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Corpus poético da 1ª Tertúlia Literária relativa ao projeto Educativo «Povos, Culturas e Pontes», dinamizada pela ESA em conjunto com a CMS
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2011-2012
Custódia Rebocho
BE, CMS, ESA
2011-2012
1ª Tertúlia Literária – Mundos Em Português – Poesia Dita
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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INTRODUÇÃO
Tertúlia Poética «Mundos em Português» - Poesia Dita
Uma iniciativa organizada pela Escola Secundária com 3º
Ciclo de Amora, com a participação especial de Carlos
Amaral, Conceição Marques, Bartolomeu Dutra e Xico
Braga.
O que diz a poesia?
Este é o mote para a nossa viagem. Uma viagem pela
língua comum, pelo mar que nos une e/ou nos separa. De
várias partes do mundo, de diferentes continentes ou ilhas,
eis a poesia daqueles que se expressam em português.
Poema Introdutório, Xico Braga, Portugal
A escova, Xico Braga, Portugal
Lá no Água Grande, Alda Espírito Santo, S. Tomé
O homem que vinha ao entardecer, José Eduardo Agualusa,
Angola
Vidas modestas, Carlos Amaral, Portugal
Canção dos rapazes da ilha, Aguinaldo Fonseca, Cabo Verde
A Travessia, Xico Braga, Portugal
A nuvem branca, Xico Braga, Portugal
A saudade, Américo Morgado, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Mar meu, Xanana Gusmão, Timor
Murmúrios, Waldir Araújo, Guiné
O mar, António Baticã Ferreira, Guiné
Quadras da vida e do mar, Artur Goulart, Portugal (Açores)
Horário do fim, Mia Couto, Moçambique
Barcos, Yolanda Silva, Cabo Verde
Poema salgado, Ovídio Martins, Cabo Verde
O último adeus dum combatente, Vasco Cabral, Guiné
Mar azul, Américo Morgado, Portugal
No que é teu, Carlos Amaral, Portugal
Com ternura, Carlos Amaral, Portugal
Soneto do amor total, Vinicius de Moraes, Brasil
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pela São
1. POEMA INTRODUTÓRIO
A poesia canta o quê?
Perguntei-me e, perguntando vi o dia entardecer. Suavemente.
E o sol que se ia embora, já tardando noutros lugares, quedou-se. Quieto.
Curioso, pela resposta.
Eu vi isso, mas não liguei. Fui para casa.
Relaxei-me no sofá fiz amor com a fantasia
e esperei que em mim surgisse a vontade da poesia.
Já a noite engordara, e eu sozinho já cansado, antevendo um desespero
se, uma resposta mesmo breve
eu não soubesse encontrar.
A poesia canta o quê? De novo me perguntei
a conter um grito meu lancinante, só pode ser.
E quando já no meu peito uma dor se acendia
senti gravar-se-me na alma: - Canta tudo. Tudo canta, a poesia.
Xico Braga, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pelo Xico
2. A ESCOVA
A escova é um objecto de uma utilidade tremenda!
A escova escova e escova e escova e ainda… bué de vezes.
E escovar, toda a gente sabe, é tirar donde está, o que está (sem dever estar)
para, se bem escovado, pôr nada, no seu lugar.
É por isso que, intrinsecamente, a escova é duma inutilidade tremenda.
A escova é como as mulheres. Pode apresentar muitas formas.
Há a escova lisa, como a célebre Lisa, a Mona; a redonda, como a grávida, a mulher grávida;
há a comprida, como a noite, a noite sem mulher;
a pequena, como o seio que começa a despontar; a grande, como o amor da que é a nossa mãe.
E há a outra escova, que é precisa, a escova de aço mas que, agora, aqui, não tem lugar.
A escova de aço é para limpar a ferrugem das coisas.
E a ferrugem faz lembrar povo. E o povo faz lembrar coisas muito sérias.
E a poesia não tem tempo a perder com coisas dessas. E o poema está a perder o controlo.
E eu já não tenho mão nas palavras que aqui escrevo. E escovo, escovo. Escovo as palavras. Elas não saem. Daqui.
Eu quero cantar as escovas. Quero versejar, fazer um poema à escovadela.
… Passou a crise. Sou dono do meu verso. E no entanto… Que me interessam a mim as escovas? Que interesse têm?
As mágoas que nos chegam serão a caspa escovada do fato de um qualquer deus?
Xico Braga, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito por Custódia
3. LÁ NO ÁGUA GRANDE
Lá no "Água Grande" a caminho da roça
negritas batem que batem co'a roupa na pedra.
Batem e cantam modinhas da terra.
Cantam e riem em riso de mofa
histórias contadas, arrastadas pelo vento.
Riem alto de rijo, com a roupa na pedra
e põem de branco a roupa lavada.
As crianças brincam e a água canta.
Brincam na água felizes...
Velam no capim um negrito pequenino.
E os gemidos cantados das negritas lá do rio
ficam mudos lá na hora do regresso...
Jazem quedos no regresso para a roça.
Alda Espírito Santo, S. Tomé e Príncipe
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pela Isabel
4. O HOMEM QUE VINHA AO ENTARDECER
Falava com devagar, ajeitando as
palavras. Falava com cuidado,
houvesse lume entre as palavras.
Chegava ao entardecer, os sapatos
cheios de terra vermelha e do perfume
dos matos.
Cumpria rigorosamente os rituais.
Batia primeiro as palmas (junto
ao peito)
Depois falava.
Dos bois, das lavras, das coisas
simples do seu dia-a-dia. E todavia
era tal o mistério das tardes quando
assim falava
que doía.
José Eduardo Agualusa, Angola
Acompanhado
de música,
FASCINAÇÃO
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
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Dito, na íntegra, por: Carlos, São, Adelaide
5. VIDAS MODESTAS
Há grandeza
nas vidas modestas
como se todos os dias
nelas amadurecessem
pequenas festas.
Carlos Amaral, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pela Isabel
6. CANÇÃO DOS RAPAZES DA ILHA
Eu sei que fico.
Mas o meu sonho irá
pelo vento, pelas nuvens, pelas asas.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos frutos, nos colares
E nas fotografias da terra,
Comprados por turistas estrangeiros
Felizes e sorridentes.
Eu sei que fico mas o meu sonho irá ...
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá ...
sei que fico
Mas o meu sonho irá
Nos veleiros que desenho na
parede.
Aguinaldo Fonseca, Cabo Verde
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pelo Xico
7. A TRAVESSIA
Parto de mim
E atravesso o teu corpo
Para me encontrar
Longa a jornada
Que eu comecei um dia
Depois de ter sonhado
Com essa travessia!
Xico Braga, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pela São
8. A NUVEM BRANCA
Tenho no peito algodão
branco
no lugar do coração.
Tenho no olhar
branco
um sorriso de criança.
Corro na noite
branca
uma milha de ternura.
Com os meus dedos
aponto o céu
e pinto
o branco
de uma nuvem de ilusão.
Depois
como quem não quer a coisa
navego sonhos
e faço amigos.
Xico Braga, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pelo Xico
9. A SAUDADE
Gostava que a saudade não deixasse este pressentimento descontente
de não ouvir a sintonia batendo cadente
de corações que se amam.
É um eco magoado que se repete Como onda a quebrar no rochedo,
levando as lágrimas de quem sente
que o mundo lhe foi tirado.
A saudade é aquela brancura que se vê Quando a onda se eleva.
Américo Morgado, Portugal
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
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Dito pela Custódia
10. MAR MEU
Pudesse eu
prender entre os dedos os suspiros do mar
e distribui-los ás crianças
Pudesse eu
acariciar com os dedos A suave brisa das ondas
e sentir cabelos de crianças
Pudesse eu
sentir nos dedos
o beijo das espumas e ouvir os risos
das crianças
Pudesse eu tocar com os dedos
o sono do mar e embalar os olhos
de crianças
Pudesse eu ter entre os dedos
belas conchinhas e fazer colares
p’ra as crianças
Oh, mar meu!
porque esperas? porque não dás?
porque não sentes? porque não ouves?
Xanana Gusmão, Timor
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Dito pelo Carlos
11. MURMÚRIOS
Dizem que são murmúrios os ecos
que chegam do fundo deste mar
São palavras soltas aos ventos
frases melódicas para somar
Murmúrios que escondem feitiços
segredos e estórias por desmontar
São lamentos de cores mestiços
São sombras desenhadas ao luar
No fundo deste mar o silêncio fala
grita e clama como a força das marés
Não longe essa voz alguém embala
Não longe os ecos se escutam no convés
No fundo deste mar há tormentos
Há vontade de um silêncio romper
Querer e vontade não são lamentos
No fundo, este mar esconde um poder!
Waldir Araújo, Guiné
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
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Dito pela Isabel
12. O MAR
Olhai: o Mar tem influência singular
Sobre mim. Os animais aquáticos são tantos
Valia a pena persegui-los no mar alto;
Valia a pena vê-los saltar através das ondas.
O Mar, esse mundo que os homens não habitam,
É imenso, tão belo e tão perfeito!
O Mar tem influência singular
Sobre mim. Eu bem queria ir ver as ondas;
Valia a pena olhá-las a correr
Loucamente; valia a pena
Ver qual delas primeiro entrava na baía.
Ah!, o Mar vasto, no entanto, aqui nos fala
Sim, fala-nos interiormente,
E nos compreendemos a sua língua:
E uma língua que se entende.
(Ah, que impressão nos faz o Mar!)
António Baticã Ferreira, Guiné
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Dito pela São
13. QUADRAS DA VIDA E DO MAR
Não há pena não há mágoa
que não tenha o seu findar…
Já andam à tona d’água
os meus sonhos a boiar.
E esta aragem rarefeita
a dormir sobre os telhados,
como a calma insatisfeita
dos navios ancorados.
Baloiçar lento da quilha
com as ondas a chorar…
O corpo preso preso na ilha,
coração preso no mar.
Aquela nuvem lá longe
parece de temporal.
Andam gaivotas brincando
além no mastro real.
Acompanhado
de música:
LÁ, MI
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Ó do leme tem cautela!
Há baixios a aparecer!
Quero viver o meu sonho
antes da lua esconder.
Esta ânsia que me prende
só tem sossego no mar…
É como a vaga dolente
sempre na rocha a quebrar.
A vida que tens vivido
passou-se. Não volta mais…
Ficou um peixe esquecido
sobre as escadas do cais.
Maré baixa, maré alta,
divertimento do mar.
Como na vida faz falta
um barquinho de brincar.
Artur Goulart, Açores , Portugal
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Dito pelo Carlos
14. Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca esse momento
Mia Couto, Moçambique
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Dito pela Isabel
15. BARCOS
“Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu”
Nas praias Da minha infância
Morrem barcos Desmantelados.
Fantasmas
De pescadores Contrabandistas
Desaparecidos Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
E eu sou a mesma
Tenho dez anos Brinco na areia
Empunho os remos… Canto e sorrio…
A embarcação Para o mar!
É para o mar!...
E o pobre barco O barco triste
Cansado e frio Não se moveu…
Yolanda Silva, Cabo Verde
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Dito pelo Xico
16. POEMA SALGADO
Eu nasci na ponta-da-praia
por isso trago dentro de mim
todos os mares do Mundo
Meu correio são as ondas
que me trazem e levam
recados e segredos
E meus bilhetes
(meus bilhetinhos de saudade)
são suspiros salgados
que as sereias recolhem
da crista das ondas
Nas conchas e búzios
de todos os mares do Mundo
ficaram encerradas
minhas canções de amor
Que eu nasci na ponta-da-praia
Por isso trago dentro de mim
todos os mares do Mundo.
Ovídio Martins, Cabo Verde
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Dito pelo Carlos
17. O ÚLTIMO ADEUS DUM COMBATENTE
Naquela tarde em que eu parti e tu ficaste
sentimos, fundo, os dois a mágoa da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangraram de verdade
sofri na alma um amargor quando choraste.
Ao despedir-me eu trouxe a dor que tu levaste!
Nem só teu amor me traz a felicidade.
Quando parti foi por amar a Humanidade.
Sim! Foi por isso que eu parti e tu ficaste!
Mas se pensares que eu não parti e a mim te deste
será a dor e a tristeza de perder-me
unicamente um pesadelo que tiveste.
Mas se jamais do teu amor posso esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais quiseste
que eu conserve em ti a esperança de rever-me!
Vasco Cabral, Guiné
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Dito pela Adelaide
18. MAR AZUL
O que nos guia e nos faz mover
não é a liberdade, mas o amor.
Cria vida, dá, ensina a olhar
aproxima de igual para igual.
Quero encontrar-te
estar contigo
mergulhar no mesmo mar, na
mesma onda
respirar o mesmo ar no beijo que
une vidas.
A palavra, chilreio, grito, vento, trovão
Não satisfaz o coração, na sinfonia mais bela
mas é uma rosa vermelha, caleidoscópio de todas as
cores,
magia, alegria do saber e do amor.
Dá-me a tua mão e vem mergulhar comigo.
É este o mar azul
Américo Morgado, Portugal
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Dito por: São, Adelaide, Xico, Custódia (1 verso cada) + Carlos
(poema total)
19. NO QUE É TEU
No teu Olhar vejo o Céu e o Mar,
No teu Cabelo beijo as Espigas ao Sol,
Na tua Pele desejo o Campo Florido,
No teu Sorriso perco o Juízo.
Carlos Amaral, Portugal
Dito pela Isabel
20. COM TERNURA
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
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24
Terás sempre a inocência no olhar
Como quem me quer saborear?
Ao teu lado apetece a eternidade.
Apetece ganhar-te o secreto amor,
Abençoando esse modo delicado de ser
Como se o desejo em ti fosse beber…
Contigo apetece o espanto do despertar.
Dando-te o sol e a lua,
pois se te olho, a riqueza do mundo
é minha, e muito mais tua!
Carlos Amaral, Portugal
Acompanhado
de música,
LÁGRIMA
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
25
Dito pela São e pelo Carlos
21. SONETO DO AMOR TOTAL
Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes, Brasil
Tertúlia «Mundos em Português» - Poesia Dita
BE - V Encontro Intercultural de Saberes e Sabores 27.01.2012
26
Música/Acompanhamento
Bartolomeu Dutra
FIM