256
Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada Bianca Ribeiro Manfrini Tragédia familiar: a formação do indivíduo burguês em obras literárias brasileiras do século XX São Paulo 2012 1

2012_BiancaRibeiroManfrini (1).pdf

  • Upload
    thais

  • View
    230

  • Download
    5

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade de So PauloFaculdade de Filosofia, Letras e Cincias HumanasDepartamento de Teoria Literria e Literatura ComparadaPrograma de Ps!"radua#o em Teoria Literria e Literatura Comparada Bianca Ribeiro Manfrini

Trag$dia familiar% a forma#o do indiv&duo 'urgus em o'ras literrias 'rasileiras do s$culo ((

So Paulo20121Universidade de So PauloFaculdade de Filosofia, Letras e Cincias HumanasDepartamento de Teoria Literria e Literatura ComparadaPrograma de Ps!"radua#o em Teoria Literria e Literatura Comparada Trag$dia familiar% a forma#o do indiv&duo 'urgus em o'ras literrias 'rasileiras do s$culo (( Tese apresentada aoPrograma de Ps-Graduao emTeoria !iter"ria e !iteratura #omparada da $aculdade de $ilosofia% !etras e #i&ncias 'umanas da (ni)ersidade de So Paulo% para a obteno do t*tulo de +outorado emTeoria !iter"ria e !iteratura #omparada, -rientador. Prof, +r, /oa0uim 1l)es de 1guiar

So Paulo20122Para minha me, Angela Aparecida Ribeiroe minha irm, Giovanna Ribeiro Manfrini2)gradecimentos1o Prof, +r, /oa0uim 1l)es de 1guiar% pela orientao de mais de de3 anos 0ue )em sendo decisi)a em min4a formao51o Prof, +r, Marcos 1ntonio de Moraes% pela presena e apoio51os Prof, 6agner #amilo% pelas obser)a7es na banca de 0ualificao e pelo fornecimento de material bibliogr"fico sobre /os8 !ins do Rego59 Profa, +ra, Simone Rossinetti Rufinoni% pela participao enri0uecedora na 0ualificao51os colegas de trabal4o e luta no Metr: de So Paulo% 0ue no participaram diretamente dessatesemas sempremeencora;aramcomseuapoioepresena. it3% 'aru?o% enino de engen-o% p, FO,2E =bidem% p, EF,2O =bidem% p, OF,2Eengen4o onde me criei,2LAo 4"% em /os8 !ins% a possibilidade de uma con)i)&ncia 4arm:nica entre religiosidade e )ida pr"tica, 1 T8tica protestanteU passa longe das p"ginas de seus romances, -u o cristianismo se degenera e se adapta N lei do mais forte 0ue impera nos engen4os% ou ele se per)erte num fanatismo decadenteeisolado% comoacontecer"com!ulade'olandaem 9ogomorto, #omo;"mostrou Gilberto$re@re% ocristianismocatlicoavantlalettre8 incompat*)el comalicenciosidadee brutalidade dos engen4os, Ao 4" espao para a introspeco% a penit&ncia ou o arrependimento5 o sen4or de engen4o e seus rebentos se caracteri3am como indi)*duos atra)8s de sua 4abilidade de dominar esubmeter, Trata-sedeumapersonalidade0uesereali3anoatodemandar% deuma Tmentalidade mal sociali3adaUB0, Por isso #arlos sentir" tanta dificuldade para encontrar a si mesmo mais adiante% nos romances seguintes do %iclo, - passo seguinte da iniciao sePual dos meninos consiste no contato com as negras, 1ssim como as no)il4as% elas esto no n*)el da nature3a5 assim como bois e )acas% so ao mesmo tempo instrumento de trabal4o e pra3er, Aa infWncia% #arlos )i)e prPimo da Tcama de t"buas duras% onde 4" mais de um s8culo _as negras` fa3iam seu coito e pariam os seus fil4os _,,,` perpetuando a esp8cie sem pre)id&ncia e sem medoUB1 1s negras se reprodu3em como os animais% para #arlos5 de maneira cega e inconsciente, Sua Tfecundidade de boas parideirasUB2 garante todos os anos no)os braos para ala)oura, Massoasnegrasadultasdasen3ala0ue% nummo)imentoin)ersodesadismo% iro macular precocemente a )irgindade dos meninos brancos H como se nesse gesto se )ingassem da )iol&ncia sofrida% ao reprodu3i-la nos meninos da casa-grande e )ici"-los no sePo, Mesmo assim% a ePperi&ncia precoce com as negras no de)e ser moti)o de traumas para o menino branco,