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2_IANNI, Octavio. Cap II – Classes Sociais e Contradições de Classes. IN Sociologia – Karl Marx

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    Organizador: Octavio lanni '

    SOCIOLOGIA30,' edio

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  • r--' ,I 96

    carter dos meios de produo. Com a descoberta de uma nova mquinade guerra, a arma de fogo, toda a organizao interna do exrcito foi,necessariamente, modificada; as condies em que os indivduos inte-gram um exrcito c so capazes de agir como um .exrcito foramtransformadas e as relaes dos diversos exrcitos entre si tambm semodificam.

    Do mesmo modo, as relaes sociais de acordo com as quaisos indivduos produzem, as relaes sociais de produo, alteram-se,transformam-se com a modificao e o desenvolvimento dos meiosmateriais de produo, das foras produtivas. Em sua totalidode, asrelaes de produo formam o que se chama de relaes sociais, asociedade, e, particularmente. uma sociedade num estgio. determinadode desenvolvimento histrico,' uma sociedade com um carter distintivo,peculiar. A sociedade a,!tiga, a sociedade feudal, a sociedade burguesaso conjuntos de relaes de produo desse gnero, c, ao mesmo tempo,cada uma delas caracteriza um estgio particular de desenvolvimentona histria da humanidade.

    O capital tambm. uma relao social de produo. E:uma relaoburguesa de produo, relao de prduo da socicdade Durgues.. Osmeios de subsistncia, os instrumentos de trabalho, as matrias-primasde que se compe o capital no foram produzidos e acumulados emcondies sociais dadas. de conformidade com' relaes determinadas?No so eles empregados para uma nova produo' em condies sociaisd8:das, de aordo com relaes sociais determinadas?, E no , prcisa-

    . mente, .este carter social determinado que. transforma os produtosdestinados. nova produo em capital?' . .

    r o ';'pital no consiste aperi~s de meios de subsistncia, de instru-i mentos de trabalho c de matria-prima, no se forma somente dei produtos materiais; compe-se, igualmente, de valores de troca. Todos! os produtos de que ele se constitui so mercadorias. O capital no ,, portanto, somente uma soma de produtos materiais, , tambm, umasoma de mercadorias, dc valores de troca, de grandezas sociais. ( ... )

    I]

    I

    11.CLASSES SOCIAISECONTRADICOES

    DE CLASSES

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  • 5. AS CLASSES SOCIAIS

    5.1. Carta de Marx a J. Weydemeyer ,',

    [Londres,] 5 de maro de 1852,

    ( .. ,) No que a mim Se refere, no me cabe o mrito de haverdescoberto' a existncia das classes na sociedade moderna nem a lutaentre elas. !v1ito antes de mim, alguns historiadores. burgueses' jhaviam exposto o desenvolvimento histrico dessa luta de classes ealguns economistas burgueses a sua anatoria econmica. O que-'eutrouxe de novo foi a demonstrao de que: .I} .a exis!-ncia das "classess se liga a determinadas fases histricas de desenvolvimemo ,da pro-duo; 2).8 luta de classes conduz, necessariamente, ditadura do.proletariado; 3) esta mesma. ditadura no por si mais que a tran-sio. para a -abolio de fodas as classes e para uma sociedade sem.classes,. (, , ,.)

    ,0, proprietrios de simples fora de trabalho, os proprietrios de

    capital e o.S proprietrios de terras, cujas respectivas fontes de receitasso o salrio, o lucro c a. renda do solo, ou seja, os .op:errips._a.ssala-riados'_..,..o~_.9pitalist~~~~os lati.fundirio~. fortl).am as. trs grandes' classesdasociedade moderna, baseada no regime capitalista d pro4uo.

    ''''-', . -.,~-.. _;}':."--'--~' -.__: ,"__~.'-'-M--.- '. . - , - -.

    ,~Reproduzido de MARX, ~. e. ENGELS, F. Obras e.\cogidas. Moscou: Edicionesen Lcngnas Extranjeras, 19.52. t. lI, p. "424-25. T~n1:'por -Math',Elis .Ma$a~,'renhas.'-'~ Reproduzido de M"'RX, K. ".Las clases;".-In:"El api~ril. Mxico . FondQ .deCnhunt ~conmic. 1946-47: L TU, capo LII,j, .. 102t"':l2. Trad. por Maria ElisaMascarenha:'l.

    ~-_.-._- -------

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    . .. , ~~;y.,

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    A Inglaterra , indiscutivelmente, onde mais desenvolvida seencontra e em forma mais clssica, a sociedade moderna) em suaestruturao' econmica. Entretanto, nem ali se apresenta, em toda asua pureza, essa 'di\tisoda sociedade em classes. Tambm, na soCiedadeinglesa, existem fases intmediarias e de transio, que obscurecem. emtodas as partes (ainda que no campo inCOinparavelmememenos. que'rilis. .cidades), as linhas diviSrias. Isso, entretanto, indiferente paranossa investillao, .3'\ vimos que lendnciaconstantc e lei dedesen-volvimento do regime capitalista de produo, estabelecer um divrciocada ve.zmais profundo entre os meios de produo c o trabalho, c ir-seconeenttando os meios de produo ein grupos cada Ve:l.maiores; isto'; converter-se o trabalho em trabalho assalariado c os meios de prO-duo em capital. E a essa tendncia corrcspondc, por outro lado, odiv6reio da propriedllde territorial, para formar uma potncia partediante do capital c do trabalho, I Ou seja, a transformao de toda apropriedade do solo para a adoo da forma da propriedade territorial,que corresponde ao regime capitalista de produo.

    O problema que imediatamente se apresenta o seguinte: que. uma classe? A resposta a e~sa pergunta se deprecnde em seguida q;e-demos a' esta outra: que que converte os operrios assalariados, oscapitalistas c os proprietrios de terras, em falores das trs grandesdosses sociais?

    :a, primeira vista, a identidade de suas rendas c fontes de renda .Trata~se de. t;s grli~~S)lnJpOs .siai~. c~jos tompoMntes. os indivd~OS.que os formam, vivem respectivamente de 001. salrio, ..do 'lu(:'ro c darenda do solo, ou' -,e'ja,.da' exploro :de:sua' foia de trabaUlo,.de seucapital ou de sua propriedade ierritorial. . - -- .- ....

    .._--:a certo que, desse ponto de vista, tambm os mdicos e os funcio-

    nrios, por exemplo., formariam duas classes, pois pertencem' a doisgrupos sociais distintos, cujos componentes vivem de rendas procedentes

    I.F. List observa com acerto: "O regime predorhinanle d~ gr:~ndes (inllnlls'cultivadas por conta pr6pra s6 demonstra "8 3u'sncia de "Civilizao, dOe meios de ..comunicao, de indstrias nacionais e de cidades' ricas. Por isso, encontramos'esse regime generalizado ria Rssia, na Polnia, H~rigria. Mec1emburgo. Antiga-rllente era" tambm esse :0' regime predomin"anle na .1:nglaterrJ\; mas, a'o npa,recerem ...o comrcio e-ti ind6stria . as grnd'e~.propriednd~~se' d'esinlCgr"aram . em eiplora~'cs de tipo mdio e imps--sc o regi~e de arrendament~s'" (D Acker~.trla.f.fIJg:dk'Zwergwirlscl!ajt 'una die Au,nYCJflduwfg. "1842. p. '0).

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    II!

    I

    III

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    ~a. ~esm~ fo~te em cada um deles. E o mesmo se poderia dizer daIIlf,mta diversidade de interesses e posies em que a diviso do ira-balho social separa tanto os operrios quanto os capitalistas e os pro-pnetnos de terras, como, por exemplo, no caso desses ltimos emproprietrios de vinhedos, de terras de lavoura, de bosques, de m'inas,de pesqueiros etc. .

    [Chegando aqui, interrompe-se o manuscrito (F. Engels).]

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  • 6. A ESTRUTURA DE CLASSESNA ALEMANHA *

    A investigao e a expOSlao das causas da convulso revolucio-nria e de sua supresso so ( ... ) de suma importncia do ponto devista histrico. Todas essas discusses e recriminaes insignificantes epessoais - todas essas afirmaes contraditrias, de que foram Marrastou Lcdru-Rollin ou Louis Blanc ou qualquer outro membro do GovernoProvisrio o.u, mesmo, todos eles ao mesmo tempo, que conduziram aRevoluo aos recifes onde ela naufragou - que interesse podero ter,que esclarecimento podem produzir ao americano ou ingles, que observatodos esses movimentos de uma. ~istncia to grande, que no lhepermite distinguir" qu~lquer detalhe" das operaes? Ningum, em sconscincia, jamais acreditar que onze homens, 1 'a maioria dos quaisde discutvel capacidade tanto para fazer o bem como para fazer omal,_ puderam, enl "trs meses, .arruinar" uma nao de 36 m.ilhes deh~bitap.te's,. ,a menQs' que. -esses 36 nlilhes: nxergasscrn tanto su. f(ente -qnto -esses onze -homens. Mas como :i{ que' 36 'milhes' depessoas podem, de uma s vet, decidir-- por si mesmas quaf o caminhoa seguir, embora estejam parcialmente no escuro a esse respeito, como que se perderam e como que seus antigos dirigentes puderam, porum momento, voltar a lider-las? Essa a questo.

    Se quisermos expor aos, leitores do The,_ Tribune as causas que,se de um lado necessitavam da Revohio Alem de 1848, levaraminevitavelmente' sua irn,ediata represso em 1.849 e 1850, deveremosrelatar a 'histria cOf!1pleta dos ac~:>ntec~e~tos 'da maneira que trans-

    ::,_Reproduzido :de, '~RX,K' "Germany at the Outbreak,' ,bf the R,evolutiori." In:RevoluJion-'and COlltIJer-Rev'oTtidn '(oI Gen'nny iri .1848), l.ondr~s, George Allenand 'Unwin; ~952-.'-cap. I, '-p_3-12'., Trad. por Fausto R. 'Nickelsn- PelJe-grini.i. Os "onZe 'homens" eram:. Dupont de l~Eure, L~martine, Cr~ieux, Arago, ledru--Rallin. Garnier-Pag:es. Marra~(. ,Flocon, Louis B1anc, Maric e Albert.

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    correram naquele pas. Acontecimentos posteriores, bem. como o julga-mento das geraes futuras, decidiro quanto daquele conglomerado deeventos onfusos e aparentemente fortutos, incoerentes e incongruentesdever fazer. parte da Histria UniversaL A hora de tal tarefa aindano chegou; devemos nos ater aos limites do possvel, e nos dar porfelizes, se pudermos encontrar as causas racionais, baseadas em fatos~ndiscutveis, que expliquem os principais acontecimentos, as principaisvicissitudes daquele movimento, e dar, a ns mesmos, um indcio dedireo que a prxima e, talvez, no muito distante ecloso revolucio-nria dar ao povo germnico.

    Em primeiro lugar, qual era a situao da Alemanha ao estourara Revoluo?

    A composio das diversas classes sociais, que formam a base detoda organizao poltica era, na Alemanha, mais complicada do queem qualquer outro pas. Enquanto na Inglaterra e na Frana o feuda-lismo era totalmente destrudo ou, pelo menos, reduzido, como naInglaterra, a poucas e insignificantes formas, por meio de uma classemdia poderosa e rica, concentrada em grandes cidades e, especialmente,na capital1 a nobreza feudalista da Alemanha retinha uma grande partede ses antillos privilgios. O sistema feudal de propriedade prevaleciaem quase toda parte. Os' donos de terras at mantinham jurisdio sobreseus inquilinos. Privados de seus privilgios polticos, do direito decontrolar os prncipes, eles tinham, no entanto, preservado toda a suasupremacia medieval sobre os. cidados que moravam em suas proprie-dades, bem co~o a iseno de impostos. O feudalismo ffipstrava':se mais.vigoroso em 'algumas localdades do que -em outras, mas, eUi parte'alguma, exc~to nas margens esquerdas do Reno, fora ele inteiramente'extirpado. Essa nobreza feudal, antes muito numerosa e, em parte,muito rica, era oficialmente considerada a primeira "ord.em" do pas.Ela produzia os altos funcionrios do Governo c praticamente todos osoficiais do Exrcito.

    A burguesia, na Alemanha, ficava muito abaixo, em riqueza econcentrao, de suas con'gneres na -Frao_a e na Inglaterra. As tradi- 'danais manufaturas alems haviam sido destrudas pelo aparecimentoda mquina a vapor e pela rapidamente crescente supremacia dosprodutos fabricados ria Inglaterra; os produtos mais modernos, criados,dentro do s,istt?ma continental napolenico,-consagrados em -outras partesdo pas, ~no compensavam a perda' .dos antigos-- nem ;eram sufiCientespara criar interesse. bastante forte -na produo para chamar a atenode governos que se mostravam ciumentos' quanto a qualquer extenso

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    de riqueza ou poder que no fosse da nobreza. Se a Frana conseguiumanter sua produo de seda, atravs de cinqenta anos de revoluese guerras, a Alemanha, nesse mesmo tempo, quase perdeu seu tradicionalmercado de linho. ,As reas industriais, alm disso, eram poucas edistantes umas das oulras; situadas no interior c utilizandg, na -suamaioria, portos estrangeiros, holandeses. ou belgas, para suas importa-es e exportaes. Tinham pouco ou nenhum interesse nas grandescidades porturias do mar do Norte ou do Bltico. Alm disso, eramincapazes de criar grandes centros industriais e comerciais como Parise Lyon, Londres e Manchester. As causas desse atraso da indstriaalem eram muitas, porm duas delas bastaro para explic-lo: alocalizao geogrfica desfavorvel do pas, a uma grande distncia doAtlntico, que havia se tornado a grande estrada do comrcio mundial,e as constantes guerras em que a Alemanha se envolvia, e que eramtravadas em seu prprio solo, desde o sculo. XVI at nossos dias. Eraessa falta de nmeros C, especialmente, de nmeros concentrados, queno deixava a classe mdia alem atingir aquela supremacia polticaque a burguesia inglesa vem gozando desde 1688, e que a francesaconquistou em 1789. Mesmo assim, desde 1815, a riqueza e, com ela,a importncia poltica da class. mdia na Alemanha crescia continua.mente. Os governos eram obrigados, embora com relutncia, a securvarem pelo menos aos seus, interesses mais imediatos. Pode-se,mesmo, dizer que, de 1815 at 1830 e de 1832 at 1840, cada partculade influncia poltica, que, tendo sido concedida classe mdia, nasconstituies dos Estados menores, foi novamente retirada ,delas, duranteesses, dois ,perodos de reao poltica, e que cada par.tcul,a foi com-pensada por uma'vantagem mais pr'tica con~dida a elas. ,Cada derrot~poltica da classe mdia trazia em seu rastro uma vitria no campo' dalegislao comcrf.=iaL E, com certeza, a Tarifa Protecionista Prussianade 1818 e a formao do Zollverein 2 e'lIm muito mais, teis aos comer-ciantes e industriais da Alemanha do que o discutvel direito de expres-so, nas cmaras legislativas de pequenos ducados, que manifestavamsua falta de confiana em minisiros que riam .de seus votos." Assimsendo, com uma cresce'nte riqueza, e um comrcio cada vez mais amplo,a burguesia logo atingiu o estgio no qual descobriu que "(}.desenvolvi-

    2 o Zallvt!rein era a Unio Aduaneira Alem. Foi criada em 1827 e cstendcu.se1:iastan~e depois da, g~crru dc' 1866: PCsd~ a unifi~ao da Alemanha. como um"Imprio"; em 1871. os Estados pertencentes ao Zollverein foram inclufdos no

    , ]mprio Alemo. ,O objeti~o do )()lIvuein era' imiformizar .as taxas duanei~asem toda a Alemanha.

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    II

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    mento de seus principais interesses era sustado pela constituiopoltica do pas; por sua diviso desregrada entre trinta e seis prncipesde tendncias conflitantes e inmeros" caprichos pessoais; pelos grilhesdo feudalismo na agricultura e no comrcio ligados a ela; pela superin-tendncia intromissa, qual uma burocracia arrogante e estpidasubmetia todas as suas transaes. Ao mesmo tempo, a extenso e 'consolidao do ZoUverein (Associao Aduaneira), a ampla introduodtransporte a vapor, a crescente concorrncia no mercado interno,levaram as classes de comerciantes dos diversos Estados e Pro'vncia's ase unirem ainda mais, a nivelarem seus interesses e centralizarem seupoderio. A conseqncia natural foi a sua transferncia para o campoda Oposio Liberal e a vitria na primeira batalha sria da classemdia germnica pelo poder poltico. Essa mudana talvez tenha ocor-rido em 1840, ocasio em que a burguesia prussiana assumia a lideranado movimento de classe mdia na Alemanha. Voltaremos, agora, atratar desse movimento de Oposio Liberal de 1840-47.

    A grande maioria da populao, que no pertencia nem nobrezanem burguesia, consistia, nas cidades, de pequenos comerciantes eoperrios e, no campo, de camponeses.

    A pequena classe dos comerciantes c lojistas , todavia, muitonumerosa na Alemanha, devido ao limitado desenvolvimento' que osgrandes capitalistas c industriais, c~mo 'classe, tm tido naquele pas.Nas cidades maiores, ela constitu,i, pI:aticamente, a maioria da popula-o; nas cidades menores, predomina totalmente, na falta de concor-rentes, 'ma.is .ricos',e .in~lue~te~.. Essa cra~sc" .de suma, importncia ,paraa poltica de qualquer entidade' moderna 'bem como' em todas:: 'as~evolues moder"~as,~:, ainda," m'~,is- j;npo';tn"t6' na,', Alenlanha3' o~de,dlirante '.as recentes lutas; teve" geralment~, tuao decisi'v8. Su'aposio intermediria, entre a classe dos gra~des capitalistas, comer-ciantes e industriais, ou seja, a burguesia propriamente dita. e a classeproletria ou operria, estabelece o seu carter. Tendo aspiraeS posio da primeira, o menor tropeo da sorte atira os indivduos dessaclasse para a segunda. 'Em pases monarquistas ou fe\ldais, 'as tarifasda corte c da a~istocraci.a tomam-se essenciais ~ua existttci; a perdadessas tarifas poder arruinar grande ,parte . de'"suas" econornias'. Em'cid~des. menores, uma, guarni,o militar, um governo 'municipl, umtribunal,' c9m seus. ,seguidores, 'ge~a}mente constituem a base de' 's.ua,prosperidade; elitninando;.s,: os cqme-rcia~(es; os :'.al,faiate~, ~~p~,eirps'~ .marcco,?iros saem perdendo., Por ,'iss'o, .scnd 'continuiricite' ,'atirados,como peteca - entre a esperana de galgar~m' a .~Iasse "dos mais' ricos

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    o medo de serem reduzidos condio de proletrios ou mesmo deindigentes; entre a esperana de promoverem seus interesses, pela con-quista de um lugar nos negcios pblicos, e o pavor de despertarem,atravs de uma oposio inoportuna, a ira do Governo, que dispe deseus destinos, porque tem o poder de retirar-lhes seus melhores fregue-ses; possuidores de parcos bens materiais, cuja posse insegura est narazo inversa de seu volume - os elementos dessa classe so extrema-mente vacilantes em seus pontos de vista. Humilde e servil, sob umpoderoso Governo feudal ou monrquico, essa classe se volta para olado do liberalismo, quando a burguesia est em ascenso; ela se tomapresa de violentos acessos democrticos assim que a burguesia tenhaobtido sua prpria supremacia, mas cai, novamente, no desnimo e nomedo, assim que a classe que se encontra abaixo dela - o proletariado_ tenta encetar um movimento independente. Veremos, pouco a pouco,essa classe, na Alemanha, passar alternativamente de um estgio parao outro.

    A classe trabalhadora da Alemanha, em su desenvolvimentosocial e poltico, est to atrasada em relao s da Inglaterra e Franaquanto a burguesia alem se encontra atrasada em relao s burguesiasdaqueles pases . .Tal pai, tal filho. A evoluo das condies de vidade uma classe proletria numerosa, forte, coesa e inteligente anda demos dadas com o progresso das condies de vida de uma classe mdianumerosa, dea, coesa e poderosa. O movimento da lasse operria emsi nunca independente, nunca de ndole exclusivamente proletria,at que .todas as faces da classe mdia c, especialmente, sua -ala

    o

    maisprogressista, que a dos grandes industriais, conquiste o poder polticoe remodele o Estado segundo a sua vontade. E. ento que o inevitvelconflito entre empregador e empregado se torna iminente e no podemais ser protelado; que classe operria no mais pode ser ludida comesperanas vs e promessas que nunca se cumprem; que o grande pro-blema do sculo XIX - a abolio do proletariado - finalmente trazido baila, com justia e em suas devidas propores. S que, naAlemanha, o grosso da classe operria no empregado por patresmodernos dos quais a Gr-Bretanha apresenta exemplares esplndidos,mas por pequenos comerciantes, cujo parque fabril no passa de umareles rplica da Idade Mdia. E, como existe uma enorme diferenaentre o .grande industrial do algodo e o pequeno sapateiro ou alfaiate,tambin existe 'a mesma distnCia entre industrial de viso das modernasbabilnias industriais c_o tmido. alfaiaOte ou marceneiro de uma cidade-zinha do interior, que. vive e trabalha. de acordo com um programa que

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    tlifere muito puco de $ealS colegas de cinc sculos atrs. Essa faltageneralizada de modernas condies de vida, de mtodos modernos deproduo industrial, logicamente foi seguida de uma correspondente faltade idias atualizadas,_ .Por isso, no de se espantar que, ao cc10dir aRevoluo, uma grande parte da classe. trabalhadora esteja clamandopelo imediato restabelecimento de associaes e corpora'es comrciaisprivilegiadas de cunho medieval. No entAnto. proveniente, dos distritosindustriais, onde predominavam o sistema moderno de produo e" porconseqncia, as facilidades de intercomunicao e desenvolvimentomental, proporcionadas pela vida migratria de um grande nmero dostrabalhadores, formou-se um forte ncleo, cujas idias sobre emanci-pao da classe eram muito mais claras e estavam mais de acordo coma realidade dos fatos e das necessidades histricas; mas constitua umapequena minoria, Se o movimento ativo das classes mdias se iniciouem 1840, a reao da classe operria teve seu advento com a insurreiodos operrios da Silsia e da Bomia, em 1844. Logo mais teremosoportunidade de passar em revista os diversos estgios que esse movi-mento atravessou.

    Por fim, havia a grande classe -dos pequenos fazendeiros, -dos cam-pnios, a qual, com a adio dos lavradores, constitua a grande maioriada populao nacional. Porm, essa classe se subdividia, por sua vez,em diversas fraes. Havia, em primeiro lugar, os fazendeiros maisabastados, que, na Alemanha, se chamam de Gross-Bauem e Mitel--Bauern, proprietrios de fazendas. ~aiores ou menores e cada qualcontra~ando o os servios ,de diversos lavradores. Essa classe, situada. entre a' dos latifundirios O feudais, que no -.pagav~m' .impo::;tos,. e os ..pequenos agricultores '_ecamponeses:" evidentemente achava que a .alianacom a classe -mdia antifcudalista das Cidades era o o seu caminhopoltico natural. Havia, ainda, uma segunda classe, a dos pequenosproprietrios, que predominava na regio do Reno, onde o feudalismohavia sucumbido antes mesmo dos poderosos golpes desfechados pelaRevoluo Francesa. Outros pequenos proprietrios da mesma espcieexistiam aqui e acol, em outras provncias, onde- tinham conseguidopagar os tributos ..que antes Jiendiam sobre suas terras. Esta classe,porem, era uma classe de proprietrios s de nome, j que suas proprie-dadesget'almente se encontravam hipotecadas a tal ponto e em condiesto. onerosa...;que,_.na ~alidade) o u~l1rr~oq~e lh.es havia adiantado ~dinheiro . que era.o

    0

    , verdadeiro propri.trio. Em terceiro lugar, osinq\linos dqs _.senho~-es.feu~'is ..qu~ no_ podiam., ser ~acilme.n~e .~_esalo-jados; mas que. eram obrigados a pagar um aluguel perptuo ou, o ento,a .executar eternamente- um. certo. volume de trabalho par o dono da

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    casa. Finalmente, os trabalhadores braais do campo, cuja condio,em muitas das grandes fazendas, eIa exatamente a mesma de seus con-gneres na Inglaterra, e que sempre viviam e morriam na misria,mal nutridos e eram escravos de seus patres. Estas trs ltimas catego-rias da populao, rural, os pequenos pseudoproprietrios, os inquilinosdos senhores feudais e os lavradores,' nunca 'se importaram muito coma poltica antes da Revoluo, mas lgico que esse conhecimentodeve ter-lhes aberto uma nova carreira, cheia de promissoras pers-pectivas. Para cada um deles, a Revoluo oferecia vantagens. Omovimento, uma vez deflagrado, era de se esperar que cada um a seutempo tomasse parte nele. Contudo, ao mesmo tempo, evidente cigualmente comprovado pela histria de todos os pases modernos, quea populao agrcola, devido sua disperso numa rea muito amplae pela dificuldade de elaborar um acordo' entre uma boa parte dela,jamais pode tentar executar com xito um movimento por conta prpria;ela necessita do impulso inicial da .gente mais unida, mais esclarecida emais facilmente impressionvel das cidades .

    .0 breve ,esboo que apresentamos das principais classes sociais,que, no seu todo, formavam a nao 'alem, na poca da ecloso dosrecentes movimentos polticos, j ser suficiente para explicar, emgrand~parte, a incs>ernia, a incongruncia e a aparente contradioque prevaleceu naquele. rnoV'imento. Quando interesses to diversifi-. cados, to confJitantes., to 'estranhamente se entrecruzando, so levadosa uma coliso violenta;. quando esses interesses co~flitantes, em cadamun.icpio; :.cada provncia, so "c~mbjnados em diversas propores;~.quandd,.a:~ima de tud~, .no :existe um wiinde.'centr ..urbano no pas,nada que s~ .compare' a uma ~ontlre's .~u Paris~'c"ujas 'decises~ .'pelainflunci que exerce~, podem superar" a 'necessidade' de d'ebatcr asmesmas questes muitas. vezes em cada lugar; que mais se pode esperar,se no que a contenda por si s6 se dilua numa massa de lutas desco-nexas, nas quais uma enorme quantidade de sangue, energia e capital . dispendida, mas que, por tudo isso, continua sem qualquer resultadodecisivo? .

    O desmembramento p~Iitic da. Alc~~nha em trs dzias ou ~aisde prncipados .menores tambin se .explica pela confuso e multipli-cidade dos' elementos que compem a nao e que, da mesma forma,variam.de lugar:.pai'; lgar.' .Onde .nso' hUnteresses:comuns, no pde.: haver ul)idad~ de'.projJsitos:e.merios a)ild;'uma ao conjunta. AConfederao Alem;' . bem verdade;. foi .dedar.da indissoluvel'; no.'entanto, a' Confed~rao .C .seu. 6rgot a Dieta, j@mais"repreSentou a

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    unidade alem. O ponto mais avanado a que chegou a centralizaona Alemanha foi a criao do Zo//verein. Com isso, os Estados do mardo Norte tambm se viram forados a criar uma Unio Alfandegriaprpria, "ficando a ustria presa ao seu sistema tarifrio proibitivo C1Dseparado. A Alemanha tinha a satisfao de ser, apenas para finsprticos, dividida em trs potncias independentes, em lugar de trinta eseis. E- claro que a enorme supremacia do tzar da Rssia, estabelecidaem 1814, no sofreu qualquer modificao com isso.

    Tendo chegado a estas concluses preliminares de nossas premissas,yeremos, em nosso prximo artigo, como as referidas classes do povoalemo foram postas em movimento, uma aps a outra, e qual a ndoledo movimento por ocasio da ecloso da Revoluo Francesa de 1848.

    ==============.-,,-------==--=-. --===========-'""===-- '~===;o====-"~===========

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    7. CLASSES SOCIAIS E BONAPARTISMO *

    ',' .

    *'Reproduzido'd~ MAR~ .K. O 18 'Brmlrio' e 'Cartas ti Kugelm~fln. Tnid. ~evistapor Leandro Konder. R,o de Janeiro, ~d. Paz e Terra, 1969. p. 110-26.

    ( ... ) No umbral da Revoluo de Fevereiro, a repblica socialapareceu como uma frase, como uma profecia. Nas jomadas de junhode 1848 foi afogada no sangue do proletariado de Paris, mas ronda ossubseqentes atos da pea como um fantasma. A repblica democrticaanuncia o seu advento. A 13 de junho de J 849 dispersada juntamentecom sua pequena burguesia, que se ps em fuga, mas que, na corrida,se vanglqria com redobrada arrogncia. A repblica parlamentar, jun-tamente" 'com a burguesia, apossa-se de todo o cenrio; goza a vida -emtoda a sua plenitude, mas o 2 de dezembro de 1851 a enterra sob oacompanhamemo do grito de agonia. dos monarquistas coligados: 'IVivaa Repblica!"

    A burguesi~ francesa rebelou-se contra o domnio do proletariadotral?alhador; levou aO.'P0det o Lumpenpro!etariat, tendo frente o chefeda Sociedade deIO de Dezembro. A burguesia conservava a Frana. resfolegando ?e _:p~vor.ante os, futuro~. terrores da anarquia vermelha;Bonaparte ~esc:ont6u para ela. esse.' futuro, quando, a 4 de dezembro,fez com que. o exrcito da ordem, inspirado pela aguardente, fuzilasseos eminentes burgueses do Bulevar Montmartre e do Bulevar desItaliens, que estavam postados em suas janelas. A burguesia fez aapoteose da espada; a espada a domina. Destruiu a imprensa revolu-cionria; sua prpria imprensa foi destruda. Colocou as reunies popu-lares sob a vigilncia da polcia; seus. sales esto sob a vigilncia dapolcia. Dis~olveu ,a Guarda Nacional democrtica; sua prpria GuardaNacional foi dissolvida. Imps o estado de stio; o estado de stio foi-lheimposto. Substituiu os jris por comisses militares; seus jris sosubstituidqs. por. com;ss.es militares ... Subrne.teu a educao pblica _ao .

    . '. . '. .

    domnio dos padres; os padres submetem-na educao deles. Desterroupessoas sem julgamento; est sendo desterrada sem julgamento. Repri-miu todo.s os movimentos da sociedade atravs do poder do Estado;todos os movimentos de sua sociedade so reprimidos pelo poder doEstado. Levada pelo amor prpria bolsa, rebelou-se contra seus pol-ticos e homens de letras; seus polticos e homens de letras foram postosde lado, mas sua bolsa est sendo assaltada agora que sua boca foiamordaada e sua pena quebrada. A burguesia no se cansava de gritar revoluo O que Santo Arsnio gritou aos cristos: "Fuge, tace,quiescel" ["Foge, cala, sossega!"] Agora Bonaparte que grita bur-guesia: "Fuge, tace,.quiesce!"

    A burguesia francesa h muito encontrara a soluo para o dilemade Napoleo: "Dans cinquante ans l'Europe sera rpublicaine ou cosa-que!" 1 Encontrara a soluo na rpublique cosaque. Nenhuma Circc,por meio de encantamentos, transformara a obra de arte, que era arepblica burguesa, em um monstro. A repblica no perdeu seno aaparncia de respeitabilidade. A Frana de hoje j estava contida, emsua forma completa, na repblica parlamentar. Faltava apenas umgolpe de baioneta para que a bolha arrebentasse e o monstro saltassediante dos nossos olhos.

    Por. que o proletariado de Paris no se revoltou depois de 2 dedezembro?

    A queda da burguesia mal fora decretada; o decreto ainda notinha sido ~xecutado., Qualquer insurreio sria do prOletariado .teriaimediatamente instilado vida nov burguesia, t-Ia-ia recnciliado. com'o exrcito e' assegurado aos operrios uma s~gunda derrota de ju":ho.

    A 4 de dezembro, o proletariado foi incitado Juta por burguesese vendeiros. Naquela noite, vrias legies da Guarda Nacional prome-teram aparecer, armadas e' uniformizadas na cena da luta. Burguesese vendciros tinham tido notcia de que, em um de seus decretos de 2de dezembro, Bonaparte abolira o voto secreto e ordenava que marcas-sem "sim" ou "no", adiante de seus nomes, nos registros oficiais. Aresistncia de 4 de dezembro intimidou Bonaparte. Durante a noitemandou que fossem colocados cartazes em iodas as eSquiu.asde Paris,anUl\ciando a restaurao do voto secreto. O burgus c o vendeiro.imagin~ram que haviam alcanado seu objetivo. Os que .deixaram decom,parecer namal.\h seguinte foramo burgus. c 'i vendeiro.

    . 1 "Dentro de cinqenta anos a. Europa ser ou republicana ou cossaca." (N. da Ed.)

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    II

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  • 112

    Por meio de um coup de main, durante a noite de 1.0 para 2 dede7-embro, Bonaparte despojara o proletariado de Paris de seus diri-gentes, os comandantes das barricadas. Um exrcito sem oficiais, avessoa lutar sob a bandeira dos montagnards devido s recordaes de junhode 1848 e 1849 e maio de 1850, deixou sua vanguarda, as sociedadessecretas, a taref de salvar a honra nsurrecional de Paris. Esta PaIis,a burguesia a abandonara to passivamente soldadesca, que Bonapartepde mais tarde apresentar, zombeteiramente, como pretexto para de-sarmar a Guarda Naeional, o medo de que suas armas fossem voltadascontra ela prpria pelos anarquistasl

    "C'est le triomphe eomplet et dfinitif du Socialisme'''' Assim'caracterizou Guizot o 2 de dezembro. Mas, se a derrocada da repblicaparlamentar encerra em si o germe da vitria da revoluo proletria,seu resultado imediato e palpvel foi a vitria de Bonaparte sobre oparlamento, do poder executivo sobre o poder legislativo, da fora semfrases sobre a fora das frases. No parlamento, a nao tomou a lei asua vontade geral, isto , tornou sua vontade geral a lei da classedominante. Renuncia, agora, ante o poder executivo, a toda vontadeprpria e submete-se aos ditames superiores de uma vontade estranha,curva-se diante da autoridade. O poder executivo, em contraste com opoder legislativo, expressa a hcteronomia de uma .nao, em contrastecom sua autonomia. A Frana, portanto, parece ter escapado ao despo-tismo de uma classe apenas para cair sob o despotismo de um indivduo,e, o .que ainda pior,. sob a autoridade de um indivduo sem autoridade.'A luta parece resolver-se de tal maneira que tod~s as c1asses~ igualmenteimpo.tentes e. igualmente. mudas, caem ..de joelhos diante. da culatra~furil. ..

    Mas a revolUo profunda. Ainda est passando pelo purgatrio.Executa metodicamente a sua tarefa. A 2 de dezembro conclura ametade de seu trabalho preparatrio; conclui agora a outra metade.Primeiro aperfeioou O poder do parlamento, a fim de pa. trabalho., minha boa ioupeiral

    . :! "~. o triunfo complete? e definjtivo do S()ial.ismo.~' (N. da ..d.)

    113

    Esse poder exeeutivo, co.m sua imensa organizao. burocrtica emilitar, com sua engenhosa mquina do Estado, abrangendo amplascamadas,. com um e~rcito de funcionrios totalizando meio milho,alm de mais meio milho de tropas regylares, esse tremendo.. corpo deparasitas que envolve como uma teia o corpo da sociedade francesa esufoca todos os seus poros, surgiu ao tempo da monarquia absoluta,com o declfnio do sistema feudal, que contribuiu para apressar. Osprivilgios senhoriais aos proprietrios de terras e das cidadestrans"formaram-se em outros tan.tos atributos do poder do Estado, os dignit-rios feudais' ero funcionrios pagos e o variegado mapa dos poderesabsolutos medievais em conflito entre si, no plano regular de um poderestatal, cuja tarefa est dividida e centralizada como em uma fbrica.A primeira Revoluo Francesa, em sua tarefa de quebrar todos ospoderes independentes - locais, territoriais, urbanos e provinciais -a fim de estabelecer a unificao. civil da nao, tinha forosamente quedesenvolver o que a monarquia absoluta comeara: a centralizao,mas, ao mesmo tempo, o mbito, os atributos c os agentes do podergovernamental. Napoleo aperfeioara eSsa mquina estatal. A mo-narquia lcgitimista e a Monarquia de Juiho nada mais fizeram do queacreScentar maior diviso do trabalho, que crescia na mesma proporoem que a diviso do trabalho dentro d.a sociedade burguesa criava novosgrupos d~ interesses e, por conseguinte,' novo material para a adminis-trao do Estado. Todo interesse comum (gemei7lsame) era imediata-ll1ente cortado da ~odedade, contraposto a eia como u'm'"interessesuperior, ger/ (al/gemeins), retirado da atividade do.s pr6prios. membro." .da sociedade e transfotm~do em:objeto da atividade .dogo.venfo,. desde

    ... a ponte, o edifcio d escola e a. pro.p.riedade. cornuilal de uma aldeia, ., at as estradas de fer.ro, a riqueza nacinaI e as universiddes da Frana.Finalmente, em sua luta contra a revoluo,' a repblica parl~rnentarviu-se forada a consolidar, juntamente com as medidas repressivas, osrecursos e a centralizao d poder governamental. Todas as revoluesaperfeioaram essa mquina; ao invs de destro-la. Os partidos.que ..disputavam o poder encaravam a posse dessa imensa estrutura do

    . Estado como o priricipal esplio do vencedor. .

    Mas sob a monarquia absoluta, durante a primeira Revoiu, sob..Napoleo, a burocracia era apenas o meio .de preparar o. domnio.. de .classe da burguesia. .Sob a Restliui~o.; sob Lus Filipe;. sob:a: r!,pblica .parlamentar, era o. :instrumento da .c1asse dom.inalte, por muito quelutasse por. estabelecer seu prprio domIio .

    .\ ..

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  • 114

    Unicamente sob o segundo Bonaparte o Estado pareCe tomar-secompletamente autnomo. A mquina do Estado consolidou a tal pontoa sua posip em face da .socicdade civil, qne Ilte basta ter frente ochefe da Sociedade de la de Dezembro, um aventureiro surgido de fora,glorificado por umasoldad~ca embriagda, comprada com aguardentee salsichas e que deve ser consiantemente reheada de salsichas. Dao: pusilnime desalento, o sentimento de terrvel hilrnilho e degrada-o que .oprime.a Frana e lhe corta a respirao: A Frana se sentedesonrada.

    E, no obstante, o poder estatal no est suspenso no ar. Bona-parte representa uma classe, e justamente a classe mais numetosa dasociedade francesa, os pequenos (Parzellen) camponeses.

    Assim como os Bourbons representavam a grande propriedadeterritorial e os Orlans a dinastia do dinheiro, os Bonapartes so a.dinastia dos camponeses, ou seja, da massa do povo francs. O eleitodo campesinato no o Bonaparte que se curvou ao parlamentoburgus, mas o Bonaparte que o dissolveu. Durante trs anos, as cida-des haviam conseguido falsificar o significado da eleio de 10 dedezembro e roubar aos camponeses a restaurao do Imprio, A eleiode 10 de dezembro de 1848 s se consumou com O golpe de Estadode 2 de dezembro de 1851.

    Os pequenos camponeses constituem uma imef!.sa massa, cujosmembros vivem em co,?dies semelhantes, mas scn:t estabeleceremrelaes multiformes entre si. 'Seu ,modo de pr

  • 116

    contrrio, aqueles que, presos por essa velha ordem, num isolameJ:\toembf\ltecedor, querem ver-se a si prprios e a suas propriedades salvos

    . e 1;>eneficiadospelo fantasma do Imprio. Bonaparte representa Qo ocsclarecimnto, mas. a superstio do campons; no o seu bom-senso,mas o seu preconceito; no o seu futuro, mas o seu passado; no a suamoderna Cevemles, ~ mas a sua moderna Vende. G

    Os .trs anos de rigoroso domnio da repblica parlamentar haviamlibertado uma parte dos camponeses franceses da iluso napolenica,revolucionando-os, ainda que apenas superficialmente; mas os burgUesesreprimiam-nos, violentamente, cada vez que se punham em movimento.Sob a repblica parlamentar, a conscincia moderna e a conscinciatradicional do campons francs disputaram a supremacia. Esse pro-gresso tomou a forma de uma luta incessante entre os mestres-escolase os padres. A burguesia derrotou os mestres-escolas. Pela primeiravez 0'5 camponeses fizeram esforos para se comportarem independen-temente em face da atuaq do govero"o. Isto se manifestava no conflitocontnuo entre os maires e os prefeitos. A"burguesia deps os maires ..Finalmente, durante o perodo da repblica parlamentar, os ca~ponescsde diversas . localidades levantara~-se contra sua prpria obra, exr4cito. A burgue~ia castigou~os com est~dos de stio c "expediespunitivas. E essa mesma burguesia. clama, agora~ contra a estupidezdas massas, contra a vi/e 111ultitude, 1 que a traiu em favor de Bonaparte.Ela prpria forou a consolidao das simpatias do campesinato peloimprio c 'manteve as com;1ies que originam essa religio': camponesa.A ~urguesia;_ beil1";ve~dade, deve. forOsan"1entet.cmer a est~pi"dez" das

    ... '!t3SSaS :eQq~.~n~~.es~as.se,.m~n.tnicoDs~r~a40r~s;"ass~~l.como a su~". c"Iarividncia;tq .logo se torn~m revohictonria~~." '. "..

    . N~s levantes ocorridos depois do gOI~e'

  • 118foram substitudos pelos usurrios urbanos; o imposto feudal referente terra foi substitudo pela hipoteca; a aristocrtica propriedade terri-torial foi substituda pelo capital burgus. A pequena propriedade docampons , agora, o nico pretexto ,que permite ao capitalista retirarlucros, juros e renda do solo, ao mesmo tempo que deixa ao prpriolavrador o cuidado de obter o seu salrio como puder. A dvidahipotecria que pesa sobre o solo francs impe ao campesinato opagamento de urna soma de juros equivalentes aos ju~os anuais do totalda dvida nacional britnica. A pequena propriedade, nesse escraviza-mento ao capital a que seu desenvolvimento inevitavelmente conduz,transformou a massa da nao francesa em trogloditas. Dezesseismilhes de camponeses (inclusive mulheres e crianas) vivem em antros,a maiora dos quais s dispe de uma abertura, outros apenas duas cos mais favorecidos apenas trs. E as janelas so para uma casa o queos cinco sentidos so para a cabea. A ordem burguesa, que, no prin-cpio do sculo, ps o Estado para montar guarda sobre a recm-criadapequena propriedade e premiou-a com lauris, tornou-se um vampiroque suga seu sangue -e sua medula, atirando-o no caldeiro alquimistado capital. O Code Napolon j no mais do que um cdigo dearrestos, vendas foradas e leiles obrigatrios. _Aos quatro milhes(inclusive 'crianas etc), oficialmente reconhecidos, de mendigos, vaga-'bundas, criminosos e prostitutas da Frana devem ser somados _cinomilhes que pairam margem da- vida e que ou tm seu pouso noprprio campo ou que, com seus moI ambos c _seus filhos, constante-.mente abandonam q. campo pelas cidades - e as ci~ades-. pelo campo.. Os ,interesses dos camponeses, portanto, j no 'esto mais, como: ao,. 'tenipo de Napoleo,' em consonncia, mas,' sim,. em ops.i~o aos .-.interesses: da burguesja,':do capital. Pqr isso, os camponeses encontramseu aliado e dirigente natural no proletariado urbano, cuja tarefa derrubar o regime burgus. Mas o governo forte e absoluto - e esta a segunda ide napolonienne, que o segundo Napoleo tem que exe-cutar - chamado 3 defender pela fora essa ordem "material". Essaordre matriel serve tambm de mote em todas as. proclamaes deBonapaite contra os camponeses rebeldes.

    Alm da hipoteca que lhe imposta pelo capital, a pequena. pro-priedade est ainda sobrecarregada de impostos. Os impostos so afonte de vida da burocracia, do exrcito, dos padres e da. corte, _c.m~urna~de toda a mquina do poder' exec-tiVo. -qovernQ forte' e impos'tosfortes 'so coisas d.nticas. Por sua prpria :natureza, a pequena -pro-opriedade forma uma base adequada a uma burguesia todo-poderosa einumervel. Cria um nvel unifomie de relaes e de pessoas sobre toda

    !

    119

    a superfcie do pas. Da permhir, tambm, a influncia de uma pressouniforme,_ exercida de um centro supremo, sobre todos os pontos dessamassa unorme. Aniquila as gradaes intermedirias da aristocraciaentre a massa do POYO e o poder do Estado. Provoca, portanto, detodos os lados, a ingerncia direta desse poder do Estado e a interpo-sio de seus rgos imediatos. Finalmente, produz .um excesso dedesempregados para os quais no h lugar nem no campo nem nascidades; e que tentam, portanto, obter postos governamentais como umaespcie de esmola respeitvel, provocando a criao de postos dogoverno. Com os novos mercados que abriu, com a ponta da baioneta.com a pilhagem do continente, Napoleo devolveu com juros osimpostos compulsrios. Esses impostos serviam de incentivo laborio-sidade dos camponeses, ao passo que, agora. despojam seu trabalhode seus ltimos recursos e completam sua incapacidade de resistir aopauperismo. E uma vasta burguesia, bem enga!anada e bem alimentada. a ide napolonienne mais do agrado do segundo Bonaparte. Comopoderia ser de outra maneira, visto que, ao Jado das classes. existentesna sociedade, _ele forado a criar uma casta artificial, para a qual amanuteno _do seu regime se transforma em uma questo de subsis-tncia? Uma das suas primeiras operaes financeiras, portanto, foiele~ar os salrios dos funcionrios ao nvel anterior e criar -novassinecuras.

    Outra ide napolonienne o domnio dos padres como instrumentode govemo. Mas, em sua- harmonia com a sociedade, em sua depen~dncia- das' foras n~turais e em sua' submisso autoridade que aprotegia d cima, a pequena propriepaderecm-criad~era naturalmentereligiosa,.a pequena propriedade. arntillada pelas dvidas, em francadivergncia com a sodedade e com fi autoridade, e impelida para almdc s\lJS' liinil;iiJeS;IO.tlla-SCnaturalmente irrcligiosa. Q cu era um. acrscimo bastante' agradvel estreita faixa de -terra recm-adquirida,t~nto mais quanto dele dependiam as condies meteorolgicas; masconverte-se em insulto assim que se tenta impingi-l0 como substituto dape,quemi' propriedade .. O padre aparece, ento, como mero mastimungid9 da polcia terre~a" - outra idie napolonienne. Da prximavez, .a exp'edi' contra Roma- ter lugar na prpria Frana, mas emsentido oposto ao do Sr. de Monlalembert. .

    Fi1tnlen~e;'-,o.. ponto, culminnte das ides napo~oniennes a:pnip~der~cia,_,-P? exrcito: o exrcito' era (j point d'honT)-eur 8 d~s

    . 8'Poj~t d'h~nneur - ponto' de. ho~ra, orgulh: (N. da Ed.)

    -~--.- ._-----_._-_ .._'--

  • 120

    pequenos camponeses, eram eles prprios transformados em heris,defendendo suas novas propriedades contra o mundo exterior, glorifi-cnndo sua nacionalidade recm-adquirida, pilhando e revolucionando omundo. A farda era seu manto de poder; a guerra a sua poesia; apequena propriedade, ampliada e alargada na imaginao, a sua ptria,e o patriotismo a forma ideal do sentimento, da propriedade. Mas osinimigos contra os quais o campons francs tem agora que defendersua propriedade no so os cossacos; so os huissiers 9 e os agentes dofisco. A pequena propriedade no mais est abrangida no que se chamaptria, e sim no registro das hipotecas. O prprio exrcito j no aflor da juventude camponesa; a flor do pntano do Lumpenproletariatcampons. Consiste, em grande parte, de remplaants, 10 de substitutos,do mesmo modo por que o prprio Bonaparte apenas um remplaant,um substituto de Napoleo. Seus fcitos hericos consistem, agora, cplcaar camponeses em massa, como antlopes, em servir de gendarme,e se as contradies internas de seu sistema expulsarem o chefe daSociedade de 10 de Dezembro para fora das fronteiras da Frana, seuexrcito, depois de alguns atos de banditismo, colher no louros, masaoites.

    Como vemos, todas ~s id.es napoJoniennes so idias da pequenapropriedade, incipiente, no frescor da juventude; para a pequena pro-priedade, na fase da velhice, .constituem' um absurdo.. No passam dealucinaes de sua agonia, palavras que so transformadas em frases,espritos transformados em fantasmas .. Mas a pardia do imprio eranecessria 'para 'libertar. a massa d,a. n'ao. francesa ,do peso da. tradioe para 'desenvolverem, forma: pura a oposio ,entie' ti poder d9 Estadoe

  • 122 123

    Bonaparte gostaria de aparecer como o benfeitor patriarcal detodas as classes. Mas no pode dar a uma classe sem tirar de outra.Assim como no tempo da Fronda dizia-se do duque de Guise, que eleera 0- homem mais obligeant 18 da Frana, porque convertera .todas assuas propriedades em compromissos de seus partidrios para com ele,Bonaparte queria passar como o homem mais obligeant da Frana etransformar toda a propriedade, todo o trabalho da Frana em obriga-o pessoal para com ele. Gostaria de roubar a Frana inteira, a fimde poder entreg-Ia de presente Frana, ou melhor, a fim de podercomprar novamente a Frana com dinheiro francs, pois, como chefeda Sociedade de 10 de Dezembro, tem que comprar o que devia per-tencer-lhe. E todas as instituies do Estado, o Senado, o Consclho deEstado, o legislativo, a Legio de Honra, as medalhas dos soldados~ osbanheiros pblicos, os servios de utilidade pblica, as estradas de ferro~o tat major 11:1da Guarda Nacional, CO~ exceo dos praas, e as pro-priedades confiscadas Casa de Orlans - tudo se torna parte dainstituio do suborno. Todo posto do exrcito ou da mquina doEstado converte-se em meio de suborno. Mas a caracterstica maisimportante desse processo, pelo qual a Frana tomada para que lhepossa ser entregue novamente, so as porcentagens que vo ter aosbolsos do chefe e dos membros da Sociedade de 10 de Dezembrodurante a transao. O epigrama com o qual a condessa L., amantedo Sr. de Morny~ caracterizou o confisco das propriedades da Casa deOrlans: "C'est le premier vaI 'o de l'aigle", 21 pode ser aplicado a todosos -vos desta guia, que mais se. assemel~a _a um abutre. Tanto. elecomo seus -adeptos grit~uri, diariamente, -un.s para os outros, como aquelecartuxo aliano, que admoestava o avarento, qu,. coin ostento,.contava os bens que ainda poderiam sustent-lo por p'lUitos anos:. I'Tu . 'fai conto sopra i beni, bisogna prima far il. conto sopra gli ann".22Temendo se enganarem no cmputo dos anos, contam os minutos. Umbando de patifes abre caminho para si na corte, nos ministrios, nos,altos postos do governo e do exrcito, uma malta, cujos melhores ele-mentos, preciso que. se diga, ningum sabe de onde ~ieram, uma. boheme barulhenta; desmoralizada _e rapace, que se enfia nas tnicas,guarnecidas de alamares com a mesma dignidade grotesca dos altos

    J

    I

    sua posio desem decretos e

    tesouro do Estado. E sustenta10 de Dezembro com decretos,

    loteria californiana dochefe da Sociedade deapesar dos decretos.

    Essa tarefa contraditria do homem explica as contradies do seu'governo; esse confuso tatear, que ora procura conquistar, ora humilhar,primeiro uma classe, depois outra, e alinha todas elas uniformementecontra ele, esSa insegurana prtica. formam um contraste altamentecmico com o estilo imperioso e categrico de seus decretos governa-mentais, estilo copiado fielmente do tio.

    A indstria e o comrcio, c, portanto, os negoclOs da classe .mdia,devero prosperar em estilo de estufa sob o governo forte. So feitasinmeras concesses ferrovirias. Mas o Lumpenproletariat bonapartistatem que enriqu~cer. Os iniciados fazem tripotage 1:1 na Bolsa com asconcesses ferrovirias. Obriga-se o Banco a conceder adiantamentoscontra aes ferrovirias. Mas o Banco tem, ao mesmo tempo, que serexplorado para fins pessoais,. e tem, portanto, que ser bajulado. Dis-pensa-se O Banco da:.obrigao de publicar relatrios semanais. Acordoleonino do Banco com o governo. preciso dar trabalho ao povo."obras pblicas so iniciadas. Mas as obras pblicas aumentam osencargos do povo no que diz respei.to a impostos. Reduzem-se, portanto,as "taxas mediante um massacre sobre os rentiers, 14 mediante a con-verso. de ttulos de cil1:co por cento em ttulos de quatro. e meio PO.f.-cento. Mas a...clas-se mdia .tem~ mais uma, vez, que r~ceber um- dou-ceur. l~ .Duplica-se, p~rtan.io, 'o, impo.sto do vinho para 0. povo,. que'o adquire ,ell dtail, lt~ c re:duz":s-e, -me.tade ..0 -imposto do vinho para adassc mdia, que 'o hebe,en gros".-17 -As uri~es operrias- existentes sodisso~vidas, mas prometem-se milagres de unio para o futuro. Oscamponeses tm que ser auxiliados: bancos hipotecrios, que facilitamo seu endividamento e aceleram a concentrao da propriedade. Masesses bancos devem ser utilizq.dos para tirar dinheiro das propriedade~confiscadas Casa de Orlans. Nenhum capitalista .quer concordar comessa con'dio, que no. consta d decreto, e o banco hipotecrio ficareduzido a u~ me'io deto etc.; etc.

    ..1?Tripolage'.- .tni~a~:.("N. da..Ed.).:.':l.~Re/tiers-~-:'.os que 'viv_m de- rendas. '(N. _da Ed.). 15 Douceur - propi'n .. (N, d EtL) .!(i En dta,iI ~ a varejo. (N.. da Ed.).~iEn gros - por ltacado. (N. da 'Ed.)

    18 ObligeaTlt ~ obsequi~so.. (N. da Ed.)19 lar major - estado.maior. (N.. da Ed.)20 Vai-significa ao mesmo tempo .vo e futto. (N, de Marx)21 " o primeiro -vo (furto) da guia (N. da Ed.)~22 "Contas teus bens, deverias untes contar teus anos." (N.. de Marx)

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    dignitrios de Soulouque. Pode-se fazer uma idia perfeita dessa altacamada da Sociedade de 10 de Dezembro, quando se reflete queVron-Crevel" o seu moralista e Granier de Cassagnac o seu pen-sador. Quando Guizot, durante o seu ministrio, utilizou-se desse Gra-nier, em um jornaleco dirigido contra a oposio dinstica, costumavaexalt-lo com esta tirada: "C'est le roi des drles"... Seria injustorecordar a Regncia ou Lus XV com referncia corte de Lus. Bona-parte ou sua camarilha. Pois "a Frana j tem passado com fre-qncia por um governo de favoritas; mas nunca antes por um governode hommes entretenus". 26

    Impelido pelas exigncias contraditrias de sua situao, e estando,'ao mesmo tempo, como um prestidigitador, ante a necessidade demanter os olhares do pblico fixados sobre ele, como substituto deNapoleo, por meio de surpresas constantes, isto , ante a necessidadede executar diariamente um golpe de Estado em miniatura, Bonapartelana a confuso em toda a economia burguesa, viola tudo que pareciainviolvel Revoluo de 1848, torna alguns tolerantes em' face darevoluo, outros desejosos de revoluo, c produz uma verdadeiraanarquia em nome da ordem, ao mesmo tempo que despoja de seu halotoda a mquina do Estado, profana-a e tom~-a ao mesmo tempo des-prezvelc ridcula. O culto do Manto Sagrado de Treves " ele o repete,em Paris, sob a forma do culto do manto imperial de Napoleo. Mas,quando o manto imperial cair finalmente sobre os ombros de LusBonaparte, a esttua de bronze de Napoleo ruir do topo da ColunaVendme. .

    :.lS.Em sua obra" Cousine Bette. Balzac pinta O li1iste~ p~i~icnse mais dissoluto' naf.gurn de Crevel, 'personagem inspirado no Dr. Vron, proprietrio do Constilu-li()nn~/.' (N, de Marx.),2., . o r~i dos palhaqs." (N. da "Ed.)2& As 'palavras ciladas so. de Madame Girardin .. (N. de Marx) .Hmmes, enlrelcn.us' '- homens sustentados; (N. da., Eci.) , .26 Unia das relquiat" '''sagradas'' ("o" manto' sagtado de TrevcS") exibida na Ca.tedral de Treves em 1844. pelo' clero callico reucionrio. (N., da Ed.)

    8. O EXRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA *

    A superpopulao relativa existe sob os mai~ variados matizes.Todo trabalhador dela. faz parte durante o tempo em que est desem-pregado ou parcialmente empregado. As fases alternadas do cicloindustrial fazem-na aparecer ora em forma aguda nas crises, ora emforma crnica, nos perodos de paralisao. Mas, alm dessas formasprincipais, que se reproduzem periodicamente, assume ela._ continua-mente, as trs formas seguintes: flutuante, latente. e estagnada.

    Nos centros da indstria moderna, fbricas, manufaturas, usinassiderrgicas e minas etc., os trabalhadores so ora repelidos, ora atradosem quantidade maior, de modo que, no seu conjunto, aumenta o nmerodos empregados, embora em' proporo que decresCe com o aumentoda escala da produo. A a superpopulao. assume a forma flutuante.

    Tanto nas fbricas propriamente ditas quanto em todas as grandesoficinas, que j'.utiiizam"maquin~ria 01:1'que JUJ?,ci0-!lamapenas na base.d.amoderna diviso dq trabalhq,. so empregad.os ,em' II1:3ss.a',meni,no~ ,erapaies: at atingirem a idade adulta. Chegado a esse' term; 'S umnmero" muito reduzido pode continuar' empregado no's mesmos. ramosde atividade, sendo a maioria ordinariamente despedida. Esses que sodespedidos tornam-se elementos da superpopulao flutuante, que au;.menta ao crescer a indstria. Parte ieles emigra e, na realidade, apenassegue o capital em sua emigrao. Em' conseqncia, a populaofeminina cresce mais rapidamente do que a masculina, co.n[orme severifica na Inglaterra. E ..ullla_c,ontradjo do prprio movimento docapital' que o incremento natural da massa de trabalhadores no sat.ure' .suasncessidades de- acu~ui" ~, '-apesar. disso, ultrapasse-as. "O

    ~ Reproduzido de MARX, K. "A" ~i" Ge~al: d~ .Acu~~;la'~~o . 'Capit~lis't." :Jn: ..O Capital. Tr~d. por 'Reginaldo' Slll',Anria .. Rio ~e' Janeiro .Ed .. Civilizao B'~asi:lo;,., 1968. Iiv. I, ,v ....I!, cop. XXlII, .p. 743-52.

    . -~~. - "':"'-'---. -------------. ---.---~~-.----_ .. =---=--=-.;:"'---=-~-=-- _~.======o==--======= ========= ===-===-_.

  • 126

    capital precisa de maiores quantidades de trabalhadores jovens e menornmero de adultos. Existe outra, contradio ainda mais ehocante: asqueixas comra a falta de braos, quando muitos milhares esto desem-prcgados porque. a-diviso do- trab'alllo:-s acorrentou a- dcterminadoramo industrial,,". Alm disso.-o consumo d 'for de tr,;blho 'pelocapital to intenso que o trabalhador de mediai13 idade j est, emregra, bastante alquebrado. Vai para as fileiras dos suprfluos ou rebaixado de categoria. Encontramos a menor durao 'de vida justa.mente entre os trabalhadores da grande indstria.

    "Doutor I~ee. da sade pblica de Manchester, verificou que a duraomdia da vida, naquela cidade. na classe abastada. era de 38 anos c.na classe trabalhadora, apenas de 17 anos. Em Liverpool, ela de 35,para 1\ primeiro. e 15, para a segunda. .Jnfere-se da que a classe privilegiada goza da vl1ntagem de viver duasvezes mais que seus concidados menos favorecidos". ::l

    Nessas circunstncias, o crescimento absoluto dessa parte do pro-letariado exige que seus elementos aumentem com velocidade maior queaquela em que so consumidos. Rpida substituio, portanto, --dasgeraes de trabalhadores (a mesma -lei no. se aplica s outrS'ciassesda populao). Esta necessidade social satisfeita por meio de casa-mentos prematuros} conseqncia necessria das condies em quevivem os trabalhadores da grande indstria, c pelos prmios que aexplorao das crianas proporciona sua procriao.

    Quando a produo capitalista se apodera da agricultura ou nelavai penetrando, diminui, . medida que se aeu"mula o capi"tal que nelafimciona . a procura ,'absoluta' da -populao trabalhadora_ rural. D~se.uma repulso de trabalhadores que no contrab-alanada por maioratrao, como ocorre na indstria no-agrcola. Por isso, parte dapopulao rural encontra-se sempre na iminncia de transferir-se para asfileiras do proletariado urbano ou da manufatura e na espreita decircunstncias favorveis a essa transferncia (manufatura aqui significa

    1 No ltimo semestre de '1866. em Londres, foram despedidos 80 a 90 mil traba-lhadores; entretanto, no relatrio sobre as fbricas . referente no mestria semestre, '

    lia-se: "Parece que no de nenhum modo acertado dizer que a procura gera aoferta no ex.ato momento em que dela precisa. lsto no atorrcu com o trabalho.pois .muita maquinaria ~~ve de ficnr p'arada o ano passado, por flllta de braos"'(Report 01 In.rp!. o/ Fact. lor 31st De!. 1855.'p. 81.). 2 Discurso: de abertura da Conferncia. Sanitria, Birmingham. i4 de' janeiro de'1875, prommciado por J. Chamberlafn, ex-prefeito da cidade. atualmente (1883)ministro do Comrcio.' . . . .

    ~27

    todas as indstrias no-agrcolas).' Est fluindo sempre esse'manancia!da superpopulao relativa. Mas, seu fluxo constante para as cidadespressupe, no prprio campo, uma populao suprflua sempre lateote,cuja dimenso 56 se torna visvel, quando, em situaes excepcionais,se abrem todas as comportas dos canais de drenagem. Por isso, Otrabalhador rural rebaixado ao nvel -mnimo -de salrio e est semprecom um p no pntano do pauperismo.

    A terceira categoria de superpopulao relativa, a estagnada, cons-titui parte do exrcito de trabalhadores em ao, mas com ocupaototalmnte irreglr:- Ela proporciona ao-capital,' reserviriinesgo-tVCd,'f"i'a - de trabalho disponvel. Sua condio de vida se situaabaixo do nvel mdio normal da elasse trabalhadora e, justamente isso,toma-a base ampla de ramos especiais de explorao do capital. Dura-o mxima de trabalho e mnimo de salrio caracterizam sua existncia.Conhecemos j sua configurao principal sob o nome de trabalho adomiclio. So continuamente recrutados para suas fileiras os que setornam suprfluos na grande indstria e na agricultura e notadamentenos ramos de atividade. em 'decad~cja, nos quais o artesanato des-trudo pela manufatura ou .esta _pela indstria mecnica. A superpo-pulao estagnada se amplia medida que o incremento e fi energia daacumulao aumentam o nmero d6s trabalhadores suprfluos. Ela sereproduz e se perpetua, e o componente da classe trabalhadora, quetem, no crescimento global dela, uma participao relativamente maiorque a dos demais componentes. Na realidade, a quantidade de nasci-mentos ,e bitos e o:tamanho absoluto da.s famlias est na razo: inversado rirvel de -salrio e, portanto, da -quantidade. de' njeios _de. subsistnciade qu, dispem-as' diverSas categorias de trabalhadores. Esta lei' dasociedade" capitalista', no se encontra entre selvagensl ,nem 'entre colonoscivilizados. Lembra a reproduo em massa de espcies animais, cujosindivduos so dbeis e -constantemente perseguidos.'

    '8 No censo de 1861. da lnglaterra e do Pas de Gnles . "781 cidades continham10960998 habitantes. enquanto. a populao das aldeias e das parquias ruraiseUl apena.~ de .9105-226 (. ".).' :Em.-185.1. figuravam no. censo 580 ,cidades 'CUJO?populno' era quase igual- dS ',I

  • 1;32

    de desagradvel e de servil, propordonando assim s outras classeslaz.er, alegria espiritual e aquela dignidade convencional de carter",(Que boml) R

    Slorch pergunta a si mesmo qual seria a vanlagem real dessacivilizao capitalista, com sua misria e degradao das massas, com-parada com a barbrie. S encontra uma resposta: a segurana.

    Sismondi. por sua vezl observa:"Com o progresso da indstria e da Cincia, todo trabalhador podeproduzir diariamente muito mais do que precisa para seu consumo.Mas, embora seu trabalho produza riqueza, esta torn-Io.ia menos aptopara o trabalho. se lhe fosse permitido consumi-la". Segundo ele, "osseres humanos" (isto , os ociosos) "renunciariam. provavelmente, atodos os requintes das artes, a todas as comodidades criadas pelu in4dstria, se tivessem de obt-los por meio de um trabalho constante,como o que recai sobre os ombros do lrabalhador. ( ... ) Os esforosesto hoje dissociados de sua recompensa, e O homem que repousa no o que trabalha, e se algum pode repousar porque outro traba-lha. ( ... ) A multiplicao sem fim das foras produtivas do trabalhono pode ler outro resultado que o de aunlcntar o luxo e as comodi-dades dos ricos ociosos". tl

    F.inalmente, Deslutt de Tracy, o fleumtico doutrinador burgus,diz abertamente:

    "Nas naes pobres, o povo vive o seu gosto, c, nas ricas. vive geral-mente na pobreza". ~o

    8 STORCH. COU(S d'Sconom;e poJitique . 1. lU, p ... 223."o SIS~ONDJ. NinH'eaUx. prill(:.ipes d't:,collomie poliliqu. t. T, p: 79,.90 e 85.,loT.RACY, QeslUlt de. /~m~lIls d'idologit. Paris, 1826., p. 231. .. Les nation.spauvrcs, c~est l ou Je peuple est son aise; et Ics n~tions fiches, c'est l oui( est .ordinairement pauvte."

    11

    1, 9. QUESTIONRIO SOBRE A SITUAOOPERRIA NA FRANA *

    Nunca um governo (nem monrquico nem republicano-burgus)ousou' abrir uma investigao sria a respeito da situao da classeoperria na Frana. Mas, por outro lado, muitas pesquisas j foramfeitas a respeito das crises agrrias, financeiras, industriais e comerciaisou pollicas.

    A infmia da :;xplorao capitalista, manifestada com as 'investiga-es oficiais do governo ingls, e as conseqnci,as legais dessas revela~es (limitao da jornada legal de trabalho a dez horas, leis sobre otrabalho da mulher e da criana ele.) s serviram para aumentar aindamais o temor da burguc~ia francesa diante dos perigos que umaindagao sistemtica imparcial poderia acarretar.

    Usando os escassos ,meios 4e que' dispomos, vamos iniciar .por. . noss's c'anta .',esta inda'gao, na esperana d~ q~~; coo't j~so, :possam~s

    . talvez animar o.governo'.repbliano da "Frana a seguir' exemplo '"do ., governo m~hrquico .ingls; 'Conf.iamos em'. contar, para isso, COm'"3.

    ajuda de todos os operrios da cidade e do campo, conscintes de queapenas eles podem descrever, com pleno conhecimento de ,causa, ossofrimentos que padecem, e de que s eles, e no algum redentor eleitopela providncia, so capazes de aplicar os remdios enrgicos conlra amisria 'social 'que sofrem. E conlamos, tambm,.com os socialistas detodas as escolas, que, aspirando a uma reforma social,. d~vem, nete$sa-riamenle, .d~sejar adquirir o cnhecimento. mai!; exato e fiel possvel arespeito das condies em que vive e '.Iabora . classe operria, a classe qual pertence '0 porvir.

    Reproduzido de MARx, ,I\. ,e, .'EN(jELS~.F; Es~ritos EcoIJmicos.'Vt,ios. Mx.ico,Editorinl Grijalbo', 1962, p. 280~B'6 Trnd. por Mnrin Elisa Mascarenhas.

    ---~--~ ----;----..:------- ~=====~~~=---==========='=' ============

  • 134

    Estes cadernos do trabalho constituem o primeiro passo que ademocracia socialista tem que dar, para abrir acesso renovao st.?cial.

    As cem perguntas contidas no questionrio so da mais alta impor-tncia. As respostas devero conter o nmero de ordem da perguntacorrespondente. No necessrio responder a todas as perguntas, masreeomendamos que as respostas sejam as mais amplas e detalhadaspossveis. No se far pblico o nome da operria ou operrio queenviar a resposta, a no ser que d expressa autorizao para. isso; noobstante, cada remetente dever indicar seu nome e endereo, para que,se necessrio, possamos lhe escrever.

    As respostas devem ser dirigidas ao administrador da Revuesoaliste, M. Lcluse, 28, rue Royale, Saint-Cloud, Paris.

    As respostas sero classificadas e serviro de base para uma sried( monografias especiais, que sero publicadas na Revue socialiste, e,mais tarde, reunidas em um volume.

    I

    I) Que ofcio exerce voc?2) A fbrica em que trabalha pertence a um capitalista ou a uma

    sociedade annima? Indique os nomes dos. patres capitalistas ou dosgerentes da empresa.

    3) Indicar o nmero de irabalhadores da empresa...4). Idade e sex6 do de.c1arante.5) Idade mnim em que comeam a trabalhar as cri~nas (me-

    ninos ou meninas).

    6) Quantos capatazes ou empregados de outra classe existem nafbrica que no sejam empregados?

    7) H aprendizes? Quantos?8) Alm dos operrios que trabalham de um modo regular e

    constante, h outros que vm de fora apenas em certas pocas do ano?9) A indstria' de seu patro trabalha, exclusivamente ou pre-

    ferencialmente, para a clientelada localidade, para o mercado inteplO,em"-geral. .ou para a exportaao estrangera?

    lO) A fbrica em que trabalha est no campo ou. na cidade?Indicar o lugar ..

    II,

    iII

    135

    11) Se a fbrica funciona no campo, diga se seu trabalho industriallhe basta para cobrir suas necessidades ou se o combina com algumtrablho agrcola.

    12) Como realiza voc seu trabalho; m? ou eom ajuda demaquinaria?

    13) .Dar detalhes a respeito de como. est organizada .a diviso dotrabalho em sua .indstria.

    14) Emprega-se o vapor como fora motriz?15) Indicar o nmero de edifcios ou locais em que funcionam os

    .diferentes ramos da indstria. Desereva a especialidade em que voctrabalha, referindo-se no apenas parte tcnica como tambm fadigamuscular e nervosa que o trabalho lhe impe, e de como repercute, emgeral, sobre ,li sade do operrio.

    16) Descrever as condies higinicas da fbrica: dimenses dosdiversos locais e lugar destinado a cada operrio; ventilao, tempe-ratura' e se as paredes .so pintadas; condies em que se encontramos sanitrios; limpeza em geral; ru.;Jo das mquinas, p do metal,umidade etc..,.17) O municpio ou o governo se ocupam em vigiar as condies

    .de higiene da fbrica?

    18). H, em sua indstria, emanaes nocivas especiais, que pro-.voquem.enfermidades espeeficas entre. os operrios?

    19), Est a fbrica abarrotada demiquinas?20) Esto' a fora. ...motriz, os mecanismos; 'de .transmisso e as.

    mquinas protegidas para a preveno de qualquer acideute?21) .Enumerar os acidentes do trabalho ocorridos durante o tempo

    em que voc trabalha na fbrica.

    22) Se o lugar de trabalho for uma mina, enumerar as medidaspreventivas adotadas pelo patro para assegurar a ventilao e impedir

    .,as exploses e outros acidentes perigosos.23) Se trabalha em uma. fbrica de produtos qumicos, em a1tos-

    -fOrnOS,em metalrgica ou qualquer outra indstria em que haja perigosespeciais,enuulcrar as .medidasdeprecauo adotadas .pelo patro.

    24) Ouetipo de .combustfvel se. emprega na fbrica (gs, petrleoetc.)1

    _._._=,~c=======' ---- =._~,=========~~==_=~c~======="======_=-_-_-_-_-_-_--~~====-_:_=o===_~~=====:

  • 137136

    25) Em caso de incndio, dispe a fbrica de saldas em quan-tidade suficiente? '.

    26) Em caso de acidente, est o patro legalmente obrigado aindenizar o operrio ou a sua' famlia?. .

    27) Em outro caso, .0 patro indenizou alguma vez a quem sofreualgum acidente enquanto trabalhava para enriquec-lo?

    28). Existe na fbrica algum servio mdico?29) Se voc trabalha a domiclio, descreva o estado em que se

    encontra o lugar em que trabalha. Trabalha somente com ferramentasou emprega pequenas mquinas? Tem voc como auxiJiares seus filhosou outras pessoas (adultos ou menores, homens ou mulheres)? Trabalhapara clientes particulares ou para uma empresa? Trata voc direta-mente com estes ou atravs de um intermedirio?

    II

    30) Indicar as horas de trabalho por dia c os dias de trabalho nasemana.

    31) Indicar os dias de festa durante o ano.32) Pausas que existem durante a jornada de trabalho.33) Os trabalhadores de sua fbrica comem' a intervalos determi-

    nados ou irregularmente? Comem dentro ou fora da fbrica?. .34) Trabalha-se durante as 'horas das. refeies?

    35)' Se '~e emprega vapor;' indi~r quandpcome.a funcioriar e. quando se corta.

    36) Trabalha-se noite?37) Indicar as horas em que trabalham os meninos c os menores

    de 16 anos.38) .Dizer se h turnos. de meninos e menores, que se substituam

    mutuamente durante a.s horas de. trabalho:39)' :E~ca~rega-~e'o governo. ou .0 municpio d.e pr c;' prtica as

    leis vigentes sobre O' trabalho infantil? E submetem-se a .elas os.patresi.. .' ".

    .. '.~O):Exstem'escolas 'para os ."!enirios ou. meriore~ que traballiaril''. nesse' ofcio? Se 'existem;' a que horas f'-mcionam? .Quem as dirige?Que se. ensina nelas?

    11

    41) Se h trabalho diurno e noturno, que sistema de turnos seaplica?

    42). Qual o nmero habitual de horas extraordinrias durante osperodos de intensa atividade industrial?

    43) A limpeza das mquinas feita por operrios especializados,contratados especialmente para esse trabalho, ou limpam-nas, gratuita-mente, os operrios que trabalham nas mquinas durante a sua jornadade trabalho?

    44) Que regulamentos regem, c que multas so aplicadas aos quechegam tarde? Quando comea a jornada de trabalho, e quando reco-mea depois das refeies?

    45) Que tempo investe voc para trasladar-se fbrica c voltarpara sua casa?

    JII

    46) Que espcie de contrato tem voc com seu patro? Voc contratado por dias, semanas, meses etc.?

    47) Quais so as condics estipuladas para a dispensa ou parao abandono do trabalho?

    48) Em caso de infrao de cntrato, por parte do patro, emque. penalidade incorre ele?

    49) Em que penalidade incorre.o operrio; se este culpado d~ina . .

    50) Se' existem aprendizes, em que condies so 'des empie:. gados?

    51) Trabalham de modo permanente ou com interrupo?

    52) Em sua oficina, trabalha-se somente. durante certas pocas doano ou o trabalho; em poca .normal, distribudo com certa regula-ridade no transcorrer' de todo o ano? Caso voc s6' trabalhe em tem-poradas, de que vive quando no trabalha?

    53) Cobra voc por tempo ou por empreitada?54) Caso cobre .por tempo, recebe:.por horas O por dias inteiros~.

    .55). Paga-se salrio extra pelo, trabalho 'extra? Em caso afirma-.tivo, qual o sairia? . .

    .....-"":'''''=,=========== ==~-==================c,."",=c================~~=,~====

  • &138 139

    elevao dos salrios em conse- .. 79) Conhece voc algum caso .deqncia dos progressos da produo?

    72) Indique as flutuaes de que tenha notcia em relao quantia dos salrios.

    73) Indique as baixas sofridas pelos salrios nos perodos deretrao ou de crises industriais.

    74) .Indique O aumento dos salrios nos perodos de chamadaprosperidade~ .

    75) Indique as interrupesd~ trabalho pelas mudanas d moda.e pelas crises particulares e gerais. Informe. a respeito. de suas prpriasinterrupes involuntrias.

    76) Compare os preos dos artigos produzidos por voc ou dosservios que voc presta com a remunerao de seu trabalho.

    77) Assinale os casos que conhea de operrios que tenham per-dido a sua colocao de trabalho em conseqncia da introduo demquinas ou de outros aperfeioamentos industriais.

    78) A intensidade e a durao do trabalho tm aumentado oudiminudo com o desenvolvimento da mquina e da produtividadedo trabalho? . . .

    69) Quais so os preos dos artigos de primeira necessidade, .taiscomo: a) aluguel da moradia, indicando as condies do contrato;nmero de cmodos e de pessoas que os ocupam; gastos com reparose seguros; compra e manuteno dos m6veis, calefao, iluminao,gua etc.; b) alimentos: po, carne, legumes, batatas etc., laticnios,peixe, manteiga, azeite, banha, acar, sal, temperos, caf, cerveja,sidra, vinho etc., fumo; c) vestimentas para pais e filhos, roupa. decama, higiene pessoal, banhos, sabo etc.; _d) gastos vrios: correio,prestaes ou juros pagos ao montepio, matrCula do colgio para osfilhos, revistas, jornais, quotas de sociedades e caixas de contribuiespara greves, sindicatos etc.; e) em seu caso pessoal, gastos relacionadoscom o exerccio de seu trabalho ou profisso; 1) impostos e contri-bui~es.

    70) Procure estabelecer o montante semanal e anual de ganhos egastos seus e de sua famlia.

    71) Em sua experincia pessoal, j observou uma alta maior depreos dos artigos de primeira necessidade, moradia, comida etc., quedos salrios?

    ,,

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    1i"

    II

    65) Qual foi o salrio mais alto, por empreitada, durante o msanterior?

    68) CaSa0 patro lhe alugue:o quarto em"que vive, em que con-dies feito esse aluguel? Ele desconta o aluguel do salrio?

    66) Que salrio percebeu voc durante o mesmo "tempo, e, casotenha famlia, quanto ganham sua mulher e seus filhos?

    67) Os salrios so pagos totalmente em dinheiro ou de outro. modo?

    56) Se o salrio que voc cobra por empreitada, como se regula?Se voc trabalha num lugar em que o trabalho executado se mede porquantidade ou por peso, como acontece nas minas, diga se o patro ouseus empregados recorrem a tramias para escamotear-lhe uma partede seus ganhos.

    57) Se voc cobra por empreitada, diga se costume tomar-sea boa ou m qualidade dos artigos como pretexto para lhe fazerdedues fraudulentas do salrio.

    58) Cobrando voc por tempo ou por empreitada, diga quandovoc pago ou, em- outras palavras, que margem de crdito abre vocao patro, antes de receber o preo do trabalho realizado. Pagam-lhedepois de uma semana, de um ms etc.?

    59) Voc j notou se o atraso no pagamento dos salrios o obrigaa recorrer com freqncia ao montepio, abonando nele uma quantiaelevada de juros ou vendo-se despojado de objetos dos quais temnecessidade, contraindo dvidas com os armazns e caindo em suasgarras como devedor? Voc conhece casos em que alguns operrioshajam perdido o salrio por quebra ou bancarrota de seus patres?

    60) Paga-lhe os salrios o patro, diretamente, ou h intermedi-rios no pagamento (agentes comerciais etc.)?

    61) Quais so as clusulas do contrato, se os salrios so pagospor meio de intermedirios?

    62) Qual a quantia do salrio que voc recebe em dinheiro, por. "dia t? por semana? "

    63)" Que "salrios recebem as rnulh"erese as crianas que cooperamcom voc -na mesma fbrica?

    64) Qual foi, em sua fbrica, o mais alto salrio por dia, duranteo ms anterior?

    'II

    - - --_~ __ ~ _~ _~ _~~~ __ ~ __ C "~_~_I_..~~-.-~._~.~=_~-==--"~_C~~--=~~~~=~---'---"_.

  • 140

    80) Voc j conheceu alguma vez simples operanos que tenhamsado do trabalho aos cinqenta anos, e que possam viver do queganharam como assalariados?

    81) Quantos anos pode, em seu ofcio, permanecer ativo umoperrio que goze de sade mdia?

    82) Existem, em seu ofcio,. associaes operrias, e quem asdirige? Envie-nos os seus estatutos e regulamentos.

    83) Quantas greves foram declaradas em sua indstria, desde quevoc nela trabalha?

    84) Quanto duraram essas grevcs?

    85) Foram greves parciais ou gerais?

    86) Que finalidade tinham essas greves: aumento dc salrios oucram uma luta contra a diminuio de dirias? Discutia-se, nelas adurao da jornada de traoalho' ou referiam-se a outras causas?

    87) Quais foram seus resultados?

    88) Como funcionain os tribunais do trabalho?

    89) Os operrios de seu ofcio lm apoiado trabalhadores perten-centes a outros ofcios?

    . 90) Quais so os regulamentos e as pens estabelecidos pelopatr9 de: ~u:i .empresa para administrar ~eusop.errios?

    91) 'Os patres"se tm coiigado para impor diminui'~ de salriOSc aumentos de trabalho, para evitar as 'greves c,' em ger.al, para impora sua vontade?

    92) Conhece casos em que o governo usou da fora pblica, paracoloc-la ao lado dos patres e contra os operrios? '.

    93) Conhece. casos em que.,o governo lenha intervindo para' pro-.teger os operrios contra os abusos. dos patres e suas c9alizes ilegais?

    94) O governo impe, contra os patres, a execuo das leisvigenles sobre o trabalho? Os inspe.tores do governo cumprem os seus.deveres? '

    ~5} Existem~,em.s~a ~(~ina o~ em seu 'Of~'io,: ':s~cie~a~e.~:d~'socorro ,mtuo, par~ casos de acidentes, enfe.r~idadc, morte;. incapac'i-

    141

    dade temporal para o trabalho, viuvez etc.? Em caso positivo, envie-nosseus estatutos e regulamenlos.

    96) O ingresso nessas sociedades voluntrio ou obrigatrio? Osfundos dessas sociedades esto sob o controle exclusivo dos operrios?

    97) Se se trata de quotas obrigatrias, postas sob o controle dopatro~ diga se este retm tais contribuies s custas do salrio. Ospatres pagam juros pelas somas retidas'! Essas quantias so devolvidasaos operrios em caso de expulso ou de dispensa? Voc conhece casosem que os operrios se tenham beneficiado das chamadas caixas derctiradas conlroladas pelos patres, e cujo capital sc tenha formado porquotas deduzidas dos salrios?

    98) Exis.tem, em seu ofcio, sociedades cooperativas? Como sodirigidas essas sociedades? Empregam operrios de fora, como fazemos capitalistas? Enyi~-nos seus estatutos e regulamentos.

    99) Existem, cm seu ramo de trabalho, fbricas nas quais aremunerao do operrio seja paga, em parte, com o nome de salriosc, em parte

    lcom o de .uma ,suposta participao nos lucros? Compare

    '.as quantias recebidas por esses operrios om as que so obtidas poroutros no submet~dos esta suposta participao nos benefcios.Indique as obrigaes contradas pelos operrios quc trabalham sobesse si.stema. 'Podem esses operrios fazer greves ou s lhes pernlitdoserem os submissos servidores de seus amos?

    . . 100) Quais.' so, .em" geral, as condies. fsicas, intclectuais e'.. morai.s. em que vivem o~. oper~j6s' e. oper:rias qu~ lrablham em se~. 'ofiCio? . ,. ' . , .. '.

    I()I) Observaes gerais.

    ."..,

    ====,- -,~------- j

    00000001000000020000000300000004000000050000000600000007000000080000000900000010000000110000001200000013000000140000001500000016000000170000001800000019000000200000002100000022