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20/12/12 Processo Judicial Eletrônico: 1/17 https://pje.jfal.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam?idBin=27871&idProcessoDoc=… EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ALAGOAS URGENTE! PEDIDO LIMINAR! ANTECIPAÇÃO DE TUTELA! ANALICE DANTAS SANTOS, brasileira, sob regime de união estável, assistente social, servidora técnica- administrativa sob matrícula SIAPE n.º 2121345 e conselheira do Conselho Universitário da Universidade Federal de Alagoas, RG n.º 1100940 SSP/AL, CPF-MF n.º 777.183.804-91, residente e domiciliada na Avenida Roberto Mascarenhas de Brito, 426, BL 01, apt. 301, Bairro Jatiúca, CEP 57.037-900, Maceió – AL, MARIA VALÉRIA COSTA CORREIA, brasileira, solteira, docente da Universidade Federal de Alagoas sob matrícula SIAPE n.º 1121353, RG n.º 2002001226279 SSP/AL, CPF-MF n.º 284.480.734-87, residente e domiciliada na Rua Jangadeiros Alagoanos, n.º 1012, apto. 304, Bairro Pajuçara, CEP 57.030-000, Maceió – AL, E ADRIANO NASCIMENTO SILVA, brasileiro, divorciado, docente da Universidade Federal de Alagoas sob matrícula SIAPE n.º 2474569, RG n.º 07214304-57 SSP/BA, CPF-MF n.º 718.821.035-72, residente e domiciliado na Rua Aureliano Teixeira Vasconcelos, n.º 206, apto. 102, Bairro Jatiúca, CEP 57.036-430, Maceió – AL, vem, perante Vossa Excelência, com base nos seguintes dispositivos constitucionais e legais: artigo 1.º, parágrafo único, artigo 5.º, XXXV, artigo 37, caput , artigo 109, inciso I, artigo 206, inciso VI, todos da Constituição da República Federativa do Brasil; artigo 3.º, caput , artigo 12, inciso IV, artigo 273, inciso I e parágrafo 3.º, artigo 287, caput , artigo 461, caput , todos do Código de Processo Civil; artigo 56, caput , da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional); artigo 8.º do Estatuto da Universidade Federal de Alagoas e artigo 3.º, §§ 2.º, 3.º e 4.º, do Regimento Geral da Universidade Federal de Alagoas, propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face da UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, doravante denominada UFAL, autarquia pública

1. Petição inicial da ação ordinária

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DE ALAGOAS

URGENTE!

PEDIDO LIMINAR!

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA!

ANALICE DANTAS SANTOS, brasileira, sob regime de união estável, assistente social, servidora técnica-administrativa sob matrícula SIAPE n.º 2121345 e conselheira do Conselho Universitário da Universidade Federal

de Alagoas, RG n.º 1100940 SSP/AL, CPF-MF n.º 777.183.804-91, residente e domiciliada na Avenida

Roberto Mascarenhas de Brito, 426, BL 01, apt. 301, Bairro Jatiúca, CEP 57.037-900, Maceió – AL, MARIAVALÉRIA COSTA CORREIA, brasileira, solteira, docente da Universidade Federal de Alagoas sob matrícula

SIAPE n.º 1121353, RG n.º 2002001226279 SSP/AL, CPF-MF n.º 284.480.734-87, residente e domiciliada

na Rua Jangadeiros Alagoanos, n.º 1012, apto. 304, Bairro Pajuçara, CEP 57.030-000, Maceió – AL, E

ADRIANO NASCIMENTO SILVA, brasileiro, divorciado, docente da Universidade Federal de Alagoas sobmatrícula SIAPE n.º 2474569, RG n.º 07214304-57 SSP/BA, CPF-MF n.º 718.821.035-72, residente e

domiciliado na Rua Aureliano Teixeira Vasconcelos, n.º 206, apto. 102, Bairro Jatiúca, CEP 57.036-430,

Maceió – AL, vem, perante Vossa Excelência, com base nos seguintes dispositivos constitucionais e legais: artigo

1.º, parágrafo único, artigo 5.º, XXXV, artigo 37, caput, artigo 109, inciso I, artigo 206, inciso VI, todos da

Constituição da República Federativa do Brasil; artigo 3.º, caput, artigo 12, inciso IV, artigo 273, inciso I e

parágrafo 3.º, artigo 287, caput, artigo 461, caput, todos do Código de Processo Civil; artigo 56, caput, da Lein.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional); artigo 8.º do Estatuto

da Universidade Federal de Alagoas e artigo 3.º, §§ 2.º, 3.º e 4.º, do Regimento Geral da Universidade Federal

de Alagoas, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face da UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, doravante denominada UFAL, autarquia pública

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federal sediada no Campus A.C. Simões – Avenida Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro dos Martins – Maceió –

AL, CEP 57.0072-900, CNPJ n.º 24.464.109/0001-48, representada por seu Magnífico Reitor, Sr. EURICO

DE BARROS LÔBO FILHO, CPF 146.307.531-68, a teor dos fatos e das razões de direito a seguir expostas.

I – DA COMPETÊNCIA JURISDICIONAL E DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO

O presente feito está sendo proposto por dois professores e por uma servidora técnica-administrativa da UFAL econselheira do CONSUNI, com o fim de obter a declaração de nulidade de determinados dispositivos do

Regimento Geral da UFAL.

A competência da Justiça Federal Comum de 1.º Grau neste caso é evidente, pois a demanda proposta se voltacontra a UFAL, autarquia com personalidade jurídica própria integrante da Administração Federal Indireta, com o

objetivo de impugnar disposição normativa de regimento, a fim de salvaguardar, à luz da Constituição Federal, do

Estatuto e do Regimento da UFAL e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a composição democrática e

legítima do Conselho Universitário, instância máxima deliberativa da UFAL, e o direito de representação do corpo

docente.

A esse respeito, dispõe o art. 109, I, da CRFB, in verbis:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de

autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça

Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Sob igual perspectiva, resta afastada a competência dos Juizados Especiais Cíveis Federais, em decorrência da

vedação inscrita no inciso III do art. 3.º da Lei 10.259, de 12 de julho de 2001:

Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da JustiçaFederal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

(...)

III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o

de lançamento fiscal;

(Destaques nossos)

O interesse de agir está configurado no objeto da própria demanda, como restará adiante provado, que diz

respeito à atual composição do Conselho Universitário, cujo formato prejudica a gestão democrática da

universidade e usurpa a representação da categoria docente, tendo em vista que dois dos autores são professores

dessa universidade e o outro é servidor técnico-administrativo e conselheiro do Conselho Universitário da UFAL.

Ademais, a configuração ILEGÍTIMA e ILEGAL do CONSUNI, nos termos apresentados a seguir, viola o

devido processo administrativo e a legalidade como princípios norteadores da Administração Pública, o que

põe em risco o próprio funcionamento do CONSUNI e a validade de suas decisões, razão pela qual a presente

demanda diz respeito aos direitos e aos interesses de professores, estudantes, técnico-administrativos e

conselheiros representantes dessas categorias.

Nesse sentido, urge provocar o Poder Judiciário, por meio da presente ação, para que garanta a tutela

jurisdicional da legítima pretensão dos autores, tendo por base as razões apontadas nesta peça.

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II – DA CAUSA DE PEDIR

II.a. DOS FATOS

Excelência,

A ação ora proposta pretende expor e provar que a atual composição de integrantes do Conselho Universitário

da UFAL, órgão deliberativo máximo dessa instituição, desrespeita sobremaneira dispositivos do Estatuto da

própria universidade, de seu Regimento Geral, da Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional e da

Constituição da República Federativa do Brasil.

Como instância de deliberação que reúne as 3 (três) categorias orgânicas da universidade, na proporção de 70%

(setenta por cento) de seus integrantes como representantes do corpo docente, 15% (quinze por cento) do corpodiscente e 15% (quinze por cento) do corpo técnico-administrativo, o CONSUNI deveria ser um espaço

democrático, plural e representativo da vontade dos diversos segmentos que compõem a UFAL.

Atualmente, o CONSUNI possui 53 (cinqüenta e três) integrantes, todos com poder de voto, assim

discriminados: a) reitor; b) vice-reitor; c) 6 (seis) pró-reitores); d) 21 (vinte e um) diretores de unidades

acadêmicas; e) 8 (oito) conselheiros eleito pelo corpo docente; f) 8 (oito) conselheiros eleitos pelo corpo técnico-

administrativo; g) 8 (oito) conselheiros eleitos pelo corpo discente.

Num simples cálculo aritmético, verifica-se que os docentes, possuidores de 70% (setenta por cento) das vagas,

são representados por 37 (trinta e sete) conselheiros. Os 16 (dezesseis) restantes são igualmente divididos entre

estudantes e os técnico-administrativos, representados por 8 (oito) conselheiros cada.

Essa composição, contudo, não atende aos postulados democráticos mais comezinhos e ainda agride o próprioEstatuto da UFAL. Tal afirmação decorre do fato de que os titulares de 6 (seis) Pró-Reitorias – os chamados

pró-reitores – ocupam assentos permanentes no CONSUNI, embora o Estatuto da UFAL, no art. 8.º e § 1.º,

EM NENHUM MOMENTO FAÇA MENÇÃO A PRÓ-REITORES COMO INTEGRANTES DO

CONSUNI.

O Estatuto da UFAL, ao dispor sobre a composição de sua instância deliberativa máxima, trata de elencar, NUMROL TAXATIVO E EXAUSTIVO, como seus integrantes naturais e membros natos, o reitor, o vice-reitor e os

diretores de unidade acadêmica, todos eles previstos na porcentagem de 70% dos assentos destinados aos

docentes. Em continuação, o Regimento Geral da UFAL, nos §§ 2.º, 3.º e 4.º do art. 3.º, determina que os

demais integrantes do CONSUNI sejam eleitos como representantes de suas categorias respectivas.

Isto quer dizer, Excelência, que o Estatuto da UFAL apenas previu duas espécies de conselheiros do CONSUNI:

os membros natos, que naturalmente ocupam assento no conselho e são representantes do corpo docente, e os

demais membros, de seu turno eleitos, escolhidos pelos integrantes dos corpos docente, discente e técnico-

administrativo.

Ou seja, o corpo docente tem como membros natos o reitor, o vice-reitor e os direitos de unidades acadêmicas.

Seus demais representantes devem ser eleitos pela própria categoria.

O problema, todavia, surge no art. 3.º, inciso VII e § 6.º, do Regimento Geral da UFAL, que, numa evidente

afronta ao Estatuto e às suas próprias disposições, ENXERTA os pró-reitores como integrantes natos do

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CONSUNI, e, pior, USURPA da categoria docente o DIREITO DE ELEGER 6 (SEIS) PROFESSORES.

É mesmo surpreendente: os 6 (seis) pró-reitores, INDEVIDAMENTE alçados à condição de membros natos do

CONSUNI pelo art. 3.º, inciso VII e § 6.º, SÃO DEBITADOS DO PORCENTUAL DE 70% DAS VAGAS

DO CONSUNI DESTINADAS AOS DOCENTES!

Como já foi dito, o Estatuto da UFAL previu como representantes natos do corpo docente APENAS o reitor, o

vice-reitor e os diretores de unidades acadêmicas. Em relação aos demais representantes, todos são eleitos pelo

voto da categoria, na forma como disciplina seu regimento.

Ora, se assim o é, os 6 (seis) assentos ocupados pelo pró-reitores deveriam ser ocupados por representantes

eleitos pelos próprio docentes, e não indicados pelo reitor para defender os interesses da reitoria ou da gestão da

ocasião, cujos propósitos por vezes se diferem dos interesses da categoria docente e da comunidade universitária.

Ocorre, Excelência, que as pró-reitorias são órgãos auxiliares de gestão da reitoria da UFAL, cujos titulares são

ESCOLHIDOS, não ELEITOS, a dedo pelo reitor da ocasião.

É que o comando de uma pró-reitoria é uma função gratificada, cujo titular exerce um cargo de confiança do

reitor, ou seja, há uma obrigatória vinculação de propósitos e de interesses entre os pró-reitores e o reitor.

Deixemos claro: o pró-reitor exerce um CARGO DE GESTÃO da reitoria, não de REPRESENTAÇÃO de

alguma categoria universitária. Na prática, é como se o voto do reitor no CONSUNI, em razão da presença dos

pró-reitores, fosse multiplicado por 6 (SEIS), o que coloca as proposições, encaminhamentos e propostas da

reitoria em evidente situação de vantagem numérica, desvirtuando a gestão democrática e representativa da

universidade.

A presente situação demanda uma análise urgente porque, no dia 17 de dezembro de 2012, segunda-

feira da semana corrente, o secretário dos Conselhos Superiores da UFAL, sr. Rômulo Rogério M.Santos, divulgou a CONVOCAÇÃO Nº. 18/2012-SECS/UFAL, informando que o Magnífico Reitor

houvera convocado uma reunião deliberativa do CONSUNI para a data de 20 de DEZEMBRO de

2012 (5ª feira) às 09:00, tendo como pauta a DELIBERAÇÃO SOBRE A ADESÃO DA

UFAL/HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. ALBERTO ANTUNES À EBSERH - EMPRESA

BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES.

Trata-se de um projeto de grande repercussão e impacto em toda a comunidade acadêmica, cuja

deliberação demanda uma correta, legal, legítima e constitucional composição do respectivo espaço de

decisão!

Em face disso, os autores pleiteiam, desde já, com base nos arts. 273 e 461 do Código de Processo

Civil, a CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE DE ANTECIPAÇÃO

DOS EFEITOS DA TUTELA QUE SUSPENDA O INCISO VII E O § 6.º DO ART. 3.º DO

REGIMENTO GERAL DA UFAL E, POR CONSEQUÊNCIA, QUE SUSPENDA OS VOTOS DOS

PRÓ-REITORES NAS SESSÕES DO CONSUNI, IMPEDINDO-OS DE VOTAR, ATÉ QUE HAJA O

DESLINDE FINAL DESTA AÇÃO.

Feita essa narrativa, é necessário, agora, indicar, detalhar e comentar os dispositivos legais, estatutários,

regimentais e constitucionais que fundamentam o pleito ora proposto.

II.b. DO DIREITO

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A presente AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA tem por objetivo

declarar a invalidade do inciso VI e do § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral do Conselho Universitário da UFAL,

tendo em vista o INCONCILIÁVEL E EVIDENTE CONFLITO dessas normas com o art. 8.º, caput, do

Estatuto da UFAL, com o art. 3.º, § 2.º, do Regimento Geral da UFAL, com o art. 56 da LDB e com os arts.

1.º, parágrafo único, e 206, inciso VI, da CRFB, a fim de EXCLUIR OS 6 (SEIS) PRÓ-REITORES DO

CONSUNI, haja vista: a) não serem representantes de nenhuma categoria orgânica da universidade; b) não

estarem previstos no Estatuto da UFAL como membros natos; c) estarem indevidamente enquadrados no

porcentual de 70% (setenta por cento) destinado aos conselheiros do corpo docente, embora os professores não

os elejam, direta ou indiretamente; d) não serem submetidos a nenhum processo democrático de escolha, a

nenhuma eleição de categoria alguma, pois são conduzidos ao cargo de confiança pela graça e vontade do reitor

de plantão para lhe servir.

Tudo isso, como se demonstra nesta ação, fatalmente desequilibra a composição do CONSUNI, diminui a

representação docente e agride o princípio constitucional da gestão democrática das instituições públicas de

ensino.

Impende delinear, portanto, os apontamentos necessários para que se tenha melhor compreensão desta lide.

Pois bem. O Conselho Universitário da UFAL – CONSUNI é a instância deliberativa máxima dessa

universidade, a quem compete, segundo o art. 9.º de seu Estatuto:

Art. 9º. Compete ao Conselho Universitário, além de outras atribuições definidas no Regimento Geral :

I - aprovar e/ou modificar, ouvida a comunidade universitária, o Estatuto e o Regimento Geral da UFAL, com

quorum qualificado de 2/3 dos seus membros;

II - deliberar, em caráter geral, mediante resoluções, sobre matérias de ensino, pesquisa, extensão e administração

e traçar a política geral da Universidade;

III - elaborar, com quorum de 2/3, a lista de candidatos a Reitor e Vice-Reitor da UFAL, observada a consulta

prévia à comunidade universitária;

IV - apreciar e deliberar sobre os recursos interpostos contra decisão do Reitor e dos Conselhos das Unidades

Acadêmicas;

V - autorizar, suspender ou suprimir cursos oferecidos pela Universidade;

VI - apreciar e aprovar os projetos pedagógicos dos cursos, observada a legislação aplicável;

VII - regulamentar as formas de acesso de estudantes à UFAL;

VIII - criar, modificar, fundir e extinguir, com quorum de 2/3, as Unidades Acadêmicas e Unidades de Apoio

ouvidas as comunidades interessadas;

IX - aprovar os Regimentos Internos do Conselho de Curadores, da Reitoria, das Unidades Acadêmicas e

Órgãos de Apoio;

X - elaborar a proposta de seu Regimento Interno, submetendo-o à sua aprovação.

XI - aprovar o planejamento global da Universidade, anual e plurianual, acompanhando e avaliando sua execução;

XII - aprovar o orçamento anual da Universidade, elaborado pela Reitoria, acompanhando a sua execução;

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XIII - aprovar as linhas gerais dos programas de pesquisa e extensão;

XIV - conceder títulos honoríficos e acadêmicos definidos no Regimento Geral, mediante parecer prévio daUnidade Acadêmica pertinente;

XV - homologar convênios firmados pelo Reitor;

XVI - Aprovar o recebimento pela UFAL de subvenções, doações, heranças, legados e de cooperações

financeiras resultantes de convênios com entidades públicas e privadas;

XVII - definir o quadro de pessoal docente e técnico-administrativo, ouvidas as Unidades Acadêmicas;

XVIII - autorizar o Reitor a realizar operações de crédito ou de financiamento, mediante a apresentação de

projetos e ouvido o Conselho de Curadores;

XIX - aprovar a abertura de créditos adicionais ao orçamento da UFAL, mediante parecer do Conselho de

Curadores - CURA;

XX - aprovar a prestação de contas anual da Universidade, mediante parecer do Conselho de Curadores -

CURA;

XXI - aprovar o calendário acadêmico;

XXII - decidir, após processo administrativo, sobre intervenção em Unidade Acadêmica e destituição de seu

Diretor e/ou Vice

Diretor na forma do Regimento Geral, com quorum de 2/3 dos seus membros;

XXIII - apurar atos de responsabilidade do Reitor e do Vice -Reitor e tomar as providências cabíveis, inclusive

de propor à autoridade competente suas destituições, na forma definida no Regimento Geral, com quorum de 2/3

dos seus membros;

XXIV - definir e acompanhar o Programa de Avaliação Institucional, seus planos de trabalho e orçamento, e

aprovar os respectivos relatórios produzidos.

Trata-se, como se denota, do órgão colegiado superior da administração da UFAL, instância em que se debatem

e se decidem os rumos dessa instituição federal de ensino superior, tão imprescindível para o acalentado propósito

de desenvolvimento social, econômico, intelectual, científico e cultural do Estado de Alagoas.

Sem maiores digressões, cabe destacar que o CONSUNI, em função do imperativo da gestão democrática do

ensino público, previsto no art. 206, VI, da Constituição Cidadã[1], e em observância ao art. 56 da Lei n.º

9.394[2], de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), tem em sua

composição representantes das 3 (três) categorias que perfazem organicamente a universidade: corpo docente,

corpo discente e corpo técnico-administrativo.

A esse respeito, basta verificar a literal disposição do caput do art. 8.º do Estatuto da UFAL:

Art. 8º. O Conselho Universitário, órgão de deliberação superior da UFAL, compõe-se de 70% (setenta por

cento) de representantes do corpo docente, 15% (quinze por cento) de representantes do corpo discente e 15%

(quinze por cento) de representantes do corpo técnico-administrativo da Universidade.

Quis o Estatuto garantir com isso a democratização da gestão universitária e de sua autonomia, nas suas faces

didático-científica, administrativa, financeira e patrimonial, nos exatos termos do caput do art. 207[3] da Carta

Magna.

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O próprio Estatuto, especificando a representação de cada categoria, estabelece as porcentagens de assentos a

que cada uma delas tem direito. Ora, considerando que o CONSUNI tem hoje o número de 53 (cinqüenta e três)

conselheiros (vide anexo), as porcentagens de cada corpo da universidade se traduzem numericamente do

seguinte modo:

70% - Representantes do Corpo Docente – 37 (trinta e sete) conselheiros, sendo:

Ø 1 (um) reitor – membro NATO

Ø 1 (um) vice-reitor – membro NATO

Ø 21 (vinte e um) diretores de unidades acadêmicas – membros NATOS

Ø 1 (um) docente ELEITO pelos membros da Diretoria da ADUFAL

Ø 7 (sete) docentes ELEITOS pelo VOTO DA BASE

Ø 6 (seis) pró-reitores INDEVIDAMENTE ENXERTADOS no CONSUNI, escolhidos A DEDO PELO

REITOR

15% - Representantes do Corpo Discente – 8 (oito) conselheiros, sendo:

Ø TODOS ELEITOS pelos estudantes, segundo suas próprias disposições normativas

15% - Representantes do Corpo Técnico-Administrativo – 8 (oito) conselheiros, sendo:

Ø 1 (um) técnico ELEITO pelos membros da Diretoria do SINTUFAL

Ø 7 (sete) técnicos ELEITOS pelo VOTO DA BASE

É de se observar que, no caso específico do corpo docente, seus representantes no CONSUNI são de duas

espécies:

Ø Natos, previstos no caput do art. 8.º do Estatuto da UFAL: reitor, vice-reitor, diretores de unidades

acadêmicas

Ø Eleitos, todos eleitos pela própria categoria, seja pelo sindicato, seja pelo voto direto da base

Sendo assim, cabe indagar: os pró-reitores são representantes de qual categoria?

Considerando que: 1 – não são, por óbvio, reitor nem vice-reitor; 2 – não são diretores acadêmicos; 3 – não são

representantes docentes, 4 – não são representantes discentes; 4 – não são representantes técnico-

administrativos; 5 – não foram eleitos por categoria ou sindicato algum, muito menos pelos professores, embora

estejam contabilizados no percentual de 70% (setenta por cento) destinados à representação docente, outra

conclusão não há senão a de que A PRESENÇA DOS PRÓ-REITORES COMO CONSELHEIROS DO

CONSUNI NA PORCENTAGEM RESERVADA AOS DOCENTES CONTRARIA O § 2.º DO

REGIMENTO GERAL DA UFAL, ATENTA CONTRA O ESTATUTO DA UFAL, VIOLA A LEI DE

DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL E DESPREZA PRINCÍPIOS DA CONSTITUIÇÃO

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FEDERAL!

Como já dito, o Regimento Geral da UFAL, em observância ao § 1.º do art. 8.º do Estatuto[1], trata de

disciplinar o modo de escolha dos representantes de cada segmento nos §§ 2.º, 3.º e 4.º do art. 3.º:

Art. 3º - Omissis

(...)

§ 2º Os representantes do Corpo Docente serão em número de 2/5 (dois quintos) do número dos/as Diretores/as

de Unidades Acadêmicas, com seus respectivos suplentes, sendo 01 (um) membro indicado pela entidade

representativa e os demais representantes eleitos por seus pares em votação direta e secreta, para cumprirem

mandato de 02 (dois) anos, com apenas uma única recondução.

§ 3º A representação do Corpo Técnico-Administrativo com seus respectivos suplentes será constituída de 01

(um) membro indicado pela entidade representativa e os demais representantes eleitos por seus pares em votação

direta e secreta, para cumprirem mandato de 02 (dois) anos, com apenas uma única recondução.

§ 4º Os representantes do Corpo Discente e seus respectivos suplentes, estudantes regulares da Universidade,

serão eleitos por seus pares, para cumprirem mandato de 01 (um) ano, com apenas uma única recondução.

Nos dispositivos acima, resta evidente que o Regimento Geral determinou que o modo de escolha dos

representantes de cada categoria é a ELEIÇÃO, seja pelo voto dos integrantes da direção da entidade

representativa, seja pelo voto dos integrantes da base da categoria.

Como não poderia deixar de ser, a ELEIÇÃO foi o método prestigiado e contemplado pelo Regimento Geral

como forma de garantir a escolha dos representantes de cada categoria.

As óbvias exceções, previamente estabelecidas pelo Estatuto da UFAL, são os membros NATOS, ou seja, que

naturalmente detêm assento no CONSUNI: reitor, vice-reitor e diretores de unidades acadêmicas.

É preciso destacar que mesmo no caso dos membros NATOS seus ocupantes SÃO ELEITOS de algum modo!

Ora, os nomes dos candidatos a reitor e a vice-reitor colocados em lista tríplice encaminhada à Presidência da

República são ESCOLHIDOS pela comunidade acadêmica!

Os diretores das unidades acadêmicas são ESCOLHIDOS pelos integrantes das 3 (três) categorias da respectiva

unidade!

Ou seja, ainda que de modo indireto, os membros natos do CONSUNI somente o são porque ocupam funções

para as quais se submeteram a um processo de ESCOLHA, pelo VOTO das 3 (três) categorias que compõem

organicamente a comunidade universitária!

E os pró-reitores? Donde vêm? Como surgiram no CONSUNI, se o Estatuto da UFAL não os previu como

integrantes desse espaço?

Essa pergunta é respondida quando nos deparamos com o inciso VII e o § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral da

UFAL, in verbis:

Art. 3º - O Conselho Universitário, CONSUNI, órgão de deliberação superior da UFAL, compõe-se de:

I. Reitor/a, como Presidente;

Page 9: 1. Petição inicial da ação ordinária

II. Vice-Reitor/a, como Vice -Presidente;

III. Diretores/as de Unidades Acadêmicas;

IV. Representantes do Corpo Docente;

V. Representantes do Corpo Técnico Administrativo;

VI. Representantes do Corpo Discente;

VII. Membros designados pelo/a Reitor/a, em número de 06 (seis).

(...)

§ 6º Os membros designados pelo/a Reitor/a serão os titulares das Pró –Reitorias mencionadas no

Art.16 deste Regimento.

(Destaquei em negrito)

É de uma percepção cristalina que o inciso VII e o § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral, ao ENXERTAREM OS

PRÓ-REITORES como membros do CONSUNI, INOVAM INDEVIDAMENTE, CONTRARIAM O

ESTATUTO, DESRESPEITAM A LDB, VIOLAM PRINCÍPIOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E SE

CONTRADIZEM COM OS PARÁGRAFOS 2.º, 3.º e 4.º DESSE MESMO ARTIGO!

Assim, os conselheiros apontados nos incisos I a VI do art. 3.º do Regimento Geral gozam, no mínimo, de uma

legitimidade eletiva e, por isso, de uma estabilidade a priori que lhes garante, teoricamente, compromisso com

seus eleitores, vez que possuem um mandato representativo que não é revogável a qualquer tempo, nem por

qualquer autoridade, salvo mediante o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório. Isto significa dizer

que, por não ocuparem uma função gratificada, não estão sujeitos aos desígnios e às vontades de um chefe, a

quem devem fidelidade, sob pena serem dispensados do posto.

O mesmo não ocorre com os pró-reitores, já que a titularidade de cada pró-reitoria, que é função gratificada, é

delegada livremente pelo reitor a alguém de sua estrita confiança e cumplicidade. Decorre, pois, que o cargo de

pró-reitor é, também, exonerável ad nutum, ou seja, livremente, a qualquer tempo, independentemente de

justificativa.

Com isso, criam-se as figuras de seis conselheiros biônicos, postos no CONSUNI sem nenhum processo eletivo

democrático, com a única função de apoiar qualquer proposição emanada da reitoria, já que podem ser indicados

e retirados pelo chefe a qualquer momento.

Assim, não se pode reconhecer aos pró-reitores nenhum traço da legitimidade de que gozam os demais membros

do CONSUNI. Logo, diante dessa constatação, a previsão regimental de seus assentos fere e frustra gravemente

ideais de gestão participativa – da qual os conselhos deliberativos são, sabidamente, uma ingrediente fundamental.

Na mesma perspectiva da importância de uma gestão democrática e participativa que equilibre e democratize o

poder decisório nos espaços deliberativos da UFAL, a fim de combater as nomeações unilaterais e monocráticas

que desigualam a representação da comunidade acadêmica, é bastante oportuno registrar a histórica e

emblemática sentença prolatada pelo Sr. Dr. Juiz Federal Guilherme Masaiti Hirata Yendo, magistrado substituto

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da 2.º Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas, ao julgar o Mandado de Segurança n.º 0001577-

44.2010.4.05.8000, em 10 de setembro de 2010, cujos trechos se reproduzem a seguir:

(...)

Mas, se utilizado o mesmo procedimento da escolha de Reitores para a escolha dos diretores internos

da instituição, apenas ajustada a livre nomeação pelo respectivo Reitor(a) (e não pelo presidente),

estaria instalada uma verdadeira autocracia, em evidente deturpação do sentido da entidade autárquica

e potencial ofensa à autonomia universitária e ao princípio do pluralismo na educação, além de aberta

agressão ao princípio da gestão democrática da educação, todos com assento constitucional.

(...)

Nesse contexto, tenha-se em conta que o Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da Universidade,

tem como membros, conforme art. 3º do Regimento, além de reitor e vice-reitor, os diretores das cerca de vinte e

duas unidades acadêmicas e ainda os seis pró-reitores, que sequer são eleitos pela comunidade

universitária (!), restando uma pequena margem para a eleição direta e democrática de representes dos

docentes, dos técnicos administrativos e dos estudantes.

Como se pode pensar que tal hipótese possa se coadunar com o princípio da gestão democrática?

Apenas a título de exemplo, seria de duvidosa efetividade o inciso XXII do art. 9° do Estatuto, segundo

o qual compete ao CONSUNI "decidir, após processo administrativo, sobre intervenção em Unidade

Acadêmica e destituição de seu Diretor e/ou Vice-Diretor na forma do Regimento Geral, com quorum

de 2/3 dos seus membros", se a gestão da Reitoria pode dominar potencialmente um volume de votos

maior que esse mesmo quórum.

(Destaques nossos em negrito)

Sobre a fundamental observância ao princípio constitucional da gestão democrática do ensino, consignou oeminente magistrado sentenciante:

Assim, deve-se analisar em que medida a eleição de diretores relaciona-se com a aplicabilidade do princípio da

gestão democrática do ensino. Comentando as formas de escolha dos diretores das escolas públicas em geral,

comenta o Prof. Erasto Mendonça4, da Universidade de Brasília:

Os mecanismos de provimento do cargo de diretor escolar são reveladores das concepções de gestão

democrática adotadas pelos sistemas de ensino. [...] O grau de interferência política no ambiente

escolar que esse procedimento enseja permitiu que o clientelismo político tivesse, na escola, um campo

fértil para seu crescimento. [...]

A eleição de diretores, por isso, é o processo que melhor materializou a luta contra o clientelismo e o

autoritarismo na administração da educação, tendo sido, durante seguidos anos, a principal bandeira de

luta a favor da gestão democrática do ensino público. Os argumentos em defesa desse processo giram

em torno de seu caráter democrático, além de permitir aquilatar a capacidade de liderança política dos

candidatos, abarcando, dessa maneira, uma dimensão da escola que vem ganhando cada vez mais

ênfase. A eleição de diretores foi o principal mecanismo adotado por vários sistemas de ensino como

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iniciativa de democratização da gestão, mesmo antes da promulgação da Constituição Federal, em

1988. Pode-se, mesmo, afirmar que a mobilização dos educadores, de suas entidades e de outras

instâncias organizadas da sociedade civil em favor da inclusão da gestão democrática do ensino público

na carta magna foi, em grande parte, influenciada pelas experiências de adoção de eleições de

diretores, então já em curso em vários sistemas de ensino.

A respeito do princípio democrático, diz Paulo Bonavides que "o princípio democrático outra cousa

não é, do ponto de vista político, senão a ingerência do governo ou a organização de um sufrágio que

faça essa ingerência mediante canais representativos. Nenhuma técnica espelha melhor a veracidade

democrática de um sistema do que o sufrágio, a forma como ele se concretiza, a extensão concedida a

essa franquia participativa e a lei afiançadora de seu exercício".5 Nessa linha deve ser entendida a

gestão democrática da educação.

Portanto, ainda que a própria democracia tenha limites próprios, tornar sem importância a

possibilidade de intervenção efetiva, e não apenas virtual, dos segmentos universitários na

administração da instituição é uma aventura sofismática, vazia.

Especificamente quanto às Diretorias das unidades acadêmicas, sabe-se que elas detêm competência

administrativa, disciplinar, financeira, patrimonial e acadêmica, conforme dispõe o art. 30 do Regimento Geral da

UFAL, além de representarem a respectiva unidade no CONSUNI, Portanto, é candente a importância da

participação equitativa dos segmentos universitários na escolha desses dirigentes, bem como nos órgãos

colegiados de deliberação.

Com efeito, não se vislumbra como é possível preservar a autonomia e democracia interna nas

universidades se, apenas remotamente, é oportunizada a possibilidade de influência efetiva dossegmentos discente e técnico administrativo das universidades, pela via institucional, nas decisões e

políticas que conduzem o desenvolvimento da instituição.

(Destaques nossos em negrito)

Importante destacar, seguindo o mesmo raciocínio argumentativo esposado, as valorosas lições do eminenteconstitucionalista Prof. José Afonso da Silva[1]:

GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO. Essa gestão democrática também depende daforma da lei. E a lei, aqui, é a de cada sistema de ensino, que tem liberdade de organização. Mas a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional determina que os sistemas de ensino definirão as normas de gestãodemocrática do ensino público na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio), de acordo

com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: participação dos profissionais da educação naelaboração do projeto pedagógico da escola e participação da comunidade escolar e local em conselhosescolares ou equivalentes. As instituições públicas de educação superior também deverão observar os princípios

da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão ossegmentos da comunidade institucional, local e regional (Lei de Diretrizes, art. 58).

(Grifos no original)

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Assim, à luz do que fora fartamente exposto até aqui, logo se vê que o Regimento Geral da UFAL extrapolou seu

papel de regulamentar e complementar as disposições do Estatuto da UFAL, violando caros princípiosconstitucionais.

Redundante dizer que o Estatuto da UFAL é o documento jurídico-legal que, em observância à Lei Federal n.º

3.867, de 25 de janeiro de 1961, dispõe sobre sua estrutura organizacional, administrativa, funcional, acadêmica ecientífica. É a lei maior da universidade.

O Regimento Geral, numa escala normativa hierárquica, encontra-se abaixo do Estatuto, somente podendo

regulamentá-lo e complementá-lo na exata medida do que o Estatuto lhe permite.

No presente caso, ao inserir os pró-reitores na composição do CONSUNI o Regimento Geral foi além do quepoderia ir, extrapolou seus limites, exorbitou sua competência, tudo isso porque indevidamente expandiu o rol

numerus clausus de integrantes natos do CONSUNI, ultrapassando aquilo que o Estatuto tratou de limitar, eusurpando parte da representação dos 70% (setenta por cento) destinados aos representantes do corpo docente.

O Estatuto tem a função de fixar regras quanto a seu funcionamento, órgãos componentes, competência,

procedimentos, enfim, tudo aquilo que diga respeito a seu estabelecimento, atuação e relação com a sociedade e acomunidade externa.

O Regimento Geral, por sua vez, é um ato administrativo que se destina a detalhar a estrutura organizacional edisciplinar suas relações funcionais internas. Em paralelo, poder-se-ia dizer que o Regimento Geral constitui o

regulamento do Estatuto, não podendo, portanto, inovar nem contraditá-lo.

Assim, o § 1.º do art. 8.º Estatuto deixa ao Regimento as determinações quanto à forma de escolha dos membrosdo CONSUNI, mas ressalva, antes, com exatidão, quem serão os conselheiros e quais deles podem ser

considerados membros natos. Por isso, a previsão dos pró-reitores como membros natos não se justifica denenhuma maneira, já que seus assentos não são respaldados no Estatuto.

E nem se diga que os pró-reitores estariam inclusos na representação docente: primeiro, porque o cargo

equivalente de pró-reitor não é exclusivo de docente, já havendo em outras IFES técnico-administrativos queocupam posto equivalente – no caso da UFAL, a senhora Silvia Regina Cardeal é servidora técnico-administrativa

e comanda a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho; segundo, porque toda a representação classistano CONSUNI, seja docente, técnica ou discente, deve ser eleita – portanto, os pró-reitores, para ocuparem a

posição de conselheiros na condição de representantes dos docentes, deveriam, necessariamente, ser escolhidoseletivamente por seus pares e serem computados nessa representação para compor a proporcionalidade do

CONSUNI, o que não acontece.

É preciso dizer que não há oposição à participação dos pró-reitores como consultores em matérias específicas, decompetência de suas respectivas pastas, para prestar esclarecimentos quando solicitados e outras questões, desde

que disso não decorra o direito a voto, ou seja, de votar e deliberar no CONSUNI. Como dirigentes de órgãosauxiliares que são as pró-reitorias, devem os pró-reitores cumprir esse papel que lhes cabe, conforme diz o art.

4.º, parágrafo único, do próprio Regimento Geral:

Art. 4º É admitida a participação nas reuniões do CONSUNI de representantes das comunidades local e regionale de setores da sociedade civil organizada.

Parágrafo Único – Os representantes, que terão direito à voz, poderão, na forma que vier a ser definida no

regimento interno do Conselho, formular proposições ao Colegiado ou, por designação deste, funcionar comoconsultores em matérias específicas.

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É preciso que se diga também que a participação de pró-reitores em conselhos universitários depende de

expressa previsão do estatuto de cada universidade! Não é um consectário lógico que um pró-reitor, apenas porassim sê-lo, tenha assento e voto no conselho da respectiva instituição, pois isso depende de uma determinação

estatutária! Para exemplificar, é o que ocorre com a Universidade Federal de Minas Gerais, instituição secular eparadigma de gestão para a UFAL, que dispõe, no art. 8.º de seu Estatuto[2], não fazendo menção alguma aos

pró-reitores que integram os órgãos auxiliares da reitoria:

Art. 8º - O Conselho Universitário é integrado:I - pelo Reitor, como Presidente, com voto de qualidade, além do voto comum;

II - pelo Vice-Reitor;

III - pelos Diretores das Unidades Acadêmicas;

IV - pelos Diretores-Gerais das Unidades Especiais não-vinculadas a Unidades Acadêmicas;

V - por 1 (um) professor de cada Unidade Acadêmica, lotado nesta e em exercício na Universidade, eleito pelarespectiva Congregação;

VI - por professores eleitos pelo corpo docente da Universidade, mediante composição e critérios estabelecidospor maioria absoluta de votos do Conselho Universitário;

VII - por integrantes do corpo técnico e administrativo eleitos por seus pares, nos termos do art. 84 desteEstatuto, permitida a recondução;VIII - por integrantes do corpo discente, nos termos do art. 78 deste Estatuto;

IX - por representação do Conselho de Integração Comunitária, a ser estabelecida por maioria absoluta de votosdo Conselho Universitário.

Para concluir, acrescenta-se que o princípio constitucional da gestão democrática do ensino possui, como um de

seus inúmeros corolários, a eleição democrática na escolha de representantes nas instituições de ensino.

Trata-se de prestigiar os mecanismos democráticos de escolha, com o envolvimento e a participação de toda acomunidade acadêmica. É inadmissível que o CONSUNI, órgão máximo da universidade, possua conselheiros

biônicos que não são eleitos direta ou indiretamente, mas escolhidos pelo reitor da ocasião, segundo suas própriasconveniências, o que contradiz o fato de que todos os outros órgãos colegiados existentes na UFAL (conselhos

de unidade e colegiados de curso) possuem integrantes democraticamente eleitos.

Portanto, em nome da democracia, da legitimidade e da gestão participativa nos rumos da UFAL, nosso Farol deAlexandria a espraiar conhecimento por toda Alagoas, suplica-se pela atuação do órgão jurisdicional que afaste as

ilegalidades e inconstitucionalidades tanto analisadas.

Nesse sentido, é imperiosa a decretação da invalidade do inciso VII e do § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral daUFAL.

No presente momento, estando presentes os requisitos fumus boni iuris e periculum in mora, é igualmente

imprescindível seja concedida uma medida liminar inaudita altera parte que suspenda provisoriamente o incisoVII e do § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral da UFAL e, ato contínuo, suspenda os votos do pró-reitores e os

impeça de votar no CONSUNI, até que se julgue definitivamente o mérito desta ação.

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III – DO PEDIDO

III.a – DO PEDIDO LIMINAR SEM A OITIVA DA PARTE CONTRÁRIA

Para a concessão de liminar, mister se faz a presença concomitante de dois requisitos essenciais – o

perigo da demora e a fumaça do bom direito, à luz das disposições do art. 273 do Código de Processo Civil.

No que concerne ao perigo da demora, deve haver a comprovação da ameaça de prejuízo. Já a fumaça do bomdireito destaca a coerência e a verossimilhança das alegações do autor, por meio da análise sumária do pedido

feito, caracterizando procedimento cognitivo em que impera a razoável impressão de que o autor tem razão emsuas alegações.

No presente caso, todos os requisitos se fazem presentes.

A fumaça do bom direito se encontra fartamente descrita nas disposições constitucionais, legais, estatutárias e

regimentais que atestam a flagrante ilegalidade do inciso VII e do § 6.º do art. 3.º do Regimento Geral da UFAL,vez que há, conforme demonstrado, um conflito inconciliável entre as normas que se pretende declarar inválidas e

as disposições já citadas.

O perigo de dano se encontra evidenciado no fato de que a próxima reunião do CONSUNI pode ocorrer com aparticipação INVÁLIDA, ILÍCITA e ILEGÍTIMA dos pró-reitores, cujos votos, eivados de vício, irão

comprometer a própria LEGALIDADE e a LEGITIMIDADE da sessão. Ressalte-se que há uma convocaçãopara uma próxima reunião do CONSUNI a ser realizada na data de 20 de dezembro deste ano, quinta

feira!

Ademais, cabe também invocar necessária tutela inibitória para prevenção do ilícito consistente na participação

dos pró-reitores na sessão, já que sua presença como integrantes do CONSUNI perfaz algo contrário àConstituição Federal, à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, ao Estatuto da UFAL e ao Regimento Geral.

A esse respeito, eis as lições de Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero[3]:

Tutela Inibitória e Tutela de Remoção do Ilítico. A tutela inibitória visa a inibir a prática, a repetição ou a

continuação de um ilícito. É uma tutela genuinamente preventiva. Tem como pressuposto a probabilidade daprática, da repetição ou da continuação de ato contrário ao direito.

(Negritado no original)

Nesse sentido, os arts. 273 e 461 do CPC preveem que:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendidano pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

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(...)

§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas

nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a

tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultadoprático equivalente ao do adimplemento.

Assim, com suporte nesses dispositivos, REQUEREMOS A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

INAUDITA ALTERA PARTE DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA SUSPENDER O INCISOVII E O § 6.º DO ART. 3.º DO REGIMENTO GERAL DA UFAL E, POR CONSEQUÊNCIA,

SUSPENDER OS VOTOS DOS PRÓ-REITORES, IMPEDINDO-OS DE VOTAR NAS SESSÕES DOCONSUNI, ATÉ QUE SEJA JULGADO DEFINITIVAMENTE O MÉRITO DESTA AÇÃO.

NA HIPÓTESE DE QUE A UFAL DESCUMPRA A DECISÃO LIMINAR ANTECIPATÓRIA DE

TUTELA ORA PRETENDIDA, PLEITEIA-SE A INCIDÊNCIA DE MULTA EQUIVALENTE A R$10.000,00 (DEZ MIL REAIS) POR CADA SESSÃO DO CONSUNI, EXTRAORDINÁRIA OU

ORDINÁRIA, DE QUE INDEVIDAMENTE PARTICIPEM E VOTEM OS PRÓ-REITORES.

CASO O MAGNÍFICO REITOR, NA CONDIÇÃO DE PRESIDENTE DO CONSUNI, OU QUEM OSUBSTITUA, DESRESPEITE A DECISÃO LIMINAR ORA POSTULADA, QUE SUA CONDUTA

SEJA TIPIFICADA COMO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA, PREVISTO NO ART. 330 DOCÓDIGO PENAL.

III.b – DO MÉRITO

Os autores requerem A PROCEDÊNCIA TOTAL DESTA AÇÃO, DE MODO A DECLARAR AINVALIDADE DO INCISO VII E DO § 6.º DO ART. 3.º DO REGIMENTO GERAL DA UFAL, EM

RAZÃO DE SUA INVALIDADE, ILEGALIDADE E ILICITUDE, DETERMINANDO, PORCONSEQUÊNCIA, QUE OS PRÓ-REITORES NÃO TENHAM DIREITO A VOTO NO CONSUNI,

TUDO ISSO EM OBSERVÂNCIA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AO ESTATUTO DA UFAL.

CONCECIDA OU NÃO A MEDIDA LIMINAR, CITE-SE A UFAL, NA PESSOA DE SEUREPRESENTANTE LEGAL, NO ENDEREÇO SUPRA, PARA QUE, QUERENDO, RESPONDA AO

PRESENTE FEITO NO PRAZO LEGAL.

Protesta-se por todos os meios de prova admitidos em direito, sob a égide da Constituição Federal, do Códigode Processo Civil e da legislação e das normas pertinentes.

Dá-se à causa o valor de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais), apenas para efeitos de custa.

São os termos em que se pede e se espera deferimento.

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Máceio, 19 de dezembro de 2012

Yuri de Carvalho Nogueira

OAB AL n.º 9407

Diego Lacerda Costa

OAB AL n.º 10.224

Rute Mikaele Pacheco da Silva

OAB AL n.º 10.616

[1] In Comentário contextual à Constituição – 7ª edição. São Paulo: Malheiros, p. 805.

[2] Em: <https://www.ufmg.br/conheca/informes/ia_estatuto.html#tit3sub2cap1>. Acesso em: 19 de dezembro de

2012.

[3] MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil comentado artigo porartigo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 423.

[1] Art. 8.º - (...)

§ 1º. O Regimento Geral da UFAL disciplina o número total de membros do Conselho Universitário e o modo deescolha dos representantes de cada segmento, devendo considerar como membros natos do corpo docente os

Diretores das Unidade s Acadêmicas, além do Reitor e o Vice-Reitor como seus Presidente e Vice-Presidente.

[1] Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

(...)

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

[2] Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática,assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade

institucional, local e regional.

[3] Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e

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patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a:Yuri de Carvalho Nogueira

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12121910403912300000000027871

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