13
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 1 XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ÁREA TEMÁTICA: INOVAÇÃO APLICADA AO PLANEJAMENTO SUB-ÁREA: FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO MODELAGEM ESPACIAL E USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE OCUPAÇÃO IRREGULAR EM FUNDOS DE VALE: Caso do Rio Cascavel, Guarapuava- PR MACHADO, Fabiula E. 1 FREITAS, Marina R. P. 2 Resumo A utilização de ferramentas de geotecnologias e estatísticas para identificação, análise e avaliação de processos antrópicos o estabelecimento e ocupação de áreas irregulares, como fundos de vale - sob as margens de um canal, facilitam para que se identifique com precisão que casos estão em desconformidade com as normas vigentes e desta forma possa-se proceder com as medidas cabíveis de intervenção. O objetivo deste trabalho foi fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares Quantum GIS e ArcGIS , tendo como base as imagens disponíveis pelo Google Earth, realizando desta forma a modelagem estatística a partir da criação de Buffers de distância de 15 e 30 m, e posterior visita a campo para avaliação geral do local, constatando-se desta forma que residem sob área irregular cerca de 65 edificações que nos permite aproximar o número de habitantes em 260, e a maior concentração residencial esta na área de 30m. Palavras-chave: Geoprocessamento, socioambiental, planejamento e gestão territorial. Abstract The use of geotechnology and statistical tools for the identification, analysis and evaluation of anthropogenic processes - the establishment and occupation of irregular areas such as valley bottoms - on the banks of a canal, which is easier to accurately identify cases that are in disagreement with current standards and therefore be able to proceed with the appropriate intervention measures. The aim of this study was to use geoprocessing tools, and use of software Quantum GIS and ArcGIS, based on the images available through Google Earth, thus performing statistical modeling from creating buffers distance of 15 and 30 m, and subsequent field visit for general site assessment, noting it this way residing under irregular area about 65 buildings that allows us to approximate the number of inhabitants in 260, and the highest concentration is in the residential area of 30m. Keywords: GIS, socio-environmental, planning and land management. 1 Mestranda em Geografia, Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO. E-mail: [email protected] 2 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO. E-mail: [email protected]

2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

  • Upload
    vodieu

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 1

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

ÁREA TEMÁTICA: INOVAÇÃO APLICADA AO PLANEJAMENTO

SUB-ÁREA: FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

MODELAGEM ESPACIAL E USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DE OCUPAÇÃO IRREGULAR EM FUNDOS DE

VALE: Caso do Rio Cascavel, Guarapuava- PR

MACHADO, Fabiula E. 1

FREITAS, Marina R. P. 2

Resumo

A utilização de ferramentas de geotecnologias e estatísticas para identificação, análise e

avaliação de processos antrópicos – o estabelecimento e ocupação de áreas irregulares,

como fundos de vale - sob as margens de um canal, facilitam para que se identifique com

precisão que casos estão em desconformidade com as normas vigentes e desta forma

possa-se proceder com as medidas cabíveis de intervenção. O objetivo deste trabalho foi

fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares Quantum GIS

e ArcGIS , tendo como base as imagens disponíveis pelo Google Earth, realizando desta

forma a modelagem estatística a partir da criação de Buffers de distância de 15 e 30 m, e

posterior visita a campo para avaliação geral do local, constatando-se desta forma que

residem sob área irregular cerca de 65 edificações que nos permite aproximar o número de

habitantes em 260, e a maior concentração residencial esta na área de 30m.

Palavras-chave: Geoprocessamento, socioambiental, planejamento e gestão territorial.

Abstract

The use of geotechnology and statistical tools for the identification, analysis and evaluation

of anthropogenic processes - the establishment and occupation of irregular areas such as

valley bottoms - on the banks of a canal, which is easier to accurately identify cases that

are in disagreement with current standards and therefore be able to proceed with the

appropriate intervention measures. The aim of this study was to use geoprocessing tools,

and use of software Quantum GIS and ArcGIS, based on the images available through

Google Earth, thus performing statistical modeling from creating buffers distance of 15

and 30 m, and subsequent field visit for general site assessment, noting it this way residing

under irregular area about 65 buildings that allows us to approximate the number of

inhabitants in 260, and the highest concentration is in the residential area of 30m.

Keywords: GIS, socio-environmental, planning and land management.

1 Mestranda em Geografia, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. E-mail:

[email protected] 2 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. E-mail:

[email protected]

Page 2: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 2

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

1 Introdução

O desenvolvimento urbano requer inúmeros estudos que permitam a compreensão

de sua dinâmica espacial bem como das interações sociais e do processo de construção da

paisagem, para Kohlsdorf (1985), o Planejamento Urbano possui dois fatores cruciais no

modo de pensar e agir sobre a cidade, um a partir das contribuições multidisciplinares, ou

da ciência e outra, pensar o planejamento enquanto um processo contínuo, que é entendido

como um processo-subsídio a tomadas de decisões que têm a função de transformar a

cidade.

Pensar e então agir sobre a cidade, tendo como ponto de partida o planejamento

urbano faz parte de um processo de construção o espaço que permite a utilização de meios

tecnológicos, ou seja, o uso de equipamentos e programas modernos, ampliando a

capacidade de visão dos gestores, de forma que as tomadas de decisões tendem a ser

facilitadas e até mais adequadas, neste caso o geoprocessamento e sensoriamento remoto

dão suporte na criação dos planos de ação.

Conforme Almeida (2010) afirma os objetivos das técnicas de geoprocessamento é

a extração de informações por meio de imagens digitais, tanto para planejamento e

classificação de uso e cobertura do solo, quanto para inferências de contagem e densidade

populacional, entre outros, como avaliação de riscos.

As tecnologias de geoprocessamento para determinados âmbitos de estudo,

precisam, ou tem como auxilio a modelagem espacial, que faz parte dos estudos

estatísticos, importantes nas áreas supracitadas. Para Ramos (2013), os métodos estatísticos

modernos formam uma mistura de ciência, tecnologia, e lógica para que os problemas de

várias áreas do conhecimento humano sejam investigados e solucionados, sendo uma

tecnologia quantitativa para ciência experimental e observacional em que se pode estudar

as incertezas e efeitos de planejamentos e observações de fenômenos da natureza e

principalmente da sociedade.

O uso da modelagem em estatística de acordo com Christofoletti (1999), pode ser

considerado um instrumento dos procedimentos metodológicos na pesquisa cientifica, que

partem de dois processos: o indutivo e o hipotético-dedutivo. A indução parte do principio

de raciocinar do particular para o geral, onde possibilita passar informações que exprimem

fatos particulares para afirmações gerais que os abrangem como grupo ou categoria, e o

processo hipotético-dedutivo a teoria deve anteceder as leis, as etapas são interconectadas e

reflexivas, não sendo necessário iniciar pela primeira etapa, desta maneira os processos de

Page 3: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 3

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

modelagem são compostos por um conjunto de regras que visam à solução de um problema

e resulta na construção de um modelo.

Este trabalho tem por objetivo desenvolver um estudo voltado as áreas de

ocupações irregulares em fundos de vale, identificando o número de moradias existentes

em um trecho de um canal fluvial, entre as ruas Treze de Julho e Medeiros de Albuquerque

(Mapa 1), localizado no município de Guarapuava, através do uso dos software Quantum

GIS e tendo como base cartográfica o material disponível pelo Google Earth, afim de

identificar o numero de moradias que podem interferir no canal, mas também o processo

contrário, ou seja, a consequência à população que reside no local e a partir deste apontar

de forma clara a realidade socioeconômica da população.

Mapa 1. Localização da área de estudo. Org. MACHADO. Fabiula Eurich. 2013.

2 Referencial teórico

Para Inesul (2013), a utilização da estatística já remota há quatro mil anos antes de

Cristo, quando era utilizada por povos guerreiros na conquista de territórios, e destaca

ainda que foi somente no século XIX, que a Estatística começou a ganhar importância nas

diversas áreas do conhecimento. E a partir do século XX começou a ser aplicada nas

grandes organizações, quando os japoneses começaram a falar em qualidade total.

Page 4: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 4

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

De acordo com Paris21 (2013), a redução da pobreza e o desenvolvimento

mundial estão diretamente ligados com a estatística. Sua utilização está associada desde a

elaboração até a implementação de políticas sociais. A estatística também serve para

avaliar o desempenho destas políticas junto à sociedade.

Números confiáveis demonstram de forma clara a realidade socioeconômica da

população, ajudando assim o governo a concentrar esforços em determinados lugares.

Paris21 (2013), também descreve que estatísticas de boa qualidade na prestação de contas

junto à população. Números claros e bem definidos ajudam o povo a entender onde os

recursos estão sendo aplicados e se essa política está realmente trazendo resultados.

Sendo assim, lembramos que o ponto de vista geográfico é espacial, e os conceitos

e processos integrantes relacionam-se com suas disposições e distribuições, sendo a

geografia física, subárea que alia o estudo dos sistemas ambientais físicos, para que se

possa utilizar todo o espaço territorial sem a tendência de corromper um dos processos do

todo que o compõem. Logo toda esta estrutura que compõem a Geografia faz amplo uso da

modelagem estatística para diagnosticar, pró diagnosticar e procurar soluções cabíveis para

os mais diversos problemas que se encontram no âmbito geográfico.

Para Christofolletti (1999), o uso dos Sistemas de Informação Geográfica

enriquecem os estudos de modelagem devida sua dinâmica, pois permitem a inter-relação

dos bancos de dados, favorecendo os estudos ambientais e econômicos cuja espacialidade é

a característica inerente, e o uso de SIG’S para a modelagem, a partir da armazenagem,

recuperação e manipulação dos bancos de informações compõem a apresentação dos

resultados.

De acordo com Ramos (2013), a estatística é uma ciência multidisciplinar que

abrange praticamente todas as áreas do conhecimento humano. Em entrevista ao site do

IBGE (2013), o Presidente do Conselho Federal de Estatística, Francisco de Paula

Buscácio, afirmou que “A estatística tem por objetivo fornecer métodos e técnicas para que

possa, racionalmente, lidar com situações de incerteza”. Neste sentido a estatística tem sido

utilizada para a otimização de recursos econômicos, aumento da qualidade e produtividade,

na analise de decisões políticas e judiciais e tantas outras.

2.1 Moradias em fundo de vale

O crescimento desordenado dos centros urbanos são palcos de situações que

acarretam problemas em todas as esferas da sociedade, atingindo em primeira instância os

Page 5: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 5

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

menos favorecidos, mas em âmbito geral todos são afetados. As ocupações em fundo de

vale são uma destas inúmeras situações onde é nítida a segregação, a falta de planejamento,

de infraestrutura, de políticas públicas eficazes, além de interferir nos processos ambientais

devido à proximidade de corpos hídricos, utilização de áreas com solo impróprio para uso

urbano (banhado) e atingir diretamente os processos de recarga hídrica.

O grande contingente de pessoas que ocupam estas áreas está padecendo do

processo de segregação sócio-espacial imposto pelas várias esferas da sociedade. Segundo

Ribeiro (2004), esta segregação é um processo em que a “diferenciação das classes sociais

é transformada em separações físicas e simbólicas que dificultam a sociabilidade,

intensificam a fragmentação das identidades coletivas e inferiorizam certos segmentos

sociais”.

Além da segregação, as moradias em fundo de vale refletem outro problema

urbano: a falta de planejamento. Através do planejamento provavelmente seria possível se

articular e ao menos tentar evitar estes problemas sociais. Segundo Souza (2002) planejar

é:

“... Planejar significa tentar prever a evolução de um fenômeno ou, tentar simular

os desdobramentos de um processo, com o objetivo de melhor precaver-se contra

prováveis problemas ou, inversamente, com o fito de melhor tirar partido de

prováveis benefícios...” (p. 46).

Nestas áreas a falta de planejamento aliado há políticas públicas eficazes acabam

propiciando a utilização destas áreas tanto para moradias como para a alocação de

empresas privadas ou públicas, pois a falta de um zoneamento do uso do solo e fiscalização

rígida resulta na sua ocupação e uso indevido. Para Barros (2003) “a ocupação irregular

destas áreas não ocorre apenas por invasões, mas pode estar associada à aprovação

indevida de loteamento, falta de legislação, entre outros”.

O saneamento nas áreas em fundo de vale é na maioria das vezes escassa, apesar de

ser um direito básico dos cidadãos e um dever das autoridades que administram o espaço

urbano. Na área de estudo deste trabalho é possível verificar a presença de tubulações da

rede de esgoto instaladas pela Sanepar (Companhia de Abastecimento do Paraná), porém

existem residências que não estão conectadas a rede e fazem uso de fossas sépticas. Outros

itens que compõem o saneamento básico como água, luz e coleta de resíduos, também são

serviços que várias casas não são possuem. Fato que está evidenciado nas imagens a e b a

seguir.

Page 6: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 6

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

Figuras a e b. Evidencia da rede de esgoto. Fonte e Org.: FREITAS. Marina Roberta P.,

2014.

Para Guerra e Marçal (2006), as moradias em fundo de vale além de implicar em

questões sociais apresentam problemas relacionados ao meio ambiente, pois o rápido

crescimento causa uma pressão significativa sobre o meio físico urbano, tendo as

consequências mais variadas, tais como: poluição atmosférica, do solo, das águas,

deslizamentos, enchentes entre outros.

3 Materiais e Métodos

Para construção desse trabalho foi realizado primeiramente fundamentação teórica-

conceitual, com pesquisa pertinente ao tema em livros, periódico e websites. Foram

utilizados softwares QuantumGIS 1.8, ArcGIS 9.0 para realização dos mapas. A pesquisa

também contou com visitas a campo.

A partir das analises de imagens de satélite, da leitura das leis que regulam o uso do

solo no espaço urbano, das atividades in loco pode-se notar que as moradias em fundo de

vale resultam em problemas sociais e ambientais que atingem não apenas um determinado

grupo (os moradores do local), mas todo um conjunto que engloba desde o planejamento

das políticas públicas até os sistemas ambientais como recarga hídrica, os ecossistemas

próprios deste ambiente, entre outros.

Em ambiente QuantumGis foi utilizada a ferramenta “Add Google Satellite layer”

carregando dessa maneira o banco de imagens de alta resolução disponibilizadas pela

empresa DigitalGlobe. A partir disse foi realizada a fotointerpretação da área bem como a

vetorização do rio Cascavelzinho, malha viária e criação do buffer de distancia de 15 e 30

metros a partir do córrego. Com isso foi realizada a construção dos polígonos referentes as

Page 7: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 7

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

residências que ali existem, conforme a fotointerpretação da imagem de satélite. Todos os

arquivos criados foram exportados no formato shp (shapefile), para que fosse possível a

importação dos mesmos em ambiente ArcGIS para realização do layout dos mapas.

Para finalização do trabalho foi realizada visitas em campo, com captura de

imagem sobre a realidade e dinâmica existente as margens do rio estudado. Desta forma

apontamos que este trabalho partiu de três componentes básicos da analise espacial

exploratória: conhecimento e intuição humana, instrumentos de analises e sistemas de

informação geográfica, conforme aponta Christofoletti (1999), resultando em um modelo

onde trás informações das áreas onde há moradias irregulares e a metragem permitida pelas

leis urbanas de uso do solo.

4 Resultados e discussões

Nesta área de estudo os impactos gerados pela presença antrópica estão

relacionados principalmente no que se refere aos recursos hídricos, devido à proximidade

das residências ao rio. Segundo as legislações ambientais vigentes no Brasil, conforme a

LEI 12.651, esta área estaria enquadrada nas áreas de APP (Áreas de Preservação

Permanente) tendo que ter uma distância mínima de 30 metros em cada lado do rio para

atenuar os impactos ambientais e ajudar na manutenção de sua dinâmica hídrica, com

recarga de lençóis freáticos, de preservação da paisagem, da estabilidade geológica, da

biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, de proteção do solo e segurança do bem-

estar das populações humanas.

Santos (2013) aponta que os corpos hídricos próximos às áreas urbanas se tornam

propícios à degradação ambiental acarretada pelo excesso de nutrientes e matéria orgânica

carreada para os corpos hídricos, além da intensificação dos processos erosivos resultando,

na maioria dos casos, em assoreamento, eutrofização e contaminação das águas reduzindo,

assim, a disponibilidade e a qualidade do manancial.

Devido à topografia das áreas de fundo de vale toda a pluviosidade do seu entorno

será conduzida para os corpos hídricos o que pode vir a resultar em enchentes. Para

Antunes (1999) a remoção total ou parcial da mata ciliar provoca a redução do intervalo de

tempo observado entre a queda da chuva e os efeitos nos cursos de água, a diminuição da

capacidade de retenção de água nas bacias hidrográficas e também, o aumento do pico das

cheias. A preservação da mata ciliar além de preservar o solo dos efeitos da erosão,

minimiza a poluição dos cursos da água e, por conseguinte, reduz as taxas de sedimentos.

Page 8: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 8

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

Parte-se então do princípio de que é no espaço urbano que ocorrem os mais

diferentes processos, sejam estes sociais, culturais, ambientais, entre outros, o local onde

diversos agentes atuam, compondo e estruturando as cidades de acordo com seus

interesses, formando-se assim um dos principais embates verificados nas cidades: o

interesse do capital versus o direito da sociedade em participar e ter direito a essa cidade.

Desta maneira é necessário pensar e discutir o planejamento urbano que deve estar

intrinsecamente aliado aos conhecimentos geomorfológicos do relevo para que se possa

utilizar o espaço respeitando as suas características naturais e o mais importante, dar as

pessoas qualidade e segurança de vida.

Todavia, consideremos ainda, que em conformidade com as Leis, as áreas ao

entorno de canais, córregos e rios devem ser preservadas, gerando em termos gerais a

sustentabilidade do ciclo hidrológico das bacias hidrográficas, sendo estas consideradas

então como APP (Áreas de Preservação Permanente), pois tem por finalidade de acordo

com a Lei 12.651/2012:

A proteção do solo prevenindo a ocorrência de desastres associados ao uso e

ocupação inadequados das encostas do leito.

A proteção dos corpos d'água, evitando enchentes, poluição das águas e

assoreamento dos rios;

A manutenção da permeabilidade do solo e do regime hídrico, prevenindo contra

inundações e enxurradas.

Conforme a devida Lei a proteção marginal do leito do rio deve ser:

1) de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de

largura;

2) de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura;

3) de 100 (cem) metros para os cursos d’água que tenham 50 (cinquenta)

metros a 200 (duzentos) metros de largura.

Em relação às áreas de preservação permanentes urbanas quem define essas áreas é

a própria prefeitura de Guarapuava através do plano diretor que estabelece sobre o

parcelamento do solo e sobre áreas edificáveis no cap.II.

No Art.7º propõe o seguinte:

Art.7º - As áreas descritas nos incisos abaixo são passíveis de parcelamento, mas

constituem em áreas não edificáveis:

I - nas áreas de fundos de vale, as larguras mínimas não edificáveis serão de 15

(quinze) metros ao longo dos cursos d’água com menos de 5 (cinco) metros de

largura e 30 (trinta) metros ao longo dos cursos d'água que tenham mais de

Page 9: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 9

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

5(cinco) metros de largura, contados à partir das margens definidas pelas cotas

máximas das cheias;

II - ao redor de lagoas e lagos (naturais ou represados), contados a partir da

margem com relação a cota máxima de cheia, medindo horizontalmente, em

faixa marginal cuja largura mínima será de 15m (quinze metros);

Conforme o Plano Diretor da cidade, vemos a necessidade da intervenção do

Estado nessa área para que os efeitos da degradação que ocorrem nela sejam minimizados,

se fazendo necessário o remanejamento dessas famílias que vivem próximas ao rio para um

outro local dada a importância da preservação.

Identificou-se ao longo da pesquisa, no trecho do rio, que a maioria das residências

que correspondem a 75% do total se encontram na faixa dos 30 metros de distância do rio,

e os restante, 25% estão localizadas na faixa correspondente a 15m de distância do rio. O

Mapa 2 a seguir, mostra a área de estudo e as moradias que estão dentro das limitações que

devem ser preservadas segundo o Plano Diretor da cidade e o Código Florestal.

Mapa 2. Buffers de distância 15 e 30 m de distância do rio Cascavelzinho. Org.

MACHADO. Fabiula Eurich, 2013.

Page 10: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 10

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

5 Trabalho de campo

A realização do trabalho de campo deu-se no inicio do mês de agosto, tendo por

objetivo identificar as condições existentes na área bem como realizar uma contagem real

do numero de moradias pertencentes á área de entorno, que conforme já citado, se

caracteriza enquanto área de ocupação irregular, e desta forma dentro dos termos legais

deveria ser protegida por afetar diretamente um canal tributário.

As imagens a seguir demonstram a atual condição do local, bem como a

proximidade das moradias em relação à disposição do canal. Identifica-se neste caso que as

moradias de maior proximidade, são as que possuem a menor infraestrutura, sendo

algumas desprovidas de fornecimento de esgoto, energia e água, fato que este, que em

termos gerais pode ser considerado via de regra, se relacionado a locais que surgiram sem

planejamento público (figuras 1 e 2).

Figuras 1 e 2. Cercania das moradias em relação ao canal. Fonte e Org.: FREITAS. Marina

Roberta P., 2014.

Os problemas ambientais provenientes do acumulo de lixo e da proximidade das

moradias em relação ao canal variam conforme a intensidade, condição e método de

avaliação dos problemas, o que não condiz com o objetivo deste trabalho, todavia

ressaltamos que estes problemas, enquanto fatores de caráter socioambiental representam

apenas uma parcela de um contexto geral, que infelizmente é representativo em relação ao

restante do município, sendo indicativo dos eventuais problemas, tanto de saúde pública

como ambientais que podem ser observados nas figuras 3 e 4.

Page 11: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 11

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

Figuras 2 e 3. Áreas de deposição de resíduos e esgoto. Fonte e Org.: FREITAS. Marina R.

P. 2014.

As figuras 4 e 5 mostram o deszelo em relação à área canalizada do canal fluvial,

estando presentes e observáveis resíduos orgânicos e inorgânicos, além da desembocadura

de esgoto residencial.

Figuras 4 e 5. Áreas posterior e anterior a canalização para via pública. Fonte e Org.:

FREITAS. Marina R. P. 2014.

A consequência primaria ao ambiente esta relacionada a degradação e assoreamento

do leito do canal, destruição do ecossistema tanto do solo quanto da vida aquática, e da

vegetação de entorno, de forma que a despreocupação com este local entre muitos outros

locais, acarreta em consequências secundárias, ou a população, dados os efeitos relativos a

proliferação de doenças e poluição da própria paisagem, além de consequências relativas

ao entupimento do canal fluvial nos pontos de manilhamento que em períodos de maior

precipitação causam problemas de maior intensidade do que com as enchentes naturais dos

cursos d’água.

Page 12: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 12

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

6 Considerações finais

O geoprocessamento é uma técnica e conjunto de ferramentas que auxilia nos

estudos de ordem social, bem como órgãos públicos a identificar as áreas que não são

propicias a ocupação e que vem, conforme se expande a cidade, a ser ocupados

irregularmente, permitindo assim uma ação mais concreta por parte das prefeituras, de

acordo com as leis que se estabelecem em relação a distância das moradias com o rio e/ou

canal, como já afirmado no texto, toda a estrutura que compõem a ciência geográfica faz

amplo uso da modelagem estatística para diagnosticar, pro diagnosticar e procurar soluções

cabíveis para os mais diversos problemas que se encontram no âmbito geográfico.

Sendo assim, constamos que o problema ao entorno desta temática, é de ordem

social e ao mesmo tempo ambiental, mesmo que possamos nos utilizar das ferramentas

tecnológicas para identificar tanto a área de preservação quanto o numero de habitantes e

de moradias presentes nestas áreas, o contexto geral de o porque destas pessoas se

estabelecerem nestas áreas ultrapassa as limitações teóricas de preservação ambiental,

contudo, algumas ações públicas que intervissem e removessem, de forma a deixar estas

populações bem estabelecidas e com o mesmo acesso que já encontram a rede de comercio

e infraestrutura, poderiam sanar parte do problema, uma vez que os problemas associados,

ou seja, os ambientais, necessitam de um processo de reestabelecimento mais demorado,

todos este últimos em teses estão relacionados ao planejamento urbano e ambiental.

BIBLIOGRAFIA CITADA

ALMEIDA. Cláudia Maria. Aplicação dos sistemas de sensoriamento remoto por imagens

e o planejamento urbano regional. USJT - arq.urb - número 3/ primeiro semestre de 2010.

ANTUNES, P. B. Direito Ambiental. 3ª ed. rev. Rio de Janeiro: Lumen Juris; 1999.

BRASIL. Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. Que dispõe sobre a proteção da vegetação,

áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm> acesso em: 14

jan 2014.

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. 1º edição, SP. Editora

Blucher,1999.

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) Resolução Nº 303/2002 - "Dispõe

Page 13: 2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E …200.19.73.116/anais2/wp-content/uploads/2015/08/636.pdf · fazer o uso de ferramentas de geoprocessamento, e utilização dos softwares

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) Florianópolis, Santa Catarina 13

XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC

sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente". - Data

da legislação: 20/03/2002 - Publicação DOU nº 090, de 13/05/2002.

GUERRA. A.J. T.; MARÇAL, M dos S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2006. 190 p.

IBGE. Palavra de Estatístico. Disponível em:

<http://www1.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/geografo/palavraestatistico.html>. Acesso em 15

set. 2013.

INESUL. Inesul destaca a importância da estatística no mundo contemporâneo.

Disponível em: <http://www.inesul.edu.br/maranhao/mat3.htm>. Acesso em: 15 set. 2013.

KOHLSDORF, M. E. Breve histórico do espaço urbano como campo disciplinar. In:

FARRET, R.; GONZALEZ, S.; HOLANDA, F.; KOHLSDORF, M. E. O espaço da

cidade: contribuição à análise urbana. São Paulo: Projeto, 1985.

PARIS21. Avaliar a redução da pobreza. Disponível em:

<http://www.paris21.org/documents/2575.pdf>. Acesso em: 15 set. 2013.

RAMOS. Edson M. L. S. Estatística: poderosa ciência ao alcance de todos. Jornal da

Universidade Federal do Pará. Ano XXVIII n°119. Junho e Julho 2014.

RIBEIRO, Luiz Cesar Queiros. A Metrópole: entre a coesão e a fragmentação, a

cooperação e o conflito. In: RIBEIRO (Org.). Metrópoles – entre a coesão e a

fragmentação, a cooperação e o conflito. São Paulo: Ed.Fund.Perseu Abramo. Rio de

Janeiro, FASE. 2004.

SANTOS, G. O.; HERNANDEZ, F.B.T. Uso do solo e monitoramento dos recursos

hídricos no córrego do Ipê, Ilha Solteira, SP Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental v.17, n.1, p.60–68, 2013. Campina Grande

SOUZA, M. L. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e a gestão

urbanas. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2002.