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Geografia Bíblica

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Geografia

Bíblica

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Márcio Klauber Maia

Geografia Bíblica 2

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 3

I. LUGARES BÍBLICOS......................................................................................................................... 4

1.O CRESCENTE FÉRTIL................................................................................................................. 42. A PALESTINA................................................................................................................................ 83. O EGITO...................................................................................................................................... 11

II. POVOS BÍBLICOS........................................................................................................................... 14

1. EGÍPCIOS.................................................................................................................................... 142. ASSÍRIOS.................................................................................................................................... 153. BABILÔNICOS............................................................................................................................. 154. PERSAS....................................................................................................................................... 155. AMORREUS................................................................................................................................ 156. HETEUS....................................................................................................................................... 167. CANANEUS................................................................................................................................. 168. PERISEUS................................................................................................................................... 169. HEVEUS...................................................................................................................................... 1610. GIRGASEUS.............................................................................................................................. 1611. JEBUSEUS................................................................................................................................ 1612. FILISTEUS................................................................................................................................. 16

III. GEOGRAFIA POLÍTICA DA TERRA SANTA................................................................................17

1. O ÊXODO.................................................................................................................................... 172. A CONQUISTA DE CANAÃ.........................................................................................................223. DIVISÃO DAS TRIBOS................................................................................................................234. O REINO UNIDO.......................................................................................................................... 245. O REINO DIVIDIDO..................................................................................................................... 266. O IMPÉRIO ASSÍRIO...................................................................................................................287. O IMPÉRIO BABILÔNICO...........................................................................................................288. O IMPÉRIO MEDO-PERSA.........................................................................................................299. O IMPÉRIO GREGO.................................................................................................................... 3010. O IMPÉRIO ROMANO...............................................................................................................31

IV. GEOGRAFIA FÍSICA DA PALESTINA..........................................................................................33

1. NOMES DA TERRA DE ISRAEL.................................................................................................332. LIMITES DE ISRAEL....................................................................................................................343. CISJORDÂNIA............................................................................................................................. 354. VALE DO JORDÃO...................................................................................................................... 395. TRANSJORDÂNIA....................................................................................................................... 396. HIDROGRAFIA DE ISRAEL.........................................................................................................407. FAUNA DE ISRAEL.....................................................................................................................428. FLORA DE ISRAEL...................................................................................................................... 439. CLIMA DE ISRAEL....................................................................................................................... 43

CONCLUSÃO...................................................................................................................................... 44

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................... 45

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................46

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INTRODUÇÃO

A Geografia é a ciência que estuda a Terra e sua forma, incluindo

relevo, clima, divisões políticas, vegetação, aspectos humanos, etc. Quando se trata,

porém, da Geografia Bíblica, o interesse não é estudar apenas os povos e as terras

do Oriente, mas conhecer o cenário, aonde os acontecimentos bíblicos vieram a

acontecer, para que possamos compreender melhor a história do relacionamento de

Deus com o homem, através do estudo da influência que as características físicas e

humanas da região exerceu sobre os personagens bíblicos.

Através da Geografia Bíblica vamos poder localizar os relatos

bíblicos no tempo e no espaço em que ocorreram, e seremos capazes de identificar

as características culturais e a localização dos diversos povos e locais que

pertencem ao mundo bíblico.

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I. LUGARES BÍBLICOS

1.O CRESCENTE FÉRTIL

Formado pelas regiões da Mesopotâmia, Canaã e Egito, tem o formato de um semicírculo que vai do Golfo Pérsico ao Rio Nilo.

A Mesopotâmia, cujo nome significa “entre rios”, é a região da Ásia aonde ocorreram as primeiras mudanças da humanidade, que permitiram um rápido desenvolvimento cultural, econômico e social e que proporcionaram um avanço importante da história. Foi uma região de grande cultura (ali nasceu o sistema de escrita, a escola, a literatura escrita e o primeiro sistema legal) e de grande poder militar (se desenvolveram nesta região os grandes impérios como Assíria, Babilônia e Pérsia).

É nesta região, ou em suas mediações, que se desenvolveram as principais civilizações da antiguidade: Suméria, Babilônia, Assíria, Egito e todos os povos do chamado Oriente Próximo.

A Bíblia descreve a localização do Jardim do Éden, dizendo o seguinte: “E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio e a pedra sardônica. E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe. E o nome do terceiro rio é Hidéquel; este é o que vai para a banda do oriente da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.” (Gn 2.10-14).

Não temos a localização exata dos rios Pisom e Giom. Enéas Tognini informa1, quanto ao rio Pisom, que “modernamente atribui-se o rio Fasis, hoje conhecido como Rioni, que nasce nos montes Ararate e desemboca no mar Negro” e que o rio Giom, segundo especialistas, pode ser o rio Geyhum el_Râs, que desemboca no mar Cáspio ou os rios Diala ou Querque.

Já os rios Hidéquel (que é o Rio Tigre) e o Eufrates sabemos a sua exata localização, pois se encontram exatamente nesta região. Podemos deduzir, portanto, que o Jardim do Éden localizava-se na região do Crescente Fértil. Com isto, podemos perceber que foi aqui o berço da humanidade, e o início da história de todos os povos.

Werner Keller2, falando da importância desta região, afirma:

“Se traçarmos uma linha curva que, partindo do Egito, passe pela Palestina e Assíria Mediterrânea, e, seguindo depois até o Golfo Pérsico, teremos uma meia lua razoavelmente perfeita”.

“Há quatro mil anos, este poderoso semicírculo em redor do deserto da Arábia - denominado Crescente Fértil - abrigava grande número de culturas e civilizações ligadas umas às outras, como pérola de rutilante colar. Dela irradiou luz clara para toda a humanidade. Ali foi o

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centro da civilização desde a Idade da Pedra até a Idade de Ouro da cultura greco-romana”.

Netta de Money3 também descreve a importância desta região:

“Sua história pode ser resumida numa séria de lutas entre os habitantes das serranias e das tribos nômades do deserto para a possessão da cobiçada terra fértil. Seu lado oriental foi o berço da raça humana e de sua primeira civilização: Em suas grandes curvas levantaram-se um após outro os grandes impérios dos amorreus, dos assírios, dos caldeus e dos persas; E finalmente foi em seu extremo ocidental que nasceu o Salvador do Mundo”.

Esta região é onde hoje se localizam o Irã e o Iraque, onde podem ser encontradas ruínas da Babilônia, de Ur, de Nínive e de outras tantas cidades que tiveram grande importância no relato bíblico.

A Bíblia relata que a humanidade, após a queda espalhou-se por esta região, nas cercanias do Jardim do Éden. A geração de Caim era má e desobediente, e influenciou até mesmo a descendência piedosa de Sete, fazendo com que se tornassem rebeldes, pelo que Deus resolveu destruir todos os homens, através do Dilúvio, salvando apenas Noé e sua família.

Noé e seus filhos ocuparam a Terra, após o Dilúvio, aos quais, Deus deu uma ordem: “frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1) e ainda: “povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” (v.7). É natural que, no início, as famílias estivessem agrupadas no mesmo lugar, mas, segundo a ordem divina, deveriam espalhar-se sobre a terra. Os homens, entretanto, em sua desobediência, sob a liderança de Ninrode, construíram uma torre de tijolos, com a finalidade de estabelecerem um centro, ao redor da qual se agrupariam os povos.

Até então, todos na Terra falavam uma só língua. Deus provoca a confusão das línguas, fazendo com que os povos se afastem, agrupados por famílias, e assim se espalhem por toda aquela região. Lawrence Olson4 assim descreve esta situação:

“A Dispersão aconteceu cerca de 100 a 300 e poucos anos depois do Dilúvio, provavelmente “nos dias de Pelegue”. Gênesis 10.25; 11.16-19. É impossível estabelecer com exatidão isto teria acontecido, pois Pelegue viveu 340 anos. Mas certamente foi por volta do ano 2.000 antes de Cristo”.

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O capítulo dez do livro de Gênesis registra a divisão dos povos pós-diluvianos, descendentes dos filhos de Noé, indicando as regiões para onde se deslocaram, o que nos permite mapear todas as nações existentes no mundo antigo, traçando duas linhas imaginárias, uma de cada lado do Mar Mediterrâneo, aproximadamente, ficando os filhos de Jafé, os Jafitas ou Arianos, na faixa superior, os filhos de Sem, os Semitas, na faixa central, e os filhos de Cam, ou Canitas, na faixa inferior.

W.F. Albright5, falando sobre a importância do relato deste capítulo do Gênesis, afirma:

Em vista da inextrincável confusão dos laços raciais e nacionais do antigo Oriente Próximo, seria completamente impossível delinear um esquema simples que satisfizesse a todos os eruditos; nenhum sistema poderia satisfazer a todas as declarações feitas segundo a base da predominância étnica, da difusão etnográfica, da língua, do tipo físico, da cultura, da tradição histórica. O Rol das Nações como um documento assombrosamente exato. (Ele) demonstra uma compreensão tão notavelmente “moderna” da situação étnica e lingüística do mundo antigo, a despeito de toda complexidade dele, que os eruditos nunca deixam de ficar impressionados com a compreensão do assunto que o autor demonstra ter.

Os Jafitas dirigiram-se para o norte, ocupando a Europa e parte da Ásia, dos quais descendem os povos europeus, tais como: “celtas, gauleses, irlandeses, franceses (de Gômer), russos (de Magogue, Tubal e Meseque), medos e persas (de Madai), Jônios ou gregos (de Javã) e trácios (de Tiras)”.6

Na faixa do meio, ficaram, em maior número, os descendentes de Sem, ou seja, os Semitas. “São semitas: os elamitas (junto ao Golfo Pérsico), assírios (de Assur), caldeus (de Arfaxade), hebreus (de Heber) e sírios (de Arã)”.7

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(Bible Atlas Online by Acess Foundation )

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E ocuparam a faixa inferior, os descendentes de Cam ou Turanianos, indo mais para o sul, ocupando, principalmente, a África e a Arábia Meridional. São eles: “os etíopes (de Cuxe) ficaram na Etiópia, mas os cananitas, os heteus, os sidônios, os jebuseus, os amorreus e outros foram para a Palestina (Canaã)...”.8

QUADRO DAS NAÇÕES9

JAFÉ CÃO SEMGômer, Celtas e CimbrosMagogue, Russos e CitasMadai, Medos e PersasJavã, GregosMeseque, RussosTiras, Trácios

Cuxe, EtíopesMizraim, EgípciosPute, LíbiosCanaã, Cananeus

Elão, ElamitasAssur, AssíriosArfaxade, CaldeusLude, LídiosArã, Sírios ou Arameus

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2. A PALESTINA

(extraída do livro E A Bíblia Tinha Razão, pág. 580).

Dentre os descendentes de Sem, Deus escolheu um dos filhos de Terá, que habitava em Ur dos Caldeus, na região da Mesopotâmia, chamado Abraão, para dele formar um povo que fosse sua propriedade particular, através do qual ele demonstraria o seu poder a toda a humanidade. O propósito divino era estender a sua benção a todos os povos, através daquele homem, pois afirmou: “em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

Estevão descreve assim este episódio: “O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então, saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora.” (At 7.2-4). Desta forma, obedecendo ao mandamento divino, Abraão cruza todo o Crescente Fértil, do oriente ao ocidente, e passa a habitar na região da Palestina.

Saindo de Ur, Abraão segue com a sua família, incluindo seu pai e um sobrinho, Ló, até a cidade de Harã, localizada no alto do Rio Eufrates, a 965 km a noroeste de Ur e ainda a 643 km a nordeste de Canaã10, onde permanece até a morte de seu pai.

Após a morte de Terá, ele segue para Canaã, levando consigo seu sobrinho. Werner Keller11 assim descreve o percurso:

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“O caminho de Harã, pátria dos patriarcas, para a terra de Canaã, compreendia uma extensão de mais de mil quilômetros e dirigia-se para o sul. Descendo o rio Belich, ia até o Eufrates, prosseguia por um caminho de caravanas milenar, passava pelo oásis de Palmira, a bíblica Tadmor, e continuava daí para sudoeste, até o lago de Genesaré. Era uma das grandes estradas comerciais que, desde tempos remotíssimos, levavam do Eufrates ao Jordão, dos reinos da Mesopotâmia até as cidades fenícias das costas do Mediterrâneo e ao distante Egito, no Nilo.”

A terra para a qual se dirigiu, segundo a orientação de Deus, entretanto, não estava vazia; era habitada por vários povos descendentes de Cam, os quais ocupavam toda a terra, chamada Canaã. O nome Palestina foi dado depois da ocupação romana, e é uma referência aos filisteus – um povo que chegou na região de Canaã no mesmo período que os hebreus, na volta do Egito.

Nesta terra estranha, Abraão vai viver sem uma habitação fixa, isto é, em um modo de vida nômade, vivendo em cabanas e mudando-se constantemente. Joubert Heringer assim descreve a vida de Abraão12:

“Abraão era um nômade, estava sempre se mudando de um lugar para o outro conforme as necessidades de melhor pastagem de seu rebanho, sempre nas regiões montanhosas, evitando o vale onde estavam as cidades estados cananéias com seus deuses e sua sociedade sedentária. Isso nos aponta também a economia que movia a vida deste primeiro patriarca, não encontraremos Abraão plantando ou colhendo de forma sistemática, nem às voltas com animais de grande porte, típicos de vale; mas, encontraremos Abraão às voltas com carneiros, bodes, ovelhas, etc... Encontraremos o cuidado de manter a família intacta quando envia Isaque para encontrar uma esposa na terra de seus ancestrais, para que da mesma forma com que ele casou-se com uma prima, ele também o faça, o que acontece ao desposar Rebeca. Esta postura social é típica do nomadismo que procura não manter laços com os povos dos lugares por onde peregrina. Outro fator que colocará Abraão dentro deste círculo geo-social que é o nomadismo será sua forma de tratar os visitantes, bem expresso quando da visita dos anjos; bem como o trato com as esposas, o que também transparece na relação Sara, Hagar e Qetura. Tanto Abraão quanto Isaque vivenciaram o nomadismo, por rotas diferentes (sempre nas montanhas) e com lugares de parada diferentes, mas com as mesmas características.”

Deixando o Crescente Fértil, a narrativa bíblica volta-se, agora, para esta região do Oriente Próximo banhada pelo Mar Mediterrâneo. Netta de Monney13

assim fala sobre esta faixa de terra:

“É uma adaptação da palavra filistéia que significa o terreno dos filisteus que haviam desempenhado um papel muito importante na história hebraica, pelo que os escritores gregos e latinos o aplicaram a todo o país”.

“A palestina propriamente dita, a Terra das Doze Tribos, que abrange Canaã e a região Transjordânica, está situada no extremo meridional da curva ocidental do Fértil Crescente, entre 31º e 35º latitude

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N e 32º15’ e 34º30’ latitude E, limitado ao N com o Rio Leontes, o monte Líbano e o monte Hermom, ao E com o deserto Sírio, ao S com o deserto da Arábia e a O com o Mar Mediterrâneo”.

Werner Keller14 assim descreve a região de Canaã:

“Canaã significa “terra da púrpura”. Deve seu nome a um produto local muito cobiçado na Antiguidade. Desde os tempos mais primitivos, seus habitantes extraíam de um caracol do mar — do gênero Murex —, nativo dessa região, a tinta mais famosa do mundo antigo, a púrpura. Era tão rara, tão difícil de extrair e, por isso mesmo, tão cara, que só os ricos podiam adquiri-la. As vestes tingidas de púrpura eram consideradas em todo o antigo Oriente sinal de alta categoria. Os gregos chamavam fenícios aos fabricantes e tintureiros de púrpura da costa do Mediterrâneo, e à sua terra, Fenícia, que na língua deles significava “púrpura”.

A terra de Canaã é também o berço de dois fatos que comoveram profundamente o mundo: a palavra “Bíblia” e o nosso alfabeto! Uma cidade fenícia deu nome à palavra que designa “livro” em grego; de Biblos, cidade marítima de Canaã, originou-se “biblion” e desta, mais tarde, “Bíblia”. No século IX a.C. os gregos tomavam de Canaã as letras do nosso alfabeto.

A parte da região que viria a ser a pátria do povo de Israel foi batizada, pelos romanos, com o nome dos seus mais acérrimos inimigos: o nome “Palestina” é derivado de “pelishtim”, como são designados os filisteus no Velho Testamento. Habitavam a parte meridional da costa de Canaã — ...todo Israel, desde Dã até Bersabé (Samuel 1, 3.20). Assim descreve a Bíblia a extensão da Terra Prometida, isto é, das nascentes do Jordão, nas faldas do Hermon, até as colinas situadas a leste do mar Morto, e até o Neguev, na Terra do Meio-Dia.”

Abraão e sua descendência viveram em Canaã durante aproximadamente 215 anos - Abraão tinha a idade de 75 anos, quando saiu de Harã (Gn 12.4); 25 anos depois, nasce seu filho Isaque (Gn 21.5); Isaque tinha 40 anos, quando casou-se (Gn 25.20), e lhe nasceram os primeiros filhos aos 60 (Gn 25.26); Jacó vai para o Egito aos 130 anos (Gn 47.28); somando tudo (25 + 60 + 130), o resultado será 215 anos - até o período em que José é empossado como governador do Egito, e convida seu pai, Jacó, agora chamado Israel, juntamente com seus irmãos, para morarem com ele no Egito.

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3. O EGITO

Merril Unger15 descreve a ida dos hebreus para o Egito deste modo:

A calma vida pastoril dos patriarcas em Canaã chegou a um fim, devido às circunstâncias que seguiram a venda de José aos ismaelitas e a sua subseqüente exaltação no Egito. De acordo com a cronologia bíblica, preservada, no texto massorético da Bíblia Hebraica, Jacó e sua família emigraram para o Egito por volta do ano 1871 a.C., sob a Duodécima Dinastia Egípcia do Reino Médio (2000-1780 A.C.)

A terra do Egito era demarcada pelo Rio Nilo, partindo do centro do Continente Africano, até o Mar Mediterrâneo, sendo dividida, geográfica e politicamente em duas regiões: Alto Egito e Baixo Egito.

O Baixo Egito é a região banhada pelo Mar Mediterrâneo, na qual o Rio Nilo abre seus “braços” ou desembocaduras, formando uma figura parecida com a quarta letra do alfabeto grego, delta, dando origem a um antigo nome dado à Região: Planície Delta.

O Alto Egito é formado pelo corredor do Rio Nilo, adentrando à savana, rumo ao interior do Continente Africano, cuja região é formada por florestas equatoriais e tropicais.

Toda a terra do Egito depende do Rio Nilo para sobreviver, e são os transbordamentos regulares do rio, que inunda as terras ribeirinhas, garantindo a sua fertilidade, o fenômeno mais importante para a existência desta nação.

Netta de Money16 descreve este rio, com as seguintes palavras:

“Suas fontes se encontram nos magníficos lagos de Vitória e Alberto Nianza da África Equatorial. Entre outros fatores devemos citar os ventos alíseos do SE carregados de umidade do Oceano Índico que descarregam o seu conteúdo nas cordilheiras do E da África e no interior do dito país; as prodigiosas chuvas, causando assim o transbordamento dos referidos lagos que formam os poderosos afluentes do rio em seu curso superior. Toma o nome de Nilo depois da confluência do Nilo Branco e do Nilo Azul em Cartum, capital do Sudão. Desde este ponto de união até o Mediterrâneo, numa distância de 2800 km, só recebe um afluente mais, o Atibara, que desce das serras vulcânicas da Absínia. Atravessa a Núbia e o Egito, e finalmente chega ao Cairo, onde começa o Delta, por

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cujos dois braços principais, um próximo a Damieta e outro junto a Roseta, lançando suas águas no Mediterrâneo”.

Segundo a Enciclopédia Virtual Wikipédia17,

“O Nilo é um rio africano, que nasce do degelo do Monte Heha, que se torna, um curso de água no Burundi , com nome de Kagera, que deságua no lago Vitória e deságua no mar Mediterrâneo. Foi revelado em uma pesquisa recente que o Nilo é o segundo maior rio do mundo em extensão com 6695 km, perdendo apenas para o Rio Amazonas, no Brasil, que tem 6868 km.

Está no nordeste da África e sua bacia hidrográfica abrange 3 milhões de km². , e depois se lança no lago Vitória, do qual sai denominado Nilo Vitória, em Uganda. Atravessa o lago Kioga e depois o lago Mobutu, recebendo então o nome de Bahr el-Gebel.

O Nilo, desde tempos imemoriais, é a base de tudo para as populações ribeirinhas a ele. Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e do plantio do Egito. No período das cheias as águas do rio Nilo transbordavam o leito normal cerca de 20 km e inundavam as margens, depositando aí uma camada riquíssima de húmus, aproveitada com sabedoria pelos egípcios tão logo o período de enchente passava, aproveitando ao máximo o solo fértil para o cultivo. Atualmente, o Nilo garante a sobrevivência de um décimo da população africana.”

O Prof. Joubert18 nos fala sobre a importância do Egito, no contexto bíblico:

“Juntamente com o Babilônico o Império Egípcio será um dos que mais influenciaram a história de Israel. Sua primeira aparição se dá já no surgimento do povo com a descida de Abraão para lá em busca de alimentos quando fugia de uma seca na Palestina. Em seguida Isaque repete os mesmos passos de seu pai, e da mesma forma motivado por uma fome, desce ao Egito. O terceiro patriarca também descerá ao Egito, e diferentemente dos dois predecessores que lá estiveram por um espaço de tempo curto e delimitado, este para lá descerá já quase ao final de sua vida, e de lá saiu somente depois de sua morte. Também será relacionado com este império que veremos surgir o povo de Israel, e será a saída desta turba que se converterá posteriormente em povo que dará origem a um dos mais importantes relatos de libertação social de um povo de todos os tempos, chamado Êxodo.

Nos momentos seguintes da história do povo o Egito será sempre uma forte influência ao sul da Palestina, ora influenciando como potência militar, ora influenciando como matriz cultural. Mesmo durante o exílio na Babilônia e posteriormente com a invasão dos gregos e depois dos romanos, o Egito terá lugar de destaque na história do povo de Israel e da Igreja Primitiva.

Quando falamos em império Egípcio pensamos, erroneamente, em uma unidade política contínua. Alías, é muito comum nos estudos bíblicos as pessoas tomarem pressupostos medievais e

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Foto Cortesia Nasa

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modernos e aplicarem à historia de Israel e da Igreja. O que chamamos de império Egípcio é na verdade uma sucessão de dinastias reais que na maioria dos casos não possui ligação alguma com a precedente. Até mesmo a configuração geográfica do império se altera ao longo do tempo, sendo cada dinastia de uma região diferente”.

O território do Egito cobria o litoral nordeste da África, limitado pelo deserto do Saara a oeste, pelas florestas tropicais da Núbia ao sul, pelo mar Vermelho ao leste, e pelo Mediterrâneo ao norte.

Períodos da História Egípcia19

Períodos Datas Eventos Bíblicos

I. Período Dinástico primitivo (Dinastias 1-2)

3100-2800 a.C.

11. Antigo Reino (Dinastias 3-6) 2800-2250 a.C.

III. Primeiro Período Intermediário (Dinastias 7-9)

2250-2000 a.C. Abraão chega ao Egito

IV'. Reino Médio (Dinastias 9-12) 2000-1786 a.C. José e Jacó vão para o Egito

V. Segundo Período Intermediário (Dinastias 13-17)

2000-1575 a.C.

VI. Novo Reino (Dinastias 18-20) 1575-1085 a.C. O Êxodo (1446 a.C.)

VII. Terceiro Período Intermediário (Dinastias 21-25)

1085-663 a.C. Sheshonk I ("Sisaque") saqueia o templo (927 a.C.)

VIII. Período Recente (Dinastias 26-31)

663-332 a.C. O Exílio (586 a.C); refugiados fogem para o Egito

IX. Período Ptolemaico 332-20 a.C.X. Era Romana 30 a.C-395 d.C. Maria e José fogem para o Egito (4 a.C.)

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II. POVOS BÍBLICOS

Os povos que habitaram as terras bíblicas e a Palestina eram os seguintes:

1. EGÍPCIOS

Os egípcios formaram uma das primeiras grandes civilizações da humanidade, exercendo grande influência no cenário bíblico. Destacaram-se, sobretudo, pelas grandes construções e pelo misticismo. O povo egípcio é assim descrito20:

“Não conhecemos a exata origem racial do povo egípcio, porém suas estátuas e pinturas de templos dão-nos um quadro detalhado deles durante os tempos bíblicos, e os corpos embalsamados dos monarcas egípcios também nos evidenciam a sua aparência.

Os egípcios eram, em geral, de estatura mais ou menos baixa, pele bronzeada, cabelo castanho eriçado, típico dos povos situados nas costas sulistas do Mediterrâneo. Os negros do interior do Nilo não desceram o rio e não se misturaram com os egípcios até mais ou menos 1500 a.C. (Não sabemos, porém, se a "mulher etíope" com quem Moisés se casou era negra — cf. Números 12:1.)

Por contraste, os israelitas vieram dos bandos errantes de pastores que viviam ao longo das margens ao norte do deserto da Arábia. Assim, Abraão e seus descendentes eram, provavelmente, quase da mesma altura dos egípcios, mas tinham cútis cor de oliva, e cabelo castanho-escuro ou preto.”

A cultura egípcia foi muito influenciada pela idolatria e pelo misticismo. Pelo menos trinta deuses formavam o panteão principal, além de dezenas de deuses de menor importância. A grande preocupação com a morte e vida após a morte os levou a construir grandes mausoléus em formato de pirâmides, tais como a pirâmide de Gizé (uma das sete maravilhas do mundo antigo) e as de Quéops, Quéfren e Miquerinos. Isto também os levou a desenvolver a técnica de embalsamamento dos corpos.

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Reconstrução da face do faraó Tutacamon, por uma equipe

francesa.

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2. ASSÍRIOS

Eram semitas que habitaram o norte da Mesopotâmia, região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, provavelmente, descendentes de Assur, filho de Sem (Gn 10.11). Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje pertence ao Iraque. Eles alcançaram grande crescimento da ciência e da matemática, além de se tornaram cruéis guerreiros. A escrita dos assírios constituía-se de pequenas cunhas feitas com um estilete em tabuletas de argila — é a chamada escrita cuneiforme. A religião seguia as bases dos cultos realizados pelos sumérios e seu idioma, o Aramaico, era a língua mais falada na região, no tempo de Jesus.

3. BABILÔNICOS

Por volta do ano 2.000 a.C., amoritas do deserto invadem as cidades acadianas e sumerianas e fundam a Babilônia. O povo babilônico era muito avançado para a sua época, demonstrando grandes conhecimentos em arquitetura, agricultura, astronomia e direito. Eles criaram a astrologia e a astronomia e aperfeiçoaram a matemática com a invenção do círculo de 360 graus e a hora de 60 minutos.

É deles também a invenção de um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da agricultura.

4. PERSAS

Diversas tribos de povos arianos indo-europeus, chegaram, por volta de 2000 a 1500 a.C. à região compreendida entre o Mar Cáspio e o atual Golfo Pérsico, conhecida como Planalto Iraniano, e deram origem ao povo persa. O comércio era sua principal atividade econômica.

A religião persa, no início, era politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro (Zaratrusta, em persa) empreendeu uma nova concepção religiosa entre eles. O pensamento religioso de Zoroastro era dualista e acreditava que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal.

Inicialmente, eram duas grandes tribos, os medos e os persas, que formara dois reinos independentes, mas foram unificados pelo rei Ciro, o Grande, que derrotou o império babilônico.

Atualmente se concentram no Irã, mas possuem grupos espalhados por muitos países do mundo, principalmente Afeganistão, Tajiquistão, Uzbequistão, na província de Xinjiang, na China e no norte do Paquistão.

5. AMORREUS

Habitavam o lado ocidental do Mar Morto (Gn 14.7), em Hebrom (Gn 14.13), em Siquém (Gn 48.22), em Gileade e Basã (Dt 3.8-10) e nas imediações do Monte Hermom (Dt 3.8). Deus deu ordem aos israelitas para os destruírem (Gn 3.7; Dt 2.1). Eram, provavelmente, descendentes dos caldeus, e tiveram como rei, na época da conquista, Seom (Nm 21.21-33).

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6. HETEUS

Descendentes de Hete, o segundo filho de Canaã, estabeleceram-se no norte de Israel, em cidades como Hamate e Cades, nas margens do rio Orontes. Haviam também os heteus do sul, dos filhos de Hete, dos quais Abraão comprou a cova de Macpela (Gn 23.10); as duas esposas de Esaú eram hetéias (Gn 26.34).

7. CANANEUS

São descendentes de Canaã, filho de Cão (Gn 10.6). Eles ocuparam uma grande faixa no vale do Jordão e se estenderam pela orla do Mediterrâneo (Nm 13.20; 14.25). Nos tempos de Josué possuíam cidades fortificadas.

8. PERISEUS

Também descendiam de Canaã (Gn 15.20), e habitavam os campos, dedicando-se à agricultura. Eles espalharam-se por toda a terra de Canaã e foram enfrentados por Josué no Monte Carmelo (Js 17.15) e também ofereceram resistência nos territórios ocupados por Judá (Jz 1.4,5).

9. HEVEUS

Também descendiam de Canaã (1Cr 1.15) e estavam entre os que enganaram Josué e foram reduzidos a rachadores de lenha. Foi com Hamor, o heveu, que aconteceu o incidente com Diná (Gn 34), em Siquém.

10. GIRGASEUS

Também procediam de Canaã (1Cr 1.14). Eles ofereceram resistência a Josué, mas foram derrotados (Js 3.10). Pouco se sabe sobre as atividades deste povo.

11. JEBUSEUS

Também eram descendentes de Canaã (Gn 15.21). Eles estabeleceram-se ao redor de Jerusalém, que primitivamente se chamava Jebus (Jz 19.10). Adonizeque, rei de Jerusalém, estava entre os que enfrentaram Josué em Gibeom (Js 10.3-5).

12. FILISTEUS

Eram provenientes das ilhas gregas. Eles invadiram Canaã e se radicaram ao sul da região. Eram descendentes de Casluim, filho de Mizraim (Gn 10.14). Eram guerreiros valentes e perigosos e não foram atacados por Josué. Eles sempre foram inimigos de Israel (quem não se lembra de Golias!?) no tempo dos reis, sendo a última referência da Bíblia a este povo em Zc 9.6, após o cativeiro babilônico.

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III. GEOGRAFIA POLÍTICA DA TERRA SANTAO geógrafo alemão Friedrich Ratzel, em sua obra "Politische

Geographie" (Geografia Política, em português), publicada em 1897, assim define: “A geografia política é o estudo das relações entre o Estado e o solo”.

1. O ÊXODO

(Bible Atlas Online by Acess Foundation)

Por alguns anos, os hebreus viveram no Egito, desfrutando das regalias de serem da família do governador José. Entretanto, o tempo foi passando, José morreu, o Faraó que o havia conhecido também faleceu, e outro Faraó subiu ao trono, que não conhecia José, o qual resolveu explorar a mão de obra dos hebreus, escravizando-os, e obrigando-os a trabalharem nas grandes construções.

Depois de muitos anos como escravos no Egito, o povo de Israel clama a Deus por um livramento. E Deus responde à suas orações preparando Moisés para libertá-los da nação opressora. Milagrosamente salvo das águas e

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criado como filho da filha de Faraó, ele foi educado na ciência e nas artes do Egito, para vir a ser o grande legislador de Israel.

Moisés vive os primeiros 40 anos como príncipe do Egito. É com esta idade que ele ataca mortalmente um egípcio que feria a um hebreu e é obrigado a fugir do Egito, para não ser morto por Faraó. Ele vai viver os próximos 40 anos no deserto de Mídia, aonde casa, tem filhos, e vive como pastor de ovelhas.

Quando Moisés está com 80 anos, Deus fala com ele no Monte Horebe, e o envia ao Egito, com a missão de livrar o seu povo das mãos de Faraó e conduzi-los para a terra de Canaã, de onde os hebreus vieram, 215 anos antes. Através de Moisés, Deus manifesta o seu poder sobre a poderosa nação egípcia, enviando grandes pragas, que dizimaram o gado e as plantações, e provocaram morte e desespero na terra do Egito.

Naquela noite, em que os filhos de Israel realizaram a Páscoa pela primeira vez, Deus feriu os primogênitos dos egípcios, e, assim, Faraó deixou o povo de Deus sair, levando consigo os seus filhos, seu gado e toda a riqueza do Egito. É assim o relato bíblico: “Assim, partiram os filhos de Israel de Ramessés para Sucote, coisa de seiscentos mil de pé, somente de varões, sem contar os meninos. E subiu também com eles uma mistura de gente, e ovelhas, e vacas, uma grande multidão de gado” (Êx 12.37,38).

Netta de Money21 assim registra esta saída:

“O teatro das maravilhosas obras de Moisés foram Zoã, cidade real a E do braço Tanítico do Nilo. Quando soou a hora da libertação, Israel foi impedido de passar rumo a Canaã pela direção NE por ser o “caminho dos filisteus”, e como os egípcios haviam levantado uma linha de fortificações ao longo da única fronteira terrestre que tinha a defender, entre o Mediterrâneo e a cabeceira do Golfo de Suez, viram-se obrigados a desviar para o S em direção ao Mar Vermelho (Êxodo 13:17-18)”.

Historiadores, arqueólogos e outros pesquisadores há muito tempo discutem para definirem a data exata em que aconteceu o êxodo hebreu. Esta, entretanto, não é uma tarefa fácil, pois são poucos os elementos que nos ajudam a descobrir a época certa deste grande acontecimento. Paul Hoff22 assim define esta questão:

Não há dúvida alguma de que os israelitas saíram do Egito no lapso compreendido entre 1450 e 1220 a.C. Israel já estava radicado em Canaã no ano de 1220 a.C., pois o monumento levantado pelo Faraó Mereptá faz alusão ao combate entre egípcios e israelitas na Palestina, naquela data. Não obstante, faltam evidências conclusivas quanto à data precisa do Êxodo.

Há duas opiniões principais a respeito desta questão. De acordo com a primeira, o Êxodo dataria, mais ou menos, por volta do ano 1440 a.C. Conforme a segunda opinião, ocorreu no reinado de Ramsés II, entre 1260 e 1240 a.C. Se a data anterior é correta, Tutmés III, o grande conquistador e construtor, foi o opressor de Israel, e Amenotepe II foi o Faraó do Êxodo. Há evidências de que Tutmósis IV, o sucessor de Amenotepe II, não foi o filho primogênito deste, fato que concordaria com a morte do primogênito do Faraó do Êxodo. Os que favorecem a data anterior pensam que os invasores de Canaã durante o século XIV,

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mencionados como habiru nos documentos históricos, outros não são senão os hebreus que, sob Josué invadiram a Palestina. Nas famosas cartas de Tl-el-Amarna, escritas por chefes das cidades-estados de Canaã dirigidas aos Faraós Amenotepe III e Amenotepe IV no século XIV, há indicações de que a Palestina estava em perigo de perder-se nas mãos dos habiru. Os chefes cananeus clamaram por ajuda egípcia, mas Amenotepe IV estava tão ocupado estabelecendo o culto a seu deus Áton, que não deu ouvidos a seus rogos.

Segundo relato bíblico, o povo de Israel reuniu-se na cidade real de Tanis ou Ramsés, no braço oriental do Delta e, de lá, partiram para Sucote, cinqüenta e dois quilômetros a sudoeste, indo depois para Etã, na orla do deserto. A parada seguinte foi em “Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefom” (Êx 14.2). O lugar exato onde as águas se abriram, tornando possível a travessia do mar, talvez nunca seja positivamente estabelecido. Há um certo número de lugares possíveis. O nome hebraico do lugar que os egípcios atravessaram ao deixarem o Egito significa “o mar dos caniços”. O nome descritivo parece referir-se à região pantanosa e de águas rasas através da qual foi mais tarde cortado o Canal de Suez.

A primeira dificuldade está na tradução. A palavra hebraica "Yam Suph" é traduzida ora por "Mar Vermelho" ora por "Mar dos juncos". Repetidamente se fala do "Mar dos juncos": "Ouvimos que o Senhor secou as águas do Mar dos Juncos á vossa entrada, quando saístes do Egito” (Js. 2.10). No Antigo Testamento, até ao profeta Jeremias, fala-se em "Mar dos Juncos". O Novo Testamento diz sempre "Mar Vermelho" (Ap. 7.36; Hb. 10.29).

Às margens do Mar Vermelho não crescem juncos. O mar dos juncos propriamente ficava mais ao norte. Dificilmente se poderia fazer uma reconstituição fidedigna do local - e esta é a segunda dificuldade. A construção do canal de Suez no século passado modificou muito o aspecto da paisagem da região. Segundo os cálculos mais prováveis, o chamado "milagre do mar" deve ter tido lugar nesse território. Assim é que, por exemplo, o antigo lago de Ballah, que ficava ao sul da estrada dos filisteus, desapareceu com a construção do canal, transformando-se em pântano. Nos tempos de Ramsés II existia ao sul uma ligação do Golfo de Suez com os lagos amargos. Provavelmente chegava mesmo até mais adiante, até ao Lago Timsâh, o Lago dos Crocodilos. Nessa região existia outrora um mar de juncos. O braço de água que se comunicava com os lagos amargos era vadeável em diversos lugares. A verdade é que foram encontrados alguns vestígios de passagens. A fuga do Egito pelo Mar dos Juncos é, pois, perfeitamente verossímil.

Da travessia do Mar ao Sinai, Israel faz as seguintes paradas23:

Parada EventoMara e Elim, no deserto de Etã, na praia oriental do Golfo de Suez

O saneamento das águas. A abundâncias das águas e palmeiras.

Deserto de Zim, pela praia oriental do Canal de Suez, ao Sul do deserto de Etã

Murmuração do povo. Provisão de codornizes e de maná. A instituição do Sábado.

Refidim, entre o deserto de Zim e o monte Sinai.

Erupção de água na rocha. Derrota dos amalequitas. Atenção de Moisés ao conselho de Jetro.

Três meses depois de escaparem do Egito, os israelitas chegaram ao pé do Monte Sinais, onde, algum tempo antes, Moisés tinha visto a sarça ardente e recebido a ordem do Senhor. Aí eles acamparam e durante os meses que se

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seguiram Moisés subiu as encostas do Monte Sinai para comungar com Deus. Foi aí que Deus revelou a Moisés os princípios da fé que os Filhos de Israel deveriam seguir para todo o sempre, e aí que Ele deu a Moisés os Dez Mandamentos inscritos em duas tábuas de pedra.

De lá, o povo de Israel levanta acampamento, em direção a Cades-Barnéia, Passando pela beira do deserto de Parã, e faz as seguintes paradas:

Parada EventoTaberá, a 48 km a nordeste do Sinai. Murmurações castigadas pelo fogo. O pecado do

descontentamento.Quibrote-Taavá, entre o Sinai e Haverote A milagrosa provisão de codornizes. O enterro dos

cobiçosos e a eleição dos 70 anciãos.Hazerote, a 64 km a nordeste do Sinai. A conjuração contra Moisés, urdida por Miriã, e o

castigo que lhe foi imposto. Reconhecimento através de espias.

Ao final deste tempo, o relato bíblico descreve as paradas finais, até o destino tão almejado:

Parada EventoCades-Barnéia A desobediência de Moisés. Edom nega permissão de

trânsito a Israel. A vitória israelita sobre o rei cananeu de Arade, em Hormá, povoação de Sefelá.

Monte Hor, na margem de Edom, onde se deteve o povo curto tempo.

A morte de Arão. As pragas das serpentes.

Élate, na cabeceira do golfo de Acaba, na margem oriental do deserto de Parã.

A cura dos feridos mediante a serpente de metal colocada numa haste.

Zarede A travessia do ribeiroArnom, que constituía a fronteira setentrional de Moabe

A negativa de trânsito de Seom, o amorreu. A derrota deste em Jaza.

Planícies de Moabe A profecia de Balaão. O pecado de Baal-Peor. A campanha contra Mídia e Moabe. A partilha da herança de duas e meia tribos. A divisão da lei e recapitulação das jornadas. A morte de Moisés no monte Nebo.

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De Cades são enviados os 12 espias à terra de Canaã, os quais voltam com um relatório pessimista, causando pânico e rebelião no povo. Por causa disto, são condenados a vaguear pelo deserto pelos próximos 38 anos, até que toda a geração rebelde padeça no deserto.

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2. A CONQUISTA DE CANAÃ

Agora sob o comando de Josué, Israel atravessa milagrosamente o Rio Jordão, em cheia, e estabelece acampamento em Gilgal, de onde inicia a conquista da Terra Prometida.

A primeira vitória em Canaã foi contra a cidade de Jericó, localizada no centro do país, aonde ocorreu o famoso episódio da derrubada dos muros. Após Jericó, caíram as cidades de Ai e Betel. Como os de Siquém entregaram-se sem luta e os Gibeonitas fizeram um pacto enganoso com Josué, toda a região Central estava tomada.

Como a parte oriental da terra já havia sido conquistada por Moisés, derrotando Siom, rei dos amorreus e Ogue, rei de Basã, Josué concentra-se, então, nas campanhas do norte e do sul. Ao cabo de alguns anos, Israel pode se estabelecer na Terra.

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Josué, no entanto, cometeu três graves erros, que trouxeram conseqüências desastrosas para a posteridade: a) fez aliança com os Gibeonitas (Js 9); b) permitiu que os jebuseus permanecessem em Jerusalém (Js 15.63) e c) não conseguiu derrotar os filisteus e tomar conta da área litorânea. Por causa disto, as tribos de Judá e Simeão ficaram separadas das demais.

Além disto, Josué não conseguiu expulsar os cananeus de várias partes do país, e eles sempre representaram um problema para Israel. Merril F. Unger24 assim relata este período de conquista:

“Embora os cananeus tenham sido completamente massacrados quando uma cidade era conquistada, em muitos casos a própria cidade não era destruída (Josué 11.13), e não poucos de seus habitantes, que haviam podido escapar por terem fugido ou se terem escondido, voltaram (Josué 10.43) para as cidades invadidas, e anos mais tarde, quando as tribos de Israel se espalharam, procurando lugar para se estabelecerem, encontraram resistência esporádica. Da mesma forma, lugares outrora conquistados como Debir (Josué 10.38,39) tiveram que ser

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mais tarde reconquistados (Juízes 1.11-15). Entre outros casos semelhantes encontra-se Hebrom (Josué 10.36,37; Juízes 1.10)”.

3. DIVISÃO DAS TRIBOS

Quando os filhos de Israel ocuparam a terra de Canaã, o território foi dividido entre as tribos. Dos 12 filhos de Jacó, Levi, por ser a tribo sacerdotal, não teve porção de terra, mas apenas cidades nas porções de seus irmãos, e José herdou duas tribos, que levaram os nomes de seus filhos: Efraim e Manassés. Assim sendo, a terra foi dividida em 12 porções: no lado oriental do Jordão ficaram as tribos de Gade, Rubem e a meia tribo de Manasses. Do lado ocidental, as tribos de Aser, Naftali, Zebulom, Issacar, Efraim, Dã, Benjamim, Judá, Simeão e a meia tribo de Manassés (Dt 3.13-16).

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4. O REINO UNIDO

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Quando Samuel era o juiz em Israel, tendo governado a terra por muitos anos, o povo de Israel lhe fez um pedido: “Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações” (1Sm 8.5). Samuel não gostou daquela proposta, mas consultou a Deus e, mediante sua permissão, ungiu a Saul, da tribo de Benjamim, o primeiro rei sobre Israel.

Saul unificou as tribos e, sob seu comando, Israel fez conquistas importantes contra os amonitas e iniciou a mudança do modelo tribal para a monarquia, em Israel. Os filisteus estavam conquistando território com o seu exército fortificado, principalmente por que detinham o monopólio do ferro (1Sm 13.19-21).

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Eram uma ameaça permanente, que não podia ser enfrentada com tropas voluntárias de um exército popular. Se fazia necessário ter um exército permanente, profissional, uma organização de poder centralizado, enfim, uma monarquia, que era o modelo da época (1 Sm 8.5-20).

Saul desobedece a Deus e é rejeitado como rei. O período do reinado de Saul é muito conturbado, marcado pelos conflitos com os povos vizinhos e pelos problemas internos com Samuel e Davi, e culmina com a derrota para os filisteus, na batalha das montanhas de Gilboa. O rei Saul e seus filhos são mortos, a arca do Senhor é tomada e o território conquistado pelo inimigo.

Com a morte de Saul, as tribos do sul, que não eram submissas a ele, imediatamente proclamam Davi como novo rei, em Hebrom. Com a morte de Abner, general de Saul, e o reconhecimento dos anciãos, Davi é aclamado rei sobre toda a terra de Israel (2Sm 3.22-5.3). Ele conquistou a cidade de Jerusalém, mudou a sua residência para lá e a estabeleceu com capital do reino e centro religioso e cultural.

Assim, Davi consolidou a monarquia em Israel, fez aliança políticas importantes, alargou as fronteiras do seu território, subjugou os inimigos, tais como: filisteus, amonitas, moabitas e edomitas, construiu um tabernáculo em Jerusalém e para lá levou a arca do Senhor. Assim ele estabeleceu-se como o maior rei da história de Israel.

Vendo a velhice chegar, Davi preocupou-se em indicar o seu herdeiro no trono. Salomão, filho de Bate-Seba, não era o herdeiro natural, mas Davi conseguiu estabelecê-lo com rei. Assim que Salomão consegue estabilidade, ele mandou matar seu irmão Adonias, que queria usurpar-lhe o trono, também matou a Joabe, chefe do exército, e desterrou o sumo-sacerdote Abiatar.

Salomão foi o mais brilhante de todos os administradores de Israel. Ele estabeleceu o comércio exterior pelo mar, através do Mar Mediterrâneo e do Mar Vermelho, além de rotas comerciais terrestres, que trouxeram crescimento e prosperidade para o reino. Além disto, construiu o Templo em Jerusalém, palácios e fortalezas e ampliou as alianças políticas, estendendo ainda mais o seu domínio.

Todo este esplendor, entretanto, teve o seu custo, e Salomão sobrecarregou o povo com altas taxas, para manter a sua corte, o que provocou grandes problemas internos. O Estado tinha muitas despesas para manter o exército, os cavalos, os palácios e as esposas do rei, e as construções. Os pesados impostos estavam sobrecarregando a população israelita. Apesar destes problemas, Salomão terminou o seu reinado em relativa paz, porém em desobediência a Deus. Ele acumulou riquezas e mulheres, contrariando a ordem divina (Dt 17.14-17), e edificou altares a deuses estranhos e os adorou (1Rs 11.4-7). Pelo que, Deus resolveu dividir o seu reino e entregar ao seu servo (1Rs 11.11).

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5. O REINO DIVIDIDO

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Com a morte do rei Salomão, Roboão, seu filho, reinou em seu lugar. Netta de Money25 assim descreve os acontecimentos:

“Os impostos implantados por Salomão haviam sido muito pesados. O povo de Israel, prazerosamente havia pago para a construção da “Casa de Deus” e para um palácio digno do rei, porém a continuação onerosa dos impostos para realização dos ambiciosos planos do rei não tardou em semear o descontentamento por todas as partes. O povo exigiu de Roboão, filho de Salomão, que aliviasse a pesada carga que este lhe havia imposto, porém, por não atender a essa reclamação, produziu-se uma revolta. Todas as tribos, menos a de Judá e uma parte da de Benjamim, desconheceram a autoridade de Roboão, e elegeram rei a Jeroboão. Assim se processou a divisão definitiva do povo de Israel e a formação de dois reinos de Judá e Israel. Ao produzir-se esse desacordo,

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os sírios aproveitaram a oportunidade para livrar-se do jugo de Israel e formar um reino independente e forte no N. O reino de Moabe, todavia, continuou tributário de Israel por algum tempo, e Edom era satélite de Judá”.

A respeito dos limites geográficos de Israel, após a divisão do reino, Enéas Tognini26 escreve:

“Os limites de Israel dos tempos do reino unido não sofreram, no princípio, alteração. O reino foi dividido em duas partes: Norte ou Israel, com capital em Siquém e Penuel (1Rs 12.25) e depois Samaria (1Rs 16.24), com dez tribos e mais a meia tribo de Benjamim; e Sul ou Judá, com capital em Jerusalém, com Judá e a outra meia tribo de Benjamim (1Rs 12.20,21; 2Cr 11.2)”.

O reino do Norte foi beneficiado, geograficamente, com a divisão do reino, pois os principais recursos naturais estavam concentrados na região das tribos do Norte: o Mar da Galiléia, o rio Jordão, as planícies mais férteis, entre outros. A geografia do território das tribos do Sul incluía o Mar Morto e o deserto do Negev. O reino do Sul estava, portanto, em desvantagem, quanto aos recursos naturais e quanto à representatividade das tribos.

Com o passar do tempo, porém, cada reino teve o seu território alterado pelos conflitos com outros povos. Primeiro foi o reino do Norte que, após uma sucessão de reis desobedientes e idólatras, Deus permite que seja atacado pelo império Assírio, sob o comando do rei Sargão II, por volta do ano 721 a.C. Desta forma, teve fim o reino de Samaria, e nunca mais foi restaurado.

Apesar de alguns reis do reino do Sul, Israel, terem sido tementes a Deus, a maioria segue os passos dos reis do norte, e foram rebeldes e desobedientes ao Senhor. Semelhantemente, Deus permitiu que eles fossem atacados pelo Império Babilônico, do rei Nabucodonosor, no ano 587 a.C. O Templo de Jerusalém foi demolido, os muros e portas da cidade destruídos, os tesouros são roubados, milhares de pessoas foram mortas e muitos foram levados cativos para a Babilônia, de onde alguns voltariam, muitos anos depois, sob a liderança de Esdras e Neemias.

A partir do retorno à terra, agora Israel está reduzido, praticamente, à tribo de Judá, tendo um território bem menor do que na época do apogeu do reinado de Davi e Salomão. Além disto, a partir esta época, Israel sempre esteve sob o jugo dos grandes impérios mundiais, de Alexandre a Roma.

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6. O IMPÉRIO ASSÍRIO

O domínio assírio na Mesopotâmia iniciou-se por volta do ano 2500 a.C., na cidade de Assur (nome de sua principal divindade). Ocupando as margens do Rio Tigre e vizinhanças, eles construíram um forte Estado, com cavalos e armas de guerra, e, assim, dominaram a Média Mesopotâmia.

Os assírios ficaram famosos pela crueldade com que tratavam os vencidos, torturando os vencidos, a fim de intimidar os seus inimigos. Durante o reinado de Sargão II, os assírios conquistaram o reino de Israel e, no de Tiglatfalasar, tomaram a cidade da Babilônia. Durante o século VII a.C., principalmente nos reinados de Senaqueribe (705 a.C. – 681 a.C.) e de Assurbanipal (668 a.C. – 631 a.C.), o Império Assírio atingiu seu apogeu, dominando uma área que se estendia do golfo Pérsico à Ásia Menor e do Tigre até o Egito.

No reinado de Senaqueribe, a capital foi transferida de Assur para Nínive e, sob Assurbanipal, foram realizadas as últimas conquistas assírias, incluindo a do Egito. Assurbanipal, além de grande guerreiro, era fascinado pela ciência e literatura, e criou uma grande biblioteca na nova capital assíria. A Biblioteca de Nínive reuniu um amplo acervo cultural de toda a região, formada por dezenas de milhares de tijolos de argila.

Foi o rei Sargão II quem conquistou o reino do Norte, em 722 a.C., destruindo praticamente tudo, e levou os habitantes das tribos do norte cativos, para a Assíria. O povo que foi trazido por ele para habitar, progressivamente, neste território, eram oriundos da Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim (2 Re 17.24-41), e foram ensinados a adorar o Deus de Israel, mas não abandonaram seus deuses pagãos. Esta mistura de povos deu origem aos samaritanos.

No ano 612 a.C., os medos, oriundos das margens do mar Cáspio, tomaram Assur e Nínive, pondo fim ao império assírio.

7. O IMPÉRIO BABILÔNICO

A Babilônia é uma das mais antigas civilizações conhecidas. Eles se estabeleceram na Mesopotâmia por volta do ano 1950 a.C. O primeiro Império Babilônico se deu com Hamurabi. Este império existiu de 1728 a.C. a 1513 a.C. Hamurabi criou leis severas e as escreveu em tábuas de barro. Os babilônicos já haviam construído a cidade de Akad (que dá nome aos acádios - seus descendentes). Hamurabi, porém, transfere a capital do império para Babel, cerca a cidade com muralhas, impulsiona a agricultura e restaura os templos. Durante esta época a Babilônia tornou-se uma das regiões mais prósperas do mundo antigo.

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(Publicado no Wikipedia, no endereço http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Map_of_Assyria.png)

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Com a morte de Hamurabi, a Babilônia foi conquistada por Hititas e Assírios. Aliados dos medos, os caldeus aproveitam-se da vitória contra os assírios e recuperam o domínio babilônico a partir de 614 a.C. Nesse ano, Nabopalasar funda uma nova dinastia e inicia o segundo Império. O reinado do seu filho, Nabucodonosor (604 a.C. - 562 a.C.), tem início em 604 a.C.

Na segunda metade do século VI a.C. ele

deporta judeus para a Babilônia, evento que conhecemos como Cativeiro Babilônico. Sob seu domínio o Império Babilônico teve grande expansão territorial. Foi Nabucodonosor quem ordenou a construção dos jardins suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Com sua morte, após 42 anos de poder, o reino entra em declínio e, em 539 a.C., a Babilônia é conquistada por Ciro, rei dos Persas. Ele obtém uma aliança com as classes dominantes (comerciantes e sacerdotes), que aceitam a dominação estrangeira em troca da manutenção de seus privilégios.

8. O IMPÉRIO MEDO-PERSA

Os Medos eram tribos espalhadas que foram unificadas por Déjoces. Um dos seus sucessores, Ciáxares foi o aliado de Napolassar na conquista dos Assírios. Ciro II da Pérsia, mais conhecido como Ciro, o Grande, foi rei da Pérsia entre 559 e 530 a.C. Ele derrotou medos, líbios e babilônicos e formou um grande império. Foi ele quem permitiu a volta dos judeus para a terra de Israel.

Aos poucos a Fenícia, a Palestina e a Síria também se submeteram ao domínio persa, cujo império se estendeu da Ásia Menor e costa mediterrânica, no ocidente, à Índia, no oriente. O domínio de diferentes povos numa única administração era conseguido com uma política que respeitava as diferenças culturais e religiosas, tratando com liberdade os povos vencidos e reinando com justiça.

Cambises I, filho de Ciro, conquistou o Egito, na batalha de Pelusa, em 525 a.C., ampliando, ainda mais, o seu território. Após a morte de seu filho, Cambises II (rei entre 530 e 522 a.C.), o reino foi conquistado por Dario I, em cuja administração este império atingiu o apogeu.

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9. O IMPÉRIO GREGO

No Século IV a.C. surgiu um novo império na Europa. Filipe II, é o rei da Macedônia, um pequeno país que se limitava, ao sul com a Grécia, ao leste,com o mar Egeu e com a Trácia, ao norte,com os montes balcânicos, e, a oeste, com a Trácia e o Ilíaco. A Grécia era formada por cidades-estado, tais como Esparta, Atenas e Tebas. A Grécia constitui-se, praticamente, de uma península localizada no Sudeste da Europa. É banhado por três mares: a leste, pelo Egeu; ao sul, pelo Mediterrâneo; e a oeste pelo Jônico.

Filipe II conquistou a Grécia e unificou os dois povos, formando um novo império. Com a sua morte, é substituído pelo filho, Alexandre, o Grande, que concluiu as conquistas iniciadas pelo pai, tendo instalado o império grego após a vitória sobre os medos e os persas, na famosa batalha de Isso, com um exército muito menor, mas com uma grande estratégia militar. Alexandre estende seu império sobre a Macedônia, a Grécia e o Império Persa, incluindo o Egito e estendendo-se na direção do oriente até a Índia. Foi o império mais extenso do mundo antigo até aquele tempo.

A marcha de Alexandre para Jerusalém é assim relatada por Flávio Josefo27:

“Quando se soube que ele já estava perto, o sumo sacerdote, acompanhado pelos outros sacerdotes e por todo o povo, foi ao seu encontro com essa pompa tão santa e tão diferente da de outras nações até o lugar denominado Safa, que em grego significa "mirante", porque de lá se pode ver a cidade de Jerusalém e o Templo. Os fenícios e os caldeus que integravam o exército de Alexandre não duvidavam de ele, na cólera em que se achava contra os judeus, lhes permitiria saquear Jerusalém e daria um castigo exemplar ao sumo sacerdote.

Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano, apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco e os sacerdotes revestidos com os seus paramentos de linho e o sumo sacerdote com o seu éfode de cor azul adornado de ouro e com a tiara sobre a cabeça, que continha uma lâmina de ouro sobre a qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o sumo sacerdote, ao qual ninguém ainda havia saudado. Então os judeus reuniram-se em redor de Alexandre e elevaram a voz para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de prosperidade. Porém os reis da Síria e os grandes que o acompanhavam ficaram tão espantados que julgaram que ele havia perdido o juízo.

Parmênio, que desfrutava grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo mundo, adorava o sumo sacerdote dos judeus. Respondeu Alexandre: "Não é a ele, ao sumo sacerdote, que adoro, mas ao Deus de quem ele é o ministro, pois quando eu estava

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ainda na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, ele me apareceu em sonhos com essas mesmas vestes e exortou-me a nada temer. Disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu que Deus estaria à frente de meu exército e me faria conquistar o império dos persas. Eis por que, jamais tendo visto antes alguém revestido de trajes semelhantes a esses com que ele me apareceu em sonho, não posso duvidar de que tenha sido por ordem de Deus que empreendi esta guerra, e assim vencerei Dario, destruirei o império dos persas, e todas as coisas suceder-me-ão segundo os meus desejos".

Alexandre, depois de assim responder a Parmênio, abraçou o sumo sacerdote e os outros sacerdotes, caminhou no meio deles até Jerusalém, subiu ao Templo e ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o sumo sacerdote lhe disse para fazer. O sumo sacerdote mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel, no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era dele que a profecia fazia menção. Alexandre ficou muito contente.”

Em 323 a. C., com a morte de Alexandre, sem prover sucessor para o trono, o império foi dividido número muito grande de províncias, sendo as mais importantes governadas por seis generais, como sátapras.

Em 306 a.C., Antígono declarou-se rei, juntamente com seu filho Demétrio. Em oposição, os quatro generais, Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu, deixando as posições de sátapras, declararam-se reis dos seus respectivos territórios e, em 301 a.C., Antígono foi morto e Demétrio fugiu. Ptolomeu ficou com o Egito, Palestina e parte da Síria; Cassandro com a Macedônia e Grécia; Lisímaco com a Trácia e parte da Ásia Menor; e Seleuco ficou com a Mesopotâmia, parte da Ásia Menor, norte da Síria e o oriente.

10. O IMPÉRIO ROMANO

A cidade de Roma tem sua origem explicada pelos romanos com a lenda de Rômulo e Remo, os gêmeos que foram amamentados por uma loba e criados por um casal de pastores.

A origem do império romano, entretanto, se dá por volta do ano 753 a.C, com a existência de uma monarquia que governou a cidade até o ano 509 a.C., com o surgimento da república e a existência do senado que cuidava das finanças públicas, da administração e da política externa.

Com a organização e fortalecimento do poder político, conquistados neste período, Roma começou a expandir o seu território, além da península itálica. Foi fundamental para o domínio do Mediterrâneo a famosa batalha de Cártago, vencida pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C).

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Após dominar Cártago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. Isto trouxe grande poder político e econômico, com os recursos vindos das províncias, provocando profundas mudanças na vida dos romanos.

Otávio tornou-se o primeiro Imperador, governando de 27 a.C. a 14 d.C. Suas primeiras medidas tinham por finalidade reestruturar a administração do novo Estado Imperial: restringiu as funções do Senado; criou uma nova ordem administrativa (as prefeituras); melhorou as formas de cobranças de impostos; instituiu a guarda pretoriana com a função de garantir a proteção do imperador.

Ele foi sucedido por cinco governantes, chamados césares - Tibério (14-37), Calígula (37-41), Nero (54-68), Marco Aurélio (161-180) e Comodus (180-192), até o final da chamada Era Dourada. Foi neste período que o templo de Jerusalém foi destruído e os judeus espalhados por toda a terra. Estes governantes empreenderam forte perseguição aos cristãos, sendo os responsáveis por morte de muitos nas fogueiras e lançados às feras.

No III Século d.C. Roma passou por uma profunda crise econômica e política, passando a ser governado por uma monarquia déspota, chamada de Dominato, que deriva de dominus (senhor), que foi como passaram a se denominar os governantes deste período, até o governo de Diocleciano. Neste governo, o império foi dividido em quatro regiões, cada uma com um governante, chamada Tetrarquia.

A partir do ano 313 d.C., Constantino aderiu ao cristianismo, o que veio a ser oficializado através do Edito de Tessalônica, em 330, pelo qual a religião cristã tornava-se oficial do Império, no governo de Teodósio.

Os povos germânicos, chamados de bárbaros pelos romanos, atacaram as fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio dividiu o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla.

Em 476, com a deposição do imperador Rômulo Augústulo, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média. O Império Oriental continuou a existir por quase mil anos, até 1453.

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Extensão do Império Romano em 133 a.C. (vermelho), 44 a.C. (laranja), 14 d.C. (amarelo), e 117 d.C. (verde).

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IV. GEOGRAFIA FÍSICA DA PALESTINA

1. NOMES DA TERRA DE ISRAEL

Deus elegeu esta terra para ali fazer habitar o

povo que havia escolhido. Ela

se torna, no contexto

bíblico, o pedaço de terra

mais destacado por Deus, chamada, em Ez 20.6,

15 de “glória de todas as terras” (ARC) ou “coroa de todas as terras” (ARA). Vejamos alguns nomes pelos quais foi conhecida:a) Canaã. O nome mais antigo desta terra é Canaã, conhecido desde o tempo da vinda de Abraão, da Mesopotâmia. Canaã é o nome do filho de Cão, neto de Noé (Gn 10.6), que foi amaldiçoado por ele, por descobrir a sua nudez (Gn 9.24,25).

b) Terra dos Amorreus. Este também é um antigo nome para esta terra, citado em Gn 48.22.c) Terra dos Hebreus. É como José se refere à sua terra natal (Gn 40.15). Provavelmente, porque assim ela era conhecida entre os egípcios.d) Terra Prometida. É assim chamada pelos filhos de Israel, durante a travessia do deserto. Este é o termo usado para descrever a “terra que mana leite e mel” (Êx 3.8), prometida por Deus a Moisés.e) Terra de Israel. Israel é o nome que foi dado a Jacó, no seu encontro com Deus, em Peniel (Gn 32.28). É usado para descrever o lugar, tanto no aspecto geográfico, quanto étnico e cultural (Gn 34.7). É o nome do moderno estado, que foi oficialmente reconhecido em 12/05/1948.f) Palestina. Este nome se originou no povo chamado filisteus, que vieram do mar e habitaram a faixa litorânea da terra de Israel. O filósofo grego Heródoto referiu-se a esta terra por este nome, o que fizeram, também, outros escritores, como Flávio Josefo e Fílon. Este é o nome utilizado hoje para referir-se aos territórios controlados pela autoridade palestina.

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g) Terra Santa. Citado pelo profeta Zacarias (Zc 2.12), é o nome utilizado pelos muitos cristãos que visitam aquelas terras, desde a época das cruzadas.

2. LIMITES DE ISRAEL

A terra de Israel é montanhosa e foi descrita por Deus como: “terra de montes e de vales” (Dt 11.11). O pequeno espaço entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo tem um relevo muito acidentado, com altos montes e muitos vales. A Palestina é dividida em duas partes iguais, de norte a sul, por uma linha de colinas que, na verdade, consiste na continuação dos montes do Líbano, da Síria-Líbano. No seu extremo norte, essa cadeia montanhosa tem alguns poucos picos que se aproximam dos mil metros de altitude. Ao descer para o sul, já no distrito da Galiléia, essa serra é intercalada por várias planícies. Quando Deus chamou Abraão e lhe prometeu a terra de Israel, assim lhe falou: “Levanta, agora, os teus olhos e olha desde o lugar onde

1 Citado em Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas, pág. 291.2 Citado em Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas, pág 13.3 Geografia Histórica do Mundo Bíblico, pág. 12.8 História e Geografia Bíblica, pág. 57.9 Geografia História do Mundo Bíblico, pág. 17.10 História e Geografia Bíblica, pág. 62.11 E a Bíblia Tinha Razão, pág. 66.12 Curso de Geografia Bíblica, Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro, lição 12.13 Geografia Histórica do Mundo Bíblico, pág. 61.14 E a Bíblia Tinha Razão, pág. 73.15 Arqueologia do Velho Testamento, pág. 120.16 História e Geografia Bíblica, pág. 105.17 Endereço do Site: http://pt.wikipedia.org/ 18 Curso de Geografia Bíblica, Seminário Presbiteriano do Rio de Janeiro, lição 11.19 O Mundo do Antigo Testamento, pág. 75.20 O Mundo do Antigo Testamento, pág. 67.21 História e Geografia Bíblica, pág. 113, 114.22 O Pentateuco, pág. 104.23 História e Geografia Bíblica, pág 114.24 Arqueologia do Velho Testamento, pág. 151.25 Geografia Histórica do Mundo Bíblico, pág. 165.26 Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas, pág 41.27 História dos Hebreus, pág. 516.

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estás, para a banda do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre. E farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, também a tua semente será contada. Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei” (Gn 13.14-17).Os limites desta terra eram: “desde Dã até Berseba” (Jz 20.1; 1Rs 4.25), compreendendo uma estreita faixa de terra que ia desde a nascente principal do rio Jordão, próximo ao monte Hermom, no norte, até o deserto sírio-árabe, ao sul, compreendendo cerca de 225 km; e do Mar Mediterrâneo, ao ocidente, à entrada do deserto, ao oriente, com mais ou menos 130 km, de largura.

A Palestina, como assinalou Echegaray,28 é dividida em três grandes zonas que têm como referencial o rio Jordão: Cisjordânia (entre o rio e o mar), a Transjordânia (entre o rio e o deserto) e o vale do Jordão. Cada uma destas regiões pode ser subdividida em outras três.

A Cisjordânia divide-se (sempre na seqüência leste para oeste) em Planície Costeira, que compreende o litoral, a planície e a encosta da montanha. A Região Montanhosa que compreende (do norte para o sul): as montanhas do Neguebe, as montanhas da Judéia e as montanhas de Efraim. E a encosta do

Jordão delimitadas pelos afluentes da margem ocidental que são: o Sayyal, o Cedrom e o Farah.O Vale do Jordão pode ser dividido também em três seções: a região sul, ou do mar morto, com clima quente e desértico, e a presença de alguns oásis; a região central ou do Jordão propriamente dita, de clima quente e úmido marcada pelas áreas de alagadiços; e a região norte, ou do mar da Galiléia, marcada por um clima ameno e mais seco, uma área fértil e cheia de vida.A Transjordânia divide-se na: região da encosta do Jordão

delimitadas também pelos afluentes da margem oriental que são: o Arnom, o Naaliel e o Jaboque. A região montanhosa também se divide em três seções que à época do Antigo Testamento eram conhecidas como terra dos Moabitas (ao sul), terra dos Amonitas (ao centro) e terra de Gileade (ao norte); hoje é definida apenas como

28 O Crescente Fértil e a Bíblia.

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região montanhosa do sul, do centro e do norte. A terceira e última região é marcada pelo deserto de Moabe (Negev).

3. CISJORDÂNIA

É a região compreendida entre o Vale do Jordão e o Mar Mediterrâneo.

a) Planície CosteiraUma estreita faixa que vai se alargando conforme se dirige para o

sul. A praia é de dunas de areia, o que faz com que as principais cidades e a Via Maris não estejam situadas exatamente junto ao mar, mas um pouco mais a leste. Era uma região rica devido ao intenso tráfego comercial, e seu solo fértil combinado com boa quantidade de chuvas.

Divide-se em:1. Planície do Acre

É a região compreendida entre Rosh HaNiqra, na fronteira com o Líbano, e o monte Carmelo e forma a principal, se não a única, baía da costa palestinense. Seu solo pantanoso não favorece a agricultura.

O maior destaque da região é o monte Carmelo, com 525 metros de altura, formado de pedra calcária dura e abundante em cavernas. O seu nome (Karmel) significa "jardim" ou "campo fértil". Na sua encosta fica a moderna cidade de Haifa. Ali Eliseu se encontrou com a sunamita (2Rs 4.25) e Elias travou a batalha contra os profetas de Baal (1Rs 18). Do cume do Monte Carmelo se tem uma visão do Mediterrâneo, da Galiléia e do Vale de Jezreel e do Sarom.

2. Planície de SaromCantada no livro dos Cânticos (2.1) e referenciada em outras partes

da Bíblia (1Cr.5.16, 27.29, Is.33.9, 35.2, Is.65.10), é a região entre o Carmelo e Jope, formada predominante de areia vermelha na qual antes cresceram carvalhos. Brejos entre a planície e a costa dificultaram o povoamento da região. Nas suas pastagens se apascentaram as manadas do rei Davi (1 Cr 27.29). O profeta Isaías associou sua beleza à glória do Líbano (Is 35.2).

3. Costa dos FilisteusÉ a região mais larga, receptora de chuva e de solo mais firme. Ali

se situavam as importantes cidades filistéias e era passagem de importantes rotas comerciais.

Ao longo da costa, na direção norte-sul, mede, aproximadamente, 110 km por 30 km de largura. Nos tempos do Antigo Testamento, se destacavam as cidades dos filisteus: Asdode, Gate, Ecrom, Ascalom, e Gaza. Merece destaque também o porto de Jope (Jn 1.3). Nesta região fica a maior cidade do atual estado de Israel, Tel-Aviv. Ao sul, fica a faixa de Gaza, uma região tomada

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pelo estado de Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e que é motivo de disputa até os dias atuais.

b) Região MontanhosaÉ um conjunto de montanhas que se erguem rapidamente desde a

planície costeira e se precipitam mais fortemente ainda no Vale do Jordão.Os altos são mais espaçosos no norte, onde atingem altitude de

aproximadamente 900 metros na Alta Galiléia, chegando ao pico de 2.800 metros no Monte Hermon. No sul, o platô é mais estreito e mais baixo, com poucos pontos acima dos 900 metros. Jerusalém está a pouco mais de 800 metros acima do nível do mar.

A Cordilheira Central pode ser dividida em Galiléia, Vale de Jezreel, Montes de Efraim, Montanhas de Judá, Sefelá e Negev.

1. GaliléiaA Galiléia divide-se em Alta (norte) e Baixa (sul) Galiléia. É a região

mais fria de Israel, sendo que no Monte Hermom há neve permanente. É um território de florestas densas, lugar de plantio de oliveiras e diversas árvores frutíferas, povoada por muitas pequenas vilas e distante das principais rotas comerciais.

O monte Hermom predomina na paisagem da Galiléia. Enéas Tognini assim o descreve29:

“Três picos sobem do Hermom e rasgam o infinito: o mais alto está a 2.759 m sobre o Mediterrâneo. De qualquer deles pode descortinar-ser desde Tiro até Carmelo, dos montes da Galiléia até à Samaria, do Tiberíades ao Mar Morto. Serviu de limite para a tribo de Manassés e o território de Basã. Do Hermom nasce o rio Farfar, que corre para Damasco. Do sul saem filetes d’água que formam o Jordão. Em Salmos 89.12 canta-se: “... o Tabor e o Hermom exultam em teu nome”. Em Salmos 133.3 canta-se o amor fraternal como “o orvalho de Hermom”. Em Cantares 4.8 a beleza do Hermom associa-se à dos montes Amana e Senir”.

2. Vale de JezreelO Vale de Jezreel interrompe a cadeia de montanhas, cortando-a no

sentido leste-oeste, sendo a única ligação direta entre a Planície Costeira e o Vale do Jordão. É um território cortado por importantes rotas comerciais; poderosas cidades situavam-se ali, como Megido, Taanach e Jezreel. Possui um solo rico que combina com boa quantidade de chuva resultando em campos altamente férteis. Foi uma região sempre disputada pelas grandes potências.

O Vale de Jezreel será o palco da batalha do Armagedom, descrita em Ap. 16. O local da reunião dos exércitos é a planície de Esdraelom, ao redor da colina chamada Megido, que fica no norte de Israel, a cerca de 32 quilômetros a sudeste de Haifa. Desde o vale de Megido, é possível avistar três montanhas: o monte Carmelo, o monte Gilboa e o monte Tabor. Foi exatamente no monte Carmelo que aconteceu a competição de Deus e Elias contra Baal e seus profetas demoníacos, dominados pelo espírito de Jezabel (1 Reis 18.19). Foi exatamente uma batalha entre Deus e Satanás, e não somente a batalha de Elias contra toda a nação.

29 Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas, pág. 122.

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Essa região tem sido o local onde mais de duzentas batalhas aconteceram. A planície de Megiddo e a Planície de Esdraelon serão o lugar principal para a batalha de Armagedom, que vai enfurecer toda a região de Israel até a cidade Edomita de Bosra (Is 63.1). O vale do Armagedom era famoso por duas grandes vitórias na história de Israel: (1) A vitória de Baraque contra os cananitas (Jz 4.15), e (2) a vitória de Gideão contra os Midianitas (Jz capítulo 7). Armagedom também foi o lugar de duas grandes tragédias: (1) a morte de Saul e seus filhos (1 Sm 31.8), e (2) a morte do rei Josias (2 Rs 23.29-30; 2 Cr 35.22).

3. Montes de EfraimO Monte Efraim é a parte central da cordilheira e a mais importante

para o assentamento de Israel. A parte sul é mais alta, chegando a mais de 900 mts, e composta pela fértil terra roxa. Suas principais cidades eram Betel e Siló. O povoamento do sul foi mais tardio que no norte, a parte norte é mais baixa e menos fértil. Suas principais cidades eram Siquém, Samaria e Tirza.

Dois montes se destacam nesta região: Ebal, ao norte, com 936 m, e Gerizim, ao Sul, com 870 m. Do monte Ebal, seis tribos de Israel (Rúbem, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali) proclamaram as “maldições” e, do Gerizim, as demais tribos declararam as “bênçãos” (Dt 11.29; 27.1-13; cumpridas em Js 8.30-34).

No cume do monte Gerizim, Sambalate erigiu um templo (Ne 13.28), sobre o qual a mulher samaritana indagou a Jesus (Jo 4.20) e foi destruído na época dos Macabeus. Ainda hoje é considerado lugar sagrado dos samaritanos.

4. Montanhas de JudáAs Montanhas de Judá alcançam uma altitude de cerca de 900

metros e atuam como um divisor de águas, pois impede a passagem das chuvas oriundas do Mediterrâneo em direção ao Vale do Jordão. Essa divisão cria dois lados distintos. As principais cidades, Jerusalém e Hebrom, estão situadas no divisor de águas. Jerusalém também ocupava uma posição estratégica no entroncamento das principais rotas norte-sul e leste-oeste. Do lado oeste está a Sefelá, um aclive relativamente suave desde a Planície Costeira até o alto das montanhas. É um território de alta densidade pluviométrica e de solo fértil, onde se desenvolveu a agricultura. Em conseqüência, a população da região estava assentada em vilas. Este foi um campo de disputas territoriais, especialmente com os filisteus.

Três montes se destacam nesta região, sobre os quais está a cidade de Jerusalém: Monte Sião, a oeste, Monte Moriá, ao centro e Monte das Oliveiras, a leste. O Monte Sião, citado em Salmos 48.2, está localizado dentro das muralhas da antiga cidade e tem 777 m de altura. O Monte Moriá, a 744 m, é onde fica a “eira de Ornã, o jebuseu” (2Sm 24.18-25) e foi onde Salomão construiu o templo (2Cr 3.1). Este templo foi destruído por Nabucodonosor, em 587 a.C. e reconstruído por Zorobabel (Ed 5.13-18). Foi remodelado, nos dias de Jesus, por Herodes, o Grande (Jo 2.20) e queimado pelos romanos no ano 70 d.C. Em seu lugar, os árabes construíram a famosa “mesquita de Omar”, no século VII d.C.

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Entre o Monte Moriá e o Monte das Oliveiras está o Vale de Cedrom, onde se localiza o jardim do Getsêmani, local da “agonia” de Jesus, na véspera da crucificação. Do lado de fora das muralhas fica o Monte das Oliveiras, palco de muitas passagens bíblicas.

5. SefeláSefelá significa “terra baixa”, naturalmente na perspectiva do alto

das montanhas. Do lado leste um declive muito acentuado levava ao Vale do Jordão. Devido à quase total ausência de chuvas deste lado e do solo formado por rochas porosas que absorvem rapidamente a pouca água que recebe, forma-se o deserto da Judéia.

6. NegevO Negev está localizado ao sul da Planície Costeira e da Cordilheira

Central. A sua fronteira é marcada pela linha de baixa densidade pluviométrica média, que inicia com 300 mm anuais ao norte e decresce à medida que avança em direção sul, até atingir menos de 100 mm anuais. Além das condições climáticas hostis, a presença de tribos de beduínos representa outra ameaça. A principal cidade da região é Berseba, cuja ocupação só é possível com apoio externo.

4. VALE DO JORDÃO

a) Região NorteÉ a região mais alta, onde ficam as cabeceiras do Rio Jordão, e vai

do Monte Hermom ao Lago de Hula. É uma região com abundância de água, clima ameno e terras muitos férteis, banhadas de orvalho.

b) Região CentralDo Lago de Hula ao Mar da Galiléia, encontramos a planície de

Genesaré, um formoso jardim em formato de maia-lua (Mt 14.34). O vale segue em desnível do Mar da Galiléia até a região de Jericó. É a região onde ficou o acampamento de Gilgal (Js 5.9).

De Jericó até o Mar Morto está a Planície do Jordão (Gn 13.11). É a área mais larga do vale, cujas terras ficam completamente alagadas, na época das chuvas.

c) Região SulÉ a região do Mar Morto, onde, provavelmente ficavam as cidades

de Sodoma e Gomorra (Gn 14.2). Enéas Tognini30 afirma que a região ficou inviável para habitação após a destruição destas cidades, as quais foram sepultadas nas profundezas do vale ou debaixo das águas do Mar Morto.

5. TRANSJORDÂNIA

Temos aí um extenso platô, a maior parte do qual se mantém a uma altitude de mais de 900m. Essa área incluía localidades como Basã, Gileade e Moabe. Está dividida por quatro rios: o Iarmuque, o Jaboque, o Arnom e o Zerede. Os dois primeiros são tributários do Jordão. Mas o Arnom e o Zerede deságuam diretamente no mar Morto. Ao sul do mar Morto, fica a Arabá, rica em cobre, que se espraia até Eziom-Geber, no extremo norte do mar Vermelho.

30 Geografia da Terra Santa e das Terras Bíblicas, pág 165.

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a) Região do Norte

É a região de Basã, referida pelo profeta Miquéias (7.14), onde habitava o rei Ogue, derrotado por Moisés (Dt 3.3). É uma região ao norte do Gileade, formada por férteis planícies, boas para o cultivo do trigo e ótimas para pastagens. Seus bosques eram comparáveis aos do Líbano. A região sempre foi objeto de luta entre Israel e Síria, que se revezavam na sua posse. Não possuía cidades de destaque.

b) Região do CentroÉ a região de Gileade (Gn 37.25), local do encontro de Jacó com

Labão (Gn 31) e para onde seguiu Davi, fugindo de seu filho Absalão (2Sm 17.27-29). É uma região de bosques e terras férteis, cujas montanhas são divididas pelo Rio Jaboque, local do encontro de Jacó com o anjo (Gn 32).

c) Região do SulÉ a região onde se encontram os Montes de Moabe, com destaque

para o Monte Seir, com 1000 m de altura, o Abarim, onde fica o monte Pisga (Nm 21.20-25) e o Nebo, com 710 m (Dt 32.50). Arão, irmão de Moisés, morreu no monte Hor, um dos picos do Seir (Nm 20.25-29; Dt 32.50), com 1.460 m.

6. HIDROGRAFIA DE ISRAEL

a) O Rio JordãoÀ sombra do monte Hermom, sempre coberto de neve, com seus

2.750 metros de altitude, nasce o rio Jordão, na confluência de quatro torrentes que descem das montanhas do Líbano, provocadas pelo degelo da neve, provocado pelo calor. Esta água escore pela superfície ou pelas entranhas do monte e forma as nascentes do rio.

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Jordão significa aquele que desce ou também lugar onde se desce (bebedouro). Nome bem adaptado ao maior rio da Palestina, pois nasce acima do nível do Mediterrâneo, atravessa o lago de Hule, ou Merom, ainda a 80 metros acima do nível do mar, forma a 16 km ao sul o lago de Genesaré, conhecido no cenário bíblico como Mar da Galiléia, que já está a 210 metros abaixo do nível marítimo e tem sua foz no mar Morto, 110 km abaixo, situado nada menos que a 400 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Entre o lago de Hule e o lago de Genesaré, o Jordão corre violentamente no fundo de uma garganta de 350 metros de profundidade.

É um rio de curto percurso, medindo cerca de 200 km, mas muito sinuoso e de águas barrentas, com muitas corredeiras e margens perigosas. Entretanto é o rio mais importante da Palestina, desde os tempos bíblicos, tendo sido palco de muitos dos principais episódios da vida de Israel.

b) O Mar da Galiléia

O Mar da Galiléia, também dito Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré (do hebraico Kinneret), é um extenso lago de água doce, o maior de Israel, com comprimento máximo de cerca de dezenove quilômetros e largura máxima de cerca de treze. Deságua nele o rio Jordão, que vem do monte Hermom e de Cesáreia de Filipe, e que depois segue para o Mar Morto. Ele ocupa uma das depressões da fenda Siro-Africana. Seu nome deriva de Kinor, que significa harpa; assim chamado talvez porque seu formato lembra uma ou porque o som de suas ondas é tão melodioso quanto o de uma harpa.

O lago é cercado por montanhas, que formam um círculo, que chegam a 700 m ou mais sobre o nível do mar. Suas águas são absolutamente potáveis e muito utilizadas na irrigação das lavouras. É um dos lagos com maior índice de peixes no mundo. Nos dias de Jesus, a indústria da pesca era a atividade mais rendosa da região.

Ventos frios, que sopram do norte, deslocam o ar quente do lago, provocando tempestades inesperadas, com ondas que podem chegar a 5 metros.

c) O Mar Morto

O Mar Morto é um grande lago represado entre colinas na parte mais baixa do vale do Rio Jordão, na tensa fronteira entre Israel e a Jordânia, no Oriente Médio. Biologicamente suas águas são estéreis, nada cresce, sobrevive, nem sequer germina nas águas salgadas, de onde exala um permanente odor de ovo podre, fruto da altíssima concentração de enxofre, potássio, bromo, fosfato, magnésio e sódio, entre outros minerais. Devido ao grande acúmulo de

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elementos o mar morreu. Porém, não por causa da interferência do Homem e, sim, um acontecimento da natureza.

O Mar Morto possui 80 quilômetros de comprimento por 18 na largura, com uma superfície de aproximadamente 1.050 quilômetros quadrados, e é o ponto mais baixo da Terra, cerca de 400 m abaixo do nível do mar. A pressão atmosférica é a mais elevada de toda a terra e na sua atmosfera há uma taxa de oxigênio 15% superior ao do nível do mar.

Em termos de densidade da sua água e em comparação com a densidade média dos restantes oceanos, em que o valor de gramas de sal, por cem mililitros de água, não passa de três gramas, no Mar Morto essa taxa é de 30 a 35 gramas de sal por 100 mililitros de água, ou seja, dez vezes superior, o que torna impossível qualquer forma de vida – flora ou fauna - nas suas águas. Qualquer peixe que seja transportado pelo Rio Jordão morre imediatamente, assim que deságua neste lago de água salgada.

A designação de Mar Morto só passou a ser utilizada a partir do século II d.C. Ao longo dos séculos anteriores, outros e vários foram os nomes com que era conhecido. Em Gn 14.3 e Js 3.16 aparece com o nome de mar Salgado ou Mar de Sal. Com o nome de mar de Arabá, ou Mar da Planície, aparece em Dt 3.17 (ARA) e em 2Rs 14.25. Já em Jl 2.20 e Zc 14.8 surge como mar Oriental. Fora da Bíblia Sagrada, Flávio Josefo chamou-lhe Lago de Asfalto e o Talmude designou-o por mar de Sodoma, Mar de Ló, entre outros.

d) O Mar Mediterrâneo

O Mediterrâneo é um mar quase fechado que banha o litoral meridional da Europa, o ocidental da Ásia e a faixa costeira da África do Norte. Possui uma ligação natural com o Oceano Atlântico através do estreito de Gibraltar e, outra artificial com o Mar Vermelho e Oceano Índico conectados pelo canal de Suez. Os estreitos de Bósforo e Dardanelos o colocam em contato com o Mar Negro. Atinge a sua maior profundidade, 5121 metros, no Mar Jónico, a sul da Grécia.

De maneira geral, podem ser distinguidas duas áreas distintas do Mediterrâneo; a bacia oriental e a ocidental, que se comunicam através do canal da Sicília. Essa divisão é, no entanto, fragmentada pela existência de mares menores como é o caso do Tirreno (na bacia oriental) e Jônico, Adriático e Egeu (na bacia oriental).

Desde a Antigüidade, o Mar Mediterrâneo foi uma zona privilegiada de contatos culturais, intensas relações comerciais e de constantes enfrentamentos políticos. Às margens do Mediterrâneo floresceram, desenvolveram-se e desapareceram importantes civilizações, como a egéia, a egípcia, a fenícia, a grega, a romana e a bizantina.

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Há uma grande relação do Mar Mediterrâneo com o cenário bíblico, desde os episódios na orla, com os filisteus, passando pelo comércio com os fenícios, o episódio do profeta Jonas, até as viagens do apóstolo Paulo.

7. FAUNA DE ISRAEL

Quanto à fauna, há animais de porte médio, como o gato do mato, o gato selvagem, a hiena listrada, o lobo, o mangusto, o chacal e algumas espécies de raposas. Os animais de porte pequeno incluem o morcego, muitas espécies de pássaros, a pomba, o corvo, a coruja, a avestruz, a cegonha, a garça, o ganso selvagem, a perdiz, a codorna e muitas outras. Cerca de cem espécies de aves habitam na Palestina como residentes ou passam por ali, em suas arribações. Atualmente, é raro o aparecimento de espécies como o leopardo, o urso sírio e o crocodilo.

8. FLORA DE ISRAEL

Há três regiões florais distintas na Palestina: a) Oeste (área do Mediterrâneo), um lugar dotado de árvores, arbustos de folhagem perene, muitas flores e prados. Amendoeiras, oliveiras, figueiras, amoreiras e videiras medram nessa faixa; b) O vale do Jordão é subtropical, com muitas espécies de árvores, palmeiras, sicômoros, figueiras, carvalhos, nozes, pêras, álamos, salgueiros, acácias, oliveiras, bravas, mostarda, etc. Há muitas e variegadas espécies de flores.; e c) O deserto do Neguebe, ao sul, e a área de Berseba têm poucas árvores e um mínimo de vegetação. Há, contudo, arbustos, anãos, alho, junipeiro e alguma vegetação desértica típica, com muitos tipos de flores selvagens.

9. CLIMA DE ISRAEL

A terra de Israel, embora tão minúscula, é bastante diversificada, com as montanhas, vales e desertos. E o resultado disso é que o clima também é muito variável. O Monte Hermom fica coberto de neve do cimo. Dali o terreno desce sob a forma de uma garganta até 400 m abaixo do nível do mar. Mas há também um quentíssimo deserto. Na região montanhosa, as temperaturas são modificadas, e de outubro a abril, os ventos ocidentais carregam chuvas torrenciais. Porém, ventos que sopram do deserto trazem um calor tórrido. A grosso modo, podemos falar em duas estações durante o ano: o inverno, que é chuvoso e úmido (de novembro a abril) e o verão que é quente e sem chuvas (de maio a outubro).

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CONCLUSÃO

Concluindo o estudo do cenário aonde habitaram os povos bíblicos,

descobrimos como viveram o povo de Israel e os seus vizinhos e percebemos a

importância do estudo da Geografia para o desenrolar da história bíblica, vendo

como o constante contato com a geografia da região transformou estes povos.

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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

4 O Plano Divino Através dos Séculos, pág. 58.5 Citado em Arqueologia do Velho Testamento, pág. 75.6 História e Geografia Bíblica, pág. 57.7 História e Geografia Bíblica, pág. 57.

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