Upload
sanchescris
View
19
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
ENSINO DA ARTE NO BRASIL
Citation preview
1
_________________________________
DISCIPLINA: ARTE BRASILEIRA I E II
EMENTA:
Arte Brasileira I
A arte no Brasil: das origens ao século XIX. Arte pré-histórica e primitiva no Brasil. Arte colonial.
Barroco e Rococó; Neoclassicismo e Ecletismo. A Missão Francesa. A constituição das Escolas de
Belas-Artes. A Belle Époque na Amazônia.
Arte Brasileira II
Modernismo e contemporaneidade no Brasil: A Semana de 22: antecedentes e desdobramentos do
Modernismo. O legado dos Salões e das Bienais. Abstração, Concretismo e Neoconcretismo; Arte
Pop, Grafite e Pichação. As tendências contemporâneas nas artes visuais brasileira, a partir da
década de 70 (pintura, escultura, instalação, objeto, fotografia, vídeo e multimeios).
Henrilene Acedo
BRAGANÇA PAULISTA
07/02/2015
2
Objetivos da disciplina: Propiciar aos alunos reflexões e estudos sobre a
importância da Arte como ferramenta eficaz no processo de ensino e
aprendizagem, numa linguagem interdisciplinar.
PAUTA DA AULA
Horário: 9h às 15h
Local: IEST – Polo Bragança Paulista
ABERTURA
■ Apresentação
■ Dinâmica de Grupo
■Mensagem:
3
O QUE É ARTE...
Arte é um termo que vem do latim, e significa técnica/habilidade. A
definição de arte varia de acordo com a época e a cultura, pode ser arte
rupestre, artesanato, arte da ciência, da religião e da tecnologia.
A arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua
história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza,
harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, as
Artes Cênicas, artes Literárias ou Literatas, Artes Musicais e Artes Plásticas.
Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e
ocupando um importantíssimo espaço na sociedade. A música, por exemplo, é
capaz de nos deixar felizes quando estamos tristes. Ela funciona como uma
distração para certos problemas, um modo de expressar o que sentimos aos
diversos grupos da sociedade.
ENSINO DA ARTE NO BRASIL
Vamos buscar compreender, nesta disciplina, como a história do ensino
da arte no Brasil está marcada pela dependência cultural. Sabemos que o
primeiro produto cultural brasileiro de origem erudita foi o Barroco. Trazido de
Portugal, recebeu através da criação popular características que podem ser
consideradas de cunho nacional. Os artistas e artesãos brasileiros à maneira
antropofágica criaram um barroco com distinções formais em relação ao
Barroco europeu. O ensino da arte barroca tinha lugar nas oficinas através do
fazer sob a orientação do mestre. Estas oficinas eram a única educação
artística popular na época.
Veremos inicialmente que a primeira institucionalização do ensino de
arte foi a Missão Francesa (1816) com o modelo neoclássico, um dos poucos
modelos com atualidade no país de origem no momento de sua importação
para o Brasil. Quase sempre os modelos estrangeiros foram tomados de
empréstimo numa forma já enfraquecida e desgastada. A Missão Francesa foi
na realidade uma invasão cultural de cunho elitista.
Em contraposição, no final do século XIX, no contexto republicano, os
liberais introduziram o ensino do desenho na educação numa perspectiva
4
antielitista como preparação de mão de obra para o trabalho nas indústrias, a
partir do modelo norte-americano que foi exercido de forma marcante e intensa
até meados do século XX.
No entanto, já no início do século XX, o Modernismo transpôs para o
campo educacional a ideia de arte como expressão. Este é o tema do terceiro
tópico, onde vamos buscar compreender as diversas interpretações das ideias
de John Dewey nas reformas educacionais da Escola Nova, quando as
atividades artísticas passam a ser aceitas no meio educacional. A ideia de arte
como expressão induziu também, na segunda metade do século XX,
experiências bem sucedidas de arte para crianças e adolescentes como
atividades extracurriculares. Foi neste contexto favorável que na década de
1970 a Educação Artística passou a ser obrigatória no ensino formal,
carregando, entretanto, uma perspectiva conceitual e ideológica desfavorável
configurada pelo tecnicismo e pela polivalência.
No final do século XX o movimento de arte/educação se revigora em
sintonia com a pós-modernidade, resultado do amadurecimento de um campo
de conhecimento que desenvolve pesquisas e busca se aproximar do campo
das práticas artísticas. Chegamos a nossa contemporaneidade que se
caracteriza por múltiplas deglutições e apropriações de modelos, por trânsitos
entre culturas.
Temos aqui por razões didáticas um percurso histórico que segue uma
cronologia, porém precisamos compreender que esta nossa história não é
apenas uma sucessão de fatos e acontecimentos isolados que se apresentam
de forma linear e pertencem ao passado, mas uma constelação de
proposições, ideias e experiências sobre a arte e seu ensino que se sobrepõem
e coabitam um mesmo espaço e continuam ativas hoje no ideário educacional.
Esperamos que ao revisitar a história do ensino da arte possamos melhor nos
entender no contexto de hoje e, sobretudo, nos ajude a construir possibilidades
educacionais mais condizentes com nossos valores neste conturbado cenário
contemporâneo.
Até 1870 pouco se contestou o modelo de ensino da arte da Academia
Imperial das Belas-Artes, que foi em parte utilizado pela escola secundária.
Nas escolas secundárias particulares para meninos e meninas, imperava a
cópia de retratos de pessoas importantes, de santos e a cópia de estampas,
5
em geral europeias, representando paisagens desconhecidas aos nossos olhos
acostumados ao meio ambiente tropical. Estas paisagens levavam os alunos a
valorar esteticamente a natureza europeia e depreciar a nossa pela rudeza
contrastante.
É interessante notar que no século XIX poucos países do Novo Mundo
instituíram o ensino da arte para meninos nas escolas de elite. O mais comum
é que a arte tivesse lugar apenas nas escolas de meninas de alta classe. No
Brasil isto ocorreu porque a elite brasileira esteve no período colonial mais
ligada aos modelos aristocráticos do que aos modelos burgueses como nos
outros países americanos.
Segundo o modelo aristocrático, arte era indispensável na formação dos
príncipes. D. João VI deu o exemplo quando contratou Arnaud Pallière (1823-
1887) para ensinar desenho aos príncipes. Seguindo este padrão, a arte foi
incluída em 1811 no currículo do colégio do Padre Felisberto Antônio
Figueiredo de Moura, uma escola para rapazes no Rio de Janeiro que
determinou o modelo de educação para meninos de alta classe na época.
ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA NO BRASIL
Arte Rupestre é o mais antigo tipo de arte da história. Também é
conhecida como gravura ou pintura rupestre. Esse tipo de arte teve início no
período Paleolítico Superior. A arte rupestre é encontrada em todos os
continentes.
Arte Rupestre - Nicho Policrômico - Toca do boqueirão da Pedra Furada - PI
6
O estudo da arte rupestre favoreceu o conhecimento de pesquisadores
em relação aos hábitos dos povos da antiguidade e a sua cultura. As matérias
primas utilizadas para a expressão artística dos povos da antiguidade eram:
pedras, ossos e sangue de animais. O sangue, assim como o extrato de folhas
de árvores era utilizado para tingir. Silhuetas de mão e pés, portanto, devem
ser as mais primitivas expressões artísticas.
As principais obras eram desenhos e pinturas, tendo como tela as
paredes e tetos de cavernas. Eram representados, principalmente, animais
selvagens, linhas, círculos e espirais. Seres humanos eram mais representados
em situações de caça. Ossos, pedras e madeiras eram utilizados em
esculturas.
A ideia de que a arte rupestre é obra dos homens pré-históricos foi
aceita por especialistas apenas em 1902.
Arte rupestre. Foto: JanelleLugge / Shutterstock.com
Na América, além da arte rupestre pré-histórica, é encontrada a arte
chamada de pré-colombiana, fruto do trabalho de astecas, maias e incas. São
esculturas, pinturas, e grandes templos construídos com pedras.
No território brasileiro existem vários sítios de arte rupestre pré-histórica.
Existem pesquisadores que defendem a tese de que a arte rupestre, no Brasil,
7
não seria obra dos índios, e sim de gregos, vikings ou fenícios que teriam
passado por aqui. O maior sítio brasileiro de arte rupestre fica no estado
do Piauí, precisamente na Serra da Capivara.
No Brasil, os desenhos de diferentes épocas sugerem rituais, cenas de
sexo, animais, cenas de luta ou mesmo representações geométricas. Estudos
têm apontado à possibilidade de alguns desenhos representarem algumas
noções de astronomia.
A arte rupestre brasileira, diferente do que ocorre em outros países, não
é preservada devidamente. Apesar de tratar-se de um patrimônio histórico (ou
pré-histórico) o descuido, queimadas, a ação de empresas de mineração, e as
depredações típicas de turistas (como carregar lembranças) e dos pichadores
(vândalos), é uma ameaça a esse patrimônio de valor inestimável.
ARTE COLONIAL BRASILEIRA
Arte colonial brasileira é o termo pelo qual se categoriza toda a obra
artística produzida no Brasil, durante o período em que o país permaneceu
como colônia de Portugal. De modo geral, a arte classificada como colonial
brasileira é aquela produzida entre os séculos XVI e XVII, com destaque para
a Arquitetura e decoração de interiores.
Arquitetura colonial
Após a chegada dos europeus e a sua consequente ocupação do litoral,
iniciou-se a construção das primeiras vilas, como por exemplo, São Vicente, no
litoral paulista. Atualmente, as cidades de Olinda e Iraguassu (PE), Parati (RJ),
Laguna (SC), cidade de Goiás (GO), Cachoeira e São Sebastião (SP) e outras
8
no interior de Minas Gerais ainda conservam as construções desse período.
Casas, igrejas e solares representam parte da história do país e são protegidos
como Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico do povo brasileiro.
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas retangulares
e cobertura de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada.
Essas construções eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do tupi-
guarani (tejy = gente e upad = lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e
passam os colonizadores a construir casas de taipa.
Com essa evolução, começam a aparecer as capelas e os centros das
vilas, dirigidas por missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de
Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.
As primeiras cidades construídas pelos portugueses não possuíam um
planejamento urbano definido, tendo casas construídas muito próximas das
outras. Os materiais empregados variavam de acordo com a localização: no
litoral utilizava-se pedra e cal; no interior, barro batido, madeira e barro ou
pedra.
Além das cidades litorâneas, outro ponto importante de ocupação eram
as fazendas onde se produzia açúcar, o melaço e a cachaça. Alguns artistas
dedicaram-se a retratar as cenas das fazendas e engenhos, especialmente
Fran Post (século XVII), Debret (século XIX) e, já no século XX, Cícero Dias e
Vicente do Rego Monteiro.
9
A arte religiosa assume grande expressividade nesse período. Com o
intuito de catequizar os índios, e manter os preceitos da igreja católica, os
portugueses construíram várias igrejas replicando àquelas que existiam em
Portugal.
A arquitetura religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta
Francisco Dias, que trabalhou em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi,
projetista da igreja de São Roque de Lisboa.
As pinturas e esculturas desse período eram feitas por padres e jesuítas,
seguindo o estilo Maneirista. A partir do século XVII começou-se a utilizar o
estilo que ficaria mais associado ao tipo de arte empregado na decoração de
igrejas de todo Brasil colonial, o estilo Barroco.
O BARROCO
O barroco surgiu na Itália após o Concílio de Trento, realizado de 1545
a 1563, que reuniu a cúpula da Igreja Católica para reagir à Reforma
Protestante. Assim, é uma estética intimamente ligada à Contrarreforma e, seja
na pintura, na escultura, na arquitetura, na música ou na literatura, há o
predomínio da emoção sob a razão. Nosso foco aqui será a pintura, a escultura
e a arquitetura, três formas de arte que muitas vezes andaram juntas para que
o objetivo da Igreja Católica fosse atingido: emocionar o espectador diante da
dramaticidade das telas e das esculturas, da riqueza dos ornamentos, fazê-lo
se sentir pequeno diante da imponência da arquitetura das igrejas, para que ele
mais facilmente se entregasse à fé. Uma igreja barroca funcionava como um
grande teatro cuja função era comover o espectador pelo estímulo sensorial e
pelo apelo afetivo.
Vamos usar como exemplo para ilustrar a Igreja de São Francisco de
Assis, em Ouro Preto, cujo projeto arquitetônico e os ornamentos são de
autoria de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e as pinturas de Manuel da
Costa Ataíde.
10
Reparem na arquitetura da igreja, nos ornamentos, na riqueza de detalhes. Entrando na igreja é essa a visão lateral que temos. Olhando para cima nos
deparamos com essa imagem:
11
A pintura no teto da igreja é uma das obras mais importantes a arte
colonial brasileira. O tema é um tema comum na história das artes: a ascensão
da Virgem Maria. Porém a riqueza de detalhes e a beleza da pintura faz com
que o observador tenha a impressão de que não está sob um teto, mas, sim,
sob o céu, presenciando o exato momento de ascensão da Virgem. Observem
que mestre Athaide ainda fez uso de certa licença poética, ao pintar os
personagens da cena como mulatos, e não como brancos, como era o comum.
Diante disso tudo imagine o homem inserido no barroco, no contexto da
Contrarreforma, dividido entre a constatação de que a vida é efêmera, de que
nada escapa à força do tempo, de um desejo de viver o momento presente e o
medo de pecar e ser condenado, de condenar sua alma imortal; imagine esse
homem entrando numa igreja dessas, iluminada por velas, com sombras
projetadas nas paredes, paredes de uma arquitetura rebuscada, de colunas
retorcidas, ornamentadas com ouro, cobertas de telas e esculturas carregadas
de dramaticidade, mostrando o sofrimento de Cristo, com o teto pintado desta
forma, a música barroca carregada de emoção tocando e, depois, no púlpito, o
pastor pregando através de sermões conceptistas.
Imaginou? Era praticamente uma lavagem cerebral! Difícil não se
comover e não se deixar levar pela emoção, caminho mais rápido para
alcançar a fé.
12
Pintura típica do Barroco, apresentando grande carga de dramaticidade e extremo realismo, reforçados pelo
jogo entre luz e sombra.
ROCOCÓ
O rococó é um estilo artístico que começou na Europa no século XVIII,
ele buscava se contrapor ao estilo do barroco. Esse estilo chegou a América do
Sul em meados do século XVIII e, no Brasil, teve grande representação por
meio do mobiliário desse período e ficou conhecido como estilo Dom João V. É
possível encontrar características dessa escola artística na pintura, na escrita,
na escultura e também na arquitetura.
Esse tipo de arquitetura no Brasil pode ser vista em cidades como Minas
Gerais, Belém e Pernambuco. No Brasil a arquitetura rococó teve muita
influência religiosa e isso pode ser percebido nas igrejas brasileiras do século
XVIII. Podemos citar Aleijadinho como um dos principais artistas do rococó
brasileiro.
Aleijadinho é mais conhecido por suas obras no estilo barroco, mas ele
também deixou obras do rococó. Algumas dessas esculturas podem ser
encontradas em Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto onde Aleijadinho (que
tinha esse nome por possuir lepra e fazer as suas obras com as ferramentas
amarradas nas mãos) morava e deixou maior parte de suas obras. A
13
arquitetura rococó ao redor do mundo não era influenciada por temas
religiosos, apenas no Brasil esse fenômeno aconteceu.
O Rococó se caracteriza por:
• Uso de cores luminosas e suaves, em contraposição às cores fortes do
Barroco;
• Estilo artístico marcado pelo uso de linhas leves, sutis e delicadas;
• Utilização de linhas curvas;
• Uso de temas da natureza: pássaros, flores delicadas, plantas, rochas,
cascatas de águas;
• Uso de temas relacionados a vida cotidiana e relações humanas;
• Representação da vida profana da aristocracia;
• Arte sem influência de temas religiosos (exceção do Brasil);
• Busca refletir o que é refinado, agradável, sensual e exótico.
PERÍODO NEOCLÁSSICO X PERÍODO ECLÉTICO
(XIX / XX)
“Início da revolução industrial”
Começam a surgir pequenos comércios pelos burgueses, assim surgem
novas formas de comércio, iniciando primeiramente com exportação de café.
Assinada pela princesa Isabel a Lei Áurea, trazendo a abolição da
escravatura.
Grandes pintores começam a relatar em seus quadros a vida cotidiana
da população nas cidades.
14
Nesta época os pintores saem das salas e vão ao ar livre fazer as
pinturas das paisagens.
As cidades são remodeladas, atribuindo novas construções e adaptando
o existente para a modernização (industrialização).
Começa agora um período voltado à urbanização.
Século XX - Urbanização – Inovações
A arquitetura neoclássica era para as elites, mas havia uma estabilidade
econômica “boa” em geral (população).
Não considera o modernismo como uma ruptura do período, e sim uma
continuação do eclético.
O neoclassicismo não pode ter traços ecléticos, ao contrario sim.
O estilo arquitetônico Beaux-Arts, é uma arquitetura muito ordenada com
muitas colunas, flores, estátuas, etc. No Brasil um exemplo é o Theatro
Municipal no Rio de Janeiro.
Teatro Municipal do Rio de Janeiro
Este localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, inaugurado em 1909.
O eclético quebra com as regras, busca-se uma simetria e acaba
trabalhando com as esquinas porem não é característica do período.
15
Biblioteca Nacional
Estilo eclético – principal característica é a cúpula –
base/corpo/coroamento dividindo os pavimentos, os cantos são mais
arredondados ao contrario do neoclássico.
Real Gabinete Português de Leitura
Real Gabinete Português de Leitura – uma das relíquias do ecletismo, todo em madeira
internamente.
O MODERNISMO
A Semana de 22, que introduziu o Brasil estrondosamente no
Modernismo, não repercutiu de imediato no ensino da arte. Quando a partir de
1927, o ensino da arte volta a ser objeto de discussões isto se deveu
principalmente a modernização educacional.
16
Com a crise político-social contestatória da oligarquia e a tentativa de
instauração de um regime mais democrático, uma reflexão sobre o papel social
da educação aflora novamente.
Desta vez é a educação primária e a escola que se tornam o centro das
atenções reformistas através do movimento que ficou conhecido pelo nome de
„escola nova‟. Defendia-se, então, o mesmo princípio liberal de arte integrada
no currículo, ou melhor, de arte na escola para todos.
Entretanto, enquanto os liberais tinham como objetivo o ensino dos
aspectos técnicos do desenho para preparar para o trabalho, a „escola nova‟
defendia a ideia da arte como instrumento mobilizador da capacidade de criar
ligando imaginação e inteligência.
Os pressupostos teóricos para a valorização da arte na „escola nova‟
foram principalmente inspirados em John Dewey e defendidos por seu ex-aluno
Anísio Teixeira e incorporados às Reformas Educacionais do Distrito Federal
de Fernando Azevedo e pelas Reformas de Atílio Vivacqua no Espírito Santo,
de Carneiro Leão em Pernambuco e Francisco Campos em Minas Gerais.
As interpretações diversificadas das ideias de John Dewey conduziram a
caminhos distintos o ensino da arte no Brasil: à observação naturalista; à arte
como expressão de aula; como introjeção da apreciação dos elementos do
desenho (deturpada na prática do desenho pedagógico).
Algumas experiências como as de Mário de Andrade, criando ateliês
para crianças nos Parques Infantis e na Biblioteca Infantil, quando exerceu a
função equivalente a de Secretário de Cultura de São Paulo em 1936, ou as
classes de arte de Anita Malfatti na Escola Americana, hoje Mackenzie ou a
criação de Escolas de Arte para crianças bem dotadas em arte pelo Jornal A
Tarde em São Paulo foram significativas mudanças cuja disseminação foi
interrompida pelo golpe de Estado que instituiu a ditadura do Estado Novo.
Com a Ditadura muitos educadores foram perseguidos e uns poucos ex-
reformadores se aliaram a ditadura para defender outros interesses, não os da
criança.
John Dewey foi quem, realmente, compreendeu o alto valor educativoda linguagem gráfica das crianças. No seu livro A escola e a sociedade,no capítulo sobre “a escola e a vida da criança”, referindo-se aosvários interesses ou instintos da criança, abordou a questão do desenhocom tal clareza, que o caminho pedagógico ficou nitidamente traçado.
17
A Belle Époque na Amazônia.
Belle Époque (bela época em francês) começou no final do século XIX
(1871) e durou até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914 foi
considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países
europeus e suas influências se espalharam pelo mundo chegando até a
Amazônia.
Na Amazônica a belle époque deu-se por conta do boom provocado pela
riqueza proveniente da extração do látex (Borracha) extraído da árvore havea
brasiliensis, e o período entre 1870 e 1913, foi uma época sem igual para
Belém e Manaus, os centros da economia da borracha. Após a queda do
império e a implantação da república, os ideais positivistas, modernizantes e
progressistas do novo regime não demoraram a chegar a região, uma vez que
com a implantação do federalismo os estados ganharam autonomia para
recolhimento e aplicação dos impostos, o que possibilitou as elites locais
avançarem ainda mais no seu projeto de civilização europeia em plena região
amazônica.
Nas cidades: Moda europeia entre as damas a elite seringalista
Na floresta: Seringueiro extraindo
o látex da seringueira
18
Análise da obra SAUDADE de Almeida Junior:
Existe uma luz em perpendicular que entra pelo primeiro quadrante passa pelo chapéu,
brincos, boca, lágrima, documento, livro e termina no baú entreaberto que conduz nosso olhar
na obra.
A postura da mulher voltada para dentro indica introspecção ignorando o universo
externo.
As cores da casa, do local se harmonizam com os tons de pele da mulher mostrando que
ela pertence a este local.
Esta obra de Almeida Júnior tem a estrutura padrão do século XIX, porém ele
transgride quando mostra o sofrimento e os sentimentos de uma mulher simples. Nesta época
as emoções não eram retratadas e ele valoriza os sentimentos de uma classe social que não
pertence à elite.
Na estética das pinturas do Sec XIX, o campo visual era dividido em duas partes: uma
superior e outra inferior, que se subdividem em direita e esquerda, compondo quatro
quadrantes, sendo os superiores representantes do discurso sagrado (maior valor) e os
inferiores do discurso do profano (menor valor) lidos segundo a ordem decrescente de gradação
de valor, da esquerda para a direita, de cima para baixo.
Primeiro quadrante: Luz perpendicular fria, cores frias,imagem de chapéu masculino
representando a superioridade masculina e a presença de uma ausência.
Segundo quadrante: Imagem de uma mulher apoiada na janela, posição do corpo
torcida dando a idéia de fragilidade. Existem indícios de aliança no dedo médio da mão
esquerda, a mulher veste roupas e bijuterias na cor preta sendo um símbolo de tristeza ou
viuvez. Demonstra uma abatimento na face com lágrima no olhar, cabelo desalinhado, dando a
idéia de que se esqueceu dela mesma, idéia de desespero com a boca coberta parece conter um
sentimento sufocado. Carta ou documento na mão remetendo a lembranças.
Terceiro quadrante: Roupa e casa simples indica uma mulher comum.
19
Quarto quadrante: O baú entreaberto parece guardar roupas dando a idéia de algo
não concluído. Livro sobre o baú coberto por um xale branco, o símbolo livro indica o poder de
leitura do universo masculino.
Baseado nesse exemplo de análise dessa obra, seguindo a mesma técnica, faça a análise
da outra obra de Almeida Junior apresentada:
O Violeiro - 1899 óleo sobre tela - 141 x 172 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo
20
ARTE BRASILEIRA II
MODERNISMO
O modernismo surgiu em Portugal por volta de 1915, com a publicação
das revistas Orfeu (1915), Centauro (1916) e Portugal Futurista (1919). A
primeira atitude dos novos escritores foi de esquecer o passado, desprezar o
sentimentalismo falso dos românticos e adotar uma participação ativa e dentro
primar pela originalidade de ideias e, na poesia, não deveriam se prender à
rima e à métrica.
Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola
literária, com regras rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das
escolas anteriores e procuraram para transmitir suas emoções, os fatos da vida
atual e a realidade do país de uma forma livre e descompromissada.
Percebe-se nos autores modernos um vocabulário cheio de expressões
coloquiais, traduzindo a fala típica brasileira, versos livres.
21
No Brasil ocorreram fatos para o surgimento do Modernismo:
1912
Oswald de Andrade vai à Europa e volta imbuído do futurismo de
Marinetti. Futurismo é o nome dado ao movimento modernista que se baseia
numa vida dinâmica, voltada para o futuro, e que combate o passado, as
tradições, o sentimentalismo, prega formas novas e nítidas.
1915
Monteiro Lobato publica em O Estado de S. Paulo dois artigos: "Urupés"
e "Velha Praga", em que condena o regionalismo sentimental e idealista.
1917
Anita Malfati lança na pintura o cubismo, que despreza perspectiva
convencional e representa os objetos com formas geométricas.
1921
Graça Aranha volta da Europa e publica estética da Vida, em que
condena os padrões da época.
1922
Semana de Arte Moderna em São Paulo, com sessões, conferências,
recitais, exposição de artes plásticas. Participaram desta semana: Oswald de
Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Graça
Aranha, Ronald de Carvalho, Guiomar Novais, Paulo Prado, etc. Estava
fundado o Modernismo no Brasil. Apesar do forte impacto causado pelo
movimento, o Modernismo se manteve devido á grande divulgação nos jornais
e revistas da época.
O movimento modernista passou por três fases distintas:
1º fase (1922-1928)
Nesta primeira fase, os autores procuraram destruir e menosprezar a
literatura anterior, dando ênfase a um nacionalismo exagerado, ao primitivismo
e repudiando todo o nosso passado histórico.
22
2ª fase (1928-1945)
Período de construção, com ideias literárias inovadoras e coerentes.
Abrem esta fase construtiva Mário de Andrade, com a obra Macunaíma, e José
Américo de Almeida, com A Bagaceira.
3ª fase
Nesta fase os autores fogem aos excessos e primam pela ordem sobre
os caos que foi a geração.
A divulgação, no Brasil, das teorias vanguardistas europeias é feita, em
1922, pela Semana de Arte Moderna. Com a chamada Geração de 22, instala-
se, na literatura brasileira, a escrita automática, influenciada pelos surrealistas
franceses, o verso livre, o lirismo paródico, a prosa experimental e uma
exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial. Em
seu conjunto, essa é uma fase contraditória, de ruptura com o passado literário,
mas, ao mesmo tempo, de tentativa de resgate de tradições tipicamente
brasileiras.
O ataque de Monteiro Lobato, em 1917, à exposição de Anita Malfatti é
respondido com a Semana. Em torno dela, surgem Mário de Andrade
(Paulicéia desvairada, Macunaíma), Oswald de Andrade (Memórias
sentimentais de João Miramar), Manuel Bandeira (Ritmo dissoluto), Cassiano
Ricardo (Martim-Cererê) e movimentos como o da Revista de Antropofagia e o
do Pau-Brasil, ambos liderados por Oswald, ou o da revista Verde, de
Cataguazes, sempre com tendências nacionalistas.
A esse núcleo juntam-se Carlos Drummond de Andrade (Alguma
poesia), Augusto Meyer (Giraluy), Mário Quintana (A rua do catavento), Jorge
de Lima (Poemas negros) e o romancista José Lins do Rego (Menino de
engenho).
Em reação ao liberalismo desse grupo, o Verde-amarelismo e o
movimento Anta, de 1926, ambos comandados por Plínio Salgado e contando
com poetas como Menotti del Picchia (Juca Mulato), fecham-se às vanguardas
europeias e aderem a ideias políticas que prenunciam o integralismo, versão
brasileira do fascismo.
Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) nasce em São Paulo.
Formado em música, trabalha como crítico de arte e professor. É um dos mais
importantes participantes da Semana de 22. Pesquisa o folclore brasileiro e o
23
utiliza em suas obras, distanciando-se da postura de valorizar somente o que é
europeu. Esses estudos são utilizados em Macunaíma, o herói sem nenhum
caráter, onde traça o perfil do herói brasileiro, produto de uma grande mistura
étnica e cultural.
José Oswald de Sousa Andrade (1890-1954) trabalha como jornalista e
cursa direito, sempre em São Paulo. De família rica, viaja várias vezes para a
Europa. É quem melhor representa o espírito rebelde do modernismo.
Funda a Revista de antropofagia, em 1927, onde afirma ser necessário
que o Brasil devore a cultura estrangeira e, na digestão, aproveite suas
qualidades para criar uma cultura própria. Em Memórias sentimentais de João
Miramar analisa de forma sarcástica o fenômeno urbano.
ABSTRACIONISMO
O Abstracionismo foi a tendência das artes plásticas desenvolvida no
início do século XX na Alemanha.
Surge a partir das experiências das vanguardas europeias, que recusam
a herança renascentista das academias de arte.
As obras abandonam o compromisso de representar a realidade
aparente e não reproduzem figuras nem retratam temas.
O que importa são as formas e cores da composição.
Na escultura, os artistas trabalham principalmente o volume e a textura,
explorando todas as possibilidades da tridimensionalidade do objeto.
Há dois tipos de abstração: a informal, que busca o lirismo
privilegiando as formas livres, e a geométrica, que segue uma técnica mais
rigorosa e não tem a intenção de expressar sentimentos ou ideias.
Abstração informal
Recebe influência do expressionismo e do cubismo. Os artistas
abandonam a perspectiva tradicional e criam as formas no ato da pintura,
utilizando-se de linhas e cores para exprimir emoções. Em geral, o que se
veem são manchas e grafismos. O marco inicial da arte abstrata é Batalha,
tela pintada em 1910 por VassíliKandínski (1866-1944), russo que vivia na
24
Alemanha. Primeiro artista a definir sua arte como abstrata, ele leva o
expressionismo para essa nova tendência.
Outro importante nome da abstração informal é o suíço Paul Klee (1879-
1940).
Após a II Guerra Mundial (1939-1945), a partir da abstração informal
surgem outras tendências artísticas, como o expressionismo abstrato nos EUA
e a abstração gestual na Europa e na América Latina.
Abstração geométrica
Ao criar pinturas, gravuras e peças de arte gráfica, os artistas exploram
com certo rigor técnico as formas geométricas, sem a preocupação de
transmitir ideias e sentimentos. Os principais responsáveis pelo início da
abstração geométrica são o russo Malevitch (1878-1935) e o holandês Piet
Mondrian (1872-1944).
A partir de 1915, ao criar quadros em que figuras geométricas flutuam
num espaço sem perspectiva, Malevitch inaugura um movimento derivado da
abstração, chamado de suprematismo (autonomia da forma). Um de seus
marcos é a tela Quadrado Negro sobre Fundo Branco.
Mondrian, que no início da década de 10 estivera próximo dos cubistas,
entre os anos 20 e 40 dedica-se a pintar telas apenas com linhas horizontais e
verticais, ângulos retos e as três cores primárias (amarela, azul e vermelha),
além do preto e do branco. Para ele, essas formas seriam a essência dos
objetos.
O trabalho de Mondrian influencia diretamente a arte funcional
desenvolvida pela Bauhaus. Da abstração geométrica derivam o
construtivismo, o concretismo e, mais recentemente, o minimalismo. Na
escultura, destaca-se o belga Georges Vantongerloo (1886-1965).
ABSTRAÇÃO NO BRASIL
A abstração surge com maior ênfase em meados dos anos 50. O curso
de gravação de Iberê Camargo (1914-1994) forma uma geração de gravuristas
abstratos, na qual se destacam Antoni Babinski (1931-), Maria Bonomi (1935-)
e Mário Gruber (1927-). Outros impulsos vêm da fundação dos museus de Arte
Moderna de São Paulo (1948) e do Rio de Janeiro (1949) e da criação da
Bienal Internacional de São Paulo (1951).
25
Entre os pioneiros da abstração no Brasil, destacam-se Antônio
Bandeira (1922-1967), Cícero Dias (1908-) e Sheila Branningan (1914-).
Posteriormente, artistas como Flávio Shiró (1928-), Manabu Mabe (1924-1997),
Yolanda Mohályi (1909-1978), Wega Nery (1912-), além de Iberê, praticam a
abstração informal.
A abstração geométrica, que se manifesta no concretismo e no
neoconcretismo também nos anos 50, encontra praticantes em Tomie Ohtake
(1913-), Fayga Ostrower (1920-), Arcângelo Ianelli (1922-) e Samson Flexor
(1907-1971).
Luz e cor
Na arte abstrata o uso da luz, das diferentes texturas e contornos das
linhas, do espaço e das cores ganha nova expressividade.
A partir de 1930, o abstracionismo pode ser considerado como um dos
principais pontos de caracterização da arte do século atual.
Entretanto, ele vem ganhando espaço bem antes disso. Kandisky, já em
1910, fez a primeira pintura utilizando-se de formas não reconhecíveis.
O Concretismo é um abstracionismo geométrico que procura, através
de cores e linhas, um movimento perceptivo vibratório. O espectador, ao
contemplar a obra, vai sentir certas vibrações e modificações perceptíveis nas
imagens da composição. Traz semelhanças com o Suprematismo e o
Construtivismo.
26
Max Bill. Harmonie der Saulen, 1979. Litografia.
O Concretismo procura sintetizar as teorias abstratizantes e científicas
da Arte Moderna. É bidimensional, levando a pintura de volta superfície do
quadro, como fez Mondrian no Neoplasticismo.
No Brasil, a primeira Bienal de São Paulo(1951) estimula
muitos artistas a engajarem-se na linguagem despojada e geométrica da arte
concreta.
A aplicação prática do Concretismo foi a programação visual e o design
industrial. Destacam-se os brasileiros Ivan Serpa, Lígia Clark e Hélio Oiticica.
Max Bill – artista responsável pela vinda do Concretismo para o Brasil.
O Concretismo surgiu na Europa no início do século XX, advindo do
movimento abstracionista moderno, o qual tinha como característica
27
fundamental a abstração da arte através da incorporação de formas
geométricas ao visual.
Os artistas tinham como objetivo aliar os recursos gráficos à arte
(música, poesia e artes plásticas) e abstrair-se de todo envolvimento com o
lirismo e o sentimentalismo artístico.
Os concretistas adotavam meios para que a realidade fosse incorporada
ao trabalho artístico.
Dessa forma, os quadros e as poesias apontavam para as figuras
arquitetônicas e esculturais do cotidiano, além de possuírem diversas
possibilidades de leituras através dos diferentes ângulos visuais. Este tipo de
concepção da arte é chamada de plástica.
O Cubismo foi um movimento que marcou esta manifestação artística
do Concretismo ao definir o quadro como suporte para a reconstrução da
realidade, a qual pode ser vista por diferentes facetas.
O responsável pela vinda da concepção plástica da arte para o Brasil e,
de forma geral, para a América Latina, foi Max Bill, artista, arquiteto e designer
gráfico suíço. Em 1951, Bill realizou uma exposição de suas obras no Museu
de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, a qual inicia o processo de
consolidação do movimento concretista no Brasil.
A poesia concreta começa a ser notada através da publicação da
revista “Noigandres” pelos poetas Décio Pignatari, Haroldo de Campos e
Augusto de Campos e se estabiliza através da Exposição de Arte Concreta, em
1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
As principais características da poesia concreta são: a abolição do verso
tradicional, o aproveitamento do espaço em branco da página, a disposição
geométrica, o conteúdo voltado aos aspectos sonoro e visual, o uso de
neologismos e a ruptura com a sintaxe.
NEOCONCRETISMO
O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário, surgido como
uma forma de reagir aos excessos trazidos pelo concretismo. Enquanto o
concretismo era extremamente racional, o neoconcretismo trouxe a
subjetividade de volta para o processo de criação artística. Foi ele o
28
responsável pelas primeiras mudanças nas artes visuais no Brasil, através da
proposta de uso de novos meios para a produção, bem como da transformação
na forma de receber estas obras de arte. Trouxe também um novo modo de
escrever, que pode ser conferido através da Obra de Ferreira Gullar e de
Reynaldo Jardim.
No final da década de 50 os artistas que faziam parte do concretismo
fizeram uma revisão crítica sobre seu pensamento anterior e chegaram à
conclusão que estavam fazendo arte segundo “receitas”, obedecendo a certos
“dogmas”, fazendo com que seu potencial crítico e artístico fosse quase
nenhum.
Em busca de remendar algumas coisas, em 23 de março de 1959, foi
lançado o Manifesto Neoconcretista, no Suplemento Dominical do Jornal do
Brasil, assinado por Ferreira Gullar, Ligia Clark, Ligia Pape, Amílcar de Castro,
Franz Weissmann, Reynaldo Jardim, TheonSpanudis. Tal manifesto foi a
abertura da I Exposição de Arte Neoconcreta, que contava com a participação
dos mesmos artistas listados acima.
Nos anos seguintes ocorreram outras duas exposições de arte
neoconcreta, uma em 1960 e outra em 1961, tendo a primeira ocorrido no
Ministério da Educação do Rio de Janeiro e a segunda no Museu de Arte
Moderna de São Paulo.
Duas outras exposições nacionais de arte neoconcreta ocorreram nos
anos seguintes: uma em 1960, no Ministério da Educação do Rio de Janeiro, e
outra em 1961, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Os neoconcretistas afirmavam que a arte não é apenas um objeto, mas
tem sensibilidade, expressividade, subjetividade. Combatiam o concretismo
dizendo que não se tratava apenas de formas geométricas, e debatiam os
conceitos cientificistas e positivistas na arte. Consideravam as diversas
possibilidades criativas do artista e envolviam no processo também o
observador ou receptor.
Foi, contudo, fortemente criticado pelos concretistas ortodoxos,
principalmente de São Paulo, já que o movimento teve maior influência no Rio
de Janeiro. Os concretistas alegavam que a forma teria uma “autonomia”, e
que, portanto não daria liberdade para implicar em simbologias, expressões ou
sentimentos.
29
O movimento neoconcreto apoiava-se na filosofia de Merleau-Ponty, que
sugeria a recuperação daquilo que é humano, sensível, e uma das formas de
expressar isso era através da cor e de seus múltiplos significados emocionais,
dando margem à interpretação mais subjetiva da arte.
Alguns estudos afirmam que o movimento neoconcreto teria sido um
divisor de águas na história das artes no Brasil, pois serviria como uma ruptura
da arte moderna no país.
Lygia Clark
POP ART OU ARTE POP A Pop Art ou Arte Pop surgiu nas cidades de Londres e Nova York
como a expressão de um grupo de artistas que procuravam valorizar a cultura
popular.
Para isso, serviram-se tanto dos recursos da publicidade quanto dos
demais meios de comunicação de massa. Histórias em quadrinhos, cartazes
publicitários, elementos de consumo diário e a nova iconografia, representada
por astros do cinema, da televisão e do rock, passaram a integrar a temática
central dessa nova corrente, não sem uma certa ironia crítica.
As atividades desses grupos começaram em Londres, por volta de 1961,
sob a forma de conferências, nas quais tanto artistas quanto críticos de cinema,
escritores e sociólogos discutiam o efeito dos novos produtos da cultura
popular originados pelos meios de comunicação de massa, especialmente a
televisão e o cinema. Da Inglaterra o movimento se transferiu para os Estados
Unidos, onde finalmente se consolidaram seus princípios estéticos como nova
corrente artística.
Talvez seja preciso explicar que nos Estados Unidos, além das ações
dos grupos londrinenses, os artistas da camada pop tiveram como referência,
desde 1950, os chamados happenings e environments. Esses eventos eram
uma espécie de instalação em que se fazia uso de todas as disciplinas
30
artísticas para criar espaços lúdicos de duração efêmera, que, como afirmava
seu criador, John Cage, mais do que obras de arte eram ações que se
manifestavam como parte da própria vida.
Não obstante, a arte pop americana se manifestou como uma estética
renovadamente figurativa, e suas obras, ao contrário daquelas instalações,
tiveram um caráter perdurável. É o caso da obra pictórica de Andy Warhol ou
das pinturas no estilo de história em quadrinhos de Lichtenstein, sem esquecer
certas instalações de Beuys que hoje estão presentes nos museus mais
importantes de arte contemporânea e valem tanto quanto os quadros dos
grandes mestres do século passado.
Pintura
Desde o início os pintores pop manifestaram interesse em deixar de lado
as abstrações e continuar no figurativismo popular de Hopper, para tornar mais
palpável essa segunda realidade que os meios de comunicação tentavam
transmitir e vender.
Os quadros de personagens famosos de Warhol, deformados pelo
acréscimo de suas próprias variações cromáticas, não são mais do que a
reinterpretação da nova iconografia social representada por estrelas de cinema
e astros do rock.
A frieza de expressão das colagens de anúncios publicitários de
Rosenquist e os quadros eróticos de Wesselman, próximos dos quadros
Schwitters fazem uma imitação burlesca da nova cultura gráfica publicitária.
Paradoxalmente, as obras desses artistas em nenhum momento foram
entendidas num plano que não fosse meramente estético e, criticados por
realizar uma arte eminentemente comercial, o fato é que tiveram êxito e se
valorizaram no mercado mundial devido ao impacto subliminar de sua obra.
Quanto ao pop britânico, os artistas realizaram exposições nas quais
seus quadros, que eram verdadeiros mostruários do cotidiano inglês, refletiam
uma certa nostalgia das tradições e, num sentido mais crítico e irônico, quase
em tom de humor, faziam uma imitação dos hábitos consumistas da sociedade
na forma de verdadeiros horror vacuii (horror ao vazio) de objetos e aparelhos.
As colagens do pintor Hamilton eram uma reprodução grotesca da arte
publicitária dos tempos modernos.
31
Escultura
Na primeira fase da arte pop, a escultura não era muito frequente e
se manifestou mais dentro dos parâmetros introduzidos pelo
dadaísmo: objetos fora do contexto, organizados em colagens insólitas. Mais
tarde alguns artistas interessaram-se em acentuar seus efeitos, como foi o
caso de Oldenburg, com suas representações de alimentos em gesso e seus
monumentais objetos de uso cotidiano, ou suas controvertidas e engenhosas
esculturas moles.
Não faltaram também as instalações de Beuys do tipo happening, em
cujas instalações quase absurdas se podia reconhecer uma crítica aos
academicismos modernos, ou as esculturas figurativas do tipo environment, de
Segal, da mesma natureza. Outro artista pop que se dedicou a esta disciplina
foi Lichtenstein, mas suas obras se mantiveram dentro de um contexto
abstracionista-realista, em muitos casos mais perto das obras de seus colegas
britânicos.
Cinema e Fotografia
As origens do cinema pop podem ser encontradas no cinema pop
independente, que surgiu na década de 50 como resposta à estética e aos
métodos de filmagem hollywoodianos. Estas vanguardas no campo do cinema
romperam com o sistema estabelecido de criação, produção e publicidade de
Hollywood, tentando revalorizar os artistas num mercado em que produtores
tinham primazia sobre os diretores, mesmo quando só entendiam de finanças.
Underground é a palavra chave para se entender o cinema pop, não em
sua tradução literal de subterrâneo ou escondido, mas como totalmente crítico
e anticonvencional, qualidades que o definem.
As características deste novo cinema eram a ausência total de
referência à filmografia clássica, numa tentativa de redefini-lo como uma arte
independente da televisão e do teatro. Esse é o caso dos filmes de câmera fixa
de Andy Warhol, de mais de oito horas de duração e sem fio narrativo.
Agrupados e patrocinados pela FilmmakersAssociation, cineastas como
os irmãos Mekas, Ron Rice ou KeanJacobs conseguiram filmar
independentemente das leis de distribuição e censura.Quanto à fotografia, ela
foi muito utilizada pelos artistas pop porque era o único método que permitia a
32
reprodução de eventos artísticos como happenings e environments. A
exposição das fotos era considerada um evento artístico.
A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa.
No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma
linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social.
Auto-Retrato de Andy Warhol
Boa Disposição de Pele Macia - Claes Oldenburg
33
GRAFITE E PICHAÇÃO.
Qual a diferença?Muitas pessoas não sabem e não veem diferença
entre grafite e pichação, porém grafite é considerado arte de rua, já a pichação
é um ato de vandalismo.
Para quem for pego pichando pode levar á prisão entre 3 meses a 1 ano
com multa, segundo o artigo 65 da lei de crimes ambientais. Entre os
pichadores existem disputas de quem picha o maior número de edifícios e não
se preocupam com o lugar se é patrimônio público ou outra propriedade.
O grafite por sua vez é uma forma de arte muito valorizada não só no
Brasil como internacionalmente. Recentemente o rei da Escócia pediu para que
seu filho contratasse alguém para pintar o castelo e chamou três grafiteiros
brasileiros para o trabalho.
Existem aquelas pessoas que não são capazes de diferenciar um muro
pichado de um grafitado, porém para quem entende a diferença passa a olhar
as ruas com outros olhos. A pichação ou grafite são realizadas com a utilização
de spray ou até mesmo com rolo e tinta de diversas cores!
Acredito que agora já seja possível diferenciar a pichação do grafite, se
esse tipo de arte não lhe agrada ao menos você saberá diferenciar quando
estiver na rua uma arte ou um mero ato de vandalismo.
34
NATURALISMO
Século XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do
homem e da vida em sociedade e os estudos
daBiologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.
Os naturalistas começaram a analisar o comportamento humano e
social, apontando saídas e soluções.
Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente,
com os temas mais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso,
outros fatos importantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a
República foram deixados de lado.
O Naturalismo surgiu na França, em 1870, com a publicação da obra
“Germinal” de Émile Zola. O livro fala das péssimas condições de vida dos
trabalhadores das minas de carvão na França do século XIX.
O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais
características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva.
Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O
homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com
seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).
Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja,
o homem é uma máquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas,
hereditariedade e meio social, além de estar sempre à mercê de forças que
nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é um
brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente.
35
Almeida Junior - Caipira Picando Fumo - 1893
Características do Naturalismo
A principal característica do Naturalismo é o cientificismo
exagerado que transformou o homem e a sociedade em objetos de
experiências.
Descrições minuciosas e linguagem simples
Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas
sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas patológicos traduz a
vontade de analisar todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar
com a reação do público.
Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma
vontade de reformar a sociedade, ou seja, denunciar estes problemas era uma
forma de tentar reformar a sociedade.
ARTE CONTEMPORÂNEA
A arte acompanha o homem e sua história em manifestações que
refletem o contexto social do momento em que ele está inserido. E, partindo da
premissa de que arte é cultura, o estudo de sua produção artística é uma
potencial referência aos acontecimentos sociais, políticos e econômicos de
cada época.
A Arte Contemporânea, alusão à arte produzida depois da 2ª Guerra
Mundial, é caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a
36
experimentação, levando os artistas a realizarem uma verdadeira fusão de
linguagens, materiais e tecnologias.
Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através
de sua arte o pensamento de determinada época, a sociedade em que estão
vivendo, as questões políticas, religiosas, econômicas e sociais que os
envolvem. Distanciam-se do Modernismo e seus conceitos de negação ao que
é antigo.
A Arte Contemporânea recebe inúmeras denominações, entre elas “Pós-
Modernismo”. Todavia, esse termo é evitado por muitos autores
contemporâneos. Segundo GARDNER (1996 p.87):
Muitos artistas e críticos dirão que este é um rótulo impreciso para formas diversas de expressão artística, uma crua aproximação daquilo que realmente está acontecendo. Mas, uma vez que precisamos usar palavras e ainda não apareceu ninguém com uma palavra melhor, Pós-Modernismo [é usado] para denotar a arte que sucede o Modernismo e que geralmente o ataca.
Requisitando uma nova forma de representação dos problemas atuais, a
Arte Contemporânea é norteada, principalmente, por questões que afetam a
todos diretamente, seja na rua, nos conceitos, nas relações pessoais, na mídia
e na própria arte. Traz à tona um momento de integração das linguagens
artísticas, combinando instalações, performances, imagens, textos e
tecnologias.
Essa integração, em uma só obra, é fruto das relações sociais que, cada
vez mais interligadas pelo fenômeno da globalização, promovem uma
expansão de conceitos determinantes em diferentes culturas. O que resulta
numa miscelânea de gostos e costumes apreciados em grandes mostras
internacionais de arte como as bienais de Veneza e a Documenta de Kassel,
que se cristalizam como as mostras coletivas mais importantes do mundo.
As bienais propiciaram a inter-relação de mundos, divulgando a
arte brasileira no exterior e trazendo a arte internacional ao Brasil. Como a
Bienal de São Paulo idealizada por Francisco Matarazzo Sobrinho.Inspirada na
Bienal de Veneza, a primeira Bienal de Artes Plásticas de São Paulo aconteceu
em 1951. Desde então, as 24 Bienais realizadas até hoje reuniram obras de
valor inestimável. A média de participação estrangeira em todas as Bienais é
37
de 50 países com, aproximadamente, 12 mil obras, entre nacionais e
internacionais.
Portanto, na tentativa de entender essa miscelânea artística, este estudo
reúne um panorama sistemático da arte contemporânea mundial, brasileira e
maranhense, abrangendo movimentos artísticos característicos das décadas
de 50 até os dias atuais.
A arte da década de 70 afasta-se da política e dos problemas sociais. É
caracterizada pela emblematização da reflexão, da razão, do conceito e
tecnologia. A Exposição Internacional de Arte por Meios Eletrônicos / Arteônica
dá abertura à arte tecnológica, realizada com ajuda de computador. A
Fundação Nacional de Arte (FUNARTE) é criada nesse período dando grande
incentivo à produção artística brasileira.
O momento de transição para a década de 80 foi marcado pela insígnia
das diretas já, pela retomada da pintura e pelas mudanças no panorama
artístico, marcado por grandes exposições como: Tradição e Ruptura, 1984; A
Trama do Gosto, 1987 (organizadas pela Bienal de São Paulo); A Mão Afro-
Brasileira, 1988 (organizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo). Além
da mostra Como Vai Você, Geração 80? Realizada em 1984 na Escola de
Artes Visuais do Parque Lage, um dos importantes centros de formação da
nova geração no Rio de Janeiro.
ARTE PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES COMO ATIVIDADE EXTRACURRICULAR
É no fim da década de 1920 e início da década de 1930 que
encontramos as primeiras tentativas de escolas especializadas em arte para
crianças e adolescentes, inaugurando o fenômeno da arte como atividade
extracurricular. Em São Paulo, foi criada a Escola Brasileira de Arte conhecida
através de Theodoro Braga seu mais importante professor. Mas a ideia partiu
da professora da rede pública Sebastiana Teixeira de Carvalho e foi
patrocinada por Isabel Von Ihering, presidente de uma sociedade beneficente,
A Tarde da Criança.
A Escola Brasileira de Arte funcionava em uma sala anexa ao grupo
Escolar João Kopkee lá as crianças das escolas públicas de oito a catorze
38
anos, com talento (havia provas de desenho),podiam gratuitamente estudar
música, desenho e pintura. A orientação era vinculada à estilização da flora e
fauna brasileiras. Theodoro Braga desenvolvia o que podemos chamar de
método art nouveau (arte nova em francês). Em vários artigos publicados em
revistas e jornais do país Braga reverberava contra o método de copia de
estampas e defendia um ensino voltado para a natureza.
Tarsila do Amaral em uma entrevista ao Correio da Tarde de 28 de
janeiro de 1931 elogia o trabalho de Theodoro Braga e de Anita Malfatti no
ensino de arte, conferindo aos dois os mesmos valores.
Anita Malfatti mantinha cursos para crianças e jovens em seu ateliê e na
Escola Mackenzie.
Tinha uma orientação baseada na livre expressão e no espontaneísmo.
Com o curso para crianças, criado na Biblioteca Municipal Infantil pelo
Departamento de Cultura de São Paulo quando Mário de Andrade era seu
diretor (1936-1938) esta orientação começou a se consolidar.
A contribuição de Mário de Andrade foi muito importante para que se
começasse a encarar a produção pictórica da criança com critérios
investigativos e à luz da filosofia da arte. O estudo comparado do
espontaneísmo e da normatividade do desenho infantil e da arte primitiva era o
ponto de partida de seu curso de filosofia e de história da arte, na Universidade
do Distrito Federal.
Muitas destas pesquisas analisam problemas inter-relacionados coma Proposta Triangular. A
Proposta Triangular foi sistematizada a partirdas condições estéticas e culturais da pós-modernidade.
A pós-modernidade em arte/educação caracterizou-se pela entrada da imagem, sua decodificação e
interpretações na sala de aula junto com a já conquistada expressividade.
Como podemos ver neste tópico, a história é sempre contada a partir de um ponto de vista,
neste caso, procuramos demonstrar como a história do ensino da arte no Brasil foi se constituindo a
partir de apropriações de modelos estrangeiros, deglutidos e antropofagicamente transformados por
nossas necessidades. Desde a instauração da Academia Imperial de Belas Artes, primeira instituição
pública e formal de formação para as Artes Plásticas no Brasil, até a formalização da Arte como área
de conhecimento nos Parâmetros Curriculares Nacionais, passando pelas diferentes iniciativas do
final do século XIX e por todo o século XX, os modelos de ensino da arte foram se tecendo e se
sobrepondo, correspondendo as demandas políticas e culturais de cada época. Cada um desses
39
modelos, para bem ou para o mal, se sustentam em concepções de arte e de educação, explícitas ou
implícitas. Cabe a nós, educadores de hoje, analisar e avaliar a pertinência dessas concepções,
procurando entender os contextos que as constituem.
PROPOSTA TRIANGULAR
Como vimos do final do percurso histórico, a Proposta Triangular é uma
opção formativa de tendência pós-moderna, pois concebe a arte como
expressão e como cultura e propõe uma aprendizagem de tipo dialógico,
construtivista e multicultural. Foi sistematizada por Ana Mae Barbosa entre os
anos de 1987 e 1993 no contexto do Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo e experimentada nas escolas da Rede Municipal de
ensino da Cidade de São Paulo quando Paulo Freire era Secretário de
Educação do Município.
Entretanto, vale a pena ressaltar que sua gênesis vem de uma longa
história de apropriações, experimentações e revisões, em sintonia com as
mudanças no contexto cultural da pós-modernidade e com o Movimento de
Arte Educação que se fortalecia no Brasil desde a década de 1980. Foi
inicialmente nomeada de “Metodologia Triangular”, mas logo esta denominação
foi revista pela própria professora, pois, se configura muito mais como uma
abordagem que propõe uma profunda revisão dos problemas do ensino e da
aprendizagem das artes, do que propriamente como uma metodologia de aula.
A triangulação que se anuncia em sua denominação se refere às três
dimensões inerente sao fato artístico. Elliot Eisner, um dos importantes
filósofos do ensino de artes dos Estados Unidos, dizia, já na década de 1970,
que não podemos querer ensinar arte sem levar em conta que em nossa
cultura produzimos arte porque apreciamos arte e gostamos de conversar
sobrearte. Naquele momento, esta simples declaração de Eisner era uma
reflexão contra as práticas escolares que se apegavam apenas a atividades
artísticas sem tecer relações com o campo de conhecimento. A natureza
epistemológica do ensino da arte passou a ser uma exigência premente tanto
do contexto cultural quanto educacional. A Proposta Triangular vem nesta
direção designar os componentes desse ensino por três ações mentalmente e
40
sensorialmente básicas: a produção (fazer artístico), a leitura da obra ou
imagem e a contextualização.
Esta triangulação tem como fundamentação educacional as concepções
de três importantes pensadores: John Dewey, Paulo Freire e o já citado Elliot
Eisner. Na introdução do livro Arte/ Educação contemporânea, Ana Mae
Barbosa (2005, p. 12) compara os conceitos de educação de Eisner e Freire,
evidenciando como este conceito se encontra com a ideia de experiência de
Dewey.
BIBLIOGRAFIA
AMARANTES, L. As Bienais de São Paulo. Revista Projeto, 1989. ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras. 2006 BARBOSA, Ana Mae (org). Arte-educação. Leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 2003. BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino de Arte: Anos Oitenta e Novos Tempos. São Paulo, Perspectiva/IOCHPE, 1991. BARDI, Pietro Maria. História da arte brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1975. BASBAUM, Ricardo. Arte contemporânea brasileira: texturas, dicções, ficções,estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/51449/arquitetura-rococo-no-brasil#ixzz3CI3xCnhD Acessado em 01/09/14 http://www.infoescola.com/artes/arte-rupestre/ acessado em 01/09/14 http://profstellerdepaula.wordpress.com/2010/05/31/barroco/ acessado em 01/09/14.