1000 Perguntas e Respostas - Direito Civil

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1000 perguntas e respostas de Direito CivilJos Cretella Jnior Prof. Titular de Direito Adm. da Faculdade de Direito da USP; Jos Cretella Neto - Advogado em So Paulo 1.000 PERGUNTAS E RESPOSTAS DE DIREITO CIVIL CAPTULO I - PARTE GERAL DO CDIGO CIVIL 1) Que matrias so reguladas pelo Cdigo Civil (CC)? R.: Os direitos e as obrigaes de ordem privada, concernentes s pessoas, aos bens e s suas relaes. 2) Que pessoa natural? R.: o homem, a criatura humana, proveniente de mulher. 3) Quando comea a personalidade civil do homem? R.: Desde o nascimento com vida. 4) Que nascituro? R.: o ser j gerado, mas que ainda est por nascer. 5) O nascituro possui direitos? R.: Sim. So chamados direitos in fieri, isto , expectativas de direitos, que iro materializar-se quando nascer com vida. 6) A lei protege as expectativas de direito do nascituro? R.: Sim, a lei os protege. Nascendo com vida, confirmam-se esses direitos. O natimorto no os tem. como se esses direitos jamais tivessem existido. 7) Como so defendidos em juzo os direitos do nascituro? R.: Por meio dos pais ou do curador, podendo figurar o nascituro como sujeito ativo ou passivo de obrigaes e direitos. 8) Que capacidade civil? R.: a aptido da pessoa natural para exercer direitos e assumir obrigaes na ordem jurdica. 9) Como termina a existncia do homem? R.: Pela morte. Para fins patrimoniais, termina tambm pela declarao judicial de ausncia. 10) Morrendo algum, cessam seus direitos? R.: No. Cessa apenas sua capacidade civil, mas seus direitos se transmitem aos herdeiros. H direitos, como, por exemplo, o direito imagem, referentes ao prprio falecido, mas que podem, no entanto, ser pleiteados pelos herdeiros. 11) Que pessoas so consideradas por lei como absolutamente incapazes para exercer os atos da vida civil? R.: Os menores de 16 anos; os loucos de todo gnero; os surdos-mudos que no puderem exprimir a vontade; e os judicialmente declarados ausentes. 12) Quem so considerados pela lei civil como relativamente incapazes para realizar certos atos ou maneira de exerc-los? R.: Os maiores de 16 anos e menores de 21 anos; os prdigos; e os silvcolas. 13) Com que idade cessa a menoridade civil? R.: Com 21 anos.

1 14) H outra forma de fazer cessar a menoridade, antes de completar 21 anos? R.: Pela emancipao. 15) Como se d a emancipao? R.: Se o menor tiver idade superior a 18 anos, os pais podem conceder-lhe emancipao, dada por escritura pblica ou particular, que dever ser registrada no Cartrio de Registro Civil. falta dos pais, por sentena do juiz da Vara da Infncia e da Juventude, ouvido o tutor, se houver. Pode dar-se a emancipao, tambm, pelo casamento, pelo exerccio de funo pblica, pela colao de grau em curso superior ou pelo estabelecimento, com recursos prprios, de sociedade civil ou comercial. 16) possvel revogar a emancipao? R.: Uma vez concedida, por qualquer meio, irrevogvel e definitiva. 17) Como praticam os atos da vida civil os menores de 16 anos e os que tm entre 16 e 21 anos? R.: Os menores de 16 anos so representados pelos pais ou pelo tutor, que praticam os atos sozinhos, pelo menor ou em seu nome. Os maiores de 16 e menores de 21, no emancipados, so assistidos pelos pais, pelo tutor ou pelo curador, que praticam atos ao lado do menor, auxiliando-o e integrando-lhe a capacidade civil. 18) Que prdigo e a que se limita sua interdio? R.. Prdigo o que, por esbanjar seu patrimnio, declarado como tal por sentena judicial. Sua interdio limitada ao campo das obrigaes de cunho patrimonial. 19) As doenas, as deficincias fsicas ou a idade avanada so causa de incapacidade civil? R.: Por si ss, no. Somente se impedirem a manifestao ou a transmisso da livre vontade do doente, do deficiente ou do idoso. 20) Como os ndios praticam atos da vida civil? R.: Ao praticar atos da vida civil, os ndios so tutelados pela Fundao Nacional do ndio (Funai), podendo liberar-se da tutela por meio de sentena judicial, ouvida a Funai, ou por declarao desta, homologada judicialmente. A emancipao pode ser coletiva, de toda a comunidade indgena a que pertenam, por decreto do Presidente da Repblica. 21) Quais os requisitos para a emancipao do ndio? R.: Idade mnima de 21 anos, conhecimento da lngua portuguesa, habilitao para o exerccio de atividade til e razovel compreenso dos usos e costumes nacionais. 22) Qual a lei extravagante que regula a situao jurdica dos ndios? R.: O chamado Estatuto do ndio, Lei Federal n. 6.001/73. 23) A lei distingue os direitos do brasileiro dos do estrangeiro? R.: Embora o art. 3. do CC diga que no h distino, encontram-se inmeras normas constitucionais e ordinrias que distinguem, juridicamente, o estrangeiro, em relao ao brasileiro. Por exemplo, somente mediante autorizao, podero os estrangeiros comprar terras cuja rea seja superior a 3 vezes o mdulo rural (Lei n. 5.709/71) 24) Qual a lei extravagante que regula a situao jurdica dos estrangeiros?

R.: Estatuto do Estrangeiro, Lei Federal n. 6.815/80. Encontra-se regulada tambm na Constituio Federal (CF) de 1988. Quanto aos portugueses, mediante Conveno Internacional celebrada entre Brasil e Portugal, podem eles gozar de igualdade de direitos desde que o requeiram ao Ministro da Justia e preencham certos requisitos. 25) Quais os direitos assegurados e negados aos naturalizados? R.: Asseguram-se-lhes os mesmos direitos civis dos brasileiros. No podem, entretanto, exercer alguns cargos polticos (Presidente e Vice da Repblica, Presidente da Cmara dos Deputados, do Senado, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), diplomata, oficial das Foras Armadas) e sofrem restries quanto propriedade de empresas de comunicao (devem ser naturalizados h mais de 10 anos). 26) O que comorincia? R.: a morte de duas ou mais pessoas, na mesma ocasio, geralmente em acidente ou desastre, sem que seja possvel determinar a ordem cronolgica das mortes. 27) Quais as conseqncias da comorincia? R.: Tem conseqncias patrimoniais na sucesso. No Brasil, ocorrendo a comorincia, presumir-se-o mortos simultaneamente, no se estabelecendo sucesso entre os comorientes. 28) O que pessoa jurdica? R.: a entidade constituda de pessoas ou de bens, personalizada, com direitos, obrigaes e patrimnio prprios. 29) Como se dividem as pessoas jurdicas? Dar exemplos. R.: Podem ser de Direito Pblico e de Direito Privado. As de Direito Pblico podem ser externas (pases estrangeiros, a Organizao das Naes Unidas (ONU)) ou internas (Unio, Estados, partidos polticos). As de Direito Privado so as sociedades civis, comerciais, associaes, fundaes e as sociedades de economia mista. 30) Qual a diferena entre associao e sociedade civil? R.: Em geral, a associao no possui fins lucrativos, ao contrrio da sociedade civil, que sempre visa a lucro. 31) O que fundao? R.: um patrimnio, personalizado e afetado por seu instituidor a determinada finalidade. 32) Como pode ser criada uma fundao de Direito Privado? R.: Por escritura pblica ou por testamento. O instituidor dever doar os recursos necessrios, indicar a finalidade e, se o desejar, a forma de administrar o patrimnio. Pode tambm ser criada pelo Poder Pblico, continuando a ter carter privado, salvo lei federal expressamente em contrrio. 33) Quem fiscaliza as fundaes privadas? R.: O Ministrio Pblico (MP). 34) O que so sociedades de economia mista? R.: So pessoas jurdicas de Direito Privado, criadas por lei, para a explorao de atividade econmica, sob a forma de sociedade annima (S/A), em que se associam capitais pblicos e privados, cujas aes com direito a voto pertenam, em sua maioria, ao Estado ou a entidade da Administrao Indireta, predominando, pois, a direo do Estado. Seus

1000 perguntas e respostas de Direito Civilbens so penhorveis, mas no esto sujeitas falncia. Ex.: Companhia do Metropolitano de So Paulo - Metr. 35) O que so empresas pblicas unipessoais? R.: So pessoas jurdicas de Direito Privado, com capital prprio e 100% pblico, criadas por lei, para a explorao de atividade econmica, que o governo seja obrigado a exercer, podendo revestir-se de qualquer das formas em Direito admitidas, prevalecendo as definidas no Decreto-Lei n. 200. Ex.: Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES). 36) O que so quase-pessoas jurdicas? R.: So entidades no dotadas de personalidade jurdica, mas que configuram centros de relaes e interesses jurdicos, possuindo capacidade processual ativa e passiva. Ex.: esplio, massa falida, navio, condomnio em edifcios. 37) Quem representa em juzo essas quase-pessoas jurdicas? R.: O administrador dos bens: inventariante, sndico da massa, capito, sndico do condomnio, etc. 38) Como se inicia a existncia legal das pessoas jurdicas de Direito Privado? R.: Pela inscrio de seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em seu registro peculiar, regulado por lei especial ou com autorizao ou aprovao do governo, quando exigida. 39) Como se inicia a existncia legal das pessoas jurdicas de Direito Pblico, como as autarquias? R.: Inicia-se com a lei que as criou, e, por isso, no so registradas. 40) Onde se registra o ato constitutivo de um escritrio de advocacia? R.: No Registro Civil de Pessoas Jurdicas, pois sua forma jurdica sociedade civil (S/C). 41) Onde se registra o contrato social da sociedade mercantil? R.: Na Junta Comercial. 42) Como se extinguem as pessoas jurdicas? R.: Pela dissoluo, deliberada entre seus membros, ressalvados os direitos da minoria e de terceiros; por determinao legal; por ato do governo, que lhe casse a autorizao para funcionar quando incorrer em atos opostos a seus fins ou contrrios aos interesses pblicos. 43) O que domiclio civil da pessoa natural? R.: o lugar onde ela estabelece a residncia com nimo definitivo. 44) Onde o domiclio das pessoas jurdicas de Direito Civil? R.: A sede ou a filial, conforme os atos praticados, ou determinao dos seus estatutos. 45) Onde o domiclio legal da Unio, dos Estados e dos Municpios? R.: Respectivamente, o Distrito Federal, as respectivas capitais e os locais onde funciona a Administrao Municipal. 46) Quais os tipos de domiclios existentes? R.: Voluntrio - estabelecido pela vontade do indivduo; legal estabelecido em lei; de eleio - estabelecido pelas partes, de comum acordo, nos contratos.

2 47) Onde o domiclio da pessoa natural se ela tiver diversas residncias ou vrios centros de ocupao? R.: Em qualquer residncia, ou centro de ocupao. 48) Qual o domiclio da pessoa que no tem residncia habitual ou ganha a vida sempre viajando, sem ponto central de negcios? R.: O do lugar onde for encontrada. 49) Qual o domiclio dos incapazes? R.: O de seus representantes legais. 50) O que nome? R.: o elemento externo pelo qual se designa, se identifica e se reconhece a pessoa no mbito da famlia e da sociedade. 51) Qual a natureza jurdica do nome? R.: H pelo menos 4 correntes a respeito, considerando o nome como: a) forma de propriedade; b) direito da personalidade, exercitvel erga omnes, e cujo objeto inestimvel; c) direito subjetivo extrapatrimonial, de objeto imaterial; d) sinal distintivo revelador da personalidade. 52) Quais os elementos que compem o nome? R.: Prenome (ex.: Joo, Jos Roberto), patronmico ou apelido de famlia (ex.: Gomes, Ferreira) e agnome (Filho, Jnior, Neto, Sobrinho). 53) Em que casos se admite a alterao do nome? R.: A regra geral a da imutabilidade do nome, mas a lei e a jurisprudncia tm permitido alteraes no nome em casos tais como: erro grfico evidente, nomes ridculos, exticos ou obscenos, uso corrente de nome diverso do constante do Registro Civil, incluso de alcunha, homonmia que causa problemas. 54) Pode a concubina utilizar o patronmico do companheiro? R.: Sim, desde que exista impossibilidade de contrarem matrimnio, que tenham vida em comum por mais de 5 anos ou exista filho da unio, e que o companheiro concorde. 55) Em que outras situaes pode o nome ser alterado? R.: Na adoo, no reconhecimento, no casamento, na separao judicial, no divrcio, dentre outros. 56) Que so bens corpreos e incorpreos? R.: So, respectivamente, os bens fsicos (ex.: uma casa) e abstratos (ex.: um direito). 57) Que so bens mveis, semoventes e imveis? R.: So, respectivamente, os que podem ser transportados por movimento prprio ou removidos por fora alheia (ex.: um carro, um vaso), os animais e os que no podem ser transportados sem alterao de sua substncia (ex.: um apartamento). 58) Que so bens fungveis e infungveis? R.: So, respectivamente, os bens mveis que podem ser substitudos por outros de mesma espcie, qualidade e quantidade (ex.: 5 sacos de feijo) e os insubstituveis, por existirem somente se respeitada sua individualidade (ex.: determinada pintura ou escultura). 59) Que so bens consumveis e inconsumveis? R.: So, respectivamente, os bens mveis que se destroem pelo uso (ex.: alimentos em geral) e os durveis (ex.: uma cadeira). 60) Que so bens divisveis e indivisveis? R.: So, respectivamente, aqueles que podem ser fracionados em pores reais (ex.: um terreno) e aqueles que no podem ser fracionados sem se lhes alterar a substncia, ou que, mesmo divisveis, so considerados indivisveis pela lei ou pela vontade das partes (ex.: um livro, um imvel rural de rea inferior ao mdulo rural). 61) Que so bens singulares e coletivos? R.: So, respectivamente, os que se consideram de per si (ex.: um livro) e os agrupados em um conjunto (ex.: uma coleo de moedas). 62) Que so bens principais e acessrios? R.: So, respectivamente, os que existem em si e por si, abstrata ou concretamente, e aqueles cuja existncia supe a existncia do principal (Obs.: em geral, salvo disposio em contrrio, a coisa acessria segue a principal - accessorium sequitur principale). 63) Que so bens particulares e bens pblicos? R.: So, respectivamente, os que pertencem a pessoas naturais ou jurdicas de Direito Privado e os que pertencem a pessoas jurdicas pblicas polticas, Unio, aos Estados e aos Municpios. 64) Que so bens em comrcio e bens fora do comrcio? R.: So, respectivamente, os bens passveis de serem vendidos e os insuscetveis de apreciao (ex.: luz solar) ou inalienveis por lei ou por destinao (ex.: bem de famlia). 65) Que so benfeitorias? R.: So bens acessrios acrescentados ao imvel, que o bem principal. 66) Quais os tipos de benfeitorias existentes? R.: Necessrias (imprescindveis conservao do imvel ou para evitar-lhe a deteriorao), teis (aumentam ou facilitam o uso do imvel) e volupturias (embelezam o imvel, para mero deleite ou recreio). 67) Que so frutos? R.: So bens acessrios que derivam do principal. 68) Quais os tipos de frutos existentes? R.: Naturais (das rvores), industriais (da cultura ou da atividade) e civis (do capital, como os juros). 69) Que tipos de bens so os navios e as aeronaves? R.: So bens sui generis. Necessitam de registro, admitem hipoteca, possuem nacionalidade, alm de nome (o navio) ou marca (a aeronave). No possuem personalidade jurdica, mas so tidos como se a tivessem, sendo ainda centros de relaes e interesses jurdicos. 70) Que bem de famlia? R.: imvel prprio, designado pelo proprietrio, para domiclio de sua famlia, isento de execuo por dvida, exceto de impostos relativos ao imvel. Pode ser voluntrio, quando institudo pelo casal, ou legal, no caso de nico bem da famlia, ou o de menor valor, no caso de a famlia ter mais de um.

1000 perguntas e respostas de Direito Civil71) Que fato jurdico? R.: todo acontecimento derivado do homem ou da natureza que produz conseqncias jurdicas. 72) Que ato jurdico? R.: Conforme nosso CC, todo ato lcito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. 73) Quais os requisitos de validade do ato jurdico? R.: Agente capaz, objeto lcito, livre vontade e forma prescrita (quando exigida) ou no proibida (defesa) em lei. 74) Qual a diferena entre negcio jurdico e ato jurdico? R.: H autores que, adotando a doutrina alem dos pandectistas, empregam a expresso negcio jurdico quando o ato jurdico for tpico de obrigaes e contratos, e ato jurdico para os demais. No Direito brasileiro, a distino no tem maior significado. 75) Quais so os defeitos dos atos jurdicos? R.: Erro, dolo, coao, simulao ou fraude contra credores. 76) Que erro? R.: a falsa noo sobre alguma coisa. "Errar saber mal; ignorar no saber". Ex.: comprar uma escultura de um artista, pensando que de outro. 77) Qual a conseqncia do erro sobre a validade do ato jurdico? R.: Se o erro for substancial ou essencial, o ato jurdico poder ser anulado, como no caso anterior. Se o erro for acidental ou secundrio (comprar uma casa que tenha 26 portas pensando que tinha 27), no ensejar nulidade. 78) Que dolo? R.: o artifcio empregado conscientemente para enganar algum. 79) Qual a conseqncia do dolo sobre a validade do ato jurdico? R.: O dolo com gravidade (dolus malus) enseja anulao do ato jurdico. Mero elogio de vendedor, enaltecendo a coisa (dolus bonus), no considerado dolo e, pois, no enseja a anulao do ato jurdico. 80) Que coao? R.: a violncia fsica e moral que impede a livre manifestao da vontade de pelo menos uma das partes. 81) Qual a conseqncia da coao sobre a validade do ato jurdico? R.: A coao grave enseja anulao do ato jurdico. A ameaa do exerccio normal de um direito ou o simples temor reverencial no so consideradas formas de coao e, pois, no ensejam a anulao do ato jurdico. 82) Que simulao? R.: a declarao enganosa da vontade, geralmente acordada entre as partes, que visam a obter algo diverso do explicitamente indicado, criando-se mera aparncia de direito, para iludir ou prejudicar terceiros ou burlar a lei. 83) Qual a conseqncia da simulao sobre a validade dos atos jurdicos?

3 R.: A simulao, ao impedir a livre manifestao de vontade, enseja anulao do ato jurdico, mas necessrio que algum tenha tido prejuzo ou que a lei tenha sido burlada. 84) Depois de praticarem ato jurdico simulado, as partes passam a discutir entre si e a litigar judicialmente. Alguma delas poder alegar que o ato jurdico foi simulado? R.: Quem criou o vcio no poder argi-lo em juzo. um tradicional princpio de Direito, o de que ningum pode alegar, em seu benefcio, a prpria torpeza. 85) O que fraude contra credores? R.: o ato praticado pelo devedor insolvente ou na iminncia de s-lo, que desfalca seu patrimnio, onerando, alienando ou doando bens, de forma a subtra-los garantia comum dos credores. 86) Quais as condies necessrias para que se reconhea a fraude contra credores? R.: Deve haver acordo entre as partes contratantes (consilium fraudis), e deve ser possvel demonstrar que a celebrao do ato jurdico se destinava a prejudicar terceiros (eventum damni). Se a alienao ocorreu a ttulo gratuito, presume-se a fraude. 87) Como se pode anular o ato jurdico praticado em fraude a credores? R.: Mediante ao prpria, denominada revocatria ou pauliana. 88) O que fraude execuo? R.: a alienao ou a onerao de bens do devedor, quando contra ele j pendia ao fundada em direito real ou corria contra ele demanda capaz de lev-lo insolvncia. Ocorre tambm nos casos expressos em lei. 89) Qual a diferena entre fraude execuo e fraude contra credores? R.: Fraude execuo matria de direito processual. Pouco importa, para sua existncia, que o autor tenha expectativa de sentena favorvel em processo de cognio, ou se portador de ttulo executivo extrajudicial que enseja processo de execuo. Os atos praticados em fraude execuo so ineficazes, podendo os bens ser alcanados por atos de apreenso judicial, independentemente de qualquer ao de natureza declaratria ou constitutiva. Fraude contra credores matria de direito material. Consta de atos praticados pelo devedor, proprietrio de bens ou direitos, a ttulo gratuito ou oneroso, visando a prejudicar o credor em tempo futuro. O credor ainda no ingressou em juzo, pois a obrigao pode ainda no ser exigvel. A exteriorizao da inteno de prejudicar somente se manifestar quando o devedor j se achar na situao de insolvncia. O credor deve provar a inteno do devedor de prejudicar (eventum damni) e o acordo entre o devedor alienante e o adquirente (consilium fraudis). Os atos praticados em fraude contra credores so passveis de anulao por meio de ao apropriada, denominada ao pauliana. Os bens somente retornam ao patrimnio do devedor (e ficaro sujeitos penhora) depois de julgada procedente a ao pauliana. 90) Quais os elementos acessrios ou acidentais dos atos jurdicos? R.: Condio, termo e encargo. 91) O que condio? R.: o evento futuro e incerto ao qual fica subordinado o efeito do ato jurdico.

92) O que termo? R.: o momento em que comeam a valer ou perdem a validade os efeitos do ato jurdico. 93) O que encargo? R.: a obrigao imposta pelo disponente ao favorecido, para que o ato jurdico possa produzir efeitos. 94) Quais os tipos de condio existentes? R.: Causal, simplesmente potestativa, puramente potestativa, mista, suspensiva e resolutiva. 95) O que condio causal? R.: a que depende da ocorrncia de fatos derivados do acaso. 96) O que condio simplesmente potestativa? R.: a que fica ao arbtrio relativo de somente uma das partes. 97) O que condio puramente potestativa? R.: a que fica ao completo arbtrio de uma das partes. O ato jurdico poder ser invalidado se celebrado com esta condio, porque apenas uma das partes manifesta sua vontade, inexistindo acordo de vontades. 98) O que condio mista? R.: a que depende da vontade de uma das partes e tambm da vontade de terceiro. 99) O que condio suspensiva? R.: aquela que subordina a aquisio de um direito a evento futuro e incerto. 100) O que condio resolutiva? R.: aquela que subordina a extino de um direito adquirido ocorrncia de determinado evento. 101) O que ato juridicamente nulo? R.: aquele ao qual falta elemento substancial. 102) Qual a diferena entre ato nulo e ato anulvel? R.: uma diferena de gravidade na falta ou no vcio de algum elemento, a critrio da lei. A nulidade absoluta constitui matria de ordem pblica, argvel a qualquer tempo, por qualquer pessoa, pelo representante do MP e pelo juiz, de ofcio. No admite convalidao nem ratificao. decretada no interesse geral e imprescritvel. A nulidade relativa, que torna o ato anulvel, s pode ser argida pelos interessados, dentro dos prazos previstos. decretada no interesse privado do prejudicado. Admite convalidao e ratificao. 103) O que convalidao? R.: a transformao de ato anulvel em ato plenamente vlido, ocorrendo pela prescrio, pela correo do vcio, pela ratificao, etc. 104) O que ratificao? R.: a aprovao, a confirmao ou a homologao de ato jurdico praticado pela parte contrria, ou de ato anulvel, pela prpria parte. 105) O que ato jurdico inexistente?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: aquele que contm grau de nulidade to relevante, que nem chega a entrar no mundo jurdico, independendo de ao para ser declarado como tal. inconvalidvel. Ex.: casamento entre pessoas do mesmo sexo. 106) O que ato jurdico ineficaz? R.: o ato jurdico perfeito, vlido somente entre as partes, mas que no produz efeitos perante terceiros (ineficcia relativa) ou ento no produz efeito perante ningum (ineficcia absoluta). Ex.: venda de veculo no registrada. 107) Qual a diferena entre nulidade e ineficcia do ato jurdico? R.: A nulidade vcio intrnseco do ato, que o torna defeituoso. A ineficcia ocorre quando fatores externos ao ato, vlido somente entre as partes, impedem a produo de efeitos em relao a terceiros, embora o ato jurdico seja perfeito. 108) Quando que o ato jurdico ser absolutamente nulo? R.: Quando, embora reunindo os elementos essenciais de validade, tiver sido celebrado com infrao a preceito legal obrigatrio, ou contenha clusula contrria ordem pblica ou aos bons costumes, ou ainda, no se tenha revestido da forma expressamente determinada pela lei. A nulidade insanvel. 109) Quando o ato jurdico ser anulvel? R.: Quando praticado por agente relativamente incapaz; quando eivado de vcio resultante de erro, dolo, coao, simulao ou fraude contra credores. 110) O que so atos ilcitos no campo civil? R.: So aqueles praticados por agente, em ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, de forma a violar direitos ou causar prejuzos a outrem. 111) Qual a conseqncia para o agente que praticou ato ilcito? R.: A indenizao vtima pelo agente causador do dano. 112) O que exclui a ilicitude do ato? R.: A legtima defesa e o exerccio regular de um direito reconhecido. Tambm exclui a ilicitude do ato se, praticado a fim de remover perigo iminente, causa destruio de coisa alheia. 113) O que prescrio? R.: a impossibilidade de algum exercer um direito, pelo decurso do tempo ou pela inrcia da parte durante a ao, que perde a oportunidade processual de pleite-lo. 114) Como e onde pode ser argida a prescrio? R.: A prescrio meio de defesa processual indireta, podendo ser alegada pelo interessado em qualquer instncia. 115) O prazo prescricional pode ser interrompido? R.: Pode ser interrompido pelo interessado quando a ao versar sobre direito obrigacional ou sobre direito das coisas. 116) Quais as causas interruptivas da prescrio? R.: A prescrio interrompe-se: a) pela citao pessoal feita ao devedor (em verdade, basta o despacho que ordena a citao); b) pelo protesto (mas no o cambirio); c) pela apresentao do ttulo de crdito em

4 juzo de inventrio ou em concurso de credores; d) por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; e e) por qualquer ato, mesmo extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. 117) Qual a diferena entre interrupo e suspenso de prazos? R.: Na interrupo, o prazo volta a ser contado integralmente quando cessa a causa que lhe deu origem. Na suspenso, a contagem do tempo que ainda faltava, quando comeou. Assim, se o prazo de 15 dias, e a prescrio se interrompe aps decorridos 12 dias, ao ser retomada a contagem, o prazo ser novamente de 15 dias. Se tivesse ocorrido suspenso, seriam contados somente mais 3 dias. 118) Em que casos no correm prazos prescricionais? R.: Entre cnjuges durante o casamento; entre ascendentes e descendentes, durante o ptrio poder; entre tutelados ou curatelados e seus tutores e curadores enquanto durar a tutela e a curatela; em favor daqueles relativamente aos bens confiados sua guarda, quanto aos direitos e obrigaes relativas a estes bens (credor pignoratcio, mandatrio, etc. contra o mandante, o devedor, etc.). Tambm no corre a prescrio contra os incapazes, os ausentes do Brasil em servio pblico da Unio, dos Estados e dos Municpios, contra os militares servindo em tempo de guerra. No corre ainda quando pender condio suspensiva, no estando vencido o prazo e pendendo ao de evico. 119) Quais os prazos prescricionais das aes pessoais e das aes reais? R.: Pessoais - 20 anos; reais - 10 anos entre presentes, 15 anos entre ausentes. Os prazos so contados a partir das datas em que poderiam ter sido propostas as aes. 120) Qual o menor prazo prescricional previsto no CC? R.: 10 dias. o da ao do marido para anular matrimnio contrado com mulher j deflorada. Conta-se a partir da data do casamento. 121) Qual o prazo para o advogado cobrar honorrios devidos por um cliente? R.: 1 ano. O prazo contado a partir do vencimento do contrato de honorrios, da deciso final do processo ou da revogao do mandato. 122) O que decadncia? R.: a perda do direito material do agente que, por inrcia, no o exerce no prazo assinalado. 123) Citar 5 diferenas entre prescrio e decadncia. R.: a) Na prescrio, o direito material extingue-se por via reflexa: perde-se o direito ao para pleite-lo e, portanto, no se consegue exercer o direito material; na, decadncia, perde-se o prprio direito material, por no se ter utilizado tempestivamente da via judicial adequada para pleite-lo; b) a prescrio se suspende e se interrompe. A decadncia no pode ser suspensa nem interrompida; c) a prescrio renuncivel, a decadncia irrenuncivel; d) a prescrio abrange, via de regra, direitos patrimoniais; a decadncia abrange direitos patrimoniais e no patrimoniais; e) a prescrio tem origem na lei; a decadncia, na lei e no ato jurdico. 124) Dar exemplos de prazos decadenciais. R.: Direito de preferncia (3 dias, coisa mvel; 30 dias, coisa imvel); direito a contrair matrimnio, passados 90 dias da data dos proclamas; mandado de segurana, 120 dias; ao rescisria, 2 anos.

CAPTULO II - DIREITO DE FAMLIA 125) O que casamento? R.: a unio permanente de duas pessoas de sexos diferentes, de acordo com normas de ordem pblica e privada, cujo objetivo a constituio da famlia legtima. 126) Quais as formalidades preliminares ao casamento que os nubentes devem cumprir? R.: Os nubentes devero habilitar-se perante o oficial do Registro Civil, apresentando um conjunto de documentos. O oficial lavrar os proclamas do casamento, mediante edital, que ser afixado por 15 dias no prprio cartrio. 127) O que far o oficial se, decorridos 15 dias da afixao dos proclamas, ningum se apresentar para opor impedimento celebrao do casamento? R.: O oficial do cartrio dever certificar aos pretendentes que esto habilitados a casar dentro dos 3 meses imediatos. 128) possvel dispensar-se estas formalidades? R.: Sim, em casos de urgncia, desde que sejam apresentados os documentos. Dentre estes casos de urgncia, mencione-se: um dos nubentes corre risco de vida; a noiva, j grvida, deseja casar-se rapidamente para no revelar seu estado. 129) Que tipos de impedimentos existem relativamente ao casamento? R.: Impedimentos absolutamente dirimentes, impedimentos relativamente dirimentes e impedimentos impedientes. 130) Quais as conseqncias, se for celebrado casamento com infringncia a cada espcie de impedimentos? R.: Absolutamente dirimentes - causam nulidade absoluta; relativamente dirimentes - causam nulidade relativa; impedientes - no tornam o casamento nulo nem anulvel, mas acarretam sanes de natureza civil aos nubentes. 131) Quais os impedimentos absolutamente dirimentes? R.: So os constantes do art. 183, incisos I a VIII. No podem casar: "I ascendentes com descendentes; II - afins em linha reta; III adotante com o cnjuge do adotado e o adotado com o cnjuge do adotante; IV os irmos e os colaterais, at o segundo grau. No terceiro grau de parentesco (tio com sobrinha, por exemplo), permite-se o casamento, com restries; V - o adotado com o filho superveniente da me ou do pai adotivos; VI - as pessoas casadas; VII - o cnjuge adltero com seu co-ru, se ambos condenados por adultrio; VIII - o cnjuge sobrevivente com o condenado pelo homicdio ou tentativa de homicdio contra seu consorte". 132) Quais os impedimentos relativamente dirimentes? R.: So os constantes do art. 183, incisos IX a XII. No podem casar: 'IX - as coatas e as incapazes de consentir ou manifestar seu consentimento; X - o raptor com a raptada enquanto esta no se achar fora de seu poder e em lugar seguro; XI - os sujeitos ao ptrio poder, tutela ou curatela, enquanto no obtiverem ou no lhes for suprido o consentimento do pai, do tutor ou do curador; XII - as mulheres menores de 16 anos e os homens menores de 18 anos". 133) Quais os impedimentos impedientes?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: So os constantes do art. 183, incisos XIII a XVI. No podem casar: "XIII - o vivo ou a viva que tiver filhos do cnjuge falecido, enquanto no for feito o inventrio dos bens do casal e dada partilha aos herdeiros; XIV - a viva, ou a mulher, cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, at 10 meses depois do comeo da viuvez ou da dissoluo da sociedade conjugal, salvo se antes de findo este prazo der luz a algum filho; XV - o tutor ou curador e seus descendentes, ascendentes, irmos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, e no estiverem saldadas as respectivas contas, salvo permisso paterna ou materna manifestada em escrito autntico ou em testamento; XVI - o juiz, ou escrivo e seus descendentes, ascendentes, irmos, cunhados ou sobrinhos, com rfo ou viva da circunscrio territorial onde um e outro tiver exerccio, salvo licena especial da autoridade judiciria superior". 134) Quem pode opor impedimentos absolutamente dirimentes e os relativamente dirimentes do art. 183, incisos I a XII? R.: O oficial do Registro Civil, aquele que presidir celebrao do casamento ou qualquer pessoa maior que apresente declarao escrita assinada juntamente com as provas do fato alegado. 135) Quem pode opor os impedimentos impedientes do art. 183, incisos XIII a XVI? R.: Os parentes, em linha reta, de um dos nubentes, sejam consangneos ou afins, e os colaterais at o segundo grau, consangneos ou afins. 136) Como proceder o oficial do Registro Civil se algum opuser impedimentos celebrao do casamento? R.: Notificar os nubentes ou seus representantes legais do impedimento oposto, e os nubentes devero falar sobre eles, aceitando-os ou repelindo-os. Se o impedimento no foi oposto de ofcio, indicar o nome do opoente. 137) Como podero proceder os nubentes aps receber a notificao? R.: Podero fazer prova contrria ao impedimento oposto e tambm promover ao civil e criminal contra o opoente de m-f. 138) Alguma outra irregularidade, alm das constantes do art.183, incisos I a XII, torna o casamento nulo? R.: O art. 208 do CC dispe que ser tambm nulo casamento contrado perante autoridade incompetente. 139) Esta causa de nulidade poder ser alegada a qualquer tempo? R.: No, somente dentro de 2 anos da celebrao do casamento. 140) Quem poder aleg-la? R.: Dentro do prazo de 2 anos, qualquer interessado poder alegar esta causa de nulidade. Tambm o MP poder aleg-la, exceto se um dos cnjuges j tiver falecido. 141) Quem poder promover a anulao do casamento contrado com infrao ao inciso IX do art. 183? R.: O prprio coato, o incapaz ou seus representantes legais. 142) Como devero proceder os menores de 21 anos que desejarem casar? R.: No sendo emancipados, devero obter o consentimento dos pais.

5 143) E se o pai concordar em dar autorizao filha e a me for contrria? R.: Antes da CF de 1988, prevalecia o disposto no art. 188 do CC, preceituando que, se divergissem os pais, prevaleceria a opinio paterna. Atualmente, necessria a concordncia de ambos, ou, no havendo concordncia, dever haver suprimento judicial da vontade de um deles. 144) Depois do divrcio dos pais, uma jovem passa a viver com a me. Antes dos 21 anos resolve casar-se. O pai contra, a me a favor. Qual dessas vontades prevalece? R.: A da me, cnjuge com quem ficou a filha aps a separao de seus pais. Isto porque o art. 226, 5., da CF, diz que "os direitos e deveres referentes sociedade conjugal so exercidos igualmente pelo homem e pela mulher". O divrcio dissolve a sociedade conjugal. 145) Uma moa menor de 21 anos e maior de 16 anos deseja casar-se, mas tanto seu pai quanto sua me, por motivos absolutamente injustificados, opem-se ao enlace matrimonial. De que forma podero, ela e o noivo, celebrar o casamento de forma a no infringir qualquer dispositivo legal? R.: Havendo negao injusta do consentimento, a noiva pode conseguir que seja suprido por via judicial. 146) Perante qual autoridade judiciria dever ser pedido o suprimento do consentimento dos genitores? R.: Perante o juiz da Vara da Infncia e da Juventude. 147) Se o casamento foi contrado por incapaz, como poder ser convalidado? R.: O prprio incapaz, a partir do momento em que adquirir capacidade, poder ratificar o casamento, tornando-o vlido a partir da data de sua celebrao (efeito ex tunc). 148) O que so efeitos ex tunc e ex nunc? R.: Efeitos ex tunc so aqueles que retroagem data do ato. Efeitos ex nunc so aqueles que s valem para o futuro, no alcanando situaes pretritas. 149) Quem pode requerer a anulao do casamento daqueles que estavam sujeitos ao ptrio poder, tutela ou curatela, que contraram matrimnio sem o respectivo consentimento, conforme exigido pelo inciso XI do art. 183? R.: Somente os titulares do ptrio poder, tutores e curadores, respectivamente, e que no tenham assistido celebrao do casamento. 150) Quem pode requerer a anulao do casamento da menor de 16 anos ou do menor de 18 anos? R.: O prprio cnjuge menor, seus representantes legais, os parentes em linha reta e os colaterais at segundo grau. 151) Poder ser celebrado o casamento de rapaz de 18 anos com moa de 14 anos a quem engravidou? R.: Sim. Para evitar a imposio ou o cumprimento de pena criminal, o casamento poder ser celebrado. 152) Dois menores de idade casam-se, infringindo o disposto no art. 183, inciso XI. Os pais da moa requerem a anulao do casamento.

Enquanto tramita a ao, a moa engravida. Poder o casamento ser anulado? R.: O casamento de que resultou gravidez no poder ser anulado, no prosperando, pois, a ao dos pais. 153) Sob que condies poder casar-se o prdigo? R.: Com o consentimento de seu curador, se desejar casar-se em regime diverso do da separao de bens. 154) Alguma outra irregularidade, alm das constantes dos incisos IX a XII do art. 183, poder tornar o casamento anulvel? R.: Se houver, por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial sobre a pessoa do outro cnjuge, o casamento poder ser anulado. 155) O que erro essencial sobre a pessoa? R.: H vrias hipteses, indicadas pela lei e acolhidas pela jurisprudncia. Ex.: engano sobre a identidade do outro cnjuge, sobre sua honra e boa fama, ignorncia de defeito fsico irremedivel ou de doena grave transmissvel, ignorncia sobre prtica de crime inafianvel j tendo sido o cnjuge condenado por sentena transitada em julgado, defloramento da mulher ignorado pelo marido. 156) Quem tem legitimidade jurdica para propor a anulao do casamento, se ocorreu erro fundamental sobre a pessoa? R.: Somente o cnjuge enganado. 157) Quais os prazos para serem alegados nas hipteses de nubente j deflorada, falta de consentimento, coacto ou incapaz, erro essencial sobre a pessoa? R.: Respectivamente: 10 dias; 3 meses; 6 meses; 2 anos. So todos prazos decadenciais. 158) O que casamento inexistente? R.: aquele celebrado com grau de nulidade to relevante, que nem chega a ingressar no mundo jurdico, no sendo necessrio, via de regra, propor ao judicial para ser declarado sem efeito. Ex.: casamento celebrado entre vrias pessoas; casamento celebrado entre pessoas do mesmo sexo. 159) A nulidade do casamento pode ser decretada ex officio? R.: No. Dever ser proposta ao ordinria, especialmente ajuizada para este fim. Sendo ao de estado, dever intervir necessariamente o MP. O juiz dever apelar de ofcio. A sentena de nulidade declaratria, produzindo efeitos ex tunc, ou seja, retroativos. A sentena de anulabilidade constitutiva negativa, produzindo efeitos ex nunc, isto , somente a partir do momento em que transitar em julgado. 160) Quais as penas aplicveis aos vivos se se casarem antes de fazer inventrio e derem partilha dos bens aos herdeiros? R.: Os vivos que assim agirem, perdero o direito ao usufruto dos respectivos bens. 161) Quais as penas aplicveis aos nubentes que se casarem infringindo quaisquer dos incisos XI a XVI do art. 183? R.: Sero obrigados a adotar o regime da separao de bens. Alm disso, esto impedidos de fazer doaes um ao outro.

1000 perguntas e respostas de Direito Civil162) H outras pessoas que podem sofrer penas pela infrao aos dispositivos legais referentes ao casamento, alm dos nubentes? R.: Tutor, curador, oficial do Registro e juiz, conforme o caso. 163) Quais so os deveres conjugais? R.: Fidelidade recproca, vida em comum no domiclio conjugal, mtua assistncia, sustento, guarda e educao dos filhos. 164) Quais as conseqncias da anulao do casamento por culpa de um dos cnjuges? R.: O culpado perder todas as vantagens havidas do cnjuge inocente, alm de obrigar-se a cumprir as promessas feitas no pacto antenupcial. 165) Como pode ser celebrado o casamento? R.: O casamento civil comum celebrado perante o juiz de casamentos; o casamento consular o realizado perante autoridade consular ou diplomtica do pas de origem dos nubentes, se de mesma nacionalidade; o casamento pode ser realizado por procurao; o casamento religioso dever ser registrado perante a autoridade civil. 166) O que casamento in extremis? R.: Tambm denominado casamento nuncupativo, o celebrado pelos prprios nubentes, perante 6 testemunhas, quando um dos contraentes estiver em risco de vida, no havendo mais tempo para a habilitao e a celebrao regular das npcias. 167) O que casamento putativo? R.: o casamento nulo ou anulvel, contrado de boa-f, por pelo menos um dos cnjuges, do qual tenha resultado filho comum, sendo reputado pelas partes ou por terceiros como celebrado de acordo com a lei. 168) Quais as conseqncias do casamento putativo? R.: Em relao aos filhos e ao contraente de boa-f, produz os mesmos efeitos do casamento vlido e, em relao ao cnjuge que agiu de mf, perder as vantagens havidas do cnjuge inocente. 169) O que regime de bens entre os cnjuges? R.: o complexo de normas jurdicas que disciplinam as relaes econmicas entre marido e mulher durante o matrimnio. Adotado determinado regime de bens, passa ele a vigorar a partir da data do casamento e , em princpio, inaltervel. 170) O que pacto antenupcial? R.: a conveno escrita e formal, celebrada por meio de escritura pblica entre os nubentes, antes do casamento, sujeita condio suspensiva, que dispor sobre o regime de bens. Ser eficaz somente a partir da data da celebrao do casamento, devendo ser averbado no Cartrio de Registro de Imveis. 171) Em que casos ser possvel alterar o regime de bens? R.: Se houver bens adquiridos na constncia do casamento pelo esforo comum de ambos os cnjuges, mesmo se casados em regime de separao de bens, os aqestos comunicar-se-o. Ainda, se um dos cnjuges, legalmente obrigado a casar-se em determinado regime, contrai matrimnio sob outro regime de bens, por dolo. 172) Qual o regime legal habitual de bens, no havendo conveno entre as partes?

6 R.: Inexistindo pacto antenupcial, o regime de bens ser o da comunho parcial, excetuado o disposto no art. 238 do CC. 173) Quais os regimes de bens adotados no Brasil? R.: Comunho parcial, comunho universal, separao e dotal. 174) Quais as modalidades possveis na separao de bens? R.: Pode ser plena, declarando ambos os nubentes, no pacto antenupcial, que no se comunicam os bens anteriores ao casamento, nem se comunicaro os posteriores, pertencendo os bens sempre a um ou outro. Pode tambm ser restrita ou limitada, em que apenas os bens adquiridos antes do casamento no se comunicam. 175) Quando ser obrigatrio o regime de separao restrita de bens? R.: A separao legal de bens exigida: a) no caso de o nubente ter mais de 60 anos e de a nubente ter mais de 50 anos (exceto se viveram juntos por mais de 10 anos antes da Lei do Divrcio, de 28.06.1977, ou se da unio resultaram filhos); b) no caso de os nubentes necessitarem de autorizao judicial para casar; c) no caso de vivo ou viva que tiver tido filho com o cnjuge falecido enquanto no der partilha aos herdeiros. 176) Em que consiste o regime dotal? R.: aquele no qual certo conjunto de bens da mulher transferido ao marido, a fim de que este o administre e lhe utilize os frutos e rendimentos para a mantena da famlia. 177) Quais as classes de bens existentes no regime dotal? R.: Bens dotais, administrados pelo marido; bens exclusivamente do marido; bens exclusivamente da mulher, que no fazem parte do dote (bens parafernais). 178) Quais os bens ou direitos incomunicveis, mesmo no regime de comunho universal de bens? R.: Os bens recebidos em doao, com clusula de incomunicabilidade, as dvidas anteriores ao casamento, as obrigaes provenientes da prtica de ato ilcito, a fiana prestada por um cnjuge sem a autorizao do outro, os bens reservados e os direitos de autor. 179) O que so bens reservados? R.: So os pertencentes exclusivamente mulher, por terem sido adquiridos com o produto de seu trabalho. No integram a comunho e independem do regime de bens adotado no casamento. 180) No casamento celebrado em regime de comunho universal, como os salrios, as penses, o lucro e o pro labore do marido e da mulher integram o acervo de bens do casal? R.: Os da mulher nunca integram o acervo comum. Os do homem so destinados aos encargos da famlia. As sobras dos rendimentos do homem integraro o acervo comum, exceto por estipulao em contrrio, estabelecida no pacto antenupcial. 181) No casamento celebrado em regime de comunho parcial de bens, como os salrios, as penses, o lucro e o pro labore do marido e da mulher integram o acervo de bens do casal? R.: Os rendimentos da mulher nunca integram o acervo comum, mas os do marido entram totalmente para o conjunto de bens do casal. Os rendimentos da mulher so considerados bens reservados.

182) Quais as conseqncias da separao judicial? R.: A separao judicial pe fim aos deveres conjugais e ao regime matrimonial de bens, mantendo-se, porm, o vnculo matrimonial. 183) Qual a conseqncia de manter-se o vnculo matrimonial? R.: Se os cnjuges desejarem reverter a separao judicial, no precisaro celebrar novo casamento, bastando peticionar ao juiz. A sentena de separao judicial s transita em julgado formalmente, e no materialmente. 184) Como se extingue a sociedade conjugal? R.: a) pela morte de um dos cnjuges; b) pela nulidade ou anulao do casamento; c) pela separao judicial; d) pelo divrcio. 185) Como se extingue o casamento vlido? R.: a) pela morte de um dos cnjuges; b) pelo divrcio. 186) Quais os tipos de separao judicial? R.: Consensual (ou amigvel) e litigiosa (ou contenciosa). 187) Como feita a separao consensual? R.: feita por acordo entre os cnjuges, podendo ser requerida somente aps 2 anos do casamento. O pedido conter a descrio dos bens do casal, a partilha, o acordo sobre a guarda e a penso dos filhos e da mulher, se for o caso. No necessrio fazer meno causa da separao. No chegando os separandos a um acordo sobre a partilha dos bens, esta poder ser feita posteriormente. O representante do MP dar parecer sobre o pedido, e o juiz proferir sentena homologatria depois de tentar reconciliar os cnjuges. A falta de tentativa de conciliao causa de nulidade processual. 188) Quando pedida a separao litigiosa? R.: Pode ser pedida quando um dos cnjuges imputa a outro conduta desonrosa ou grave violao dos deveres do casamento (art. 50, caput da Lei do Divrcio), quando ocorre a ruptura da vida em comum por mais de 1 ano (art. 5., 1.), ou ainda quando um dos cnjuges estiver acometido de grave enfermidade mental, de cura improvvel, manifestada aps o casamento, que j dure mais de 5 anos. A ao proposta, via de regra, no foro de domicilio da mulher. 189) Dissolvida a sociedade conjugal, cessar tambm, para sempre, o dever de mtua assistncia? R.: Sim, exceto nos seguintes casos: a) conveno sobre alimentos, celebrada entre as partes por ocasio da separao consensual; b) alimentos concedidos em carter indenizatrio, quando reconhecida a culpa de um dos cnjuges pela separao, na separao litigiosa; c) supervenincia de estado de necessidade de um dos cnjuges, desde que no declarado culpado pela separao. 190) Como feita a converso da separao judicial em divrcio? R.: Pode ser feita unilateralmente por requerimento de um dos cnjuges, decorridos um ano ou mais da decretao da separao judicial, mantidas, em geral, as clusulas anteriores. A partilha dos bens dever ser decidida antes da concesso do divrcio. 191) Qual a conseqncia do divrcio? R.: A dissoluo definitiva do vnculo conjugal. 192) Quem tem legitimidade para propor ao de divrcio?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: Somente os cnjuges. Por exceo, nos casos de incapacidade, podem prop-la seus ascendentes, irmos ou curador. 193) Que divrcio direto? R.: o proposto aps a ruptura da vida em comum por mais de 2 anos, sem anterior separao judicial. 194) O que concubinato? R.: a unio estvel entre homem e mulher, no ligados entre si por vnculo matrimonial. 195) O concubinato s existe se os concubinos habitam sob o mesmo teto? R.: No. Reconhece-se, atualmente, a existncia de concubinato, coabitando ou no os concubinos (Smula n. 382 do STF). 196) Quais os requisitos para o reconhecimento do concubinato? R.: Deve haver certa estabilidade, affectio maritalis entre os concubinos, apresentao pblica como casal casado, etc. 197) Qual a diferenciao feita pela jurisprudncia relativamente concubina-companheira e concubina-amante? R.: A primeira ocupa o lugar da esposa de fato, sendo amparada quanto ao destino dos bens do companheiro, penso, etc. A segunda incorre nas proibies do CC no caso de o companheiro ser casado, no podendo receber dele doaes, seguro de vida ou herana. 198) Pode o concubinato ser dissolvido judicialmente? R.: Se do esforo comum resultou patrimnio, qualquer dos concubinos pode pleitear a dissoluo da sociedade de fato e a partilha dos bens. o disposto na Smula n. 380 do STF. A ao era anteriormente ajuizada em Vara Cvel, como se se tratasse de sociedade comercial de fato. A Lei n. 9.278/96, que alterou a competncia ratione materiae, determina que a ao seja ajuizada na Vara de Famlia e Sucesses. 199) necessrio que a concubina prove sua contribuio aquisio de bens para ter direito partilha? R.: Se puder fazer a prova, ter direito, sem qualquer dvida. Corrente majoritria da atual jurisprudncia concede concubina, que somente permaneceu no lar, direito partilha. Quando os concubinos provm de classes economicamente menos favorecidas, h presuno relativa do esforo comum. 200) Qual a base jurdica para a concesso de indenizao por servios domsticos prestados pela concubina? R.: Considera-se, primeiramente, que no pode haver locupletamento do concubino custa da companheira. A deciso, feita por arbitramento, baseada na responsabilidade civil. Como tal, leva em conta a situao dos concubinos, o tempo de convivncia, os costumes e usos locais, o tipo e a qualidade dos servios prestados, etc. Adotam-se solues baseadas na eqidade. 201) Qual o objetivo da Lei n. 9.278, de 10.05.1996, sobre a relao concubinria? R.: A lei visa regulamentao do 3. do art. 226 da CF de 1988, cujo teor : "Para efeito da proteo do Estado, reconhecida a unio estvel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua converso em casamento". Destina-se a regular a

7 convivncia entre homem e mulher com a finalidade de constituir famlia. 202) Pelo texto desta Lei, que tipo de unio concubinria reconhecida como entidade familiar? R.: Aquela em que homem e mulher convivem de forma duradoura, pblica e contnua, visando constituio de famlia. 203) Quais os direitos e deveres recprocos entre os concubinos? R.: Respeito e considerao mtuos, assistncia moral e material recproca e guarda, sustento e educao dos filhos comuns. 204) Como sero considerados os bens mveis e imveis, adquiridos por um ou por ambos os concubinos, durante a unio, a ttulo oneroso? R.: presuno legal que os bens sero considerados como fruto do trabalho e da colaborao comum, passando a pertencer a ambos em condomnio e em partes iguais. 205) Desejando um dos conviventes conservar em seu patrimnio exclusivo bem adquirido na vigncia da unio estvel, como dever proceder? R.: Dever obter a anuncia do outro, estipulando, por meio de documento escrito, a inteno em no haver o bem em condomnio, conservando-o em seu prprio patrimnio. 206) Se um dos conviventes j possua determinado bem, antes da unio concubinria, e o aliena, comprando outro bem, com o produto da venda do primeiro, passar a haver o novo bem em condomnio com o outro convivente? R.: No. O 1. do art. 5. da Lei expressamente considera que, nesse caso, o novo bem continuar a pertencer com exclusividade quele que alienou o bem anterior e, com o produto da venda, adquirir outro bem. Opera-se a sub-rogao real, exatamente conforme o CC, art. 269, II. 207) A quem compete a administrao do patrimnio comum dos conviventes? R.: A ambos, salvo estipulao contrria, expressa em contrato escrito. 208) Dissolvida a unio estvel por resciso, quem dever prestar assistncia a ttulo de alimentos? R.: Qualquer dos conviventes dever prestar assistncia, a ttulo de alimentos, ao que dela necessitar. 209) Que direito assiste ao convivente sobre a residncia da famlia, em caso de falecimento do outro convivente? R.: O sobrevivente ter direito real de habitao enquanto viver ou no constituir nova unio ou casamento. Este direito, alis, j assistiu ao convivente relativamente locao do imvel (Lei n. 8.245/91). 210) De que forma a unio estvel pode ser convertida em casamento? R.: Mediante requerimento dos conviventes ao oficial do Registro Civil da circunscrio de seu domiclio, peticionando, conjuntamente, a qualquer tempo. 211) Qual o juzo competente para julgar matria relativa unio estvel entre homem e mulher? R.: A competncia, que era das Varas Cveis comuns, para resolver questes patrimoniais, passa a ser exclusivamente do juzo da Vara de Famlia e Sucesses, conforme dispe a Lei n. 9.278/96.

212) Correr em segredo de Justia o feito relativo unio estvel entre homem e mulher? R.: O segredo de Justia assegurado, bastando requerimento do interessado. 213) De que formas uma pessoa se relaciona com a famlia? R.: Pelo parentesco, pelo vnculo conjugal e pela afinidade. 214) O que parentesco? R.: a relao familiar, que comea com o nascimento, em que as pessoas derivam de tronco comum. o chamado vnculo pelo sangue (vinculum sanguinis). 215) O que vnculo conjugal? R.: a relao familiar, existente entre os cnjuges, que se inicia com o casamento. 216) O que afinidade? R.: a relao familiar, que se inicia pelo casamento, no pelo sangue. Ocorre entre pessoas relacionadas pelo matrimnio (vnculo no sangneo), a um dos cnjuges, ou a seus descendentes ou ascendentes. 217) Quais os tipos de parentesco? R.: Legtimo ou ilegtimo, segundo resulte ou no de casamento; natural, que resulta da consanginidade; e civil, que resulta da adoo. 218) O que parentesco em linha reta e parentesco em linha colateral? R.: Em linha reta, o que existe entre ascendentes e descendentes. Colateral o que descende do mesmo tronco, mas no diretamente. 219) Como so classificados os irmos, conforme provenham de mesmos pais ou de pais diferentes? R.: Se filhos de mesmo pai e me, so germanos ou bilaterais; se de mesmo pai, mas de mes diferentes, sero irmos unilaterais consangneos; se de mesma me, mas de pais diferentes, sero unilaterais uterinos. 220) Qual o grau de parentesco entre: neto e av, sobrinho e tio, tio-av, sobrinho-neto e primos-irmos? R.: Entre neto e av: 2. grau (sobe em linha reta); entre sobrinho e tio: 3. grau (sobe at o ascendente comum, no caso o av, e desce em linha reta, at o sobrinho); entre tio-av e sobrinho-neto: 3. grau (sobe at o ascendente comum, e desce em linha reta, at o sobrinho-neto); entre primos-irmos, isto , filhos de dois irmos ou irms de mesmos pais: 4. grau (sobe at o av e desce em linha reta, at o outro primo). 221) O que so filhos legtimos e ilegtimos? R.: Legtimos so os havidos do casamento; ilegtimos, os havidos fora dele. 222) Os filhos ilegtimos podem ser de que tipo? R.: Podem ser naturais, se houver impedimento absoluto para o casamento dos genitores, e esprios, se inexistir impedimento absoluto. 223) Os filhos esprios podem ser de que tipo? R.: Podem ser adulterinos, quando um dos genitores era casado, e incestuosos, quando entre os genitores existir parentesco que constitua

1000 perguntas e respostas de Direito Civilimpedimento para a celebrao do casamento, como a unio entre irmo. 224) A quem cabe contestar a legitimidade dos filhos nascidos durante a vigncia do casamento? R.: Cabe privativamente ao marido, 225) Como podem ser legitimados os filhos ilegtimos? R.: Pelo matrimnio dos genitores. 226) No Direito brasileiro, existe distino entre os vrios tipos de filhos? R.: A CF de 1988, no art. 227, 6., aboliu a distino entre toda e qualquer categoria de filhos. A distino tem interesse doutrinrio e prtico por razes de natureza econmica. 227) Como podem ser reconhecidos os filhos? R.: Podem ser reconhecidos a qualquer tempo, mesmo na constncia da sociedade conjugal. 228) Quem pode promover ao de investigao de paternidade? R.: Aquele que desejar ver reconhecido seu direito filiao, independentemente de um dos genitores estar ou no casado. No Direito anterior, o filho adulterino s poderia faz-lo aps a dissoluo do casamento de qualquer de seus genitores verdadeiros. 229) Qual a finalidade da adoo? R.: A adoo instituto de carter filantrpico, humanitrio que, de um lado, permite a adultos a criao de filhos deles no havidos naturalmente e, de outro o socorro a pessoas desamparadas, oriundas de pais desconhecidos ou sem recursos. 230) Quais os sistemas previstos para a adoo em nosso sistema jurdico? R.: O sistema da Lei n. 8.069/90, chamado de Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) e o do CC. 231) O que regula o ECA? R.: Regula a adoo de menores at 18 anos, na data do pedido, ou de idade superior, se j sob guarda ou tutela dos adotantes. 232) Quem o ECA considera criana e quem considera adolescente? R.: Criana, at 12 anos incompletos; adolescente, entre 12 e 18 anos. 233) Como o procedimento de adoo pelo ECA? R.: Constitui-se por sentena judicial (Juiz da Vara da Infncia e da Juventude), o que atribui ao adotado a condio de filho, dele se exigindo os mesmos deveres e conferindo-lhe os mesmos direitos que teria se tivesse nascido do adotante, inclusive os sucessrios. Rompem-se os vnculos com os pais verdadeiros, exceto os impedimentos matrimoniais. A adoo irrevogvel, cancelando-se o registro original do menor e substituindo-o por outro, em que constam os nomes dos pais adotivos e, como avs, os nomes dos pais destes. 234) Quem pode adotar? R.: Maior de 21 anos, qualquer que seja seu estado civil, desde que pelo menos 16 anos mais velho que o adotado.

8 235) O que o sistema do CC regula quanto s crianas e aos adolescentes? R.: Continua em vigor naquilo que no foi revogado pelo ECA. Em termos prticos, restou quase que somente a adoo do maior de 18 anos. 236) A quem atribui a lei o dever de assegurar a efetividade dos direitos proteo integral da criana e do adolescente? R.: famlia, comunidade, sociedade em geral e ao Poder Pblico. 237) Que fatores devem ser levados em conta na interpretao deste dispositivo legal? R.: Os fins sociais aos quais se dirige a lei, as exigncias do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condio peculiar da criana e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. 238) A que rgo devem ser comunicados suspeita ou confirmao de maus-tratos contra criana ou adolescente? R.: Ao Conselho Tutelar da respectiva comunidade, sem prejuzo de outras providncias legais. 239) Em que consiste o direito liberdade da criana e do adolescente? R.: Consiste em: ir, vir e estar nos logradouros pblicos e espaos comunitrios, ressalvadas as restries legais; expressar suas opinies; liberdade de crena e culto religioso; brincar, praticar esportes e divertir-se; participar da vida comunitria; participar da vida poltica, na forma da lei; buscar refgio, auxlio e orientao. 240) Em que consiste o direito ao respeito da criana e do adolescente? R.: Consiste na inviolabilidade de sua integridade fsica, psquica e moral, o que abrange a preservao da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idias e crenas, dos espaos e objetos pessoais. 241) A quem incumbe o ptrio poder entre os adotantes? R.: O ptrio poder ser exercido, em igualdade de condies, pelo pai e pela me adotivos na forma da legislao civil. 242) Discordando entre si os adotantes, como podero proceder? R.: Podero recorrer autoridade judiciria competente para a soluo da divergncia. 243) A falta de recursos materiais constitui causa para a perda ou a suspenso do ptrio poder? R.: No. A falta ou a carncia de recursos materiais no constituem, por si ss, motivos suficientes para a perda ou a suspenso do ptrio poder. 244) De que forma pode criana ou adolescente ser colocado em famlia substituta? R.: De 3 formas: guarda, tutela ou adoo 245) No pedido de guarda, tutela ou adoo, o que dever ser levado em conta pelo juiz? R.: Os graus de parentesco e a relao de afinidade ou de afetividade. 246) De que formas podem a criana ou adolescente ser colocados em famlia substituta estrangeira? R.: Somente por adoo. 247) Quais os deveres e direitos conferidos ao guardio?

R.: A guarda obriga o guardio assistncia material, moral e educacional criana ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. 248) A que se destina a guarda? R.: Destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos processos de tutela e adoo, exceto nos de adoo por estrangeiros. 249) Em que casos pode ser a guarda deferida fora dos casos de tutela e adoo? R.: Pode ser deferida para atender a situaes peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou do responsvel, podendo ser deferido o direito de representao para a prtica de determinados atos. 250) Quais os direitos conferidos pela guarda criana ou ao adolescente? R.: A guarda confere a condio de dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive os previdencirios. 251) A guarda revogvel? R.: A guarda poder ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o MP. 252) At que idade poder ser deferida a tutela? R.: At os 21 anos incompletos, isto , idade superior idade limite da adolescncia (18 anos). 253) Quem est impedido de adotar? R.: No podem adotar os ascendentes e os irmos do adotando, os menores de 21 anos, o adotante que tenha 16 anos a menos que o adotado. 254) Poder ser deferida adoo a concubinos? R.: Sim, desde que pelo menos um deles j tenha completado 21 anos, que ambos sejam pelo menos 16 anos mais velhos que o adotando, e seja comprovada a estabilidade familiar. 255) Poder ser deferida adoo conjunta a casal divorciado ou judicialmente separado? R.: Sim, desde que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estgio de convivncia tenha sido iniciado na constncia da sociedade conjugal. 256) Poder ser deferida adoo quele que vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentena? R.: Sim, desde que tenha manifestado nos autos, de forma inequvoca, sua inteno de adotar. 257) Pelo Estatuto, o que proibido vender a crianas e adolescentes? R.: Armas, munies, explosivos, bebidas alcolicas, produtos que causem dependncia, fogos de artifcio perigosos, revistas e publicaes, contendo material imprprio ou inadequado, e bilhetes lotricos e equivalentes. Tambm vedada a hospedagem de criana ou adolescente em hotel, motel, penso ou estabelecimento congnere, se desacompanhados pelos pais ou responsvel. 258) permitida viagem de criana ou adolescente para fora da comarca onde reside, desacompanhado dos pais ou responsvel?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: Em princpio, somente poder viajar com autorizao judicial. 259) permitida viagem, dentro do Brasil, de criana ou adolescente, se acompanhado por algum parente ou pessoa maior? R.: Sim, desde que o parente seja ascendente ou colateral maior, at o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco. Se o acompanhante for pessoa maior, dever portar autorizao escrita do pai, da me ou do responsvel. 260) Poder a autoridade judiciria conceder autorizao para viajar a pedido dos pais ou responsvel? R.: Sim, por perodo mximo de 2 anos. 261) Em que condies poder a criana ou o adolescente viajar para fora do pas sem autorizao judicial? R.: Somente quando acompanhada por ambos os pais ou pelo responsvel. 262) Ser permitida viagem de criana ou adolescente ao exterior se acompanhada somente por um dos pais? R.: Sim, desde que o acompanhante receba autorizao do cnjuge ou concubino, expressa e escrita com firma reconhecida. 263) Ser permitida a viagem de criana ou adolescente nascido em territrio nacional em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior? R.: Somente mediante prvia e expressa autorizao judicial. 264) Quem fiscaliza a atuao das entidades governamentais e nogovernamentais, responsveis pela poltica de atendimento dos direitos da criana e do adolescente? R.: O Poder Judicirio, o MP e os Conselhos Tutelares. 265) Em que casos se aplicam as medidas de proteo criana e ao adolescente? R.: Sempre que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaados ou violados por ao ou omisso da sociedade ou do Estado, por falta, omisso ou abuso dos pais ou do responsvel, ou em razo da conduta da criana ou do adolescente. 266) Como o procedimento de adoo pelo CC? R.: A adoo feita por meio de escritura pblica, averbada margem do assento de nascimento, no Registro Civil. 267) Quem pode adotar, segundo o sistema do CC? R.: Pessoas de mais de 30 anos, pelo menos 16 anos mais velhas do que o adotante, qualquer que seja seu estado civil. Se casado, s poder adotar aps 5 anos de casamento, tendo ou no filhos. 268) Quais as peculiaridade da adoo segundo o sistema do CC? R.: A adoo revogvel, por ato unilateral do adotado, deciso que deve ser tomada no ano seguinte ao ano em que cessar a menoridade, ou por acordo entre adotado e adotante, ou ainda nos casos em que a lei prev a deserdao. Se o adotado falecer sem descendentes, seus herdeiros sero os pais verdadeiros, e no os adotivos. Os adotivos s herdaro se no existirem pais naturais. 269) O que ptrio poder?

9 R.: o conjunto de obrigaes e direitos indelegveis, a cargo dos pais, ou de um deles, destinados proteo da pessoa e dos bens dos filhos menores. Na constncia do casamento, exercido igualmente pelo pai e pela me. Havendo discordncia entre eles, a controvrsia poder ser resolvida por via judicial. Na falta ou impedimento de um dos genitores, o outro exercer o ptrio poder com exclusividade. 270) O que tutela? R.: o encargo pelo qual menores cujos pais faleceram ou foram declarados ausentes, ou ainda, dos quais foi retirado o ptrio poder, so colocados sob a guarda de tutor, que dever defender a pessoa, os bens e os direitos do menor, devendo ainda prestar contar e oferecer garantias. 271) Quais os tipos de tutela existentes? R.: Existem 4 tipos de tutela: testamentria ser nomeado o tutor em disposio de ltima vontade; legtima quando o encargo for atribudo a parente consangneo do menor, segundo ordem legal de preferncia; dativa exercida por pessoa estranha famlia do menor, nomeada judicialmente; especial admitida pela jurisprudncia nos casos em que os pais do menor se encontram impedidos, em local distante ou ignorado, sem possibilidade de oferecer proteo aos filhos. 272) Quem exerce o ptrio poder na tutela? R.: Na testamentria, na legtima e na dativa, o tutor, com exclusividade; na especial, o tutor exerce o ptrio poder em conjunto com os pais, suprindo as deficincias. 273) O que curatela? R.: o encargo pelo qual pessoas incapazes so assistidas ou representadas por um curador, cuja funo defender pessoas e bens, ou somente bens. 274) Quais as semelhanas e as diferenas entre a tutela e a curatela? R.: O tutor e o curador tm as mesmas responsabilidades. O tutor nomeado somente para menores. O curador geralmente nomeado para defender maiores incapazes (ex.: loucos, prdigos) ou para velar por certos interesses (ex.: fundaes privadas). 275) Do ponto de vista jurdico, em que consiste a ausncia? R.: o desaparecimento de algum do domiclio habitual, sem deixar representante ou procurador, e sem que dele se tenham notcias, por perodo de tempo previsto em lei. 276) Qual a soluo dada pela lei brasileira ao instituto da ausncia? R.: Nomeia-se judicialmente um curador de ausentes, e publicam-se editais durante um ano, a cada 2 meses. No comparecendo o ausente, abre-se a sucesso provisria, que perdura por 10 anos, ou por 5 anos se o ausente contar 80 anos de idade ou mais. Os herdeiros entraro na posse dos bens, devendo prestar garantia pignoratcia ou hipotecria, pois o ausente poder retornar, dentro do prazo de 10 ou de 5 anos, conforme o caso. Aps este prazo, podem os herdeiros requerer a sucesso definitiva, cancelando-se as garantias pignoratcias ou hipotecrias. Se o ausente retornar aps o decurso do prazo fixado, no mais ter direito a seus bens. 277) Permite a lei ao cnjuge do ausente, judicialmente declarado como tal, a convolao de novas npcias?

R.: No permite, porque a declarao de ausncia equivale morte presumida, no morte real. O cnjuge do ausente continua com o estado civil de casado(a), no adquirindo o de vivo(a). 278) O que so alimentos provisrios? R.: So os fixados imediatamente pelo juiz, a ttulo precrio, ao despachar a petio inicial de separao. 279) O que so alimentos provisionais? R.: So aqueles pedidos pelo cnjuge financeiramente mais fraco, antes ou ao propor ao de separao judicial, de nulidade do casamento ou de divrcio, para permitir-lhe a mantena antes do julgamento definitivo da lide. CAPTULO III - DIREITO DAS COISAS 280) Em que consiste o direito das coisas (ou direito real)? R.: Consiste no complexo de normas disciplinadoras das relaes jurdicas referentes aos bens corpreos, suscetveis de apreciao econmica, apropriveis pelo homem. 281) Quais os elementos essenciais que caracterizam os direitos reais? R.: O sujeito ativo da relao jurdica (o homem), o objeto do direito (a coisa) e a inflexo imediata do sujeito ativo sobre a coisa (poder direto do indivduo sobre a coisa). 282) O que distingue os direitos reais dos pessoais? R.: Os direitos reais evidenciam a apropriao de riquezas, tendo por objeto bens materiais, sendo ainda oponveis erga omnes (contra todos). So direitos absolutos, asseguram a seus titulares direito de seqela e direito de preferncia. No caso dos direitos pessoais, o trao caracterstico a relao direta de pessoa a pessoa, que vincula somente um ao outro e no a terceiros, no diretamente envolvidos na relao obrigacional, sendo, por isso, direito relativo. Consiste na prtica de um ato ou na absteno de pratic-lo. 283) Quais as espcies de direitos reais? R.: Os direitos reais podem incidir sobre coisa prpria (propriedade) ou sobre coisa alheia. Os direitos sobre coisa alheia podem ser de posse, de gozo (enfiteuse, servido predial, usufruto, uso, habitao e renda real), de garantia (penhor, hipoteca, anticrese) ou de aquisio (compromisso de compra e venda). 284) O que posse? R.: a deteno da coisa em nome prprio. 285) Que tipo de direito a posse? R.: Segundo a teoria dominante, de Jhering, acolhida pelo CC brasileiro, a posse direito real. A teoria de Savigny, contestada por Jhering, de que a posse um fato, que produz conseqncias jurdicas, classificando-se como direito pessoal. 286) Em que consistem as teorias de Savigny e de Jhering sobre a posse? R.: Para Savigny, dois so os elementos constitutivos da posse: o poder fsico (corpus) sobre a coisa e a inteno de t-la como sua (animus). No suficiente a mera deteno da coisa. Para Savigny, a posse mero fato, independente das regras de direito, mas que produz conseqncias jurdicas. Por esta teoria, posse simultaneamente fato e direito. Para Jhering, o elemento importante o corpus, elemento visvel e suscetvel

1000 perguntas e respostas de Direito Civilde comprovao. O elemento intencional encontra-se implcito no poder de fato exercido sobre a coisa. Para Jhering, a posse um direito, que goza de proteo jurdica. 287) O que posse direta e posse indireta? R.: Posse direta a exercida por aquele que detm materialmente a coisa. Posse indireta a do proprietrio, que concedeu ao possuidor o direito de exercer a posse. 288) O que posse justa e posse injusta? R.: Posse justa a obtida por meios no violentos, nem clandestinos e nem precrios. Inversamente, posse injusta a obtida por meios violentos, clandestinos ou precrios. 289) O que posse de boa-f e posse de m-f? R.: Posse de boa-f aquela na qual o possuidor a exerce, ignorando o vcio ou o obstculo que impede a aquisio da coisa ou do direito possudo. Posse de m-f a exercida, apesar de o possuidor ter conhecimento do vcio ou do obstculo aquisio da coisa ou do direito possudo. Presume-se de boa-f a posse daquele que tem justo ttulo. 290) Qual a importncia prtica de se fazer a distino entre as posses de boa e de m-f? R.: A distino relevante quanto indenizao por benfeitorias e direito de reteno. 291) O que justo ttulo? R.: todo meio hbil a transferir e provar o domnio, que preenche os requisitos formais de validade e que realmente poderia transferi-lo se fosse emanado do verdadeiro proprietrio. A impossibilidade de transmisso decorre do fato de ser anulvel (nulidade relativa) ou porque quem vendeu no era dono. 292) Como se adquire a posse? R.: Pelo fato de se dispor da coisa ou do direito, pela apreenso da coisa, pelo exerccio do direito e por quaisquer dos modos de aquisio em geral. 293) O que constituto possessrio? R.: o ato pelo qual aquele que possua em seu nome passa a possuir em nome de outrem. Desdobra-se, assim, a posse: o possuidor antigo converte-se em possuidor direto, e o novo possuidor converte-se em possuidor indireto em virtude da conveno. forma de tradio ficta. Ex.: A vende seu carro a B, mas continua a us-lo a ttulo de emprstimo. 294) Como se transfere a posse aos herdeiros e legatrios? R.: Transfere-se com as mesmas caractersticas: se originariamente de m-f, transmite-se como de m-f; se violenta, transmite-se como violenta. 295) Quais os efeitos da posse? R.: a) direito ao uso dos interditos; b) percepo dos frutos; c) direito de reteno por benfeitorias; d) responsabilidade pelas deterioraes; e) conduo ao usucapio; f) se o direito do possuidor posse for contestado, ao adversrio compete o nus de oferecer prova, pois a posse se estabelece pelo fato; e g) posio mais favorvel do possuidor

10 em comparao com o proprietrio, pois a defesa do possuidor se completa com a posse. 296) Quais as aes admitidas no Direito brasileiro para a defesa da posse? R.: So 6: manuteno de posse, reintegrao de posse, interdito proibitrio, imisso de posse, embargos de terceiro senhor e possuidor e nunciao de obra nova. 297) Quais as caractersticas mais importantes do direito de propriedade? R.: um direito de carter absoluto, podendo o proprietrio dispor da coisa como melhor entender, sujeitando-se apenas a limitaes impostas pelo interesse pblico ou pela coexistncia de seu direito de propriedade com o de terceiros. E direito exclusivo, pois a coisa no pode pertencer simultaneamente a mais de uma pessoa, exceto no condomnio. 298) Em que consiste o direito de uso, gozo e disposio que o proprietrio tem sobre sua propriedade? R.: Direito de uso - consiste em extrair da coisa todos os benefcios ou vantagens que ela puder prestar, sem alterar-lhe a substncia; direito de gozo - consiste em fazer a coisa frutificar e recolher todos os seus frutos; direito de disposio - consiste em consumir a coisa, grav-la com nus, alien-la ou submet-la a servio de outrem. 299) Quais os modos de aquisio da propriedade? R.: Originrios e derivados. Originrios - no dependem da interposio de outra pessoa, adquirindo-a o proprietrio diretamente, sem que ningum a transmita. So: ocupao, especificao e acesso. Derivados - dependem de ato de transmisso, pelo qual o adquirente a recebe do anterior proprietrio. So: transcrio e tradio. Quanto ao usucapio, existe controvrsia na doutrina, embora exista inclinao preponderante no sentido de consider-lo como forma originria de aquisio da propriedade. 300) Como se transmite a propriedade dos bens mveis e dos bens imveis? R.: Bens mveis - pela tradio, isto , pela entrega da coisa; bens imveis - pela transcrio do ttulo de transferncia da propriedade no Registro de Imveis, ato solene que gera direito real para o adquirente. 301) O que ocupao? R.: modo originrio de adquirir a propriedade pela apropriao da coisa sem dono. 302) O que especificao? R.: modo originrio de adquirir a propriedade, mediante transformao de uma coisa (gnero), em virtude do trabalho ou da indstria do especificador, em outra coisa (espcie), desde que impossvel reconduzir a coisa transformada forma primitiva. Ex.: transformao da uva em vinho. 303) O que acesso? R.: modo originrio de aquisio da propriedade, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietrio tudo aquilo que adere ao imvel. Passam a pertencer ao proprietrio: formao de ilhas; aluvio (acrescentamento de rea pela deposio de material trazido pelo rio); avulso (desagregao repentina de pedao de terra por fora natural

violenta); por abandono de lveo (lveo a superfcie que as guas cobrem sem transbordar para o solo natural e originalmente seco); construes e plantao. 304) O que domnio? R.: a propriedade sobre coisa corprea. 305) Alm das causas de extino da propriedade, consideradas no CC, como se perde a propriedade imvel? R.: Pela alienao, pela renncia, pelo abandono, pelo perecimento do imvel, mediante desapropriao por necessidade pblica, por utilidade pblica ou por interesse social. 306) O que condomnio? R.: forma de propriedade que se estabelece quando uma coisa indivisa (pro indiviso) tem mais de um proprietrio em comum. No mbito interno, cada um dos condminos tem seu direito limitado pelos direitos dos demais. Perante terceiros, cada um considerado, ao menos teoricamente, como proprietrio de toda a coisa. 307) O que condomnio em edifcios? R.: aquele em que cada condmino proprietrio individual de sua unidade autnoma e, ao mesmo tempo, proprietrio em comum com os outros condminos, de determinadas reas do prdio, de uso coletivo. forma especial de condomnio, regida pela Lei n. 4.591, de 16.12.1964, e alterada pela Lei n. 4.864, de 29.11.1965. 308) O que enfiteuse? R.: o arrendamento perptuo do imvel, por parte do senhorio direto (nu-proprietrio, titular do domnio) ao enfiteuta, para que possa usar, gozar e dispor da coisa, com certas restries, mediante pagamento de penso ou foro anual, certo e invarivel. 309) O que servido predial? R.: um conjunto de restries impostas a um prdio (serviente), para uso e utilidade de outro prdio (dominante), pertencente a proprietrio diverso. 310) O que usufruto? R.: o direito real conferido a algum, durante certo tempo, para que retire de coisa alheia os frutos e utilidades que ela produz. O dono fica com o direito abstrato de propriedade, sendo denominado nuproprietrio, e o usufruturio fica com a posse, o uso, a administrao e os frutos da coisa dada em usufruto. 311) O que uso? R.: um tipo restrito de usufruto, pois, ao contrrio deste, indivisvel e incessvel. 312) O que direito real de habitao? R.: a faculdade de residir ou de abrigar-se em determinado edifcio. 313) O que renda real constituda sobre imvel? R.: o direito real temporrio vinculado a determinado bem de raiz, pelo qual determinada pessoa (rentista) transfere o domnio do imvel ao contratante (rendeiro), para que efetue pagamento de prestaes peridicas em favor do prprio instituidor (rentista) ou de outrem. 314) Para que servem os direitos reais de garantia?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: Visam a pr o credor a salvo da insolvncia do devedor, mediante gravao de bem pertencente ao devedor. A coisa dada em garantia fica sujeita, por vnculo real, ao cumprimento da obrigao. 315) O que penhor? R.: o contrato formal (exige pelo menos um documento particular), acessrio, pelo qual o devedor d, geralmente, em garantia, um bem mvel ao credor. comum entregar ao credor o objeto dado em garantia. 316) Em que casos o penhor no depende de contrato? R.: Nos casos que a lei determina. Exemplos de credores pignoratcios, independentemente de contrato expresso: os senhorios sobre os mveis do inquilino, os hoteleiros e donos de penses sobre os objetos e bagagens dos hspedes. 317) O que hipoteca? R.: o contrato formal (exige escritura pblica) , acessrio, pelo qual o devedor d, geralmente, em garantia de sua dvida, um bem imvel ao credor. 318) Em que casos a hipoteca no depende de contrato? R.: Nos casos que a lei determina. Exemplos: tm hipoteca legal os filhos menores sobre os imveis dos pais, e tambm as vtimas sobre os imveis dos agentes que lhes causaram dano. 319) O que anticrese? R.: garantia real, pela qual a coisa frugfera entregue ao credor, que pode ret-la e auferir-lhe os frutos enquanto no for totalmente quitada a dvida. 320) Quais as diferenas entre a enfiteuse e a locao? R.: A enfiteuse perene, a locaro temporria. Enfiteuse por tempo determinado considerada arrendamento. O enfiteuta dispe de direito real sobre a coisa, podendo alienar os bens enfituticos sem consentimento do proprietrio. O locatrio, que tem a posse do imvel locado, dispe somente de direito pessoal, no podendo ceder nem transferir o contrato de locao sem prvia anuncia, por escrito, do locador. 321) Quais as diferenas entre a enfiteuse e o usufruto? R.: O enfiteuta pode transformar o bem enfitutico, desde que no lhe altere a substncia, ao passo que o usufruturio no pode faz-lo. O bem enfitutico transmite-se por herana, mas o usufruto extingue-se com a morte do usufruturio. A enfiteuse alienvel, enquanto o usufruto somente pode ser alienado ao nu-proprietrio. A enfiteuse perene, e o enfiteuta paga penso anual. O usufruto de natureza temporria e normalmente gratuito. 322) O que laudmio? R.: o pagamento anual, efetuado pelo enfiteuta ao senhorio direto, no valor de 2,5% sobre o preo do prdio aforado. 323) Quais as diferenas entre o usufruto e a locao? R.: Quanto ao uso e gozo das coisas, assemelham-se os direitos do usufruturio e os do locatrio. Usufruto direito real, incidindo no somente sobre coisas corpreas, mas tambm sobre crditos, patentes, e outros bens incorpreos; locaro direito pessoal, recaindo

11 exclusivamente sobre coisas corpreas. O usufruto decorre da lei ou de contrato; a locao decorre exclusivamente de contrato. 324) Quais as semelhanas e as diferenas entre o uso e o usufruto? R.: Semelhanas - ambos so direitos reais, permitem o desmembramento da propriedade, podem recair sobre bens mveis ou imveis e so temporrios; diferenas - o uso direito mais restrito do que o usufruto, pois indivisvel e incessvel. No caso do uso, se recair sobre bem mvel, este no dever ser fungvel nem consumvel. 325) Quais as semelhanas e as diferenas entre a anticrese e o penhor agrcola? R.: Semelhanas - ambos constituem-se em direitos reais de garantia; diferenas - na anticrese, o imvel entregue ao credor, para que o administre e dele extraia os frutos at que a dvida seja totalmente paga, sendo todos os frutos vinculados soluo da dvida, o que impede a constituio de novo direito real sobre o mesmo imvel; no penhor agrcola, se o valor dos rendimentos supera o valor da dvida, o devedor poder contratar novo penhor. 326) Em que se diferencia a anticrese do penhor e da hipoteca? R.: Na anticrese, inexiste direito do credor anticrtico de alienar o imvel para solver a dvida. No penhor e na hipoteca, o bem dado em garantia pode ser vendido. 327) Qual a natureza jurdica do compromisso de compra e venda registrado? R.: um direito real de comprar a coisa, oponvel erga omnes. Confere ao comprador dois direitos diferentes, independentes: direito pessoal, contra o vendedor, de receber escritura definitiva ou adjudic-la; e direito real de fazer valer o compromisso contra terceiros aps o registro. CAPTULO IV - DIREITO DAS OBRIGAES IV.1. OBRIGAES 328) O que obrigao? R.: o vnculo jurdico, de carter transitrio, estabelecido entre credor e devedor, cujo objeto a prestao pessoal, lcita, determinada ou determinvel, de cunho econmico, positiva ou negativa. 329) Quais os elementos constitutivos da obrigao? R.: Sujeito ativo (credor) e passivo (devedor), objeto possvel, lcito, suscetvel de apreciao econmica e vnculo jurdico. 330) Em que consiste esse vnculo jurdico? R.: Compreende, de um lado, o dever, ou dbito, da pessoa obrigada (debitum, em latim, Schuld, em alemo; liability, em ingls) e, de outro, a responsabilidade (obligatio, Haftung, responsibility), em caso de inadimplemento. O dbito matria de Direito Privado; e a responsabilidade, matria de Direito Pblico (processual). 331) Quais so as fontes das obrigaes perante o Direito brasileiro? R.: A lei a fonte primeira das obrigaes. No CC, so consideradas fontes das obrigaes os contratos, as declaraes unilaterais de vontade e os atos ilcitos. Modernamente, considera-se tambm o risco profissional, isto , aquele assumido pelo empregado ao desenvolver atividade profissional, no se cogitando de sua culpa no caso de infortnio, considerando-se a culpa do empregador como objetiva, como fonte de obrigaes.

332) Como se classificam as obrigaes? R.: As obrigaes podem ser de dar ou restituir (coisa certa ou incerta), de fazer ou de no fazer. As duas primeiras so positivas; a segunda, negativa. 333) Em que consiste a obrigao de dar? R.: Consiste em comprometer-se o devedor a entregar alguma coisa ao credor. Esta coisa pode ser certa ou incerta, especfica ou genrica. Confere ao credor direito pessoal, e no real. 334) O devedor comprometeu-se a entregar determinado bem, de valor 1.000, ao credor. Por motivos supervenientes, ficou privado do bem e props ao credor entregar-lhe outro bem, no valor de 10.000. O credor obrigado a aceitar? R.: No. O credor no obrigado a aceitar coisa diversa da prometida, mesmo sendo mais valiosa. 335) O devedor dever pagar ao credor a quantia de 1.000 unidades. Na data do vencimento da obrigao, prope ao credor que aceite pagamento parcelado, comprometendo-se a pagar juros, correo monetria e quaisquer outras despesas decorrentes de seu atraso no pagamento. O credor obrigado a aceitar? R.: O credor no obrigado a aceitar a proposta do devedor. Se no tiver previamente convencionado, o devedor no poder desobrigar-se por partes. 336) Em que consiste a obrigao de fazer? R.: Consiste na prtica de um ato ou de um servio prestado pelo devedor. Geralmente, a personalidade do devedor tem papel relevante, como no caso em que o credor contrata um artista para pintar um quadro. 337) Se o devedor se obriga a prestar servio que somente ele pode fazer e depois se recusa a cumprir a obrigao, como poder ser o credor ressarcido? R.: Se o devedor se recusar a prestar pessoalmente a obrigao convencionada, poder-se- resolver a obrigao em perdas e danos. 338) Em que consiste a obrigao de no fazer? R.: Consiste no compromisso do devedor de no praticar determinado ato, que, em princpio, poderia livremente praticar, se no se houvesse obrigado a no faz-lo. obrigao negativa, real, abstrata, vaga, indeterminada, assumida com o objetivo de no prejudicar direito alheio. 339) Quanto ao nmero de credores e ao objeto da prestao, como se classificam as obrigaes? R.: Podem ser simples, quando h somente um devedor, um credor e um nico objeto; ou complexas, quando houver mais de um devedor, mais de um credor, ou mais de um objeto. 340) O que so obrigaes cumulativas? R.: So aquelas em que devem ser cumpridas duas ou mais obrigaes, mas o credor somente se exonerar se cumprir todas elas. 341) O que so obrigaes facultativas?

1000 perguntas e respostas de Direito CivilR.: So aquelas em que, embora haja somente uma obrigao, o devedor pode desonerar-se dela, substituindo a obrigao devida por outra sua escolha. 342) O que so obrigaes alternativas? R.: So aquelas em que h mais de uma obrigao estipulada, podendo o devedor escolher, dentre elas, aquela que mais lhe convier para desonerar-se. 343) O que so obrigaes divisveis e indivisveis? R.: As divisveis permitem que o devedor cumpra a obrigao assumida por partes; as indivisveis so aquelas que somente podem ser cumpridas totalmente, na ntegra. 344) O que so obrigaes solidrias? R.: So aquelas que vinculam mais de um credor ou mais de um devedor ao cumprimento de toda a obrigao. 345) Haver sempre solidariedade quando houver mais de um credor ou mais de um devedor na relao obrigacional? R.: A solidariedade no se presume. Resulta da lei ou da vontade das partes. 346) Existindo solidariedade entre devedores, dever o credor demandar todos os devedores, ou poder demandar apenas um deles pelo pagamento integral da dvida? R.: O credor livre para acionar um dos devedores, alguns deles ou todos, a seu critrio. 347) Havendo solidariedade entre os devedores, demandado um deles, poder este alegar, em sua defesa, o benefcio da diviso, isto , a necessidade de serem todos os co-devedores demandados, para juntos se defenderem, sendo tambm juntos condenados ou absolvidos? R.: No poder ser invocado este benefcio, porque o credor conserva intacto seu direito de escolher dentre os demais, sem necessidade de demand-los conjuntamente. 348) Havendo solidariedade, se um dos co-devedores demandado pelo credor e paga, sozinho, o total da dvida, os demais co-devedores tm ainda dvida com o credor? R.: Recebida integralmente a prestao, liberam-se, frente ao credor, todos os co-devedores. Se o pagamento for parcial, o credor continua a ter o direito de exigir o restante de um, de alguns ou de todos os devedores sua escolha. 349) O que so obrigaes de meio e obrigaes de resultado? Exemplificar. R.: De meio - a obrigao do devedor consiste em empenhar-se para alcanar determinado resultado. Considera-se cumprida mesmo que no seja conseguido o resultado almejado. o caso de servios prestados por mdicos (mas no cirurgies plsticos!) ou advogados. De resultado - considera-se cumprida a obrigao somente quando se alcana o resultado prometido. Ex.: servios de engenheiros. 350) O que so obrigaes principais e acessrias? R.: Principais - so as que tm vida prpria e independente, como, por exemplo, o contrato de compra e venda; acessrias - so as subordinadas e dependentes da obrigao principal, como, por exemplo, o contrato de fiana em relao ao de compra e venda.

12 351) O que so obrigaes condicionais? R.: So aquelas cujo cumprimento est sujeito ocorrncia de evento futuro e incerto, como, por exemplo, o pagamento do seguro por acidente. 352) O que so obrigaes lqidas e ilqidas? R.: Lqidas - so as certas quanto existncia e determinadas quanto ao objeto; ilqidas - dependem de apurao, para que o valor correto, ainda incerto, seja determinado. 353) O que so obrigaes civis? R.: So aquelas em que existe dbito e responsabilidade, sendo juridicamente exigveis. Ex.: cheque, ttulo de crdito. 354) O que so obrigaes naturais? R.: So aquelas em que existe dbito, mas inexiste responsabilidade, sendo, portanto, inexigveis, juridicamente. Os casos mais comuns