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Direito Econômico Aula 1
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888
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Assuntos tratados:
1º Horário.
Introdução / Relação Economia e Direito / Bens Econômicos
2º Horário.
Moeda / Valor / Preço / Sistemas Econômicos / Sistema de Autonomia ou de
Economia de Mercado ou Capitalista
Bibliografia
1) Fabio Nusdeo : Curso de Economia – Introdução ao direito econômico1
2) Eros Roberto Grau : Ordem Econômica na Constituição de 1988
3) Paula Forgioni : Fundamentos do Antitruste
1º Horário
1. Introdução
1.1. Questões de Direito Econômico em Concursos Públicos
(i) Procurador Federal de 2ª Categoria - Advocacia-Geral da União - AGU
QUESTÃO 66 - A respeito do direito econômico, julgue os itens que se seguem.
É legal a contratação pela União de empresa estatal ou privada para realizar
atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural em território
nacional.
Gabarito: Certa
(ii) Procurador do BACEN 2005/2006
QUESTÃO 41 – Lei federal hipotética cria a empresa pública denominada
“Transfederal”, com o objeto de atuar no ramo de transporte urbano de
passageiros, inclusive na qualidade de concessionária do serviço público
respectivo. Nesta hipótese, a atividade da União
(A) É inconstitucional, pois a prestação do serviço público em questão
compete aos municípios.
1 Para a matéria de Direito Econômico, ler a primeira metade do livro.
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(B) É inconstitucional, pois a atuação da União Federal no domínio
econômico restringe-se à fiscalização, ao incentivo e ao planejamento.
(C) Será constitucional, se celebrados convênios entre a União Federal e
os municípios interessados, que permitam o oferecimento do serviço
público pela empresa federal.
(D) Será constitucional, se legalmente caracterizado o relevante interesse
coletivo na execução da atividade em questão.
(E) Será constitucional, se a lei de criação da empresa pública instituir
também o monopólio de exploração desse serviço pela União Federal.
Gabarito: D
(iii) Juiz federal da 4ª região 2010/2011 (questão 33)
QUESTÃO 33. Assinale a alternativa correta.
No que se refere à expressão dumping, podemos afirmar que a sua prática:
(a) Diz respeito ao fomento à indústria local de um ou mais países.
(b) Significa simplesmente vender um determinado produto por preço
inferior ao seu custo.
(c) Situa-se na prática da legítima e livre concorrência.
(d) Também é considerada como truste, sendo sinônimas.
(e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.
Gabarito: E
(iv) Juiz federal 5ª região (2009)
QUESTÃO 28 - Acerca do direito econômico, assinale a opção correta.
(A) Sistema econômico é a forma por meio da qual o Estado estrutura sua
política e organiza suas relações sociais de produção, isto é, a forma
adotada pelo Estado no que se refere à distribuição do produto do
trabalho e à propriedade dos fatores de produção. Atualmente, existem
apenas dois sistemas econômicos bem distintos e delineados no mundo: o
capitalismo e o socialismo.
(B) A ordem econômica, consoante o tratamento dado pelo legislador
constituinte de 1988, admite duas vertentes conceituais. Para uma delas,
a vertente ampla, a ordem econômica constitui uma parcela da ordem de
direito, inerente ao mundo do dever-ser, ou seja, é o tratamento jurídico
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dispensado para disciplinar o comportamento dos agentes econômicos no
mercado.
(C) O modelo do Estado intervencionista econômico é fortemente
influenciado pelas doutrinas de John Maynard Keynes, que sustentou que
os níveis de emprego e de desenvolvimento socioeconômico devem-se
muito mais às políticas públicas implementadas pelo governo e a certos
fatores gerais macroeconômicos, e não meramente ao somatório dos
comportamentos microeconômicos individuais dos empresários.
(D) O Estado intervencionista socialista atua com o fito de garantir o
exercício racional das liberdades individuais, e sua política
intervencionista não visa ferir os postulados liberais, mas, apenas, coibir o
exercício abusivo e pernicioso do liberalismo. E No que tange à atuação do
Estado no domínio econômico, a intervenção regulatória ocorre quando o
Estado, nos casos expressos e devidamente autorizados no ordenamento
jurídico, atua, em regime de igualdade com o particular, na exploração de
atividade econômica.
Gabarito: C2
(v) Juiz federal Substituto – TRF 1ª região (2009)
QUESTÃO 31 - Com relação aos instrumentos de defesa comercial, assinale a
opção incorreta.
(A) A medida antidumping estabelece a tarifação pecuniária imposta a
mercadorias, produtos ou bens importados, comercializados com preço
considerado sob margem de dumping.
(B) A medida antidumping, quando aplicada pela autoridade comercial,
traduz-se em fator pecuniário de composição de valores entre o preço de
exportação do produto estrangeiro e o respectivo valor da mercadoria
similar ou concorrente, oriunda da indústria nacional.
(C) As medidas de salvaguarda, que devem ser transparentes e
permanentes, visam à defesa da indústria e da produção doméstica,
diante de exportações de mercadorias qualitativamente superiores ou
com valores inferiores aos do produtor nacional.
(D) As medidas compensatórias visam contrabalançar o subsídio
concedido, direta ou indiretamente, no país do exportador, para a
fabricação ou transporte de qualquer produto cuja
entrada no Brasil cause dano à indústria doméstica.
2 As bases filosóficas do capitalismo são essenciais às provas de juiz federal.
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(E) Os direitos compensatórios poderão ser cobrados em caráter
retroativo.
Gabarito: C
1.2. Estruturação da Matéria
1) Fundamentos do modelo econômico capitalista. Papel do Estado na
Economia
2) Ordem Econômica Constitucional (princípios, monopólios,...)
3) Direito da concorrência (lei antitruste, ...)
4) Ordem econômica internacional (MERCOSUL, OMC, ...)
2. Relação Economia e Direito
a) Necessidades Humanas
b) Lei da Escassez: teoria da população (Malthus – 1798)
(i) Clube de Roma (anos 70)
(ii) Conferência Mundial do Meio Ambiente (1972)
c) Economia: Oikos + Nomos
d) Correlação Economia e Direito
e) Fatos Econômicos
A natureza do ser humano é sempre querer mais. As necessidades humanas
sempre tendem ao infinito, não possuindo um limite natural. Porém, os recursos
naturais existentes para o atendimento dessas necessidades são escassos. Disso retira-
se a noção de economia e, principalmente, de escassez. O direito econômico
basicamente estuda a regulação pelo Estado de determinada atividade e, quanto à
apropriação e uso de recursos naturais, estuda-se o aproveitamento de recursos que
são escassos e, portanto, precisam ser consumidos de maneira módica e não
exagerada.
As necessidades humanas sempre tendem ao infinito, e as mais variadas
sociedades assimilam demandas de outras sociedades na medida em que tenham
contato com tais sociedades. Isso nos põe diante de um confronto entre necessidades
ilimitadas e recursos naturais escassos. Foi a preocupação com esse confronto que
levou ao surgimento da teoria da população de Malthus, pela qual a população
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mundial cresceria em escala geométrica e a produção de alimentos em escala
aritmética.
Malthus dizia que as pragas que abatiam a Europa tinham o relevante papel de
controlar o crescimento da população, para que não faltassem alimentos àquela
população que permanecesse viva. Essa é a lógica econômica. Recentemente uma
fábrica de cigarros foi pressionada pelo governo estadunidense, que alegava que o
cigarro onerava tanto o sistema de saúde americano que não podia ser feito
propagandas para estimulá-lo. Essa empresa, então, realizou um estudo comprovando
que, embora o governo gastasse com saúde, se aquelas pessoas morressem de
doenças relacionadas ao cigarro o gasto seria infinitamente menor que o gasto com
previdência. Isso é correto na lógica econômica. Outrossim, em qualquer estudo de
História vê-se que guerras mundiais servem também para controlar o crescimento da
população. A população grande onera o sistema de previdência, o sistema de saúde,
traz a criação de “bolsas família” etc.
Os programas governamentais para tirar as pessoas que estão abaixo da linha
de pobreza tornam-se problemáticos quando estimulam o ócio ao invés de estimular o
trabalho humano, valorizado pela CRFB.
O Clube de Roma, na década de 70, constatou que precisávamos tomar cuidado
com questões ambientais. O Nobel de economia Joseph Stiglitz percebeu que o
problema do aquecimento global é consequência de o capitalismo não ter percebido
que usar a atmosfera era algo que deveria ser controlado. Assim, nós esgotamos esse
recurso natural e agora pagaremos um preço por isso. Toda vez que um recurso
natural se esgota, naturalmente ele se tornará mais caro, sendo essa a lógica
capitalista.
Em 1972 acontece a Conferência Mundial do Meio Ambiente que traz a noção
de desenvolvimento sustentável, com uma perspectiva limitadora da exploração do
meio ambiente. O Prof. José Carlos de Assis diz que a crise econômica atual colapsou
dois pressupostos fundamentais do capitalismo, quais sejam, a liberdade econômica
ampla e irrestrita e a exploração desenfreada do meio ambiente.
A política de redução do IPI, por exemplo, torna-se inadequada em relação ao
meio ambiente. Para tanto, dever-se-ia criar subsídios, como há em Portugal, nos quais
há a compra pelo governo de carros velhos para tirá-los de circulação, impedindo o
número demasiado de carros nas ruas, a poluição e o gasto de gasolina. Isso é fazer
uma política econômica atentando para o meio ambiente, que deveria ser feita no
Brasil, pois a Constituição trata da defesa do meio ambiente em seus princípios gerais
da atividade econômica.
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A noção de necessidade humana é o que está na base de todas as atividades. A
economia3, isto é, a observação dos fenômenos que ocorrem na sociedade no sentido
do atendimento de necessidades humanas, traz a questão das demandas. Se existe a
demanda pelo serviço, e enquanto existirem pessoas demandando pelo mesmo, o
serviço será prestado. Por isso não há como extinguir os serviços de prostituição, por
exemplo.
Fábio Nusdeo diz que a relação entre direito e economia é muito próxima.
Exemplo: Uma pessoa tem um terreno de alto valor em frente à praia na Barra da
Tijuca, que vale muito, diante do momento atual do Rio de Janeiro (olimpíadas, copa
do mundo, especulação etc.). O prefeito, então, decreta que ninguém construirá nada
na Barra até 2018. Assim, o terreno desvaloriza. Mas se o prefeito liberar a construção
de um edifício de 30 andares naquele terreno, naturalmente o terreno se valorizará.
O Estado não regula se alguém respira, se alguém pegará uma pedra solta na
rua, porque esses recursos são abundantes no mundo e isso não interessa ao direito
econômico. Porém, regula se alguém comprar gasolina, por exemplo, restringindo uma
série de coisas. Segundo Carnelutti4, quanto mais econômico for um bem, mais o
direito se interessa por ele. Mas, em contrapartida, o direito também tem capacidade
de tornar certos bens econômicos. Exemplo: as drogas, que se tornam tão mais caras
na medida em que há a proibição; a lei seca americana com a proibição de bebida
alcoólica abriu um mercado ilegal extremamente relevante para o mafioso chamado Al
Capone.
Desta forma, segundo Fábio Nusdeo há uma relação direta entre economia e
direito, na medida em que quanto mais econômico for um bem, maior será o interesse
do direito por tal bem. Por outro lado, o direito tem a capacidade de tornar
determinados bens escassos, na medida em que restringe o acesso aos mesmos.
Tanto o direito tem a capacidade de tornar um determinado bem escasso,
como determinados fatos podem interferir na realidade econômica de um bem.
Exemplo: na tragédia da Serra, alguns comerciantes foram presos por venderem galões
de água de 12 reais por 50 reais, porque, no contexto da tragédia, aquele era um bem
escasso. Discute-se, em termos de direito econômico, se é legitimo esse aumento de
preço ou se isso configuraria um abuso que justifique um eventual processo criminal
contra o os comerciantes.
Qualquer fato pode interferir na escassez de um bem. A norma da proibição de
construir no terreno no exemplo supracitado é uma norma de direito administrativo.
Um dono de uma concessionária, por exemplo, se o governo eleva o IPI, isso afetará o
3 Fabio Nusdeo diz que economia vem da junção de oikos (casa) nomos (ordem), isto é, colocar ordem
na casa para que ela funcione. 4 Fábio Nusdeo cita este autor em sua obra.
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conteúdo econômico da atividade dele. Se o governo determina a instalação de um
filtro antipoluente extra nos carros chineses, isso também onera seu comércio. Desta
maneira, o direito econômico tem um caráter multidisciplinar, porque se faz
intervenção do estado na economia por normas de direito administrativo, de proteção
ao consumidor, de direito ambiental, de direito civil e de normas tributárias etc. Para
se ter exemplos de direitos individuais homogêneos, direitos difusos e direitos
coletivos no âmbito do direito econômico5, se formos buscar em normas próprias de
direito econômico haverá uma grande dificuldade de localizá-las. Porém, por ser o
direito econômico multidisciplinar, as normas dos mais variados direitos, quando
interferem numa equação econômica, tornam-se normas de direito econômico. Assim,
no CDC há exemplos de situações consumeristas, mas que também não deixam de ser
normas de direito econômico.
Destarte, o direito econômico tem um caráter multidisciplinar. Normas dos
mais variados ramos do direito também são normas de direito econômico na medida
em que interfira em relações econômicas.
O objeto central do direito econômico são os chamados bens econômicos, que,
segundo Fabio Nusdeo, possuem uma dupla característica: eles são, a um só tempo,
úteis ao homem, e daí vem a sua necessidade, e escassos. Porém, segundo Nusdeo, é
possível reduzir o bem econômico a ideia de bem escasso.
A nota característica do bem econômico é a escassez. O sistema econômico é o
modo como a sociedade resolve o problema da escassez, porque a equação da
escassez é o problema central de toda a sociedade.
3. Bens econômicos: Necessidade + Escassez
3.1. Bens Livres / Bens Supérfluos
3.1.1. Classificação:
a) Relação entre si: Bens Complementares / Sucedâneos
b) Finalidade: Bens de Consumo / Bens de Produção
c) Materialidade: Bens / Serviços
d) Âmbito de necessidade: Coletivos / Singulares
“Bem supérfluo” é uma noção subjetiva. Para um, o bem pode ser necessário,
enquanto que para outros, e para as pessoas em geral, não. A noção de “bem livre”
5 Questão da Prova da Procuradoria da República
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também, pois alguém pode achar um relógio quebrado no chão da rua, por exemplo, e
levá-lo ou não para casa. Esses dois tipos de bem não têm qualquer relevância para o
direito econômico, sendo interessante aquilo que a sociedade como um todo
demanda. Exemplo: o arroz, a carne, o feijão, o trigo etc.
Diante disso, Fabio Nusdeo diz que os bens econômicos são aqueles que
interessam à coletividade, mas esses bens podem ter quatro classificações6.
a) Relação entre si
Para Nusdeo, os bens econômicos podem ser classificados, segundo a relação
entre si, em bens complementares e bens sucedâneos. Os primeiros admitem uma
utilização simultânea. Os segundos têm uma relação de fungibilidade entre eles. São
substituíveis. Essa classificação é relevante quando estamos diante de uma
concentração econômica e de um ato restritivo da concorrência.
Os agentes econômicos localizados na mesma região; A, B, C e D são
fabricantes de leite, sendo A e B, de leite em pó, e C e D, de leite em caixa. São
produtos, em tese, diferentes. Mas dificilmente uma pessoa que compra leite em pó
também comprará leite em caixa.
Diante disso, quando se fala em “livre concorrência”, o que interessa à
Constituição é que haja concorrência. Não interessa que haja apenas um agente
econômico apenas oferecendo um produto, porque o monopólio permite abuso, e o
agente econômico que o detém poderá vender o bem pelo maior preço possível,
sendo isso péssimo para o sistema capitalista.
Supondo que A adquiriu o controle acionário de B, se transformando em uma
única empresa. Assim, houve uma redução do número de concorrentes, e a nova
empresa “AB”.
6 Para Nusdeo classificações são úteis apenas para questões relevantes ao direito, não se devendo fazer
classificações apenas por fazer.
Leite em pó
Leite em pó
Leite em caixa Leite em
caixa
A B
C D
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Essa redução da concorrência pode ocasionar situações tais como o dono da
“AB”, por deter 50% do mercado, exigir um contrato de exclusividade no controle do
transporte do leite, impedindo que os produtos das outras marcas circulem. Com isso,
“AB” dominará o mercado e eliminará os concorrentes.
Entretanto, o simples fato de A adquirir B não necessariamente será uma
eliminação de concorrência, porque há ainda C e D. Porém, se a população examinada
no exemplo não troca leite em pó por leite em caixa, isso significa que o tamanho do
mercado era muito menor que se pensava, e a aquisição de B por A criou um
monopólio, pois eliminou a concorrência.
Nota-se, assim, que a natureza do bem, se complementar7, há eliminação de
concorrência. Se sucedâneo8, o mercado fica maior e isso faz com que não haja tantas
infrações à ordem econômica, não havendo eliminação de concorrência.
No caso Sadia e Perdigão, estas juntaram para criar a BR Foods. O CADE, para
autorizar essa fusão, separou mercado por mercado onde elas atuam, para saber se
haveria eliminação da concorrência ou não após se juntarem. Por exemplo:
Sadia Perdigão Possível
Concentração
Pizza 20 25 Sim. Não haverá
monopólio do
mercado.
Embutidos 20 35 Não. Haverá
monopólio do
mercado.
Comida Congelada 15 16 Sim. Não haverá
monopólio do
mercado.
7 É o bem que o homem adquire simultaneamente. Exemplo: café e leite.
8 Está dentro do mesmo mercado, ou seja, o consumidor troca leite em pó por leite em caixinha, ou café
solúvel por café em pó.
Leite em pó
Leite em caixa
Leite em caixa
AB
C D
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Esse foi o grande embate da AmBev, pois a concentração “Brahma e Antártica”
pegou uma empresa que dominava, à época, 80% do mercado de cervejas. Assim,
passariam a deter um controle tão grande, que poderiam dominar o resto do mercado
por simples contratos de exclusividade com transportadoras, por exemplo.
À época do governo Cesar Maia surgiu o mercado de TV por assinatura.
Entretanto, o maior custo foi o de sua implementação na cidade, onde era preciso
fazer muitas obras para a passagem dos cabos. Se não houvesse certeza de lucro, essas
obras não seriam feitas (“não existe almoço grátis”). Como havia, o governo e a Net
acordaram para que essa passasse seus cabos, que chegou a deter 70% dos mercados
de TV por assinatura. Por não haver concorrência, a Net podia mudar livremente seus
pacotes de venda, modificando o contrato com majoração de preço.
Entretanto, ocorreu um fenômeno não esperado, o da elasticidade cruzada9,
que é o que ocorre quando um mercado, que nada tem a ver com outro, começa a
interpenetrá-lo. Assim, por desenvolvimento da economia, a TV por cabo começou a
competir com a TV por satélite (Sky), porque para o consumidor só interessa o produto
final. O problema é que posteriormente a Net foi vendida para a Sky.
Adam Smith, em uma passagem de “A riqueza das nações”, diz que quando dois
homens de negócios se encontram, ainda que para lazer ou qualquer outra atividade, a
conversa ao final sempre escambará para o aumento de preços e o prejuízo para a
coletividade. Para isso é que o Estado deve atuar.
b) Finalidade
Segundo Nusdeo, os bens econômicos podem ser bens de consumo ou bens de
produção. Bens de consumo são aqueles destinados a uma apropriação final pelo
consumidor e bens de produção são todos aqueles que incorporados dentro de um
processo econômico, têm por objetivo a produção final de um bem de consumo.
Fabio Nusdeo diz que desde a matéria prima até o bem final há uma série de
processos que vão se integrando para que se produza uma TV, um carro etc. Exemplo:
na escala produtiva de um carro, vai do ferro até o carro a ser entregue. Todos os bens
até o bem de consumo são os bens de produção.
9 Citado no livro de Paula Forgioni.
Ferro (Matéria Prima)
Carro (Produto Final)
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Falar em Bens de Produção permite que se identifique o mercado em que cada
um deles atual. Exemplo: “A” tem uma transportadora de veículos da fábrica para a
concessionária (uma cegonha), que compete no mercado com “B”. Como estão na
mesa etapa da escala de produção, um eventual acordo entre eles é chamado de
acordo horizontal (ou cartel). Se estiver diante de acordos entre agentes econômicos
que estão em pontos diferentes da escala produtiva, esse acordo denomina-se acordo
vertical.
Nusdeo diz que ser bem de produção é extremamente relevante quando se
trata de função social.
O art. 5º CRFB expressa que a propriedade tem que cumprir função social, bem
como no art. 170. Eros Grau, entretanto, diz que função social da propriedade é para
bens de produção (bens inseridos no processo econômico de produção), para que o
empresário não venha a reter o bem para seu bel prazer, sendo obrigado a explorar a
atividade econômica em prol da coletividade (gerando emprego, riqueza e tributos).
Nesse sentido, o princípio de direito empresarial de Preservação da Empresa é
corolário da função social dos bens de produção. Por isso, Eros Grau diz que é
equivocado tratar da função social no art. 5º CRFB, porque a propriedade no art. 5º
está historicamente ligada na Revolução Francesa à ideia de que a propriedade
garante a subsistência do homem, e assim, cumpre uma função individual, não social.
A função social do art. 5º, para Eros Grau, visa conter o mau uso da propriedade, não
se podendo, por exemplo, usar sua propriedade para prejudicar terceiros, utilizando-a
fora de seus limites.
Exemplo1: vizinho que constrói muro para impedir que haja sol na piscina do
outro.
Exemplo2: o bar que coloca cadeiras na calçada e é multado para retirá-las, está
sendo contido no seu mau exercício do direito de propriedade, numa atuação do
poder de polícia administrativo10.
Assim, a casa própria não tem função social, não tendo o proprietário o dever
de trazer um mendigo para morar em sua casa, por exemplo.
10
Mais um exemplo de norma administrativa que intervém no conteúdo econômico. Eros Grau diz que quando se fala em “intervenção do Estado na economia” na verdade está se falando em intervenção do Estado em duas coisas: no direito de propriedade e nos contratos. E se isso se dá como uma norma administrativa, esta perfeitamente não só será norma de direito administrativo como também será norma de direito econômico. É por esse motivo que alguns autores portugueses dizem que na verdade o direito econômico não existe, que seria na verdade as normas de outros ramos mas que digam respeito a intervenção do Estado na economia. O que prevalece no direito brasileiro, porém, é que o direito econômico tem autonomia e as normas de ordem econômica na Constituição permitem visualizar uma autonomia do direito econômico.
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c) Materialidade
Quanto à materialidade os bens econômicos podem ser bens ou serviços,
aqueles consistentes na entrega de alguma coisa e estes, consistentes numa prestação
humana que é remunerada.
Na venda de um celular, por exemplo, este é bem econômico (é um bem
escasso e se paga por ele). Porém, quando fala em prestar serviço de
telecomunicações, está se falando de serviço. Ambos são bens econômicos, pois
podem ser objeto de regulação do direito econômico.
Os serviços podem também ser escassos. Exemplo: prostituição.
d) Âmbito de Necessidade
Quanto ao âmbito de necessidade os bens podem ser coletivos ou singulares.
Bens coletivos são aqueles que vão atender à coletividade ou a uma coletividade
(exemplo: bens públicos, que em tese atendem a toda a coletividade). Bens singulares
são aqueles que têm um titular exclusivo (exemplo: computador pessoal).
O problema dos bens coletivos é que todos os homens são individualistas. O
direito econômico lida com o problema grave de que todos nós vamos optar sempre
por um bem individual. Exemplo: ao optar gastar R$ 50.000 para ter uma saída do
metrô na porta de sua casa ou ter um carro zero, o homem optará pelo segundo, que
incorporará seu patrimônio. Entretanto, o problema é que se todos quiserem carros, o
transito ficará inviável. Assim, o Estado deve utilizar sua política econômica para
estimular as pessoas a aceitar o uso de bens coletivos e não estimular produções
individualistas de bens individuais, que leva a inviabilidade da própria vida em
sociedade.
Exemplo1: o prefeito, no programa “BRT”, fechou uma das três faixas da
Avenida das Américas apenas para ônibus, onerando a pessoa que opta por utilizar seu
carro, pois o trânsito nessas duas faixas tornou-se muito lento11. Apesar de não termos
um sistema de transportes adequado, em termos de direito econômico essa opção é
correta.
Exemplo2: implantar pedágio urbano em determinada parte da cidade,
obrigando a pessoa a pagar para entrar. É também um estímulo às pessoas a utilizarem
os serviços de transporte público e não o transporte individual.
Entretanto, o capitalismo tem como base o individualismo, de que cada um tem
seu bem, que circula mediante pagamento. Assim, quanto mais escasso for um bem,
11
Entretanto, a política do governo federal de redução do IPI entra em contradição com a política municipal.
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mais caro as pessoas aceitarão pagar por ele. Então, o preço acaba contendo a
demanda, porque se for cobrado um valor muito alto algumas pessoas desistem de
comprá-lo. Com isso, racionaliza-se o consumo de bens.
Assim, bens coletivos são aqueles que atendem a toda a coletividade ou ao
menos a um grupo de pessoas. Por outro lado, bens singulares são aqueles que têm
um titular exclusivo, o que exclui sua utilização por outras pessoas.
2º Horário
4. Moeda / Valor / Preço
4.1. Moeda Enquanto Bem Econômico
Segundo Fabio Nusdeo, a moeda é um bem econômico que apresenta uma
dupla característica. Ela é genericamente aceita e tem o poder de reserva. A moeda
desempenhou ao longo do tempo um papel de facilitação das trocas e evoluiu de
modo que hoje se desmaterializou.
O STJ discutiu o desvio de valores por meio de internet-banking, ententendo
que seria furto. Porém, a primeira discussão nessa decisão foi a de saber se um dado
escritural, de sistema de informática, pode ser considerado coisa alheia móvel para
fins de furto. Se pode ser considerado moeda, dinheiro, para fins de furto, ou só será
moeda quando sacado. Colocou-se ainda a possibilidade do dinheiro nunca ser sacado,
quando o agente nunca teve contato físico com esse dinheiro. O STJ concluiu que,
realmente, a moeda se desmaterializou. Historicamente, esta já foi sal (salário), foi
gado (palavra em latim presente no termo peculato), foi ouro, foi papel moeda e hoje
é uma entidade abstrata, totalmente desmaterializada.
Assim, pessoas que circulam com muito dinheiro em espécie, ou fazem
pagamentos com altas quantias em dinheiro em espécie, se tornam suspeitas, pois
atualmente é mais seguro que o dinheiro fique no banco, até pela própria lógica
econômica.
4.2. Valor de um Bem Econômico: Teoria do Valor Utilidade. Teoria da Mais-
Valia
Se alguém recebe um carro popular antigo de herança do avô, e tenta vendê-lo
por R$ 150.000,00, o possível comprador não se interessará. Assim, o que importa é o
preço médio que a sociedade paga ao bem. Isso leva a uma discussão: qual deve ser o
valor do bem econômico?
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A teoria do valor utilidade acredita que este é o preço que as pessoas aceitam
pagar pelo produto. Corresponde a utilidade que o bem ou serviço parece ter para a
pessoa.
Diante disso, há um valor que a sociedade aceita pagar pelo bem (exemplo:
diferença de preços entre carros populares e carros luxuosos importados), isto é, a
sociedade é quem define o valor que ela aceita pagar. Em outras palavras, o valor de
um bem é exatamente aquele que a sociedade aceita pagar por aquele bem: o valor-
utilidade.
Karl Marx, porém, não concordava com tal posição. Para ele, a natureza dá
tudo de graça para o homem, e o que modifica aquela coisa dada pela natureza
tornando-a um bem, é o trabalho. Assim, não pode ser o trabalho ser valorizado tão
pouco quando for comparado ao lucro do empresário. Sua crítica é que o empresário
lucra muito e o empregado ganha pouco. Portanto, para Marx o valor de um bem
deve corresponder a quantidade de trabalho nele inserido. Essa concepção leva a um
sistema econômico socialista, onde o Estado controla tudo: salário, preço de
mercadoria, forma de produção.
O conceito de preço é a quantidade de moeda correspondente ao valor
econômico de um bem.
5. Sistemas Econômicos
5.1. Concepções Ampla / Técnica
a) Tradição
b) Autoridade (centralizado)
c) Autonomia
(i) Laissez faire, Laissez passer
(ii) Liberdade de contratar / propriedade privada
Entende-se por sistema econômico o peculiar conjunto de instituições por meio
das quais uma determinada sociedade procura equacionar o problema da escassez.
Além dessa visão técnica de sistema econômico, existe outra visão ampla, que vai
identificar como sistema econômico o conjunto de todas as atividades econômicas de
uma determinada região ou sociedade.
Fabio Nusdeo diz que temos três grandes sistemas e, de suas variações,
encontramos pelo menos cinco. Portanto, não há apenas os sistemas “capitalista” ou
“socialista”, pois hoje não há um limite bem delineado. A China, por exemplo, é uma
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economia de mercado ou socialista? Não há como se definir propriamente, pois há
muita indústria com baixa proteção ao trabalhador (ilógico numa tradição socialista),
porém com muitos subsídios do Estado.
Fabio Nusdeo resume, dizendo que para saber o que é o sistema econômico de
um lugar, fazem-se três perguntas: quem produz, para quem se produz, e como se
produz.
(A) Tradição
Repetimos certos comportamentos sem questionar (exemplo: bolo confeitado
na festa de casamento, frutas secas no natal, ovos de chocolate na páscoa etc.) porque
isso é um resíduo do sistema econômico de tradição, característico de sociedades
econômicas muito arcaicas, que não têm interação com outras sociedades.
Segundo Nusdeo, esse sistema econômico de tradição depende de certo
isolamento da sociedade, para que ela não vá assimilando muitas demandas. Os
gregos e romanos, quando tiveram contato, por exemplo, passaram a trocar figuras
mitológicas. Nesse tipo de sistema, há um forte vínculo psicológico-religioso naquela
comunidade, que é, como regra, atrasada, e que mantém o mesmo modo de
produção12 ao longo dos anos. Hoje isso não mais subsiste, isto é, nossa sociedade não
é um sistema econômico de tradição.
Assim, para Fabio Nusdeo, o sistema econômico de tradição tem como
pressuposto psicológico um forte vínculo de traço religioso entre os membros da
coletividade. Esse sistema é próprio de sociedades que não interagem com outras
sociedades, de modo que a maneira como a produção e o consumo são organizados é
preservada ao longo dos anos sem grandes modificações.
(B) Autoridade (centralizado)
O segundo sistema econômico é o Sistema de Autoridade, que parte de outra
perspectiva. Se houver um órgão central deliberando tudo em economia, esse vai
racionalizar o processo econômico e vai resolver da melhor maneira o problema de
escassez. Nesse sistema há a apropriação coletiva dos meios de produção, isto é, todos
os meios de produção pertencem à coletividade, e alguém, representando a
coletividade, decide como se produz, para quem se produz e de que maneira se
produz.
Se um bem está em falta no mercado, caso alguém ofereça cinco vezes o seu
valor, o comerciante prontamente irá procurar um modo de vender. À época do
presidente Sarney, com seus “fiscais do Sarney”, o presidente tabelou a carne, que
12
O que se produz? Como se produz? O que é consumido? Tudo se mantém igual.
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passou a não ser mais vendida por não ser mais vantajoso. Então, a população foi
estimulada a fiscalizar isso, para que isso não ocorresse. Porém, de nada adiantou,
porque se o consumidor quisesse a carne, pagando muito mais por ela, ela iria ser
vendida, surgindo o ágio. Então, o problema do sistema econômico de autoridade é
que ele não trabalha com a coisa. O homem, quando quer algo, vai pagar. É o acontece
com a droga.
Assim, o sistema de autoridade parte do pressuposto de que se todas as
decisões econômicas forem tomadas por um órgão central, o problema da escassez
será devidamente equacionado. Neste sistema, ocorre uma apropriação coletiva dos
bens de produção, cabendo a um comitê todas as decisões econômicas importantes
como alocação de recursos produtivos, modo de produção, preços e salários. Não
soluciona por conta da tendência do homem de buscar a liberdade.
(C) Sistema de Autonomia ou de Economia de Mercado ou Capitalista
Os autores Bernard Mandeville, David Hume e Adam Smith são os filósofos que
estabelecem as bases do sistema capitalista. Mandeville diz que o homem é, por
natureza, egoísta, e não há mal nenhum nisso, porque ao ser egoísta o homem busca
sempre maximizar suas posições, e isso acaba gerando um resultado proveitoso para a
coletividade.
A escravidão, por exemplo, acabou porque ao dar liberdade ao escravo, o custo
da preservação do escravo irá para o próprio. Assim, o egoísmo do senhor de escravos
faz com que ele liberte o escravo para reduzir seu custo e transformá-lo em
trabalhador assalariado. Então, por trás da libertação dos escravos está um argumento
totalmente egoísta, não um argumento moralmente correto.
Isso prepara as bases para que o capitalismo consiga se expandir. O capitalismo
começa a se desenvolver a partir da revolução francesa, com os ideais de igualdade,
liberdade e fraternidade. Hoje, o grande embate dogmático no campo da filosofia do
direito é entre o modelo que prima pela liberdade, maximizando-a13, e o modelo que
privilegia a igualdade14. Os defensores do modelo de Estado que prima pela igualdade
aceita que o Estado precisa tirar de uns e dar para outros. Os defensores de que o
Estado deve dar somente a liberdade, e que o homem define o seu destino, se a
pessoa não conseguiu sucesso econômico em sua vida, deve morrer pobre, porque
esta foi sua escolha.
13
Correspondente à “Direita Americana”, com o candidato Mitt Romney. 14
Que seria mais próximo à esquerda, se é que podemos falar em “direita e esquerda” atualmente.
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O sistema de saúde americano reflete essa decisão, que não equivale ao SUS
brasileiro15, e hoje há o conflito, pois o presidente Obama quer fornecer algo
semelhante e os republicanos não concordam. Ademais, a CRFB brasileira, extensa,
prima pela busca da igualdade, sendo claramente uma constituição social, enquanto
na Constituição estadunidense, enxuta, o embate doutrinário é muito mais nítido.
Na base filosófica do sistema capitalista, os autores dizem que o homem se
caracteriza pela liberdade e pelo egoísmo. Assim, tudo que o homem faz é baseado em
um princípio motriz: o princípio hedonista, isto é, o homem busca o prazer todo o
tempo.
A base do sistema capitalista é a ideia de liberdade de todos. Se todos são livres
para fazer o que quiserem, e se o sistema surgido na revolução francesa, do
iluminismo, a propriedade privada é algo reconhecido, vai ser da liberdade de
produtor e da liberdade de consumidor que surge o melhor sistema para resolver o
sistema da escassez.
Exemplificando:
Produtor Consumidor
Produtor A – vende por R$ 10,00
Produtor B – vende por R$ 15,00
Produtor C – vende por R$ 11,00
A massa de consumidores preferirá comprar de A. Se esses três produtores
competem para poder vender, é intuitivo que todos tentarão vender por R$ 10,00. Da
mesma forma, para produzir um carro, por exemplo, se preferirá o aço ao ouro,
porque aquele é mais barato por ser abundante.
A relação custo benefício é a base do sistema capitalista. Quando a relação
custo-benefício fica ruim, a tendência é parar a produção daquela coisa. Destarte,
Fabio Nusdeo diz que na lógica capitalista os homens são egoístas, têm de
fundamental a liberdade, e, portanto, farão um jogo econômico para preservar o que é
escasso e consumir o que é abundante, resolvendo o problema da escassez.
É por isso que o sistema capitalista prevalece, porque tem na base o
individualismo do homem, que busca sempre maximizar posições. É óbvio que na
15
O SUS é, na verdade, um grande plano de saúde público, e, guardada as devidas proporções e diferenças, equivalente ao INSS, que é um seguro público que cobre certos riscos, tais como idade, doença e incapacidade, além de benefícios assistenciais.
Massa de Consumidores
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relação custo-benefício às vezes a relação não funciona adequadamente, gerando
problemas, mas esta relação é a base do sistema capitalista. Ademais, o pressuposto
do sistema é o princípio hedonista e as ideias da revolução francesa (laissez faire,
laissez passer), sendo os princípios da liberdade de contratar e da propriedade privada
representantes claros da matriz capitalista.
Logo após a Revolução Francesa surge o Código Civil Napoleônico, que regulou
de maneira extensa os contratos, para resguardar os interesses da burguesia, que
tinha se tornado a classe política dominante, e que queria criar um ambiente favorável
às suas atividades. Por esse motivo o sistema capitalista vingou.
Em suma, segundo Fabio Nusdeo, o sistema capitalista surge após a revolução
francesa tendo por base o princípio hedonista e a ideia de liberdade. O homem, em
todas as suas atividades, pondera uma relação de custo-benefício, de modo que exerce
sua liberdade sempre que a relação é favorável.
No sistema capitalista, produtores e consumidores são deixados livres para que
do exercício de suas liberdades se extraia um sistema que produz bens econômicos
mais baratos, isto é, que têm por base recursos abundantes, o que leva como
contrapartida a preservação dos recursos escassos existentes na natureza. Na base
desse sistema de mercado encontramos, ainda, a propriedade privada e a liberdade de
contratar, que conjugadas permitirão o livre ajuste entre os homens para o
atendimento das mais variadas demandas. O sistema capitalista, assim, é o que melhor
equaciona o problema da escassez.
Os ideais do “laissez faire, laissez passer” nada mais são que uma expressão da
ideia de liberdade. Na revolução francesa, com a quebra das corporações de ofício,
que eram meios de reservas de mercado, houve o aumento do número de produtores,
o aumento da competição, e, por conseqüência, bens mais baratos que atendiam
tanto ao consumidor como ao lucro do produtor. Por isso na economia de mercado
vigora o princípio da supremacia do consumidor, na qual este é quem define os
produtos que devem ser oferecidos e aqueles que ficam no mercado.
Exemplo: Um restaurante que oferece sopa de feijão com jaca tende a não
permanecer no mercado. É possível que sejam introduzidos novos produtos, mas se o
consumidor não os quiser, pela lógica econômica, sairão do mercado.
Beccaria dizia que as punições em direito penal tinham a ver com o homem
econômico, pois se o homem tivesse certeza que seria punido, colocaria na balança o
custo-benefício de cometer aquele crime, e talvez não o cometeria.