30
6 Equipamentos e Metodologias de Ensaios Antes de propor uma metodologia para se avaliar a técnica de dessorção térmica, é necessário que se conheça os parâmetros e índices envolvidos no problema. A Tabela 14 contém desde os parâmetros e índices mais básicos, presentes em qualquer tipo de pesquisa, até os mais específicos, para o caso de fluxo de temperatura e volatilização dos contaminantes, bem como, quais os parâmetros determinados e quais os parâmetros retirados de correlações. Para a determinação de um certo parâmetro a técnica que será utilizada está apresentada na coluna Determinação. Os parâmetros ou índices que não forem determinados serão obtidos por correlações, listadas na segunda coluna da Tabela 14. Tabela 14 – Parâmetros necessários nas análises Parâmetros / Índices Correlações Determinação Peso específico natural, peso específico real dos grãos, umidade natural, limites de consistência, análise granulométrica Por correlações determina-se uma série de outros parâmetros (índice de vazios, porosidade, peso específico seco e saturado, grau de saturação, etc.) Caracterização completa do solo Propriedades dos contami- Nantes: ponto de ebulição, pressão de vapor, solubilidade na água Dados apresentados anterior- mente na Tabela 3, ou se necessário, retirado de outras fontes bibliográficas. Fluxo de temperatura Imposto Condutividade Térmica (λ) Será determinado utilizando-se do método de agulha de aquecimento conforme descrito no item 6.2 Teor de umidade volumétrica θ = f (w) => w w d = γ γ θ Calor específico do solo (c n ), da água (c w ) e do ar (c a ) Calor específico da água e do ar são tabelados, conforme descrito nas Tabelas 5 e 7 Será determinado utilizando-se do método de agulha térmica de acordo com o item 6.2

6 Equipamentos e Metodologias de Ensaios - dbd.puc-rio.br · A relação entre condutividade térmica λ e difusividade térmica D é dada por: D =λ⋅ C (61) onde: C – calor de

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6Equipamentos e Metodologias de Ensaios

Antes de propor uma metodologia para se avaliar a técnica de dessorção

térmica, é necessário que se conheça os parâmetros e índices envolvidos no

problema. A Tabela 14 contém desde os parâmetros e índices mais básicos,

presentes em qualquer tipo de pesquisa, até os mais específicos, para o caso de

fluxo de temperatura e volatilização dos contaminantes, bem como, quais os

parâmetros determinados e quais os parâmetros retirados de correlações. Para a

determinação de um certo parâmetro a técnica que será utilizada está apresentada

na coluna Determinação. Os parâmetros ou índices que não forem determinados

serão obtidos por correlações, listadas na segunda coluna da Tabela 14.

Tabela 14 – Parâmetros necessários nas análises

Parâmetros / Índices Correlações Determinação

Peso específico natural,

peso específico real dos

grãos, umidade natural,

limites de consistência,

análise granulométrica

Por correlações determina-se

uma série de outros parâmetros

(índice de vazios, porosidade,

peso específico seco e saturado,

grau de saturação, etc.)

Caracterização completa do solo

Propriedades dos contami-

Nantes: ponto de ebulição,

pressão de vapor,

solubilidade na água

Dados apresentados anterior-

mente na Tabela 3, ou se

necessário, retirado de outras

fontes bibliográficas.

Fluxo de temperatura Imposto

Condutividade Térmica (λ) Será determinado utilizando-se

do método de agulha de

aquecimento conforme descrito

no item 6.2

Teor de umidade

volumétrica θ = f (w) => ww

d ⋅=γγ

θ

Calor específico do solo

(cn), da água (cw) e do ar

(ca)

Calor específico da água e do ar

são tabelados, conforme descrito

nas Tabelas 5 e 7

Será determinado utilizando-se

do método de agulha térmica de

acordo com o item 6.2

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 106

Tabela 14 (continuação) - Parâmetros necessários nas análises

Parâmetros/Índices Correlações Determinação

Capacidade de

Aquecimento volumétricocC ⋅= ρ

e

aawwss CCCC θθθ ++=

Difusividade térmica (D) Método da Agulha Térmica (item

6.2)

Condutividade hidráulica

saturada (k)

Determinação em permeâmetros

de carga constante e parede

flexível, conforme o item 6.1

Curva característica de

sucção

Determinada com a técnica do

papel filtro, de acordo com item

6.3

Condutividade hidráulica

não-saturada (kθ)

Determinada a partir da

condutividade hidráulica

saturada (k) e curva de sucção

através das equações de Van

Genutchen (1980)

Condutividade hidráulica

saturada com temperatura

controlada

Adaptação de um permeâmetro

de carga constante e parede

flexível a aplicadores e

controladores de temperatura

altamente precisos. Sua descrição

se encontra no item 6.4

Difusividade térmica do

vapor (DTV), difusividade

isotérmica do vapor (DθV) ,

difusividade térmica do

líquido (DTL), difusividade

isotérmica do líquido (Dθv)

Correlações com constantes e

com as curvas características de

sucção e condutividade

hidráulica não saturada.

Os próximos itens apresentarão às descrições detalhadas dos equipamentos

utilizados nos ensaios, assim como a metodologia empregada.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 107

6.1Condutividade Hidráulica Saturada

O equipamento de ensaio, desenvolvido no laboratório de Geotecnia da

PUC-Rio, consiste de um permeâmetro de parede flexível para a realização de

ensaios com carga constante. A Figura 19 apresenta a visão geral do equipamento,

enquanto que a Figura 20 apresenta um diagrama esquemático do mesmo.

Figura 19 – Permeâmetro desenvolvido no laboratório de Geotecnia da PUC-Rio

O fluxo neste equipamento é vertical ascendente, com medidas do volume

de entrada e de saída de fluído das amostras. O pedestal da base e o cabeçote

superior medem 10,16cm de diâmetro e a câmara pode acondicionar corpos de

prova de até 25cm de altura.

Neste equipamento é utilizado um sistema de aplicação de pressão a ar

comprimido. O painel de aplicação de pressão é composto por três válvulas, sendo

na primeira linha de válvulas, a da esquerda, utilizada para aplicar pressão na base

e a da direita para aplicar pressão no topo. A válvula inferior é usada para aplicar

a tensão confinante.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 108

3

5

8

64

2

7

1

Figura 20 – Representação esquemática do permeâmetro

1- Painel Ar Comprimido

2- Abastecimento de água

3- Medidor de Variação de

Volume

4- Corpo de prova

5- Câmara

6- Bureta Garduada

7 – Interface Ar-Água

8-Aquisitor de Ddaos

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 109

A tensão confinante é aplicada com ar comprimido através de uma interface

ar-água e medida através de um transdutor elétrico de pressão, marca Schaevitz,

com capacidade de 1000kPa, devidamente calibrado. Os métodos utilizados para a

calibração de todos os instrumentos elétricos utilizados e suas respectivas curvas

de calibração estão apresentados no Apêndice A

O gradiente hidráulico é estabelecido para amostra por meio de aplicação de

pressões diferentes no topo e na base. Essas pressões também são medidas com

transdutores elétricos de pressões devidamente calibrados, conforme Apêndice A.

A pressão no topo é medida no mesmo transdutor que mede a tensão confinante.

O transdutor elétrico de pressão usado para medir a pressão da base, também é da

marca Schaevitz, com capacidade de 1000kPa.

A base de cada amostra é ligada a um medidor de variação de volume que

funciona também como interface. Os medidores foram construídos na oficina do

próprio laboratório. Os detalhes de projeto podem ser vistos em Borges (1996).

Uma pressão de ar comprimido é aplicada no reservatório inferior e transmitida ao

fluído de percolação, contido no reservatório superior, através de um êmbolo. O

fluído sai gradualmente do reservatório, sendo injetado na base da amostra. Existe

um transdutor de deslocamento LSC-HS, acoplado ao êmbolo do medidor de

variação de volume que indica o volume que entra na amostra através de uma

curva de calibração, e que se encontra no Apêndice A.

Os sinais elétricos advindos dos transdutores são captados pelo sistema de

aquisição de dados – ORION, onde são convertidos para unidades de engenharia

através das curvas de calibração, que estão apresentadas no Apêndice A.

O topo é ligado a uma bureta com capacidade volumétrica de 5cm3, com

resolução de 0,1cm3, onde é medido o volume de fluído que sai da amostra.

O equipamento conta ainda com um sistema de distribuição de água para os

medidores de variação de volume. Quando o reservatório do fluído do medidor de

variação de volume esvazia, o sistema permite o seu abastecimento com água.

6.1.1Metodologia de Ensaio

Para corpos de prova compactados conforme descrito anteriormente (5.2.1),

com altura de 6cm e diâmetro de 10,14cm, os ensaios de permeabilidade foram

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 110

executados em amostras submetidas a diferentes temperaturas – temperatura

ambiente (22°C), 50oC, 100oC, 150oC, 200oC, 250oC e 300oC, para o solo do

Campo Experimental, e, temperatura ambiente (22°C), 100oC, 200oC, e 300oC,

para o solo da Cidade dos Meninos.

Após sua fabricação todas as amostras foram secas ao ar para depois serem

submetidas a uma determinada temperatura na mufla durante 8 horas.

O corpo de prova é então colocado na célula com papel-filtro e pedra

porosa, separando as suas extremidades da base e do topo e envolvido por uma

membrana de látex, presa com anéis de vedação à base e ao cabeçote.

Fecha-se a câmara e enche-se a mesma com água até um pouco mais que a

altura do corpo de prova. Com a água colocada na câmara aplica-se a tensão

confinante por meio da interface ar-água. Regula-se então as pressões que serão

aplicadas na base e no topo da amostra, deixa-se percolar água pela amostra, e

quando é atingido o regime de fluxo permanente as vazões de entrada e de saída

são praticamente iguais. Admitindo-se que a amostra está saturada, calcula-se

assim a condutividade hidráulica do solo. Este procedimento é repetido para os

corpos de prova submetidos a diferentes temperaturas.

6.2Condutividade Térmica e Calor Específico

A condutividade térmica governa a condição de fluxo permanente, enquanto

a difusividade térmica é aplicada aos casos em que a temperatura varia com o

tempo.

Existem várias maneiras de se medir condutividade térmica. Os métodos

existentes são de fluxo de calor estacionário (temperatura constante) ou de fluxo

de calor transiente (temperatura variando com o tempo). Quando o método

estacionário é usado para estudar transferência de calor num solo não saturado

aplica-se tanto um gradiente de temperatura como um gradiente de umidade. Ao

aplicar-se uma diferença constante de temperatura numa coluna de solo, o solo

próximo à face quente se torna seco, enquanto que o solo próximo à face fria se

torna úmido. Devido a este inconveniente, alguns estudos incluindo o de Mitchell

e Kao (1978), sugerem que os métodos estacionários somente devem ser

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 111

utilizados para medir condutividade e difusividade em solos secos, evitando-se

desta maneira os gradientes de umidade.

Segundo Jackson e Taylor (1986) os métodos que utilizam fluxo de calor

transiente são considerados mais adequados para solos. Dentre as vantagens do

método transiente pode-se citar: o movimento de água em resposta a gradientes de

temperatura é minimizado e não é necessário uma longa espera para que os

gradientes térmicos se tornem constantes. de Vries (1957) sugere o uso de

pequenos gradientes de temperatura, para se minimizar os movimentos de água

devido a aplicação de gradientes de temperatura.

Alguns autores, como por exemplo, Jackson e Taylor (1986) e Farouki

(1986), indicam que o método da agulha térmica (ou sonda térmica) é um método

rápido e conveniente para medir a condutividade térmica de solos in-situ ou em

laboratório.

A agulha é inserida no solo que será ensaiado, e deve ser suficientemente

fina para não causar amalgamentos ou distúrbios no solo. A agulha térmica

consiste de um sistema aquecedor que produz energia térmica a uma taxa

constante e de um sensor de temperatura (termopar). A razão de aumento da

temperatura da agulha depende da condutividade térmica do meio que ela está

inserida.

A equação genérica da condução de calor, a qual descreve tanto o fluxo de

calor transiente quanto o estacionário é:

TDtT 2∇⋅=

∂∂ (59)

onde: T – temperatura (°K)

t – tempo (s)

D – difusividade térmica (m2/s)

A teoria do método da agulha térmica é baseado na teoria da fonte linear de

aquecimento num espaço semi-infinito, para um meio homogêneo e isotrópico. O

fluxo de calor que sai da sonda atravessa o material que está sendo ensaiado, com

uma difusividade térmica (D), seguindo a equação geral de Fourier. Para um

fluxo de calor unidimensional na direção longitudinal a equação 59 se torna:

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 112

2

2

xTD

tT

∂∂

⋅=∂∂ (60)

A relação entre condutividade térmica λ e difusividade térmica D é dada

por:

CD ⋅= λ (61)

onde: C – calor de aquecimento volumétrico = calor específico x densidade

Para coordenadas cilíndricas, correspondentes a direção radial ao redor da

agulha térmica, a equação 60, pode ser descrita de acordo com:

∂∂

+

∂=

∂∂

rT

rrTD

tT 1

2

2 (62)

onde r – distância radial da fonte (m).

Para medidas da condutividade térmica a fonte linear infinita é aproximada

por um longo fio aquecido eletricamente, colocado num corpo de prova cilíndrico.

A corrente de aquecimento é fornecida pelo fio e o aumento de temperatura é

medido em um termopar colocado próximo ao fio.

Carslaw e Jaeger (1959) assumiram que o calor é produzido desde um

tempo t = 0, com uma taxa constante, q, por unidade de comprimento da sonda, a

solução resultante para o aumento de temperatura (T – T0) para uma distância

radial r da fonte é representado por:

( ) ⋅

=−λπ40

qTT

⋅⋅−

−tD

rEi 4

2 (63)

onde: q – calor produzido por unidade de tempo e unidade de comprimento (W)

λ – condutividade térmica(W/m°K)

D – difusividade térmica (m2/s)

t – tempo (s)

T0 – temperatura no tempo t = 0 e,

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 113

o termo ( )tDrEi ⋅⋅−− 42 , é uma integral exponencial que pode ser

aproximada a uma série de potência logarítmica, conforme mostrado na equação

64:

( )( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ...4444ln exp1

4

22220

4

2

2

+⋅⋅+⋅⋅+⋅⋅−−=−

=⋅⋅−−

∫⋅⋅−

tDrtDrtDrd

tDrE

tDr

i

γµµµ(64)

onde: γ - constante de Euler (0,5772...) e µ − variável de integração.

Segundo Jackson e Taylor (1986) para valores de tDr ⋅⋅42 << 1 todos os

termos depois do termo logarítmico podem ser negligenciados. Os erros causados

por se ter negligenciado os termos após o segundo termo da série de potência e os

erros causados pelo raio finito da fonte de aquecimento são infinitesimais. Para o

período de aquecimento a temperatura aumenta considerando-se:

( ) 100

101 t tpara ln

4<

+

⋅=−

ttdqTT

λπ (65)

onde: d – constante obtida através da simplificação da série de potência

t1 – tempo final do período de aquecimento.

Numa agulha térmica real, os valores de temperatura T0 e T1 correspondem

aos tempos to e t1 respectivamente. As temperaturas são medidas no interior da

agulha (próximo da fonte de aquecimento) por intermédio de um termopar situado

num ponto eqüidistante das extremidades da mesma.

A condutividade λ é calculada pela equação de medida da inclinação S e a

inclinação teórica λπ ⋅4

q dada pela equação 65. É mais conveniente plotar o

aumento de temperatura x logaritmos decimais de tempo, e, consequentemente a

inclinação passa a ser:

λπ ⋅⋅=4

303,2q

S (66)

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 114

O calor produzido q é obtido através de medidas de corrente e resistência,

ou usando a Lei de Ohm. Se I é a corrente em ampères e R a resistência em ohm

por centímetro de cilindro então I2 R é o calor produzido em Watts. Substituindo

I2 R por q e arrumando-se a equação obtém-se:

SRI 234,18

=λ (67)

Uma agulha térmica difere da idealizada fonte linear por ser uma fonte de

aquecimento cilíndrica com o comprimento finito, raio, e, condutividade térmica

própria. E ainda existe a resistência de contato dela com o meio. Para se garantir

as condições de fluxo radial ao redor da agulha sugere-se que seu comprimento

seja pelo menos 25 vezes o seu diâmetro. O tempo necessário para que a curva de

temperatura x logaritmo do tempo se torne linear depende do raio da agulha e de

suas constantes térmicas, do meio circundante e das resistências de contato.

Farouki (1982) mencionou que este tempo pode ser menor do que um minuto para

agulhas com raio de 1mm, chegando a uma hora para agulhas com diâmetro de

1cm.

Um diagrama esquemático de uma sonda térmica utilizada nas medidas de

condutividade térmica está apresentado na Figura 21. A sonda térmica

normalmente é de aço inoxidável, pôr ser um material de baixo calor específico e

alta difusividade térmica.

Figura 21 – Esquema de sonda térmica

Molde de Compactação

Solo

Sonda Térmica

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 115

Uma amostra de solo é compactada dentro de um molde. Insere-se a agulha

térmica no centro. A sonda térmica consiste em produzir energia térmica de

aquecimento a uma carga constante e de um elemento que meça a temperatura, tal

como um termopar. A razão do aumento da temperatura da sonda depende da

condutividade térmica do meio que a está envolvendo. A condutividade térmica é

medida conforme a equação (65).

As medições de condutividade térmica que se utilizam da sonda térmica

existentes na literatura consultada, em essência são todas iguais, o que as

distingue são as formas de inserção da sonda e as maneiras de efetuar e controlar a

compactação.

Mitchell e Kao (1978) usaram o ensaio da agulha térmica para solos desde

argilas altamente plásticas até pedregulhos bem graduados, tendo sucesso em suas

experiências. A variação de resistividade térmica medida vai desde 30oC.cm/W a

300oC.cm/W e as temperaturas as quais foram submetidas as amostras variaram

de –10oC a 90oC. Oliveira Jr. (1993) utilizou o método da sonda térmica para

determinar a condutividade em função do grau de saturação, provando que esta

varia com a saturação. Este resultado já era esperado, evidenciando desta forma

que a condutividade térmica que se está buscando é uma função que depende do

teor de umidade do solo.

Para a realização de ensaios da presente tese adquiriu-se uma sonda de

imersão de condutividade térmica da empresa ALMEMO modelo FP A437-1, que

fornece um fluxo de calor constante quando colocada dentro do material a ser

ensaiado. Este fluxo é mantido até que o equilíbrio seja estabelecido entre a

energia térmica transferida para o material e a energia térmica dissipada. Esta

sonda é acoplada a um data-logger portátil, modelo ALMEMO 2290, que faz os

cálculos de condutividade térmica de acordo com o que foi descrito anteriormente.

Uma foto do conjunto sonda/data-logger é apresentado na Figura 22. O diâmetro

da sonda é de 1,5mm, com comprimento de 12 cm. A sonda trabalha com dois

termopares Pt100, sendo de 6cm a menor espessura de solo que se pode medir a

condutividade térmica. A condutividade térmica é determinada com unidade

W/mºK. A faixa de trabalho é da ordem de 0,025 a 0,410 W/mºK, com resolução

de 0,001 W/mºK. Este medidor permite a determinação de condutividades térmica

de maneira fácil e rápida.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 116

Figura 22- Sonda térmica e Data-Logger

Para a medida do calor específico um novo conjunto solo-molde foi

acoplado a placas isolantes. Escolheu-se latão para o novo molde de compactação,

uma vez que este apresenta uma capacidade de aquecimento maior que a do

alumínio e ferro. O molde de compactação de latão tem o mesmo diâmetro que o

anterior, 10,14cm e uma altura de 6,00cm. A este novo molde foram acopladas

placas isolantes e impermeáveis de ACETAL, com temperatura de utilização em

trabalho contínuo entre 40 oC e 100oC. A foto do sistema molde de latão e placas

isolantes está apresentada na Figura 23.

A Figura 23(a) mostra o detalhe dos anéis de vedação utilizados no conjunto

placas-isolantes-molde. A Figura 23(b) mostra o detalhe da placa isolante do topo

onde foi instalado uma entrada para a agulha térmica. Essa entrada também está

devidamente isolada com anéis de vedação entre a agulha térmica e a rosca,

fazendo com que todo o sistema esteja hermeticamente fechado.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 117

(a) (b)Figura 23 – Molde de latão e placas isolantes para a medição do calor específico.

A agulha térmica é inserida no centro do corpo de prova e todo o sistema

molde-placas isolantes e solo compactado é colocado em banho-maria conforme

ilustra a Figura 24.

Figura 24 – Medição do calor específico

A temperatura no centro da amostra é medida como uma função do tempo,

com o auxílio da sonda térmica, sendo que esta funciona neste momento apenas

como termopar, Pt 100 com resolução de 0,01oC. A temperatura da água em

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 118

banho-maria é medida por um termômetro digital da marca MINIPA, modelo MT-

511, com resolução de 0,1oC, visto na Figura 25.

Figura 25 – Termômetro digital MINIPA

A relação teórica entre a percentagem de variação de temperatura central e

o fator tempo adimensional para fluxo de calor radial para estas condições de

contorno radiais está apresentada na Figura 26 (Mitchell e Kao, 1978). O calor

específico, cs, pode ser calculado com a adição das seguintes relações:

50

502

tTdD = (68)

onde:

D – difusividade (m2/s)

t50 – tempo no qual ocorre 50% da mudança de temperatura no centro da amostra

T50 – fator tempo para 50% de variação da temperatura (Figura 26)

d- diâmetro do cilindro

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 119

0

20

40

60

80

1000,01 0,1 1

Fator T

% v

aria

ção

de

tem

pera

tura

c

Figura 26 – Curva de fator tempo para fluxo de calor radial. Michell e Kao (1978)

Sabe-se que a difusividade, D (m2/s), é dada pela razão da condutividade

térmica, λ (W/m.°K) pela capacidade de aquecimento volumétrico, C(θ)

(kJ/kg.°K), conforme:

)( θ

λC

D = (69)

O volume total de um determinado solo é composto pelas fases sólidas,

líquidas e gasosas, sendo a capacidade de aquecimento volumétrico dependente da

componente de cada fase, de maneira que:

aa

ww

ss C

VV

CV

VC

VV

C ...)( ++=θ (70)

onde:

Cs, Cw e Ca, são as capacidades de aquecimento volumétrico dos sólidos, da água

e do ar respectivamente.

Vs, Vw e Va os volumes ocupados pelas frações sólidos, água e ar.

V – volume total.

De acordo com a Tabela 5, a capacidade de aquecimento volumétrica do ar,

0,00029 cal/goC, é da ordem de 10-4 vezes menor que a dos sólidos e a da água,

transformando o último termo em desprezível. Na mesma Tabela 5 pode-se retirar

o valor da capacidade de aquecimento volumétrico da água, 1cal/goC. A

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 120

capacidade de aquecimento dos sólidos é dada pelo produto do calor específico do

material pela sua massa específica seca.

Substituindo-se os valores das capacidades de aquecimento volumétrico da

água e do ar, a definição da capacidade de aquecimento volumétrico em dos solos

e a definição de difusividade térmica (equação 69) na equação 70 obtém-se:

weD

c

VV

VV

VV

Dc

VV

Dc

VV

VV

cVV

D

ds

ds

w

dss

wds

s

wds

s

−+=

−=∴−=

+=

)1(.

1..1...

.

ρλ

ρρλλρ

ρλ

(71)

onde: cs – calor especifico dos sólidos (J/m3°K)

ρd- densidade específica seca (g/cm3)

w – umidade em peso (%)

λ – condutividade térmica radial (W/m.°K)

e – índice de vazios

6.2.1Metodologia de Ensaio

6.2.1.1Condutividade Térmica

Os corpos de prova aqui utilizados foram compactados conforme descrito

no item 5.2.1. Vale ressaltar que todos os corpos de prova foram compactados

adicionando-se 210mL de água a 1kg de solo seco para o solo do Campo

Experimental e 170mL e 1kg de solo para o solo da Cidade dos Meninos.

Após a compactação o corpo de prova secava ao ar, dentro do molde de

compactação por períodos diferentes – 24hs, 48hs, 72hs, 96hs, e assim por diante

até completar o ciclo de dezoito dias.

Com o tempo de secagem concluído, foram feitas as medidas da

condutividade térmica. Para um mesmo corpo de prova fez-se cinco medidas e

adotou-se a média destas como valor de condutividade térmica para aquela

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 121

determinada umidade. Foram realizados 19 ensaios de condutividade térmica,

variando com a umidade, para o solo do Campo Experimental e 13 ensaios de

condutividade térmica, variando com a umidade, para o solo da Cidade dos

Meninos. Para o solo seco, com umidade zero, a condutividade térmica foi medida

após deixá-lo em estufa a 105oC por 24 horas.

Foi necessário utilizar uma broca com o diâmetro imediatamente inferior ao

diâmetro da agulha térmica para fazer o pré-furo do corpo de prova, pois os carpos

de prova adquiriram uma rigidez que tornou impossível a inserção da agulha sem

danifica-la.

6.2.1.2Calor Específico

Compactou-se os corpos de prova no novo molde de latão seguindo as

mesmas metodologias descritas em 5.2.1. Os corpos de prova após compactados

eram secos ao ar, analisando-se assim a dependência do calor específico com a

umidade. Foram ensaiados quatro corpos de prova para ambos os solos.

Antes do fechamento do sistema molde-placas isolantes, fazia-se um pré-

furo com uma broca, de 1,5mm de diâmetro, nos corpos de prova. Antes de se

inserir o molde em banho-maria media-se a condutividade térmica do solo.

Para a determinação do calor específico, colocava-se o conjunto composto

de molde, placas isolantes e sonda térmica em banho-maria a temperaturas

diferentes: 40oC, 50 oC e 60 oC. Este procedimento foi seguido com o intuito de

verificar a dependência do calor específico com a temperatura.

Os cálculos foram realizados conforme descrito anteriormente, equação 71 e

Figura 26. Determinou-se o calor específico do solo do Campo Experimental e da

Cidade dos Meninos em função da temperatura.

O calor específico dos solos é dada pela relação calor específico x

temperatura na umidade higroscópica.

6.3Curvas Características de Sucção

A curva característica de sucção dos solos é uma relação que associa o

aumento de sucção matricial ao decréscimo da umidade do solo ou vice-versa.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 122

Para realizar-se a determinação da curva característica utilizou-se a técnica de

papel-filtro. Villar e de Campos (2001) mostraram que esta técnica apresenta

resultados próximos se comparados aos obtidos por outras técnicas, como por

exemplo, o uso de dessecadores, transdutor de pressão e tensiômetros instalados

no solo. Para o uso desta técnica alguns cuidados na determinação da umidade do

papel filtro tem que ser levadas em consideração.

A técnica do papel-filtro baseia-se no princípio de que em um solo com

alguma umidade, em contato com o papel-filtro, com umidade menor, faz com

que este último absorva certa quantidade de água do solo até que se atinja um

equilíbrio de pressões. Este fluxo de água entre a amostra de solo e o papel-filtro

pode ocorrer de duas maneiras: através de fluxo de vapor ou fluxo capilar. Para

determinação da sucção mátrica esta transferência se dá através de fluxo capilar.

A determinação da sucção matricial envolve a colocação do papel filtro em

contato com o solo. Discute-se muito a dificuldade de se garantir um bom contato

entre o papel e o solo, quando se quer medir sucção matricial. Contudo alguns

estudos tem mostrado, incluindo Marinho (1994) que o grau de contato tem pouca

influência desde que o tempo de equilíbrio adequado seja utilizado.

O tempo de equalização da troca de água do solo com o papel filtro,

proposto pela norma americana, ASTM-D5298-92, é de 7 dias para a

determinação da sucção matricial. O tempo sugerido pela ASTM está de acordo

com os estudos publicados por Marinho (1997), Swarbrick (1995) e Villar e de

Campos (2001). Alguns autores, como Ridley (1995), sugerem prazos maiores

para valores de sucção baixos, chegando-se até a 14 dias para a sucção de 200kPa.

A norma americana ASTM-D5298-92 determina a colocação do papel filtro

na estufa por 16 horas antes de ser colocado em contato com o solo. Segundo

Marinho (1997), esse procedimento pode afetar as características de absorção do

papel, alterando assim a curva de calibração. O autor acima citado, propõe a

utilização do papel diretamente de sua embalagem. Este procedimento foi

empregado neste trabalho.

O papel-filtro utilizado foi o Whatman N.º 42. A ASTM-D5298-92

apresenta a curva de calibração, proposta por Chandler et al. (1992), em função do

teor de umidade do papel, dada pelas seguintes equações:

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 123

Umidade > 47 %:

( )wxkPaSucção log48,205,610)( −= (72)

Umidade ≤ 47%

( )wkPaSucção .0622,084,410)( −= (73)

6.3.1Metodologia de Ensaio

Para a obtenção das amostras de solo que foram utilizados na determinação

da curva característica, o solo foi compactado sempre com a mesma umidade e

energia de compactação. Conforme descrito na seção 5.2.1, para cada corpo de

prova gerado, retiravam-se duas amostras com anéis moldadores nas extremidades

dos corpos de prova. Estes anéis moldadores têm o diâmetro de 5,04 cm e altura

de 2,00 cm. Existem 12 anéis com estas dimensões no laboratório de Geotecnia da

PUC-Rio.

Foram determinadas as curvas características de sucção para as amostras de

solo submetidas a diferentes temperaturas, temperatura ambiente, 50oC, 100oC,

200oC, e 300oC para o solo do Campo Experimental e da Cidade dos Meninos.

Após a extração das amostras estes corpos de prova foram secos ao ar para depois

serem submetidas a diferentes temperaturas na mufla durante 8 horas.

Quando os corpos de prova eram retirados da mufla, eram umedecidos com

diferentes quantidades de água, com a ajuda de uma pipeta, realizando-se assim

uma trajetória de umidecimento. As amostras umidecidas eram deixadas em

câmara úmida por 24 horas, enroladas em filme de PVC e colocados dentro de

sacos plásticos, para que pudesse existir uma melhor equalização de umidade nas

mesmas.

Fez-se também a trajetória de secagem para o solo do Campo Experimental.

Após a retirada dos amostras da Mufla estas foram saturadas e depois secas ao ar

em diferentes intervalos de tempo.

Para as amostras de solos que não foram submetidas a incrementos de

temperatura realizou-se tanto a trajetória de umidecimento quanto a de secagem.

Para se determinar a trajetória de secagem, o corpo de prova quando retirado da

mufla era saturado, e após esta saturação deixado secar ao ar em diferentes

intervalos de tempo.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 124

No solo da Cidade dos Meninos foi seguida somente a trajetória de

secagem, uma vez que era pouca a quantidade disponível deste solo. Na retirada

das amostras, subestimou-se a quantidade necessária de solo para os ensaios.

Devido ao acesso restrito, sendo necessário autorização legal para entrar no local,

não foi possível uma segunda visita para retirada de mais amostras indeformadas

em tempo hábil.

O papel filtro foi cortado no mesmo diâmetro da amostra, tomando-se o

mais rigoroso cuidado para que não existisse o contato entre o papel-filtro e

qualquer coisa que pudesse transmitir umidade para o mesmo.

Colocou-se o papel filtro em contato com o solo e depois o conjunto foi

envolvido com algumas camadas de filme de PVC. Em seguida, colocou-se uma

camada de papel alumínio, fita adesiva e dois sacos plásticos, nesta seqüência.

O período de equalização foi de 14 dias, com as amostras mantidas dentro

de uma caixa de isopor, com o intuito de minimizar a variação de temperatura nas

amostras. Esta caixa era colocada no interior de uma sala com temperatura de

aproximadamente 20ºC.

Após esse período retirou-se o papel-filtro envoltório da amostra, pesando-

se o papel em balanças analíticas de 3 e 4 casas decimais. O processo de pesagem

do papel filtro para a determinação da sua umidade foi proposto por Villar e de

Campos (2001). Remove-se o papel-filtro com pinça tomando-se o cuidado para

que não hajam partículas de solo aderidas ao mesmo. Ao retirar a última camada

do filme de PVC o cronômetro era acionado. Em seguida levou-se o papel filtro à

balança e iniciou-se o monitoramento da perda de umidade do papel filtro durante

3 minutos, sendo os 2 primeiros minutos a cada 10s e o último a cada 15s. Assim,

pode-se obter o gráfico do peso do papel filtro pela raiz do tempo, possibilitando

uma extrapolação gráfica para a determinação do peso do papel quando em

contato com o solo (tempo igual a zero).

Logo após a pesagem do papel e do corpo de prova, eles eram colocados na

estufa a 105ºC por 24 horas para a determinação da umidade. Como a balança é

sensível à temperatura, sobre ela colocou-se um pedaço de isopor, de

aproximadamente 2cm, para a determinação do peso, logo que o papel fosse

retirado da estufa. O peso seco do papel foi obtido da mesma forma de quando se

retirava o mesmo do contato com o solo.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 125

6.4Condutividade Hidráulica Saturada com Temperatura Controlada

Para o equipamento de temperatura controlada foi feita uma adaptação no

permeâmetro de parede flexível e de carga constante, que foi descrito no item 6.1.

Nessa adaptação o que mais se visava era que o sistema de aplicação e controle de

temperatura fosse eficaz e preciso.

Para a busca de confiabilidade no equipamento questionou-se quais

materiais poderiam ser mantidos no permeâmetro e quais não agüentariam a

aplicação de calor. Buscou-se também que a temperatura fosse mantida constante

ao longo do ensaio e que não fosse dissipada para a atmosfera.

Quanto aos materiais do permeâmetro, verificou-se que o material da

câmara (acrílico – Perspex) não iria resistir a acréscimos de temperatura. Foi

projetada então uma câmara com aço 1020, na qual foi colocado um indicador de

nível d’água para que se pudesse controlar o nível da água dentro da câmara. No

primeiro ensaio realizado com aquecimento houve um processo acentuadíssimo de

corrosão do material, evidenciando-se a necessidade de um tratamento superficial

no aço. Dentre os processos disponíveis no mercado para evitar o ataque de

temperatura ao aço o que melhor se adaptou foi o de zincagem. Um detalhe da

câmara é mostrado na Figura 27.

Figura 27 – Detalhe da câmara de aço

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 126

Como não se era desejada uma dissipação da temperatura aplicada, buscou-

se colocar todo o sistema num mesmo equilíbrio de temperatura. Para isso, o

permeâmetro foi instalado dentro de uma estufa. A estufa usada para esta

aplicação foi uma estufa de secagem de solos, sendo para este fim realizada uma

modificação em seu controle de temperatura.

O sistema de controle da temperatura da estufa passou a ser feito por um

controlador e indicador de temperatura microprocessado modelo HW 1430 - Coel.

O termopar de controle está instalado na parte central superior da estufa e

conectado a este controlador, possibilitando a aplicação de temperaturas de até

100oC. O termopar utilizado é do tipo K. Este tipo de termopar foi escolhido pois

se adapta bem para outras variações de temperaturas mais altas, caso se queria

utilizá-las, uma vez que este controlador pode atingir temperaturas até 1000oC. A

precisão de controle da temperatura é de ± 5oC. Uma foto geral mostrando o

detalhe do termopar e de controlador está apresentada na Figura 28(a). A variação

de 8 graus entre as temperaturas indicadas na Figura 28(a) se deve ao fato da porta

da estufa estar aberta para a atmosfera no momento da foto.

A saída de controle, tipo on-off, mantém o processo na temperatura

desejada. Os visores, com 4 dígitos cada, permitem visualizar simultaneamente a

temperatura no interior da estufa (visor superior - vermelho) e a temperatura pré-

selecionada (visor inferior - verde), conforme ilustra a Figura 28(b).

(a) (b)

Figura 28 – Unidade de controle de temperatura

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 127

Para a realização dos ensaios com temperatura controlada projetou-se um

sistema de aplicação de calor que foi acoplado à base da câmara. Este sistema

permite a elevação da temperatura das amostras até o valor estabelecido para cada

ensaio. Foram projetadas duas resistências, associadas em série, que permitem

aquecer o volume de água que se faz necessário para submergir a amostra e o

cabeçote. Além desta resistência, um termopar tipo Pt100 foi acoplado a base da

câmara para permitir um controle da temperatura. Utilizou-se um termopar tipo

Pt100, pois este é mais estável para baixas temperaturas, apresentando uma

relação bastante linear. Um detalhe da base é apresentado na Figura 29(a). Tanto

os termopares quanto a resistência foram ligados a um controlador universal

CNT110 – Incon. Este controlador está apresentado na Figura 29(b). O

controlador é do tipo DPID de 220 Volts a 30 Ampères. A principal característica

deste controlador é que pode-se programar um sistema de rampa e patamares com

precisão de ± 1oC. O sistema de rampa e patamares faz com que depois que a

temperatura desejada seja atingida, esta independentemente do tempo irá se

manter constante. Todo o sistema de resistência só pode ser acionado quando

estiver submerso. Da mesma maneira que, para o controlador da estufa, a saída

para controle, tipo on-off, mantém o processo na temperatura desejada. Os

displays com 4 dígitos cada, permitem visualizar simultaneamente a temperatura

no interior da câmara (visor superior - vermelho) e a temperatura pré-selecionada

(visor inferior - verde), como ilustra a Figura 29(b).

(a) (b)Figura 29 – Detalhes do sistema de aquecimento

A tensão confinante é aplicada com ar comprimido através de uma interface

ar-água e medida através de um transdutor elétrico de pressão, do tipo Gefran com

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 128

capacidade de 1000kPa. Este transdutor de pressão foi utilizado, uma vez que o

fabricante garantiu sua faixa de trabalho até 150oC. Como este era mantido dentro

da estufa, a qual iria sofrer aquecimento, o transdutor foi calibrado para diferentes

temperaturas. Estas calibrações se encontram no Apêndice A. A poropressão no

topo é medida através do mesmo transdutor que mede a tensão confinante.

O transdutor elétrico de poropressão da base, do tipo Gefran com

capacidade de 1000kPa, também seria submetido ao aumento de temperatura,

sendo então feita a calibração para diferentes temperaturas. Essas calibrações se

encontram no Apêndice A.

O medidor de variação de volume foi mantido dentro da estufa, para que a

água que percolasse a amostra também estivesse no mesmo nível de temperatura

do interior da câmara. Sendo a faixa de trabalho do LSC-HS no 3483-50 não

resistente à temperatura, foi projetado um sistema com haste e rolamento perfeito

que permitiu que este ficasse do lado externo da estufa, conforme mostra a(Figura

30. A calibração do LSC-HS se encontra no Apêndice A.

Figura 30 – Detalhe do medidor de variação de volume e do LSCDT

Como última adaptação ao equipamento foram instalados termopares tipo J

para que fossem medidas as temperaturas de entrada e de saída da água percolada.

Foi utilizado termopares do tipo J, uma vez que estes são mais precisos para

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 129

baixas temperaturas, que o caso das temperaturas aqui ensaiadas. Detalhes dos

termopares estão apresentados na Figura 31, termopar da base, 31(a), termopar do

topo, 31(b). Para esses termopares foram adquiridos amplificadores que

permitiram que seus sinais fossem lidos no sistema de aquisição de dados do

laboratório. A calibração destes termopares foi feita com o auxílio de banho-maria

e de um termômetro digital portátil, MINIPA MN-511, Figura 25. A calibração

destes termopares também se encontra no Apêndice A.

(a) (b)Figura 31 – Detalhe dos termopares instalados na base e no topo da amostra

Na Figura 32 é apresentada uma visão geral de como ficou o permeâmetro

de temperatura controlada, enquanto que a Figura 33 apresenta um diagrama

esquemático do mesmo.

Figura 32 – Permeâmetro de temperatura controlada

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 130

9

43

6

7

1310

7

1

1211

15

14

2

9

8

5

1- Aquisitor de Dados - Orion 6- Câmara de Aço 11- Controlador da Câmara2- Estufa – Temperatura Controlada 7- Transdutores de Pressão 12- Controlador da Estufa3-Interface Ar-Água 8- Corpos de Prova 13- Termopares na entrada e na saída do CP4- Medidor de Variação de Volume 9- Termopares Controladores da Câmara e da Estufa 14- Bureta graduada5- LSVDT – medidor de deslocamento 10- Resistências do Controlador da Câmara 15- Válvulas de aplicação de ar comprimido

Figura 33 – Diagrama esquemático do permeâmetro de temperatura controlada.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 131

O fluxo neste equipamento é vertical ascendente, com medidas do volume

de entrada e de saída de fluído das amostras. O pedestal da base e o cabeçote

superior têm 10,16cm de diâmetro.

Neste equipamento é utilizado um sistema de aplicação de pressão a ar

comprimido. O painel de aplicação de pressão é composto por três válvulas, sendo

na primeira linha de válvulas, a da esquerda, utilizada para a aplicar pressão na

base e a da direita para aplicar pressão no topo. A válvula inferior é usada para

aplicação da tensão confinante.

A tensão confinante é aplicada com ar comprimido através de uma interface

ar-água e medida através de um transdutor elétrico de pressão. O gradiente

hidráulico é estabelecido para amostra por meio de aplicação de pressões

diferentes no topo e na base. Estas pressões também são medidas com

transdutores elétricos de pressões devidamente calibrados. A pressão no topo é

medida no mesmo transdutor que mede a tensão confinante.

A base de cada amostra é ligada a um medidor de variação de volume que

funciona também como interface. Uma pressão de ar comprimido é aplicada no

reservatório inferior e transmitida através de um êmbolo ao fluído de percolação,

que está contido no reservatório superior. O fluído saí gradualmente do

reservatório, sendo injetado na base da amostra. Existe um medidor de variação

volumétrica do tipo diafragma – LSC-HS, acoplado ao êmbolo do medidor de

variação de volume, localizado na parte externa da estufa.

O topo é ligado a uma bureta com capacidade de 5cm3, com resolução de

0,1cm3 , onde é medido o volume de fluido que sai da amostra.

Os sinais elétricos advindos dos transdutores são captados pelo sistema de

aquisição de dados – ORION, onde são convertidos para unidades de engenharia

através das curvas de calibração, que estão apresentadas no Apêndice A e

armazenados em um disquete.

6.4.1Metodologia de Ensaio

Compactou-se os corpos de prova conforme descrito no item 5.2.1, com

altura de 6cm e diâmetro de 10,14cm, que foram colocados dentro da câmara, com

papel-filtro e pedra porosa separando as suas extremidades da base e do topo e

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 132

envolvida por uma membrana de látex, presa com dois anéis de vedação à base e

ao cabeçote.

Preencheu-se a câmara com uma quantidade de água que ultrapassasse o

cabeçote. Inicilizando-se o sistema de aquecimento. O aquecimento ocorria desde

a fase de saturação.

Foram executados ensaios de permeabilidade em amostras submetidas a

diferentes temperaturas – temperatura ambiente (22°C), 30oC, 40oC, 50oC, 60oC,

70oCe 80oC, para o solo do Campo Experimental, e, para o solo da Cidade dos

Meninos.

Com a água colocada na câmara aplicava-se a tensão confinante por meio da

interface ar-água. Regulava-se então as pressões que serão aplicadas na base e no

topo da amostra, deixando-se percolar água pela amostra. Quando atingia-se o

regime de fluxo permanente, evidenciado pela igualdade das vazões de entrada e

de saída, admitia-se a saturação da amostra, calculando-se assim a condutividade

hidráulica do solo. Este procedimento é repetido para os corpos de prova

submetidos a diferentes temperaturas.

Durante todos os ensaios foram controlados além das pressões no topo e na

base, a variação de volume, a temperatura da câmara e a temperatura de entrada e

saída de água na amostra.

6.5Célula de Compressão Isotrópica com Temperatura Controlada

Adaptou-se o permeâmetro com temperatura controlada, apresentado no

item 6.4, para que este se comporta-se como uma célula de compressão isotrópica,

sendo possível a realização de ensaios de dissipação com medição da variação de

volume.

A pressão do topo e da base deveriam ser mantidas iguais, então retirou-se a

interface e o topo e a base ficaram ligadas ao medidor de variação de volume. Os

transdutores elétricos de pressão utilizados são os mesmos, assim como toda a

configuração e disposição do controle de temperatura já apresentada

anteriormente. A Figura 34 mostra uma foto da nova configuração.

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 133

Figura 34 – Medidor de variação volumétrica com temperatura controlada.

6.5.1Metodologia de Ensaio

Compactou-se os corpos de prova conforme descrito no item 5.2.1, com

altura de 6 cm e diâmetro de 10,14 cm, que foram colocados dentro da câmara,

com papel-filtro e pedra porosa separando as suas extremidades da base e do topo

e envolvida pôr uma membrana de látex, presa com dois anéis de vedação à base e

ao cabeçote.

Preencheu-se a câmara com uma quantidade de água que ultrapassasse o

cabeçote. O sistema de aquecimento era então inicializado. Saturava-se o corpo de

prova e iniciava-se o ensaio.

Com a água colocada na câmara aplicava-se a tensão confinante por meio da

interface ar-água. Regulava-se então a pressão que seria aplicada no medidor de

variação de volume para ser transmitida a base e ao topo da amostra.

Após a saturação a temperatura no interior da câmara era elevada para 30oC,

com as drenagens do topo e da base devidamente fechadas. Esperava-se até a

estabilização das poropressões e abria-se a drenagem deixando que o água

entrasse ou saísse do corpo de prova. Quando esta estabilizava, fechava-se

novamente as drenagens e um novo incremento de temperatura era aplicado, e

após a sua estabilização as drenagens eram abertas para que a água dos poros

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Capítulo 6 – Equipamentos e Metodologias de Ensaios 134

pudesse ser liberada. Este procedimento foi repetido com incremento de

temperatura de 10°C, ou seja para as temperaturas 30oC, 40oC, 50oC, 60oC, 70oC e

80oC, para o solo do Campo Experimental, e, para o solo da Cidade dos Meninos.

Durante todos os ensaios foram controlados além das pressões do topo/base,

a variação de volume, a temperatura da câmara e a temperatura de entrada e saída

de água na amostra.

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