60
10 NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR Philippe Perrenoud “A noção de competência designará aqui uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. p. 15 Essa definição insiste em quatro aspectos segundo Perrenoud: - as competências não são elas mesmas saberes, savoir-faire ou atitudes, mas mobilizam, integram e orquestram tais recursos; - essa mobilização só é pertinente em situação, sendo cada situação singular, mesmo quese possa tratá-la em analogia com outras, já encontradas; - o exercício da competência passa por operações mentais complexas, subentendidas por esquemas de pensamento, que permitem determinar (mais ou menos consciente e rapidamente) e realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma ação relativamente adaptada à situação; - as competências profissionais constroem-se, em formação, mas também ao sabor da navegação diária de um professor, de uma situação de trabalho à outra. Capítulo 1 Organizar e dirigir situações de aprendizagem “... é manter um espaço justo para tais procedimentos. É, sobretudo, despender energia e tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos de situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação, as quais requerem um método de pesquisa, de identificação e de resolução de problemas”. p. 25 - Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.

10 novas competências para ensinar

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

10 NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR

Philippe Perrenoud

“A noção de competência designará aqui uma capacidade de mobilizar diversos recursos

cognitivos para enfrentar um tipo de situação”. p. 15

Essa definição insiste em quatro aspectos segundo Perrenoud:

- as competências não são elas mesmas saberes, savoir-faire ou atitudes, mas mobilizam,

integram e orquestram tais recursos;

- essa mobilização só é pertinente em situação, sendo cada situação singular, mesmo quese

possa tratá-la em analogia com outras, já encontradas;

- o exercício da competência passa por operações mentais complexas, subentendidas por

esquemas de pensamento, que permitem determinar (mais ou menos consciente e

rapidamente) e realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma ação relativamente adaptada à

situação;

- as competências profissionais constroem-se, em formação, mas também ao sabor da

navegação diária de um professor, de uma situação de trabalho à outra.

Capítulo 1

Organizar e dirigir situações de aprendizagem

“... é manter um espaço justo para tais procedimentos. É, sobretudo, despender energia e

tempo e dispor das competências profissionais necessárias para imaginar e criar outros tipos

de situações de aprendizagem, que as didáticas contemporâneas encaram como situações

amplas, abertas, carregadas de sentido e de regulação, as quais requerem um método de

pesquisa, de identificação e de resolução de problemas”. p. 25

- Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua

tradução em objetivos de aprendizagem.

Relacionar os conteúdos a objetivos e esses a situações de aprendizagem. Hoje esses

objetivos não podem ser estáticos, de maneira mecânica e obsessiva, e sim:

“- do planejamento didático, não para ditar situações de aprendizagem próprias a cada objetivo,

mas para identificar os objetivos trabalhados nas situações em questão, de modo a escolhê-los

e dirigi-los com conhecimento de causa;

- da análise posterior das situações e das atividades, quando se trata de delimitar o que se

desenvolveu realmente e de modificar a seqüência das atividades propostas;

- da avaliação, quando se trata de controlar os conhecimentos adquiridos pelos alunos”. p. 27

- Trabalhar a partir das representações dos alunos.

Não consiste em fazê-las expressarem-se, para desvalorizá-las imediatamente. O importante é

dar-lhes regularmente direitos na aula, interessar-se por elas, tentar compreender suas raízes e

sua forma de coerência, não se surpreender se elas surgirem novamente, quando as

julgávamos ultrapassadas. Assim, deve-se abrir um espaço de discussão, não censurar

imediatamente as analogias falaciosas, as explicações animistas e os raciocínios espontâneos,

sob pretexto de que levam a conclusões errôneas.

O professor que trabalha a partir das representações dos alunos, tenta reencontrar a memória

do tempo em que ainda não sabia, colocar-se no lugar dos alunos, lembrar-se de que, se não

compreendem, não é por falta de vontade, mas porque o que é evidente para

o especialistaparece opaco e arbitrário para os alunos. – A competência do professor é, então,

essencialmente didática.

- Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.

Reestruturar seu sistema de compreensão de mundo – uma verdadeira situação problema

obriga a transpor um obstáculo graças a uma aprendizagem inédita.

Quando se depara com um obstáculo é, em um primeiro momento, enfrentar o vazio, a

ausência de qualquer solução, até mesmo de qualquer pista ou método, sendo levado à

impressão de que jamais se conseguirá alcançar soluções. Se ocorre a devolução do

problema, ou seja, se os alunos apropriam-se dele, suas mentes põem-se em movimento,

constroem hipóteses, procedem a explorações, propõem tentativas. No trabalho coletivo, inicia-

se a discussão, o choque das representações obriga cada um a precisar seu pensamento e a

levar em conta o dos outros.

- Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas

Sequências e dispositivos didáticos fazem parte de um contrato pedagógico e didático, regras

de funcionamento e instituições internas à classe.

“Uma situação de aprendizagem não ocorre ao acaso e é engendrada por um dispositivo que

coloca os alunos diante de uma tarefa a ser realizada, um projeto a fazer, um problema a

resolver”. p. 33

A construção do conhecimento é uma trajetória coletiva que o professor orienta, criando

situações e dando auxílio, sem ser o especialista que transmite o saber, nem o guia que propõe

a solução para o problema.

“A competência profissional consiste na busca de um amplo repertório de dispositivos e de

sequências na sua adaptação ou construção, bem como na identificação, com tanta

perspicácia quanto possível, que eles mobilizam e ensinam”. p. 36

- Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento

Capacidade fundamental do professor: tornar acessível e desejável sua própria relação com o

saber e com a pesquisa. O professor deve estabelecer uma cumplicidade e uma solidariedade

na busca do conhecimento.

Para que os alunos aprendam, é preciso envolvê-los em uma atividade de uma certa

importância e de uma certa duração, garantindo ao mesmo tempo uma progressão visível e

mudanças de paisagem.

Problemas – suspensão do procedimento para retomá-lo (mais tarde, no dia seguinte, etc) –

podem ser benéficas ou desastrosas – às vezes, elas quebram o direcionamento das pessoas

ou do grupo para o saber; em outros momentos, permitem a reflexão, deixando as coisas

evoluírem em um canto da mente e retomando-as com novas idéias e uma energia renovada.

Capítulo 2

Administrar a progressão das aprendizagens

Na escola não se podem programar as aprendizagens humanas como a produção de objetos

industriais. O professor também precisa pensar na totalidade do processo.

- Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos

alunos.

1 – situação problema – organizada em torno da resolução de um obstáculo (previamente

identificado) pela classe;

2 – trabalhar em torno de uma situação concreta;

3 – tornar a situação um verdadeiro enigma a ser resolvido;

4 – os alunos não dispõem, no início, dos meios da solução buscada, devido à existência do

obstáculo a transpor para chegar a ela. É a necessidade de resolver que leva o aluno a

elaborar ou a se apropriar coletivamente dos instrumentos intelectuais necessários à

construção de uma solução;

5 – trabalhar de acordo com a zona próxima – trabalhar com situações problemas não

problemáticas, mas sim de acordo com o nível intelectual de seu aluno.

- Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino.

“Essa visão longitudinal também exige um bom conhecimento das fases de desenvolvimento

intelectual da criança e do adolescente, de maneira a poder articular aprendizagem e

desenvolvimento e julgar se as dificuldades de aprendizagem se devem a uma má apreciação

da fase de desenvolvimento e da zona próxima, ou se há outras causas”. p. 47

- Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem.

“Escolher e modular as atividades de aprendizagem é uma competência profissional essencial,

que supõe não apenas um bom conhecimento dos mecanismos gerais de desenvolvimento e

de aprendizagem, mas também um domínio das didáticas das disciplinas”. p. 48

Ex: Dar um ditado, dizer que valor é atribuído a essa atividade, evocando apenas a tradição

pedagógica ou o senso comum, pode-se pensar que o professor não domina nenhuma teoria

da aprendizagem da ortografia. Esta lhe permitiria situar o ditado no conjunto das atividades

possíveis e escolhê-lo conscientemente, por seu valor tático e estratégico na progressão das

aprendizagens, e não por falta de algo melhor.

- Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma

abordagem formativa.

Utilizar a observação contínua - sua primeira intenção é formativa que significa que considera

tudo o que pode auxiliar o aluno a aprender melhor: suas aquisições, as quais condicionam as

tarefas que lhe podem ser propostas, assim como sua maneira de aprender e de raciocinar,

sua relação com o saber, suas angústias e bloqueios eventuais diante de certos tipos de

tarefas, o que faz sentido para ele e o mobiliza, seus interesses, seus projetos, sua auto-

imagem como sujeito mais ou menos capaz de aprender seu ambiente escolar e familiar.

- Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão.

“A formação escolar obriga, em certos momentos, a tomada de decisões de seleção ou de

orientação. É o que acontece no final de cada ano letivo, ou no final de cada ciclo. Participar

dessas decisões, negociá-las com o aluno, seus pais e outros profissionais, bem como

encontrar o acordo perfeito entre os projetos e as exigências da instituição escolar são

elementos que fazem partes das competências básicas de um professor”. p.51

- Rumo a ciclos de aprendizagem

A gestão da progressão dos alunos depende das representações dos professores

(responsabilidade); convicção preliminar de que cada aluno é capaz de alcançar os objetivos

mínimos; a progressão é gerada no âmbito de um ciclo de aprendizagem; questionamento da

organização escolar atual; operacionalização de várias formas de reagrupamento e de trabalho;

questionamento dos modos de ensino e de aprendizagem articulados à busca de um máximo

de sentido dos saberes e do trabalho escolar para o aluno; remanejamento das práticas de

avaliação; equipe docente que assuma coletivamente a responsabilidade de toda decisão

relativa ao percurso dos alunos; progressão dos alunos, tanto em nível individual quanto

coletivo, a aquisição de novas competências pelos professores no âmbito de um plano

progressivo de reflexão e de formação.

Capitulo 3

Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.

“Diante de oito, três, ou até mesmo um só aluno, um professor não sabe necessariamente

propor a cada um deles uma situação de aprendizagem ótima. Não basta mostrar-se

totalmente disponível para um aluno: é preciso também compreender o motivo de suas

dificuldades de aprendizagem e saber como superá-las. Todos os professores que tiveram a

experiência do apoio pedagógico, ou que deram aulas particulares sabem a que ponto pode-se

ficar despreparado em uma situação de atendimento individual, ainda que, aparentemente, ela

seja ideal;

Certas aprendizagens só ocorrem graças a interações sociais, seja porque se visa ao

desenvolvimento de competências de comunicação ou de coordenação, seja porque a

interação é indispensável para provocar aprendizagens que passem por conflitos cognitivos ou

por formas de cooperação”. p. 56

- Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma.

O sistema escolar tenta homogeneizar cada turma nela agrupando alunos com a mesma idade,

isso resulta a homogeneidade muito relativa, devida às disparidades, da mesma idade, dos

níveis de desenvolvimento e dos tipos de socialização familiar. Melhora-se isso com:

- jogo das dispensas de idade, integrando alunos mais jovens que demonstram certa

precocidade; - jogo das reprovações, graças às quais os alunos que não têm a maturidade ou o

nível requerido não passam de ano e repetem o programa na companhia de alunos mais

jovens.

- Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto.

A organização oficial da escola em ciclos de aprendizagem plurianuais facilita a cooperação,

mas não é suficiente: em certos sistemas formalmente estruturados em ciclos, cada professor

trabalha como antes, a portas fechadas, sozinho com sua turma.

“A gestão de uma classe tradicional é objeto da formação inicial e consolida-se no decorrer da

experiência. O trabalho em espaços mais amplos exige novas competências. Algumas delas

giram em torno da cooperação profissional”. p. 59

Com o trabalho docente realizado, esses espaços-tempos de formação proporcionam mais

tempo, recursos e forças, imaginação, continuidade e competências para que se construam

dispositivos didáticos eficazes, com vistas a combater o fracasso escolar.

- Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades

Saber observar uma criança na situação; dominar um procedimento clínico (observar, agir,

corrigir, entre outros); construir situações didáticas sob medida; fazer um contrato didático

personalizado; praticar uma abordagem sistêmica; acostumar-se com a supervisão; respeitar

um código explícito de deontologia mais do que apelar para o amor pelas crianças e para o

senso comum; estar familiarizado com uma abordagem ampla da pessoa, da comunicação, da

observação, da intervenção e da regulação, entre outros.

- Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo

“O ensino mútuo não é uma ideia nova, já florescia no século passado na pedagogia inspirada

por Lancaster. O professor tinha 100 ou 200 alunos de todas as idades sob sua

responsabilidade e, evidentemente, não podia ocupar-se de todos, nem propor uma única lição

a um público tão vasto e heterogêneo”. p. 62

Organiza-se subconjuntos.

“Toda pedagogia diferenciada exige a cooperação ativa dos alunos e de seus pais. Esse é um

recurso, assim como uma condição, para que uma discriminação positiva não seja vivenciada e

denunciada com uma injustiça pelos alunos mais favorecidos. Portanto, é importante que o

professor dê todas as explicações necessárias para conseguir a adesão dos alunos, sem a

qual suas tentativas serão todas sabotadas por uma parte da turma”. p.64

Capítulo 4

Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho

Como trabalhar com a motivação dos alunos?

O prazer de aprender é uma delas, o desejo de saber é outra.

- Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho

escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação

O desejo é múltiplo – deve-se saber para compreender, para agir de modo eficaz, para passar

em um exame, para ser amado ou admirado, para seduzir, para exercer um poder.O desejo de

saber não é uniforme.

“Os mais alheios ao próprio conteúdo do saber em jogo oferecem, inevitavelmente, menores

garantias de uma construção ativa, pessoal e duradoura dos conhecimentos. Todavia, diante

de tantos alunos que não manifestam nenhuma vontade de saber, uma vontade de aprender,

mesmo frágil e superficial, já é um consolo”. p. 70

- Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou de escola)

e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos

Os direitos imprescritíveis do aprendiz:

O direito de não estar constantemente atento; o direito de só aprender o que tem sentido; o

direito de não obedecer durante seis a oito horas por dia; o direito de se movimentar; o direito

de não manter todas as promessas; o direito de não gostar da escola e de dizê-lo; o direito de

escolher com quem quer trabalhar; o direito de não cooperar para seu próprio processo; o

direito de existir como pessoa.

- Oferecer atividades opcionais de formação

Quanto a atividade , seu sentido depende da possibilidade de escolher o método, os recursos,

as etapas de realização, o local de trabalho, os prazos e os parceiros. Quando a atividade não

tem nenhum item escolhido pelo aluno, esta tem poucas chances de envolvê-lo.

- Favorecer a definição de um modo pessoal do aluno

“Meu pai lia diariamente o Neue Freie Presse, e era um grande momento quando ele

desdobrava lentamente seu jornal. Depois que começava a ler, não tinha mais olhos para mim,

eu sabia que ele não me responderia de modo algum, minha própria mãe não lhe perguntava

nada nesse momento, nem mesmo em alemão. Eu procurava saber o que esse jornal podia ter

de tão atraente; no início, pensava que era seu odor; quando estava sozinho e ninguém me via,

eu subia na cadeira e cheirava ativamente o jornal. Apenas mais tarde, percebi que a cabeça

de meu pai não parava de se mexer ao longo de todo o jornal; fiz o mesmo, nas suas costas,

enquanto brincava no chão, sem nem mesmo ter sob os olhos, portanto, o jornal que ele

segurava com as duas mãos sobre a mesa. Um visitante entrou uma vez de imprevisto e

chamou meu pai, que se voltou e me surpreendeu lendo um jornal imaginário. Ele falou então

comigo, antes mesmo de atender o visitante, explicando-me que se tratava das letras, todas as

letrinhas, ali, e bateu em cima delas com o indicador. Vou ensiná-las eu mesmo para você,

logo, acrescentou, despertando em mim uma curiosidade insaciável pelas letras”. p. 76

Capítulo 5

Trabalhar em equipe

Saber trabalhar eficazmente em equipe; saber discernir os problemas que requerem uma

cooperação intensiva, participar de uma cultura de cooperação, estar aberto para ela, saber

encontrar e negociar as modalidades ótimas de trabalho em função dos problemas a serem

resolvidos; saber perceber, analisar e combater resistências, obstáculos, paradoxos e

impasses ligados à cooperação, saber se auto-avaliar, lançar um olhar compreensivo sobre um

aspecto da profissão que jamais será evidente, haja vista sua complexidade.

- Elaborar um projeto de equipe, representações comuns

Os projetos que se organizam em torno de uma atividade pedagógica (montagem de um

espetáculo em conjunto, organização de um campeonato, criação de oficinas abertas, etc.);

necessitam de cooperação, e esta é, então, o meio para realizar um empreendimento que

ninguém tem a força ou a vontade de fazer sozinho; ela se encerra no momento em que o

projeto é concluído.

O desafio é a própria cooperação que não tem prazos precisos, já que visa a instaurar uma

forma de atividade profissional interativa que se assemelha mais a um modo de vida e de

trabalho do que a um desvio para alcançar um objetivo preciso.

- Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões

Queixas freqüentes – todo mundo fala ao mesmo tempo, interrompe e não se escuta mais o

outro; ninguém fala, todo mundo parece perguntar-se, embaraçado: o que estou fazendo aqui?;

conversas começam em vários cantos, paralelamente à discussão geral, não se sabe mais

quem escuta quem; os participantes não sabem mais muito bem por que se reuniram; a

discussão toma diversos rumos; uma ou duas pessoas falam sem parar, contam sua vida;

outras não dizem nada, não demonstram nenhuma vontade de se expressar; alguns chegam

atrasados; entre outros.

- Formar e renovar uma equipe pedagógica

Renovar uma equipe pedagógica requer ainda outras competências. Trata-se de saber

administrar, ao mesmo tempo, as partidas e as chegadas das pessoas.

- Enfrentar e analisar ,em conjunto, situações complexas, práticas e problemas

profissionais

“O verdadeiro trabalho de equipe começa quando os membros se afastam do ‘muro de

lamentações’ para agir, utilizando toda a zona de autonomia disponível e toda a capacidade de

negociação de um ator coletivo que está determinado, para realizar seu projeto, a afastar as

restrições institucionais e a obter os recursos e os apoios necessários”. p. 89

- Administrar crises ou conflitos interpessoais

Em todos os grupos existem pessoas que são mediadores e que antecipam e atenuam os

confrontos. “Viver com as neuroses dos outros exige não apenas uma certa tolerância e uma

forma de afeição, mas também competências de regulação que evitam o pior”. p. 91

Capítulo 6

Participar da Administração da Escola

- Elaborar, negociar um projeto da instituição.

Formar um projeto é dizer “Eu”, é considerar-se como um forte, que possui direitos e

competências para modificar o curso das coisas. Portanto, é complicado exigir de um aluno,

cuja herança cultural não predisponha a se conceber como um sujeito autônomo, que tenha

imediatamente um projeto. O desafio da educação escolar é, ao contrário, proporcionar a todos

os meios para conceber e fazer projetos, sem fazer disso um pré-requisito.

- administrar os recursos da escola

“Administrar os recursos de uma escola é fazer escolhas, ou seja, é tomar decisões

coletivamente” p. 103

- Coordenar, Dirigir uma escola com todos os seus parceiros

O diretor na instituição tem como papel principal facilitar a cooperação desses diversos

profissionais, apesar das diferenças de atribuições, de formação, de estatuto.

“Coordenar o tratamento dos casos que requerem intervenções conjuntas será tanto mais fácil

se as pessoas se conhecerem, se falarem, se estimarem reciprocamente e tiverem uma boa

representação de suas tarefas e métodos respectivos de trabalho. Isso supõe atitudes e

competências da parte de todos e é ainda mais necessário quando a organização escolar não

prevê um chefe, ninguém tendo explicitamente a tarefa e a autoridade de favorecer a

coexistência e a cooperação de todos” p. 104

- Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.

Vemos a participação dos alunos, por um duplo ponto de vista:

- é o exercício de um direito do ser humano, o direito de participar, assim que tiver condições

para isso, das decisões que lhe dizem respeito, direito da criança e do adolescente, antes de

ser direito do adulto;

- é uma forma de educação para a cidadania, pela prática.

Sendo assim:

- a capacidade do sistema educativo de dar, aos estabelecimentos e às equipes pedagógicas,

uma verdadeira autonomia de gestão;

- a capacidade dos professores de não monopolizarem esse poder delegado e de partilhá-lo,

por sua vez, com seus alunos.

- Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem

“Uma nova organização do trabalho, pela introdução, por exemplo, de ciclos de aprendizagem,

modifica o equilíbrio entre responsabilidades individuais e responsabilidades coletivas e torna

necessário, não somente um trabalho em equipe, mas também uma cooperação da totalidade

do estabelecimento, de preferência baseada em um projeto” p. 107

Capítulo 7

Informar e Envolver os pais

Informar e envolver os pais é uma palavra de ordem e, ao mesmo tempo, uma competência.

- Dirigir reuniões de informação e de debate

“Esta é uma das dificuldades do professor: decodificar, em declarações aparentemente gerais,

preocupações particulares e tratá-las como tal, se não justificarem um debate global” p. 115

A competência dos professores consiste em aceitar os pais como eles são, em sua

diversidade.

- Fazer entrevistas

A competência consiste, amplamente, em não abusar de uma posição dominante, em controlar

a tentação de culpar e de julgar os pais.

As competências de um profissional consistem em não gastar toda sua energia para se

defender, para afastar o outro, mas, ao contrário, aceitar negociar, ouvir e compreender o que

os pais têm a dizer, sem renunciar a defender suas próprias convicções.

- Envolver os Pais na Construção dos Saberes

“É mais difícil compreender como os pais, desejosos que seu filho tenha êxito, poderiam

obstaculizar diretamente suas aprendizagens. No entanto, é o que acontece, em geral

involuntariamente, e preocupa uma parte dos professores. Assim, inúmeros pais ainda pensam

que, para adquirir conhecimentos, é preciso sofrer, trabalhar duro, aprender de cor, repetir

palavras e seu manual, em suma, aliar esforço e memória, atenção e disciplina, submissão e

precisão. Os professores que partilham dessa maneira de ver não têm muitos problemas com

esses pais. Eles podem dar mais deveres de casa, multiplicar as provas, segurar as crianças

depois da hora, punir e até mesmo bater nas crianças que não trabalham, fazer o terror reinar,

dramatizar as notas baixas: terão o apoio incondicional daqueles pais que pensam que só se

aprende sob imposição e dor. Os professores que praticam os métodos ativos e os

procedimentos de projeto suscitam, ao contrário, a adesão dos pais partidários dessa

abordagem e a desconfiança dos outros” p. 120

Capítulo 8

Utilizar Novas Tecnologias

- utilizar editores de textos;

- explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino;

- comunicar-se à distância por meio da telemática;

- utilizar as ferramentas multimídia no ensino.

Competências Fundamentais em uma Cultura Tecnológica – “A verdadeira incógnita é saber se

os professores irão apossar-se das tecnologias como um auxílio ao ensino, para dar aulas cada

vez mais bem ilustradas por apresentações multimídia, ou para mudar de paradigma e

concentrar-se na criação, na gestão e na regulação de situações de aprendizagem” p. 139

Capítulo 9

Enfrentar os Deveres e os Dilemas Éticos da Profissão

- Prevenir a violência na escola e fora dela

“A escola sabe que agora está condenada a negociar, a não usar mais a violência institucional

sem se preocupar com as reações. Os professores dos estabelecimentos de alto risco não

ignoram isso: hoje em dia, uma punição provoca represálias mais ou menos diretas. Se, par a

um professor, aplicar uma punição de duas horas retendo o aluno – mesmo que plenamente

justificada – tem como preço pneus furados, a escalada da violência não é mais a solução.

Importa, portanto, que a escola se torne, segundo a expressão de Ballion (1993), uma cidade a

construir, na qual a ordem não está adquirida no momento em que se entra nela, mas deve ser

permanentemente renegociada e conquistada” p. 146

- Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais.

“Se um jovem sai de uma escola obrigatória, persuadido de que as moças, os negros ou os

mulçumanos são categorias inferiores, pouco importa que saiba gramática, álgebra ou uma

língua estrangeira. A escola terá falhado drasticamente, porque nenhum dos professores que

pode intervir em diversos estágios do curso terá considerado que isso era prioritário” p. 149

- Participar da criação de regras da vida comum referentes à disciplina na escola, às

sanções e à apreciação da conduta.

Saber como negociar, saber como agir – faz parte do seu ofício.

- Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula.

“Sua competência é saber o que faz, o que supõe idealmente um trabalho regular de

desenvolvimento pessoal e de análise das práticas” p. 152

- Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.

“A solidariedade e o senso de responsabilidade são estreitamente dependentes do sentimento

de justiça. Não se pode ser solidário com aqueles que se julga infinitamente privilegiados e

mobilizar-se em seu favor quando sua sorte muda. Ainda aqui, os princípios de formação

disputam com as lógicas de ação. Até um professor indiferente ao desenvolvimento do

sentimento de justiça fora da escola não pode ignorá-lo... porque seu trabalho cotidiano

depende disto. Quando se pergunta aos alunos do mundo inteiro o que eles esperam dos

professores, eles dizem grosso modo: um certo calor e senso de justiça. O preferido do

professor (...)é uma figura abominada pelo universo escolar” p. 153

Capítulo 10

Administrar sua própria formação contínua

Segundo o autor administrar sua própria formação contínua é uma coisa, administrar o sistema

de formação contínua é outra. Este último esteve durante muito tempo na dependência das

administrações escolares ou de centros de formação independentes, principalmente as

universidades. A profissionalização do ofício de professor recruta parceiros entre os poderes

organizadores da escola, dos centros independentes de formação e das associações

profissionais de professores.

“Seria importante que cada vez mais professores se sentissem responsáveis pela política de

formação contínua e interviessem individual ou coletivamente nos processos de decisão” p. 169

PIAGET E VYGOTSKY

Do que foi visto, é possível afirmar que tanto Piaget como Vygotsky concebem a criança

como um ser ativo, atento, que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente. Há,

no entanto, grandes diferenças na maneira de conceber o processo de desenvolvimento.

As principais delas, em resumo, são as seguintes:

A) QUANTO AO PAPEL DOS FATORES INTERNOS E EXTERNOS NO

DESENVOLVIMENTO

Piaget privilegia a maturação biológica; Vygotsky, o ambiente social, Piaget, por aceitar

que os fatores internos preponderam sobre os externos, postula que o desenvolvimento

segue uma sequência fixa e universal de estágios. Vygotsky, ao salientar o ambiente

social em que a criança nasceu, reconhece que, em se variando esse ambiente, o

desenvolvimento também variará. Neste sentido, não se pode aceitar uma visão única,

universal, de desenvolvimento humano.

B) QUANTO À CONSTRUÇÃO REAL

Piaget acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de

acordo com o estágio de desenvolvimento em que esta se encontra. A visão particular e

peculiar (egocêntrica) que as crianças mantêm sobre o mundo vai, progressivamente,

aproximando-se da concepção dos adultos: torna-se socializada, objetiva. Vygotsky

discorda de que a construção do conhecimento proceda do individual para o social. Em

seu entender a criança já nasce num mundo social e, desde o nascimento, vai formando

uma visão desse mundo através da interação com adultos ou crianças mais experientes. A

construção do real é, então, mediada pelo interpessoal antes de ser internalizada pela

criança. Desta forma, procede-se do social para o individual, ao longo do desenvolvimento.

C) QUANTO AO PAPEL DA APRENDIZAGEM

Piaget acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco

impacto sobre ele. Com isso, ele minimiza o papel da interação social. Vygotsky, ao

contrário, postula que desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam

reciprocamente, de modo que, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento.

D) QUANTO AO PAPEL DA LINGUAGEM NO DESENVOLVIMENTO E Á RELAÇÃO

ENTRE LINGUAGEM E PENSAMENTO

Segundo Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem, que apenas é uma das suas

formas de expressão. A formação do pensamento depende, basicamente, da coordenação

dos esquemas sensoriomotores e não da linguagem. Esta só pode ocorrer depois que a

criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais, subordinando-se, pois,

aos processos de pensamento. A linguagem possibilita à criança evocar um objeto ou

acontecimento ausente na comunicação de conceitos. Piaget, todavia, estabeleceu uma

clara separação entre as informações que podem ser passadas por meio da linguagem e

os processos que não parecem sofrer qualquer influência dela. Este é o caso das

operações cognitivas que não podem ser trabalhadas por meio de treinamento específico

feito com o auxílio da linguagem. Por exemplo, não se pode ensinar, apenas usando

palavras, a classificar, a seriar, a pensar com responsabilidade.

Já para Vygotsky, pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o

início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais

superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da

imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. Neste sentido, a linguagem,

diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência direta das crianças e

por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os

processos que nele estão em andamento. 

Síntese das ideias da Vygotsky 

Para Vygotsky, a cultura molda o psicológico, isto é, Determina a maneira de pensar.

Pessoas de diferentes culturas têm diferentes perfis psicológicos. As funções psicológicas

de uma pessoa são desenvolvidas ao longo do tempo e mediadas pelo social, através de

símbolos criados pela cultura. A linguagem representa a cultura e depende do intercâmbio

social. Os conceitos são construídos no processo histórico e o cérebro humano é resultado

da evolução. Em todas as culturas, os símbolos culturais fazem a mediação. Os conceitos

são construídos e internalizados de maneira não linear e diferente para cada pessoa. Toda

abordagem é feita de maneira holística (ampla) e o cotidiano é sempre em movimento, em

transformação. È a Dialética. A palavra é o microcosmo, o início de tudo e tem vários

significados, ou seja, é polissêmica; a mente vai sendo substituída historicamente pala

pessoa, que é sujeito do seu conhecimento.

Vygotsky desenvolveu um grande trabalho, reconhecido pelos estudiosos sobre a

formação de conceitos. Os conceitos espontâneos ou do cotidiano, também chamados de

senso comum, são aqueles que não passaram pelo crivo da ciência. Os conceitos

científicos são formais, organizados, sistematizados, testados pelos meios científicos, que

em geral são transmitidos pela escola e que aos poucos vão sendo incorporados ao senso

comum. Trabalha com a ideia de zonas de desenvolvimento. Todos temos uma zona de

desenvolvimento real, composta por conceitos que já dominamos. Vamos imaginar que

numa escala de zero a 100, estamos nos 30; esta é a zona de desenvolvimento real

nossa. Para os outros 70, sendo o nosso potencial, Vygotsky chama de ZONA de

DESENVOLVIMENTO PROXIMAL. Se uma pessoa chega ao 100, a sua Zona de

Desenvolvimento Proximal será ampliada, porque estamos sempre adquirindo conceitos

novos. Estabelece três estágios na aquisição desses conceitos. O 1º é o dos Conceitos

Sincréticos, ainda psicológicos evolui em fases e a escrita acompanha. Uma criança

de,aproximadamente, três anos de idade escreve o nome da mãe ou do pai, praticando a

Escrita Indecifrável, ou seja, se o pai é alto, ela faz um risco grande, se a mãe é baixa, ela

risca algo pequeno. Aproximadamente aos 4 anos de idade, a criança entra numa nova

fase, a Escrita Pré-silábica, que pode ser Unigráfica: semelhante ao desenho anterior, mas

mais bem elaborado; Letras Inventadas: não é possível ser entendido, porque não

pertence a nenhum sistema de signo; Letras Convencionais: jogadas aleatoriamente sem

obedecer a nenhuma seqüência lógica de escrita.

No desenvolvimento, aos 4 ou 5 anos, a criança entra na fase da Escrita Silábica, quando

as letras convencionais representam sílabas, não separa vogais e consoantes, faz uma

mistura e às vezes só maiúsculas ou só minúsculas.

Com aproximadamente 5 anos, a criança entra em outra fase, a Escrita Silábica Alfabética.

Neste momento a escrita é caótica, faltam letras, mas apresenta evolução em relação à

fase anterior.

Com mais ou menos 6 anos de idade, a criança entra na fase da Escrita Alfabética: já

conhece o valor sonoro das letras, mas ainda erra. Somente com o hábito de ler e

escrever que esses erros vão sendo corrigidos. Ferreiro aconselha não corrigir a escrita da

criança durante as primeiras fases. No início, ela não tem estrutura e depois vai adquirindo

aos poucos. Nesse instante o erro deve ser trabalhado, porque a criança está adquirindo

as estruturas necessárias.

Sobre educação de adultos, considera que as fases iniciais já foram eliminadas, porque

mesmo sendo analfabeta, a pessoa conhece números e letras.

Considera a Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, a lei de equilíbrio e

desequilíbrio de Piaget e a internalização do conhecimento. Trabalha com hipóteses, no

contexto, com visão de processo, aceitando a problematização, dentro da visão Dialética

holística. 

Teoria Piagetiana

A Psicologia de Piaget está fundamentada na idéia de equilibração

e desequilibração. Quando uma pessoa entra em contato com um

novo conhecimento, há naquele momento um desequilíbrio e surge

a necessidade, de voltar ao equilíbrio. O processo começa com a

assimilação do elemento novo, com a incorporação às estruturas já

esquematizadas, através da interação. Há mudanças no sujeito e

tem início o processo de acomodação, que aos poucos chega à

organização interna. Começa a adaptação externa do sujeito e a

internalização já aconteceu. Um novo desequilíbrio volta a

acontecer e pode ser provocada por carência, curiosidade, dúvida

etc. O movimento é dialético (de movimento constante) e o domínio

afetivo acompanha sempre o cognitivo (habilidades intelectuais), no

processo endógeno.

Piaget trabalhou o desenvolvimento humano em etapas, períodos,

estágios etc.

Erro na teoria Piagetiana

Se uma pessoa erra e continua errando, uma das três situações

está ocorrendo:

Se a pessoa não tem estrutura suficiente para compreender

determinado conhecimento, deve-se criar um ambiente

melhor de trabalho, clima, diálogo, porque é impossível criar

estruturas necessárias. EX: não se deve ensinar

conhecimentos abstratos, teorias complicadas para uma

criança que ainda não atingiu a faixa etária esperada, que

se encontra no período das operações concretas;

Se a pessoa possui estruturas em formação, o professor

deve trabalhar com a ideia de que o erro é construtivo, deve

fazer a mediação, ajudando o aluno a superar as

dificuldades;

Se a pessoa possui estruturas e não aprende, os

procedimentos estão errados. O professor fará intervenção

para que o aluno tome consciência do erro. Em muitos

casos quem deve mudar os seus procedimentos é o

professor

Por Renata Gonçalves

D I D A T I C ATenho relido ultimamente vários livros que considero importante na formação e trabalho pedagógico e didático do professor. Vejo que viemos conversando muito isto em nossos encontros, portanto resolvi anexar um resumo detalhado do livro DIDÁTICA do professor.

JOSÉ CARLOS LIBÂNEO , mestre nesta matéria e coloquei aqui a disposição de todos

SÍNTESE DO LIVRO

DIDÁTICA

AUTOR: JOSÉ CARLOS LIBÂNEO

EDITORA: CORTEZ, 1994

Nº DE PAGINAS: 263

APRESENTAÇÃO

Na abertura, o autor determina os princípios que norteiam a narrativa durante a obra, da importância da didática e seu caráter aglutinador dos conteúdos e procedimentos, da sua característica de englobar conhecimentos da área da psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação, entre outras áreas a fim para explicar o ato e a forma do aprender. Logo no início, o autor mostra o que irá falar: Percepção e compressão reflexiva e crítica das situações didáticas; compreensão crítica do processo de ensino; a unidade objetivos-conteúdos-métodos como a espinha dorsal das tarefas docentes e o domínio de métodos e procedimentos para usar em situações de didáticas concretas.

Verifica-se a intenção do autor de construir um conteúdo e organizar uma discussão que tenha um caráter prático no processo educativo. Isto também se

demonstra da divisão dos capítulos que contemplam as diversas áreas de abrangência da didática.

 

CAPÍTULO 01 - Prática educativa, Pedagogia e Didática

O autor começa o tema situando a didática no conjunto dos conhecimentos pedagógicos, demonstrando a fundamental importância do ato de ensinar na formação humana para vivermos em sociedade. Neste capítulo, o autor aborda a prática educativa em sociedade, a diferença entre a educação, instrução e ensino; a educação, o escolar, pedagogia e didática, e a didática e sua importância na formação dos professores.

Prática educativa e sociedade

Os professores são parte integrante do processo educativo, sendo importantes para a formação das gerações e para os padrões de sociedade que buscamos. Neste subtítulo, o autor situa a educação como fenômeno social universal determinando o caráter existencial e essencial da mesma. Estuda também os tipos de educação, a não intencional, refere-se a influências do contexto social e do meio ambiente sobre os indivíduos. Já a intencional refere-se àquelas que têm objetivos e intenções definidos. A educação pode ser também, formal ou não-formal, dependendo sempre dos objetivos. A educação não-formal é aquela realizada fora dos sistemas educacionais convencionais, e a educação formal é a que acontece nas escolas, agências de instrução e educação ou outras.

Libâneo também relata o papel social da educação e como seus conteúdos objetivos são determinados pelas sociedades, política e ideologia predominantes. Fala desta relação importante da educação com os processos formadores da sociedade "desde o início da historia da humanidade, os indivíduos e grupos travavam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir sua sobrevivência" (Libâneo, 1994, p.19). O autor considera estas influencias como fatores fundamentais das desigualdades entre os homens, sendo um traço fundamental desta sociedade. Coloca as ideologias como valores apresentados pela minoria dominante, politizando a prática educativa e demonstrando o seu envolvimento com o social.

Ele afirma que escola é o campo específico de atuação política do professor, politizando ainda mais o ambiente escolar.

Educação, instrução e ensino

Neste subtítulo, o autor define as três palavras chaves, suas diferenças e sentidos diversos. A educação que é apresentada com um conceito amplo, que podemos sintetizar como uma modalidade de influências e inter-relações que convergem para a formação da personalidade social e o caráter, sendo assim uma instituição social.

Já a instrução está relacionada à formação e ao desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, mediante o domínio de certos conhecimentos. O ensino por sua vez é conceituado aqui como as ações, meios, condições para que aconteça a instrução.

Observa-se que a instrução esta subordinada à educação. Estas relações criam uma relação intrincada destes três conceitos que são responsáveis pelo educar. Destaca que podemos instruir sem educar ou vice-versa, pois a real educação depende de transformarmos estas informações em conhecimento, tendo nos objetivos educativos uma forma de alcançarmos esta educação. Coloca que a educação escolar pode ser chamada também de ensino.

Educação escolar, Pedagogia e Didática

A educação escolar é um sistema de instrução e ensino de objetivos intencionais, sistematizados e com alto grau de organização, dando a importância da mesma para uma democratização maior dos conhecimentos. O autor coloca que as práticas educativas é que verdadeiramente podem determinar as ações da escola e seu comprometimento social com a transformação. Afirma que a pedagogia investiga estas finalidades da educação na sociedade e a sua inserção na mesma, diz que a Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia para poder estudar melhor os modos e condições de realizarmos o ensino e instrução. Ainda coloca a importância da sociologia da educação, psicologia da educação nestes processos de relação aluno-professor.

A Didática e a formação profissional do professor

Determina, o autor, que as duas dimensões da formação profissional do professor para o trabalho didático em sala de aula. A primeira destas dimensões é a teórico-científica formada de conhecimentos de filosofia, sociologia, história da educação e pedagogia.

A segunda é a técnico–prática, que representa o trabalho docente incluindo a didática, metodologias, pesquisa e outras facetas práticas do trabalho do professor. Neste subtítulo, Libâneo define a didática como a mediação entre as dimensões teórico-científica e a prática docente.

CAPÍTULO 02 - Didática e Democratização do Ensino

Neste capítulo, continua a discussão colocada no capítulo anterior, sobre a democratização do ensino e a importância de oferecer este de qualidade e a toda sociedade. Inicia com a colocação que a participação ativa na vida social é o objetivo da escola pública, o ensino é colocado como ações indispensáveis para ocorrer à instrução. Levanta e responde algumas perguntas envolvendo a escolarização, qualidade do ensino do povo e o fracasso escolar, fala também da Ética como compromisso profissional e social.

A Escolarização e as lutas democráticas

Realmente a escolarização é o processo principal para oferecer a um povo sua real possibilidade de ser livre e buscar nesta mesma medida participar das lutas democráticas, o autor endente democracia como um conjunto de conquistas de condições sociais, políticas e culturais, pela maioria da população para participar da condução de decisões políticas e sociais. Libâneo, (1994, 35) cita Guiomar Namo de Mello: "A escolarização básica constitui instrumento indispensável à construção da sociedade democrática", fala também dos índices de escolarização no Brasil, mostrando a evasão escolar e a repetência como graves problemas advindos da falta de uma política pública, de igualdade nas oportunidades em educação, deixando como resultado um enorme número de analfabetos na faixa de 5 a 14 anos. A transformação da escola depende da transformação da sociedade, afirma Libâneo, e continua dizendo que a escola é o meio insubstituível de contribuição para as lutas democráticas.

O Fracasso escolar precisa ser derrotado

Nessa parte, o autor fala mais detalhadamente deste grave problema do nosso sistema escolar, detalha gráficos que apontam para um quadro onde a escola não consegue reter o aluno no sistema escolar. Aponta muitos motivos para isto, mas considera, como principal, a falta de preparo da organização escolar, metodológica e didática de procedimentos adequados ao trabalho com as crianças pobres. Isto acontece devido aos planejamentos serem feitos prevendo uma criança imaginada e não a criança concreta, aquela que esta inserida em um contexto único. Somente o ingresso na escola pode oferecer um ponto de partida no processo de ensino aprendizagem.

Levanta, também, neste capítulo, outros fatores como dificuldades emocionais, falta de acompanhamento dos pais, imaturidade, entre outros. Cita aqui David Ausubel que afirma que o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já conhece, complementa dizendo que o professor deve descobri-lo e basear-se nisto em seus ensinamentos.

As tarefas da escola pública democrática

Todos sabemos da importância do ensino de primeiro grau para formação do indivíduo, da formação de suas capacidades, habilidades e atitudes, além do seu preparo para as exigências sociais que este indivíduo necessita, dando a ele esta capacidade de poder estudar e aprender o resto da vida. O autor lista as tarefas principais das escolas públicas, entre elas, destacam-se:

1. Proporciono escola gratuita pelos primeiros oito anos de escolarização;2. Assegurar a transmissão e assimilação dos conhecimentos e

habilidades;3. Assegurar o desenvolvimento do pensamento crítico e independente;4. Oferecer um processo democrático de gestão escolar com a

participação de todos os elementos envolvidos com a vida escolar.

O compromisso social e ético dos professores

O primeiro compromisso da atividade profissional de ser professor (o trabalho docente) é certamente de preparar os alunos para se tornarem cidadãos ativos e participantes na família, no trabalho e na vida cultural e política. O trabalho docente visa também a mediação entre a sociedade e os alunos. Libâneo afirma que, como toda a profissão, o magistério é um ato político porque se realiza no contexto das relações sociais.

 

CAPÍTULO 03 - Didática: Teoria da Instrução e do Ensino

Neste capítulo, o autor aborda, em especial, os vínculos da didática com os fundamentos educacionais, explicita seu objetivo de estudar e relacionar os principais temas da didática indispensáveis para o exercício profissional.

A didática como atividade pedagógica escolar

Sabedores que a pedagogia investiga a natureza das finalidades da educação como processo social, a didática coloca-se para assegurar o fazer pedagógico na escola, na sua dimensão político, social e técnica, afirmando daí o caráter essencialmente pedagógico desta disciplina. Define assim a didática como mediação escolar entre objetivos e conteúdos do ensino. Define, o autor, mais alguns termos fundamentais nesta estruturação escolar, a instrução como processo e o resultado da assimilação sólida de conhecimentos; o currículo como expressão dos conteúdos de instrução; e a metodologia como conjunto dos procedimentos de investigação quanto a fundamentos e validade das

diferentes ciências, sendo as técnicas recursos ou meios de ensino seus complementos.

Sintetizando, os temas fundamentais da didática são:

1. Os objetivos sócio-pedagógicos;

2. Os conteúdos escolares;

3. Os princípios didáticos;

4. Os métodos de ensino aprendizagem;

5. As formas organizadas do ensino;6. Aplicação de técnicas e recursos;7. Controle e avaliação da aprendizagem.

Objetivo de estudo: o processo de ensino

Sem dúvida, o objetivo do estudo da didática é o processo de ensino. Podemos definir, conforme o autor, o processo de ensino como uma seqüência de atividades do professor e dos alunos tendo em vista a assimilação de conhecimentos e habilidades. Destaca a importância da natureza do trabalho docente como a mediação da relação cognoscitiva entre o aluno e as mateiras de ensino. Libâneo ainda coloca que ensinar e aprender são duas facetas do mesmo processo, que se realiza em torno das matérias de ensino sob a direção do professor.

Os componentes do processo didático

O ensino, por mais simples que pareça, envolve uma atividade complexa, sendo influenciado por condições internas e externas. Conhecer estas condições é fator fundamental para o trabalho docente. A situação didática em sala de aula esta sujeita também a determinantes econômico-sociais e sócio–culturais, afetando assim a ação didática diretamente.

Assim sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e aprendizagem.

Podemos daí determinar os elementos constitutivos da Didática:

1. Conteúdos das matérias;

2. Ação de ensinar;

3. Ação de aprender.

Desenvolvimento histórico da Didática e tendências pedagógicas

O autor afirma que a didática e sua história estão ligadas ao aparecimento do ensino.

Desde a Antiguidade clássica ou no período medieval já temos registro de formas de ação pedagógicas em escolas e mosteiros. Entretanto, a didática aparece em obra em meados do século XVII, com João Amos Comenio, ao escrever a primeira obra sobre a didática "A didática Magna", estabelecendo na obra alguns princípios com:

1. A finalidade da educação é conduzir a felicidade eterna com Deus.2. O homem deve ser educado de acordo com o seu desenvolvimento

natural, isto é de acordo com suas características de idade e capacidade.3. A assimilação dos conhecimentos não se da de forma imediata.4. O ensino deve seguir o curso da natureza infantil; por isto as coisas

devem ser ensinadas uma de cada vez.

Já mais adiante, Jean Jacques Rousseau (1712-1778) propôs uma nova concepção de ensino, baseado nas necessidades e interesses imediatos da criança. Porém, este autor não colocou suas ideias em prática, cabendo mais adiante a outro pesquisador faze-lo, Henrique Pestalozzi (1746-1827), que trabalhava com a educação de crianças pobres. Estes três teóricos influenciaram muito Johann Friedrich Herbart (1776-1841), que tornou a verdadeira inspiração para pedagogia conservadora, determinando que o fim da educação é a moralidade atingida através da instrução de ensino. Estes autores e outros tantos formam as bases para o que chamamos modernamente de Pedagogia Tradicional e Pedagogia Renovada.

Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática

Nos últimos anos, no Brasil, vêm sendo realizados muitos estudos sobre a história da didática no nosso país e suas lutas, classificando as tendências pedagógicas em duas grandes correntes: as de cunho liberal e as de cunho progressivista. Estas duas correntes têm grandes diferenças entre si. A tradicional vê a didática como uma disciplina normativa, com regras e procedimentos padrões, centrando a atividade de ensinar no professor e usando a palavra (transmissão oral) como principal recurso pedagógico. Já a didática de cunho progressivista é entendida como direção da aprendizagem, o aluno é o sujeito deste processo e o professor deve oferecer condições propícias para estimular o interesse dos alunos, por esta razão os adeptos desta tendência dizem que o professor não ensina; antes, ajuda o aluno a aprender.

Também temos aqui colocado pelo autor as tendências principais desta evolução e suas principais publicações na época. Vimos também que as

tendências progressivas só tomaram força nos anos 80, com as denominadas "teorias críticas da educação". O autor lista também as várias divisões destas duas tendências e explica suas diferenças vitais.

A Didática e as tarefas do professor

O modo de fazer docente determina a linha e a qualidade do ensino, traça-se aqui, pelo autor, os principais objetivos da atuação docente:

a. Assegurar ao aluno domínio duradouro e seguro dos conhecimentos.b. Criar condições para o desenvolvimento de capacidades e habilidades

visando a autonomia na aprendizagem e independência de pensamento dos alunos.

c. Orientar as tarefas do ensino para a formação da personalidade.

Estes três itens se integram entre si, pois a aprendizagem é um processo. Depois, o autor levanta os principais pontos do planejamento escolar:

a. Compressão da relação entre educação escolar e objetivo sócio-políticos.

b. Domínio do conteúdo e sua relação com a vida prática.c. Capacidade de dividir a matéria em módulos ou unidades.d. Conhecer as características socioculturais e individuais dos alunos.e. Domínio de métodos de ensino.f. Conhecimento dos programas oficias.g. Manter-se bem informado sobre livros e artigos ligados a sua disciplina

e fatos relevantes.

Já a direção do ensino e aprendizagem requer outros procedimentos do professor:

a. Conhecimento das funções didáticasb. Compatibilizar princípios gerais com conteúdos e métodos da disciplinac. Domínio dos métodos e de recursos tauxiaresd. Habilidade de expressar ideias com clarezae. Tornar os conteúdos reaisf. Saber formular perguntas e problemasg. Conhecimento das habilidades reais dos alunosh. Oferecer métodos que valorizem o trabalho intelectual independentei. Ter uma linha de conduta de relacionamento com os alunosj. Estimular o interesse pelo estudo

Para a avaliação os procedimentos são outros por parte do professor:

a. Verificação continua dos objetivos alcançados e do rendimento nas atividades

b. Dominar os meios de avaliação diagnósticac. Conhecer os tipos de provas e de avaliação qualitativa

Estes requisitos são necessários para o professor poder exercer sua função docente frente aos alunos e institutos em que trabalha. Por isto, o professor, no ato profissional, deve exercitar o pensamento para descobrir constantemente as relações sociais reais que envolvem sua disciplina e a sua inserção nesta sociedade globalizada, desconfiando do normal e olhando sempre por traz das aparências, seja do livro didático ou mesmo de ações pré-estabelecidas.

 

CAPÍTULO 04 -O Processo de Ensino na Escola

O magistério se caracteriza nas atividades de ensino das matérias escolares criando uma relação recíproca entre a atividade do professor (ensino) e a atividade de estudo dos alunos (aprendizagem). Criar esta unidade entre o ensino-aprendizagem é o papel fundamental dos processos de ensino na escola, pois as relações entre alunos, professores e matérias são dinâmicas.

As características do processo de ensino

Inicia-se analisando as características do ensino tradicional e suas principais limitações pedagógicas: o professor só passa a matéria e o aluno recebe e reproduz mecanicamente o que absorve; é dada uma excessiva importância a matéria do livro sem dar a ele um caráter vivo; o ensino é somente transmitido com dificuldades para detectar o ritmo de cada aluno no aprender; o trabalho docente está restrito às paredes da sala de aula.

O autor propõe que entendamos o processo de ensino como visando alcançar resultados tendo com ponto de partida o nível de conhecimentos dos alunos e determinando algumas características como: o ensino é um processo, por isto obedece a uma direção, este processo visa alcançar determinados resultados como domínio de conhecimentos, hábitos, habilidades, atitudes, convicções e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, dando ao ensino este caráter bilateral, combinando as atividades do professor com as do aluno.

Processos didáticos básicos: ensino e aprendizagem

O livro mostra novamente a importância de garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem e propõe que analisemos cada parte deste processo separadamente.

A aprendizagem esta presente em qualquer atividade humana em que possamos aprender algo. A aprendizagem pode ocorrer de duas formas: casual, quando for espontânea ou organizada quando for aprender um conhecimento específico.

Com isto defini-se a aprendizagem escolar como um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental. Isto significa que podemos aprender conhecimentos sistematizados, hábitos, atitudes e valores. Neste sentido, temos o processo de assimilação ativa que oferece uma percepção, compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e atitudes do próprio aluno, sob a direção e orientação do professor. Podemos ainda dizer que existem dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. Isto determina uma interligação nos momentos da assimilação ativa, implicando nas atividades mental e práticas.

O livro coloca a aprendizagem escolar como uma atividade planejada, intencional e dirigida, não sendo em hipótese alguma casual ou espontânea. Com isto, pode pensar que o conhecimento se baseia em dados da realidade.

De início, é importante definir o ensino e o autor coloca-o como o meio fundamental do processo intelectual dos alunos, ou seja, o ensino é a combinação entre a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa do aluno. O ensino tem três funções inseparáveis:

1. Organizar os conteúdos para transmissão, oferecendo ao aluno relação subjetiva com os mesmos.

2. Ajuda os alunos nas suas possibilidades de aprender.3. Dirigir e controlar atividade do professor para os objetivos da

aprendizagem.

Mostra-se também a unidade necessária entre ensino e a aprendizagem, afinal o processo de ensino deve estabelecer apenas exigências e expectativas que os alunos possam cumprir para poder realmente envolve-los neste processo e mobilizar as suas energias.

Estrutura, componentes e dinâmica do processo de ensino

A estrutura e componentes explica o processo didático como a ação recíproca entre três componentes; os conteúdos, o ensino e a aprendizagem. Já o processo de ensino realizado no trabalho docente é um sistema articulado, formado pelos objetivos, conteúdos, métodos e condições, sendo, como sempre, o professor o responsável por esta condução. Neste quadro, o autor diz que o processo de ensino consiste ao mesmo tempo na condução do estudo e na auto atividade do aluno, e levanta a contradição deste fato. Deixa clara a

dificuldade de execução da tarefa docente e afirma que a Didática contribui justamente para tentar resolver esta contradição entre ensino e aprendizagem, em outras palavras, esta contradição acontece entre o saber sistematizado e o nível de conhecimento esperado. Existem algumas condições para que a contradição se transforme em forca motriz:

1. Dar ao aluno consciência das dificuldades que aparecem no confronto com um conhecimento novo que não conhecem.

2. O volume de atividades, conhecimento e exercícios devem considerar o preparo prévio do aluno.

3. Estas condições devem constar do planejamento.

A estruturação do trabalho docente

O autor reflete sobre este entendimento errôneo de que o trabalho docente na escola é o de "passar" a matéria de acordo, geralmente, com o livro didático. E mostra que a estrutura da aula deve ter um trabalho ativo e conjunto entre professor e aluno, ligado estreitamente com a metodologia específica das matérias, porém, não se identifica com leia. A cinco momentos da metodologia de ensino na sala de aula:

1. Orientação inicial dos objetivos de ensino aprendizagem;2. Transmissão /assimilação da matéria nova;3. Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos, habilidades e

hábitos;4. Aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos;5. Verificação e avaliação dos conhecimentos e habilidades.

O caráter educativo do processo de ensino e o ensino crítico

Este caráter educativo do processo de ensino está intimamente ligado com o ensino crítico, dando a ele uma característica mais ampla, determinada social e pedagogicamente. Este ensino é critico por estar engajamento social, político e pedagogicamente, determinando uma postura frente às relações sociais vigentes e à prática social real.

 

CAPÍTULO 05 - O Processo de Ensino e o Estudo Ativo

Neste capítulo, entende-se melhor a relação entre o processo de ensino (falado no capítulo anterior) e o estudo ativo, este definido aqui como uma atividade cujo fim direto e específico é favorecer a aprendizagem ativa. Nesta medida, o

capítulo discutirá também como o professor pode dirigir, estimular e orientar as condições internas e externas do ensino.

O estudo ativo e o ensino

É necessário ter presente que os conteúdos representam o elemento em torno do qual se realiza a atividade de estudo. O estudo ativo é por conseqüência uma postura do aluno e do professor frente ao conteúdo, pois as atividades deste estudo ativo se baseiam nas atividades do aluno de observação e compreensão de fatos ligados a matéria, da atenção na explicação do professor, favorecendo o desenvolvimento das capacidades cogniscitivas do aluno. Não existe ensino ativo sem o trabalho docente.

 

A atividade de estudo e o desenvolvimento intelectual

Neste subtítulo, o autor declara algo muito importante e já dito em outros momentos humanos "O objetivo da escola e do professor é formar pessoas inteligentes..."

Neste aspecto, o professor deve se satisfazer se o aluno compreende a matéria e tem possibilidade de pensar de forma independente e criativa sobre ela. Levanta dificuldades do trabalho docente para estimular aos alunos, principalmente porque o professor usa um estilo convencional de aula, igual para todas as matérias, com falta de entusiasmo e sem adequação com o mundo prático e real do aluno.

Porém, estas dificuldades podem ser superadas com um domínio maior do conteúdo por parte do professor, eleger mais do que um livro de referência, estar atualizado com as notícias, conhecer melhor as características dos seus alunos, dominar técnicas, didáticas e metodologias. Com isto, cada tarefa didática será uma tarefa de pensamento para o aluno.

Algumas formas de estudo ativo

O estudo ativo envolve inúmeros procedimentos para despertar no aluno hábitos, habilidades de caráter permanente. Para isto temos várias tarefas e exercícios específicos para este fim, listados aqui como pelo autor:

1. Exercícios de reprodução - testes rápidos para verificar assimilação e domínio de habilidades.

2. Tarefa de preparação para o estudo - Diálogo estabelecido entre o professor/aluno, aluno/aluno e observa e revisão de matérias anteriores.

3. Tarefas de fases de assimilação de matérias - Atividades que favoreçam o confronto entre os conhecimentos sistematizados e a realidade dos alunos.

4. Tarefas na fase de consolidação e aplicação – compõem-se de exercícios e revisão de fixação.

Fatores que influenciam no estudo ativo

Há vários fatores que influenciam no ato de estudar e aprender, entre estes fatores destacam-se alguns que influenciam de sobremaneira no estudo ativo.

1. O incentivo ao estudo - conjunto de estímulos que estimulam no aluno sua motivação para aprender.

2. As condições de aprendizagem – para oferecermos condições mínimas de aprendizagem, temos que conhecer muito bem as condições socioculturais dos alunos.

3. A influência do professor e do ambiente escolar - certamente o professor e o meio exercem uma influencia muito forte no aluno.

O autor reitera aqui também a necessidade de uma sólida assimilação de conhecimentos para ocorrer uma verdadeira aprendizagem.

 

CAPÍTULO 06 - Os Objetivos e Conteúdos de Ensino

Neste capítulo, o autor aborda a relação entre s componentes do processo de ensino, determina a unidade entre objetivos-conteúdos e destes com os métodos.

Os objetivos determinam de antemão os resultados esperados do processo entre o professor e aluno, determinam também a gama de habilidades e hábitos a serem adquiridos. Já os conteúdos formam a base da instrução. O método por sua vez é a forma com que estes objetivos e conteúdos serão ministrados na prática ao aluno.

A importância dos objetivos educacionais

A prática educacional baseia-se nos objetivos por meio de uma ação intencional e sistemática para oferecer aprendizagem. Desta forma os objetivos são fundamentais para determinação de propósitos definidos e explícitos quanto às qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os objetivos têm pelo menos três referências fundamentais para a sua formulação.

1. Os valores e idéias ditos na legislação educacional.2. Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na história da

humanidade.3. As necessidades e expectativas da maioria da sociedade.

Ë importante destacar que estas três referências não devem ser tomadas separadamente, pois devem se apresentar juntos no ambiente escolar. Devemos ter claro que o trabalho docente é uma atividade que envolve opções sobre nosso conceito de sociedade, pois isto vai determinar a relação com os alunos. Isto prova que sempre conscientemente ou não, temos ou traçamos objetivos.

Objetivos gerais e objetivos específicos

Os objetivos são o marco inicial do processo pedagógico e social, segundo Libâneo. Os objetivos gerais explicam-se a partir de três níveis de abrangência. O primeiro nível é o sistema escolar que determina as finalidades educativas de acordo com a sociedade em que está inserido; o segundo é determinado pela escola que estabelece as diretrizes e princípios do trabalho escolar; o terceiro nível é o professor que concretiza tudo isto em ações práticas na sala de aula.

Alguns objetivos educacionais podem auxiliar os professores a determinar seus objetivos específicos e conteúdos de ensino. Entre estes objetivos educacionais destacam-se: a) colocar a educação no conjunto de lutas pela democratização da sociedade; b) oferecer a todos as crianças, sem nenhum tipo de discriminação cultural, racial ou política, uma preparação cultural e científica a partir do ensino das materiais; c) assegurar a estas crianças o desenvolvimento máximo de suas potencialidades; d) formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação a matérias e sua aplicação; e) formar convicções para a vida futura; f) institucionalizar os processos de participação envolvendo todas as partes formadoras da realidade escolar.

Os conteúdos de Ensino

Desde o início do livro, o autor vem reiterando a ideia que as escolas têm, como tarefa fundamental, a democratização dos conhecimentos, garantindo uma base cultural para jovens e crianças. Sob este aspecto, muitos professores fazem a ideia que os conteúdos são o conhecimento corresponde a cada matéria, ou mesmo, que são a matéria do livro didático. O autor fala que esta visão não é complemente errada, pois há sempre três elementos no ensino: matéria, professor e o aluno. Neste aspecto, devemos estudar o ensino dos conteúdos como uma ação recíproca entre a matéria, o ensino e o estudo dos alunos. Por isto é muito importante que os conteúdos tenham em si momentos de vivências práticas para dar significado aos mesmos.

Definindo os conteúdos, eles são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudes, organizados pedagógica e didaticamente, buscando a assimilação ativa e aplicação prática na vida dos alunos.

Agora uma questão importante, apresentada no livro, é a de quem deve escolher os conteúdos de ensino? Certamente, deve-se considerar que cabe ao professor, em última instancia, esta tarefa. Nesta tarefa o professor enfrenta pelo menos dois questionamentos fundamentais: Que conteúdos e que métodos?

Para responder a primeira pergunta, o autor diz que há três fontes para o professor selecionar os seus conteúdos do plano de ensino, a primeira é a programação oficial para cada disciplina; a segunda, conteúdos básicos das ciências transformados em matérias de estudo; a terceira, exigências teóricas práticas colocadas na vida dos alunos e sua inserção social.

Porém, a escolha do conteúdo vai além destas três exigências, para entendermos, tem-se que observá-las em outros sentidos. Um destes sentidos é a participação na prática social; outro sentido fundamental é a prática da vida cotidiano dos alunos, da família, do trabalho, do meio cultural, fornecendo fatos a serem conectados ao estudo das matérias. O terceiro destes sentidos refere-se à própria condição de rendimento escolar dos alunos.

Nesta visão, há uma dimensão crítico-social dos conteúdos, e esta se manifesta no tratamento científico dado ao conteúdo, no seu caráter histórico, na intenção de vínculo dos conteúdos com a realidade da vida dos alunos. Em síntese, esta dimensão crítica-social dos conteúdos nada mais é do que uma metodologia de estudo e interpretação dos objetivos do ensino.

Na atual sociedade, apesar do que foi visto anteriormente, tem-se conteúdos diferentes para diversas esferas e classes sociais, estas diferenças ratificam os privilégios existentes na divisão de classes já estabelecida pelo sistema capitalista. Neste sentido, os livros didáticos oferecidos no ensino das disciplinas, além de sistematizar e difundir conhecimentos, servem também para encobrir estas diferenças, ou mesmo, escamotear fatos da realidade para evitar contradições com sua orientação sociocultural–política. Com isto, o professor deve sempre analisar os textos e livros que vai usar com os alunos, no sentido de oferecer um ensino igualitário que possa olhar criticamente estas máscaras da sociedade.

Conhecer o conteúdo da matéria e ter uma sensibilidade crítica pode facilitar esta tarefa por parte do professor.

Critérios de seleção

Aqui, o autor propõe uma forma mais didática de resolver esta difícil tarefa de selecionar os conteúdos a serem ministrados em sala de aula. Abaixo, coloca-se esta forma ordenada de elaborar os conteúdos de ensino:

1. Correspondência entre os objetivos gerais e os conteúdos.2. Caráter científico.3. Caráter sistemático.4. Relevância social.5. Acessibilidade e solidez.

 

CAPÍTULO 07 - Os Métodos de Ensino

Como já se viu anteriormente, os métodos são determinados pela relação objetivo-conteúdo, sendo os meios para alcançar objetivos gerais e específicos de ensino. Tem-se, assim, que as características dos métodos de ensino: estão orientados para os objetivos, implicam numa sucessão planejada de ações, requerem a utilização de meios.

Conceito de métodos de ensino

Um conceito simples de método é ser o caminho para atingir um objetivo. São métodos adequados para realizar os objetivos. É importante entender que cada ramo do conhecimento desenvolve seus próprios métodos, observa-se então métodos matemáticos, sociológicos, pedagógicos, entre outros. Já ao professor em sala de aula cabe estimular e dirigir o processo de ensino utilizando um conjunto de ações, passos e procedimentos que chamamos também de método. Agora não se pode pensar em método como apenas um conjunto de procedimentos, este é apenas um detalhe do método. Portanto, o método corresponde à sequência de atividades do professor e do aluno.

A relação objetivo-conteúdo-método

Um entendimento global sobre esta relação é que os métodos não têm vida sem os objetivos e conteúdos, dessa forma a assimilação dos conteúdos depende dos métodos de ensino e aprendizagem. Com isto, a maior característica deste processo é a interdependência, onde o conteúdo determina o método por ser a base informativa dos objetivos, porém, o método também pode ser conteúdo quando for objeto da assimilação.

O que realmente importa é que esta relação de unidade entre objetivo-conteúdo–método constitua a base do processo didático.

Os princípios básicos do ensino

Estes princípios são os aspectos gerais do processo de ensino que fundamentam teoricamente a orientação do trabalho docente. Estes princípios também e fundamentalmente indicam e orientam a atividade do professor rumo aos objetivos gerais e específicos. Estes princípios básicos de ensino são:

1. Ter caráter científico e sistemático - O professor deve buscar a explicação científica do conteúdo; orientar o estudo independente, utilizando métodos científicos; certificar-se da consolidação da matéria anterior antes de introduzir as matérias novas; organizar a seqüência entre conceitos e habilidades; ter unidade entre objetivos-conteúdos-métodos; organizar a aula integrando seu conteúdo com as demais matérias; favorecer a formação, atitudes e convicções.

2. Ser compreensível e possível de ser assimilado - Na prática, para se entender estes conceitos, deve-se: dosar o grau de dificuldade no processo de ensino; fazer um diagnóstico periódico; analisar a correspondência entre o nível de conhecimento e a capacidade dos alunos; proporcionar o aprimoramento e a atualização constante do professor.

3. Assegurar a relação conhecimento-prática – Para oferecermos isto aos alunos deve-se: estabelecer vínculos entre os conteúdos e experiências e problemas da vida prática; pedir para os alunos sempre fundamentarem aquilo que realizam na prática; mostrar a relação dos conhecimentos com o de outras gerações.

4. Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem - ou seja, na prática: esclarecer os alunos sobre os objetivos das aulas, a importância dos conhecimentos para a seqüência do estudo; provocar a explicitação da contradição entre idéias e experiências; oferecer condições didáticas para o aluno aprender independentemente; estimular o aluno a defender seus pontos de vista e conviver com o diferente; propor tarefas que exercitem o pensamento e soluções criativas; criar situações didáticas que ofereçam aplicar conteúdos em situações novas; aplicar os métodos de soluções de problemas.

5. Garantir a solidez dos conhecimentos6. Levantar vínculos para o trabalho coletivo-particularidades individuais,

deve-se adotar as seguintes medidas para isto acontecer: explicar com clareza os objetivos; desenvolver um ritmo de trabalho que seja possível da turma acompanhar; prevenir a influência de particularidades desfavoráveis ao trabalho do professor; respeitar e saber diferenciar cada aluno e seus ritmos específicos.

Classificação dos métodos de ensino

Sabe-se que existem vários tipos de classificação de métodos, seguindo determinados autores, no nosso estudo, o autor define os métodos de ensino

como estando intimamente ligados com os métodos de aprendizagem, sob este ponto de vista o eixo do processo é a relação cognoscitiva entre o aluno e professor. Pode-se diferenciar estes métodos segundo suas direções, podendo ser externo e interno. A partir disto, o autor lista todos os métodos mais conhecidos de atividade em sala de aula por parte do professor.

1. Método de exposição pelo professor - Este método é o mais usado na escola, onde o aluno assume uma posição passiva perante a matéria explanada. Ele pode ser de vários tipos de exposição: verbal, demonstração, ilustração, exemplificação.

2. Método de trabalho independente – consiste em tarefas dirigidas e orientadas pelo professor para os alunos resolverem de maneira independente e criativa. Este método tem, na atitude mental do aluno, seu ponto forte. Tem também a possibilidade de apresentar fases com a tarefa preparatória, tarefa de assimilação de conteúdos, tarefa de elaboração pessoal. Uma das formas mais conhecidas de trabalho independente é o estudo dirigido individual ou em duplas.

3. Método de elaboração conjunta – é um método de interação entre o professor e o aluno visando obter novos conhecimentos.

4. Método de trabalho de grupo - consiste em distribuir tarefas iguais ou não a grupos de estudantes, o autor cita de três a cinco pessoas. Têm-se também formas específicas de trabalhos de grupos comuns: debate, Philips 66, tempestade mental, grupo de verbalização, grupo de observação (GV-GO), seminário.

5. Atividades especiais – são aquelas que complementam os métodos de ensino.

Meios de ensino

São todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor ou alunos para organizar e conduzir o ensino e a aprendizagem. Os equipamentos usados em sala de aula (do quadro-negro até o computador) são meios de ensino gerais possíveis de serem usados em todas as matérias. É importante que os professores saibam e dominem estes equipamentos para poderem usá-los em sala de aula com eficácia.

 

CAPÍTULO 08 - A Aula como Forma de Organização do Ensino

A aula é a forma predominante de organização do processo de ensino. Neste capítulo, o professor Libâneo explica o conjunto de meios e condições necessárias para realizarmos um conjunto de aulas, estruturando sua relação entre tipos de aulas e métodos de ensino.

Características gerais da aula

Abaixo, o autor determina algumas exigências a serem seguidas nas aulas:

1. Ampliação do nível cultural e científico dos alunos.2. Seleção e organização das atividades para prover um ensino criativo e

independente.3. Empenho na formação dos métodos e hábitos de estudo.4. Formação de hábitos, atitudes e convicções ligadas à vida prática dos

alunos.5. Valorização da sala de aula como meio educativo.6. Formação do espírito de coletividade, solidariedade e ajuda mútua sem

esquecer o individual.

Estruturação didática da aula

A estruturação da aula deve ser indicada por etapas, planejadas e organizadas para favorecer o ensino e aprendizagem. Portanto, é importante no planejamento da aula que este processo seja criativo e flexível por parte do professor. Estes passos ou etapas didáticas da aula são os seguintes:

a. Preparação e introdução da matéria - visa criar as condições de estudo, motivacionais e de atenção.

b. Tratamento didático da matéria nova - se os passos do ensino não são mais que funções didáticas, este tratamento já esta sendo feito. Tem-se que entender que a assimilação da matéria nova é um processo de interligação entre percepção ativa, compreensão e reflexão, sendo o processo de transmissão-assimilação a base metodológica para o tratamento didático da matéria nova.

c. Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos e habilidades - este é um importante momento de ensino e muitas vezes menosprezado ou diminuído na escola. A consolidação pode acontecer em qualquer etapa do processo didático, podendo ser reprodutiva, de generalização e criativa.

d. A aplicação – esta fase é a culminância do processo de ensino. Seu objetivo é estabelecer vínculos entre os conhecimentos e a vida.

e. Controle e avaliação dos resultados escolares – esta função percorre todas as etapas de ensino, cumprindo três funções: a pedagógica, diagnóstica e de controle. A integração destas funções dá à avaliação um caráter mais geral e não isolado.

Tipos de aulas e métodos de ensino

Neste estudo, o autor coloca que, na concepção de ensino, as tarefas docentes visam a organização e assimilação ativa. Isto significa que as aulas podem ser

preparadas em correspondência com os passos do processo de ensino. Neste sentido, pode-se ter aulas de preparação e introdução, início de uma unidade, aula de tratamento sistematizado da matéria nova, consolidação, verificação da aprendizagem. Conforme o tipo de aula escolhe-se o método de ensino.

A tarefa de casa

Esta tarefa é um importante complemento das atividades didáticas de sala de aula. O autor considera que esta tarefa cumpre também uma função social integrando a família às atividades escolares, integrando os pais aos professores. Estas tarefas não devem ser apenas exercícios, devem ser também preparatórias ou de aprofundamento da matéria.

 

CAPÍTULO 09 - A Avaliação Escolar

A avaliação escolar é abordada em minúcias neste capitulo pelo autor. A avaliação é em última análise uma reflexão do nível qualitativo do trabalho escolar do professor e do aluno. Sabe-se também que ela é complexa e não envolve apenas testes e provas para determinar uma nota.

Uma definição de avaliação escolar

Segundo o professor Cipriano C. Luckesi, a avaliação é uma análise quantitativa dos dados relevantes do processo de ensino aprendizagem que auxilia o professor na tomada de decisões. Os dados relevantes aqui se referem às ações didáticas. Com isto, nos diversos momentos de ensino a avaliação tem como tarefa: a verificação, a qualificação e a apreciação qualitativa. Ela também cumpre pelo menos três funções no processo de ensino: a função pedagógica didática, a função de diagnóstico e a função de controle.

Avaliação na prática escolar

Lamentavelmente a avaliação na escola vem sido resumida a dar e tirar ponto, sendo apenas uma função de controle, dando a ela um caráter quantitativo. Certamente, com isto, os professores não conseguem efetivamente usar os procedimentos de avaliar. Com estas ações, quando a avaliação se resume a provas, professores com critérios onde décimos às vezes reprovam alunos, há a exclusão do professor do seu papel docente, que é de fornecer os meios pedagógico-didáticos para os alunos aprenderem sem intimidação.

Características da avaliação escolar

Agora, o autor sintetiza as principais características da avaliação escolar.

a. Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos.b. Possibilita a revisão do plano de ensino.c. Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades.d. Volta-se para a atividade dos alunos.e. Ser objetiva.f. Ajuda na autopercepcao do professor.g. Reflete valores e expectativas do professor em relação aos alunos.

Esta frase marca este subtítulo "A avaliação é um ato pedagógico". (Libâneo, 1994, p.203).

Instrumentos de verificação do rendimento escolar

Uma das funções da avaliação é com certeza a de determinar em que nível de qualidade está sendo atendido os objetivos; para este fim, são necessários instrumentos e procedimentos. Alguns destes procedimentos ou instrumentos já são conhecidos, mas, neste subtítulo, o autor revisa e cita muitos deles ou os mais usados para verificar o rendimento escolar:

1. Prova escrita dissertativa.

1. Prova escrita de questões objetivas.

1. Questões certo-errado (C ou E).

1. Questões de lacunas (para completar).

1. Questões de correspondência.

1. Questões de múltipla escolha.

1. Questões do tipo "teste de respostas curtas" ou de evocação simples.

1. Questões de interpretação de texto.

1. Questões de ordenação.

1. Questões de identificação.

1. Procedimentos auxiliares de avaliação

11.1 A Observação;

2. A Entrevista;

2. Ficha sintética de dados dos alunos.

Atribuição de notas ou conceitos

As notas demonstram de forma abreviada os resultados do processo de avaliação. Esta avaliação tem também uma função de controle, expressando o resultado em notas e conceitos. O autor fala também da importância de se valorizar todas as formas de avaliação, ou instrumentos, e não apenas a prova no fim do bimestre como grande nota absoluta, que não valoriza o processo. Propõe uma escala de pontos ensinando como utilizar médias aritméticas para pesos diferentes, por fim, mostra como se deve aproximar notas decimais.

CAPÍTULO 10 - O Planejamento Escolar

O autor começa este capítulo dizendo que o planejamento, ensino e a avaliação são atividades que devem supor conhecimento do processo de ensino e aprendizagem.

O planejamento escolar propõe uma tarefa ao professor de previsão e revisão do processo de ensino completamente. Há três modalidades de planejamento: o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.

Importância do planejamento escolar

O planejamento do trabalho docente é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação do professor, tendo as seguintes funções: explicar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho; expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político, pedagógico e profissional das ações do professor; assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho; prever objetivos, conteúdos e métodos; assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente; atualizar constantemente o conteúdo do plano; facilitar a preparação das aulas.

Tem-se que entender o plano como um guia de orientação devendo este possuir uma ordem seqüencial, objetividade e coerência entre os objetivos gerais e específicos, sendo também flexível.

Requisitos para o planejamento

Os principais requisitos para o planejamento são os objetivos e tarefas da escola democrática; as exigências dos planos e programas oficiais; as condições prévias dos alunos para a aprendizagem; e as condições do processo de transmissão e assimilação ativa dos conteúdos.

O plano da escola

O plano de escola é um plano pedagógico e administrativo que serve como guia de orientação para o planejamento e trabalho docente. O autor descreve

os passos para a realização de um plano da escola, as principais premissas e perguntas que devemos formular para sua elaboração são: posicionamento da educação escolar na sociedade; bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa; características econômicas, social, política e cultural do contexto em que a escola está inserida; características sócio-culturais dos alunos; diretrizes gerais sobre sistema de matérias, critério de seleção de objetivos e conteúdos; diretrizes metodológicas, sistemáticas de avaliação; diretrizes de organização e administração.

O plano de ensino

O autor afirma o plano de ensino como o roteiro detalhado das unidades didáticas. Podemos chamar também de plano de curso ou plano e unidades didáticas.

Este plano de ensino é formado das seguintes componentes:

a. Justificativa das disciplinas;b. Delimitação dos conteúdos;c. Os objetivos gerais;

c. Os objetivos específicos;

d. Desenvolvimento metodológico;e. Conteúdos;

g. Tempo provável;

h. Desenvolvimento metodológico.

O plano de aula

O plano de aula é certamente um detalhamento do plano de ensino, é uma especificação do mesmo. O detalhamento da aula é fundamental para obtermos uma qualidade no ensino, sendo assim o plano de aula torna-se indispensável. Em primeiro lugar, deve-se considerar que a aula é um período de tempo variável, sendo assim, as unidades devem ser distribuídas sabendo-se que às vezes é preciso bem mais do que uma aula para finalizar uma unidade ou fase de ensino. Nesta preparação, o professor deve reler os objetivos gerais das matérias e a seqüência dos conteúdos; desdobrar as unidades a serem desenvolvidas; redigir objetivos específicos por cada tópico; desenvolver a metodologia por assunto; avaliar sempre a própria aula.

CAPÍTULO 11 - Relações Professor-Aluno na Sala de Aula

Um fator fundamental do trabalho docente trata da relação entre o aluno e o professor, da forma de se comunicar, se relacionar afetivamente, as dinâmicas e observações são fundamentais para a organização e motivação do trabalho docente. O autor chama isto de "situação didática" para alcançarmos com sucesso os objetivos do processo de ensino.

Aspectos cognoscitivos da interação

O autor define como cognoscitivo o processo ou movimentos que transcorre no ato de ensinar e no ato de aprender. Sob este ponto de vista, o trabalho do professor é um constante vai e vem entre as tarefas cognoscitivas e o nível dos alunos. Para se ter um bom resultado de interação nos aspectos cognoscitivo deve-se: manejar os recursos de linguagem; conhecer o nível dos alunos; ter um bom plano de aula; objetivos claros; e claro, é indispensável o uso correto da língua Portuguesa.

Aspectos sócio-emocionais

Estes aspectos são os vínculos afetivos entre o professor e os alunos. É preciso aprender a combinar a severidade e o respeito. Deve-se entender que neste processo pedagógico a autoridade e a autonomia devem conviver juntas, a autoridade do professor e a autonomia do aluno, não de forma contraditória comum pode parecer mais de forma complementar.

 

A disciplina na classe

Uma das grandes dificuldades em sala de aula é a chamado "controle da disciplina".

Não existe uma fórmula mágica para esta tarefa, mas o autor coloca que a disciplina na classe está tão diretamente ligada à prática docente, quanto à autoridade profissional, moral e técnica do professor. Este conjunto de características é que vai determinar a disciplina na classe.

O Método Paulo Freire  não se detém na mera alfabetização tradicional, baseada principalmente no uso da cartilha, que ele rejeita categoricamente no aprendizado da leitura e da escrita. O educador defende e incentiva o posicionamento do adulto não alfabetizado no meio social e político em que ele vive, ou seja, no seu contexto real.

Desta forma, acredita o mestre, é possível acordar a consciência do aluno para que ele seja capaz de exercer seu papel de cidadão e se habilitar a revolucionar a sociedade. Assim, o letrado pode transcender a simples esfera do conhecimento de regras, métodos e linguagens, e ser então inserido na esfera sócio-econômica e política da qual fora excluído.

O domínio das letras e das palavras é um instrumento para que o adulto alfabetizado elabore sua consciência política, conquistando um ponto de vista integral do saber e do universo que habita. O ideal de Paulo Freire  brotou justamente do ambiente no qual ele foi criado; nascido no Recife, ele conhecia bem a realidade do Nordeste do país, e foi durante os anos 50 que ele elaborou seu método.

Nesta época a região nordestina abrigava um número elevado de analfabetos, pelo menos metade de seus moradores, uma consequência direta do período colonial e de um contexto de repressão, tirania, restrições e carências ilimitadas. Sua metodologia é, portanto, fruto de muito tempo de gestação e meditações de Paulo Freire no âmbito da pedagogia. Ele se preocupava particularmente com os adultos que habitavam as áreas socialmente excluídas, tanto nas cidades quanto no campo, em Pernambuco.

Na metodologia de Freire o mestre se posiciona ao lado de seus aprendizes para que juntos possam organizar as atividades desenvolvidas nas classes, todas baseadas no debate de temáticas sócio-políticas, inerentes ao contexto vivenciado por eles. Assim, seu método não age apenas no circuito educativo, mas também na economia, na política e nas demais esferas da vida em sociedade.

Sua criação, conhecida como método de educação libertadora, passa por três estágios. O primeiro é o da investigação, durante o qual mestre e aprendiz discutem vocábulos e questões que têm maior importância na existência do aluno, no interior do grupo no qual ele vive.

A segunda etapa é a da tematização – este é o instante de conscientização em relação ao mundo, por meio da avaliação dos sentidos sociais assumidos por temáticas e palavras.

O terceiro momento é o da problematização, quando o professor provoca e motiva seus estudantes a transcenderem o ponto de vista mítico e desprovido de críticas do universo que ele habita, para que possam atingir a fundamental tomada de consciência.

O educador aconselha que sua corrente pedagógica seja praticada em cinco fases. Primeiro, uma avaliação das condições linguísticas dos alunos, sempre com a aceitação da linguagem de cada um; segundo, a seleção de determinados vocábulos, conforme sua importância fonética, o nível de dificuldades e seu papel sócio-cultural e político para o grupo em questão; no terceiro momento privilegia-se a elaboração de contextos vivenciais típicos da comunidade abordada, para que os alunos aprendam a analisar criticamente as questões levantadas no contexto em que vivem.

A quarta etapa se resume à elaboração de fichas que atuam como roteiros para as discussões, sem que elas necessariamente sejam adotadas enquanto preceitos inflexíveis; a quinta fase consiste, enfim, na produção de cartões com palavras que deverão ser decompostas em grupos fonéticos congruentes com os vocábulos criadores.