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 !!!"#$%&'(%$')*+*%"+%,"-$ Tema da Semana – Projeto Redação Data: 24 de Abril de 2015 Tema: A (in)tolerância religiosa no Brasil TEXTO 1: O perigo da intolerância religiosa Com base na leitura dos textos motivadores abaixo e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema: A (in)tolerância religiosa no Brasil, apresentando uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Argumente de modo a apresentar e sustentar um ponto de vista. A tolerância religiosa no Brasil nunca foi pura e simplesmente uma medida imposta por decreto. É, antes disso, um aspecto cultural. Por u m lado, foi preciso incluir na Constituição artigo resguardando a liberdade de culto e pr oteção contra a discriminação, porque tais garantias não seriam naturais; por outro, a convivência entre credos distintos foi facilitada pela formação do povo. A miscigenação e a intimidade entre a casa-grande e a senzala resultaram em mecanismos de acomodação, como o sincretismo que uniu r eligiões aparentemente tão diferentes quanto o catolicismo e o candomblé. Na Bahia, por exemplo, eles se misturaram. No entanto, a tendência à convivência pacífica tem sido cada vez mais posta em xeque, e de uma forma que as autoridades não podem fazer vista grossa. A série de reportagens publicada pelo GLOBO semana passada mostra que os fiéis da umbanda e do candomblé — 600 mil pelo Censo 2010 — foram vítimas de 22 das 53 denúncias de intolerância religiosa receb idas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, de janei ro a 11 de julho deste ano. Além disso, um estudo da PUC-Rio registrou que, num grupo de 840 terreiros, 430 foram alvo de discriminação, sendo 57% dos casos em locais públicos. Os ataques vão de manifestações de preconceito na escola e no trabalho a ofensas pessoais, ameaças, danificação de imagens e até a destruição de terreiros. A mãe de santo Conceição de Lissá, em Duque de Caxias, viu seu terreiro ser atacado oito vezes nos últimos oito anos. Em pelo menos um episódio, fanáticos usaram gasolina para atear fogo no quarto dos artigos usados nas cerimônias. Ou seja, além da humilhação e do dano moral, a integridade física dos fiéis está em risco. A intolerância, por si só, já é inaceitável. Seja contra orientação sexual, etnia ou crença. Trata-s e de um comportamento criminoso que deve ser pu nido como manda a lei.

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    Tema da Semana Projeto Redao Data: 24 de Abril de 2015 Tema: A (in)tolerncia religiosa no Brasil

    TEXTO 1: O perigo da intolerncia religiosa

    Com base na leitura dos textos motivadores abaixo e nos conhecimentos construdos ao

    longo de sua formao, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padro da lngua portuguesa sobre o tema: A (in)tolerncia religiosa no Brasil, apresentando uma proposta de interveno que respeite os direitos humanos. Argumente de modo a apresentar e sustentar um ponto de vista.

    A tolerncia religiosa no Brasil nunca foi pura e simplesmente uma medida imposta

    por decreto. , antes disso, um aspecto cultural. Por um lado, foi preciso incluir na Constituio artigo resguardando a liberdade de culto e proteo contra a discriminao, porque tais garantias no seriam naturais; por outro, a convivncia entre credos distintos foi facilitada pela formao do povo. A miscigenao e a intimidade entre a casa-grande e a senzala resultaram em mecanismos de acomodao, como o sincretismo que uniu religies aparentemente to diferentes quanto o catolicismo e o candombl. Na Bahia, por exemplo, eles se misturaram.

    No entanto, a tendncia convivncia pacfica tem sido cada vez mais posta em

    xeque, e de uma forma que as autoridades no podem fazer vista grossa. A srie de reportagens publicada pelo GLOBO semana passada mostra que os fiis da umbanda e do candombl 600 mil pelo Censo 2010 foram vtimas de 22 das 53 denncias de intolerncia religiosa recebidas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia, de janeiro a 11 de julho deste ano. Alm disso, um estudo da PUC-Rio registrou que, num grupo de 840 terreiros, 430 foram alvo de discriminao, sendo 57% dos casos em locais pblicos.

    Os ataques vo de manifestaes de preconceito na escola e no trabalho a ofensas

    pessoais, ameaas, danificao de imagens e at a destruio de terreiros. A me de santo Conceio de Liss, em Duque de Caxias, viu seu terreiro ser atacado oito vezes nos ltimos oito anos. Em pelo menos um episdio, fanticos usaram gasolina para atear fogo no quarto dos artigos usados nas cerimnias. Ou seja, alm da humilhao e do dano moral, a integridade fsica dos fiis est em risco.

    A intolerncia, por si s, j inaceitvel. Seja contra orientao sexual, etnia ou

    crena. Trata-se de um comportamento criminoso que deve ser punido como manda a lei.

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    Felizmente, no chegamos aqui ao ponto de outros pases em que grupos se

    organizam para manifestar publicamente o dio a homossexuais, negros ou estrangeiros. Mas melhor no pagar para ver. Adeptos dos cultos afro-brasileiros no s denunciam como organizam sua legtima reao em passeatas contra a intolerncia religiosa. Contam com o apoio na sociedade e de representantes de outros credos, com quem tm em comum a convico de que o respeito f alheia sagrado.

    Se a sociedade se mobiliza, mais obrigaes ainda tem o poder publico, que deve

    ficar atento e ser gil nas investigaes. Caso a intolerncia no seja punida exemplarmente, fiis movidos pela absurda presuno de superioridade podero se sentir encorajados a prosseguir, porque, afinal, estariam agindo em nome de Deus". E justamente assim que pensam radicais responsveis por guerras milenares e terrorismo pelo mundo afora.

    (Fonte: Jornal O globo, texto de 17/08/2014. Link para o texto: http://oglobo.globo.com/opiniao/o-perigo-da-intolerancia-religiosa-13622751 )

    TEXTO 2: A intolerncia religiosa

    (Por Druzio Varella) Sou ateu e mereo o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. A humanidade inteira segue uma religio ou cr em algum ser ou fenmeno

    transcendental que d sentido existncia. Os que no sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos so to poucos que parecem extraterrestres.

    Dono de um crebro com capacidade de processamento de dados incomparvel na

    escala animal, ao que tudo indica s o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a ltima batida do corao decrete o fim do espetculo aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendncia a acreditar que somos eternos, caso nico entre os seres vivos.

    Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crena de que sobreviveriam

    decomposio de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginrio humano criou uma infinidade de deuses e parasos celestiais.

    Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos interferncias mgicas em

    assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna no faz sentido. No se trata de opo ideolgica: o ateu no acredita simplesmente porque no consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva algum a crer leva outro a desacreditar.

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    Os religiosos que tm dificuldade para entender como algum pode discordar de sua cosmoviso, devem pensar que eles tambm so ateus quando confrontados com crenas alheias.

    Que sentido tem para um protestante a reverncia que o hindu faz diante da esttua

    de uma vaca dourada? Ou a orao do muulmano voltado para Meca? Ou o esprita que afirma ser a reencarnao de Alexandre, o Grande? Para hindus, muulmanos e espritas esse cristo no seria ateu?

    Na realidade, a religio do prximo no passa de um amontoado de falsidades e

    supersties. No o que pensa o evanglico na encruzilhada, quando v as velas e o galo preto? Ou o judeu quando encontra um catlico ajoelhado aos ps da virgem imaculada que teria dado luz ao filho do Senhor? Ou o politesta, ao ouvir que no h milhares, mas um nico Deus?

    Quantas tragdias foram desencadeadas pela intolerncia dos que no admitem

    princpios religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de hereges ou infiis perderam a vida?

    O ateu desperta a ira dos fanticos, porque aceit-lo como ser pensante obriga-os a

    questionar suas prprias convices. No outra a razo que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades humanas e atribuir as demais s tentaes do diabo. Generosidade, solidariedade, compaixo e amor ao prximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome dEle sejam cometidas as piores atrocidades.

    Os pastores milagreiros da TV, que tomam dinheiro dos pobres, so tolerados porque

    o fazem em nome de Cristo. O menino que explode com a bomba no supermercado desperta admirao entre seus pares, porque obedeceria aos desgnios do Profeta. Fossem ateus seriam considerados mensageiros de satans.

    Ajudamos um estranho cado na rua, damos gorjetas em restaurantes nos quais

    nunca voltaremos e fazemos doaes para crianas desconhecidas, no para agradar a Deus, mas porque cooperao mtua e altrusmo recproco fazem parte do repertrio comportamental no apenas do homem, mas de gorilas, hienas, leoas, formigas e muitos outros, como demonstraram os etologistas.

    O fervor religioso uma arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que

    pensam de modo diverso. Em vez de unir, ele divide a sociedade quando no semeia o dio que leva s perseguies e aos massacres.

    Para o crente, os ateus so desprezveis, desprovidos de princpios morais,

    materialistas, incapazes de um gesto de compaixo, preconceito que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo.

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    Fui educado para respeitar as crenas de todos, por mais bizarras que a mim paream. Se a religio ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradies existenciais, seja bem-vinda, desde que no a torne intolerante, autoritria ou violenta.

    Quanto aos religiosos, leitor, no os considero iluminados nem crdulos, superiores

    ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas aes, no pelas convices que apregoam.

    (Fonte: http://drauziovarella.com.br/drauzio/intolerancia-religiosa/)

    TEXTO 3: A intolerncia religiosa - desafio de um pas democrtico e laico

    (Por Michael Pereira de Lira) O tratamento legal contra a intolerncia religiosa ainda est comparvel s aes

    contra o assdio moral e o assdio sexual no meio corporativo, quando as aes s eram permitidas quando houvesse provas objetivas e testemunhais da ocorrncia de tais assdios.

    Hoje, com relao aos assdios, h entendimentos e jurisprudncia no tratamento de

    situaes que, anteriormente vistas como subjetivas, hoje so evidncias considerveis bastante objetivas. Exemplo: O assdio moral s era considerado quando praticado pelo chefe imediato, que agia com truculncia e excessiva agressividade com o (a) subordinado (a), e ainda contava com algumas testemunhas. Hoje, sabido que o assdio moral praticado com "sutilezas", at mais cruis que os ataques anteriormente feitos s claras. Com relao ao assdio sexual, da mesma forma. O que antes era qualificado apenas quando ocorria uma "cantada" explcita e grosseira do chefe para com a secretria, hoje, as "sutilezas" so matrias de lides trabalhistas, por exemplo, quando a questo so as vestimentas sensuais e imprprias da "chefa" no ambiente de trabalho e o constrangimento dos subalternos. (H outros locais mais apropriados para tanto exibicionismo).

    O mesmo raciocnio se deve considerar em relao intolerncia religiosa. As

    sutilezas no esto sendo consideradas. Algum j conceituou com propriedade: "A intolerncia religiosa um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenas e prticas religiosas ou mesmo a quem no segue uma religio. um crime de dio que fere a liberdade e a dignidade humana."

    Diante deste conceito amplo, poderemos, portanto, resumir como liberdade religiosa: 1) O direito de ter uma religio e crer num ser divino; 2) O direito de no ter uma religio e no crer em um ser divino; 3) O direito neutralidade religiosa em espaos de uso comum (pblicos).

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    Vivemos num Pas rico em manifestaes e crenas religiosas, e muitos que, por

    opo, no professam nenhuma. Exemplificando: - A minha religio A, a sua religio B e o nosso colega do lado no tem nenhuma religio.

    Entretanto, este gigante Pas, de dimenses continentais, Constitucionalmente Laico

    desde a primeira Constituio da Repblica, ainda permite e tolera que o 3 direito (interpretado luz do conceito de intolerncia religiosa) apontado acima no seja respeitado, pois, apesar de estarmos no sculo XXI, vivemos ainda sob a gide do Art. 5 da Constituio brasileira de 1824.

    No Brasil, a Constituio outorgada de 1824 estabelecia a religio catlica como

    sendo a religio oficial do Imprio, que perdurou at o incio de 1890, com a chegada da Repblica. Em seu Art. 5 lia-se: A Religio Catholica Apostolica Romana continuar a ser a Religio do Imprio. Todas as outras Religies sero permitidas com seu culto domstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem frma alguma exterior do Templo.

    Conforme De Plcido e Silva: "LAICO. Do latim laicus, o mesmo que leigo,

    equivalendo ao sentido de secular, em oposio do de bispo, ou religioso." (SILVA, 1997, p. 45).

    O termo laico remete-nos, obrigatoriamente, ideia de neutralidade, indiferena.

    tambm o que se compreende nos ensinamentos de Celso Ribeiro Bastos, onde "A liberdade de organizao religiosa tem uma dimenso muito importante no seu relacionamento com o Estado. Trs modelos so possveis: fuso, unio e separao. O Brasil enquadra-se inequivocadamente neste ltimo desde o advento da Repblica, com a edio do Decreto119-A, de 17 de janeiro de 1890, que instaurou a separao entre a Igreja e o Estado.

    O Estado brasileiro tornou-se desde ento laico. (...) Isto significa que ele se mantm

    indiferente s diversas igrejas que podem livremente constituir-se (...)". (BASTOS, 1996, p. 178).

    A atual Constituio no repete tal disposio, nem institui qualquer outra religio

    como sendo a oficial do Estado. Ademais estabeleceu em seu artigo 19, I o seguinte: vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: I estabelecer

    cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico.

    Portanto, qualquer discurso contra a intolerncia religiosa que no tratar da

    importncia da neutralidade religiosa em nosso Pas, hipocrisia, pois, tanto a liberdade de opinio e a inviolabilidade de conscincia so asseguradas por nossa Constituio. O Estado, laico como , no deve estabelecer preferncias ou se manifestar por meio de seus rgos.

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    Como bem afirma Dr. Roberto Arriada Lorea "(...) O Brasil um pas laico e a

    liberdade de crena da minoria, que no se v representada por qualquer smbolo religioso, deve ser igualmente respeitada pelo Estado". (LOREA, O poder judicirio laico. Folha de So Paulo, So Paulo, 24 set. 2005. Tendncias/Debates, p.03).

    Portanto, ante a bandeira contra a intolerncia religiosa, impossvel aceitar que seja

    lcito que prdios pblicos ostentem quaisquer smbolos religiosos, por contrariar o princpio da inviolabilidade de crena religiosa. O Estado deve respeito ao atesmo e quaisquer outras formas de crena religiosa. O predomnio do Catolicismo no Brasil no justifica tais smbolos e no "recria" uma "religio oficial", resgatando o art. 5 da Constituio do Brasil Imprio.

    Evito, neste momento de entrar no mrito de qualquer das outras religies

    praticadas em nosso Pas. No advogo aqui qual ou quais religies o crucifixo representa. Entretanto, se tais smbolos ofendem a liberdade de crena ou descrena de uma nica pessoa, j se torna matria suficiente para justificar a retirada destes objetos religiosos dos prdios pblicos ou at mesmo de empresas privadas, considerando que seus frequentadores, empregados, usurios, clientes, fornecedores, etc., no comungam da mesma crena ou descrena. E to pouco lcito ao Estado, ou qualquer um de seus poderes, autarquias ou assemelhados, usar errio pblico para patrocinar esta ou aquela festa ou manifestao religiosa, por estar estabelecendo preferncias.

    Vivemos num Pas democrtico e gigante por natureza, mas, ainda imaturo no

    exerccio da verdadeira liberdade religiosa. Nossa ptria me gentil, ainda convive com a intolerncia religiosa sutil.

    (Fonte: http://michaellira.jusbrasil.com.br/artigos/112355291/a-intolerancia-religiosa-desafio-de-um-pais-democratico-e-laico)

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    TEXTO 4:

    Instrues para redao

    Receber nota zero, em qualquer das situaes expressas a seguir, a redao que:

    tiver at 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada insuficiente. fugir ao tema ou que no atender ao tipo dissertativo-argumentativo. apresentar proposta de interveno que desrespeite os direitos humanos. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

    Sobre o Projeto Redao O Projeto Redao existe para ajud-lo a realizar seu sonho. Acreditamos na

    colaborao como meio de evoluo e trabalhamos para que sua experincia com nossos temas e correes seja a mais prxima possvel do ENEM.

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