mão e pés, portanto, devem

ser as mais primitivas expressões artísticas.

As principais obras eram desenhos e pinturas, tendo como tela as

paredes e tetos de cavernas. Eram representados, principalmente, animais

selvagens, linhas, círculos e espirais. Seres humanos eram mais representados

em situações de caça. Ossos, pedras e madeiras eram utilizados em

esculturas.

A ideia de que a arte rupestre é obra dos homens pré-históricos foi

aceita por especialistas apenas em 1902.

Arte rupestre. Foto: JanelleLugge / Shutterstock.com

Na América, além da arte rupestre pré-histórica, é encontrada a arte

chamada de pré-colombiana, fruto do trabalho de astecas, maias e incas. São

esculturas, pinturas, e grandes templos construídos com pedras.

No território brasileiro existem vários sítios de arte rupestre pré-histórica.

Existem pesquisadores que defendem a tese de que a arte rupestre, no Brasil,

Page 7: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

7

não seria obra dos índios, e sim de gregos, vikings ou fenícios que teriam

passado por aqui. O maior sítio brasileiro de arte rupestre fica no estado

do Piauí, precisamente na Serra da Capivara.

No Brasil, os desenhos de diferentes épocas sugerem rituais, cenas de

sexo, animais, cenas de luta ou mesmo representações geométricas. Estudos

têm apontado à possibilidade de alguns desenhos representarem algumas

noções de astronomia.

A arte rupestre brasileira, diferente do que ocorre em outros países, não

é preservada devidamente. Apesar de tratar-se de um patrimônio histórico (ou

pré-histórico) o descuido, queimadas, a ação de empresas de mineração, e as

depredações típicas de turistas (como carregar lembranças) e dos pichadores

(vândalos), é uma ameaça a esse patrimônio de valor inestimável.

ARTE COLONIAL BRASILEIRA

Arte colonial brasileira é o termo pelo qual se categoriza toda a obra

artística produzida no Brasil, durante o período em que o país permaneceu

como colônia de Portugal. De modo geral, a arte classificada como colonial

brasileira é aquela produzida entre os séculos XVI e XVII, com destaque para

a Arquitetura e decoração de interiores.

Arquitetura colonial

Após a chegada dos europeus e a sua consequente ocupação do litoral,

iniciou-se a construção das primeiras vilas, como por exemplo, São Vicente, no

litoral paulista. Atualmente, as cidades de Olinda e Iraguassu (PE), Parati (RJ),

Laguna (SC), cidade de Goiás (GO), Cachoeira e São Sebastião (SP) e outras

Page 8: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

8

no interior de Minas Gerais ainda conservam as construções desse período.

Casas, igrejas e solares representam parte da história do país e são protegidos

como Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico do povo brasileiro.

A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas retangulares

e cobertura de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada.

Essas construções eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do tupi-

guarani (tejy = gente e upad = lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e

passam os colonizadores a construir casas de taipa.

Com essa evolução, começam a aparecer as capelas e os centros das

vilas, dirigidas por missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de

Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.

As primeiras cidades construídas pelos portugueses não possuíam um

planejamento urbano definido, tendo casas construídas muito próximas das

outras. Os materiais empregados variavam de acordo com a localização: no

litoral utilizava-se pedra e cal; no interior, barro batido, madeira e barro ou

pedra.

Além das cidades litorâneas, outro ponto importante de ocupação eram

as fazendas onde se produzia açúcar, o melaço e a cachaça. Alguns artistas

dedicaram-se a retratar as cenas das fazendas e engenhos, especialmente

Fran Post (século XVII), Debret (século XIX) e, já no século XX, Cícero Dias e

Vicente do Rego Monteiro.

Page 9: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

9

A arte religiosa assume grande expressividade nesse período. Com o

intuito de catequizar os índios, e manter os preceitos da igreja católica, os

portugueses construíram várias igrejas replicando àquelas que existiam em

Portugal.

A arquitetura religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta

Francisco Dias, que trabalhou em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi,

projetista da igreja de São Roque de Lisboa.

As pinturas e esculturas desse período eram feitas por padres e jesuítas,

seguindo o estilo Maneirista. A partir do século XVII começou-se a utilizar o

estilo que ficaria mais associado ao tipo de arte empregado na decoração de

igrejas de todo Brasil colonial, o estilo Barroco.

O BARROCO

O barroco surgiu na Itália após o Concílio de Trento, realizado de 1545

a 1563, que reuniu a cúpula da Igreja Católica para reagir à Reforma

Protestante. Assim, é uma estética intimamente ligada à Contrarreforma e, seja

na pintura, na escultura, na arquitetura, na música ou na literatura, há o

predomínio da emoção sob a razão. Nosso foco aqui será a pintura, a escultura

e a arquitetura, três formas de arte que muitas vezes andaram juntas para que

o objetivo da Igreja Católica fosse atingido: emocionar o espectador diante da

dramaticidade das telas e das esculturas, da riqueza dos ornamentos, fazê-lo

se sentir pequeno diante da imponência da arquitetura das igrejas, para que ele

mais facilmente se entregasse à fé. Uma igreja barroca funcionava como um

grande teatro cuja função era comover o espectador pelo estímulo sensorial e

pelo apelo afetivo.

Vamos usar como exemplo para ilustrar a Igreja de São Francisco de

Assis, em Ouro Preto, cujo projeto arquitetônico e os ornamentos são de

autoria de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e as pinturas de Manuel da

Costa Ataíde.

Page 10: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

10

Reparem na arquitetura da igreja, nos ornamentos, na riqueza de detalhes. Entrando na igreja é essa a visão lateral que temos. Olhando para cima nos

deparamos com essa imagem:

Page 11: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

11

A pintura no teto da igreja é uma das obras mais importantes a arte

colonial brasileira. O tema é um tema comum na história das artes: a ascensão

da Virgem Maria. Porém a riqueza de detalhes e a beleza da pintura faz com

que o observador tenha a impressão de que não está sob um teto, mas, sim,

sob o céu, presenciando o exato momento de ascensão da Virgem. Observem

que mestre Athaide ainda fez uso de certa licença poética, ao pintar os

personagens da cena como mulatos, e não como brancos, como era o comum.

Diante disso tudo imagine o homem inserido no barroco, no contexto da

Contrarreforma, dividido entre a constatação de que a vida é efêmera, de que

nada escapa à força do tempo, de um desejo de viver o momento presente e o

medo de pecar e ser condenado, de condenar sua alma imortal; imagine esse

homem entrando numa igreja dessas, iluminada por velas, com sombras

projetadas nas paredes, paredes de uma arquitetura rebuscada, de colunas

retorcidas, ornamentadas com ouro, cobertas de telas e esculturas carregadas

de dramaticidade, mostrando o sofrimento de Cristo, com o teto pintado desta

forma, a música barroca carregada de emoção tocando e, depois, no púlpito, o

pastor pregando através de sermões conceptistas.

Imaginou? Era praticamente uma lavagem cerebral! Difícil não se

comover e não se deixar levar pela emoção, caminho mais rápido para

alcançar a fé.

Page 12: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

12

Pintura típica do Barroco, apresentando grande carga de dramaticidade e extremo realismo, reforçados pelo

jogo entre luz e sombra.

ROCOCÓ

O rococó é um estilo artístico que começou na Europa no século XVIII,

ele buscava se contrapor ao estilo do barroco. Esse estilo chegou a América do

Sul em meados do século XVIII e, no Brasil, teve grande representação por

meio do mobiliário desse período e ficou conhecido como estilo Dom João V. É

possível encontrar características dessa escola artística na pintura, na escrita,

na escultura e também na arquitetura.

Esse tipo de arquitetura no Brasil pode ser vista em cidades como Minas

Gerais, Belém e Pernambuco. No Brasil a arquitetura rococó teve muita

influência religiosa e isso pode ser percebido nas igrejas brasileiras do século

XVIII. Podemos citar Aleijadinho como um dos principais artistas do rococó

brasileiro.

Aleijadinho é mais conhecido por suas obras no estilo barroco, mas ele

também deixou obras do rococó. Algumas dessas esculturas podem ser

encontradas em Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto onde Aleijadinho (que

tinha esse nome por possuir lepra e fazer as suas obras com as ferramentas

amarradas nas mãos) morava e deixou maior parte de suas obras. A

Page 13: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

13

arquitetura rococó ao redor do mundo não era influenciada por temas

religiosos, apenas no Brasil esse fenômeno aconteceu.

O Rococó se caracteriza por:

• Uso de cores luminosas e suaves, em contraposição às cores fortes do

Barroco;

• Estilo artístico marcado pelo uso de linhas leves, sutis e delicadas;

• Utilização de linhas curvas;

• Uso de temas da natureza: pássaros, flores delicadas, plantas, rochas,

cascatas de águas;

• Uso de temas relacionados a vida cotidiana e relações humanas;

• Representação da vida profana da aristocracia;

• Arte sem influência de temas religiosos (exceção do Brasil);

• Busca refletir o que é refinado, agradável, sensual e exótico.

PERÍODO NEOCLÁSSICO X PERÍODO ECLÉTICO

(XIX / XX)

“Início da revolução industrial”

Começam a surgir pequenos comércios pelos burgueses, assim surgem

novas formas de comércio, iniciando primeiramente com exportação de café.

Assinada pela princesa Isabel a Lei Áurea, trazendo a abolição da

escravatura.

Grandes pintores começam a relatar em seus quadros a vida cotidiana

da população nas cidades.

Page 14: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

14

Nesta época os pintores saem das salas e vão ao ar livre fazer as

pinturas das paisagens.

As cidades são remodeladas, atribuindo novas construções e adaptando

o existente para a modernização (industrialização).

Começa agora um período voltado à urbanização.

Século XX - Urbanização – Inovações

A arquitetura neoclássica era para as elites, mas havia uma estabilidade

econômica “boa” em geral (população).

Não considera o modernismo como uma ruptura do período, e sim uma

continuação do eclético.

O neoclassicismo não pode ter traços ecléticos, ao contrario sim.

O estilo arquitetônico Beaux-Arts, é uma arquitetura muito ordenada com

muitas colunas, flores, estátuas, etc. No Brasil um exemplo é o Theatro

Municipal no Rio de Janeiro.

Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Este localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909.

O eclético quebra com as regras, busca-se uma simetria e acaba

trabalhando com as esquinas porem não é característica do período.

Page 15: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

15

Biblioteca Nacional

Estilo eclético – principal característica é a cúpula –

base/corpo/coroamento dividindo os pavimentos, os cantos são mais

arredondados ao contrario do neoclássico.

Real Gabinete Português de Leitura

Real Gabinete Português de Leitura – uma das relíquias do ecletismo, todo em madeira

internamente.

O MODERNISMO

A Semana de 22, que introduziu o Brasil estrondosamente no

Modernismo, não repercutiu de imediato no ensino da arte. Quando a partir de

1927, o ensino da arte volta a ser objeto de discussões isto se deveu

principalmente a modernização educacional.

Page 16: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

16

Com a crise político-social contestatória da oligarquia e a tentativa de

instauração de um regime mais democrático, uma reflexão sobre o papel social

da educação aflora novamente.

Desta vez é a educação primária e a escola que se tornam o centro das

atenções reformistas através do movimento que ficou conhecido pelo nome de

„escola nova‟. Defendia-se, então, o mesmo princípio liberal de arte integrada

no currículo, ou melhor, de arte na escola para todos.

Entretanto, enquanto os liberais tinham como objetivo o ensino dos

aspectos técnicos do desenho para preparar para o trabalho, a „escola nova‟

defendia a ideia da arte como instrumento mobilizador da capacidade de criar

ligando imaginação e inteligência.

Os pressupostos teóricos para a valorização da arte na „escola nova‟

foram principalmente inspirados em John Dewey e defendidos por seu ex-aluno

Anísio Teixeira e incorporados às Reformas Educacionais do Distrito Federal

de Fernando Azevedo e pelas Reformas de Atílio Vivacqua no Espírito Santo,

de Carneiro Leão em Pernambuco e Francisco Campos em Minas Gerais.

As interpretações diversificadas das ideias de John Dewey conduziram a

caminhos distintos o ensino da arte no Brasil: à observação naturalista; à arte

como expressão de aula; como introjeção da apreciação dos elementos do

desenho (deturpada na prática do desenho pedagógico).

Algumas experiências como as de Mário de Andrade, criando ateliês

para crianças nos Parques Infantis e na Biblioteca Infantil, quando exerceu a

função equivalente a de Secretário de Cultura de São Paulo em 1936, ou as

classes de arte de Anita Malfatti na Escola Americana, hoje Mackenzie ou a

criação de Escolas de Arte para crianças bem dotadas em arte pelo Jornal A

Tarde em São Paulo foram significativas mudanças cuja disseminação foi

interrompida pelo golpe de Estado que instituiu a ditadura do Estado Novo.

Com a Ditadura muitos educadores foram perseguidos e uns poucos ex-

reformadores se aliaram a ditadura para defender outros interesses, não os da

criança.

John Dewey foi quem, realmente, compreendeu o alto valor educativoda linguagem gráfica das crianças. No seu livro A escola e a sociedade,no capítulo sobre “a escola e a vida da criança”, referindo-se aosvários interesses ou instintos da criança, abordou a questão do desenhocom tal clareza, que o caminho pedagógico ficou nitidamente traçado.

Page 17: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

17

A Belle Époque na Amazônia.

Belle Époque (bela época em francês) começou no final do século XIX

(1871) e durou até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914 foi

considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países

europeus e suas influências se espalharam pelo mundo chegando até a

Amazônia.

Na Amazônica a belle époque deu-se por conta do boom provocado pela

riqueza proveniente da extração do látex (Borracha) extraído da árvore havea

brasiliensis, e o período entre 1870 e 1913, foi uma época sem igual para

Belém e Manaus, os centros da economia da borracha. Após a queda do

império e a implantação da república, os ideais positivistas, modernizantes e

progressistas do novo regime não demoraram a chegar a região, uma vez que

com a implantação do federalismo os estados ganharam autonomia para

recolhimento e aplicação dos impostos, o que possibilitou as elites locais

avançarem ainda mais no seu projeto de civilização europeia em plena região

amazônica.

Nas cidades: Moda europeia entre as damas a elite seringalista

Na floresta: Seringueiro extraindo

o látex da seringueira

Page 18: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

18

Análise da obra SAUDADE de Almeida Junior:

Existe uma luz em perpendicular que entra pelo primeiro quadrante passa pelo chapéu,

brincos, boca, lágrima, documento, livro e termina no baú entreaberto que conduz nosso olhar

na obra.

A postura da mulher voltada para dentro indica introspecção ignorando o universo

externo.

As cores da casa, do local se harmonizam com os tons de pele da mulher mostrando que

ela pertence a este local.

Esta obra de Almeida Júnior tem a estrutura padrão do século XIX, porém ele

transgride quando mostra o sofrimento e os sentimentos de uma mulher simples. Nesta época

as emoções não eram retratadas e ele valoriza os sentimentos de uma classe social que não

pertence à elite.

Na estética das pinturas do Sec XIX, o campo visual era dividido em duas partes: uma

superior e outra inferior, que se subdividem em direita e esquerda, compondo quatro

quadrantes, sendo os superiores representantes do discurso sagrado (maior valor) e os

inferiores do discurso do profano (menor valor) lidos segundo a ordem decrescente de gradação

de valor, da esquerda para a direita, de cima para baixo.

Primeiro quadrante: Luz perpendicular fria, cores frias,imagem de chapéu masculino

representando a superioridade masculina e a presença de uma ausência.

Segundo quadrante: Imagem de uma mulher apoiada na janela, posição do corpo

torcida dando a idéia de fragilidade. Existem indícios de aliança no dedo médio da mão

esquerda, a mulher veste roupas e bijuterias na cor preta sendo um símbolo de tristeza ou

viuvez. Demonstra uma abatimento na face com lágrima no olhar, cabelo desalinhado, dando a

idéia de que se esqueceu dela mesma, idéia de desespero com a boca coberta parece conter um

sentimento sufocado. Carta ou documento na mão remetendo a lembranças.

Terceiro quadrante: Roupa e casa simples indica uma mulher comum.

Page 19: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

19

Quarto quadrante: O baú entreaberto parece guardar roupas dando a idéia de algo

não concluído. Livro sobre o baú coberto por um xale branco, o símbolo livro indica o poder de

leitura do universo masculino.

Baseado nesse exemplo de análise dessa obra, seguindo a mesma técnica, faça a análise

da outra obra de Almeida Junior apresentada:

O Violeiro - 1899 óleo sobre tela - 141 x 172 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo

Page 20: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

20

ARTE BRASILEIRA II

MODERNISMO

O modernismo surgiu em Portugal por volta de 1915, com a publicação

das revistas Orfeu (1915), Centauro (1916) e Portugal Futurista (1919). A

primeira atitude dos novos escritores foi de esquecer o passado, desprezar o

sentimentalismo falso dos românticos e adotar uma participação ativa e dentro

primar pela originalidade de ideias e, na poesia, não deveriam se prender à

rima e à métrica.

Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola

literária, com regras rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das

escolas anteriores e procuraram para transmitir suas emoções, os fatos da vida

atual e a realidade do país de uma forma livre e descompromissada.

Percebe-se nos autores modernos um vocabulário cheio de expressões

coloquiais, traduzindo a fala típica brasileira, versos livres.

Page 21: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

21

No Brasil ocorreram fatos para o surgimento do Modernismo:

1912

Oswald de Andrade vai à Europa e volta imbuído do futurismo de

Marinetti. Futurismo é o nome dado ao movimento modernista que se baseia

numa vida dinâmica, voltada para o futuro, e que combate o passado, as

tradições, o sentimentalismo, prega formas novas e nítidas.

1915

Monteiro Lobato publica em O Estado de S. Paulo dois artigos: "Urupés"

e "Velha Praga", em que condena o regionalismo sentimental e idealista.

1917

Anita Malfati lança na pintura o cubismo, que despreza perspectiva

convencional e representa os objetos com formas geométricas.

1921

Graça Aranha volta da Europa e publica estética da Vida, em que

condena os padrões da época.

1922

Semana de Arte Moderna em São Paulo, com sessões, conferências,

recitais, exposição de artes plásticas. Participaram desta semana: Oswald de

Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Graça

Aranha, Ronald de Carvalho, Guiomar Novais, Paulo Prado, etc. Estava

fundado o Modernismo no Brasil. Apesar do forte impacto causado pelo

movimento, o Modernismo se manteve devido á grande divulgação nos jornais

e revistas da época.

O movimento modernista passou por três fases distintas:

1º fase (1922-1928)

Nesta primeira fase, os autores procuraram destruir e menosprezar a

literatura anterior, dando ênfase a um nacionalismo exagerado, ao primitivismo

e repudiando todo o nosso passado histórico.

Page 22: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

22

2ª fase (1928-1945)

Período de construção, com ideias literárias inovadoras e coerentes.

Abrem esta fase construtiva Mário de Andrade, com a obra Macunaíma, e José

Américo de Almeida, com A Bagaceira.

3ª fase

Nesta fase os autores fogem aos excessos e primam pela ordem sobre

os caos que foi a geração.

A divulgação, no Brasil, das teorias vanguardistas europeias é feita, em

1922, pela Semana de Arte Moderna. Com a chamada Geração de 22, instala-

se, na literatura brasileira, a escrita automática, influenciada pelos surrealistas

franceses, o verso livre, o lirismo paródico, a prosa experimental e uma

exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial. Em

seu conjunto, essa é uma fase contraditória, de ruptura com o passado literário,

mas, ao mesmo tempo, de tentativa de resgate de tradições tipicamente

brasileiras.

O ataque de Monteiro Lobato, em 1917, à exposição de Anita Malfatti é

respondido com a Semana. Em torno dela, surgem Mário de Andrade

(Paulicéia desvairada, Macunaíma), Oswald de Andrade (Memórias

sentimentais de João Miramar), Manuel Bandeira (Ritmo dissoluto), Cassiano

Ricardo (Martim-Cererê) e movimentos como o da Revista de Antropofagia e o

do Pau-Brasil, ambos liderados por Oswald, ou o da revista Verde, de

Cataguazes, sempre com tendências nacionalistas.

A esse núcleo juntam-se Carlos Drummond de Andrade (Alguma

poesia), Augusto Meyer (Giraluy), Mário Quintana (A rua do catavento), Jorge

de Lima (Poemas negros) e o romancista José Lins do Rego (Menino de

engenho).

Em reação ao liberalismo desse grupo, o Verde-amarelismo e o

movimento Anta, de 1926, ambos comandados por Plínio Salgado e contando

com poetas como Menotti del Picchia (Juca Mulato), fecham-se às vanguardas

europeias e aderem a ideias políticas que prenunciam o integralismo, versão

brasileira do fascismo.

Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) nasce em São Paulo.

Formado em música, trabalha como crítico de arte e professor. É um dos mais

importantes participantes da Semana de 22. Pesquisa o folclore brasileiro e o

Page 23: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

23

utiliza em suas obras, distanciando-se da postura de valorizar somente o que é

europeu. Esses estudos são utilizados em Macunaíma, o herói sem nenhum

caráter, onde traça o perfil do herói brasileiro, produto de uma grande mistura

étnica e cultural.

José Oswald de Sousa Andrade (1890-1954) trabalha como jornalista e

cursa direito, sempre em São Paulo. De família rica, viaja várias vezes para a

Europa. É quem melhor representa o espírito rebelde do modernismo.

Funda a Revista de antropofagia, em 1927, onde afirma ser necessário

que o Brasil devore a cultura estrangeira e, na digestão, aproveite suas

qualidades para criar uma cultura própria. Em Memórias sentimentais de João

Miramar analisa de forma sarcástica o fenômeno urbano.

ABSTRACIONISMO

O Abstracionismo foi a tendência das artes plásticas desenvolvida no

início do século XX na Alemanha.

Surge a partir das experiências das vanguardas europeias, que recusam

a herança renascentista das academias de arte.

As obras abandonam o compromisso de representar a realidade

aparente e não reproduzem figuras nem retratam temas.

O que importa são as formas e cores da composição.

Na escultura, os artistas trabalham principalmente o volume e a textura,

explorando todas as possibilidades da tridimensionalidade do objeto.

Há dois tipos de abstração: a informal, que busca o lirismo

privilegiando as formas livres, e a geométrica, que segue uma técnica mais

rigorosa e não tem a intenção de expressar sentimentos ou ideias.

Abstração informal

Recebe influência do expressionismo e do cubismo. Os artistas

abandonam a perspectiva tradicional e criam as formas no ato da pintura,

utilizando-se de linhas e cores para exprimir emoções. Em geral, o que se

veem são manchas e grafismos. O marco inicial da arte abstrata é Batalha,

tela pintada em 1910 por VassíliKandínski (1866-1944), russo que vivia na

Page 24: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

24

Alemanha. Primeiro artista a definir sua arte como abstrata, ele leva o

expressionismo para essa nova tendência.

Outro importante nome da abstração informal é o suíço Paul Klee (1879-

1940).

Após a II Guerra Mundial (1939-1945), a partir da abstração informal

surgem outras tendências artísticas, como o expressionismo abstrato nos EUA

e a abstração gestual na Europa e na América Latina.

Abstração geométrica

Ao criar pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram

com certo rigor técnico as formas geométricas, sem a preocupação de

transmitir ideias e sentimentos. Os principais responsáveis pelo início da

abstração geométrica são o russo Malevitch (1878-1935) e o holandês Piet

Mondrian (1872-1944).

A partir de 1915, ao criar quadros em que figuras geométricas flutuam

num espaço sem perspectiva, Malevitch inaugura um movimento derivado da

abstração, chamado de suprematismo (autonomia da forma). Um de seus

marcos é a tela Quadrado Negro sobre Fundo Branco.

Mondrian, que no início da década de 10 estivera próximo dos cubistas,

entre os anos 20 e 40 dedica-se a pintar telas apenas com linhas horizontais e

verticais, ângulos retos e as três cores primárias (amarela, azul e vermelha),

além do preto e do branco. Para ele, essas formas seriam a essência dos

objetos.

O trabalho de Mondrian influencia diretamente a arte funcional

desenvolvida pela Bauhaus. Da abstração geométrica derivam o

construtivismo, o concretismo e, mais recentemente, o minimalismo. Na

escultura, destaca-se o belga Georges Vantongerloo (1886-1965).

ABSTRAÇÃO NO BRASIL

A abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O curso

de gravação de Iberê Camargo (1914-1994) forma uma geração de gravuristas

abstratos, na qual se destacam Antoni Babinski (1931-), Maria Bonomi (1935-)

e Mário Gruber (1927-). Outros impulsos vêm da fundação dos museus de Arte

Moderna de São Paulo (1948) e do Rio de Janeiro (1949) e da criação da

Bienal Internacional de São Paulo (1951).

Page 25: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

25

Entre os pioneiros da abstração no Brasil, destacam-se Antônio

Bandeira (1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila Branningan (1914-).

Posteriormente, artistas como Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe (1924-1997),

Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery (1912-), além de Iberê, praticam a

abstração informal.

A abstração geométrica, que se manifesta no concretismo e no

neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake

(1913-), Fayga Ostrower (1920-), Arcângelo Ianelli (1922-) e Samson Flexor

(1907-1971).

Luz e cor

Na arte abstrata o uso da luz, das diferentes texturas e contornos das

linhas, do espaço e das cores ganha nova expressividade.

A partir de 1930, o abstracionismo pode ser considerado como um dos

principais pontos de caracterização da arte do século atual.

Entretanto, ele vem ganhando espaço bem antes disso. Kandisky, já em

1910, fez a primeira pintura utilizando-se de formas não reconhecíveis.

O Concretismo é um abstracionismo geométrico que procura, através

de cores e linhas, um movimento perceptivo vibratório. O espectador, ao

contemplar a obra, vai sentir certas vibrações e modificações perceptíveis nas

imagens da composição. Traz semelhanças com o Suprematismo e o

Construtivismo.

Page 26: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

26

Max Bill. Harmonie der Saulen, 1979. Litografia.

O Concretismo procura sintetizar as teorias abstratizantes e científicas

da Arte Moderna. É bidimensional, levando a pintura de volta superfície do

quadro, como fez Mondrian no Neoplasticismo.

No Brasil, a primeira Bienal de São Paulo(1951) estimula

muitos artistas a engajarem-se na linguagem despojada e geométrica da arte

concreta.

A aplicação prática do Concretismo foi a programação visual e o design

industrial. Destacam-se os brasileiros Ivan Serpa, Lígia Clark e Hélio Oiticica.

Max Bill – artista responsável pela vinda do Concretismo para o Brasil.

O Concretismo surgiu na Europa no início do século XX, advindo do

movimento abstracionista moderno, o qual tinha como característica

Page 27: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

27

fundamental a abstração da arte através da incorporação de formas

geométricas ao visual.

Os artistas tinham como objetivo aliar os recursos gráficos à arte

(música, poesia e artes plásticas) e abstrair-se de todo envolvimento com o

lirismo e o sentimentalismo artístico.

Os concretistas adotavam meios para que a realidade fosse incorporada

ao trabalho artístico.

Dessa forma, os quadros e as poesias apontavam para as figuras

arquitetônicas e esculturais do cotidiano, além de possuírem diversas

possibilidades de leituras através dos diferentes ângulos visuais. Este tipo de

concepção da arte é chamada de plástica.

O Cubismo foi um movimento que marcou esta manifestação artística

do Concretismo ao definir o quadro como suporte para a reconstrução da

realidade, a qual pode ser vista por diferentes facetas.

O responsável pela vinda da concepção plástica da arte para o Brasil e,

de forma geral, para a América Latina, foi Max Bill, artista, arquiteto e designer

gráfico suíço. Em 1951, Bill realizou uma exposição de suas obras no Museu

de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, a qual inicia o processo de

consolidação do movimento concretista no Brasil.

A poesia concreta começa a ser notada através da publicação da

revista “Noigandres” pelos poetas Décio Pignatari, Haroldo de Campos e

Augusto de Campos e se estabiliza através da Exposição de Arte Concreta, em

1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

As principais características da poesia concreta são: a abolição do verso

tradicional, o aproveitamento do espaço em branco da página, a disposição

geométrica, o conteúdo voltado aos aspectos sonoro e visual, o uso de

neologismos e a ruptura com a sintaxe.

NEOCONCRETISMO

O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário, surgido como

uma forma de reagir aos excessos trazidos pelo concretismo. Enquanto o

concretismo era extremamente racional, o neoconcretismo trouxe a

subjetividade de volta para o processo de criação artística. Foi ele o

Page 28: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

28

responsável pelas primeiras mudanças nas artes visuais no Brasil, através da

proposta de uso de novos meios para a produção, bem como da transformação

na forma de receber estas obras de arte. Trouxe também um novo modo de

escrever, que pode ser conferido através da Obra de Ferreira Gullar e de

Reynaldo Jardim.

No final da década de 50 os artistas que faziam parte do concretismo

fizeram uma revisão crítica sobre seu pensamento anterior e chegaram à

conclusão que estavam fazendo arte segundo “receitas”, obedecendo a certos

“dogmas”, fazendo com que seu potencial crítico e artístico fosse quase

nenhum.

Em busca de remendar algumas coisas, em 23 de março de 1959, foi

lançado o Manifesto Neoconcretista, no Suplemento Dominical do Jornal do

Brasil, assinado por Ferreira Gullar, Ligia Clark, Ligia Pape, Amílcar de Castro,

Franz Weissmann, Reynaldo Jardim, TheonSpanudis. Tal manifesto foi a

abertura da I Exposição de Arte Neoconcreta, que contava com a participação

dos mesmos artistas listados acima.

Nos anos seguintes ocorreram outras duas exposições de arte

neoconcreta, uma em 1960 e outra em 1961, tendo a primeira ocorrido no

Ministério da Educação do Rio de Janeiro e a segunda no Museu de Arte

Moderna de São Paulo.

Duas outras exposições nacionais de arte neoconcreta ocorreram nos

anos seguintes: uma em 1960, no Ministério da Educação do Rio de Janeiro, e

outra em 1961, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Os neoconcretistas afirmavam que a arte não é apenas um objeto, mas

tem sensibilidade, expressividade, subjetividade. Combatiam o concretismo

dizendo que não se tratava apenas de formas geométricas, e debatiam os

conceitos cientificistas e positivistas na arte. Consideravam as diversas

possibilidades criativas do artista e envolviam no processo também o

observador ou receptor.

Foi, contudo, fortemente criticado pelos concretistas ortodoxos,

principalmente de São Paulo, já que o movimento teve maior influência no Rio

de Janeiro. Os concretistas alegavam que a forma teria uma “autonomia”, e

que, portanto não daria liberdade para implicar em simbologias, expressões ou

sentimentos.

Page 29: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

29

O movimento neoconcreto apoiava-se na filosofia de Merleau-Ponty, que

sugeria a recuperação daquilo que é humano, sensível, e uma das formas de

expressar isso era através da cor e de seus múltiplos significados emocionais,

dando margem à interpretação mais subjetiva da arte.

Alguns estudos afirmam que o movimento neoconcreto teria sido um

divisor de águas na história das artes no Brasil, pois serviria como uma ruptura

da arte moderna no país.

Lygia Clark

POP ART OU ARTE POP A Pop Art ou Arte Pop surgiu nas cidades de Londres e Nova York

como a expressão de um grupo de artistas que procuravam valorizar a cultura

popular.

Para isso, serviram-se tanto dos recursos da publicidade quanto dos

demais meios de comunicação de massa. Histórias em quadrinhos, cartazes

publicitários, elementos de consumo diário e a nova iconografia, representada

por astros do cinema, da televisão e do rock, passaram a integrar a temática

central dessa nova corrente, não sem uma certa ironia crítica.

As atividades desses grupos começaram em Londres, por volta de 1961,

sob a forma de conferências, nas quais tanto artistas quanto críticos de cinema,

escritores e sociólogos discutiam o efeito dos novos produtos da cultura

popular originados pelos meios de comunicação de massa, especialmente a

televisão e o cinema. Da Inglaterra o movimento se transferiu para os Estados

Unidos, onde finalmente se consolidaram seus princípios estéticos como nova

corrente artística.

Talvez seja preciso explicar que nos Estados Unidos, além das ações

dos grupos londrinenses, os artistas da camada pop tiveram como referência,

desde 1950, os chamados happenings e environments. Esses eventos eram

uma espécie de instalação em que se fazia uso de todas as disciplinas

Page 30: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

30

artísticas para criar espaços lúdicos de duração efêmera, que, como afirmava

seu criador, John Cage, mais do que obras de arte eram ações que se

manifestavam como parte da própria vida.

Não obstante, a arte pop americana se manifestou como uma estética

renovadamente figurativa, e suas obras, ao contrário daquelas instalações,

tiveram um caráter perdurável. É o caso da obra pictórica de Andy Warhol ou

das pinturas no estilo de história em quadrinhos de Lichtenstein, sem esquecer

certas instalações de Beuys que hoje estão presentes nos museus mais

importantes de arte contemporânea e valem tanto quanto os quadros dos

grandes mestres do século passado.

Pintura

Desde o início os pintores pop manifestaram interesse em deixar de lado

as abstrações e continuar no figurativismo popular de Hopper, para tornar mais

palpável essa segunda realidade que os meios de comunicação tentavam

transmitir e vender.

Os quadros de personagens famosos de Warhol, deformados pelo

acréscimo de suas próprias variações cromáticas, não são mais do que a

reinterpretação da nova iconografia social representada por estrelas de cinema

e astros do rock.

A frieza de expressão das colagens de anúncios publicitários de

Rosenquist e os quadros eróticos de Wesselman, próximos dos quadros

Schwitters fazem uma imitação burlesca da nova cultura gráfica publicitária.

Paradoxalmente, as obras desses artistas em nenhum momento foram

entendidas num plano que não fosse meramente estético e, criticados por

realizar uma arte eminentemente comercial, o fato é que tiveram êxito e se

valorizaram no mercado mundial devido ao impacto subliminar de sua obra.

Quanto ao pop britânico, os artistas realizaram exposições nas quais

seus quadros, que eram verdadeiros mostruários do cotidiano inglês, refletiam

uma certa nostalgia das tradições e, num sentido mais crítico e irônico, quase

em tom de humor, faziam uma imitação dos hábitos consumistas da sociedade

na forma de verdadeiros horror vacuii (horror ao vazio) de objetos e aparelhos.

As colagens do pintor Hamilton eram uma reprodução grotesca da arte

publicitária dos tempos modernos.

Page 31: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

31

Escultura

Na primeira fase da arte pop, a escultura não era muito frequente e

se manifestou mais dentro dos parâmetros introduzidos pelo

dadaísmo: objetos fora do contexto, organizados em colagens insólitas. Mais

tarde alguns artistas interessaram-se em acentuar seus efeitos, como foi o

caso de Oldenburg, com suas representações de alimentos em gesso e seus

monumentais objetos de uso cotidiano, ou suas controvertidas e engenhosas

esculturas moles.

Não faltaram também as instalações de Beuys do tipo happening, em

cujas instalações quase absurdas se podia reconhecer uma crítica aos

academicismos modernos, ou as esculturas figurativas do tipo environment, de

Segal, da mesma natureza. Outro artista pop que se dedicou a esta disciplina

foi Lichtenstein, mas suas obras se mantiveram dentro de um contexto

abstracionista-realista, em muitos casos mais perto das obras de seus colegas

britânicos.

Cinema e Fotografia

As origens do cinema pop podem ser encontradas no cinema pop

independente, que surgiu na década de 50 como resposta à estética e aos

métodos de filmagem hollywoodianos. Estas vanguardas no campo do cinema

romperam com o sistema estabelecido de criação, produção e publicidade de

Hollywood, tentando revalorizar os artistas num mercado em que produtores

tinham primazia sobre os diretores, mesmo quando só entendiam de finanças.

Underground é a palavra chave para se entender o cinema pop, não em

sua tradução literal de subterrâneo ou escondido, mas como totalmente crítico

e anticonvencional, qualidades que o definem.

As características deste novo cinema eram a ausência total de

referência à filmografia clássica, numa tentativa de redefini-lo como uma arte

independente da televisão e do teatro. Esse é o caso dos filmes de câmera fixa

de Andy Warhol, de mais de oito horas de duração e sem fio narrativo.

Agrupados e patrocinados pela FilmmakersAssociation, cineastas como

os irmãos Mekas, Ron Rice ou KeanJacobs conseguiram filmar

independentemente das leis de distribuição e censura.Quanto à fotografia, ela

foi muito utilizada pelos artistas pop porque era o único método que permitia a

Page 32: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

32

reprodução de eventos artísticos como happenings e environments. A

exposição das fotos era considerada um evento artístico.

A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa.

No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma

linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social.

Auto-Retrato de Andy Warhol

Boa Disposição de Pele Macia - Claes Oldenburg

Page 33: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

33

GRAFITE E PICHAÇÃO.

Qual a diferença?Muitas pessoas não sabem e não veem diferença

entre grafite e pichação, porém grafite é considerado arte de rua, já a pichação

é um ato de vandalismo.

Para quem for pego pichando pode levar á prisão entre 3 meses a 1 ano

com multa, segundo o artigo 65 da lei de crimes ambientais. Entre os

pichadores existem disputas de quem picha o maior número de edifícios e não

se preocupam com o lugar se é patrimônio público ou outra propriedade.

O grafite por sua vez é uma forma de arte muito valorizada não só no

Brasil como internacionalmente. Recentemente o rei da Escócia pediu para que

seu filho contratasse alguém para pintar o castelo e chamou três grafiteiros

brasileiros para o trabalho.

Existem aquelas pessoas que não são capazes de diferenciar um muro

pichado de um grafitado, porém para quem entende a diferença passa a olhar

as ruas com outros olhos. A pichação ou grafite são realizadas com a utilização

de spray ou até mesmo com rolo e tinta de diversas cores!

Acredito que agora já seja possível diferenciar a pichação do grafite, se

esse tipo de arte não lhe agrada ao menos você saberá diferenciar quando

estiver na rua uma arte ou um mero ato de vandalismo.

Page 34: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

34

NATURALISMO

Século XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do

homem e da vida em sociedade e os estudos

daBiologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.

Os naturalistas começaram a analisar o comportamento humano e

social, apontando saídas e soluções.

Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente,

com os temas mais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso,

outros fatos importantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a

República foram deixados de lado.

O Naturalismo surgiu na França, em 1870, com a publicação da obra

“Germinal” de Émile Zola. O livro fala das péssimas condições de vida dos

trabalhadores das minas de carvão na França do século XIX.

O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais

características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva.

Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O

homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com

seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).

Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja,

o homem é uma máquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas,

hereditariedade e meio social, além de estar sempre à mercê de forças que

nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é um

brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente.

Page 35: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

35

Almeida Junior - Caipira Picando Fumo - 1893

Características do Naturalismo

A principal característica do Naturalismo é o cientificismo

exagerado que transformou o homem e a sociedade em objetos de

experiências.

Descrições minuciosas e linguagem simples

Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas

sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas patológicos traduz a

vontade de analisar todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar

com a reação do público.

Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma

vontade de reformar a sociedade, ou seja, denunciar estes problemas era uma

forma de tentar reformar a sociedade.

ARTE CONTEMPORÂNEA

A arte acompanha o homem e sua história em manifestações que

refletem o contexto social do momento em que ele está inserido. E, partindo da

premissa de que arte é cultura, o estudo de sua produção artística é uma

potencial referência aos acontecimentos sociais, políticos e econômicos de

cada época.

A Arte Contemporânea, alusão à arte produzida depois da 2ª Guerra

Mundial, é caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a

Page 36: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

36

experimentação, levando os artistas a realizarem uma verdadeira fusão de

linguagens, materiais e tecnologias.

Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através

de sua arte o pensamento de determinada época, a sociedade em que estão

vivendo, as questões políticas, religiosas, econômicas e sociais que os

envolvem. Distanciam-se do Modernismo e seus conceitos de negação ao que

é antigo.

A Arte Contemporânea recebe inúmeras denominações, entre elas “Pós-

Modernismo”. Todavia, esse termo é evitado por muitos autores

contemporâneos. Segundo GARDNER (1996 p.87):

Muitos artistas e críticos dirão que este é um rótulo impreciso para formas diversas de expressão artística, uma crua aproximação daquilo que realmente está acontecendo. Mas, uma vez que precisamos usar palavras e ainda não apareceu ninguém com uma palavra melhor, Pós-Modernismo [é usado] para denotar a arte que sucede o Modernismo e que geralmente o ataca.

Requisitando uma nova forma de representação dos problemas atuais, a

Arte Contemporânea é norteada, principalmente, por questões que afetam a

todos diretamente, seja na rua, nos conceitos, nas relações pessoais, na mídia

e na própria arte. Traz à tona um momento de integração das linguagens

artísticas, combinando instalações, performances, imagens, textos e

tecnologias.

Essa integração, em uma só obra, é fruto das relações sociais que, cada

vez mais interligadas pelo fenômeno da globalização, promovem uma

expansão de conceitos determinantes em diferentes culturas. O que resulta

numa miscelânea de gostos e costumes apreciados em grandes mostras

internacionais de arte como as bienais de Veneza e a Documenta de Kassel,

que se cristalizam como as mostras coletivas mais importantes do mundo.

As bienais propiciaram a inter-relação de mundos, divulgando a

arte brasileira no exterior e trazendo a arte internacional ao Brasil. Como a

Bienal de São Paulo idealizada por Francisco Matarazzo Sobrinho.Inspirada na

Bienal de Veneza, a primeira Bienal de Artes Plásticas de São Paulo aconteceu

em 1951. Desde então, as 24 Bienais realizadas até hoje reuniram obras de

valor inestimável. A média de participação estrangeira em todas as Bienais é

Page 37: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

37

de 50 países com, aproximadamente, 12 mil obras, entre nacionais e

internacionais.

Portanto, na tentativa de entender essa miscelânea artística, este estudo

reúne um panorama sistemático da arte contemporânea mundial, brasileira e

maranhense, abrangendo movimentos artísticos característicos das décadas

de 50 até os dias atuais.

A arte da década de 70 afasta-se da política e dos problemas sociais. É

caracterizada pela emblematização da reflexão, da razão, do conceito e

tecnologia. A Exposição Internacional de Arte por Meios Eletrônicos / Arteônica

dá abertura à arte tecnológica, realizada com ajuda de computador. A

Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) é criada nesse período dando grande

incentivo à produção artística brasileira.

O momento de transição para a década de 80 foi marcado pela insígnia

das diretas já, pela retomada da pintura e pelas mudanças no panorama

artístico, marcado por grandes exposições como: Tradição e Ruptura, 1984; A

Trama do Gosto, 1987 (organizadas pela Bienal de São Paulo); A Mão Afro-

Brasileira, 1988 (organizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo). Além

da mostra Como Vai Você, Geração 80? Realizada em 1984 na Escola de

Artes Visuais do Parque Lage, um dos importantes centros de formação da

nova geração no Rio de Janeiro.

ARTE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COMO ATIVIDADE EXTRACURRICULAR

É no fim da década de 1920 e início da década de 1930 que

encontramos as primeiras tentativas de escolas especializadas em arte para

crianças e adolescentes, inaugurando o fenômeno da arte como atividade

extracurricular. Em São Paulo, foi criada a Escola Brasileira de Arte conhecida

através de Theodoro Braga seu mais importante professor. Mas a ideia partiu

da professora da rede pública Sebastiana Teixeira de Carvalho e foi

patrocinada por Isabel Von Ihering, presidente de uma sociedade beneficente,

A Tarde da Criança.

A Escola Brasileira de Arte funcionava em uma sala anexa ao grupo

Escolar João Kopkee lá as crianças das escolas públicas de oito a catorze

Page 38: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

38

anos, com talento (havia provas de desenho),podiam gratuitamente estudar

música, desenho e pintura. A orientação era vinculada à estilização da flora e

fauna brasileiras. Theodoro Braga desenvolvia o que podemos chamar de

método art nouveau (arte nova em francês). Em vários artigos publicados em

revistas e jornais do país Braga reverberava contra o método de copia de

estampas e defendia um ensino voltado para a natureza.

Tarsila do Amaral em uma entrevista ao Correio da Tarde de 28 de

janeiro de 1931 elogia o trabalho de Theodoro Braga e de Anita Malfatti no

ensino de arte, conferindo aos dois os mesmos valores.

Anita Malfatti mantinha cursos para crianças e jovens em seu ateliê e na

Escola Mackenzie.

Tinha uma orientação baseada na livre expressão e no espontaneísmo.

Com o curso para crianças, criado na Biblioteca Municipal Infantil pelo

Departamento de Cultura de São Paulo quando Mário de Andrade era seu

diretor (1936-1938) esta orientação começou a se consolidar.

A contribuição de Mário de Andrade foi muito importante para que se

começasse a encarar a produção pictórica da criança com critérios

investigativos e à luz da filosofia da arte. O estudo comparado do

espontaneísmo e da normatividade do desenho infantil e da arte primitiva era o

ponto de partida de seu curso de filosofia e de história da arte, na Universidade

do Distrito Federal.

Muitas destas pesquisas analisam problemas inter-relacionados coma Proposta Triangular. A

Proposta Triangular foi sistematizada a partirdas condições estéticas e culturais da pós-modernidade.

A pós-modernidade em arte/educação caracterizou-se pela entrada da imagem, sua decodificação e

interpretações na sala de aula junto com a já conquistada expressividade.

Como podemos ver neste tópico, a história é sempre contada a partir de um ponto de vista,

neste caso, procuramos demonstrar como a história do ensino da arte no Brasil foi se constituindo a

partir de apropriações de modelos estrangeiros, deglutidos e antropofagicamente transformados por

nossas necessidades. Desde a instauração da Academia Imperial de Belas Artes, primeira instituição

pública e formal de formação para as Artes Plásticas no Brasil, até a formalização da Arte como área

de conhecimento nos Parâmetros Curriculares Nacionais, passando pelas diferentes iniciativas do

final do século XIX e por todo o século XX, os modelos de ensino da arte foram se tecendo e se

sobrepondo, correspondendo as demandas políticas e culturais de cada época. Cada um desses

Page 39: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

39

modelos, para bem ou para o mal, se sustentam em concepções de arte e de educação, explícitas ou

implícitas. Cabe a nós, educadores de hoje, analisar e avaliar a pertinência dessas concepções,

procurando entender os contextos que as constituem.

PROPOSTA TRIANGULAR

Como vimos do final do percurso histórico, a Proposta Triangular é uma

opção formativa de tendência pós-moderna, pois concebe a arte como

expressão e como cultura e propõe uma aprendizagem de tipo dialógico,

construtivista e multicultural. Foi sistematizada por Ana Mae Barbosa entre os

anos de 1987 e 1993 no contexto do Museu de Arte Contemporânea da

Universidade de São Paulo e experimentada nas escolas da Rede Municipal de

ensino da Cidade de São Paulo quando Paulo Freire era Secretário de

Educação do Município.

Entretanto, vale a pena ressaltar que sua gênesis vem de uma longa

história de apropriações, experimentações e revisões, em sintonia com as

mudanças no contexto cultural da pós-modernidade e com o Movimento de

Arte Educação que se fortalecia no Brasil desde a década de 1980. Foi

inicialmente nomeada de “Metodologia Triangular”, mas logo esta denominação

foi revista pela própria professora, pois, se configura muito mais como uma

abordagem que propõe uma profunda revisão dos problemas do ensino e da

aprendizagem das artes, do que propriamente como uma metodologia de aula.

A triangulação que se anuncia em sua denominação se refere às três

dimensões inerente sao fato artístico. Elliot Eisner, um dos importantes

filósofos do ensino de artes dos Estados Unidos, dizia, já na década de 1970,

que não podemos querer ensinar arte sem levar em conta que em nossa

cultura produzimos arte porque apreciamos arte e gostamos de conversar

sobrearte. Naquele momento, esta simples declaração de Eisner era uma

reflexão contra as práticas escolares que se apegavam apenas a atividades

artísticas sem tecer relações com o campo de conhecimento. A natureza

epistemológica do ensino da arte passou a ser uma exigência premente tanto

do contexto cultural quanto educacional. A Proposta Triangular vem nesta

direção designar os componentes desse ensino por três ações mentalmente e

Page 40: 1 - Apostila - Ensino Da Arte No Brasil (1)

40

sensorialmente básicas: a produção (fazer artístico), a leitura da obra ou

imagem e a contextualização.

Esta triangulação tem como fundamentação educacional as concepções

de três importantes pensadores: John Dewey, Paulo Freire e o já citado Elliot

Eisner. Na introdução do livro Arte/ Educação contemporânea, Ana Mae

Barbosa (2005, p. 12) compara os conceitos de educação de Eisner e Freire,

evidenciando como este conceito se encontra com a ideia de experiência de

Dewey.

BIBLIOGRAFIA

AMARANTES, L. As Bienais de São Paulo. Revista Projeto, 1989. ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras. 2006 BARBOSA, Ana Mae (org). Arte-educação. Leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 2003. BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino de Arte: Anos Oitenta e Novos Tempos. São Paulo, Perspectiva/IOCHPE, 1991. BARDI, Pietro Maria. História da arte brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1975. BASBAUM, Ricardo. Arte contemporânea brasileira: texturas, dicções, ficções,estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/51449/arquitetura-rococo-no-brasil#ixzz3CI3xCnhD Acessado em 01/09/14 http://www.infoescola.com/artes/arte-rupestre/ acessado em 01/09/14 http://profstellerdepaula.wordpress.com/2010/05/31/barroco/ acessado em 01/09/14.