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Ano X - Edição 115 - JUNHO 2017 Distribuição Gratuita Por democracia e direitos, Diretas Já! A depender do desejo e das ações das elites detentoras do capital, dos grandes meios de comunica- ção e de grande parte do parla- mento, a democracia brasileira sempre será uma festa de fachada para a qual o povo brasileiro não será convidado, a não ser para pa- gar a conta ou fazer a faxina. Leia mais: Página 08 SOBRE O ENSINO DE AFRICANIDADES: NINGUÉM CONSEGUE ENSINAR O QUE NÃO SABE Dia 25 de maio é celebrado o Dia Internacional da África. Um dia de reflexão sobre a independência dos povos africanos. Neste mesmo dia, em 1963, foi criada a “Organização da Unidade Africa- na”, chamada hoje “União Africa- na”. Leia mais: Página 09 Grandes figuras da música ocidental V - Mahler O século XIX foi o período onde a música sinfônica mais se desenvol- veu. Instrumentos em especial de sopro e percussão foram melhora- dos e proporcionaram aos compo- sitores um leque maior de opções de timbres e sons. Leia mais: Página 11 A Nossa Língua Portuguesa A data de 10 de junho celebra a Língua Portuguesa. Leia mais: Página 16 A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos! Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura europeia, como as festas juninas. Mas o surgimento dessas festas foi no período pré-gregoriano, como uma festa pagã em comemoração à grande fertilida- de da terra, às boas colheitas, na época em que denominaram de solstício de verão. Essas comemorações também aconteciam no dia 24 de junho, para nós, dia de São João. Aos poucos, as festas juninas foram sendo difundidas em todo o território do Brasil, mas foi no nordeste que se enraizou, tornando-se forte na nossa cultura. Nessa região, as comemorações são bem acirradas – duram um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha. Além disso, proporcionam uma grande movimentação de turistas em seus Estados, aumentando as rendas da região. SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO O povo continua dividido em partidos, desrespeitando-se no dia a dia para defender o quê ou quem? ACTUALIDADE DA FILOSOFIA PORTUGUESA Raríssimos são, hoje, os que, com frontalidade e coragem, revelam compreender que um abis- mo sem fundo existe entre o saber parasitário das instituições universitárias e o pensamento vivo, espontâneo e criador de filósofos portu- gueses. Leia mais: Página 4 ANGOLA uma irmã do Brasil Do outro lado do oceano atlântico, no hemisfério sul, há um país que tem o português como um de seus principais idiomas e tem ligações históricas fortes com o Brasil, tanto que milhões de brasileiros descendem de pessoas que vieram desse país. Esse país é Angola. Leia mais: Página 6 Editorial Página 2 CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS NO SITE www.culturaonlinebr.org

115 - Junho - 2017 · Eles são uma empresa moderna. Nós somos o Estado ineficiente. Eles agilizam métodos de gestão, são rápidos e cria-tivos. Nós somos lentos e burocráticos

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Page 1: 115 - Junho - 2017 · Eles são uma empresa moderna. Nós somos o Estado ineficiente. Eles agilizam métodos de gestão, são rápidos e cria-tivos. Nós somos lentos e burocráticos

Ano X - Edição 115 - JUNHO 2017 Distribuição Gratuita

Por democracia e

direitos, Diretas Já! A depender do desejo e das ações das elites detentoras do capital, dos grandes meios de comunica-ção e de grande parte do parla-mento, a democracia brasileira sempre será uma festa de fachada para a qual o povo brasileiro não será convidado, a não ser para pa-gar a conta ou fazer a faxina.

Leia mais: Página 08

SOBRE O ENSINO DE AFRICANIDADES:

NINGUÉM CONSEGUE ENSINAR O QUE NÃO SABE

Dia 25 de maio é celebrado o Dia Internacional da África. Um dia de reflexão sobre a independência dos povos africanos. Neste mesmo dia, em 1963, foi criada a “Organização da Unidade Africa-na”, chamada hoje “União Africa-na”.

Leia mais: Página 09

Grandes figuras da música ocidental V - Mahler O século XIX foi o período onde a música sinfônica mais se desenvol-veu. Instrumentos em especial de sopro e percussão foram melhora-dos e proporcionaram aos compo-sitores um leque maior de opções de timbres e sons.

Leia mais: Página 11

A Nossa Língua Portuguesa A data de 10 de junho celebra a Língua Portuguesa.

Leia mais: Página 16

A única possibilidade de nos eternizamos nessa frágil vida, é plantando boas sementes. É a melhor herança que deixamos!

Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura europeia, como as festas juninas. Mas o surgimento dessas festas foi no período pré-gregoriano, como uma festa pagã em comemoração à grande fertilida-de da terra, às boas colheitas, na época em que denominaram de solstício de verão. Essas comemorações também aconteciam no dia 24 de junho, para nós, dia de São João. Aos poucos, as festas juninas foram sendo difundidas em todo o território do Brasil, mas foi no nordeste que se enraizou, tornando-se forte na nossa cultura. Nessa região, as comemorações são bem acirradas – duram um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha. Além disso, proporcionam uma grande movimentação de turistas em seus Estados, aumentando as rendas da região.

SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO

O povo continua dividido em partidos, desrespeitando-se no dia a dia para defender o quê ou quem?

ACTUALIDADE DA FILOSOFIA PORTUGUESA

Raríssimos são, hoje, os que, com frontalidade

e coragem, revelam compreender que um abis-

mo sem fundo existe entre o saber parasitário

das instituições universitárias e o pensamento

vivo, espontâneo e criador de filósofos portu-

gueses.

Leia mais: Página 4

ANGOLA uma irmã do Brasil Do outro lado do oceano atlântico, no hemisfério sul, há um país que tem o português como um de seus principais idiomas e tem ligações históricas fortes com o Brasil, tanto que milhões de brasileiros descendem de pessoas que vieram desse país. Esse país é Angola.

Leia mais: Página 6

Editorial Página 2

CULTURAonline BRASIL - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu Baixe o aplicativo IOS

NO SITE www.culturaonlinebr.org

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Ajude-nos a manter este projeto por apenas R$ 2,00 mensal

Email: [email protected]

Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da E-ducação e da divulgação da

CULTURA Nacional

Editorial

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fotos e demais conteúdos são de

inteira responsabilidade dos colabo-radores que assinam as matérias, podendo seus conteúdos não cor-

responderem à opinião deste proje-to nem deste Jornal.

Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO

O povo continua dividido e m p a r t i d o s , desrespeitando-se no dia a dia para defender o

quê ou quem?

O caos está instalado pela corrupção sem punição justa, pela falta de ideologia, manifestações nas ruas que sem convicção promovem só barulho e nenhum resultado.

Enquanto isso, a corrupção anda a galope bem como a pobreza, mortes, violência e desesperança.

Mais uma vez a Nação está esquecida e os governantes olhando-nos de cima preocupados com suas pretensões. Que gente é essa que vai para as ruas confrontar-se e que nas redes sociais a posição é sempre de ataque ou, fica em casa deixando tudo fluir sem perceber que apatia é também uma forma passiva de contribuição para que tudo permaneça igual e é tudo que “eles” querem? Enquanto isso, esse sistema político “enobreceu” o esperto, a honestidade virou sinal de pobreza, político vira rico da noite para o dia, o lixo virou comida, o homem que planta e colhe morre de fome e o povo continua sem conhecimento e dividido saem por aí a defender partidos enquanto, gradativamente, unidos e amontoados pelas calçadas aumenta cada vez mais moradores de rua e os drogados.

É necessária uma reforma nesse Sistema corrupto que administra nossos recursos e para isso é preciso sair da zona de conforto, deixar de agir sempre dentro do limite, é preciso parar

esses políticos endinheirados que além de não produzir riquezas, vivem dos recursos nacionais que, por direito, deveriam ser aplicados no desenvolvimento do país.

Essa atitude desprezível gera a degradação, ferem, mentem descaradamente nos fazendo de tolos, tratando o trabalhador com migalhas e o afundando cada vez mais nesse lamaçal.

Vivemos num circo onde somos palhaços protagonistas e trapezistas sempre na corda bamba se equilibrando, onde o Congresso rouba a Pátria descaradamente espalhando a ira pelo Brasil afora gerando a intolerância e discórdia. Assusta essa falta de conhecimento da maior parte da população que não sabe debater com quem pensa adversamente.

Transformaram as pessoas em massa de manobra, pois quando um dedo aponta todos correm para julgar ou defender e, sem isenção de ânimo nem sabem de quem é o verdadeiro dedo que seguem.

Estão todos a pensar na próxima eleição, melhor seria, preocupar-se com o que vai sobrar para a próxima geração.

É preciso mudar a forma como se governa, mas se o povo não mudar de intenção, ficaremos todos sem endereço, sem lenço e sem documento...

“Não adianta mais trocar as chaves, é preciso trocar a fechadura”, pois restou ao país, os corruptos e os suspeitos de corrupção.

Genha Auga

– Jornalista MTB: 15.320

* * *

Anônimo: “Se o dinheiro fala, o meu sempre diz adeus”

* * *

Delfim Netto: “Ponho meu dinheiro em caderneta de poupança. Para

quem não entende de economia, é a melhor coisa. Agora, quem entende

tem outros lugares para perder”.

* * *

Bob Hope: “Um banco é um lugar que te empresta dinheiro se

conseguires provar que não neces-sitas dele”.

* * *

Karl Marx: “O aumento dos salários não é nada mais do que o pagamen-to de salários melhores a escravos, e não conquista pra o operário seu destino e sua dignidade humana”.

* * *

Malcolm Forbes: “Se você tem um emprego sem chateações, você não

tem um emprego”.

* * *

Grouxo Marx: “Há tantas coisas na vida mais importantes que o dinhei-

ro! Mas custam tanto!”.

* * *

Schopenhauer: “Dinheiro é como água do mar: quanto mais você to-ma, maior é sua sede. O mesmo se

aplica à fama”.

* * *

Don Herold: “O trabalho é a coisa mais importante do mundo. Por isso,

devemos sempre deixar um pouco para o dia seguinte”.

* * *

William Shakespeare: “É estranho que, sem ser forçado, saia alguém

em busca de trabalho”.

Como você já deve ter reparado, apresentamos um novo espaço no site da Gazeta Valeparaibana.

Um dos objetivos da reformulação é tornar o site ainda mais cola-borativo e, assim, fazer jus ao lema de ser “o ponto de encontro da educação”.

Tendo em mente essa missão, de se tornar uma verdadeira comunidade virtual que une todos os profissio-nais e temas relacionados à educação, cultura e sustentabilidade Social, investiu na plataforma que se propõe a veicular trabalhos científicos da área.

É o ‘GV - Ciência’. Espaço 100% colaborativo e GRATUITO! A proposta surge para ser o meio em que trabalhos científicos sejam veiculados na imprensa, dano a eles o devido destaque.

Todo internauta do Portal Comunique-se pode fazer uso do ‘C-SE Acadêmico’, basta seguir dois passos...

1º - ENVIAR o trabalho para: [email protected] (em Word sem formatação com letra Arial 11). NÃO ESQUECER de enviar todos os seus dados: Nome Completo, Documento de Identidade, Nome do Curso, Faculdade.

2º - Depois de analisado, será publicado no espaço “GV - ciência” do site e na edição do mês subsequen-te no Jornal Digital.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 3

Crônica do mês Violência virou problema de Estado-Maior

Sempre que escrevo sobre a violência me dá uma sensação de inutilidade. Quando vejo os movimentos de solidarieda-de, bandeiras brancas, pombas da paz, atores nas ruas, burgueses falando em cidadania, me dá uma sensação de perda de tempo.

Nós tratamos os criminosos como se fossem “desviantes” de nossa moral, como gente que se “perdeu” da virtude e caiu no “pecado”, no mundo do crime. Não é nada disso. Eles são os novos empregados de uma multinacional. O único emprego que lhes foi oferecido no último século: a megaempresa da cocaína. Ela trouxe o poder sobre as comunidades que, somado à ignorância e à miséria, criou a crueldade sem limites, à bruta guerra animalesca. Os bandidos violentos são quase uma mutação da “espécie social”, fungos de um grande erro sujo do qual nós somos cúmplices.

Hoje, nós é que ficamos caretas diante deste mundo periférico que não se explica, gerando outra ética, funérea, san-grenta. A miséria armada é uma outra nação, no centro do Insolúvel. Essa gente era anônima; estão ganhando notorie-dade na mídia. São vazios objetos de uma corrente de pó; nós, pequenos burgueses, é que víamos neles uma vaga consciência “política” de marginais. Achamos até que eles querem calar a imprensa. Nada. Mataram por matar, chama-ram o Tim de X-9 e “já era” – disseram eles.

Nós é que estamos lhes fornecendo uma “ideologia”. Mas, não quero ficar deitando sociologia barata sobre a violência. Quem sou eu? Mas, vejo com um mínimo de bom senso que os vilões também somos nós. Eles são a prova de nosso despreparo. Os incapazes somos nós, ainda crentes de leis inúteis, coerções superadas, de polícias falidas. Nós não fizemos nada quando as favelas eram pequenas. A miséria era dócil – podia ser ignorada. Agora, se não agirmos, isso vai virar uma endemia eterna. A lei não consegue nem instalar anti-celulares nas cadeias e fica encenando comboios para a mídia, com cem policiais para levar o Beira Mar para outra cadeia.

Ninguém consegue resolver nada porque os instrumentos de defesa pública estão engarrafados numa rede de burocra-cias, fisiologismos, leis antigas, velhos conceitos que são facilmente superados pela eficiência “pós-moderna” dos bandi-dos, diretamente ligados ao ato, ao fato, à instantaneidade do mal e sem freios éticos. Eles têm a mesma vantagem dos terroristas. Muito lero-lero racionalista ocidental, ciência, democracia e, aí, chega um arabezinho maluco com uma bom-ba e arrasa o shopping center.

Eles são uma empresa moderna. Nós somos o Estado ineficiente. Eles agilizam métodos de gestão, são rápidos e cria-tivos. Nós somos lentos e burocráticos. Eles lutam em terreno próprio. Nós, em terra estranha. Eles não temem a morte. Nós morremos de medo. Eles são bem armados. Nós, de “trêsoitão”.

Eles ganham muita grana. (Um “aviãozinho” de 15 anos ganha mais por semana que um PM por mês.) Eles estão no ataque. Nós, na defesa... Nós nos horrorizamos com eles. Eles riem de nós. Nós os transformamos em superstars do crime. Eles nos transformam em palhaços. Eles são protegidos pela população dos morros, por medo ou vizinhança. Nossas polícias são humilhadas e ofendidas por nós.

Ninguém suborna bandido. Eles compram policiais mal pagos. Um que ganha 700 paus por mês não tem ânimo para combater ninguém. Eles não esquecem da gente nunca, pois somos seus fregueses. Nós esquecemos deles logo que passa uma crise de violência.

A droga e as armas vêm de fora. Eles são globais. Nós somos regionais. Alguma vitória só poderá vir se desistirmos de defender a “normalidade” de nosso sistema, pois não há mais normalidade nenhuma; precisamos de uma urgente auto-crítica de nossa ineficiência. O combate ao crime passa pelo combate ao nosso descaso e incompetência. A luta contra o tráfico, é óbvio, começa lá longe, nas fronteiras. Por lá entram as armas e o pó. Não adianta subir e descer de morros. Temos de fechar as fronteiras.

A luta contra o crime não é mais uma luta policial; não é mais a Lei contra o Pecado. Não. O crime cresceu tanto que se tornou um problema de Estado-Maior. Sim. Trata-se uma luta política e, mais que isso, uma luta policial militar. Acho que tem de haver sim uma séria articulação das Forças Armadas com as polícias. Tem de haver generais estudando estra-tégias e logísticas de cercos e ataques. Meses de estudo, planos secretos, dinheiro, muito dinheiro e milhares de ho-mens com armas modernas. E tudo isso coordenado com campanhas de esclarecimento e de proteção às comunida-des que eles “protegem”.

“Ahh... – alguns vão gritar – o Exército não foi treinado para isso!” Pois, que seja treinado. Trata-se de uma guerra. Ou não? Não combateram a guerrilha urbana, com implacável ferocidade e competência?

Aposto que outros dirão: “O Exército não é para crimes comuns; é para guerras maiores...” Para quê? A invasão da Ar-gentina? A guerra que se anuncia é subversiva no pior sentido. Não aspira a uma ordem nova. Só quer uma vingança obtusa e a manutenção da miséria como refúgio. No fundo, muitos não admitem a ação das Forças Armadas, porque desejam ocultar a derrota de um sistema legal e policial.

Pois que seja. Nosso fracasso tem de ser assumido. Do contrário, continuaremos atrás das grades de nossos condomí-nios, dizendo: “Que horror!” para sempre.

Crime hediondo é que isto não seja uma prioridade nacional. A tragédia das periferias brasileiras me lembra um terremo-to ignorado, para o qual ninguém enviou patrulhas de salvamento. Já houve a catástrofe e todos nós tentamos esquecê-la, trêmulos de medo, blindados, com os “socilites” cheirando o pó molhado de otários, perpetuando esse poder parale-lo, que tende a crescer.

Arnaldo Jabor

Calendário

Algumas datas comemorativas

01 - Semana Mundial do Meio Ambiente 01 - Dia da Imprensa 08 - Dia Mundial dos Oceanos 09 - Dia Nacional de Anchieta 13 - Dia de Santo Antônio 19 - Dia do Migrante 20 - Dia do Refugiado 23 - Dia do Lavrador 24 - Dia de São João 24 - Dia do Caboclo 25 - Dia do Imigrante 26 - Dia do Professor de Geografia 29 - Dia de São Pedro e São Paulo

Ver mais sobre na Página 12

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem

defeito. Tem-se dito que a democracia é a

pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em

tempos.

Winston Churchill

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 4

Culturas e Identidades ACTUALIDADE DA FILOSOFIA

PORTUGUESA

Miguel Bruno Duarte

Raríssimos são, hoje, os que, com fronta-lidade e coragem, revelam compreender que um abismo sem fundo existe entre o saber parasitário das instituições universi-tárias e o pensamento vivo, espontâneo e criador de filósofos portugueses. Uma coisa são apenas duplicados do que no passado foi o pensamento vivo e especu-lativo de indivíduos espiritualmente supe-riores, outra coisa é, na actualização prospectiva da tradição filosófica nacio-nal, o aparecimento de novos e inespera-dos pensadores da cultura nacional-humana. Por outras palavras, todo e qual-quer carreirista universitário pago para produzir erudição livresca e quase sem-pre segundo os ditames ideológicos con-formes à cultura dominante – no presente caso o da cultura socialista -, não é nem deverá ser confundido com o que a tradi-ção clássica, baseada no modelo da sa-bedoria socrática, entendia ou caracteri-zava por filósofo. A filosofia portuguesa não é a filosofia de um «grupo», como dizem os seus detractores. Dizê-lo simplesmente assim significa, uma vez desaparecido o alegado «grupo», poder dar finalmente por finda a filosofia de um povo que já muitos consideram como tendo «saltado para fora do tempo». Eis então, rigorosa-mente, o ponto da questão: o movimento da filosofia portuguesa, no que o distin-gue de outros movimentos culturais, cien-tíficos e literários, está no facto incontor-nável de ter assumido a tradição filosófica pátria contanto que despida de tudo o que, erudita e monograficamente, grassa nas academias e nas universidades ao sabor do neoglobalismo triunfante, nome-adamente sob a forma do positivismo francês, alemão e anglo-saxónico. Deste modo se explica, aliás, que Orlando Vitorino repudiasse o supos-to carácter «grupal» da filosofia portugue-sa, não obstante a sua manifestação na concreta e situada tertúlia de Álvaro Ri-beiro e José Marinho, irmãos espiritu-ais em Leonardo Coimbra. Ou seja: a filo-sofia portuguesa não só irradiou a outras personalidades das mais diversas ori-gens, ideários e matizes ideológicos co-mo Almada Negreiros, Jorge de Sena e José Régio, como também lançou raízes mais fundas, singulares e originais que hoje permanecem e prometem doravante constituir a filosofia de todos os portugue-ses que pensam. Logo, como escrevera Orlando Vitorino, a filosofia portuguesa é um dos acontecimentos mais importantes da história de Portugal, afirmação que só estranhará quem não puder compreender a afirmação de N. Hartman de que os Discursos à Nação Alemã, de Fichte, fo-ram um dos acontecimentos mais impor-tantes da história universal.

Ora, a máquina universitária, dominada por inúmeros grupos de activistas – os mesmos que controlam ou tendem a con-trolar toda a acção cultural do Estado e são, além do mais, os queridinhos da Co-municação Social – essa, dizíamos nós, não pode nem quer reconhecer e perce-ber tão abissal diferença. Daí que surjam criaturas que, sob os efeitos contraditó-rios e estonteantes de uma propaganda gramsciana, declarem a morte alheia de tudo o que não compreendem, seja de Portugal seja da filosofia portuguesa. Na verdade, tais criaturas, que nem sem-pre falam em nome próprio, deixam, por vezes, ressaltar ainda mais a sua burrice vazia sobre o que espiritualmente as transcende: o pensamento autêntico que não corre pelas vias consagradas da clas-se política, jornalística e universitária do nosso tempo. Um pensamento, para mais, que não é apanágio de técnicas e metodologias universitárias de pura e re-dutora análise linguística sobre a letra morta de textos manuscritos ou impres-sos, brochados ou encadernados. Tal não significa que a paleografia não seja uma actividade auxiliar ou necessária, mas tão-somente que ela ainda não é pensamen-to nos termos de um real e profundo mo-vimento gerador de alta cultura. Pinharanda Gomes é, na filosofia portu-guesa, o exemplo paradigmático do obrei-ro paleográfico que, pairando acima das citações ornamentais e corporativas do mais insípido academismo, sabe decifrar, comentar e publicar documentos colhidos e investigados em arquivos e bibliotecas que nem sempre parecem estar ao servi-ço do património científico, artístico e filo-sófico português. Por isso, de muitos his-toriadores e paleógrafos existentes entre nós, ele é, sem dúvida, o primeiro e o mais abalizado de todos, pois percebe e compreende onde mora o valor de um paciente e laborioso trabalho que, como o seu, visa o «fundamento» sumológico das verdades eternas e principiais de uma filosofia da história norteada por e para Portugueses. Como tal, Pinharanda Go-mes vale, no mínimo, mil universitários pela sua obra verdadeiramente monu-mental, e tanto mais valiosa porquanto inspirada no pensamento de Álvaro Ribei-ro e José Marinho que foram, por certo, filósofos que promoveram aulas abertas e gratuitas de filosofia, coisa, aliás, impen-sável em "profissionais" pagos para dis-sertar no meio universitário. Na realidade, foram esses mesmos "profissionais" parasitários do pensamen-to extra-universitário que, por entre as vestes dissimuladas da “Filosofia em Por-tugal”, jamais admitiram a existência da filosofia portuguesa por a considerarem, como refere Pinharanda Gomes, uma ideologia já feita para então recusá-la liminarmente. E a ironia perpassa pelo facto desses mesmos «profissionais» do intelecto alheio não terem o mesmo senti-

do supostamente crítico quando são pa-gos para ensinar as mais dogmáticas e dissimuladas ideologias que fazem da corporação universitária o maior foco de positivismo e materialismo do nosso tem-po. De nada vale, portanto, a solenidade dos congressos, dos debates e das con-ferências se estas não visarem uma finali-dade superior à mera ruminação do saber já feito e vertido em segunda, terceira ou quarta mão, como, aliás, o reconhece Afonso Botelho[...]. De facto, a filosofia portuguesa abre-nos as portas para a compreensão una e om-nímoda, como diria o próprio José Mari-nho, do quanto podem e estão efectiva-mente minadas, sob o ponto de vista do ideologismo cientista, as instituições jurí-dicas, políticas e culturais da actualidade. De resto, essa coisificação saturnina, que Marinho designara por cisão extrema, teve aspectos verdadeiramente precurso-res no domínio do positivismo invasor, no momento em que este, a partir de mea-dos do século XIX, se infiltrara na superfi-cialidade cultural de medíocre mas nefas-ta aclimação no extremo ocidental ibérico. Daí, pois, ter Álvaro Ribeiro escrito para José Marinho o quanto considerava, não os marxistas, mas os positivistas co-mo «os maiores inimigos do pensamento português» [...]. Presentemente, o Brasil, correndo sob a divisa positivista da ordem e do progres-so, está sendo, muito para além disso, uma plataforma de coordenação revolu-cionária para a implantação do neocomu-nismo no continente sul-americano. Prova disso é a resistência de alguns ilustres brasileiros que, como Olavo de Carvalho, se batem heróica e frontalmente por um Brasil que rejeite, denuncie e combata o terrorismo cubano e certas e bem identifi-cadas organizações revolucionárias como o Foro de São Paulo, as FARC (6) e o MIR chileno (7). E tanto mais o fazem quando essa resistência se torna indis-pensável contra o establishment esquerdista imposto a todos os quadrantes da vida político-económica, jornalística e académica. Por isso, desde já nos consideramos na-turalmente solidários com nossos irmãos de Vera Cruz em nome de uma língua e de uma Pátria que nos é, não obstante a cisão histórica na «coisa pública», bem como na origem e na acção de dois Esta-dos diferentes, efectivamente comum. Na verdade, o abortismo ou a “cultura de morte” - na inequívoca expressão de João Paulo II -, a "liberalização das drogas", o multiculturalismo, o alarmismo ecológico, o feminismo, o “casamento” gay, enfim, tudo o que o socialismo progressista nos quer agora impor, encontrará da nossa parte a mais viva hostilidade. De resto, é um facto indesmentível de que a despro-porção entre o esquerdismo - constituído por organizações sectárias e partidárias para destruir a Pátria, a Nação e a Repú-

blica -, e a direita abstracta e paradoxal-mente inexistente, não passa, por sua vez, de um artificio de engenharia social que, além do mais, contribui sobremodo para o triunfo da Nova Ordem Mundial. Também é verdade que a filosofia portu-guesa, entendida nas suas mais distintas figuras de proa, como Álvaro Ribeiro e José Marinho, não se comprometeram, como Orlando Vitorino, a encarar de fren-te a táctica gramsciana enquanto via de instauração do comunismo no ensino e na cultura. Nesse sentido, brasileiros co-mo Olavo de Carvalho estão, em muitos aspectos, bem mais preparados do que a massa amorfa e apática dos intelectuais portugueses, que já nem sequer olham de frente para a realidade que os tolhe e ab-sorve num redemoinho de tagarelice oca e vazia nas academias e nos concentra-dos órgãos de comunicação de massas. Nisto, até os epígonos da filosofia portu-guesa, alguns deles já em órbita universi-tária, quedam perdidos por entre auto-elogios, lamúrias e cultos de personalida-de. Felizmente, a sabedoria, simbolicamente considerada, é mulher que prefere antes de mais os que a procuram e por ela se batem na melhor tradição socrática. Nós nem queremos imaginar, entretanto, o que seja o naufrágio do estudante univer-sitário lançado às turvas águas da filosofi-a estrangeira, venha ela na forma de mar-xismo, pragmatismo, desconstrucionismo, ou ainda na forma de kantismo, nietzs-cheanismo, estruturalismo, heideggeria-nismo, e todos os demais ismos. Contu-do, permanecerá sempre uma bóia de salvação lançada pela filosofia portugue-sa, cujo horizonte superno ora atravessa as implicações últimas da visão unívoca e mística de José Marinho, ora atende ao aristotelismo modal e teleológico de Álva-ro Ribeiro. Assim, cabe-nos dizer que o movimento da filosofia portuguesa, no que verdadeira e espiritualmente significa, não deve, quanto a nós, ser equiparado a outros movimentos manifestamente cívicos, lite-rários, políticos ou outros, como fazem certos universitários que só vêem, em termos lineares, o antes e o depois, histó-rica ou sociologicamente considerados. Se tudo fosse pautado nos tais termos lineares do antes e depois, permaneceria apenas a imagem temporal do que inces-santemente se nega, altera e corrompe, onde nada por si mesmo subsiste ou per-manece. Ora, entendida a filosofia portu-guesa, não como o pensamento do já pensado, mas como o pensamento em acto, é o que nos permite dizer hoje, co-mo ontem disse Álvaro Ribeiro, e amanhã o dirão outros ainda, que a interpretação portuguesa da filosofia de Aristóteles é superior à interpretação alemã. *Mantido texto original em Português de Portugal.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

Como você imagina o mundo futuro?

Agora estamos em 2017, eu reconheço que, comparado aos pa-râmetros dos anos 80 e 90, a tecnologia avançou muito em algumas áreas como informática e telecomunicações e, pouco em outras á-reas. O mundo hoje está um pouco diferente do mundo que conheci na infância e na adolescência. Percebo diferença até no comporta-mento das pessoas de hoje em dia em comparação com aquelas é-pocas.

Como será o mundo daqui a uns 30, 50,70 ou 100 anos? Os edi-fícios serão mais altos ainda? Terão tecnologia de limpeza e reparo automáticos, tipo inteligência artificial? As janelas serão holográfi-

cas? Os profissionais da construção civil terão exoesqueletos robóti-cos para facilitar o trabalho? Os carros e as motos vão voar e vão se guiar sozinhos? Será iniciada a colonização da Lua e de Marte? Vão ser construídas cidades submarinas e espaciais, em órbita da Terra? As pessoas vão passar a trabalhar em casa? Os robôs vão trafegar nas ruas das cidades ao lado de humanos? Haverá, finalmente, um contato com extraterrestres? Um contato oficial e exposto ao público. Será? O mundo vai estar mais quente, a temperatura média global? O mapa do globo terrestre, o formato dos continentes vai estar alte-rado? A maioria dos países vai ter população multicultural? As pes-soas vão passar dos 120 anos de idade? A água potável será escas-sa? A maioria das espécies animais estarão extintas? As doenças terão curas descobertas pela ciência? Surgirão novas doenças hoje desconhecidas? Os empregos como conhecemos hoje vão acabar? O capitalismo vai acabar e ser substituído por outro modo de produ-ção? Ou o capitalismo vai persistir e, vai tomar outra forma? O casa-mento civil vai ser extinto, devido ao alto índice de divórcios? Ou vai permanecer existindo? Como vai ser a alimentação no futuro? Vão surgir novas religiões?

E o Brasil, especificamente? Vai permanecer sendo o eterno pa-ís do futuro que nunca se torna presente? A nação brasileira vai con-seguir se livrar do problema da corrupção? Dos constantes escânda-los políticos? A criminalidade vai diminuir? O Brasil vai conseguir en-contrar o caminho para o desenvolvimento? A mentalidade predomi-nante na sociedade atual vai mudar? O futuro é consequência do presente e do passado, principalmente do presente. As decisões que tomarmos hoje vão moldar os acontecimentos do amanhã.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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Por uma Reforma Política democrática e com participação popular

09 de junho Dia Nacional de Anchieta, Apóstolo do Brasil. O Dia Nacional de An-chieta é comemorado em 9 de junho. Essa data comemorativa é uma homenagem a fi-gura história de José de Anchieta, um padre jesuíta que viveu du-

rante o século XVI e chegou ao Brasil com a missão de catequizar os povos indígenas, de acordo com os princípios do catolicismo. José de Anchieta nasceu no dia 19 de mar-ço de 1534, em São Cristóvão de Laguna,

Tenerife, uma das ilhas do arquipélago das Canárias. Em 1548, Anchieta chegou ao Co-légio das Artes e com 17 anos ingressou no noviciado. Após estudar em Coimbra, Portugal, ingres-sou na Companhia de Jesus em 1551. Em julho de 1553 deixou Portugal e veio para o Brasil na comitiva de Duarte da Costa, com o intuito de catequizar os índios. Em 1554, fundou, com Manuel da Nóbrega, um colégio em Piratininga. Aos poucos se formou um po-voado ao redor do colégio, batizado por José de Anchieta como São Paulo. Algum tempo depois, é enviado a São Vicente, onde apren-deu a língua tupi. José de Anchieta escreveu inúmeros autos, cartas e poesias de cunho religioso. Além disso, resultante do seu trabalho de cateque-

se, escreveu Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, primeira gra-mática da língua tupi-guarani. A poesia escri-ta por José Anchieta está impregnada de conceitos morais, espirituais e pedagógicos. Por isso, sua linguagem é simples, apesar de ser escrita em redondilhas menores (cinco sílabas poéticas). Em 1563, foi refém, durante cinco meses, dos índios tamoios. Nesse período escreveu o poema em latim "De Beata Virgine Dei Ma-tre Maria" e vários autos religiosos. Já doente muda-se para o Espírito Santo, onde morreu aos 63 anos, na cidade de Reritiba, atual An-chieta. Em 1980, foi beatificado pelo papa João Paulo II.

Da redação

História

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Angola

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 6

A irmã do Brasil

Do outro lado do oceano atlântico, no hemisfério sul, há um país que tem o português como um de seus principais idiomas e tem ligações históricas fortes com o Brasil, tanto que milhões de brasileiros descendem de pessoas que vieram desse país. Esse país é Angola.

Você sabia que em Angola o Brasil é visto como um irmão mais velho? Mas aqui no Brasil pouca gente se interessa por Angola, é um país desconhecido em terras brasileiras.

Apesar de ambos os países terem sido colônias de Portugal, até a independência do Brasil, as exportações de Angola eram majoritariamente para o Brasil, principalmente mão de obra escrava. Os colonos portugueses em Angola interagiam mais com os colonos no Brasil do que com a metrópole. Depois da independência do Brasil, essa relação direta foi rompida, Angola e Moçambique passaram a ter maior importância econômica para Lisboa.

Nos últimos anos, Angola teve grande crescimento econômico e comercial no mundo, um dos países emergentes na África. É um grande produtor de petróleo. Mas infelizmente, no aspecto político, Angola necessita melhorar muito. Desde 1979, o mesmo homem tem se perpetuado na presidência daquele país. Mas é um Estado político novo no cenário mundial, se tornou independente em 1975, passou por uma guerra civil. Os principais partidos políticos de Angola são a UNITA, o MPLA e a FNLA. Angola também é uma República Presidencialista, é dividida em 18 províncias cujos governadores são escolhidos e nomeados pelo presidente da República, não são eleitos pelo povo como no Brasil. Lá, o Estado é unitário, não é federal. Angola não é dividida em estados. O Parlamento angolano é unicameral, tem uma Assembleia Nacional composta por 220 deputados mas, não tem

um Senado. A moeda de Angola é chamada Kwanza, o símbolo é Kz.

Angola é um país multicultural e transcultural. Isto quer dizer que abriga em seu território diversas culturas, com línguas, costumes e origens diferentes, que muitas vezes extrapolam as fronteiras políticas estabelecidas pelos europeus no século 19. As etnias nativas de Angola são os ovambos, os hereros, os xindongas, os ganguelas, ovimbundus, os nhanecas-humbes, os ambundus, os bakongos, os chokwes e os khoisans. Cerca de 71% dos angolanos falam português. Os principais estilos musicais angolanos são o Semba, o Kuduro e o Kizomba. As festas tradicionais angolanas são a Festa do Mar, o Carnaval e as Festas de Nossa Senhora de Muxima. Cerca de metade da população é católica romana, e cerca de um quarto da população é evangélica. Os principais canais de televisão em Angola são a TPA (Televisão Pública de Angola), a TV Zimbo e a AngoTV.

É um país que, no aspecto geopolítico e geoeconômico, é um aliado muito interessante para o Brasil, mas a maioria dos brasileiros não percebe.

João Paulo E. Barros

Outro irmão do Brasil

Em outra parte do mundo, na África do lado do Oceano Índico, há um país que tem o português como um de seus principais idiomas e tem ligações históricas com o Brasil. Es-se país é Moçambique.

Você sabia que em Moçambique, o português do Brasil tem se popula-rizado nos últimos anos? Mas aqui no Brasil pouca gente se interessa por Moçambique, é um país desco-nhecido em terras brasileiras. Os

portugueses chegaram naquela região no século 15, quando Vasco da Gama ia para a Índia. As exportações de Moçambique para o Brasil eram principalmente mão de obra escrava. Depois da independência do Brasil, Angola e Moçambique passaram a ter maior importância e-conômica para Lisboa. Nos últimos anos, o Brasil foi um dos países que mais investiram em Moçambique. E fez alguns investimentos agrí-colas junto com o Japão, em parceria.

Nos últimos anos, assim como Angola, Moçambique também teve grande crescimento econômico e comercial no mundo, e é também um dos países emergentes na África. Mas infelizmente, no aspecto políti-co, Moçambique tem tido problemas de instabilidade. É um Estado po-lítico novo no cenário mundial, se tornou independente em 1975, pas-

sou por guerra civil. Os principais partidos políticos de Moçambique são a FRELIMO e a RENAMO. Moçambique é uma República Semi-presidencialista, é dividido em 10 províncias e capital Maputo, cujos governadores são escolhidos e nomeados pelo presidente da Repúbli-ca, não são eleitos pelo povo como no Brasil. Lá, o Estado é unitário, não é federal. Moçambique não é dividido em estados. O Parlamento moçambicano é unicameral, tem uma Assembleia Nacional composta por 250 deputados mas, não tem um Senado. A moeda de Moçambi-que é chamada Metical.

Moçambique é um país multicultural e transcultural. Isto quer dizer que abriga em seu território diversas culturas, com línguas, costumes e origens diferentes. As etnias nativas de Moçambique são os Macuas-Lomués, os Tongas, os Macondes, os Swahilis e os Nhanjas. Cerca de 71% dos angolanos falam português. O principal estilo musical mo-çambicano é a Marrabenta. As festas tradicionais moçambicanas são a Feima e o Folguedo de Moçambique. Cerca de 24% da população é católica romana, e cerca de 22% da população é evangélica e 20% é muçulmana. Cerca de metade da população segue crenças tradicio-nais africanas. Os principais canais de televisão em Moçambique são a TVM (Televisão de Moçambique) e a TIM (Televisão Independente de Moçambique).

É outro país que, no aspecto geopolítico e geoeconômico, é um aliado muito interessante para o Brasil, mas a maioria dos brasileiros não percebe.

João Paulo E. Barros

Moçambique

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 7

Crônicas, Contos e Poesia

O QUADRO

Genha Auga - Jornalista - MTB: 15.320

Chegou em casa muito feliz! Estivera num bazar beneficente e adquiriu

por uma bagatela algumas prendas, mas, o melhor de tudo foi que ao final foi

sorteado um quadro que ficou de lado desprezado que para sua surpresa, ela

fora a ganhadora.

Escolheu pendurar o mesmo na parede em frente da sua cama para

analisar melhor aquela pintura de nuvens pesadas e assustadoras, pensou:

“Parece anúncio de mau presságio”.

A noite preparou-se para dormir e deitou-se olhando para o quadro e,

jurava que as nuvens se movimentavam e quanto mais atentamente olhava se

convencia de haver um mistério que a intrigava, até que de tanto pensar ador-

meceu.

Naquela noite chovera tanto que mal conseguia dormir, com calafrios

levantou-se e percebeu a janela meio aberta e viu nuvens assustadoras e o

pior, foi quando percebeu que a tela do quadro pendurado estava vazia, pare-

cia loucura de sua cabeça.

Quase em choque e tentando ter certeza que estava acordada e que

não era um pesadelo, foi até a cozinha pegar um copo de leite. Nisso, um tro-

vão bem forte e raios, iluminaram a janela clareando a casa. Suas pernas fra-

quejaram e sentiu um pavor enorme até que uma ventania escancarou toda

janela derrubando o quadro.

Relutou muito em pegá-lo para ter certeza do que estava acontecendo,

mas assim o fez e foi então que o quadro a engoliu e as luzes se apagaram.

Parece que tudo não passou de um pesadelo e foi tudo um sonho essa

história de bazar e de quadro. No dia seguinte levantou e não viu mais nada

disso. Ufa! Que alívio e de frente ao espelho foi se pentear.

Sabem o que aconteceu? Sua imagem não era a dela e sim a de uma

nuvem cinza com cara de terror. Naquela noite o quadro realmente a engoliu e

deu vida aquele ser das trevas. E ela?

Ah! Eu a vi no quadro em outro bazar só que dessa vez, fui eu a sortea-

da. Não aceitei e fui “saindo de fininho”. Olhei para o quadro com a imagem da

moça e ela piscou para mim num tom ameaçador e senti com arrepios que

não poderia menosprezá-lo. Fiz isso, levei o quadro.

Bem para resolver isso, organizei um bazar para prosseguir com o

presságio e vou sortear o quadro.

Vocês estão convidados...

MEU JARDIM

GENHA AUGA

Luto pela força da palavra.

Na batalha da vida gosto de ser gentil,

Mas a vida deixa cicatrizes da maldade humana,

Da ganância e da intolerância.

Sou guerreira, mas não empunho espada,

Minha arma é sempre a fala,

Algumas duras,

Quando é preciso cortar o mal pela raiz.

E quando a tristeza ou dor

Vem me avassalar,

Encontro no céu meu chão.

Semeio flores,

Amadureço com os espinhos,

Aprendi a gostar de mim

E a quem de mim gostar,

Cuido do meu jardim,

E quando as flores nascem, colore a vida,

Enobrece a alma,

Vem o gato a espreitar o pássaro

Que no meu jardim canta e encanta.

Sempre que abro a janela vejo isso tudo

De bonito e forte que construí.

Parece sonho, mas somente quem aprende

Olhar a vida com amor,

Terá da sua janela um cenário assim.

Se não tem um jardim dentro de ti,

Jamais as borboletas te procurarão.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 8

Diretas já!

Por democracia e direitos, Diretas Já!

Foto: Mariana Raphael/Facebook

A depender do desejo e das ações das elites detentoras do capital, dos grandes meios de comunicação e de grande parte do parlamento, a democracia brasileira sempre será uma festa de fachada para a qual o povo brasileiro não será convidado, a não ser para pagar a conta ou fazer a faxina.

Em meio à grave crise econômica que atingiu o país, os verdadeiros donos do poder, visando manter seus privilégios, sem qualquer ceri-mônia ou traço de acanhamento, não tiveram nenhuma dúvida: orga-nizaram suas tropas na mídia e no Congresso Nacional, levaram a cabo um processo de impeachment sem prova alguma da prática de crime de responsabilidade e destituíram do Poder a presidenta eleita pela soberania do voto popular.

Uma vez violado um dos pilares centrais da Constituição de 1988, sob a batuta de Michel Temer, os mais sinistros personagens do teatro político brasileiro voltaram à cena e não têm medido esforços para promover um violento e extenso ataque aos direitos da classe traba-lhadora, aos programas sociais e ao patrimônio nacional.

Nesta altura, no entanto, as forças econômicas, políticas e jurídicas que deram sustentação ao golpe já não estão atuando de modo hege-mônico e, nos dias que se seguem ao terremoto político causado pela divulgação das delações dos proprietários da JBS, o que se vê no ho-rizonte do país é a possibilidade concreta de os momentos de Michel Temer ocupando a Presidência da República estarem contados.

Com baixíssima aprovação, sem resultados reais na economia, com uma crescente insurgência popular contra seu governo e envolvido diretamente em graves acusações de prática de crimes, Michel Te-mer, agora fustigado pelo poderoso arsenal da Rede Globo, está pronto para ser devorado.

Neste cenário, a dúvida que paira no ar refere-se ao modo pelo qual se dará a sua retirada do Poder – se pela renúncia, cassação da cha-pa eleitoral pelo TSE ou impeachment – e a grande luta a ser travada é pela forma como se dará a escolha de seu sucessor – se pela via de eleições diretas ou indiretas.

Não parece muito complicado compreender que quem se atreveu a colocar a cavalaria em campo para desrespeitar a Constituição de 1988, a soberania do voto popular e extinguir direitos com a voracida-de que temos acompanhado, não está interessado em eleições dire-

tas para Presidência da República.

Muito ao contrário, o que lhes interessa é substituir o atual fantoche por outro fantoche qualquer que se mostre comprometido e apto a le-var a cabo as reformas desejadas pelo capitalismo predatório nacional e estrangeiro.

Com esse foco, as regras do jogo democrático são lembradas apenas se servirem a esses interesses.

Exemplo disso veio estampado no editorial do jornal O Globo no últi-mo dia 19 de maio. Eivado de afetação e de dissimulada surpresa e indignação com as condutas atribuídas a Michel Temer, o texto pediu a renúncia do presidente e somente se recordou de invocar a Consti-tuição para deixar estabelecida a opção por eleições indiretas, a se-rem realizadas pelo Congresso Nacional:

“O caminho pela frente não será fácil. Mas, se há um consolo, é que a Constituição cidadã de 1988 tem o roteiro para percorrê-lo. O Brasil deve se manter integralmente fiel a ela, sem inovação ou atalhos, e enfrentar a realidade sem ilusões vãs”.

Todavia, no ponto em que a Constituição de 1988 determina que “todo o poder emana do povo” (art. 1º, parágrafo único), ela é solene-mente ignorada, assim como vem sendo ignorado também o fato de pesar sobre importante parte dos integrantes do Congresso Nacional pesadas acusações de prática de crimes.

O fato de Henrique Meirelles ter ocupado entre 2012 e 2016 o cargo de presidente do conselho de administração da empresa controladora da JBS e permanecer como Ministro da Fazenda, não é motivo de consternação para os porta-vozes do novo golpe. Ao contrário, sem nenhum pudor, seu nome chegou a ser cogitado para ser indiretamen-te eleito para a Presidência da República.

Mais uma vez, como é corriqueiro na história do Brasil, as peças do jogo político são movimentadas para impedir a interferência do perso-nagem principal nos processos decisórios. Para atingir esse objetivo, a manipulação e a violência são as armas preferidas dos donos do poder.

A importante manifestação popular realizada em Brasília no último dia 24 de maio foi duramente reprimida pelas forças de segurança e Mi-chel Temer chegou a editar um decreto, depois revogado, autorizando o emprego das Forças Armadas para garantia da lei e da ordem du-rante os protestos na Esplanada dos Ministérios.

No mesmo dia, enquanto em São Paulo, por ordem do governo esta-dual e municipal, desenrolavam-se cenas de terror com a prisão e ex-pulsão de moradores da região da Cracolândia, na cidade de Reden-ção, no estado do Pará, no cumprimento de um mandado de reinte-gração de posse, onze trabalhadores rurais foram barbaramente as-sassinados pela polícia.

Diante deste momento crucial da história do Brasil, para evitar retro-cessos ainda mais profundos e para reconquistar a democracia, o que nosso tempo exige das forças progressistas é a unidade e a capacida-de de agir, nas ruas e nos corações, exigindo a realização de eleições Diretas Já!

Giane Ambrósio Álvares é advogada, mestre em Processo Penal

pela PUC/SP e membro da Rede Nacional de Advogados e Advoga-

das Populares.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 9

Política da educação

SOBRE O ENSINO DE AFRICANIDADES: NINGUÉM CONSEGUE ENSINAR O QUE

NÃO SABE

Dia 25 de maio é celebrado o Dia Interna-cional da África. Um dia de reflexão sobre a independência dos povos africanos. Neste mesmo dia, em 1963, foi criada a “Organização da Unidade Africana”, chamada hoje “União Africana”. Na época, essa organi-zação tinha como objetivo tornar oficial a luta contra o colonialismo europeu e o apartheid. Em 1972 a Organização das Nações Unidas reconheceu tal movimento e criou, então, o “Dia da África”.

Que o continente africano tem uma rica diver-sidade natural e cultural, isso pouca gente du-vida. O problema é que geralmente nos reme-temos ao continente enquanto um exportador de escravos e enquanto um país miserável (sim, muitos imaginam que o continente africa-no é um país).

Historicamente o berço da humanidade se en-contra neste continente. A matemática, a filo-sofia, os estudos sobre a natureza, a desco-berta do fogo, a evolução da espécie humana, enfim, a nossa história começa no continente africano.

Infelizmente este continente foi palco de diver-sas formas de colonização e exploração mo-derna (considerando pós século XV). O conti-nente serviu de exportação de escravos para o continente americano e foi saqueado por dife-rentes países europeus.

As migrações (ainda que forçadas) contribuí-ram para a transformação dos povos america-nos. Hoje, nossa comida, vestimenta, religião e dialeto (dentre outras características) possu-em forte influência africana.

Para que possamos conhecer melhor este continente, a Lei 9.394/1996, no seu artigo 26, §4º diz que “O ensino da História do Brasil le-vará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo bra-sileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia”. Adiante, no artigo 26-A se lê, que “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e pri-vados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. Segue §1º: “O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da histó-ria e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história

da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na for-mação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômi-ca e política, pertinentes à história do Brasil”.

Pois bem. Diante dessa breve introdução e da legislação pertinente, questiona-se: “como é possível ensinar o que se estabelece nos arti-gos acima, sem ter conhecimento sobre seus conteúdos”?

Sabemos que a formação de professores de História, Geografia, Sociologia, Filosofia e de Pedagogos pouco abordam as questões indí-genas e o ensino de africanidades. Quanto muito, estudam algumas passagens e algumas “pinceladas” sobre aspectos bem gerais. Quando este professor cai em sala de aula, acaba se apoiando muito mais na mídia do que em estudos acadêmicos.

Apoiando-se em matérias jornalísticas da grande mídia, os professores acabam refor-çando os estereótipos sobre o continente afri-cano (isso quando não o tratam como um úni-co país). A escassez de material didático so-bre as questões africanas e indígenas faz com que recorremos aos materiais de baixa quali-dade que existem.

Recentemente realizei uma pesquisa sobre o material disponível para o ensino de africani-dades e questões indígenas. Pouco material de qualidade foi encontrado. No Youtube, o que se encontra, geralmente, são documentá-rios que reforçam o estereótipo de subdesen-volvimento e pobreza extrema ou alguns ou-tros documentários que tratam de culturas muito específicas do continente (sobretudo de bosquímanos – que, por consequência refor-çam os estereótipos).

Há diversos filmes espalhados pela internet que podem nos ajudar. Atualmente em vários países africanos há produtoras de filmes e di-versos jovens que utilizam a plataforma do Youtube para apresentar seu país. Neste ca-so, precisamos conhecer este material e trans-formá-los em aula.

Atualmente é possível verificar algumas edito-ras que, muito timidamente, começam produzir livros de contação de histórias, introduzindo o interesse pelas africanidades aos pequenos. Porém, como dito, ainda é muito tímido. Para os jovens, então, é mais escasso ainda. Con-tudo, é possível afirmar que a situação na últi-ma década melhorou razoavelmente.

Pensando nessa problemática, e longe de querer sanar o problema, o Prof. Fábio Luiz (diretor do Canal Nossa História) e eu pensa-mos em uma sequência de vídeos explicando diferentes conteúdos do continente africano. Pensamos em um material que possa servir tanto aos professores que não dominam o conteúdo, quanto ao aluno que pretende co-

nhecer mais sobre o tema. Dessa conversa, então, surgiu a lista a seguir:

Atualmente temos já disponibilizados os temas que estão em vermelho e ticados. Nosso pla-nejamento é que até o final de 2017 todos os vídeos estarão contemplados. Com essa série completa, pretendemos ofertar gratuitamente aos colegas professores e alunos, uma grande diversidade de vídeos sobre a História e a Ge-ografia do continente africano.

Pensando em um modelo de aula invertida ou de ensino híbrido, acreditamos que esses ví-deos podem ajudar alunos e professores a compreenderem um pouco mais o continente africano. No futuro, quem sabem, podemos fazer o mesmo movimento com as questões indígenas.

Para isso, é importante que nossos colegas e nossos alunos acessem nossos materiais e critique nosso trabalho. Precisamos saber se estamos ajudando, ou não.

Também precisamos destacar que a Gazeta Valeparaibana também contribui com muitos artigos e informações sobre diferentes países africanos de influência portuguesa. Os chama-dos países lusófonos (Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Brasil, Moçambique, Ti-mor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné E-quatorial). Todos esses materiais que contribu-em com um melhor entendimento das nossas matrizes precisam ser divulgados.

Reafirmo a condição de que ninguém conse-gue ensinar o que não sabe. E, obviamente isso se aplica a mim, uma vez que preciso es-tudar muito, para poder ensinar meus alunos e contribuir com os colegas. Precisamos unir nossas forças e objetivos de forma com que possamos estudar mais e conhecer mais so-bre a nossa própria história. Reafirmo, tam-bém, meu respeito aos povos africanos e indí-genas que sustentaram as bases da nossa so-ciedade e que foram massacrados ao longo da história.

Neste momento, muito mais importante do que ensinar meu aluno a fazer “X” no lugar certo para passar em um vestibular, fica aqui o pro-testo para que, primeiro, meu aluno seja um cidadão.

Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo [email protected]

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 10

Dia Mundial dos Oceanos A importância dos

Oceanos para a

Biosfera e para o

humano.

Os oceanos e mares

exercem uma grande

relevância para a bios-

fera. Do ponto de vista

ambiental contribuem

na composição e equi-

líbrio climático, uma vez que os fitoplânctons abrigam as cianobacté-

rias responsáveis pela produção de grande parte do oxigênio do pla-

neta juntamente com algumas espécies de algas marinhas. São o ver-

dadeiro pulmão do mundo, uma vez que produzem mais oxigênio pela

fotossíntese do que precisam na respiração, e o excesso é liberado

para o ambiente.

O ambiente marinho, apesar de suas características e comportamento

muito peculiar, não está isolado do restante do planeta. Ao contrário,

forma com os continentes e com a atmosfera uma complexa unidade

vital: a Biosfera.

O oceano e a atmosfera são dois fluidos em permanente interação e

disso depende, e muito, o clima e as condições de vida na Terra.

O Sol, como fonte primeira de energia, é o grande motor dessa intera-

ção. Cerca de 40% da energia que chega à Terra é devolvida para o

espaço. Dos 60% que ficam, cerca de um terço é absorvido pelas nu-

vens, vapores de água e outros gases presentes na atmosfera, como

o gás carbônico e o ozônio. Os outros dois terços atravessam a at-

mosfera e são aproveitados pelos oceanos e continentes. Como os

oceanos ocupam mais de 70% da superfície do planeta, eles recebem

a maior parte da energia solar

A energia solar refletida é responsável pela luminosidade da Terra,

para quem a vê do espaço. A energia absorvida, principalmente sob a

forma de calor, promove o aquecimento e a circulação da atmosfera,

gerando os ventos, frente frias e outros fenômenos atmosféricos e cli-

máticos. E também provoca, anualmente, a evaporação de uma ca-

mada de 91 centímetros de água de todos os oceanos. Estima-se que

da energia solar que incide sobre as camadas superiores da atmosfe-

ra, apenas de 1 a 2% é utilizada na fotossíntese e passa a entrar nos

ecossistemas.

Como a capacidade da água de absorver calor é muito maior do que

a da atmosfera, isso torna o oceano um grande reservatório de calor.

Apenas os três primeiro metros de camada de água dos oceanos é

capaz de armazenar tanto calor quanto toda a atmosfera. Calor esse

que resulta, em boa parte, na maior contribuição do mar para a at-

mosfera: a formação de nuvens.

As nuvens são formadas pelo vapor da água que se condensa em tor-

no de algumas substâncias químicas presentes na atmosfera, conhe-

cidas como aerossóis de sulfato, que constituem os núcleos formado-

res de nuvens. A maior fonte natural destas substâncias é o dimetil-

sulfeto, um gás produzido pelas algas do fitoplâncton que é liberado

para a atmosfera. Outra importante fonte são os gases poluentes exa-

lados pelos navios que ao queimarem combustíveis fósseis liberam

sulfetos.

As nuvens têm um papel importante no controle climático da Terra,

aumentando ou diminuindo a capacidade de reflexão da energia solar

e interferindo no equilíbrio térmico do planeta.

E as interações entre o mar e o ar não param por aí. A energia do sol

atinge a superfície da Terra com mais intensidade na faixa tropical do

que nas regiões polares. Esse aquecimento diferenciado produz mas-

sas de ar com temperaturas diferentes. Para que exista um equilíbrio,

essas massas de ar se movimentam e provocam os ventos, que por

sua vez atuam na superfície dos oceanos gerando as ondas. As on-

das ajudam a manter homogênea a temperatura da água nos primei-

ros dez metros do mar, que é a região em que mais de 60% da ener-

gia do sol é absorvida.

Enfim, o oceano é um grande regulador térmico da atmosfera, ceden-

do e retirando calor quando é necessário.

Da redação

Rádio web

CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

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A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Professor , Família e Sociedade.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 11

Grandes figuras da música ocidental V - Mahler O século XIX foi o período onde a música sinfônica mais se desenvolveu. Instrumentos em especial de sopro e percussão foram melhorados e proporciona-ram aos compositores um leque maior de opções de timbres e sons.

As orquestras foram crescendo de tamanho. No início do século XIX elas tinham por volta de 40 músicos, na entrada do século XX chega-vam a ter 110 a 120. Um dos compositores que viveram nessa época que mais aproveita-ram esse crescimento foi Gustav Mahler. Mahler, que viveu entre 1860 e 1911, nasceu na Bohemia, na época do Império Austro- Húngaro, hoje, república Checa. Era de origem ju-daica, o que lhe trouxe problemas de aceitação por causa do anti-semitismo que já corria na Europa, especialmente nos países de lín-gua germânica. Mesmo em sua terra de origem, uma família judia que falava alemão, ele já se sentia sempre um “desterrado”, por suas próprias palavras. Na cidade onde ele passou a infância ele teve contato com a rica mú-sica folclórica da região, além de músicas de bandas militares. Apoiado pela família, Mahler foi para Viena, capital do Império Austro-Húngaro para tentar uma vaga no conservatório. Mahler conseguiu prontamente e logo foi construindo sua carreira. Mahler sempre gostou de compor mas foi como regente que ele aca-bou ficando conhecido. Ocupou o posto de diretor da Ópera de Viena, e também do Metropo-litan de Nova York. Ele teve que se converter ao Cristianismo para tentar não ser perse-guido e criticado, o que parcialmente ajudou, mas nunca evitou. Ape-sar de ser considerado um dos melhores regentes de ópera na sua época nunca se interessou em escrever uma, mas escreveu 9 sinfoni-as enormes, muitas delas usando a voz humana. Costuma-se dividir sua obra em três fases. Numa primeira, ainda jovem com energia, ele compôs 4 sinfonias exu-berantes, poderosas, triunfais. A primeira delas é apenas instrumental, mas poderosa. Chamada por muitos de Titã, posso destacar dois movimentos: O terceiro, onde a gente pode ouvir toda a infância do compositor: re-ferência à música folclórica, a bandinhas e música judaica. O quarto, é uma explosão de alegria, de juventude. Muito heróica inspirou muita música atual de cinema. Sinfonia nº 1 https://youtu.be/4XbHLFkg_Mw , O 3º movimento come-ça em 24min55s, o 4º em 36min20s A segunda e a terceira são gigantescas, a segunda chega a durar u-ma hora e meia. Fala da Ressureição. Usa uma orquestra enorme, coro e solistas vocais. Apesar de ser longa é talvez a mais executada de suas 9. Ela é inteira linda. Mas ouça o final dela que é absoluta-mente empolgante. Sinfonia nº 2 https://youtu.be/4MPuoOj5TIw o final começa em 48min40s A terceira é a maior delas em duração, dura quase duas horas e tem 6 movimentos. Usa coro adulto, coro infantil, solista e grande orques-tra. Usa textos de Nietzche (Assim Falou Zaratustra) e do Cancioneiro Popular (Des Knaben Wunderhorn - A Trompa Mágica do Garoto). O-riginalmente ela tinha até sete, mas até o próprio compositor achou demais. Este sétimo movimento acabou virando o último movimento de sua quarta sinfonia, que em oposição é a mais curta delas. A últi-ma da primeira fase, e a mais delicada de todas. Usa uma orquestra menor e uma voz no último movimento com texto da Trompa Mágica. Sinfonia nº 3 https://youtu.be/9Yr720ftjaA A participação do coro in-fantil fica em 1h09m14s Sinfonia nº 4 https://youtu.be/YnfhInZLmUQ A canção começa em 47min35s A segunda fase marca uma fase mais dura da vida do compositor. Ele perde uma de suas duas filhas para a difteria. Isso evidentemente o

deixa devastado. Antes desse fato, a perseguição por causa do anti-semitismo aliado ao seu sucesso que incomodava muita gente já co-meçou a deixá-lo mais deprimido. Escreve 3 sinfonias, sem a utiliza-ção da voz. Parece que ele estava em um momento interior sem exa-tamente a necessidade de se expressar em palavras mas com muito sofrimento para ser exprimido em arte. Sua quinta sinfonia é densa, tem cinco movimentos, já espelha essa tristeza mas tem momentos de alegria. Seu movimento mais famoso, o quarto, um Adagietto que é muitas vezes tocado sozinho em um concerto, ficou famoso quando foi utilizado quase integralmente em um filme, Morte em Veneza, um filme polêmico de Luchino Visconti, de 1971. Sinfonia nº 5 https://youtu.be/vOvXhyldUko o Adagietto começa em 45min20s A sexta sinfonia é onde a gente conhece sua dor extrema. O primeiro movimento começa com uma espécie de marcha fúnebre que explode em um choro sofrido e desesperado. Com certeza ouvir esse primeiro movimento com a imagem da perda de uma filha dispensa explicação. Sinfonia nº 6 https://youtu.be/YsEo1PsSmbg. Ouça o início dela, a marcha fúnebre e a explosão de angústia. Sua sétima já é bem mais cerebral, mais madura, mais doída. Uma música mais complexa e dura. Mas também muito linda. Ela tem uma cara de século XX, mais escura. Linda, forte, mas difícil. Sinfonia n.º 7 https://youtu.be/QdxvC7NNSLQ um Scherzo (Brincadeira) delicioso começa em 35min53s Sua oitava sinfonia inaugura uma fase mais espiritual, a última fase de criação Além da tragédia da perda da filha e da perseguição ele descobre u-ma traição de sua mulher. e percebe que seus dias podem estar che-gando pois os médicos lhe disseram que seu coração estava com problemas. A oitava se torna seu projeto mais ambicioso. Ele escolhe dois textos que teoricamente seriam antagônicos mas que têm um ponto em co-mum: a Redenção pelo amor. O primeiro movimento é retirado de um hino cristão Veni creator spiritus (venha espírito criador) do século XIX e o segundo da cena final do Fausto de Goethe, que lida com pactos com o diabo. O resultado é maravilhoso. Muito difícil de ser executa-do. Ele usa dois coros enormes, oito solistas vocais e uma orquestra gigantesca. Por causa desse número de executantes ela é feita rara-mente. Sinfonia nº 8 https://youtu.be/NSYEOLwVfU8 A nona sinfonia é quase uma despedida. Como se ele estivesse di-zendo, ok… tenho que ir agora. O último movimento dela é lento e meditativo, e termina quase num silêncio, como se ele soubesse que era o fim. Sinfonia nº 9 https://youtu.be/RlGe8bsdpB8 . Navegue até os últimos 10 minutos e veja como ela termina quase silenciosa como se ele dis-sesse, “estou indo”, “até breve”. Ele chegou a escrever parte de uma décima sinfonia. Só existe com-pleto um adágio. Um provável segundo movimento. Extremamente dramático e espiritual, ele é apontado por muitos estudiosos como u-ma profecia da música do século XX. Há um momento em que a or-questra toca todas as notas possíveis ao mesmo tempo. Um prenún-cio do caos que se aproximava. Sinfonia nº 10 - Adagio https://youtu.be/4CGxEkT6-DI. O momento em que ele se utiliza de todas as notas ao mesmo tempo começa em 18min08. Ele vai acrescentando blocos até que a orquestra inteira to-ca esse acorde. Mahler inspirou muitos compositores de música de cinema de nossa época. John Williams, que compôs para Guerra nas Estrelas e Harry Potter é um admirador confesso da música de Mahler. Abraços musicais Mto. Luís Gustavo Petri

Mto. Luís Gustavo Petri é regente, compositor, arranjador e pianista. Fundador da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Dire-tor musical da Cia. de Ópera Curta criada e dirigida por Cleber Papa e Rosana Caramaschi. É frequente convidado a reger as mais importan-tes orquestras brasileiras, e em sua carreira além de concertos impor-tantes, participações em shows, peças de teatro e musicais.

Música e Músicos

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 12

+ Sobre Datas comemorativas

Santo Antônio de Lisboa, ou Santo Antônio de Pádua nasceu em Lisboa no dia 15 de agosto, provavelmente entre os anos de 1191 e 1195.

Este é considerado um dos santos mais popula-res entre os brasileiros e portugueses. No Brasil, Santo Antônio é conhecido por ser o "Santo Ca-samenteiro", sendo que o Dia dos Namorados é

comemorado no dia 12 de junho no Brasil por ser a véspera do Dia de Santo Antônio.

De acordo com a crendice popular brasileira, neste dia as pessoas que desejam casar ou conseguir um namorado preparam simpatias para Santo Antônio, acompanhadas de orações.

Saiba mais sobre o Dia dos Namorados.

O Dia de Santo Antônio faz parte das celebrações da Festa Junina, assim como o Dia de São João e Dia de São Pedro.

Origem do Dia de Santo Antônio

O Dia de Santo Antônio é comemorado a 13 de junho por ser a data de sua morte. Santo Antônio morreu em Pádua, na Itália, no dia 13 de junho do ano de 1231.

Santo Antônio foi inicialmente um frade agostiniano, tendo mais tarde entrado na ordem Franciscana (1220).

Foi muito conhecido pela sua vida despojada de riquezas, apesar de ter nascido em uma família afluente. O seu trabalho com os pobres foi essencial para que fosse rapidamente reconhecido como santo após sua morte.

A canonização de Santo Antônio aconteceu poucos anos após sua morte, e muitos consideram que terá sido uma das canonizações mais rápidas da história.

Oração de Santo Antônio

Existem muitas orações a Santo Antônio, a maior parte delas ligadas ao fato de Santo Antônio ser conhecido como o "Santo Casamentei-ro".

"Meu grande amigo Santo Antônio, tu que és o protetor dos namorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos. Faz que eu seja realista, confiante, digna(a) e alegre. Que eu encontre um(a) namorado(a) que me agrade, seja trabalhador, virtuoso e responsável. Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com as disposições de quem recebeu de Deus uma vocação sagrada e um dever social. Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas. Que todos os namorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida e o crescimento na fé. Assim seja".

São João é conhecido como o "Santo Festeiro”, e nesse dia são realizadas muitas festas, conhecidas popularmente como Festas Juninas, comemora-ções marcadas por danças e pratos típicos.

Alguns símbolos bastante conhecidos nas celebra-ções são a fogueira, o mastro, os fogos, a capeli-nha, a palha, o manjericão, entre outros.

Existem duas possíveis explicações para a origem do termo Festa Junina: pelo fato das comemora-

ções ocorreram durante o mês de junho e, segundo a outra teoria, se-ria uma homenagem direta a São João. No princípio, em alguns paí-ses da Europa, a festividade era chamada de Festa Joanina.

Origem do Dia de São João

O Dia de São João é celebrado em 24 de junho por ser a data tradi-cionalmente atribuída ao seu nascimento.

São João é considerado o santo mais próximo de Cristo, pois além de ser seu parente de sangue, Jesus foi batizado por João nas margens do rio Jordão.

O São João é uma das principais figuras das festas juninas. O Dia de São João também marcado pela culinária, com várias comidas e do-ces típicos, como:

- rapaduras

- amendoim

- bolo de milho

- cocada

- curau

- canjica

- bolo de macaxeira / mandioca

- paçoca

- pé de moleque

Existem outros pratos que variam de acordo com a região brasileira em que é celebrado o São João.

O Dia de São Pedro e São Pau-lo é celebrado em 29 de junho.

Estas são festividades típicas da Igreja Católica, em honra ao martí-rio dos apóstolos São Pedro e São Paulo.

A festa de São Pedro é uma das mais comemoradas entre as cha-madas “festas juninas”. Normal-mente, nestas celebrações são fei-tas muitas quermesses, arraias e grandes fogueiras, assim como a-contece no Dia de São João.

Saiba mais sobre o Dia de São Jo-ão.

Origem do Dia de São Pedro e São Paulo

A origem desta celebração é muito antiga e, supostamente, ocorre em 29 de junho pois teria sido a data do aniversário de morte e do trans-lado das relíquias de ambos os santos.

www.culturaonlinebrasil.net /// CULTURAonline BRASIL /// www.culturaonlinebr.org

13 - Dia de Santo Antônio

29 - Dia de São Pedro e São Paulo

24 - Dia de São João

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 13

Meio Ambiente O Meio Ambiente e a

Sustentabilidade

Nunca antes se debateu tanto sobre o meio

ambiente e sustentabilidade. As graves altera-

ções climáticas, as crises no fornecimento de

água devido a falta de chuva e da destruição

dos mananciais e a constatação clara e crista-

lina de que, se não fizermos nada para mudar,

o planeta será alterado de tal forma que a vida

como a conhecemos deixará de existir.

Cientistas, pesquisadores amadores e mem-

bros de organizações não governamentais se

unem, ao redor do planeta, para discutir e le-

vantar sugestões que possam trazer a solu-

ção definitiva ou, pelo menos, encontrar um

ponto de equilíbrio que desacelere a destrui-

ção que experimentamos nos dias atuais. A

conclusão, praticamente unânime, é de que

políticas que visem a conservação do meio

ambiente e a sustentabilidade de projetos e-

conômicos de qualquer natureza deve sempre

ser a ideia principal e a meta a ser alcançada

para qualquer governante.

Em paralelo as ações governamentais, todos

os cidadãos devem ser constantemente ins-

truídos e chamados à razão para os perigos

ocultos nas intervenções mais inocentes que

realizam no meio ambiente a sua volta; e para

a adoção de práticas que garantam a susten-

tabilidade de todos os seus atos e ações.

Destinar corretamente os resíduos domésti-

cos; a proteção dos mananciais que se encon-

trem em áreas urbanas e a prática de medi-

das simples que estabeleçam a cultura da

sustentabilidade em cada família.

Assim, reduzindo-se os desperdícios, os des-

pejos de esgoto doméstico nos rios e as de-

mais práticas ambientais irresponsáveis; os

danos causados ao meio ambiente serão

drasticamente minimizados e a sustentabilida-

de dos assentamentos humanos e atividades

econômicas de qualquer natureza estará as-

segurada.

Estimular o plantio de árvores, a reciclagem

de lixo, a coleta seletiva, o aproveitamento de

partes normalmente descartadas dos alimen-

tos como cascas, folhas e talos; assim como o

desenvolvimento de cursos, palestras e estu-

dos que informem e orientem todos os cida-

dãos para a importância da participação e do

engajamento nesses projetos e nessas solu-

ções simples para fomentar a sustentabilidade

e a conservação do meio ambiente.

Uma medida bem interessante é ensinar cada

família a calcular sua influência negativa so-

bre o meio ambiente (suas emissões) e orien-

tá-las a proceder de forma a neutralizá-las;

garantindo a sustentabilidade da família e

contribuindo enormemente para a conserva-

ção do meio ambiente em que vivem. Mas,

como se faz par calcular essas emissões? Na

verdade é uma conta bem simples; basta cal-

cular a energia elétrica consumida pela famí-

lia; o número de carros e outros veículos que

ela utilize e a forma como o faz e os resíduos

que ela produza. A partir daí; cada família po-

derá dar a sua contribuição para promover

práticas e procedimentos que garantam a de-

volução à natureza de tudo o que usaram e,

com essa ação, gerar novas oportunidades de

redá e de bem estar social para sua própria

comunidade.

O mais importante de tudo é educar e fazer

com que o cidadão comum entenda que tudo

o que ele faz ou fará; gerará um impacto no

meio ambiente que o cerca. E que só com

práticas e ações que visem a sustentabilidade

dessas práticas; estará garantindo uma vida

melhor e mais satisfatória, para ela mesma, e

para as gerações futuras.

Fonte: ecologiaurbana.com.br

O planeta Terra possui característica singular em relação aos outros astros do sistema solar. Uma das principais é a temperatura que no caso da Terra possui uma média mundial de 15ºC, percentual esse que é distinto em rela-ção a Mercúrio e Vênus. No caso dos dois planetas citados, suas res-pectivas temperaturas médias prevalecem sempre superiores a 100ºC, nesse caso seria impossível o desenvolvimento de vida humana e de outros seres vivos. Em outros casos, al-guns planetas apresentam temperaturas muito baixas, algo em torno de -40ºC. Na Terra há um equilíbrio climático, a partir

desse item favorável acrescido à existência de água, oxigênio compõe uma condição propicia ao desenvolvimento e proliferação da vida. Biosfera significa “esfera da vida”, ou seja, on-de existe vida. É justamente na biosfera que acontecem as interações entre os seres vivos e esses com os elementos naturais em dife-rentes lugares do mundo, dessa forma cada região do planeta possui aspectos particulares de luminosidade, relevo, clima, vegetação, á-gua entre outros. A biosfera é o agrupamento de todos os elementos naturais que favore-cem e dão condições para a manutenção da vida no planeta. A “esfera da vida” ou biosfera é constituída por três elementos naturais de extrema impor-tância para a vida na Terra, nesse caso estão a hidrosfera, atmosfera e litosfera. A primeira representa a esfera das águas, composta por toda água existente no planeta em diferentes lugares como em rios, lagos, geleiras, ocea-nos e mares. O segundo consiste na esfera dos gases, que corresponde ao conjunto de gases que envolvem a Terra e automatica-mente a hidrosfera e a litosfera e que tem for-te influência na composição dos climas devido à dinâmica da atmosfera e seus fenômenos e

o terceiro corresponde ao conjunto, principal-mente a partir de rochas e solos, onde encon-tramos diversos tipos de minérios e a fonte de nossa alimentação. Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br A ALeste, associação sem fins lucrativos irá promover uma série de três palestras sobre o tema “Terra, Ar e Água - O que comemos o que respiramos e a água que bebemos”. Trata-se de uma ação para que se questione o meio ambiente e a sua correlação com a sa-úde pública questionando o que comemos, o ar que respiramos e a água que bebemos. A primeira das palestras será sobre o Ar que respiramos, tendo como palestrantes o Dr. Paulo Saldiva e o Professor Julio César de Araújo. Ocorrerá mo dia 08 de Junho ás 18 horas na sede do Sindipetro sito á Rua das Azaleias, 57, no Jardim Motorama, São José dos Cam-pos - SP.

Filipe de Sousa

Terra, Ar e Água

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 14

Dia da Imprensa Acabo de ler o instigante livro de um colega no fas-cinante ofício de análise da mídia: A Imprensa e o Dever da Liberdade, de Eugênio Bucci (Editora Contexto, São Paulo, 2009). Recomendo-o viva-mente a todos os que se preocupam com a ética informativa, o papel da imprensa, a liberdade e as relações entre o jornalismo e o poder.

Bucci afirma, com razão, que "os jornalistas e os órgãos de imprensa não têm o direito de não ser livres, não têm o direito de não demarcar a sua independência a cada pergunta que fazem, a cada passo que dão, a cada palavra que escrevem. (...)

Os jornalistas devem recusar qualquer vínculo, direto ou indireto, com instituições, causas ou inte-resses comerciais que possa acarretar - ou dar a impressão de que venha a acarretar - a captura do modo como veem, relatam e se relacionam com os fatos e as ideias que estão encarregados de co-brir." A independência é, de fato, regra de ouro. Mas não se confunde com o mito da neutralidade jornalística.

A separação radical entre fatos e interpretações simplesmente não existe. É uma bobagem. Jorna-lismo não é ciência exata e jornalistas não são au-tômatos. Além disso, não se faz bom jornalismo sem emoção. A frieza é anti-humana e, portanto, antijornalística. A neutralidade é uma mentira, mas a isenção é uma meta a ser perseguida. Todos os dias.

A imprensa honesta e desengajada tem um com-promisso com a verdade. E é isso que conta. Daí decorre o dever da liberdade. Mas a busca da i-senção enfrenta a sabotagem da manipulação deli-berada, a falta de rigor e o excesso de declarações entre aspas. O jornalista engajado é sempre um mau repórter. Militância e jornalismo não combi-nam. Trata-se de uma mescla talvez compreensí-vel e legítima nos anos sombrios da ditadura, mas que, agora, tem a marca do atraso e o vestígio do fundamentalismo sectário. O militante não sabe que o importante é saber escutar. Esquece, ofus-cado pela arrogância ideológica ou pela névoa do partidarismo, que as respostas são sempre mais importantes que as perguntas.

A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos. O bom repórter é um curioso es-sencial, um profissional que é pago para se surpre-ender. Pode haver algo mais fascinante? O jorna-lista ético esquadrinha a realidade, o profissional preconceituoso constrói a história. Todos os manu-ais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Trata-se de um esforço de isenção mínimo e incontornável.

Mas alguns desvios transformam um princípio irre-tocável num jogo de cena. A apuração de faz de conta representa uma das maiores agressões à ética informativa. Matérias previamente decididas em bolsões engajados buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o ou-tro lado não é sincera, não se apoia na busca da verdade. É um artifício. O assalto à verdade culmi-na com uma estratégia exemplar: a repercussão seletiva. O pluralismo de fachada convoca, então, pretensos especialistas para declararem o que o

repórter quer ouvir. Personalidades entrevistadas avalizam a "seriedade" da reportagem. Mata-se o jornalismo. Cria-se a ideologia. É necessário cobrir os fatos com uma perspectiva mais profunda. Con-vém fugir das armadilhas do politicamente correto e do contrabando opinativo semeado pelos arautos das ideologias.

Bucci, com a precisão de um cirurgião do texto, lanceta inúmeros tumores e vai ao cerne da corre-ta relação entre imprensa e poder. "Para melhor cumprir seu papel de levar informações ao cida-dão, a imprensa precisa fiscalizar o poder - e o verbo fiscalizar carrega, aqui, o sentido de vigiar, de limitar poder. Sem ela, não há como se pensar em limites para o exercício do poder na democraci-a. Portanto, não é saudável nem útil a imprensa que se contente com o papel de apoiar os que go-vernam. Não é saudável, não é útil, nem mesmo imprensa ela é." Um país não se pode apresentar como democrático e livre se pedir à imprensa que não reverbere os seus problemas. O governo Lula, no entanto, manifesta crescente insatisfação com o trabalho da imprensa. Para o presidente da Re-pública - um político que deve muito à liberdade de imprensa e de expressão -, jornalismo bom é o que fala bem. Jornalismo que apura e opina com isenção incomoda, irrita e "provoca azia".

Está, na visão de Lula, a serviço da "elite brasilei-ra". Reconheço, no entanto, que Lula não é um crítico solitário da mídia. Políticos, habitualmente, não morrem de amores pelo trabalho dos jornalis-tas. A simples leitura dos jornais oferece um qua-dro assustador do cinismo que se instalou na en-tranha do poder. Os criminosos, confiados nos pre-cedentes da impunidade, já não se preocupam em apagar as suas impressões digitais. Tudo é feito às escâncaras. Quando pilhados, tratam de des-qualificar a importância dos fatos. Atacam a im-prensa e lançam cruzadas contra suposto prejulga-mento. Mente-se com o mesmo cinismo do futebo-lista que nega a clamorosa evidência de um pênalti redondo.

O que fazer quando o presidente da República chama senadores de pizzaiolos, faz graça com a corrupção e incinera a ética no forno do pragmatis-mo e da suposta governabilidade? O que fazer quando políticos se lixam para a opinião pública?

Só há um caminho: informação livre e independen-te. Não se constrói um grande país com mentira, casuísmos e esperteza. Edifica-se uma grande nação, sim, com o respeito à lei e à ética. A trans-parência informativa, de que os políticos não gos-tam, representa o elemento essencial de renova-ção do Brasil.

Governos passam, mesmo quando navegam em mares de votos, mas as instituições democráticas ficam.

Carlos Alberto Di Franco, doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, professor de Ética, é diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br) e da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com) E-mail: [email protected]

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

FRASES SOBRE

HONESTIDADE

Clarice Lispector: “Eu amo a minha liber-dade, amo a honestidade das pessoas,

não a considero uma virtude, mas sim um compromisso”

* * * Berilo Neves: “A honestidade costuma dormir cedo. A mulher que tem sono às oito horas da noite, ou é uma santa ou

pretende fugir pela madrugada”. * * *

William Shaekespeare: “Muito embora se-ja honesto, não é aconselhável trazer más

notícias”. * * *

Shaekespeare de novo: “Do jeito que o mundo anda, ser honesto é como ser es-

colhido entre dez mil”. * * *

Frank Sinatra: “Tudo o que disseram so-bre mim não é importante. Quando eu

canto, acredito. Sou honesto”. * * *

Capitão Jack Sparrow (pirata fictício, in-terpretado pelo ator Johnny Depp): “Eu

sou um desonesto. E nos desonestos po-de-se sempre confiar, porque se sabe que sempre serão desonestos. Honestamen-

te, é nos honestos que temos que ficar de olho, porque nunca se sabe quando vão fazer alguma coisa realmente estúpida”.

* * * Não sei quem: “Honestidade não se pro-

mete, se pratica!”. * * *

George Carlin: “A honestidade pode ser a melhor política, mas é importante lembrar que aparentemente, por eliminação, a de-

sonestidade é a segunda melhor políti-ca”. * * *

Júlio Dantas: “Ser honesto é vestir uma roupa de estrelas”.

* * * Ditado popular: “Segue sempre direito e

deixar ladrar os cães”. * * *

Não sei quem: “Sei que ser honesto é al-go prazeroso para quem pensa assim;

porém, aqueles que vivem de esperteza chamam isso de idiotice”.

* * * Não sei quem: “A vantagem da honesti-dade é que a concorrência é pequena”.

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JUNHO 2017 Gazeta Valeparaibana Página 15

EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy

Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e

vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE XIX

A 4 de fevereiro, o BCE anunciou a suspensão da principal fonte de liquidez para os bancos gregos.

A saída de capitais, que já tinha começado, tomou dimensões incontroláveis, enquanto as autoridades gregas não tomaram nenhuma medida (como a imposição de controles de capitais). Nessas condições, Grécia assinou com o Eurogrupo um acordo para financiamento, que prolongou o contrato de empréstimo, dando à Grécia quatro meses de financiamento garantido, sujeito a revisões periódicas pelas agora chamadas “instituições”, a Comissão Europeia, o BCE e o FMI.

Alguns observadores de esquerda falaram de um recuo só parcial do Syriza: “O que o governo grego se comprometeu é a continuar a gerir um excedente orçamental primário, por oposição a um déficit. Isto só por si não é austeridade. Austeridade é a prática de equilibrar orçamentos através de cortes na despesa pública. Ora, o acordo, como disse Tsipras, cancelou os cortes previstos pelo anterior governo nas pensões, bem como afastou os aumentos do IVA nos alimentos e medicamentos. As reformas que o Syriza vai apresentar como a sua parte neste acordo incluem uma enorme perseguição à fuga ao fisco e corrupção – o que significa um afastamento dos cortes de despesa através do aumento da receita através dos impostos”.[39] Para Paul Krugman, também, “A Grécia se saiu bem [em fevereiro], não aconteceu nada que justificasse a retórica do fracasso”. Sucede que o controle externo do orçamento é exatamente a via para impor a austeridade, além de ser uma renúncia à soberania estatal-nacional. Para a fração majoritária da esquerda europeia, outra polít ica, anticapitalista e de ruptura com a UE, baseada num chamado à mobilização do povo e dos trabalhadores europeus (houve grandes mobilizações pró-Grécia em diversos países, inclusive França e Alemanha) está descartada.

O dirigente da fração de esquerda e antigo porta-voz de Syriza, o greco-argentino Costas Lapavitsas, caracterizou: “ O acordo assinado

entre a Grécia e a União Europeia, depois de três semanas de negociações animadas, é um compromisso alcançado sob coação econômica. Seu único mérito para a Grécia é que manteve o governo Syriza vivo e capaz de lutar num outro dia. Esse dia não está muito longe. A Grécia terá de negociar um acordo de financiamento de longo prazo, em junho, e tem pagamentos da dívida substanciais para fazer em julho e agosto. Nos próximos quatro meses, o governo terá que montar a sua estratégia para abordar esses obstáculos e implementar seu programa radical. A esquerda europeia tem muito em jogo no sucesso dos gregos, se pretender efetivamente derrotar as forças de austeridade que estão a estrangular o continente. Em fevereiro, a equipe de negociação grega caiu numa armadilha em duas partes. A primeira foi a dependência dos bancos gregos em relação ao Banco Central Europeu para sua liquidez, sem a qual teriam de parar de funcionar. Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, aumentou a pressão, apertando os termos…. A segunda foi a necessidade premente do Estado grego de dinheiro para pagamento de dívidas e de salários. Enquanto as negociações prosseguiam, os fundos se tornaram mais exigentes…. Na noite de sexta-feira, 20 de fevereiro, o governo do Syriza teve que aceitar um acordo ou enfrentar condições financeiras caóticas na semana seguinte, para as quais não estava preparado de todo”.[40] Estava preparado só em parte?

Stathis Kouvelakis foi mais realista: “O acordo do Eurogrupo para que o governo grego foi arrastado, na sexta-feira, equivale a uma retirada precipitada. O regime do memorando deverá ser prorrogado, o contrato de empréstimo e a totalidade da dívida reconhecida, a “supervisão”, outra palavra para o domínio da troïka, deverá manter-se sob outro nome, havendo agora poucas hipóteses de o programa do Syriza poder ser implementado. Uma falência tão completa não é, não pode ser, uma questão de sorte, ou o produto de uma manobra tática mal concebida. Ela representa a derrota de uma linha política específica, em que se tem apoiado a abordagem atual do governo”.[41]

O Referendo e o Não

Simultaneamente, o parlamento grego, presidido por Zoe Konstantopoulou, empossou a “Comissão de Auditoria da Dívida Pública Grega” (coordenada por Eric Toussaint, do CADTM, Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo), com trinta especialistas, que deveria determinar até junho de 2015 que parte da dívida poderia ser considerada ilegítima. Na mira da comissão: a parte da dívida contraída pela ditadura dos coronéis (1967-1974), os custos sobrefaturados dos Jogos Olímpicos de 2004, a compra de seis submarinos alemães defeituosos, todos os contratos com a Siemens alemã, comprovadamente obtidos com propinas, e a maquiagem das contas públicas gregas feita pela Goldman Sachs. Finalmente, há a questão das dívidas e

indenizações por crimes de guerra relacionados com a ocupação nazista de 1941-44, pois uma parte das requisições do ocupante alemão foi formalizada como empréstimos forçados, a pagar pela Alemanha no final da guerra, o que nunca aconteceu.

Descobriu-se que o único elemento “inegociável” para a troïka era manter os memorandos e sua supervisão sobre a economia grega. A subsecretária de Estado norte-americana para os assuntos euro-asiáticos, Victoria Nuland – famosa pela expressão fuck the EU captada em conversa telefônica sobre a Ucrânia – entrou em campo, visitando (e vigiando) Atenas, Roma e Bruxelas entre 16 e 20 de março. Nenhum país europeu apoiou as posições gregas, para além de algumas cortesias diplomáticas dos que queriam que o governo grego pudesse, apesar de tudo, salvar sua cara. As condições impostas pela troïka se transformaram, no entanto, no motto de um vasto movimento popular, exigindo que os termos do acordo fossem submetidos a referendo popular. A mobilização pelo referendo, e pelo não (OXI), manteve em tensão à Grécia, à Europa e o mundo durante o mês de junho e inícios de julho de 2015.[42] A crise grega assumiu abertamente um caráter político, não só para a Grécia, mas para o conjunto da UE. Os termos do resgate financeiro passaram ao segundo plano. Independentemente da fórmula submetida ao voto, o referendo queimou as etapas, constituindo-se em um desafio político à UE e ao conjunto do sistema político imperialista.

O propósito do governo de Syriza de manter as possibilidades de um compromisso com a UE – revelado pelos termos do não que se propôs à votação no referendo – foi superado pelos acontecimentos. Para salvar um acordo com a UE, a Grécia teria que trocar de governo: um governo que respondesse ao movimento das massas deveria romper com ela e tomar a direção de uma revolução social. O referendo foi uma saída improvisada que inventou o Syriza, com seus aliados da direita clerical (os “Gregos Independentes”), quando comprovou que o pedido de aprovação dos pacotes da troïka no parlamento grego a levaria a uma divisão da coalizão governante: a esquerda de Syriza teria votado contra, a direita a favor e, por fora da aliança oficialista, o acordo teria contado com o apoio dos partidos da burguesia pró-ajuste.

Syriza não assumiu a responsabilidade que lhe deu o mandato popular eleitoral de fevereiro de rechaçar o ajuste, porque teria quebrado sua aliança com a direita. de Syriza era elevado.

O referendo funcionou como uma tentativa de arbitragem governamental entre os partidos e frações em disputa.

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JUNHO 2017 - Última página

A Nossa Língua Portuguesa

Nesse mês de junho temos a celebração do dia da língua portuguesa.

A data de 10 de junho celebra a Língua Portuguesa, comemorada em Portugal (o berço do idioma português). A escolha desta data é uma homenagem a Luiz Vaz de Camões, o autor de Os Lusíadas, cu-ja morte ocorreu nesse dia em 1580. Camões foi um dos maiores po-etas da língua portuguesa e um dos mais importantes autores da lite-ratura lusófona. A data comemora também o dia de Portugal e das comunidades portuguesas. Mas temos também o dia 05 de maio onde se comemora o Dia da Língua e da cultura Portuguesa entre os paí-ses lusófonos, e o dia 05 de novembro que é o Dia Nacional da Lín-gua Portuguesa. Várias datas para comemorar aquele que é o 5° idi-oma mais falado do planeta. São 250 milhões de pessoas falando o português e 80% delas estão no Brasil.

A língua portuguesa nasceu na velha Gallaecia romana, e foi levado para várias regiões do mundo, Ásia, África e América a partir do sé-culo XIV e XVI, com a construção do império português além-mar. A-tualmente, o português é língua oficial de nove países espalhados por quatro continentes. Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial. Apesar da incorporação de vocábulos nativos, de modifi-cações gramaticais e de pronúncias próprias de cada país ou região, a língua mantém uma unidade com o português de Portugal.

Desde 1986 o português é uma das línguas oficiais da Europa. É a língua falada por portugueses, brasileiros, alguns países africanos e até na Ásia. A língua oficial do Mercosul. É um elo de ligação da luso-fonia. Lusofonia é sinônimo de língua, história, cultura, sentimentos. É herança que une comunidades espalhadas pelo mundo. Mesmo com as diferenças linguísticas, continua sendo sentido como uma só lín-gua. Pela importância da língua ela é tida como disciplina escolar o-brigatória nos países do MERCOSUL, fora os lugares em que ela é

falada de forma não oficial. A língua é um laço a unir pessoas de vá-rios países, continentes e lugares mundo afora. Olavo Bilac já dizia “A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto dos aparelhos e-conômicos e políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo”,.

A língua é um fator determinante de união e de entendimento entre os países que fazem parte da CPLP( Comunidade dos países de lín-gua portuguesa). Há que se comemorar o dia internacional e aprovei-tar esse momento para realizar ações culturais políticas e sociais, que nos façam perceber a importância da lusofonia não só para a comuni-dade lusófona, mas para a sociedade em geral.

A língua nos une a todos. A diversidade cultural, linguística, religiosa etc, não exclui o fato de que todos tem com o português uma forte re-lação. Fernando Pessoa disse que a língua portuguesa é uma língua universal e que possui três requisitos básicos, a facilidade com que é aprendida, o número de pessoas que a fala, e ser o mais flexível pos-sível. Concordo inteiramente com ele. A língua portuguesa é umas das poucas línguas que se enquadram como universais.

Através da língua expressamos nossas emoções, sentimentos, dese-jo, aflições. Temos mesmo é que comemorar a língua Portuguesa e a sua importância histórica e cultural para os países e diásporas falan-tes do português, temos que comemorar e propiciar eventos e encon-tros que garantam e afirmem essa importância para o mundo. O por-tuguês é o idioma que mais cresce na Europa, na África e na América do Sul.

A língua de Camões se torna cada vez mais importante e mais falada no mundo. A importância de datas como essa serve para reforçar o valor e as discussões sobre a língua, nos levando a refletir sobre sua importância no mundo, nas nossas vidas e na nossa história.

Mariene Hildebrando

Email: [email protected]

A nossa língua portuguesa é um sistema de diferentes formas e significados e de seus entrelaçamentos. Por esse motivo é

sistematizada em três modos de análise de elementos que a compõe:

• Morfologia: é parte da língua que estuda os morfemas, ou seja, tudo que nos diz sobre gê-nero e número dos substantivos; tempo, mo-do, número e pessoa de um verbo e classe gramatical. • Sintaxe: é a parte da língua que estuda o modo como o falante transmite a informação, a maneira com que organiza e relaciona as palavras em uma oração. • Semântica: é a parte da língua que estuda o significado das palavras, os sentidos que elas podem tomar de acordo com o contexto. Mas, o que vem a ser língua? A língua, pri-meiramente, nos remete a um órgão do corpo que é usado na comunicação, e é a partir daí que começamos a entender que o idioma es-crito hoje foi, um dia, apenas falado. A partir

desse princípio de fala, nós definimos língua como o conjunto de letras que formam pala-vras com sentidos diversos. E a relação des-sas palavras e suas significações nós chama-mos de sistema. Logo, a língua é um sistema, ou seja, um conjunto de elementos que rela-cionam entre si e formam um significado. Nossa língua recebe adjetivação de “portuguesa” porque veio de Portugal, coloni-zador do Brasil. Porém, o português de Portu-gal não permaneceu em sua colônia de ma-neira pura e simples, mas recebeu uma cono-tação abrasileirada e, por isso, falamos do português do Brasil. No entanto, não só o Bra-sil foi colonizado pelos portugueses e fala o português, mas também outros países: Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Moçambi-que, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Como vimos, a língua, acima de tudo, é um código social, um acordo de letras, que em

combinações entre si adquirem significado pa-ra um determinado grupo social. Contudo, há uma convenção linguística, a qual permanece em uma sociedade para que a comunicação possa existir entre os falantes. Porém, não quer dizer que todo indivíduo vai escrever e falar da mesma maneira, já que cada um tem a sua particularidade e um objetivo ao se co-municar. Há distinção ainda entre norma culta e colo-quial: a primeira é estabelecida pela obediên-cia a normas e regras da comunicação, en-quanto a segunda nos remete àquela mais próxima da fala. Por isso, há o estudo da gra-mática da língua portuguesa, que é a averi-guação da correspondência entre o que se fala ou escreve e as normas ou leis vigentes para o uso da comunicação de forma culta, polida. Por: Sabrina Vilarinho Graduada em Letras