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11 Maio 2011

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Valquiria Lopes e Gustavo Werne-ck

O abandono se tornou característi-ca de grande parte dos bens tombados em Minas Gerais. De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), o número de investigações sobre mau es-tado de conservação do patrimônio au-mentou 900% nos últimos cinco anos. O salto foi de 100 ocorrências em 2006 para cerca de 1 mil sob apuração. O pro-blema, de acordo com o coordenador da Promotoria de Defesa do Patrimô-nio Histórico, Cultural e Turístico de Minas, Marcos Paulo Souza Miran-da, não se resume a cidades históricas. “A demanda cresce enormemente em municípios de todo o estado.” Entre os bens religiosos e culturais, o promotor cita pelo menos 10 igrejas em péssimo estado de conservação.

Os problemas incidem sobre tem-plos católicos tombados tanto pelo es-tado quanto pela União. Sob responsa-bilidade do Instituto Estadual do Patri-mônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) estão as igrejas de Nossa Senhora da Assunção da Lapa, no distrito de Ravena, Sabará, na Gran-de BH; de São Francisco de Assis, no distrito de Costa Sena, em Conceição do Mato Dentro, na Região Central de

Minas; a Matriz do Santíssimo Sacra-mento, em Jequitibá, na Região Cen-tral, e de Nossa Senhora do Desterro, ambas em Sacramento, no Alto Para-naíba.

Tombadas pelo Instituto do Patri-mônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), quatro das igrejas que sofrem com a ação do tempo estão na Região Central do estado: a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Conceição do Mato Dentro; São Francisco de As-sis e Nossa Senhora de Nazaré, ambas em Mariana; e Catedral de Nossa Se-nhora do Pilar, em São João del-Rei. Na Zona da Mata, o Santuário do Se-nhor Bom Jesus do Matosinhos, no dis-trito de Santo Antônio do Pirapetinga, em Piranga, pede socorro. Já no distrito de Sangradouro da Lapinha, em Lagoa Santa, na Grande BH, Capela de San-tana, tombada pelo município, cedeu à falta de conservação.

Os problemas que afetam as igre-jas, segundo Marcos Paulo, começam na falta de manutenção, além da inefici-ência dos órgãos públicos nas ações de fiscalização. “São prédios antigos, de dois ou três séculos. Às vezes, por não se trocar uma telha ou desentupir uma calha, é preciso depois arcar com uma restauração infinitamente mais cara. A

responsabilidade deve ser assumida de forma mais ativa pelos administradores das paróquias e pela comunidade, que precisam ser subsidiados pelos órgãos responsáveis pelo tombamento.” Sobre a fiscalização, ele cobra mais firmeza e investimento. “Os corpos técnicos do Iepha e o do Iphan são insuficientes. Além disso, há problemas estruturais, como falta de veículos. As ações desses órgãos precisam ser rotineiras e mais sistemáticas”, cobra Miranda.

Em último grau, o promotor apon-ta o baixo aporte de recursos por parte dos institutos de proteção como fator preponderante para levar esses bens à decadência. “Os valores são insuficien-tes para atender as demandas. Minas detém 60% do patrimônio cultural pro-tegido no país. São 35 mil bens tom-bados no estado. Ainda assim, temos problemas de ordem estrutural que afetam a preservação.” Segundo ele, o estado já perdeu pelo menos 60% do seu patrimônio móvel, como imagens e peças de igrejas, por falta de segurança. Como resultado desse cenário, que não se restringe a bens religiosos, o MPE já instaurou procedimentos investigató-rios em 67% do total de 297 comarcas mineiras.

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Rogai por elas...Dez igrejas tombadas em Minas estão em péssimo estado de conservação,

segundo o MPE. Algumas já recebem reparos e outras ainda esperam projetos

BETO NOVAES/EM D.A PRESS

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Valquíria Lopes e Gus-tavo Werneck

O estado crítico de conservação das igrejas lis-tadas pelo coordenador da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Histó-rico, Cultural e Turístico de Minas, Marcos Paulo Souza Miranda, está relacionado a problemas comuns. Segun-do ele, há danos de ordem estrutural nas vigas, pare-des, fundação e colunas; segurança precária por falta de alarmes, câmeras de mo-nitoramento e equipamentos de prevenção e combate a incêndios; além de deterio-ração dos elementos artís-ticos. “Pinturas, altares e imagens estão praticamente todos afetados pela falta de higienização e tratamento para cupins”, afirmou.

A infraestrutura defi-citária de pessoal e de ve-ículos para prevenir situ-ações como as apontadas por Miranda é reconhecida também pelos órgãos res-ponsáveis pelo tombamento. De acordo com o diretor de Conservação e Restauração do Iepha, Renato César de Souza, faltam profissionais e condições para deslocamen-to. “Precisamos de veícu-los porque nos deslocamos por todo o estado. Também precisamos de arquitetos, restauradores e engenhei-ros. Houve um concurso em 2006, mas os baixos salários fizeram com que as pessoas desistissem.”

Sobre os recursos des-tinados a obras de restauro, o diretor esclarece: “Não diria que são insuficientes, mas o setor de cultura rece-be aportes menores do que outras pastas, como educa-ção e saúde. Cerca de R$ 4

milhões são aplicados por ano”, disse.

O Iphan, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a verba des-tinada ao patrimônio é real-mente curta, mas ressaltou que projetos e obras estão em andamento. O órgão tam-bém destacou a importância da participação da comuni-dade ao afirmar que cabe à administração do bem a ma-nutenção e restauro e que o Iphan só deve atuar quando não há condições financeiras para fazer a obra. LAUDO

O perito Adriano Ro-dolfo Martins Moreira, en-genheiro de segurança do trabalho e professor do Ins-tituto Federal de Minas Ge-rais (antigo Cefet), entregou ao Ministério Público Es-tadual (MPE), em Mariana, um laudo sobre as condições da Igreja de São Francisco de Assis e da Casa do Con-de de Assumar, no Centro Histórico. Ele pede também a interdição do templo, per-tencente à Ordem Terceira Franciscana.

Entre os problemas en-contrados, há risco de desa-bamento de parte frontal do teto, trincas no arco-cruzei-ro, risco de incêndio, que pode ser propagado para a casa ao lado, gambiarras na parte elétrica e infiltração que comprometem elemen-tos artísticos. Segunda igre-ja mais visitada da cidade – a primeira é a Catedral da Sé –, a Igreja de São Fran-cisco de Assis, na Praça Mi-nas Gerais, tem um museu e obras do Mestre Athaíde, que está sepultado no local. A igreja é ricamente decora-da, tem retábulos, púlpitos e forros com pintura decorati-va e douramentos.

Recursos são poucos e faltam restauradoresBaixos salários dificultam contratação de profissionais especializados na recuperação de bens

culturais tombados. Iphan e Iepha têm verbas limitadas para as obras de emergência

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Paula Takahashi

A Universidade Salga-do de Oliveira (Universo), de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, foi proibida, por meio de liminar obtida na Justiça pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), de cobrar mensa-lidades mais caras de alunos portadores de necessidades especiais para custear despe-sas extras. Caso não cumpra a determinação, a Universo deverá arcar com multa diá-ria de R$ 10 mil.

Segundo denúncias, a instituição exigia dos alunos a assinatura de termo aditi-vo ao contrato de prestação de serviços. Nele, ficava ex-plícito que portador de de-ficiência física, auditiva ou visual aprovado em processo seletivo teria sua matrícula

condicionada ao pagamen-to de valores para custeio de despesas decorrentes de atendimentos especiais, como a contratação de intér-pretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Em 6 de agosto de 2010, foi instaurado na Promotoria de Justiça um inquérito civil para apuração dos fatos. No mesmo mês, foi realizada reunião entre a Promotoria de Justiça de Juiz de Fora e representante da universida-de. Na ocasião, a instituição confirmou a cobrança abu-siva. Foi proposto então um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para corrigir a irregularidade, mas a ins-tituição manteve o posicio-namento ao argumentar que o custeio dos investimentos necessários ao atendimento de deficientes físicos, audi-

tivos e visuais não poderiam ser lançadas como despesas ordinárias, argumento con-testado pelo MP.

A prática abusiva da empresa ainda fere o arti-go 6º do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que prevê igualdade nas contra-tações de serviços. “Essa discriminação é vedada pelo Código que determina um tratamento isonômico entre os consumidores”, pondera a coordenadora do Procon Municipal de Belo Horizon-te, Maria Laura Santos.

Diante da irregularida-de, a Justiça determinou que a universidade confira trata-mento semelhante a todos os alunos. A instituição de ensi-no foi contatada para prestar esclarecimentos, mas até o fechamento da edição não se pronunciou sobre o assunto.

portadores de necessidades especiais

MP proíbe Universo de cobrar taxa extra

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ITApOÃ

Vizinho se queixa de fumaça de lavanderia Flávio Norberto Pereira Belo Horizonte “Na Rua São Miguel, no Bairro Itapoã, Região

da Pampulha, há uma lavanderia que atende indús-trias, motéis, hospitais e não atende à comunidade. Ela tem uma caldeira industrial que utiliza madeira para aquecimento e obtenção de vapor, causando vários problemas para a vizinhança, como barulho intenso e contínuo provocado por um compressor e um conjunto de moto-bomba. Emite fumaça tó-xica que atinge moradias próximas, além de libe-rar água industrial possivelmente contaminada por produtos químicos e que acaba sendo carreada para a Lagoa do Nado. Já encaminhamos abaixo-assina-do de moradores à Secretaria do Meio Ambiente, ao Ministério Público de Minas Gerais e à PBH, solicitando providências, mas ainda não recebemos qualquer retorno.”

ESTADO DE MINAS - p. 10 - 11.05.2011cARTAS À REDAÇÃO

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gIRO MINASpensão a ex-governadores

Emenda a projeto é analisada hoje

A Comissão de Fiscalização Finan-ceira da Assembleia Legislativa analisa hoje parecer sobre emenda ao projeto de lei que extingue a pensão vitalícia para ex-governadores.

O texto, enviado à Casa pelo governa-dor Antonio Augusto Anastasia (PSDB), virou motivo de polêmica na Assembleia. A oposição entrou com projeto seme-lhante. Os aliados do tucano, no entanto, afirmam que a matéria é de prerrogativa exclusiva do Poder Executivo.

A emenda a ser analisada hoje impe-de que atuais beneficiários da pensão acu-mulem vencimentos quando indicados para cargos públicos. A agenda de hoje da comissão inclui audiência pública com representantes das secretarias de Estado de Planejamento e Gestão e da Fazenda para apresentação de relatório de cumpri-mento das metas fiscais do Estado refe-rentes ao último quadrimestre de 2010 e ao primeiro quadrimestre de 2011.

Defesa dos deficientes

Comissão será instalada

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais instala hoje a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que será a 20ª permanente do Legislati-vo. Como um dos principais desafios, o grupo terá a efetivação de muitos direitos conquistados por essas pessoas. A comis-são será presidida pelo deputado Doutor Wilson Batista (PSL) e terá como vice Sargento Rodrigues (PDT).

Eleito ontem, Dr. Wilson lembrou que o país tem cerca de 24 milhões de brasileiros com alguma deficiência here-ditária ou adquirida, o que corresponde a 14% da população. No caso das neces-sidades especiais adquiridas, segundo o parlamentar, os acidentes de automóveis em estradas e traumas por violência es-tão entre os principais motivadores. “Sem dúvida, teremos um trabalho relevante na Casa”, disse ele.

Ouvidoria do TRE

Quase 800 denúncias A Ouvidoria Eleitoral do Tribunal

Regional Eleitoral (TRE-MG) divulgou ontem o balanço das chamadas que re-cebeu nos últimos dois anos. No perío-do, foram 4.405 chamados dos eleitores mineiros, 795 denúncias, 1.973 reclama-ções, 438 elogios e 1.199 sugestões aos serviços prestados pela Justiça Eleitoral. “As demandas crescem muito nos perío-dos eleitorais, com muitas denúncias de propaganda irregular e as gravações tele-fônicas incomodaram muito nas últimas eleições. Fora da época dos pleitos temos reclamações quanto a demora nos julga-mentos e eleitores que pediam alteração no horário de funcionamento dos cartó-rios. Para cada chamado, analisamos qual área do tribunal ela compete e fazemos o encaminhamento”, explica Maurício So-ares, juiz ouvidor do TRE. As mensagens são recebidas por meio do formulário ele-trônico disponível o portal do TRE (www.tre-mg.jus.br), cartas e telefonemas.

Investimento

Verba para barragem A barragem do Rio Jequitaí (o chama-

do projeto Jequitaí), no Norte de Minas, reivindicada pelas lideranças da região há 30 anos, finalmente, deve finalmente sair do papel. Amanhã, em solenidade na Cidade Administrativa, será assinada a autorização da liberação de recursos para a obra, pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e pelo go-vernador Antonio Anastasia. A barragem está orçada em R$ 95 milhões, dos quais R$ 85,5 milhões serão liberados pelo go-verno federal, por intermédio da Compa-nhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). De acordo com o secretário do Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, Gil Pereira, a previsão é de que a obra gere cerca de 30 mil empregos dire-tos e indiretos. A barragem serádestinada a geração de energia, irrigação e abaste-cimento humano, atendendo aos muni-cípios de Jequitaí, Francisco Dumont, Engenheiro Navarro e Claro dos Poções. Segundo ele, a licitação será feita de ime-diato e aprevisão é que o empreendimen-to fique pronto em quatro anos.

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Ficha Limpa

Proposta pode ser votada na sexta

Amanda Almeida A proposta de Lei da Ficha Limpa

em Belo Horizonte deve ser votada e aprovada em primeiro turno até sexta-feira na Câmara Municipal. Apesar da possibilidade de ser inconstitucional, como foi considerada pelo advogado da Comissão Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Weder-son Advíncula, a Proposta de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) 9/2011 seguirá a plenário mais rígida do que as nor-mas estadual e federal. Segundo um dos autores do projeto e presidente da Casa, Léo Burguês (PSDB), equipe jurídica do Legislativo afastou dúvida sobre a validade da lei.

Além de barrar pessoas conde-nadas por órgão colegiado de cargos de chefia e de direção, como prevê a regra estadual, a proposta municipal prevê a extensão da proibição para as-sessores parlamentares e da Prefeitura de Belo Horizonte. Se o projeto for aprovado, terceirizados também serão submetidos ao critério de contratação. Para Advíncula, a regra poderá ser questionada na Justiça. “Exigir ficha limpa para um cargo administrativo, e até mesmo para terceirizados, fere o princípio da inocência”, disse o advo-gado, acrescentando que o artigo 14 da Constituição prevê a proibição de dis-putar cargos públicos para quem tem ficha suja, mas restringe a cargos ele-tivos. Para o vereador Heleno (PHS), relator da Pelo 9/2011 na comissão es-pecial de análise, a avaliação do advo-gado não tem consistência. “A lei não terá nenhuma ligação com a lei fede-ral da Ficha Limpa. É uma norma que regerá para o município. Não estamos alterando a Constituição”, comenta, destacando que em audiência pública na semana passada representantes da OAB e do Ministério Público Esta-dual estiveram presentes, não fizeram os mesmos questionamentos sobre a proposta e apoiaram a sua aprovação.

A expectativa é de que o projeto siga a plenário até sexta-feira. Propos-tas de emenda à lei orgânica não pre-cisam ser sancionadas pelo prefeito. Depois de ser aprovada em plenário, depende apenas de promulgação pelo presidente da Câmara, o que deve ocorrer até junho.

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O TEMpO - p. 25 - 11.05.2011Uni-BH. Ex que tentou matar namorada é sentenciado a seis anos e seis meses, mas deve ficar preso só um ano e meio

Uma condenação “simbólica”

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Danilo Emerich - Repórter

O autônomo Rodrigo Wenceslau Nassif Silva, 34 anos, foi condenado, em júri popular, nesta terça-feira (10), a seis anos e seis meses de prisão por tentativa de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e com emprego de recurso que impossibilitou defesa da vítima. Ele tentou matar a ex-namorada Daniele Jequeline Ra-mos Nascimento, de 23 anos, no dia 7 de abril de 2008. O crime aconteceu dentro do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), no Bairro Buritis, na Região Oeste da capital.

O prazo legal de recurso da sentença proferida pelo juiz Glauco Eduardo Souza Fernandes é de cinco dias. Enquanto isso, Rodrigo fica em liberdade. O advogado Lúcio Adolfo disse que vai se reunir nesta quarta-feira (11) com seu cliente para decidir se irá recorrer. O Minis-tério Público informou que não vai entrar com recurso por entender que os jurados atenderam a todos os argu-mentos da acusação.

A sessão foi iniciada por volta das 8h30. Familiares do réu e da vítima acompanharam todo o julgamento. A primeira a ser ouvida foi Daniele Nascimento. Na sequ-ência, as duas amigas que presenciaram o crime, Fabiana França Raposo e Juliana Nascimento Gonçalves, respon-deram as perguntas da promotoria e da defesa. Outras tes-temunhas foram dispensadas. O último a ser ouvido foi o réu, que chorou durante depoimento.

Daniele Nascimento contou, antes do julgamento, que estava confiante na Justiça. Ela revelou que desde que o ex-namorado começou a responder o processo em liber-dade, em maio de 2009, ela largou o emprego, atrasou o curso da faculdade, afastou-se de amigos e teve que mu-

dar de Estado, em função do medo de uma nova tentativa de assassinato. “Estou vivendo escondida. Me afastei de tudo”, enfatizou.

Daniele Nascimento revelou que teve que mudar de estado por causa do medo que sentia do ex-namorado (Foto: Eugênio Moraes)

Uma das primeiras pessoas a chegar foi a mãe da ví-tima, a aposentada Maria do Carmo Ramos, 61 anos. Ela disse que devido o andamento do processo e adiamentos, estava com poucas esperanças de Justiça. “Minha filha ainda tem trauma e agora tem dificuldades de entrar em novos relacionamentos”, afirmou a mãe.

Durante o julgamento, Rodrigo entrou em contradi-ção diversas vezes e confessou o crime por estar inconfor-mado com o fim do relacionamento de dois anos e meio. Ele disse que atirou por ciúmes e não soube explicar sua intenção ao cometer o crime. O autônomo ainda afirmou que ficou muito enciumado quando descobriu que Danie-le foi até o show Axé Brasil. “Fiz uma burrada na minha vida e na dela. Ninguém precisava ter passado por isso. Não tem como não estar arrependido”, afirmou o réu.

O julgamento estava marcado para acontecer em 10 de fevereiro deste ano, porém foi adiado a pedido da de-fesa do réu.O cRIME

No dia 7 de abril de 2008, Rodrigo Wenceslau, in-conformado com o fim do namoro, foi até a faculdade Uni-BH e disparou cinco vezes contra a jovem. Dois tiros acertaram a cabeça, um no tórax, um no braço e outro no pulso. Uma das balas ficou alojada no crânio da vítima. Rodrigo chegou a ser preso duas vezes e a tomar uma su-perdosagem de medicamentos numa tentativa de suicídio. Em maio de 2009 ele passou a responder em liberdade..

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Homem que atirou em ex-namorada é condenado a 6 anos de prisãoRodrigo Wenceslau Nassif, que não se conformava com o fim do relacionamento do casal, disparou cinco vez em direção vítima

KÁTIA BRASILDE MANAUS Uma dívida de R$ 400 milhões fez o Tribunal de Jus-

tiça do Amazonas anunciar o fechamento de 36 comarcas do interior do Estado.

A dívida resulta de passivos trabalhistas adquiridos na última década, diz o presidente do tribunal, desembar-gador João Simões.

O TJ mantinha comarcas em 60 dos 62 municípios do Estado. Com a reestruturação, 21 mil processos das unidades fechadas passarão para 15 comarcas convertidas em polos regionais.

A população de Itamarati, por exemplo, terá de viajar 200 km de barco para ser atendida em Eirunepé.

A informação foi divulgada ontem pelo jornal “O Es-tado de S. Paulo”.

O TJ recebe R$ 334 milhões por ano, mas só a folha de pagamento soma R$ 22,5 milhões por mês.

A Folha teve acesso ao relatório de uma inspeção fei-ta em 2009 pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que apontou descontrole no “pagamento de diárias e gratifica-ções”. Também foram identificados pagamentos de horas extras a inativos e pensionistas e excesso de servidores.

Simões, que assumiu a presidência do TJ em 2010, nega que a dívida tenha sido contraída em sua gestão. Para não fechar as comarcas, disse que pediu ao Estado complemento orçamentário de R$ 100 milhões. O gover-nador Omar Aziz (PMN) negou o pedido.

FOLhA DE Sp - p. A7 -11.05.2011

TJ do Amazonas corta juízes de 36 municípios

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Por Wadih DamousEstá em curso perante a Se-

cretaria de Direito econômico do Ministério da Justiça uma inusita-da investigação, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Segundo o promotor de Justi-ça que assina a representação, “a OAB Federal (...) vem permitin-do que as Seccionais fixem hono-rários mínimos a serem cobrados do consumidor, o que é vedado pelo Código de Consumidor e havendo ainda indícios de carte-lização, pois não usa a tabela de honorários apenas como referen-cial. (...) Embora a OAB alegue que a tabela não é de honorários mínimos, pune os advogados que cobram valor a menor, violan-do o princípio constitucional da livre concorrência, o qual não pode ser descumprido pela Lei 8.906/1994”.

O promotor requer, ainda, seja a OAB impedida de coibir os chamados “planos jurídicos”, nos quais, a exemplos dos planos de saúde, há o pagamento de uma parcela mensal a uma empresa, a qual se responsabiliza por prestar assistência jurídica ao associado caso este venha a necessitar.

Diante disso, o Ministério da Justiça instaurou averiguação preliminar, deixando, por enquan-to, de instaurar processo adminis-trativo contra o Conselho Federal da OAB, por ausência de indícios suficientes de violação das nor-mas de direito econômico.

Com as devidas vênias, as afirmações do Sr. promotor de Justiça revelam uma interpreta-ção descabida da legislação que rege a profissão do advogado.

Em primeiro lugar, ao con-trário do afirmado na inicial da

representação, a relação entre advogado e cliente não é rela-ção de consumo. Isso decorre da imposição normativa de que a advocacia é incompatível com qualquer espécie de mercantiliza-ção (artigo 5º do Código de Éti-ca e Disciplina). O advogado é função essencial à Justiça (artigo 133 da Constituição), e a relação com o cliente é relação pessoal de confiança, e não uma relação de cunho comercial.

Aí está o erro crucial do Sr. promotor: o advogado não ofere-ce seus serviços no mercado de consumo, recebendo a respectiva remuneração. Ele exerce um mú-nus público.

Disso decorre que a relação do advogado com o cliente, so-bretudo no que toca à cobrança de honorários, segue uma lógica inteiramente distinta, não se en-quadrando na definição de ser-viço estabelecida pelo artigo 3º, parágrafo 2º do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse contexto, a fixação da tabela de honorários mínimos tem como funções precípuas evitar o aviltamento da profissão e servir como parâmetro para a aferição de captação ilícita de clientela.

Perceba-se que a tabela serve justamente para evitar a concor-rência desleal, impedindo que, por exemplo, grandes escritórios de advocacia atraiam grande nú-mero de clientes pela oferta de honorários muito baixos, elimi-nando os concorrentes que não tenham a capacidade de reduzir custos pela ampliação de sua “escala de produção”. Repita-se: essa dinâmica, típica do mercado de consumo, não pode se compa-tibilizar com o serviço advocatí-cio.

Além disso, não é verdade que o advogado não possa cobrar valor menor do que aquele fixa-do pela tabela, contanto que haja justificativa razoável. O advoga-do pode, por exemplo, por uma questão humanitária, cobrar va-lor módico de um cliente que, de outro modo, sequer teria recursos para contratar advogado privado.

Por outro lado, a carteliza-ção pressupõe a prática de preços semelhantes, o que não ocorre sequer em tese com a tabela de honorários mínimos da OAB. Ora, é perfeitamente possível (e corriqueiro) que o advogado so-bre valores superiores aos fixados na tabela, de acordo com sua es-pecialização e reputação no mer-cado. Dessa forma, estabelece-se um parâmetro mínimo para evitar o dumping (que é tão maléfico quanto o cartel), mas garante-se um ambiente concorrencial sau-dável (e não predatório) entre os advogados.

Por fim, é absolutamente des-cabida a defesa, por parte do Mi-nistério Público de Minas Gerais, dos chamados “Planos Jurídi-cos”, os quais promovem paten-te mercantilização da profissão e concorrência desleal com rela-ção aos escritórios de advocacia, além de consistirem em captação de clientela por parte dos advoga-dos que se valem de tais empre-sas como intermediárias. Tanto é que a OAB-RJ, por meio de ação judicial, obteve decisão favorável contra todas as empresas que lan-çaram tal “produto” no estado do Rio de Janeiro.

Sendo assim, a averiguação preliminar deflagrada perante o Ministério da Justiça merece o único desfecho possível: o arqui-vamento liminar.

cONSULTOR jURíDIcO - Sp - cONAMp - 11.05.2011

Tabela de honorários não é cartel

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Tribunal de Justiça, a Secre-taria de Estado da Justiça e Ci-dadania, o Ministério Público e a OAB/SC, realizou na tarde desta terça-feira (10/5) uma reu-nião para definir os trâmites do 1º Mutirão Carcerário em Santa Catarina. Iniciado pelo CNJ em agosto de 2008, o projeto tem a finalidade de fazer um relato do funcionamento do sistema de justiça criminal, revisar as pe-nas aplicadas, ouvir os presos e implantar o Projeto Começar de Novo.

Diferentemente do Mutirão Carcerário realizado pela Cepij todos os anos, no qual a comi-tiva realiza os trabalhos nas pe-nitenciárias, o projeto do CNJ vai acontecer entre os dias 30 de maio e 30 de junho em quatro polos distintos – que serão de-finidos em reunião na próxima sexta-feira (13/5) –, e envolverá juízes, promotores e advogados. O Estado tem, hoje, cerca de 12 mil presos definitivos e três mil provisórios, divididos em seis penitenciárias. O trabalho ain-da precisa ser desenvolvido em sete estados – Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Sergipe e Goiás – que, após avaliados, devem entrar no relatório que será apre-sentado ao presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, e aos de-mais ministros que compõem o conselho.

“Além de magistrados e ser-vidores locais, virão trabalhar neste Mutirão Carcerário juízes de Tocantins, Minas Gerais e Paraná, que atuarão como coor-

denadores do projeto em Santa Catarina e devem apresentar ex-periências de seus estados, e tam-bém levar daqui conhecimentos adquiridos para aplicar em seus locais de trabalho”, afirmou o juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Luciano André Losekann. Ele disse ainda que, além do Mutirão Carcerário, o projeto visa buscar parcerias com uni-versidades, entidades paraesta-tais e Federação do Comércio, para qualificar e aprimorar os presos e, assim, poder reintegrá-los ao mercado de trabalho.

“Esse é um trabalho impor-tante para os presos e, também, para todo o sistema penal do Estado”, afirmou o corregedor-geral da Justiça, desembargador Solon d’Eça Neves, que abriu os trabalhos. A reunião contou, ainda, com a participação do coordenador de Magistrados, juiz Luiz Felipe Schuch; do as-sessor especial da Presidência, juiz Silvio José Franco; do co-ordenador da Cepij, juiz Ale-xandre Takaschima; dos juízes-corregedores Dinart Francisco Machado, Vitoraldo Bridi e Luiz Cesar Schweitzer; do promotor de justiça Raul Rogério Rabello, representando o Ministério Pú-blico; do advogado José Moacir Correa de Andrade, representan-do a OAB/SC; de Maria Elisa da Silveira De Caro, representando a Secretaria de Estado da Justi-ça e Cidadania; dos diretores de Infraestrutura e de Tecnologia da Informação, André Luiz Dal Grande e Giovanni Moresco, respectivamente; do assessor de Planejamento, Alberto Remor; e de servidores da Cepij.

TRIbUNAL DE jUSTIÇA - Sc - Sc - cONAMp - 11.05.2011

CNJ faz reunião preparatória para o 1º Mutirão Carcerário em Santa Catarina

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Procuradoria move ação na Justiça para conter supersaláriosObjetivo é uniformizar critérios que governo, Câmara e Senado usam para enquadrar vencimentos no teto legal

FOLhA DE Sp - p. A2 - 11.05.2011

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Vivina do C. Rios Balbino - Psicóloga, mestre em educação e professora da Universidade Federal do Ceará

Educação é fator maior de inclusão social e desenvolvi-mento e o Brasil investe mais na área. Mas, infelizmente há des-vio de verbas, corrupção e mau uso do dinheiro público. Se-gundo a Controladoria Geral da União, o repasse de verbas para a educação e saúde representou 30,16% do total em 2010 e 62% das operações em parceria com a Polícia Federal. Escândalos re-centes com bolsas do Programa Universidade para Todos (Prou-ni) e desvios de merenda escolar são inadmissíveis. A merenda escolar receberá R$ 3 bilhões em 2011, isso precisa ser fiscali-zado. Mais de 4 mil alunos já fo-ram expulsos do Prouni e outros casos estão sendo analisados. A isenção de impostos das facul-dades passa por revisões, assim como o repasse automático. O gasto com a educação no Brasil está próximo dos padrões inter-nacionais.

Estudiosos afirmam que o Brasil não investe pouco em educação. O Brasil gasta anu-almente 5,2% do Produto Inter-no Bruto (PIB), face a 5,7% do PIB aplicados, em média, pelos países da Organização para Co-operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O dispên-dio brasileiro é maior que o do Japão (4,9% do PIB). O Brasil investe R$ 1,9 mil por ano em cada estudante do ensino funda-mental e R$ 13 mil em cada es-tudante de ensino superior. Em sete anos, o número de matrícu-

las na educação superior brasi-leira aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. As universida-des investem em ensino, pesqui-sa e extensão. Mas quais são os grandes impactos de pesquisas e grandes projetos socialmente importantes das universidades? O etanol é um exemplo. Temos uma rede pública de ensino su-perior excepcional e com certe-za é fundamental que ocorram grandes retornos sociais para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Apesar dos gran-des investimentos, infelizmente no último censo Times Higher Education nenhuma universida-de brasileira foi incluída nas 100 melhores do mundo.

No ensino fundamental, o relatório Education at a Glance mostra que o Brasil é um dos países que menos investem, ga-nhando apenas da Turquia. Nos últimos anos, o país colocou 95% das crianças entre 5 e 14 anos nas escolas, o que é muito importante. Porém, há acesso, mas ainda falta boa qualidade de ensino e boas políticas públicas para reter os alunos na escola. A evasão é grande. No projeto Fun-do de Desenvolvimento da Edu-cação Básica (Fundeb), o gover-no já repassou R$17,1 bilhões a governos estaduais e municipais desde a criação do projeto em 2007. Sem fiscalização rigorosa, inúmeras irregularidades, que vão desde licitações fraudulen-tas e apresentação de notas frias até o desvio de dinheiro, ocor-rem. Na educação básica, a meta é acabar com o analfabetismo e aumentar a qualidade do ensino. A aplicação recente do impor-

tante piso nacional salarial do professor em R$ 1.187 dignifica a profissão do educador brasilei-ro. O teto salarial ainda é baixo comparado a outras profissões, mas com certeza dará maior in-centivo e poderio aos profissio-nais.

Valorizando o ensino médio, com o recente Programa Nacio-nal de Acesso ao Ensino Técni-co e ao Emprego (Pronatec), o governo promete aplicar R$ 1 bilhão e criar mais 200 escolas técnicas até 2014. R$ 700 mi-lhões para bolsas de estudo e R$ 300 milhões para financiamento estudantil. Com isso, o governo espera reduzir um problema crô-nico para o crescimento dos ser-viços e da indústria nacional: a falta de mão de obra qualificada. É um projeto ambicioso, que po-derá contribuir para o emprego e a inclusão de milhões de bra-sileiros, mas precisa ter gestão de 100% do gasto público em-pregado. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), responsável pelos pro-gramas do livro didático, repõe 16% das publicações. São cer-ca de R$ 87 milhões aplicados em reposição de livros didáticos para serem distribuídos a alunos do ensino fundamental e mé-dio de escolas públicas do país. Aprimorar o projeto? Sim, mas é necessário que haja vigilância rigorosa e permanente da Con-troladoria Geral da União, Tri-bunais de Contas, Ministérios Públicos, Polícia Federal e do próprio Ministério da Educação para fiscalizar e punir com rigor os desvios de dinheiro público na educação brasileira.

ESTADO DE MINAS - p. 11 - 11.05.2011

Verbas da educação Sem fiscalização rigorosa, inúmeras irregularidades, que vão desde licitações fraudulentas e apresentação de notas frias até o desvio de dinheiro, ocorrem