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UNIT Direito Processual Civil Prof. Charles Albert Garcia Leite

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UNIT Direito Processual Civil

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Institutos Fundamentais do Processo Civil

Jurisdição

É inerte, de maneira que o Estado somente poderá

exercer essa função se provocado.

Ação

Meio que se provoca a jurisdição.

Processo

Instrumento que permite exercer a função jurisdicional.

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DA JURISDIÇÃO

A jurisdição é uma das funções do Estado,

mediante a qual este se substitui aos titulares

dos direitos em disputa para, imparcialmente,

buscar a pacificação do conflito que os

envolve, com justiça.

Podemos dizer que a jurisdição é:

PODER – FUNÇÃO – ATIVIDADE

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PODER

Manifestação do poder estatal, capacidade de decidir

imperativamente e impor decisões.

FUNÇÃO

Expressa o encargo que têm os órgãos estatais de

promover a pacificação dos conflitos apresentados,

mediante a realização do direito justo através do

processo.

ATIVIDADE

Entendida como complexo de atos do juiz no processo,

exercendo o poder e cumprindo a função que a lei lhe

comete.

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PRINCIPAIS

CARACTERÍSTICAS DA

JURISDIÇÃO

a)Caráter substitutivo da

jurisdição

Ao exercer a jurisdição, o estado

substitui, como atividade sua, as

atividades daqueles que estão

envolvidos no conflito trazido à sua

apreciação. Exceções (autotutela,

autocomposição e arbitragem).

b) Lide

Existência do conflito de interesse

qualificado por uma pretensão

resistida. Esse conflito de interesses

que leva o suposto prejudicado a

dirigir-se ao juiz e a pedir-lhe a tutela

jurisdicional.

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c) Inércia

Inerente ao princípio da iniciativa das

partes, o qual indica que o Poder

Judiciário, órgão incumbido de

oferecer a jurisdição, para

movimentar-se no sentido de dirimir

os conflitos de interesses, depende

da provocação do titular da ação. O

juiz não pode instaurar o processo.

Exceção (inventário – art. 989, CPC).

d) Definitividade

Suscetíveis de se tornarem

imutáveis. A CRFB/1988 estabelece

que a lei não prejudicará o direito

adquirido, o ato jurídico perfeito e a

coisa julgada (art. 5º, XXXVI). Nada

mais é do que chamamos a coisa

julgada.

PRINCÍPIOS INERENTES À JURISDIÇÃO:

A jurisdição, como função estatal de dirimir conflitos interindividuais, é informada

por alguns princípios fundamentais:

a) Princípio da investidura: exercida por quem regularmente investido na

autoridade de juiz.

b) Princípio da aderência ao território: corresponde à limitação da própria

soberania nacional ao território do país.

c) Princípio da indelegabilidade: vedado a qualquer dos poderes delegar

atribuições.

d) Princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos

jurisdicionais, sendo uma emanação da soberania estatal, impõe-se por si mesma,

independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto de aceitarem os

resultados do processo.

e) Princípio da inafastabilidade da jurisdição: (ou princípio do controle

jurisdicional ou princípio da indeclinabilidade), expresso no art. 5º, XXXV,

CRFB/1988, garante a todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode deixar

de atender a quem venha a juízo deduzir pretensão fundada no direito de pedir

solução. Não pode a lei excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão

ou ameaça a direito, nem pode o juiz, a pretexto de lacuna ou obscuridade da lei,

escusar-se de proferir decisão (art. 126, CPC).

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JURISDIÇÃO CONTENCIOSA

Inicia-se mediante provocação

Existência de lide

A jurisdição atua envolvendo o

litígio (substitutividade)

Existência de partes

A decisão faz coisa julgada

Ação Indenizatória

Ação de Cobrança

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JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Inicia-se mediante provocação

Acordo de vontades

A jurisdição integra o negócio

jurídico para lhe dar validade

Existência de interessados

A decisão não faz coisa julgada

Separação consensual

Abertura de testamento

DA AÇÃO

A provocação do exercício da função

jurisdicional é feita pelo uso da ação.

Ação é direito subjetivo, público, autônomo,

abstrato e condicionado de exigir do Estado

a prestação jurisdicional e possui inegável

natureza constitucional (art. 5º, XXXV,

CRFB/1988).

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DA AÇÃO

Subjetivo

Faculdade do ameaçado ou lesado.

Público

Exercido em face do Estado-juiz.

Autônomo

Porque é um direito distinto do direito material.

Abstrato

Porque a ação existe ainda que o demandante não seja titular do direito

material que afirma existir.

Condicionado

Porque o autor só pode exigir a tutela jurisdicional se presentes as

condições da ação.

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

O ordenamento jurídico processual brasileiro adotou a Teoria Eclética de

Liebman, segundo a qual a ação consiste no direito a uma sentença de

mérito, mas o julgamento deste, que se encontra no pedido do autor, está

condicionado ao preenchimento de determinadas condições da ação:

a) Possibilidade jurídica do pedido

b) Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam)

c) Interesse de agir

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

a) Possibilidade jurídica do pedido

Pedido deverá consistir em uma pretensão que esteja, ao menos em

tese, prevista no ordenamento jurídico, ou a que não haja vedação. (P.Ex.

pedido de penhora de bens pertencentes ao Estado; o pagamento de

dívidas oriundas de jogo ou aposta.

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

b) Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam)

Qualidade das partes para agir. Art.3º do CPC.

Impõe-se a existência de um vínculo entre os sujeitos da demanda e a

situação jurídica firmada, que lhes autorize a gerir o processo em que

esta será discutida. Assim, p.ex., o credor é quem tem legitimidade ativa

para a respectiva ação de cobrança, e o devedor, a legitimidade passiva;

para a ação de despejo, tem legitimidade ativa o locador, enquanto o

locatário tem legitimidade passiva. Esta é a regra, legitimação ordinária

(legitimado é aquele que defende em juízo interesse que lhe pertence).

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

b) Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam)

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Legitimidade ordinária (regra geral)

Alguém, em nome próprio, defende

direito ou interesse próprio.

Legitimado é aquele que defende

em juízo interesse que lhe pertence.

Legitimidade extraordinária

(substituição processual)

Alguém, em nome próprio, defende

direito ou interesse alheio.

Gestor de negócios, em defesa do

gerido; no condomínio, em defesa da

propriedade em comum; MP, na

defesa de interesses individuais

homogêneos dos consumidores.

Representação processual

Alguém, em nome alheio,

defende direito ou interesse

alheio.

Em ação de alimentos, o

menor é parte legítima,

enquanto sua genitora é sua

representante, e não sua

substituta).

CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

c) Interesse de agir

Consiste na necessidade de obter uma providência jurisdicional para

alcançar o resultado útil previsto no ordenamento jurídico.

Ou seja, é preciso que, em cada caso concreto, a prestação jurisdicional

seja necessária e adequada.

(NECESSIDADE-UTILIDADE + ADEQUAÇÃO)

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

c) Interesse de agir

Necessidade da tutela repousa na impossibilidade de obter a satisfação

do alegado direito sem a intercessão do Estado (não há outro meio de

obter a satisfação senão pela propositura da ação).

Adequação refere-se a exigência de que o provimento solicitado seja

apto a corrigir o mal de que o autor se queixa. (assim, não há interesse

em promover ação para que o Estado declare o estado civil de

casamento de alguém (ausência de necessidade); bem como não há

interesse em impetrar MS para a cobrança de créditos pecuniários

(ausência de adequação do provimento).

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CONDIÇÕES DA AÇÃO (PLI)

Na falta de qualquer delas quem o exercita será declarado carecedor

da ação, dispensando o órgão jurisdicional de decidir o mérito de sua

pretensão, com a consequente extinção do feito sem resolução do mérito

(art. 267, VI, CPC).

A carência da ação trata-se de matéria de ordem pública, portanto deve

ser conhecida de ofício pelo magistrado, a qualquer tempo e grau de

jurisdição.

Se o réu não alegar a carência da ação na primeira oportunidade em

que caiba falar nos autos (prazo de resposta), responderá pelo retardamento (art. 267, § 3º, CPC).

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1. ELEMENTOS DA AÇÃO

A ação se individualiza e se identifica por seus elementos constitutivos.

Eis:

a) Partes

Sujeito ativo e sujeito passivo.

Autor deduz a pretensão. Réu se vê envolvido pelo pedido.

b) Causa de pedir

Ao autor impõe a narrativa dos fatos e respectivo fundamento jurídico.

c) Pedido

Objeto da ação é o pedido do autor.

Pede-se uma providência jurisdicional quanto a um bem pretendido,

material ou imaterial. O pedido é imediato ou mediato.

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1. ELEMENTOS DA AÇÃO

b) Causa de pedir

Ao autor impõe a narrativa dos fatos e respectivo fundamento jurídico.

Teoria da Substanciação

Impõe a descrição dos fatos dos quais decorre a relação do direito.

Não basta pedir o despejo, pois é necessário mencionar o contrato de

locação.

Assim, a causa de pedir é constituída do elemento fático e da qualificação

jurídica que deles decorre.

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1. ELEMENTOS DA AÇÃO

Abrangem:

1) causa petendi próxima

Os fundamentos jurídicos que justificam o pedido.

2) causa petendi remota

São os fatos constitutivos (fato gerador).

V.g.

Na ação em que o pedido é o pagamento da dívida, deverá o autor

expor que é credor por força de um ato ou contrato (causa remota) e

que a dívida se venceu e não foi paga (cauda próxima).

Na ação de anulação de contrato, deverá o autor expor o contrato

(causa remota) e o vício que o macula, dando lugar à anulação

(causa próxima).

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1. ELEMENTOS DA AÇÃO

c) Pedido

Objeto da ação é o pedido do autor.

Pede-se uma providência jurisdicional quanto a um bem pretendido,

material ou imaterial. O pedido é imediato ou mediato.

Imediato

Relativo a providência jurisdicional solicitada: sentença condenatória,

declaratória, constitutiva ou mesmo executiva ou cautelar).

Mediato

É a utilidade que se quer alcançar pela sentença, ou providência

jurisdicional, o bem material e imaterial pretendido pelo autor.

V.g. O despejo do locatário; a entrega da coisa; a indenização

pretendida; a paternidade.

Todos identificam o pedido e, consequentemente, a ação.

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Identificação das ações:

Há possibilidade de duas ações serem idênticas, semelhantes ou

totalmente diferentes, dependendo dos seus elementos: partes, causa de

pedir e pedido.

Pela análise (art.282, II, III e IV, do CPC), é possível constatar alguns

fenômenos processuais, eis:

a) Litispendência

b) Coisa julgada

c) Perempção

d) Conexão

e) Continência

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Identificação das ações:

a) Listispendência

Estão em curso duas ou mais ações idênticas (mesmas partes, mesma

causa de pedir e mesmo pedido), e, se ambas estão em curso. Verificada

situação, o último processo deverá ser extinto sem resolução do mérito

(art.267, V, CPC).

b) Coisa julgada

Reproduz ação idêntica, antes julgada. Desde que decidida em caráter

definitivo. Assim como na litispendência, o processo deve ser extinto sem

resolução do mérito.

c) Perempção

Perda do direito de ação. Quando o autor, por três vezes consecutivas, dá

causa à extinção de processos idênticos, por abandono (art.268, P. Único,

CPC). O processo deverá ser extinto sem resolução do mérito (art.267, V,

CPC).

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Identificação das ações:

d) Conexão

Quando duas ou mais ações têm o mesmo pedido ou a mesma causa de

pedir. Havendo ações conexas tramitando em separado, o juiz, de ofício

ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião

dessas ações, a fim de que sejam decididas simultaneamente (art.105,

CPC). Atende o princípio da economia processual e à necessidade de

evitar decisões contraditórias.

Ressalte-se que a reunião não deve ser ordenada quando uma das

causas já tiver sido julgada (Súmula 235 do STJ).

V.g.

Cônjuges que pedem a separação em ações diversas.

Locador que ingressa com ação requerendo o despejo por falta de

pagamento em certo número de meses em contrato de locação e,

concomitantemente, o locatário ajuíza ação de consignação em

pagamento desses mesmos aluguéis (idêntica da causa de pedir).

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Identificação das ações:

e) Continência

Quando houver, em duas ou mais ações, identidade das partes e da

causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das

outras (art. 104, CPC). A exemplo da conexão, demandas continentes

serão reunidas a fim de que sejam decididas simultaneamente.

V.g.

Tício promove ação em face de Mélvio, pleiteando a anulação de

determinado contrato. Mélvio, por sua vez, propõe ação em face de

Tício requerendo a anulação de cláusula do mesmo contrato.

Embora os pedidos sejam diferentes, o primeiro engloba o segundo.

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2. O PROCESSO

Como vimos, o processo é indispensável à função jurisdicional exercida

com vistas à eliminação dos conflitos com justiça, mediante a atuação da

vontade concreta da lei.

Pressupostos processuais:

Os pressupostos processuais são os requisitos mínimos necessários à

existência e ao desenvolvimento válido e regular do processo, de forma

que a ausência de um pressuposto processual impõe a extinção do feito

sem resolução do mérito (art.267, IV, CPC).

Para desempenhar a atividade jurisdicional, após ser provocado, o juiz

deve primeiramente examinar se o processo se instaurou validamente.

A prestação jurisdicional só é alcançada por meio do processo válido.

Assim, não devemos confundir a validade do processo com sua

existência.

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2. O PROCESSO

Pressupostos processuais:

Mesmo o processo inválido se forma e tem existência, a ponto de o juiz

não estar isento de pronunciar a própria invalidade nele ocorrida.

Por isso, existem pressupostos de existência do processo e pressupostos

de validade do processo.

Os pressupostos processuais são considerados matéria de ordem

pública, de forma que poderá o juiz, de ofício e a qualquer tempo e grau

de jurisdição, verificar a ausência de pressupostos de constituição e de

desenvolvimento válido e regular do processo e extinguir o feito sem

resolução do mérito.

Todavia, se o réu não alegar a ausência dos pressupostos, na primeira

oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas

de retardamento (art.267, § 3º, CPC).

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Pressupostos processuais de existência (ou de constituição válida

da relação processual)

São requisitos cuja ausência importa na inexistência da relação

processual. São eles:

a) Jurisdição

Órgão judicante, ainda que incompetente, investido de jurisdição;

b) Petição inicial

Deve a parte requerer a instauração do processo mediante a formulação

da petição inicial. Ressalte-se que, mesmo se a petição inicial não

preencher seus requisitos (inepta), haverá processo, pois não se pode

confundir existência com validade;

c) Citação

Enquanto não citado, para o réu o processo é inexistente;

d) Capacidade postulatória

Deve a parte encontrar-se em juízo, em regra, representada por

advogado regularmente constituído.

Pressupostos processuais de desenvolvimento válido e regular do

processo

Um vez existente o processo, resta-nos verificar a presença dos

pressupostos de validade, pois, se ausentes, levarão à extinção do feito

sem resolução do mérito. São:

a) petição inicial apta

Requisitos dos arts. 282 e 283 do CPC.

b) competência e imparcialidade do juiz

Dirigir pedido ao órgão regularmente investido de jurisdição; e o juiz

imparcial.

c) capacidade das partes

Se as partes possuem capacidade de assumir direitos e contrair

obrigações.

d) citação válida

Se a citação se deu em pessoa homônima do réu, este não foi citado,

portanto, inexistente o processo.

Pressupostos processuais negativos

A presença dele leva a extinção do feito sem resolução do mérito.

São:

Litispendência

Coisa julgada

Perempção

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Todo êxito, alicerça-se na disciplina.

Obrigado pela atenção e consideração.

Bons estudos!

UNIT Direito Processual do Trabalho

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