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Portugal global Pense global pense Portugal António Rios Amorim Cortiça investe no futuro 16 Cortiça Inovação num sector tradicional 04 Investimento Os novos projectos da Embraer e da Repsol 20 Polónia Mercado estratégico 28 Outubro 2008 // www.portugalglobal.pt

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António Rios Amorim Cortiça investe no futuro 16 Cortiça Inovação num sector tradicional 04 Investimento Os novos projectos da Embraer e da Repsol 20 Polónia Mercado estratégico 28 Pense global pense Portugal Outubro 2008 // www.portugalglobal.pt

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PortugalglobalPense global pense Portugal

António Rios AmorimCortiça investe no futuro 16

CortiçaInovação num sector tradicional 04

InvestimentoOs novos projectos da Embraer e da Repsol 20

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sumárioOutubro 2008 // www.portugalglobal.pt

Destaque // 4A cortiça portuguesa e os seus produtos, cada vez mais diversificados e sofisticados, conquistam mercados e consolidam a posição de Portugal como líder mundial na exportação deste material. A aposta na inovação, a par da criação de novas unidades fabris e marcas e a introdução de novas tecnologias de processo, marcam as transformações em curso no sector.

Entrevista // 16Em entrevista, o presidente da APCOR, António Rios Amorim, fala-nos dos desafios que se colocam actualmente ao sector da cortiça em Portugal, numa altura em que a rolha, principal produto exportado, recupera quota no mercado mundial, na sequência de uma política de modernização do sector.

Investimento Internacional // 20Dois novos projectos de investimento estrangeiro vão contribuir decisivamente para o desenvolvimento económico de Portugal e para o aumento das exportações nacionais: o da Embraer, em Évora, e o da Repsol, em Sines.

Empresas // 24Unicer: sucesso líquido.Casais em parceria.

Mercado // 28Com um crescimento económico de 6,5 por cento em 2007 e os níveis de consumo a crescer, a Polónia é um mercado importante para as empresas portuguesas. A realização do Europeu de futebol na Polónia em 2012, com a necessária construção de infra-estruturas, abre novas oportunidades à presença de empresas portuguesas no mercado.

Opinião// 38Um artigo de Fernando Santo, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, sobre a internacionalização da engenharia portuguesa.

Para além dos negócios… // 40Paris.

Notícias // 41

Análise de risco por país – COSEC // 42

Feiras // 46

aicep Rede Externa // 48

Bookmarks // 50

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A Portugalglobal destaca, neste número, dois temas: a cortiça, como exemplo de um sector tradicional que se renova pela permanente inovação e pelo desafio de novos mercados, e a Polónia, como uma terra de oportunidades para as empresas portuguesas, novamente em foco com a visita que o Presidente da República ali realizou, em Setembro passado.

Embora o sector da cortiça seja um dos mais antigos e tradicionais da economia portuguesa, remontando os primeiros re-gistos de exportação ao início do séc. XIV, e mais tarde à utilização da rolha como vedante de excelência para os vinhos, no séc. XVIII, a sua aplicação como maté-ria-prima atravessou os séculos e sofreu uma transformação notável no decorrer da Revolução Industrial e com o desen-volvimento tecnológico e dos mercados no século XX. Hoje encontramos a cortiça portuguesa, sob a forma de rolhas mas também de produtos inovadores, em pa-íses como a França, a Espanha, a Alema-nha, a Itália, os EUA, a Argentina, o Chile e a Austrália, e em “novos mercados” do Leste Europeu e do Extremo e do Médio Oriente, com os materiais de construção e decoração.

As características da cortiça como produ-to natural passível de ser processado num vasto número de aplicações e o facto de ser verde, ecológico e sustentável, num mundo cada vez mais preocupado com os impactos ambientas, constituem fac-tores que, aliados a estratégias de investi-gação, inovação e design adoptadas nas últimas décadas, contribuem para trans-formar, mesmo num contexto fortemente concorrencial, um sector tradicional num

sector competitivo, inovador e de futuro, colocando a cortiça portuguesa na agen-da global do séc. XXI.

A visita presidencial à Polónia contou com uma forte representação de empre-sas portuguesas, tendo algumas delas ultimado contratos que lhes permitem a entrada ou a expansão no mercado polaco, reforçando outras a prospecção de oportunidades e os contactos empre-sariais que consolidem a sua presença neste mercado no curto prazo.

Pese embora a crise económica mun-dial, a Polónia, com uma população de cerca de 38 milhões de habitantes, níveis crescentes de consumo, com pre-visão de crescimento de 5,5 por cento em 2008 e uma posição geográfica estratégica para a entrada nos países vizinhos, como a Ucrânia, constitui um dos mercados do Leste Europeu que maiores potencialidades apresenta para as empresas portuguesas.

Em termos de oportunidades de investi-mento, não se pode esquecer que a Po-lónia é, juntamente com a Ucrânia, co-or-ganizadora do campeonato europeu de futebol em 2012, o que potencia negó-cios, designadamente na construção de novos estádios, aeroportos, unidades ho-teleiras e acessos rodoviários, assim como na modernização dos caminhos-de-ferro e das infra-estruturas aeroportuárias já existentes. Estas são oportunidades de negócios apetecíveis que desafiam as em-presas portuguesas a conhecer melhor a Polónia e as suas oportunidades.

ANA DE CARVALHODirectora da Portugalglobal

EDITORIAL

// Outubro 08 // Portugalglobal2

Revista PortugalglobalAv. 5 de Outubro, 101

1050-051 LisboaTel.: +351 217 909 500Fax: +351 217 909 578

Propriedadeaicep Portugal Global

O’Porto Bessa Leite ComplexR. António Bessa Leite, 1430 – 2º

4150-074 Porto Tel.: +351 226 055 300Fax: +351 226 055 399NIFiscal 506 320 120

Comissão ExecutivaBasílio Horta (Presidente), José Abreu Aguiar,

José Vital Morgado, Luis Florindo, Rui Boavista Marques

DirectoraAna de Carvalho

[email protected]

RedacçãoCristina Cardoso

[email protected]

José Escobar

[email protected]

Vitor Quelhas

[email protected]

Colaboram neste númeroAntónio Rios Amorim, APCOR, Carla Tavares,

Centro de Negócios da AICEP de França, Direcção de Informação Internacional da AICEP, Direcção Internacional da COSEC, Fernando Santo, José

Sequeira e Serpa, Luís Filipe Pereira.

Fotografia e ilustração Dreamstime, Fotolia, Portal de Turismo do Algarve, Premiere Vision SA, Ricardo Oliveira (Gabinete do Primeiro Ministro), Rodrigo Marques, SUSDESIGN.

Publicidade [email protected]

SecretariadoHelena Sampaio

[email protected]

AssinaturasREGISTE-SE AQUI

Projecto gráficoaicep Portugal Global / Imagem

Paginação e programaçãoRodrigo Marques

[email protected]

ERC: Registo nº 125362

As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-

ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente

da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global.

A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal

não implica qualquer compromisso por parte desta

com os produtos/serviços visados.

Janelas de oportunidade

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Estão em curso transformações importantes na indústria da cortiça que se traduzem na criação de novas unidades fabris e marcas e na introdução de novas tecnologias de processo. A cortiça portuguesa e os seus produtos, cada vez mais diversificados e sofisticados, conquistam mercados e consolidam a posição de Portugal como líder mundial na exportação deste material. E reforçam a sua imagem no mercado global: a de uma matéria-prima com enorme potencial industrial e económico, actualmente mais valorizada porque é amiga do ambiente, mas ainda longe de revelar todos os seus segredos.

CORTIÇA GLOBAL

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As novas aplicações da cortiça, como resulta-do da investigação, da inovação e do design, foram outros dos factores que colocaram decididamente a cortiça na agenda global.

Portugal dispõe actualmente de uma panóplia cada vez maior de produtos corticeiros produzidos e exportados, com crescente importância estratégica para a indústria e a economia nacionais, uma evolução que tem sido acompa-nhada por medidas de investimento e de apoio ao desen-volvimento e modernização do sector da cortiça. A indústria da cortiça encontra-se em mudança acelerada.

Embora tradicionalmente tenha sido durante décadas um sector tecnologicamente pouco avançado, confinado a um único produto – a rolha – e dispondo de mão-de-obra pouco qualificada, desde o final da década de 90 assiste-se a mu-danças sem precedentes no tecido industrial e comercial da cortiça. As razões desta viragem têm que ver principalmente com a disponibilidade de incentivos dirigidos à produção e transformação desta matéria-prima, assim como à crescente percepção da cortiça do ponto de vista ecológico (sustentabi-lidade e biodiversidade), e do crescimento da produção e co-mercialização internacional de vinhos em novos mercados, o que se traduz no volume de rolhas produzidas e exportadas, e nas campanhas internacionais de defesa das mesmas face às suas congéneres sintéticas e de alumínio. As novas aplica-ções da cortiça, como resultado da investigação, da inovação e do design, foram outros dos factores que colocaram decidi-damente a cortiça na agenda global.

A actividade corticeira representa, hoje em dia, segundo a APCOR, um universo com cerca de 800 empresas activas, em que trabalham aproximadamente 12.000 pessoas, téc-nica e profissionalmente cada vez qualificadas e com remu-nerações mais consolidadas do que no passado. Todavia, em 1983, o número de unidades industriais registadas era apenas de 781, mas com grau de inactividade de 11 por cento, e das 691 empresas com produção, 25 por cento não empregava pessoal remunerado e apenas 4 por centro

das empresas empregavam mais de 100 trabalhadores. Nos anos 80, o sector empregava perto de 15.500 assalariados, ainda com uma qualificação técnica baixa, dos quais apenas 0,4 por cento do total correspondia a pessoal técnico.

Com a fusão das duas maiores associações do sector, a AP-COR (Associação Portuguesa de Cortiça) e a AIEC (Associa-ção de Industriais e Exportadores de Cortiça), actualmente em curso – o que seria pouco plausível há uma década – es-pera-se uma maior ligação entre produtores suberícolas e industriais corticeiros, assim como uma maior participação dos produtores e das zonas da cortiça nas vantagens econó-micas decorrentes da sua transformação industrial no novo contexto da inovação tecnológica, do design e da procura internacional.

Ao contrário do que acontecia no passado, a causa da de-fesa da floresta portuguesa e, dentro dela, do sobreiro e do montado, é hoje uma necessidade vital para um sector in-dustrial cujo futuro depende do abastecimento e da qualida-de desta matéria-prima natural, frequentemente ameaçada pelo declínio dos montados, pelos incêndios florestais, pelas alterações climáticas e pela expansão urbanística. Contudo, face às ameaças, é também cada vez maior a consciência dos protagonistas do sector, e do próprio Estado, da neces-sidade de proteger a integridade e a sustentabilidade dos montados, que tornaram possível uma actividade económi-ca em que Portugal é líder mundial.

©APCOR / Pinto & Costa

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No total foram vendidas ao exterior 159,4 milhares de tone-ladas de cortiça em 2007, o que representou um aumento de 0,6 por cento em valor face ao ano anterior. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, as rolhas de cortiça continuam a liderar as exportações no sector, com 590 milhões de euros (mais 1,7 por cento), seguindo-se a cortiça como material de construção com 176 milhões de euros.

EXPORTAÇÕES RECUPERAMApós uma ligeira desaceleração em 2005, motivada pela desvalorização do dólar face ao euro, as exportações da cortiça voltaram a crescer no ano passado, atingindo 853,8 milhões de euros. As rolhas de cortiça lideram as exportações do sector.

tugal em 2007, o Chile surge à cabeça com uma represen-tatividade de mais de 50 por cento, seguindo-se a Austrália e a Argentina com cerca de 30 por cento.

De referir que o valor gerado pelas exportações portuguesas de cortiça representa 0,7 por cento do PIB, 2,3 por cento do valor das exportações totais portuguesas e cerca de 30 por cento das exportações portuguesas de produtos florestais.

Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, com 52,5 por cento do total produzido (cerca de 300 mil toneladas anuais), e, simultaneamente, o principal importador deste produto que utiliza para transformação e posterior exportação. Em 2007, as importações de cortiça ascenderam a 131 milhões de euros e a 63 mil toneladas, tendo Espanha como principal fornecedor (77 por cento do total).

O montado de sobro tem um contributo muito importante para a economia e a ecologia de vários países da zona do Me-diterrâneo, ocupando uma área de 2.227.700 hectares a nível mundial, dos quais 32 por cento estão localizados em Portugal (mais de 730 mil hectares). No nosso país, o sobreiro encontra-se maioritariamente no Alentejo, 72 por cento, seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo com 21 por cento.

A indústria da cortiça, por seu lado, está concentrada nos dis-tritos de Aveiro e Setúbal, responsáveis por cerca de 75 por cento e 13 por cento, respectivamente, pelo emprego nesta indústria. No total, operam cerca de 800 empresas no sector da cortiça em Portugal, que produzem 40 milhões de rolhas por dia e empregam perto de 12 mil pessoas.

Os principais mercados de destino das exportações portu-guesas foram a França (20,6 por cento do total), os EUA (15,7 por cento), a Espanha (13 por cento), a Alemanha (8 por cento) e a Itália (7,6 por cento). Já que no respeita ao peso das exportações de cortiça no total exportado por Por-

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS DE CORTIÇA

©APCOR / Granotec

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DA TRADIÇÃO À INOVAÇÃOPara responder mais eficazmente aos desafios colocados quer pela conjuntura interna, quer a nível internacional, a estratégia do sector da cortiça tem privilegiado a qualidade, a investigação e a inovação, com reflexos muito positivos em toda a cadeia de valor. O investimento total em modernização da fileira ascendeu, nos últimos anos, a mais de 400 milhões de euros.

Embora a imagem da cortiça esteja associada à rolha e esta ocupe uma posição dominante no universo desta matéria-prima natural, os seus usos alternativos são cada vez mais objecto de projec-tos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) levados a cabo por vários actores do mercado – empresas, associações, universidades e instituições de investiga-ção, o que se reflecte no número de patentes registadas, de que é exemplo o Instituto Nacional de Engenharia, Tecno-logia e Inovação, INETI (Unidade de Tecnologias da Cortiça). Há já alguns anos que a investigação e a criatividade dos de-signers tem permitido inovar e desenvolver produtos de corti-ça que vão muito além dos tradicionais. Na realidade, hoje ela não é utilizada apenas para vedar garra-fas de vinho, uma função tradicional, mas veda também moto-res de automóvel, isola termicamente os equipamentos electró-nicos que rodeia os motores propulsores dos vaivéns espaciais, assim como reforça o isolamento das estruturas das pontes e os ruídos das habitações e instalações industriais. Não surpreende, pois, que a cortiça e os seus derivados sejam vistos como uma matéria-prima de grande potencial e com futuro. Num planeta cada vez mais preocupado com a ecologia, as im-plicações ambientais positivas do uso da cortiça são cada vez mais reconhecidas. Segundo Luís Gil, investigador da Unidade de Tecnologia da Cortiça (INETI), os 15 mil milhões de rolhas produzidas anualmente em todo o mundo retiram da atmosfera o dióxido de carbono equivalente à poluição de 49 mil automó-veis. Contudo, a fixação do CO2 é apenas uma das vantagens deste material que se tornou ambientalmente estratégico numa altura em que os vedantes alternativos, como o plástico ou o alumínio, pressionam cada vez mais o mercado dos vinhos. A cortiça não cessa de revelar os seus segredos. É utilizada como absorvente de derrames de crude mas também demonstra os seus efeitos anti-cancerígenos e antioxidantes quando em contacto com o vinho ou vê os seus componentes serem utili-

zados pe-las indústrias alimentar, cosmética e farmacêutica (projectos em estudo pela Corticeira Amorim no âmbito da aposta da empresa na inovação), demonstrando o interesse da indústria e da investigação nesta matéria-prima natural, renovável, bio-degradável e reciclável. Nesta área de investigação, também se encontram em fase experimental projectos como a pro-dução de colas ou vernizes a partir da cortiça, e a extracção, através de tecnologias sofisticadas, de alguns dos seus com-ponentes com propriedades biológicas inovadoras.

Multiplicidade de aplicaçõesA indústria automóvel, que é uma das mais exigentes dos nossos dias e que impõe aos seus parceiros estritos crité-rios de inovação, criatividade, competitividade, eficácia e know-how, também está a ser seduzida pela cortiça. Como resultado da investigação em curso na Corticeira Amorim (Amorim Industrial Solutions), foi já apresentado pela Mer-cedes um protótipo, o S700, com o interior totalmente feito neste material. Testes do INETI demonstram que enquanto a cortiça mantém a temperatura estável no habitáculo dos veículos, o couro ou o plástico alteram-na conforme as va-riações da temperatura ambiente.

As suas notáveis propriedades como isolante térmico, acústi-co e anti-vibrático, já são aplicadas ao nível do isolamento de

Cadeira Corqui Pedro Silva Dias

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Na construção civil as suas aplicações também se multipli-cam. Estudos sobre o aglomerado expandido de cortiça de-monstram que é um material de aplicação fácil e prática, com grande capacidade de isolamento térmico, acústico e anti-vibrático. Além do mais, pode ser utilizado em qualquer tipo de edifícios e em qualquer clima ou ambiente, revelan-do inegáveis vantagens quanto à poupança energética e à preservação ambiental, o que a distancia da concorrência, tanto mais que apresenta maior durabilidade face a outros isolantes, quer derivados das lãs minerais quer do petróleo. A valorização do papel da cortiça e da sua aplicação à arqui-tectura de vanguarda tem sido um dos principais objectivos defendidos pelo sector, aumentando, deste modo, a proxi-midade da comunidade dos arquitectos e dos construtores, motivando-os para a utilização deste material.

Um exemplo: a Amorim Isolamentos aposta no turismo am-bientalmente limpo, com as suas “cabanas ecológicas” des-tinadas a serem implantadas em espaços naturais, pois sabe que os materiais de construção à base de cortiça, neste caso os aglomerados, podem ser bem acolhidos e ter forte suces-so em diversos mercados, entre eles o do Japão (principal mercado de exportação), um país de elevada cultura ecológi-ca e que valoriza a sustentabilidade. Os outros destinos prio-ritários dos aglomerados de cortiça, são a Itália e os mercados árabes do Médio Oriente. Vão ser efectuados 2,5 milhões de euros de investimento para reforçar a capacidade instalada.

Além das aplicações conhecidas ao nível da produção de rolhas e de materiais isolantes, esta matéria-prima tem vin-do a ter aplicação crescente na aeronáutica e na indústria militar, estando a ser utilizada também em peças de design inovador, no sentido de se criarem novos usos decorrentes das novas tecnologias e dos princípios do eco-design. Des-

cobriu-se que a cortiça pode ser conjugada com materiais sintéticos (rubbercork, linóleo, artólio, entre outros) tirando partido das suas propriedades químicas, assim como da sua textura e maleabilidade plástica, dando lugar a um sem nú-mero de peças decorativas e funcionais.

Por outro lado, o design estimula a investigação e a inovação no sector da cortiça e dos seus produtos, sendo de realçar dois eventos que contribuíram para focar as atenções das empresas e dos portugueses sobre tão versátil matéria-prima.

Foram apresentados ao público, em 2007, os primeiros re-sultados da iniciativa “Design Cork for Future, Innovation

motores de combustão interna, estendendo-se no entanto a outras aplicações automóveis. Também aqui a cortiça pode marcar pontos, pois actualmente existe uma procura de veí-culos de concepção mais ecológica, sendo cada vez mais as marcas que integram nos seus veículos uma elevada percen-tagem de materiais recicláveis e ambientalmente limpos.

Interior do protótipo S700, da Mercedes

Cadeira Vinco - Toni Grilo

Mobiliário Gráfico - Ana Mestre

Castiçais - Fernando Brizio

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and Sustainability” (Cortiça de design para o futuro, inova-ção e sustentabilidade), desenvolvida pela SUSDESIGN. Os projectos resultaram do concurso “Can You Design a Better Idea for Cork”, que decorreu entre Março e Junho, e contou com mais de três centenas de participações, entre as quais 12 designers profissionais convidados – Ana Mestre, Cata-

imagem aos seus múltiplos usos). O prémio, atribuído aos protótipos mais originais e inovadores, é de origem alemã e é reconhecido como uma das principais competições de design ao nível mundial. Esta iniciativa foi promovida pelo consórcio APCOR, SUSDESIGN e Delft University of Technology, tendo o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Supe-rior, da Embaixada do Reino dos Países Baixos em Lisboa, do Ministério da Economia e da Inovação e do Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI). Contou ainda com o apoio das empresas do sector.

rina Galvão, Eduardo Gonçalves, Fernando Brízio, Fernando Miguel Marques, Luís Pessanha, Marco Sousa Santos, Marta Silva, Paulo Bago d’Uva, Ricardo Velhinho e Sofia Dias – que se debruçaram sobre a temática da cortiça, numa perspecti-va criativa e inovadora.

Em Maio de 2008, decorreu no Centro Cultural de Belém (CCB), no Museu da Colecção Berardo, uma exposição subor-dinada ao tema “Design Cork meets Science and Industry”. O evento teve mais de 200 participantes da área académica, industrial e da investigação. Principal objectivo da mostra: fazer com que a cortiça atinja novos segmentos industriais e novos mercados. Aqui é a expectativa da indústria que pro-cura o apoio dos investigadores (para combinar este material com outros) e dos designers (capazes de conferir uma nova

Na área da moda, a marca Pelcor, propriedade da César e Correia Lda., que fabrica um mundo de objectos em pele de cortiça, que vão desde a linha para a casa até aos mais so-fisticados, como roupa, chapéus, malas, relógios e agendas, coloca Portugal no topo da inovação e criatividade ao nível mundial. Nascida da indústria da cortiça, em São Brás de Alportel, a marca Pelcor comemora o seu 5º aniversário em 2008, num momento em que regista uma forte expansão, quer a nível nacional, quer internacional. Todos, da indústria à investigação, passando pelo design, estão de acordo: este tipo de iniciativas são particularmente importan-tes num sector fortemente dependente de um único produto – a rolha – mas que, estrategicamente, é imperativo diversificar.

Unidade de Tecnologias da Cortiça (INETI)www.ineti.pt/UO/UO/?UO=153&subUO=11678

Amorim Industrial Solutionswww.amorimsolutions.com

Centro Tecnológico da Cortiça (CTCOR)www.apcor.pt/artigo.php?art=306

SUSDESIGNwww.susdesign.org

Pelcor - Produtos de Moda em Cortiçawww.pelcor.pt

Centro de Formação Profissional da Indústria da Cortiçawww.cincork.com

Frapé - Ana Mestre, Catarina Galvão, Fernando Miguel Marques

Exposição Design Cork - CCB

Malas e acessórios - Pelcor

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No domínio das exportações portuguesas de cortiça, as rolhas são as grandes campeãs, com mais de dois terços do total exportado. Representam mais do triplo das vendas do segundo produto – os materiais de construção – e atingiram, em 2007, o montante de 590 milhões de euros. Aumentaram 1,7 por cento de 2006 para 2007, com as rolhas naturais a chegarem aos 70 por cento do total, seguidas das rolhas de champanhe com 15 por cento e das aglomeradas com cerca de 14 por cento. Face aos números totais do sector, 2,3 por cento do total nacional exportado, pode dizer-se que a exportação de rolhas representa cerca de 1,6 por cento do valor das exportações portuguesas.

Confinado pela Natureza ao Mediterrâneo ocidental, o sobreiro é a única espécie vegetal capaz de produzir cortiça de forma sustentável e com qualidades físicas e químicas para manter um sector industrial. Neste, a rolha é a sua espinha dorsal. Consome apenas cerca de 40 por cento da matéria-prima, mas gera 80 por cento de valor acrescentado. Assim, a sustentabilidade e perpetuidade das

ROLHAS COM PESO DECISIVO

Se a defesa da floresta de sobro visa, acima de tudo, sustentar a preferência dos consumidores por vinhos vedados com rolhas de cortiça, é o peso destas no sector que garante a sobrevivência da indústria.

florestas de sobreiro passa por a cortiça se manter como o material eleito para vedante dos vinhos engarrafados.

Pode perguntar-se: se a generalidade dos estudos feitos em Portugal e no estrangeiro apontam para uma preferência clara dos consumidores para vinhos com rolha de cortiça e se as campanhas promocionais em defesa da sua utilização produziram resultados, não estará o seu futuro assegurado?

É no domínio dos vinhos consumidos a curto prazo – cerca de 90 por cento da produção mundial é consumida com menos de um ano de engarrafamento –, que se joga o futuro das rolhas e que o optimismo é moderado.

O sector preparou-se para enfrentar os desafios imediatos com duas armas de peso: a aposta nas características únicas da rolha de cortiça e o reforço da qualidade nas suas empresas. Os receios das campanhas em zonas de grande produção vinícola como a Califórnia, a Austrália e a Nova Zelândia, onde até a imitação do aspecto da rolha serve de

©APCOR

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base à penetração dos vedantes sintéticos no mundo dos vinhos, levou a indústria ao comprometimento total com a qualidade e com a satisfação plena dos seus clientes.

É daqui que surge o Código Internacional das Práticas Rolheiras (CIPR), um conjunto de normas práticas para a fabricação de rolhas, cuja adopção pela indústria permitiu nivelar a qualidade em todo o sector. Este código passou a ser uma referência internacional desde finais dos anos 90 e tem sempre em conta as mais recentes descobertas e avanços tecnológicos. Levou ao surgimento da certificação internacional Systecode, cujo objectivo é certificar as empresas produtoras de rolhas que cumpram com as regras estipuladas.

E levou também ao combate mais eficaz com outro grande inimigo: o TCA, um composto químico, vulgarmente presente na Natureza. Pode estar presente nos vinhos e nas rolhas de cortiça e é um dos principais responsáveis pelo desvio organoléptico, associado ao aroma e gosto a mofo. A partir do CIPR foi possível ter uma ideia mais clara sobre os mecanismos de formação e contaminação do TCA e formular as regras básicas para os evitar. Nos mercados externos, tem sido determinante para o futuro das rolhas portuguesas a constatação dos consumidores do número cada vez mais reduzido de vinho com aroma ou gosto a mofo, devido à cada vez maior qualificação da generalidade das empresas produtoras.

Leveza – Pesa apenas 0,16 gramas por centímetro cúbico. Uma rolha contém cerca de 89,7 por cento de ar ou gás semelhante.

Flexibilidade, elasticidade e compressibilidade – Estas pro-priedades são dadas pelas cerca de 750.000.000 células (40.000.000 células/cm3) que compõem uma rolha de cortiça. Estas células são estanques e com uma mistura ga-sosa no seu seio, semelhante ao ar, o que permite que uma rolha possa ser facilmente comprimida (para ser totalmente inserida no gargalo) e recupere a sua forma inicial uma vez descomprimida, garantindo uma perfeita adapta-ção ao gargalo da garrafa. Esta adaptação é também dinâmica ao longo do tempo, pois acompanha as dilatações e contracções que o vidro sofre devido às variações da temperatura ambiente, asseguran-do a estanquicidade da garrafa.

Impermeabilidade – A líquidos e praticamente impermeável a gases, graças à suberina e cerina presentes na constituição das suas células.

Imputrescibilidade – Devido à sua constituição química e estrutural específica, apresenta uma elevada resistência à acção da humidade e, consequentemente, à oxidação que ela promove.

Recicláveis, reutilizáveis e reno-váveis – As rolhas podem ser tritu-radas e o granulado resultante uti-lizado noutros produtos, como por exemplo painéis de revestimento, solas de sapato, bóias de pesca, etc. A cortiça reciclada não será mais utilizada para o fabrico de rolhas. A utilização industrial da cortiça ga-rante a sustentabilidade dos mon-tados, contribuindo para uma rela-ção equilibrada com a natureza e a manutenção dos ecossistemas que lhe estão associados.

As características únicas da rolha de cortiça

©APCOR / Álvaro Coelho

©APCOR / CTCOR

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Consegue imaginar Portugal sem um produto chamado cor-tiça? Certamente que não. Mas, para o sector, só este pensa-mento arrepia. Pressionada pelos produtores de vinho do Novo Mundo e pela necessidade de ajudar a garantir a perpetuidade das florestas de sobreiro, a Corticeira Amorim lançou a campa-nha Save Miguel. Para salvar a cortiça. Ou, mais concretamen-te, para convencer as pessoas das vantagens de usarem rolhas de cortiça nas suas garrafas de vinho.

Rob Schneider não é certamente uma grande estrela de Hollywood. Mas, sendo um nome consagrado da stand up comedy americana e um conhecido activista de muitas causas nobres, encaixa com perfeição no objectivo pretendido. Melhor ainda: gostou tanto da ideia que dispensou o cachet, aprovei-tando os cinco dias de estadia em Portugal para provar os nos-sos vinhos e conhecer as zonas nocturnas mais animadas.

O papel desempenhado no vídeo da campanha ficará como um dos mais bizarros da sua carreira. Nele, faz de árvore o sobreiro Miguel, que precisa desesperadamente de ser salvo. O vídeo dura cinco minutos (na televisão teria 30 segundos e custaria uma cifra elevadíssima) e chega a todo o mundo. Para isso usa como suportes as comunidades virtuais YouTube, Facebook e Flickr. Quem acede ao site vê Rob Schneider a es-forçar-se por salvar o Miguel, tem informação sobre as vanta-gens da cortiça e é convidado a assinar um compromisso sobre o uso de rolhas de cortiça. Com a força das 200.000 visitas em pouco mais de um mês e a evidente preferência dada às rolhas de cortiça, na generalidade dos estudos disponíveis, a Corticeira pretende enviar uma mensagem clara aos produ-tores de vinho. A campanha visa, essencialmente, zonas do mundo como a Califórnia, a Austrália e a Nova Zelândia, onde a produção de vinho continua a aumentar e as rolhas sintéticas são mais baratas que a cortiça importada de Portugal e onde o

SALVEM O MIGUELQuando toca a defender a sua dama, o sector da cortiça puxa da imaginação e aposta forte. Depois de José Mourinho dar a cara pelas rolhas no Reino Unido, a campanha Save Miguel pretende reforçar a promoção da cortiça e defender este recurso único no mundo.

receio do chamado “sabor a rolha” tem sido transmitido, atra-vés de campanhas sabiamente orquestradas, a largas camadas de consumidores de vinho.

Na campanha Save Miguel, o actor Rob Schneider dá a cara pela cortiça portuguesa

Site Save Miguel: 200 mil visitas por mês atestam a força da campanha

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Para a Corticeira Amorim esta campanha argumenta com uma realidade incontornável: a cortiça é um produto natu-ral e ecológico, com um papel fundamental na fixação de CO2, na preservação da biodiversidade e no combate à di-versificação, porque as árvores não têm que ser abatidas ao retirá-la. Através dela, com a ajuda da notoriedade de Rob Schneider, a empresa tenta reforçar junto dos consumidores as vantagens ambientais, sociais e económicas da cortiça natural e do montado de sobro.

O recurso a figuras públicas já foi um trunfo usado pelo sector noutras campanhas. A Associação Portuguesa de Cortiça (AP-COR) também jogou forte há dois anos atrás: contratou José Mourinho e o prestigiado treinador português foi o rosto da preferência pelo vinho vedado com rolha de cortiça, no Reino Unido, quando dirigia o Chelsea da Premier League. Até o Príncipe Carlos, na ocasião, se mostrou preocupado com o futuro da vida selvagem existente nas florestas de sobreiros, se a rolha tiver o seu futuro ameaçado…

Sempre com a sombra dos vedantes sintéticos a pairar sobre o seu futu-ro, a vocação para a defesa da sua matéria-prima já é uma tradição do sector corticeiro e acentuou-se, nos últimos anos, com a realização de várias campanhas. De assinalar o forte impacto que a campanha Save Miguel teve nos mer-cados mais abertos à utilização de vedantes sintéticos como a Austrália, os Estados Unidos e a Nova Zelândia. A propósito do feed-back recebido, o comentário de António Amorim é elucidativo: “se nós soubéssemos que iríamos alcançar este grau de suces-so, teríamos feito a campanha numa perspectiva ainda mais global”. Para além das campanhas mais me-diáticas, atrás referidas, outras me-recem destaque pelo seu alcance e significado. Em França, em parceria com a Federação Francesa dos Sin-dicatos de Cortiça e com o apoio da associação GoodPlanet.org, a APCOR

Em defesa da cortiçalançou uma petição on-line em defe-sa das rolhas de cortiça e do monta-do de sobro, que recolheu em pouco mais de um mês 10.000 assinaturas. Com esta petição, em parceria com o Instituto Mediterrânico da Cortiça, e tendo atingido o número de assi-naturas proposto, foi possível contri-buir para a preservação de 7,5 hecta-res de montado de sobro. O PRIME e a AICEP apoiaram esta acção.Na Alemanha, a cadeia de supermer-cados Kaufland – pertencente ao grupo Schwarz, que é detentor dos supermercados LIDL – dedicou ao seu camião pedagógico, que percor-re anualmente cerca de 34 cidades naquele país, o tema da importância do montado de sobro na prevenção das alterações climáticas. A campa-nha abrangeu 15 mil crianças e cerca de 5.000 pais, que, além de poderem contactar com um conjunto de pro-dutos e informações sobre a cortiça, visualizaram um pequeno filme cha-mado “David no mundo da cortiça”,

Muito relevo ainda para as campa-nhas de imprensa, iniciadas em 2001, no Reino Unido, Estados Unidos e Austrália e, para uma outra, dedicada em exclusivo ao mercado americano sob a égide “Real Cork.Real Wine”. Em 2006, o alvo foi o mercado aus-traliano e o lema foi: “If you say no to plastic bags, Say yes to cork”. O retalho também mereceu atenção, particularmente no mercado alemão, numa acção que abrangeu quatro grandes superfícies. Também várias parcerias com associações ambien-talistas têm surgido por essa Europa fora. Calcula-se que abrangerão cerca de meio milhão de membros, espalha-dos em grupos locais, integrando cer-ca de 25.000 voluntários em acções de defesa da cortiça. Muitas campanhas on-line têm sido levadas a cabo nos grandes mercados consumidores de vinho português e o recurso a supor-tes de imprensa, é o trivial nas campa-nhas que todo o sector, e a APCOR em particular, têm patrocinado.

produzido em português, alemão e inglês. Esta iniciativa foi inserida na Campanha Internacional da Cortiça e contou igualmente com o apoio do PRIME e da AICEP.Mercado francês: um dos alvos do sector

Camião pedagógico dá a conhecer a cortiça portuguesa às crianças alemãs

O grande mercado dos vinhos portugueses no centro das campanhas da APCOR

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São Brás de Alportel, com forte tradição corticeira, é a capital deste percurso de temática rural, cujas matérias-primas são o sobreiro e as actividades e indústrias que lhe estão associadas, assim como a história, a gastronomia, o artesanato e o ambiente. É voz corrente que foram São Brás de Alportel e Silves as pioneiras no comércio e transformação da cortiça, tendo a região albergado, no decorrer do século XX, cerca de 100 fábricas dedicadas a essas actividades produtivas. Hoje, graças à evolução da maquinaria e da tecnologia, subsistem cerca de uma dezena de unidades. A Rota foi apresentada oficialmente no âmbito do Feira da Serra 2008, em São Brás de Alportel, concelho algarvio que se orgulha de fabricar as melhores rolhas de cortiça do mundo, utilizadas por muitas marcas internacionais de vinho e champanhe.

Segundo a AIEC - Associação dos Industriais e Exportadores de Cortiça, (actualmente em processo de fusão com a APCOR), uma das promotoras da Associação Rota da Cortiça, entidade que está a implementar o projecto, pretende-se que os percursos da Rota mostrem “todo o processo da fileira da cortiça, apelando às modernas tendências de um turismo que alia o lazer à aquisição de conhecimentos e à participação activa dos cidadãos na preservação da natureza, das tradições culturais e do desenvolvimento sustentado”.

Este conceito de Rota da Cortiça é partilhado, impulsionado e aplicado no terreno pela Câmara de São Brás em parceria

CORTIÇA NA ROTA DO TURISMOVárias entidades ligadas à chamada Terra da Cortiça associaram-se com o objectivo de criar um produto turístico inovador que complemente as actividades da fileira. Está aberta a Rota da Cortiça.

com a Associação de Empresários da Cortiça, a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, a In Loco, a Associação de Agricultores do Algarve, a Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel e ainda a Região de Turismo do Algarve (RTA). O Museu do Trajo Algarvio vai ser a porta de entrada de quem vá percorrer a Rota. Na origem da criação desta está o desenvolvimento de um cluster turístico baseado na fileira da cortiça algarvia, fruto do reconhecimento mundial da sua elevada qualidade.

O projecto Rota da Cortiça quer dar a conhecer ao mundo este material natural através de vários pólos temáticos – património, natureza, vida rural, ambiente, tradição, inovação e conhecimento –, sensibilizando os visitantes para desafios inovadores deste produto no século XXI. O fio condutor desta viagem ao mundo da cortiça passa por ambientes tão diversos como o Museu de São Brás, a Serra do Caldeirão, os sobreirais, as aldeias do barrocal, as destilarias de medronho e licores, as fábricas tradicionais, mas também a indústria inovadora e o comércio que lhe está associado, como as mais recentes criações da Pelcor (www.pelcor.pt), a marca que introduziu a cortiça no universo sofisticado da moda. A Rota irá desenvolver igualmente actividades de carácter pedagógico e cultural que valorizem a cortiça e os seus produtos. Este conjunto de iniciativas está, segundo os seus promotores, apostado em contribuir para proteger e divulgar o único produto em que Portugal é líder mundial.

www.rotadacortica.pt

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O uso da cortiça remonta à mais alta antiguidade. No tercei-ro milénio a.C., já era utilizada na China. Vamos encontrá-la igualmente no Egipto, na Babilónia e na Pérsia, sob a forma de artefactos destinados à pesca. Em Itália, no séc. IV a.C., fabricavam-se com ela objectos tão diversos, como tampas para tonéis e sapatos destinados às mulheres. Em Pompeia, a cidade romana devastada pelo Vesúvio, foram encontra-das ânforas e vinhos vedados com cortiça.

A exploração sistemática dos grandes sobreirais que carac-terizam a Península Ibérica e que ainda hoje subsistem na Catalunha e em Portugal, só se dá a partir do século XVIII, quando a produção de rolhas de cortiça se torna o principal objectivo desta actividade económica. Diz-se que no séc. XVII, a cortiça foi usada pela primeira vez como vedante de garrafas de champanhe pelo frade Don Pierre Pérignon, o que não passa de um mito. O que parece mais certo é que Pérignon imaginou uma nova garrafa e amarrou as rolhas com arame. Mito à parte, aquele que deu o nome a um dos vinhos mais afamados, não foi o inventor da rolha de corti-ça em garrafas, nem sequer o inventor do champanhe.

Na Inglaterra é patenteada a primeira máquina de fabricação de rolhas no final do séc. XIX e com o aproveitamento dos re-síduos da cortiça, até então sem valor, para a fabricação de aglomerados, assistiu-se a uma nova expansão desta matéria-prima. Surgem novos equipamentos como as máquinas para contar e calibrar rolhas. Pouco depois, no início do séc. XX, são

registadas patentes para a utilização da cortiça no fabrico de correias de transmissão e de pneus. Em 1920 aparece o parquet de cortiça e, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, a cortiça passa a ser utilizada em múltiplos equipamentos militares.

No início do século XIII, surgem as primeiras leis que prote-gem os montados de sobro. E no reinado de D. Dinis, início do século XIV, já se regista a exportação de cortiça para a Inglaterra e depois para a Flandres. Na época das Descober-tas (séculos XVI-XVII), os construtores das naus e caravelas portuguesas utilizavam a madeira de sobreiro no fabrico das partes mais expostas ao desgaste do mar. Com o pleno de-senvolvimento industrial da Inglaterra, no século XIX, Por-tugal exporta anualmente um volume crescente de cortiça para este país, que ronda inicialmente as 30 mil toneladas e que não parou de aumentar nas décadas seguintes.

Durante o século XX, Portugal fez um forte investimen-to na investigação em torno da cortiça e implementou os primeiros programas de fomento do sobreiral, com apoios financeiros públicos, tornando-se o primeiro produtor e o primeiro transformador mundial de cortiça. Tudo indica que no século XXI, a cortiça – material ecológico, reciclável e biodegradável – se destacará como matéria-prima durável, nobre e multifuncional, estatuto que desfrutou no tempo das civilizações antigas, pois verifica-se que é cada vez maior a utilização da cortiça, nomeadamente nas áreas mais ino-vadoras do design e da indústria.

BREVE HISTÓRIA DA CORTIÇAO sobreiro – Quercus Suber –, a árvore que produz a cortiça, é típico da região da bacia do Mediterrâneo e abunda na sua parte ocidental. Tem uma história que se perde na sombra dos tempos.

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A rolha de cortiça está a recuperar quota no mercado mundial, perdida com a introdução dos vedantes sintéticos e de alumínio no sector dos vinhos, na sequência de uma política de modernização da fileira, que passou também por uma mudança de mentalidade dos seus intervenientes e pela aplicação de boas práticas de gestão. António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim e da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), fala-nos dos desafios que se colocam a uma indústria em que Portugal é líder mundial.

António Rios Amorim, Presidente da APCOR

CORTIÇA ENFRENTA O FUTURO

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ENTREVISTA

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“A rolha (de cortiça) tem condições para cres-cer nos mercados tradicionais e nos mercados do Novo Mundo, uma vez que o consumo de vinho também está a aumentar”.

Quais são os principais desafios que actualmente se co-locam ao sector corticeiro nacional?Todos eles prendem-se com os desafios do próprio merca-do. As aplicações da cortiça têm um enorme potencial de crescimento em função do desenvolvimento dos mercados a que se destinam, mas debatem-se com a existência de pro-dutos alternativos e concorrentes, seja na área das rolhas, dos materiais de construção e de outras aplicações indus-triais, nomeadamente na área do desporto. Neste contexto competitivo, a cortiça tem de promover amplamente não só as características intrínsecas ao produto, como também a floresta que a produz, a indústria que a transforma, a rede de distribuição que a leva ao mundo inteiro, e provar que tem vantagens adicionais face aos produtos que a preten-dem substituir. Em resumo, eu diria que o grande desafio para o sector, neste momento, está em superar os desafios provenientes dos mercados utilizadores da cortiça.

Que medidas defende para aumentar a competitivida-de dos vários produtos da cortiça, tendo em conta o peso que a rolha detém, concretamente nas exporta-ções globais do sector?Nós não vamos fugir da aplicação ‘rolha’ para promover ou-tros segmentos, até porque a rolha tem condições para crescer nos mercados tradicionais e nos mercados do Novo Mundo, uma vez que o consumo de vinho também está a aumentar, como é o caso do champanhe e dos espumantes, actualmen-te com níveis de crescimento superiores aos dos vinhos de mesa. Neste contexto, continuaremos a tentar recuperar algu-ma quota de mercado que já foi da rolha de cortiça.

Mas temos também desafios nas áreas dos pavimentos, dos materiais de construção e dos produtos de decoração. Além disso, há um desafio de geografia: o Novo Mundo tem mer-cados que devem continuar a ser mercados de aposta para nós, e nesta aposta global estão igualmente incluídos países da Europa de Leste, do Extremo Oriente e do Médio Orien-te, pelo seu potencial para as aplicações de materiais de construção e de decoração. E se é verdade que um quinto das gruas de todo o mundo se encontra no Médio Oriente, então nós teremos de estar presentes nesses mercados. Te-remos ainda, numa outra dimensão, de estudar novas apli-cações a partir da cortiça, embora esta seja um complemen-to aos dois primeiros desafios, que são os que sustentam e fazem crescer a indústria de cortiça. Esta terceira dimensão, a das novas aplicações, irá estruturar o sector em termos de futuro – talvez daqui a quatro ou cinco anos –, mas não é uma resposta para imediato.

Qual o papel da APCOR neste domínio e que projectos tem em curso?O papel da APCOR é sensibilizar os ‘actores’ do sector para es-tes desafios e dar-lhes soluções, que é, aliás, o que tem vindo a fazer através de projectos de Investigação e Desenvolvimen-to (I&D), mas também através de projectos de comunicação, como é o caso das campanhas internacionais da cortiça. Es-tas campanhas têm tido algum êxito nos principais mercados onde são realizadas, seja na Austrália seja em França, onde, ainda recentemente, conseguimos reunir, via Internet e num

prazo de três a quatro semanas, dez mil assinaturas espontâ-neas a favor da cortiça, sendo que três mil quiseram ir mais além e deixar comentários extremamente positivos para o sec-tor. Isso dá-nos alento. Mas temos ainda outras campanhas, como a que fizemos em Inglaterra – a de Mourinho penso que todos conhecem –, e outras intervenções que fizemos nos Estados Unidos, quer no mercado das rolhas quer no dos revestimentos. A APCOR tem sido uma associação extrema-mente dinâmica a apontar caminhos e a desafiar os seus só-cios, levando a cabo um conjunto de iniciativas sectoriais que podem fazer com que o sector responda como um todo e não como uma soma individual de empresas.

Qual o ponto de situação da fusão entre a APCOR (As-sociação Portuguesa de Cortiça) e a AIEC (Associação de Industriais e Exportadores de Cortiça)? O processo ainda está a decorrer. E embora a fusão das duas associações ainda não esteja formalizada do ponto de vista jurídico, já estamos a trabalhar de forma integrada. Penso que dentro de dois ou três meses teremos uma in-tegração mais completa dos membros e sócios da ex-AIEC, sendo a fusão, neste contexto de activa cooperação, um mero detalhe jurídico.

O que levou a esta fusão e o que significa para o sector?Em primeiro lugar, o que motivou esta fusão foi o facto de haver uma divisão geográfica em termos associativos – a AP-COR a norte e a AIEC a sul – não havendo uma representação nacional para o sector. Em segundo lugar, não faz sentido a divisão do sector por áreas de actividade. Grande parte dos associados da AIEC são empresas preparadoras de cortiça (de matéria-prima), que depois é transformada pelos associados da APCOR em produto para o mercado. Hoje há uma integra-ção muitíssimo maior das duas actividades, sendo importan-te que haja uma verticalização maior no sentido associativo. Com esta fusão, o associativismo sectorial vai ganhar dimen-são e, assim, melhorar o seu desempenho na prossecução dos seus objectivos, servindo melhor os interesses do sector, disponibilizando mais e melhores serviços aos associados, uni-formizando a estratégia sectorial em torno de uma linha de orientação única e mais forte. Garante ainda as condições de desenvolvimento sectorial em torno dos vectores da inovação, qualidade e da investigação e desenvolvimento.

As exportações do sector aumentaram em 2007. Quais as previsões para este ano? As estatísticas mais recentes de que dispomos dão conta de um pequeno crescimento de 1,7 por cento das exportações nos primeiros sete ou oito meses deste ano face ao mes-mo período de 2007, o que é positivo. Devo referir que as exportações do sector têm crescido a um ritmo lento, nos

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últimos anos, devido à desvalorização significativa do dólar, que tem penalizado as exportações de todos os sectores que vendem em dólares ou para os EUA, como é o caso da cortiça. Ter esse pequeníssimo crescimento não deixa de ser algo confortante, dada a situação económica e financeira que vivemos actualmente. Nenhum sector, face à dimensão e às implicações da crise, ficará imune.

Acreditamos que o sector da cortiça poderá ser menos atingido, quer pelas suas características específicas, quer pelos esforços que estamos a desenvolver no sentido de termos um produto competitivo, embora grande parte das nossas aplicações seja subsidiária de outras indústrias. Uma coisa é certa: se o sector vinícola não tiver um bom desempenho nos próximos anos, a indústria de cortiça será afectada, o mesmo se passando com os materiais de construção e de decoração. Mas enquanto na rolha nós temos uma quota de mercado muito significativa, nas outras aplicações essa quota é relativamente pequena. Acreditamos também que, mesmo num mercado recessivo, pode haver possibilidades de crescimento para a cortiça. Por exemplo, o mercado dos EUA atravessa a maior crise imobiliá-ria de sempre, mas as exportações de cortiça estão a aumentar nos materiais de construção, porque se trata de um produto verde, ecológico e sustentável e, claramente, as pessoas têm uma sensibilidade maior para este tipo de produtos, mantendo uma fidelização aos mesmos.

A APCOR tem insistido na comunicação dessa mensagem?Nós temos investido significativamente na comunicação desti-nada a realçar a sustentabilidade tão característica e tão própria do sobreiro (como árvore e como floresta), e a defender as vir-tudes de um sector industrial (o da cortiça) que é praticamente não poluente. Temos desenvolvido um conjunto de iniciativas no sentido de comunicar as vantagens da utilização da corti-ça que, além das vantagens técnicas, tem uma mais valia do ponto de vista da ecologia, da emissão de CO2 e das alterações climáticas, que nos é dada pela floresta e pelo facto de se tratar de uma indústria de reduzido impacto ambiental.

Mais de 68 por cento das exportações do sector são ro-lhas. Como avalia a situação face ao aumento de vedan-tes sintéticos no mercado mundial?Actualmente, cerca de 25 a 30 por cento do mercado mun-dial terá passado para produtos alternativos à rolha de corti-ça, como os vedantes de plástico e as cápsulas de alumínio. Mas, pela primeira vez em 2007, os vedantes de plástico estão a mostrar um decréscimo relativamente importante e nós perspectivamos que este decréscimo vá continuar. Em relação ao ano passado, estamos a falar de um decréscimo na utilização do vedante de plástico na ordem dos 5 ou 6 por cento, a favor da cortiça e, em parte, da cápsula de alu-mínio, mas essa redução tem vindo a verificar-se desde há alguns anos, sendo previsível que em 2008 esse decréscimo seja maior. O vedante de plástico é um produto tecnicamen-te frágil e sem vantagens reais face à cortiça. Aliás, testes científicos já realizados demonstram que muito pouco tem-po depois da aplicação deste tipo de vedante, verificam-se problemas de oxidação do vinho, o que provoca a descarac-terização das suas propriedades naturais.

Que está a ser feito para combater o vedante sintético? A cortiça terá perdido quota de mercado, mas gradualmen-te tem-se conseguido mudar a situação. Desde 2000-2001, o sector tem investido somas relativamente importantes na melhoria da performance técnica da rolha de cortiça, o que é reconhecido pelas grandes caves e pelos principais líderes de opinião mundiais. Por outro lado, desenvolvemos novos produtos e novas rolhas de cortiça para os segmentos mais competitivos dos vinhos. A detecção de problemas nos ve-dantes alternativos tem igualmente ajudado a recuperar alguma quota de mercado da rolha de cortiça. É certo que grande parte dessa quota está perdida, sobretudo contra os vedantes plásticos, mas acreditamos que temos campo para recuperar em alguns países europeus como a França – onde a quota de vedantes alternativos é de 25 por cento para os vinhos de gama baixa – ou a Itália. Portugal não pode ter a visão elitista de querer vender rolha de cortiça apenas para os melhores vinhos do mundo, mas deve procurar chegar a todas as gamas. Afinal, são 13 biliões de rolhas de cortiça no mundo para cerca de 4 biliões de vedantes alternativos.

De salientar também que a quota da rolha de cortiça pode ainda crescer pelo aumento do consumo de vinho no mun-do, em particular nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa de Leste, crescimento esse motivado quer pela mudança de hábitos de consumo quer pelo aumento do poder de com-pra em alguns desses países.

O montado é um ecossistema sensível. O que é que tem sido feito para o preservar e para assegurar que a matéria-prima perdurará e continuará a satisfazer a procura do mercado?Os produtores florestais têm feito um grande esforço para melhorar em muito a gestão das florestas de cortiça, tem havido uma grande evolução nos últimos anos e estamos no bom caminho neste domínio. Por outro lado, tem havido uma grande preocupação da APCOR em trabalhar com os seus parceiros da floresta no sentido de se avançar com uma

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certificação florestal que virá enraizar, ainda mais, as boas práticas de gestão florestal na renovação dos montados. Uma terceira vertente tem a ver com uma politica desenvol-vida por Portugal e Espanha de replantação, algo significati-va, de sobreiro, utilizando fundos comunitários. Nos últimos dez anos plantaram-se mais de 150 mil hectares de sobreiro em Portugal e Espanha, adensando as zonas já existentes e com taxas de sobrevivência relativamente importantes. Este investimento vai ter resultados muito positivos no futuro. A floresta e a indústria nunca trabalharam de forma tão próxi-ma como têm feito nos últimos sete ou oito anos.

Os incêndios não têm afectado significativamente o mon-tado, a sua biodiversidade e o abastecimento da cortiça. Quais as razões desta resistência da floresta do sobro? Sabemos que há árvores que estão no fim do seu ciclo de vida, o que é natural, e que há causas externas que também, infelizmente, são muitas vezes provocadas pelo próprio ho-mem, como os incêndios. São situações que devemos tentar ultrapassar e ver como a floresta se fortalece. Se observarmos o que aconteceu nos últimos anos em termos de incêndios florestais, com milhares de hectares ardidos, verifica-se que a floresta da cortiça foi pouco afectada devido às suas práticas de gestão e à sua densidade. Há, actualmente, teses científi-cas que mostram como é que o sobreiro evita os incêndios e como a própria floresta da cortiça evita os avanços da deser-tificação. Para além de todo o trabalho que se fez de inves-tigação sobre a biodiversidade, a retenção de CO2, a cortiça como amiga do ambiente. Mas temos trabalho a fazer num mercado que se prevê que vá evoluir para quotas de carbono, temos que lutar para que os produtores florestais possam também beneficiar pelo facto de reterem CO2 nas suas flores-tas e de não serem emissores. Há toda uma nova realidade e devemos lutar por ela. Penso que temos um equilíbrio justo entre matéria-prima e indústria.

des operada no sector nos últimos dez anos, que é muitíssimo mais significativa do que possa parecer.

Na indústria dos materiais de construção, sobretudo nos pavimentos, passámos de um produto tradicional de co-lar ao chão para um produto flutuante com colecções e adaptações a linhas de moda e a tendências internacionais, dando-lhe uma imagem de produto moderno. As inovações operadas neste domínio permitiram um crescimento signi-ficativo do sector nesta aplicação, que soube adaptar-se ao mercado e tem hoje um produto actual, com um visual mais atractivo, com um sistema de aplicação mais económico e, sobretudo, com uma performance acústica superior, na maioria dos casos, aos produtos rivais como a madeira ou a cerâmica. Há ainda um trabalho de investigação em curso, procurando a melhoria contínua dos diferentes produtos da cortiça, uma nova área em que algumas empresas come-çam a apostar, utilizando esta matéria-prima para fabricar produtos diferentes dos tradicionais.

Inovação significa também boas práticas no sector?Podemos falar também de inovação nas práticas de gestão. Hoje em dia, grande parte das empresas corticeiras estão certificadas. Temos 300 empresas em Portugal certificadas com o CIPR, o código de boas práticas rolheiras, temos em-presas certificadas com normas ambientais e outras com certificação do produto. As práticas de gestão mudaram significativamente, mudança para a qual a APCOR tem con-tribuído, nomeadamente através do desenvolvimento de programas de formação, de assessoria e consultoria a nível de gestão, entre outras iniciativas. Por exemplo, neste mo-mento estamos a desenvolver um plano estratégico para o sector da cortiça para os próximos cinco anos com a Escola de Gestão do Porto, no sentido de vislumbrar como é que o sector pode evoluir num período temporal diferente. Tudo isto tem que dar esperança ao sector.

“Acreditamos que o sector da cortiça poderá ser menos atingido (pela crise), quer pelas suas características específicas, quer pelos es-forços que estamos a desenvolver no sentido de termos um produto competitivo”.

Fala-se muito das novas aplicações da cortiça, concre-tamente em produtos inovadores. Quer mencionar al-guns exemplos de inovação?O esforço de inovação no domínio da investigação e desenvol-vimento tem sido concentrado nas áreas da rolha e dos pavi-mentos. Na rolha devemos destacar os projectos relativos à sua melhoria técnica nos últimos dez anos. O progresso que esta indústria fez neste período é muito significativo e é por isso que hoje podemos afirmar que do ponto de vista de compara-bilidade entre uma rolha de cortiça e um vedante alternativo, a melhor opção é sempre uma rolha de cortiça. Basta ver que os melhores vinhos do mundo usam rolha de cortiça, não só por uma questão de imagem, mas também pela sua perform-ance técnica. De realçar igualmente a mudança de mentalida-

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INVESTIMENTO INTERNACIONAL

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Reconhecidos como de elevado mérito e com interesse estratégico para a eco-nomia nacional, os dois projectos de investimento da Embraer consistem na criação em Portugal de duas unidades dedicadas em exclusivo à produção e montagem de estruturas para o sector aeronáutico, assumindo o carácter de projectos âncora nesta área. Refira-se que a ambos os projectos foi atribuído o estatuto de projecto de Potencial In-teresse Nacional (PIN).

As duas fábricas de componentes para aviões, a instalar na região de Évora, en-volvem um investimento total que ronda os 170 milhões de euros e 570 postos de trabalho directos e qualificados, que, por efeitos de arrastamento, poderão origi-nar entre 1.700 a 3.400 empregos indi-rectos igualmente especializados.

Como referiu Basílio Horta, presidente da AICEP, na assinatura dos contratos de investimento com a empresa bra-

sileira, em Setembro passado, trata-se de projectos que “em termos tecnoló-gicos e de futuro abrem perspectivas muito importantes” para ambos os países, porque “mudam qualitativa-mente o relacionamento, em termos de investimento, entre Portugal e o Brasil”. Para o presidente da agência portuguesa, a importância deste in-vestimento para Portugal prende-se não só com o montante envolvido, mas também pela “semente que se

EMBRAER E REPSOL INVESTIMENTOS EM SECTORES ESTRATÉGICOS

Dois novos projectos de investimento estrangeiro vão contribuir decisivamente para o desenvolvimento económico de Portugal e para o aumento das exportações nacionais. Em Évora, o fabricante de aviões brasileiro Embraer vai construir duas fábricas de componentes aeronáuticos num investimento total de 170 milhões de euros, que tem o potencial de iniciar o desenvolvimento de um cluster aeronáutico. Em Sines, o projecto de ampliação da Repsol Polímeros, onde serão investidos cerca de mil milhões de euros até 2011, vai criar o maior complexo petroquímico do país, reforçando a competitividade do sector a nível internacional.

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INVESTIMENTO INTERNACIONAL

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põe num cluster aeronáutico portu-guês fundado na Embraer”.

Um dos projectos da Embraer respeita à construção e equipamento de uma uni-dade de produção de estruturas aero-náuticas metálicas, em ligas de alumínio, aço e titânio aeronáuticos, envolvendo um investimento de 117 milhões de euros. Uma segunda fábrica destina-se à produção de conjuntos em materiais compósitos, utilizando fibra de carbo-no, num investimento de 52 milhões de euros. Ambos os projectos serão imple-mentados entre 2008 e 2014.

Estas unidades irão caracterizar-se como Centros de Excelência para a fabricação de conjuntos e de estruturas aeronáu-ticas, utilizando processos produtivos e tecnologias no estado-da-arte. Sobre-tudo na fase de arranque dos projectos em Portugal, ocorrerão elevados investi-mentos de transferência de tecnologia e de conhecimento da Embraer (Brasil) para as unidades portuguesas e para os fornecedores que reunirem as condições para serem qualificados.

O impacto económico destes projectos é igualmente medido pelo contributo que as novas fábricas irão dar para o aumen-to das exportações nacionais de bens e serviços com alta intensidade tecnológi-ca, uma vez que 100 por cento da pro-dução se destina à exportação.

Além dos impactos económicos directos e do contributo para o reforço da inten-sidade tecnológica da produção nacional, as novas unidades terão um efeito de arrastamento de outras empresas, no-meadamente de PME, com actividades directamente ligadas com a produção ou de suporte à mesma, permitindo ainda a qualificação de uma rede de fornecedo-res de componentes e serviços que, com a certificação da Embraer, poderão vir a fornecer outras grandes empresas do sec-tor aeronáutico mundial.

actualmente com mais de 25 mil cola-boradores directos e 5.000 indirectos a operar dentro das suas instalações, tendo perto de 90 por cento da sua produção baseada naquele país.

Esta decisão de investimento resulta da elevada carteira de encomendas da em-presa e da necessidade de reforçar a sua capacidade de produção, inserindo-se estes dois projectos num esforço alarga-do de criação de capacidade própria e de alargamento da base de fornecedores.

A empresa estava já presente em Por-tugal através de uma participação no capital da OGMA – Indústria Aeronáu-tica de Portugal, SA, traduzindo estes novos projectos o reconhecimento da competitividade de Portugal, e de Évora em particular, na atracção de projectos industriais de elevada intensidade tec-nológica, ainda para mais num sector especialmente exigente em matéria de qualificação de mão de obra.

Mil milhões para SinesCom o projecto de investimento da espa-nhola Repsol, de ampliação e expansão do seu complexo petroquímico em Sines, sai-rá reforçada a competitividade em termos internacionais quer do Porto de Sines, o maior porto marítimo português, quer da ZILS (Zona Logística e Industrial de Sines), onde a empresa está localizada.

O investimento da Repsol Polímeros ron-da os mil milhões de euros e estará con-cluído em 2011, criando cerca de 500 novos postos de trabalho directos e indi-rectos, já na fase de produção, e outros 1.500 durante as obras de ampliação.

O projecto consiste na expansão e mo-dernização do complexo petroquímico da Repsol em Sines, nomeadamente através da ampliação do cracker para cerca de 570 mil toneladas por ano, que permitirá um aumento da produção de 40 por cen-to. Está igualmente prevista a construção de novas unidades de polietileno e de po-lipropileno, que irão triplicar a capacidade actual do complexo petroquímico.

O impacto deste projecto é sobretudo visível a nível das exportações, já que a

“(Este investimento é importante também pela) semente que se põe num cluster aeronáutico português fundado na Embraer.”

A Embraer, uma das maiores empresas do sector aeronáutico a nível mundial, actua no segmento da aviação comercial, exe-cutiva e aviões para o mercado de defesa, registando em 2006 e 2007 volumes de negócios de 8.265 e de 9.983 milhões de reais, respectivamente (cerca de 3.259 e de 3.936 milhões de euros).

No Brasil, a Embraer é uma das maio-res empresas exportadoras, contando

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INVESTIMENTO INTERNACIONAL

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acompanhamento próximo da Comis-são de Avaliação e Acompanhamento dos Projectos PIN (CAAPIN).

posição no contexto da indústria quí-mica europeia.

O grupo espanhol Repsol está presente em mais de 23 países e o novo investi-mento em Sines está inserido num plano global que envolve um montante de 32,8 mil milhões de euros, sendo este um dos dez maiores projectos da empresa a nível mundial para os próximos anos.

Investimento em PortugalNo âmbito da sua actividade de promo-ção de investimento, a aicep Portugal Global já celebrou em 2008 contratos que representam cerca de 1,5 mil mi-lhões de euros de investimento. Esti-ma-se que até final do ano possam ser contratados mais cerca de mil milhões de euros de investimento, o que faria de 2008 o segundo melhor ano em registo, depois de em 2007 se ter conseguido um total contratado de cerca de três mil milhões de euros de investimento.

Refira-se que a análise do investimento estrangeiro em Portugal é normalmente baseada em fluxos incluídos nas estatísti-cas da Balança de Pagamentos prepara-das e divulgadas pelo Banco de Portugal. O facto de estas estatísticas incluírem flu-xos dos sectores financeiro e imobiliário, bem como relativos a movimentos finan-ceiros de curto prazo, implica algumas limitações à avaliação do impacto que as respectivas variações tenham em termos de aumento ou diminuição de investi-mentos produtivos e de emprego.

Consideradas estas limitações, e tendo em conta o período turbulento que os mercados financeiros atravessam, não deixa de ser relevante o facto de os fluxos totais de entrada de capitais nos primeiros sete meses de 2008 se man-terem praticamente inalterados face ao ano transacto. Mais relevante é a con-clusão de que esta estabilização resulta de aumentos significativos das entradas associadas à indústria, ao comércio e dis-tribuição e à área energética.

Em matéria de saídas de capital, o maior peso está em movimentos de curto prazo e nas actividades financeiras e imobiliá-rias, o que pode ser interpretado como uma situação conjuntural.

“O impacto deste projecto (da Repsol) é sobretudo visível a nível das exportações, já que a empresa prevê exportar 80 por cento da produção.”

empresa prevê exportar 80 por cento da produção.

Com as novas fábricas de polietileno e de polipropileno, o complexo petroquímico de Sines da Repsol deixa de ser um mero exportador de matérias-primas (actual-mente cerca de 30 por cento do etileno e 100 por cento do propileno produzidos são exportados) e aumenta significati-vamente o valor acrescentado ao utilizar toda a produção de etileno e propileno do cracker nas novas fábricas de poliolefinas.Pelo seu elevado mérito e impactos económicos, foi atribuído a este projec-to o estatuto de projecto de Potencial Interesse Nacional, em Julho de 2006.

O processo de licenciamento deste pro-jecto envolveu, entre outros, dois Estu-dos de Impacto Ambiental, três Licenças Ambientais e duas Licenças Industriais, todos já aprovados e obtidos com o

O projecto é considerado essencial quer para a manutenção da compe-titividade da Repsol Polímeros em Portugal, quer para o incremento da posição já relevante do complexo de Sines na satisfação das necessidades do mercado interno e na exportação de produtos derivados do petróleo, quer ainda para a consolidação da sua

Primeiro-Ministro José Sócrates com o Presidente da petrolífera Repsol, Antonio Brufau, na cerimónia de lançamento da ampliação da fábrica petroquímica da empresa

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EMPRESAS

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Em 2007, a Unicer vendeu 724 milhões de litros de bebidas e chegou aos 453 milhões de euros de volume de negó-cios. Com a cerveja e as águas na linha da frente, a empresa vendeu refrige-rantes, vinhos e cafés. E ainda geriu infra-estruturas turísticas e termas.

Na exportação, nada fez sombra às cervejas e às águas que dominaram as vendas por completo. Foram 180 mi-lhões de litros (cerca de um quarto do total dos litros vendidos), com o merca-

UNICERSUCESSO LÍQUIDO

Em Portugal, a Unicer está no lugar cimeiro da produção e comercialização de bebidas. O esteio de toda a actividade da empresa é o negócio das cervejas e das águas engarrafadas. No domínio da exportação a grande aposta são os PALOP, para além dos mercados de proximidade.

do de Angola em alta (133 milhões de litros, dos quais 108 milhões correspon-deram a cerveja), o que levou a Unicer à decisão de construção de uma fábrica em território angolano, para começar a funcionar em 2010, e cujo investimen-to rondará os 100 milhões de euros.

Em Inglaterra as vendas cresceram cerca de 11 por cento, devido à boa aceitação da Super Bock no canal alimentar orga-nizado. No Luxemburgo, o sinal é de es-tabilidade, com a emigração portuguesa

a aumentar o que confere a este merca-do potencial de crescimento. No merca-do espanhol, o registo, em 2007, ficou marcado pela retirada de algumas zonas geográficas e a concentração de esforços na Galiza. Ainda em Espanha, mas já em Maio deste ano, a Unicer estabeleceu uma parceria como Grupo Leche Pascu-al, para a distribuição da marca Água das Pedras em todas as regiões do mercado vizinho. No Benefra – Bélgica, Holanda e França – a Unicer mantém um ritmo de vendas a crescer cerca de 21 por cento ao ano. No mercado americano, as ven-das de cerveja subiram mais de 30 por cento, resultado do esforço de acompa-nhamento de novos mercados.

Em 2006, para dar resposta a mercados cada vez mais exigentes e após uma análise exaustiva da actividade, a em-presa definiu as novas linhas de orien-tação estratégica que hoje norteiam a Unicer. Um dos novos guidelines da ges-tão passou a ser o reforço da focalização no negócio das cervejas e águas. Mas também um enfoque renovado numa cultura de resultados, na simplificação da estrutura organizacional e numa crescente responsabilização de todas as equipas. Por assumir que a inovação é movida pelo mercado, a Unicer aposta no desenvolvimento de metodologias para a gerir e para a fazer incidir nos produtos, nas marcas, nos processos e nos serviços prestados, sempre em sin-tonia com a estratégia da empresa.

Nos produtos e nas marcas, as inovações sucedem-se. Sabia que a água Vitalis, em spray, já serve para refrescar a pele? E que, em garrafa, a empresa inova pela adição de ingredientes como o Ginseng

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EMPRESAS

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UNICER BEBIDAS, S.A.Via Norte – Leça do Balio – MatosinhosApartado 10444466-955 S. Mamede de InfestaTel.: +351 229 052 [email protected]

www.unicer.pt

na Água das Pedras? Que Super XpresS é um revolucionário sistema de cerveja à pressão para uso doméstico? Que a Unicer foi pioneira em Portugal no lan-çamento de uma cerveja de meio litro? Que a Super Bock mini é a única cerveja produzida a partir de malte de cevada 100 por cento nacional? Que a Super Bock em garrafa de alumínio inova pelo design e é comercializada apenas em pontos de venda seleccionados? Que a garrafa Super Bock de tara retornável é a primeira no mercado com inscrições no vidro? Que da cooperação entre a Uni-cer e a Carlsberg nasceu o projecto ACE, que conduziu ao lançamento de um bar-ril de tara perdida, totalmente inovador no mercado mundial?

Como suporte da melhoria contínua em todas as áreas da empresa, a Unicer usa o Sistema de Gestão da Qualidade (SGC), certificado pela referência ISO 9001:2000, para a concepção, fabricação, comerciali-zação e distribuição de bebidas, para a produção de uvas, para a captação e en-garrafamento de águas minerais e para

Rastreabilidade – visa o desenvol-vimento de um sistema que permi-te a rastreabilidade de produtos. É baseado na tecnologia Wireless e leitura de código de barras.

Instalação Piloto – apoia a área de desenvolvimento de novos produtos e processos de fabrico da Unicer.

AT “mais e melhor assistência técnica” – projecto pioneiro de base tecnológica para gerir o funciona-mento da rede de distribuição.

Mini-fábrica de cerveja – destina-se ao fabrico de cervejas especiais.

Excelência no Serviço – definição e partilha de boas práticas para apoio à actividade dos distribuidores.

Projecto Cevalte – surge da necessi-dade de complementar os bons resul-

tados obtidos em termos de cultura de cevada dística com a possibilidade de testar tecnologicamente varieda-des de cevada para produção de mal-te a utilizar no processo cervejeiro.

Laboratório Central – tem uma actividade vocacionada para a audi-toria de produtos em todas as uni-dades da Unicer.

Núcleo de Investigação e Desen-volvimento Tecnológico (Nitecer) – foca a criação de uma rede de rela-ções dentro da empresa e com os par-ceiros para permitir o enriquecimen-to da base de conhecimento e da sua endogeneização no seio do Grupo.

Mini-malteria – desenvolve novos processos de maltagem e novos ti-pos de malte para cerveja e repro-duz a uma escala piloto as condi-ções de produção de malte.

Inovação em processos, serviços e investigação

a torrefacção e empacotamento de cafés e produtos a ele associados. O SGC é transversal a todas as áreas da empresa, à generalidade das unidades produtivas e plataformas logísticas.

Uma das áreas mais sensíveis é a da performance ambiental. A maior ex-pressão da cultura Unicer – “ecologi-camente responsável” – foi a adopção de um sistema de gestão ambiental, que pretende ir além do tradicional controlo de poluição, ao promover as melhores práticas de preservação do ambiente, começando na fase de aná-lise e planeamento de novos projectos industriais.

Outra das preocupações da empresa é constituir-se como um bom exemplo, a nível empresarial, de práticas social-mente responsáveis. Enquadrada no projecto de responsabilidade social em-presarial, a Unicer aprovou a Política de Apoio Institucional, no âmbito da qual a empresa se assume e distingue como mecenas para a comunidade, com a atenção especialmente virada para a educação, ambiente, cultura e cidada-nia. Neste enquadramento, a empresa pretende actuar a nível local e a nível nacional, desenvolvendo um projecto na área das indústrias criativas.

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EMPRESAS

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O volume total de negócios da Casais atingiu, em 2007, cerca de 155 milhões de euros. Destes, 60 milhões já foram facturados nos seus mercados de eleição: Alemanha, Angola, Bélgica, Espanha, Gi-braltar, Marrocos, Rússia e China.

A expansão da Casais nos negócios internacionais ficou ligada a um facto histórico de grande significado. Foi a queda do muro de Berlim e a abertu-ra da economia alemã, os primeiros clientes ali conquistados e as primeiras parcerias conseguidas, que levaram a empresa para outras paragens e a en-contrar o sucesso internacional. A par-tir dessa rampa de lançamento e nos outros mercados onde estão presentes, o ganho de notoriedade e o número crescente de negócios mantêm a ma-triz da conquista do mercado alemão: alianças sólidas com parceiros locais e em nichos muito variados e específi-cos. Os edifícios públicos, industriais, desportivos, hoteleiros e habitacionais são os nichos contemplados na activi-

CASAIS EM PARCERIA

A Casais está no ‘top 10’ das empresas de construção civil em Portugal. Nos mercados externos, a aposta em parcerias locais, está na base do crescente número de negócios garantidos.

CasaisRua do Anjo, 27Apartado 2702Mire de Tibães4700-565 BragaTel.: +351 253 305 [email protected]

www.casais.pt

dade. Por agora, toda a estratégia de internacionalização assenta na solidi-ficação das parcerias existentes e na preferência dirigida apenas a mercados considerados maduros.

Marco importante para a história da empresa é o ano de 2003, data em que obtém a primeira certificação, fruto da implementação de um eficaz Sistema de Gestão pela Qualidade. A melhoria contínua em todos os níveis e em todas as áreas da empresa é o fim a atingir. Este sistema proporciona uma gestão integrada onde as vertentes Qualida-de, Ambiente e Segurança estão salva-guardadas, e que põe à disposição da liderança da empresa, a tridimensiona-lidade que faltava no comando de uma unidade da linha da frente do sector.

Os desafios para o futuro passam pela constante adaptação da máquina pro-dutiva aos mercados mais maduros e em crescimento. A volatilidade que hoje caracteriza o comércio interna-

cional obriga a Casal, segundo os seus responsáveis, “a um extremo cuidado na forma como abordamos os merca-dos, a sermos cada vez mais flexíveis e a termos cada vez mais competências técnicas”. E um grande sonho anima o projecto de internacionalização: que todas as actividades da empresa imitem, no futuro próximo, o sucesso da construção.

Para além da construção civil e das obras públicas, a empresa aposta tam-bém no imobiliário, ambiente, energia, comércio e serviços, indústria e em al-guns investimentos e participações.

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POLÓNIAUm mercado estratégico>POR LUÍS FILIPE PEREIRA, DIRECTOR COORDENADOR DO CENTRO DE NEGÓCIOS DA AICEP PARA A EUROPA CENTRAL

Com um crescimento económico de 6,5 por cento em 2007 e os níveis de consumo a crescer, a Polónia é um dos mercados que maiores potencialidades apresenta para as empresas exportadoras e investidoras portuguesas. Constitui também uma plataforma estratégica para a entrada nos mercados vizinhos, como a Ucrânia, estando ainda em vésperas de aderir ao Mecanismo de Taxas de Câmbio da UE (ERM2), para entrar na zona Euro em 2011/2012. A realização do campeonato europeu de futebol na Polónia em 2012, com a necessária construção de infra-estruturas, poderá reforçar a presença de empresas portuguesas no mercado.

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MERCADO

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Com mais de 38 milhões de habitan-tes, a Polónia está situada numa zona estratégica, com fronteira com um dos maiores mercados consumidores da Europa – a Alemanha – e com outro mercado de grande população (46 mi-lhões de habitantes) e que apresenta potencialidades futuras – a Ucrânia. Não muito longe, encontra-se o mer-cado da Rússia com os seus 140,7 mi-lhões de habitantes.

A Polónia cresceu à taxa de 6,2 por cento em 2006 e de 6,5 por cento em 2007, prevendo-se para este ano um crescimento económico de 5,5 por cen-to. A inflação tem apresentado índices elevados (segundo o Banco Nacional da Polónia, em Agosto de 2008 a taxa de inflação atingiu os 5,1 por cento), ape-sar das medidas tomadas pelo governo polaco, que incluíram, nomeadamente, uma valorização da moeda polaca e o aumento das taxas de juro.

No entanto, a pressão salarial tem vin-do a aumentar (segundo o Eurostat, no 1º trimestre de 2008, os custos da mão-de-obra aumentaram cerca de 13,8 por cento relativamente ao mesmo período de 2007), devido, em grande parte, ao aumento da oferta de emprego e à emigração dos pola-cos. O aumento da oferta de emprego, sobretudo especializado, deve-se ao forte crescimento do investimento es-trangeiro na Polónia e ao aumento do investimento autóctone (o investimen-to na Polónia cresceu cerca de 18 por cento nos dois primeiros trimestres de 2008 face ao mesmo período de 2007, ao mesmo tempo que a emigração disparou: em 2007 havia 2,2 milhões de polacos a trabalhar no estrangeiro, sobretudo na Inglaterra e na Holanda, contra 320 mil em 2006). A taxa de desemprego, que era de 20 por cento em 2002, foi de apenas 9,6 por cento no final de 2007 e de 7,1 por cento no final do 2º trimestre de 2008, tendo tendência para se reduzir ainda mais.

Apesar da valorização do zloty, as ex-portações têm crescido a uma taxa elevada (16,1 por cento nos primeiros seis meses de 2008 face a igual período de 2007), embora a um ritmo inferior ao das importações (20,2 por cento no

mesmo período de tempo). A balança comercial polaca é deficitária e tem vin-do a agravar-se.

O governo polaco anunciou, entretanto, que a Polónia entrará no ERM2 (Exchange Rate Mechanism ou Mecanismo de Taxas de Câmbio) da UE em 2009, cumprindo já muitos dos critérios estabelecidos pelo Tratado de Maastrich, o que faz prever que, em 2011/2012, o país possa entrar definitivamente na zona Euro.

Entre 2004 e 2007, o Investimento Di-recto Estrangeiro na Polónia totalizou 47 mil milhões de euros; só em 2006 e 2007, este valor atingiu os 28,7 mil milhões de euros. Entre os sectores que maiores investimentos atraíram para a Polónia contam-se o automóvel (entre Janeiro e Junho de 2008 a produção de automóveis na Polónia cresceu 33,8 por cento) e a indústria electrónica.

Ainda de referir que a Polónia é, entre os países da Europa Central que entra-ram recentemente na União Europeia,

aquele que irá receber mais verbas da Comunidade. Entre 2004 e 2006, a Po-lónia recebeu 8,6 mil milhões de euros de fundos europeus; em 2007, 7,3 mil milhões de euros e, nos primeiros oito meses deste ano, cerca de 6,4 mil mi-lhões de euros. Entre 2007 e 2013 a Polónia receberá da UE fundos para o Programa Operacional de Infra-Estrutu-ras e Ambiente no valor de 36 mil mi-lhões de euros.

Europeu aumenta oportunidadesApesar dos bons índices económicos, a Polónia apresenta algumas fragilida-des que importa referir. Debate-se, em primeiro lugar, com uma falta de infra-estruturas rodoviárias e de transporte aéreo e os caminhos-de-ferro têm de ser modernizados. Por outro lado, em termos energéticos, o país depende fortemente do carvão, produto extre-mamente poluente e que, de acordo com as novas regras da União Europeia, penalizará fortemente a Polónia. Ape-

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MERCADO

// Outubro 08 // Portugalglobal30

sar do recurso à energia eólica não ser uma das prioridades do governo pola-co, nos primeiros seis meses de 2008 e comparativamente ao mesmo período de 2007, a produção de energia eólica na Polónia situava-se no 5º lugar no ranking mundial de crescimento desta área depois da Turquia, China, Repú-blica Checa e Nova Zelândia, sendo o 24º entre 74 países na utilização da energia eólica.

A Polónia, conjuntamente com a Ucrâ-nia, será co-organizadora do campeo-nato europeu de futebol em 2012, o que irá antecipar a conclusão para essa data de muitos dos projectos previstos para o período de 2007-2017. Entre es-ses projectos encontram-se a constru-ção de quatro a seis novos estádios de futebol, a construção de novas auto-es-tradas e reparação das poucas existen-tes, a modernização dos caminhos-de-ferro, a modernização dos aeroportos existentes e construção de outros no-vos, a construção de novas estruturas hoteleiras, entre outros. Estes projectos representam novas oportunidades para

“Apesar dos bons índices económicos, a Polónia debate-se com uma falta de infra-estruturas rodoviárias e de transporte aéreo e os caminhos-de-ferro têm de ser modernizados.”

as empresas portuguesas que queiram investir no mercado.

Também na construção de residências existe um défice considerável entre a procura e a oferta, o que tem provoca-do alguma especulação no imobiliário.

maior poder de compra, o que se traduz numa procura crescente de produtos de média e alta qualidade, nomeadamente no sector das confecções e do calçado. O aumento do turismo polaco para o estrangeiro, sobretudo para os países mediterrânicos, tem originado uma pro-cura crescente de produtos dessa zona, nomeadamente o vinho, o azeite e as azeitonas, sendo estes dois últimos con-siderados mais saudáveis do que os pro-dutos tradicionais.

A modernização da economia polaca, e especialmente do seu sector indus-trial, torna-a uma economia vocacio-nada para a captação investimentos do sector de novas tecnologias com vista a aumentar a eficiência e a automatiza-ção das unidades industriais. O grande salto que se prevê no desenvolvimen-to da investigação científica será feito através da cooperação com outros paí-ses. Portugal, que neste momento já possui numerosas empresas ligadas às novas tecnologias, poderá aproveitar algumas das oportunidades que ve-nham a surgir neste domínio.

Mas esta necessidade de responder à procura leva a um crescimento das aquisições de materiais de construção, sector no qual Portugal tem algumas vantagens comparativas.

Por outro lado, o crescimento acentua-do dos salários está a levar à criação duma classe média mais abastada e com

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MERCADO

Portugalglobal // Outubro 08 // 31

Pontos fortes Pontos fracos

• Qualidade e capacidade da oferta portuguesa;

• Experiência internacional de algumas empresas portuguesas;

• Diferenciação e versatilidade da ofer-ta portuguesa.

• Inexistência duma sólida imagem da oferta portuguesa;

• Distância geográfica;• Língua;• Tímida abordagem do mercado por

parte das empresas portuguesas;• Fraca visibilidade de alguns produtos

portugueses;• Reduzida aposta promocional e pouca

persistência das empresas nacionais;• Dimensão e capacidade financeira

das empresas portuguesas;• Mercado pouco conhecido e pouco

explorado pela grande maioria das empresas portuguesas.

Oportunidades Ameaças

• Enorme fluxo de fundos estruturais da UE para infra-estruturas;

• Existência de algumas empresas locais interessadas no estabelecimento de parcerias com empresas estrangeiras;

• Dimensão e dinâmica do mercado;• Plataforma de exportação para alguns

países vizinhos (Ucrânia, Países Bálti-cos, Rússia);

• Fim de barreiras alfandegárias e dos contingentes pré-estabelecidos na se-quência da adesão da Polónia à UE;

• Melhoria esperada dos níveis de vida e do poder de compra da população polaca;

• Perspectivas de negócios no âmbito da modernização e reestruturação industrial em curso, alavancada pela existência de fundos estruturais para esse efeito;

• Qualificação e custos dos Recursos Humanos.

• Mercado de grande dimensão e em rápido crescimento com uma forte presença dos principais players inter-nacionais (com grande capacidade financeira e de marketing) e de em-presas locais com grandes valências e capacidades mundiais;

• Agressividade e regularidade de cam-panhas locais dos principais bens de consumo;

• Competitividade da oferta polaca ao nível de alguns factores de produção (sobretudo ao nível da mão-de-obra);

• Aumento da qualidade dos produtos de origem asiática.

ANÁLISE SWOT DO MERCADO

aicep Portugal Global Varsóvia

Biuro Radcy Handlowego Ambasady Portugalii

ul. Francuska 37 03-905 WARSZAWA - POLANDTel.:+48-22-617 6460 / 4340 / 5596Fax: +48-22-617 4477 / 2399 [email protected]

O aparecimento de numerosas unida-des industriais, fruto do investimento estrangeiro, vai levar à criação de ou-tras indústrias a jusante, fornecedoras de bens e serviços a essas empresas.

Será ainda de sublinhar que, além da modernização industrial, é necessário também modernizar o sector adminis-trativo, que poderá recorrer ao bench-marking de outros países e à utilização de tecnologias de informação com vis-ta a implementar o e-government e os processos burocráticos da administra-ção pública.

“Empurrão” presidencialNa sua recente visita oficial à Polónia, o Presidente da República Cavaco Silva fez-se acompanhar de uma vasta comi-tiva empresarial, dando, desta forma, um importante contributo para o es-tabelecimento de contactos empresa-riais entre ambos os lados, num claro apoio à internacionalização das empre-sas portuguesas. Os resultados foram positivos, com muitas das empresas presentes a conseguirem ultimar con-tratos para a sua entrada ou expansão de presença no mercado polaco. Para outras, a missão serviu sobretudo para

uma prospecção de mercado tendo em vista investimentos ou acordos de coo-peração com empresas polacas para o futuro. Este último objectivo abrangeu um número significativo de empresas, o que se evidencia nas numerosas visitas programadas por essas mesmas empre-sas ao mercado polaco a curto prazo.

No âmbito desta visita oficial foi alcan-çado um outro objectivo na área econó-mica: mostrar aos polacos que Portugal é também um país de Novas Tecnolo-gias. A realização da exposição “e-Por-tugal, Global Technology”, em Varsó-via, com uma mostra de produtos de duas dezenas de empresas portuguesas do sector, foi um dos pontos altos da visita e dela resultou o estabelecimento de numerosos contactos que já estão programados para o curto prazo. Ape-sar de a cooperação entre as empresas portuguesas e polacas na área das TIC ser ainda incipiente, com esta exposição os polacos puderam verificar que Portu-gal não está circunscrito ao quadrilátero lusitano e já se encontra em plena fase de expansão na Europa, América, Ásia ou África, com reconhecimento interna-cional por parte dos principais players a nível mundial. Precisamente, a Polónia é um país com grandes ambições no do-mínio do desenvolvimento económico e nomeadamente no domínio das novas tecnologias.

Todas as grandes empresas portugue-sas já instaladas na Polónia têm pla-nos para aumentarem a sua quota no mercado polaco e a Polónia passou a apresentar um core business na acti-vidade global destas empresas. Mais do que isso, algumas dessas empresas tencionam alargar a sua actividade a outros países da região a partir da Po-lónia e/ou da experiência que adquiri-ram na Polónia.

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MERCADO

// Outubro 08 // Portugalglobal32

Resultado de diversas pontes de enten-dimento, a nível político, comercial e cultural que, entretanto, fomos cons-truindo, as relações entre Portugal e a Polónia estão fortes, demonstrando que apesar de estarmos geografica-mente separados, os nossos países não estão distantes.

No seio da União Europeia, partilhamos os valores universais da democracia e dos direitos humanos e estamos activamente envolvidos na construção de um espaço europeu cada vez mais solidário, unido e culturalmente diversificado.

Portugal, reconhecendo a importância geográfica e económica da Polónia no quadrante Este da Europa, desde cedo se colocou estrategicamente no mer-cado polaco, estabelecendo uma rede

MERCADO DE OPORTUNIDADES NUM MOMENTO DE CRISE MUNDIAL>POR JOSÉ SEQUEIRA E SERPA, EMBAIXADOR DE PORTUGAL NA POLÓNIA

ampla de investimentos e serviços, que faz da Polónia, actualmente, um dos principais destinos dos investimentos portugueses a nível mundial.

A Polónia, cuja solidez económica tem contribuído para que os efeitos da crise que actualmente atravessam os merca-dos financeiros internacionais pouco se façam sentir, é hoje um país com po-tencialidades enormes para as empresas portuguesas. As perspectivas para a eco-nomia polaca apresentam-se optimistas, estando abertas perspectivas de integra-ção, em 2011, na Zona Euro, conforme objectivo traçado pelo governo polaco.

O enorme apoio comunitário que a Poló-nia tem recebido augura a possibilidade deste país rapidamente se aproximar dos níveis médios da União Europeia e de se

modernizar de forma acelerada. Os níveis de captação do Investimento Estrangeiro são algo de invejar e os efeitos far-se-ão sentir a médio e longo prazo.

Geograficamente, situando-se numa zona estratégica da Europa do Norte, a Polónia procura tirar proveito dessa situação desenvolvendo relações cada vez mais estreitas com os Países Bálti-cos e com a Ucrânia, sendo uma pla-taforma importante no relacionamento da Europa com o Leste.

Na área do turismo, a população po-laca viaja cada vez mais e é atraída por condições que não existem no seu país, sobretudo pelo clima ameno dos países Mediterrânicos ou Oceânicos, como é o caso de Portugal. A atracção natural pelo turismo religioso é uma realidade, não fosse a Polónia a pátria de João Paulo II!

A visita do Presidente da República Por-tuguesa, que teve lugar em Setembro deste ano, foi, nesta conformidade, uma excelente oportunidade para um melhor conhecimento mútuo e traduz também o reconhecimento por Portu-gal da importância da Polónia como um parceiro em diversos assuntos de interesse europeu e global, como as ameaças ambientais, a luta contra o terrorismo e a erradicação da pobreza. É um estímulo para que, em conjun-to, aceitemos os grandes desafios na construção de novas relações no seio de uma Europa unida e forte. E por último, mas não menos importante, é a afirmação da crença de Portugal na importância do diálogo para intensifi-car as relações económicas e culturais e impulsionar a cooperação estreita entre os nossos dois países.

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MERCADO

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EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL

(103 EUR) 2003 2004 2005 2006 2007 Var.a 2007

Jan/Jun2008

Jan/JunVar.b

Expedições 149.091 137.684 178.252 231.017 266.029 16,6% 126.971 161.698 27,4%

Chegadas 318.955 361.265 247.827 320.283 243.773 -3,2% 113.279 140.928 24,4%

Saldo -169.864 -223.581 -69.576 -89.265 22.256 - 13.692 20.770 -

Coef. Cobertura (%) 46,7 38,1 71,9 72,1 109,1 - 112,1 114,7 -

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2003-2007; (b) Taxa de crescimento homóloga Valores declarados.

Pela primeira vez, em 2007, o saldo da balança comercial luso-polaca foi favo-rável a Portugal, resultando da combi-nação de uma queda brusca das im-portações (menos 23,9 por cento face a 2006) portuguesas da Polónia e de um ligeiro aumento das nossas expor-tações (mais 15,2 por cento).

De acordo com os dados do Instituto Na-cional de Estatística, a Polónia foi, nesse ano, o 16º cliente de Portugal, com uma quota de 0,71 por cento do total expor-tado, e o 33º fornecedor, com uma quo-ta de 0,43 por cento do total das impor-tações, assistindo-se, nos últimos cinco anos, a um reforço da Polónia como nos-so cliente e a uma perda de importância como nosso fornecedor.

Sublinhe-se que, no período de 2003-2007, as expedições portuguesas para a Polónia registaram uma taxa de crescimento médio anual de 16,6 por cento, enquanto as chegadas tiveram uma evolução negativa (menos 3,2 por cento ao ano), do que resultou uma melhoria muito favorável da taxa de

cobertura das chegadas pelas expedi-ções de 46,7 por cento em 2003, para 109,1 por cento em 2007.

No primeiro semestre de 2008, relativa-mente ao período homólogo de 2007, verifica-se que as exportações portu-guesas para a Polónia registaram um crescimento de 27,4 por cento, enquan-to as compras de Portugal àquele país aumentaram 24,4 por cento.

Verifica-se ainda um interesse cres-cente das empresas portuguesas pelo mercado polaco, reflectido também no aumento do número de empresas ex-pedidoras de 438 em 2000, para 546 em 2006.

Relativamente à estrutura das expedi-ções portuguesas para a Polónia, em 2007, os quatro grupos de produtos mais representativos – máquinas e aparelhos (34,16 por cento), veículos e outro material de transporte (13,95 por cento), plásticos e borracha (10,66 por cento) e matérias têxteis (10,63 por cento) – foram responsáveis por

69,4 por cento do total exportado para aquele mercado. Dos restantes grupos de produtos, destacam-se a madeira e cortiça, os metais comuns, os produtos químicos, agrícolas, alimentares e mi-nerais e minérios.

No que respeita às importações do mer-cado polaco, verifica-se uma forte con-centração nas máquinas e aparelhos, embora essa concentração tenha vindo a diluir-se no tempo, tendo passado de 80,6 por cento em 2003, para 48,7 por cento em 2007 do valor global das chegadas. Dos restantes grupos de pro-dutos, destacam-se ainda os veículos e outro material de transporte (10,9 por cento), os metais comuns (8,8 por cento) e os produtos químicos (8,6 por cento).

Investimento português na PolóniaSegundo o Banco de Portugal, o inves-timento directo da Polónia em Portugal tem sido pouco expressivo, mas a Poló-nia tem um papel relevante enquanto destino do investimento directo portu-

RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL-POLÓNIA

O peso da Polónia no comércio externo português tem vindo a aumentar, registando, em 2007, um saldo positivo da balança comercial. No investimento, o mercado polaco é o 9º destino dos investimentos das empresas portuguesas. No turismo, ao nível dos países da Europa Central e Oriental, a Polónia é já o principal emissor de turistas para Portugal, embora com fluxos ainda reduzidos. Aumentou também o número de empresas exportadoras e investidoras no mercado polaco.

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MERCADO

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guês no exterior (IDPE). Segundo o Ban-co de Portugal, as empresas portugue-sas investiram 376,3 milhões de euros na Polónia em 2006 e 240 milhões de euros em 2007, sendo que estes dados diferem dos do Banco Nacional polaco que aponta para um investimento por-tuguês de 466,7 milhões de euros no ano passado.

Contrariamente à evolução sempre positiva verificada no período de 2003-2006, em 2007 o IDP na Polónia sofreu um retrocesso relativamente ao ano anterior, tanto em termos absolutos (caiu 118,9 milhões de euros), como em termos de ranking” (passou do 6º para o 9º lugar).

Actualmente, há 87 empresas polacas com capitais portugueses (em Abril de 2004 existiam apenas 24 empresas) e, segundo um inquérito levado a efei-to pelo Centro de Negócios da AICEP em Varsóvia, no âmbito do Barómetro do Investimento Português na Polónia, este grupo de empresas manifesta uma grande satisfação pela escolha deste país

INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL NA POLÓNIA

(103 EUR) 2003 2004 2005 2006 2007

Investimento bruto 5.942 30.329 118.295 388.342 269.536

Desinvestimento 9.859 7.441 11.087 12.016 29.950

Investimento líquido -3.917 22.888 107.208 376.326 239.586

Fonte: Banco de PortugalNota: Informação disponibilizada em Março de 2008

para a realização dos seus investimentos e um elevado grau de optimismo quanto ao desenvolvimento do mercado polaco, no curto e médio prazos.

Do inquérito realizado resulta que 51,6 por cento do investimento português na Polónia teve lugar em 2005 ou em anos posteriores (só 29 por cento é anterior a 2001), com incidência nas áreas comer-cial e de prestação de serviços (embora com relativa dispersão em termos de sector de actividade). Trata-se principal-mente de investimentos de raiz (green-field) – 74,2 por cento –, tendo, em 64,5 por cento dos casos, sido constituí-das sociedades por quotas (Sp. Z o.o), a maioria das quais com 100 por cento de capital português, representando as sociedades anónimas (S.A.) apenas 22,6 por cento do total e as outras formas jurídicas 12,9 por cento.

Na maioria das empresas verifica-se igualmente a presença dominante de administradores de origem portugue-sa e assiste-se a uma heterogeneidade na dimensão das empresas, embora

tenham particular relevo as empresas com menos de dez trabalhadores (61,3 por cento), enquanto as empresas com mais de 250 trabalhadores represen-tam 12,9 por cento do total. A maio-ria das empresas tem a sua sede social no Centro e Sul da Polónia e vendem sobretudo para o mercado interno po-laco (23,8 por cento das empresas já vendem/prestam serviços em países da Europa Central e Oriental).

A grande maioria (83,9 por cento) das empresas portuguesas na Polónia é de natureza comercial/prestação de ser-viços, enquanto 16,1 por cento são empresas de matriz industrial. Do total de empresas, cerca de um quarto inves-tiu no sector da construção, 16,1 por cento na consultoria e outros serviços e 12,9 por cento na alimentação/bebi-das e nos têxteis e confecções. Existem também investimentos nos sectores bancário e segurador, químico e far-macêutico, metalúrgico e metalome-cânico, transportes e armazenagem e ambiente e energias renováveis.

TurismoEmbora ainda modesto em termos de emissão de turistas, o mercado polaco afigura-se promissor para Portugal. No período de 2003-2007, o número de hóspedes polacos cresceu 228,9 por cento, o número de dormidas aumen-tou 168,6 por cento e o valor global das receitas cresceu 271,8 por cento. É de realçar que, apesar da estadia mé-dia do turista polaco em Portugal ter caído de 4,3 dias em 2003, para 3,5 dias em 2007, as receitas registaram a maior taxa de crescimento, reflectindo provavelmente o aumento do poder de compra do cidadão polaco.

Ao nível dos países da Europa Central e Oriental, a Polónia é actualmente o prin-cipal mercado em termos de dormidas, tendo mesmo ultrapassado a Rússia.

As principais motivações do turista po-laco quando se desloca a Portugal são o Touring, o Turismo Religioso, o Sol e Mar e os MICE (Meetings, Incentives, Conventions and Exhibitions). Refira-se que a Polónia tem ligações directas aé-reas com Portugal através da companhia low-cost Centralwing (ligada à LOT).

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MERCADO

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O grupo Jerónimo Martins, detentor de importantes posições na distribuição e in-dústria em Portugal, onde se inclui a rede de supermercados Pingo Doce, iniciou a sua estratégia de internacionalização na Polónia, em meados dos anos 90. Na ori-gem desta decisão esteve a falta de pers-pectivas de evolução do grupo no merca-do interno, por ser demasiado pequeno, tendo a Polónia sido escolhida como mer-cado de aposta pela sua dimensão (mais de 38 milhões de habitantes) e enorme potencial de crescimento. Inicialmente, a operação neste mercado tinha três forma-tos distintos: cash & carry, com a insígnia Eurochash, os hipermercados Jumbo e as lojas discount com a marca Biedronka (cuja tradução é joaninha, o insecto).

Após uma primeira fase de crescimento acelerado, que passou pelo lançamento da primeira gama de produtos exclusivos e pela mudança de imagem, concretiza-da já no início deste século, dá-se a reor-ganização da Biedronka, que aposta no posicionamento de loja alimentar com uma estratégia constante de preços bai-xos e produtos de qualidade, e de proxi-midade ao cliente, merecendo a adesão dos consumidores polacos.

A estratégia da Jerónimo Martins na Poló-nia sofre alterações a partir de 2003, com a concentração do grupo na expansão da cadeia de lojas Biedronka e a aliena-ção do Eurocash. Em Setembro de 2004 é inaugurada a 700ª loja da Biedronka, considerada uma data que simboliza o sucesso do grupo português num merca-do tão competitivo como a Polónia.

GRUPO JERÓNIMO MARTINSO SUCESSO DA “OPERAÇÃO JOANINHA”

Com mais de 1.300 lojas na Polónia, a Biedronka, do grupo Jerónimo Martins, é líder absoluto na área da distribuição e a maior cadeia de retalho alimentar no mercado polaco, confirmando o êxito de uma estratégia de internacionalização iniciada nos anos 90. No primeiro semestre deste ano, a Biedronka já representava mais de metade (51 por cento) do volume de negócios da Jerónimo Martins. A prioridade é continuar a crescer.

Continuar a crescerOs anos mais recentes ficam marcados por um forte crescimento da Biedronka, quer em termos de resultados, número de lojas e centros de distribuição, quer pelo reconhecimento da marca por parte dos consumidores polacos. Em 2005, as lojas Biedronka registaram mais de 360 milhões de visitas, o equi-valente a mais de um milhão de clien-tes por dia. Dois anos mais tarde, dá-se a abertura da milésima loja Biedronka e inicia-se o processo de aquisição da cadeia Plus, uma operação que acaba de ser autorizada pela Autoridade da Concorrência polaca.

Actualmente a Biedronka tem mais de 1.300 lojas em cerca de 500 cidades

polacas e sete centros de distribuição, empregando cerca de 25 mil colabo-radores. As grandes prioridades para o futuro passam pelo aumento das ven-das e da liderança de preço. Além da conclusão da integração das lojas da cadeia Plus, prevê-se a abertura de um total de cerca de 100 lojas Biedronka em 2008, o que permitirá um acentua-do crescimento das vendas, no parque de lojas comparável (like-for-like) este ano, próximo de 20 por cento, revelou fonte da empresa.

No âmbito do seu plano de expansão, a Jerónimo Martins investiu 468,5 mi-lhões de euros em 2007, dos quais 57,3 por cento em Portugal e o res-tante na Polónia. O impacto deste

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MERCADO

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investimento nos negócios do grupo é “extremamente positivo”, segundo a mesma fonte, sendo a Biedronka, conjuntamente com o Pingo Doce, o grande motor de crescimento da Je-rónimo Martins. No final do primeiro semestre de 2008, a Biedronka repre-sentava mais de metade (51 por cen-to) do volume de negócios do grupo,

A ColepCCL, empresa do Grupo RAR, nasceu da fusão, em 2004, entre a Co-lep (produtora de embalagens – metá-licas e plásticas – e Contract Manufac-turing) – e as operações europeias de Custom Manufacturing da canadiana CCL Industries. Com esta fusão o gru-po passou a ter cobertura pan-europeia com unidades produtivas na Alemanha,

COLEPFUSÃO EM MERCADO ESTRATÉGICO

No segmento das embalagens metálicas, a ColepCCL é um dos mais importantes fornecedores europeus de embalagens aerossol. As unidades instaladas em Portugal e na Polónia permitem-lhe uma actividade à escala europeia.

Espanha, Polónia, Portugal e Reino Uni-do. Esta união deu origem à mais impor-tante empresa europeia de outsourcing de produtos de cosmética, de farmacêu-tica de venda livre e de higiene pessoal e do lar, com forte presença nos mercados de embalagens metálicas e plásticas, lo-calizada na cidade polaca de Lodz.

Mas antes ainda da fusão, já a Colep portuguesa investia na Polónia. Foram 15 milhões de euros na construção de uma fábrica que começou a laborar em 2002. O objectivo era ter uma presença marcante na Europa Central e dar um passo de gigante rumo ao grande objec-tivo: ser um grande fornecedor de bens de consumo para as grandes multina-cionais e criar um cluster de empresas especializadas em produtos de cuidados de higiene pessoal e para o lar. Em 2007 o volume de vendas da unidade polaca atingiu os 51 milhões de euros, 97 por cento dos quais correspondem a vendas fora da Polónia.

Para se impor cada vez mais como um grande player europeu do sector e para apoiar cada vez mais os novos clientes no centro da Europa, a ColepCCL cons-truiu no mercado polaco uma nova unidade de embalagens de aerossol. Começou a funcionar no princípio de

2008, paredes-meias com as operações de enchimento ali realizadas, e da sua produção vai resultar, segundo fonte da empresa, um significativo aumento das vendas de embalagens de aerossol.

Esta nova fábrica tem ainda uma outra vantagem. No futuro, as embalagens de aerossol em folha-de-flandres, enchidas no local, serão fornecidas pela produ-ção da nova unidade e não importadas, como acontece até agora. O investimen-to total acumulado até à data ronda os 33,5 milhões de euros para dotar a em-presa nas duas vertentes siamesas: o en-chimento e a produção de embalagens em folha-de-flandres.

A estratégia do grupo funciona em perfeita sintonia. Aliás, como as gran-des multinacionais que compram os produtos da ColepCCL, que abordam os clientes com uma política global de compras e relacionamento uniformes.

Jeronimo Martins Dystrybucja S.A.ul. Postepu 17D02-676 WarszawaPolóniatel. +48 22 351 30 [email protected]

www.biedronka.pl

cifrado em 1.618 milhões de euros. O desempenho da Biedronka nos últimos anos vem confirmar o sucesso desta aposta e da estratégia implementada pelo grupo na Polónia: a taxa de cresci-mento das vendas e do cash-flow ope-racional, de 2006 para 2007, foram de 39,5 por cento e 55,9 por cento, respectivamente.

ColepCCL PortugalLordelo – Vila ChãApartado 143731-955 Vale de CambraTel: +351 256 420 [email protected]

www.colepccl.com

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MERCADO

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FICHA DE MERCADO

Varsóvia

Área: 312.679 Km2

População: 38,1 milhões de habitantes (2007)

Densidade populacional: 122 Hab./km2 (2007)

Designação oficial: República da Polónia

Forma de Estado: República Parlamentar

Chefe do Estado: Lech Kaczyński (eleito em Outubro de 2005)

Chefe do Governo: Donald Tusk

Data da actual constituição: Aprovada pela Assembleia Nacional em 2 de Abril de 1997 e referendada em 25 de Maio do mesmo ano. Entrou em vigor em 17 de Outubro de 1997.

Principais partidos políticos: Plataforma Cívica (PO, movimento de centro-direita); Lei e Justiça (PiS, grupo de direita conservadora); Partido dos Camponeses Polaco (PSL, grupo de centro-esquerda); Aliança ”Esquerda e Democratas” (LiD, grupo de centro-esquerda); União do Trabalho (UP). As últimas eleições parlamentares foram em Outubro de 2007 e as próximas estão previstas para Outubro de 2011. As últimas eleições presidenciais foram em Outubro de 2005 e as próximas deverão ser em Outubro em 2010.

Capital: Varsóvia, com 1.702 mil habitantes (dados de 2006).

Outras cidades importantes: Łódź, Kraków, Wrocław, Poznań, Gdańsk, Szczecin.

Religião: A maioria da população é cristã, com mais de 95% de católicos.

Língua: Polaco.

Unidade monetária: Zloty (Zl) 1 EUR = 3,78 Zl (câmbio médio - 2007)

Ranking de negócios: Risco político – BBB (AAA = risco menor; D = risco maior) Risco de estrutura económica – BBB Ranking em negócios – índice 7,13 (10 = máximo) Ranking geral –35 (entre 82 países)

Risco de crédito: 2 (1 = risco menor; 7 = risco maior) Aberta sem condições restritivas. Garantia bancária (decisão casuística) (COSEC – Julho 2008)

Grau da abertura e dimensão relativa do mercado: Exp.+ Imp. / PIB = 72,3% (2007) Imp. / PIB = 38,0% (2007) Imp. / Imp. Mundial = 1,0% (2006)

Fontes: The Europa World Yearbook 2005 The Economist Intelligence Unit (EIU) - Country Report EIU – Country Profile EIU Viewswire Banco de Portugal COSEC

POLÓNIA

Cooperação AICEP – Bank Millennium

A aicep Portugal Global, a aicep Capital Global e o Bank Millennium da Polónia celebraram um protocolo de colaboração para a realização de acções complementares nas áreas da informação e financeira. Este acordo, firmado por ocasião da visita oficial do Presidente da República à Polónia, em Setembro, visa apoiar a internacionalização das empresas portuguesas naquele mercado, cujos crescimento, dimensão e competitividade apresentam interessantes oportunidades de negócio, nomeadamente em sectores onde Portugal possui uma oferta de qualidade.

O protocolo estabelece, designadamente, a troca sistemática e regular de informação para divulgação junto das empresas potencialmente interessadas no mercado polaco e nos mercados vizinhos, bem como a realização conjunta de acções de sensibilização, formação e promoção nesse sentido.

Na área financeira, está prevista a possibilidade de concessão de financiamentos reembolsáveis de médio e longo prazos, até ao limite máximo de 80 por cento do valor total do investimento, bem como a abertura de linhas de crédito para suprir necessidades de curto prazo. A participação de capitais próprios poderá, segundo o documento, ser parcialmente feita sob a forma de capital de risco, embora em termos minoritários.

No âmbito deste protocolo, são elegíveis projectos que contribuam para o processo de internacionalização das empresas portuguesas, para investimentos no valor mínimo de um milhão de euros, cabendo ao Bank Millennium a análise e decisão dos respectivos financiamentos.

O Bank Millennium, maioritariamente detido pelo Banco Comercial Português, é um dos principais bancos na Polónia, com presença relevante nos segmentos de retalho e empresas, área onde pretende reforçar a sua posição no mercado, particularmente junto de empresas com uma facturação anual até 50 milhões de euros.

Principais empresas portuguesas na Polónia:

• Grupo Jerónimo Martins • Millenium Bank • COLEP

• MOTA ENGIL • EDP

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OPINIÃO

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O XVII Congresso da OE, realizado em Braga, de 1 a 3 de Outubro de 2008, teve como tema central a Internaciona-lização da Engenharia Portuguesa, um tema relevante e actual na sociedade portuguesa, onde existe evidência de participação e contributo valioso da En-genharia e dos Engenheiros para o de-senvolvimento da economia nacional.

A actual crise dos mercados financei-ros e a crescente competitividade entre empresas, países e continentes vieram acentuar a necessidade de produzir

bens e serviços destinados à exportação e de maior valor acrescentado. Aos en-genheiros cabe o importante papel de transformar conhecimento em produ-tos, desenvolver a inovação e optimizar os processos produtivos para tornar a produção mais competitiva nos merca-dos globais. Por isso, a engenharia e os engenheiros devem ser considerados como recursos estratégicos do nosso país, sendo importante recordar o que, parecendo óbvio, tem sido muito es-quecido nas últimas décadas, mas que tem a sua origem muitos séculos atrás.

A Revolução Industrial iniciada no sé-culo XIX veio alterar profundamente o modelo de desenvolvimento dos países que optaram pela industrialização, o que acentuou as diferenças entre o cresci-mento económico e social desses países, que assumiram profundas transforma-ções, e os restantes. Para essa revolu-ção começaram por ser indispensáveis a energia, as matérias-primas, a ciência, já em desenvolvimento desde o século XV, e a capacidade da engenharia para transformar conhecimento em produtos e serviços. A última metade do século

XVII Congresso da Ordem dos EngenheirosA Internacionalização da Engenharia Portuguesa>POR FERNANDO SANTO, BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ENGENHEIROS

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OPINIÃO

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XIX foi notável pela inovação, pela capa-cidade de concretização dos projectos e pelos desafios e oportunidades dados à ciência e aos engenheiros, e que permi-tiram ir cada vez mais longe.

Após a Segunda Guerra Mundial ini-ciou-se a produção em massa de todo o tipo de produtos, com características cada vez mais diferenciadas, o Homem chegou à Lua, e acentuaram-se os mer-cados organizados segundo os princí-pios da livre concorrência. Com a queda do muro de Berlim, em 1989, e, posteriormente, com a im-plementação das redes de Internet, em 1995, iniciou-se um processo de globalização e de aproximação dos pa-íses, das culturas e das pessoas, para o qual foi determinante o rápido desen-volvimento das novas tecnologias. Este processo, que conduziu à abertura de fronteiras, à liberalização dos mercados e a uma crescente circulação de capi-tais, pessoas e bens, alterou significa-tivamente a anterior ordem mundial e fez emergir a economia de países que aproveitaram as mudanças, com parti-cular destaque para os países asiáticos e para os produtores de petróleo, gás natural e de minérios, mas também a economia do conhecimento.

Apesar das dificuldades e das críticas so-bre os erros cometidos, há que reconhe-cer que Portugal, desde a adesão à CEE, em 1986, tem vindo a alterar progres-sivamente os paradigmas de desenvolvi-mento económico e o peso relativo dos diversos sectores que contribuem para a riqueza nacional. Passámos de uma eco-nomia condicionada e protegida para uma economia aberta, com o incremen-to do sector terciário, e com claros sinais de abandono da tradicional produção baseada em baixos salários e com fraca incorporação na cadeia de valor.

Depois de um tímido arranque no início da década de 90, a internacionalização das empresas portuguesas tem-se gra-dualmente feito sentir em diversos sec-tores e em novos mercados. Os estudos divulgados demonstram uma crescente valorização das actividades dependen-tes da engenharia, sendo de realçar al-guns indicadores:

• Em 2007, o principal sector exporta-dor – Máquinas e aparelhos, princi-palmente material eléctrico –, repre-sentou 19,8 por cento das nossas exportações, seguindo-se os Veículos e outro material de transporte, com 12,8 por cento, o que, no conjunto, cobrem mais de 30 por cento das nossas exportações;

• Ao nível da prestação de serviços importa assinalar o crescimento das exportações de estudos e projectos de engenharia e consultoria que du-plicou entre 2002 e 2007;

• O sector da construção registou um forte crescimento da internaciona-lização das empresas, que utilizam como vantagem competitiva a enge-nharia portuguesa;

• Nas transacções de base tecnológica também se registou um forte cresci-mento. Enquanto em 2000, por cada euro exportado, Portugal tinha que importar 2,3 euros, em 2007 o saldo foi pela primeira vez positivo, e por cada euro exportado apenas impor-támos 0,90 por cento. Entre 2000 e 2006 a criação de empresas de base tecnológica cresceu 60 por cento.

No Congresso testemunharam-se ex-periências de internacionalização de sectores diversificados que contam com empresas dinâmicas, situadas na primei-ra linha da conquista de novos mercados e que têm por base a engenharia e os engenheiros. Identificaram-se os facto-

res críticos de sucesso, as variáveis mais significativas em cada um dos mercados e apontaram-se as orientações e os ca-minhos futuros para a continuidade e reforço do sucesso até agora alcançado.

Foram identificados os mercados mais promissores e os sectores económicos de maior potencial de crescimento, designadamente na Europa, na África lusófona, no arco Mediterrânico e na comunidade Latino-americana. A forte dependência das nossas exportações dos mercados da UE, cerca de 75 por cento, aconselha a internacionalização para outros mercados com taxas de crescimento mais significativas.

Para além das actividades económicas, foram abordadas outras facetas da en-genharia em missões militares de ma-nutenção e de restauração da paz e em acções de apoio humanitário a popula-ções. Neste contexto, a Ordem dos En-genheiros está a dar apoio à constitui-ção de uma associação autónoma de engenharia para o desenvolvimento e assistência humanitária. Esta será uma outra vertente da internacionalização da Engenharia, fundamental para a cobertura e satisfação de expectativas de índole pessoal que são hoje impor-tantes para confirmar que, no mundo globalizado, ninguém deve ser excluí-do ou abandonado em razão da geo-grafia, das condições naturais ou das agressões humanas.

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PARA ALÉM DOS NEGÓCIOS

Cidade referência da cultura, de museus, artistas, da alta cozinha, do glamour e do romantismo, Paris é certamente uma das mais belas cidades do mundo e uma experiência intemporal. A capital france-sa permanece grandiosa, pelos seus mo-numentos, avenidas, boutiques, bairros, restaurantes, lojas e pelo seu je ne sais quoi de metrópole avant-garde.

Para além das atracções mais conheci-das, como os Campos Elíseos, a Torre Eiffel, o Museu do Louvre, de Orsay ou do Centre Georges Pompidou (com o seu incontornável restaurante no último andar com uma magnífica vista sobre a cidade), a Catedral de Notre Dame, passando pela belíssima Place Dau-phine, na Ile de la Cité, vale também a pena descobrir o Museu do Grand Palais e Petit Palais, pelas colecções de arte de que dispõem, assim como pelo local em si, e experimentar o delicioso e sofisticado restaurante Mini Palais, logo ao lado.

Ainda nos arredores dos Campos Elí-seos, é obrigatório recomendar, aos apreciadores da alta-costura e artigos de luxo, a Av. Montaigne e o Faubourg de Saint Honoré, (8° arrondissement), onde poderão também encontrar, an-tiquários e livrarias antigas. A Place

PARIS, VILLE LUMIÈRE…

Vendôme, (1° arrondissement), reúne todos os grandes joalheiros de Paris.

De visita imprescindível, a Place des Vosges, uma das mais belas praças de Paris, junto à qual se encontra o encan-tador Museu Carnavalet, de entrada livre e pouco conhecido do turista, que conta e mostra a história de Paris.

No bairro da Ópera encontram-se as maiores lojas de Paris como as Galeries Lafayette e o Printemps. Alguns dos bair-ros mais animados de Paris, pelos seus bares e restaurantes, são o Quartier Saint Germain / Sèvres e o Quartier Latin, na margem sul do rio Sena. Na rua de Sèvres, (7° arrondissement), a loja Bon Marché expõe estilistas e criadores de tendências de todas as áreas, e a sua Grande Epice-rie de Paris, imensa loja gourmet, oferece uma vasta escolha de qualidade. Mesmo do lado, a loja Conrad merece, igual-mente, uma visita pelas peças únicas de decoração e design original.

As incontornáveis referências da cui-sine francesa em Paris encontram-se um pouco por toda a cidade. A destacar os bairros Odéon/ Saint-Germain, (6° e 7° arrondissements) para conhecer lugares como o café-restaurante Les Editeurs, (4, Carrefour de l’Odéon) com um agradável conceito de biblio-restaurante, o Lapérou-

se (51, Quai dês Grands Augustains), o L’Aspèrge, (84, R. de Varenne), o La Tour d’Argent, (15-17, R. de la Tournelle – 5° arrondissement). Em outros bairros de Pa-ris aconselham-se o La Maison Blanche, (15, avenue Montaigne) e o Guy Savoy, (18, R. de Troyon).

O mais antigo bairro de Paris é o Ma-rais, (3°e 4° arrondissements) a desta-car pelo charme das suas antigas rue-las, pelo ambiente boémio e pelas bou-tiques muito tendance, na sua maioria abertas ao domingo. O bairro Mont-martre, em volta da Catedral do Sacré Cœur, é um dos mais típicos e visitados da cidade, com pequenos ateliers de artistas e os antigos cabarés de Paris, como o Moulin Rouge, em Pigalle.

Aconselhamos ainda a consulta à pro-gramação do Centro Cultural Calous-te Gulbenkian, (n° 51, da Av. d’Iéna) (www.gulbenkian-paris.org) e do Institu-to Camões, (26 R. Raffet), (www.institu-

to-camoes.pt).

Para mais informação sobre Paris:www.francetourisme.frwww.paris.orgwww.paris-tourisme.com

REDE AICEP PORTUGAL GLOBALCentro de Negócios de França

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NOTÍCIAS

“Uma oportunidade para o sector” é o tema desta iniciativa que decorre de 27 a 31 de Outubro, na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis. O objectivo é promover a capacidade de inovação e de competência tecnológica que Portugal detém nesta área. A afirmação internacional da marca nacional Engineering & Tooling é o grande desafio a que esta semana se propõe, como culminar de um trabalho que tem vindo a ser desenvolvido há vários anos nesse sentido.

A Altitude Software, a tecnológica portuguesa líder em soluções para centros de contacto, aumentou em 29 por cento o número de novas posições de agente instaladas a nível mundial no último ano e foi uma das três empresas, entre as dez de topo, a registar um crescimento anual de dois dígitos no número de novas posições de agente em centros de contacto. Um relatório da Gartner “Market Share: Contact Centers, Worldwide, 2007” de Drew Kraus, datado de Junho deste ano, revela que a empresa portuguesa cresceu 19 por cento nos mercados EMEA (Europa, Médio Oriente e África), fortalecendo o seu posicionamento e colocando-a entre as dez empresas de topo em termos de quota de mercado. Segundo a Gartner, registaram-se crescimentos importantes em mercados-chave como Espanha (aumento de 23 por cento em novas posições de agente e terceira posição em quota de mercado), França (incremento de 142 por cento e quinta posição em quota de mercado), e Alemanha (décima maior quota de mercado). Na América Latina, a Altitude Software registou um crescimento de 115 por cento e encontra-se entre as primeiras cinco empresas da região por quota de mercado.A Altitude Software é uma das mais destacadas empresas na área das soluções independentes de software para centros de contacto, com 18 escritórios no mundo que contribuem para o rápido crescimento da carteira de clientes e da rede de parceiros de negócio da empresa.

A Filcork – Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça – foi reconhecida como Organização Interprofissional Florestal (OIF) pelo Ministério da Agricultura, sendo a primeira associação de âmbito florestal a obter este reconhecimento. Com esta medida, a Filcork vê concretizada uma antiga aspiração no sentido de reunir as condições indispensáveis ao desenvolvimento da Fileira da Cortiça, reunindo num único organismo o estádio da produção de cortiça e o estádio da transformação e comercialização dos produtos de cortiça. Para a APCOR, uma das associações que integram a Filcork, este é mais um passo para fortalecer a competitividade da fileira da cortiça, traduzindo a capacidade de mobilização de todos os agentes em torno de uma causa comum e sendo, simultaneamente, a expressão do reforço do associativismo no sector.Compete à Filcork coordenar as acções estratégicas para o desenvolvimento do sector; promover a cortiça e o reforço da acção dos agentes da fileira; produzir informação estatística ao nível da produção, transformação, exportações e mercados da cortiça; promover, coordenar e acompanhar a investigação e desenvolvimento da fileira, assim como coordenar a sua política de qualidade, entre outras iniciativas.

Filcork reconhecida

Altitude Software no top 10dos “contact center” A aicep Portugal Global conta com

uma Representação na cidade espa-nhola de Mérida desde Setembro, em conjunto com o IAPMEI. Localizado na Comunidade transfronteiriça da Ex-tremadura, o novo escritório tem por objectivo apoiar a internacionalização das empresas portuguesas na referida região espanhola e a cooperação entre empresas de ambos os lados.

O Governo aprovou o decreto-lei relati-vo às bases de concessão para a explo-ração da zona piloto para a produção de energia eléctrica a partir da energia das ondas, atribuindo a respectiva concessão a uma sociedade a constituir pela REN, Redes Energéticas Nacionais, S.G.P.S., SA. Com esta medida, pretende-se con-tribuir para a produção e o aproveita-mento de energias renováveis.

AICEP em Mérida

Energia das ondas

Semana de Moldes 2008

Page 44: 2008.10 Portugalglobal 06

África do Sul*C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

AngolaC Caso a caso numa base restritiva.

M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades.

Antilhas HolandesasC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Arábia SauditaC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Caso a caso.

ArgéliaC Sector público: aberta sem res-

trições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável.

M/L Em princípio, exigência de garan-tia bancária ou garantia soberana.

ArgentinaT Caso a caso.

BareinC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

BenimC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Caso a caso, numa base muito

restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária.

Brasil*C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia de transferência.

Bulgária C Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas.

M/L Eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística).

CamarõesT Caso a caso, numa base muito

restritiva.

Chile C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

China* C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

Chipre C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Colômbia C Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Coreia do Sul C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Costa do MarfimC Caso a caso, com eventual

exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão de prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L Exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses.

Costa RicaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

CroáciaC Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percen-tagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação.

Cuba T Fora de cobertura.

Egipto C Carta de crédito irrevogável

M/L Caso a caso.

Emirados Árabes UnidosC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EslováquiaC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

Eslovénia C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

EstóniaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

EtiópiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso numa base muito restritiva.

Filipinas C Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

GanaC Caso a caso numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

GeórgiaC Caso a caso numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva e com a exigência de contra garantias.

Guiné-BissauT Fora de cobertura.

Guiné EquatorialC Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, desig-nadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restri-tiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo).

Hong-KongC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

HungriaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

IémenC Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva.

ÍndiaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária.

IndonésiaC Caso a caso, com eventual

exigência de carta de crédito irre-vogável ou garantia bancária.

M/L Caso a caso, com eventual exi-gência de garantia bancária ou garantia soberana.

IrãoC Carta de crédito irrevogável ou

garantia bancária.M/L Garantia soberana.

Iraque T Fora de cobertura.

IsraelC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Caso a caso, numa base restritiva.

JordâniaC Caso a caso.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

KoweitC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

LetóniaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

LíbanoC Clientes públicos: caso a caso

numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária.

M/L Clientes públicos: fora de cober-tura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva.

LíbiaC Aberta, com eventual exigência

de carta de crédito irrevogável.M/L Aberta, com garantia bancária,

soberana ou outra considerada adequada.

LituâniaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária.

MacauC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

MalásiaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

MalawiC Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Clientes públicos: fora de co-bertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva.

MaltaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Marrocos*C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

MartinicaC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

México*C Aberta sem restrições.

M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente.

MoçambiqueC Caso a caso, numa base restritiva

(eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garan-tia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro).

COSECNo âmbito de apólices individuais

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

// Outubro 08 // Portugalglobal42

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

Page 45: 2008.10 Portugalglobal 06

M/L Aumento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva.

NigériaC Caso a caso, numa base restritiva

(designadamente em termos de alargamento do prazo consti-tutivo de sinistro e exigência de garantia bancária).

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a even-tuais garantias (bancárias ou contrapartidas do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro.

OmanC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão ca-suística).

PanamáC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

PaquistãoC Caso a caso, numa base restritiva.

M/L Caso a caso, numa base muito restritiva.

ParaguaiC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

PerúC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

Polónia*C Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

QatarC Aberta sem condições restritivas.

M/L Garantia bancária (decisão casuística).

QuéniaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.República Checa

C Aberta sem condições restritivas.M/L Garantia bancária (decisão ca-

suística).

República DominicanaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Não definida.

RoméniaC Exigência de carta de crédito

irrevogável (decisão casuística).M/L Exigência de garantia bancária

ou garantia soberana (decisão casuística).

RússiaC Sector público: aberta sem restri-

ções. Sector privado: caso a caso.M/L Sector público: aberta sem restri-

ções, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia sobe-rana. Sector privado: caso a caso.

S. Tomé e PríncipeT Fora de cobertura.

SenegalC Em princípio, exigência de

garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro.

M/L Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Sector público: caso a caso, com exigên-cia de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autoridade Monetária (BCEAO); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Mone-tária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito).

Sérvia e MontenegroC Caso a caso, numa base restritiva,

privilegiando-se operações de pequeno montante.

M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante.

SingapuraC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

SíriaT Caso a caso, numa base muito

restritiva.

SuazilândiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Tailândia C Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

TaiwanC Aberta sem condições restritivas.

M/L Não definida.

Políticas de cobertura para mercados de destino das exportações portuguesas

No âmbito de apólices globais

Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços.

As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência.

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices, a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe.

Portugalglobal // Outubro 08 // 43

TanzâniaT Caso a caso, numa base muito

restritiva.Tunísia*

C Aberta sem condições restritivas.M/L Garantia bancária.

TurquiaC Carta de crédito irrevogável.

M/L Garantia bancária ou garantia soberana.

Ucrânia C Carta de crédito irrevogável.

Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

M/L Garantia bancária ou soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses.

UgandaC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

UruguaiC Carta de crédito irrevogável

(decisão casuística).M/L Não definida.

VenezuelaC Clientes públicos: caso a caso

numa base restritiva. Clientes privados: fora de cobertura.

M/L Caso a caso, numa base restritiva.

ZâmbiaC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

ZimbabweC Caso a caso, numa base muito

restritiva.M/L Fora de cobertura.

Advertência:A lista e as políticas de cobertu-ra são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justi-fique. Os países que constam da lista são os mais represen-tativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas.

Legenda:

C Curto Prazo

M/L Médio / Longo Prazo

T Todos os Prazos

* Mercado prioritário.

COSEC Companhia de Seguro de Créditos, S. A.Direcção Internacional

Avenida da República, 581069-057 LisboaTel.: 217 913 832 Fax: 217 913 839

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS

[email protected] www.cosec.pt

Page 46: 2008.10 Portugalglobal 06

A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Clas-sificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corres-

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior.As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis.

Tabela classificativa de paísesPara efeitos de Seguro de Crédito à exportação

Grupo 1* Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7

AlemanhaAndorraAustráliaÁustriaBélgicaCanadáCheca, Rep.Coreia do SulDinamarcaEslováquiaEslovéniaEspanhaEUAFinlândiaFrançaGréciaHolandaHong-KongIrlandaIslândiaItáliaJapãoLiechtensteinLuxemburgoMónacoNoruegaNova ZelândiaReino UnidoSão MarinoSingapuraSuéciaSuiçaTaiwanVaticano

Arábia SauditaBareinBotswanaBruneiChileChinaChipre–Z. GregaEAUa

EstóniaGibraltarKoweitLituâniaMacauMalásiaMaltaMéxicoOmanPolóniaQatarTrind. e Tobago

África do SulArgéliaBahamasBarbadosBrasilBulgáriaCosta RicaDep/ter Austr.b

Dep/ter Din.c

Dep/ter Esp.d

Dep/ter EUAe

Dep/ter Fra.f

Dep/ter N. Z.g

Dep/ter RUh

HungriaIlhas MarshallÍndiaIsraelLetóniaMarrocosMauríciasMicronésiaNamíbiaPalauPanamáPeruRoméniaRússiaTailândiaTunísia

Aruba CazaquistãoColômbia Croácia Egipto El Salvador FidjiFilipinas TurquiaUruguaiVietname

Antilhas HolandesasAzerbeijãoDominicana, Rep.GuatemalaIndonésiaJordâniaLesotoMacedóniaPapua–Nova GuinéParaguaiS. Vic. e Gren.Santa LúciaUcrânia

AlbâniaAngolaAnt. e BarbudaArméniaBangladeshBelizeBeninButãoCabo VerdeCambojaComores DjiboutiDominicaGabãoGanaGeórgiaHondurasIemenIrãoJamaicaKiribatiLíbiaMaldivasMaliMoçambiqueMongóliaMontenegroNauruNigériaPaquistãoQuéniaSamoa Oc.SenegalSri LankaSuazilândiaTanzâniaTurquemenistãoTuvaluUgandaUzbequistãoVanuatuVenezuelaZâmbia

AfeganistãoArgentinaBielorussiaBolíviaBósnia e HerzegovinaBurkina FasoBurundiCamarõesCampucheaCent. Af, Rep.ChadeCongoCongo, Rep. Dem.Coreia do NorteC. do MarfimCuba EquadorEritreiaEtiópiaGâmbiaGrenadaGuianaGuiné EquatorialGuiné, Rep. daGuiné-Bissau HaitiIraqueLaosLíbanoLibériaMadagáscarMalawiMauritâniaMoldávia MyanmarNepal NicaráguaNíger

QuirguistãoRuandaS. Crist. e NevisS. Tomé e Príncipe Salomão Seicheles Serra Leoa SérviaSíria Somália Sudão Suriname TadzequistãoTogo Tonga Zimbabué

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A.* Não é aplicável o sistema de prémios mínimos, à excepção da Eslováquia, Hong-Kong e Taiwan.

a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândiad) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico

f) Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna

g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Niveh) Anguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta.

Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos

NOTAS

COSEC

// Outubro 08 // Portugalglobal44

TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES

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// Outubro 08 // Portugalglobal46

FEIRAS

A feira Première Vision, salão da fileira moda reservado a profissionais, teve lu-gar de 23 a 26 de Setembro no Parque de Exposições de Villepinte, em Paris.

As empresas portuguesas destacaram-se pela qualidade da sua apresentação, re-veladora de inovação e modernidade, na linha das últimas tendências do sector.

Os expositores são seleccionados por um comité designado para o efeito, reputa-do no mercado pelos altos padrões de exigência e onde são avaliados mediante critérios de criatividade, inovação, quali-dade, reputação comercial e capacidade de exportação, entre outros.

A participação nacional demonstrou a competitividade das empresas portugue-sas, mostrando o que de melhor existe em Portugal.

A Première Vision Pluriel é um evento que engloba seis salões da fileira moda: Expofil (fio e fibra têxtil); Première Vision (tecidos); Le Cuir à Paris (couro); Índigo (criação têxtil e design); Mod`Amont (acessórios de confecção) e Zoom by Fa-tex (confecção por sub-contratação).

Realiza-se duas vezes por ano e é con-siderado o Salão mais relevante, a nível europeu, para o sector têxtil.

http://www.premierevision.fr

32ª EDIÇÃO MODTISSIMO

PREMIÈRE VISION PLURIEL

A última edição do Modtissimo decorreu nos dias 7 e 8 de Outubro, no Edifício da Alfândega do Porto, e apresentou-se com muitas novidades. Desde logo porque o CITEVE transferiu-se da sala habitual e passou a ter mil metros quadrados à sua disposição, divididos em duas áreas: Fó-rum Têxteis do Futuro e Salão Náutico.

O Salão Náutico funcionou como uma grande exposição colectiva de têxteis técnicos para aplicações náuticas, onde se podiam encontrar equipamentos, acessórios e instrumentos náuticos, como cabos, velas, lonas, auxiliares de flutuação, bancos mochilas, botas, ves-tuário, cintos e materiais compósitos, pranchas, canoas, barcos, entre outros.

Tudo isto foi pensado com o espíri-to que fez nascer o Fórum Têxteis do Futuro: o encontro entre a oferta e a procura, o debate de ideias com novos criadores, empreendedores e entidades com actividade de pura investigação.

Outra grande novidade foi a área Têxteis-Lar, decorrente das acções realizadas em feiras internacionais. Cerca de 15 stands expuseram o melhor dos têxteis-lar por-

tugueses, depois de terem marcado pre-sença com muito su-cesso nas principais feiras mundiais dedi-cadas ao sector.

Duas entidades ani-maram ainda este Sa-lão: os Fabricantes de Tecidos e Acessórios para Confecção e o Clube dos Confeccionadores, que há 15 anos trabalham em prol da fileira têxtil portuguesa.

Saliência também para as já habituais iniciativas do Modtissimo, e que todos os anos são levadas a efeito, tais como o Concurso Jovens Criadores, desfiles, fóruns de tecidos e confecção, Fórum Novos Talentos e outros.

O Modtissimo foi organizado pela As-sociação Selectiva Moda (ATP e ANIL) e apoiada pelo QREN.

www.modtissimo.com

[email protected]

Page 49: 2008.10 Portugalglobal 06

Portugalglobal // Outubro 08 // 47

FEIRAS

FEIRAS EM PORTUGALSTOCKMARKETCalçado, Cerâmica, Vidros, Decoração, Iluminação e DesignLocal: Exponor – MatosinhosData: 5 a 7 de DezembroOrganização: [email protected]

NATALISFeira de Natal de LisboaLocal: FIL – Parque das NaçõesData: 11 a 20 de DezembroOrganização: Associação Industrial Portuguesa (AIP)www.natalis.fil.ptwww.aip.pt

EXPONOIVOSFeira de Serviços e Preparativos para o CasamentoLocal: FIL – Parque das NaçõesData: 16 a 18 de JaneiroOrganização: [email protected]

INTERDECORAÇÃOCasa, Decoração e BrindeLocal: Exponor – MatosinhosData: 29 de Janeiro a 1 de FevereiroOrganização: [email protected]

FEIRAS NO ESTRANGEIROSALON NAUTIQUE INTERNATIONAL DE PARISSalão Internacional de NáuticaLocal: Paris (França)Data: 5 a 14 de FevereiroOrganização: Reed Expositions [email protected]

CLOTHES SHOW LIVEMostra Internacional de Moda e BelezaLocal: Birmingham (Grã-Bretanha)Data: 7 a 12 de DezembroOrganização: Haymarket Exhibitions Ltd.www.clotheshowlive.com

OLEOMAQFeira de Maquinaria e Equipamentos para Lagares e Embalagem de AzeitesLocal: Saragoça (Espanha)Data: 10 a 13 de JaneiroOrganização: Feira de Saragoç[email protected]

HEIMTEXTILFeira Internacional de Têxteis para o Lar e MobiliárioLocal: Frankfurt (Alemanha)Data: 14 a 17 de JaneiroOrganização: Messe Frankfurt [email protected]

MACEFFeira Internacional de Cerâmica e Utilidades DomésticasLocal: Milão (Itália)Data: 16 a 19 de JaneiroOrganização: Fiera Milano [email protected]

INTERIORSFeira de Design de InterioresLocal: Birmingham (Grã-Bretanha)Data: 18 a 21 de JaneiroOrganização: CMP Information [email protected]

NEW YORK INTERNATIONAL GIFT FAIRFeira Internacional de Brindes e Presentes de Nova IorqueLocal: Nova Iorque (EUA)Data: 25 a 29 de JaneiroOrganização: George Little Management, Inc.www.nyigf.com

TUPELO FURNITURE MARKETFeira de Mobiliário de TupeloLocal: Tupelo (EUA)Data: 24 a 28 de JaneiroOrganização: Tupelo Furniture Marketwww.tupelomarket.com

FITURFeira Internacional de TurismoLocal: Madrid (Espanha)Data: 28 de Janeiro a 1 de FevereiroOrganização: IFEMA – Feria de [email protected]

VICENZAOROMostra Internacional de Ourivesaria, Joalharia e PratasLocal: Vicenza (Itália)Data: 10 a 17 de JaneiroOrganização: Fiera do [email protected]

Page 50: 2008.10 Portugalglobal 06

REDE EXTERNA DA AICEP

Centro de Negócios

Escritórios

Representações

ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Pequim

COREIA DO SUL / Seul

DINAMARCA / Copenhaga

S. Francisco

Toronto

Cidade do México

Nova Iorque

Copenhaga

Berlim

Haia

Bruxelas

Dublin

Londres

Paris

Milão

Vigo

Barcelona

Praia

Rabat

São Paulo

Santiago do ChileBuenos Aires

Argel

// Outubro 08 // Portugalglobal48

Madrid

Mérida

BRASIL / São Paulo

BÉLGICA / Bruxelas

ÁUSTRIA / Viena

ARGENTINA / Buenos Aires

ARGÉLIA / Argel

ANGOLA / Luanda

ALEMANHA / Berlim

CABO VERDE / Praia

CANADÁ / Toronto

CHILE / Santiago do Chile

CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Xangai

Page 51: 2008.10 Portugalglobal 06

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS / Dubai

ESPANHA / Madrid

ESPANHA / Barcelona

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ Nova Iorque

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

/ S. Francisco

FINLÂNDIA / Helsínquia

FRANÇA / Paris

HOLANDA / Haia

HUNGRIA / Budapeste

ÍNDIA, REPÚBLICA DA / Nova Deli

IRLANDA / Dublin

ISRAEL / Telavive

ITÁLIA / Milão

JAPÃO / Tóquio

MACAU / Macau

MARROCOS / Rabat

MÉXICO / Cidade do México

MOÇAMBIQUE / Maputo

NORUEGA / Oslo

POLÓNIA / Varsóvia

REINO UNIDO / Londres

REPÚBLICA CHECA / Praga

ROMÉNIA / Bucareste

RÚSSIA / Moscovo

SINGAPURA / Singapura

SUÉCIA / Estocolmo

SUÍÇA / Zurique

TUNÍSIA / Tunes

TURQUIA / Ancara

Luanda

Maputo

Joanesburgo

Tunes

Oslo Helsínquia

Estocolmo

Zurique Moscovo

Varsóvia

Praga

Budapeste

Viena

Bucareste

Ancara

Telavive

Dubai

Pequim

Nova DeliXangai

SeulTóquio

Macau

Singapura

Portugalglobal // Outubro 08 // 49

ESPANHA / Mérida

ESPANHA / Vigo

Page 52: 2008.10 Portugalglobal 06

Entre a ficção, a crónica e a história, os autores contam, pela voz dos seus prota-gonistas, como à revelia de D. Manuel I, o vice-rei D. Francisco de Almeida, vin-gando a morte do filho – “Que os que comeram o frangão, hão-de comer o galo ou pagá-lo”, foram as suas palavras –, ganhou, a 3 de Fevereiro de 1509, a batalha mais importante dos Descobri-mentos. Este confronto assegurou aos portugueses, durante quase um século, o domínio absoluto do oceano Índico, marcando igualmente o início de um lon-go período de domínio da Ásia pelos Eu-ropeus, que só terminou com a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial.A batalha de Diu, que se travou entre a frota portuguesa, comandada pelo vice-rei D. Francisco de Almeida e as forças navais da coligação muçulmana, teve como objectivo estratégico controlar o mercado das especiarias, mas resultou

na aniquilação quase total do adversá-rio e no tratamento cruel aplicado aos prisioneiros turcos. Tamanha foi a bata-lha, entre luzes e sombras, talvez porque também estivesse em jogo a continui-dade da aventura oriental iniciada, em 1498, com a abertura da rota do Cabo por Vasco da Gama. Se tivessem sido derrotados, a expansão portuguesa na Ásia estaria comprometida. Jorge Nascimento Rodrigues foi e é au-tor e editor de sites, blogues e livros, e Tessaleno Devezas, é licenciado em Fí-sica, doutor em Engenharia e professor da Universidade da Beira Interior (UBI).

// Outubro 08 // Portugalglobal50

Autores: Jorge Nascimento Rodrigues, Tessaleno Devezas

Editor: Centro Atlântico

Ano: 2008

BOOKMARKS

Nas sociedades de direito, o lobbying – o lóbi – constitui um instrumento uti-lizado por um número cada vez maior de organizações das áreas económicas, sociais, ambientais, culturais e outras no sentido de se fazerem escutar junto do poder político, executivo e legislativo, de modo a operar com transparência mudanças e inflectir decisões considera-das inadequadas.Daí a questão do lóbi estar a ganhar im-portância na União Europeia, tendo sido já objecto de debates e deliberações no Parlamento Europeu, que regista os lobistas. “Onde não há transparência num registo de lobistas, pode criar-se um clima mais favorável a relações am-bíguas”, refere, no prefácio, Joel Hasse Ferreira, eurodeputado e professor da Universidade Nova de Lisboa.No contexto da UE – “um complexo pu-zzle de difícil e complexa administração” sublinha Martins Lampreia – Bruxelas tornou-se não só o principal centro de poder da Europa mas também a capital europeia dos lóbis, que operam ali como

O LÓBI NA UNIÃO EUROPEIA

1509A BATALHA QUE MUDOU O DOMÍNIO DO COMÉRCIO GLOBAL

“um contrapoder legalmente reconheci-do, fazendo parte integrante do processo de decisão da UE na defesa dos interesses mais variados que se possa imaginar.” Esta obra permite àqueles que preten-dem fazer lóbi na UE ou compreender melhor o seu processo, ter uma ferra-menta não só para entender o funciona-mento da “máquina” comunitária como para fazer lóbi com transparência e em toda a legalidade. J.Martins Lampreia (www.martinslampreia.com) é um espe-cialista de Comunicação, com larga ex-periência como lobista (acreditado jun-to do Parlamento Eurupeu), consultor, professor, pesquisador e autor. Daniel Guéguen, doutorado em Direito, é CEO da Clan Pubblic Affairs, uma empresa es-pecializada em consultoria em assuntos europeus e professor universitário.

Autores: J. Martins Lampreia, Daniel Guéguen

Editor: Texto

Ano: 2008