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    PROCESSOADMINISTRATIVO

    LEIN 9.784, DE29 DEJANEIRODE1999

    Regula o processo administrativo no mbitoda Administrao Pblica Federal.

    CAPTULO IDAS DISPOSIES GERAIS

    Art. 1Esta Lei estabelece normas bsicas sobre o processo administra-tivo no mbito da Administrao Federal direta e indireta, visando, em

    especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumpri-

    mento dos fns da Administrao.

    1. Noo de processos estatais: processos estatais, de maneira genrica, someios (instrumentos) de produo de normas jurdicas: o processo judi-

    cial tem por objevo produzir uma deciso judicial: sentenas, acrdos edecises interlocutrias, para resolver conitos da sociedade; o processo

    legislavo serve criao de normas gerais e abstratas (leis e outros atosnormavos); por m, o processo administravo aquele que tem por ob-jevo a produo de atos administravos (decises administravas).

    2. Processo no sinnimo de procedimento. Processo signica marchapara adiante; um conjunto de atos ordenados e concatenados, volta-dos realizao de um determinado m (a produo de normas jurdi-cas). De outra parte, procedimento apenas um aspecto do processo, a seqncia em que os atos so pracados (pode ser um procedimentomais ou menos complexo e demorado). Processo um conjunto de atos

    processuais desenvolvidos sob o crivo do contraditrio. Ento, temos quePROCESSO = PROCEDIMENTO + CONTRADITRIO.

    3. Conceito de processo administravo: conjunto ordenado e concatenadode atos administravos voltados produo de uma deciso administra-va acerca de um caso concreto.

    4. mbito de aplicao da Lei n 9.784/99: a Lei de Processo Administravo(LPA) aplica-se aos processos administravos desenvolvidos no mbito daAdministrao Pblica Direta e Indireta FEDERAL. Trata-se, portanto, de

    uma lei FEDERAL, e no NACIONAL: no se aplica Administrao Estadualnem Municipal. Administrao Direta compreende, no contexto da LPA,

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    os Ministrios e a prpria Presidncia da Repblica. Administrao Indire-ta so as autarquias (como a UFRJ), fundaes pblicas (como o IBGE), so-ciedades de economia mista (Banco do Brasil, Petrobrs, etc.) e empresaspblicas federais (CEF, Correios, etc.). Em suma: a LPA obrigatria para aAdministrao Direta e Indireta Federal, mas no o para as Administra-es Estaduais e Municipais.

    4.1. Cada unidade da Federao pode estabelecer sua prpria lei de pro-cesso administravo.

    4.2. Ao Distrito Federal se aplica a lei de processo administravo FEDE-

    RAL, por fora do que dispe a Lei n 2.834, de 7 de dezembro de 2001.

    5. Diferenas entre o processo JUDICIAL e o processo ADMINISTRATIVO:

    PROCESSO JUDICIAL PROCESSO ADMINISTRATIVO

    Poder que o exercede maneira TPICA

    Judicirio Execuvo

    Objevos

    (escopos)Aplicar a lei ao caso concreto,mediante uma avidade im-parcial e deniva (jurisdio)

    Aplicar a lei ao caso concreto, medianteuma avidade parcial e no deniva(sempre sujeita reanlise judicial)

    Incio Somente mediante provoca-o (princpio disposivo ouda demanda)

    Mediante provocao ou de ocio pelaprpria Administrao (princpio da im-pulso de ocio)

    Coisa julgada Sim No

    Parcipantes Partes e Juiz Interessados e Administrao

    Relao jurdica Triangular (Juiz, Autor e Ru) Bilateral (Interessados e Administrao)

    6. Inafastabilidade da jurisdio: um princpio constucional que muitoinuencia o processo administravo. Tambm conhecido como princpioda inafastabilidade do controle jurisdicional ou da proteo judiciria ou

    do acesso jusa. Expresso no art. 5, XXXV, determina que a lei nopode excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa de lesoa qualquer direito. Logo, o Judicirio pode, no Brasil, analisar quaisquerquestes de legalidade. O Brasil adota o sistema da jurisdio una, emque qualquer questo de legalidade deve ser dirimida pelo Judicirio aocontrrio da Frana, por exemplo, que, por adotar o sistema da jurisdiodual ou do contencioso administravo, exclui determinados assuntos darbita do Judicirio e os entrega deliberao da Administrao. No Brasil,o contencioso administravo no faz coisa julgada. Ademais, no se pode

    exigir o esgotamento da via administrava para acesso ao Judicirio: dessaforma, pode-se ingressar com o processo judicial antes de terminado o

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    processo administravo, depois de concludo e at mesmo sem que tenhasido iniciado.

    Restries inafastabilidade da jurisdio (ATENO!): a garana doacesso jusa probe, em regra, que se exija o exaurimento da via ad-ministrava. No preciso, ento, entrar com o processo administravopara, depois, ingressar com o processo judicial. Entretanto, existem hip-teses geralmente em decorrncia da prpria Constuio nas quais seexige o prvio recurso esfera administrava, antes de se ingressar emjuzo. Conguram o que a doutrina chama de hipteses dejurisdio con-dicionada. Podemos citar, exemplicavamente: a) disputas desporvas

    (CF, art. 217), em que preciso primeiro recorrer Jusa Desporva (ad-ministrava) e, s depois da deciso de mrito, ou de decorridos 60 diassem resposta, que se poder ingressar com a ao judicial; b) habeasdata, com o qual s se pode ingressar se se provar a negava da Adminis-trao em fornecer ou corrigir a informao sobre a pessoa do impetrante(CF, art. 5, LXXII; Lei n 9.507/97, art. 8 - ver anexo ao nal desta Edio);c) smula vinculante (CF, art. 103-A), cujo descumprimento pode ser com-bado por reclamao ajuizada no STF, mas s depois do exaurimento davia administrava (Lei n 11.417/06); d) mandado de segurana, pois a Lei

    n 12.016/09 previu que tal remdio constucional no cabvel quandocaiba recurso administravo com efeito suspensivo, independentementede cauo (art. 5, I).

    6.1. Aplicao em concursos:

    (Cespe/TRT1/Juiz do Trabalho/2010) O princpio da inafastabilidade da juris-dio tem aplicao absoluta no sistema jurdico vigente, o qual no contem-

    pla a hiptese de ocorrncia da denominada jurisdio condicionada.

    Resposta: errado. Embora tal situao seja excepcional, existem hipteses dejurisdio condicionada.

    (FCC/TCM-CE/Analista de Controle Externo/2010) No caso de rgo da ad-ministrao direta estadual pracar ato que contrarie enunciado de smulavinculante do Supremo Tribunal Federal, caber reclamao ao Supremo Tri-bunal Federal, aps esgotamento das vias administravas.

    Resposta: correto. Contra a deciso administrava que contraria smula vin-culante cabe reclamao (CF, art. 103, 3). Porm, deve o reclamante pri-meiramente esgotar as vias administravas (Lei n 11.471/06, art. 7).

    7. Processo administravo e independncia entre as instncias

    7.1. Em regra, as instncias administrava e judicial no se comunicam.

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    7.2. Existem, porm, casos excepcionais em que a absolvio penal geraa absolvio na esfera administrava, pelo mesmo fato (art. 126 da Lei n8.112/90).

    7.3.Existe, tambm, um caso em que a deciso na esfera administrava condio de procedibilidade da persecuo penal: o lanamento de-nivo (=no mais sujeito a recurso administravo) do crdito tributrio

    condio para que o Ministrio Pblico oferea denncia contra o con-tribuinte por crime de sonegao scal (=crime material contra a ordem

    tributria).

    7.3.1.Smula Vinculante n 24: NO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CON-

    TRA A ORDEM TRIBUTRIA, PREVISTO NO ART. 1, INCISOS I A IV, DA LEIN 8.137/90, ANTES DO LANAMENTO DEFINITIVO DO TRIBUTO.

    7.3.2. Aplicao em concursos:

    (Cespe/TRF5/Juiz Federal/2009) O cancelamento do crdito tributrio por de-ciso deniva do Conselho de Contribuintes, aps o lanamento scal pr-vio, no inuencia a ao penal em curso por delito de sonegao scal, dadaa independncia das instncias penal e administrava.

    Resposta: errado. Trata-se de um caso excepcional em que a instncia ad-ministrava comunica-se com a penal. Na verdade, sequer deveria ter sido

    iniciada a ao penal antes da constuio deniva (lanamento denivo)do tributo.

    (Cespe/STF/Analista Judicirio rea judiciria/2008) Dispe o art. 1. da Lei8.137/90 que constui crime contra a ordem tributria suprimir ou reduzirtributo, ou contribuio social e qualquer acessrio, mediante determinadascondutas ali descriminadas. Em tais casos, se o crdito no houver sido lana-do denivamente, o crime no se pica, pois o delito material.

    Resposta: correto (Smula Vinculante n 24).:

    1Os preceitos desta Lei tambm se aplicam aos rgos dos PoderesLegislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho de funo ad-

    ministrativa.

    1. Embora seja uma lei feita para o Execuvo, a LPA tambm se aplica aosdemais poderes, quando estejam no desempenho da funo administra-va. Assim, ao Execuvo Federal se aplica a LPA de maneira principal; aoLegislavo e ao Judicirio, tambm se aplica a LPA, mas apenas na funoapica de administrar (funo administrava). Embora a lei nada tenha

    dito expressamente, tambm se aplicam as disposies da LPA ao Minist-rio Pblico da Unio, por analogia.

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    2. Aplicao em concurso:

    (Cespe/MPU/Analista Processual/2010) A Lei n 9.784/99 estabelece normasbsicas sobre o processo administravo no mbito da administrao pblicadireta e indireta, e seus preceitos tambm se aplicam aos rgos dos PoderesLegislavo e Judicirio, quando no desempenho de funo administrava.

    Resposta: correto.

    (Cespe/STJ/Tcnico/2008) Quando os membros do Tribunal de Jusa do Dis-trito Federal e Territrios se renem para decidir questes administravas,tm de observar apenas a respecva lei de organizao judiciria e seu regi-mento interno, haja vista a Lei n. 9.784/1999 ser aplicvel to-somente aos

    rgos do Poder Execuvo da Unio.Resposta: errado. A Lei n 9.784/99 tambm se aplica aos Tribunais da Unio,quando no exerccio da funo apica administrava. Lembre-se que o TJDFT um Tribunal Federal, j que organizado, custeado e mando pela Unio(CF, art. 21, XIII).

    (TRF1/JUIZ FEDERAL/2006)

    Em relao Lei n. 9.784/99 (lei de processo administravo) correto ar-mar:

    a) que se aplica, sem restrio, administrao pblica federal, includos os r-gos dos Poderes Legislavo e Judicirio da Unio, quando no desempenhode funo administrava, no se desnando administrao pblica estadu-al e municipal;

    b) que se aplica administrao pblica federal, em carter principal, e subsi-diariamente aos rgos dos Poderes Legislavo e Judicirio da Unio, quan-do no desempenho de funo administrava;

    c) que afastou a aplicao, na administrao pblica federal, de leis que discipli-nam processos administravos especcos;

    d) que estabelece normas bsicas sobre o processo administravo no mbitoda administrao pblica federal, aplicando-se subsidiariamente adminis-trao estadual e municipal, em face da competncia privava da Unio paralegislar sobre direito processual.

    Resposta: B. A alternava A est incorreta por causa da expresso sem res-trio. A letra C est errada porque a Lei n 9.784/99 uma lei geral, queno afastou a aplicao de leis sobre processos administravos especcos(ver art. 69). Por outro lado, a letra D est duplamente errada: a LPA no seaplica administrao estadual nem municipal, nem foi editada com basena competncia da Unio para legislar sobre Direito processual (CF, art. 22,I), pois a Constuio se refere, nesse ponto, ao processo judicial.

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    2Para os fns desta Lei, consideram-se:

    I rgo a unidade de atuao integrante da estrutura da Administraodireta e da estrutura da Administrao indireta;

    II entidade a unidade de atuao dotada de personalidade jurdica;

    III autoridade o servidor ou agente pblico dotado de poder de de-

    ciso.

    1. rgos: so meras divises internas da Administrao, decorrentes dofenmeno da desconcentrao administrava; no possuem personali-dade jurdica prpria (autonomia), ou seja, no podem assumir direitos

    e obrigaes em nome prprio. Ex: Secretaria da Receita Federal (SRF),Ministrios.

    1.1. Criao e exno de rgos. A criao de rgos do Poder Execuvodeve dar-se por meio de lei (CF, art. 88). O mesmo se diga dos rgos ju-risdicionais do Poder Judicirio (CF, art. 96) e dos rgos da avidade-mdo Ministrio Pblico da Unio (CF, art. 61, 1, II, d, c/c art. 128, 5).Todavia, os rgos administravos dos Tribunais podem ser criados porresoluo que altere o regimento interno (CF, art. 96), e os rgos da C-

    mara dos Deputados e do Senado Federal so criados, respecvamente,por resoluo da Cmara ou do Senado (CF, art. 51, IV, e 52, XIII). Para aexno dos rgos, vale o princpio da simetria (paralelismo das formas),ou seja: cargos criados por lei devem ser exntos por lei; cargos criadospor resoluo devem ser exntos por esse mesmo instrumento jurdico.ATENO! rgos pblicos no podem ser criados nem exntos por de-cretos autnomos do Presidente da Repblica (CF, art. 84, VI, a).

    2. Endades ou pessoas jurdicas:so resultantes do fenmeno da descen-

    tralizao, compondo a Administrao Indireta (so as autarquias, funda-es pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista); pos-suem personalidade jurdica prpria (autonomia administrava), isto ,podem assumir em nome prprio direitos e obrigaes.

    2.1.Aplicao em concurso:

    (FCC/TRT14/Analista Judicirio rea judiciria/2011) Considera-se endadea unidade de atuao sem personalidade jurdica.

    Resposta: errado. A inexistncia de personalidade jurdica caracteriza o r-go, no a endade.

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    3. Autoridade: o agente pblico que possui poder de deciso, ou seja, oagente (que mais amplo que servidor) que ocupa um cargo que lhe per-mite decidir processos administravos.

    3.1. Aplicao em concurso:

    (Cespe/MPU/Tcnico Administravo/2010) De acordo com a Lei n.9.784/1999, endade a unidade de atuao dotada de personalidade ju-rdica, enquanto autoridade o servidor ou agente pblico dotado de poderde deciso.

    Resposta: correto.

    (CESPE/TJDFT/Analista Judicirio rea Administrava/2008)

    Julgue os itens a seguir, acerca dos rgos pblicos.

    Os rgos ou endades integram a estrutura da administrao pblica indi-reta.

    Resposta: errado. Os rgos integram, como regra, a Administrao Dire-ta, embora as endades da Administrao Indireta possam, internamente,desconcentrar-se (dividindo-se em rgos).

    (CESPE/TJDFT/Analista Judicirio rea Administrava/2008)

    Os rgos so centros de competncia com personalidade jurdica prpria,

    cuja atuao imputada aos agentes pblicos que os representam.Resposta: errado. Os rgos no possuem personalidade jurdica prpria.

    (CESPE/TRT-1 Regio/Analista Judicirio rea Judiciria/2008)

    O TRT da 10. Regio, com sede em Braslia, endade integrante da jusado trabalho.

    Resposta: errado. Os tribunais, os ministrios, as secretarias, so clssicosexemplos de rgos, no de endades.

    (Esaf/Agncia Nacional de guas/Especialista/2009)

    Os rgos so comparmentos internos da pessoa pblica que compemsua criao bem como sua exno so disciplinas reservadas lei.

    Resposta: correto. Por fora de disposio constucional (art. 84, VI, a, e art.88), a criao de rgos s pode ocorrer por lei, assim como no caso dasendades (art. 37, XIX).

    Art. 2A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpiosda legalidade, fnalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade,

    moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse

    pblico e efcincia.

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    JOOTRINDADECAVALCANTEFILHO

    ATENO!!!

    Este um dos argos mais importantes e mais cobrados da Lei n9.784/99! MEMORIZE-O!!!

    1. Princpios do processo administravo: assunto imprescindvel no estudoda LPA, trata das normas genricas que informam todo o sistema da lei,dando-lhe sendo.

    1.1. Princpio da legalidade:enquanto, para o parcular, o princpio dalegalidade uma norma de liberdade (pode-se fazer tudo o que a lei noprobe: CF, art. 5, II), para a Administrao, tal princpio representa uma

    limitao, de modo que a Administrao s pode fazer exatamente aquiloque a lei manda, determina (CF, art. 37, caput). Ou, como gosta de armaro CESPE, a vontade da Administrao aquela que decorre da lei. Talprincpio tambm se aplica, claro, ao processo administravo.

    1.2. Princpio da nalidade:na Constuio, est implcito no princpioda impessoalidade (CF, art. 37, caput), mas na LPA veio explicitado, posi-vado. Signica que o administrador no dono, mas mero gestor dos re-cursos e bens pblicos; justamente por isso, no pode agir tendo em vistaqualquer outro m que no o interesse pblico. Derivado da isonomia (CF,

    art. 5, caput), esse princpio impe o tratamento igual dos administradose a busca pela nalidade pblica, e no pelo interesse privado do agentepblico.

    1.3. Princpio da movao:embora todo ato administravo tenha mo-vo (pressupostos de fato e de direito que juscam a prca do ato), amovao (exposio dos movos) nem sempre imprescindvel. Porm,a LPA previu, no art. 50, os atos que devem ser obrigatoriamente mova-dos. Alm disso, ao erigir a princpio do processo administravo a mova-o, deixou claro que o administrador, sempre que puder, deve movar oato, mesmo quando isso no seja obrigatrio.

    1.4. Princpio da razoabilidade e da proporcionalidade:para ns de con-curso pblico (exceto de nvel superior especco da rea de Direito), osdois princpios podem ser tomados por sinnimos1. Impem ao adminis-trador pblico uma atuao equilibrada, de bom-senso, dentro dos par-

    1. Para uma anlise sobre a diferena entre os dois princpios, conra-se nosso argo Razoa-bilidade e Proporcionalidade no Direito Processual Administravo Brasileiro, disponvel noportal Jus Navigandi (jus.uol.com.br).

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    metros do que seja uma atuao racional. Ambos podem ser resumidos nafamosa frase de Georg Jellinek, para quem no se abatem pardais comros de canho. Desdobram-se em trs subprincpios: a) adequao (osmeios ulizados devem ser aptos a angir o m previsto em lei); b) neces -sidade ou exigibilidade (devem ser ulizados os meios menos gravosospossveis; s se devem restringir os direitos dos interessados na estritamedida do que for necessrio); e c) proporcionalidade em sendo estrito(quantavamente, os meios ulizados devem ser equilibrados com re-lao aos ns). So tambm resumidos como princpio da proibio deexcesso.

    1.4.1. A velha mxima de que o Judicirio no pode analisar o mrito doato administravo deve ser entendida com ressalvas. Realmente, nopode o juiz se substuir ao administrador para analisar convenincia eoportunidade, mas pode e deve, em ateno inafastabilidade da jurisdi-o, anular o ato quando o mrito e as escolhas feitas pela Administraose mostrem desarrazoadas ou desproporcionais. Nesse sendo: Emborao Judicirio no possa substuir-se Administrao na punio do servi-dor, pode determinar a esta, em homenagem ao princpio da proporciona-lidade, a aplicao de pena menos severa, compavel com a falta come-da e a previso legal. STF, 1 Turma, RMS n 24.901/DF, Relator Ministro

    Carlos Ayres de Brio, DJ de 11.02.2005. CUIDADO! A violao razoabi -lidade/proporcionalidade determina a anulaodo ato, no sua revoga-o. que, nesse caso, foi vulnerado o princpio da legalidade: Ignorar,no mbito do processo administravo, a fora normava do princpio darazoabilidade, enquanto mecanismo viabilizador do controle dos atos ad-ministravos, signica incorrer, a rigor, em afronta ao prprio princpio dalegalidade (STJ: 2 Turma, RMS n 12.105/PR, Relator Ministro FranciulliNeo, DJ de 20.06.2005); A EXIGNCIA DE RAZOABILIDADE QUALIFICA-SECOMO PARMETRO DE AFERIO DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL

    DOS ATOS ESTATAIS. - A exigncia de razoabilidade que visa a inibir e aneutralizar eventuais abusos do Poder Pblico, notadamente no desem-penho de suas funes normavas atua, enquanto categoria funda-mental de limitao dos excessos emanados do Estado, como verdadeiroparmetro de aferio da constucionalidade material dos atos estatais(STF: Pleno, ADIn-MC n 2.667/DF, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de12.03.2004); O Poder Judicirio no mais se limita a examinar os aspec-tos extrnsecos da administrao, pois pode analisar, ainda, as razes deconvenincia e oportunidade, uma vez que essas razes devem observar

    critrios de moralidade e razoabilidade (STJ, 2 Turma, REsp n 429.570/GO, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 22.03.2004).

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    1.4.2. Razoabilidade, proporcionalidade e abuso de direito:A recorren-te, ao suspender o fornecimento de energia eltrica em razo de um dbi-to de R$ 0,85, no agiu no exerccio regular de direito, e sim com agranteabuso de direito. Aplicao dos princpios da razoabilidade e proporcio-nalidade.. STJ: 1 Turma, REsp n 811.690/RR, Relatora Ministra DeniseArruda, DJ de 19.06.2006, p. 123.

    1.5. Princpio da moralidade: impe o atendimento aos princpios cosbsicos relavos boa administrao (gesto responsvel, equilibrada,planejada e impessoal). No se confunde com a moralidade privada. De-termina que, mais do que s cumprir a lei, o administrador deve seguir os

    cnones da boa administrao (probidade, boa-f, transparncia, parci-pao dos administrados).

    1.5.1. Moralidade, impessoalidade, ecincia e proibio do neposmo:Sobre os princpios da moralidade, impessoalidade e ecincia, o STF edi-tou a smula vinculante n 13 (proibio do neposmo), nos seguintestermos:

    A NOMEAO DE CNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LI-NHA RETA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, AT O TERCEIRO GRAU,

    INCLUSIVE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MES-MA PESSOA JURDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIREO, CHEFIA OUASSESSORAMENTO, PARA O EXERCCIO DE CARGO EM COMISSO OUDE CONFIANA OU, AINDA, DE FUNO GRATIFICADA NA ADMINIS-TRAO PBLICA DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERESDA UNIO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICPIOS,COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAES RECPROCAS,VIOLA A CONSTITUIO FEDERAL. CUIDADO! Esto excludos da proi-bio do neposmo, por se tratarem de cargos polcos e no tcnicos,os de Ministro de Estado, Secretrio de Estado e Secretrio Municipal.

    Essa uma questo que j foi cobrada em vrios concursos, principal-mente do Cespe/UnB.

    1.5.2. Aplicao em concurso:

    (Cespe/AGU/Advogado da Unio/2009)

    Com base no princpio da ecincia e em outros fundamentos constucio-nais, o STF entende que viola a Constuio a nomeao de cnjuge, com -panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por anidade, at o terceirograu, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa

    jurdica invesdo em cargo de direo, chea ou assessoramento, para o

    exerccio de cargo em comisso ou de conana ou, ainda, de funo gra-cada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos poderes da

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    Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, compreendido oajuste mediante designaes recprocas.

    Resposta: correto (Smula Vinculante n 13).

    (Cespe/Ministrio dos Esportes/Nvel Superior/2008)

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateralou por anidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante oude servidor da mesma pessoa jurdica invesdo em cargo de direo, cheaou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de conanaou, ainda, de funo gracada na administrao pblica federal direta e in-direta viola a CF.

    Resposta: correto (Smula Vinculante n 13).

    (Cespe/AGU/Advogado da Unio/2009)

    Considere que Plato, governador de estado da Federao, tenha nomeadoseu irmo, Aristteles, que possui formao superior na rea de engenharia,para o cargo de secretrio de estado de obras. Pressupondo-se que Arist-teles atenda a todos os requisitos legais para a referida nomeao, conclui --se que esta no vai de encontro ao posicionamento adotado em recente

    julgado do STF.

    Resposta: correto (o cargo de Secretrio de Estado no est abrangido pelaproibio do neposmo).

    1.6. Princpios da ampla defesa e do contraditrio: ambos possuem

    previso no art. 5, LV, da CF. A ampla defesa traduz o direito que tem ointeressado de, quando acusado, defender-se das acusaes da maneiramais ampla e livre possvel. Traduz-se nos direitos de presena, audinciae peo. Por outro lado, o princpio do contraditrio (associado ao prin-cpio da paridade de armas) determina que o interessado tem o direito dese manifestar no processo, contraditando (contradizendo) as argumenta-es que lhe sejam contrrias. Assim, sempre que a Administrao produ-

    zir uma prova, deve ser dada ao interessado a oportunidade de tambmproduzir prova ou sobre ela se manifestar. Contraditrio, ento, prova econtraprova, argumentao e contra-argumentao.

    1.6.1. Smulas vinculantes que tratam de ampla defesa e contraditrio

    N Texto Explicao Observao

    5 A FALTA DE DEFESA TC-NICA POR ADVOGADONO PROCESSO ADMINIS-TRATIVO DISCIPLINAR

    NO OFENDE A CONSTI-TUIO..

    No processo administra-vo (ao contrrio do pro-cesso judicial), mesmono PAD, a presena de

    advogado facultava.

    Nos processos judiciais,a presena de advogado obrigatria, salvo situ-aes especiais, como o

    habeas corpus.

    PROCESSOADMINISTRATIVO